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Published by Raquel Maciel, 2020-11-11 16:59:45

PASTA - 07

PASTA - 07

Keywords: GETÚLIO,POLÍTICA,DITADURA,CONSTITUIÇÃO,SUICÍDIO,JÂNIO,QUADROS

• •

••

útil de qualquer carro-, muitos adotam

as cafuringas, corno são chan1ados os

veículos rnontados a partir de destroços

de outros. Barulhentas e desengonçadas,

as cafuringas tê,n aparência deplorável,

n1as utilidade inquestionável.

Nas irnediações de Rurópolis, o agri-

cultor paranaense Lineu Meurer é fa-

rnoso con10 construtor de cafuringas,

que chega a vender a R$ 4,5 mil cada.

Para seu próprio uso tem um n1odelo

1994, montado com un1 motor Agrale

M-790, estacionário, de bomba d'água;

câmbio de caminhão Ford F-4000; re-

dução e diferencial de pick-up Ford

F-75; suspensão com feixe de 111olas e,

no lugar do an1ortecedor, un1a mola es-

l LUCRO Milita, com o cacau, e um de seus dez mil pés de mogno piral em cima do feixe. "Ganho ,nais
carregando passageiro e carga do que

1 cen1 o obstáculo a pé e en1barca1n ern No período da seca, a n1elhoria é re- plantando", conta Lineu, que cobra

outro ônibus da rnes1na linha que fazia lativa. São tantos os buracos que em al- R$ l por quilôrnetro rodado.

o trajeto contrário e ficara do outro lado. guns trechos é impossível circular a ruais Cacaueiro - Ao longo de quase toda
"Passageiro chega a andar até dez qui-
de 20 quilôn1etros por hora. Não é à toa

lômetros co,n a 111ala nas costas", diz o que, entre seus usuários, a Transarnazô- a estrada, o que não falta é carga para
motorista Aderson Bandeira da Silva, níca ta1nbén1 é conhecida corno Transa- transportar. Vindos dos 1nais diferen-
j que faz o percurso há 15 anos. "A pior rnargura. Os colonos, no entanto, não tes rincões do País, os homens que aten-
1 época é de fevereiro a n,arço", con1ple- esrnorece,n diante das dificuldades. Para deram ao apelo do governo rnilitar para
l ta seu colega Luiz Carlos Barros. enfrentar a estrada, - u1na a1neaça à vida povoar a Transarnazônica têm produ-

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1 Km425

A principal rua de Km 1.000
Novo Repartimento
(PA) simplesmente O tráfego de
invadiu a estrada caminhões
carregados

de madeira

é intenso

nesse trecho

~ 85

.-..·,-

-, .

-~""- .

Km 248 ATransamazônica vira

um lixão no trecho que contorna
a cidade de Marabá (PA

. .-.,,.~.--__~,,

~

.>•

l l' ISTOÉ/1619-11/10/2000

'1'

l

... . .•. ' )

ção farta e diversificada. As margens - '..--. -- - - . 'il
da estrada e de suas vicinais são reple-
tas de plantações de pimenta-do-reino, .- - ;1;
urucum, arroz, café e, principalmente, - - -- ~ - ~ -
cacau. Por conta do trabalho desses co- . '·1~,,,frJ,:,l!
lonos, o Pará virou o segundo maior .
produtor de cacau do País, sendo que \1
os 5,5 mil produtores que vivem entre . J
Novo Repartimento e Uruará são res- 1\
ponsáveis por 70% da produção ca- · - - ; \\',, .
caueira do Estado. A previsão para este no vermelho porque sempre foi mal. ad-
ano é de cerca de 33 mil toneladas. ~ '. ministrada", acusa Adilson José Cam-
postrini, líder do movi1nento de forne-
No trecho 1nais produtivo da Transa- •. cedores que tenta impedir o fechamento
mazônica, a plantação de cacau da pro- da empresa. Campostrini ainda reclama
priedade Sentinela do Progresso se des- r·' . ....·..J. da estrada, que dificulta o escoamento
taca das outras, sendo visitada por espe,- da produção. Este, porém, é um entrave
cialistas de diversas partes do mundo. E lit':-.,' ,.,;,-..'.>~'./ co1nu1n a todos os colonos que traba-
que, para se desenvolver, o cacaueiro lham às margens da Transamargura.
precisa ser protegido pela sombra de ou- ~-"Y--- -~ ...
tras árvores e lá o sombreamento não Os problemas da rodovia atingem
foi feito con1 a vegetação convencional. Vl'rORIOSOS o sindicalista Airton també1n a quem está no topo da escala
Usou-se o valioso mogno. Hoje há mais social. Figura lendária entre os garim-
de dez mil pés da 1nadeira de lei na e a família de Zezão (acima) têm peiros da Amazônia, Francisco de Assis
propriedade de lOO hectares, o que ele- alternativas para os obstáculos Moreira da Silva, o Zezão, já chegou a
vou seu valor de R$ 150 mil para R$ 3
1nilhões. "O mogno não está a venda", lia gaúcha que chegou à região em 1972.
esclarece Milita Bachis Couto, da fruní- "Estamos trabalhando para o futuro, para
os nossos netos", acrescenta. Além de
cacau, sua família cultiva café, coco e
cana-de-açúcar.

A cana-de-açúcar é uma cultura co-

mum nas vizinhanças da Sentinela do
Progresso, pois a região abriga a usina
Abraham Lincoln, instalada nos anos 70,
que deve ser desativada pelo governo
federal em dezembro. "A usina opera

Km 1.31·2 ' as tubulações Km 1.404 I

Mal,dihlensionadas, A ponte sobre
o rio Missão
são arrancadas.da ter.ra pela chuva

Mãqüinas

·os anos ,7Q,foram abandona

o-Jong' · estra ·,

p,oJl/;ii

86 ·-J ' .



extrair 100 quilos de ouro por mês. Com bem que, para o garimpo, o melhor
o declínio da produção, passou a dedi- transporte é o avião", diz Zezão.
car-se tarnbé1n à pecuária, vivendo com Na direção de Jacareacanga, as con.-
a mulher e três filhos em uma confortá- dições da estrada se deterioram ainda
vel fazenda à beira da Transamazônica, mais, até que ela se torna intransitável.
a 18 quilômetros da cidade de Itaituba, Com uma epidemia de malária atingin-
onde os filhos estudam. "Quando cho- do 20% de seus 24 mil habitantes, Jaca-
ve, levo até três horas para chegar à ci- reacanga é uma cidade habituada ao iso-
dade", conta sua mulher, Luiza. "Ainda lamento. Os altos custos com transpor-

te fazem os preços aumentarem até 40%
no comércio durante o inverno, sendo
que os negócios precisam ser feitos com
a distante Porto Velho (RO). Durante o
verão a Transamazônica é trafegável em
direção a Humaitá e, depois, rumo a Lá-

brea, mas a manutenção do primei-
ro trecho deve-se à iniciativa
privada, que repas-

AM sa o custo para

Lábrea MA CE

RN

Boquelrão , ..,, Humaitá -
....
da Esperança 1-
,;' (i
'...-_,,...__,~Boca do Acre _ _.,, Porto.Velho
RO L
lAC . ·.

(i

Rio Branco

Km 1.521

·,· Para atravessar
o trecho, foi
preciso tirar

árvores do meio
do caminho

ml. e .

Km 1.476 Conhecido a roélov.ia, chelà d~ Iam~
' ~' ,l
da o com,pouéo-s P1
·como Cintura F;ina, o

aterro·já despencou, ·_.,.~

cortando a estrada ~ ,~"F~
or 12 ános .
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li" ......

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t

Uma cidade
fantasma

ehegar a Fordlândia de,carro é uma
parada. Com apenas 46 quilôme-
tros, a vicinal que liga a Transa1nazô-

nica à vila exige pelo 1nenos duas .ho-

ras para ser percorrida. Saindo na al-

tura do quilômetro 1.150 da rodovia,

a vici.nal se assen1elha às suas simila-

res pela ampárocpoonrscei.rovnaaçrãou.mÉa av1.úangiecna1, ·
pore,1n,

no tempo e no espaço. Conhecida

corno Transfordlândia, a estrada ter-

mina numa vila construída na déc~-

da de 20 para abrigar t1n1 audacioso

projeto de produção de borracha idea-

lizado por Henry Ford (1863-1947),

o n1agnata do autoinobilismo ameri-

cano. Naqueles te1npos, só se chega-

va a Fordlândia pelo rio Tapajós.

Disposto a enfrentar o 111onopólio os consun1idores locais. "Só esse ano, en1 l Ode outubro de 1970 - apenas um
de fevereiro a abril, tiven1os de refazer dia após a cornitiva presidencial.
da borracha asit1tica, controlado pelos quatro pontes", le,nbra o co,nerciante
Edivaldo Luz. Trinta anos depois, o projeto da es-
brit..'inicos, Ford chegou a investir US$ trada, em fonna de espinha de peixe -
Novos tempos - Desde a can1panha um eixo central co,n vicinais de até 50
20 mill1ões na região. O projeto fra- quilôn1etros saindo de ambos os lados -,
presidencial de 1994, Fernando Henri- começa a ser confrontado com u1n novo
cmaasssosuuaesamcaabrocuasabreasn1.dsotenna1dnooesrnre1sq9u415, -, que Cardoso fala ern retomar as obras 1nodelo. A idéia é recolonizar a região,
da Transan1azônica. Ern seternbro do ano conl vicinais de dez quilômetros e gran-
cios da vila urbanizada ao estilo an1e- passado, chegou a pro,neter a liberação des áreas de reserva a1nbiental. "Nossa
de R$ 12 rnilhões péu·a sua n1anutenção. proposta de reordenamento fundiário da
ricano. "Fordlândia tinha até can1po ''Ficou na pronlessa'', diz o prefeito de Transa1nazônica prevê n1uito plantio,
Altan1ira, o tucano Claudon1iro Go,nes con1 a consolidação da agricultura fa-
de golfe", le1nbra An1érica Lobato da Silva. "Na época do Gan·astazu não n1iliar e a exploração racional da flores- 1
frtltava nada", con1para. saudosista. o co- ta", afirn1a Ai11on Falei.ro, um dos fun-
Conceição. Aos 76 anos, Arnérica é lono Geraldo En1ídio Bezen·a, un1 dos dadores do Movimento pela Sobrevivên- 1'
prinleiros a chegar à Transa1nazônica, cia da Transan1azônica.
a única 1nor~idora da vila que viven-
Líder sindical no Estado, Airton co-
ciou o período da Companhia Ford meçou a questionar a viabilidade do
projeto elaborado pelo governo militar
Industrial do Brasil. ''Quando foi e1n- ainda ern 1987, quando teve de cami-
nhar 120 quilôn1etros para encontrar um
bora, o americano não levou nada, ir1não que estava co,n malária. "Do
ponto de vista das políticas públicas, é
mas o brasileiro não soube conser- in1possível rnanter a estrutura como foi
planejada", completa Airton, ao lado
var", diz An1érica. Hoje Fordlândia da 1nes1na placa descerrada por Mediei
em 1970. Um projeto-piloto está pres-
parece unia cidade fantasn1a. tes a ser implantado, com o suporte de
instituições corno o BNDES e o Incra.
RUtNAS Hldrante
Caso o projeto de recolonização avan-
e hospital ce, serão adotadas práticas de preparo
lembram bons da terra sem o uso de fogo e de reposi-
tempos de ção das árvores tiradas da mata. Por en-
Fordlãndia

88 ISTOÉ/16! 9-11 /10/2000

quanto, a exploração encabeçada pelos REBELDE Ambrósio, que conspirou contra JK, e o _radar recém~instalado
madeireiros é desordenada e intensa,
corno se nota pela quantidade de cami- OSivam, à sombra de uma rebelião

nhões co,n toras de madeira que circu- Nos livros de História, Jacareacanga é nome de rebelião. Hoje isolada ·do
lam pela estrada. Imagens de satélite re- resto do mundo por causa das péssimas condições da Transamazônica, n.os
vela,n que 12% das áreas de floresta já anos 50 era apenas uma clareira aberta na selva (ve~ mapa à pág. 87). Em seu

fora,n derrubadas. O des1natamamento,
porém, atinge toda a região, não sendo -entorno viviam 300 moradores, a maioria índios mun9urucus. Mesmo assim,
esteve no centro das atenções nacionais. Num sábado de Carnav/:11, em 1956,
1 uma exclusividade da Transamazônica. 11 dias depois da posse do presidente Juscelino Kubitscbek, Jacareacangl!,
O problema central da rodovia é não
sediou um levante de oficiais da Aeronáutica, liqerado pelo majoI Haroldo
ter cumprido sua missão de "integrar
Coimbra Veloso. Sua meta.era depor JK e seu vice, João Goulart.
para não entregar", como se proclama-
"Pelos planos de Veloso, o motim se alastraria pelos quartéis", lembra
va na época. Embora atualmente exis-
Ambrósio Antero Santiago, 76 anos, um dos caboclos que cerraram fileira
tam 16 cidades e 134 co,nunidades vi-
com os rebelados. Fundador e comandante éia base da Força Aérea Brasileira
vendo sob a influência ela Transamar-
(FAB) em Jacareacang/:l, o major era e continua sendo uma espécie de herói
gura, o horizonte de seus moradores
na região. "Por Veloso a gente entraria em qualquer briga'', diz Ambrósio. "Se
dificilmente ultrapassa os povoados vi-
Veloso não tivesse perdido a guen'a, Jacareacanga·teria progredido, virado a
zinhos. Tanto que a estrada não tem
princesa do Tapajós, como ele dizia'', imagina Maria Emília Pereira, 79 anos,
sequer uma marcação global de quilo-

metragem. As raras placas existentes ·que foi a primeira professora da cidade.
revelam uma Transamazônica reparti- A rebelião não teve, porém, as adesões esperadas. Embora enfrentasse
da em trechos de, em média, 200 qui-
lômetros, que correspondem aos aca1n- resistências entre os militares, o gove,rno JK conseguiu abafar rapidamente o·
. pamentos levantados pelas construto- foco de revolta. Para fsso, a Marinha chegou a rnanâar fuzileiros navais para o
rio Tapajós, no navio P.c:esidente Getúlio. Pelos relatos oficiais, o acesso por ar

ras 30 anos atrás. Na época, a placa ficara impossível porque a pista de pouso fora interditada com barris cheios de

incrustada na seringueira definiu oco- gasolina. "Os barris estavam vazios'\ ~orrige a professora. "Não tínhamos

meço das obras como "uma arrancada combu_stível nem para os aviões";confirma Ambrósio, na mesma pista aberta

histórica para a conquista e coloniza- . por Veloso, boje asfaltada. , · .·

1' ção de um gigantesco mundo verde". À pequena distância do aeroporto gira o radar ·do Sivam, o Sistema de
Por descaso e falta de planejamento Vigilância da Amazônia, que começou a ser instalado no ano passaêlo na

de sucessivos governos, a "rodovia da cidade, hoje com 24 mil habitantes. O complexo tecnológico, porém, não está
integração nacional" acabou virando integrado à vida de Jacareacanga. "É como uma 'vila olímpica', com todo

símbolo da megalomania inconsequen- conforto e modernidade, com o resto da população aos seus pés", diz o prefei-
to Eduardo Azevedo (PSC), "Na prática,,o Sivam nã<? trouxe benefícios para a
te do regime militar. ■ cidade." Saudades dos tempos da FA.B ...

ISTOÉ/! 619-1 1/1 0/2000 89.

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após a decretação do re-

cesso do Congresso.

O então ministro do

Gabinete Civil, general

Golbery do Couto e Sil -

va, também fez uma su-

gestão para o "Pacote de

Abril": que se aproveitas-

se a oportunidade para a

decretação do fim do AI-

S. Mas esta proposta não

vingou. Geisel considerou

que "ainda não havia con-

dições ideais para o País

abrir mão do ato de ex-

ceção decretado dia 13 de

dezembro de 1968". No

livro, Falcão reproduz

vários diálogos com o

Sem perder a calma, Ernesto general Ernesto Geisel.
Geisel enfrentou o linha-dura Destaca-se, entre outos,
Frota após a morte do jornalista o trecho onde Geisel re-
Vladimir Herzog no D01-Codi conhece que "a legitimi-

dade é muito importante

Al-5 e1n dezen1bro de 1978, três me- ção importante sobre as reformas po- para o exercício do poder". Em segui-
ses antes de passar o poder ao general líticas em 1977. Segundo ele, "partiu
João Baptista de Figueiredo. Falcão do então ministro da Educação, Nei da, ele justifica a contradição repre-
diz, ainda, que "o presidente se preo- Braga, a sugestão para que fosse cria-
cupava etn fazer un1a abertura lenta e do o senador "biônico". A proposta sentada pelo golpe de 1964: "Pergun-
gradual para evitar um retrocesso". O foi aceita por Geisel, e incluída na sua
ex-ministro faz tan1bén1 un1a revela- reforma política, o Pacote de Abril, tar-se-á: e em 1964? Em 1964, o Bra-

sil estava na iminência de ser tragado

pela anarquia, que se alastrava de cima

para baixo." ■

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HISTORIA .

Ex-ministro Armando Falcão conta em
biografia como Geisel derrotou Sylvio Frota

HÉLIO CONTREIRAS

rmando Falcão foi um túmulo Brasília. A sugestão foi logo
durante sua passagem como mi-
nistro da Justiça do governo aceita. "Pode trazer os seus
Geisel. Na época, cunhou um
chavão: "Nada a declarar." Em 1989, pára-quedistas, Hugo", dis-
fazendo uma auto-ironia, ele publicou
um livro de memórias com o título se o presidente. O "Ale-
Tudo a declarar. Agora, aos 76 anos,
Falcão volta a meter a mão no seu baú mão'', apelido que Geisel
de fatos históricos. No próximo dia 14,
o ex-ministro lança o livro Geisel - do recebeu -desde os tempos de
tenente ao presidente (Editora Nova
Fronteira, 274 páginas), uma biografia tenente, pretendia com a de-
simpática do general Ernesto Geisel,
que governou o País de 1974 a 1979. missão de Frota afastar pos-
Com conheci1nento de causa, Falcão
narra momentos-chave da época, como síveis resistências à abertu-
a morte do jornalista Vladimir Her-
zog, a tentativa de golpe militar de ra política. E, apesar das re-
1977, o fechamento do Congresso e o
Pacote de Abril do mesmo ano e a ações, esperava substituir
abertura " lenta, gradual e segura" do
regime militar. Frota pelo general Fernando Bethlem, com a cobertura do comandante da Ter-
O ponto alto do livro é o relato so-
bre a rebelião da linha dura, liderada sem maiores problemas. Mas, pelo ceira Brigada, general Roberto França
pelo ministro do Exército, general Syl-
vio Frota, com o objetivo de tomar o sim, pelo não, armou-se para enfren- Domingues, genro do seu irmão, gene-
poder. Falcão considera que a crise do
dia 12 de outubro de 1977, quando tar os inimigos. ral Orlando Geisel. No final da tarde,
Geisel demitiu Frota, foi o momento
mais crítico do processo de redemo- A operação militar, segundo Falcão, Frota entregou os pontos e comunicou
cratização. O País escapou por muito
pouco de um confronto militar. "Ofi- foi iniciada na véspera, quando o co- a seus aliados que não queria o con-
ciais do Centro de Informações do
Exército (CIE) haviam preparado 300 mandante Militar do Planalto, general fronto. Às 18h30, passou o cargo para
bo1nbas Molotov, que seriam lançadas
no Palácio do Planalto, no caso de Frot,a Heitor Arnizaut de Mattos, recebeu o Bethlem, que havia deixado o coman-
resistir", disse o ex-ministro a ISTOE,
em seu apartamento na praia do Bota- aviso de que Frota seria afastado. O do do III Exército, em Porto Alegre.
fogo, no Rio.
Falcão conta que Geisel "estava cal- chefe da Segurança do Palácio do Pla- Não foi preciso deslocar os pára-que-
mo naquela manhã, diria mesmo im-
perturbável, como um bom estrategis- nalto, general Arnolde Pedrozo (atual distas do Rio para o Planalto.
ta". Segundo ele, o presidente chegou
a lhe oferecer um café e começou a comandante Militar da Amazônia), re-
conversar sem demonstrar preocupação
com o que podia acontecer. Geisel ou- forçou a segurança de Brasília e ga- s problemas com Frota surgi-
viu, sem dar sinal de tensão, o aviso
do chefe do Gabinete Militar, general rantiu a supremacia mi litar que permi- ram dois anos antes de sua de-
Hugo Abreu, de que os pára-quedistas
poderiam ser deslocados do Rio para tiria a mudança do ministro sem maio- missão, quando, em outubro de

res atritos. O presidente ainda contaria 1975, o j ornalista Vladimir

Herzog foi torturado e morto no DOI-

' Codi do II Exército, em São Paulo.

Falcão garante que "ao tomar conhe-

cimento do episódio, Geisel convocou

o ministro Frota para uma reunião e

deixou claro que esperava que não

ocorresse fato semelhante". Mas a li-

nha dura continuou a agir. Em janeiro

de 1976, o operário Manoel Fiel Filho

foi morto no DOI-Codi, em circuns-

tânci~s semelhantes às do assassinato

de Herzog. Geisel, então, comunicou

a Frota que teria de demitir o coman-

dante do II Exército, general Ednardo

D'Ávila Mello. "O presidente Geisel

achou que havia uma deficiência de

comando e o general Frota não mani-

festou resistência à mudança de co-
~ mando", explicou Falcão a ISTOÉ.

~ Superado o atrito com Frota, Gei-

~ sei, no relato de Falcão, começou a

~ articular a redemocratização do País.

Propôs, então, a reforma da Lei de Se-

Falcão: o "Alemão" não tremeu gurança Nacional e admitiu o fim do

38 ISTOÉ/1365-29/11/95

JUSTIÇA

História de contradições avaliação do caso. "Não retiro o que
disse, mas posso estar cometendo confu-
.!01·11alista que cobriu o c·aso são por causa do jeito esquisito e brinca-
Bai,mgarte11 diz qite a ac:itsação co11tra Ne1,vto11 lhão de Polila", disse Meinel. "Se eu
desconfiasse de unia armação. não teria
Cri1z con1eç·ou con1 i111ia frai1de con1pactuado com ela", garantiu.

MARCOS EMÍLIO GOMES, do Rio de Janeiro CRISE DE CONSCltNCIA - Baumgarten
apareceu morto com dois tiros na cabeça,
O currículo de idas e vindas que há dez como induziu Polila a falar sobre o que na Praia da Macumba, em 25 de outubro
anos acompanha o caso Baumgarten não tinha visto·•, afi1ma Lopes, que co- de 1982. Sua 1nulher, Jeanette Hansen, e
acaba de ganhar u1n novo capítulo. O bria o caso para a Tribuna da /111prensa. o barqueiro Manoel Pires, que deveriatn
jornaJista Geraldo Lopes, de 46 anos, ''O Natalício disse que procurava teste- partir com ele para uma pescaria nutna
afinna que pode dar urna guinada no 1nunhas do caso na Praça XV. quando un1 traineira, nunca n1ais foram vistos. O
processo e des1nontar o depoin1ento de sujeito começou a fazer 1nacaquices djan- barco também sumiu. Na reportagem de
Chíudio Werner Polila. a única teste1nu- re do fotógrafo pedindo para aparecer no O Dia. Polila, identificado sob o nome de
·nha que acusa o general Newton Cruz, jornal". recorda. O sujeito era Polila. Jorge Soares. afinna que Baumgarten
ex-chefe da Agência Central do SNI. de "Então. Natalício disse que o único jeito saiu com um homem e duas mulheres
participar do seqüestro e assassinato do de aparecer no jornal era contar que tinha numa lancha branca. Em depoimentos
jornalista Alexandre von Baun1garten. cm visto Bau1nganen na n1anhã do desapare- posteriores, co1n sucessivos acréscimos à
sua narrativa, acusou o general Nev,ton

o

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V

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Natalício, de O Dia: Geraldo Lopes: "Achávamos
acusado de levar Polila que comprometer o general
era só questão de tempo"
(à dir.) a inventar

outubro de 1982. Lopes sustenta que as citnento.·· Polila topou a história e. no dia Cruz de ser um dos seqüestradores de
prín1eiras afim1ações de Polila, que ga- seguinte. O Dia publicou essa versão.
rante ter visto o seqüestro no cais ela Baumgarten e acabou cravando a rnarca
Praça XV. no Rio de Janeiro. foram feitas No jornal O Dia. onde trabalha há
por indução do repórter Lúcio Natalício, catorze anos. Lúcio Natalício irritou-se de 77 contradições.
do jornal O Dia. A reportagem em que ao saber que o colega está disposto a
.Polila se diz teste1nunha ocular do caso denunciá-lo en1 juízo. "Geraldo enlou- Depois de anos de silêncio, o jornalista
foi publicada en1 O Dia e1n fevereiro de queceu ou está fazendo o jogo do New-
J983. "Houve tnna fraude jornalística... ton Cruz''. afirma o repórter. ''N unca Lopes diz ter sofrido uma crise de cons-
garante Lopes. R.ecolhido num sítio de induzi ninguém:· Na versão de Natalí-
Cachoeiras ele Macacu. a 120 quilô1netros ciência diante da possibilidade de ver o
cio Rio. ele se dispõe a depor no julga- cio. urn guardador de carros lhe falou de
n1ento de Nc\vton Cruz. no próximo dia Polila na Praça X\1• Foi preciso esperá- general condenado por um depoimento
30. para confirmar a armação. lo para fazer a entrevista e houve dificul-
dades na hora das fotos. "Polila não falso. Na época. não se i1nportou co1n a
Lopes diz que ouviu do próprio Natalí- queria aparecer··. di z Natalício. A con-
cio que a versão de Polila foi rnontada. versa no Bar .t\.BC foi assistida pelo fraude. "O Polila fazia afirmações insus-
repórter Valério Meinel, que trabalhava
Ele len1bra que. pouco depois da publica- para o jornal Folha de S.Paulo. A prin- tentáveis, mas era o único caminho que
ção da notícia. estava con1 Natalício no cípio, Meinel le1nbrou-se da conversa e
Bar ABC. em frente à Secretaria de até da vontade de Polila em sair no tínhamos para continuar comprometendo
jornal. Ao saber que Natalício sustenta
Polícia, quando lhe perguntou sobre a que Polila não queria fotos. rnatizou sua o general". le1nbra. ''Achávamos que era
credibilidade de Polila. "Ele contou então
só questão de tempo encontrar a confir-

mação de que ele estava envolvido no

caso." Está nas mãos do advogado Clóvis

Sahione. que defende Ne,vton Cruz, deci-

dir se o jornalista terá oportunidade de
fazer essas afinnações em juízo. "E' preci-

so analisar bem as informações antes de

decidir convocá-lo como testemunha".

diz Sahione. ■

VEJA. 24 DE JUNHO. 1992 67

. .,.1llAVELEAS CH C:. UV[S ""·'EfllC AN t.:.X.YAE SS TnAVE.Len o r. H EOUES A '\tCUIC:J\ N CXl' A E.S S :-:,

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nhecer rapidamente o governo que viesse

a sucedê-lo. Prova? O documento intitula-

do "Proposta de Política de Curto Prazo:

Brasil", de setembro de 1963.

O advogado canalizou a beligerancia de

Jack Buford encaminhando-o à CIA. Assim,

sempre que o funcionário da Hanna voltava

de suas viagens ao B~il ia prestar contas

no quartel-general da CJA. McCloy estabe-

l.eceu ,também um contato entre Buford e o
da estação da CIA no Br<l'Sil. "Através
chefe

. desse sujeito nós tivemos muitos, muitos

), zz~ encontros com os militares que estavam
contra Goulart", relembrou Buford numa
l ..§ enttevista para o livro de Bird. ·

l ·- ~

r M cCloy, com Kennedy: conversas com militares brasileiros relatadas à CIA LINHAS DE AÇÃO - No dia 29 de fevereiro .,

de 1964 John McCloy foj recebido por João

HISTÓRIA Goulart. A documentação existente informa

que o pedido de audiência foi levado a

Jango pelo banqueiro Walther Moreira Sal-

Os primatas tinham razão tes por sugestão da eG1nobualaixrtaddauarsulni.nehriacsandae
McCloy a'presentou a

ação. Na primeira, a Hanna assegurava um

A biog,·afia do supe,·advogado investimento de 18 milhões de dólares para

Mc·Cloy mostra que a mirie,·adora Hanna e a CIA a construção de um terminal marítimo de
minérios, caso as jazidas lhe fossem devolvi-
r ajudaram niesmo a de1·1·uba1· Jango ,
das..Na segunda, oferecia-se parei conseguir
1

um sócio, tomando-se minoritária Jango

Et10 GASPARI, de Nova York achou a idéia boa, disse que ia formar uma
! comissão mista de seis pessoas e que ela
D urante os últimos vinte anos houve uma espécie de príncipe do patriciado começaria a trabalhar na semana segui!lte.
uma maneira discreta de diferenciar o americano. Herdeiro de enorme fortuna, McCloy voltou a Nova York, ·as coisas
esquerdista primitivo do socialista refinado. ele só tratava de assuntos oficiais ao telefo- pareciam ir bem e a diretoria da Hanna

O primata identificava-se pela convicção de ne com uma taquígrafa na extensão. pediu-lhe que retomasse ao Brasil. Pelas

que em 1964 o presidente João Goulart foi suas conexões na comunidade de informa-

denubado com a ajuda da Hanna Mining, a "MUITOS ENCONTROS" - As negociações ções, McCloy achou melhor desistir. Uma

maior mineradora de ferro dos Estados .da Hanna com o governo GouJart estavain semana depois o general Mourão filho

Unidos, contrariada porque perdera suas tão malparadas que o presidente da empresa, rebelou-se e Jango foi deposto. Jack Buforo .

concessões de manganês em Minas Gerais e George Humphrey, enviara seu principal estava no Rio de Janeiro no dia 31 de março

associada à Central Intelligence Agency, a colaborador, Jack Buford, a Washington de 1964 e manteve-se em contato perma-

CIA. Pena, mas ele estava certo. para apertar o governo americano. Em se- nente com a estação local da CIA. Hoje ele

O jornalista americano Kai Bird, um dos tembro de 1963, Buford disse ao Departa- vive no Arizona .

editores da revista The Nation, acaba de mento de Estado que "a persistente agitação As concessões.fonun devolvidas à Hanna

publicar uma biografia do superadvogado e a atividade dos comw1istas e esquerdistas no governo do marechal Castello Branco,

John McCloy e nela narra em quatro brasileiros contra a Hanna" levaram a em- com quem McCloy encontrou-se em 1965.

páginas um pequeno serviço feito para a presa a ir à luta. Depois de se referir "à Passados quase trinta anos, Kai Bird tirou

Hanoa entre setembro de I963 e fevereiro estteita ligação existente no passado entte.a uma lição: "Esse episódio mostra como os

de 1964. A n1ineradora queria de volta as Hanna e grupos conservadores e militares", advogados americanos representaJn interes-

jazidas que comprara nos anos 50 por 8 ele informou que a companhia estava se ses de empresas privadas no exterior, acredi-

milhões de dólares e nunca lavrara. Como preparando para interferir na política interna tando que trabalham pelo interesse dos

o tema envenenava as relações entre os brasileira. Provas? Memo- Estados Unidos ou aquilo

dois países, McCloy, ex-condestável ame- rando de conversa guardado que se pensa ser a sua segu-

ricano na Alemanha e ex-presidente do no arquivo do Departamento rança nacional. McCloy foi

Banco Mundial, foi procurado pela Hanna de Estado. ao Brasil trabalhar para a

para defender seus interesses junto ao McCloy entrou no circui- Hanna e foi assessorado pela

governo de João Goulart. to pouco depois do recado CIA e pelo Departamento de

Bird trabalhou dez anos no livro, intitu- de Buford. Como conhecia E.stado. Eu não acho que o

lado The Chairn1an. Laseuqu7a0tr0o00pad, goi.cnuams eenm- todo mundo, viajou para o interesse nacional americano
tos e, para escrever Brasil sabendo que o De-
e o das empresas ê sempre

que trata do caso brasileiro, acumulou partamento de Estado não coincidente. e esse é um

perto de 1 000 relatôrios, cartas e telegra- apostava no futuro de Gou- bom exemplo: a H'anna que-

mas diplomáticos. Teve acesso ao fantásti- lart. A essa altura, conforme ria um golpe, ele aconteceu

co arquivo do magnata Averell Harriman, Bird descobriu, já existia e foi ruim parei o Br.isil ·e

embaixador em Moscou durante a guerra e até a sugestão de se reco- Jango: acordo inútil para os Estados Unidos". ■

VEJA, 24 DE JUNHO, 1992 69

GENTE

O pesadelo da
mulher-rã

D urante os últimos onze me- ,r 1 s~:
ses, a atriz Lucélia Santos, 35
anos. 1noveu céus, terras e pla- ·" • ~
naltos para colocar e1n cena a
peça Floresta An1azônica en1 1_:____..:_ _;~_....:..c._ __ __ __ __ ;;•_..'.:::.._:::_....:::,_ _.._ "_' __..:_.....:.,__ _ _ __ __::;__ o

Sonho de un1a Noite ele Verão, Lucélia, vestida de sapinho Puck: "Quero uma temporada de dois anos" i3

adaptação ecológica da obra de _.!.,:.._......:;_:=::a....:.._J ~
Shakespeare. De tanto insistir,
ela conseguiu patrocínio para o Programa em
projeto, orçado e1n quase I mi- Três Pontas
lhão de dólares, e chegou a
importar da Alemanha o diretor A últin1a cruzada do gatíssi- 1.
Werner Herzog. O sonho de
Lucélia concretizou-se na se- mo River Phoenix, 21 anos, o 1
n,ana passada, com a estréia do Indiana Jones jovem que está 1
espetáculo no Rio de Janeiro, c1n carta✓.: atualn1ente no filn1e
que já foi eleito o melhor soní- Garoto de Progra,na, foi. Robinson, criador da mulher-gato, ansioso pelo filme: "Só... l
fero da ten,porada. O cenário quen1 diria. e1n Três Pontas,
amazônico. embora belo. não MG. O ídolo nú1nero I de - - ----- --·--
se adapta ao texto, a interpreta- adolescentes descoladas dos
ção é desastrosa e a direção dois hen1isférios passou un1 •
confusa. Só se salva, pelo inu- n1ês inteirinho incógnito no
sitado, o figurino da atriz, que, Brasil. acompanhado da n1a- 1
na pele do duende Puck. foi mãe Heart, da irmã Rainbo\v e
confinada num n1odeli10 n,u- '
lher-rã, con1 a cabeça enfiada da nan1orada, Susan, ci-
nu1na touca preta da qual par- ceroneaclo por Milton \
tem esquisitas ventosas. !'vias Nascin1ento. um fã para
Lucélia não se abala e promete lá de incondicional. O ,,
levar o pesadelo adiante. "Que-
ro uma temporada de dois -tour do ecológico loiri- '
anos", an1eaça a n,usa do Santo
Daime. nho, que participou da Mariz: advogado de PC nas asas do poder _J
faixa Curi Curí do disco
River Phoenix: tour incógnito T.rai, de Milton, con1e- '---- - -·- - - - -- -- -- - -- ----·----- .
çou pela terra natal do
compositor e terminou
e1n Búzios, no n,ais ab-
soluto sigilo. ·'Ele é ra-
dicalmente hippie'·, diz
o 1núsico Guga Stroe-
ter, da banda Heartbrea-
kers, que esteve com o
ator em Minas. De volta
à sua fazenda orgânica
na Flórida. River levou
na bagage1n uma anto-

s.... logia de MPB, conten-
do desde o sa1nba Pelo

j Telefone. de Donga, até

"' a bossa nova de Tom
Jobim.

