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Published by robersons900, 2022-03-17 09:47:51

LIVRO DE HISTORIA

LIVRO DE HISTORIA

b) Qual o significado de “vontade geral” na obra de Rousseau?

c) O que é governo?

d) Quem detém a soberania?

e) Para Rousseau, quais eram as características da soberania popular?

Resposta pessoal. Professor: o objetivo uma vez mais é estimular a escrita com base nas ideias do filósofo suíço Jean-
Jacques Rousseau. Comentar com os alunos que a noção de “vontade geral”, entendida como integração e não como simples
soma das vontades individuais, é central no pensamento de Rousseau. Para ele, a vontade geral é soberana. Daí deriva a
noção de que o governo é apenas o delegado do povo e que este tem poder para estabelecê-lo ou destituí-lo.

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5. Aqui vemos reproduzida a pintura O espírito de 1776, a obra mais conhecida do
artista estadunidense Archibald M. Willard (1836-1918). Trata-se de uma alegoria,
isto é, obra de pintura que representa uma ideia abstrata por meio de formas que a
tornam compreensível ao leitor. Observe a cena com atenção.

J.F. Ryder. Depois Archibald MacNeal Willard. Séc. XIX. Cromolitogravura. Coleção particular. Foto: Art Images Archive/Glow Images

a) Quem são os personagens principais e como estão representados?

Os personagens principais são um trio de músicos composto de um flautista e dois tocadores de tambor, um garoto e um
idoso. O garoto dirige ao idoso um olhar de admiração. O flautista olha para a frente, com a expressão atenta. O idoso, por
sua vez, avança a passos largos, sem se intimidar com o fogo inimigo. A mensagem é clara: o idoso serve como exemplo,
encorajando os mais jovens a atravessar o campo de batalha, apesar do perigo.

b) O que se vê na cena como um todo?

O artista recria o que pode ter sido uma batalha entre colonos e os “casacas vermelhas” (sodados ingleses). Envolta em uma
nuvem de fumaça, vê-se a bandeira dos Estados Unidos carregada por um grupo de rebeldes, um dos quais acena com o
chapéu, como se estivesse dizendo: “Vamos em frente!”. O cenário sugere a violência da batalha: o soldado caído que segura
o chapéu, a fumaça das explosões, uma roda partida.

c) Depois de observar a imagem e ler seu título, responda: que ideia o artista
pretendeu transmitir?

O artista quis enaltecer a determinação do povo estadunidense durante as lutas pela independência, daí o título da imagem:
O espírito de 1776. O povo está representado por meio de heróis anônimos. A obra ocupa, hoje, um papel de destaque no
imaginário estadunidense.

d) Observe novamente a imagem, agora com a preocupação de responder à pergunta:
As diferentes etnias que compõem a população estadunidense estão representadas na
imagem?

Não; a concepção de povo estadunidense veiculada na obra é excludente: os participantes da luta pela independência são
todos brancos e do sexo masculino. Não vemos mulheres nem pessoas negras ou de ascendência indígena.

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Unidade III – Cidadania: passado e presente

Planejamento

TEMAS OBJETIVOS CONCEITOS/NOÇÕES

- A Ilustração 1) Reconhecer a contribuição dos escritores pobres e - Ilustração
- Progresso, otimismo e sem fama para a Revolução Francesa. - Antigo Regime
ciência 2) Conhecer o processo revolucionário francês e o - Privilégio
- Pensadores legado da Revolução Francesa. - Vontade geral
iluministas 3) Evidenciar a historicidade do conceito de - Enciclopédia

- Voltaire e a liberdade cidadania, usando como matéria-prima a - Liberalismo econômico
de pensamento transformação de súditos em cidadãos após a queda - Despotismo
- Montesquieu e a teoria do Antigo Regime na França. esclarecido
dos três poderes 4)Reconhecer o protagonismo dos camponeses e das - Negligência salutar
- Rousseau e a vontade mulheres na Revolução Francesa. - Colonização
geral 5) Debater sobre o papel do indivíduo na história, a - Independência
- A Enciclopédia - partir da trajetória política de Napoleão Bonaparte. - Federalismo
Iluminismo e economia 6) Caracterizar a atuação do governo de Bonaparte - Jacquerie
- Adam Smith e o no campo político, econômico e educacional. - Dízimo
liberalismo econômico 7) Refletir sobre o uso da imprensa e da educação - Estados Gerais
- O despotismo como forma de controle social e debater sobre o - Voto por cabeça
esclarecido nepotismo no passado e no presente. - Bonapartismo
- As relações entre a 8) Conhecer a expansão do Império Napoleônico e a - Capitalismo
Inglaterra e as Treze resistência dos povos dominados. - Consulado
Colônias da América do 9)Compreender as razões da crise do Antigo Sistema - Liberalismo
Norte Colonial. - Princípio da
- O movimento de 10) Caracterizar as sociedades coloniais hispano- legitimidade

independência americanas. - Princípio das
- A guerra pela 11) Trabalhar as lutas pela libertação no Haiti e a compensações
independência Revolta de Tupac Amaru. - Militarismo
- Os primeiros anos dos 12) Relacionar a expansão napoleônica, na Europa, às - Bloqueio Continental
Estados Unidos lutas pela independência, na América, e consolidar a - Sistema colonial
- Repercussões da ideia de simultaneidade. - Colônia
independência 13) Evidenciar que o projeto vencedor nas lutas de - Realistas
- O Antigo Regime na independência na América espanhola foi o da elite - Gran marronage
França criolla. - Metrópole
- A sociedade, a 14) Comparar a Conjuração Mineira à Conjuração - Independência
economia e a política Baiana destacando diferenças e semelhanças. /Liberdade
- A Revolução em 15) Destacar as principais mudanças ocorridas com a - Haitianismo
marcha chegada da família real portuguesa ao Brasil, - Cortes constituintes
- A Assembleia Nacional alertando também para as permanências.
Constituinte 16) Trabalhar a “educação do olhar” a partir da
- A Monarquia leitura crítica das obras de Debret.
Constitucional 17) Conhecer o processo e os projetos de

- A Convenção Nacional independência política do Brasil e caracterizar o
- O significado da projeto vencedor.
Revolução Francesa 18) Questionar a imagem de passividade do povo
- O governo jacobino - O brasileiro, com base no estudo das lutas pela
Diretório independência.
- O governo de 19) Debater sobre os limites da cidadania no Brasil
Napoleão imperial a partir da Constituição de 1824.
- O expansionismo 20) Trabalhar o bloco conceitual dominação e
bonapartista resistência a partir do estudo da Confederação do
- A resistência ao Equador.
militarismo 21) Compreender as razões da abdicação de D. Pedro
bonapartista I.
- O Congresso de Viena
e o princípio da

legitimidade

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TEMAS OBJETIVOS CONCEITOS/NOÇÕES

- As sociedades - Chapetones
hispano-americanas - Criollos
- As lutas sociais na - Confederação
América republicana
- A Revolta de Túpac - Juntas Governativas
Amaru - Emancipação política
- A Revolta dos - Caudilhismo
Comuneros - Exclusivo comercial
- O caso do Haiti: metropolitano
América Francesa - Doutrina Monroe
- A crise nos domínios - Conjuração
espanhóis da América - Derrama

- As tropas de Napoleão - Bloqueio Continental
invadem a Espanha - Província
- As guerras da - Interiorização da
independência na metrópole
América - Reino Unido -
- San Martín e Bolívar Resistência
- O caso do México - Estado Nacional
- Independências e - Poder Moderador
fragmentação - Constituição
- A administração de - Cidadania
Pombal - Abdicação
- Revoltas na Colônia
- A Conjuração Mineira
- Suspensão da
derrama, prisão e
sentença
- A Conjuração Baiana

- A família real no Brasil
e a interiorização da
metrópole
- A abertura dos portos
brasileiros e seus
desdobramentos
- Administração joanina
- O Reino Unido de
Brasil, Portugal e
Algarve
- A Insurreição
Pernambucana
- A Revolução do Porto
e o Brasil
- A regência de Dom
Pedro

- A ruptura com
Portugal
- As lutas pela
independência
- O reconhecimento da
independência
- A formação do Estado
brasileiro
- A Constituição do
Império
- A Confederação do
Equador
- Dom Pedro perde
apoio e popularidade
- Oposição na Câmara e

na imprensa

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Textos complementares

• Texto 1

O texto a seguir é da professora Tania Machado Morin, autora da dissertação Práticas e
representações das mulheres na Revolução Francesa – 1789-1795. USP, 2009.

Revolução francesa e feminina

Mulheres lutaram ao lado dos homens pelos ideais revolucionários, enfrentando também o preconceito.

Mulheres combatem ao lado de homens durante o período revolucionário, em 1793. Arquivos franceses
registram dados biográficos de oitenta dessas guerreiras.

“Não fiz a guerra como mulher, fiz a guerra como um bravo!”, declarou Marie-Henriette Xaintrailles em
carta ao imperador Napoleão Bonaparte (1769-1821). Indignada por lhe recusarem pensão de ex-
combatente do Exército “porque era mulher”, ela lembrou que, quando fez sete campanhas do Reno
como ajudante de campo, o que importava era o cumprimento do dever, e não o sexo de quem o
desempenhava. Madame Xaintrailles não foi um caso isolado. Em 1792, quando a França declarou guerra
à Áustria, voluntárias se alistaram no Exército para lutar ao lado dos homens contra as forças da coalizão
austro-prussiana que ameaçavam invadir o país. Muitas se apresentaram com identidades falsas e
disfarçadas de homem. Além de conseguirem se alistar, protegiam-se do risco da violência sexual. Quem
eram as mulheres-soldados e por que se engajaram no conflito armado? E quais foram os motivos de sua
relativa aceitação por parte de líderes revolucionários e companheiros de armas?

