The words you are searching are inside this book. To get more targeted content, please make full-text search by clicking here.
Discover the best professional documents and content resources in AnyFlip Document Base.
Search
Published by Raquel Maciel, 2020-11-11 16:59:45

PASTA - 07

PASTA - 07

Keywords: GETÚLIO,POLÍTICA,DITADURA,CONSTITUIÇÃO,SUICÍDIO,JÂNIO,QUADROS

f

'''

descumprir, jamais; afrontá-la. zeros e fixando-se a paridade da O caixão de que venceu Espiridião Amin na
nova moeda com o dólar. Convenção Nacional do PDS ; ele
nunca. Traidor da Constituição é Tancredo foi Aureliano Chaves, que derrotou o
Derrotando as candidaturas de Senador Marco Maciel nas prévias
traidor da pátria. Esta é uma Consti- Waldir Pires e de Iris Rezende na levado de São realizadas pelo PFL; de Leonel Bri-
Convenção Nacional do PMDB, o Paulo a Brasil/a zola, que escolheu o Deputado Fer-
tuição andarilha. Deputado Ulysses Guimarães foi es- nando Lyra para seu companheiro
colhido oficialmente como candi- e dai a São de chapa pelo PDT; de Guilherme
}f O processo de consolidação de- dato do partido à presidência da Re- Afif Domingos, hornologado na
mocrática prosseguiu logo no pri- pública. João dei Rey. Convenção do PL; de Ronaldo Cai-
Fevereiro de ado, que se desligou do PDC e foi
t\ meiro dia do ano-novo, com a posse Lançaram-se sucessiva,nente as lançado pelo PSD; de Mário Covas,
de todos os prefeitos das capitais e candidaturas de Luiz Inácio Lula da 86: João Sayad que logo depois teve de escolher o
Silva; de Fernando Collor de Mello, Senador Almir Gabriel, do Pará,
do interior, eleitos anteriormente a e Dilson para substituir Roberto Magalhães,
que se desincompatibilizou do go- de Pernambuco, como seu candi-
li , 15 de novembro. Antecipando-se à verno de Alagoas; de Paulo Maluf, Funaro dato a vice-presidente; de José Pau-
,· sucessão presidencial, o Deputado anunciaram o lo Bisol, indicado pelo Diretório Na-
Plano Cruzado, cional do PSB para companheiro de
'v\ ~··, Roberto Freire lançou-se como can- chapa de Lula; de Affonso Ca-
didato do Partido Comunista Bra- que coube a margo. lançado na Convenção do
PTB; e de Itamar Franco, indicado
sileiro ao Palácio do Planalto. Sarney pelo PRN para vice de Collor.

O governo ainda tentou um úl- administrar Esses candidatos fizeram pela TV
como pôde. Bandeirantes seu primeiro debate.
Aconteceram conflitos de rua , cm
timo e desesperado esforço para ~--- -1',
~ Niterói , com a presença do candi-
conter a inflação, lançando no dia 15 dato Fernando Collor de Mello e de
,..,_,no · partidários do PDT. E das 37 candi-
de janeiro o Plano Verão, o terceiro daturas inicialmente inscritas para a
·'~"-\"fl!'a111U ' presidência da República , 21 ti-
veram seu registro concedido pelo
choque heterodoxo dado na econo- TSE.

mia, quando se extinguiram os mi-

nistérios da Habitação, da Adminis-

tração, da Reforma Agrária, da
, Ciência e Tecnologia e da Irrigação.

.. •

Lançamento de outros

t candidato$ presid,e~iais 1

Através desse Plano Verão, con- O Deputado Ulysses Guimarães, presidente da
Assembléia Nacional Constituinte, anuncia
11 gelaram-se os preços de 65 produ- orgulhoso a promulgação da nova Carta Magna, em
\\,.. tos, decretou-se o fim da URP e da outubro de 88.
U oTN. criou-se uma nova moeda, o

cruzado novo, com o corte de três

[M:;;;i6 DE NOVEMBRO OE 1993 33

1

OPlano Collor ' - ,,- "' ;•-..
surpreendeu toda
a nação logo no ..' .'

dia seguinte à '\

posse ilo novo '
presidente

on,eçou no dia 15 de setembro '

' o hor,1rio gratuito no rádio e ,~
na TV, com os 21 candidatos
se revezando durante u,na hora e f ) 'i

dez minutos no dia e outro período patinou no patamar de 14%. atin- O(10 , 78%); de Paulo Maluf ,
igual na parte da noite. gindo 15,45 % no dia 15 de novem-
bro. com os quais foi suplantado por 5.986.575 votos (8,28%); de Gui-
O candidato Fernando Collor de Lula. vitorioso após dramática lhenne Afif, 3.272.462 (4,53%); e
Mello. que chegou ao pique de 45% apuração. com apenas 454 ,nil votos d e Ulysses Gui,narães, 3 .204.932
das preferências do eleitorado. co- de vantagem sobre o candidato do (4,4%).
meçou a despencar até atingir o ín- PDT.
dice de 23%. com o lançan,ento da Registrou-se um total de
candidatura Sílvio Santos. Sua i,n- ·Resultados do 'primeiro edo 9.793.809 abstenções, além de
pugnação pela Justiça Eleitoral le- 3.473.484 votos nulos e de 1.176.413
votos em branco. num universo total
vou o candidato do PRN a recuperar segu~o turnos J de 82.074.718 eleitores.
5 pontos nas pesquisas.
No dia 27 de nove,nbro. recome-
J:í o candidato Luiz Inácio Lula da Seis dias depois de 15 de novem- çou o horário gratuito no rüdio e na
televisão, com o reinício tan,bém da
Silva. que chegou a ter 19% das in- bro. o Tribunal Superior Eleitoral campanha eleitoral e dos comícios
para o segundo turno. disputado en-
No segundo debate televisionado, a vantagem conquistada junto ao público reverteu para Col/or. tre os candidatos Fernando Collor
de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva.
tençôes de voto. perdeu substúncia pôde proclamar o resultado oficial
conl o excesso de greves e o radi- do prin,eiro tu rno. com a vitória de As primeiras pesquisas eleitorais
Fernando Collor de Mello , que rece- entüo realizadas apuravam que Col-
~ beu 20.611.01 l votos (28,52%). se- lor saíra para essa segunda rodada
guido de Lula. 11.622.673 votos co1n 52% das preferências do elei-
calismo da CU1'. atingindo o fundo ( 16.08 <;',õ ); de Le o n el Brizola. torado contra 37% de Lula. Mas,
do poço com apenas 5 % . Daí con,e- 11. 168.228 votos (15.45 % ); de nos vinte dias de campanha, essa
rvt:irio Covas. 7. 790.392 votos 1narge1n se estreitou muito, sobre-
çou a sua reação até chegar a tudo porque o candidato do PT con-
16.08% no final das apurações do seguiu costurar em torno de si uma
prin,eiro turno. poderosa frente de esquerda: rece-
beu o apoio de Brizola, Arraes, Ro-
A candidatura de Leonel Brizola berto Freire. Prestes, Waldir Pires e
Ulysses Guimarães, que vieram so-
mar-se à Frente Brasil Popular, já
constituída pelo próprio Lula. pelo
Senador Jamil Haddad do PSB e por
João A1nazonas. do PC.

Quando as pesquisas apontavam
um empate técnico entre os dois can-
didatos. com a Frente Brasil Popular

Jcrescendo na rua em g~· randes comí-

cios, sobreveio o segundo debate na
televisão; Fernando Collor levou
vantagen, e conseguiu eleger-se com
35.089.998 votos contra 31.076.365

IM_~~34 6 DE NOVEMBRO DE 1993

1



., ; ,; j

.' f' ,.(, ~,
/t·
1 ,/, .•t;.' ' , - ..,t

• '

' \. {' i

' 1l

.'~ . I . 1'

'.-:.,~l. J 1, , •
/ ..

' l,.

l~ dado~ a ~uiz In_ácio Lula_ da_ Sil~a. 83%; restaurava o cruzeiro como Ocasal Collor turno das eleições para governador,
· Ate hoJe, existe uma 1ncogn1ta: moeda nacional e congelava os pre- (Pedro atrás),
por que Lula, que se saíra tão bem ços e salários por 30 dias. simultaneamente com os desgastan-
Cláudio Humberto,
do primeiro debate, teve uma per- Eram extintas repartições públi- PC Farias e Bellsa tes incidentes nos bancos, durante
cas e ministérios, pro1netia-se ven- Ribeiro aqueles primeiros dias do Plano Col-
formance tão ruim no segundo? Por der mansões, apartamentos e carros comemoravam a lor. as quilométricas filas dos mo-
que usou un1 terno escuro, com o oficiais, cancelavam-se gratificações
punho da manga da camisa so- e transportes gratuitos, anunciava- vitória eleitoral na toristas de carros a álcool , os milha-
brando na telinha, numa postura de se a demissão de milhares de funcio- Casa da Dinda. res de desempregados. as queixas
visível acovardamento? Teria sido a nários públicos, enfim, mexia-se Depois, Collor dos empresários surpreendidos nas
com o bolso, a vida e o dia-a-dia de
, revelação, poucos dias antes, do es- milhões de brasileiros. conseguiu alguns concordatas. E 1nais: o descontenta-

cândalo da Mirian Cordeiro? Entre várias viagens ao exterior pontos positivos mento de milhares de funcionários
O certo é que dez dias depois, a 27 (Paraguai, ONU, Techeco e Eslová-
quia, Venezuela, Portugal e Japão). na política públicos demitidos ou postos em dis-
de dezembro, quase na véspera do o Presidente Collor presidiu, no dia
ano-novo, o TSE proclamava o Sr. 3 de outubro , ao 1~ turno e no dia 15 econômica: êxitos ponibilidade, a queda no PIB. os de-
Fernando Collor de Mello como de novembro ao 2'.' turno das elei- tão passageiros sentendimentos na equipe governa-
novo presidente da República para ções para governadores de estado. quanto foram os
suceder o Presidente José Sarney, a Já então , registravam-se as primei- rnental , a manutenção da inflação
partir de 15 de março de 1990 até l'.' ras baixas no g~verno: Bernardo Ca- ministros em, torno de 20%.
bral, Luiz Octávio da Motta Veiga, Bernardo Cabral,
( de janeiro de 1995. E bem verdade que na ürea eco-
"~ Estava finalmente concluído o Ipojuca Pontes. Zélia Cardoso e
'\'.::. longo e penoso processo de consoli- O fantasma da recessão já se aba- Antônio Magri. nômico-financeira alguns pontos po-
sitivos haviam sido alcançados: un1a
dação democrática, que nos meses tia sobre o país, com desemprego,
seguintes seria posto mais uma vez a concordatas, redução de vendas e da safra agrícola de quase 70 milhões de
duras provas e submetido a testes produção. Sobreveio, então, o Pla-
penosos e difíceis. no Collor II, que extinguiu o over- toneladas; os SUJJeravits sucessivos
night e os fundos de curto prazo,
------ na balança comercial e na arrecada-
congelando os preços e os salários
Logo nõ primeiro dia, a por tempo indeterminado. ção do Tesouro; os acordos firmados
·surpres,a,_ do plano Collor
No primeiro ano de governo, nem com o Clube de Paris e com o FMI; o
tudo foi obrigatoriamente ruim ,
nem tudo foi totalmente bom para sucesso na privatização de várias es-
Collor. }·louve piques de alta e de
baixa, instantes de euforia, como os tatais.
da divulgação das primeiras pesqui-
sas fdvoráveis e da queda da infla- Mas foi a partir do início do seu
ção, que inicialmente desabou. des-
pertando esperanças de ser reduzida segundo ano de governo, a 15 de
a zero. 1--louve também momentos
março do ano anterior, que come-
de triunfo como os resultados do I '.'
çou a mais dolorosa via crucis do

Presidente Collor. Nove ministros já

Logo no dia seguinte ao da posse, haviam deixado os seus postos: Joa-
a nação inteira foi surpreendida com
a presença da Ministra Zélia Car- quiin Roriz, da Agricultura, que se
doso de Mello e dos Srs. lbrahim
Eris e Antônio Kandir, numa rede afastou uma semana depois para ele-
de televisão, comunicando a decre-
tação do Plano Collor, que: bloque- ger-se governador de Brasília; Ber-
ava as contas correntes, as caderne-
tas de poupança e as aplicações fi. nardo Cabral, Osircs Silva , Zélia
,nanceiras pelo prazo de 18 meses.
num total de US$ 115 bilhões; rea- Cardoso de Mello, Eduardo Teixei-
justava as tarifas públicas em até
ra, Carlos Chiarelli. além de Alceni

Guerra e Antônio Magri, estes dois

últimos envolvidos numa série 'de

denúncias e acusações contra des-

vios de dinheiro, superfaturamentos

e vários atos de corrupção.

~6 DE NOVEMBRO DE 1993 35

• Nem o Ministério , ..
dos Notáveis
conseguiu ACPI apettav~ "pouco a ,1
evitar a
bancarrota do p_p_uco.o~erci a Collor · ··
governo Collor
O Congresso constituiu uma Co-
governo ainda fez uma última missão Parlamentar de Inquérito, Corria a ses~ão do Senado, naque-
tendo como relator o Senador Amir la antevéspera do ano-novo. Estáva-
' tentativa de recuperação de Lando, pela qual desfilaram teste- 1nos no dia 29 de dezembro. Os se-
sua credibilidade, através de munhas que iam pouco a pouco nadores já haviam decidido que
uma ampla refor1na ministerial, apertando o cerco a Collor. 1993 não começaria sem que Collor
fosse afastado do cargo.
q'uando todos os ministros coletiva- O primeiro depoimento foi de Ta-
keshi Imai. acusando PC de chefiar Numa derradeira tentativa para
mente pedira1n demissão e o presi- um esquema de extorsão a empre- evitar o julgamento dos senadores,
sários. A testemunha que mudou o Collor remete ao seu advogado José
dente da República aproveitou a rumo do inquérito foi o motorista Moura Rocha uma carta de renún-
Eriberto França, ao revelar que as cia. que, se fosse aceita, não deter-
oportunidade para aceitar a saída de contas da Casa da Dinda eram pagas minaria a perda dos seus direitos
por PC e ele repassava o dinheiro políticos e poderia permitir a sua
vários deles, possibilitando o re- para Ana Acioli, secretária do presi- volta nas próximas eleições. Mas os
dente. O ex-presidente da Petrobrás senadores entendem que a sessão de
forço de sua equipe con1 a entrada confirmou que PC o havia pressio- julgamento já havia começado, não
nado para liberar um empréstimo à poderia ser interrompida e lhe dão
de nomes respeitáveis, como Adib prosseguimento até altas horas da
VASP. madrugada, quando o impedimento
Jatene, Reinhold Stephanes, Célio é finalmente aprovado.
Cláudio Vieira ainda tentou expli-
Borja, Calmon de Sá, Jorge Bor- car a origem do dinheiro, atribuin-

nhausen e Affonso Camargo, além dguoa-o,.. a um emprésti,no feito no Uru-

de manter os três 1ninistros mili- O Presidente Collor faz um apelo
para que o povo venha às ruas ves-
tares, os Ministros José Goldemberg tindo verde e amarelo. Como res-
posta. multidões acorrem às ruas
e Marcílio Marques Moreira. com com roupas pretas.

toda a sua equipe econôn1ica. A CPI conclui seus trabalhos, e o
relatório que aponta as ligações de
.>;i\~'1\\ ...., PC com Collor é lido e aprovado f Itamar já estava na
pelo plenário da Câmara. Os presi- presidência há três meses
1.~A~SOUD PLAZA MA dentes da ABI, Barbosa Lima Sobri-
nho, e da OAB,. Marcelo Lavenere,
1' entregam à Câmara o pedido de im- '
peachment. Collor responde, di-
1li. zendo que não renuncia ao seu
posto.
O vice-presidente já vinha gover-
O prr,curador-geral da t<.epública
nando o país, interinamente, há três
Aristides Junqueira ap,esenta de-
núncia contra Collor. :.: o Supremo meses, quando a emoção popular,
Tribunal Federal mz .ltém a decisão
da Câmara pelo voto aberto e nomi- mobilizada para a derrubada de Col-
nal na votação da admissibilidade do
lor. foi transformada numa atmos-
impeachment, que é finalmente
aprovada pelo plenário, com 441 vo- fera de simpática expectativa e de
tos a favor , 38 contra. 23 ausentes e
uma abstenção. um crédito de confiança aberto ao

No dia 2 de outubro de 1992. o novo governo.
Presidente Collor é afastado tem-
porariamente do cargo, enquanto o Um ministério com representan-
Senado, presidido pelo Ministro
Sidnci Sanchez. julgaria o seu impe- tes de quase todos os partidos fora
dimento.
Pedro Co/lor, o Mas o pior ainda estava por acon- empossado no dia 2 de outubro, com
Em vão, os advogados de Collor
irmão mais tecer, justa,nente quando o Presi- pede,n o impedimento de 29 sena- predominância para a dupla Krause-
dores por suspeição e alegam o cer-
moço - apoiado dente Collor se. preparava em Bra- ceamento da defesa. Ambos os pedi- Haddad, na Fazenda e no Planeja-
dos são denegados.
por rereza-, sília para vir ao Rio e presidir a Con- mento. Antes das castanhas do Na-

desencadeou a fe rência da ONU sobre o Meio A1n- tal. já a dupla se desfazia, e Paulo
biente e o Desenvolvimento: o en1-
avalanche de presário Pedro Collor de Mello, seu Haddad passava a acumular as duas

acusações a PC funções.

Farias que irnl.'io n1ais ,noço, fez graves revela- Em janeiro deste ano, Haddad foi

terminaram confirmado na Fazenda e Yeda Cru-
atingindo o ções contra o empresário PC Farias ,
si us assumiu o Planejamento. O
presidente da tesoureiro do PRN na últin1a c:unpa-
novo duo den1orou pouco, porque
Repúbl/ca. nha presidencial.
logo no final de fevereiro Paulo

~36 6 OE NOVEMBRO DE 1993

,. Oobjetivo n~ 1passou PC Farias foi o nistro Fernando Henrique Cardoso
aser: derrubar a inflação pivô de toda a encontrou uma inflaç.1o cm torno de
' crise. A CP/ 3()Cíi, . con1 o Congresso perdido na
A herança que Itamar recebera começou por ele discussiio do IPMF e un1 ron1bo de
I era simples,nente tnígica: alé1n da caixa calculado e1n torno d' e US$ 7
crise política, urna recessão e un1a e terminou bilhócs para este ano e US$ 25 bi-
Haddad não aprovou umas escolhas inflaç.1o assustadoras. co1n urna pro- lhões para o .próxin10 exercício,
feitas para o Banco Central e se de- dução industrial inferior en1 quase cassando o Nem o aperto fiscal nem o co1nbate
mitiu, tendo sido substituído por 5% à do ano anterior: uma queda próprio Collor, aos sonegadores, que fizera1n a arre-
~ Eliseu Rezende, que ainda resistiu vertiginosa nos investimentos es- que se retirou do cadaçüo n1elhorar cn1 US$ 500 mi-
trangeiros; contas públicas e,n co1n- Palácio em meio lhões por mês, foram suficientes
0' · no posto até maio. Alexis Stepa- pleto descalabro; juros reais superi- a ruidosas para otimizar as previsões deste final
nenko. que havia sucedido interina- ores a 30% para pagan1ento da dí- manifestações, de ano e de 1994.
I' mente a Yeda Crusius no Planeja- vida interna; desernprcgo de 16% enquanto o Vice
em São Paulo; e PIB 1%, 1ncnor do Itamar, no seu As esperanças passaram a concen-
mento. foi confirmado. E o Chan- que o ano anterior. gabinete, trar-se na revisão constitucional,
celer Fernando 1-lenrique Cardoso. aguardava a con1 uma rnelhor distribuição dos
que se encontrava em Nova Iorque, A rápida expansão ,nonetúria hora de assumir. encargos da União e um ajuste fiscal
regressando do Japão. viu-se cha- tambérn não deixava ilusôes de que definitivo. Mas aí aconteceram dois
mado para assu1nir a Fazenda. os índices inflacionúrios irian1 au- escf1ndalos:
mentar a partir de janeiro deste ano, 1. A troca de legendas. pela qual
Em outros postos ministeriais. como realmente aconteceu. pas- vários parlamentares receberam 1ni-
também aconteceram outras mu- sando de 25 para 27, 30, 32. 34 até
danças: chegar aos 36% atuais. lhares de dólares a fim de mudar de
• Na Administração, Luiza Erun- partido. a fim de garantir a algu1nas
dina era substituída pelo General - Vou dar unia paulada nessa in-
Romildo Canhim. flação , anunciou o Ministro Fer- legendas n:ío só n1aior te1npo nos
• Na Agricultura. Lázaro Barbosa nando Henrique Cardoso. programas gratuitos do rádio e da
cedia o lugar para Nuri Andraus,
que demorou pouco. sendo substi- Foram contidos os reajustes de televisão, con10 também o direito de
tuído por Barros Munhoz. que tan1- preços e tarifas públicas. com o que
bém pouco dernorou. Seu lugar foi se conseguiu n1anter durante algu- lançar candidaturas presidenciais.
l ocupado interinamente por José mas semanas a inflação e1n torno de 2. As revelações de um assessor da
25%. Mal foram feitas as co1npcnsa- Con1issão de Orça,nento, que acu-
\ - -. Eduardo Vieira e. logo a seguir, por ções para ajustar os atrasos. a febre sou numerosos parlamentares de
inflacion'ária reativou-se pcrigosa- pertencerem a uma extensa rede de
\,; Dejanir Dalpascale. n1entc. corrupção. apuradas numa Con1is-
• No ltamaraty, José Aparecido
foi chamado de Lisboa para suceder Dois desafios forarn entfio enfren- são Parlamentar de Inquérito, sob a
a Fernando Henrique Cardoso, mas tados: um com o siste1na bancário,
não chegou a tomar posse e foi suce- através de uma baixa forçada de presidência do Senador Jarbas Pas-
dido por Celso Amorim, outro in- juros , que em certos 1no1ncntos esti- sarinho, tendo con10 relator o Depu-
terino depois confirmado. mulou uma especulaçiio con1 os es- tado Roberto Magalhães.
• Na Saúde. o episódio da votação toques de mercadorias: e outro con1
do IPMF derrubou o Ministro Jamil os laboratórios farmacêuticos. que Esta anatomía da crise tem ,um
Haddad. que terminou sendo substi- logo em seguida reagira1n contra as
tuído por Henrique Santillo. pressões do Pahício do Planalto. laudo um tanto cruel. Dos anos 30
até agora, o Brasil foi uma sucessão
e Na Cultura, o Embaixador Jcrô- Ao substituir Eliseu Resende no
Ministério da Fazenda. o novo Mi- tlc turbuléncias, passand() por un1
ni1no Moscardo sucedeu ao acadê- oásis de prosperidade nos anos JK.
mico Antônio Houaiss. ,nas desaguando nos traumas dos
• No Meio-Ambiente. Coutinho anos 90 - o ímpellchment de Collor
Jorge cedeu seu lugar ao Embaixa- e o csc,'lndalo do Orçamento.
dor Rubens Ricúpero. que inicial-
mente tinha sido designado para mi- FIM

l nistro extraordinário da Amazônia e
terminou acumulando a pasta da
Ecologia.

~6 OE NOVEMBRO DE 1993 {37



"

•••••••••••••


••

••••••••••••• ••••••••
•••

..: ; ,,).
•;

Lç_J.
•••••••••••••••••
A CPI DO HIP-HOP••••••••••• :
e Há pouco mais de um ano, o carioca Gabriel, o Pensador, 19 anos, abalou os pilares do •

•••••••••••••••••• Planalto com o rap Tô feliz. matei o presidente. Agora, o rapperGabriel é a voz do verão

OMFOAZNESDTORROSDE. e. :. 94. Com um novo disco na praça. ele se firma como o cronista dos reens. Uma das suas

músicas. 175 (número do ônibus que faz a linha Alvorada-Central, no Rio), ba~eu na veia

dos jovens, por jogar bom humor numa realidade (assaltos, bfblias que pregam nos

coletivos etc.) que a garotada está cansada de encarar. E Gabriel solta o verbo: "Minha

intenção é lutar contra a apatia dos governados, a falta de personalidade e de espírito

Adivinhe qual o próximo monstro de Frankens- crítico. Min has armas são as palavras e a música.'' Modéstia. Gabriel, que sabe o que é

tein a assombrar as telas'? Depois de Cabo do rebeldia (é filho da jornalista Belisa Ribeiro, uma das responsáveis pelo n1arketingpolítico

Medo, só podia ser Robert de Ni ro . E, depois de do então candidato Fernando Collor), faz do rap uma metralhadora giratória. Em Retr,1ro

Dead Again (Voltar ,i Morrer), o criador do mons- de Playboy, por exemplo, ele a rrasa com os mauricinhos. E o anão João Alves, se bobear,

tro, Dr. Frankenstein, só podia mesmo ser Kcnncth acaba na mira do hip-hop. Gabriel, o Pensador. não perdoa.

Branagh, que por sinal também dirige o filn1e. Bra- 1

nagh está tão furioso quanto o monstro. Diz que.os i-.~.··" ., :,;.;;.-,-••••••••••••E,..,,,.,.,.!?l)'r.;j. ~

ingleses não dão a mínima para o cinema britânico. cn • o•• . I '

NEM PRECISAVA... >, ....,.,,. "-••••✓
li) ,
e Como se diz por ,.
""
aí, gente tão linda
••••••••••••••••••••
como 1\-telinda Gar-
DINO, OSAURO de•••••••••••
cia, que foi mane- = ..

1 quim e capa de Quem viu o filme de Spielberg, talvez acredite que não, mas os dinossauros foram 1
Jextintos mesmo. Menos o rnais forte e verdadeiro deles, o primeiro e único Dino... de L ~.....
MANCHETE, nem •••• Laurentiis. Ele experimentou prejuízos fabu losos - Duna, por exemplo, quase o levou ~
precisava fazer es- para o spice. As perdas totais chegaram a 200milhõesde dólares. Mas o nosso Dino (aí com :
cultura. Mas faz, e •••
como! Agora a mulher, Martha Schumacher, e as surpreendentes filhinhas- ele lem 74 anos) ainda não :
mesmo , ela acaba se rendeu. Produziu Corpo en1 Evidência, com Madonna, e luta com a U niversal para fazer :

de terminar Germi- •• Silêncio dos lnocentes-2. Traia-se de um tiranossauro. :
nação, bem à mar-

gem da lagoa Rod ri-
go de Freitas (Rio),
perto do lugar onde
Ton1ie Ohtake colo-
cou su a estrela-
polvo, que acabou
não caindo muito no
gosto da população.
Melinda. que tem
esculturas en1 vária5 partes do Rio - entre elas

outra Gern1inaç.ío na praia de lcaraí, Niterói - ,

parte agora para outra área da criação. Está escre-
vendo un1 livro sobre psicologia, religião e sexu,ili-
• dade.