70 VEJA, 24 DE JUNHO, 1992 V

.

Pasto Nº üJ}· F\..4CZl ,,. /

--------------------1--..1,mBt·- emt••w11t,t6,,,i,11iMí11itti9t9iíi•ii•tJ,111,. . . . . .,____,,.-.~1,..~.. 1s2_f1/A--- ---··--

P:11,H:w J .1 H..·d.·.n...,•j ._, ..... ..2 16 -J-;(Jr111 1 Trihuu,,I J\,· Jus11.;:1... .. ... ... ....:l J,, .l 4tJCI
T rihuna! J,~ Contas Jn r :-.1.i,l,)•.... 2·11 ·22 10
,\ ,,;,.•mhl.,~,a I c~i~l.th \a ..... , 21-& --15Mt Trihun.-,1 Rcg ion:11 Fh~ih•r :,I....... 241 -4,1l ~
T rihlln:ll R<d•initl d•~ Tr,1l:,,1 lho... 2·11 l 2HO
l'rd..-1lu ra lk Jl<i o 1•..-r,;~o.,.... 2-IJ-~7 12

C:i m.i1J 1.h· Jo.to ,.._.......,.1.... ....2-l 1-2><(J(J

_____________________________ __ __________________________5__ __n1111it11_1_:p:olitica..{:~;;;:_b<>f._co:__1_11.b1::._

Femininas e mac 1• stas-
...

Mulheres são maio11·a no eleitorado que elege os homens·
■ Paulo de PáduJ - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - -
·

Contos da Paraíba Repórter Conscientizacão necessária:
ESQUISAS realizadas J
A vingança de Jango
cm algu n1as regiões do O cicntist:i político Rubens rado ainda está muito distante ·
,Ji11al do ano ,li: / 963. o gov('rnador i'edro (;on- Brasil rnostrarn que o Pinto Lira comenta que o pro-
Ndi111 fi,i rec:ehido. en1 /Jrasí/ia. pelo presidente ./ocio eleitorado ferninino ain- cesso de Iibcrtação e consci- de ter chegado a padrões de
da prefere os horncns como cntização da mulher na cami-
0our/art. /Vu l'araíha. os po/itico.r sahia111 lfll<! havia representantes políticos. !vias nhada para atingir o pleno conscicnti1.ação e politiz~ção •
i111eres.H' do prc:sidc:11te da Repúbltc:a e111 .f,,zer do de- hi quem discorde desta teo- exercício da cidadania conti-
p111ado Allf:{orclo .!11re111a, se11111i11istrc1 da ./11.vtiça. can- .na escolha. dos candida.tos pelo ·
didato a g over11aclor da l'araíha. conu,nclo c:0111 o
apoio do go11di11is1110. cornprornrsso, cocrenc1a e pro-

Na a1rc/1ê11c:1a. t,·stc11111nhada pelo c:apiléio J>M postas do que pelo carisma e
Ne1rto11 "" Ara,í;,, l.eile. l'c:c/ro (io11di111 pleiteava. entre
outros as.,·11nt,,s. rccur.,·os para 10,-ar 11111 plano de l~,- ria. destacando que algurnas nua incon1plcto. Ele entende dinl1s,iro. ''Boa parte do eleito-
1c:nsâo ( '11/111raf do .n:11 governo. ,Jango fhi d1:.fi:rindo os
pedidos. 11111 a 11111. e:. au ji11af. enfro11 1111 as.,-11nto qur: 1hr: n1ulhcres são eleitas co1n a que por causa disso urlla boa rado se sensibiliza por essas
i11ten:ssa1·c,. 1\lâo .fi::z s111ulage111. /iii direto ao 1e111a.
n1aioria dos votos fi.:rnininos . 1 parte do eleitorado fi.:n1inino aparências e qualidades que •
- (io ver11ador. o se11hor terá /la/o do 111e11 gover- Entre as mulheres, as opi-. ainda é preconceituoso e pn:- não siio propriarncntc políti- ·
no. ha,10 C/11(' rC"w,li·a1110.,- 11111 as,·111110 d<' 11<1t11reza
f)11/i1n·a. (J .v('11h11r sab.: do 1111·11 1111cr.·,·,,· ,·01 lázer o niões estão divididas. Aquelas' fcre votar nos hon1cns. cas''. acrescentou. i
110.u ·u AiJL•lurdo seu .,,,\ "' \ ,ur "" :.:,un•nu, da Parai-
hu. /'n·,·1.va111os co11vc•r,·,11 11101s e a11la111ar ,,!g11111a.v que já cxerccn1 a profissão Segundo Rubens, as mu- l'vlcsmo assirn , ~·cientis-
ares1as. 1inlo _11111 1u1r11ud111en1e.
acreditan1 que a rejeição ven~ lheres ficara,n 1nuito tcn1po ás Professor Rubens Pinto Lira ta político acredita guc hou- :
- /111possi vel. 11resitlcnte. 1:·11 já tenho 11111 candi- n1argens da vida política e por ve Lrrn avanço bastante po-
dato: c:ha111c1-sr: .loào Agripino. liderança d~fici/ de dirninuindo e a classe fc1nini- isso há urna quantidade maior s iti vo da consciênc,ia crt:S· .
ser ha1ida nas eleiçàes ,,ara governado,: J,'11!,ni- cc nte do cl..:itorado e u n1a ·
11011 o governador l',·úro (iondi111. na vcn1conquistando aos pou- de homens. cventualemente. polil.1laç ào ,na,or 111·,j..: do
n1ais expcri111entados na fun- qu.: no passado 0 (; a cordo :
1\lr:n/11011 dos plei(o.,· enca111inhadr1.v pelo governador cos seu espaço na política. Já
l'ed1v (;011di111 apesar de defi:rido.1·, ji1ra111 ex<Jc1t1ados. ção e que merecen1 a escolha <.:<11n ,:I,: ,t c la,., s.: /<;niinina·
a, nnrlhcres que tentam se só ganhará seu espaço em
i'vlais Joçura da classe feminina. ~l..:finit iv o se o processo
-,:lc~..:r cst.: ano rcconhcce1n
Ele não é favorávd á cola
su,1s dificuldades, 1nas arris- (30% de participação das rnu-

can1 crn dizer que teriam 1nais

capacidade de atuar na políti- lhcres nos partidos). Na sua existência de nom1as não seria avançar e as organi•zações;

ca do que os próprios hon1ens. concepção, o eli.:i1orado femi- decisiva e lcgíti111a na dcl~nni- os hon1e ns e os pari.idos re-

A dcputada estadual lraê nino cseolhcri cada ·vez mais naçiio de urn nú1ncro de candi- al iza1c1n urn trabalho de
Lucena (PMDB) larncnta que políticos hon1cns e mulheres
ainda possa existir un1a certa capazes, através de unl proces- datos para as duas classes. conscio:ntização e inc.:ntivo
discriminação do eleitorado so de conscienlização, onde a à par1icipaçào delas no pro- •·-
Carisma e dinheiro -
Rubens acredita que o eleito- cesso pol iti co.

ferninino cm relação às n1ulhe·

Ern 1960. R:l\·rnundo Apartcando Rayn1undo res que atuam na política. Ela ·espaços
Asfora, Zélio Pires de Sá diz <1ue não passou por esse
Asfora. deputado estadual (assin1 era ch::unado) se ex-
pressou da tonua abaixo: Reconquistando osproblc1na pqrque as próprias
pelo PR. fazia tml \-ioknto dis-
• Deputado Raymun- n1ulheres incentivaran1 sua
curso de oposiç.'io ao gov..:r- do Asfora, gostaria de so-
nador Zé FenlJJldes de Lirna. licitar de Vossa Excelên- candidatura do começo ao fini. A professora Lourdcs Já a advogada Nadja Pa-
Tratava-se, naquela época, a cia um tratamento n1ais
doce. n1ais elegante, tan- ·'Eu acho que isso já deve es• San.nento, candidata a pre• litot, candidata a vereadora
can1panha sua.'Ssória cstadu- · to _corn e:> :go:v crnador
ai. Pedro Gondi1n, UDN. PR quanto co111 seus colegas tar ,nudando". acrescenta. feita en1 João Pessoa pelo pelo PSB, ressalta que a n1u-
de Assernbléia...
é PDC, e J::u1duhy Carneiro. rd. ccsgtu~,nad1.ond'1.·.1rae.c•tuLnuace~ne~a:.'._ª°o-':-eaPrJ.Cn~dO~a, ~reostirsealntanqn.utae oapmrcuslsha_eor rlhacpr rreecc.iusoaucnoonqteum.isptaor e ago-
• Senhor presidente- re- sN nova-
PS D e PSP. cr.u11 os candi- ~?o
--daiós a govcn1aélõr. Vfvia-s..: toma Asfora o seu discur- _is~~~1ff~,1!?~ .ll..f.~~<t--=--~C!l}'<J e\l._.ese_as.,o, !!~.9 n]
so, • que doçura se pode es- bastante n1acl11sta, onde e~s- çao âc leis espec1a1s para sociedade corno .na pohti~a.
un1 clirnade grande p:issiona- perar de um Pires de Sá?...
tcn1 pessoas con1 educaçao, combater a exploração se- 'Para ela, a presença da ,nJ·-
li~1110 políticoe as paixõescor- Esta tirada inteligen-
te de Ray1nundo Asfora raizcs culturais e opiniões di- xual, a violência e discrinii- lhcr na política é 111uito rnais
ri::un dcsenfh:ad,s. 111arcou época e foi 111uito
co1ncntada na imprensa vididas. tvles1110 assin1 , ela nação contra a classe fen1i- difícil de que a do homcrn.
O goven10 se defendia da Paraíba.
dos ataques de Asl'ora atra- enfatiza que o trabalho de- nina, que é pn:donlinantc no ·' Unia prova disso é que a
vés do vice-líder do PS D,
senvolvido pela n1ulhcr no Estado e no país. Ciirnara Municipal não tenha
deputado José Pires de Sá.
representante do 111unicipio parlarnento é tratado co,n Lourdes entende que nenhuma vereadora e nós
de Sousa.. uni cn<.::,>cnhdro ci---:
vil n1uito a111ú\'d e cordato'. muito respeito. •·No dia que para conseguir o espaço na precisamos nn1dar este qua-
uma n1ulher chegar à Prcsi- política, as 111ulheres terão que dro", argumenta.
dência da República, nin-
seorganizareatuarjunto aos N:idja entende que a
trabalhadores en1 busca dos presença da classe fenlini-

guérn vai conseguir derrubá- seus direitos. Segundo a pro- na na vida parlarncntar não

No fust1uinha Je I:.:rnani la da função·•, acredita. fessora, se ela conseguir se é urna prática vista com tan-

A deputada estadual Lú- irnpor no rnercado de traba- ta naturalidade até hoje. Na

Passcavarn. pela orla 111ariti111a. o goven1ador eia Braga (PSDC) se vê lhoenapolítica, cssaatualsi- sua opinião. quando urna Nadja Palitot disput:1 a Cân1ara
En1ani Sátyro, sua esposa, dona Antonieta, e Ma- con10 urna exceção. Ela luação vai rnudar bastante. 111ulher consegue eonquis -

nod Gaudêncio. chefe do Gabinete Civil, e,n auto- lembra que foi eleita con1 o "Eu n1esn1a já sofri rnuita tar seu espaço no mercado con1pctência. sensibilidàde so-

rnó,·cl particular. 11111 fus<1uinha, tendo o próprio apoio da maioria do eleito· pr.:ssão da rninha farnília e ou na política é porque ela cial e comprornisso com as rei-

chefe do Executi,·o p;1raibano a dirigi-lo. O assun7 rado fcniinino cni João Pes- dos colegas··. enf.·niza. possui grandes qualidades: vindicações do po vo.

to do111inante era a crise na Saelpa. envolvendo soa. nas eleições de l 99X.

: seus dir.:tores. dcntr<.: clcs, Bertholdo Sátyro, pri-
VallJlJÍria crê em·1Í1ogênito do casal. Ern dado rnornento, falou dona
EDUCAÇÃO PATRIARCALAntonieta ao seu 111:iridl,.
'·Naquela época, as pesqui·

sas constatararn que existia
.realidade• lvlcu lil110. teria ~ido tão bo,11 que o nosso
trrn percentual rnuito 1nais 11c)v a

I)edra no caminl10 da mulherBcnholdo ti\ c,sc c~tudado Engenharia Elétrica... .\ ,·non.Jenadór,1 do C.:11·-
alto de elcitoras fen1ininas tro d:o !Viu lhe r ~ de lvt a rçS,
prof.:ssora Valquíria Alencii_r;
- -D2 (assin1 e le ch:unava sua esposa), ele do que eleitores do sexo

• já tinh:i morrido de u111 choque, ora essa!... masculino", acrescenta. As candidatas ao car-

Nesse n1cio tc111po, 11111 ônibus quase bate no Conscientização - Ela go de vereadora Tânia candidata a v.:readora pc ló

fusca do go\'cn1ardor. l\1anczinho Gaudêncio, sen- entende que está faltando Casteliano (PFL) e Pau- PT, aeri::dita qu.: o eleitorado

tado no banco traseiro. estava 1norrcndo de medo. u111a maior conscicntização la Frassinete (PT) reco- feminino em João Pessoa

da in1portiincia do papel da nhecc1n as dificuldades •

mulher na política junto à so- que a classe fcn1inina en- cslâ n1ais participativo nas

CaJcira de espinhos ciedade. Lúcia Braga diz que frcntarn na disputa elei- ..1 qucstôt:s rdacionadas ;\ po-
criou recentemente na As• 1il ica. ' ·Este conceito de que
João Agripino recebia..en, seu gabinete, o deputado sembléia Legislativa un1a toral. Tânia ressalta que .. ' ,.. 1111.1lher não vota ern niulher
Francisco (Chico) Pcreir:i. Era1n dois velhos amigos, Associação das Mulheres as mulheres_estão pas- • V- está ,nu.dando", garante.
cornpanhciros da UDN, e fazian1 política numa 111esn1a Parlamentares da Paraíba sando por un1a fase de \ l-~❖ ·:
região, co111 o velho Chico Pereira votando cm Agripino, (AMPP) para que ocorr<) transição na sociedade. l 1-;•~ · ... -··~ ~: Valquíria reveia que dis-
seguidas vezes. p:ira deputado federal. Tratavam-se na u1na congregação com as (~ ~½~~ .. põe de pesquisas que compro-
n1aior inti111idade. Ao apertaren1-sc as n1àos, o governa- vereadoras de todo o Esta- Segundo ela, a pró- ,/. ..
dor pediu u1n cigarro ao deputado - nenl1um dos dois do. Alén1 da presidente Lú- pria n1ulher é urna '·pe- .,~;w..-$· ,. van1 a intcnção do eleitorado
podia passar sc111 fun1ar. Temiinou un1 contínuo sendo dra" no ca,ninho de outra ,._'·l':.<f ':: ·,
chan1ado para córnprar cigarros, tendo Chico Pereira cia Braga, a AtvlPP tem a feminino de João Pessoa cm
dado o dinheiro. 1nttlher que quer ocu1>ar ,~>:)~ . votar nas 111tilheres. " Os nú-
deputada lraê Lucerna como um cargo político. "A 1nu- meros n1ostram que a mulher
Uni despacho longo, - non1eação de delegados, troca vice e Socorro Marques lher ainda tem uma sensi- ·'" J>cssoense es~á disposta a vi:
de direitos de gnrpos escolares, verbas para poços ama- bilidade maior do que o ~': rar esse jogo, ou seja, dar u,na
homem", des taca. Paula ... J.,' oportunidade para-que suas
Frassinete explica que a : :~

.,,>.;

zonas. dinheiro para a construção de un1 colégio, etc. con10 tesoureira. cultura do povo está ligada representantes possam assu-

Quase :io final , Chico Pereira falou sobre um pedido, fei- "Eu tenho muita esperan· ao patriarca, corno o ho- m.ir cargos de destaque na.po-

to por urn corrdigionirio de primeira hora, envolvendo a ça de que essa situação muda· mem ainda sendo o prove- Paula Frassinete, do PT lítica local", àcrcs'centá.
transferência de urn oficial de Justiça. João Agripino es- rá, agora não podemos ,nasca· dor, o inteligente e o sábio.

trilou. pois não gostava de fazer atos daquela nátüreza. rar que a mulher é discrimina- A candidata do PT Segundo ela, a senado-

Hou ve insistência, n1as a resistência foi grande e não foi da", destaca, acrescentando acredita que isso ainda per- ra .Heloíse Helena (PT-

atendida :i solicitação. que a classe feminir1a foi cria- meia em vários seg1nentos AL) é um exemplo de per-
da dentro de unia sociedade severança, garra e dedica-
Ao finalizar a audiência, o goven1ador falou: machista e muito conservado- .da sociedade brasileira e ção à sua profissão, ape-
- Chico. o governador é muito incoippreendido, este ra. A deputada enfatiza que já sar de ser alvo de cr(ticas
lugar é nnrito dificil. Esta cadeira é cheia de espinhos!... foi dado um passo muito impor- impede a participação da pelo seu 1nodo de falar e
- João - disse Chico Pereira •, não se esqueça de tante cm relação à aceitação classe feminina na políti- agir. Ela destaca ta1nbé1n
dizer que os espinhos são para baixo. da mulher na política e destaca que para rnudar esse qua-
O go,·cm:idor João Agripino tenninou rindo. ca, mesn10 com o número dro a União Brasileira das

..de n1ulheres rriaior .que o

dos homens. Frass,netc
lembra que em vários ino-

Ohs: E~1<IS lli.1!1Íri<1s co11.11,1111 tft1 livru A 1nurge111 dupolltica, que foi a primeira mulher elei- vimentos sociais a n1ulher, Mulheres vem se esforçan-
ta deputada estadual na Capi·
,fc a11tori<1 dosj,1r,1111i.,1as Hélio Zc11aidec Nclso1_1 Coe/f111. tal, com uma votação expres- na maioria das vezes, é a ' do no cstirnulo à participa-

peça fundan1ental. ção da niulhcr na política.

siva do eleitorado fenúnino. Valquíria Alencar, do P'r ·

.1 \

\

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6 Dorningo, 10dcsetentbro d c2000 POLÍ'fJ CA A União
_ _ _ _.e:__ _ _,_ _ _ _ _ __ __ __ _ __ _ __ _ __ __ _ _ _ __ : _ ·.· - - - - - - - -- -- - - - - - - -- - - - - -- - - - -- - - - - - - - - - - - -

1'

Representatividaôe nom• ten•or

J)araíba tem 1nai.r de 300 vereador·a.1~ tJta.r 11en/Ji1ma na (~àpi'tai

/ E-n1ail: joao-,,,,ange/i.çt~;111ailhr.cont hr ■ Âng ela Costa

Repórter

Pena de morte? REPRESENTA-

ÇÃO ferninina no

Em.artigo que enviouª? col_ega~o~alista P~~lo de interior do Estado
l'adua. que presta serviços a Ed1tona de Poht1ca de
tern crescido, ape-

A União. pela qual sou responsável, o advogado Lio- sar de ainda não fazer jus à

naldo Santos Silva questiona a proposta de redução da Lei das Cotas (30%), que

idade penal no Brasil. de 18 para 16 anos, enfatizando possibilita a participação da

que. na atual esuutura social do pais, ·'reduzir a idade rnulher em escala crescente\ . ... ..
c111 todo o país. Hoje, na7

penal seria o n1csn10 que condenar à morte quem nun- Paraíba, existem cerca de

ca teve c1u nào terá a oportunidade básica de ser um 300 vereadoras e mais de

verdadeiro cidadào". afirmativa com a qual eu não con- unia dezena de prefeitas.

. .cniodrad'<.ol.e, pois entendo que não se pode manter na impu- Pouco, considerando que o
rnar -
eleitorado feminino ultrapas-
ginais de alta
pcriculosi- 7\ Te111 todos os marginais sa a casa dos 50% do elei-

dade apenas 1 Vpode,n ser considerados torado paraibano. Na As-

porquc ele vfti,nas do processo de desa- sembléia Legislativa a ban-
não con1plt.:- cada fen1inina da Paraíba é ln1ê Luc·~na acredita no pOfl'ncial fcrniníno,, Ziuinha defcndr u,na 111ohili1.aciio conju nta
t011 ,1 Rano~
gregação soda[, pois a gran- uma das ntaiores do país e f raê articula criacà<) d<) PM.I)B Mulher
1e1n desenvolvido atividades J
de idade de ,naioria escoll1e a vida do no intuito de àurnentar essa
participação, a exernplo do
lntilula- cri111e por opção, e 1Ze111 todos l:ncontro de Vereadoras, ini- J\ deputada Iraê Luc.:11.i panidpaç5q da rnulh,:r 11a p()• ~ar de n:1,1 ex1,-1ir 111n uahalh1• r-
dll U,•cl11ç·1io vê111 de fa,nílias l11a11ildes c:1a1iva da deputada Francis- conJunto 0111k l<>das lu1t:n1 IJtll·
rlt ~lotta (Ptvll)B), a Asso- (P1\1 OB) pn,1.:ndc criar 1111 tit11;a c111tndn n Est:ido <11111a- da~ pn1 çau<as co11111n,- / ar-
ela 1Clod,•/lt.'· '·,,,.,::io tia~ :\'lulhercs Parl.1-
111\·1,t .,1<·~ d<1 Estado da Pa- , mln t!:H;u1fl'.' qu,: ..;t.:nlph p1P·
11,ti. n art i~n íi ,i 111111 i, arl,1pda leitura de rnaté,ia, as$ina- ra11i,, , nada pela deputada 1•ar11Joo l'!\IDB !\lulhcr. At11· <la á 1n11da11ça d,; 111,·111alitbdi:
,: 111••11 ;,., .1, h,. ir ,t '-1'\.'.,, 111 1:·11
da, por l'u11I, , d.- 11:iol,i.1,· publicadas aqu i c111. \ l '11 i:io Lú~ 1.1 Ht aga (PSDC), e. al11,.:11i..- ,·la lc1n :1co1npanh:1· d:, ... rnrill\\:tt..·:.. · ~;t, d 1.1 , ·111 ,,n,:
11 ;,J,J JII\ 1,f,1th,; p•>l ll h. , 1 d.1... 11111
co1110 li1n11a de pc11111ti1 ,1u, n11s,,,s leitores o apr~lli.tnda- nu n1a ação restrita ao parti- do n~ :111, 1dad,·, 11,1, 11111lh,·1, ·· 1 i! h1i li\,.\J ,: Ih 1:.it ,l " " ' hl~,,
,·~11 "'-'o.:,n v.'lrin, 111111111 1p1, •< d.i E,ta· · eia ll1,:1ç, ,knttc• J., ,.,11 p,Hltth•
111ento da discussào en11oh1n do terna que, por sua cont- do, o projeto de Irae Lucena 11 l11t1,, d1ti, :tl ,) h11
pnncipalrn,:111,: ;1pós a c.:naç.10
dec:riaro PMDB Mulher. do c prdt,r,· ck-1,:11 passar o mo.:,n 11ra-ta d.: la . ,·nl:11J/n11 da J..0.:1 das Cow!>'..

plexiclade. ainda passará por n1uita polemica antes de proccs,-1• deitoral para se e111- Na (lt)ini:io d.i r1q1ut:1d:1 i'vlas eh1 c1,11sicJer.1 que a

ser votado pelos congressistas brdsileiros. e -penha1 n..:ssc 1101 o projo.:to. A Zarinha l.,·ik.(l'f· I.) :, atuação aru:u;ào ~11nd;.1 1160 i.:~Ui hoa.

Para dar seqüê,!<.:ia ao debate, reproduzo aqui o Lo.:i das ntas. SCl!Undo d a. fcn1inina cn1 ( ',i1a1.o.:ir.1, (:<t.:u
abre unia no1·a lll:rspccth·a na r<.'Clulo pohli,11) ,, nola IO. a1i.:-
texto assinado por Lionaldo Santos Silva:
k1 a11do t.:111 conla a t.:a paci-
··1\l<io ri1·e ai11da ,1 opnrl1111ick1Je de re_fletÍI; 111as dad,: pr,uJull\'a c i11tdec.:tual l'

se111pre e11co11lr<!i 11111a co11e:r:do 11a red11çiioda idade ()ler1ka 11ão vê distit1cào d:.i mulh,:r ·1p1,: ~:'io 1nais l
·' 1:CJ111pctc,nt,:s ..- 1><.:rli:ita1ncn-
pr.:11al t·o111 a pena capital. to.: capa1.cs ck dar conta da:- i
<le sexo na hora do \10to
A Jl•,/11çcio ela iclad<! p<!11al, c111al se;a. ele de:oito atribu1çõo.:s que unia vida pú- j

anos para ,le:esseisanos. é 11111apencr de n1orte para -htica cxi!!_,: d<.: ..:a,la uni". '
A depu1;1da Socorro l\·lar-
q11<!111 111111ca te,·e 011 11ào lerá c1 oport/111idadr.: hási- Ac(l111panhando :is :iti,·icfadi;s nos seus quo.:s (PSDB). afinna quc a t

ca ele ser 11111 1·erclacleiro cidadciu. redutos políticos. :i deputad:i Olenk.1 Ma- aluaçào das 11111lhcro.:s do seu 1
partido, nas aluais eleições,
l'arece-111e que a e.1·rr11111ra '-·011troladora do ser r.u1hào (Pl\.1D8) obscrl'a que a participa- n5o ohtev,~u111 ro.:suhado sa- !

l111111a110 já 11iio é e.fica:: para </Ili! adolescentes che- ção das mulheres tem·crescido, e essa ati- tisfatório. fn,10 da inscguran- ('
,;:.i interna do partido en1 de-
R11e111 à l'iela adulta s<!111 11111 Je.1·,•fo social. vidadc poderá ser comprov:ida nas próxi- 1
crro,,rJr;êJ.n.•c·i.aQ1,d~aa11111:!1otc.1.ovo.d:n<ç:p:iuotaSdloh.'
ni.L, eleições. onde o nún1cro d.: candida• ~
João Fcr nand.:s foi dcito prc-
l'arcce-111e que os g,11·cr1tc1111e.1· já 11cio ti:111 e.~- tas a l'crc:idorn. prcfcit:i e ,·icc-prcfc.:ita ~idcnte do diH:torio estadu:il · J

lr11t11ro para c"11trolar a 1·iolê11cia e, por outro lado. tc111 sido cada l'ez 111:iis prcs.:nto.:. A sua ,: depois do.:srituido e substitu· f
ido pdo dcp11t;1do fodcr:il lnal-
te11/u111 solucionar usprnhle111as sociais ape1ui,· ,·0111 p:.11tic1pação na política euma das pro,·:is l
d,J 1.~,11:\0 ··oiante clcssa si'-
o ccirt·ere i11(a11to:i111·e11il. · ·· "· • qu.: dcinostr:i,n-'i.-ssa .,nudança. 01..:nka. :, .' 1•
tuaçào as cc11sas parara,n na
1V1111ca é Je111ais l't!/}('/ir </Ili! a ha.1·,, de qualquer apesar d,:Jn1·em. já foi prefeita de Cacin1- l',1raiba. 111as cm Brasilia are· (

sociedade sólida d" pai.l',ciese111·1i/1·iclo está 110 i111·es- ba 1k Dcn1.ro e obtc\·e :i maior ,·atação pr.:s,·ntação parlamcnú1r do 1
PSOB .: boa·• Socorro f'vlar·
entn: todos os candidatos :i deputados cio 1
qoc~ at·redita quc a criação
lÍ111e11to cfcf'u11tr.:. ( )11 seja, atacar a I JlÍ: do/JJ'Oh/e111a. Estado nas úhin1as eleições. d.> Assoctaçào das i'l'lulheres (•
P~rla1n,:n1.ircs d:.i Paraíba irá
que,; a i1!/ci11cio. Ao.,·1'1!1·és. r.:stào e11co11tra11du_fa,:ili- P:ir.i cb. não existe a distinç.10 entn: ..·• 1
os $exos na hora do voto. --Essa questão C(>11t ribui1 para o cr..:sci111c11to 1
clcrcle para n:.wJ/1·er a q11estcio social l!l!Í""'ª11do-o.1·. <la participaç:io da mulhc'r. po•
dt: f)pçà11 de voto não se detérn ao gêne- • re111 ê 11,;ce:.sá, 10 11111 csforço

(J11a11do.fi:e111os <!fir111<1ç<ir.:s </Ili! a q11estcio social ro. N:is eleições se busc:i os rnelhori;s coniunto para qu, :1 pn1posla
ganh..: l~11ça , go.:rc fru tos.
está 11a i1!fii11cia, é /J/1/'(fll<' ali exis1e111 as ra111ijicaç,ies ca11Jida1os. Faz.:ndo anâlis,; das mulh.:- ()ll'nka foi a deputada 111:ií,ç vot;1da l'n1 9R
1
para he111 011 para o 11utl. oh,·ia111e11te. que o clesli110 rc.s que se aprcscnlan1 co,no candidatas

cl<!pe11,A• cl<t exi.1·1é11t-ict 111111d11 cio iJ11•esti111e11to social. pcrco.:bc-~c que são cap:izo.:s dc lutar pc- na na As~.:,nbléia Lo.:gisbti1a ,, do PI\.IIJB. D,:-

Assil11 sendo, i11n•stir 1u1 Íl!fi 111cia, sohretuclo 110 kt, conquislas sociais··. arg111no.:111011. ' idú:i própria história da 111ulhcr. que :-,:gu11tlo da

sisle111a ed11cacio11al. c:01IIJJl'l!<'1tde, 011tros.1·i111. dar Scg1111d~1 ,;la. o PivlDB ,cn1 dando c~tâ con,;cicnll; de seus dircitos e d.:,c•cs e com

opor11111hlode oospais: l!lllfll'<'Kº r.: qualidade ele ,·ida. abertura para .:.ss:i particip;1ção. e a n1ai- c.:11c1.a contará co,n o apoio da população. md..:-

A ,·ric111ra.s,•111/01·igiada..fisc,1li:acla e assi.1·tida or pro, a .: qw.: partc da bancada fc111ini- pcndcntc de co11diciona1n..:111t1~ ligadl).~ao sexo

illl<',!!.l'llh11e111e pelos Ko1·enu1.,·, C<'l'/<1111e111e a socie-

d<1dc• .fi1rú a s11u parir.:. f

t<.-ssalte-se qu,• a r!'duç-cio da re.1111111sahilidade Deputadas estim1Jlam participaçàc) ft·minina l

l'<'tl<'t! de cll':oito 11ora 11.1· cl!':c•sq•i, <111us, apar<'<'<'l'Ú r

,11111·111•rohlc•11111. ,111,· t; , rt11/1ti,iç,i"l '"I'} •C1rlc: \I,,., ,11I, ,. Das sete p.11 la1n.:111:11es 1
quo.: hojc cumpr.:111111a11ll.tto 11a
.,,.,, ,.,,,,., c/1'.f/'\'Cfllt'll((//'l'lll h(IJ'l'.\ {li( ,,;,1111, ,1111h1,·11- Assen1bléi.1 Lel!islati,a Lúcia l

,.., ,·11t11 legislar,io i111pccle. .. ~ ,

,\ preocupação de Lionaldo con, (1 1en1a e bastante Braga (PSDC) ,: a 1nais c~pc· 1
ric11tc. já lendo cun1prido dois
salutar e den1onstra a sua disposição de contribuir no m:u1d:itos con10 ctcput:ida r~-Jc- 1
ral. inclusin:participando ali, a-
processo que \'isa a conquista de tuna ~o,·,edade de- 1nentc da Ass.:,nhk:ia Nacional ·~... l'
Constituinte. l)c1 ido a essa
senvolvida ejusta para con1 todos os seus integrantes, particip:iç.'io. Lúcia se elegeu ~ , ,, :,;.:....')', :.'1'.'::'; '\
en1 1998 pratic;une11tc C\1111 os 1
incluindo-se ai especialn1ente aqueles per1encentes ás 1·010squeobte1·c na C.1pital. ou .;;:j:•>.~.....• • .•
seja. não tem redutos politicos l
canladas 1nenos fàvorecidas. no interior do Estado. como as .. ..(;-;,: .-..
dcm:iis parla1ncnt.1ro.:s. sornan- . 1
Só que para ser justa a sociedade tem que garantir do à su:i carnp:u1ha o apoio de · .~;;;(.·
/
aos seus cidadãos o direito a todos os requisitos básicos ·"("
f
nece.~~riosa unia \•ida tranqüila e digna. e nes.,;e conte:-.10 ...
.
está inseridà a questãoda se1:.,'llrança. Epaiagas antirsegu-
~-. . .,.,.;·• ,,~:~ ·.··
rança da precisa lançar 1não de n1ecanistnos que tiran1 do :-~..·~.:,;,.;.,~. ~
,:,
convÍ\~o social delinqüentes que não tên1 nenhurn respeito
.