Não se conhece o número exato de mulheres-soldados durante o período revolucionário francês (1789-
1799). Há oitenta casos registrados nos arquivos parlamentares, militares e policiais, e informações
biográficas esparsas sobre apenas quarenta e quatro. Entretanto, existem muitas referências em imagens
e testemunhos da época. O deputado Grégoire (1750-1831) as elogiou oficialmente: “E vós, generosas
cidadãs que participaram da sorte dos combates”. Essas constatações nos permitem supor que elas eram
mais numerosas e bem integradas à vida militar do que pode parecer. Quase todas vinham de meios
sociais modestos. Eram filhas de pequenos camponeses e artesãos, e tinham apelidos como Felicité Vai-
de-bom-coração ou Maria Cabeça-de-pau. A maioria era muito jovem, como Ana Quatro-vinténs, que se
alistou aos 13 anos, e aos 16 servia na artilharia montada. [...]

Há registros da boa acolhida das mulheres-soldados por parte dos companheiros de armas. O capitão
Dubois e sua mulher combateram juntos no 7º Batalhão de Paris. Ao ser ferido, sua esposa foi designada
vice capitã pelos outros soldados. [...]

Mas havia vozes discordantes: alguns cidadãos se queixavam abertamente das mulheres promovidas a
oficial, alegando que os soldados tinham vergonha de receber suas ordens. Diminuindo o mérito das
combatentes, explicavam aquela coragem como exceção, atribuindo-a ao milagre da Liberdade. [...]

O número expressivo de prêmios e aplausos às soldadas atesta a boa vontade dos chefes militares e até
dos governantes em Paris. Mesmo levando-se em conta que elas transgrediam as normas de
comportamento feminino, apropriando-se de atributos inerentemente masculinos como as armas e o
serviço militar. As mulheres-soldados foram até certo ponto aceitas porque tinham moral elevada,
dignidade e bons costumes; eram combatentes, e não libertinas. Embora a violência não seja
normalmente associada à mulher, na guerra elas matavam “os escravos dos tiranos”, prestando um
serviço à nação. Eram discretas, e muitas vezes seu sexo só era descoberto quando feridas na batalha. [...]

De todo modo, as soldadas encarnavam as virtudes republicanas. Não era pouco. Por essa razão, Liberté
Barreau e Rose Bouillon figuravam na Coletânea de Ações Heroicas e Cívicas dos Republicanos

Franceses, publicada em 30 de dezembro de 1793. Enfrentando a morte, também deram a vida,
dedicaram-se com amor aos maridos e filhos. Cuidaram de doentes e feridos com a doçura e o

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altruísmo associados à imagem feminina. Sacrificaram-se pela pátria sem esquecer as virtudes de seu
sexo. Eis aí o grande mérito. Numa República marcada por apelos à moral, as mulheres-soldados
contribuíram com um modelo de comportamento feminino positivo.

MORIN,Tania Machado. Revolução francesa e feminina. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 8
dez. 2010. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/revolucao-francesa-e-feminina>.
Acesso em: 26 maio 2016.

• Texto 2

O texto a seguir, do intelectual brasileiro Sérgio Paulo Rouanet, é um esforço de
compreensão da Revolução Francesa a partir do olhar de Rétif de la Bretonne, escritor
popular que a vivenciou e captou com acuidade o perfil multifacetado da revolução de
maior impacto na história do Ocidente.

As quatro revoluções e os quatro rétifs

Dizer que a Revolução foi múltipla significa dizer que ela foi a unidade contraditória de várias correntes
sociais. Que correntes são essas?

A burguesia, sem dúvida, em primeiro plano. Qualquer colegial sabe hoje, mesmo sem ter lido Marx, que
o movimento que se iniciou em 1789 foi sobretudo uma Revolução burguesa – burguesa pelos seus
protagonistas principais, quase todos jovens advogados da província ou de Paris (a depuração do
terceiro estado, em 1789, não contava com um único camponês, artesão ou operário), burguesa pela
filosofia e pelo liberalismo econômico, burguesa pela filosofia e pelo liberalismo econômico, burguesa em
seu projeto político de ascensão ao poder, demarcando-se do povo e excluindo a aristocracia.

Mas a Revolução Francesa não é somente a Assembléia, ela é também o campo. A revolução agrária é
indissociável da revolução urbana. Foi o campesinato que desde 1789 começou a invadir castelos e
pilhar propriedades rurais, forçando a Assembléia a abolir as prerrogativas feudais, num movimento
liderado pelos próprios privilegiados, na sessão histórica de 4 de agosto. Foi ele que tornou irreversíveis
as conquistas sociais da Revolução, adquirindo os bens nacionais, o que gerou uma nova camada de
pequenos proprietários agrícolas radicalmente hostis à restauração do Ancien Regime.

A Revolução Francesa é também a rua. Foi o povo que imprimiu à Revolução suas guinadas mais
decisivas. Foi ele que tomou a Bastilha, ele que foi buscar em Versalhes a família real, ele que se fez
massacrar no Campo de Marte, destruindo a ilusão de uma aliança de classes, ele que depôs a realeza em
10 de agosto de 1792, ele que provocou a grande matança das prisões, em setembro do mesmo ano, ele
que forçou o expurgo da Convenção expulsando os girondinos e contribuindo para frustrar manobras
contra-revolucionárias.

Enfim, a Revolução foi também uma revolução aristocrática, pois no início parecia haver uma
comunidade de interesses entre a nobreza e a burguesia, ambas voltadas contra o absolutismo
monárquico. [...]

Em suma, podemos dizer que a Revolução Francesa foi uma série de revoluções telescopadas, na qual
predomina evidentemente a revolução burguesa, mas que inclui também uma revolução camponesa,
popular e aristocrática.

ROUANET, Sérgio Paulo. O espectador noturno: a Revolução Francesa através de Rétif de La Bretonne. São Paulo:
Companhia das Letras, 1988. p. 42-44.

• Texto 3

O texto a seguir foi escrito por Maria Ligia Prado e Gabriela Pellegrino Soares, duas
estudiosas com muitos anos de pesquisa em História da América. O texto trata das
independências na América espanhola.

Sujeitos da História

Como vimos, os exércitos rebeldes contaram com comandantes estrategistas para vencer a guerra. Mas,
para que as forças insurgentes se pusessem em marcha, era preciso que pessoas abastadas
patrocinassem sua organização. Nesse sentido, os ricos comerciantes da cidade de Buenos Aires
financiaram a formação dos primeiros batalhões e, na Venezuela, foram os plantadores de cacau os
responsáveis por parte importante de tal financiamento.

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Porém, não há exército sem soldados que, por sua vez, deviam estar convencidos de que a causa da
independência era a mais justa e necessária para destruir a ordem colonial. Desse modo, “pessoas
comuns” dos mais diversos segmentos sociais e étnicos foram indispensáveis para engrossar as fileiras
insurgentes, mas suas histórias acabaram esquecidas ou pouco valorizadas. Assim, é importante mostrar
tal participação.

As novas ideias que estimularam a independência foram divulgadas por um grupo considerável de
letrados provenientes das diversas partes da América. Nos muitos escritos desse período – panfletos,
memórias, discursos, jornais – defendiam a independência, demonstrando sólido conhecimento das
ideias liberais. Fundamentaram-se nelas para armar suas plataformas de ação e sua justificativa da
ruptura com a metrópole. [...]

Do mesmo modo que os homens ilustrados contribuíram para a independência, os mais desfavorecidos
membros da sociedade colonial, os escravos negros, marcaram sua presença. Como já vimos, eles foram
os protagonistas centrais nas lutas da independência do Haiti. Mas também lutaram nas guerras na
América do Sul. A eles, em geral, era concedida a alforria, caso se alistassem do lado dos insurgentes. Há
muitos exemplos a serem indicados. [...] O mais conhecido foi o “Batalhão Negro de Buenos Aires”,
integrante do exército de San Martín, que atravessou os Andes. De um total de 5 mil homens que
partiram em direção ao Chile, 1 500 eram negros. [...]

PRADO, Maria Ligia; SOARES, Gabriela P. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014. p. 33-35.

• Texto 4

O texto a seguir é de Eric Hobsbawm, historiador britânico de renome internacional e
com importantes obras sobre História Moderna e Contemporânea.

Se a economia do mundo do século XIX foi constituída principalmente sob a influência da revolução
industrial britânica, sua política e ideologia foram constituídas fundamentalmente pela Revolução
Francesa. A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferrovias e fábricas, o explosivo econômico que
rompeu com as estruturas socioeconômicas tradicionais do mundo não-europeu; mas foi a França que
fez suas revoluções e elas deu suas ideias, a ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-
se tornado o emblema de praticamente todas as nações emergentes, e as políticas europeias (ou mesmo
mundiais), entre 1789 e 1917, forma em grande parte lutas a favor e contra os princípios de 1789, ou os
ainda mais incendiários princípios de 1793. [...] A França forneceu os códigos legais, o modelo de
organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países. A Ideologia do
mundo moderno atingiu, pela influência francesa, as antigas civilizações que até então resistiam às ideias
europeias. [...]

[...] A Revolução Francesa pode não ter sido um fenômeno isolado, mas foi muito mais fundamental do
que os outros fenômenos contemporâneos e suas consequências foram, portanto, muito mais profundas.
Em primeiro lugar, ela aconteceu no mais populoso e poderoso Estado da Europa (com exceção da
Rússia). Em 1789, cerca de um em cada cinco europeus era francês. Em segundo lugar, ela foi,
diferentemente de todas as revoluções que a precederam e a seguiram, uma revolução social de massa, e
incomensuravelmente mais radical do que qualquer levante comparável. Não é casual que os
revolucionários americanos e os jacobinos britânicos que emigraram para a França, devido a suas
simpatias políticas, tenham sido vistos, na França, como moderados. Tom Paine era um extremista na
Grã-Bretanha e na América; mas, em Paris, ele estava entre os mais moderados dos girondinos.
Resultaram das revoluções americanas, grosseiramente falando, países que continuaram a ser o que
eram, apenas sem o controle político dos britânicos, espanhóis e portugueses. O resultado da Revolução
Francesa foi o de que a era de Balzac substituiu a era de Mme Dubarry.

Em terceiro lugar, entre todas as revoluções contemporâneas, a Revolução Francesa foi a única
ecumênica. Seus exércitos partiram para revolucionar o mundo; suas ideias de fato o revolucionário.