~38 6 OE NOVEMBRO DE 1993

'

.,._sn_li_ad_o,;_o, _s_de_a_b_ril_d_e_20_0_0 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _;..A;;;....;;U~N:,:;::IÃ;.;;...;;;O_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _s..;;....;;;o;..c.;;..;;;,;1E;;;;;.;;;D;..:A;.::;D=-=E~--=T--=l~9

Hélio ,,
Zenaide
-~~- ......., ,: • ,. '•t .., -~"" '

[..n, ail: icorr,[email protected]
O Simão de
.· Tiberíades Revista fará

U. '/11 lugar sagrado, O Monte festa emSP
Tabor. Nele se encontra,n
.·-••••os sarcófagos cio profeta Elí- Ojor11alista Wills Leal, tem
l'i/1ge111 marcada a São Paulo, na
• se11, discípulo de Elias, de Je- próxi111a semana. Con,•idado, vai
-•• re,nias e de Ezequiel. assistir a entrega dos troféus aos
Ali se encontrava ta1nbé1n 1·e11cedores da escolhafeifapela
rei·ista "Brasil Tra,·el News'',
o n1a11solé11 de Hilel e de Si-
Os escol/ridosforam: Eletr<>-
1não, o Justo, da Fraternicla- norle (Mei0Ambie11te), Hotel&,.
fitei (Hotel 5 Estrelas), 1/4:neza
de Essênia. Water Park (Parque Aquático),
MarcosArbaitman (~ecretário de
Descle os ten,pos do pro- T11risn10), Belotur (Orgão de Tu-
ris1110), ParadiseResorl (Hotel de
feta Elias, o Monte Carmelo Lazer), Rio-Sul (Cia. Aéreo), Por-
toSeguro (Destino Turí$1ico), Jar-
era conhecido con10 refúgio e bas Vasconcelos (Personalidade
do A110) e Setin Empreendimen-
,norada dos antigos profeti- tos (E1npreendimento Tumtico).

zadores, 1notivo pelo qual Osdestaques internacionais

havia sido arrasado várias fora111: A••is (Locadora), Ameri- Cabíria na tela

vezes pela ira dos reis quan- ca11 Airlines, Conrod Cassino, do Cine Bangüê Game Station
/11terContinental Miami, Luf-
do se cu,npriam vaticínios Fernanda Barros Guerra tanse, Juliátour, Embroter e O Cine Bangúê está com um faz convite
México (Destino Turístico). drama italiano em cartaz neste fim
de semana. Trata-se de" Noites de As ações fila11trópicas na
que lhes era1n desfavoráveis. Cabíria'', que detém o prêmio de Paraíba continuarão co,n a co-
melhor filme estrangeiro. Giulieta
Por isso as grutas do Monte Pike vai premiar as '' Dez Mais'' Mesina, que é protagonista da his- bertura do " Game Station".
tória, âo lado de François Perier, Uma recet1teporceriafoifirma•
Tabor eran1 utn refúgio mais Escolhidas durante a realiza- ca, Cândida Andrade, Jaciara taJnbéin foi premJada como Melhor da com o Secretario de Trobo-
ção da t• Grande Prévia daMjca- Go,nes de Melo, Aluska Fabíola Atriz no Festival de CaMes.
seguro e ali foi erguido u,n 1/ro e Ação Social da Prefeitura
rander, as 1O Mais do Pike irão e Alba Feitosa. O filme mostra as avaituras e des-
· Santuário Essênio. recebe, amanhã, a premiação a Cada uma vai receber dois de João Pessoa.
que fizeren1 jus no concorrido venturas deCabíria, umaprostituta sin- Amanhã, o "Game"iráfo-
Dize1n que foi nesse reftí- concurso. A entrega será feita na Vale-Abadás, um Book (com as
·" Futebol & Cia", na BR-230, melhores fotos do desfile), gela e sonhadora pelas ruas de Roma. zer o lot1çame'11to de uma t1ova
gio que Jesus, de passagem além de participarem de todas Sessões, hoje e amanhã, às ação e está con,•idando jorna- •
saída de Campina Grande para as pron1oções do Pike até a Mi~
conheceu afan1í/ia de Pedro, 18h30 e 20h30n1. listas e seusfilhos poro passar . .'
João Pessoa. carande. Também vai estar ao
aquele que, ,nais tarde, seria As 1O jovens pren1iadas se- lado de Netinho, com direito a Foto Ednaldo AraOJo mo111e11tos de lazer, às Shs., 110
fotos e tudo mais durante o
11111 dos seus Apóstolos. rão: Nara Wanderley, Priscil:1 Sil- carnaval fora de época de Cam- parque compacto instalado no
Manaíra Shopping.
Essa fa,nília guardava a va, Rafacla Melo, Aldanir Porto, pina Grande.
1\-tiquelly And reza, Milcna Fonse- Convidam, o gerente José
entrada das grutas do Monte Júnior (Gome Statio11) e a geren-

Tabor e constava de cinco te Si/vona Azevedo (Lismar).

pessoas: os pais (Si,não e Jo- Relembra11do

ana), e os três filhos (Pedro, Cajazeiras Comarca para
r
André e Noemi). U111a grande cot,fraterniza•
ção, certan,ente, será a quefará Agua Branca
., Pedro, a que,n chamavam /roje a colônia de Cajazeiras ra-
de Sin1ão, co,no a seu pai, dicada nesta Capital. Ela ••ai es- Co1n a finalidade de oferecer
• tar re1111ida 11a sede do Jangada uma prestaçãojurisdicional cada vez
era o n1ais idoso e tinha en- corneniorando o bicentenário do melhor à população paraibana,o prtr
.•. tão 24 anos. Padre Rolin1 fu11dador daquela sidente do TJ, des. Maninho Lisboa
cidade serta11eja.
• .dinesAtalgauhaoBjer,aànsca1.1J.uhnotraams, eanCteocmoamrcaa
A i11iciati1•a é do ex-deputa-
Estava recé,n-casado com do Ed111e Ta,•ares.. presidente da juíza Especial, que irá garantir uma
co,nissão orga11izadora das l!f!- iustic,a mais rát>ida e acessível.
111110 donzela de Sídon, filha n,e11age11s ao religiusu. A festa,
i11sti111tada "Re,•il·e11do Cajazei- A sqle!1idacle contará com a pre-
de pais hebreus, cujo nome ra'', con,eçará às 23 horas. sen·çade autoridades, entreelas ocon- ;
selheiroLuizNunes, lilhodaterra· .
era lidda. Os cajazeire11ses se dfrertiriio
aoso111 ,laba11da "Mistura Fi11a ". Dois parceiros:
Os Jovens esposos vivia,n
Liberado BB e Correios
junto do lago de Genesare- Em evento social recente, o casal
Depoisde 143 dias semjogaruma des. Mário (Selma) Moura Rezen- OBanco do Brasil ea Empresa
th, conz os pais da esposa, que partida de futebol, o craque Ronaldi- Aniversários dos CorreioseTelégraf0$(ECT) ago-
nho, do Inter de lv1ilão, voltará adis- deste sábado ·de e o des. José Martinho Lisboa, ra são parceiros. Oientese usuários
poss11ía111 barcos pesqueiros putar uma partida na próximaquarta- do BB poderãoutilizaras agênciasdos
feira (12), contra a Lazio, na final da Na agenda desta coluna, os ani- presidente do Tribunal de Justiça. Coneiosparaabriremovimentarcon-
e 111n ,nercado para a venda Copada Itália. tas correntee de poupança, além de
versariantes de hoje são: Maria He- fazer pagamentosdetitulos.
de pescado. O brasileiro foi liberado pelo mé-
. clico francês Gerarei Saillant, que o lena Souto Maior Caivalho(foto), Ni- O projeto-piloto começou em
Pedro visitava freqiiente- tinha di Lascio, Jillinha Guedes Ca- Sooretame, no Espírito Santo,e, no
operou, mas Ronaldinho poderá ain• valcanti, João Luiz Araújo MouraFi- dia 24 já chega a.Pernambuco no
1nente os pais, no Monte Ta- da nãojogar os 90 minutos. lho, João Madeiros Filho (foto), Fer• município de Primavera.
nanda Diniz Barros Guerra (foto),
bo1; e foi numa dessas visitas Evelyn César(enlutada) e jornalista MARLENEe Élson Andrade, em Lipoaspiração
Cristiano Machado. e pror teses
que conheceu Jesus, ainda julho,levama filha Kalina, paraca-
Hoje éo Dia da Engenharia, Dia As colunas de potins do Sul ner
Menino, e Maria, sua mãe. Mundial de Combateao CâncereDia sar-se com Eduardo, filho do des. ticiaram que a apresentadora Xuxa
dos Correios. Meneghel fez uma lipoaspiração no
.. . Já naquele encontro casu- Rivando (Lúcia) Bezerra Caval- abdômen e wna cirurgia paraimplan-
Pediatra João.Medeiros Filho te de próteses mamárias de silicone.
'
.. al Pedro sentiu-se proft,nda- canti. Em cadaseio,agaúcha Xuxaco-
NATHALIAbrinda, hoje, comsuas locou 150mi de silicone. Na lipoas-
1nente atraído por aquele piração,foi retirado 1,8 litro de gor-
amiguinhas, os Sanos. Ela recebe- dura A cirurgia foi feita na Clínica
Menino. Firtnou-se, entre rá na casa dos avós, des. Júlio Au• Santée a paciente está praticamente
recuperada.
a,nbos, 111na grande anlizade, rélio (Elizabeth) Coutinho.

logo à prilneira vista. PAR.A a festa de 15 anos da neta
Renata Neiva, odes. e sra. Otílio

Pedro não sabia explicar, (Tereza) Coelho Neiva, ex-presi-

,nas, alg,11na co~sa lhe .dizia dente do TJIPE, virão do Recife,
boje. · ·
que o seu destino se ligaria ,._....
CACfUS Eventos confirma para
.·--· "~•-"~~-- .
àquele Menino. J·-::~:>,~x'...:'). hoje, no late Clube,a realização da
festa "Brega Chie", com show do
Foi assim que Jesus o r
cantor Natan Rossi.
apresentou a Maria:
NAlutacontra a balança,Adliana

- Vês, 111ãe? Este é o novo Carvalho e Andréia Lemos vêm

a111igo quefiz 110 Monte Tabo,: dando grande contribuiçãocom a

E• Si111ão. . "Ultralêve" no MagShopping.

FONE246-5853 FAX246-5253

Si111ão de Tiberíades, no Maria-Helena Carvalho

pensa,nento, teve 11111 pres-

senti1nento de que aquele ., •

Menino tinha unia grande AUNIÃO

111issão a cu111prir na Terra.

Era nisto que estava pen- ' ADM11:11STB.AÇÁO, REDAÇÃO, OFICINA E PARQUE GRÁFICO
BR 1, 01 • KDi 03 • Distrito lndUSlrial • João P..soa,PB • CEP 58.082-010
sando. Só pensando. E eis que,
F:ones: (083)233-1220-233-1947
co1110 se estivesse lendo o seu Fax. . (083)233-4080- 233-3000e233-3022

pensanzento, o Menino lhe dis- &niail; •[email protected]
Home page http://www.netwaybbs.com.br/secom/auniao
se, deixando-o estupefato: Cida Rodrigues (Pesquisa)

- O Espírito de Deus so- A reforma da Constituição

pra onde lhe agrada e Ele Elementos do PSD afinuam que a emenda do sr. Mário Brant ESCRJTÓRIO DE REPRESENl'AÇÁO E DIÁRIO OFICIAL
será aprovada graças à UDN enquanto os udenistas dizem que Rua Machado de A»is,58, Ccruro. Jo:io Po,cn-PB · Td: (083) 241·1816 CEI' 58.081-010
não apoiarão porque mais tarde poderia ser utilizada contra o pró-
1nanifesta aos si,nples o que prio Brigadeiro. Essa afirmativa, contudo, entra em choque com PREÇO DO EXl!MPl.AR AVULSO:
as declarações dos lideres udenistas em sentido contrário. A UDN
esconde aos soberbos. Si- não apoiará a emenda, mesmo porque poderia ela ser utilizada DIA ÚTIL: RS 1,00 • N' ATRASADO: RS 2,00
contra o Brigadeiro. Br2>ília e outro, E,udc,s: RS 1,20
111ão, Deus te diz que o que
\ estás pensando é isso n1es1110. Um vespertino informa que muitos setores do PSD esperam SUCURSAIS
por um sinal, a fim de se passarem por outras bandas. Acrescenta
Atfais tarde, ao iniciar o poder afinnarque os rebeldes são rnuitos e que o movimento inici• CMÚ'INA GRANDE. R. Venôncio Nei\'a, 187• S/205, 2' andar• Fone/fax 321-3786
ado pelos sr.s João Neves da Fontoura e Batista Luz.ardo levará
seu 111inistério, Jesus foi ao consigo um contingente apreciável de votos. GU\RABIRA · Rll:I N"'"' Senhora ci, Luz, ,/n .. Fone/fax: 271-4585
PATOS· /1.v. Soloo de 1..ua:na, Edf. Roy.toe. 1• andar, ..La 18 · Fone/fax: 421-llóS SOUSA
lago de Tiberíades, e,n bus-
· Rua Franci,oo Ulli.o B:uroo, N' Oi • Centro • l'one/fax: 521-1219
ca de Pedro, para ser 111n dos
CAJAZEIRAS • Cermirúano de Sowa, S/N, Centro• Fone/fax: 531•1574
l'L\l'ORANGA • Rui Euvídio Figlkiredo, S/N • Cenuo · !'Of'll:/Íax: 451-2899
CUITÉ • Praça Bario cio R.io Dranoo, 226 • Centro · Fone/ fax • 372-2334.

seus discípulos. •• ASSINATURAS

JORNAL A.UNIÃO: Anu.al............ RS 120,00 :Scmcstnl..............R$ 60,00

Si111ão de Tiberíades não DIÁRIO OFICIAL: Anw.l..............R$ 200,00 Scme.,tnl............RS 100,00

podia resistir ao chama- DIÁRIO DA JUSTIÇA: Anual.............RS 200,00 Semc.stral.......... RS 100,00

OBS: Outra &ta~, a mesma importânCU mais o Porre Correio

mento do seu an11go do DISTRIBUIDOR EM IlRÂSÍLIA: .M/dia · Distribuidorn de Jorn,. i, Ltd.i • Aeroporto

Monte Tabor. Internacional de Brasília -·Terminal de C.,g., • Box 10 • Br;ur1ia·DI'

. . .. C.G.C. 01.Sl8.579fl)001-41 · Inscrição E,udwl 16.057.239·8

-•··· · ··-- --- ·- · ·.· -

1 ~• Sábado,08 de abril de 2000,

20 T------ -------. -=--=-.~.....-.=.a=-=-A~-=1-=----"~--"-:'.♦..r..-.,..

J.osé ., . 1 •

Sarney 1 ,•
1
A década dos 90 1

Os balanços sobre a década tos países viverarn mon1entos críti- 1
de 90 chegaran1. Como po- cos de dificuldades. Seus grandes
deremos defini-la? A déca- patrimônios, acumulados com sacri- 1
da de 80 foi chamada de "perdi- ficio ao longo de muitos anos, foram
da", embora nesses anos a Amé- selvagemente privatizados. Os recur- 1
rica Latina não tenha tido cresci- sos dessas alienações não se incor-
mento negativo graças ao Brasil, 1
que cresceu de 85 a 90 a uma poraram à melhoria dos serviços de
média de 5% ao ano. Consolidou- 1
se no continente a democracia; os infra-estrutura de estradas, educação 1
problernas sociais e os des,úveis e saúde. Simplesmente os ganhos
regionais mostrara,n tendências desceram pelo ralo do pagamento de 1
de diminuição. juros, vorazmente tragados pela glo-
balização financeira, que quase nos 1
Mesmo assim foi estign1atiza-
da como a "década perdida" jus- leva à catástrofe e da qual escapa- 1
tamente porque nela não se reali-
zaram as reformas estruturais pre- mos, mas não da desvalorização do 1
gadas no Consenso de Washing- patrimônionacional, em mais de 50%,
ton do desn1onte do Estado de com a mudança do câmbio. 1
Bem-Estar Social, da abertura "Mas a crise 1
total dos n1ercados e das privati- Tudo isso em nome da globaliza- social agra- 1
zações selvagens.Vierarn os anos vou-se. Pede . li
90. Abriu-se a economia, corno ção, a nova utopia da fulicidade. As ele mudan-
pregavam, e todos os países se refonnas que não foram feitas en1 80 ças. Clinton I
alinhara,n na mesma direção, realizaran1-se em 90. O alegado em-
apostando no poder criativo do pecilho que tínhamos para o desen- (foto ao lado) :
n1ercado para corrigir distorções volvimento foi resolvido. Lamcntavel-
e encontrar rneios e modos de rnente, o balanço da década de 90 traz ,faz um retiro 1
gerar crescirnento e riqueza. saudades dos anos 80. Um dos piores
índices do século, com um crescimen- · ·. de 24 horas 1
Essas expectativas não se to negativo da A,nérica Latina de
confinnararn: os Estados nacio- menos 3%. Segundo dados da Cepa!, para pensar 1
nais en1pobreceram. A época da o índicede pobreza e a indigência são sobre o que 1
prosperidade não chegou e mui- piores hoje do que os existentes ern chama a nova 1
economi•a, 1
1982, início da crise da dívida. · em face da 1
O novo diretor-gerente do
queda do 1
FMI chegou negando o paraíso índice 1
desse modelo que foi bom para o
Nasdaq" 1

1

i num nervosismo, mostrado grafi- . •' 1
1 camente no dente de serra das
cotações diárias. uma coisa é clara: o modelo não · 1
1 o dos sonhos dos que 1
Quanto ao Brasil, analisado pensara,n.Para os países pobres 1
capital financeiro, abrigado de ris- fora do conjunto da América Lati- em desenvolyimento, ele tem .s~f :;:
cos. Mas a crise social agravou- vido para estruturar uma economi
se. Pede ele mudanças. Clinton .nnau,maeprroessenn1taacuromeacosnito'uma1ç.cãoosd, eobqounes em que o desemprego aumenta,
faz um retiro de 24 horas para recessão ameaça e a máquina d
pensar sobre o que chama a nova nos remete ·a uma perspectiva ·de especulação financeira intemacio
economia, em face da queda do que na primeira década do milênío nal, circulando sem controle e se
índice Nasdaq'. O senhor Greens- vamos retomar o crescimento. Mas travas, vai girando sempre.
pan, do Fed, ,adverte mais uma
vez sobre a ilusão e supervalori-
zação das Bolr as, que funcionam



·- Gilson e uma guilhotina. Meio assustado

mas ainda crente, afinal era ainda

o Protótipo Número 1, perguntei:

- Como funciona?

-·· -= -fy1.u..llQ,gµiP"l'5.;:-.l~RP!l~u Di-

amanfe~'!'Néstâ l;írechã'quefica em.

cima do Colocador® e que parece:

a entrada de um cofrinho de moe-:,.

das, você coloca a camisinha com a:.

pontinha voltadapara o fimdo da má-;•
quina. Depois aciona esta tecla ver-;
• • ••
O inventor II ...__ melha e espera que ela arme. ;
~ Q] • ,,;: Ele acionou a tal tecla e, lá de)_
CONFORME combinado com al- as. Mas estas, lhes asseguro, tam- -..... i-.. ,.._ _ ,,,
guns leitores (espero que com bém ex.istiarn. dentro da engenhoca, por uns 5 se-·
muitos) na semana passada, passo gi.mdos, saiu wn som parecido com:
agora a concluir o relato sobre um - Eu não penso pequeno, caro
fortuito encontro que tive com o co- amigo - afirmava Diamante. '•# ·.....__ _:=:::T-- :: -; - f,--:o• •o',__:::- ~:: ::- -·\~ o de wn motor de opala batido.
lega de infância, há muito não vis- 1--.... ,
E completava: • o Ele continuou: . ,.
- Do Pólo Norte ao Pólo Sul, •o•
o. o "e~:7 1--t-....::~I l--'-:,._-;- .. . . - Você·espera esta luz verde:_·:

I ~o '\.• -· _i-.., ......
acender e depois é só colocar o seui .
............. it
r-.;::: '- · ''-.. pênis nesta.abertw:a esférica, n~ ·

to, Antonio Pereira B. Diamante. homens, mulheres, homossexuais e , ' "'-.. "-.. frente da máquina. E ploft!.e pron~.,.
Diamante, como be,n expliquei na polissexuais se ressentem deste
coluna anterior, havia, por circuns- problema. Há um mercado gigan- , ' '\,_ to. Estarás galhardamente vestidtj
tâncias mu~to particulares e porra- tesco. Antonio Emúrio de Morais ' - -·'
zões nem tão particulares assim, se será fichinha, eu quero rivalizar é " r---......., \ . ' ,,,. / para a fest.a. Não é si.mples?-per~' ,
transfonnado em um inventor. com Bill Gates - ponderava o pre- \. guntou Diamante.
tensioso Diamante. . '
Acocnosstsraandgou. pnoenr tosietu, aemçõceosnrseeaqisu-e.dne- 1
Eu, a cada minuto, mais impres- __,,,,,- J;u, as~ustado, respondi: , ,
cia, por tétricos pesadelos, Diaman- sionado e interessado ficava. . . . . - . . . - . . . .
te nos informava, no sábado pas- . .. -j;...éééee! Já tá tudo testadir ,
- Mas em ·que fase está o _pro- V
. ......vi., nho?- perguntei.
,\'-.r.! --f---LJ-+---+-H---r- - Ora - respondeu Diamante-~.

,......~-,vi-> eunão poderia furtar ao meu sócicf

o direito de, ao meulado, entrar par*

sado, que havia encontrado a solu- duto? -perguntei. a história da ciência contemporâ~

ção para a sua crônica dificuldade - Como você pretende comer- nea sendo o primeiro a testar o me~

em vestir uma camisinha quando, cializá-lo? De que fonna você vai invento. Esta será outra atribuição

nas horas de amor, o semáforo bio- lança-lo? Já pensou nisto? Inquiri sua, caro amigo!

lógico da sua querida mulher ou os ansioso ao inventor. - Amália, a conta, rápido, gri~

perigos potenciais escondidos nas - Calma, colega, você, como ho- tei,já descolando da cadeira.

entranhas de suas eventuais aman- mem de comunicação e de marke- . . - Ei, a conta é minha, senta aí _-
tes, lhe davam sinal amarelo. O meu ting terá, como uma de suas atribui- pedi, um tanto atônito, ao ver aquela dade. E, depois do computador, o replicou Diamante.
anúgo, explicando melbor, era, com ções, que preparar todo o 111arke- engenhoca que, por um momento, me que existe de mais moderno e re-
- Então, até logo, caro amigQ,

a de Vênus, igual a alguns craques ti11g-111ix do colocador. Designer, fez lembrar aquelas guilhotinas usa- volucionário. Toda aquela burocra- tenho uma entrevista agora com p
que chegam à seleção brasileira: embalagem, mídia etc,, tudo por sua das para separar corpo e cabeça dos cia que ainda existe para se colo- cara que inventou o elixir sanativo
uma dificuldade enonne para ves- conta - afirmou, sorridente e pater- partidários da '\gualité, fratemité eli- car urna camisÍl:)ba, muitas·vezes e o ponto cirúrgico!, conclui o nos-
obstaculando e impossibilitando o so diálogo e disparei pela Albe119
tir a camisa e, quando conseguem, nal, o meu grande amigo Diamante. berté" do século 18.
- Eis, caro Gilson, a nossa re- saudável exercício do amor e da de Brito, em direção á Coremas. ;
somem em pleno campo de bata- - E o Produto? - perguntei.

lha; uma incongruência. Posso vê-lo ou está apenas em denção moral, espiritual e financei- paixão; destruindo casamentos ou -Você vai se arrepender ... Está
Diamante inventou, para salvar sua imaginação? facilitando ·a·proliferação de doen-
ra! - ponderou, e.nfático, Diamante. ças terriveis, tudo isto substituíqo perdendo a maior chance da sim
a própria pele, unl Colocador de Ca- - Tchan, tchan, ~chan... brincou Ele continuou:
vida.. O pessoal da Mitsubishi e da

misinha®. Com ele, pelo que 1ne in- o inventor ao tempo em que saca- -Está aqui o resultado de mais por um simples ploftl desta maqui- Jo~son~ & Jonhsons já ligou p~a
mini-..formava, pretendia não só resolver va, de uma bolsa azul, em baixo da de 2 anos de pesquisas e e~periên- .ninha maravilhosa. É coisa, sem fal-
volte aqui seu bobo! - grit~~'

o seu entrevero sexual como tam- mesa, o tal instrumento. cias exaustivas. Materiais diversos sa modéstia, para Prêmio Nobel ·va (?iamante, enquanto eu qua~e

bém-os finance.iros. Lançaria no - Só um nlomento - continua- como n1etais, plásticos, madeiras e meu caro sócio, corria na direção contrária.
Diamante discorria maravilha- •
do consigo mesmo e com o seu in-
.nlercado um produto revolucioná-

rio, de detnanda garantida e apelo
va ele com ar nlisterioso até que, nylon transformados em peças encontSraer.aecsatesoe,quci.apraomleeinttoor,emvoaclê- ·
subitanlente, colocou em ci1na da corno roldanas, engrenagens, aspas,

social inquestionável. O meu inte- n1esa o que cha1nou de "o Protó- fios e conectores tnilimetricamen- vento, enquanto eu um tanto coo- guma das càsas do ramo, tes toe.-moeeu'
resse no assunto, lhes confesso, se tipo n!! 1 do Colocador de Camisi- te usinados, alguns manualmente, •fuso pela aparência esdrúxula da em caso positivo, ligue para

dava muito n1ais pela possibilidade nha®" outros enl tomos e fresadoras de máquina,já era, àquela altura, um psicanalista. Preciso urgentemen- ·

que Dian1ante ventilara, no entre- - Mais unla cerveja bem gelada, alta precisão. Tudo isto 1nonta_do poço de dúvidas. O colocador me te saber se ele funciona.
Até sábado!
• palavras, de nos consorciarmos Amália (esqueci de contaraos leito- con1 muito carinho por n1im. E a parecia algo entre um antigo trans-
nesta empreitada do que por outras res deste sábado que tudo acontecia ciência e a tecnologia a serviço da formador, daqueles que se coloca- r1· • [email protected].
razões particulares ou humanitári- no Bar de Amália.. lá enl Jaguaribe), solução dos problé1nas da hu1nani- va em cima das geladeiras antigas,

Sábado, 03 de junho de 2000 A UNIÃO SOCIEDADE 'Y 19

Hélio E-mail: icorrc.11f;clogica.com.br lO fascículo de
Zenaide
Visitante Professores Reciclagem na número 18 da
Livre-arbítrio Série Histórica
Quem ~ 1el'CCIJl Joiio Pe$SOa, de Espa11/1ol hotelaria de A UNIÃO
DETERAf/ N/St.1() e livre-arbí- demorando-se quase um niês, foi traz a história
trio. fa talisn10 e liberdade. O o ath'llgado Anlônio (Tota) de Oli- ,vu,,,a tias Jtpentléncias tio A gerência de Recursos Huma• de José Lins do
•: homem (: 11n1 ser livre 011 um ser ,·eira Lima, irmão do saudosocx- IT:Sl1-ln.rtil11totlt Ensino S11perior rego. O
·': não-livre ? prefeilo Lui~ de Oliveira Lima. tlu Parafba, locali:atlo na a,·enitla nos da PBTur, este mês, irá promo- lançamento
·• Seg111ulu a doutrina do deter- Aqui ele foi muilo ,·ísitado pelos Judo ,lfa1trlciocom u a,·enitla Fiá- ver cursos de Qualidade de Atendi- será hoje às
. 1ni111s1no. todos os acontecimen- colegas do tempo do movim.ent() ,;,, Ribeiro, no &,ia, reali:a-se hoje mento ao Público em cidades do in- 19h00 no
: tos da nossa vida são d etermina- estudantil e do anligo PTB. terior.·Para tanto, finnou convênio Espaço Cultural
,_ elos por acontecimentos anterio- 11 111 Encontro J'arait,ano tle Pro- com o Cefet, antiga ETFB. e contará com
'•. res. sendo o home1n destifu/do da T~le\-c~rtwtidadedeahno: as presenças do
/,herdade ele esculher. de decidir, f es.fo:e< tleEspa,1•~ a1<irtlenatlopor O primeiro curso tem inicio pre- superintenden•
:· de optar. çarcomocasal \VellingtOil Aguiar. .\farmafra Freire. visto para o próximo dia 6 .e1n Ca- te
i. Uma pes.roa é vitima d e de- baceiras, destinado a pousadas, ba• de A UNIÃO,
;. sastre ele a1110111óvel. O determi- Revista ~ lnngaprogra,1Wfd'!terá.inlcio rcs e restaurantes, ensinando ao seu Rui Leitão, do
Ficou unia beleza onúmi:rp3:·• wgo os 8hJS11~ com "/),n/bmca t1e pessoal novas técnicas. presidente da
"': nis 1110 s entencia: era inevitável. Funesc, Da-
daRC\istá daUnipê. Entre osarti- /11tegración", com Oprofessora,\fari- No dia 12 o mesmo curso será mião Ramos e
'~ tinha de acontecer! culistas estão Lui:t Bueno da Si!-.. ela C illtw11irandti, ,J;retorucuúural ministrado em João para funcioná- .do coordena-
,·a. Francisco Aniônio Ferreira , , tlaAPEEIPJJ.. E11ueguitla, oprof J-í- rios de pequenos hotéis e pousadas dor da Série
,• Fiá.lho, i\faria das MercêsSari~ ·. daqui e de Cabcdelo. Histórica,
na,Wr.nifrcd Knox,Manoel Batis-· ~ ce11te ,\fasir, tlira11r tia Centro C1úJu- jornalista
• l'or essa doutrina. portanto, · ta de Medeiros, DietmarPféfcr ê ral IJrasil-Espanhu, falará sobre Nelson Coelho.
:. o homem faz exatamente aquilo · CarlosAntônio Furias. ·
: que 1e111 de fazer. A determinação · No sdór de i,:scnbas .fii,.'Uram · ",\f,,rfowgia,lflnima Espoiiola'~ Quinze anos e
Ewarilo.l\VX!rac. Joséuii.':l•.d• a..\ ~. ..::..., 1\'a Cmniss;,,, Organizadora l!f- maioridade
: de seus atos pertence à força do
: que 1e111 dl! acuntecer. O que tem '. tda ,\farinafra Freire (presidente), Un,a dose dllpla defelicida-
Francirco Arruda Rm11ulho, ,\faria de vivem lt"je Yolancla e A11tô-
: ele aconlr:cer. 1e111 força para nio Curlos Escorei de Aln,eida.
: acontecer e ninguém pode evitar. Elinete Taurino (c"11rtlo1adoras), lJa. Na "S011fto Doce", cheios de
: O homen1 nasce predestinado liJnPah11eiru (re/aç,11!5públicas), V,J,.
; a casar-sf! co,n 11111a 11111/her. Des - alegria, eles verao as netasJ11ü-
: ele criança. está traçado. l/111 dia. mahuíd1> tlef'aim(tnSessorageral) e
ana e Tatiane atingiremfestiva-
te111 de se ca.rar c:0111 ela. Não tc:111 ,1/aria JtJseniFarias (seaetúrio). mente a idade s1J11lto de toda
liberdade de p refe rir 011/ra. 7i,do
. já está detenninado pela lei do Aniversário de Stela Wan'.derley me11i110-m1Jça: ,1s l S u11os.
· detern1inis1110.
Uma comemoração de anh·crs,i- seco e massa folhada, e creme de ca- Juliatta é filha de Muria
A doutrina oposta é a dou- rio realmente muito bonitae marca- Helena Almeida de Melo. l.uii
~ trina do livre-arbítrio. 1~·.,1a dou- da pela., presenças fcmi.ninas domai- marão. Tortas, mousse e cbarlotte fo- Carlos Medeiros de Mel/o, e
; trina d eclara que a vontade htt- ram sen,idos nasohrcmcsiL Tatia11e é herdeira de Mllria So-
: ,nana é livre para tomar decisões or rc.ilce na rocicdade, foi a da úllima lange Ribeir" de Aln1ei1lu-l'tloi-
;: e in1prin1ir r 11n1os na vida. l)ian- quinla-fcira quando StclaSobreira Umasurpresa para a aniversari- sés Alves Ferreira Filho.
·: te de clua.r. 1ré.r. quatro 1n11/he- \Vanderley reuniu muitas das ami- ante Stela foi a chegada do marido
. res: o hon1e1n é livre de escolher LucianoWanderlcy acompanhado do Já na b1ude "Brama's", Ali-
,• aquela con1 q11e111 quer casa,: Se gas no Paço dos Leões. neto Marquinho.lAsaudaçãoficou por ette Chaves (foto) recebe poro
contade TecaCaririe Gcr.inlo Rabe- o.< 18 a111Js dafillta Mari11na.
prefere 1l/11a loura, não é obri- A elegante Stcla recebeu seus llo. As prescnç~s eram inúmeras,
. gado a casar-se co111 111110 111ore- con,idados para wn almoço con1 car- cOJnprovando totlo oconceito de Ste-
dápio impresso,ondea entrada foica- lla, figura muilo querida.
. na. Se prefere Maria. nãu é obri- napés, salgados 11uen1es ecou,·ert. No
almoço: salada tro11ical, bacalhau ao Apenas um ponto negativo: oca-
• Brás. filé a \\'cllington com tomate lor no local escolhido para a festa.