pelos direitos hun1anos e que não se importam se suas prefeitos e \'Crcadores. Lúcia presideAssociaç.:'ío de Parlan1entares lVlotta trabalha para rnobilizar vereadoras
No entanto. co,n a finali-
vitinias s.'io inaiores ou menoresde idade.
dade. de aproximar as 1nulhe- 11111 crescimento significativo
É certo que n1uitos desses n1arginais toram criados pela distância e dificuldades de p1.--ctativa da deputada para o
res p:irl:in1ent:ircs de todo o das ,nulhcrcs na vida política do próxin1p encontro é que essa
pela~ próprias condições subumanas de vida a que fo- loconioç.-'io.:!Jpu propostas que particiRaçãoaumente. contnbu-
Estado cl:i criou a A.,·.1·0,·iaçiio município. Noentanto. a lura da
rarn condenados desde que nasceram, mas nen1 todos t:.irnbén1 será :iprcscntada dur.u1· indo uunbén1 para esrin1ular a
elas lvf11/J1e1vs l'ar/a111entares dcput.1da eni prol do 'rortak.-ci- te o encontro ~er:i a rcaliz.:içào
pode,n ser considerados víti1nas. jà que a grande ntaio- de duas reuniões ~cmcstrais c1n pres,;:nç:i da mulhi:r na história
ria esc• olhe a vida do crin1e por pura opção. e nen1 to- ela /'oraiha. Atu:ilnu:ntc a cn- 1ncnto da Associação 1cn1 sido
João Pcssoo corn a participaç.'io polilica do seu,nunicipio.
tid:ide tc,n sido organizada por inglórí:i. pclon1enos porcnqu.u1- d<: todas as associadas. A •depu tada Fr:incisca

dos penencen1 a farnilias huntildes. · un1:i Contissão Provisqria. for- to. pois rccentcn1cnte cl:i enviou O li Encontro de Vcr.:ado- f'vlott.-i é u111 dos exemplos que
ras dc1·er:i so.:r realizado cn1 con1prova111 a participação da
Para encerrar por hoje. reafirmo o n1eu apoio à pro- n1ad:i por três deputadas. Lú- corrcspondcnci:i a todas as I e- 1naio d..:.200 1, devido às elei- n1ullu:r 110 interior do Estado,

posta de redução da idade penal. e go~taria até que ela cia Brag:i - prcsidcnh:. lraê Lu- re:idoras do Estado con,·id:in- ções n1u11icipais que prontovc- respaldado pela sua J>Crfonnan-
rá a mudança dos qu:idros e111 ce nas clciçõ1.--s de 98, que no
tosse fixada ent 14 anos, só para corneçar. e não e,n 16. ccn:i (PMDB) - scero.:t:iria e do-as para participar de .11111a toda.~ as Cántaras !\lunicipais quadro geral d.:- candidatos ob-
do Estadó. ali.:,n 'éla eleição da tc1·c 11111:1 das votações n1ais
Socorro l\1arqul!S (PSDB) -tc- reunião cnt João Pessoa. porérn iVlcsa Diretora d.1 Assen1blêia /
Lcgislath·a. que deverá ckg.:r expressivas Ela acredita qul!
sourcira. É pro.:ciso n:unir as não hou1·e rctomo. t,unbc111 11111:1 nova con1posiç:io a a1uaç.10 da n1ulhcr na politie.1 •
1..:111 cn;scido. apesar da inten-
1 A Asso,·iaçiio Pur11iha11a de l,11prc11sa - API 1 vereadoras. arg11mcnt.1. para A próxi111á tentativa·nc:sse parn o scgundo ~cn1cstn.: dcs- '
1 tf 11111ct e11tidlldc associ11ti1·a l[UC 1c111 c.~llltllto 1 se' ':' \1a11· 1dato, .••No, E.stado e:-..:,s- sa discrin1inaçào que ainda per·
que a :ituação politie.1 e social s~,nido será dur.intc o Encontro dura. Ela mi;;smo sc queixa dc 1
1 prtiprio e l[IIC dc"e ter a s11l1 auto1111111ia rc.,pci- 1 tcin' ccréa de ·300 parla111i;;nt.'l· atitudes d1scrín1inaiórias, a
1 tlldct por todo.~ os segn1c11tos sociais, inc/11si1·c 1 d:i n1ulhcr cn:sça e se tbrtalc- de \1<.:rcadoras. prorno, ido pela
1 por todos o.~ seus assncicttlos. 1 r.-. s·. ~ 110 encontro realizado c111 c"e111plo da praticada pdo prc-
ça no sentido de fà.zcr ,;alcr os , deputada Francisca iVl011a 99 participaram aproximada- foito d,· !'atos. Din:ildo \Valdcr-
direitos e dc1·ercs das ,nulhc- , {PivlDB). onde pro.:tcndccolocar ·n1,:111c 170 ~cn:ador:ís. A e:-:-
lc1·. candidato à rci::lcição.
n:s pqou.:er:Sin<t:.eJaa1nsonc:siepdca,.tdaed.odseo.:f,o·ar--, l cn1 paut.1 a eleição da Corniss.-'io
n1a Pennanentc da Associação.
~~ ------------ - ---✓
.Jo:io E:vangelist:1 escre\'e neste es1t:1ço loriz:idos cn1 todos os 11i1·cis. Lúcia Braga alinuou que con1-
Líicia Braga afim1a que pr~-cndc :i làlta de interes.<;c ini-
não tcn1 , iajado para o inh.:nor cial das p.1rlan1c111ai\:s. n;lbrç.1-
:"Is quai·tas, sextas e don1ingos do Est:ido. n1:is perccli..: que h:i da pcl:is ditieuldaclcs in1postas

1

•I

.,

reitor da UFPb golpe e extrai belíssimo depoimento do

Mário Moacyr cineasta \Vladin1ir Carvalho, Gonzaga

Porto, des- Rodrigues relen1bra como assistiu o golpe

tituído da da janela de un1 hospital, Wills Leal

função , o pro- con1enta un1a tragédia pequeno-burguesa

fessor Claudio que viveu na época, Linaldo Guedes

Santa Cruz recolheu de Jomrnard Murliz de Brito a

Costa que história de aulas de arte n1oderna que ele

descreve ter- 1ninis1Tava na prisão. Há ainda títulos corno

ror e paAn1• co na "A Revolução que não vi" de F. Pereira

I Universidade Nóbrega, " O ano que não terminou" de

"Nunca fui· comunista. e o professor João Ma11oel de Carvalho, "Um cabra
Fuifi/ia,Ja, isto sin,, ao J
Partido Socialista, de Afonso Celso 111arcado no balanço do cine1na de 64" de
Chico Juliao e Assis
Lemos. O major Aquino Scocuglia que Alex Santos, poemas de Sérgio de Castro
dizia que assinei
manifesto de apoio a resgata a his- Pinto, artigos e reportagens de Fernando
Fidel Castro. Isso eu lhe
confirmei". (Elizaheth tória da Ceip.nlasr-, Dutra, João Evangelista, José Euflávio,
Teixeira) uma
Marta Falcão, José Nunes, Jonas Batista,

tituição diri- Ade1nilson José e Luismar Rezende de

gida por uni- Assis.

versitários e No prefácio de "Jogo da

1 integrada ao Verdade" está dito: "Trata-se de um

movin1ento docun1entário de fôlego, que consumiu

que foi vítima quando os n1ilitares social da época. Nelson Coelho, dezenas de entrevistas, depoimentos,
preparara1n sua ren1oção para Fernando
de Noronha, onde não foi 1nenor oaparato articulista de A UNIÃO , traça un1a artigos. reportagens, rebuscados entre os
de humilhações e de torturas. Adalberto
Barreto, que foi entrevistado por un1 cronologia dos fatos "na visão de un1 ren1anescentes de u1na época que dividiu
grupo de jornalistas e colaboradores de
A UNIÃO numa fazenda nos domínios de repórter", Hélio Zenaide infonna con10 os o Brasil en1 correntes ou facções, que fez
Guarabira, ficou com a voz embargada ao
recor9ar o itinerário de fugitivo e depois n1ilitares passara1n a caçar e cassar. vvii.tu,inv1aass, e qaulgeoczoenss,t1q.tuue1.upruomduazpiua, gói.rnfaãoqsuee
de presidiário que percorreu quando e
estava na mira dos militares. Evandro Nóbrega conta algo do que a

O livro "O Jogo da Verdade" traz imprensa viu e não viu entre o pré-golpe hoje 1nuitos querem virar para sempre.
a versão de un1 pcrsonagern polê1nico nos
idos de 64, oex-governador Pedro Moreno de 64 e o ano de 68, Agnaldo Aln1eida dá Esse esforço jornalístico-memorialístico
Gondin1, até cn1ão retratado pela história
co1no um político que ficou cn1 ci1na do urna aula de história contando os 90 dias te111 un1 objetivo claro: o resgaste de uma
muro, acendendo unia vela a João Goulart
e outra aos nlilitares. Gondin1 falou con1 anteriores ao 31 de 1narço, Tha1nara época na palavra de unia geração que a
serenidade da posição difícil que se
encontrava e repôs ao seu 1nodo versões Duarte mostra a cidade às vésperas do vivenciou de perto. Este livro, sem
correntes que entraran1 para o folclore,
con10 a do envio de dois telegran1as - un1 " Qua11tas vezes me e ,_ ...
de solidariedade ao presidente deposto e disseran, que aqui havia
outro de adesão ao grupo vitorioso. Traz cubanos, técnicos em -
ta1nbén1 entrevistas con1 o ex-secretário guerrilhas treinando /
de Segurança, Coronel Renato ?v1acário, p essoal? E a bem ,/
o ex-presidente da Cân1ara Municipal de ver,Jade, eu nunca
João Pessoa, Cabral Batista, que apoiou comprovei essesfatos... " \
as prin1eiras cassações de vereadores. o (Coronel Macário)
ex-deputado Joacil de Brito Pereira, que
negou categorican1ente ter participado da
invasão da Faculdade de Direito, o ex-



versão acabou não Um outro militar de expressão, o Coronel
Hipólito Castello Branco, sobrinho do ex-
figurando. presidente Humberto de Alencar Castello
Branco, recebeu a equipe de A UNIÃO
C om em Natal, no Rio Grande do Norte, para
valioso depoimento e farta
outro protagonista docu1nentação.

do Movimento o Na verdade, como explica o

diálogo foi mais historiador José Octávio de Arru?3 Melo,

prosaico. Tratado embora a proposta da edição fosse anti-
maniqueísta, já que se propunha a ouvir
sempre nos os dois lados, "os vencidos se atiraram
com sofreguidão à chance concedida. A
depoimentos como eles competiu expressar a dor dos
subjugados, o desespero dos derrotados,
"o célebre major ou seja, "as oportunidades perdidas dos
chefes militares germânicos da Segunda
Cordeiro do 15 RI" Guerra Mundial". Quando fala em
vencidos, Octávio refere-se naturalmente
"Às vésperas do e acusado por aos ditos ativistas de esquerda que na
Paraíba e fora dela consideraram ter
movimento 31 de março, militantes de perdido urna guerra, além de terem sofrido
na pele os efeitos do açoite contra os
o que a Parar'ba res11irava era a rebelião dos cabos e esquerda de tê-los derrotados. Jornai istas como Jório
Machado e Adalberto Barreto, líderes
fuzileiros da Marinha, na Guanabara, ent plena Semana torturado en1 plena como Luiz Hugo Gu'imarães, Elizabeth
Teixeira, Aritônio Augusto Arroxeias,
Santa". (José Octávio) fase ela caça às Assis Lemos, Mário Moacyr Porto, entre
outros, liberaram pungentes revelações
bruxas, Cordeiro sobre o calvário que atravessaram, entre
fugas, perseguições, prisões, torturas e
foi localizado no ameaças, como preço pela militância que
desenvolveran1 em defesa da democracia,
período apesar de insistenten1ente Rio, à época da edição, já ostentando a da legalidade e das reformas de base - o
tripé das bandeiras que empolgavam os
convocados a falar, até porque eram patente de Coronel. Sua primeira reação esquerdistas no pré-64. Jório Machado,
em seu depoimento, chorou emocionado
constantemente citados e1n depoimentos foi de reprimenda ao repórter por tratá-lo ao relembrar o terrorismo psicológico de

já recolhidos, e ne1n sen1pre de forn1a ainda como Major. Em se&'Uida, sem

favorável , optaran1 por emudecer. Alg11ns aparentar muito interesse concordou

chegaram a ser agressivos quando vaga1nente em falar A UNIÃO, desde que

abordados pela equipe de A UNIÃO para ojornal conseguisse autorização expressa

se pronunciar. O ex-deputado Luiz de do Comando do 4° Exército noRecife para

Barros, que chefiou tuna unidade tnilitar que ele se manifestasse. O jornal achou

de repressão às Ligas Camponesas em descabida a in1po sição do coronel

Sapé, ao tempo do Governo Pedro Cordeiro, inclusive porque u1n outro

Gonctim, travou wn áspero diálogo co1n o 1nilitarde patente mais elevada e e1n plena

jornalista Sebastião Barbosa, por telefone, ativa, o General Arby ligo Rech, que na

chamando-o e ao jornal de mentirosos e época da edição deste ano comandava o

explicando que por essa razão não iria 1° Grupamento de Engenl1aria e1n João

falar. Barbosa ponderou que estava Pessoa, concordou sem n1aiores

tratando o ex-deputado respeitosamente problemas e m responder a um

e que exigia o mesmo tJatamento. De nada questionário do jornal, o que fez em

adiantou e a reação final do jornalista foi tempo hábil, constituindo-se num dos

bater o telefone na cara de Barros, cuja depoimentos mais qualificados da edição.

1....

--- ---------- - - - --·-

r

• S. Oliveira e Evanclro Nóbrega.
Ao todo são quinhentas e quinze

páginas co1n capa en1 policromia do·
L ~,;.,_1,.~.:-~~ . L consag rado artista gráfico paraibano
tvlilton Nóbrega, que trunbém ilustrou as
~--._;>..e.............:------- ...;, ' capas do suplemento originalmente
publicado no dia 27 de março deste ano.
"Os .P.., etzet'ais I é. v< lu- LJ) ··/ 1
cionários erat?t bons e;;, " row" V ('?P~ ,... .. n 5" P.V" '~~ A~ 1")'\~~~r{')
Q' .{
portug11ês, sobretudo e,u recente, dezenas de participantes dos
verbo, e, principal,nellte, ,. r' . acontecin1entos de 1964 dão aq~i seu,
testemun ho. São personalidades
'ne.ste dois verbos: ca'°a• e J', I 1 colocadas en, posicionamento que se
convencionou chamar de "esquerda",
Caçur e cassa, i.rJ ,'I_,,,,,. " direita", ou " centro". Uns e outros
convidados pelo vetusto matutino
-.r;e( O!tl(}.·001 . O Sc.:.t C,7'01 t,e ' tivera1n a oportunidade de expressas suas
atítudes·e convicções", afim1a ojon1alista
fal,)orito. E'vandro Nóbrega na "orelha" do livro que
está pronto para ser entregue aos leitores.
/>'e f""•"·"'r co.:,H- "Mutatis mutandis, o presente voh,une
está para o lvloviinento de 1964 co1no
1iista Qt' esqut:1 cfis!a, ,~ 1 "Capítulos de História da Paraíba" para o
conj unto da história paraibana", afirma o
ordern era caçar e cassat: .", historiador José Octávio de Arruda Melo
na alentada introdução que faz do livro
._,'1;r cace;(!o, ptJro '( ~ "O Jogo da Verdade". Octávio observa
que a proposta e• a mesma, ou seJ•a,
ntuito.-.,.J'oi t• rnorfe f,~;c,,; •' multifacetar a história captada de vários
ângulos." Con1 efeito, o Movimento de
ser cassado, 1.1ora to,itJ.'í, 64 aqui aparece de corpo inteiro, na
n1edida en1 que informações e análises
/oi a 1r:orte política,. a prové1n das áreas internacional, nacional,
regional, estadual e local , dirnensionadas
morte da cidadatzia. en1 ler1nos 1nilitares, jornalísticos, de
cotidiano, sindicais, estudantis, culturais,
Esporte 1s aca- pedagógicos, políticos, cinematográficos,
psicossociais, adnúnistrativos, judiciários
-bro". (Hélio Zt.,•1ai1le) W:Wt.S,...., e universitários".

-profission;'is qt1e i11te0 r"n1 os 111adros de inéditas reconslíttúndo os bastidores dos Os bastidores -Originalmente,
rno1nenlos agitados que precederan1 e a proposta dos idealizadores da edição
1\ UNlAO. N~ seoüê 1r· 1, ,··1:-bcleccu-sc :-u~dernn1 o 31 de niarço de 6,.~n:lo só na agora convertida en1 livro era a de não
nr •un1rotci1D!':Cbrclv Paraíba, n1as de 1m 1modo gt:ra1en1 outras discriminar ningué m, entre os
•l· 1:ir l!l~l,;r:,.,, . tcgiôc!': elo país. /\. ed ição históri ca protagoni stas sobreviventes do
superou de longe edições fei tas no i,1cs1no Movimento de 64 na tomada de
qucxn entr<'vistar, ;· que dor.11<1>C:1t0.. p1.-r iodo por prcsti giosr,s órgãos <1a
grande ilnprcnsa do sul do país, co;uo :l nadepoimentos sobre as en1oções que
recorrer. qu1. cnfoqr1c tr:--~er n:1r-1 oc; FoU1a üic São Paulo e 111erc:ccu elogios de
vivera1n época. Chegou-se a fazer uma
leitor~.; fitn de ton1a"' ·1 r1!i·~iio rca11ncntc leitores qualilicados de oulros E:-tados série de listas contendo nomes de ativistas
que se projetaram na ebulição daqueles
his16nc·, e dr r·•):1:..t1 11·1 ~, ·; ·i1ó1 ia. qne tiveram i:iccsso às suas págin;:is, aliás, acontecimentos nos diferentes setores de
avida1f1cnte disput adas por ativ idade. Dos contactados, a imensa
1\s •;ugcsfoP<- for·, 111 se pesqu isadores, curi osos e 1naioria atendeu ao apelo e prestou valiosa
co lecionadores. Fo i a pa rti r da colaboração, falando livremente e
:1n1pl iél1H1r, _j;, ;1i cnvn 1v••nrlo outros repercussão deste trabal ho que se expondo suas versões dos fatos. Houve
esboçou a pressão para que ele fosse . casos, porém, em que remanescentes do
personagens da •ec!ar·;" " dos n1 1adros convertido ern livro. O parto d11rou oilo
n1eses. Nesta sexta-feira, .25, às 20 horns,
iunrut.Yeleersc1.Llua'a1.1i0s,; dnart1.P~~:r:a"i<b"u1l.ns ,'. ·s!-n1es no Ouro Branco Praia Hotel, a ed.itora A
.Ut<ll.l\.ú lança "O Jogo ela VcrdaJc -
· cs1i.L::i!:>l H.' vlHção de 64, 30 anos depois , ttnc'o
con10 orgrulizadores Nonato Guedes, José
do n1eio cultural. ~~lg1111i;1s r1dic::irlas lbn-1 Octávio, Sebastião Barbosa. Carla 1Viary

da Par.iíbn, se di!-puscra 111 a produzir

co lab ')raçõcs. "l'l c1J1 forrn,1 de

dcpoi1ncnlo, or~ cn11~1 111a de c11lrcvu,ln.

ora e1n for1nn de reporta.,e1n, ora até

1nesn10 en1 fonna de po... i. 01 qt ando o

projeto ganhou d1n,en,;ão cn1 1cr1nos

editoriai s. ,. rc•·•1 1 • J 1 "1 l

surµ, -.c:uJe 1tc ·0 ~, ~1' ·•·!.,• ,to di.; u.n

suplcrnento de sele c·1d-., 10s. tot31i7,1nclo

cerca de (í0 i:,:10 i1<u.,. L, 111 :n1or1ua1,o....

,

~ z EM REIS E
Estrela de Prata, bem como a Associação milpessoas da terceira idade, para discutir, diversão, o lazer é a principal atividade
Paraibana que congrega os dois, recebe
oapoio logístico local daPB-Tur. Sua sede participar de palestras e de atividades dos clubes, que funcionam como terapia
fica situada na Getur (Grupo de Estudos
sobre Turismo), na avenida N. S. dos culturais, programadas por todos os ocupacional e de grupo.
Navegantes, em Tambaú. Lá, são feitas
reuniões diárias, por grupo, para melhor Estados. A Paraíba vai com delegacia Mas eles tan1bén1 se
ocupar o espaço. Nas segundas e
quintas, das 14h00 às 17h00, se reúnem composta por 170 integrantes dos dois preocupam, um pouco, com o
na sede os integrantes do Clube da Maior
Idade Juventude Prateada. Nas terças e clubes. Além disso, eles farão um lobby, assistencialismo. Um pouco, porque não
sextas é a vez do Estrela de Prata. Na
quarta-feira quem faz a reunião são os com a finalidade de trazer o próximo é esse o objetivo do projeto, e sim de
membros da Associação.
encontro, em·1995, para João Pessoa. desenvolver o companheiris1no entre os
Além disso, uma vez por mês,
no inicio deles, é realizado um encontro Mas o que é o Clube ingressos na terceira idade, para n,elhor
conjunto, no auditório da PB-Tur, para
programar as atividades de cada mês. E• da Maior Idade? Para quem não sabe, é aceitá-la, com boas doses de relaxamento.
que além dos projetos individuais, existe
a programação coletiva.E• nesse setor que uma espécie de irmandade, a princípio Não dá para se preocupar muito com
acontecem as mais variadas atividades
sócio-culturais dos grupos, a exemplo do criada visando a ocupação da rede coisas ruins. Mesmo assim, vez por outra,
espetáculo teatral Chapeuzinho
Vermelho, montado há dois anos. Entre hoteleira nacional durante a baixa estação, eles pro1novem festas e eventos, cujas
os maiores incentivadores do projeto,
inclusive como sócia fundadora, destaca- mas que hoje tem características novas. rendas são revertidas cm beneficio de
se a vereadora Creuza Pires, que muitas
vezes emprestou sua casa para reuniões Tornou-se uma espécie de clube de instituições que abrigam idosos.
e ensaios da peça.
recreação, com direito a constantes E o bom nãofica por aí.
Revista - Mas agora,
eles estão trabalhando num novo viagens e con1 a finalidade de aproximar Existe m os convênios firn1ad os com
espetáculo. Trata-se de uma revista
musical, além de número de folclore. A as pessoas identificadas por.carregarem restaurantes, lojas, farmácias, médicos,
diretora dó Departamento de Arte e
Cultura tinha que ser Dalvanira Gadelha, problemas ligados a idade. Ocupar o laboratórios, dentistas, oftalmologistas,
responsável pela programação na área.
Afora isso, já existe um coral, aberto a tempo de cada wna delas é hoje a principal agências de viagens, hotéis etc. , para
todos os adeptos dos Clubes da Maior
Idade.É o Evocação, também coordenado finalidade. Segundo a presidente da facilitar a vida dos membros dos clubes.
pela irrequietaDadá Gadelha.
Associação, Elma Virgolino Amorim, eles E como facilitam. Tanto é assim quefazem
Mas a parte artística
não fica só por aí. Ela continua com o já são recomendados por médicos, como viagens constantes, tudo com o apoio da
conjunto musical Estrela de Prata,
composto por três integrantes do clube terapia ocupacional. PB-Tur e de órgão semelhante nos demais
de mesmo nome. São eles: João Pinto
(órgão), Regimar (violão e cavaquinho) e Então, de velhos eles Estados. Segundo Ehna, há intercâmbio
Valtrudes Sorrentino (atabaque). Quanto
a revista, ela está com estréia programada não têm nada. Muito pela contrário. Têm entre os grupos de outras Capitais, como
para durante o ·Encontro Nacional de
Clubes da Maior Idade, que acontecerá muitaenergia e força devontade. Formado por exemplo, Natal, onde esse contato é
em Belém do Pará, no período de 25 a 28
próximos. na maioria por aposentados, os pen11a11ente.

Considerado um dos integrantes dos dois clubes mantêm ainda
eventos mais importantes de cada ano, o
congresso nacional vai reunir cerca de 2 um grupo de ginástica, nas manhãs das Zé da Silva
terças, quartas e sextas feiras, no pátio da

PB-Tur. Tratam-se de exercícios voltados

à terceira idade, sob a orientação de um

professor de Educação Física da UFPb.

Além disso, eles mexem o corpo também ~
com aulas de danças, na Associação dos
Servidores Inativos da UFPb, na Epitácio ~

Pessoa. .

A realidade é que os

integrantes não param, dando vazão à

euforia, à alegria. "Tristeza para que?",

se perguntam. "Se hoje somos mais felizes

e ma~s experientes". Entre os sócios

ilustres estão, além de Creuza Pires e

Dalvanira Gadelha, a decoradora Maria

JoséBarbosa; Débora Serrano e Cannelita

Soares, respectivamente presidentes do

Juventude Prateada e Estrela de Prata.

O difícil é ter tempo

para tantas atividades. Para os

aposentados, que·são a maioria, é fácil.

Mas para quem ainda trabalha, como

dona Elma, o tempo tem que ser melhor •. •
administrado, para poder dar conta de.
tudo e ainda se divertir. E P.Qr falar em ... e o sonho acabou

.... . ,- fJGl~ ol;--1 w S JQ6 q Pasta Nº W}· rL.!f.Ol

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1 • • • :•

.. O laf,l;-;c1 livro conta-ndo os d·,.amaj' i;i vicl~ }_\' ,~~1J1,·
.., . -
. ... . .
- .. b,p1~ai!Ja1-los durante a Revolução de .1964
.. :L .·.,,_- -
--· ..-

... Superintendência de A UNIÃO , evocar os tri Hta a11os do ivlovirnenlo
ir.te!ectnais de prestigio como Gonzaga
- · ------ - - - -··1.__..,p•,.•..•".,"1·...,· p-,:-h•·i,· •.1 Rcdrigues, José Octávio de Arruda Melo ?vti li la r de 1961!, qu,:: ,:starian, sendo
e Biu Ramos cogitaram a hipótese de este
A idéia no inicio na~o era tão jon1al fazer uma edição especial - no rcg istracl0~ rl.G11l 1(1 d• ,1,Ji'- 111r..srs l ,ogoo
an1biciosa. Em . co nve rsa s máximo um caderno de oito páginas - para
.t:ran1ad·as no · gabinete da proje to foi "co1up1 a<lo" pe lo

supe rintendcnre, pelo jornal ista

Sebast ião outros

.-

:)1,r7iM

IJa
~~, ~~~~yx1j 1J~~-,a t~.ff411~.~~ ~~~f.l61VI ~

nenhuma rnodéstia; é aula de história, -·r '1t """" ~(~·~· •.-. '1 • ' ••~ ~ •'
disciplina refcrenci~l í)• · ·.. i:, :·"•rr. :·:, .,. 1, • 1, , t " '

quantos desejen1 se aprofundar n1elhor j\ ;\~li' .· '•~o•·~•' . ,~• ~ .,t;..,~} ' • \ ,' '
nos subtei.Tâneos de urna fase até então
não inteiran1ente dissecada. A. l ll"~là «J-J .' it.~ •' (.~?,\'
tem ~n1a consciência tranqüila de que não ,. .~,,,.· l ·, .r~ · ·
r'IÊ'· l,.~' 1• ' fjj;:j ',· ,· ,. ,..,. ·•. .. ,
~ '~°,t,íM't:• ,~ •
~~. ' ,..
procurou discrin1inar ningué1n. .A. !UNlf.A.O •... . 1JJ ..-.~..•, , . ·~.
faz a sua pa11e fazen do históri,i. E o leitor - ' '' ··'
faça livren1ente a sua, inte rpretando, I. -·1, ~--
comentando e criticando a história aqui ~ \
relatada". O livro "O Jogo da Verdade" l· ~
custa 20 reais e depois de lan;ado crn João i(i\' à_. ifi"j ' 1
Pessoa será lançado ta1nbén1 ern Can1pina ♦ !~· '~ ~,·.i .: ••\
' iJ .1
~~--1Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras. ~
m~•. W.. i.
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Os Desaparecidos

esco erto o sítio on

cor ro Fazen et•ro

Trinta e uni anos depois dos fora,n entregues para enterro no ;;,:-;-t.,. ' · ! · •
dcsaparccirnen1os de Pedro Inácio meio dos carrascos de algum lu-
de Araújo - o Pedro Fazendeiro gar do Cariri paraibano. Pelo 1es- -· ~· .•
e de João Alfredo Gonçalves - o -• ..,.~......~. .
Nêgo Fuba. surgem os primeiros tcn1unho dessa pessoa, sabe-se • ,k.. '
indícios do paradeiro de seus cor- que não hou\'Ccova. pois os cor- .
pos e as fonnas con10 forarn tru- pos já cstavan1 cn1 estado de de- ,
cidados en1 algum lugar da Para- composição e não rcsrstrnan1 a 1-"-
íba. Os dois foram assassinados nenhum arrasto para outro local. ---·
por seus sequestradores. Seus Fediam muito e não tinham con-
corpos IÍ\·cran1 as cabeças 111uti- sistência para evitar um f\
ladas para evitar reconhecirnen- desconjunta111ento de braços ou de
10. Seus cadáveres forarn lrans- pcn1as. ~
ponados para 11111 lugar distante
e abandonados a céu abcno. Des- Pela descrição feita pela tes- ··~-·f -J.~. e,,
cobertos, por acaso, quando já se temunha, cujo nome será revela- . ,.
cncontra\'am cm estado de pu1rc-
f.1çào, tiveram seus corpos cober- do na edição de amanhã, sabe-se .--:"-✓
tos por terra depois que urna au- que os rostos dos dois mortos es-
toridade J>olicial pediu a dois tra- tavam desfigurados. No local do --... . . ,;,;;..,"'""'
balhadores rurais que fizessem o n1acabro encontro havia un1a cor- f: ;.'ff.t
scrYiço de scpullamenlo. sen1co- ' "'\.., ---~,!,t.t-., ;.. ' ,
\'as. sem cruzes. e scn, nenhuma da fracionada, denotando que os • ·,;..\.. ~ 'l'lo!f,r~.
• ide ntificação . cadáveres foran1 arrastados atê o ~· ~
local, sendo provável que lenha
As duas pessoas que fizcran1 servido tarnbérn para o enforca- . , , - "1...,:,;r-~ ;-: · ..:' -~~• ~ 1 ' ... = =· .·::=_..;.a!;:I
o serviço de cobertura dos cadá- mento de an1bos. l-.,. .
veres pennaneceran1 incognitas ... ~ - ........ "!._-;, • ~
até a scn1ana passada. Depois de A suspeita de que aqueles ca-
,ncticuloso trabalho de investiga- dáveres pertencentes ao Nêgo
ção, o jon1al O NORTE conse- Fuba e a Pedro Fazendeiro ftm-
guiu chegar até um desses cola- damenta-se numa indicação pos-
boradores do sepultan1ento e ou-
vir a confim1ação de que, e111 sc- terior, feita sobre as roupas que
ternbro de 1964, dois cadáveres ambos usavani. Uma pessoa que
de cidadãos desconhecidos lhe estivera presa juntarnente com
Pedro Inácio de Araújo, no inte-
rior do 15° Regimento de Infan-
taria - em João Pessoa. soube des-
cre\'er. posterionnente, um calção
que urna das vitimas traja\'a.

Vítimas eram acusadas de

_agitadores e subversivos

-,-Pedro Inácio dc _Araújo -_o Diversas tentativas para loca=, _.

Pedro Fazendeiro e João lização do paradeiro dos dois ter-

Alfredo Gonçalves, o NêgÕ Fuba minaram em frustrações e sofri-

eram presos políticos porocasião rnentos para seus familiares. .. '..,.... .•.

da deflagração do Golpe Militar O aparecimento da primeira .. ,.~ '. ., ...... ·t. . . ..... .t , . . ,

de 1964. An1bos eram acusados pista para explicar seus desapa- • • . . .. 4 •• -\

como '·agitadores subversivos" reci mentes aconteceu no ano ... .·...'"•...,... f.,.• •...•. ' -• .-.t...;'.1......

das Ligas Camponesas que exis- passado quando pesquisadores . ...,-..;,..· ,:·::·...,..·..·, : .... .

tiam nos rnunicípios de Sapé, do Comitê para a Defesa dos Di-

Mari e Cruz do Espírito Santo, reitos Humanos, do Recife, fize-

respectivaniente. Existen1 provas ram un1 trabalho de cadastra- . ; -. .'t...~. ~~
,., . · , • •• .~ • "•./

,; .
inquestionáveis de que os dois fo- mento de n1ortos localizados e .,, . ... ,... .. .• ; ,.. !.., ,.
• ... ••

•~ . r... i • .
ran1 liberados na tarde de 7 de desaparecidos nos arquivos dos >··.. . ...._:,,·) .·!::t. -':~;"-:-...• . .

p..,,\....·.f"'-:'•"..' .:....
seternbrode 1964. Os dois foram jornais. No Diário de -·~, -r.. ..\«..:.:.l'.:-.' . • • .-,.."....1';:-.'•t-1'•" • .,. ' '. w

>"'\•' ... ~

vistos passando, livremente, pelo Pernambuco foi localizada urna ;,

portão de entrada de _________ foto de dois corpos ., .