HOBSBAWM, Eric. A Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. p. 7-9.

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• Texto 5

O texto a seguir é de Hebe Maria Mattos, professora da Universidade Federal
Fluminense.

Raça e cidadania na passagem de Colônia para o Império

Voltando, então, ao nosso problema central. Se, [...] a noção de raça foi uma construção social do século
XIX – estreitamente ligada, no continente americano, às contradições entre os direitos civis e políticos
inerentes à cidadania estabelecida pelos novos estados liberais e o longo processo de abolição do
cativeiro –, esta construção, no Brasil, se fará especialmente problemática. Apesar de todo o preconceito
“proto-racial” das elites sociais e políticas do novo país – herança da colonização portuguesa –, do ponto
de vista dos interesses escravistas existentes no Brasil (em seu sentido mais amplo), em grande parte
compartilhados por boa parte da população de pardos livres, a noção de raça não se apresentava como
solução, mas antes como problema.

Para que elucidemos melhor este ponto, é preciso delinear, primeiro, o complexo jogo
classificatório/identitário que se abriria nas terras da antiga América Portuguesa com a decisão da
emancipação política. Especialmente, desse processo surgiria o “brasileiro” [...]

A Constituição de 1824 naturalizou todos os nascidos em Portugal que aqui permaneceram após a
independência e que tivessem aderido à “causa do Brasil” de modo que, durante pelo menos a primeira
década após a declaração de independente, brasileiros e portugueses foram identidades intercambiáveis
e profundamente carregadas de conteúdos políticos. Por outro lado, desde a chamada Conjuração dos
Alfaiates, em 1798, a igualdade entre pardos e brancos, juntamente com o aumento do soldo das tropas,
era apresentada como principal reivindicação de caráter popular no bojo das agitações políticas de
cunho liberal do período. Nesse contexto, a causa do Brasil apareceria nas ruas do Rio de Janeiro ou de
Salvador, fortemente marcada por uma linguagem racial, na qual a origem africana era esgrimida como
marca de discriminação pelo “partido português e absolutista” e como signo da identidade brasileira
pelo povo nas ruas, jogando “cabras” contra “caiados”, “brasileiros pardos” contra “branquinhos do
reino”.

MATTOS, Hebe Maria. Escravidão e cidadania no Brasil monárquico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. p. 18-
19. (Descobrindo o Brasil).

Atividades complementares

1. O texto a seguir foi escrito por um importante historiador francês; leia-o com
atenção.

A Revolução Francesa inflama a Europa: contra ou a favor?

Vocês sabem que em 1789 os franceses fazem uma revolução, ou seja, mudam radicalmente, tanto o jeito
como são governados quanto a sociedade. A monarquia é abolida e a república é proclamada em seu
lugar. São as assembleias de deputados eleitos que governam o conjunto dos franceses que é chamado de
nação.

Esses deputados abolem o regime feudal: não haverá mais senhores usufruindo dos favores que eram
chamados de privilégios. Por exemplo, eles não recebem mais os tributos senhoriais pagos por seus
camponeses, perdem o privilégio de ser os únicos que praticam certas atividades como a caça, não
devem mais se distinguir por sinais exteriores: vestuários luxuosos e perucas, carruagens etc.

Os deputados proclamam que todos os franceses são livres e iguais. Eles atribuem à república uma divisa
que figura nos edifícios públicos: “Liberdade, igualdade, fraternidade”. Vocês acham, a partir do que
veem em volta de vocês, que esse ideal foi realizado?
LE GOFF, Jacques. Uma breve história da Europa. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 110.

Editora Vozes

Fac-símile da capa do livro Uma breve história da Europa, de Jacques Le Goff.

Página 363

a) Como o autor justifica sua afirmação de que, em 1789, os franceses fizeram uma
Revolução?

Ele justifica dizendo que os franceses mudaram radicalmente tanto o jeito como eram governados quanto a sociedade.

b) Segundo o autor do texto, quais foram as principais mudanças efetuadas pelos
deputados eleitos?

Eles aboliram o regime feudal (os privilégios da nobreza e o direito de receber tributos dos camponeses) e proclamaram que
todos os franceses eram livres e iguais.

c) Reflitam e respondam à pergunta do autor, na última frase do texto.

Resposta pessoal. Professor: a questão favorece o debate em torno das ideias dos revolucionários de 1789, que continuam
empolgando pessoas, grupos e movimentos sociais nos dias de hoje.

2. O nome desta tela é Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808. Ela foi pintada pelo
espanhol Francisco Goya, em 1814, e está atualmente no Museu do Prado, em Madri.

Francisco Jose de Goya. 1814. Óleo sobre tela. Museu do Prado, Madri

a) Levante uma hipótese: quem é o personagem de camisa branca e calça amarela e o
que ele representa?

Ele é o personagem-símbolo do quadro e representa a resistência popular espanhola. Usando com maestria o jogo de luz e
sombra, Goya atrai o olhar do observador para ele. Contrastando o despojamento desse personagem popular com a violência
cega dos atiradores, Goya o transforma no principal mártir dessa resistência.

b) Quem são os personagens mostrados ao centro? E ao fundo, o que se vê?

Ao centro, vê-se outro grupo de prisioneiros desesperados. O que está à frente cobre o rosto com as mãos; atrás e à
esquerda, um prisioneiro de roupa branca; à direita, outro prisioneiro tristonho de olhar cabisbaixo; ao fundo e no alto, uma
igreja, que representa bem a Espanha católica. Repare que a igreja ocupa um lugar de destaque na obra.

c) De que forma Goya representou os soldados franceses?

Goya os representou como se fossem idênticos; não nos deixa ver seus rostos. A opressão não tem rosto, diz Goya, usando a
linguagem pictórica. Com isso, o artista ultrapassa o fato particular (a dominação napoleônica) e atinge o universal,
estendendo sua crítica a todos os regimes tirânicos.

d) O que a obra nos transmite?

Nessa pintura histórica de estilo realista, Goya fez uma crítica aberta, explícita e inflamada à tirania. Ele não se restringiu a
retratar um episódio da história de seu povo; transformou sua pintura em uma arma na luta pela liberdade.

e) Observe a tela, leia o seu título e responda: em que contexto ela foi feita?

A pintura se insere no contexto da ocupação da Espanha pelo exército de Napoleão Bonaparte. O pintor congela um
momento de grande violência da ocupação francesa na Espanha: populares espanhóis sendo fuzilados por soldados
franceses.

f) Pesquise e escreva um pequeno texto sobre o autor da pintura.

Francisco José de Goya y Lucientes nasceu em 1746, na província de Saragoça (Espanha). Era filho de um dourador de
estátuas para igrejas e, ainda jovem, iniciou seus estudos de pintura e de decoração. Mas tinha um espírito irrequieto e
preferia as ruas, os bares e as touradas ao atelier, chegando a atuar profissionalmente como toureiro. Um marco em sua vida
artística foi o quadro Maja desnuda, no qual retratou uma mulher nua, causando grande polêmica na sociedade espanhola.
Com a invasão da Espanha pelo exército napoleônico, Goya realizou uma série de quadros exaltando a resistência popular
espanhola.

3. Leia o texto com atenção.

O Estado, que começava a se organizar depois de atingida a independência, assumiu como tarefa destruir
a velha ordem colonial. Em primeiro lugar, tendo em vista os interesses criollos dominantes

Página 364

e também as pressões dos comerciantes ingleses, havia de derrubar todo o regime de monopólios,
privilégios e restrições ao comércio e outros ramos da produção em geral. Essa foi uma iniciativa
realizada com êxito, ainda que isso não tenha significado, como esperavam os criollos, um grande
crescimento econômico imediato.

Outro objetivo do Estado que surgia era a destruição dos foros especiais do Exército e da Igreja. [...] Essa
luta terminou, em geral, já no fim do século [XIX] – em alguns países, neste século [XX] – com a separação
total entre o Estado e a Igreja e com a subordinação desta ao poder maior do Estado laico.

Os privilégios dos espanhóis foram, na verdade, rapidamente suplantados nessa batalha, já que eles
terminaram por perder seus favores políticos e econômicos, chegando mesmo a ser expulsos de alguns
países.

Esse Estado esteve sempre preocupado com a manutenção da ordem social; os setores mesmo
divergentes das classes dirigentes sempre se aliaram, sustentando o Estado, em momentos em que a
ordem instituída foi ameaçada pelos de abajo. As constantes revoltas de índios, de camponeses e de
escravos contribuíram para o fechamento autoritário do Estado. Entretanto, algumas concessões foram
feitas. Aboliu-se o tributo indígena [...] aplainaram-se as distinções de castas. A escravidão negra foi
abolida, mais cedo ou mais tarde, nos países independentes, tendo permanecido apenas (além do Brasil)
nas ilhas de Cuba e Porto Rico, ainda sob o domínio espanhol.

PRADO, Maria Lígia. A formação das nações latino-americanas. 18. ed. São Paulo: Atual, 1994. p. 17-18.

a) Qual é o assunto principal do texto?

A destruição da velha ordem colonial, com a liquidação dos foros especiais do exército e da Igreja e dos privilégios dados aos
chapetones.

b) Segundo a autora, de que forma as classes dirigentes se comportaram nas ocasiões
em que a ordem social foi ameaçada por levantes e/ou rebeliões populares?

Diante da ameaça à ordem social estabelecida, as classes dirigentes se aliaram e reprimiram as manifestações populares.
[Comentar que o Estado reagiu a essas revoltas constantes de forma autoritária e violenta.]

c) Com base neste texto e no que você estudou, analise as independências latino-
americanas destacando mudanças e permanências.

Resposta pessoal. [No tocante às mudanças, os alunos podem apontar a ascensão dos criollos aos principais cargos nos
Estados recém-formados e a abolição do tributo indígena, das distinções de castas e da escravidão. Quanto às permanências,
poderão ser citadas a manutenção da estrutura agrária, das desigualdades sociais e da dependência externa, sobretudo em
relação à Inglaterra.]