• g ado a casar-se co111 Ana. Ne- '
n/11,1110 das q11a/,:o m11lhere.1· te,n
de ser s11a esposa. obrigatoria- .Palestras .e m Teatro e show
,
. n,ente. fatahnente. munlClplOS no VI Fenart

Se você quer brincar o car- O ex-dl!ptttadoAssis Le,nos, o Oúltimo dia do VI Fenart inicia
naval, vá brincar o carnaval. Se
não quer. ning11én1 vai obrigá-lo empesquisador 1111</ir Porftrio e" his- sua programaç;1o às l9h30h com a
a brincar o carnaval. Se você pre-
fere brincar nas M11rir;oca.,. brin- toriadorJosé Oct,ívio estiveram encenação da peça "O Jogo das
que nas M11riçocas. Se pre_fere a.t
Cumpin" Grande, Areiae Alagoa l'vfáscaras", pelo grupo Moitará. En1
Virg c:ns . hrr11qtlCJ id.~ -Virg~n.-:. · A
Gr1111clepar11falarparantais de300 seguida, veremos "Redemunho", da
vontade é .rua, sua a deci.\·üo.
A c/011tri11<1 do livre-arhitrio prufess1Jres e estudantes. Cia. Oxentede Atividades Teatrais.
O tema foi o qui11to cente11á-
pressupõe 110 hon1e111, dessa .fi1r- Na Praça do Povo, às 211130, no
111a, a liberdade, a capacidade de rio do dese11volvi111e11ta do Brujil.
escolha. de pre_(eréncia. de opção. palco 2, show"As Parêa", com som
E11quat1t" Assis recordou as · · de coco,·ciranda, maraca1u, xoté é
Eu quero votar em José Ma- Ligas Can1po11esas e Valtlir II es-
. ranhão; voto e111 José A1ara11hão. > t.~forró:-A:Orqúestrã Filipciã, G~óiiil1}'í
tud11 .w,bré Joüh Pedr1) ·Tei.Yeir(I, •' --
b:11 quero votar en1 7àrcísio Bttri- /~.: Gadclha e a Malandros do Morro
Jo.tt! Oc:ttivio /ew,u t1lé aqueleJ'
ry: voto e111 7àrcí.tio 811rity. munit,,·ípios ,Je;.c11as de publica• 1 Num momento de descontração, enccnanL
çüesda U11ipê,A U1VIÃOeGr11- P.restigiando ambiente social da ci-
E11 11ão q11er o votar; não voto. po José Hon,íri11. Suspeliso leilão ilade, Zélia e Robert!) Ne)'. Santos Coronéis foram

O que nos diz a Doutrina Es- Nomeação do Me~idien-Ba Batis1a. O conceituado radiologis- selecionados
ta aniversaria hoje
. pirita! Teve muilo boa repercussão a De,1.do a um1a aça-o J.Ud1' c1·a·1, na-o
A doutrina Espirita nos diz 110111eaç;10 do professor universilá- será mais hoje ~ leilão do l\1eridien , Ocoronel Br.indi,comandante
do 152 Regimento de Infantaria11-lo-
que o princípio central da lei da rio Jackson Da111as l'vlaia para ache• B;1hia 11uc era ~JCrado. O 11rédio,de GRAFICASanta Martano~'lllJlcn- torizada (1~ BIMtz)cstá figur.tndo
vida é a evo/11çiio. 7i,clo. na ( 'ri- te premiada. Seu diretor Guilher- entre os oficiais superiorc.~ seleci-
ação. evolui. A pedra: a planta. fia de gabinete da Sccrelaria de Edu- 25 andares, iria ~ r leiloado para co- me Hortêncio foi quem recebeu o onados para realizaroCurso de Po-
o ani111al. o ho111e111. todos ,ivoh,i- cação e Cultura. brirumadnidadcRS 1,2bilhãodopro- 11ergaminho de Mérito lndu~1rial lítica, E~iratégiae Alta Adminh1ra-
11rietário,a Sisai Brasil,com o Banco daFiep. · çãodo Exército.
n,os. O práprio princ:ipio do li- Já aposentado da UFPB, onde
chefiou, duran1e décadas, o Departa- do Br.1siL Uma outr.i data de,·er.i:;er SINDICATO dos Bancários reúne Porseu turno, oCcl. Fraxc, co-
v1-r:-arbí1rio está a.fi!tado pela lei mcn10 de Fannácia, Jackson fa7.-SC se- a classe hoje para a feijoada da vi• mandante do l2BECn.q(Caicó-RN)
da evoluçlio. A 111arge111 de livre- nhor de larga experiência adminisua- cmmarcada parao halerdo martelo. lória do novo prcsidenle Lúcio Fa- foi pré-selecionado para Adido do
arbítrio a11111enla 011 diminui c:111 Inaugurado 1975, o hotel tem biano. A posse sera dia 11 de ju- Brasil na República do Equador.
)i,11ção da lei da c~oi11çii,;. tiva e capacidade de cornunicaçào 463 a11artamcntós, todos com vista lho.
)Iarao mar. NO Paço dos Leões, hoje (17b), Mais um diretor
O ho111e111. a pretexto de go-
zar de liberdade. ele livre-arbítrio. Enzofesteja ~u 11rimeiro aniver- social renuncia
não pode revogar a lei de evolll- sário, Ele éfilho de Melissa Aze-
,· çào 011 ele progresso. A liberdade vedo eJúnior ll:rcciro Neto(foto). A ausência do presidenle Edr
: do ho111e111 está a serviço do seu MUDAM de idade hoje: EdgarSa- newton César,justa.111ente no dia elJ!
egar, José Aníbal Pinlo, Roseli Gar- que o Jangada oferecia uma fesli¾
e progresso 111aterial. intelec111al. cia, Júlia Alves, Gelúlio Salvianoe para os associados: foi a·gota d'á!,'lllj
Roberto Ney. parJ que o diretor social Adalberto
: 111oral e espiritual. Rocha 1omassc a decisão de renun-
~ Assinala (~arlo.1· 7i,lcdo Rizini: UM casal conceituado na socieda- . ciar ao cargo, o que deverá ocorrer
••, o livre-<1rbitrio é progressivo e rc- de estácompletando hoje 34 anos esta semana.
.· /ativo. evoluindo do determinismo decasados. Eofonnado porlli.ete
~ fisico à 11,edida q11e a consciência e Joaquim Nunes. Pot aquele deparlamcnto. só
neste ano. passaram lrês direlorcs
t (razão) se desenvolve. Crescendo sociais: Rcnalo, Weber e Adalberto.
O próximoseria oCcl. Oliv~irn.
; a co11sciê11cia. crescendo a razão.
; cresce a liberdade de escolher e Melissa e Jr. Terceiro Neto Aliette Chaves recepcionará

,• decidir : din1i1111i11do a consciência. A UNIÃO A UNIÃO

'' dimi1111indo a razão. diminui a 'há :50 anos ADMINISTRAÇÃO, REDAÇÃO, OFICINA E PARQUE GRÁFICO

: marge111 cle decisão. Em s rana: o Cida Rodrigues (Pesquisa) BR IOJ · Km 03 • Distrilo lnduSlrial • João Pessoa-PB - CEP 58.082·010
: livrc-<1rhitrio é 111110 conquista evo-
'. /raiva. é 111110 constn,çdo evo/11ti- Paulistas e gaúchos disputam Fones: (083)233-1220-233-1947
• 1•a cio hon1e111. O nosso grau de li- a vicep,.esidência da república Fax: (083) 233-4080-233-JOOOe 233-3022
E-mail: [email protected]
v,v-arhítrio aranenra co1n a nossa
•' evolução no Be111. no Bo m, no Home page http://W\Y\v.netwaybbs.eom.br/secom/auniao
,• Relo. no Puro. no .Justo. no Ver-
ESCRITÓRIO DE REPRESllls'TAÇÃO E Dl,000 0l'ICJAf,
: dadeirv. Se entre o ben, e o 111al. Rw M•d\.\do de A>,u,58, C:mro • Joõo·Po,co•PR • Tcl: (083) 241-1816 CEI' 58.081-010

•( você escolhe sempre o be,n. o seu PREÇO DO F.XE.MPLAR AVUI.SO:
~ livre-arbítrio se expande. Se DIA ÚTIL: RS 1,00 • N° ATI\ASADO: .RS 2,00
: Você. e111 vez do be111. prefere o
Bc.u,1i• e outro, EstadN: RS l,20
! mal. o seu livre-arbítrio encurta.
SUCURSAIS
'. A liherdade é 1a11a conquista no
Cirilo Neto, Horácio Lefer e Costa Neto se reúnem no Rio CMIPINA GRANDE· R. Vcrúncio Nci,-a, 187· S/205, 2º andar - Fon•/fox :iz t .J78~
•: caminho do he111. E a liberdade
de Janeiro para discutir a formação do novo partido GllARABIRA · Ru:i Nona Senhor.> d., uit, ,{n . Furic/fax: 271-4585
• de fazer o 111al é sen,pre lin1ilada.
relativa. e só é concedida c-01110 autonomista. A reunião reacende os bastidores da disputa in- PATOS· Av. Solcn de l.u."<n:i, Edf. R">"'"º · 1• andar, ,.Ja 18 • Fone/fax: 421·2268 SOUSA
· Rw Francuro Ulu,c, Barro., N• Oi· C:ntro. Fone/fax: 521•1219
:i meio de corrigir 011 retificar co111- terna do PSD e1n torno do nome do candidato à vice-presi-
• portamentos cle terceiros ou de CAJAZF.JRAS · Ccrminiano de Sow:a, S/N, Centro• fo1M1(;0:: 531•1574
~ levá-los a expiar culpas e resga-
< tar males perpetrados. ITAPORANGA · Ru, Euvídio Figu,ir«I<\ S(N . C'-c,,tro. Fone/fax: 451-2899
Cv1TÉ · Pr,ç:, B>rão do Rio Br>nro, 226 • C'.cniro . í-onc:/f:u.. 372•2384.
••
ASSINATIJRAS

dência da República. Eles querem um paulista paraa vaga, mas JORNAL A UNIÃO: Am»I............ R$ 120,00 Sffi>cstn!.............JtS CIO 00
DIARIO OFICIAL:
os gaúchos não cedem terreno. O general Dutra ,,arante um 00Anu•I..............RS 200,00 Semcstr.il............RS 10\1

DIÁRIO DA JUSTIÇA: Anu,I.............RS 200,00 Scnicstnl.... ...... RS 100,00

pleito traqüilo e afirma que tomará posse o cand~ato eleito OBS: Ouctw fut.ad0$. a mc-!m:1 irnponâ.nóa. m:Us o Pt.)flc Correio

pela maioria dos eleitores do povo brasileiro. • DISTRJBtllDOR fü',t BRASÍI.IA: Mídi, . DiS1rib1údora de Jorn.1u l..td.> . A<ropono

lmcrtuoórul de Brasília · Tcruunal de Cargas • Br,x 10 . Br;1$11ia-DF

C.G.C. 01.518.579/0001·41 • lrucri,;lo fürodu.il 16.057.239,R

,,

SAbado,03deju11l1ode2000

José ... .• · •,•
•• +
Sarney
(

Reflexões sobre os

militares

Há uni parad~xo na revoluç.io A partir de 85, desapareceu a

de 64 que ainda pennanece agregação de poder pol itico ao

inexplicado. A revo lução tinha poder nii litar, que voltou a formar

duas ver1cntes. Os niil itaristas, unia só classe, dos profissionais,

aqueles .que ag regaram poder voltando aos quartéis. A transição

político ao poder 1nilitar, e os democrática foi feita com os mili-

profissionais. aqueles que fica- tares, e não contra os n1ilitares,

ran1 na tropa, entregues a seus que não pode1n pagar, con10 ins-

deveres. Os prin1eiros conian- tituição, pelo erro de alguns dos

dava1n a pol itica; os segundos seus setores.

carregava111 pedras,sustentácu- Na Constituinte, definimos o

los do regi111e. papel dos militares, subordinados

Todosjulgávarnos que os mi- ao poder civil, síntese de todos os "Uma preocupação que o Brasil tem de ter é a de preparar suas Forças
1itares tinhani dado às suas cor- poderes.Nenhunia nação n1oder- Arrnadast ~oje sucateàcléts, desprestigiadas e suj<!ilas a tantas
porações condições boas de na pode prescindir de Forças Ar- incompreensões, para cumprir sua missão"
apoio logístico, aparelhaniento, n1adas, adestradas e preparadas

nioderni7..ação, adestran1ento, para sua defesa e existência. Há -1,--•----------------.--. ----. --•--. --
instalações eequiprunent.os. Qual u1n velho provérbio latino, n1uito •

não foi a niinha surpresa, quan- gasto, que d iz: "Si vis pacem, para <lições de opinar nas decisões para cu,nprirsua missão. Estar pre- .. mas sem ..1ama1. s com-
do assun1i o governo,ao encon- belun1", ou "se queres a paz, pre- espec1a1s,

.•
trar unia situação de grandes di- para-te para a guerra". l·loje, o munE.dinaaistu. ral quer com as m' udan- sente nas fronteiras secas da Ama- prometersua função de defender
ficuldades nas Forças Annadas. mundo n1udou, as guerras são glo- zônia, adestradas para enfrentar a soberania do país, o respeito à

O reginie 1nilitar não se ocupara bais, mas os conflitos regionais ças permanentes que oco1reram no conflitos que possam compron,e- integridade nacional.O urgente,
da sua própria área. Os militares estão latentes e fazem parte da vi- mundo, poden1j.ser repensadas ter a segurança, a soberania e a agora, é unia FAB que voe, uma

prolissionais forrun abandonados são estratégica das grandes potên- adaptações e correções de rumo. ordem interna. Sepultar ressenti- tvlarinhaque zele pelo litoral eum

pelos niilitares políticos. cias. As Forças Armadas são en- Assim, o debate s<\breo tema, hoje, mentos contra a instituição que, Exército apto a defender a sobe-

Os verdadeiros profissionais, carregadas, tan,bém, da nianuten- é boa oportunidade para examinar- como todas, não pode pagar por rania eas instituições.
patriotas con1alto senso do de- ção da orden, e das instituições. mos o assunto. U"ma pr~ocupação erros históricos.
Se1n Forças Armadas efici-

ver, apanharam dos dois lados, Elas tê1n de estar preparadas para que o Brasil t'ern de ter é a de pre- Isso não in1pedeque, noconjunto entes, o Brasil será um gigante
do's seus colegas e da hostilida- participar de ,nissões internacio- parar suas ·Forçak Armadas, hoje da segurança coletiva, elas colabo- inerte e vulnerável. Quem tema

de do 111cio civil, ressentido pe- nais de paz, o que assegura pres- sucateadas, desprestigiadas e su- rem, treinem pessoal, participem de Amazônia não pode descuidar

los anos de poder castrense. tígio internacional ao país e con- J•e1• tas a tantas. 1.1ncompreens-oes, operações de inteligência e ações de sua defesa.

p;



Para acordar um monstro

EU vou fazer do 1neu banheiro uma de críticas e sugestões quejáenchem •
biblioteca/ eu vou sentar no bojo os ouvidos de dirigentes e governos
f1"O Fenart de
branco e ler Jubiabá/ vai ser melhor há muito tempo se1n provocar alter- 12000, apesar
1do que o grande espaço da cultura/ nativas razoáveis, quero confessaras 1de suas. ,
1deficiências e
. _eu não vo u ter que gastar tanto para minhas boas in1pressões de quando, 1 contratempos,
1é a sexta
'. 1 prova de que
f Stuqar lá/ se algué1n perguntar por às vezes, ali percebo um verdadeiro 1 é possível
espaço de cultura. 1 faz~r o Espaço
rninv' fui estudar / se algué,n procu- : Cultural valer

rar por mi111 eu fui.... O _Festival Nacional de Arte - I ?seu.
Fenart, emsuasexta edição, me cau-
No início dos ru,os oitenta, artis- 11nvest1mento.
1 Quem foi
tas, intelectuais jornalistas e estudru,- sou urna tremenda alegria Entrar no 1deve ter tido
Espaço Cultural e percebê-lo fervi- 1esta mesma
tes, entre outros segnientos da co- 1percepção. E
1muitos
niunidade pessoense e paraibana, ti- lhando de pessoas produzindo e con- 1estiveram '.
sumindo cultura nie provoca uma tre- 1 por lá"
nham co,no pauta principal en1 seus menda satisfação. É pena, entretan-
1
debates uni certo "elefante branco"
--i-------
denominado de Espaço Cultural. Dis- to, que estasen,anade bom-uso, ape-
do conjunto da sociedade.
cutia-se a funcionalidade do projeto; sar do odor que emana do caldeirão O Fenartde 2000, apesardeSUas
cultural ali fervente, não sucu1nba de
o dinheiro que ali fora investido; apon- deficiências e contratempos, é asex-
ta prova de que é possível fazer 0
tavam razôes escusas para a sua vez o cheirinho de n1ofo que exala
Espaço Cultural valer o seu investi-
construção; acusavan1 os seus idea- dos ossos do monstro de ferro e con- mento. Quern foi deve ter tido esta
creto em seus longos meses de ócio. mesma percepção. E muitos estive-
lizadores de n1egalomaníacos e afir- ram por lá.

mavatn (estes últin1os verbos podem Não quero afirmar que nada se Parabén.s a to_dos os respoosáve·IS

ser considerados na prirneira pessoa faz no Espaço durante todo o ano. pe1asuareair.zaçao. Quenão lhes falte
Seria falso. Eu, particularmente, sou
do plural do pretérito in1perfeito) que nfo1roçsaa,ocrsiea.ut.imviodeadmeuel.tboommasise.nÉsod.iVstao•

tan,anho investií)iento não oferece- usuário do Banguê, do Paulo Pontes, 1nelhorado, que precisamos. '
da biblioteca e, através do meu filho, [email protected]
ria o necessário retonio para a soci- das aulas de música (sustentadas
com muito esforço por uni grupo de
edade que o custeara.

No prin1eiro parágrafo deste tex-

to está uni trecho de uma n1úsica eabnegados) e do Planetário do Espa- Lins do Rêgo. i,,\s ruas seriam 1ne- !hões.ali investidos deveriam estar
sendo multiplicados e transformados
"engajada" do músi<X!, poeta e agita- ço, entre outros eventos interessan- lhor utilizadas mais tranqüilas se em bens culturais; os 1naiores que um
tes que por lá aconteceni. Só que, se não estivesselliJIão absurdan1ente estado pode dispor parao seu povo;
dor culn1ral, Artur Silva, que traduz a um insumo essencial paraa constru-
ção de uma sociedade melhor.
insatisfação, na época uni sentimen- multiplicássemos por cem todas es- ocupadas por ociosos de todas as
Obviamente isto tudo não se re-
to quase absoluto entre os segmen- tas atividades, inclusive o Fenart, ain- idades a fazer."arte" em vez de solve com um passe de n1ágica ou
uni decreto goveman1ental. Mas al-
tos ditos acima, com a construção do da seria pouco parao aproveitamen~ fazer arte. Aquelas salas fechadas, guma coisa tem que ser feita para
que, duas décadas depois doseu nas-
Espaço Cultural. \'inte ar1os depois, to do potencial daquele lugar. praças e mesaninos ·deveriam es- cimento, o Espaço seja revitalizado e
as suas atividades orientadas, de for-
muitas águas rolaram -inclusive en- Já está provado que arte e cul- tar permanentemente repletas de ma inteligente e objetiva, em função

ferrujando parte da estrutura do es- nua dão aos seus usuários e pro- pessoas aprendendo a viver, a pro-

paço e danificando equipan1entos- e dutores um certo tempero existen- duzir e a consumir cultura.

o·debate arrefeceu mais não acabou cial absolutainente necessário. Mi- Escolas do estado, do n1unicipio

totaln1ente. É patente, no entànto, a lhares de jovens - crianças e ado- e até particulares, deveriam ocupar

certeza de que o Espaço é ,nau apro- lescentes, poderiain ter atividades aquele espaçosemanalmente, levan-

veitado. Sem querer nie ocupar aqui diárias no Espaço Cultural José do e trazendo informações. Os mi-

____ _..._..___

..

Rosas e Pedras do Meu Caminho CD

. '1 •

~ '. A'
.,..,• '
.
.
.

'

.

.~

t ...... "'' ". t· -; •,;
:'i!.'1.-~.,, . ,·(-f -;, .-~,_..§-!f,,
ti;,,.•~i:/B~"': t /,_ •, ·;.~ J :• ~;
· ·,f,l t "" • f.~..ir-f~~ ~f ~ ",tYk"'f,r
~'t.· [' ·:;~n-r... 1. ,,,- 1/f'
• ."J \ ,. ....• '
# \ · ,..;•• ~:.,

l l , 'j-,º 1_;... ! ',~ , '.f• •
ii: ,. ' .; \ :;J]'·,.~' . ;..· •
i:i . ~- ;-:~':,-..,,., •~ ~- ' t
,'";-~'"~' ,,..t_~i.;;,...'te- ·~~~\, •
,'fi "' ,: · ·~ , ·-· ... , • • 1~ií-}~

,..... ó~.-~' ~,.,;;., ,- • ·:.;,,~ ,.1>f-, •d , .. .~ l!bJ~
---'1fl"' 1 "'"· ' """-'-•

Lacerda e o riso de quem enxerga na neta Maria Isabel pendores para a máquina de escrever. Mas não foi sempre com risos que ele viu o Brasil.
l , , ido até aqui este livro ü espera de
A 31 de agosto de 1966, na fila de cu rnpri-

nasce r rneu filho. o qual veio ao rnentos do casan1en10 ela filha do Deputado Rui

n1und o às 12 e 3 rninutos. 29 e 30 Carval ho, n1inha afilhada, em Curitiba, o cor-

de abril ele 1914." retor paranaense José César ele Matos apresen-

Esta nota foi escrita a lápi s, a letra t1pressa- tou-se e rne deu, de surpresa, esse livro que

EXCLUSIVO da, nun1 livro de poen1as, na sa la de estudo da meu pai lia na hora em que nasci, destroço de
muitos naufrágios de li vros, vendidos , perdi-
casa e.la fa1nília da rnulher. O, livro é A Cria- dos, confiscados pela polícia, levados a leilão,
çâo, \1icla e História elas Arl'ores. do poeta

português. panteísta e beirão. Antônio Corrêa ao longo de três gerações e muitos desafi os.

de Oliveira. Di z o poeta: Rabiscou, até ali , todo o livro. Lia furiosa-

··c1,a1, 11a1·as o te11filho. 0111·i11-te e ,·eio. rnente - um cios raros políticos que conheci,
- O ,nâe! 1\bre-111e a ,·icla <lo teu seio. interessado em ler mais do que os jornais do

Son1hra! Mostra-n,e o f 'ogo e111 que te dia. Na pügina 106, porém, parou. Não leu 1nais

abrasas. ·· naquela noite, nern nunca mais, aquele li vro.