Regimento Vidai de Os dois foram mutilados descober-

Negreiros. A libera- libertados e tos nas proxin1idades
ção dos dois '·subver- da cidade de

.. si\·os" foi rnuito cur- poucos minutos Canraru. A matéria
ta. Quando os dois ai- depois eram ilustrada por aquela

cançaran1 o leito da sequestrados e foto fora enviada pelo

avenida Cruz das Ar- desaparecidos correspondente de

mas, ainda no espaço Can1pina Grande. As

físico da Praça - - - - - - - - - infonnaçôes contidas

Lavanére \Vanderlev, uma cami- no texto apontavam, vagarnente,

oneta deles se aproximou. Do para um provável crirne pratica-
interior do veiculo saltaran1 ai- do pelos '·esquadrões da n1orte''

guns hon1ens que seqüestraram que agiram, naquela época, tan-

Pcdro Fazendeiro e Nêgo Fuba. to no Estado de Perna1nbuco,

Foi a últin1a vez que os dois fo- con10 na Paraíba.
ram vistos. Nunca mais apare- A foto foi reproduzida e dis-
cerain nem deram notícias para
tribuida por todo o pais, para que

seus familiares. passasse pelo estágio de identifi- • Joàu A//i·edo, o .\'êgo 1'11l,a, tlesapc,recido tles,le" rel'of11ção
0 desaparecimento de Nêgo cação. Como os rostos estavam
n1utilados, era, praticantente in1- l·'ed,-o buicio. o P1.:,lro Ft1ze1ttleiro, 1111111t-1,{otoj°eilt1 eu, 6 ✓,
Fuba e Pedro Fazendeiro é um possível, descobrir-se a quem per-
·dçs capítulos do livro CRIMES tenccram aqueles corpos. Mas, o Cadáveres foram fotog1~afados no local
QUE ABALARAM A PAR.Ai- trabalho desenvolvido por outra
BA,.do jornalista Se\'crino (Biu) organização não governamental -
Ramos. O assunto desse desapa- o Brasil, Tortura Nunca J\1ais.
recimento foi proibido pela cen- teve chance de chegar a un1a in-
sura, no ambiente das redações

dos jornais e nas emissoras de dicação: Um companheiro de pri-

rádio e Televisão. A versão ofi- são, que esteve dividindo o espa- Durante 31 anos, nenhu- algumas características fisioló- no enterro dos cadáveres. O em exames do DNA. U1na
ciosa apresentada pelas autori- ço da prisão, no interior do 15º ma outra pista surgiu. O lo· gicas dos mutilados. Como nun- local foi re\'istado e documen° vez procedidos os exan1es,
dadcs policiais e militares da RI, com Pedro Fazendeiro e Nêgo cal do scpultan1ento dos dois ca se descobriu aonde forarn dei- 1ado ern fotografia que serão ·será possível, afinal, chegar-
cadá veres desconhecidos xados os corpos, qualquer ten- publicadas na edição de ama- se a un1a conclusão que a Pa-
época era de que os dois havian1 Fuba, reconheceu a \'elha bennu- caiu, 1an1bém, no esqueci- tativa nesse sentido seria irnpra- . nhã. Paralelarnente, a direção raíba espera há 31 anos, so-
mento. A descoberta do sitio- ticávcL 1-\lém disso, havia urn deste jornal encaminhou ao se- bre o destino que tiveran1
viajado para Cuba, provavel- da de um deles. Essa peça de vcs- scpultura i:ra rnuito in1por- impedimento considerável ·pelo cretário de Segurança Pública, Pedro Fazendeiro e Nêgo
mente, para trocar de non1e e tuário estava muito bem definida ta nte para que peritos e).ercicio·da censura. Pedro Adelson uma solicitação Fuba, depois de que foram
confiá1·eis pudessem exumar formal para a exun1açào dos seqüestrados no ambiente da
enfileirar-se em hipotéticas guer- na foto publicada pelo Diário de aqueles cadáveres e, assi1n, O jornal O NORTE. nurn restos 111ortais dos dois mutila- Praça Lavanére \Vanderlcy,
ri lhas em algum lugar da An1éri- Pernambuco. ·Aquele indício fez tentar unia identificação na esforço de reportagen1 consc- dos. O objetivo é tentar a iden- em João Pessoa, no ano de
ca Latina. suspeitar que o mono desfigura- base da confirmação sobre . gu iu identificar 11111 dos traba- tificação dos corpos com base 1964.
do era, o desaparecido Pedro lhadores rurais que cooperaran1
Do ponto de vista oficial, os

dois nunca tiveram seus óbitos Inácio de Araújo - populam1cnte
reconhecidos, porque seus cor- conhecido pela alcunha de Pedro

pos jamais apareceram. Fazendeiro.

JlO , O NORTE - Quarta-feira - 23 de Agosto de 1995

ama a reen ULTIMAS e arr1•

u•

Fiscais encontraram Segundo o chefe da Di,isào de As a,-,·ibaçfis são /a1·,r.:a111c11/c co111cl'cializadas no ,11cio da ,·ua, p1·i11cipul111c111c JJt1rll li1·a-gosto Advogado diz
Controles e FiscaliT.açào do lbama,
40 n1il armadilhas José Hillon Linharcs, a operação foi Prefeito de Bayeux vai que PF fez
realizada por uma equipe de \'intc
de caça em quatro homens, da área de fiscaliT.açiio do invasão ilegal
órgão e também da Companhia de
cidades do Sertão Policia Floreslal. O lbania, confor- O advogado Sílvio Suassuna
paraibano me obscn·ou. \'ai prossçguir com a denunciou ontem que a Polícia
operação na micro-região de Catolé Federal agiu com abuso de au-
C ento e quarenta quilos de do Rocha e cm outras árc.,s do Esta- toridade ao invadir uma fazen-
arribaçàs e 40 mil annadi- do. José Hillon disse que se os fis- da em Riacho dos Cavalos e
lh;1s de caça foram apreen- cais não ti\'csscm apreendido as -Ili ,natar a tiros de metralhadora o
didos pelos fiscais da Supcrintcndên- mil a1111adiU1as. tcria sidocapluradas agricultor Nestor Pedro de Sou-
c1 a Estadual do lbama na í,hima cerca de 400 mil arribaçãs. za, de 25 anos, alem de ferir
quart a-feira. A operação de fiscali- Márcio Robson Suassuna, o
/.;1ç;10 à caça predatória foi rcali1.a- Encontro - A prescr\'açào dos "Robinho", que está sob custó-
tb nos municípios de Catolé do Ro- pombais de arribaçãs tem sido wna dia da Federal, em Campina
cha. Belém. Brejo do Cru1. e Riacho preocupaçãoconstanteda Superinten- Grande, acusado de
dos Ca,·alos. dência do lbama, que promoH:u, na cnvolvi1nento com tráfico de
scman.1 passada, cm João Pessoa, o maconha.
Duranlc a operação. os fisçais Encontro Nordestino sobre l'vfancjo
auluaramcm Oagrantcs lrês caçado- Sustentado de A\'oantes, o qual reu- Sílvio Suassuna afirmou que
res. que estão prc-,sos cm Catolé do niu técnicos de órgãos ambientais da cerca de 50 homens da Federal
Rocha. ecícluarrun IOaulos de infra- região nordeste, objeli\'ando discutir fizeram a abordagem ao carro
ç.•10. A ca~ dcruribaçãé proibidapda fom1as de compatibili1.ar a caça de ocupado por Robiqho e Nestor
lcg,isbçào co lbama \'Cm inlcnsifican- subsistência com a sobrC\i,·ência do Pedro, nas imediações da fazen-
doaliscaliz.,.ç5o,a limdccoibiracaça a,·oantc. da Corturne, de propriedade de
com fins comerciais. que comprome- A,nérico Suassuna Filho, em Ri-
te a sobrc,i\'ência dessas a,·es. acho dos Cavalos. Segundo Síl-
vio, houve invasão da residên-
Servidores da UFPB lutam cia de Alnérico Suassuna sem a
n1enor explicação. O advoga'do .
contia mudança de horário pedir ilegalidade da greve argumenta que os agentes agi-

Scr\'idorcs da Uni\'ersidadc segundo a presidente do Sindica· ran1 co1no vândalos e praticaram.
Federal da Paraíba, Campus de
Jo~o Pessoa, apro\'aram a elabo- 10 dos Trabalhadores en1 Ensino u1na série de arbitrariedades.
ração de 11111 abaixo-assinado por
professores, servidores e alunos, Superior da Paraíba-Sintcsp, O prefeito de Bayeux, Sebas- para a Creche Nossa Senhora da sem o bloqueio e deixasscn1 as cri- Versão da PF - Segundo a ·
cm defesa do horário corrido anças na creche. Isso 1cn1 pro,·o-
ameaçado pelo Go\'crno Federal, Luciana Rangel, fere a autono- tião Félix de Moracs (Rcba). dis- Conceição para que as mães pu· Polícia Federal, equipes foram ·
de cxlinção. Até a próxima sex- cado uma c,·as,lo de funcionários à região de Catolé do Rocha in-
ta-fe ira, os três segmentos da mia uni\'crsitária. se ontem que vai pedir a ilegali- dessem furar o bloqueio do co- da creche durante a grc\'e, apesar vestigar denúncias de que-cm
instit niçào pretcnden1 coletar o terras do município estavam
maior número de assinaturas Luciana informou que a as- dade da gre,·e dos ser\'idores mu- mando de greve e deixar as cri- deles não terem aderido ao mo\'i• havendo cultivo de maconha.
pa ra encaminhar ao 1'1EC a de- mento. '·Não falia funcionário. Ainda segundo a PF, os agentes •
sessoria jurídica da SeSu e do nicipais. Segundo ele, o mo\'i- anças no local. Apesar do reforço Falta crh1nça... dizia ontem a psi- 1nataran1 Nestor Pedro porque
cisíl o. houve troca de tiros apôs a abor-
Mec, e,n parecer encan1inhado ao mcnto está totalmente desorgani- policial, nenhuma mãe pôde dei- cóloga Kêlsia. dagcn1 da Federal. Equipes fo-
Na próxima segunda-feira, Segundo o prefeito. um carro ra1n enviadas ao município e na·
28. os funcionários Yoltam a se Sintesp, comunicou que a própria 7A'ldo e nem sequer o presidente xar os filhos na creche. mesmo fazenda houve o confronto que
reunir no auditório da Reitoria de son1 ,·ai licar cm frente à cre- resultou na morte de Nestor e em.
com o reitor, Ncroaldo Pontes, uni"ersidadc tem autono,nia para do sindicato dos funcionlirios ele funcionários não tendo aderido à che garantindo ás mães que no lo- ferin1entos cm Robson
que UC\'Crã se posicionar publi- cal n,lo hou\'e paralisação e que Suassuna.
comcntc sobre o Decreto, que fazer o seu horário. Hoje, às ainda não conseguiu locali'zar greYe. Segundo a psicóloga. elas podcn1 lc\'ar os filhos diaria-
mente. O presidente do sindicato
l 4h30m trabalhadores de \·ários para negociar as rci,·indicaçõcs Kêlsia da Sih·a, a creche atende dos funcionários daquela prcfci-
lura foi procurado por O NOR-
segmentos da sociedade se con- da categoria. Desde a úllinia a 90 crianças co,n idade entre TE. mas não foi encontrado.

centraram cm frente ao Lyceu quinta-feira que os 2.170 funcio- quatro meses e seis anos e tem

Paraibano, para ato de repúdio a nários municipais de Bayeux (a atualmente 18 funcionários.

essa proposta. A coordenação do seis quilômetros da Capital) pa- A inforniação dada pela fun-

C\'cnto é da Cut/PB. Atos semc- raram as ati,·idadcs. cionária da creche é de que os gre-

lhant-cs acontecerão cm ,·anos ....Ontem pela'·n1anhã dois poli- vistas fixaran1 ponto na esquina

Er :ados. i ciais th·crt1hi que ser· chanlados+ - e lnípccitr~ m que as ,htics flitas-

S1P faz fiscalização Mensalidade Sai resultado parcial -Encontro
de transportes escolares escolar ·de vacinação no Estado de Fiscais
sobe 79,11% te1·1nina hoje
A Secretaria da Saúde divul- erradicada no Brasil e o último
A Superintendência de rança que o motorista oferece Para realinhar os custos e cobrir as gou onten1 à tarde os resultados caso da doença na Paraíba ter O XV Encontro Nacional da
dcspcs;is. o Colégio Pio X, reajustou parciais da Campanha de Vaci- sido verificado no 1nunicípio de Associaç,io Nacional de Fiscais de
Transportes Públicos (STP) está aos passagenos. agoru as mensalidades escolares em nação contra a Pólio e o Saranl- Sousa (a 420 quilôrnctros da Contribuições Previdenciárias
liscalizando e cadastrando os Segundo Bàtinga, vários \'C- 79,11 por cento. Oacréscimo dado ses- po. Segundo José Carlos Maciel, Capital), en1 1989, é bon1 não lermina hoje no Espaço Cultural
veículos que fazem o transporte coordenador de Saúde, contra a descuidar.
de crianças. Ônibus e Kombi es- iculos que fazem o transporte de senta dias após o úllimo reajuste>foz José Lins do Rego com a eleição
col ares podem ser parados no crianças foram ,·istoriados e não
conseguiram o Ah·ará de Circu - .plneda lv!cdida Pro,-isôria. Ela permi-
..•

trâns ito para serem fiscalizados lação por não oferecercn1 as te emalgw~~ casos,quando areceita niio Pólio foran1 distribuídas 324.456 O Sarampo inata no Brasil para o Conselho Executivo da

g,raças a uma lei \'Otada pela Câ- condições de segurança cobriras dcs1x,;;as,queaplanilhade cus- doses e para o Saran1po 147.375 bem ,nais do que a 1neningite, Anfip para o biênio 95/97 e a de-
tos scitt relcita e os preços re;,linhados.
mara e regulamentada pela STP. exigidas na vistoria. O supcrin• Deacordo comodiretor doColégio doses em todo o Estado. A meta ,nas a subnotificação dos casos fin ição de propostas que serão
,.\ CpTran tambcn1 está apoian- tendente da STP recomenda aos de vacinação contra a Pólio era dificulta para a Secretaria de cnYiadas ao Congresso Nacional.
do a STP. Em João Pessoa já são pais das crianças que, ao con- Pio X, lm1ao Joaquim Olivcir•, o rea- 407.610 doses e para o Saram- Saúde precisar a média de casos sobre a reformas previdenciária e
~O ,·ciculos escolares que obti- trataren1 um desses veículos, justeaplicado,isa apc'!las mantera sus- por ano. Sabe-se que a doer.ça administrativa. Segundo o presi-
veram o Ah·ará de Circulação. procurem ,·erificar antes se o começa com febre, coriza e man- dente do INSS no Estado, 1
carro tem o ah·ará, do contrário tentação da escola.O IPCR foi 11.µ,ssa- po 243 mil doses. Pelos resulta- chas vermelhas na pele e que as
A "isloria técnica dos \'eícu- rejeite o serviço. Como a fisca- seqüelas são diminuição da ca- Telmano Japiassú, esse encontro
los é feita na garagem da En1lur lização é Yolantc, os \'eiculos pacidade mental, cegueira, sur- superou todos os outros organiza-
e, segundo o superintendente da escolares que fazem o tFanspor- dos pela Anfip nos seus 45 anos
STP. Carlos Batinga, são obser- de existência e coloca a Paraíba
l•
do cm maioe junho, di,idido cm duas dos parciais que estão chegando

parcelas, e aplicado na cfata-base dos à Secretaria vi.ndos do interior do
professores.AMcdidaPro,isória impôs •
que os donos decolégios teriam que es- Estado, José Carlos acredita que

perar30 diasparn podcrrcpassaraquilo tenha sido atingida mais de 90% dez, retardarnento do crescimen- numa situação bastante privilegi-
vadas as condições de freio, dos te de crianças podem ser para• que aescola necessitaria parn realinhar da cobertura vacinai.
ada dianlc dos outros estados.
pneus e direção, alem da segu• dos no trânsito. os seus preços. Apesar da Pólio ter sido to e até a n1orte. ·

NOTA:DE·FALECIMENTO Funesc devolve servidores

MARINESIO DA CUNHA MORENO Eles foran1 luçãodos servidores se deu tam-

considerados bém como mua medida de raci-
desnecessários onalização administrativa, já
que o órgão não dispõe, no mo-
A Fundação Espaço Cultu- mento, de recursos suficientes
ral - Funcsc dcYol\'Cll à Secre- · para as despesas de manuten-
taria de Educação e Cultura do ção.
Estado 55 - scrYidores que se
encontra\'am à.sua disposição e ltapuan Botto disse ainda
que foram considerados desne- que esse quadro, na redução de
Yerbas mensais para as despe-
sas de manutenção, vem ocor•
a !••
A familia de MARINESIO, ainda Faleceu nesta ter9a-feira Srta. Maria 1
consternada, agradece aos parentes e
amigos que expressaram o seu sentimento de Lourdes Coutinho de Lucena (Oda). 1
de pesar pelo falecimento do nosso muito
• amado e inesquecível esposo, pai, sogro, As ultimas homenagens serão prestadas
avô e bisavô e convida para rezarmos pelos parentes e a1nigós na residencia,situada
juntos pelo seu descanso eterno, na missa na rua Dom Vital ,355 - Bairro do Roger, de
a ser celebrada na Matriz de N. S. de Fátima onde saíra o ferétro e que o seputalmento
ocorrerá hoje as oito (8:00H) horas no
(Miramar) no trigésimo dia de falecimento, 24/08/95 (quinta- 1'
feira) , às 17h00. Ce1nitério Senhor da Boa Sentença, cessários para' os scrYiços da rendo em todas as repartições
casa. Segundo o presidente da públicas devido à crise financei-
Antecipadamente, agradece aos que comparecerem f
a esse ato de fé cristã. Funesc, ltapuan Botto, a de\'o- ra do. Estado. .
i
f

UM ANO DE SAUDADES !
l
José Pereira de Lima MARIA JOSÉ DA CUNHA COELHO Severino do Ramo Leal de Carvalho
1
(Bibi)

Os irmãos Edmilson, Zuleide, Zeneide, (Zezé) Cleonice Delgado Leal de Carvalho (esposa), Maria de •Fáti-• í

Bartolomeu da cunha coelho (esposo), Marcos, ..
Carlinhos, Beth e Lucinha, convidam parentes e amigos para
a missa de 1° aniversário do falecimento de sua querida espo- í'·
sa e m_ãe. ~ue será celebradasna igreja de São Gonçalo (Tor-
re), hoJe (dia 23/08/95), ás 19h00. .f

Agradecem, antecipadainente, a todos que comparece- '(
rem a este ato ~e amor a Cristo.
.. '1t ir
Zenilda, Terezinha, Mariano, Socorro, Zélia ma (fi lha), Ricardo Out ra (genro), Alynne, Laryssa ~ Ricardo
·,1
e Francisco de Assis Pereira de Lim~. cu- (netos), Maria' do Carmo Leal SetU (innã) e Djalma $1;lllj (cu-.

nhados e sobrinhos convidam os demais pa- nhado), convidam os parentes·e amigos para assistirem à Míssa

rentes e amigos para a missa de 7° Dia, que que será celebrada na 'igreja de N. Senhora de Fátima, em

mandam celebrar nesta quinta-feira, dia 24, Miramar, 6° feira , dia 25/08/95, às 17h00.

~j.r- às 19h00, na Igreja da São Gonçalo - Torre. ,Antecipadamente agrade'cem a tqdos que sé fizerem

1__ __:_ ___, Antecipadamente agradecem aos que com- presentes a este ato de fé e piedade cristã.

parecerem a este ato de fé e piedade cristã. ~""""' .•

.., Ml0,IJSVJ .

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'JORNAL DO BRASIL OPINIÃO sexta-feira, 5/8/94 • 1·1

-~ Via de escândalo Pasta N°ºº1-rLJJJ2 T?neleros, 40 anos depois

'. Nf VILL\S-llÓAS CORRÍ" \ • ''EuDEPOIMENTO/ ARMANDO NOGUEIRA• envolvendo João Goulart. Fiz a cobertura de uma via-
vinha num carro, com gem de 100 dias de Goulart, ministro do Trabalho de
1• Dcodato :-laia e Otávio
Vargas, pelo Brasil. Eu trabalhava então na cditoria de
ào pode ser apenas a1.ar. Dá para desconfiar e Bonfim, meus companheiros de cspones, mas como nenhum repórter político quis fazer
; aconselha os int eressados a que ponham ,1 b.i r- a cobertura, aceitei, achando que poderia ser uma boa
l b:t e os pelos cm molho grosso. dc\'idamentc tnttado Diário Carioca. Quando estáva- oportunidade profissional. Duranlc a l'iagcm acabei me

! pelas ben1.edciras de íé: não pipoca csciindalo no mos parando, vi Carlos Lacerda tomando íntimo de Jango e, na antevéspera do atenta-
do, depois de um jantar, Goulart foi me deixar em casa.
: intermin:i\'cl corso do vexa me que não passe pelo com dois homens (mais tarde sa- Lembro que estacionou e que ficamos conversando ain-
da por meia hora dentro do carro, na entrada do prédio.
! Congresso, como se o Legislativo se transíorrnasse beria que eram o Major Vaz e 1
Imagino o que teria acontecido se o atentado tivesse
t cm parada obrigatória das cara\'anas da falcatrua. Sérgio Lacerda). Meu prédio era contiguo ao seu. Eu ocorrido dois dias antes. Jango sempre bendizia a nossa
: Ainda agora. as denúncias cruzadas com que o PT sorte quando nos encontrávamos. Por 48 horas, escapei
i de um lado e o PSDB e o PFL de outro se mimosea- sabía que Lacerda estava chegando de uma palestralno de sercúmplice e Jango suspeito.

i ram no fcsti\'31de dcsrnorali1.ação, as suspeitas que Colégio São José, na Tíjuca. Fiz um comentário malieio- "Quanto a Gregório Fortunato, não parecia mais
do que um sujeito fiel ao caudilho. Nunca ficou prova-
: arruinaram o ex-vice Jos~ Paulo Bisol. como as tram- so: 'Carlos Lacerda deve estar ali com seus dois guarda- do quem tramou o alentado. O que se sabe é que tudo
: pas e mutretas que inspiram a renuncia do senador foi feito à sombra, sem o conhecimento de Vargas.
costas·. Quando Deodato freou o carro e sairei, debru- Getúlio foi traído pela lealdade de seus súditos, uma
!Guilherme Palmeira à 1·icc da chapa tuca na, transita-
cei-me sobre a porta e voltei a chamar atenção de meus situação paradoxal, quase shakespeariana. As pessoás
•, ram pelos tri lhos do Legislativo, na bitola estreita em quent confiava cegamente e em quem inspiroµ
das institucionali zadas bandalheiras do ralhacouto colegas para o fato de que Lacerda estava exaltado, dedicação e lealdade acabaram, sem querer, arruinan-
do seu destino.
!da Con1issào do Orçamento. falando alto. Nisso aparece um sujeito por trás do carro,
."Tive pouco contato com Lacerda, mas posso dizer
1 Se a crise do Congresso fosse apenas moral seria agachado, atirando. Vi o braseiro na poola de sua artilà, que era inimaginável a capacidade que tinha de angariar
. mais fácil providenciar a operação de limpe1.a. em ódio e admiração. Tratava-se de um homem com estam-
: fa~ina em regra, com ajutório da desratização e largo não esqueço disso. Corri para a frente do carro. V~vi
: consun10 de desi nfetante. As mazelas do mais demo- pa de galã de Hollywood, dotado de belo timbre de voz ~
! crát ico e escancarado dos poderes não se reduzem à uma situação curiosa então. Deodato pisava no acelera- que sabia usar como ninguém o rádio e a TV. Um dia
' simplificaçiio de uma queda de valores, denunciando
: o apodrecimento de parte irrecuperável da reprcsen- dor, mas como seu carro era bidramático eu estive tddo

!taçào. t-.1 ui10 menos a solução est,i à vista, com a o tempo na iminéncia de escapar das balas disparadas

·, va·rred ura eleitoral cm marcha. por Alcino do Nascimento mas não de um atropelamen-

Ao contrúrio, e lamentavelmente. as urnas não to. Quando me voltei, ainda pude ver Lacerda correndo
acc!la1n com a reabilitação do Congresso. Examinan-
para a garagem e voltando 10 011 15 segundos depois,

Idisparando cm direção à rua Paula Freitas. Só qµe

Alcino, a esta altura, já havia escapado.

-"Cheeando ao local do atentado, encontramos esten-

dido o corpo do major Rubens Florentino Vaz. F'oi

do com atenção o recado que o voto antecipa nos quando Lacerda apareceu, vindo da enlrada principal perguntei a Roberto Marinho qual o homem mais inte•

índices de pesquisa, na reação da sociedade, no des- do prédio, falando com Sérgio Lacerda. Gritava que rcssante que conheceu. Sem pestanejar, ele me respon-·

p_rczo das ruas·e na indignação do protesto, a pers- tinha sido baleado no pé e que o major Vaz estava deu que tinha sido Carlos Lacerda. Tive a mesma im-

pectiva é de horror: o futuro Congresso deverá reali- ferido. Neste momento Sérgio avistou Deodato. Havia pressão, apesar do pouco contato. Na última vez que
zar a proeza de ser pior, muito pior do que o estive com ele, pouco anles de sua morte, conversamos
a·gonizante que estrebucha nos ócios da insensibilida- uma suspeita de que os tiros pudessem ter partido de um longamenle. Era então um homem muito melancólico.
de de fim de festa. Não é dilicil alinhar justificativas Mas não há dúvida que foi um dos personagens históri-
para dingnóstico assustadora1nentc pessimista. Plymouth, marca do automóvel de Deodato. Por sorte,

· Con1~çan.do pelo mais evidente, conferí1•el três Deodato Maia era membro do Clube da Lantern'a,
vezes por seínuna - às terças, quintas e sábados -
na chatíbe do programa de propaganda eleitoral de associação política criada em torno da Trib1111a ,la J111- cos de maior prestígio deste pais. Os franceses o apefü.hl-
ca·ndidat~s a deputados federais e estaduais: a próxi-
n1a safra é de arrepiar penugem. Bate com informa- flre11sa, um reduto lacerdista. Só quando Deodato mos- República do Galeão e entrevistar livremente Alcino do ram de tombeur de préside111s. Sem entrar no mérito
ções do desânimo das bases estaduais. Cada vez é
trou a carteira do Clube da Lanterna foi que deixou de Nascimento e Gregório Fortunato. Não fui jamais per- político, tratava-se de um homem fascinante. ..,
1nais penosa a;tarefa de organizar listas de candidatos
a mandato p-1rlamentar. As grandes e médias legen- ser um suspeito. doado por meus amigos da Trib1111a da J111pre11sa, que "Do ponto de \'ista histórico, e não político, o desfe-
das são submetidas às pressões contraditórias da cho do processo, pelo seu sentido épico, foi favorá1•el :a
chusma de prctendcnles desqualificados ao mandato "t.1inha primeira idéia foi a de fotografar Lacerda e·o achavam que devia ter perseguido Alcino cm fuga pelas
que valoriza insignificâncias e escancara portas para
negociatas, na contramão da recusa sistemática e major Vaz, só que a meio do caminho, quando me ruas de Copacabana cm lugar de me dirigir para o jornal Vargas. Era expressão corrente na imprensa conserva-
pere1nptória dos convidados com condições mínimas dora o mar de lama do Catetc. Mas nada ficou constata-
preparava para subir a meu aparlamento, lembrei que e redigir a matéria que me caiu do céu. do contra Getúlio, apesar da campanha contrária,
para o exercício da atividade parlamentar. E1n outras acompanhada das mais absurdas violentações ao princi-
·palavras: quem dignificaria o mandato refuga o apelo minha máquina estava .sem filme. Corri então para o "Já dei algumas entrevistas sobre o ateolado mas pio de justiça. A verdade é que Getúlio jamais teve paz
com abe'spinhada determinaç,io, como se repelisse em seu período de governo democrático. Precisou lutar
botequim da esquina e telefonei para relatar o ocorrido nunca mencionei o fato de que, depois dele, fui procu- contra desconfianças, como a que insinuava que preten-

a Pompeu de So117.a, diretor do Diario Carioca. Chegan- rado duas vezes por Getúlio Vargas, através do general

do ao jornal, Pompeu teve a acuidade de me mandar Caiado de Castro, chefe da Casa Militar. Soube mais

redigir a matéria utilizando a primeira pessoa do singu- tarde que ele queria ouvir o meu relato pessoal do

lar. Foi a primeira vez que isso aconteceu na impren~ oéorrido. Por infelicidade, nas duas ocasiões em que o dia instaurar uma república sindicalista no país. Mas
com o suicídio toda a campanha da oposição naufragou.
brasileira. Com essa reportagem na primeira pessoa, eu, general-tentou me localizar cu eslava no cinema, per- Foi o que podia haver de mais desconcertante para setis
inimigos. Só lamento não ter podido conhecer Vargas. n'.
então um repórter com apenas três anos de carreira, me dendo por isso a oportunidade preciosa de conhecer

tornei naturalmente testemunha do processo. Isso benec . cGm.eetúmliao.. Vem daí minha intolerâricia em relação ao
liciou a mim e ao jornal: como o inquérito tinha saidó
da polícia civil para a Aeronáutica, pude freqüentar á
"Também nunca contei a ninguêm um incidente • Entrevista a Hélio Sussoklnd'

· uma insd!êo6ia: os plcitcantes não resistem à mais pr1•va1•il·zaça~o de serVJ•ÇOS púbJiCOS · ·.·';·.

·~upcrlicial investigação, por vezes descartados pela
• " '"''''·., ,". ~...,,... .,
. exigência da tolha c~rrida.
::· o io :aê~flditóique vem por a1, no arr~s-
tao do voto, cont as exceçoes 'li<~" _~;,;~:··'Ss"<:,>'f..,Y· l .. .~i ~~~~s:ó~).;~•, ·,

f1P1Co~gt~s~~., d_? estilo,_é_a '!'istura _de ambi- 1 . A -infra-estrutura ~o~st~uíd~..cº~ enprmcs, S)lCri~---,. (J.W~~s le~~n!àd~ -,em_relaç~~~
0,çocs 1nun1c1pa1s- estimuladas ARTHUR CHAGAS DINIZ • • •• _

:t~i.~~,~'a saltar etap~s e a pousar na
.,,, r.:;·~~,;.p-;,~:;~.,,~:. .Íf ____:; ~exemplo-rcce~te, ~~ -prime1..is, pn11at12a~ S•~ó ~ .i;1~c~!i.'l~.o~.~• b,ra:1le1cq~ - .-~spccial~1el!!~,do;.m&1,:...;,,,,,~ ppv!ltizaçao,d~ ~r.v•~publrcost6áSicoSrdizem,resp_e;;.

;,'í•c•'t··c•"',·raa,.'l·,•e·!pf,'.·:'pi'l'~~ut..·•ü•:J.·.i,l's,a•·o'a'l.'•~·d,•:··'~~·a·.·e'•?···'·''.:•½·.·."'; Brasil. concentradas espeêialinentc no.setor s1f .pobres - esta cm estado de franca detenoraçao. .10 a chamada·funçao soetal dos mesmos: Alega-se que 'a

· t f. d 1' d d h d aª derúrgico, parecem não deixar qualquer margem de Diariamente, sofremos sobressaltos causados- por empresa privada não teria interesse em investir na é§.1 ,
du'\'t.da quanto a· maior eficiência relativa da gestão ameaças de blacko111 ou ,·nu'11·1 perda de v,·das causada pansão de detenninados serviços cm raÉzão da menor
°;:àpstsccansãeo ecroans·,isteesnteen, daegnrau pril'ada. Esse fato de al_"numa forma referenda a opinião. pela deplorável situação das estradas de rodagem. renEtabidliddade prospectiva da ampliação. óbvio que-se··
1 de boa parte dos brasileiros que acredita que a economia Por que não efetuar licitações para selecionar conces- o sta o eseja, por exemplo, que uma distribuidora de
:degrau - com aventureiros
r~·ique se lançamt,à caça, sem na-
!1"i,!,'~'~·\v"..:_-;f,,";~!·"~ll'·s''":"'-l'·.'·1•"'····1","'u«j"'eI·:c-'-.~.Jª.'~·v1~.~:~.;(,.•,.•;J,•.,.w_;;'•:r11,í de mercado pode funcionar. Basta o governo deixar. sionárias para essas atividades? energia elétrjca privada atenda a determinadas regiões
da a perder. ,I Fel·IZlllenlc, e ao contrário do que pensa a esquerda, o · A União não tem recursos par·a financiar despesas sdreaejçaãboasuixdboosidpseioardvdeioçr,od.iseEtocoedxmeivspteeramcoenvdsáetrasiacr,sidafooqrcumoenaostrpadtreoeçrdeoesodclovxepKrlô1'·ov•-
de capilal nem para manter sequer o estado atual da
tÉ longa e to,rtuosa a rota do pa1·s pode aprove,·tar as cxpcr1·e·ncias desenvolvidas com
sucesso cm outros países. O que se estranha é que, infra-estrutura exislenre. Quem, por exemplo, viaja
·1n·fortu' n1·0. Se as ofertas ao

eleitor estimulam o escapismo do voto em branco ou apesar do demonstrado sucesso de Usiminas, Cosipa; pela Rio-São Paulo, a rodovia de maior densidade de conflito. Uma delas está no preço da própria concessàj:Í

',0 )l.ingamento abafado pela anulação _ que lava a CSN, Acesíta e vãrias outras, o programa de privatiza• tráfego do pais, sabe exatamente do que estamos que será certamente mais baixo. Outra forma é o gover-
ção se desenvolve cm ritmo quelônico. As idas e vindas falando. Privatizar esses serviços não significaria uma
°'dd3n·1"":eiuns·si·mansao-1nr·I,a1uu1n01.'tcçzpiaa··aenodnu•o;tng1.'raoersdlaOdmaeesnbretuai·erra1·cmça•aomoreamnntaocs·inçpaa,ecrmrccedap·J'11bot·v1'nl·e1'tdt·a·san·sda·1e•, da privatização de uma companhia falida como o Lloyd no determinar que parcela do preço de Kw ele desejà
Brasileiro parecem demonstrar mais do que qualquer redução da atividade do Estado, a não ser em nível que aquela populaça·o pague. E, finalmente, se não quer
- Pois é o qúe está pintando dos percentuais de outra coisa qual é a disposiça'o p.olítica do governo semântico. Na verdade, como o Estado não está cxecu-
Itamar quanto à matéria. Ao invés de simplesmente tando essas funções, quando licila o serviço ele aumenta perder na valoração da concessão, o governo pode
vótos brancos .ê nulos das diversas pesquisas. Ou dos Ao ceofinctirêonlceiaeaaurmegeunltaaçpãooreqmuereOlaEçsãtoadàoaptiavsisdaadaefilsicciallaidzaar.
liquidar a empresa, vender os ativos realizáveis (velhos odhuoamobpe.itetexurreaacredJcmioirdoreandsetoenpsãueeomlrovai.gçssroeia.lumoArdessepmae1rxoit.vv1·,1ga'cd•edoanomdc.1e·oasMcomoecmsnom·crtroeoesmsqpiuoaoan·ironaqrddu,oaeqs,uetlaeêenmmé- ulilizar verbas orçamentárias para cobrir a diferença
eal.ls.o\,d".·S".1.Ccee'ntsfaidcdaoos,soàqbCur·eeâmareasdrpiasopndodosesimçDãoeppeduleata,n•doeogtsaaretteà.•"msaaacs·asnpedme·r1bgdluéanitoatass eacnxis·aoscvsuluimodsisaev)o,aoupémapmrgeeJana·UrtnoI·Zl·aeOsdr,edossípa•voamisdsiarilevsaeo1e1-p2limo3ddueaocinxsocasenr·ieruomqm,upeecrrueogojsoaodTsOoebess~x.oceeuxur·cvrisio·o--
legislativas. r1 última instância, se o concessionário privado oào cum- entre o preço de venda do Kw e opeqloueseduesec,ioansquume oà.
tentSees.sHe ácomnasnideierraasrmemaismrainciiomnaamisepnatreaafaszderifiisctuol.dades população carente venha a pagar
De qualquer fonna, a solução será mais ereficcoinenhteeciddoo•·
que o modelo atual em que o Estado é

ctma1'dmuaidtaoas'omesmadipsorepqsouarse·pipnuc·tb1ealr1'fqceaursiar. 1Q1e·dxuacadenesdsdiovoaosmsseeenrrvvtéi.i·ççoonsae·qvpuiredeasptardedósos,a