4. (FMJ – 2014) As diferenças étnicas e culturais entre grupos indígenas, as disputas
pelo controle político local ou regional pelas oligarquias agrárias assim como a
oposição da Inglaterra à formação de grandes blocos políticos centralizados na
América espanhola explicam, em certa medida, a

a) permanência, após as independências, da exploração do trabalho compulsório.

b) a exclusão das elites criollas nos novos governos constituídos com as
independências.

c) fragmentação dos antigos vice-reinados espanhóis na América.

d) formação de uma federação de nações livres na América do Sul.
e) adoção de regimes monárquicos pelo conjunto das ex-colônias da Espanha.

Resposta: c.

5. (Unimontes-MG – 2014) Em 1777, com a morte do rei Dom José I, sua filha, D.
Maria I, sucedeu-lhe no trono de Portugal. Sobre as ações encetadas durante o seu
reinado, é CORRETO afirmar:
a) Proibiu a colônia brasileira, pelo Alvará de 1785, de produzir manufaturas.
b) Expulsou os jesuítas do Brasil, confiscando seus bens e propriedades.
c) Criou as companhias privilegiadas de comércio nas regiões NO e NE do Brasil.
d) Extinguiu a escravidão indígena e incentivou os casamentos entre brancos e índios.

Resposta: a.

Página 365

6. O texto a seguir é trecho de uma entrevista dada pela historiadora Emília Viotti da
Costa. Leia-o com atenção.

Faz sentido celebrar a Independência?

Devemos, sim, comemorar a Independência, mas cientes das limitações dela, pois, no mundo
“globalizado”, o Brasil continua tremendamente dependente dos países mais desenvolvidos. Temos uma
independência mais nominal que real. Celebrar ou não é questão de gosto. Para mim o presente sempre
preocupou mais que o passado. [...] Vejo a História como uma forma de compreender o presente. Nunca
fui uma colecionadora de história.

COSTA, Emília Viotti da. Faz sentido celebrar a Independência? Nossa História, ano 1, n. 11, p. 34, set. 2004.

Identifique a visão da autora sobre:

a) A comemoração da Independência;

Devemos, sim, comemorar a Independência, mas cientes das limitações dela, pois, no mundo “globalizado”, o Brasil continua
tremendamente dependente dos países mais desenvolvidos.

b) A independência do Brasil.

Temos uma independência mais nominal que real.

c) A História.

Vejo a História como uma forma de compreender o presente.

d) Com a classe dividida em três grupos criem um debate sobre a afirmação feita pela
historiadora: o Brasil continua tremendamente dependente dos países mais
desenvolvidos. Um grupo defende a posição da historiadora; outro contesta sua
posição, e um terceiro avalia o desempenho dos dois grupos no debate.

Respostas pessoais. Professor: levar em conta a capacidade de argumentação do alunado. Estimular os alunos a buscar
argumentos e dados em defesa de seu ponto de vista. Para esquentar o debate lembrar que, se por um lado o Brasil é
considerado hoje a 7ª economia do mundo, por outro, depende em boa parte das exportações de gêneros agrícolas e
matérias-primas para países como a China, por exemplo.

7. (UEMG – 2015) Em abril de 1831, na cidade do Rio de Janeiro, era comum ouvir nas
ruas versos como esses:

“Passa fora pé de chumbo
Vai-te do nosso Brasil
Que o Brasil é brasileiro
Depois do 7 de Abril”.

(dito popular - 1831)

Essa quadrinha, uma produção coletiva e anônima, representava o sentimento da
população em um contexto político conturbado, pois o Imperador D. Pedro I

a) encontrava uma base de sustentação política sólida e sem disputas, o que lhe dava
estabilidade para governar, mesmo com enorme impopularidade por causa de sua
conduta pessoal irresponsável, desregrada e desrespeitosa.

b) diante da insatisfação da população brasileira com a tentativa das cortes
portuguesas de recolonizarem o Brasil, consegue o apoio dos grandes proprietários
para concretizar o que seu pai, D. João VI, previra que aconteceria ao deixar o Brasil: a
Independência.

c) vivia um entrave na sua relação política com a elite agrária brasileira, já que a
constituição do Império, que havia sido promulgada no ano de 1824, muito
democrática e liberal, concedia importantes direitos sociais à massa popular.

d) abdicou ao trono brasileiro, já que não havia condições mínimas de governabilidade
diante da enorme insatisfação popular com o seu governo, consequência da grave crise
econômica que assolava o país e dos gastos com a disputa sucessória em Portugal.

Resposta: d.

Página 366

Unidade IV – Terra e liberdade

Planejamento

TEMAS OBJETIVOS CONCEITOS/NOÇÕES

- O avanço liberal 1) Trabalhar os conceitos de centralização, - Regência
- O Ato Adicional de descentralização, partido, Império e República e - Grupos políticos
1834 aplicá-los à compreensão da história das Regências. - Guarda nacional
- Regência Una Feijó 2) Conhecer as principais rebeliões regenciais, suas - Ato Adicional
- Regência Una Araújo razões, objetivos e desdobramentos. - Rebeliões provinciais

Lima 3) Trabalhar a resistência popular e a escrava nas - Farroupilha - Cabanos
- As rebeliões nas rebeliões regenciais. - Malê
províncias 4) Conhecer os partidos e as eleições no Segundo - Branqueamento
- A Cabanagem Reinado. - Repressão
- A Guerra dos Farrapos 5) Caracterizar o parlamentarismo brasileiro nos - Partidos políticos
- A Revolta dos Malês tempos do Império. - Cafeicultura
- A Sabinada 6) Compreender a Guerra do Paraguai e seus efeitos - Exportação
- A Balaiada para os sul-americanos. - Mão de obra
- O golpe da maioridade 7) Trabalhar o surto industrial no Império, seus - Modernização
- Eleições: violência e fatores e desdobramentos. - Desmatamento
fraude 8) Reconhecer a importância da cultura cafeeira e - Tráfico Atlântico
- As revoltas liberais de localizar seu avanço pelo sudeste brasileiro. - Tráfico interno
1842 9) Destacara importância do mercado interno na - Trabalhador nacional
- A Rebelião Praieira economia imperial. - Imigrantes
- O poder do monarca 10) Conhecer a pressão inglesa contra o tráfico, a Lei - Colonato
no Império Brasileiro de Terras e seus desdobramentos. - Resistência negra
- Os partidos do 11) Trabalhar a questão da mão de obra no Império e - Abolicionismo
- Processo histórico
Império: diferenças e a teoria do branqueamento. - Racismo à brasileira -
semelhanças 12) Conhecer a imigração no Império: razões da República
- Economia do Segundo vinda dos imigrantes, principais grupos e áreas onde - Republicanismo
Reinado se estabeleceram. - Federalismo
- O café assume a 13) Trabalhar as lutas pela Abolição e seus principais - Maçonaria
liderança protagonistas.
- Açúcar, algodão e 14) Conhecer as leis abolicionistas e seus limites e
borracha debater o significado da Lei Áurea.
- Modernização no 15) Compreender o processo que conduziu à
Império República destacando o papel da “mocidade militar” e
- Café e ferrovias do PRP nesse processo.
- A Tarifa Alves Branco 16) Perceber os efeitos da reforma financeira de Rui
e a Lei Eusébio de Barbosa.
Queiróz 17)Caracterizar a primeira constituição da República
- A questão da mão de e a consolidação desse regime no Brasil.
obra no Império
- A Lei Eusébio de

Queirós e a Lei de
Terras
- O tráfico interno e o
debate sobre o
trabalhador nacional
- Imigrantes no Brasil
- O sistema de parceria
idealizado pelo Senador
Vergueiro

Página 367

TEMAS OBJETIVOS CONCEITOS/NOÇÕES

- Colonos nas fazendas - Positivismo
de café - Oligarquia
- Alemães, italianos e - Especulação
poloneses no Sul - Inflação
- Um começo difícil - Encilhamento
- Um balanço da guerra
- O processo de abolição
- A resistência negra
- O abolicionismo
- A vida dos recém-
libertos
- O processo que

conduziu à República
- O republicanismo
- A Questão Religiosa
- A Questão Militar
- A proclamação da
República
- O Governo
- A reforma e a crise
financeira
- Constituição e
cidadania na jovem
República
- O governo de Deodoro
da Fonseca
- O governo de Floriano
Peixoto
- A Revolução
Federalista

Página 368

Textos complementares

• Texto 1

O texto a seguir é de Alfredo Bosi, professor titular de Literatura Brasileira na USP e
imortal da Academia Brasileira de Letras.

O salto qualitativo: a obra de Gonçalves Dias

Antonio Gonçalves Dias (1823-1864) foi o primeiro poeta autêntico a emergir em nosso romantismo.
Para ir além desse juízo consensual, seria necessário aprofundar a questão do nexo entre cultura
instituída e talento individual. Talvez se possa entrever uma pista interpretativa evitando os escolhos
das posições extremadas, sociológicas ou estéticas. As primeiras encarecem a determinação das forças
sociais e culturais na produção da obra de arte: Gonçalves Dias teria sido “produto” do meio, da classe, da
ideologia, do momento histórico, do movimento literário a que pertenceu. As segundas dão ênfase à
diferença individual: outros poetas de sua geração viveram os mesmos condicionamentos, mas nenhum
produziu obra que se aproximasse do valor estético que se reconhece em sua poesia; logo, é o talento
artístico excepcional (para não dizer o gênio) que sobreleva as determinações sociais. Não há mediação
viável se nos ativermos apenas a uma ou a outra dessas hipóteses explicativas. O dilema não é novo, tem
pelo menos dois séculos, começando pelos próprios teóricos do romantismo e afiando suas armas
metodológicas nos fins do século XIX nas polêmicas entre positivistas e idealistas. Não é evidentemente
minha presunção desfazê-lo aqui. Arrisco apenas uma hipótese: para a criação artística de alto nível a
presença de correntes culturais favoráveis é necessário, mas não suficiente. [...]