Historiadores - Co1110 historiador e pessoa i111eres- •
americanos acham sada na história destl! país -declara o
que um importante Professor Burns - pos.to dizer q11e o Bra- ,• ' ,· .. ,;)i
papel caberá ao sil 11111dor1111rii10.'!111pressio11ou-111e a alrc•-
Brasil, no mundo, ração verificada desde J880. q11a11do re,,e 1o.· •~~. . .,), ' • ..... ~I
neste século início a i11d11stria/izaçâo, as cidades cre,\'- ~..?r,~,-•.~
ccrc1111 e as idéias se n1odificara111. S11rgi11 ' :\'-•·: ..
' N as suas freqüentes viagens ao 110 pri11cípio do século o 11acio11a/is1110 - ,,, ~.~~· 111• •
nosso país. o Professor tvlanches- 11111 11acio11alis11u1 di11â111ico, c1iltii•ado por
i111elec111ais - que se 1or11011 11111 prepo11- .,''""' ,.. p•. ,..,
ler aprofundou seus estudos. de dera11te fator de• 1ra11sfor111açâo da Jisio- .t •r • ...
110111ia política e social do país.
n1odo a ter-se torna.do unu1 auloridade en1 ':..,.';',....~:
ludo que se relaciona coin o nosso passa- - Todos os visitantc•s que estÍl'<'ra,11
110 Brasil, 110 século passado, dizia111 que ~·~...
do. E diz: "D<'sd<• / 920, até (lgora, 1•eri- l'Sf<' país seria 11111a .i:ra11de nação cle111ro
de ci11qíit•11ta a11os. Esses ci11qiie111a a11os. da Universidade de \Visconsin. Seu pri-
LACERDA fiq11ei gralld<'s 11111dc111ças 11es11• país. Até poré111.11111rc·a passanr... Creio. e11tre1a1110. meiro contato co,n o Brasil foi em 1961.
1930. o Brasil ('ra 11111i10 par<'cido cn111 o c111c· esse 11acionalis1110 é 11111a força q11e quando veio ao Rio a fin1 de colher mate-
(/(' /820 (' 1840 - os 11/l'SIIIOS 110111es. as rai 111odificar o Brasil. Depois dr /945 até rial para urn esludo sobre a história das{)
/964. assisti111os ao fortaleci111e1110 da sua idéias na República Velha - Brazi/' s
111('s111as fa111f/ias. as 111es111as raçil<'s. de11rocracia. S11rgira11r partidos co111 raí- St•arch for _iVa1io11al /de111i1y i11 rhc Old
Depois dt• 1930. poré111. co11statci 11111<1 zc•s 1u1cionais. c:01110 a UDN. o PTB e o Repu/Jlic. E positivo e,n sua apreciação
PSD. e a opi11i(io príblica 11acio11al SC' revi-
110,·a atitude. Até rnuio. a aristocracia gorou . O nacio1u1/isn10 hrasi/c•iro repre- da nossa situação interna:
111a11da1·a. poucas p<•ssoas co11seg11ia111 sc11ta 111110 força tcio podC'rosa que será - ,Vo )1111 do Go1·er110 Vargas. os dois
Íl11possfvel ne11tralizá-i<1.
c/1<•gar às 1111i1·cr.tidadcs. Depois daquele partidos de Ge11ílio - o PTB e.o PSD -
ano, os <',Y//ula11t<•.1· 111oços, se111 110111<? de Referindo-se ao papel do Brasil no es1a1·1111111111i10 fracos, e julgo 11111111ilagre
he1nisfério. o Professor Bradford Burns J 11sceli110 ter c.·011s<'g11ido rcorgani:ar
gra11d,•s fa111llios. já podia111 i11gre.Ysar u111a alic111ça e11trc essas duas agre111ia-
nos gi11císios e• 11as 1111il'ersidades. fazer esclarece: çôc•s. para tc•111ar a i11d11s1riali:açâo do
- Julgo - <' a dip/011,acia do Barão país e. assÍl11. es1i,11ular o SI!// clese11vo/l•i-
c<11Tt•ira política. ter posiçties d<' respo11- 111e1110. A aliança rra curiosa. porq11e a
sabilidad<'. Cc•1tas 11111da11ças ncio 111e do Rio Branco o de111011s1ra 11111i10 hc•111- preocupação do PSD era a de co11ti1111ar
q11e o Brasil 1e111 11111 re/el'anre papel a a política 1radicio11al. pro1ege11do o i111c-
agradara111 - co1110 o hábito dos abra- dese111pe11har neste /re11risfério. Rio Bran- re.1·sc• rural do Brasil. daí o furo d<• Ge11í-
ços <' a troce, do café se111ado pelo café co e.wabelt•cer, 11111 precc•dc•11tl! de lidl!- lio 11111/C·a ter tocado na quesrâo agrária.
rança 11a diplo111ac:ia s11l-a111rri<·c111a. Outro a.Ypc•cto da a/ia11ça c•ra o PTB -
('111 pé. Cr<'io. e111reu11110. que a difere11- \!árias ,•ezes i111er1•eio 11a política de 11111 tipo de ""11·i111e1110 f)opular. ,nas se11r
ça f,;11da111c•111al 1t•11ha sido o <'11Ji·aq11<'ci- Wa.Yhi11g1011 para 1•1•itar ro111pin1eú10 de i11dc•1i1•11dê11cia, s<•111pre co111rolado pela
lidc•rança do próprio Get,ílio. Tr(lta1·a-se.
111<'11I<> cio sist<'lll/1 d<' clâs. Já 11âo há a re/açôes dos Esta- pois. de 11111a a/ia11ça e111re o f(ltOr rural.
hege1111111ia cios Ca1·alca111is, dos Bc•rnar- dos Unidos co111
• clcs. dos Pcntt•<ulos. Sl' para be1111111 para paísrs de lí11g11a ,11as 1radicio11al. e o Ji11or urba110. 111asc \
111<1[, IICÍO sei. 0 (fll<' CO/ISICIIC'i l' que O espa11hola. Seio soh o co111role de Ger,í/io. K11hi1schek
hoas as relações co11seg11i11 /'l'COIISll'llir C'SSa alia11ça ('
Brasil j,í saiu do s11c11/o XIX." go1·er11ar o Brasil pacifica111e111e. Depois
O Professor tvlanc hcster analisa. en1 do Brasil co111 os de /96/. agra,·011-se a crise Ji11011ceira e
Estados U11i- red11:iu-se o 1alc1110 da lidrra11ça 11acio-
seguida, as perspectivas do nosso país: dos. 111as c•ssas 11al. e essa coi11cidê11cia de circ1111s1ci11-
"Cr<'iO q11<• o Brasil ten, a possibilidade relações estão cias pr,11·oc·o11 a queda de Joâo Goularr.
de .,·er 11111 [)Oder 111ecliador 110 Atlântico assunrindo 11111
Sul. co11111 o Ca11adcí o é 110 A1/â111ico
1Vorte. SC'rá a grande 1iotc~11cia 11c•s1a [)OI'· ,·aráter Uio for-
te do 1111111do, 11111a Ji11ura ,,açcio-/íder q11c
asseg11rará o <'q11ilíbri11 das 11açô<'s dc.Y- çado. que crr-
tc he111isji!rio... 1c1111ente 1·er{ftcar-.1·e-cí u11ra
r<'açcio 110 .fi11uro. O Brasil é o qui1110
" O 11acio11alis1110 e' 11111a força que l'ai pafs do 1111111do e111 1a111a11ho (! o oitc/\'O e111
111odificar o Br/lsil" - pensa o historia- pop11/açcio. NC'~sas condiçôes. c/c'I'<' ass11-
dor Br:1dford Burns. cuja prin1eira via- 111ir u11ra a1ir11dl! de i,u/epe11dê11cia. De
cen1 ao Brasil data de 1959. Veio para 1963 até os dias de hoje•. o Bra.1il 1c•111

-alguns dias e ficou várias se,nanas. No 1·il·ido 11111 período de crises. Há pa:; o
-ano seguinte relornou para algun1a~ orça111<•1110 c•srá equilibrado: as finanças
s,• 111os1r,1111 c•stá,·eis e red11zi11-se o rit1110
scn1anas e pcrn1ancceu n111110s n1escs. da i11flaç<io. 1\1/as proble111as sérios. co1110
Sua preocup:,çiio ern relação à História o da educaçcio. da fo111e, do desr111pr<'go.
brasileira teve por alvo nossa a1ividade da j11.ua dil·isüo da terra. núo fora11,
diplon1:l1icn e. nesse sentido. fez pesqui- r<•.Yo/1•i<los 1·. ta/ve:. ainda 1e11ha111 sido
sas no ltan1ar:ui sobre o Bariio do Rio a~rarados. Acredito. e111rc•ta1110. quC' o

-Branco. En1 sci:?uid:1. deu cursos c1n uni- •

versi<ladcs 11or1c-a111ericanas sobre His- Brasil 1·e11cerâ a crise. 1Vâo sei quando.
lóri:1 <lo Brasil (u princípio. na Univcrsi-
d:1de de Nova Iorque e. depois. na da 111C1s a 1·e11cerâ.
Califórni:1). Corno os alunos nern sctnpre "O grupo da Sorho1111e t/!111 idéias
conheciarn o portugncs. ele próprio tra-
duzia os docurnentos que julgava de 11ltra11as.wulas" - afirn1a o histori:1dor
Thon1as Skidn1ore, aulor do livro A Polí-
111aior i111pon!incia. tica 110 Brasil, U11ra E.rperh'11cia de

Denrocracia. no qual analisa a siluação
do nosso país nos úlli,nos anos. Essa

obr;,, :1incl:1 inédila. constitui urna .ipre-
ciaçiio dos acontecin1entos que. a panir
de 1930. 1un1ulluar.1m a vida nacion:11.
Rccentc111entc. o autor acrescentou-lhe
un1 epílogo. no q~al retrata o Go,·erno
C:1slclo Branco. E professor-;1ssistcnte

' ' era nuiito i111por1a111e para dil·ersos sc•to-
res-produtores de café e pri11cipa/11re11-
( ,\,., tc• de a/god<io (aprsar da exis1ê11cia de 11111
acordo co111ercia/ e11tre os Esu1dos Uni-
- ...., !! dos e o Brasil). Assi111. \largas adorou
• 11111a orie111açcio de ll<'tttralidad<•. S<'III
4. .. "' ~ '~ 11111dar Ji111da111e111al111e11t<' a polfrica de
. ~; ../!iot' --- a111izade co111 os Estados Unidos. A a/ega-
. ...:Ji•' •• çâo de (flll' Gettílio seria si111pati:a111e dc>
Hitler não 1c•111f1111dt1111e1110. Queria c11/ti-
..... .,1~, ~~ ~,,' •• 1·ar hoas relaçôes co111 a Ale111a11ha. ncio
porque' ele próprio fosse ditador. 111as
.fa11go só queria dar 11111a i111age111 de u111 sob o tílulo: A Polfrica Externa Brasilei- Maurfclo de porqur pensara 110 i111eressl! do Brasil,
.~01·er110 reali:ador, e11q11a1110 JK fla1·ia ra entre 1934 I! /942. Afirma: co1110 qualquer ho111 estadista."
i11dus1riali:ado o paf.t t' co11s1r11ído Brasí- Lacerda, pai de
,(:) lia. .fâ11io. co111 sua re111í11cia. criou 11111 "O Brasil 11ão Carlos, numa Fui o lerceiro filho. Nasci no n1eio de
~ 11/Íto. 1\1as Jango 11ada .fi•z - e queria tillh/1 11111(1 (JO!íti- foto rara, de riscos. Nesse dia, no jogo-do-bicho. deu
deixar u111a i111agc111. ca. propric1111e111e 1914. n1acaco. centena 666. O presidenle da
diu, , cl11ra11/c a Em Caxambu, República. l'vlarechal Hern1cs da Fonse-
Referindo-se ao últirno governo. o ,í/1i111a guerra MG, o menino ca, de quern Maurício de Lacerda fora
historiador Skidrnore define: "A ncc·c•ssi- 111111,dial, isto é. · Lacerda
dade q11e 1ere Castelo Bra11co de go1·t•r- 11ão 10111a1•a i11i- (encostado à oficial de gabinete e a quen1. deputado.
11ar c1tra1·és de cl('l'l'<'los-lcis e d<' aros cia1i,·as. A polí- árvore),
i11s1itucio11ais consti1ui11 u111a i11adeq11a- tica da época Maurlcinho e o agora fazia oposição. estava para lermi-
çcio à csrr11111ra tr/ldicio11al do Brasil. Os era de reaçâo cachorro nar urn governo atorn1enlado. Havia
rt•ro/11cio11ários perdera111. e111 três aos atos das sinais de prisões. estado de sítio no ar.
111eses, o apoio cil·il. s111·,:i11do 11111 .~o,·er- potc111cias Mignon. Na sua úllima mensagem ao Congresso.
1u1 111ilitar. O grupo q11e se apossou do seu sucessor. Venceslau Brás. diz com
pOdl!r, o grupo da Sorho1111e, a/i,11e11ta 111aiores, /-fa1·ic1 11111(1 todas as letras qual foi o governo que
idéias 11/trapassadas. orientadas 110 se11- recebeu en1 1914:
1ido d" 11111 111111,do dil'idido e111 duas par- polfrica - c1 pa11-a111eric:a11a - que se111-
ft•s - /(///(/ ('(11/1/IIIÍSIO e outra a11tico11111- "Ter111i11ação do estado de sítio ele
11ista. daí a ra:<io da perda do co111role pre c•sta1·a i11teressada ,,,,, cultil'ar boas oito 111esc>s: ,~rande excirc,çcio dos rspíri-
da si111ação 1•111 fc11·or do grupo Costa e• ros e rc'ss,•111i111e111os partülários prof,111-
Sih·a, q11e é 11,ai.\' progressista. O J1ra11dc• relaçries co111 seus l'izi11hos. Caract<'ri- dos: s<'gundo funding: re11da p1íbli-
probl<'111a do Govc•r110 Costa e Síh•a será ca i11s1ificien1e para a.\' despesas ordi11á-
o 111e.H110 qul! desaj1011 Ja11go: organi:ar ;a11do a polftica brasileira. naquela fase . rias; avultados déficits 111e11sais: c'11or111e
11111 partido hasra111e forre para 1·e11cer as 111assa de• dh ·idas f/u111an1es a pagar.
,.,, diria que jiii 1u11a política de 11c•111ra/i- s11pc•rior a 36 .000:000$000 ouro e
1Q, cleiç1ies. pois a 1Í11ica c11·111c1 contra a s11s- 31 /.000:000$000 papel: Tt•souro se111
pei1a. (•111 q11e 1·il·c•111 os forças an11culas. dad<'. 111as 11,io 110 se111ido espiritual. ideo- recursos: crédito ahalado: t/111/os ptíbU-
st'rcí 111110 ,·itcíria <•stro11dosa nas urnas.'' cos drsi:a/ori:ados; baixa dr c{1111hio:
"D11ra11u• a 1íl1i111a •1111c'rra. o Brasil lógiro. Era óh1·ia " i11jl11ê11cia fra11cc•sa. í111portaç110 e exportaçcio prof,11ula111e111t'
,uio tinha 11111a polítit·a própria.. - eis o per111rhadas: ca111ércio e• i11dús1ria e111
que afirma Stanley Hil1on. historiador inglesa e (1111erica11a 110 ca111po das idéias co11diçôcs precarifssi111as; fábricas
norte-arnericano e autor de unia tese para fechadas 11111as. e• outras trabalha11dn
o doutorado na Universidade de Texas. - o Brasil e.1·1ava idcologica111e111r ao 111eio dia, 11111 terço do dia: o operariado
e111 si111ação a11g11s1iosa.
lado das dc•111ocracias. e111bora ho111·essc•
Todo-poderos'o na condução da políti-
"'"" 111i11oria q11c• si111pa1i:assc co111 <1s ca do n1arechal. o senador gaúcho
ditaduras européias. O ohjc•til·o principal Pinheiro Machado carninh::iva naqueles
dias de olhos abertos para a rnorle, lais os
do Go1·cr110 \1argas era o dese111·olri111<•n- ódios que suscitava o seu domínio. "Con-
sidero a corage1n" - dizia - "o n1ais
10 eco11ô111ico. A c1uesu10 da ri1·alidade louvável predicado de urn horncrn de
eslado.'' Um ano depois, Manso ~e Paiva
co111ercial entre a Ale111a11ha t' os Esrados o apunhalava na porra do Holel dos
Estrangeiros."
U11idos fez co111 que \farias procurasse
Era o te1npo e1n que o fanarismo e o
11111a posiçcio i111C·r111c•diâria entre a.,· duas banditismo arn1avam lulas e a oligarqui,a

11açúcs, pois o c·o111ércio co111 a Al<'111a11ha política don,inava, sob a garanlia do

Exércilo, que lhe cmprcslou a autoridade
e preleção do 1nurechal-presidcnte. Duas
vezes os sargcnlos e cabos tenlararn rebe-
lar-se, instigados por políticos. Maurício
de Lacerda foi acusado de participardes-
sa conjuração. Ex1orquiran1-se ' depoi-
n,cntos de alguns, pela IOrlura; e confis-
sões fal sas foram obtidas, sem maiores
conseqüências. afinal, senão a reputação
de ter instigado a r,·1·0/ta dos sargt•111os
- que não houve.

Dias depois de ler aqueles versos ele
estaria cm São Paulo, con1 Pedro Moacir.
o flan1ejante deputado pelo Rio Grande,
lrincu Machado, o disculi<lo tribuno que
acabou, cm 1930, na irrisão de uma
velhice verde, o próprio Rui Barbosa,

anrigo competidor do 111arechal. refugia-
dos ern São Paulo das an1caças do eslado
de sílio e da prisão.

''Meu destino é Eduardo Chapot-
Prevost, o cirurgião,
fazer às pressas o casado con1 a tia de
que requer vagar Olga. Este fazia
e devagar oque exper1•e• nc1• as com
demanda pressa'' cobaias e coelhos,
preparando-se para a
' M as o Marechal Hennes tanto tinha audaciosa façanha
de fraco con1 un1 caudilho con10 de separar, :1ntes da
Pinheiro Machado (que niantinha invenção dos raios
a n1áquina montada, sufocando gentilmen- X, as xifópagas
Maria e Rosalina.
te o país) quanto de n1agnânin10 e adverso que aos 6 anos vie-
ram de Afonso Cláu-
a violências. Estava casudo de novo. O dio. no Espírito San-
to. pegadas pelo lado
LACERDA povo se escandalizava porque no palácio do fígado; Rosalina, encontrar no quarto de laiá, onde 111inhað\
presidencial se dançava o cortajaca, tnna niostrada em Pnris à tnãe repousava, a criança, miúda e de ~
Academia de Medi- cabeça grande, os olhos esbugalhados
dança pouco acadê1nica; 1nas o castunento e ina, criada co1no para a luz, "cara de passarinho guloso".
parente da família e
com ajoven1 Nair de Tefé, filha de barão e hoje tninha boa Naqueles dias, ele discutia na Cârnara
Rosalina, avó de tuna criançada rija. dos Deputados a reforma do ensino.
caricaturista n1uito gabada com o pseudô- Defendia a liberdade de ensinar:
Na niesnia sala de estudo aprendi a
nimo de Rian. inclinava o 1narechal à con- ler, depois dos priineiros rabiscos coni a A Constituição não declaro11 sf!r priva-
babá pela mão da tia Delmira, terceira do ti1•os dos estados 11en1 da União o ensino
descendência, mais do que à violência. nome, minha 1nadri nha. Eni junho de pri111ário 11e111 o superior. O que declaro11
1921 seu ge neroso boletin1 de notas acu- foi que co111pe1ia tanto a 1111s con10 à outra
O deputado da oposição, dos únicos, sava lvtuito Be,n em tudo, inclusive eni cuidar desse e11si110. (...) Os go1•en1os
Conduta. Em agosto, os Devere•s recebe- estaduais tê111 sido e hão de co111in11ar a
era tanibéni, foi toda a vida, dos poucos ser por largo te111po as 111áq11inas 111onta-
ram nota Mal, a Aplicaçâo, tanibém; etn das •dos partidos políticos; enquanto as
políticos que davam importância à inteli- fa culdades es1iveren1 nas suas 111,íos, 11at11-
Liç<ies. Pas.fável. Eni setembro, tudo ra/111e11te serão considerados os adversá-
gência. Havia alguns escritores eleitos Mal. Eni deze1nbro tudo passou a Be111. rios. co,110 na Rússia o seio os judeus.(...)
Não advogo a indiferença do estado í!III
pelos governos para fazerem nas assen1- A sala de estudo, na qual o sol batia relação ao ensino. O q11e ach•ogo é o esta-
esverdeado pelas san1atnbaias do terreno be/eci111e11to da cátedra /h.,-e 110 estado
bléias uma barretada ao espírito. Unias ao lado, dava para a sala de piano, onde li1•re, tal co1110 ,çefez a Igreja livre 110 esta- "1\
havia unia mobília de niotivos egípcios, de do ta111bé111 livre. Eu ,uio quero 111110 reli- ~
rosas no buquê de 1n11njericões, con10 diria palmeiras e esfinges, desenhada por 111eu gião oficial, 11111a ciência oficial, 11111a do11-
bisavô, e para a de visitas, coni a mobília tri11c1 oficial , 111na filosofia oficial. Não
um político refinado, Nilo Pcçanha. Mas quero o Estado nas 11uios dos positivis1as,
de estilo, importa- dos católicos 011 de q11en1 quer que seja,
os 1nanjericões ou enun bacharéis egressos da, que só se abria professando 1111u1 filosojia 011 religião,
nos grandes dias 11e111 que possa varrer da cátedra q11e111
da advocacia, e só ao - e·nos n1eus só quer que seja. por advogar 011 pregar esta
·se abriu para 011 aquela doutrina filosófica. (...) Ncio
Direito davani itnportân- tencionava per1urbar o equilíbrio alado
nossas danças e da 111archa de po111bas e l>orhole1as con1
cia, ou não davam nada a o ve,lório da que ia <1tra\'essar o recinto da Câ111ara
bisavó Jaiá. es1e 111ag11íjico proje10 do Ministro da J11s-
coisa algu111a que não fos- ' 1iça. ton,ador 111ilitar do Café Jere111ias...
Foi tanibén1
se as graças do poder, as o local etn que Isso foi há pouco mais de n1eio sécu-
inventan1os, lo. Meu principal esforço na Câniara foi
nomeações. o aconche- 1neu irnião e eu, veículos converter cm lei, afinal, eni 1961, o pro-
espaciais co1n os quais fonios n1u itas vezes jeto de Diretrizes e Bases da Educação.
go do onipotente senador à lua, antes dos nossos atuais i1nitadores; e Para isto, tive de negociar a autoria do
un1 precursor aperfeiçoado do jipe, um substitutivo, que deixou de ser meu para
gaúcho, os convites para auto1nóvel que dava saltos sobre obstácu- ser de ninguém, como único meio de,.r,;
los, e alçava vôo incontinenti, salvando a
o Palácio do Catete e a filha do 1narajá da turba de fanáticos, nuni obter o voto de bancadas que preferiam Y
desfiladeiro do Hi1nalaia. Nosso avião era
casa do Pinheiro, no nior- essa n1esa de estudos. Ali 1nontei u111 colé- manter a educação aniarrada a ver uma
gio de brinquedo. usando o quadro-negro lei de educação com o meu non1e.
ro da Graça. a caria de do conselheiro e fui professor inflexível,
de alunos invisíveis, inventando matérias e Naquele ano, em que nasci, os Esta-
recon1cndação, a subniis- até idionias desconhecidos até hoje. Ali , dos Unidos invadiani o México, depois
devorei uni livro que se cha111ava /11ja11-
são u unia política retró- cias Célebres, con1 a história de Pico de la que o Presidente Madero foi sacrificado
Mirandola, Mozart, Bayard e outros n1odc-
grada, setn idéias neni los de an1biciosos infantes.
A fita de niarcar o livro. ficou na pági-
objetivos 1naiorcs senão o
na 106. Meu pai passou pela sala de cos-
O cirurgião lento e inipcrturb,ível desfrute da 1nedio-
tura. no vestíbulo subiu a escada curva,
Chapot-Prevost, cridade nacional, protegida por algumas de niadcin1 escura envernizada, e foi

bisavô de inteligênci.is parasitárias.
· Lacerda, foi Maurício de Lacerda ti nha o doni de
quem primeiro
separou um 111ergulhar na leitura conio se saísse do
casal xifópago. n1undo. Vicr:1111 dizer que l:í cni cin1a, no
sobrado da Rua Alice, 41, nas Laranjei-

ras, acabava de nascer o filho. No fundo

da sala, que dava para unia grande n1an-

gucira augusta, coberta de folhas novas

reluzentes, duas es1:1n1es altas e negras,

con1 uns grandes vidros grossos, 1nostra-

van1 as pilhas de folhas nianuscritas do

inacabado Dicionário de Botânica do

Cons<'lheiro C,1111i11hoâ. o falecido avô de

Olg,i. L,í cn1 citna, coni a avó, a inni\
~

1nocinha. corn pouco n1ais de 20 anos, ela

deu à luz o t.:rceiro filho. Na 1nesa grossa

e sólida, de caviúna, junto à qual l\1aurí-

cto lia, rraba lhava até há poucos n1eses

' cô111ico se a <'st11dásse111os de perto. Esse• é Maurício de toua parte na grama inacabada, torsos nus,
o inco11re11it'11te de 11111 gênero de 111e111á- crianças e n1ulatas torneadas - enquanto
' rias que ncin são 111e11uírias, e nas quais se Lacerda, opai, sob a ,ninha janela, don1ado e triste co1no
fa: pose. (. ..) Esuio ali 1111111ernso.çaco11re- u1n cão de apartan1ento, deseniboca o rio
►f,,,,, ·. . cir11e111os de sua j111•e11t1llle. ,nas revisra e quando deputado Carioca que, antes de ser encanado, deu
passada a /i111po de acordo co111 seus se11- durante a / Guerra. nome aos habitantes desta terra.
- ~;._.•.2:-~~!..-' .1-·~•-v·:; ti111C•11tos de· lu~i<'. 011 S(!rão se11ti111e11tos da
época, 111as di.~(arçaclo,ç sob as cores do Dona Olga, a mãe, Deste alto, que só o Pão de Açúcar
por Huena, o caudilho n1ilitar. Então, os era descendente liniita, para lá da barra o mar cinzento,
acontecin1entos do continente americano prese11t<'. 1Vâo S<' sabe onde está o verda- daqui a pouco trespassado de azul vibran-
repercutiain mui to 1nais no Brasil. Ou o de açorianos. te, de Niterói as novas luzes que fulguran1
continente era niais i1nportante, ou o Bra- deiro e o./êil::o:o autor ta111hén111ão sc,/Je. azuis, calou-se há pouco u1n grito que
sil n1ais consciente. A invasão do Méxi- Maurício, Carlos e espocou na noite escura do parque in1er-
co fo i assunto que deu que falar até que Confissões. valia a pena fosseni co1no Vera junto a D. ron1pido. Penso no n1eu destino. Sou
· n1e entendi por gente. as ele Santo Agostinho ou Rousseau. Uni Olga (2! à dir.). feliz, se1n nenhu111 ressenti1nento, con1
mergu lho 11:1 c-onsciência, só como Proust
Começav,,.. três n1escs depois, a Pri- pôde fazer, colocando entre a pena e o alguns arrependi111entos e unia ferocidade
1neira Guerra Mundial, que ia niudar o inundo quatro paredes forradas de cortiça,
runio dos povos, n1as não suas angústias. co1110 11111a lcí111pada ucesa à luz do dia, 011 superficial, que me defende da ingenuida-
Agora. diante dessas linhas a lápis nuni a c<1111pai11ha do telefone que toca 1111111a de nativa e dessa incansável alegria de
livro de poernas do1nin:1do pelo sentimen- caso 1·<i:ia - segundo as con1parações de viver, que se não cuidar rne do1nina.
to da natureza, procuro, unu1 ve;; niais, o Jean Coctcau.
sentido da vida. Pois, de tudo o que apren- 1V1111ca es1a111os dentro de nós, esta111os
di só u1na prol1ssão verdadeira nie ficou. Procuro urna definição para estes escri- se111pre a/é,11. observava n1eio desconsola-
tos. encont ro-a num apontanicnto que topei do Michel de tvtonrnigne. Tenho tão pou-
No prefácio a un1:1 peça publicada en1 há n1ui10 tc1npo de Machado de Assis: cas ocasiões de pensar en1 1nim. no que me
• livro, O Rio. anotei: aconteceu, no que acon tecerá. no que sin-
Sc[?1111do 11u: parece. e não é in1prová- to, no que terei de sentir ainda. no ternpo
, Porqur" 1•ida não existe por definição. 1•e/, existe e111r,, osfatos da 1•ida pública e que falta, no te111po que fará. Pessoas nie
E aí que eu quero che,(/ar. \lh•er 11iio é ape- os da l'ida partic11/ar 11111a cer1a aç-âo recí- dizem: "Quando volta ao governo da Gua-
nas se deixar 1·i1·er. É ter. a cada 1110111e11- proca. r<'gular. e ta/1·<'z P<'riôdh·a -para nabara?" Outras, niais exigentes: " Aind:1
to, a co11sciê11cia de cada 1110111<'nto, <1 111cio usar 11111<1 i111a[?c•n1, htí algun1a coisa se111e- há de ser presidente!" É o caso de falar
que guarda 11111 pássaro e sabe que a todo lha11te ás n,arés da Praia do Fla111e11go e con10 José Lins do Rego: ··E cu é que sei?'"
i11sta11te poderá abrir-se para deixar voar de outras ig11a/n1(•11te 111ar11/ltosas. Pessoas há que me consiclerarn liquidado.
essa presença e11ter11c•cc•dora e palpitante, Não é de agora. A sentença é scrnpre a
ele 11111 pássaro 11a 111âo. Este é o senso dra- Mas na Praia do Flamengo já não há niesrna. As pessoas é que n1ud:un. Nunca
nuítico da vida, o r1101•i111e11to patético pelo marul has e sini o surdo rumor dos auto- me preparei para a história. Agora, quan-
q11al ccula 11111 pode prol'ar a xi 111es1110 esta 1nóveis. l:'I c1nbaixo, depois que o mar foi do n1e nianda m cuidar disso ou coisa pare-
1·erdade 11ão '1Xio111á, tica: e11 1·il·o. recuado e abriu ean1inhQ. aos jardins que cida, ne1n essa terrível senhora, p:1ra 1ni1n.
ajudei a fonnar, nesse debrum que ernol- havia de ser eni público a de eneornenda,
Men1órias. não. E cedo. Talvez nunca. dura o Rio e afinal deixa ver de frente a Co1110 u1n dever, uma prebcnda. É exausti-
História, deixo .ios outros. A n1inha con- sua beleza. a praia que trouxernos estuda-
da de Portugal, areias sugadas do fundo da vo como uma vã sessão de psicanálise
tribuição pretensiosa Guanabara. o horizonte em constante sen1 sofá, uni 111crgulho en1 pé, de
consiste cm lhes dar moviniento. aviões que cortarn a paisa- olhos abertos, nu,n rio gelado e claro
n1atéria-pri1na para gem, navios vagarosos - num deles pas- de 1nontanha: u1n passeio sob coação.
escrevê- la. Au tobio- sei. no cru7.ador Tan1a11daré, numa manhã
grafia? Ainda nienos. de chuva. cni noven1bro de 1955, com um Meu destino, parece, é fazer i1s
presidente da República a bordo e tiros pressas o que requer vagar e devagar
Na revista Direlrizes, ern1dos das fortalezas, na tentativa de o que, a rigor, dem:111da pressa. Este
fazendo uma crítica afundá-lo: can1inh.ões resfolegantes, rin- é urn trabalho que prccis:1 1e1npo e
severa a urnas me1nó- chando. invadindo a cidade inerme, sacu-
rias de Gustavo Bar- dindo a estrutu ra do prédio: barracas colo- relcnibrança, 1nais do que dos
ridas das n1anhãs de sol. papagaios empi- fatos, das sens:içõcs. Conseguirei
roso, porque ele era nados. picolés e cata-ventos, futebol por fazê-lo assim, de hora marcada,
inregralista e mem- preocupado em não dizer tudo, desconfia-
bro da Academia, e do do que digo pouco, no turbilhão de tan-
naquele tempo não tas cenas, episódios e personagens. bus-
podíamos perdoar cando o aconteciniento nítido, con10 uni
uma coisa neni outra, reproduzi em forçado da memória'? Son1bras antigas
1938 uma advertência de Saint-Beuve reccben1 jorras de luz e reclaman sua pre-
que fui procurar e encontrei: sença, corno quen1 tc1n lugar 1narcado.
Essa preocupação co111 o prese111e que Imagens recentes, plenas de claridade
o autor transporta para o passado. seria natural, dissolvcn1-sc ao sopro ardente da
infância que irrompe nesta sala cio aparta-
111ento 1ríplex pelo qual tive de me bater,
acuado e injuriado, como se tivesse prati- .
cado uma ação feia l'azendo unia bibliote-
ca onde era um telheiro cheio de entulho;
esta sala que nic custou tan tas amarguras,
representa, ela própria, uma vitória na qual
vão sendo arruinados, como troféus desse
·triunfo, os livros que retraçam tantas
vidas; entre elas, aos pedaços, a minha.
Consola-me o verso de Auden, que Ivan
Lessa tão bem iraduziu: Lo111'a as pedras
cha111eja11tes que disseca111 tua a111hição
por dissolveren1 teu or;:ulho.