.:. Um pelos outros, a média oscila pelos 60%. Com que enfrentamos com saneamento, saúde pública e pre o conlraio, o Estado pode substiluí-lo. As conces- _por.empresas públicas, mesmo que o preço cobrado ao,

tendência a~ndéote de engrossar para 70%. Tro- segurança e compararmos a disp'Õsição do governo- sões operadas por empresas estalais não são fiscalizadas usuário seja subsidiado, a sociedade acaba pagando. Só.

cando cn, miiidos: o eleitor está avisando - e quem em resolvê-las, fica fácil constatar que a preocupação e, via de regra, não execulam adequadamcnle o serviço que de maneira injusta, porque todos pagam pelo cons4:·
que lhes cumpre. Éclaro que se o Estado não exercer de mo de uns poucos. Quando na•o cx1'stem excedente",
°eadptelsr0tncóisdoxaCelihmotaeanoprm~lsiCbreccéqnasm5~ra;.9'dg1..c.poroeorrsE,drsesedotteias,vdpeoarusetieiannxdrsieiotmxmitafuipnegidldçaoeãrr-o,aq,nlpueanegeroeaans_fnotãdOasoodsoqduOu.atdrleve,aro.teisctooarpi.bsrdeeeOe-r, com o funcionário publico é muito maior do que com orçamentários, a população acaba pagando sob forma,
O próprio público. maneira criteriosa as atividades de controle e regula- de corrosão da moeda. Na l'erdade, quase sempre os
ção, na verdade estará negando sua própria essência. serviços gratuilos são os mais caros. Os americanos, con?
t.1as, já que O governo se mostra tão sensível ao Mas, se o fizer de maneira adequada, a sociedade
modelo de privatização pela venda de empresas - o perceberá sua presença, não da maneira direta que seu extraordinário poder de sínlese, já cunharam uniá,.
tinha como operador, mas de forma indireta. Outra
que me parece o melhor, mas nem sempre possível expressão extremamente apropriada para explicar o fe-

-, que tal examinar a privatização pela concessão de

provavelmen·1e será renovado pela minoria do eleito- serviços vinculados diretamente à satisfação de ncccs· vanlagcm clara das concessões é que·elas podem ser nômeno: "There•s ; free /,mch."
sidades básicas, como saúde, educação, energia clétri· outorgadas a empresas estrangeiras sem que com isso
aràdo. ·E botá minoria nisso: apenas 30% 40% ca, transportes, água potável etc.? diminua o poder do Estado. 111

adn1item, a cbntragosto, torcendo o nariz, pingar a .
esn1ola do voto nos candidatos que suplica1n ajuda,
• Olrolor do Instituto Liberal e consultor do empresa;_

pelo a,nor de Deus. A poesi11 elll pleno pós-guena .-".,
·:.As coisas hão estão definidas e intenções de voto
po:dem mudar,;no balanço da campanl!a, com a ace-

leroç-ào massificadora do horário eleitoral. Pode ser, =T"'H,-:O"'!l.-:-1AZc-::-A-:-:-cLB::,O::cR:-:Nc:-0::-Z=-:cN:=E-:V::-ES.,--•-------- tia de uma importância capital que não nos preocupa- dirigindo-se ao microfone. Tomaram a palavra e le-·
va então advertir. A competência na orga1úzação do
afinal as máquipas partidárias ainda não se mobiliza- O IV Festival Internacional de Poesia de Me?ellín fcitival, por parte da equipe da revista de poesia o raro um discurso sobre a guerra e a poesia, saudando~
bem poderia ter sido realizado semanas após a Pio111e1eo, possibililou que nos despreocupássemos de
,,.,,,- ram e só agora, aquecem motores para a arrancada liberação de Paris ou em Praga, meses antes dos titio, que não fosse poesia. ao final os escritores que ali se encontravam. Retira.::.
tanques soviéticos. Pelas ruas desta cidade colombia-
nos dois meses decisivos. · na incrustada em um vale entre as montanhas, quase 1 ram-se rapidamente. Eram os jovens annados das•
se pode apalpar a alegria de um povo que se sente livre
' ·Mas sinceramente: quem acredita em partidos? A do terror dos atentados e da dura repressão imposta Exemplos de generosidade não cessaram de ocorrer "Milícias Populares", em deflagrada luta contra os:
pelo conflito entre a policia e os narcotraficantçs de dr parte a parte. Angela Garcia, poetà colombiana e
desmoralização! do Congresso é apenas um capitulo Pablo Escobar. A morte de Escobar, ocorrida meses q-editora do festival, agendou-me uma leitura na traficantes e a polícia. Causaram grande in1pressào.
atrás, desencadeou uma reação de euforia que atingiu Eblioteca Nacional, em Bogotá, onde pennaneci de•
da novela da re~ulsa â atividade política, repelida por seu cume no encontro dos mais de 50 poetas vindos de Jliis do encerramento do evento de Medellío, três dias, Mostraram-nos que ainda há focos de, batalhas no,
quatro continentes. Durante a primeira semana de
~5% que se d~laram sem simpatia por qualquer junho, lemos nossos poemas cm teatros, praças públi- orno convidado. Os jovens organizadores da revista pós-guerra de Medellín e que esse conflilo é travado- e
cas, uni1oersidades, favelas, no aeroparque, no plane- Urica lá me receberam e reileraram o convite para um
legenda. fNuraadaa~:•r.tauprrao,poagfiaanpdoadeeleeistpoeraralndçeasapgeartrarraá-soe tário, no jardim botânico e até mesmo embaixo de também no terreno da palavra. A leilura de encerr-d;: ·
na bóia uma ponte. Eu fui testemunha da fidelidade de om ovo encontro de poetas que se realizará em setem-
público que permanecia ao vento e na chuva para ~o. na capital colombiana. Escrevo estas impressões mento do festival ocorreu em um parque similar ao da'
~l~itor modorrçnto, sacudindo a apatia e convocan- escutar a leitura dos poemas. Aplaudiam, ovaciona- e viagem já distanciado de meu retomo, n1as tendo
vam a p,!lavra. No olhar desses homens e mulheres me aais claro que tamanha sinlonia tem por razio princi• Catacumba, na Lagoa. Mais de 1.500 pessoas compu;:
dq-o ao cu.mprimento do dever do voto. deparei com algo que sequer na adolescência ousara jil.a relação que o povo estabelece com a poesia-e
cogitar. uma platéiacapaz de trazer ao tempo presente om os poetas. nham a assislência de um híbrido entre culto religioso':
•~-Como devid6 n.'SPl,'ito às aflições cívicas dos candída- a leitura do poema, essa leitura desde se!l)pre projeta-
da a wn futuro póstumo e a um leitorabstrato. Tenho Uma das leituras que ftzemos teve lugar em um e concerto de rock. Pedidos de bis e palmas antecipa-
tos:de.bola muiclui, convém ponderar que o modelo de consciência de que não falo em nome próprio. Qual• ,airro popular da cidade, tido como zona de difícil
quer dos poetas presentes no festival endossaria o que cesso á polícía e área de pouca segurança. A delega- das revelavam o reconhecimento não só dos poetas,~
propaganda eleitoral ,irou maldição para o horário re- digo. A confraternização foi de tal forma espontânea ão subiu a/al'ela em um Qnibus pintado com listras
· que o lugar-comum tomava ares de exceção. Pouco·sc 11Darelas e verdes e ilumin_ado (era noile) com luzes mas também, pasmem, dos poemas. E aqui cabe uma,
servado :ios pretendentes a mandatos parlamentares. otemas vennelhas. Embalados ao so1n de rumbas e
JUzinas, chegamos à sede social de uma associação \Je ressalva. Os versos curtos.não ficavam a dever em ,
cpm,apelos à qi~tividade. os produtores profissionais norddores; onde havia sido pintado um mural de
ioas-vindas aos poetas. Logo após a leitura, enquanto nada âs peças declan1atórias tradicionais. A concen..:'
estão reali?,Bndo a;iilagres na montagem dos progrrunas :eleb_rávamos·o encontro cóm aguardente e frutas
tração que unia o PºC!ª ao ouvinte era tão inJensa que:
m~\'llllCOtados, v\vos, raz.oavelmente atrativos, nos horá- poemas de contençao verbal comunicavam tanto ,

riôs_<pya presiden!~ e governadores dos estados. Mas não quanlo os que privilegiavam a oralidade. De resto,!

1eIIA·sálvação possível para o desfile intragável de ilustres mais que a emoção de intercambiar com poetas de~

oesconhecidos e conhecidos não tão ilustres, que todo .o mundo, um evento desse tipo dá-nos a certeza:,

passam. como bonecos animados, nos segundos que de que quanto maior for a violência mais necessária se

abiscoitaram no ra\eio do tempo faturado pelo partido. toma a poesia. O povo colombiano o afinna desdé:

~:-·A provação do Congresso não se esgotou. Parece que uma cidade que foi durante anos a capital internacio--"

antes:está escrito que terá de purgar todos os seus erros e na! do narcotráfico. Hoje. Medellín é, sem sombra de·' .

~d~ de mérccer a graça da salvação. Amém. dúvida, a capital da poesia. E nós?· '·

·,donnia. Cada encontro, por banal que fosse, se re1-es-
~)
.-º R<lpOrtor po1ftlco do JORNAL 00 BRASIL repicais, chegaram ao salão doisjovens encapuzados,'' • Poeta, ~ membro do Conselho Editorial d~ revista Poesia Sempr~:
1 ,.
.

. . '.~ · - - - - - - - - - -- ..- - - .. . .....,...._ _,_. _ _ ...._ __ _ _ ..._ _ . . . , . ~ - - - - · ~ • - " ' - . . , . . . . - - " .......,__._...,... _ . , . _ _ _ _ _ _. . __ _,.. _ _,• .,,,...... , _ .. _ ... ---✓"""' ~.,>



1

-------------------------------.,------------------------. !
12 • SC~IJ •ÍCÍra, 5/11,94 CIDADE lJORNAL DO OR,\~!k:

1

"Chega ele 111a11ifestação tle rua. A hora é "Estan1os propondo 11111 trabalho incisivo, l

de trabalhar na rua". 111as .s·e111 terror''. 1

Rubem Céaar Fernandes, presidente do Movimento !
Viva Rio Rubem César Fernandez, sobre o projeto piloto de 1

t1.•v1. 0 e" nc1. a fiscalização da policia 1
'
.. /
. 1
•• e
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CIVI
.:. r

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ano IDI .I t a t~. (

l
f'
1
■ Viva Rio discute na segunda-feira participação conjunta da sociedade e das Forças Annadas no combate à violência na cida_~e=:
)

MARCl;LO AH~1ED já foram exaustivamente debatidos, zcs para pequenas causas e s~rv1ços .. 1

Uma gigantesca operação, en• faltando apenas aprofundar dcta• de documentação e saúde). E uma • ;:• 1
\'oh·cndo todos os órgãos de segu- lhes com o Exército, l\1arinha e tentativa de substituir as atuais in- '" r
rança do pais. está sendo planejada
Aeronáutica, na reunião da próxi- vasões, que se revelam ineficazes. "; :'. '.'.: ;
para acabar com \iolência no Rio. ...-,. ~.,..
Chama<la informalmente de União ma semana. Outra novidade - que une a
Nesse encontro, será elaborado pJl,f, a Guarda Municipal e a pró-
das for cas do Rio. o plano será co- .. • • 1:-'
um plano detalhado. na esfera fede- pria sociedade civil - é o policia- ::-:-: ~- i
locado prática cm brel'e. em caráter AI·
ra!, visando o controle ostensivo mcnto comunitário em áreas de la- ...... ...,,_ 1. ...... .., '
cmcrgcncial. com a p:1rticipação da das fronteiras pelas Forças Arma- zcr e turísticas: serão recrutados !~:~-• .~ Y. ,7.í,•= ...... "'-

comunidade no policiamento das das, com o apoio da Policia Fede- voluntários que, além de fiscalizar -•u p ,

ruas. O plano. proposto pelo Viva ral. O alegado déficit de pessoal O trabalho de PMs do Spat (Serviço .,,t.'.~ 'f ~~ : ' :~ ... :
(200 homens) e de orçamento (RS de Proteção e Atendimento ao Tu- i1~1,xliiw 1~1 .·: ~-_: .:~~ -:?.t::..:·· '.
Rio - mo\·imcnto que reúne repre-
sentantes da sociedade para buscar 400 mil), apresentado pela Policia rista), participarão com sugestões e 1r1íitI ..
soll!ÇIX"S contra o problema da vio- ......, t ~} ·{~<~~-~ t,:_;:;, 'J~- .1.f{/
lência - ganhou for~-a após a reu- Federal, seria resolvido, em parte, levando aos policiais às solicitações ,,•,--:.-. ." ;•... • , t
nião de anteontem de seus inte• pela oferta dos hotéis e restaurantes -' . .... •,. ;..:
grantes com o presidente da Repú- de moradia e comida para agentes da comunidade. -
deslocados de Brasília. A 11-tarinha
blica. Itamar Franco. O presidente O resumo destas propostas faz 1-------------------------- . . ............:. ,.
determinou que o ministro da Justi-
ça e os comandantes do Exército. será mobilizada para agir contra O parte do documento entregue an- ' , .,.,
contrabando de armas e drogas por teontem ao presidente Itamar aeroportos da capital e do interior'serão i .-·· ~..
!\larinha e Aeronáutica estejam FEDERAL
via marítima: a Aeronáutica, fará O Franco, que decidiu destacar o mi- fiscalizados pela Aeronáutica e o trabalhp cm,ter~:i. .
pr=ntcs na reunião do próximo mesmo nos aeroportos e O Exército, nistro Alexandre Dupeyrat e os co-
dia 11. com representantes do Viva em barreiras nos principais acessos mandantes militares para acompa- OViva Rio sugere maior controle do contrabando ficará por conta do Exército. que vigiará a Via ...... ;
da cidade. nhar de perto o problema da vio- de armas e drogas nas fronteiras do país. A
Rio. do governo e da prefeitura. .Outra a BR 101 e estradas vicinais. Os ho. téis. se - -~, ~: 1
para discutir a formas efetivas de Fa,·elas - o governo do esta- lenda no Rio. operação pode ser feita tanto pela Policia Federal
ação. prontificaram a receber o contingente necessário ·

"Chega de manifestação de rua. quanto pelas forças ;1rmadas. En1 Angra dos Reis e para a operação. A PF precisaria de 200 homens e~~ -:

A hora agora é de trabalhar na do ficará responsável pelo policia- "l\1edidas emergenciais não bas- Campos, o controle seria feito pela J\.larinha. Os USS 400 mil para fiscalizar o contrabando. r ' : •. '.'...
rua··. resume Rubem César Fer- '
nandes. do Viva Rio. A idéia ccn• mento nas favelas: num primeiro tam para solucionar os problemas
trai do movimento é promover a
momento, algumas delas serão ocu- de fundo; mas a sua adoção com • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • .• • • • • • • • • • .. ! !
articulação dos diversos órgãos que
hoje atuan1 cm total desarmonia. padas, o que se ampliará a todas as · energia é indispensável para estan-
Entretanto, vários pontos do plano
outras no próximo governo. Com o car a crise e sinalizar que o Rio

tempo, a a presença ostensiva da uniu forças para enfrentar o crime

policia dará lugar a um policiamen- que ameaça a vida de todos e de ·•...

to comunitário. constante e regular, cada um. além de comprometer o ~1; •.

unindo a Secretaria de Justiça, Pl\,1, presente e o futuro da cidade que é -~~~i ,

Polícia Civil e centros de defesa da a marca internacional do Brasil", "

cidadania (defensoria pública, jui- diz a carta entregue a Itamar.

Evandro Teixeira/30.4.94
...r;./·:....ic-::,/'
1 -}. " ;:: ;,.. .:.; ,., .
":". ,:,,,·,._._.
. ~

.t1'<t9-.'~ .,' ,..
.
,. .<;·. __ ,__

J

ESTADUAL/MUNICIPAL · pdo,Serviço de Proteção e Atendimento ao Turista\· ":

pela Guarda Municipal e.por seguram,.as : ;; ::

Uma das medidas sugeridas pelo documento é o particulares dos principais hotéis da cidade. Na ... " r-~•
reforço do policiamento nas regiões de lazer da
próxima quinta-feira, esses órgãos se reunirão na~? · ~;

cidade como o Aterro do Flamengo, a Floresta da Igreja de Nossa Senhora de Copacabana para ~:·,
Tijuca e o Corcovado. O trabalho deve ser feito
discutir como será feita a operação de
policiamento.

.

- BSTAD tJAE - --································································································································•:•·········
~

APl\,f e a policia Çivil farão Ul}.l~· ~;;

sistema de policiaij,enlo . "; ;;~

comunitário. Nas.favelas, ainda . ;~

haverá a aç.'io conjun.ia dos .:.:: ,:i

centros de defesa ~a eídadaniai ... ,;,.
com defensoria pública,juizado ~ ~

de pequenas éaus~s; e serviços:•·:.;:•.

....de saúde. O trabalho será ::"::":.: , ''
..:
executado, a princípio, em ,,

,___

poucas favelas, e depois será -u• •ti

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'-==============:'::'.~===~~~~=---,:cs:'.::te:'.n.'.::d'.'.:id:'.::o'..:a:'...t'.:'.o:'.'.d'.'.:as'.:·:e::la'.'.:'.s:.._ _.:_;,:::~~j:~·

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Primeiro passo se1'"á Copacabana ~~iw$::~~~f~:vw,:,.,,<,~'w~-;.w:.m;;;•.·,«.;..~»~~-.'.~%-:%.<~¾~~t~~=1"«,;;~,~=~·~.~-.,.m~»~w~..z:~,;-::,,:x;:;•:)m~~,~,~,~~t~~,,:;,,x,.~,:~. ~-~~ . . . w.. . , , • . . •. . , . . •. 'i '-

O primeiro esquema de policia- "Estamos propondo um traba- quinta;feira, ás 19h, na Igreja Nos- ...., 140 ·············..··y·················~·······•··••······:······•·••··~······:·················:················..:·················r·..·············';"···········..· ·············': · }: .!.)
niento comunitário no Rio será im- lho incisivo mas sem terror", resu- sa Senhora de Copacabana, na rua
plantado em Copacabana. O anún- miu Rubcm César que e~ra en- Hilário de Gouveia. -~
cio foi feito ontem pelo presidente contrar voluntários através das as-
do mo\;mento Viva Rio. Rubcm sociações de n1oradores, igrejas, es- A experiência começa cm Copa- 100 !. .. . ... . .,.... .. . . ;. . .. ~:!,~.. ....
Ci:sar Fernandes. e pelo prefeito colas e outras entidades civis. Os cabana e deverá ser estendida aos í
Ccsar r.laia. Segundo Rubcm Cé- policiais, por sua vez, farão rondas demais bairros. Copacabana foi es- ....... ' . '~ ..
sar. o policiamento comunitário e terão que assinar o ponto nos colhida pela quantidade de crimes \i ; · ~ ❖~- ,
contar,1 com 150 policiais militares lugares em que passarem: bares, . .. ~z~· ...... :..' ~r ~
do Sp:11 (Serviço de Proteção e ali cometidos e que colocam o bair- «~,,. ~ ~ ,......;------..~• i'~~i:ic::••..
Atendimento ao Turista) e de agen- hot.:is, restaurantes e casas comer- ,
tes da Guarda 1\1unicipal. A novi- ro em segundo lugar no ranking da
dade é a participação de \'Oluntá- c1a1s. violência na cidade - só superado 60 l /cf·w.no · $ ~~....
rios que atuarão junto a esses agen- por Botafogo - segundo pesquisa
tes: "Eles trabalharão como fiscais O esquenta de segurança já foi realizada recentemente pelo Hospi- •~i"
dos policiais e. al~m de sugerir tal Miguel Couto. Arrastões, balas l • ·1. k.'.....
ações. scr.io o do com a cmnunida- discutido com o secretário da Pl\1, perdidas, roubo de carros e assaltos il.i:,--rli.tr=o-•:·-:---·,,, .:-,í,
dc. pois ouYir.io suas queixas··. ex- ~hf•nf•-. ....
plicou Rubem César, ressaltando coronel Carlos l\tagno Nazareth assustam hfa vários anos os I70 mil 1
que os voluntários não far;io traba-
Cerqueira, com o comandante do moradores' do lugar. Nas últimas é/dente, em I-
lho de policia. duas semanas a guerra entre trafi.
Spat, major Fontt-s, e com o geren- cantes nos morros do Pavào'e Pa- • o,,,.
vàozinho, Tabajaras e Cabritos dei-
te de planejamento da Guarda l\1u- xou como saldo o pânico na popu- . ~- r~-,
nicipal. Marcos de Barros. A dis- lação e inúmeras balas perdidls. ,•

cussão com os moradores j:1 está
'
marcada: vai acontecer na próxim.a
-:,
i ,....,.......;.,.,.;..-..,~....... j

t.

r 1

Viva Rio apresenta suas armas; Estatísticas de NUo não são reai;s ~:~;~~;

A divulgação do documento O tam, por exemplo, ·7.860 homicí- ses casos são hoticídios, é po~;!~;~:,
Rio llnido co111ra a 1•iolê11cia, no
■ Apoio de Itamar O Globo. Juntos, convocaram Hoje, quase um ano dcp1is encontro de anteontem dos repre- dios praticados e1n 1.990, mas o vel const!l\ªr qpe pelo me!Jj,f~;1
representantes de diversos seg- da chacina de Vigário Geral,o sentantes do movimento Viva Rio
é f.este.jado.c,om. o a mentos da sociedade - da CUT movimento comemora sua ri- com o presidente Itamar Franco professor José Noronha, diretor 5.760 pessoas foram mor~as .por;::
ã Federação das Indústrias - e meira grande conquista: despr- irritou o governador Nilo Batista. do Instituto de Medicina Social ações criminosas: Pelos cálculos~."
pnmerra vitona puseram mãos à obra. tou a atenção e o intéresse lo Embora o documento não cite
números- refere-se a uma ·'esca- ~ri~J¾~(ltvlS) da Uerj, garante que o _nú- do lt.-lS e do N~clco de Esiud~~
O massacre de 21 moradores Além de traçar uma estraté- presidente da República Itamr lada vertiginosa da violência.. - , mero ultrapassa os 10 mil. Sobre Violêndia T ligado ao
da favela de Vigário Ge- gia para combater a violência, a Nilo pediu ontem a ltan1ar a for-
ral, na madrugada de 30 de idéia é, principalmente, resgatar Franêo para o problema da vi,. mação de unia auditoria nas esta- "Nunca fiz estudo comparati- tituto Superior de Estudos da.Re..:=::
agosto de 1993 não serviu ape- o sentimento de paz entre os tísticas oficiais sobre a criminali- vo entre os dois dados, mas sei ligião - é fácil perceber a cvo1ii:··"1 •
nas para estampar mais uma vez cidadãos. Cooperação tomou-se lência no Rio. Ao fim do enco- dade no estado para provar que que esse número pode chegar até çào do quadro da violência. ...w\-::tí 1
o Rio de Janeiro no noticiário a palavra-chave do mo~imento. não há um aumento do número
internacional. Foi a gota d'ãgua Chegou-se à conclusão de que a tro com os representantes do ~- de crimes. 12 1nil mortes. Nossas estatísticas es--:Isso. porém, não significa que 11
que falta\-a para a sociedade ci- crise só seria solucionada atra- va Rio, Itamar determinou a ,. não são recentes - o 1ninistério o estágio da criniinalidade no ;11 l
vil canalizar sua indignação con- \'<!S da união entre a sociedadee De fato, os números oficiais só tem números computados até tado não seja ~ramátieo,' at~ por-
tra a ,iolência e assumir uma o poder público. Dentro deste sita ao Rio do ministro da Jus·- mostràm uma estabilidade no
postura mais efetiva na busca de espirito. aconteceu a primeira ça, Alexandre Dupcyrat, para : quadro atual. mas oferecem uma 1990 -, mas completas e confiá- que os nún1"ros que apontam ::1j ,
soluções. Assim surgiu o Vira manifestação do Vil'a Rio: cm 17 vis.lo míope do problema no Rio. \'CÍS. Já os números rl-gistrados uma estabilidacle nos casos de ho-
Rio, capitaneado, no início pelos de dezembro, a cidade vestiu-se reunir com os comandantes d; Estatísticas de ·outros órgãos co- n1icidios continuam a ser subnotí- :1
principais jornais do estado - três Forças Armadas e do gov~ mo o tvlinisiério da Saúde i-c,•c- cm cada ll\1L do estado deixa1n
JORNAL DO BRASIL, O Dia e de branco e parou por dois mi- lam números preocupantes. Os
no estadual. Neste encontro, i d,1dçs do governo estadual apon- de notificar metade dos óbitos co- ficados nos registros do I~1 L. ,i
.·' autos. Viva Rio apresenta suas arma'
mo homicídio, colocando-os tia ..Dizer quc o número é maior ou •1
um conjunto de medidas e pri .,
vidências no sent.ido de restai; , •• categoria ouiras 1·iolê11cias", diz. níenor nà~ ajuda o con1bate à :;

lecer a paz na cidade. En\ 1989. só na região metro- violência. E o mesmo que dizer ,:

... politana foram notificados 2.889 que a febre de 38.5 2raus é melhor ,!

\ homicídios. Outros-'5.743 óbitos que a de 39", diz luiz Eduardo , i
entrar.1m na categoria outras rio• Soares. coordenador do Núcleo :,

1$11,·ias. Como cerca de 50~1o dcs- ., de Estudos s~bre Violcncia. -...:::-J



~

Pasta NºOO~•A.,½~i4 .,

HISTORIA

Dez anos depois, Figueiredo

diz que o Riocent1"0 foi coisa do CIE e Maximiano

acha o 1PM de Job uma palhaçada
''Dizem que foi o SNI, mas o Riocen-
tro foi coisa do CIE", diz o ex- relacionrunento chamado "amizade colorida", mas o Bràsil estava
nwna encruzilhada. Leonel Brizola era presidente do PDT, e quem

presidente João Figueiredo, sentado dissesse que ele venceria a eleição para goven1ador do Rio de

nun1 banco de praia em São Conrado, num belo Janeiro no ano seguinte er.i ridicularizado. Fernando CoUor era

domingo de sol carioca. "O inquérito que apurou prefeito nomeado de Maceió, estava no PDS e em seu peito

a explosão da bomba no Riocentro foi wna pulsava um coração malufista. A encruzilhada era política e dizia

palhaçada", infonna o almirante Maximiano da respeito à "abertura" conduzida por Figueiredo, que ameaçara

Fonseca, o único dos três ministros militares de Figueiredo ainda prender e arrebentar quem fosse contra ela. E havia gente agindo

vivo. Dez anos atrás, na noite de quinta-teira 30 de abril de 1981, contra a abertura. A Lei da Anistia havia sido promulgada em

wna bo1nba explodiu dentro de um automóvel Puma no e~taciona- 1979, concedendo perdão a terroristas de esquerda e de direita até 1- .

mento do Riocentro, onde se realizava wn show de comemoràção aquela data. Mas o terroris1no continuava.

do 12 de Maio. A bomba matou o sargento Guilhenne Pereira do Da Anistia ao Riocentro forrun feitos doze alentados (sete com

Rosário e feriu gravemente o capitão Wilson Luiz Chaves bombas ~.cinco incêndios) contra bru1cas de revistac; que vendiam

Machado, ambos lotados no Destacamento de Operações de jornais "alternativos", fazendo co,n que a imprensa de esquerda

lnfonnações, 001. Embora os D01-Codi tenhan1 levado a faina, o praticamente desapru-ecesse. Em agosto de 1980, wna bomba postal

Centro de Infonnações do Exército, CIE, foi a grande central de matou a secretária Lydia Monteiro da Silva na sede da OAB no

repressão política nos anos 70. Dirigido pelo gabinete do ministro Rio e uma outra arrancou um braço do assessor parlrunentar José

do Exército, o CIE era o clube onde se reuniam as famílias da Ribamar de Freiras na Câmara Municipal carioca Esses atentados

1náfia. Já os D01-Codi eran1 apenas os ca-,sinos onde os gângste- tinham origem nos corredores dos órgãos de informação das Força<;

res se divertiam. Annadas, na escwnalha que queria barrar a abertura Dois dias

Em rnaio de 1981, Xuxa ainda posava nua, estava em moda um depois dos alentados à OAB e à Câmara do R.io, Figueiredo falou

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sal'gento Rosário no Puma: o 1PM diz que tudo começou porque o capitão estava com muita vontade••.

60 VEJA, 19 DE MAIO, 1991.



HISTÓRIA

Dez anos depois, Figueiredo

diz que o Riocent,,.o foi coisa do CJE e Maximiano

acha o 1PM de Job uma palhaçada
' ' D izern que foi o SNI, 1nas o Riocen-
relaciona1nento chamado "amizade colorida", 1nas o Brasil estava

tro foi coisa do CIE", diz o ex- numa encruzilhada. Leonel Brizola er.i presidente do PDT, e quen1

presidente João Figueiredo, sentado dissesse que ele venceria a eleição para goven,ador do füo de

nurn banco de pr.úa en1 São Conrado, nun1 belo Janeiro no ano segtünte er.1 ridicularizado. Fernando Collor era

don1ingo de sol carioca. "O inquérito que apurou prefeito nosneado de Maceió, estava no PDS e em seu peito

a explosão da bo111ba no Riocennu foi uma pulsava um cordção 1nalufis1a. A encruzilhada era poütica e dizia

palhaçada", infonna o ahnirante Maximiano da respeito 11 "abertura" conduzida por Figueiredo, que ameaçara

Fonseca, o único dos três nünistros rnilitares de Figueiredo ainda prender e arrebentar quen1 fosse contra ela. E havia gente agindo

vivo. Dez anos atrJs. na noite ele qujnta-tcira 30 de abril de 198 l, contra a abertura. A Lei da Anistia havia sido promulgada em

u1na bo1nba explodiu dentro de tun auton1óvel Pun1a no estaciona- 1979, concedendo perdão a terroristas de esquerda e de direita até

n1cnto do Riocentro, onde se realizava un1 show de cosne,nor.ição aquela data. Mas o terrorismo continuava.

do 1!i de Maio. 1\ bornba n1atou o sargento Guilhenne Pereir.i do Da Anistia ao Riocentro foram feitos doze atentados (sete co1n

Rosário e lcriu gravc,ncnte o capitão Wilson Luiz Chaves bon1bas e cinco incêndios) contra bancas de revistas que vendiam

Machado, :unbos lotados no Dcstacasnento de Operações de jon1ais "alternativos'', là7..endo com que a imprensa de esquerda

Infonnaçõcs. D01. En1bora os D01-Codi tenham levado a fan1a. o praticamente desaparecesse. E1n agosto de 1980, uma bomba postal

Cenuu de lnfonnaçõcs do Exército. CIE. foi a 1mu1de central de matou a secretária Lydia Monteiro da Silva na sede da OAB no l
-~ Rio e u1na outra arrancou um braço do assessor parlamentar José

repressão política nos anos 70. Dirigido pelo gabinete do n1inistro

do Exército, o CIE cn1 o clube onde se reunian1 as farnílias da Ribarnar de Freitas na 01n1ara Municipal carioca. Esses atentados

snáfia. J:í os D01-Codi er,un apenas os Ctl<;Sinos onde os gângste- tinhrun origem nos corredores dos órgãos de infollllação das Forças

rcs se diverti:un. An11ada.,:;, na escumalha que queria banar a abertura. Dois dias

Esn n1aio de 1981. Xuxa ainda posava nua. estava ern ,noda un1 depois dos atentados à OAB e à Câmara do füo, Figueiredo falou

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O sargento Rosário no Puma: o 1PM diz que tudo começou porque o capitão estava com muita vontade•••

60 VEJA, J!! DE MAIO, 1991

••

grosso, conclamando os facínoras a desviare1n "suas mãos crimino- apenas unia frase i11jormando que cluas bombas explodiram

sas sobre minha pessoa". Na véspera do 1!l de Maio, as mãos do durante o espetáculo. Os agentes do DO/ não tiveram a c11riosi<la-

terrorismo se voltaram contra Figueiredo. Fora o sargento Rosário, de de investigar as bon1bas.

ninguém se estrepou mais com a bo1nba do Puma que Figueiredo. ■ Em sua aparatosa e.,pla11ação sobre a conclusão do 1PM, o

Na impunidade do Riocentro, o governo Figueiredo perdeu sua coronel .lob on1itiu do JJaís por que o capitão Machado saiu do

espinha dorsal e se estiolou até o runargo fim, en1 1985. Puma no estacionamento do Riocentro. O motivo consta no

Em mais de dois meses, VEJA revirou do avesso o caso inquérito: o capitão queria fazer xixi,. levou de "cinco a quinze
füocentro. Foram ouvidas 46 pessoas, entre elas dezessete milita- n1inutos" para aliviar sua be.xiga. · E a uriru,da mais longa da

res, no Rio de Janeiro, em Brasília e e,n São Paulo. Desse trabalho llistória da Hurnanidade, já que as pessoas norn1ais gastan, em

sobressaem os seguintes pontos: n1édia trinta segundos.

■ O sargento Rosário ji>i enterrado com honras n1ilitares, e o

■ Ni11guén1 ouvido acretlita na "palhaçada" do 1PM. Entre todos general Gentil Marcondes Filho, comandante cio I Exército,

os entrevistados, só o coronel Job, o responsável pelo inquérito, diz justificou dizendo que ele fora vítima de um atentado. Hoje, até os

que "está tudo nele". ossos do sargento foran1 esquecidos pelo Exército, que deixou de

■ Toe/os apontam para asfileiras do Exército quando se refere,n à pagar o aluguel da cova. Seus ossos, abandonados nun, depósito,

autoria do atentado. A FAB e a Marinha não estiveran1 enl'olvidas. irian, no n1ês passado para o ossário geral de indigentes do

Foi gente do Exército que colocou a bo,nba 110 colo do sargento. cemitério de /rajá, não fosse un1 alerta da repórter Teln1a

■ O primeiro encarregado do 1PM, coronel luiz Antânio do Alvarenga, de VEJA, acerca de sua origem. O encarregado do

Praclo Ribeiro.foi pressionado a n1ais não poder para n1ontar 11n1 cen1itério de /rajá os colocou então nu,na gaveta.

inquérito que inocentasse o capitão e o sargento. Ficou sô quinze A montanha de falsidades do Riocentro ganhou contornos mais

dias no cargo. nítidos passados dez anos. A bomba e o IPM est1o entrando parc1 a

■ Pela primeira vez en1 dez anos, pôde-se ter acesso à integra cio Hístória do Bra<;il nun1a prateleira inglória. Aquela em que estão as

inquérito. São 800 páginas, e,n quatro volt/fnes, que visan1 carta'> falsas, atribuídas a Arthur Bernardes em 1921, em que o

unicaniente a acobertar os auto- candidato à Presidência atacava

res do ato terrorista, 1111nUJ in1- próceres ruL5 Força<; Annadas. A

pressiona11te seqüência de falsi- pratcleir<1 em que está o Plano

dades que desafian1 a lógica. • Cohen de 1937, o documento da

■ Quen1 deu a orde,n para que Internacional Comunista orien-

111110 equipe cio DO/ fosse ao tando seus agentes no Brasil.

sho»• foi o coronel leo Fretleri- Com base no Plano Cohen, Ge-

l co Cinelli. túlio Vargas decretou o estado
■ O rela1ório dos agentes do
de sítio e pavirnentou o caminho

DO/ que estiveran·1110 Riotentro 3;; para o golpe do Esiado Novo.
é pior que a pior das resenhas Quem escreveu o Plano Cohen

de in1pre11sa sobre uni sho»1• ~ não foi Moscou, e sim o então
Tem 111110 laucla escrita a 111ão e
V

::: capitão Olímpio Mourão Filho.