Cantor do indígena, Gonçalves Dias parece retomar o caminho trilhado pelos iniciadores do romantismo
entre nós. Mas é com outra perspectiva e outro vigor poético que o faz. Há nele uma consciência
dramática, senão trágica, de que a colonização extinguiu populações inteiras de silvícolas. I-Juca Pirama
não é tão somente “aquele que deve morrer” quando vencido pela tribo inimiga. É também aquele que
acabaria morrendo às mãos dos conquistadores brancos que vieram de além-mar. No “Canto do Piaga”,
um de seus primeiros “poemas americanos”, sobe ao primeiro plano a visão horrífica dos invasores que
virão de repente “matar vossos bravos guerreiros” e “roubar-vos a filha e a mulher”.

[...]

O índio de Gonçalves Dias não é decorativo, é expressivo. Quando épico, é viril e sóbrio na concisão da
fala do selvagem indômito:

Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Da tribo pujante
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte.
Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi

BOSI, Alfredo. Cultura. In: CARVALHO, José Murilo de. (Coord.). A construção nacional 1830-1889. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012. v. 2, p. 234-236.

Página 369

• Texto 2

O texto a seguir é de Maria Teresa Garritano Dourado, doutora em História Social pela
USP, e autora da tese A História esquecida da Guerra do Paraguai: fome, doenças e
penalidades.

A mãe dos brasileiros

Quando a Guerra do Paraguai irrompeu, em 1864, Ana Justina Ferreira Néri (1814-1880) morava em
Salvador com os filhos Isidoro, Antonio Pedro e Justiniano, que foram convocados para a batalha. No dia
8 de agosto do ano seguinte, ela enviou ofício ao presidente da província oferecendo seus serviços como
enfermeira de guerra. Alegava dois motivos: atenuar o sofrimento dos que defendiam a pátria e ficar
junto aos filhos. Ana nem esperou a resposta: cinco dias depois, embarcou com o exército de voluntários
para o front. Acompanhou e cuidou do 40º Batalhão de Voluntários da Pátria, comandado pelo irmão
Joaquim Maurício Ferreira.

Ana Néri já não é tão lembrada hoje, mas foi uma das poucas mulheres brasileiras participantes do
conflito a ficar conhecida nacionalmente, tendo sido muito festejada na época do confronto. Ela teria
adquirido experiência como enfermeira junto às Irmãs de Caridade São Vicente de Paula, no Rio Grande
do Sul, e em Salto, na Argentina. Naqueles tempos, a enfermagem não tinha um caráter técnico ou
científico e era exercida em um viés humanitário ou religioso.

Durante a guerra, Ana residiu em Corrientes, Humaitá e Assunção, fixando residência perto dos campos
de operações para atender aos feridos. Tratou de doentes em hospitais de sangue e perdeu um filho e um
sobrinho no período. Muitos anos depois de morrer, teve seu nome dado a várias escolas de enfermagem
no Brasil, sendo considerada uma de suas pioneiras. Seu prestígio foi longe: em cartas à sua mulher,
Benjamin Constant, militar e republicano histórico, referiu-se a ela como “uma respeitável senhora
brasileira” e “muito minha amiga”.

Grande parte do contingente feminino que acompanhava o exército era formado por mulheres simples
do povo, conhecidas apenas por um nome e apelido, como Ana Mamuda, Aninha Gangalha, Maria Fuzil,
entre outros. Ana Néri, porém, era exceção. Senhora de elite, ela teve direito a nomes e sobrenomes por
ser viúva de um homem de projeção: havia se casado com o oficial de Marinha capitão-de-fragata Isidoro
Antonio Néri, que faleceu em 1844 a bordo do brigue Três de Maio, no Maranhão.

Ana Néri ficou por quase cinco anos com o exército. Quando regressou, recebeu várias homenagens.
Ainda em vida teve um reconhecimento raras vezes dado a uma mulher brasileira. Em 6 de fevereiro de
1870, foi presenteada por uma comissão de senhoras baianas residentes na capital com uma coroa de
ouro na qual estava gravado: “à heroína da caridade, as baianas agradecidas”. Hoje, o objeto faz parte do
acervo do Museu do Estado da Bahia. A enfermeira também ganhou um álbum com a dedicatória
“Tributo de admiração à caridosa baiana por damas patriotas”.

Todos os biógrafos de Ana Néri ressaltam o importante trabalho que ela desenvolveu tanto junto aos
feridos brasileiros e aliados quanto aos paraguaios. Não à toa, ficou conhecida como Mãe dos Brasileiros,
numa denominação dada pelo próprio Exército na Campanha do Paraguai.

DOURADO, Maria Teresa Garritano. Sofrimento invisível. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro,
ano 10, n. 117, p. 24, jun. 2015.

• Texto 3

O texto a seguir foi escrito pela historiadora e antropóloga brasileira Lilia Schwarcz
Moritz, e pela cientista política e professora da UFMG Heloísa Starling.

O dia seguinte

Por sinal, passada a euforia dos primeiros momentos da Lei Áurea, de 1888, foram ficando claras as
falácias e incompletudes da medida. Se ela significou um ponto final no sistema escravocrata, não

Página 370

priorizou uma política social de inclusão desses grupos, os quais tinham poucas chances de competir em
igualdade de condições com os demais trabalhadores, sobretudo brancos, nacionais ou imigrantes. [...]

Na realidade, nos primeiros anos da República pairava um verdadeiro “medo” de novas escravizações, ou
da vigência de políticas raciais no país. Sobre os libertos recaía, portanto, um fardo pesado, condicionado
pelos modelos deterministas de interpretação social e pela própria história. Foi por isso que ocorreu,
então, uma reversão de expectativas, uma vez que a igualdade jurídica e social acabou sendo
condicionada por novos critérios raciais, religiosos, étnicos e sexuais. Segundo a visão da época, a
explicação para a falta de sucesso profissional ou social dos negros e mestiços estaria na biologia: ou
melhor, na raça, e não numa história pregressa ou no passado imediato. Henrique Roxo, médico do
Hospício Nacional, em pronunciamento no II Congresso Médico Latino-Americano de 1904 asseverava
que negros e pardos deveriam ser considerados como “tipos que não evoluíram”; “ficaram
retardatários”. Segundo ele, se cada povo carregava uma “tara hereditária”, no caso desses grupos ela era
“pesadíssima”, levando à vadiagem, ao álcool e demais distúrbios mentais. O médico não deixava de
incluir argumentos sociais, culpando a “transição bruscada”, assim como o crescimento desorganizado
das cidades.

SCHWARCZ, L. K. M.; STARLING, Heloísa. Brasil: uma biografia. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. v. 1, p.
342-343.

Atividades complementares

1. Cruzando fontes

• Fonte 1

O texto a seguir é de Luís Balkar S. P. Pinheiro, professor da Universidade Federal do
Amazonas. Leia-o com atenção.

Com efeito, os escravos foram a pedra de toque da Cabanagem, na medida em que suas ações [...] foram
encaminhadas com autonomia frente aos demais grupos rebeldes. Por isso mesmo, suas manifestações
dirigiam-se [...] para aqueles que representavam [...] a continuidade do cativeiro. Por isso mesmo
também sobre eles recaiu toda a fúria repressiva das autoridades [...]. Durante toda a revolta, a
perseguição e morte de suas lideranças mais expressivas, como os negros Diamante e Patriota, foram
parte do preço que tiveram de pagar para reinventar a liberdade.

Da trajetória dessas duas lideranças negras da Cabanagem pouco se sabe além dos registros que
aparecem na obra de Domingos Raiol. Sabe-se que Patriota era a alcunha de um negro liberto que se fez
líder de um grupo [...] que chegou a aglutinar mais de 400 escravos fugidos. [...] A figura de Diamante é
também iluminada por Raiol. Negro, chamava-se João do Espírito Santo e sob seu comando “organizou
[...] um corpo que denominou de guerrilheiros” e chegou a elaborar um plano para assumir o controle do
poder na Província, derrubando o então presidente... Eduardo Angelim.[...]

PINHEIRO, Luís Balkar S. Peixoto. Cabanagem: percursos históricos e historiográficos. In: DANTAS, Mônica Duarte
(Org.). Revoltas, motins, revoluções: homens livres pobres e libertos no Brasil do século XIX. São Paulo: Alameda,
2011. p. 226-227.

Alcunha: apelido.

• Fonte 2

População do Grão-Pará (1835)

Índios 33000

Negros 30000
Mestiços 42000
Brancos 15000
120000
Total

Fonte: FILHO, Arnaldo Fazoli. O período Regencial. São Paulo: Editora Ática, 1994. p. 55.

Página 371

a) Que trecho do texto comprova que os escravos do Grão-Pará agiram com autonomia
frente aos outros grupos?

O trecho que afirma que o líder negro Diamante queria derrubar o governo cabano de Eduardo Angelim e substituí-lo no
poder; eis o que o autor diz: “Negro, chamava-se João do Espírito Santo e [...] chegou a elaborar um plano para assumir o
controle do poder na Província, derrubando o então presidente... Eduardo Angelim.”

b) Com base na tabela, o que é possível saber sobre a presença de negros e índios na
população do Grã-Pará, em 1835?

Pode-se dizer que negros e índios somavam 63 mil habitantes, mais de 50% da população. Professor: comentar que 50% + 1
constitui maioria absoluta.

c) Compare a porcentagem de negros à de brancos na população do Grão-Pará em
1835.

A porcentagem de negros era de 25% e a de brancos era de 12,5%; a porcentagem de negros era, portanto, o dobro da de
brancos.

d) Qual era a condição de vida da maioria da população do Grão-Pará e por quais
grupos étnicos era constituída?

A maioria dos paraenses era muito pobre; morava em cabanas e era constituída por índios, negros e mestiços que, juntos,
somavam 85% da população.

e) Que relação se pode estabelecer entre o texto (fonte 1) e a tabela (fonte 2)?

O texto destaca a participação política dos negros escravizados na Cabanagem e a tabela informa sobre sua expressiva
participação numérica (25% do total de habitantes do Grão-Pará).