''Peço a Deus que fazem as suas, tenho de fazer o que sem- ser para entender melhor as conseqüên- ~
me mande a morte pre tentei 'evitar, falar de mim; pois é
de surpresa - através de ,ninha experiência e testen1u- cias. Talvez por isso seja útil saber de /.. \
mas sempre me nho que se encomenda un1 panorama do
prepare para Brasil nestes tempos em que pera1nbulo onde vim. Con10 o poeta - outro portu- ~../
re·cebê-la''
pelo mundo de Deus a fora. guês - naJ-oosvéouRépgoiro,a,,p. "oderia dizer: "Só "
' A sala vai-se enchendo de rabiscos e
recortes, reponta uma foto an1are- Deste Brasil só não conheço, ainda, o S<'I. que
la, u1n retalho de papel antigo. Acre e Rorahna, onde hei de ir ainda este
Minha 1nãe, relutante se1npre que se trata ano - pois é un1a pena não conhecer o Recentemente um prcsti1noso espa-
de n1exer nos seus tesouros, traz como um Acre e Roraitna. la agora a Marajó e vol-
beijo uma carta dos meus nove anos, tes- taria unu1 vez 1nais a Caxias. Ficou para nhol, funcionário da Companhia Nestlé,
mais tarde. Antes que me esqueça, tam-
LACERDA ten1unho das nossas solkh,rias solidões: bém me faltam as Ilhas da Trindade e em São Paulo, ofereceu-me uma cópia do.
(...) Já escolhi minha profissão. Hei Fernando de Noronha, onde antes de
de ser engenheiro-agrônomo. Não n1e morrer hei de pescar. Do mundo, falta brasão que seria da família Lacerda, e,n
1neterei na política. Já fiz este juran1ento. pouco para ter ao ,nenos passado um
Não defenderei, mas também não ataca- pouco por toda parte. Con10 dizja o refe- suas re1notas origens na Espanha, de
rei. Sei que isto te desgosta, porque foi rido Sr. de Montaigne, eu sou a matéria
com esta maldita política que n1eu pai se do 1neu livro. Corno definir o que se quer onde ele a trouxe. Judo teria começado
perdeu. Adeus, 1nãe adorada. No dia 30 de ter? Junto con, alguns manuscritos
de seten1bro haverá unia festa ,nuito encontrei 111n bilhete que n1eu pai 1ne com São Fernando, rei de Espanha, pai
grande, na escola. Van1os representar mandou das n1emórias que começou a
etc. Adeus! Queir.1 aceitar 10 10 10 10 10 ditar lá e1n casa, no apartamento 202 do do hnperador Don1 Afonso, o Sábio. Este
1O IO IO9 9 9 9 OO OOOOO beijos do prédio 337 da Rua das Laranjeiras, onde
filho Carlos Frederico Caminhoá Wer- n1eu filho Sérgio, pequenino, tinha dois fo i pai do Infante Dom Fernando de
ncck. amigos imaginários, no morro do Mundo
Não era me ntira ne1n verdade. Con,e- Novo, Leide e Nini!, com os quais con- Lacerda, pretenso rei de Castela, pai de
çava ali essa atração-repulsa, a sedução- ve rsava da minúscula varanda para o
recusa que uni dia, en1 1944, creio,- de n1orro longe. O bilhete, de 194 1, dizia: Luís de Lacerda, cuja filha Isabel, da
volta ele u,na conversa, co1n Virgílio de
Melo Franco, n,c faria anotar o que Dona "( ... )Trata-sede si,nples apo11ta111e11- cidade do Porto, casou-se co1n Dom Ber-
Carolina Nabuco registra na sua bela bio- 1os para essa história toda espo11tâ11ea
grafia de Virgílio. Disse-lhe Georges de 11111a vida pública, 110 Brasil do século nardo de Bearn. Do casal nasceu Dom
Bernanos, o vulcânico XX. que esta111os te111a11do lançar 1111111
escritor francês: "Minha 111olde 1otafl11e11te 1101'0, sen, a 1110110-,011ia Gaston, segundo Conde de Medinacelli,
1í11ica ,, 111odesta vocação das 111er116rias e o personalisnUJ das bio-
neste 1111111do é a de falar grafias. 1111111(1 página 111ais oferecida à pai do terceiro conde, Do1n Luís de
quando todo 1111111do se co111pree11,v<iO hu111a11a do que à i11for111a-
cala. " Entendi-o quando çâo e à análise de 11111 hon1enr e dos fatos Lacerda, e do quarto, Dom Gaston, este
o conheci. Quando ele que o e11voll'era111. Essa obra que esta-
ia ao O Jornal entregar 111osfaze11do, confesso que só a encenei à por sua vez pai cio quinto conde e pri1nei-
o seu artigo de exilado força da 111<1 crenç• a 110 seu interesse para
da França ocupada. Fiz o 1111111<10 que deverá ficar entre as tuas ro Duque de Medinacelli , Dom Juan dc1Ã"'I
un1 nrtigo petulante, 111ãos q11<11l(IO as 1ni11has já se .fivere111 Lacerda. O segundo duque, Don1 Juan,~
censurando seus pendores cruzado 110 li111iar da ,norte. Entre as
n1onárq uicos. ele disse apenas: "Mer- tuas nuios e as de teus irnuios, que são teve u1n filho, Dom Juan, quarto duque (e
de!!" Mas, en1 casa de Virgílio. olhou- todos os 111e11sfilhos. aos quais não dese-
n1c no fundo dos olhos. parecia ter senti- jaria d<•i.1·,11· apenas rt111 p1111hado de his- por onde andou o terceiro?). O quinto
do que ali estava un1 aprendiz cio seu ofí- tórias se11111111 epílogo que as encerrasse,
cio. o de falar quando todo n1undo se e11,·he11do de novo o coração de ,·ocês de teve u,n filho, Juan Luís sexto. E deste
cala. Bela vocação, n1us não 1nodesta. .11ra11des esperanças. De vocês e do 1111111-
Ne,n confortável. do que (lll(la tlio deserto delas." veio o sétimo duque, também Juan Luís.
Passei boa p:1rte da vida guardando e
perdendo papéis, juntando, salvando. Ele deu, sem saber, a definição do que O oitavo foi seu filho Juan Francisco, pai
transportando livros ainda n111is do que agora faço. Pelo menos é o que pretendo
lendo. 1\gora, neste forçado ren1anso, se,n ignorar que outro tanto, ou 1nais, fica de Dona Felícia, Marquesa de Priego,
quando os apressados rne julgnn1 vencido por dizer.
e querern passar por cinta para chegarem que se casou co1n Luís Maurício, pai de
n1ais depressa e outros , alegando as Encontrei un1 aponta,nento tomado
n1inhas an1bições. pressurosan1ente satis- nun1 desses 1non1entos em que a vida Dom Nicolis Maria Luís Fernandez de
estava ,uncaçada den1ais, Foi quando um
grupo de pára-quedistas do Exército, en1 Córdoba, novo Marquês de Priego, déci-
1964, recebeu orde,n para me prender e,
se resistisse, rnatar. Entrei no meu gabi- mo Duque de Medinacelli, cm 1736. O
nete de governador, no Palácio Guanaba-
ra, escrevi tunas recon1endações, para o i
caso de se consunu1r o atentado, fechei-
as nurn envelope e entreguei-o a Cláudio '
Soares. Depois anotei num papel avulso:
"Peço a De11.f que 11/C' 111a11de a n1orre de i
s11rpresa-111as se111pre 111e prepare para
recclu1-/a... Aos 16 anos, Lacerda escreve para um
jornal de Vassouras.
Por isso n1esn10, essa questão de ori-
gens nunca n1e preocupou n1ui10. a não escudo desses Lacerdas espanhóis é
quartelado, primeiro a quarto com leão
ra,npante, sobre partidos de prata, um
castelo de ouro sobre fundo rubro e três"-""'
flores-de-lis. No Ginásio Pio-America-.i,
no, quando eu relia tantas vezes, para
evitar o estudo de outras matérias piores,
a História Unil'ersal, de João Ribeiro,
que na ponta da língua recitava ao Pro-
fessor Honório Silvestre - homenzarrão

no, o vigia na praia sopra o búzio e grita

ao trancador, que lança o arpão: "Blós!"

(do inglês sfie blows - ela bufa).

A bordo do Toshi-Maru Il, em 196 1, o

Comandante A.kira Okiyoshí, que vinha

do Pólo Sul e ia para o Canadá, ao largo

de Cabo Frio, na madrugada de maresia,

chama o boreste de p6r111, do inglês port;

o estiborbo, de stabór; e quando manda-

va à frente gritava: "Stréi!" (de straight

ahead). Ao ver a baleia rorqual, que

caçamos no mar, gritou para os açoria-

nos: "Blós!" Mas nos Açores a nossa

gente não raro ainda pega bale ia como no

Moby Dick, que vi filmando nas ilhas

Canárias. Não a poder de arpão-canhão, ·

como fize1nos em Cabo Frio; é no arpão

à mão, que ainda existe, o corpo-a-corpo

do ilhéu con1 o maior bicho de todos os

te1npos, inclusive os de antes do dilúvio.

de coração de criança, vestido com uma tuchos no nariz; ele, por isso, passava Numa Pereiras, Forjazes e Lacerdas terão
roupa à caçadora, combinando a1narelo- algumas horas, toda manhã, espevitando procissão na pegado, assin1, à unha, como picadores,
cáqui co1n verde-garrafa, e uns óculos de as narinas com um palito até espirrar para chácara do quantos desses monstros cuja língua pesa
aro de metal, os primeiros que vi e me desobstruí-las; era uma pessoa mui to avô {1925), mais do que um elefante inteiro?
pareceram distintivos de sua bondosa bem-educada, embora gostasse, como Lacerda
natureza - encontrava aquelas linhas todo mundo naquela fas·e da história da conduz o Na ilha de São Miguel dos Açores,
que me deixavam sonhando: humanidade, de pirraçar crianças. O gosto castiçal chamada a Ilha Verde, há uma aldeia que
de pirraçar crii1nças continua a ser, mais (à esquerda). foi quase toda povoada por Pereiras e
João li (... ) era u,11 ho,nenr áspero, Lacerdas. Ali as charretes eram puxadas

vingativo e inepto. (... ) Fiz decapitar o do que o Produto Nacional Bruto, um por carneiros e havia cães que levavam

condestáve/ de França, o Conde d' Eu. O índice do subdesenvolvimento brasileiro; as compras, com o cesto à boca, pelos

lugar de condestávelfoi então dado a 11111 o que lhe valeu, a esse bom primo, certa caminhos cobertos de flores, sob as quais

espanhol, D0111 Carlos de Lacerda.feito 1nanhã, à mesa do café, em casa, uma lei- dormem vulcões.

conde de Angoulên1e , que foi assassina- teira na cara, e a mi1n, umas chineladas. Dali veio João Augusto Forjaz Pereira

do pelo cunhado do rei, Carlos, o Mau, Pois bem, o José de Lacerda, "hábil guarda-livros", casado

de Navarra . César contava com Maria Emília Gonçalves de Andrade,

i Não me agradava a idéia de ter um que tínhamos da ilha da Madeira, sobrinha do primeiro
xará, mesmo condcstável, assassinado; uns primos es- bispo diocesano de São Paulo e irmã do
'• alnda menos, a de um xará assassino. curos que se di- Professor Francisco Justino de Andrade,
i' Mas parecia-me supinamente ilustre con- ziam mouros. lente de Direito Civil da Faculdade de São
tar com um homônimo na página 266 da Nunca se sabe. Paulo e do Cônego João Jacinto, que não

História Universal. de João Ribeiro. Na No n1ês pas- era tão austero qu-anto o irmão.

hora do estudo, à falta do que fazer, cis- sado recebi O tio Justino tinha uns óculos peque-

mava: como seriam esses Carlos Mau e de uma cida- nos e negros, num daguerreótipo sobre a

Carlos Bom? Por que bom? Ora, porque de do estado mesa da sala de visitas de meu avô, que

morreu logo. a1nericano de Massachu- juntava a mais extraordinária variedade

Em Portugal, meu primo, o escritor seus carta de un1a enfermeira americana, de objetos disparatados, desde uma

Luís Forjaz Trigueiros, imensamente Laura Lacerda Barrett, contando que seu águia de bronze sobre um bloco de már-

parecid9 com a figura de pedra no mau- bisavô Lacerda, tripulante de um navio more bruto até uns patinhos de celulóide

soléu do bispo que lutou cm Aljubarrota, de pesca à balei_a, fora dos Açores, enga- que uma vez ti rei para brincar no tanque,

ouviu dizer que descendemos todos de jara-se na guerra civil americana, e cos- entre os peixes vermelhos, o que indig-

um irmã de Nun'Álvares Pereira. Ouvi tumava dizer que ti nha um irmão, João nou meu avô, sem explicações; pareceu-

tambén1 meu avô Sebastião contar que o Pereira de Lacerda, que veio ao Brasil, me que os patos de celulóide eram algu-
seu modesto pai, quando melhorou de voltou a Portugal, de onde retornou, • ma relíquia misteriosa de um ten1po que
vida; aceitou a proposta de um sujeito casado, ao Brasil. É exatamente o caso
não sei. Os pequenos óculos escuros e a

que apareceu em Vassouras e, mediante do meu bisavô. Assim esta história fica volumosa beca, no daguerreótipo co1n

remuneração, fazia pesquisas genealógi- sem leões rampantes nem Aljubarrotas, o reflexos de metal em que as figuras se

cas. A certa altu ra da pesquisa e da des- que é pena, mas é mais certo. tornam esquivas, metiam medo, até que
pesa, o genealogista foi parar num bas- E, pelo visto, inclui baleias. Haverá as via num certo ângulo de luz e se tor-

tardo do rei de Espanha. Pediu mais mesmo esse tio tripulante de um baleei- navam naturais, amenas. O Conselheiro

dinheiro para subir além. E o velho João ro? Quando saí à caça de baleias, ao lar- Justino, padrinho de meu avô, levou-o
Pereira de Lacerda, u quem o dinheiro go de Cabo Frio, em 1961, com os japo- para se formar em São Paulo e lhe deu a

não sobrava, disse ao pesquisador: "Por neses da Tayo, aprendi que o vocabulá- biblioteca de Direito e Humanidaêles,
este preço. 1111?11 an1igo, já n1e contento rio dos baleeiros é inglês; depois dos uns sete mil livros escuros e solenes.

en1 descender de 11111 bastardo." bascos primitivos, que acabaram com os Mas deserdou-o quando ele se tornou
cachalotes das Baleares, os anglo-ameri- republicano; pois o velho professor era
o Meu primo José César de Oliveira · canos dominaram também essa casa. tão monárqu ico que recusou o convite
morou muito tempo na casa de meu avô, Nos Açores, os, portugueses, quando a para redigir o Código Civil na República
onde todo mundo morou algum tempo,

· famoso por ter ido aos Estados Unidos, baleia joga para cima o vapor de água, e foi jubilado por não renegar a monar-
numa época em que ninguém ia, e ter tira- resultante da diferença entre a tempera- quia. O moço Sebastião trouxe do Largo

do os cartuchos do nariz - nunca fiquei tura do mar e a do seu sangue, q1,1e tem de São Francisco, em São Paulo, para•

sabendo exatamente o qu~ vem a ser car- os mesmos 36 a 37 graus do corpo hun1a- Vass?uras, o sopro republicano.

''A História oficial co, O Pho11ographo. O Beija-Flor, tam- improdutividade e absoluta carestia dos '
alimentou omito
de que a Abolição bém O Cah•i110, A Idéia Nova, O F11111ro, escravos, na terr-1 escalavrada, chega a ~ '\
desorganizou a recomendar que para evitar "C111ebra" na~
agricultura'' A Voz da J111•e11111de. A Mocidade. Num
l f'
Os seus lios ficaram fiéis ao deles, o deles, o Jor11a/ de Vassouras, além de
Bispo Dom_l'vlanuel J~aquim Gon- produção é conveniente fazer os mole-
çalves de Andrade, a quen1 a Mar- escrever, aprendi alguma coisa de tipo- ques que descascam amendoim assobia-
quesa de Santos deu um relógio de mesa rem durante o trabalho, para não co1ne-
que n1inha prima Dulce ainda guarda, grafia, ajudando a compor à mão, sem rem dentais aquele grão. E já plantavam
num sobrado da Praça da República, arnendoim e 1nandioca porque. com
embaixo do qual surgiu uma churrasca- jeito nenhurn nas alturas de 1933, com os escravo ou sem ele, a terra já não dava
café - e o café já não dava o que dera.
LACERDA ria onde ela fez pintar, con1 o consenti- irmãos Jordão.
n,ento do dono, flores enormes e cenas Esta realidade, ignorada muito te1npo
culn1inantes da História do Brasil igual- Das tropas de burros que demanda- pela história oficial para a qual foi a
mente .coloridas, inclusive a Proclan1a- Abolição que desorganizou a agricultura,
ção da República, com Deodoro, barba- vam o Sul. para o Rio e Iguaçu, as lojas desvendou documentadamente o jovem
do. numa crise de asma. derrubando o mestre americano Stein, que fez o que no
in1perador a quem charnara de seu prote- compravam à produção de Minas Gerais Brasil fizerarn os Varnhagen, os Capis-
tor - como lembra, amargo e violento, trano. de Abreu, os Rodolfo Garcia, os
o Barão do Rio Branco. Certa vez, numa tecido de algodão cru, toucinho e couros. Gilberto Freire, os _Otávio Tarquínio e
rod:, do antigo Hotel Esplanada, meu pai, poucos mais: foi às fontes.
brilhando como sernpre, insinuou qual- De torna-viagem n1andavam as mercado-
quer relação íntima entre o bispo e a n1ar- A renovação estava no ar, todos a sen-
quesa: n1as unia das 1noças da roda pro- rias importadas. tecidos finos, gêneros t_ia,n. A escravidão já estava liquidada,
testou: "Isso não. n1inha bisavó nunca foi
an1ante de padre." E não deve ter sido. secos; charque, fubá, arroz, feijão: baca- antes de acabar. Não sem antes atrasar.·o ...
Mas o tio-bispo ganhou o relógio e lá
• estava, corn o Padre Feijó e Manuel Joa- lhau, queijo; bolachas, cachaça e vinho Br'.isil, ao sobrev_i_ver.alétn de _toda ex~ec- o ·
quim do An1aral Gurgcl, na reunião do • tatlva. Num n1an1fcsto sobre a escravidão
Conselho, e1n 1828, à qual faltaram. ordinário de Portugal, fitas, pentes, car- o jovem Sebastião de Lacerda lembra
"'con1 causa justificada", os Srs. Barros. que a escravidão é um crime nacional e,
Prado e Tobi:,s de Aguiar. • teiras. escovas. sabonete e ferramentas. portanto, a nação expiará durante muito
De volta uo Brasil, já casado, João tempo o seu crime.
Lacerda foi acornpanhanclo o avanço cl,1 baldes de folha-dc-flandres, às vezes
construção da Estrada de Ferro Central do Antes da estação de Cornércio receber,
Brasil de estação para estação. co1nercian- roupa feita e peles curtidas, para as minas em 1930,' o no,ne de meu a',,'.ô, seu nome
do. No excelente estudo do jovem prolcs- estava na tabuleta de outra, entre Barão de
sor de Princeton Stanley J. Stein. sua tese das Minas Ge- Vassouras e Concórdia, agora' Demétrio
de doutorado cm Harvard. sobre a forma- Ribeiro. Quando o ,•.rpressinho, que para-
ção de Vassou·ras. retrata-se essa marcha: rais, ricas de ouro va ern iodas, saía de Barão, o chefe-de-
A Estrada da Polícia, que passa1·a por t rem entrava no carro anunciando:
\lassouras, pro11101•ida a 1·ila <'TIi I 833, ESP\1\\10 DE e dian1antes fa- "L"c,•rd"!" Eu olhava para meu avô e me
era e111 1840 "t1 ruais e.rte11sa e iT11porta11- . I\Ot\NJ\ mintas de tudo espantava por não vê-lo responder.
1e do Brasil. e.1·1,•11de11do-se por 400 E MU\t0S mais.
léguas, de Cuia/Já ao Rio" (...) Jâ e111 PRECONCE\tOS Mas, quando seu pai, o açoriano João
1831. soh a i11fluê11cia do 111oviT1u•11to que O Barão do Lacerda. foi parar em Comércio, cm 1877.
fixou a i11depl'11dê11t·ia. co111 Pedro I no J\RRUÍNJ\M J\ Pati reclama na firn1a Teixeira Guedes, que co1nprava e
di(l do Fico. f11ndo11-sl· ali a Sociedade que só com e1nbarcava café, não teve tempo .para se
• Pro111otora da Cii·ili:açâo e /11d1ís1ria de espantar de nada. O trabalho era duro.
Vassouras. Nos estatutos exigia-se: LJ\\IOURI\ dez anos mais
"Art. 17 - Para ser ad,11itido sócio. ONu1n ano passavam por ali, de um lado do
requer-se: ' a ferrovia ia
P(lrâgrafo I .''- Q11<' seja-se aT11a11t<' rio era Vassouras, do outro Valença -
da liberdade e i,ulcpendt>ncia nac(onal. chegar à ser-
Um dos prin1ciros cuidados dessa mais de 600 1nil arrobas de café, un1as 150 ~
sociedade foi forn1nr urna tipografia. E ra, saindo da Baixada Fluminen-
já cn1 1873 e 1899, en1 26 anos. circula- mil sàcas de hoje.
va1n cn1 Vassouras, entre órgãos de inte• se. Muito fazendeiro achava que o proje- .João Lacerda
ressc geral e cstuduntes, conta Jorge Pin-
to. 29 jorn:1is, entre os quais O lsotér111i- to nunca seria concluído. E alguns que- recebeu en1 pa-
gamento a casa
riam que nunca o fosse. "Tenho 11111itas da antiga Fazen-
da de São Ma-
dúvidas", geme o barão, "nossas espe-
nuel e um sítio
ranças falharan1 11111itas, T1111itas vezes. é de terras adja-
centes, antiga
as ho111e11s 11cío n111da111." Nun1 romance propriedade
dos Vieira
da época (Maced611io, O Filho do Capi- Machado. Na senzala da fazenda
rnor.1va1n os personagens de ,ninha malo-
tão-Mor, 1877) ficou retratada a aristo- grada peça O Rio, escrita por encomenda
de Álvaro Moreira. lançada con1 pseudô-
cracia do café, que não era propriamente nin10 e retirada. às pressas, do cartaz. no
Rio. en1 1937, porque foi denunciada no
uma aristocracia, mas un1a forma que o jornal como comunista. A peça não era
con1unista. era apenas ruim.
i1nperador tinha de recompensar os servi- No quadrado. terreiro de café da
fazenda antiga, João Lacerda construiu a
ços dos vussalos. Vão n1uito bem como cha,niné de sua padaria, de1nolida em
1938 para não ruir. Enquanto ele vendia
simples lavradores e se arruínan1 quando pão, M:1ria Emília dren~va o brejo da bei-
ra do Paraíba e, saindo toda manhã do
recebem un1 título. No Congresso Agrí- chalé construído entre as árvores nascen-

cola de 1877. adverte u1n fazendeiro de

Paraí,ba do Sul:
"E 11n1 i,nenso erro sttpor que a nossa

procluçlio sofre apenas da falta de traba-

lho c•scravo ,, de crédito. (...) Son1e11te os

que não pensan, 11e111 est11cia111, so111e11te

c>s q11c• 1uio seg11eT11 nen1 e.raT11i11a111 ate11-

ta111e111e e be111 de perto.a nosso siste111a

de c11idar da terra se111 arte 11e111 cié11cia ,

o c11rso de nossa agric11/t11ra, as revo/11-

ções 111eteorológicas e as 11111da11ças de

clirna q11e o Brasil teT11 soji·frlo 110 últiTIIO

q11arro de sécttlo -son1<'11te esses pocic•111

s11ste11tar <'ssa suposiçâo pri111ária."

Uma baronesa, con1 real isrno fen1ini-

no impressionante, no seu Relatório

sobre o Estado de• Nossa Casa, protesta-

va contra o "espírito de rotina (...) os

preconceitos arrai,'!ados (. ..). a cornpleta

rep11x11â11cia pelo exttt/lC' e estudo da

agric11/t11ra co,110 ciência". Seu marido,

Fr:1ncisco Peixoto de Lacerda \Verneck,

o Barão do Pati, na rninuciosa men1ória

que escreveu sobre o n1odo de forn1ar e

manter un1a fazenda, falando da relativa

.Mas quase sempre cu estava só e tinha

de povoar o meu n1undo. A não ser quan-

do ine dispunha a ajudar o avô, que vinha

das sessões do Supremo Tribunal toda

semana no trern pachorrento e cheirando

a pó de carvão: 1ogo

de manhã. corn um

casaco comprido e

negro. um chapéu

mole de feltro so-

bre a calva, a pêra

branca no qu_cixo,

ele ia ao Depósito

Lacerda e eu atrás

arruinar 1nangas,

nas ccstinhas

tecidas por um preto velho

- lsodoro. c reio que se chan1ava - para

l vender na estação. Minha ajuda era se,n-
pre ben1 recebida, no corncço. depois

l repelida porque custei a aprender a técni-
ca da arrumação, que consistia em botar
em cin1a as mangas mais bonitas e

e1nbaixo, mesmo que n1ais doces, as

menos decorativas, às vezes apanhadas

de manhã no chão dcrrubadus pelo vento

da noite.

1 Meu avô se permitia essa 1nanha, com
a mcsn1a solenidade co1n que emitia seus

! tes, plantava mangueiras. Quando come- águas barrentas. o verde-escuro do arvo- Ainda menino, votos no Suprerno Tribunal. Quando
çaram a dar mangas ela mandava vendê- redo e aquele fundo se1npre ún1ido, tres- fazia calor ele tirava o chapéu, sob um pé
las na estação aos passageiros que calante, como tle um alambique de sun10 Carlos de lechia; ou lichi, a fruta chinesa que
afluíam para o trem, a despeito do ceti- de frutas, sombra suculenta das árvores recentemente comprei todo dia, a1na1Tada
cismo de alguns estadistas do império, plantadas pela infatigável rnulher da ilha Lacerda cm cachos, nas esquinas de Kowloon, en1
("Se o tre,n transportar tanto num dia, da Madeira. No dia em que meu avô rece- (o segundo à Hong-Kong, e da qual fiz pequeno con-
que vai transportar no resto do mês?" - beu a visita, sugerida por rneu pai, de um esquerda) fez trabando de sementes, inútil pois via-
perguntou um senador inquieto). especialista do Jardim Botânico do Rio, jaram por tanta biboca que perderan1 u
uma excursão força ele germinação. Meu avô tinha um

polftica com o
pai a Campos.