'

Tudo falso



,.... '.,,.,. .

O sargento do D01 Gui-

lhenne Pei:ejra do Rosário,

qu~ usava o n~me•falso de

A ossada do sargento hoje: abandonada entre os indigentes agente Wagner, morreu no

Riocentro depois que wna

bomba explodiu no Puma do

capitão Wilson Machado,

gue ·tinha a chapa fria ar-

0091. O enterro do sargento

Rosário com honras militares

era falso: a cova era alugada,

o Exército parou de fazer o

~n_to e seus ossos,

abaóddnad0$ num depósitQ,
por pouco pão foram envia-

dos P@J'a o ossário geral dos

inqigentes. O IP-M diz que o

atêneldo foi CQmetido pela

WR, qµe ha\>'ia -& ~ de

ii existir dez anos antes. Uma
élécãi:la depois do atentado, o

ª.. iRiooentro e o 1PM aparecem
como uma farsa semelhante
...de fr, ap banheiro · ~.;-enterro dp sargento em 1981: hqnr~ mi&tàr,u ao Plano~ de 1937.

VEJA, JQDE MAIO. 1991 61

...

...

Co,,.onéis, generais e um juiz se
associam numa das maiores falsificações

do passado político do país

POR EXPEDITO FILHO

D omingo de sol, dia sargento Guilherme Pereira do Rosário, de um Puma de cor metálico-escura, l
17 de março, Praia ambos do DOI-Codi, foram vítitnas de um
de São Conrado, atentado a bomba no estacionamento do dirigido pelo capitão Wilson Machado, ~
Rio de Janeiro. O fotógra- Riocentro preparado pela Vanguarda Popu- de 33 anos, que tinha ao lado o sargento
lar Revolucionária, a VPR. Seria esse o Guilherme Rosário. O capitão, com o 1
fo Orlando Brito, a.rnigo único atentado da YPR, extinta quase dez importante cargo de chefia da seção de
pessoal de João Figueire- anos antes, no qual um 1PM não chegou a Operações do DOI-Codi do Rio, viu-se
do, conversa com o ex- non1inar os autores. "O 1PM do Riocentro atirado sem sapato para fora do carro,
presidente num banco na calçada. Cheguei, foi uma palhaçada", diz o ex-ministro da segurando víceras que lhe saía1n da barri-
fui apresentado por Brito a Figueiredo co1no Marinha de Figueiredo, Maximiano da Fon- ga. No Puma, o sargento estava morto,
wn amigo e entrei na conversa. Falou-se seca. O que houve no Riocentro na noite de com o ventre e a genitália dilacerados.
sobre Samey, Collor e o governo de Figuei- 30 de abril de 1981, uma quinta-feira? Um dedo do sargento, arrancado pela
explosão, foi parar no capô de um auto-
redo. O papo desembocou no Riocentro. A cena do crime móvel, estacionado a mais de uma dezena
Figueiredo falou: "Dizen1 que foi o SN1,
mas o Riocentro foi coisa do CIE. Foi coisa Buuumm! Passava um pouco das 9 de metros do Puma.
de sargento, tenentínho, no m{iximo capi- "Ouvi um barulho e vi uma fumacinha
tão". O ex-presidente prosseguiu, argumen- horas da noite da véspera do 1º de Maio
tando por que não foi atnú; dos n1ilitares do no lado oposto ao que estávainos", lem-
Cenll'O de lnfonnações do Exército que de dez anos atrás e Elba Ramalho estava bra Andrea Neves, neta de Tancredo
teriam annado o atentado. "O caso do cantando para cerca de 20 000 pessoas no Neves, que estava chegando ao Riocentro
Riocentro tinha de ser resolvido pela Justiça, palco do Riocentro, um centro de con- cotn o seu namorado na ocasião, Sérgio
pois os poderes são independentes. Eu não venções em Jacarepaguá, no Rio. O do Yalle. Andrea não teve curiosidade de
podia presidir o 1PM do Riocen1ro." Figuei- show, comemorando o Dia do Trabalho, ver o que originara a explosão, andou
havia sido organizado pelo Centro Brasil com o namorado até o corredor. que leva
redo acha que o Riocentro não foi coisa de Democrático, entidade dirigida pelo Par-
jardineiros. encanadores ou terroristas de tido Comunista Brasileiro, então na ilega- à entrada do pavilhão. Ali , encontraram o
esquerda. Foi coisa de 1nilitares. . · lidade. A explosão não foi ouvida no homem ferido, segurando as entranhas.
auditório. No estacionan1ento do Riocen- "Ele estava pedindo para um motorista de
O 1PM do Riocentro. conduzido pelo tro. o buuu1nm! havia estourado dentro táxi levá-lo ao hospital, mas o taxista se
então coronel Job Lorena de Sant'Anna, recusou", diz a neta de Tancredo. Ela
concluiu que o capitão Wilson Machado e o também lembra que o capitão Machado

O personagem Job da Bíblia era muito paciente. O então

coronel Job Lorena de Sant'Anna não teve paciência para

ganhar a patente de general, mas foi muito paciente para

confeccionar e engolir a baleia de 800 páginas do 1PM do

Riocentro. Para montar sua mistificação, Job sumiu com a

segunda bomba, que explodiu na casa de força, convocou

peritos para depor na condição de testemunhas - o que é uma

barbaridade - e concluiu que o atentado era de autoria da VPR,

organização de e1(trema esquerda extinta quase dez anos antes.

Ao divulgar as conclusões do 1PM, Job escondeu do país qual o

~ motivo que levou o capitão Machado a· sair do Puma no

i. .. estacionamento do Riocentro - ele queria urinar. Promovido a
general, Job é o único.a defender que o 1PM expressa a verdade
~ dos fatos. "Está tudo ali", diz. Dez anos depois ele é um oficial

~ de pijama que mora num apartamento em Grajaú. Não dá

59 entrevistas e seu número não consta da lista telefônica. Outra
característica do Job da Bíblia era a de ter o corpo coberto de

O coronel Job apresenta o 1PM: sumindo com tudo chagas. •
62
VEJA. 12 DE MAIO, 1991

• "em nenhum momento mostrou estar de-
sesperado". O agente do DOI não estava
• desesperado, mas se comportava como um
rato no naufrágio. Ele preferiu abandonar
l a cena do crime sem ter de sacar a sua
credencial de capitão do Exército para
~ obrigar o trucista a levá-lo ao hospital.

1' Como ninguém se habilitasse a ajudar o
capitão, Sergio do Valle tomou a iniciativa.
j Pegou as únicas "autoridades que encon-
trou, dois bombeiros, entraram todos em
1! l seu carro e, sob a orientação do ferido,
seguiram para o hospital mais próximo, o
1 Lourenço Jorge, na Barra. No hospital, o
capitão passou um bilhete para um dos
1 bombeiros e pediu-lhe que ligasse para
avisar que estava ferido. O bombeiro Jo-
! mair de Oliveira telefonou para o número e
avisou alguém que se identificou como
O general Job hoje, na reserva, no Grajaú: "Está tudo no IPM" "agente Aloísio Reis". A Telerj informa
VEJA. I" DE MATO, 1991 hoje que, naquela época, o número dado
pelo capitão era o de um telefone que
ficava nos fundos da Rua Barão de Mes-
quita, onde funcionava o DOI fluminense.

N o palco do Riocentro, pouco antes
das 10 horas, Alceu Valença cantava
Coração Bobo quando notou que boa
parte da platéia se virou para trás. "Só vim
a saber êlas bombas no dia seguinte pelos
jornais, mas acho que o público ouviu• a
explosão da bomba naquela hora", conta o
cantor. Dois espectadores ouviram as ex-
plosões: o sargento Carlos Alberto Henri-
que de Mello e o soldado Hiroito Peres
Ferreira. Ambos estavam a serviço do
DOI, cumprindo a ordem de cobrir o
show. Não tiveram a curiosidade de saber
o que havia explodido. Foram informados
de que foram bombas pelo cantor Gonza-
guinha, que fez um discurso quase no final
do show dizendo que "pessoas contra a
democracia jogaram bombas lá fora para
nos amedrontar". O relatório dos dois,

uma folha manuscrita anexada ao IPM, é

duma estultice fulminante. O sargento e o
soldado do DOI dedicam apenas duas
Unhas às bombas, explicam que estavam
aU para anotar quais artistas se apresenta-
vam ("a cantora Simone cantou Pra Não
Dizer que Não Falei das Flores e foi
muito aplaudida") e não para investigar
bombas no estacionamento. A segunda
bomba foi atirada para o alto da casa de
força do Riocentro e acabou explodindo
no chão sem causar danos.

O cirurgião Fauzi Assad Salim, na
chefia do serviço de emergência do Lou-
renço Jorge, cuidou dos primeiros socor-
ros ao paciente. Deu sedativos ao capitão
e fez vários ligamentos nos vasos para
estancar a hemorragia. Como ele estava
muito ferido, Salim providenciou sua re-
moção para o hospital Miguel Couto, no
Leblon, melhor aparelhado para tratá-lo.

63



o coronel da reserva Cinelli é um perso-

nagem curioso. Afável, mas desconfiado,

ele gosta de romancistas russos - Dos- .

toievski e Tolstoi - . cita Marx e Freud O testemunho de.quem abandonou a fraude

com a segurança de quem os leu mesmo e ,

é amigo de Renato Archer, ex-ministro O coron~l Luiz Antônio do Prado 1PM do Riocentro. Quando as bombas

peemedebista do governo Samey. Cinelli Ribeiro, primeiro presidente do IPM do · explodiram, eu estava no hospital acom•
é capaz de gestos ousados. Quando o
Jornal Nacional exibiu os dois cilindros e Riocentro, é hoje um homem amargu- panhando o parto da umminhtealefiflohnae.m-V.aoldteoi'
rado. O coronel preenche seus dias de para casa e recebi

disse que eram bombas, o general Gentil reservista fazendo cooper e praticando general Gentil Marcondes Filho, con1an-
Marcondes chamou Roberto Marinho, ioga. À noite, para afastar a insônia, dante do I Exército, para que fosse até o
presidente das Organizações Globo, para pinta quadros e rascunha versos. Ao qµartel. Lá, ele me fez o convite. Tomei
u1na conversa no I Exército. Cinelli parti• assumir a presid~ncia do inquérito, Pra- um. susto...Eu não queria, Sug.eri ao
cipou do encontro, defendendo que a do viveu um momento crucial.em sua general Gentil que escolhesse uJn gene-
Globo havia cometido uma· barrigada, existência. O coronel tinha uma certeza ral. Argumentei que um coronel ·teria
que as i1nagens eram de dois tubos de quase inabalável - a de que o capitão diftçuldades de interrogar um general.
oxigênio carregados por bombeiros, e não Machado e o sargento Rosário sofreram Ele disse que não. Disse que ·a -missãô
de bombas. Segundo um oficial que ser- um torpe atentado. Dias depois a certe- era minha. Aceitei. Estava convencido de
via no I Exército na época, Roberto za virou pó e ele se convenceu de que que era coisa da esquerda. Na minha
Marinho perguntou a Cinelli: "Coronel, o estava diante de urna rumação do DOI concepção de militar rrão imaginava um
senhor não quer colocar em dúvida trinta
anos de jornalismo?" O coronel respon- .fluminense,

gento eram
odsapqn.unacl1poru.cs.aspuitsãpoei.teoso. sar- atentado como ·aquele senpo executado
por oficiais do Exército. Eu/ui revolucio-
deu de bate-pronto: "Doutor Roberto, não
O coronel Prado foi colocado diante nário em 1964, junto com Jarbas Passa-
estou colocando e1n dúvida trinta anos de de duas opções: ir até o fim com suas rinho no Pará, e, nos meus batalhões,
jornalismo, 1nas trinta anos de safadeza". suspeitas e virM herói nacional ou trair nunca deixei ninguém bater ou tortura,:.
O general Gentil expulsou Cinelli da sala suas próprias convicções e ganhar a O nosso regimento interno considera a
e continuou sua conversa com Roberto patente de general, como era sugerido mentira uma falta grave e eu nunca ia
Marinho. No dia seguinte, o Jornal Na- por seus superiores. Prado não fez uma rnentir ou aceitar uma solução que vio-
cional voltou atrás e explicou que
lentasse a minha consciência. Nos
os dois tubos não eram bon1bas.
CC>'-"'DO DO I EXCl<ClTO prim~iros dias do inquérito desco-

A ntes de chefiar o serviço de C, S/lf RJ.o d• ~a.n,iro, RJ ,1, ~1 01 bri que existiam no Exército dois
informações no Rio, Cinelli Col LOI.: J.JltO•IO llO F:Uto IUDUGO tipos de oficial: o que comanda
tropas e o de informações. O pri-
foi adido n1ili1ar do Brasil no Para-
meiro não mente porque o regula•
guai. Preocupado co1n os repetidos
t .luto• de l P M mento considera a mentira uma

atentados contra bancas de revistas ÁI\U.O I Uà 1'r00HIO 4 ■ l.i'W falta grave. Mas o segundo consi-

no Rio, pouco antes do Riocentro tnca;:;.lnho • V !J..& oa aatc• 4o IP W4• ,u• tuJ."• ocarr•,t.4o pala J\o,! dera a mentira un, instrumento de
ele reuniu no auditório do I Exérci- trabalho. Naquela época, as ações
t&rla n• 01--.C?J. 4• 1• >Ca1 81, • ollo1t&l'l4o •• J• de•1cn.edo ~ novo 0:1-
to vários agentes do DOI e do SNI.
Clal para 1-Q;a.t-re,ado 40 ll'W.1 h t\40 Ua vi■t& ~ •1ÔU d• 1111.J, q\Jt •• 1n,,.. desse pessoal de inforn1ação eram

"Não quero prejudicar a vida de ptd•~ d• ,ro•••c~ •• dtl1,:nc11• '"" •• I•~•= n, 0111lr111. desconhecidas até dos comandos.

ninguém. 1nas quero deixar claro Comecei a chan.1ar testemunhas e

que se essas bon1bas e1n bancas solicitar provas. Eu queria apurar

continuarern, va111os agir e dasarti- tudo.

cular todo inundo. Nós te1nos in- No decorrer do inquérito desco-

fonnações de quen1 está fazendo bri que estava no olho do turbi-

isso", disse Cinelli à platéia de O pedido de afastamento: falso motivo lhão. Quando recebi o laudo do

arapongas. Detalhe curioso: na platéia, PIC, Pelotão de Investigações Cri-
integrada por suspeitos de botnbardear coisa nem outra, e largou o inquérito no n1inais, sobre a explosão das bombas

bancas, estavan) o sargento e o capitão meio. Se não revelou a verdade, tam- con1ecei a 'afastar a hipótese de um

suspeitos de bon1bardearen1 a si rnesn1os bém não assinou uma mentira. Mas, atentado de esquerda. Com a bon1ba-

no Riocentro. Cinelli le1nbra que depois entre os militares que estiveram de re/6gio, era impossível a hipótese de

de sua palestTa as bo1nbas cariocas deixa- alguma forma encarregados de esclare- atentado. Além disso, o prin1eiro laudo

ran1 de explodir. "Eu não tinha provas de cer o que houve no Ri<;><:entro, é o cadavérico do sargento indicou que · a l

quen1 estava na operação, 1nas o pessoal único que honrou a sua farda. Hoje, bomba estava en, seu colo. Depois, mu-

ficou assustado quando disse que tinha pode encarar nos olhos seus netos e daram o laudo. Ouvi informaln1ente o

infom1ações", len1bra o coronel. também seus ex-colegas de farda. Não capitão Wilson Machado e não gos'tei.

Cinelli só fica nervoso, e chega a se é herói, mas tem a consciência tranqüi- Achei n1uito esquisito que um oficial em

ruborizar, quando o interlocutor dá a la. A seguir, seu testemunho emociona- n1issão de cobertura ao Riocentro paras-

entender que acredita que, apesar de tudo, do e sincero sobre os quinze dias em se seu carro para urinar no estaciona-

foi ele mes1no o responsável pela bomba que investigou o Riocentro: n1ento. Aquilo não é comportamento de

no RiocentTo. A dúvida acerca da partici- oficial em n1issão.

pação do coronel no episódio te1n sua En1 1981, quando eu vivia o n1e- Procurei o general Gentil e disse que

razão de ser: foi Cinelli o mandante. foi lhor n1on1e11to da n1inha carreira no estava convencido de que não fora um

ele que1n deu a orden1 para que uma Exército, fui nonzeado presidente do atentado e que deveríamos examinar as
equipe do DOI fosse cobrir o sho,v.
-

66 VEJA, /!! DE MAJO, 1991





escolhido para o casó. A.ceifar aqueld

oi'ientação, de atribuir o atentadQ. a

origem desconhecida, era o caminho·
m•ais fácil. Dali, eu•sairia general.

. Nunca fui um militar brilhante. Fiz

uma carreira modesta, mas sempre

fui disciplinado. Eu não podia admi-

tir a hipótese de autoria desconheci-

. .da porque tinha a vítima, o sargento

Rosário, e porque o càpitão estava

· vivo. Minha mulher estava muito as-

sustada. O Exército é uma 'estrutura e

eu era apenas um coronel. A estrutu-

ra estava contra mim. Não havia o

que fazer.

_O momento político também era de- '

ficado. Eu amo o Exérc, ito e tinha 1

temor, eu tinha medo de ficar mal com

meus colegas de farda. fensei em

largar o inquérito, alegpndo motivo .
de foro íntimo. Era isso mesmo o que l1

estava acontecendo. Eu queria /ar,gar

· ·o inquérito. Mas, se dissesse- isso,

,chamaria a atenção da imprensa. Dis-

seram que eu devia tirar uma licença

médica. Eu relutei, mqs alguns amigos •

argumentaram que era melhor para

. mim. Eu não estava doente! tinha,uj11a ,

.saúde de ferro, mas tirei a licença: Na

volta cfa licença,fiquei com medo de o

1. Exé,:cito me considerar louco. ·isso

podia acontecer, pois incomodei muita

gente. Graças a Deus,fui ç_onsiderado 1

• ~ '\ ••r,.. ..itC_ apto. Com o general Gentil n㺠havia
• ..,. clima sequer'para co,:iversar.. 'Ele sa-
.i • J;..{J'!
1 bia que eu não ia enxovalhar min}la
- ,~ • J>' ..-:Ji·&~'lã • consciência. Hoje, eu olhv para os

, · · meus filhos,.meus netos,·corp .a con;-

• •· • '' ., ·, ' ~ qiência tranqüila. Com ·a ·consciê1Jcia

., ~ 'de que, se '!ão fui a/é, o final, pelo
.MíR'~!•·,;;·. . meno.s não botei meu jamegão naquele
!:;!...;a=.:..:.:::~ ~.:!!.....~.:t...!:.:L...:t..J/~ relatório. Eles queriam apenqs (jl-
·11P~-~ • ~
gui,:n que botasse o jámegão~naqui/o.
;, i c:.::=::.;.!t.=~ 4•~,~,..!:..~:.u.:..:.::~~::?...J:::::!!.~ ~~~L:..:·...l!!:tl

0 coronel Prado hoje: ''Tave medo de que declarassem que eu ficara louco"

'Podia ser qualquer um. ,

hipótefeS de_a operação ter ·sido executa- E~ fui para casa e começei'·a avaltar. Eu. não sei se o !lob pode enca,r,ar

da pelo DO/ ou {ie uma rebelião dentro Resolvi continuar no inquérito e a{ man- seus netos, seusfilhos, seus çol~gas qe

do próprio DO/. Disse a e/é que, diant{! · dei chqmar a mulher do sargento Rosã- farda âa n:,esma forma. Eu não. preci-

da hipótese de o atentado ier sido mesmo rio. P~r debaixo do pa~o" o comandq do ~ sei mud{lr de residência. Ele precisou,

provocado pelo próprio DO/, o melhor I Exército começou a criar uma série de anda se. escondendo. Ele tamoém viv,e

l seria a miriha, substituição po,: um gene- dificuldade~ ~ara que ela fosse ouvidq. /rocalido de telefo,ne. Eu, não.. Eu
ral, argumentando. que e!,(!' t.er1a mais - U~ •qia, elq não po4ia, No outro, "ela nã'o continuo na Tijuc,1;, onae sémpre mo,~

autonomia. Afinal, ~u estava Slfb().rdinado foi encontrada. Minha mulher cómeçou a · rei1Estou qem co.m a opinião p.úb.lica

lao general. Armq,,:,do Patrfcio, chefe rio .receb{!r telefonemas anônimos. Foram ~ com minha consciência. T.ambér,1.
Estado-Ma~or e; portanto, do .DO/. Ele ~ois telefonemas- um•com voz masculi- tenho certezá de que meus colegas de

era meu chefe e eu não pod{a chamar o na e ,outro com voz feminina. Nesses farda me respeitam. Eles respeitam

meu superior para depor. (:) general telefonemas garantiam .que eu tinha uma · um oficial que não meµte. Às v,e; es

Gentil determinou que continuasse com a. . amante. Para mim, eles nunca falaram, pa,sso dias imaginando que a in<J,uér:iio

orientação de.àtribufr o _atentadq a_.or.i- nada diretamente. Eui me CO.!lvencendo poderia yoltar às minhas mãps..Tal.vez
gem desconhecida. Ele me disse que de que o éoma_'}do do I Exército .estava eu deresse ter. 'cofttinuad(), mas: não

recebia orientação do g9binete do mif!is- contra mim. O gener_al G~ntil nem escon- · qoniinuef. ·Agora, por f(lvo.r não me·

iro. do.Exército, W_glier Pires. , dia mais que f,e arrep~~era de ter ~ façam de ·herói. Eu f!áO sou 'herói. ·

.,r;, a IFNc:'iAs 1':.u• li-... Y ~O • +sms\l ,.-.•.-..i.,,..,~=• •••- - ■mmr,,,,,.,,, q _ _,......_•...;..;,,-
•••••, •• ••-~ -•

VEJA, 1c DE MAIO, 1991 67







Confonne está no depoimento no IPM de abaixo que lhe macularia a reputação. O Ainda sem avaliar a enrascada em que ri
Job, partiu do coronel a ordem que fez coronel Job Lorena de Sant'Anna, chefe se 1netera, o coronel contou sua descober-
com que o sargento estivesse no Riocen- ta ao general Gentil, que, sem se mostrar 1
~a s~ Seção, de Relações Públicas, já surpreso, indicou u1na postura de cumpli-
tro naquela noite. No Puma o sargento cidade. "Coloque em seu relatório que foi
tinha uma bomba no colo. ' tinha um papel dentro do inquérito. Du- um atentado de origem desconhecida"
rante o enterro do sargento, Job saudou o
morto como a um herói. Novamente era

Goela abaixo 1 difícil acreditar na neutralidade de' um disse o general. O coronel Prado resisti~
1PM conduzido por Job, que já havia às tentações do gesto de seu superior, no
Como fazer para enfiar na goela da qual estava implícita também uma honra-
externado sua posição absolutória dos ria - sua promoção para general-de-
opinião pública uma versão palatável de militares logo no dia seguinte à bomba. exército. "Eu não posso admitir a hipóte-
se de autoria desconhecida porque existe
um~ história em que o sargento e o Restava, então, apenas um nome, o do a vítima, o sargento Rosário, e o capitão
está vivo", respondeu o coronel ao gene-
cnaa-poitcãoomfooraang1envtíetismdaos de um atentado e coronel Luiz Antonio do Prado Ribeiro, ral, acionando a 1noenda que iria triturá-
DOI que estava' m chefe da 4ª Seção, a de Logística. Militar lo. A moenda foi facilitada porque na
cordato e disciplinado, Prado também época Prado não resistiu a um outro tipo
no Riocentro cumprindo ordens de uma negaceou aceitar o IPM. Ele achava que, de tentação, a explosiva co1nbustão em·
por ser coronel, não poderia intimar o
cadeia de co1nando bem definida? Era general Patrício a depor, e ficaria cons- que se fundem a páixão sublime e os
trangido em chamar para depoimentos prazeres da carne. Uma amante na vida
prin1eiro preciso fraudar a cena do crime, militares da sua patente. O general Gentil
esperava tirar proveito da disciplina e da de um coronel casado, como era o caso
n1ontando um Inquérito Policial Militar lealdade de Prado, mas não imaginou que de Prado, encarregado de investigar um
o coronel estivesse disposto a investigar o episódio de terror dentro da instituição a
que, desafiando a lógica dos fatos , tivesse que pertencia, pode gerar bem 1nais que
caso com o objetivo de descobrir a verda- uma dolorida crise matriinonial.
· uma ló~ica interna defensável. Ou seja, de. Em menos de uma semana, Prado
descobriu que não havia jeito: os princi- Bisbilhotado pelos que queriam o aco-
era preciso escolher com olho de lince o pais suspeitos de ter fabricado a bomba, bertamento do atentado, Prado foi pego
com o objetivo de explodi-la durante o em adultério. No meio· da investigação,
encarregado do 1PM. Foi difícil para o show, eram o sargento Rosário e o capi- Prado deixou o prédio do I Exército,
tão Machado.
general Gentil Marcondes encontrar esse

inspetor Poirot às avessas. Sua escolha

cfoi.ni cfoeitcaoproonre,e1.xs cqluuseãoo entre o general e os 1
assessoravam dire-

tamente no I Exército.

Pela lógica, o candidato natural para

presidir o 1PM seria o general Annando

Patrício, chefe do Estado-Maior. Por ser

general, Patrício poderia

convocar para depor todos

os seus subordinados, sem

n1aiores constrangimentos.

Mas o general argu1nentou,

segundo Cinelli, que havia

acabado de assumir a che-

fia do Estado-Maior, não

conhecia direito os seus su-

bordinados para poder con-

duzir o IPM direito. Patrí-

• cio foi deixado de lado. O i
segundo candidato natural

seria o próprio Cinelli, che- 1

fe da 2~ Seção, por ser um f
militar especializado en1

inforn1ações. Mas havia a !
dificuldade insuperável de
Cinelli ser parte suspeita na l

explosão. Seria duro enfiar r
goela abaixo do país um

1PM presidido pelo coronel

que n1andou uma equipe do ,.
DOI ao Riocentro. Segun-

do Cinelli, o coronel da l ~ '
Seção era ~obrinho do ge-

neral Gentil e o tio não

queria vê-lo quein1ado nun1

1PM que teria de explicar

que os militares não tinham

nada a ver com a autoria do o

atentado. O chefe da 3g Se- .!

ção estava esperando pro- 1 }8

n1oção para general e não I o ~ ~'o:#ii.!.:~... --'--:;;:~-:-~--:- -;---:::--:--:---_:_...,...,

queria ver seu nome envol-

u.u--·---~ ---- - --- ·-vido numa operação goela
Figueiredo em São Conrado: "Foi coisa do CIE. Coisa de sargentg, tenentinho,'capitão" .,,,,,

..,

t68 VEJA, 12 DE MAIO, 1991



.

pegou seu carro e levou sua namorada ao coisa para-ser general", diz o coronel da que um outro agente, o doutor Navarro
motel. No dia seguinte, a mulher de reserva Cyro Etchegoien. Na época, o (outro codinome, só que este sem identi-
Prado recebeu dois telefonemas em que gaúcho Etchegoien, que goza da fama de ficação numa pessoa real), pediu folga.
os arapongas lhe contaram a escapulida . ser um linha-dura honesto e competente, naquela véspera de feriado. A lógica leva
1 do marido. Prado procurou Cinelli para era comandante da 2~ Seção do 11 Exérci- à conclusão de que a cad~ia de comando
·aconselhar-se e levou uma bronca. "Eu já to. Ele era o Cinelli de Miltinho. O acionada por Cinelli fez com que o capi-
disse para você usar o meu carro. Não vá coronel Job levou adianté a tarefa de tão e o sargento estivessem no Puma do
a motel. Se você quiser sair com a garota, dourar a hiperpílula para enfiá-la na goela Riocentro, certo? Errado, ao menos· no
use o apartamento de um amigo meu. do país. Coincidentemente, depois, foi IPM de Job. No inquérito, Molinas diz
que não ordenou ao capitão Machado que
Você não pode se expor, pois está todo promovido a general.
mundo de· olho", disse Cinelli. As pres- O coronel Job assumiu a tarefa do 1PM fosse ao Riocentro. Mas também não
sões foram se tomando cada vez maiores. como o Poirot do avesso. Sua descrição entrega que o capitão cometeu uma indis-
Além dos bisbilhoteiros, a família do da cena do crime é um desafio aos fatos e ciplina ao ir ao show. Molinas se esguei-
coronel também passou a pressionar para à lógica. Seu primeiro quebra-cabeça era ra, afumando "acreditar''. que o capitão
que ele largasse o inquérito. Prado aban- o da cadeia de comando. No inquérito, a foi ao show para supervisionar os seus
donou o IPM, e remói o assunto até hoje ordem de que uma equipe do D01 fosse subalternos. Machado encaixa a sua _peça
ao Riocentro parte do coronel Leo Cinel- no quebra-cabeça dizendo que, de fato,
(veja quadro à pág. 66). li. Em seu depoimento, o coronel diz que esteve no Riocentro em "missão de che-

O problema do general Gentil era arru- três dias antes do show deu a ordem, fia", que foi fazer uma presença para dar
através de um 'telefonema, ao tenente- um,a força aos subordinados.
. mar um substituto para Prado que
não tergiversasse, que estivesse disposto coronel Júlio Miguel Molinas Dias, co- E um quebra-cabeça perfeito, que re-
a inocentar os militares. Fixou-se então mandante do DOI. Era uma 1nissão de sulta na seguinte construção: Cinelli deu
no nome do coronel Job, que na primeira rotina, para ser cumprida por no máximo a ordem, mas não escolheu o capitão e o
rodada havia sido afastado por ter tomado três agentes. Molinas, em seu testemunho sargento; Molinas transmitiu a ordem,
partido do capitão e do sargento logo de a Job, diz que passou a ordem ao chefe da mas também não escolheu diretamente o
cara. Na segunda rodada ele foi escolhido seção de Operações! o capitão Machado. capitão e o sargento; o capitão foi lá por
justamente por ter tomado partido. O O capitão, por sua vez, afirmou no IPM vontade própria, para prestigiar os subor-
coronel Job aceitou a tarefa con1 galhar- que escalou o agente Wagner (codinome dinados; e o sargento foi escalado para a
dia. "O Job é do tipo que faria qualquer do sargento Rosário) na última hora, já missão pouco antes do espetáculo. Donde

Job conclui que a missão

foi nonnalíssima, já que o

capitão estava lá quase que

por acaso, quase tão por

· Nó dia 17 de março passado, um do1.nin- acaso quanto o sargento. É
go de sol na praia de São Conrado,·no Rio, um quebra-cabeça, perfeito,
mas de celofane. E transpa-
o ex-presidente João Figueiredo disse qu~ rente a montagem do IPM
não acredita nas conclusões do 1PM âo para querer provar que nin-
Riocentro. Para Figueiredo, o atentado fÓi guém ordenou que os dois
explodidos do Puma esti-
obra de núlitares ligados ao Centro de vessem no Riocentro na
Informações do Exército, o CIE; a central. véspera do 19 de Maio. O
i de repressão política nos anos 70 qrie, no máximo que se concede é a
início dos 80, ePft chefiado ·pel~ gel}iral existência de um sargento e
um soldado patetas no au-
f1 Geraldo- Ferreira Braga, do gabinete dby_ ditório do Riocentro, que
ministro do Exército, Walter Pires. "Oi.ze' m nem se interessaram em in-
vestigar as bombas que ex-
! que foi o SNI, mas o Riocentro é c9isa .qo. plodiam lá fora.
CIE", diz Figueiredo. "O SNI não· teye

l nada a ver com aquilo. Foi coisa de'
sargento, tenentinho, no máximo capitão."•

r Na época, Golbery do Couto e Silva era

chefe do Gabinete Civil de Figueiredo. ple S egundo o depoimento
de Molinas, o capitão
escreveu uma carta ao presidente sugerindo' era "Úm militar cumpridor

. que o IPM não daria em nada e que ·se •
deveria desmontar os DOI-Codi. Golbery ··i
dos seus deveres, equilibra-
deixoµ o governo pouco mais de_um m'~
J do, responsável, ponderado
depois da divulgação do IPM. Figueiredo . e benquisto pelos seus che-
não fez nada na época, permitindo que uina
fes". O sargento Rosário
·conspiração de grosso calibre ganhasse ,
resplende no depoimento
,' vulto nas vizinhanças de seu gabinete. O .1
~ como um espeéialista em
Riocentro foi uma linha divisória de gover- ·
no, que -sempre foi lembrado pelo antes. e· 1 explosivos. Quando da ex-

pelo depois da bomb~. Figueiredo também J plosão do carro dó advoga-

pooerá ser lembrado pelo que diz agora. ,. do Marcelo Cerqueira, o

· Dez anos depois esclarece que o ateµtaqo ' sargento Rosário _ opinoil

r foi coisa do CIE. Golber:y: carta sugerindo a desm~ntagem-do DOf que não se tratava de um

' acidente com o tanque de

t VFJA, 12 DE MAIO, 1991 69



gasolina - era bomba mesmo. No depoi- ' A vida n.ova da viúva Suely Rosário
1nento da viúva do sargento, no entanto,
fica-se sabendo que o astuto entendido .
em explosivos passou dezenove dias hos-
Processo e troca do subúrbio pela Zona Sul

pitalizado porque, ao mexer no botijão de

gás de seu aparta1nento, o troço estourou Dez anos depois da morte do sargento em combate, seu marido deveria ter direi-

e o feriu feio. E no Riocentro uma outra Guilhenne do Rosário, a vida de sua to a duas promoções póstwnas, em vez de

bon1ba 1natou o especialista. famíl,ia mudou bastante. A viúva Suely uma só. Se Suely conseguisse vencer a

Nenhu1na das centenas de militares e José do Rosário, 46 anos, déixou seu causa, o segundo-sargento Guilhenne, que

civis ouvidos no inquérito afim1a ter visto 1 emprego de gerente de wna floricultllla foi promovido postumamente a primeiro-

o capitão e o sargento fora do Pu1na na e saiu de um modesto apa, rtamento de sargento - direito de todo militar no
noite do Riocentro. Razoável concluir dois quartos na Estrada da Agua Grande, momento da aposentadoria - , seria gal-

que a bomba estava no carro porque o em Vista Alegre, subúrbio do Rio de gado ao posto de segundo-tenente. Na

sargento e o capitão a levaram? Para Job, Janeiro, para morar em companhia dos quinta-feira passada, o general Mário Sér-

a resposta é não. Em suas doze horas de dois filhos num apartamento de três gio Rodrigues de Matos, responsável pelo

depoimento, o capitão Machado Departamento de Ativos e Pensio-

monta uma história com Job que nistas do Ministério do Exército,

o faz sair do carro c.on1 o sargen- considerou que o pleito da viúva

to. O motivo é de um ridículo não tinha fundamento, e ela per-

atroz: o capitão conta que saiu do deu a causa.