2. Leia com atenção esta tabela sobre a distribuição de riquezas na cidade de Salvador
(BA), entre 1800 e 1850.

Grupo de % de riqueza Média do valor dos Nº de pessoas na
pessoas controlada bens (réis) amostra

10% mais 66,9 64:086$500 41
ricos
30% 26,4 8:571$847 118

seguintes 5,6 1:832$127 118

30% 1,1 357$220 118
seguintes
100,0 9:727$352 395
30% mais
pobres

Total

REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês (1835). 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
p. 23.

a) O que se pode concluir comparando a média do valor dos bens dos indivíduos
situados nos diversos grupos?

O valor médio dos bens dos que pertenciam à minoria dos 10% mais ricos era de 64:086$500 (sessenta e quatro contos,
oitenta e seis mil e quinhentos réis). Esse grupo pequeno dos 10% mais ricos possuía em média 7,5 vezes mais que os 30%
seguintes e 180 vezes mais que os últimos 30%.

b) Como demonstra a tabela, havia muita pobreza, e a riqueza existente estava
concentrada nas mãos de poucos. O que ajuda a explicar essa situação?

Um dos fatores que ajuda a explicar esse perfil de distribuição de riqueza é justamente o fato de a sociedade soteropolitana
da época ser uma sociedade escravista e fortemente preconceituosa (fato que dificultava a ascensão dos libertos).

3. (FMJ – 2014)

Entre 1852 e 1859, chegaram de outras províncias para o Rio de Janeiro 26 622 escravos.
(Ana Luiza Martins. Império do café: a grande lavoura no Brasil, 1850 a 1890, 1990.)

Página 372

O fenômeno histórico apresentado pelo excerto pode ser explicado
a) pela atração exercida sobre os escravos das melhores condições de trabalho
oferecidas pelos senhores fluminenses, como o trabalho na cidade.
b) pelo reaquecimento da produção aurífera em Minas Gerais, o que voltou a exigir a
presença de muita mão de obra.
c) pelo efeito direto da grave crise mundial desencadeada nas indústrias têxteis
britânicas, o que fez reduzir a exportação algodoeira da Bahia.
d) pelas leis de restrição ao uso de escravos aprovadas nas províncias mais ricas do
nordeste: Ceará e Pernambuco.
e) pelo fim do tráfico de escravos para o Brasil, aliado à decadência da economia
açucareira no Nordeste.

Resposta: e.

4. (UEMA – 2013)

• Texto I

Valeu, Zumbi
O grito forte dos Palmares
Que correu terra, céus e mares
Influenciando a abolição.
VILA, L. C. da V., G. R. E. S. Unidos de Vila Isabel, 1988.

• Texto II

Pra Isabel a heroína,
Que assinou a lei divina
Negro dançou, comemorou, o fim da sina.
TRISTEZA, N.; JÓIA, P.; VICENTINHO; JURANDIR. G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense, 1989.

Os versos dos textos I e II são fragmentos de letras de samba, elaborados no contexto
de comemoração do centenário da abolição da escravidão, no Brasil. Esses versos
abordam a questão de maneira distinta. Ao compará-los, se diferenciam quanto à
a) escolha dos protagonistas da abolição.
b) importância dada à Lei Áurea, assinada em 1888.
c) perspectiva de uma História personificada em grandes heróis.
d) forma de abordagem do racismo disseminado, após a abolição.

e) receptividade da abolição, rejeitada por uma parcela da população.

Resposta: a.

5. (Unicamp – 2014)
a) Conforme a imagem, qual é a crítica de Agostini ao Imperador?

Angelo Agostini. Séc. XIX. Coleção particular

Angelo Agostini (1833-1910) expressou sua crítica a D. Pedro II em uma caricatura publicada na
Revista Ilustrada, em 1887.

(Disponível em http://www.jblog.com.br/ quadrinhos.php?itemid=20522. Acessado em 05/12/2013.)
A expectativa era de que os candidatos pudessem apreender, a partir da representação visual (monarca idoso, sem energia,
sonolento, jornais espalhados, por exemplo), o descompasso entre os problemas existentes no final do Império e a gestão de
D. Pedro II.

Página 373

b) Indique e explique um processo que expresse a situação de crise vivida no final do
Império.

Poderiam ser mencionados e explicados processos como a campanha abolicionista, o crescimento do movimento
republicano, as questões militares, a questão religiosa e a Guerra do Paraguai, que representaram a perda de apoio de
importantes grupos ao Imperador, desencadeando um processo de crise que levou à proclamação da República.

6. (Fuvest-SP – 2014)

A República não foi uma transformação pacífica. Bem ao contrário. Para além da surpresa provocada
pelo golpe de Estado de 15 de novembro, seguiu-se uma década de conflitos e violências de toda ordem,
na qual se sucederam as dissensões militares, os conflitos intraoligárquicos, os motins populares, a
guerra civil, o atentado político contra a vida de um presidente da República. No interior dessas lutas se
forjou a transformação do Estado Imperial em Estado Republicano, do Império Unitário em República
Federativa, do parlamentarismo em presidencialismo, do bipartidarismo organizado nacionalmente em
um sistema de partidos únicos estaduais. Forjou-se um novo pacto entre as elites e um novo papel para
as forças armadas.

Wilma Peres Costa. A espada de Dâmocles. São Paulo: Hucitec, 1996, p. 16.

a) Identifique e caracterize um episódio conflituoso próprio dos primeiros anos da
República no Brasil.

Podem ser citadas a Primeira e a Segunda Revolta da Armada (1891 e 1893). Na Primeira, unidades da Armada (Marinha)
ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro caso o presidente Deodoro da Fonseca não renunciasse à presidência. E
na Segunda, liderada pelo oficial Custódio José de Melo, a Marinha bombardeou a cidade do Rio de Janeiro, exigindo a
renúncia de Floriano Peixoto. Ou ainda, a Revolução Federalista no Rio Grande (1893-1895): guerra civil gaúcha resultado
da disputa entre os seguidores do republicano Júlio de Castilhos, que contou com o apoio de Floriano Peixoto, e os adeptos
de Gaspar Silveira Martins, com apoio da marinha.

b) Explique o “novo papel para as forças armadas” a que se refere o texto.

As revoltas e conflitos na Primeira República envolveram, em maior ou menor grau, as forças armadas que, não por acaso,
assumem um patamar político de suma importância no processo de instalação e consolidação do novo regime. A busca por
maior participação política, iniciada pelos militares ainda nos últimos anos do império, tem resultado exatamente após o
golpe de 15 de novembro de 1889, com dois governos de presidentes militares: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

7. Leia o texto com atenção e responda.

A República e a Cultura negra

Belle époque: período entre o final do século XIX e o início do XX, marcado por um otimismo decorrente das
conquistas materiais então obtidas por europeus e norte -americanos e da crença no progresso ilimitado da
humanidade.

Por apresentar uma visão otimista do presente e do futuro, o período que se estendeu do final do século
XIX ao início do XX foi caracterizado [...] como sendo uma belle époque. Havia, contudo, uma face
sombria nesse período. O início da República conviveu com crises econômicas, marcadas por inflação,
desemprego e superprodução de café. Tal situação, aliada à concentração de terras e à ausência de um
sistema escolar abrangente, implicou que a maioria dos libertos passasse a viver em um estado de quase
completo abandono. Esses últimos, além dos sofrimentos da pobreza, tiveram de enfrentar uma série de
preconceitos cristalizados em instituições e leis, feitas para estigmatizá-los como subcidadãos, elementos
sem direito à voz na sociedade brasileira.

[...]

O racismo dos tempos iniciais da República voltou-se também ao combate de tradições culturais. A

capoeira, assim como as várias formas de religiosidade africanas tornam-se, segundo o código penal de
1890, práticas criminosas. [...] Nem mesmo as festas escapam ao furor antiafricano. Em plena Salvador,
os batuques e afoxés (na época denominados candomblés) são colocados na ilegalidade. (...)

Página 374

O código penal de 1890 criminaliza a capoeira:
Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela
denominação de capoeiragem [...]
Pena: De prisão celular de dois a seis meses.
PRIORE, Mary Del; VENÂNCIO, Renato Pinto. O livro de Ouro da História do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. p.
269-274.

a) Como os autores do texto caracterizam a belle époque brasileira?

Como um período em que predominava uma visão otimista do presente e do futuro, mas que, ao mesmo tempo, tinha uma
face sombria, marcada por uma crise econômica envolvendo superprodução de café, inflação e desemprego. Ou seja, foi uma
bela época somente para uns poucos.

b) O que o período da belle époque significou para os libertos (homens e mulheres
recém-saídos de escravidão)?

Sem terra, sem instrução e tendo a pele escura em uma sociedade racista, os libertos viviam relegados ao abandono, eram no
máximo subcidadãos.

c) Que exemplos os autores dão do “furor antiafricano” praticado nos tempos iniciais
da República?

Batuques e afoxés foram colocados na ilegalidade; a prática da capoeira tornou-se um crime, com pena que variava de dois a
seis meses de prisão. Somente durante o Estado Novo, a capoeira deixou de ser perseguida para tornar-se um esporte
nacional. Conforme o estudioso Rafael Veríssimo: “Em 1937, Getúlio Vargas descriminalizou a capoeira como parte de seu
projeto político nacionalista e, em 1953, afirmou: ‘a capoeira é o único esporte genuinamente nacional’.” VERÍSSIMO, Rafael.
Análise de narrativas culturais da capoeira constata: sua origem não é brasileira. Agência USP de notícia, São Paulo, n. 1524,
10 nov. 2004. Disponível em: <http://www.usp.br/agen/bols/2004/rede1524.htm>. Acesso em: 5 jun. 2016.

6. Sugestões de respostas e comentários das atividades
propostas no livro do aluno
Capítulo 1 América indígena

• Vozes do presente

a) O texto é historiográfico e foi escrito pelo historiador Serge Gruzinski, autor de
diversas obras sobre o México.
b) Ele o descreve como um “império repleto de cidades imponentes”, cortado por
estradas que passavam por elevações e abismos, graças a inúmeras pontes de cipós e
milhares de escadarias de pedra.
c) A imposição da língua, o quéchua; o governo fortemente centralizado; o
deslocamento das populações rebeldes para áreas dominadas pelos incas; a existência
de uma rede de estradas e de um correio eficiente; a difusão do culto ao Sol pelo vasto
Império Inca.

d) Resposta pessoal. Professor: objetivou-se aqui estimular a capacidade do aluno de
argumentar em defesa de um ponto de vista e levá-lo a identificar as bases de
sustentação do poder inca.