Essa mulher, Maria Ernília, é unia que levou umas folhas murchas e umas quisto do lado direito da testa. Na minha

daquelas rnulheres fortes, enérgicas, que raízes escuras, para plantar vitória-régia e opinião, que ele confirmou.. era urn

diretamente ou por ouvir contar, povoa- flor-de-lótus no tanque da chácara, co1ne- caroço de manga. Não sabia como iria se

ram a minha infância. A madeirense çaram a tirar os peixes vermelhos e o arranjar quando o caroço brotasse, o que

matriculou, com o dinheiro das mangas, esguicho que havia no meio; encheram o era previsível corn tanta 1nangueira por
dos abacates, cajus e jabuticabas, os tanque de lama. tanta que a vitória-régia e todo lado. Não lhe perguntei, mas ficava
filhos Sebastião e Edrnundo na escola o lótus apodreceram, não deu nada. Meu olhando de um jeito especial, ele perce-
primária Mascarenhas, no Massambará, avô; compenetrado, fiscalizava a opera- bia e se ria - e íamos andando. Ele
chamado Sossego. na serra acirna de ção. Mas cu, de volta de uma triunfal dividia o ten1po entre as n1angas, o neto
Comércio, hoje à beira da Rodovia Volta batalha contra ·os infiéis, nun1 cavalo de preferido, a viuvez precoce, algurnas
Redonda-Três Rios. Dali o padrinho bambu verde dobra.do para fonnar a cabe- aventuras n1uito discretas encerradas,
levou $ebastião para a sua faculdade em ça amarrada com un1 cordel, fiquei vara- que eu saiba. no ano cm que nasci; e
São Paulo, enquanto o irinão, Edmundo, do de angústia e à espera de surgir do fun- certa misantropia que o fez enjoar da
política e dedicar-se. no ternpo que as

estudava medicina no R.io, e a irmã Silvi- do do tanque o esqueleto juvenil da n1angas lhe deixavarn, aos deveres do

na, Vinoca, casava-se com um cunhado minha tia-avó. Parei cm volta, espantado Supremo Tribunal, para o qual entrou

de seu irmão, o fazendeiro Júlio dos San- de me deixare1n espiar o aparecin1ento co1n respeito devoto, onde viveu com

tos Paiva, dono da Fazenda da Forquilha macabro. Os homens, compenetrados, orgulho e 1norreu corn nojo; tinha senso
no município hoje chamado Rio das Flo- de hurnor - ,nas insistia em levar a
res, então Santa Teresa de Valença, onde enchiam de terra o tanqu..e, , Esperei que a Justiça a sério.
minha tia-avó menina e morta ao menos

conheci a liberdade e o amor. gritasse, sufocada, afogada pela segunda Foi um político ardente, antes de
Ele era uma alma boa escondida atrás vez debaixo da vitória-régia. Mas acabou se apaixonar pela Justiça. Chegado da
o serviço, tudo ficou silencioso. Voltei Faculdade de São Paulo, na festa da
de uma barba severa, um homem da terra, aos meus deveres, · galopando sobre o madrinha Augusta (a n,adcirense que
que morreu numa espécie de desterro chão de folhas úmidas, en1re cacaueiros 1norreu com mais de 90 anos ent Vas-
urbano, na Rua Alice, 36, os dedos ama• novos e imensas rnangueiras muito jun: souras e que protestava contra as reuniões
reios de nicotina, a voz morrendo antes tas, que cresciarn, contorcidas, em busca políticas porque enchiam o assoalho de
dele, com muitos filhos e netos que rom- do sol disputado umas às outras. No cinza e punham pontas de cigarros nos
peram. co·m a sua animada convivência, a caminho de cima subi no meu castelo, pires de café - onde está o homem, está
solidão da minha infância. Duas irmãs de que ficava no alto de um pé de sapoti, o porco, ela dizia a qualquer figurão, rnan-
meu avô morreram meninas. De uma cuja ponte êra um galho que dava sobre a dando varrerdebaixo dos pés da visita), o
ouvi dizer que afogada num tanque que vigário português de Vassouras recebeu o

havia no centro da chácara do meio. sepa- alameda, cedendo ·ao passo lesto dos seus novo advogado com estas palavras: "Com

rada ·da chácara de baixo pela estrada de habitantes, minha irmã e algurnas crian- que então o rapaz scrnpre deu um coice na

ferro e debruçada sobre o Paraíba. E o rio ças do lugar, Anita, Dorita e seu irmão Academia! Sua primeira defesa foi a de
clareava de uma luz a,narela, vinda das meio gira. um preso político."

.'



''A política é um Mascarenhas ele Morais é de São Gabriel, nie tarnbérn da vergonhit que n1e dava, três , •"
e a ata original da rendição do general vezes por seniana, da Rua do Leão à Pais-~>)
vale-tudo onde · boliviano no Acre, porque Phlcido de sandú com a Babá do lado e de cabelo\~
muitos entram por Castro, que deu o Acre ao Brasil. 1an1- cornprido e frnnja inglesa. fazer o can1i- 0
ideal e ficam sem bén1 é de São Gabriel), quando meu pai nho da aula. ela conduzindo a caixa de
saber por quê'' passou, de lenço vermel ho no pescoço. violino e eu, impaciência e medo, que o
preparando coni discursos a revolução de carinho de Dora n1al continha.
7 P ouco depois casou-se co1n a filha 30. con1 Assis Brasil, Batista Luzardo e
de unl faz~nd: ir? de ~anta Teres_n veteranos das velhas lutas de maragatos e Desse jeito ou se vira gênio do viol ino
de Valenç,1. Silv10 dos Santos Pai- chin1angos. de libertadores e ·borgistas, - ou se escuta violino na vitrola. Esco-
va. e de Deolindu Roiz de Avelar Barbosa antes de se unirem em Frente U• nica, lhi a segunda possibilidade.
Paiva: razão pela qual nleu pai e minha escreveu unia página con1ovida sobre o
1nãe eran1 prin10s pelos Avelar. A bisavó relógio que n1arcou as horas dn fan1ília Quando meu avô emergia dn biblioteca
que, emigrando para o Estado do Rio, que levou do tio cônego. rodávamos a
LACERDA Deolinda veio do Barão de Santa .Justa, deu a 1noça dos olhos sonhadores, a avó manivela da Voz do Dono e começ,íva-
cujo tronco é aquele Francisco Rodrigues que não conheci senão pela falta que meu
Alves. que recebeu e1n 1782 a Sesmaria avô sentia. ·Pelo visto, a Pequetita não mos a ouvir o Mischa Elman, o Pablo
de Vassourns e Rio Bonito. Os Barbosa destoava daquelas 1nulheres enérgicas. E
dessa bisavó. dos quais conheci algun~ se tinha caprichos de menina, comendo Sarasate e seus pizzicati de virtuose, ou o
exenlpl:1res, co,no o Zé Cipriano, tubercu- goiaba no escuro para não ver os bichos Caruso na Elégie de Massenet (0ft: D o11.t
loso durante 1nui1os anos. 1noreno e - meu avô conservava uma goiabeira de
1nagricela, passeando os filhos, um mais de dez met ros de alt ura, que não pri111en1ps d'a111refois verte saiso11), o
nlenino e urna 1nenina nluito quietinhos e dava ni.1is goiabas, só porque era ali que
bem-vestidos. o pai co1n u1na cara triste e ela ia colhê-las tenho pena de não Tamag no, a Galli-Curci, a Geraldine Far-
obstinada, n1ordendo o indicador dobrado rar. o Tita Ruffo, na Barcarola (La gondo-
em dois para significar o seu horror à saber onde foi pa-
sogra: e Antoninha. professora pública rar uma caria sua la circ11la, soal'(!ll1e111e, sul cabale, la poli-
que se esforçou para n1e fazer aprender que li há n1uitos
um pouco rnais de tudo, e un1 dia 111e levou anos. da fa11ci11lla.. .), ele acompanhava a triste
à escola do Realcngo que ela dirigia e nte n1elodia, ou mudava para as cançonetns da
fez ahnoçar, pela pri111eira vez. nun1 ba1a- Ela conta ao
lhiio da Vila 1'1ilitar. Unl antepassado des- pai que sem que- Madn~c Angot e dos Sinos de Corneville, rr'\
ses Barbosa. de ciún1es. deu cristel de re r havia lido
pimenta numa escrava: cr.1111 unia gente carta deste ao as operetas de seu tempo. E eu, só ouvin- ~
violenta e sofredora. no fundo boa gente. genro. con1en- do. Mas, no banheiro. descobri que tinha
corno a n1inha pritn;t Zi Ida, c.isadu con1 o voz e cantava tudo aquilo, inventando fra-
palhaço Olin1ech;1, do circo que te111 o seu tando a doença ses onde as originais me faltavam .
non1e, u1na ílor tle criatura. da filha. En-
Maria da Glória Paiva de Lacerda. e1n tão ficou sabendo de Aos 34 anos ele era ministro da Via-
casu ch;un;1da a Pequet i1;1, e rn unta bela repente que estava desenganada do cora- ção de Prudente de Morais e abandonou
1noç:1 de grandes olhos sonhadores. toca- çiio. Era u1na moça do tempo antigo, tinha tudo para cuidar dos três filhos e da viu-
va violi no, tinh:1 sangue gaúcho e urn 29 anos e três filhos para criar. Sua carta é vez. Com a ajuda das cunhadas foi cuidar
pequeno coque no t1l10 de cabeça. Tan1- firme e decidida, de consolo ao pai e ao dos 1neninos, Maurício, Fernando e Pau-
bé1n en1nt dos Açores seus avós. ctaque- nutrido e preparação para deixar o 111undo lo. Dedicou-se à Compnnh ia Centros
les "açoritas" que prin1eiro povoan1n1 a e os filhos na sua mão. Pastoris, fundada pelo sogro e1n Ubá,
Província de Siio Pedro. depois Rio Quando con1ecei a aprender .violino, hoje Andrade Pinto. Mas alguns amigos
Crunde do Sul. En1 Siio Gabriel nasceu na Rua Paissnnelu, com minhn priina políticos que deixou no Estado do Rio
seu pai, Sílvio dos Santos Paiva. batiza- Dora Soares, que sabia tudo, inclusive traíram-no. no hábito de renegarem as
do en1 Porto Ale,g,re en1 1850. sendo sua inglês quundo as moças de sociedade só criaturas o seu criador, nessa escola de
niàe cutarinense. Felícia Ciindidu de Pai- sabi;un francês. n1eu nvô ficou todo con- vale-tudo que é a política. na qual muita
va, e o pai João dos Santos Paiva. que tente, porque ia ter quem usasse o violi- gente entra e111 nome de ideais e acaba
andou tnetido na Revolução Farro up ilha. no d.i Peque1ita. Apanhei tanto para estu- ficando sem saber por quê, tnl vez por fal-
do lado ela República do Pin1tini. natural- dar que. ouvindo dizer que estalar os ta de outra profissão. 1nedo de enfrentar o
rnente. En1 São Gabrit'I, nu1nu casa que dedos engrossa as juntas e torna difícil batente cá fora, malcmolência d:1 conver-
foi dos l\1ena Barreto. e hoje nurna es1fin- dedilhar as cordas - passei a estalar os sa interminável e da caça aos sinais exte- ..C"i
cia da viúva do gra nde Assis Bras il. cujo dedos. até hoje. Por isso. quando um l'iores do poder, com os quais se conten- ·~
castelo ele Pedr;1s Altas visitei luí pouco. ;idulador disse que tinha mãos de gênio tan1 essas boas aln1as.
1r:izendo o suéter de lii do c;irneiro que - ele queria ser rneu sucessor no Guana-
descende dos que ele i1nponou. cardado bara - olhei para 111inha mulher e sorri- Vassou rns foi ocupada pelo banditis-
e tecido por don.1 lídia. essa figura ad,ni- n1os: ela sabia que tenho apenas mãos de mo polí1ico, capangas itnportados aterro-
r:ível e tocante. existe u1n relógio de pé que,n ;1panhou n1uito para aprender violi- rizavnm a população. o P11la-\le11ta11a -
que foi do rneu tr isavô Paiva: no l'Vluscu no. Logo que a prima Dora se casou con1 nome que um deles trouxe do Rio -
João Pedro Nunes (criado por esse incan- o violoncelistu Varela Cid e foi para Lis- assustava toda a gente. com a rasteira e a
s,ivel sc?rvidor da História l,.i onde estão boa. :tbandonei o violino. aliviado. navalhada. Meu avô aceitou o desafio.
re líquias da FEB. por411e o tvtarec:hal A ,ninha babá tinha bom ouvido e n1e Voltou à política. pleiteou unia cadeira de
corrigia as desafinações con1 cocoro1cs e deputado. foi de1To1ado pelo que se cha-
puxões de orelha: não raro levava o arco mava o rf!co11hecin1e1110 de poderes. no
nos dedos. corno uma vara. Cheguei a dar qual urna eleição ganha nas urnas podia
uns concertos às visitas. pux;1do a he-hofl ser perdida na dip lornação, pois en1julga-
e unlas peças n1uito f:íceis. de Mozart. da pelos próprios políticos do governo.
t\1i nha avô Deltnirinha. surda desde n1oci- Mas. em 1909, voltou a presidir a Câma-
nh:1. fazia uni esforço e ouvia o prodigio- ra de Vassouras, em oposição ao gove rno
so neto. M:1s quando deixei o violino. con1 estadual de Alfredo Backer. elegeu-se
os dedos grossos n1as sen1 apanhar. livrei- deputado e presidente da Assembléia Flu-
nlinense, foi secretário-geral do governo.

Prudente de Morais disse dele que era
o menos político dos seus ministros. por ,C'\
sua intransigência sistemática, "que aliás ~
sempre apoiei". disse o grande presiden-
te. embora "com niio pequenos tropeços·•.

Depois de redigir. em maio. a procla-
n1ação sobre a :1bolição da escravatura.
Scbas1ilío red igiu o n1anifes10 do Partido

Repubt.tano en1 Vassouras. de por um advogado que era seu desafeto. À
1:•de ,iilho de 1888. que p,1recc saída, o advogado aproxi,nou-se para
agradecer. Ele não respondeu ao curnpri-
de 11,,je: 111ento. "Co1no?'' - perguntaram-lhe. -
"O Sr. concedeu- lhe ltah<•as-<·orp11s lá
(.. .) O sis1e111a represc•111a1i- dentro e cá fora niio lhe concede um cu1n-
prin1ento?"
1,>' 110 Brasil 1e111 sido ilusório.
- Fiz justiça lá dentro e cá fora.
Todas as refor111as. as 111t1is Na solidão da chácara. na antiga sala
de jantar do chalé de seu pai. junto ao qual
i111porta11tes 111edidas polfticas. ele construiu. no ano e1n que nasci, uni.1
in1ensa casa de três andares. unia espécie
sociais, ad111i11is1ra1ivas f! c•co- de caixote sobre o qual estendeu uns tri-
lhos e encheu de cirnento. nun1a,tentati va
nt1111icas, são i111pos1as pelo de concreto annado que todo ano rachava
e dava goteiras, ele aparecia, à noite. con1
poder e.recutil'o à rc•prese111a- os autos de processo que levava do Rio
para relatar no 'tribunal. Lá estavarn os
ção 11acio11al. O ele111e1110 tc•n1-
ouvintes habituais: o José Português e eu.
porário do poder lef/islatit•o
Falto de auditório, lia para si n1esn10, n1as
abdicou de suas prerrogath·as. em voz alta. o voto que acabava de escre-
ver. Un1 dia o José Português perguntou-
da influência que de1:c•rit1 ter lhe, depois de ouvir aten tamente: "Afinal.
o senhor vota contra ou a favor?'' E per-
sobre os destinos da pátria; o guntava: "E o Hennenegildo, co1n quen1
vota? E o Lins? E o Godofredo'?" E eu.
ele111f!11to ritalício julga-se exo- só ouvindo, enqu:tnto as. n1ariposas se
quei1navam na luz de carbureto que silva-
11erado da obedit111cia às inspi- va sobre a ,nesa.

rações do pf!11sa111e1110 príblico. CornJ>raran1-n1e. uni dia, uma roupa
de veludo pela qual 1nc encantei: esque-
O sc•,1?111ulo tra11sfon11a11do- cidos to.dos de que ele tinha horror :1
tocar en1 veludo. Queren1 afastar o rneni-
Sf! e111 corporaçâo oliRárqui- :~ no de n1i1n! - excla,nou, p:llético. Foi
feito uni acordo. Ele 1ne con1prou outra
ca, a Câ111ara prf!tf!rindo o !!! roupa; e a de veludo, só na sua ausênci:1.

ebex111.g1e.p.1. 1úcb1.alisc o, p1.1a1r1aerco•shsef!sdepcafr!1r1.a- Da vara nd,1 coberta de zinco, onde a
e chu va tan1borilava, vinha o cheiro da
111adrcssilva. Os canários enfileirados na
dcírios. prova111 à sc,cic•dade uni contraparente, 1nodelo 'das que se Aos oito anos, varanda. e,n suas gaiolas todas iguais.
ele se tornou eram recolhidos 1netodic:uncn1e toda tarde
quão 1·icioso é o 111aqui11is1110 ~01•er11a1i- escrevetn hoje em dia: um péssimo a u1n quarto perto da cozinha que cheirava
violinista, a fubá novo e a 1oucinho. Nas noites silen-
1•0, 011dc o ele111e1110 reprf!se111ati1•0 desa- "Sehasticio. O Cl6ris (Beviláqua) 11âo obrigado pelos ciosas. quando havia luz sobre as n1an-
país. Mas deu gueiras, ouvia-se o sorn fo fo das frutas
parece11 e co11sc•11ti11 110 j11go de 11111 al>so- aceitou o carKOde 111i11is1ro do Si1pre1110 um Jeito de rnaduras caindo no chão recoberto de
partir para folhas.
hrtis1110 disfarçado. Assistinros ao rei11<1- Tril>1111a/ e o Jorn:11 do Con1ércio de !to)<' outras artes.
Fora dali. muitos o conhcceran1 pela
do dasj1cçôes. da 111e111ira. da hipocrisia. (4.//.912) di: q11f! 1·ocê será o J1<ll11eado . sua severid:,de, que no entanto se diluía
e1n música, no gosto de rir na intin1ida-
( ...) Os partidos gover11a111e111ais, assaz ACEITE ACEITE. ACEITE. Você, 110
de, co1n anedotas inocentes de
des111orali:ados. haldos de princípios. do Sup r e1110 Trib1111al, pode 11111i10 l>c•111 padre. de português, casos en1 que
passav:1n1 personagens que desc re-
a111or à causa p1íhlica. rcd11:ira111-se a e11ca111i11/rar todos os seus JU!tos ( ... ).'' via en1 dois traços caricaturais,
Ele estava cansado de desgostos, os transferi ndo-se das Pandf!ctas e
agr11pa111e111os se111 ba1uleirc1 e refratários
íntitnos e os públicos. a saudade da con1- do Dai/o; à crônica dos jornais e
a in teresses de orde111 superior. panheira e as traições dos contpanheiros. ao Eça de Queirós. Discretan1cntc
O Suprerno Tribunal, para o qual n1ui1os católico ron1ano à lusitana, com
Na arena política. as lutas tê111 sido procissão e missa en1 dia festivo.
não o julgaran1 bastante isento, seria o seu foguetes e leitão assado. ron1ãn-
i111profíc11as; os 11101•i111e111os das partidos refúgio - assin1 esperava ele - contra as
tentações da vida pública. Não foi, pois tico envergonhado do seu
ci11gira111-se à 111esquinlrt1 e fi,11i1ada esfe- rornantisrno. A sua vida que
1norreu nu1na profunda decepção con1 o conheci foi docen1e n1e rne lancólica
ra das paixôes privadas: haratf!a11do a n1odo pelo qual se aceitavam pressões de e cn1ernccedora, na solidão rod eada
de hóspedes, de parentes e visitas. A itna-
dignidade nacional. _o/1·ida11do os deve- toda ordern. nos julgan1en10s. gem que guardo é a do ministro sevc-
Pe lo n1uito que en1 mim influiu. ran1ente vestido, ti nindo do bolso os
res círicos. sacrificara111. e111 proveito da rebuçados de Lisboa que trazia da cidade
ernbora 1norto quando eu linha 11 anos, para a criançada da Rua do Leão: então
1no11arq11ia . a liberdade que se funda na creio tê-lo conhecido bas1nn1e. Havia no não eram severas as suas ,nãos abertas.
seu espírito un1 1nisto de alegria infantil distribuindo os rebuçados. nern o olhão
Justiça e 110 r espeito do dir<'ito de todos. de viver e u,na reserva inesgotável de que conlc!nplava a cena J)Or ele próprio
indignação. Suas reações eram fortíssi- arn1ada, de algazarr:1 e dcsordctn, a crian-
o (... ) Q11erf!111os a república sob a fon11a mas. passeava de um lado para outro, as çada da .rua pendurada no seu casa-
federativa. Afederação éajt,nna política mãos nas costas. investia de dedo e1n ris- co, enquanto ele subia. até que de re pen-
da lru111anidade. disse• Pro11d/u>11; a centra- te. mon1en1os depois, descarregada a ten- te dizia: Basta! - e tudo. de repente.
são. re1on1ava a conversa no tom mais estancav:1.
lização é a 11egação da libc•rdade e a liber- an1eno. Quando lhe serviram, dias a fio,
carne de vaca - o que era co1nun1 na
dade é a negaçâo da ce111ralizaçiío. roça - ele interpelou a governante da
casa. Isaura. que lia Paulo de Kock e,n
A ação do moço Sebastião fo i anterior tradução e as crônicas galantes de Hurn-
berto de Campos, o Conselheiro XX, en1
à Abolição e à República. Ern 1873, corn O /111parcial. A Isaura, apavorada de ter
de ex plic:tr, recorreu ao administrador da
os vassourenses. ele redigiu a ,noção do chácara, o José Português, a este contou
com muitos circunlóquios que a vaca
niunicípio de Vassouras fazendo um ape- tivera de ser sacrificada por haver que-
brado un1a perna nun1 dos buracos do
lo aos dentais ílunlinenses para conseguir pequeno pasto do Pau d ' Alho. antiga
lavoura roída pela erosão. Então, maravi-
que o governo ilnperial lhoso de indignação, os olhos fuzilando.
ele explodiu : "Ma1ara1n a minha an1a de
abandonasse a eleição leite!'' Minutos depois comia, mistu rado
con1 os restos da ira, o assado do janta r.
indireta, que assegu- No Supren10 Tribunal, urn dia. concedeu.
como relator. habeas-corpus impetrado
rava o don1 ínio da oli-

garquia. e adotasse a

eleição direta. Eis a

moção, apoiada por

doze 1nunicípios do

Estado do Rio:

..Propo111os que

" J se represente à Câ-

e 111ara dos Srs. Df!p111ados pedindo a
eleiçcía direta. visto a 111aioria do país
reclanrá-la co1110 o único 111eio df! sa1isfa-

Zf!r as legf1in1as aspiraçôf!s da nação...

Quando. en1 19 12, o Presidente Her-

mes da Fonseca o convida para ministro

do Suprerno Tribunal. ele hesita. Não

creio que o 1enha convencido a carta de

Opai morreu no mangas ele forte teor de tcrebintina (1ue as isso, charnava A Escrava Isaura. i11tcnni-
exato aniversário n:íveis artigos, conferêncius, tópico~. tele-
das duas pessoas diziarn fazer bc1n ao peito e que gramas, entrevislas que vinharn nos jor-
revoluções nais.
em que seus filhos de n,anhã, na neblina que subia do rio. eu
foram presos Fui desde logo excluído do suplício, a
catava nas ah1n1cilas da ch(tc,1ra e ia rnor- pretexto de que minha letra era "ilegível":
prefiro acreditar que foi. ainda ·uma vez,
denc.lo, jogando fora, chutando. pegando desejo de me proteger. Pois a dele era
pior, ncrn ele entendia e se enfurecia
outra, de cambulhada con1 o Mignon, o quando nem com le,nte conseguia ler o
que escrevera. Ao ver agora alguns desses
cachorro predileto de n1cu avô, dos muitos cadernos. sobrados de tantas catástrofes,
encontro a sua letra de tín,ido orgulhoso,
que ele ti nha. o Nero, o Júpiter. a Diana, a quern a vida feriu pura sempre. Pois
aquele hornem de aparência triste nasceu
de vez em quando urn n1orrendo debaixo
para a felicidade e talvez a tenha encon-
do tren, da Central que passava pelo 1ncio
trado, na paz das árvores. no riso pergun-
da chiícara - pois ali é que achavarn de tador da criança :r seu lado, no desabafo
de suas fúrias passageiras, que 111etiam a
roer seus ossos; e o rneu. só meu, o Poli Ioda gente tnrnsitório medo. A todos,
rnc nos a min1, que ele levava a passear,
que enterrei debaixo ele un, tamarineiro. co1no naquela manhã de sol e brisa. entre
a linha do trem e o capirn-gordura da bei- ·
Depois, sem cachorro de meu, fui pedir ao ra do Paraíba, até bem longe, além da
ch(tcara, passando o renque dos coqueiros
avô o Mignon e con1 ele l'iz unl acordo:"· de dendê. onde os urubus fazian1 ninho,
para corner as nozes cor de cobre, beiran-
Fica sendo de nós dois, está bern?" E do a cerca onde crcsci.un a ,nadressilva e
o brinco-de-princesa, graciosarnente pen-
í.1mos todo ano às á~uas de Caxambu, o durado co1no uma lanterna na ponta das
has1es: e ele n1c recitava. nurn passo firn1e
Guardo a irnagem do homem solene, avô. o Mignon e cu. Pernoitávamos no que cu rnal podia aco1npanhi1r, voz subi -
de vara de bainbu à mão, aberta na ta1ne1e rnoça, o improviso de Castro
ponta co,n uma pedra no fundo de hotel de Barra do Piraí; sob a minha cama. Alves que sabia de cor: ... dos ltercíis q11e
dorn1c111 cio \'{Is/o pc1111pa 110f1111éreo chão.
ern ci1na do túnel ela estação, rcsfolega- Que seria "funéreo chão"? Não ousei per-
guntar-lhe e fon10s andando, e le a repetir,
um receptáculo ern fonna de flor, para va1n os trens car-
no fim de cada estrofe: ...
colher as mangas que cutucava no alto das ganu1e.ni1rao1.ss. como dos herúis que donnem, do
cansa- rasto pa111pa 1u1 ji111éreo
árvores enorrnes; e depois, numa cesta que citeio.

LACERDA ó Allino levava entre uma cachaça e outra dos. No seu enterro ,ne senti
que às vezes ia curar no hospício de Var- importante, lodo rnundo
Nos últin10s chegava e rnc fazia festa. A
Rua do Leão repleta, as
gem Alegre, acornpanhava as mangas ao anos, antes ele crianças da rua sen1 rebuça-
dos de Lisboa. De noite deu
depósito para arrumá-las nas cestinhas e 5 de julho de um medo do vazio, leva-
ram-me para dormir na casa
mandar vendê-las aos passageiros do trenl; 1925, qu:1ndo de Nair e Maria Ester, duas
primas de Copacabana. que
ou as enfileirava nos caixotes de querose- nl o rr e u, no 1ne fizeram n1uita festa e me
derarn uma carna de roupa
ne Jacaré vazios, acolchoados ern palhas exato :1nive- nova. fresca e rnacia. De
noite, naquele quarto acon-
de bananeira seca, despachados às lojas do sá ri o das chegado, eu via a mão do
meu avô, inchada e branca;
tvlercado do Rio, num trólei de linha que duas revoluções em que seus e o imaginava se decompon-
do. na terra ún1ida, como um
ernpurávamos fincando o bambu na beira filhos foran, presos, a do Forte de Copaca- filme que u1n dia fora ver no
Palais. A Morte de Don,
da estrada, até a plataforma da estação, bana, e,n 22, a de São Paulo, ern 24, ele .loãn. E un1a pena, uma sau-
dade me abalou; uma tristeza
onde num desvio o pessoal descarregava fazia copiar, por seus hóspedes e visitas mansa, menos do que passou
do que daquilo que nunca
os caixotes - e eu entrava no Armazém pacientes, mas especialmente pelo primo mais haveria. Era um 1empo
de ilha e de oásis que acaba-
Colosso para conversar corn o lilho do José e a governanta Isaura a quen1, por va. Agora, de certo modo,
aos 11 anos, corneçava urna
Osheik de sírio, ou ia con,er a goiabada espécie de idade adulta.
Santa Teresa da sorridente e tímida En1ília,
de Valença. cuja rnãe, árabe, era tão velhi-
Era Carlos nha que tinha caroços enor-
Lacerda mes pelo rosto. corno urna
fantasiado antiga e desolada cordilheira.
para o Algun~ caixotes co_m mangas
carnaval, na muito especiais seguiain para
década de 30. as vitrines da Casa Carvalho e

do Lopes Fernandes, na Ave-

nida Rio Branco. Era a sua

,naior glória.