Puma porque estava con1 vontade

de fazer xixi. Enquanto se alivia- SAIDA oo D01 - O apartamento

va, o sargento ficou peran1bulan- de Botafogo chama a atenção na

do pelo estacionamento. O 1PM nova vida de Suely. Em valores de

segue adiante inforn1ando que o mercado, o imóvel tem um aluguel

capitão levou "de cinco a quinze na faixa dos 140 000 cruzeiros por

n1inutos" para resolver o seu dra- mês - quase o dobro do que ela

n1a co1n a bexiga ("urinou à von- recebe pela pensão do sargento.

tade" é a expressão usada no "Esse é um assunto que só diz

l inquérito para descrever essa lon- respeito a mim, e não tenho expli-
guíssima façanha). Na apresenta- cações a dar", diz ela. Até hoje, o

ção do resultado do 1PM, Job imóvel continua registrado e111 car-

on1itiu o detalhe crucial do xixi tório em nome de Jesse Velmovits-

do capitão. A bo1nba só pôde ky, dono de uma imobiliária no

explodir no Puma porque Macha- Rio. O próprio Velmovitsky afir-

do estava apertado. ma que há três anos vendeu o

imóvel, para uma pessoa cujo no-

Depois de tirar o capitão do me se recusa a revelar, e soube
Puma para fazer pipi, o co- que depois ele foi alugado a uma

ronel Job tinha de cinco a quinze terceira pessoa, que não conhecia.

n1inutos para colocar a bomba no A viúva Suely é uma pessoa

carro. Foi difícil: todos os laudos capaz de dizer muitas versões di-

de peritos eram taxativos em con- ferentes sobre um mesmo fato.

cluir que o raio da bon1ba estou- Quapdo depôs no IPM,.disse que

rara no colo do sargento. Rosário seu marido adorava o serviço mi-

estaria n1anipulando o petardo litar e estava muito satisfeito com

quando - num deslize seme- suas atividades no D01. Em con-
lhante ao acidente com u1n boti- Suely: "0 Riocentro foi qu' eima de arquivo" versa com VETA, disse qué o

jão de gás un1 ano antes - a bon,ba sargento chegara a passar noites

explodiu? Claro que não, segundo Job. O quartos, de frente para a,Praia de Botafo- em claro discutindo com ela a possibilida-

coronel convocou o legista Elias Freitas, go, na Zona Sul. A viúva do sargento só de de desligar-se do destacamento. Tam-

apesar de o sargento estar enterrado há dá entrevistas com um gravador a tiraco- bém contou que, antes de lhe dar a notícia

quase um n1ês. Na falta do cadáver, o lo. Ela deu quatro entrevistas a VETA, e da morte do sargento, agentes do DOI que

legista foi convidado a exan1inar o Puma. foran1 oito horas de conversa no total. foram a sua casa tentaram dopá-la. A

No laudo, o legista escreveu que o sar- Em todas manteve o gravador ligado. viúva Suely tem uma teoria particular

gento estava con1 "a genitália dilacera- Suely diz que trabalha como fotógra- sobre o atentado do Riocentro. "Foi urna

da". Na presença de Job, Freitas len1brou fa, mas não revela onde. Desde 1983 queima de arquivo, ele sabia demais", diz

subitamente que "o pênis encontrava-se ela vinha levando uma briga na Justiça ela, dando a entender que seu marido teria

intacto". Abriu-se u1na via para tirar a para que a pensão do marido - 85 000 sido vítima de wn crime cometido por

bomba do colo do sargento. cruzeiros - fosse aumentada. Com seus colegas de fàrda. Ela também não
Nun1 prin1eiro laudo sobre explosivos, base no IPM do Riocentro, segundo o acredita no IPM.

assinado pelo capitão Márcio Nasser, a qual o sargento Rosário morreu "em A vida de Suely melhorou, mas ,a
bomba estava colo. Job pediu um segun- serviço", ela argumentava que, como sepultura do sargento Guilhenne piorou.

do laudo técnico a um oficial de patente acontece no caso de militares mortos O corpo do sargento ficou por quatro

inferior, o tenente Geraldo Alves Porti-

70 ' VEJ;\. I" DE :-.1A 10. 1991

lho. O tenente foi mais - ·em delarar nula a obra de Job e começar-

camarada, e fez um laudo todo o trabalho a partir de zero. O sergipa-

dizendo que uma "onda 110 Edmundo Franca de Oliveira foi o juiz

de choque" se concentrara selecionado para acionar o carimbo. Fran-

próximo à "porta direita" ca foi escolhido para cuidar do caso de-

do Puma. Menos sorte te- pois de uma sabatina realizada durante um

ve o coronel com o tam- almoço com co111andantes militares no I

bém perito em explosivos Exército. Findo o repasto, um civil, o

Luiz Cezar da Veiga Pi- procurador Gilson Ribeiro Gonçalves,

res, engenheiro do Institu- convidou o juiz Franca para uma conversa

to de Criminalística da a sós. "O general Gentil está preocupado

Polícia do Rio. Job con- com a distribuição do processo e gostaria

vocou Pires, que havia as- que você cuidasse dele", disse-lhe o pro-

~ sinado um laudo infor- curador. "Gilson, você sabe que não há

~ mando que a bomba ex- motivo para o general se preocupar, por-

; plodira sobre o banco, pa- que todo juiz é sério", respondeu-lhe Fran-
:.....:.:...:::.::::..._J "e:º~;;' ca. O procurador levou o recado ao gene-
µ:,,~ E ~~ ~ L L.:·i...~::•:·:.;":a-•.:·:.- :-:...-- ::......~ __::-::....-:.,.....:..:::~ ra depor na condição de ral, e Gentil Marcondes gostou do tipo de
testemunha. "Em mais de seriedade de Franca. O general ficou de

O apartamento antig~ e o atual, em••• vinte anos de polícia, foi a

única vez que isso aconteceu", lembra olho na escala de serviço da auditoria

. • • Pires. Job queria que o perito explicasse o militar, entulhando os outros magistrados
que queria dizer a expressão "sobre o com casos de menor porte. A annação
• rYP
' banco" no laudo que assinou. O perito com a escala da auditoria foi feita de
1 respondeu com uma lição de gramática ao maneira que, no dia 3 de julho de 1981,

h coronel: "Sobre é a antítese de sob". quando o inquérito foi enviado à Justiça

Job Lorena não se deu por achado. Militar, já se sabia que Franca sena o

Tinha já o esqueleto da sua história. O . encarregado de analisá-lo.

1•'1 capitão quis fazer xixi e saiu do carro. Em

1 Amenos de quinze minutos, sinistros terro- o receber a obra de Job, o juiz Franca
foi visitado pelo general Reynaldo
• ristas colocaram a bomba, uma lata de

óleo Havoline, entre a porta do Puma e o Mello de Almeida, filho do lendário José

•/ assento do sargento. Os militares voltaram Américo de Almeida da Revolução de 30
I ao carro e a bomba explodiu, em "ondas e ministro do STM. "Quero que você dê

1 de choque", a partir da porta. .Com esse respaldo ao I Exército", disse-lhe Reynal-

arremedo, Job não quis saber quem era o do. Franca levou um mês para examinar o

,' Aloísio Reis para quem o capitão Macha- inquérito, mas, ainda que hoje diga que se

do pediu que telefonassem quando chegou sentiu humilhado, engoliu as 800 páginas,

l ao hospital. Nem se interessou em investi- uma a uma, mesmo que tenha se engasga-

gar a segunda bomba, que explodiu na do um pouco. Ele achava que o inquérito

casa de força. Ao apresentar o resultado tinha uma falha: ter sumido com a segun-

do 1PM, responsabilizando a VPR pela da bomba. Até pediu novas investigações

bomba no Puma, a sociedade brasileira a respeito do assunto, mas o coronel Job

j ' regurgitou. O Jornal do Brasil publicou respondeu que nada podia fazer a respeito.
uma reportagem provando por A mais B A portaria 01-CPJ, que havia instalado o

•' ' que era impossível que o sargento tivesse 1PM, detenninava que fossem investiga-

J entrado no Puma sem notar aquela baita dos apenas os fatos que deram origem à

., •.•Botafogo: usó diz resp' eito a mim'' ! lata de óleo, desafiando as leis da Física, morte do sargento e a ferimentos graves
no capitão. Como os dois foram atingidos
1 espremida entre a porta e o banco do pela bomba que estava no Puma, e não
Puma. Não importava, Job tinha feito o

.anos numa cova alugada pelo CQman- • seu serviço. Restava agora empurrar o pela que explodiu na casa de força, Job

.1- do do I Exército, no Cemitério de IPM mais fundo na goela •da Justiça, argumentou que não havia muito o que
'◄ Irajá. Depois, os ossos foram abando'.. providenciando o seu arquivamento, já fazer - e o juiz fic;ou quieto.
• ' nadas numa.caixa, junto.com os restos ! que não havia mais o que investigar. Franca diz hoje que quis tomar um novo

de outras vinte nessoas, geralmente de depoimento do capitão Machado porque
.famílias I sem condições de pagar '
Goela abaixo 11 achava necessário que o coronel Job lhe

35 604 c~zeiros por uma gaveta no ' prestasse alguns esclarecimentos. Em vez

cemitério, de onde seriam enviadõs·ao li Para dar um sumiço final no IPM, era de tomar as providências jurídicas de pra-

"ossário geral", como qualquer indi- l preciso que o sistema jurídico-militar o xe, preferiu confabular no Ministério do

gente. Há duas semanas, quando foi engolisse. Era necessário que a papelada Exército, então dirigido pelo general Wal-

i.ó.fonnado pela repórter Telmi,l Alva- fosse parar nas mãos de um juiz simpático ter Pires. Segundo Franca conta hoje, o

.renga, de VEJA, sobre a orige111 dos à causa do sargento Rosário, do capitão general Sérgio de Ary Pires, chefe de

ossos, o responsável peJo cemitério, Machado e do coronel Job. Esse membro gabinete do ministro, lhe transmitiu um

• Dahas .Zaror, resolvel,) dar-l~e uma da Justiça Militar deveria carimbar o ar- recado de Walter Pires: "O general man-
gaveta de pres~nte. .quive-se no inquérito sem pedir novas dou dizer que o relatório é esse. Se a
i

!~,rJ.»-- . - · - ..,,___ diligências ou, o que é pior, sem cismar sociedade quiser, que acredite. Se não

l VEJA. 1~ DE MAIO. 1991 • 71




t1 ' ~~uv.e_umà ordem para· que o DOI _enviasse agentes para
~1:az.ei: a cci~~t•Jfo. show no Riocentro. Quem deu essa

l:o ordem to· 9.coronel Leo-Cinelli, chefe da 2!! Seção do então I
il..!,· Exército. ~Uem ,recêbeu a ordem foi o tenente-coronel Júlio
~guel ··~ olinas r>ias, éoinanàante do DOI. Quem acabou
1 apàfecêndo no Riocénfi:o na cqndição de chefe da equipe do

.ppl l~i" o ·~ itão :Wilsôn Machado, chefe da Seção de ·

~ rações~Nô1;,depoimento que prestou ao 1PM, Molinas foi

t -cante oso. 'Nãô ~isse que. havia êl~terminado ao capitão que

~-eo~pareceSSf ~ssoalmente ~o Riocentro. Mas também não

ifisse· j:IUe oco~i:!t uma indi~ciplina. Molinas disse apenas

"aci:e~ •-9úe ,9 ~!lpitã~ tenha ido ao show para s_upervisio-

,n'Br·,Otraoalho.,No 1PM, Molinas disse que Machado era "um •1

I ''™'litai; c~Vridor doi; seus deveres, equilibrado, responsável, . ,- ~"' I
'
f~p<>n.derado e ôenquisto pelos seus chefes". No cârro do l .i

~ ~equililiradg" expl~iu' a bomba. Mas o capitão continuou . . i jMolin..a..-s':-"~0-.c..,:a-p-.'.i;tã-o:--e-ra:''..b-én-q-:,u-:i-s-to-p~ e-los-ch-efe-s" ---=--=---~-'J 1

• "beoqµistQ. ~ los çhefes'1. , •

r.:- - --b~· ,,. ~ -- - • ,,., ... •• - 4 - _._,;a. \.l,,...;,,o _,::r--,p ........ - - - - - - - - ' t


quiser, é a mesma coisa". Franca então Com o 1PM sepultado, dez anos depois bery achava que Medeiros tivesse 1neios
optou pelo arquivamento do 1PM. ainda não há resposta para a grande per- de apontar apontar Coelho Neto como
gunta: quem foi o militar que mandou o mandante.
Mas nem assim o 1PM foi arquivado. O
juiz corregedor do Superior Tribunal Mili- sargento Rosário e o capitão Machado Já o coronel Leo Frederico Cinelli
tar, Célio Lobão Ferreira, 60 anos, exerceu para o Rioce, ntro com uma bomba dentro suspeita do general Waldir Muniz, na
o seu direito de pedir vistas do inquérito. do Puma? E certo que pelo menos duas época uma espécie de interventor do SNI
Pelo seu posto, Lobão poderia escolher pessoas, o 1nandante, se ainda for vivo, e o na Secretaria de Segurança do Rio. Na
entre três alternativas: a) deixar tudo como ex-capitão e hoje tenente-coronel Macha- desconfiança de Cinelli, Muniz não foi o
estava; b) pedir novas diligências para do, sabetn tudo sobre o caso. Uma década, mandante, mas o homem que executou a
diritnir alguma dúvida particular; c) bater no entanto, fez com que algumas línguas operação. "Quatro minutos depois da
às portas do STM pedindo a reabertura do antes travadas se soltassem. No dia se- explosão, o Muniz ligou dando detalhes
processo. O maranhense Célio Lobão cra- guinte ao atentado, um colaborador telefo- da confusão, inclusive os nomes dos dois
vou C e abriu uma outra confusão. O juiz nou para Figueiredo, e a primeira frase do militares." A teoria do coronel é que um
corregedor detem1inou que o caso fosse presidente foi: "Agora eles estão atirando condomínio de gente do DOI e do SNI se
reaberto, não porque achasse que faltavam bombas direto no nosso pessoal". Por eles articulou para sufocar a abertura e pro-
elementos para explicar o atentado. Estava entenda-se terroristas de esquerda. Dias vocar, com Figueiredo ou sem ele, um
convencido de que o capitão Machado depois, o então senador José Sarney per- novo fechamento. "Muniz queria jogar
deveria ser 1nandado para o banco dos guntou ao presidente co1n quem deveria toda a culpa sobre o I Exército", diz
réus como acusado pelo crin1e de terroris- CineUi. O general Waldir Muniz tan1bé1n
mo. "Até hoje tenho a convicção de que discutir o caso Riocentro no Planalto, para teve seu suspeito preferencial. Sua des-
havia provas suficientes para indiciar o poder orientar suas conversas no Congres- confiança era que o coronel Cyro Etche-
capitão Machado", afi.rn1a Célio Lobão. so. Metade do mal estava embutida na goien, o então chefe da seção de infor-
pergunta, e a outra metade veio na respos- mações do II Exército, teria sido o
O pedido de Lobão perdeu no STM por ta: Figueiredo disse a Samey para falar mandante. "O Muniz andou dizendo que
1O votos a 4, 1nas o 1PM saiu dali con1 o general Octavio Medeiros, minis- eu participei, mas não sei por que ele
cha1nuscado pela declaração de voto do tro-chefe do SNI. Santey entendeu o reca- espalhou esses boatos, pois era até muito
ahnirante Júlio de Sá Bierrenbach. "La- do de Figueiredo. Mas hoje o ex-presiden- meu amigo", conta Etchegoien.
n1ento 1nuito, mas estamos diante de un1 te acha que quem levou a bon1ba ao Puma
crin1e dos n1ais nefastos, terrorismo, à foi gente do serviço secreto do Exército. O utro general que tan1bém anotou o
beira da i111punidade", disse o almir<tnte no . nome de Etchegoien na sua lista -
seu voto. Dez anos atr<is, o STM engoliu o Depois do atentado, o chefe do Gabine- Geraldo Braga, o chefão do CIE em
1PM por lO votos a 4. O inquérito do te Civil de Figueiredo, Golbery do Couto Brasília. Um mês depois do Riocentro, o
coronel Job voltou de novo ao n1esn10 e Silva, ouviu Medeiros dizer que o cére- general Braga ligou para o coronel e
plenário em 1985, quando outro coronel, bro por trás do Riocentro era o general perguntou: "Etchegoien, o que você sabe
Dikson Grael, que chegou a ser chefe de Coelho Neto. Até havia motivos na sus- sobre o Riocentro?" O coronel respon-
segurança do Riocentro. divulgou un1 con- peita de Medeiros quanto a Coelho Neto, deu com u1na ironia. Disse que sabia
junto de denúncias a respeito do caso. A r<tposa velha do CIE. Quando soube que muito pouco e que estava esperando um
votação foi de 8 a 5 pelo arquivamento. O havia bon1bas 111andando bancas pelos relatório oficial do I Exército. Braga
1PM reapareceu de novo em 1988, quando insistiu: "Etchegoien, eu não quero sa-
o Conselho de Defesa dos Direitos da ares en1 São Paulo. Coelho Neto telefonou ber quem foi. Quero saber como foi". O
Pessoa encaminhou un1 novo pedido de para un1 coronel de suas relações. "Genial, coronel terminou a conversa dizendo
reabertura ao STM. Deu o placar de 1Oa 3 tem um cara aí que teve uma grande que não tinha o que informar, a não ser
pelo arquivamento. idéia", disse o general ao coronel. "Preci- que o general desejasse ouvir boato• s.
sainos ajudá-lo." Mas Golbery não tinha

evidências para ligar o cadáver fardado do
Riocentro a Coelho Neto. Tampouco Gol-

72 VEJA, J!! DE MAIO, 1991

.,

Etchegoien desligou o telefone com a V: t;:~,it,.,; · ,=:-- A fera ferida ainda está viva
nítida impressão de que Braga estava
tentando arrancar-lhe uma confissão so- •
bre a autoria do Riocentro. • Reaparecem as bestas da porão ·
! - "-·'" .~
A tese de Etchegoien também é a de um r. '
condomínio, só que com gente do SNI e do ~m J?C?..d: ço do porão machuéado ..Brochado, secreíãjio dé' Segw:ança(l?ú~

CIE. E gente graúda, com o general New- ~Ia b1>m~a. der Riocentro reapareceu blica do I;)isfrito,, Fede.rali gue- não
ton Cruz. então chefe da Agência Central
de Brasília, entrando com as cotas do SNI, quando o subediJor Expedito Filho,,de •estava sendo acusaoo de nll'!;ia, más
e o general Braga com as do CIE. Etche-
V.B.I'.k, começou -~ fazer a ~eportagem- admitê dispor <lecli'apas fnãs con'trola-
goien admite que sua dedução não chega
sequer a formar uma suspeita muito clara. pu_b}iêada .n_esta 'edição. Por duas se- das,-parâ missõés de 'êu-ãtêr, sigijb:S-01'
Newton Cruz, por sua vez, expôs em
conversas privadas sua tese: o atentado do l m anas c_onsecutivas, um Volks chapa '\Não temos um úfiico fusea u:tiliz.acl0
. AT, 2§59~DF:fez;plantão na fr~nte ·dà
1 sucursál, .da revísta e,m ~ra~ília. .A nesse tipo de missão"; âfinna O}dele-
~- ·placa do,carr~:era fri~: ~enhwna auto- gado da·Políci'a EêôerallMaur.o ~~i..
to~ O cor.o.nel Brochado 'df eim.Í1)ou,

Riocentro chegou a ser mesmo planejado fid~de 'para responder por ela, apesar nos óltimps dias ~a rewrtagem_;, gú'.e-

por um oficial superior, que mais tarde "'de J)rocur~ cófu;insistência. Segundo um cab,o e wn solêlâao da PM fizês.:.

desativou a operação. Mas o capitão e o o Detran, .a chapa pertence a uma sem vigiíânci~ na,ca.s~ b.~~lfo. {:l
sargento levaram a _ação adiante por sua Belinà 11-9"~4. cujo proprietário, de no-· agente da Policia•fed~r,a!l,que ~~dotfv
própria conta. Nessa tese, o capitão e o
me Ju,venal Rosa Batista, teria residên- a equipe de NEJ,à.·no RiQ é ~gâ(?
sargento formavam uma célula terrorista na .çia ~uma qúadfii do ·Setor ,Militar onde Patury,' v,izinho do g,ellerat )obt R\ :cen-..
qual Rosário, o militar de patente mais
moram ~argentos do Exército. No en~ t!!.mt nte, P!ltu.\}' denühgiou .ip'egµJ.ari.-
' . J,f
<ia~es na <i::asJ ~ a NloelJ~

·~ onde estava"ldtãdo, e diz

que 6,,coil intngadb ~o VeJ.i

u~ CaITOflRaraôo v.gr dais

dias seguidos ne me,sp1p .

endereço. .:•Foi \llll& c,oine,r-

dência", fm:nã.•"Fui ~tse-

gúicio poi eaus~.H~ ,:genun-

cias e fµi1checar-.parª Me •0

q11e·e:ra."

.Para ~ilo Batisf!, Yice- .
govemádor e secre~-q [ a

PoJ.íci'a eiv.il do )lio, ocorre

com o l)Orã'o um~ Sltllação

parecida· comt a do m_ico-

·elesãpoé:c:.jtleosuer.amdoe.x•t•iAnçfqã:boa",ir.efsJãJo'-

ma. :•~ diferença é _qqe é

saudá'(eJfifazer, ,fodo.S ·os es-

fo,rçp..s para salvar ,o inioo- ,

]eão. J.á o porão { um àni~

~al eme~tirição ~ue__P.n=;-
c1sa Jnesaio ~ r. exunq>," .
1 Há dez anos, os .superjores .
de um sífr.gepto ~e llm é:11p):.
dePatury atrás VEJA: "Foi uma coincidência"
baixa, tinha ascendência sobre ·Machadó, • tão gu~ foorpioy.ps.saí-voe~l Pi!ªe'etnro- .

f ~.r.am
; de patente mais alta. dereço não .reside ,ne_nhum Juvenal, 't~rrars s~~ p.róprias [email protected]..
1 Passados dez anos, essa ciranda entre l)em li~ uma Belina na garagem. Um peô#ço ~~ 'lté~ta que .~va no

velhas raposas de pijama aponta .para l ~ No Rio de .Janeiro,~ ao fun de uma Puma soo.ffiv,1veu e,. 6JUand0,:.se ch~8ª1

tantos nomes e siglas que é difícil chegar éntrevista com a viúva,·Suely do ~osá- ~rto deJil, o y,eJbo miéeileão tea~1,
a uma conclusão. O que todos admitem, río, Ex~dfto foi seguido ppr vários e~ l:Jtiliza bens do 't?~ i,Ç!) pDl9a~i>~
implícita ou expHcitamente, é que o 1PM quiiômetro.s descle o baitro.de BptaJo- p,ara e1íroprir tina1idadê~ ~ ·

wt de Job Lorena vale tanto quanto uma nota go at~.'o, ~eroBoJ10 do 6 aleão um 6~ à dmheiro.do. eontri ·
de 3 dólares. E todos admitem que o Fiat Un~o.~ o dia l rl de ábriJ, quando persegQir e intim~dar um~
atentado que pretendia bombardear a co-
memoração do I2 de Maio foi preparado estava na Rua \Botücatu;, onde mora o que(ia ,JJ.>llrar .aUmM esCma~q.&' ~

'generàl Job, o motoristà que o 3corn- il(}galiêlade -

por gente de uniforme verde-oliva. Mes- ~~av,3 ·chegoq,. a set abordado por _base cio ;R.ióc'entro ,- fó.i':ll
mo fardados , os criminosos não represen- um a} entC;1rui :Polícia Fedetal. Todos co~fi!Ura óe autori~ ;éJ
tavam o Exército enquanto instituição. esses farop ,fojalp cQmqpjcados .às au- plicam e dizem que~

No acobertamento do Riocentro, no ·en- mto~ades pgfrciaí~t "0 fusêa que ficQ..u , Qqem deu:·a ordem ~
tanto, o Exército foi manchado enquanto
rondando o prédio de VEJ~ não per.- Expedito· é gente dà
instituição. Foi manchado com sangue, iencre à sec:reJaria", diz o oo,roné) João preparou a bo.mW·~"M·'=--""0

pólvora, urina e impunidade. ■

1 • •,.,,,

VP.TA 12 DF. MATO. lQQ J

- ..

ECONOMIA & NEGÓCIOS



■ En1 março, o número de trabalhadores "0 Estado brasileiro Favela no Recife: 33 milhões de...
desen1pregados na Grande São Paulo che- é incompetente para
dirigir a economia,
igou a 1nais de l n1ilhão de pessoas. Isso
controlando a
significa que 12% das pessoas em idade de ~ inflação e
trabalhar estão de braços cruzados, sen1 § fornecendo
salário. Em 1en1pos norn,ais, adtnite-se ·~
unia taxa de dcsc,nprego de uns 5%. condições básicas
■ Entre 1985 e 1991 , o salário 111édio do de sobrevivência."
trabalhador da Grande São Paulo perdeu
quase 1netade de seu poder de co1npra. É 1-IÉLIO JAGUARIBE.
con10 se os assalariados tivessern perdido
cientista político
7% ao ,UlO.
■ A atividade industrial de São Paulo caiu
15.8% nos últimos doze n1eses. O Estado,
o rnais rico do país, deixou de produzir
cerca de 8 bilhões de dólares.

Se rudo isso acontece en, São Paulo, a

loco1notiva econô1nica da nação, in1aginc o
que ocorre cn1 outros lugares. Para enten-

:-•~J :;;::v,_ z;•:o• "?:i .. /'' ~
•tl ~*
I. rt➔•t,-1_,?•:J-°::·•' ·• é :: •~ \ Cl il,;i;,i ; _... -- • 1 · llo I> d I d

1- o

De olho na porta de saída

Dois dos principais assesso- Central, lbrahim Eris, levou de credibilidade e, finalmente,
um pito por falar demais. No constatou que a credibilidade
res da ministra Zélia Cardoso só voltará aos poucos. Na se-
do1ningo 21, o jornal O Esta- gunda-feira da semana passa-
de Mello balançaram feio na do de S.Pau/o publicou uma da, a ministra Zélia Cardoso
de Mello despachava normal-
sen1ana passada. Para um de- entrevista com Eris que rea- mente com o presidente Fer-
cendeu, tanto em Brasília nando Collor quando ouviu
les, Alberto Policaro, presi- uma longa explanação sobre a
quanto no mercado financeiro, inoportuna entrevista. "Como
dente do Banco do Brasil, Zé- os boatos sobre sua saída do ele diz ter sido contra o con-
governo. gelamento se estava em todas
lia já indicou o can1inho de as televisões defendendo a
Na entrevista, Eris disse ter medida?", perguntou Collor.
casa. Há quinze dias, numa sido o último integrante da
No mesmo dia, Zélia esteve
audiência no Palácio do Pla- equipe econômica a aderir ao
congelamento por temer uma
nalto, Zélia disse a Collor que
qcruieseodegocvreerdniobilvidi.vaedee,ssaadmcnit.siue
!:i a presença de Policaro à frente
i do Banco do Brasil já não é
i uma prioridade do Ministério
~ da Econon1ia. O outro asses-
'--- - - - - - - - -~Policaro: desabafos sor, o presidente do Banco

,1cT A H! T'IC AA A T("\ 1001

1

l

t

década, que é incompetente para dirigir a

economia, controlando a inflação e forne-

cendo condições básicas de sobrevivência

para as pessoas", diz Jaguaribe. Na semana

passada, o empresário Antonio Ermírio de

Moraes, comandante da Votorantim, o

maior grupo industrial privado do país,

anunciou um desânimo de origem diferen-

r te, mas igual ao de Jaguaribe em sua

significação para a vida brasileira. "Vamos

deixar de ilusões. Temos de tentar criar um

país razoável para os nossos netos ou

bisnetos, porque já jogamos fora a chance

de criar um Brasil bom para a nossa

geração", afinna o empresário. Ermírio

suspendeu temporarian1ente investimentos

de 4 bilhões de dólares em suas fábrica,;

por causa da recessão e da política econô-

mica torta do governo. Segundo o empresá-

rio, o Brasil está parado e o governo

empurra as empresas para a ilegalidade e a

adoção de velhos costumes - da emissão

de notas fiscais frias à sonegação de impos-

tos - como formas de driblar os efeitos do

congelamento de preços.

Os bra,;ileiros, com toda a razão, pensam

:~:i em s,air depressa de seu tormento econômi-
:i: co. E um sentimento tão natural quanto a

t"o impaciência de uma pessoa que quebrou a

,.___ _ _ _ _ _ _ __ ___, ;i perna para tirar logo o gesso. Provavelmen-

"Temos de tentar te, como diz Antonio Ennírio, a cura levará
criar um país tempo e não será feita com pacotes afoba-
dos. Tomem-se como base de cálculo os
razoável para nossos números da "linha de pobreza". Na Grande

netos, porque já São Paulo existem 2 milhões de trabalha-

jogamos fora a dores na indústria - na qual dificilmente
chance de criar um se paga 1nenos do que um salário 1nínimo.
Para abrigar os 33 milhões de cidadãos que
Brasil bom para moram do lado de baixo da linha numa

a nossa geração.'' condição salarial mais folgada, seria preci-

so criar outros dezesseis centros industriais

ANTONIO ERMÍRtO DE MORAES. como o da Grande São Paulo. Não é obra

...pessoas abaixo da "linha de pobreza" e1n1,resório para uma única geração. ■

com Eris, relatou o desconten- Sentindo que até mesmo no Policaro, depois de contar

tamento de Collor e também Ministério da Economia é que, minutos antes, havia re- •

carimbou sua opinião. "Foi considerado um paciente ter- cebido uma proposta escabro-

uma entrevista inoportuna e, minal, Policaro, do Banco do sa de dois representantes de

em pleno congelamento, você Brasil, já não escolhe mais um usineiro. Esse usineiro fa-

usou tennos inadequados", com quem desabafar. Na turou 5 bilhões de cruzeiros

disse Zélia. Ainda na segun- quinta-feira, durante uma au- no ano passado, desejava rolar

da-feira, pelo menos dois as- diência que concedeu aos de- a dívida de l bilhão que sua

sessores de Zélia davam pros- putados Ariosto Holanda e Ir- usina tem com o banco e pedir

seguimento à irritação rei- ma Passoni, ele apontou o mais 1,5 bilhão de emprésti-

nante no ministério. "Para deputado Ricardo Fiúza, líder mo. Na· semana passada, as-

ll quem conhece o efeito pertur- do bloco governista na Câma- sessores de Collor já tinham l
bador de uma entrevista des- ra, como um dos principais um nome em alta na bolsa de
l
sas, é fácil concluir que ou autores do movimento que há apostas para substitui-lo. Tra-
Eris foi ingênuo demais ou contra ele. "A pressão está ta-se de Jorge Lins Freire, ~

festá indo embora", disse um muito grande, mas estou aqui atual presidente do Banco do

deles a VEJA. para defender o banco", disse Nordeste do Brasil. Eris: ingênuo ou de saída

VEJA, 12 DE MAIO, 1991 75

..

IMÓVEIS 53 lojas de pneus espalhadas por 39 cida-
des do país - o primeiro negócio da

A mágica da r m u t a. família. Entre as atividades de Estevão, que
lhe renderam 330 milhões de dólares no
ano passado, há ainda um banco de investi-
mentos e plantações de milho e soja em

negoO,,,ci.go,s·uepop o-OeKa emnat-roa em t1·ês fazendas próximas a Brasília.
em te,·renos
TERRENOS ALHEIOS - Construir edifícios
de 100 milhões de-dólares em lotes alheios traz uma série de vanta-
gens para o e1npresário, um dos maiores
proprietários de terrenos em Brasília. Além

O mercado imobiliário de Brasília se meses. Nessa transação, comentada com de manter sua empresa funcionando sem

· mexeu nos últimos dias ao ritmo de estardalhaço como um dos grandes negó- empatar capital, ele ainda reduz o espaço
três grandes transações e também ao som cios imobiliários dos últimos tempos, a para os concorrentes - ávidos por locais

dos 100 milhões de dólares que elas repre- Previ desembolsou 55 milhões de dólares. onde erguer prédios em Brasília - en-

sentam. Entre elas há um ponto etn co- O interessante é que Luiz Estevão não quanto seus lotes se valorizam. "A permuta

n1um: todos os negócios foram feitos por chegou a abrir o talão de cheques para é uma boa forma de negócio", garante o

Luiz Estevão de Oliveira Neto. um empre- ficar com os terrenos e os prédios da empresário. "Quem tem o terreno não pre-

sário de 4 I anos, casado, pai de

quatro filhos e dono da OK,

uma das maiores construtoras

do Distrito Federal.

