b) Segundo ele, a República manteve o povo excluído da política; isto fica evidente no
trecho em que o autor diz: “O povo sabia que o formal não era sério. Não havia
caminhos de participação, a República não era para valer”.
c) Ele afirma que “bestializado era quem levasse a política a sério”. A política, segundo
o autor, era tribofe (engodo, trapaça); assim, ao preferir apenas assistir à proclamação
da República, o povo estava longe de ser bestializado; foi esperto!
d) Resposta pessoal. Professor: a proposta é estimular os estudantes a argumentarem
em defesa de um ponto de vista e contestarem contra-argumentações. Sobre o advento
da República em 1889, disse a historiadora Magali Gouvêia: “Segundo Aristides Lobo,
numa frase que ficou famosa, o ‘povo’ assistiu à proclamação da República
completamente ‘bestializado’. Mas, como bem observou José Murilo de Carvalho, mais
do que ‘bestializado’ o povo foi ‘bilontra’ (esperto), já que, de algum modo, percebeu o
sentido histórico de um ato que mudava o regime, mas
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mantinha a exclusão e a desigualdade na sociedade [...]. Como intuíra um dos maiores
personagens machadianos no romance Memorial de Aires, com o advento da
República, ‘nada se mudaria; o regime, sim, era possível, mas também se muda de
roupa sem trocar de pele’”. ENGEL, Magali Gouvêia. Republicanismo. In: VAINFAS,
Ronaldo (Org.). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva,
2002. p. 633.
• Cruzando fontes
a) Eles apostaram na imigração. Professor: comentar que a autora está se referindo
aos cafeicultores do Oeste Paulista.
b) Para ela, a Abolição “libertou os brancos do fardo da escravidão e abandonou os
negros à sua própria sorte”.
c) Não, diferentemente da autora da fonte 1, para ela a Abolição garantiu a igualdade
civil entre os libertos e os livres.
d) Resposta pessoal. Enquanto Emília Viotti enfatiza o fato de a Lei Áurea não ter
previsto nenhuma forma de amparo aos libertos, Hebe Mattos destaca o fato de que,
embora limitada, a igualdade civil conquistada com a Abolição não deve ser
subestimada. Como afirma Viotti, a Lei Áurea não protegeu o ex-escravizado na sua
difícil travessia à condição de homem livre: não lhe concedeu terra, como havia
proposto André Rebouças, não previu sua instrução, como havia sugerido Joaquim
Nabuco, e tampouco lhe conferiu direitos políticos. Mas não se pode esquecer que, em
13 de maio de 1888, a igualdade civil de todos os brasileiros foi pela primeira vez
reconhecida. Concluindo: as duas historiadoras enfatizam diferentes aspectos de uma
mesma realidade. Professor: o importante é estimular o posicionamento do aluno e a
sua capacidade de argumentação.
• Você cidadão!
a) Para a elite da época, d. Obá não passava de um subproduto da Guerra do Paraguai,
um “veterano resmungão”, “meio amalucado”, figura meramente folclórica.
b) O povo negro via d. Obá como um príncipe pertencente a uma família real africana.
c) Conforme o autor, a elite da época ignorava a história da África, bem como o modo
como se organizavam politicamente os reinos africanos. Já o povo negro, preservando
no Brasil a cultura (ou as culturas) africanas, reconhecia em d. Obá as suas origens
reais, compartilhava de suas ideias.
d) Em primeiro lugar, o povo negro seguia a liderança de d. Obá, reconhecendo nele
um príncipe da África. Depois, contava muito o fato de d. Obá defender que as raças
humanas eram perfeitamente iguais. Para d. Obá, os homens diferenciavam-se uns dos
outros pelo valor guerreiro e humano de cada indivíduo, ao contrário da elite da
época, que achava as raças humanas essencialmente diferentes. Por fim, d. Obá
empenhou-se pessoalmente em diversas campanhas pela igualdade e liberdade entre
os homens, independentemente da raça, defendendo o fim do uso da chibata e da
própria escravidão.
e) Resposta pessoal. Professor: o objetivo é estimular o debate em torno de uma
bandeira erguida por d. Obá ao longo de sua vida. E também refletir sobre o ideal
defendido por aquele descendente de africanos, liberto, elegante no vestir-se,
publicista, oficial honorário do exército brasileiro, pertencente a uma linhagem real
africana e que, na segunda metade do século XIX, lutou pela liberdade e igualdade do
povo negro em relação ao restante da sociedade brasileira.
Página 383
7. Referências bibliográficas
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BITTENCOURT, Circe Maria Fernandez. O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.
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