"D111110 exposição de fru-

tas nacionais 110 Ca111po d"

Acla111ação. disse 11111 jornal

da época cujo recorte 111e11

a1•ô g11ardo11 entre doc111ne11-

tos 'sérios: •Desl"c"-se a

Chácara do Co111ércio co111

111a11gas de 37 diferentes qua-

/idad,•s , sendo três Espada.

quatro Rosa, trc1s Carlota e

tipo Í11dia , ltapa1ica, Coco.

Cravo. Pérsia, Vera, 8011r-

bo11, A11g11s1a, Douro. Á11rea.

Cravo de i'rfel , Coração.

Especial, Espadãn. Brilhan-

te, w11rdes. Favo de Mel.

Mar111elo. Cín1ia. Diva. Sil-

1·a' ." Isso diz o jornal. Mas,

de todas as que me ficararn.

são aquelas que as vacas

comiam. os porcos e os cães.

Na próxima semana, o 2~ capítulo: ''Minha mãe deu-me a lição do sacrifício"

''Rosas e Pedras do Meu Caminho''®

São Paulo, 1964. Na
Convenção Nacional da
UDN, Lacerda tem sua
candidatura lançada à
Presidência da República.
Mais tarde, ele diria:
"P r e o e upa - 111 e 111 e11 o s
saber se vou ou não ser
presidente, lio que saber se
ainlla estarei enz condições
de ser o que u1n presidente,
no 1n eu ente11di111ento,
deve ser."

M inha n1ulher se gaba de Lançado candidato à presidência pela UDN, Lacerda, a alegria - e as dúvidas da responsabilidade.
não entrar en1 pânico.
Letícia ten1 sangue italia-
no, pois seu pai era dos Abruzos;
mas, na ,ninha opinião, tan1bém
te111 sangue de índio, sofre sern
espantos. Conhece ,nelhor do que
eu as pessoas, por isso acerta
quase sempre, quando acerto, e
quando erro, acerta sempre. Ao
conhecê-la, em 1937 , não tinha a
menor intenção de me casar. Dis-
se-lhe que era feia e convencida,
ela sorriu. Tocou a campainha,
deu sinal de recreio às crianças
que ensinava, na escolinha que
funcionava na antiga sala de jan-
tar. irnensa, da Forquilha. A
rneninada saiu para o terreiro e
fican1os conversando, ela con1i-
go, meu primo co,n sua prima.
Sabia que não era feia. E se era
convencida. faciln1ente me con-
venceu. Eu montava a cavalo em
Con1i:rcio. disparava até lá - e a
garotada ia para o recreio.

A' s vezes telefonan1-lhe: O
a,·icío en1 que ele ia caiu 110 11u1r.
Ou: A c aharan1 de 111atar seu

111arido.

''Eu agradeço a inforn1ação e
vou dorrnir." Pelo n1enos é o que
ela diz. Eu é que sei .

''Puseram como então era outro. desci para receber o se deve confundir o respeito devido li
guarda na minha ex-Prefeito Mendes de Morais no
pálio do Palácio Guanabara, e lhe autoridade - quando este se respei-
casa opolicial apertei a rnão. Cun1pri o n1eu dever,
atacando-o quando n1erecia. Cun1pri, ta - com os sentimentos particula-
que assassinou tan1bé1n, ao lhe apertar a 1não, quan-
res; a ihcapacidade ele distinguir
Nestor Moreira'' do 1nereceu.
O que 1ne cabe aqui en1baixo. faço. entre nossos sentimentos parlicula-

Não sou juiz, sou parte 011 sou teste- res e a função pública é parte do n1es-
1nunha. Meu juiz sabe de tudo, vê
tudo. L,í en1 ci1na, é instância supe- 1no su bdesenvol-
rior. Há que1n não aprove esse modo
de proceder. Eu aprovo. Por un1 1noti- vimento 1n oral e
vo si1nples: se a razão que 1ne leva a
fazer inin1igos é só o interesse públi- . político que faz
co e nada 1nais, quando ao interesse
público convém que n1e entenda con1 "O &Rf.l\NO ·_ · muita gente con-
os inin1igos. 1ne entendo - pela n1es-
1na razão. Do contrário, os inimigos Nl\0 pREC\SI\ fundir suas con- 1
que faze1nos não são por interesse pftQ\11\R QUE··· ven1• eA nc1• as parll• -
' P useran1-1ne cn1 casa, durante público e si1n por vaidade, ódio ou culares con1 o
alguns dias, un~ guarda . F~ca- outro sentin1ento particular. É o que o ot.1000 ·. ·· interesse públi-
LACERDA va sentado na area. Conv1da- atual governador da Paraíba, João co. Três vezes
1no-lo a entrar. fazia ponto na cozi- Agripino, certa vez chan1ou ele o tneu MUNDO ·.· ·.·_.
"Para meu nha. Te1npos depois vi1nos no jornal "excesso de lógica". Ele não deixa de três homens
pai, a vida que ele 1na1ou de pancada o jornalis- ter razão. Mas, nos Evangelhos, dá-se Ji SI\BE" . ·.
públíca era tas Nestor Moreira. Era o fan1oso a isto no1ne 1nais bonito, ao qual não
uma doação, Coice de l\1ula. No enterro do Nes- públicos, ou
não uma tor. os co1nunistas quiseran1 aprovei- tenho direito.
reivindicação tar para provocar desorden1. Vi-os, Certa 1nadrugada, era estudante, dois e 1neio.
pessoal. " conhecia-os, percebi os preparati-
vos. O povo ia ser exposto às violên- to1nei uni pileque con1 alguns cole- escreveram-me cartas xi ngando
cias da polícia, provocadas pelo gru- gas. desci do bonde na disparada, fiz
po incu1nbido dessa 1nissão. Que- tanto barulho na rua que fui parar na 1ninha 1nãe, insultando n1inha fa mí- 1--.
rian1 fazer ví1i1nas. No discurso que delegacia. De 1nanhã cedo, alertado
fiz, então, consegui acalrnar o povo, por un1 desses colegas, n1eu pai foi lia, etc. Um deles chegou ao 1na~:1
evitar o que se preparava. Veio d,aí o n1e sollar. O co1nissário disse que n1e
apelido ele Corvo. que o jornal Ulti- fizera recolher ao xadrez porque, ao gosto de ler a sua literatura na televi- •
111a Hora 111e deu. !Vluitos repelir.1n1 chegar. eu havia xingado sua n1ãe.
se1n saber a orige111. Alguns con1u- Meu pai observou-lhe: "Autoridade são. depois de publicada e1n O Glo-
nistas, não podendo explorar o nâo 1e111111âe." É evidente que exage-
enterro co1no qucria1n. cha111aran1- rava. l\1as queria significar que não bo, jornal das fa1nílias, defensor per-
n1c Corvo alegando que explorei o
1norto para fazer dc1nagogia. pétuo da civilização cristã (e ociden-

O apelido se des111oralizou quan- tal), ultin1amente bastante decepcio-
do, cn1 1960, dcsc1nbarquei ele Portu-
nado co1n Paulo VI porque não tem
gal trazend o 11111
corvo n1inho10. o concordado, ao que parece, co1n o
Vicente. que ficou
cinco anos no Palú- 1nodo pelo qual O Globo defende a
c io Guanabara.
Quando saí do civilização ocidental (e cristã).
o~ overno~ levei-o
para Petrópolis e Acho que com a encíclica ele per-

-logo e le 1norrcu. de O Globo, mas ganha o n1undo.

Era un1 corvo 1n11i- U1n dos bravos xingadores, o faleci-
to sin1p:ít ico. • Mas
h,í pt:ssoas assin1: do Dcpi11ado e ex-Ministro Danton
não sabc1n viver
Coelho, dias depois, brigou com o
fora do poder.
Quando 1n e u Deputado Leonel Brizola. Foi um tal

an1igo Ar1nando de se coçar para puxar revólver, jun-
~
to 11 pl'itneira fila do plenário da
Daudt de Oliveira.
que sô n1c aparece Câ1nara, onde eu estava, e nos deu
para aj ud ar. 111c
disse c1n 1964 que trabalho separá-lo. O outro veio a ser \
o l\1an:chal Morais
gostaria de visitar o n1eu sucessor no governo da Guana-~

-governador do ban1. Atualmente , graças · ao modo •

-estado para tr:\zcr- pelo qual se conduz no governo, a

nos solidariedade sua n1ãe·, que certamente foi un1a
na luta contra o ini-
1nigo COlllUlll, que senhora digna de todo respeito, é

n1uito n1ais i-dngada na boca do povo

do que ele conseguiu xingar, por cor-

respondência, a minha. Deus castiga

que1n invoca o no1ne ele n1ãe en1 vão.

Ao terceiro cha1nei de cretino e, para

provar que o era, escreveu palavrões;
n1as, pel'o hábito ela subserviência,

deu-n1e o tratan1ento ele excelência.

Devolvi-lhe a caria com esta nota:

Cretino n<io precisava provar que o

é. Eu já sabia.

Estas noções se aprendetn na

infância - ou nunca mais. Não é •

questão de classe ou for tuna. É

srlici1npressionante co1no o siste1na d~

educar às crianças no Brasil não
exclui da sua fonnação essa parte,

con10 prepara precisa1nente o oposto.

u... A tuna geração que ton1a tudo isso
u. con10 favas contadas. é bo1n contar o

:i:: n1istério. o inquieto deslu1nbra1nento

zt.:
:<::t e penosas dificuldades com que o

1 ção e não <le cretinização. A tevê não
é, não pode ser apenas u1n 1neio ele
' alguns senhores ganharen1 dinheiro,
com intervalos lúcidos.
• • ....
A famosa civiliza-
', ção cristâ não pode
ser defendida o dia
• inteiro pelo Batman

' e, de vez e1n quan-
• do, pelo 1nonólogo

';'. ,.;· ~ :.i'~ 2l..~'J r; . de um figurão que
'-· -4'9,• vende seu peixe,
-- 1- .,.. . . . . .. ou un1 debate que
· usa muitas pala-
i~\ ..- -• ... .... ... -- $ f; .
vras para di zer
~ ~ , coisa 11 enh un1a ,

'~ j • lançando mais confusão do que
idéia. A civilização eslá n1ais a111ea-
rádio chegou à 1ninha infância. Nos roncos e silvos ficava1n parados no Getúlio com çada pelos que, a querendo defen-
ar e invadia1n a onda. Todo inundo der, a renegam, cio que por aqueles
últin1os ten1pos de vida do 1neu avô, queria 1nexer no apare lho. 1nas cada a delegação que, a querendo destruir, obriga1n-
um tinha mais medo ele quebrá-l o. que enviou na a se aperfeiçoar.
foi instalado na sala de visitas da De repente o bicho enguiçava, as
pessoas olhava1n-no com rancor. ao Uruguai, Quando n1e querem insultar, ou
chácara o rádio, co1n uma antena que como uni initnigo en1buçado, escuro, trair ou passar para trás, aluden1 a
perigosan1ente silencioso. De repen- em 1930. 1nessianisn10, carisma, a1nbição ou
vinha lá ele cima do rnorro até o ter- te ele dava de falar, depois bufava, se111ido n1issionário.
exausto, e danava a assobiar. Meu Maurfcio de
raço. Era un1a caixa n1ais que unia avô esbravejava. Acabávamos vol- Entencla1no-11os. Para n1in1 a inte-
tando li Celeste Aícla, no di sco do Lacerda é o 1igência é un1 dom que in1por1a nun1a
tevê elas grandes e tinha ao lado um Caruso, ou à flauta do,Putápio, "gra- grave responsabilidade. 1-\inda n1ais
vada para a Casa Edison, Rio de primeiro à quando teve a possibilidade de se
alto-falante separado, cm fonna de Janeiro", ou aquele disco de u1n preparar para assun1i-la. Na 1nultidão
inglês que ri , ri , ri, a1é que todos direita. de len1branças que me acode1n estes
riem com ele e o disco acaba. Assim dias, para escrever este roleir() ele
tro1npa. Quen1 quisesse podia 1a1n- conheci a eletrônica. que hoje prepa- unia consciência. seria pena não ter
ra uma nova humanidade com os sinceridade bastante para dizer:
bé1n ouvir co1n dois aurifones liga- mesmos instintos básicos, mas
outras reações. A geração que cresce 1?) Nunca tive un1 plano de vida
dos por unia tira de 1netal por cima com os olhos pregados na televisão, no futuro. Nunca pensei, a sério, no
ouvindo a voz dos estranhos n1ais do que vou ser no ano que ven1.
• da cabeça. E muitas rodelas e 1nani- que a de pai , mãe e profe ssora, tem o
2?) Se111pre live, vivan1cntc, o sen-
\ velas que, dcvi<lan1ente 1nan ipula- direito de esperar que façamos da timento ele que n1e preparava para
eletrônica u1n instru1nento de educa- n1 uitas coisas sérias, ou úteis 011
das, corn a perícia de que1n abre um belas, ou tucl() isso junlo.

cofre sem saber o segredo - "sai, As circunstüncias que se crian1, as
oportunidades que surgen1. as dire-
você não sabe'', "você quebra isso", ções que a Providência propõe ao
ho1nen1 devem ser tomadas por nós,
"tira daqui esse n1e1lino'' - conce- não con10 si1nples oferta, 1nas como
uma sugestão, e, às vezes, uma
dia em receber, no fim da paciência. ordem . Não se confunda, é claro,
com o carreirisn10 cios que pretcn-
1-{ tntre roncos e zun1bidos. uns acor- de1n subir na vida a todo custo,
pisando nos outros, chamando aten-
Á \ ~cs do Hino Nacional, uma falação ção sobre si, grilando: Estou aqui,
n1e aproveiten,!
~ roufenha, u1n piano de Chopin con1
O que distingue a grandeza, que
acompanha1nento de piano intercala- não é apenas u1n do1n, ele nascença,
porque tam bérn se pode forn1ar e
dos de gargarejos e borborig1nas. cullivar, é a capacidade <le prcparar-
se, aceitar responsabilidades e usar
Aprendi o nome dos barulhos - co1n firm eza e sem pressa as oportu-
ni<la<le <le fazer o que sabe e que
eram chamados ele estárica - o que pode, Há dias um ilustre inglês n1e
recordava que Churchi ll, a maior
n1e deu a in1pressão de que esses figura deste n1eio século, por volta
dos 60 anos era, aparenten1cnte, u1n
frustrado. Mas - acrescentei -
desde os seis anos. ele sabia que não.

''De revólver na -cuimênacisae, nd.ae 1unm.1sasatoareafacuan1epxne.rcu-tar,qduee tia que eu encontraria pé. Eu o olha-

va e temia. Reuni todas as forças,

mão, embarquei talvez seja apenas a de ser um bom com vergonha do meu medo, e pulei.
avô, envelhecendo em pnz. Preocupa-
me menos saber se vou ou não ser pre- A ponta dos pés encostou no fundo

da areia, e aqui estou. Outra vez fui

no Tamandaré sidente, o que parece improvável a com a namorada a uma piscina e ela
muitos amigos, mas não aos inimigos,
evoluía lindamente, enquanto eu

para estar com do que saber se ainda estarei em con- ficava na borda, até que não pude.
dições de ser o que um presidente, no
meu entendimento, deve ser. mais esconder e confessei minha

inferioridade: não sei nadar.

o presidente Juntamente co1n a idéia de missão, Perdi prestígio, mas não perdi o
deposto''
que nada tem de caris1nática no senti- medo. Se dá pé, nado. Mal, mas dou

11\ÊS · :' .,.·. . :_. . -~. . ... . . .. '. ' ' do de mistificação umas braçadas. Faltou o pé, não há
própria ou alheia,
', ' ' •' ' ,; ' ' mas é ligada à auto-sugestão ou regra de natação r
que me faça, ao menos, boiar.
- '' ' :, ; 1'
Quando analiso essa reação, con-
• EPIOEW'\1\.$•::.}':, Providência na
medida em que cluo, não sei se com razão, que ela
??sentido de que se te1n missão a ,90'81\1\.SI\.~ ela nos dá a for-
' O cun1prir, seja de criar bons .'Jl\.\01\.0E, •- ..; .. ça e a oportuni- está ligada à idéia do esforço para
filhos ou de reformar uma ·BI\.JU\.I\.Çiô ·.::·_',, dade de resolver
nadar contra a corrente, tem qualquer

relação com a adversidade. Se já .,

nação, de fazer o que se sabe e o que '.E\N\JEll\.. :.· ;_ e decidir, tenho tivesse morrido, e estas palavras fo~ •-
se pode - não imporia o vulto da tare- a idéia da difi-
sem póstumas, poderia com maior &'\

fa, e sim a sua significação - a idéia cuIdade. Nada desembaraço dizer que tenho sido WI

LACERDA de que se deve procurar fazer bem fei- do que fiz ou faço, foi ou é distinguido por uma carga considerá-
to tudo o que se te1n a fazer, por mais fácil. Em geral, 1ninha vida te,n sido
vel. por vezes, até inquietante, de

sin1ples ou arriscado que seja, faz par- uma constante natação contra a cor- inveja. Palavra que não vejo ta1na-

te desse sentido ele missão. També,n rente, sem saber nadar. nhas razões para ser invejado; olhe,

dele é estar disponível para cun1pri-la. Deve ter algo a ver com isto a em muitas situações, até pelo contrá-

E ser acessível, isto é, não depender de estranha reação. que me impede de rio. A inveja, aliás, raramente é sinal

contingências; sejam as inco1npatibili- saber nadar - na água, quero dizer. de superioridade do invejado e sim

dades pessoais, de ódio, ressentimen- Aos 14 anos fui à praia da Urca, de inferioridade do invejoso. Mas

to, suscetibilidade~. as do dinheiro - onde hav iaaquua,tm1.co·.,11atershoot. um isso não impede de discernir essa
excesso ou falta; as de saúde - deli- escqJTeia
inveja, às vezes antes que a sintam,

cada ou abalada - ou outras, de modo Desci por ele abaixo, tudo ótin10, assim claramente, suas próprias víti-

a ser 1nobilizado, a qualquer momen- a paisagem deslizando aos ,neus 1nas, ou seja, os invejosos. No Brasil,

to, para a missão a que se está, por olhos, numa suave vertigem. Ao cair tem-se manifestado de longa data

assin1 dizer, destinado. na água - cadê pé? la n1e afogando, ultimamente co1n caráter epidêmico,

Nesta fase da vida me preocupa só de vergonha ele pedir socorro tão três males na ordem moral, todos três

saber que, no passar do ternpo, talvez perto da praia. Um cidadão veio me aparentados e cada qual pior; vaida-

a n,inha oportunidade de ser presiden- njudar, agarrei-,ne a ele. de, bajulação e inveja. Antes que me 1

te ela República - para a qual 1ne pre- "Ponha a 1n<io no 1ne11 o,nbro!'', digan1 atacado primeiro, encerrS'"4i

parei, venha quando a saúde já não me ele ordenava. Mas todo ele tornou-se estas considerações, que tomaram o •

ajudar. e às disposições do espírito se 01nbro. Afinal, consegui n1e agarrar espaço de fatos e personagens. Mas,

recusaren1 as do corpo. Isto que num esteio do escorrega. Quem diz afinal, o pe.rsonagem desta história

alguns chan1an1 a ,ninha ambição. que tinha coragem de dar un1 salto sou eu, e o dever do autor é tratar

para esconder a sua, é apenas a cons- para o lado da praia? O moço garan- com certa consideração o seu perso-

"A dele9ação ao nagen1. Não fazer como aquele sujei-
centenario da
independência to que, saindo de um boteco no Beco
do Uruguai, em
do Escarro. em São Paulo, trouxe urn
30, chefiada
por Maurício desconhecido ao escritor Oswald de
de Lacerda.
Estou no alto, Andrade, que passava, e lhe disse:

à esquerda". "Quero lhe apresentar un1 ótin10 per-

so11age1n para o seu próxin10 livro." !
Não me despeço do tema sem

notar que a inveja $e deve, em parte,

a essa frustração nacional, que só

será explicada quando a psicologia

for uma ciência social. No Brasil , por

falta de bem do povo e felicidad\

geral da nação. difunde-se uma espé- ,

cie de inveja que se torna pesso:i.~ _

n1as é, antes de tudo. u1n fenômeno ~ )

social inquietante. na base de uma

w série de fenômenos de frustração,

tü con10 a falsa revolla - e revolucio-

:,: nários que são apenas revoltados,

z(.) con10 a n1oça ·•que declara guerra a

<:::;

.r .' • ; o que nos outros condenava. Mas o . ,.,_,.-..'.:...~. •...: Certo dia fui visitado pela parenta
pouco que 1ne deu em quantidade, em , .,.,... ._ -e-.. de um salvador da pátria que pediu
' qualidade foi muitíssimo. Seu sentido ..... ~--....:~.♦.......3."..~...o_~#~"..."..' uma audiência pelo sobrenome, e me
da vida pública era de uma doação, --• levou uma linda moça cuja pretensão
unia sociedade que não a co111•ida não urna reivindicação pessoal. - era servir nurna escola de Copacabana,
para dançar"; e uma austeridade quando estava designada para bairro
superficial, que só existe até o dia Minha mãe deu-me a lição do ,w__ mais distante - segundo o critério
que o austero adquire a possibilidade sacrifício, da bravura na luta pela i,npessoal que adotamos. Disse não
de fazer, para si, o que condenava sobrevivência de sua família, pela :w,: querer que o parente souqesse, mas
quando outros faziam para todos. formação de seus filhos. Ela, que ficou claro que ele se alegraria se o
nasceu para ser protegida, teve de se (.) acaso o ajudasse a saber que ela fora
Tive na minha forn1ação exentplos itnprovisar cm protetora. Ela, que atendida. Fiquei bastante envergonha-
positivos e negativos de tudo isso. Vi nasceu para amar, não teve todo o :~::; do, imaginando como se sentiria ofen-
amor de que carecia. Mas, na sua dido o figurão se soubesse daquele ato
a evolução de espí- 1in1idez, se transfigurou; e a criatura "Na manhã do de insensatez da parenta. Enganei-me,
ritos fortes e de amena e doce pôde ser, em certas golpe de Lott, pois ele não fez senão usar o poder que
fracos. O imenso horas, brava e firme, si lenciosa em 55, fui as armas lhe deram para satisfazer o
rnunclo em que se heroína da batalha cotidiana. O que juntar-me ao seu ego com favores aos amigos e mes-
forma o espírito mais me doeu, no governo da Gua- Presidente quinharias aos desafetos. Vi virtuosos
nabara, foi ter de proibi-la de servir Carlos Luz. varões da República pedirem-1ne
de u1na criança, de pistolão, às pessoas tão cruéis ou Segui para nomeação de retardados mentais, de
na sua 1' mag1. na- tão cruéis ou tão necessitadas que a o cais e picaretas para diretor do Banco do
ção, mas nem ela recorria1n, porque "mãe só há embarquei no Estado, por exemplo. Quando se che-
por isso menos e uma". E muita gente confia na nossa Tamandaré, gará ao progresso de preferir julgar a
falta de resistência aos apelos do ao lado do honestidade das pessoas por outros cri-
si.m mai.s em- senti,nental ismo ft custa dos outros, presidente térios-que não, exclusivamente, o de
polgante, pene- que os fracos confundem con1 o deposto. não ligar a dinheiro? Há pessoas que
trado pelas influências amor. Tive de lhe falar u1n dia, seria- não rouba1n, apenas por falta de i1nagi-
do pequeno mundo das pessoas gran- mente, do desrespeito cm que as pes- nação. Pois, no mais, são de urna deso-
des, se altera, se encolhe ou se dilata soas, no Brasil, tangidas não só pela nestidade austera, de um descarantento
conforme as contingências, a escala necessidade, muitas pelo vício de escrupuloso. São o que se chama pelo
de valores, os atributos naturais e a pedir empenhos, usam mãe, avó, eufemismo de "amigos dos ,neus ami-
contribuição que lhe trazem ou lhe fi lho, nela, nora, genro, irmão, gos". E o povo? Ser amigo do povo é,
cunhado, compadre, amante ou na sua opinião, ser demagogo. Com tal
! negam os adultos. namorada, os empregados, os namo- equipamento moral entram, impávi-
Meu pai negou-me ntuito, porque rados das dali lógrafas ou os tios por dos, na História do Brasil e in·augura1n
tudo o que teve, o talento. o encanto, a afinidade das pessoas consideradas as ruas com seu nome, fazem discur~os
bondade natural, não bastaram para importantes, para obter, untuosa- diante de seus próprios bustos e,n
compensar a injustiça com que foi tra- mente, co,mo favor, o que é um direi- bronze. O que afinal é um sinal de
tado por um país que o aclamou, ao to; e como um direito, o que não é. 1nodéstia; pois, desconfiando que a sua
k-( qual serviu, mas que lhe negou a opor- glória é passageira, trata1n de celebrá-
Q ~Lnidade de realizar as grandes coisas la enquanto ela está fresca.
a que estava naturalmente destinado.
Deixou a injusta reputação de Em 1963, meu chefe de gabinete
homem que só sabia destruir, a mes- foi visitado por um deputado que,
ma em que se pretendeu me aprisio- depois de muita divagação ~ pois
nar; mas tive o que era capaz de fazer ainda por cima tomam muito tempo
o que exigia dos outros e de não fazer para anestesiar a víti1na - afinal
escorru pichou:

Tenho 111n problen,a n111ità
sério e preciso da c:ola/Joraçtío do
governo da Guanabara. Estou certo
de que vocés nlio ,ne negarão.

Carregando a fisiono,nia, na maior
preocupação, disse - e eu resumo:

- O tnarido da en1pregada lá de
casa está dese,nprer:ado. Se não con-
seguir ernprego para ele, o casal terá
de voltar para o Norte. Quero que o
g9ver11ador dé um en,prego 110 esta-
do ao 1r1arido da n1i11ha e111pregada.
Não poden,os ficar se111 en1pregada,
você já i1nagino11 que horror?

José Zobaran Filho, conhecedor
da regra da casa, pediu água gelada,
serviu café, atendeu o telefone,
depois sorriu. Nada mais disse, nem

lhe foi ·perguntado.