Na se1nana passada, a Varig,

a n1aior cotnpanhia de aviação

do país, decidiu deixar seu en-

dereço atual, no Rio de Janeiro,

e se instalar nun1a nova sede,

em Brasília. O comando da

empresa vai se transferir para

um prédio a ser construído nun1

terreno que lhe pertence, na

região central da cidade. A Va-

rig não gastará dinheiro para ter

a nova sede, que deve ficar

pronta em quatro anos: em tro-

ca do prédio, vai permitir à OK,

e1npresa que tocará a obra, er-

guer outros três edifícios no

mes,no lote - avaliado en1

cerca de 15 milhões de dólares. .,,

*O segundo grande negócio
envolve a Fundação Universi- ~
dade de Brasília, a UnB. Dona ~o

de oitenta terrenos e,n condi- ~--.;.·:.:...:.....,._;;__""'---"----------------_:-

ções de seren1 negociados, a Estevão, no terreno da UnB: 600 salas em troca de 22 000 metros quadrados

universidade vai trocar cinco Plane. Só , abrirá a carteira na hora de ci.sa gac;tar para construt.r, quem constro,1.
deles por 600 salas con1erciais que a OK

possui em prédios valorizados de Brasília. construir. E muito diferente puxar 55 lni- não precisa comprar o terreno e os dois

Se Estevão co,npr-.isse os terrenos. teria que lhões de dólares do bolso e entrar nu,n saen1 ganhando", diz. Há alguns meses, a

gastar cerca de 45 milhões de dólares. A negócio. como fez Luiz Estevão. Essa é, OK concluiu a construção de um edifício

Plane, outra construtora de Brasília. fez o por sinal, uma das vantagens que ele vê de dezesseis andares num lote da Ordem

últin10 dos três negócios: entregará à cons- nas treA s transaço- es. dos Advogados do Brasil, a OAB. Em

trutora de Luiz Estevão as obras de doze Luiz Estevão é hoje um dos mais bem- troca, a OAB ficou com quatro andares do

prédios de apartamentos, avaliadas en1 cer- sucedidos e bem relacionados empresários edifício. Os outros doze foram vendidos

ca de 40 rnilhões de dólares, que vinha de Brasília, co,n trânsito livre no Palácio ou alugados pela OK. Esse tipo de negó-

tendo dificuldades para concluir. Quando do Planalto e na Cac;a da Dinda, na condi- cio, que vem se tomando comum na

os apartan1entos foren1 vendidos, as duas ção de amigo do presidente Fen1ando Col- maioria das capitais brasileiras, é uma

construtoras dividirão os lucros. lor de Mello, e tambén1 nos corredores do mina de ouro em Brasília. Nos primeiros

Esses negócios juntos, computando-se o poder municipal, onde dá as cartas outro anos de vida da cidade, inaugurada em

valor dos terrenos envolvidos, representam a.tnigo seu, o governador do Distrito Fede- 1960, havia muito terreno e pouco com-
quase o dobro da soma obtida con1 a venda ral. Joaquin1 Roriz. Alén1 de ter alicerces prador. O resultado foi que muita gente

da sede do grupo Pão de Açúcar. e,n São no rarr10 imobiliário, sua principal atividade conseguiu comprar barato lotes que, com

Paulo. à Caixa de Previdência dos Funcio- hoje en1 dia, a OK é dona de oito conces- o crescimento da cidade, passaram a valer

n,ú-ios do Banco do Brasil, a Previ. há dois sionárias de automóveis e de uma rede de pequenas fortunas - o metro quadrado

76 VEJA, 12 DE MAIO, 1991

-1 ,,

numa área nobre de Brasília chega a IMPOSTOS para seus funcionários e embolsam 4,7
custar 2 500 dólares. dólares de lucro. "Os trabalhadores brasi-

Concebida para se acomodar dentro do C~arga pesada leiros perdem sua renda mais para os
impostos do que para o capital, em com-
projeto do urbanista Lúcio .Costa, Brasília
cresceu mais do que o esperado, e, mesmo Como o Fisco contribui paração com os Estados Unidos", diz
com a redução do ritmo de construções nos para a ineficiência Kanitz, na reportagem de Exanie.
últimos anos, é cada vez mais minguada a
oferta de terrenos. A maioria dos que ainda PRESSÃO INFLACIONÁRIA - A diferença
estão disponíveis encontra-se nas mãos de
órgãos públicos. Outros pertencem a enti- B r~sília vive reclamando dos empresá- entre as duas equações é sensível. Nos
dades como a Ordem dos Músicos do nos que a seu ver aumentam custos Estados Unidos, como a maior parte do
Brasil, a Associação Nacional dos Escrito- sem razão, fazem coisas mais caras por- faturamento vai para os salários, a popu-
res e o Sindicato dos Jornalistas do Distrito
Federal - que: não têm em caixa dinheiro que são ineficientes e mostram-se ganan- lação consome mais, as fábricas produ-
para bancar a construção de um edifício. O
mesmo acontece com os prédios residen- ciosos no lucro. Se olhasse para o próprio zem em maior quantidade e, em conse-
ciais. Hoje, a maioria dos terrenos para
construção de prédios de apartamentos no umbigo, o governo teria uma revelação. qüência, a arrecadação melhora. O
Plano Piloto, a região central de Brasília,
pertence à Universidade de Ele é sócio dos custos e dos produtos imposto é pequeno, mas recai sobre um
Brasília, UnB, dona de um pa-
trimônio avaliado em 140 mi- caros. Mais interessante: ele é o sócio volume muito maior de transações na
lhões de dólares, um dos três
parceiros que Estevão conquis- majoritário. Uma pesquisa realizada pela economia. Ao impor uma carga tributária
tou recentemente.
equipe da revista Exan1e, coordenada pelo exagerada, o governo brasileiro reduz a

consultor Stephen Kanitz e publicada na eficiência da produção, inibe os investi-

mentos e estimula a sonega-

ção. O resultado disso sobre

as contas e o ânimo das em-

Quem é presas pode ser aferido por
algumas respostas recolhidas

o tubarão por Exame:

CONCORRtNCIA - A idéia de Impostos , 7,6 Nas confas das eropu,sas ■ A quase totalidade dos en-
trocar 22 000 metros quadrados Salários brasileiras, a parte principal da trevistados, 96,8%, considera a
de terrenos na região residen- Juros 21,5 42,1 carga tributária no Brasil alta
cial de Brasília - um patrimô- Depreciação. 12,4 15,3 receita - descontado o que ou muito alta, sendo que para
nio avaliado em 46,5 milhões
de dólares - por imóveis co- 3,2 8,3 se paga ,;!OS fornecedores - é 94,9% os impostos estão entre
merciais foi da própria univer- abocanhada pelos·impostos. os principais fatores de pressão
sidade, e não do empresário. inflacionária.
Veja ao lado uma a,mpara,ção ■ Os impostos altos desesti-

entre o que acontece no
Brasil e nos Estados
Unidos-- e;n %

Estevão, que só conhecia a Despesas diversas 5,8 22,0 mulam os investimentos, na

UnB como estudante de Física Lucró 47 opinião de 91,4% das empre-

e Economia, cursos que aban- sas pesquisadas. Um exemplo:

donou antes de se formar, apro- em 1990, para cada cruzeiro

ximou-se da universidade no ano passado, edição que está nas bancas esta semana, distribuído como dividendo aos acionis-

quando o reitor Antônio lbafiez decidiu mostra uma realidade bem diferente do tas, as empresas pagaram 18 cruzeiros de

transformar os terrenos numa fonte de que Brasília pensa. De acordo com os impostos, taxas e contribuições.

renda para a instituição. Nos últimos anos, números coletados entre 300 empresas de ■ Os impostos também diminuem a com-

sempre que a UnB precisava de recursos diversos setores, o grande fole da inflação petitividade brasileira no exterior. Das

vendia um lote - o que, além de não é o Fisco. Ou seja, o próprio governo e empresas ouvidas, 64,8% afirmam ter per-

resolver os problemas de caixa, reduzia o seus impostos, que comem, em média, dido negócios com exportação por causa

seu patrt•moAn1•0. 46% do dinheiro que as empresas arreca- dos impostos embutidos nos custos de

Para fechar negócio com o empresário, dam com seus negócios. Nos Estados suas mercadorias.

houve uma concorrência, da qual participa- Unidos, o desembolso dos empresários ■ Quase metade dos entrevistados reco-

ram seis interessados. "A OK foi escolhida com tributos é de apenas 7,6%. E lá o nhece que a sonegação é uma prática
. . porque fez a melhor proposta e não porque Estado funciona muito melhor.
habitual em seu setor.

Luiz Estevão é amigo do presidente Col- O trabalho feito pela equipe de Exame Se o dinheiro arrecadado em impostos
• lor'', diz o reitor lbaiíez. Pela proposta, é, ao mesmo tempo, uma radiografia das fosse be,m aplicado, o país seria uma
aprovada no Conselho Curador da UnB, contas das empresas e um termômetro bele~a. E uma pena que essa dinheirama

Estevão ofereceu em troca dos terrenos as das opiniões dos empresários. Colocou-se seja torrada em inutilidades. Apesar de

600 salas comerciais localizadas em prédios no papel tudo o que as empresas pagam pôr as mãos numa grande bolada, o go-

valorizados de Brasília. Alugadas, elas ren- ao longo do ano em sua atividade, de verno é incapaz de transformar os seus

derão à universidade, em valores de hoje, salários a dividendos, excluídos os gastos tributos em uma prestação de serviços

120 milhões de cruzeiros por mês. Com as com fornecedores. Os resultados são es- decentes à população ou em investimen-
'J ' obras que pretende construir nos terrenos, a pantosos. As empresas brasileiras pagam tos na infra-estrutura do país. O destino

partir do próximo semestre, a OK espera ao governo mais do que o dobro do que de todo esse dinheiro só não é completa-

lucrar 30 milhões de dólares. Com a Varig, gastam com a folha de salários e mais de mente misterioso porque se sabe que o·

uma empresa privada, o acerto foi mais quatro vezes o que recolhem como lucro governo abriga em sua barraca uma imen-

fácil: uma comissão de técnicos foi a Brasí- (veja quadro). Com os empresários ame- sa massa de funcionários, cuja folha de

lia e escolheu a proposta da OK entre as ricanos ocorre o inverso. De cada 100 pagamentos absorve boa parte do que se

três que foram apresentadas. ■ dólares que recebem, pagam 42 dólares toma dos contribuintes. ■

l VEJA, 12 DE MAIO, 1991 77

CONSUMIDORES Quem olhasse o anúncio com atenção
veria que o defeito era até secundário. BANCOS

De acordo com testes feitos pela Fiat, as

Afago na praça Na mira de Alárodas pode1n mostrar uma fissura após

A Fiat troca as rodas 70 000 quilômetros de uso e se quebrar Bilionário árabe é dono
defeituosas do Uno depois de percorrer 130 000 quilô1ne-
tros. Com essa quilometragem, um carro de 5% do Chase Manhattan

que trafega pelas estradas e ruas esbura-

Fiat, a terceira 1naior montadora do cadas do Brasil está precisando não s investidores árabes nos Estados Uni-

A Opaís, afagou os consu1nidores brasi- apenas de rodas, mas de tudo novo. dos estão nervosos. Na década de 70,

leiros com uma flanela n1acia na semana Levam-se uns bons dez anos para fazer quando o preço do peu-óleo disparou, eles

passada. A montadora descobriu um de- 130 000 quilômetros e assim a empresa fizeram uma pequena festa, comprando

feito nas rodas de auto1nóveis esportivos poderia de ixar sua decisão para outro imóveis nos Estados Unidos e até mesmo

da linha Uno - o l.5R e o I.6R - e, dia. Fez o contrário. castelos na Europa. Neste ano, os árabes

com maestria, transformou um problema voltaram à carga, atacando agora no setor

capaz de arranhar sua imagem junto aos DUAS NOVIDADES - Nos últimos te1npos, bancário. Em fevereiro passado, o príncipe

consumidores em uma solução que agra- a montadora ilaliana tem se 1nostrado saudita Al-Waleed Bin Talai tomou-se o

dou todo inundo. Por cartas pessoais, 1nuito ágil na seleção e no uso de oportu- maior acionista individual do Citicorp, o

pelo jornal e pela televisão, a Fiat cha- nidades para ganhar solidez no Brasil. No maior banco americano. Na se1nana passa-

mou todos os 14 542 da, descobria-se que o

compradores desses bilionário saudita Suli-

carros para ganhar um man Olayan também

jogo novo de rodas. mordeu u1n bom boca-

Para substituir as do do setor bancário

58 168 rodas desses arnericano. Com uma

carros e outras 14 000 operação na bolsa, ele

v.end,id.as pelas conces- co1nprou um lote gigan-
ss1o,,orn1.aors1asopcco1.monoa .ace s- tesco de ações do Cha-
a se Manhattan, que, so-
1s,

Fiat espera gastar 6 mado ao que já possuía,

milh. õ,es de dólares. O tomou-o dono de 5%
da insútuição. O Chase
,
preJutzo e pouco perto

do que a empresa ga- Manhattan é o quarto

nha em credibilidade e maior banco americano.

simpatia. "As rodas Há três anos, Olayan

estão entre os itens vem co1nprando lotes

mais importantes de de ações do Chase. Em

um carro", diz Rober- 1"' 1988, o bilionário sau-
to Bogus, o diretor co- dita tinha 1% dos pa-

mercial da n1ontadora. j\:1 péis. Com a compra de
"Por isso resolvemos quase 2 milhões de

trocar todas as peças ações do banco na se-i =:!..!...._...!.._~-"='= :;;::...------"=-'--......;:..;:.__ _ _..:,_...:..._...;.;.:.:....;;:;:..;:;_..,__.:... "---'-"'-"=..,

vendidas." Substituição das rodas do Fiat Uno: uma medida típica do Primeiro Mundo mana passada, Olayan

Rara para os pa- completou um lote pes-

drões do Brasil, a medida é típica dos ano passado, pouco depois que o governo soal de 6,7 1nilhões da instituição, que

países do Primeiro Mundo. No ano pas- anunciou a redução do IPI para os carros valem 126 milhões de dólares - o equiva-

sado, por exemplo, a Jaguar, famosa com motores abaixo de l 000 cilindradas, lente a 5% do Chase. Ele pagou cerca de 35

marca inglesa, chamou cerca de 40 000 a Fiat lançou o Uno Mille - o campeão milhões de dólares pelos 2 milhões de

consumidores americanos para trocar de vendas do mês de março e o único ações, numa operação que começou e1n

uma das mangueiras da direção hidráuli- carro brasileiro a aproveitar essa brecha março e tenninou há duas se1nanas. Além

ca, que apresentava defeito. Como os entre todos os fabricados pelas grandes dos investiJnentos no Chase, o bilionário

donos de Jaguar, os proprietários dos montadoras. Há algumas semanas, a Fiat saudita tem ações de vários outros bancos

carros Fiat não gastarão dinheiro para chamou o empresário Antonio Ermírio de ainericanos, como o First Chicago, o J.P.

substituir as rodas. O defeito co1neçou a Moraes, um dos mais respeitados do seu Morgan e o Transamerica. A investida do

ser notado em fevereiro, mas só agora, meio, para fazer um filme publicitário do prú1cípe Talai no Citicorp foi mais impe-

depois que o novo Código de Defesa do Prêmio, com destinação do cachê ao tuosa. Ele comprou 590 milhões de dólares

Consumidor passou a vigorar, a empresa Hospital do Câncer de São Paulo. Para em ações do banco e também garantiu o

anunciou a troca das rodas. Pelo novo maio, o grupo Fiat prepara outras duas direito de compra de mais um lote gigantes-

código, uma empresa que fabrique pro- novidades. Vai criar um banco para aten- co de ações. Se Talal levar esse segundo

dutos defeituosos é obrigada a chamar der as empresas do grupo, seus fornece- pedaço, será dono de 14,9% das ações do

os consumidores e reparar seu erro. A dores e concessionárias. E passará a ad- Citicorp. Co1no a economia americana ain-

Fiat poderia se ver tentada a empurrar o ministrar as fábricas brasileiras da Ford da sofre os efeitos da rec~ssão, os lucros

problema com a barriga, mas preferiu New Holland, uma marca de tratores dos bancos continuam bastante baixos. Por

acertar l9go e de forma correta aquilo agrícolas que a matriz italiana comprou isso, qualquer dinheiro que entre em seus

que estava errado. no ano passado. ■ cofres é uma bênção dos céus. ■

78 VEJA, 12 DE MAIO, 1991

\ . .' '



EM RESUMO

Coração amarelo O caráter

A indústria japonesa, capaz de aliar produção em massa com no sangue

rigor de qualidade, conquistou o coração humano. Na semana

passada, duas das maiores fábricas japonesas de componentes

eletrônicos para o setor médico, a Nippon Zeon e a Toyobo, Nem horóscopo nem

anunc~aram que exportarão milhares de corações artificiais por grafologia. O biólogo e

ano. E uma aposta corajosa. Nos Estados Unidos o coração estatístico japonês Ma-

artificial, concebido no início da década de 80 pelo médico sahito Nomi acredita

americano Robert Jarvilc, foi considerado insatisfatório e banido que o tipo sanguíneo é o

dos hospitais em 1988. Esses mecanismos são reco1nendados melhor indicador da

apenas como pontes temporárias em substituição ao coração personalidade das pes-

verdadeiro, podendo garantir a vida do paciente por até dois soas. Faça o teste:

anos, enquanto ele espera um doador. Em 1990, foram realiza-

dos no mundo 12 631 transplantes, número que só não foi maior ■ Tipo A - Pes-

por falta de doadores. Com os corações artificiais japoneses, o soas desse grupo

número de operações deverá dobrar nos próximos anos. tenderiam a ser per-

O coração artificial: de novo feccionistas, racio-

nais e dotadas de

Um enigma muito grande poder de concen-
mais antigo tração. Por essas caracte-
rísticas, se dariam bem

em profissões que exigem

O maior símbolo da cultura do planejamento de detalhes,

antigo Egito, a esfinge de Gizé, como a engenharia.

que acopla o rosto do faraó

' ' Quéfren a um corpo de leão, ■ Tipo B - Cria-

teve sua idade reavaliada. AI- tividade, intuição,

queólogos egípcios e an1erica- individualismo e íP

nos analisaram o calcário usado inn.acmonfaosrmcaisrmacotens,es--
no monumento e concluíram

que sua construção ocorreu há ticas mais marcantes do

mais de 1O000 anos - e não po'13dor de sangue tipo

há 4 500 anos, como se i1nagi- B. As vezes, tais qualida-

nava. A esfinge teria sido ergui- des se manifestam em

da, então, antes da escrita e das -epi.eanad' o1.rnatrrotíssptieccoçaeo.tendên-
primeiras cidades, na Mesopo-

tâmia. Ela seria mais antiga que

a própria História. Esfinge de Gizé: mais antiga que a roda e a escrita ■ Tipo O - Cargo

■ L' eitura difícil - Uma pes- de liderança em
que é preciso man-

Do lado de cá da fronteira quisa realizada pelo Serviço ter a cabeça no lu-

de Avaliação Educacional de gar mesmo que tu-

Confinnou-se na semana passada que o amazonense Antônio Princeton, de Nova Jersey, re- do esteja dando errado se-

Teodoro, de 23 anos, morador da cidade de Tabatinga, na velou um lado preocupante da ria a profissão ideal para

fronteira com o Peru, foi o primeiro brasileiro a contrair a cólera sociedade americana. Foram os donos do sangue tipo

contaminando-se com o bacilo dentro do próprio país. Ele foi estudadas 2 000 pessoas entre O. Extremamente dinâmi-

examinado depois de ser 16 e 65 anos do Estado ameri- cos, não desistem diante

internado no hospital da cano de Oregon que, coloca- o ndo primeiro obstáculo. y
cidade com todos os sin- das diante de testes para aferir
tomas característicos da a capacidade de apreensão de ■ Tipo AB - Co-
doença: diarréia aguda, diferentes tipos de textos, ti-
municação não é

~ _;"__;_.,,_ vômitos e cãibras no veram dificuldades para resol- problema para os

corpo. Para o Brasil, a ver questões simples. Apenas portadores do tipo

notícia é a pior possível: 35% dos pesquisados conse- lubrido AB. Por

é a constatação de que a guiram detenninar a dose cor- causa dessa facilidade,

bactéria da cólera já cir- reta de um remédio infantil eles teriam inclinação pa-

.,, cula pelo território na- usando uma tabela de peso e ra a vida pública e a di-
~ cional. Antônio pegou idade e somente 18% conse- plomacia. Seriam aqueles
cuja presença dificilmen-
g cólera ao comer peixe guiram achar os horários de

= ::D~ malcozido durante uma partida dos ônibus dispostos te passa despercebida.

\ Antônio: cólera brasileira viagem a Manaus. numa placa.

VEJA, lº DE MAIO, 1991 59

., •



•• - ___..... ,

25 anos depois .'



,




mupdo entrou em transe em 1968,
varrido por uma onda de rebeldia,
, _movida pelo sonho de mudanças. ~t. .

t ··.,..E.o que sugere o rosto de Daniel Cohn ·

Bendit, ao ,ncarar ogigantes.co policial :· ··~•.:.
francês na vitóri~ da imaginação s·obre o · .:.. ·
poder; durante a revolta estudantil que ~
ele liderou. Acrista desta onda atingiu o
Brasil das guerrilhas urbanas e os Esta-
dos Unidos de .Lut~~r King. Márcio
Moreira Alves mostra como foi isto,
numa ~érie de dez artigos que começa
aqui. Euma viagem ao ·vórtice da tem-
pestade que mudou omundo.



'

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1N 968. o ano das rupturas, quando OSONHO DO CHE NO O Partido Comunista sentiu iine-
todos os sonhos pareciani possí- diataniente a pressáo das teses da
veis aos jovens e nenhunia vio- BRASIL
lência era proibida aos poderosos, OLAS sobre os seus quadros e a in-
conicçou polilica,nente no dia 8 de A notícia da morte do Che chegou fluência cios aliados de Marighella.
outubro de 1967. A Bolívia. final- a Havana pouco te,npo depois da O seu VI Congresso, reunido em de-
n1ente. cnlrnva na História. Entrava reunião.da OLAS, Organização La-
!riste, co,no o seu passado de niassa- tino-Americana de Solidariedade, zembro de 1967, afastou-se, pela
cres e esperanças perdidas: através quando alguns participantes ainda primeira vez em muitos- anos, de
de unia 1norte, en1 uma niiseníve l se encontravam eni Cuba. A con-
escola na perdida aldeia de Las Hi- ferência fora convocadà por Fidel un1a linha legalista, que recomen-
gucras, nos Andes: a morte de Er- Castro contra a opinião da União dava aos niilitantes atuarem so-
Soviética e dos partidos coniunistas mente no espaço permitido pelas re-
~ tradicionais. Erani contra, porque
achavani u1na provocação inútil aos gras do regime. Abrindo unia janela
nesto Guevara, argentino, rnédico, Estados Unidos a sua mensagem para a luta annada. declarou que "as
rcvolucionürio. Fe rido e preso. foi principal: crii!r no Continente dois,
ulthnado com unia rajada de nietra- três, muitos Vietnãs. ou seja , muitos forças populares nüo poclcni limitar-
lhadora e uni tiro de pistola por uni focos de luta arniada contra o capi- se aos marcos das leis inipostas pelo
sargenlo bê bado de tropas anti- talis1110. Fidel talvez soubesse ser a regime e devem combinar as formas
gucrrilhas. treinadas por instrutores tarefa irnprovável. No entanto, ar- legais e ilegais de ação".
a1nencanos. riscou u,n conflito coni o seu po-
deroso aliado soviético para tentar Aliás. unia de1nonstração das pos-
Para as esquerdas nascia, naquele dar algun1 tipo de proteção ao com-
n101ncnto. o n1ito de, Che Guevara. panheiro de lutas, que sabia ern risco sibilidades de açüo legal que ainda
o guerrilheiro heróico, o jove1n ge- de vida nas serras bolivianas, e aos existiam foi a publicação da íntegra
neroso. capaz de abandonar uni lu- cubanos que com ele pensaram ser
gar de 1ninis1ro cn1 Cuba para lutar possível fazer da Cordilheira dos das resoluções desse congresso pelo
pela rcvoluç~io socialista e ni t11n país Andes uma gigantesca Sierra legalíssimo Jornal do Brasil. Nele
que n,io era o seu. junto a uni povo Maestra. trabalhava1n vários comunistas, já
que dcsconhecin. O seu belo rosto
sonhador. de barba c boina estrela- Estava em Havana u1n comunista que seu dono, Manuel do Nasci-
da . scrü erguido en1 todas as passea- brasileiro que naquele momento mento Brito, seguia a receita de As-
tas estuda ntis que inio se desenvol- rornpia com o partido ao qual dedi-
ver pelos quatro cantos do rnundo ao cara a vida. o PCB, Partido Comu- sis Chateaubriand e de Robe rto
longo do ano e, po r ironia. será nista Brasileiro. Chegara a ser o Marinho. segundo a qual fazer jor-
transfonnado e,n artigo de con- 1ne1nbro do seu comitê central res-
ponsúvcl por São Paulo. a mais irn- nal sern comunistas é tão impossível
~ portante base da organização, mas
rompia por acreditar na luta annada
su,no. t!Sta ,npado nas caniisctas de co,no única forma de con1bater ore-
cs1udantt's. Para a direita. a eliniina- gime militar que se instalara com a
ç,io de Che Guevara signi ficava ter derrubada, em 1964, do presidente
sido a revoluçáo cubana uni acidente João Goulart. Era u,n rnulato forte,
histórico. que n,io 1nais se repetiria. nascido c1n Salvador de n1ãe negra e
"l'vlorrcu o últinio bastardo idea- pai italiano. expansivo conio os bai-
lista... comentou uni ex-auxiliar de anos e briguento corno o Zu,nbi:
Kennedy ...Agora podernos fazer Carlos l'vtarighella.
política con1 gente séria. que en-
tt'ndc o que é o poder. .. Dez dias após a niorte do Che,
l'v1arighella dedicava à sua 1nen1ória
uni texto que iria mudar a história do
Brasil: Al~un1as Quesrões Sobre ,1

~

Guerrilha no Brasil. Baseado nele, a
guerrilha urbana ganharia a i1nagi-
naçáo de muitos jovens. a maioria
ela classe niédia. As modestas ações
que praticarani cm 68 - assaltos a
bancos. alguns ataques a estabeleci-
nientos niilitares, o assassinato de
uni oficial nortc-a,nericano - se
transforniarian1 na principal razão
da vitória dos oficiais da chaniada
linha dura. Esses oficiais defendiam
a coniple ta abolição das garnntias da
cidadania nos debates inte rnos das
Forças Armadas realizados ao longo
do ano. A conseqüência do triunfo
da linha dura foi a implantaçáo de
unia ditadura de ferro que duraria
vinte anos.

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t GUEVARA E co1no montar um balé sem ho1nosse- parlamentares e aos seus eleitores a
xua1s.
MARIGHELLA promessa de mais sangue, mais suor,
OVIETNA- DERRUBA mais lágrimas.
SONHAVAM
JOHNSON Sangue, suor e lágrimas fora a
~' COM UMA proposta entusiasticamente apoiada
SIERRA Enquanto os cubanos e laboravam pelos ingleses, quando feita por
l.,_._ . MAESTRA a sua estratégia guerrilheira, os nor-
te-americanos aplicavam a sua dou- Churchill , diante da ameaça de uma
NOS ANDES trina do direito de intervenção em invasão alemã da Inglaterra. Só que
qualquer lugar do mundo onde ore- os Estados Unidos n.io estavarn
Aface insolente gime capitalista fosse contestado
de Che Guevara, pelos com unistas de armas nas ameaçados de invas.io. Ao contrá-
mãos. rio: havia,n invadido um remoto
com seu charuto, país asiático, povoado por campone-
transmitia uma Lyndon Johnson, preside nte dos
Estados Unidos, pedira ao Congres- ses pobres , que pareciam ter uma
mensagem tão so que lhe desse os instrumentos ne- inesgotável capacidade de niorrer
carismática cessários para acabar co1n a guerra eni defesa do seu território.
quanto seu corpo no Vietnã durante o ano de 1967.
Recebeu os bilhões de dólares que Ao longo de 2 mil anos de his-
varado de balas. queria, dinheiro que foi transfor- tória, os vietnamitas haviam derro-
mado na maior concentração de ar-
Como ele, o mas jamais lançada cm campos de tado todos os invasores que se atre-
batalha e em 500 mil soldados. Pas- veram a embrenhar-se nas suas flo-
braslle/ro Carlos sado o .ano, só podia oferecer aos
restas, fossem indonésios, tailande-
Marlghella achava ses, chineses ou franceses. Desde
a luta armada o 1962, quando John Kennedy criou o

único meio de Comando Militar Norte-Americano
combater o no Vietnã do Su l, já haviam provo-

regime militar. cado dezenas de milhares de baixas,
entre feridos e mortos, nas tropas
norte-americanas.

Oapoio popular ~-,. l 1- !
ao Vietcong y#"i,
derr1otou os ' ..,_ ~ '
Estados Unidos ' ,•.
até mesmo no .
front do ouro
"· '• '"!r

•.,,,.

.. '

populaçlio dos Estados Uni-

dos começava a repudiar essa

guerra distante e a protestar

contra o preço que cobrava, en, di-

nheiro e em sangue.

A 30 de janeiro de 1968, durante

as co,nemorações do Ano-Novo Lu-

nar, o Festival do Tet, uma divisão

de infantaria vietnan,ita, vieccong,

, - co,no os americanos chamavam seus

opositores, completa com os seus ar-

senais e unidades de apoio, saltou

dos túneis e das favelas onde se es- por satélites perm1t1am às grandes

condia, no bairro popular de Cho- OOURO SAI multinacionais aplicar as suas sobras

lon, e iniciou uma ofensiva no pró- DE CENA de caixa de um lado para outro do
planeta. jogando na diferença dos
' priô centro de Saigon, capital do A guerra do Vietnã sinalizou para fusos horários e procurando ganhos
Vietnã do Sul, principal centro de

operações norte-a,nericano. os demais países industrializados o de alguns centavos ao trocar uma

A ofensiva foi contida, mas tor- fim do don1ínio total dos Estados moeda por outras. Como as opera-

nou-se claro o apoio popular aos Unidos sobre a economia mundial. ções envolviam muitos bilhões de
vietcongs. Esconder dos serviços de É que, pela prin,eira vez em mais de dólares, esses poucos centavos re-
informação militares nu1is de 15 n,il n,eio século, o país tinha déficits na presentavam lucros consideráveis
co,nbatentes, seus arn,a,nentos e sua balança comercial, ou seja, gas- para as empresas e uma insuportável
n,unições. revelava un,a cumplici- tava n,ais em in,portações do que pressão sobre os bancos centrais dos
dade generalizada e prenunciava a ganhava exportando. A percepção países industrializados.

derrota. Portanto. os sacrifícios da dessa fraqueza desencadeou uma Finalmente, em março daquele
guerra passaran1 a ser encarados
onda global de especulações contra • ano, o governo americano foi obri-

con10 inúteis pelos jovens que moedas que os operadores financei- gado a declarar a inconvertibilidade
serian, chamados a nela arriscarem ros das ,nultinacionais considera- da sua moeda - quer dizer, a abolir

as suas vidas. Em conseqüência, a vam vulneráveis. Por isso, torna- o direito de se trocar dólares por
partir do Tct, o movimento contra a va-se difícil manter a prática de tro- ouro - e a deixar flutuar o preço do
guerra. que já realizara unia marcha car dólares por ouro. a um preço ouro. que se mantivera estável

sobre \.Vashington en1 outubro de fixo. desde o fi,n da II Guerra Mundial.

67. ganhou novas forças. conquistou As reservas americanas, monta- Como conservava o direito de emitir
as universidades e as elites intelec- nhas de ouro acumuladas ao longo dólares como entendesse e a sua
tuais do país. das décadas de vacas gordas e guar- moeda era aceita em todos os con-

O pacifisn,o tornou-se a mais visí- dadas no supercofre de Fort Knox, tratos comerciais do mundo, essa
vel exprcsslio política do país. Cons- desaparecian1 rapidamente. No iní- medida não afetou a vida cotidiana

ciente da in,popularidade da sua cio de janeiro de 68. o equivalente a nos Estados Unidos. Mas encerra-
política no Sudeste Asiático, Lyn- 950 bilhões de dólares já se haviam va-se , com ela, a era do dólar im-

don Johnson desistiu de concorrer à evaporado na tentativa de manter o periaL todo-poderoso, e começa-

rceleiç,10. abrindo o caminho para equilíbrio no mercado mundial de vam os tempos da partilha do poder

un,a vitória eleitoral dos seus adver- moedas, onde a libra inglesa, atrela- com o marco alemão e com a moeda

s,irios republicanos, qve chegaran1 à da ao dólar. era vítima de ataques de um povo até então quase invisível

presidência e'm novembro, através especulativos. Pela primeira vez, os no cenário n,undial: o iene dos japo-

de Richard Nixon. computadores e as comunicações neses.

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UM POVO CONTRA AFORÇA, AFLOR CONTRA OS FUZIS No dia 2 de janeiro de 1968 co1ne-

Um vietcong ensangüentado é apanhado pelos marines depois de invadir a embaixada morou-se na surdina, quase sem re-
americana em Saigon na ofensiva do Tet. Nesse.dia, sentindo que o Vietcong tinha o apoio do
povo vietnamita, os americanos começaram a perder a guerra. Já no ano anterior, a marcha gistro nos jornais do Ocidente, uma
sobre o Pentágono tinha sua foto-símbolo: aJovem enfrentando as baionetas com.uma flor. A
partir dai, o domínio americano sob;e a economia mundial decaiu e as reservas americanas de data simbólica: um século da Re-
ouro decresceram rapidamente.
volução Meiji, que, iniciou a moder-
~' ~ . . . fj•.,, 11:J ~n-,Jlz 11( , /
nização do Japão. Kimpel Shiba,
,
editor do Asai Shimbum, maior jor-

nal do mundo, avisou sen1 ser ou-

v'ido: "Os primeiros cem anos foram

os mais duros." ,

Vinte e cinco anos mais tarde u13·

dólar comprava dilas veze's m1 eno

ienes que em 1968. Os japoneses ha-

viam perdido a modéstia, .acumula-

vam megassuperávits 110 seu co.mér-

\ mn1l , ~1t 1 I!u1 , cio com os Estados Unidos e iam

1 dominando o mercado americano
1 1:1l.l.!:\\.;I\:;~[ .
por fatias, ocupando pr~_gressiva-
>\ '' ·•.·•;,'1Ã '

~ •'-' ' V/

.,,,(1
11.fi,!l mente os diversos setores da indús-

,t,. 1 tria. Era o abraço do samurai, vin-

;1 r ---e:::c-- . gando-se da derrota na guerra.

., OS VENTOS SOPRAM
PARA OLESTE
' ~'-1!
' .. Nada acontece na Europa do
-.•. Leste, escreviam os analistas políti-
~ ~ '-r cos ocidentais. O poder do Exército
~ Vermelho, os sistemas de espiona-
...::_a~ ,..,_ gem internos e a disciplina dos parti-
·, ~,; dos comunistas tornavam aparente- ,
" /t, , -jJ! mente impossível a evolução dos re-
gimes ditos "de socialismo real".


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