Capítulo 2 Colonizações: espanhóis e ingleses na América •
Vozes do presente

a) Segundo o dicionário Aurélio, genocídio significa “crime contra a humanidade, que
consiste em, com o intuito de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional,
étnico, racial ou religioso, cometer contra ele qualquer dos atos seguintes:

Página 375

matar membros seus; causar-lhes grave lesão à integridade física ou mental [...];
realizar a transferência forçada de crianças dum grupo para outro”. GENOCÍDIO. In:
NOVO Dicionário Eletrônico Aurélio versão 6.0.7. Curitiba: Positivo Informática, 2010.

b) Resposta pessoal.

Capítulo 3

A América portuguesa e a presença holandesa

• Vozes do presente

a) Uma visão apresenta os escravizados como um grupo sem vontade própria; outra
como um grupo que constituiu família, mantendo uma organização básica de apoio e
de identidade social, enfim como sujeito da História. Professor: a comparação entre
essas duas visões quer estimular o alunado a confrontar diferentes abordagens sobre
o mesmo assunto.

b) Descobriu-se que boa parte deles constituía família e que ela tinha grande
importância em suas vidas. Além disso, geralmente os filhos pequenos moravam com
seus pais ou, pelo menos, com suas mães.

c) Resposta pessoal. Professor: alargar o debate comentando com os alunos sobre os
diversos tipos de família existentes na nossa sociedade. A questão pode colaborar
também para que possamos compreender melhor os modos como nossos alunos veem
esta instituição social.

• Você cidadão!

a) Resposta pessoal. Professor: comentar que a autora dá inúmeros exemplos de
plantas descobertas e domesticadas pelos indígenas, que são hoje muito consumidas,
seja na alimentação, seja na indústria.

b) “Inúmeras espécies vegetais, objeto de coleta por parte dos índios, foram adotadas
pelos colonizadores europeus, passando a ser cultivadas, algumas em larga escala
[...].”.

c) A indústria automobilística, a de bicicletas e a de pneus. Professor: nos anos de
1890, a bicicleta virou uma verdadeira febre, usada por pessoas de diferentes idades
como fonte de lazer e como meio de transporte para o trabalho.

d) Resposta pessoal. Professor: estimular a reflexão sobre o fato de que a
contribuição indígena no tocante a essas plantas é quase ignorada pela cultura
ocidental.

e) Resposta pessoal. Professor: comentar com os alunos a importância de se
pesquisar a fim de conseguir dados confiáveis para dar suporte à argumentação
desenvolvida. Segundo o Instituto Socioambiental, as terras indígenas correspondem a
14% do território nacional e cerca de 22% da Amazônia Legal (dados de 2015).

Capítulo 4

Africanos no Brasil: dominação e resistência

• Vozes do passado

a) É o tratamento dado aos escravos no navio negreiro, durante a viagem pelo
Atlântico.

b) Os escravizados eram apinhados no porão do navio negreiro. Em virtude da altura
do porão, não era possível permanecer em pé. A comida e a água eram insuficientes e,
em caso de revolta, a pessoa pagava com a vida.

c) Resposta pessoal. Professor: comentar que esse relato é um documento raro e
importante para a compreensão das condições de viagem dos africanos para a
América; é uma fonte particularmente interessante, pois Baquaqua escreveu a

Página 376

única biografia de um africano escravizado em terras brasileiras. O trabalho de
pesquisa sobre o assunto é do professor pernambucano Bruno Véras.

d) A imagem reforça e ilustra o trecho em que Baquaqua diz: “O porão era tão baixo
que não podíamos ficar de pé, éramos obrigados a nos agachar ou nos sentar no chão.
Noite e dia eram iguais para nós, o sono nos sendo negado devido ao confinamento de
nossos corpos”.

• Integrando com Língua Portuguesa

a) Provérbio: frase curta de origem popular que resume um conceito sobre a realidade
ou uma regra social/moral. O provérbio de número nove contém, como se pode
concluir, uma recomendação moral.

b) Resposta pessoal. Professor: observar na resposta os itens pertinência e coesão.

c) Resposta pessoal. Professor: espera-se que o aluno perceba que, se a situação de
um povo é de penúria, a nação como um todo poderá ser atingida. Justificativa: há
vários exemplos na história da humanidade de sublevações, revoltas e revoluções
sociais motivadas por fome, abandono e opressão.

d) Resposta pessoal. Professor: o provérbio sugere a ideia de que quando alguém é
“carregado” por outro não percebe a distância percorrida. Isto se aplica a várias
situações da vida real.

e) Resposta pessoal. Professor: sugerir aos alunos que conversem com o professor de
Língua Portuguesa sobre os desafios de transformar um legado oral em texto escrito.
Conto: gênero literário que se caracteriza por ser breve, ter poucas personagens e
ações e espaço reduzido. Adivinha: pergunta enigmática que exige resposta ou
solução; adivinhação, enigma. Receita: gênero textual que apresenta duas partes bem
definidas: ingredientes e modo de preparo.

f) Resposta pessoal. Professor: na adolescência é comum os jovens questionarem os
valores e os ensinamentos dos pais, embora muitas vezes acabem por repeti-los,
conforme sugere a música imortalizada por Elis Regina.

Capítulo 5

Expansão e ouro na América portuguesa

• Vozes do presente

a) Não, segundo o autor, “Os próprios representantes do Estado português –
governadores, ouvidores, provedores [...] contribuíam para desviar as riquezas da
Fazenda Real (a Receita Federal da época)”.

b1) Os vários integrantes da sociedade colonial mineira. As negras de tabuleiro, os
garimpeiros, os donos de lavras, os funcionários do governo (governador, ouvidor,
provedor, entre outros). O desvio se dava de diversas formas. Citamos a seguir alguns
exemplos: as negras de tabuleiro escondiam ouro nos cabelos e os funcionários do
governo produziam moedas falsas, com peso reduzido ou fundidos com metais, como
níquel e estanho.

b2) Os altos funcionários (pelo cargo que ocupavam) tinham uma possibilidade maior
de retirar para si parte da riqueza extraída. Este era o caso, por exemplo, dos
contratadores, dos responsáveis pelas casas de fundição, dos fabricantes de moedas,
entre outros.

Página 377

Capítulo 6

A Revolução Inglesa e a Industrial

• Vozes do passado

a) O assunto principal do texto são as condições de trabalho enfrentadas pelo operário
John Birley durante sua infância em uma fábrica londrina no século XIX.

b) Conclui-se que os industriais daquela época exigiam de crianças – pequenos
aprendizes – uma rotina de trabalho estafante e ofereciam a eles uma alimentação
insuficiente que tinham de consumir rapidamente e em pé.

c) Porque mulheres e crianças ganhavam cerca de um terço do que era pago a um
homem.

d) Porque não havia leis trabalhistas e nenhuma justiça do trabalho para coibir os
constrangimentos e as longas jornadas de trabalho a que os jovens aprendizes eram
expostos.

e) Resposta pessoal.

• Integrando com Biologia

a) Varíola é uma doença causada por vírus que pode infectar os órgãos internos, a
corrente sanguínea e as células da pele, formando pústulas (erupções na pele). Ela
pode ser transmitida por vias respiratórias ou gotículas de saliva de pessoas
portadoras do vírus. A taxa de mortalidade entre os infectados é grande. A vacina
inventada por Jenner foi decisiva, pois não havia tratamento para essa doença na
época.

b) A preocupação dos médicos se explica por causa do comportamento de risco
comum a muitos adolescentes que os leva a ser mais vulneráveis a contrair a hepatite
B, já que ela é transmitida pelo beijo, por relações sexuais e pelo sangue. A doença
afeta o fígado, responsável por secretar a bile e armazenar energia, entre outras
funções importantes para o organismo. O comprometimento dessa glândula pode
trazer complicações para a saúde do adolescente.

c) Resposta pessoal. Espera-se que o aluno responda que os adolescentes têm mais
chances de contrair doenças (sobretudo as sexualmente transmissíveis) devido a sua
exposição contínua a riscos.

d) Resposta pessoal. Entre as sugestões que podem ser apresentadas para o Ministério
da Saúde, cabe destacar uma campanha massiva de conscientização direta (para o
próprio adolescente) e indireta (para os pais e familiares), alertando para os riscos das
exposições exageradas e para a falta de cuidado e/ou de prevenção. O foco da

campanha poderia ser a importância da vacinação na prevenção de doenças.
Professor: segundo o Ministério da Saúde, as vacinas para adolescentes com idade
entre 11 e 19 anos são:

VACINA DOSE DOENÇAS EVITADAS

Hepatite B Três doses em diferentes Hepatite B
Dupla Adulto períodos. Difteria e tétano

(dT) Adolescentes não vacinados Febre amarela
devem tomar três doses; aqueles Sarampo e rubéola
Febre Amarela
Dupla Viral (SR) que já receberam a DTP na
infância devem tomar uma dose

de reforço a cada dez anos.

Uma dose a cada dez anos.

Dose única.

Fonte: TOSCANO, Cristiana. Cartilha de vacinas: para quem quer mesmo saber das coisas. Brasília, DF: Organização
Pan-Americana da Saúde, 2003. p. 20-23. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/1c0dee80474580598c59dc3fbc4c6735/cart_vac.pdf?MOD=AJPERE
S>. Acesso em: 23 maio 2016.

Página 378

• Você cidadão!

a) O glotocídio é a morte de línguas. No texto, ele é definido como crime contra a
humanidade.

b) Isto significa que a maioria das línguas indígenas corre sério risco de extinção.
Professor: comentar que quando o último falante de uma língua morre, perdem-se
saberes e práticas de inestimável valor para todos nós.

c) Tikuein falava com o espelho, enquanto caminhava pela aldeia; Maria Rosa
dialogava com um gravador. Resposta pessoal. Professor: comentar que essas
estratégias criativas usadas pelos dois indígenas dão a dimensão da importância que a
língua tem para a vida e o cotidiano de um indivíduo.

d) Resposta pessoal. Professor: destacar a importância da diversidade linguística
para nós e para a humanidade como um todo.

e) Resposta pessoal. Professor: sobre este tema, sugerimos a consulta ao site do
Museu Paraense Emílio Goeldi: <http://www.museu-
goeldi.br/portal/content/m%C3%A9todos-para-documenta%C3%A7%C3%A3o-
digital-de-l%C3%ADnguas-ind%C3%ADgenas>. Acesso em: 7 abr. 2016.

Capítulo 7

O Iluminismo e a formação dos Estados Unidos

• Vozes do presente

a) Anacronismo é o ato de analisar o passado com os mesmos critérios usados para
entender o presente. No texto em foco, o historiador diz que o modo como os leitores
do século XVIII usavam a Enciclopédia era diferente do modo como os leitores atuais
manuseiam as enciclopédias de hoje. E que, se nós não percebermos essa diferença,
vamos cometer anacronismo. O professor Georges Duby afirma: “Vistam a pele dos
homens e mulheres de outras épocas se quiserem entendê-los”, ou seja, coloquem-se
no lugar deles, tentem saber como eles pensavam, se quiserem compreendê-los.

b) É que, em certa medida, a Enciclopédia veio romper com o monopólio da cultura
letrada, exercido pelos representantes da Igreja durante muitos séculos.

c) Iluminar o espírito, para eles, era fazer uso da razão humana para alcançar o
esclarecimento, a luz. A razão deveria ser aplicada a todas as atividades humanas,
destruindo a ignorância, combatendo os preconceitos e o fanatismo religioso.

d) • Tanto a Enciclopédia dos franceses do século XVIII quanto as atuais oferecem
informações sobre os mais diversos ramos do saber e pretendem apresentar um
conteúdo atualizado do conhecimento humano. Mas enquanto as enciclopédias atuais

buscam, sobretudo, informar, a Enciclopédia dos franceses esforçava-se para organizar
o conhecimento disperso, ser uma síntese do saber acumulado e, ao mesmo tempo, um
meio que garantisse a transmissão desses conhecimentos para as gerações futuras.

• O único meio usado para acessar a Enciclopédia dos franceses era o papel, no caso, o
livro. Já as enciclopédias atuais estão disponíveis também em meio digital, permitindo
assim o acesso à distância.

Capítulo 8

A Revolução Francesa e a Era Napoleônica

• Vozes do presente

a) Ele passou a ser descrito como o filho da Revolução Francesa, o homem que
consolidou a posse da igualdade de direitos, que tornou possível a saída da França do
feudalismo, glorificando-a com suas vitórias.

Página 379

b) Resposta pessoal. Professor: na frase, a expressão “antiga ordem” pode ser
traduzida por “Antigo Regime” e “nova ordem” pode ser sinônimo de uma sociedade
em que os súditos cedem lugar aos cidadãos. Napoleão, segundo o texto, oscilou entre
o Antigo Regime, fundado nos privilégios do clero e da nobreza e no direito divino dos
reis, e a nova ordem, nascida das mudanças efetuadas pela Revolução Francesa,
incluindo-se aí a igualdade de todos perante a lei.

c) Vê-se o retrato inacabado de Napoleão Bonaparte, obra de Jacques-Louis David, um
dos artistas que mais glorificaram o líder francês.

d) O retrato de Napoleão nessa pintura é inacabado. Assim também é o debate em
torno de sua figura polêmica, controversa.

Capítulo 9

Independências: Haiti e América espanhola

• Vozes do presente

a) O texto é argumentativo e foi escrito por uma historiadora que conhece seu ofício e
é especialista no tema das independências políticas da América Latina.

b) Com base no texto, é possível concluir que a participação política da mulher
durante as lutas pela independência da América Latina foi, durante muito tempo,
omitida pela historiografia e relegada ao esquecimento nos meios oficiais.

c) Pelo texto, fruto de um árduo processo de pesquisa, ficou subentendido que durante
muito tempo a historiografia privilegiou a participação dos homens nas lutas pela
independência e transformou alguns deles em heróis nacionais. Adotou, portanto, uma
abordagem sexista, omitindo o protagonismo feminino em um episódio decisivo da
história da América.

Capítulo 10

Emancipação política do Brasil

• Vozes do presente

a) Para o professor Boris Fausto, a Independência não resultou em mudanças
significativas na área socioeconômica ou política (até mesmo a monarquia, forma de
governo vigente no Brasil antes da emancipação política, manteve-se). Portanto, para
esse autor, a Independência se fez sob o signo da continuidade.

b) Segundo o autor, a mudança da Corte joanina para o Rio de Janeiro beneficiou,
sobretudo, as elites de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Estudos recentes

indicam que, na passagem do século XVIII para o XIX, os mercadores de escravos
estavam entre os homens mais ricos das praças do Rio de Janeiro e de Salvador.

c) Para a professora Cecília Helena, a Independência resultou, sim, em mudanças
importantes. Segundo ela, o estudo das lutas sociais (guerras, inclusive) nos permite
concluir que a Independência foi um rompimento com o Antigo Regime e a monarquia
absolutista portuguesa. Para essa autora, portanto, houve ruptura.

d) Para Boris Fausto, a Independência foi um arranjo político promovido pela elite e
em favor dela, daí a liderança do processo ter ficado com a nobreza. Já para Cecília
Helena houve, sim, participação popular nas lutas pela Independência.

Página 380

Para a autora, ocorreu o “envolvimento de diferenciados setores sociais” nas
discussões sobre a emancipação política do Brasil.

e) Resposta pessoal.

Capítulo 11

O reinado de Dom Pedro I: uma cidadania limitada

• Vozes do presente

a) A implantação do capitalismo e a construção do Estado nacional, processo este do
qual fazem parte episódios como o Sete de Setembro e a abdicação.

b) Estudos recentes informam que o tráfico de escravos promovido por mercadores
do Rio de Janeiro e de Salvador foi uma atividade decisiva na formação de grandes
fortunas naquelas duas cidades. O autor acrescenta ainda que esta atividade estava
concentrada nas mãos de poucos.

c) Como ensina Jorge Caldeira, cerca de 85% da produção total brasileira era
consumida no mercado interno, e apenas 15% da produção era destinada à
exportação. Professor: durante muito tempo se afirmou que a economia colonial
brasileira se assentava na grande propriedade escravista voltada para o mercado
externo. O autor do texto apresenta resultados de pesquisas que revolucionaram os
estudos de economia colonial brasileira nos últimos 15 anos, como as dos
professores/pesquisadores João Fragoso, Manolo Florentino e Sheila de Castro Faria,
que destacaram a enorme importância do mercado interno na economia colonial
brasileira.

• Você cidadão!

a) Apesar da Constituição de 1824 afirmar igualdade de direitos entre os cidadãos
brasileiros, negros e mestiços continuavam a ter até mesmo seu direito de ir e vir
dependente do reconhecimento de sua condição de liberdade.

b) Isto significa que o Brasil é um país com muitas etnias e diversas culturas.
Professor: comentar que é nesta diversidade que reside sua riqueza.

c) A polícia, que é encarregada de cuidar da segurança das pessoas, costuma dispensar
tratamento diferenciado aos cidadãos e cidadãs, conforme a sua cor/etnia e classe
social.

d) Resposta pessoal. Professor: há pesquisas de instituições sérias que comprovam o
tratamento discriminatório e violento dispensado aos jovens negros e pobres
residentes nas periferias.

Capítulo 12

Regências: a unidade ameaçada

• Integrando com Língua Portuguesa

a) O amor à pátria. Professor: Gonçalves Dias era aluno de Direito em Coimbra,
Portugal, quando escreveu o poema.

b) O trecho incorporado está entre aspas a seguir: Teus risonhos, lindos campos “têm
mais flores;” / “Nossos bosques têm mais vida”, / ”Nossa vida” no teu seio “mais
amores”.

Página 381

c1) Ufanismo: orgulho exacerbado pelo país em que se nasceu; patriotismo excessivo.

c2) Resposta pessoal. Professor: os exemplos são muitos; movido pela saudade, o
poeta idealiza a natureza do Brasil, descrevendo-a como mais bela e mais rica que a
terra do exílio (Portugal).

d) Um exemplo é “Migna terra”, de Juó Bananére – pseudônimo do jornalista
Alexandre Ribeiro Marcondes Machado; eis um trecho da paródia: Migna terra tê
parmeras, / Che ganta inzima o sabiá, / As aves che stó aqui, / Tambê tuttos sabi
gorgeá.

Capítulo 13

Modernização, mão de obra e guerra no Segundo Reinado

• Vozes do presente

a) Ele o caracteriza como um ditador que não dava satisfação de seus atos a ninguém.
O autor distingue a ditadura de López das atuais, enfatizando que, à época, inexistiam
meios de comunicação de massa; e, assim sendo, um ditador não tinha a necessidade
de reagir ao contexto internacional, como ocorre hoje.

b) Ele afirma que no Paraguai de Solano López a oposição estava “em cemitérios ou no
exílio”; não havia jornais, apenas um diário oficial; portanto, inexistia uma imprensa
participativa ou que expressasse as demandas e os conflitos de interesses da
sociedade paraguaia da época.

c) Ele apresenta Solano López como aquele que iniciou a guerra; seu plano era vencer
o líder argentino Bartolomeu Mitre e derrotar o Império Brasileiro no Paraguai.

d) Resposta pessoal. Professor: comentar que, ao longo da história, há inúmeros
casos de saques a cidades que foram movidos pela ambição de soldados invasores, que
agiram com ou sem a autorização de seus comandantes. Muitas guerras e violências
contra a população civil foram movidas por ambição de acumular riqueza.

Capítulo 14

Abolição e República

• Vozes do presente

a) Ele criticou a postura do povo; seu não envolvimento na proclamação da República,
um ato executado por militares, em 15 de novembro de 1889.


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