''Ahistória do capaz, das atenções à 1naneira antiga e •
das audácias fi 1naneira n1oderna, co1n
mundo pode ser que exerceu sobre toda gente, desde l..,.,., •
lida na beira dos que o ouvisse,n, urna sedução 1nagné-
barrancos, nas tica. Vi n1ui1a gente e1n êxtase, a ouvi- sangue que 1ne corria quando me
camadas da terra'' lo conversar: se era 11111 discurso, n1ui- sacudiu pelas orelhas. Não rne lern-
tos já não seriam capazes de repetir bro o 11101 ivo, le1nbro-n1e do 1nedo
' E spero que agora, na posição exata1nente o que dizia. Cada qual que tive de vê-las descoladas: e que
que ocupa, ele possa resolver o ouv ia o que desejava escutar; o senti- ardia1n. e a cor-de-rosa de água na
LAC ERDA problen1a do rnarido de sua do do que ele dizia ton1ava-se, a partir banheira: e o meu olhar seco silencio-
e1npregada. de certo 1110,nento, secundário, era
co1110 unia n1úsica, tinha u,n signi fica- so para ela: e a sua encabulação. Da
Levaran1-1ne longe estas refle- do autôno,no, as palavras desligavan1-
xões. Volte1nos nada n1ais perto, ou se de qualquer enredo, de qualquer babá recebi, confidente inesperado,
seja, para a infllncia, pois tudo isso vínculo .ipenas lógico; estabelecia-se de chofre, nun1 desabafo. notícia pre-
está ben1 longe agora. tuna ligação poética entre as i1nagens coce sobre os aconteci1nentos n1ais
sucessivas e a iinaginação das pes- ínt in1os da fa111ília, à qual e la se \;
Se 1neu pai lia furiosan1ente, seu soas. que ele passava a con1andar, a incorporou. Envelhece ndo, dissol¼1
irn1ão Fernando castigava o estilo e voz ora doce. ora metálica, a cabeça
punha infin itos cu idados e1n não alta. o perfil don1inador, que agiganta- veu-se a antiga severidade. Ficou-lhe ,&
con1eter nen1 un1 gnlicis1no. Era u1n va a sua cslatura. 1nenos que 1nediana.
devoto de Ca111ilo Castelo Branco e a boca. pequena e fina. que fazia das apenas a doçura e certa 1nelancolia. 'iJ!!!!!I
u111 111oralista preocupado co1n as palavras espadas cintilantes. Era 1nais Eu era coisa sua. Criada no Colé-
n1odas escandalosas e as idéias n1al- eloqiientc do que cxposilor, co1nuni-
sãs. Paulo. o n1ais 1noço, lia os douto- cava rnais pela cn1oção do que pela gio da Divina Providência, na Rua
res da Igreja, os con1en1aris1as de San- razão, 1nanejava a s,ítira con1 a agili- Pereira da Silva, para onde veio de
to T o111ás: Fernando era caseiro, Paulo dade ele un1 pelotiqueiro e a verdade Vitória cio Éspíri to Santo. onde nas-
boên1io. Fernando era apegado à fa,ní- con1 a unção de t1111 religioso. o tó rax ceu. conservou uma devoção pela
lia. Padrinho de batis1no. trazia-,ne da atlético sobre pernas curtas, a pele cla- Senhora da Conceição, da qual leva-
cidade, toda quarta-feira. o Tico-Tic:o ra. as 1nãos pequenas 111as expressivas va se111pre un1a n1edalha de prata pen-
con1 as aventuras do n1enino Chiqui- co1110 as de un1 condutor de orquestra, durada no pescoço. Na n1anhã do gol-
nho, do 1noleque Benja1nin1 e seu cão o olhar de olheiras que accn1uava1n o pe do General Lott, en1 1955. anos
Jagunço. Paulo 1ne fa lava dos poetas e prestígio das pupilas cintilantes e a depois de sua 111orte, saí cio aparta-
da fi losofia, nun1 111odo particular de prodigiosa cap.icidadc de comunica- 111cnto 403 da Rua Tonclero, 180,
ser sonhador, que 1ne intrigava. ção fa zia111 de sua presença un1 acon- para ir j un1ar-n1e ao Presidente Car-
tecin1ento: onde estivesse ele era o los Luz. no Pahício do Catctc. Avisa-
Paulo, depois Fernando. sofreran1 centro e sabia disso. do. no saguão. pelo 1neu vizinho. o
por suas idéias. i\s quais dedicara111 a Senador Vitorino Freire, que chegava •
vida, sacrificando tudo mais. Torna- Un1a pessoa o enfrentava, con1 a vitorioso, de que tudo estava consu-,
ran1-se 1nilitares con1 unistas, vive- insistência un1 pouco desab usada cios n1ado e o presidente se dirigia para o})
ran1 na Rússia. fora1n sinceros até o hu1nildes que vêen1 pelo avesso os Ministério da Marinha. safei o carl~
fi111 na pcrseguiçiio da utopia a que os grandes deste n1undo. Chan1ava-sc
levou a sua insac iada fo1ne de Abso- da garagen1. passei na casa de Afonso ~
luto. Enquanto n1cu pai can1inhou Clara Freitas.
para un1 socialisn10-liberal - se é Desde un1 ano Arinos, então líder da oposição na
que 111c en1cnden1: e cxata,nente por- até os treze. era Cârnara: e con1o Co1nandante Balta-
que nlio é f,íci l entender, foi 1ido por a ,ninha babú. sar da Si lveira. de revólver na n1ão,
fui alé o cais. onde e1nbarquei no
perigoso pelos políticos burgueses e Tinha ela o Tan1andaré para estar ao lado do pre-
p~~los ativistas do co111unisrno. i\1an- gos10 exagera-
tcve unia devoção algo supersticiosa do da autorida-
111as sincera. Era 11111ço111. Lia a /11/Í- de e sua voca-
raçcio de Cristo. que tinha na cabe- ção 111aterna
ceira. Beijava toda noite a cruz, por
piedade da infância estendida pela concentrou-
v ida, i\ n1cdida que passava tudo se en1 1111111 .
Era ríspida, corno u111 trei-
quanto fora a sua tentação. nador de boxe con1o seu pupilo. Apa-
Era de un1a personalidade fascinan- nhei n1uito. a propósito de n1uitas coi-
sas. con10 dcsafinar o solfejo. não
te, capaz de todas as generosidades e falar con1 u1na visita convencional -
de 1111u1s poucas. 11111s duras, injustiças 10111ei horror de visita convencional.
até contra si n1esn10. Ningué1n que o dessas que depois que chega1n é que
conheceu pode livrar-se do encanlo de procuran1 assunto para conversar
sua prcscnça. das gentilezas de que era (E11túo. co,110 1·a111os'! lh. outro dia
Ili(' COl/(OIY/111111110! \loc(~ ((?/// iilo 11111i-
f() ao ci11e111a. 11l1i,11a111c11re!) - ou
roubar jabuticabas do quarto do avô
doen1c; n1as niio 10111ei horror de
jabu ticaba. U,na vez a .ígua da

-banheira tingiu-se de cor-de-rosa. do

cozinha ta111bé1n, o quarto

onde eu d(>rn1ia .ficava co1110

já disse isolado do resto da

casa 11ma noite eu senti passo

junto da janela e ir direi(! ao

qui111al fiquei eu nada podia

Jazer ,ne le\'a11tei da c<1n1a e

,ne :rentei junto de Carlos e

co111ecei a rezar agarrada

con1 a 1ni11ha n,edalha 111ila-

!/l'Osa que trago se111pre e111

u111a corre11re de prata 110 pes-

coço./ Realn1e11re era gatuno

si111foi no galinheiro roubou

todas as galinhas de raça que

tinha sô ficou 11111 1:alo velho e

11111a galinha choca isto se viu.

110 dia seguinte quando se foi

dar cornida o galinheiro esta-

va pois era Jechado a chave

110 111eio de tudo isto estou a

espera de notícias do Rio

nada e a espanhola co111i11ua-

va ,•111 11oven1bro recebi 11111

carriio de seu Fer11a11do para

Carlos dizendo que esrava,n

rodos vivos con1 saudades.

En, dezen1bro recebi 11111 de D.

Olga dizia que ia lá eu enrâo

sidente deposto pelos legalistas. Na ,nas os par<'lltes n,ais chl'gados esra- As memórias 1ireparei a roupa de Carlos (' 111inha
confusão da despedida, entreguei Letí- 1•an1 110 Rio e 11Cío se tinha notícias arrun1ei a 111ala e j'iqul'i esperando 110
cia e as crianças à família vizinha, de parecia que rodos ri11han1 111orrido as vêm à tona ea dia /O D. Olga c:hegou de 111a11/ui e
Marcelo Garcia - que ten1 a rara poucas pessoas que estllvan1 de pé pena as traduz: desc:en1os neste• 111es1no dia 110 1ílri1110
vocação de ser o arnigo. Ao abrir a ti11ha111 cara de defunto eu fui urna rre111 dei graças a Deus!"
n1inha porta, na hora em que saía para pois l11rava 11<1 casa toda porque rodos "Levaram-me
esrava111 doentes e pri11cipllh11e11re o E1n 1944, no aparta1ncnto da Rua
a vida ou morte, na esperança de parti- longe estas
reflexões." Cop<1cabana, 787, corneçou a tossir,
cipar de qualquer resistência, vi algu-
ma coisa brilhando no capacho de Com Letfcla,
fi bra de coco que havia do lado de
, fora. Abaixei-n1e para ver. Era uma embarcou para
'-.fri{dalha da Senhora da Conceição,
( ) exatamente igual àquela que a babá ,neu Carlos este era o doente n1ais.. a Europa em de noite, no quarto ao lado cio do nos-
levou, a vida toda, pendurada nun1a so, onde donnia co1n Sérgio e Sebas-
caro, 111ais cuidadoso, de 111ais res- 1946.
corrente ao pescoço.
Quando nos mudan1os para São ponsabilidade todos podia111 111orrer tião, pequeninos. Fez as fantasias

Paulo e ela cuidava dos n1eus primos, naquela casa ,nas e11 não q11eria ver deles, junto com Let feia, de palhaço,
Laura e Paulo, no Rio, deu de escre-
ver, a lápis, rne,nórias, das quais dei- aquele 1ne11i110 que eu ton1ava conta no carnaval. Continuou a tossir, foi
xou uns episódios. A versão da epide-
n1ia da gripe espanhola que, cn1 19 J8, 1norrer e <1ssim passei 11111 n1ês Jirn1e ao 1nédico, que reco1nendou radiogra-
matou gente a granel, é co,no o quadro
de um grande pintor ingênuo: viiilanre de dia con1 todos lá dentro fia dos puhnõcs. Chegou o resultado

"Seu Maurício chegou da Europa, ajudando dona Ell'ira e Lufza que esta üs n1ãos de Letícia, na véspera do dia
rinha 111olésria contagiosa en, Con1ér-
cio, esravan, pintando a casa da Rua úlri111a nüo teve e de noite sozinha de dos anos da babá, I2 de agosto. Os
do Leão, a casa de Yayá na Rua Alice
olhosfiros 11a cara de Carlos(...) pulso dois pulrnões atacados. Con1bina-
-l estava cheia. então Dr. Sehasti<io 1ne
e febre de 40 graus e renuJdio? Quan- n1os esperar que passasse o seu
n1ando1.1 co111 o Carlos para Perrópo-
li.y, casa do Dr. Ed1111111do, e aí Jica- do 011via o relógio da jgreja bater por• UMA fESl~ aniversário. Naquela noite, cada
,_~iios 11111iro he111 instalados e11111111 bo111 que 110 111eu quarto n<io tinha que noi- tERRÍ\JEl, vez que ela tossia, no quarto ao
tes 1111nca 111ais passava o dia c11s1ava a lado, nós acordávamos - se é
O ~llrto que tinha na varanda depois chegar eu dal'a graças a Deus quando COM BOlOS que dorm ían1os. Olha1nos un1
na cozinha con1pleran1e111e isolada do ouvia 11111 galo ca111ar depois a e.~pa- para o outro, Lctícia e cu, nos-
resto da casa durante o dia nós rí11ha- ·E BEIJOS,
111os direito a tudo 111as de noile é que
era isolação! E naquele canto da nhola deu neles ran1hé1n q11e 11e111 isto ~NtES OA sos fi lhos estavam no quarto
casa foi que a espanhola apanhou o eu tinha n1ais! e assin1. fiquei co111 ele oESPEO\OA · co1n ela. E e la ia nos deixar.
Carlos, e agora lá era a casa do Tio 111al duranle 8 dias e graças a Deus ele Letícia procurava 1ne ani1nar,

ficou ho1n e n1uito depressa se restahe- mas nc1n sempre as 1nulhcres

lece11 co,n 6 vidros de julgla11di11a his- sabem 1nen1ir co1n os olhos. No dia

coiros leite e n1a11reiga se111 sal que eu seguinte celebramos o aniversário

lhe dava de 3 en, 3 horas porque gra- co1n velas , bolo, beijos. No dia

ças a De11s eu tinha tudo isto 110 quar- seguinte, leve i-a alé a janela no 2?

to onde dor111í<1111os. andar, que dava para o pátio da gara-

"Depois os criados a casa ficara,n gem do prédio e lhe falei ela moléstia.

111al sendo que o jardineiro 111orreu a Meu irmão arranjou com un1 colega

cozinheira foi para o hospital e a um quarto particu lar, com desconto,
copeira para a casa dos pais. Daqui
num sanatório cn1 Correias. farnos

do Rio não se tinha notícias parecia visitá-la ele ônibus, levando o reforço

que rodos ri11ha111 1norrido fiquei 11a da sua aiimentação.

''A erosão 111e11os. 111ais alg11111as que 11úo 111ere- delirantes avcn1uras elas plan1as n;i
ce111 pouco s('r conhl!cidas ela ciê11-
udmeiaxa.1-mmperessesm-aopre prin1avera. o póle n que voa cn1 busca
cia. O ho/o r ( Pe11icilli11111 ii1f<·sta11s.
de começo de da fecundaçiio . a se1ne111e alada.
decrepitude Pcnicilli11111 gft111c11111. fig.l .680 .
Ascop/1oro e• 1a111os 0111ros) é IÍtil. a planta que co n1e 111osca e a que
deste mundo''
porque 11111re-se dcco111po11Clo <' elcs- dá :ígua aos viaja111cs: a luta silencio-

1r11i11do as 11/Cllérias orgânicas c•111 sa da 1ransl'onnação do sol an1arelo

p111rcjc1çâo. e de 111odo que o cheiro cn1 folha vereie, a urancleza e deca-
~
Íl!fi•cto 11tio se prod11:. e111 i·ia ele
dêneia do botão que desabrocha e
regra. 011 prod11z-.1·e c,11 1>ropor~·1ies
1nurcha. a escura sen1cn1e "que pri-
i,1/i11iIa111e111,, />l'lfIIe11as...
1nc iro n1orrc na lc rra esl.'u ra para
Só en1 1929 S ir f\lexandrc Fle-
111ing descobre as qualidades anti bió- renascer". o flu xo que conduz do
ticas da penic ilina . isto é. do bolor.
desses organisnH>s vivos que atua rn fu nclo da 1erra. na di rcção do céu. os
sobre eer1os 111 ic roor!!an is1nos.
111inerais c1n se iva 1ransforn1ados. até
~
a. ponta da folha , cuja nervura é,
E1n 1877. IH) n1csn10 ano da publ i-
<:ação dos /;/c•111C' 111os ele 801é'i11ica, 6 de todos. o desen ho n1ais puro e
volunH.:s e 16 anos de trabalho. Louis
Pas1cur e Jules n1ais d ifíc il.
François Joubcrl
dcscobri ,1111 . na A história cio 111undo pode ser lida
França. que uni
N o fi 1n. a bab,í roi di111inuindo. n1 il.' r ó b i o pode na beira dos barrancos. nas ca111adas
ricou do 1a111a11ho de l1tna evitar o dcscnvol-
l·riança. Niio 1ivc n1ais cora- v irne nlo de ou - ela lerra. nos seus veios. A erosão dei-
1ros: e 1nost ra ra n1
-!!Cln de ve r s uas últin1as horas. que pode cx is1ir ~ ·xa- 1n e se ,n p ~e'\ .

l'vlinha innii Vera e Le1ícia ian1 vê-la. -a n t a u o 11 1 s 111 o u111a 1. tnpress..o
C(inHJ c u fi zera ai~ então. Falava nos
111t:ni1111s. con1ava histórias . dis i',1rça- cnlre bactérias. de con1eço de
va. n1as nunca falou e111 ficar boa. De is10 é . que uni 1nal
LACERDA vez en1 quando co1neça a escurecer e podc serv ir para dccre pi1ude do
cai u111 s ilêncio sobre as coisas. pen- dcs lrui r o utro.
A babá, com so nas suas úllin1as !ardes. 11.1 va ra11- (.~o 111 pa r e e e - se 111unclo. l'vlas 1an1-
o pequeno di11ha do seu pequeno quarlo branco. eo,n CSIC trecho
Sebastião, de Carninho:í: ; f• ~ bé 111 se pode
no carnaval /\ 1X de janc iro de 45. 111orre u. conhecê -l a nas
de 1941, em Pouco depois . vulgarizavan1-se os ·-" ,\ s 1\4111lc dí - ~ ."• •• l:., iírvores. que são
Copacabana. a111ihiú1icos. Quando. ern 19-18. nos .,,. 1· t-·
Ela deixou casa111os no l\1os1c iro de São Be1110. 11c·as ,, 1\l/11corí-
um diário tive a i1nprcssão de lfll'-' e la estava . ';. 1e rra e luz 1rans-
sobre a gripe vi toriosa: pois visivcl 111e nte nunca lli'/IS, <' Ili geral. f o rn1 a d os e111
espanhola. acreditou na nossa descren1;a. ~. J , le nho. Desconfio
siio 111 éis /JC'lo j sc111pre que os
/\ t·asa da Rua 1-\lice. 4 1. VL'ndida . "\ 1 hon1ens não são
c lk' rruhada. foi feita por 111eu hisa vô. 111e.,·1110 11101i 1·0 (do «
J.í disse quc ali nasci. l'vlas n:1o dissc ;
que 111c11 av{1 1.acc rda fazia ques1:io ho/or}: elas prl:/i•rc>111 sohr('t11clo as
~- -
-dc r'-'!!is1rar Sl'US nell>s IH>l.'ar11írio de /)/(1/(:/'Í(l.1' Ollilll/lÍ.i', {'<'lo lflli' seio
senão i1nitadorcs
\l:1ssouras. Por isso....·arioca de nas - tfc'11011IÍl/ ll(/(I.\' /1.1' />t'(fl/C' IIOS ('(//' \'(} ,\
das coisas scn1
-ci111en111 e batizado na l!!rc.ja de N.S. 1·1•,i:ctuis. Errad11111c111 e se• a c·r,·cli-
al rna. e, se te111
-da (; l(iria do Lar!!o do iVlachado. sou 111 C/IIC' 1•1!1s ci//J{'(//1/ (IS CO/'f'().I' .HÍOS...
al111a. é precisa-
l'lu111inc nsc p..:. ranle a lei . Joaqu in1 (Vol. 1. p :í g.
IVhu11eiro C:1111inho,i. o hisav11. que 17 18). rncntc para não
fi:z a casa. 1n~d ico da i'vlarin ha. fez
Ela 1nula1 0 scren1 l.'onfundi-
- -t:1111 bént a !!UCrra do Para!!uai lutando hon1! Corn o deve
ser l'or1n id:ívcl dos co111 a planta.
co ntra a cpidl·111ia dt.' c hol l'ru 11111r- sabcr lanto que
ln1s. e111 Corrit.'ntc•s - e ;1 rnu lhc r a a pedra ou ~
Sl'U la11l1. Escre veu u1na obra c apital. -se COll!\C!,!llC
os El1·111c111os ele lJ01,i11ica (;l'ra/ e' rninhoca - esse · ,.....,.
:\·l,;dii·11 . ..·. di1ada c111 1877. c11 n1 1.500 sabcr anles de
...-stan1pas prC'ccdidas desta <'ri;nlhosa s aber. e o 111 o vcrr11e intcligen1íssi1110 que se con1or-
dec lara,·,-,n de naturalidad1~do autor: que advinhar o
quc a obscrva- cc todo até encontrar a terra que lavra
"P, •lo Dr . ./011,111i111 1\401111·ir11 (', 1111i- ç:in aulo riza a deduzir. Esl:t
.: a 111 inha perpétua fonte de des lu111- cor110 11111 ar.1clr>geodin,irnico. Quando
11l11ní ( Du Bahia ) " Essa ohra lcrn bra1ne1110 110 ,nundo das plantas. q uc
,ne atrai con10 se no fundo de cada u,n a1nigo rnc u. c1n 196 1, foi 111ultado
-\',ÍrÍ()S 111.:rilos. COll\\l O de invcslÍ!!ar enrola o bisa\'Ô baiano estivcsSL\ dis• ~
f,ll\'ado ..:111 abc: lha tiu besourú. par:,
1· s is1c111:11izar l'spel'iahn...-111..•. pl:1111as na Guanabara por te r derrubado en1
hra:- ilc ir:1s. ,nuitas das quai~ l' le ..- las- -111c ron1ar o se!!rcdo das fonnas e das
sifil'OU. Entre nut ras i1Hn·açt•l"•· e le vfto u1na árvo re. sen1 ao 111cnos plantar
:1n1c,·iu a ap lica,·ão 111..·. dici nal da cores. a i11s\1lcn1e e in1pudica ex ibi -
çii1) dos pis1ilos e dos cs poros. as algu111a , bolou e111pcnho para releva-
peni...- ilina. N\) vo lu111...- 1. p;íg ina
1.7 1S. l' St:fl'Vcu: '':\l/111 da 111ili,lc1d,· çiio da 111ulta. O governador desp;i-

,1!1'/'0I c/1/t' /J/ C'IICiOll/11/1(),\' t/c 'Ílllcl, ('011- l.'hou: "lndc l'erido. Ent re as ,írvo res e o

1·/111 llli'llci1111,11· c111 11artic11/ar. 111·/,1 a111igo prefiro as árvores." O an1igo

zango u-se. Mas Joaquiin l\•10111ciro

Carninho;í (r.la Bahia). que sequer

conheci pessoali11cnte. ficou sa1isfc i-

1íss in10. Foi e le que char11011 a Lo1a

IVlaccdo Soare:; para fazer o Parque

do Flarne ngl). Foi ele que desapro-

priou o te rre no para plantar. na Penha.

o parq ue Ari ílarroso. o ún ico da

Leopoldina. Foi e le que pediu à Ce11• \. .

nt-4irai do Brasil os seus terrenos

Enge nho de D.::111 ro para fazer 1) pri-

111ciro grande jardir11 que o subúrbio da

Central leria.

E ainda h,í que1n nüo ac rcdilc e r11

ahna do ou1ro inundo!

No próximo n~, 3~ capítulo : "A vitória me faz tanto bem como a derrota"



,...,,

A MIGRA AO

DAS AVES
,

NAS AMERICAS

Produzido p~la DivisJo CartogrJfica

Natlona/ Geographic Society

~l'M. CROSl'INOJ\, PR!S/D0.'Tr t PRl:SJDtl\7! 00 C'OXSU!Jo

fl©NAL GEOGRAPHIC MAGAZINE

''Rosas e Pedras do Meu Caminho''@

"Começou um período em que descobri a vida rural, numa fazenda de verdade."

DOCUMENTO e astorina teve o filho no quartinho do Zona do l'vlangue. Con10 tantos estudantes
aparta111cnto. e_ a criança morreu asfix_ia- daquele tcn1po, conhecia a Zona do Mangue.
da. A causa veio parar con1 Evandro L1ns onde viveu Castorina. que depois passou para
e Silva e cu, defensores !!.ratuitos. En1 193:\. lugares 1nais caros. tinha tlrll fraco pela cultura
universitária e 11111 dia "ateou fogo :,s vestes".
- -estava no segundo ano da F;1culdade Nacional.
Saber se foi Castorina que asfixiou a criança
então na Rua do Catete. Chegou o dia do julga- dependia de unia prova dos peritos. Nun1a cuba
111ento. no foro da Rua Don1 /\~anucl. que para de água. os pul111ões do nascituro, se boiassen1.
Evandro não tinha segredos, pois já praticava tinhan1 ar dentro; portanto, ele havi;i respirado.
con1 o cri111inalísta Ron1eiro Neto. Lcvantci- ,1 1nãc era assassina. Se ni'ío boiassc111. apenas
1ne. as 111ãos frias . Não rne lcn1bro do rosto obs- uni aborto co1no tantos. Desconfiei que dev ia
curo de Castorina, 111;1s não esqueço o seu ar haver n1cios de deslruir aque la prova. Que,n
alheio a tudo aqui lo. con10 se fosse outra Cas- 111e socorreu. ainda u,na vez. foi 1ncstrc 1\frâ-
torina. Entrei pelo social adentro. Disse que a nio Peixoto, que nos ensinou literatura. no cur-
sociedade havia condenado i1 prostituição seis so anexo à façuldadc.
1nil 1nulhcrcs. total registrado pela polícia na

''Q,segredo de os seus e/c'itos. A eloqiiênc:ia já S<' Depois foi en1 Santa Teresa. Rio
apóia nos Jatos. Para chegar ao das Flores de hoje. Meu prin10 Ne1~-~
fazer muita coisa é c:oração, ela to111arú os C'a111i11/tos da tor Barbosa 111e pediu para defende~
aprender a técnica ohscr1 •a~·<io do qu e ocorreu. da pre-
ma! i• s ne·cessa,,r1■a: visâo do qu<' ac:0111ec:erâ." Eis 111n,1 11111 1notoris!a de ca111inhã.o q~1~.
a•:~e pensar'' lição que os autores de discursos 111atou não sei que111. O n1otonsta h>1
a lhe ios, 111uito nu111erosos hoje , absolvido. A seguir. foi e111 Valença.
' L á estava . na sua l'vledicina devcn1 aprender. Já é te111po. O Quatro colonos. innãos. Os quatro
Legal. a relação de 1nuitas pro- hon1e111 disse isso en1 1938. estavan1 na sala do tribunal. na sede
LACERDA vas que se podcn1 fazer para da prefeitura. onde o antigo Ministro
apurar se uni recé111-nascido respi- Magarinos Torres. apóstolo do Oliveira Figueiredo. valenciano,
Maurício de rou. Desf1ei a lista: júri, da cadeira ela presidência n1e doou a sua biblioteca, co111 a velha
Lacerda em ani1nava con1 o olhar. Rev11e d<'S Deux Mondes, encaderna-
1922. Dois Prova n1é1rica. de Daniel e Bernit. dinha. 111ais unia parle da biblioteca
anos apo•s, E descrevi co1110 era. Prova hepática Na saída, o Pron101or Carlos Susse- francesa de Guizot, que ele nrrc111a-
no governo de Butner - e to111e descrição. Prova kind de Mendonça. que pra1ica111en1c tou c1n Paris e eu cataloguei nas
de Bernardes, cardiovascular. Prova ótica ou aditi- pediu a absolvição da ré. 111c abraçou horas vagas, estudando i1s preferên-
ele seria va. de \:Vreden-\-Vendi. Dava a esses n1as deu uni conselho: - "Nu11c:a cit1' cias dos consulentcs. que certa111en1e
levado às 110111es a ênfase co1Tesponden1e. Pro- não era1n pelos livros de Guiz.ot.
prisões. va radioscópia ele Bordas. Prova quí- <'.\'lalística.1· se111 qtl('/Jrados. Seis 111il f\1eu concunhado Osvaldo Fonseca
1nica de Zaleski. Castigava na pro- con1andou a defesa. Os ré us en11n
111íncia. Prova estática de Ploucquet. 111u/11eres 110 tvla11g11e. 11i11gué111 acre- n1agros, fracos. a111arclos. O capataz
Prova ótic,1 ou docin1.ísia visual. Pro- provocava todo dia, os hon1enzin!•ài:"'
va doci111.ísia histológica, de Baltha- dila." - "M(ls é o que es1á r<'gis1ra - se acovardava1n, ele tri pudiou. ~
zard e Lebrun. Prova gastrointestinal quatro se ju111an1111 e acahan1111 con1 o .
ou doci111.ísia de Breslau. Provas de do ojicial111e11te 11a polícia!" - "1Vâo
lcarcl, ótica. hidrost.ítica e quí111ica. ho111en1 a pau.
Doci111ásia de Daniel, co1n dupla i111port(I. Na pr<Íxi111a vez, diga 6.546. O latifúndio entrou no debate, a 1
pesada. Pneun1oepát ica de Orfi la. todo 1111111</o crê." Lc111brci-111e 1nui10
Pnc11111ocardíaca de Puccinolli . disso ao ler o Plano de Ação Econõ- socialização da propriedade, o desti-
111ico do Governo (PAEG) Castelo no cio cristianis1no etc. Ganhei uns
E outras! E outras. senhores jura- queijos-de-n1inas e un1 jac.í de gali-
dos! lvlais de 22! E só se fez 11111a. a Branco. Nún1e- nhas, presente dos quatro colonos,
dos puhnões boiando!!! E to111e autor ros• quebrados.
c111 c in1a dos jurados. l'vluitos ressal- co111 antecedên- fracos. an1arelos.
ta111 que. co111 todas as provas feitas. cia de dez anos. Mas quando Letícia foi ter nosso
é perigoso arinnar co111 segura nça. Sussckind 1i -
Castorina teve o fi lho na vergonha e prin1eiro filho, en1 1938. na Santa
no desespero. E• unia das n111 itas nh,1 razão... Casa de Valença, ganhei 1nais. Osval-
e111prcgadas sen1 lugar par:i o ;unor e E111 Vas - do, cahno. lógico, experiente, entrou
a fa111ília. 1'er;í ou não. 110 111cdo e na co111 o jogo forense. O n1otivo cio cri-
dor. asrixiado invol1111tari:1111cntc a souras. u111 111e era unia 111oça bonita e rison ha
criança que lhe descia pelas pernas? ladrão roubou co111 a qual, poucos anos antes, eu dan-
A acusação não 1e111 tcste111unhas o pro111otor.
11e111 confissão. 1·c111 tuna cuba de Eu passava
.ígua e elois pul111ões - e basta? u11 s te 111 pos

Senhores jurados. Castorina co111 111eu pai. que era prefeito. c111
depende da vossa certeza sobre unia 1933. e acabava de descobrir a delícia
prova que os entendidos, os n1estres. torturante do natnoro pelo telefone.
considera111 apenas unia. quando ln1pe<lido porque era o queixoso, o
n1csn10 iodas juntas são prcc,írias. pron1otor foi substituído por 11111 advo-
gado encantador, o fino e espiritual
Castorina foi absolvida. Evandro lvliranda e Horta. con1o qual cu ton1a-
falou. con10 scn1prc no júri. 11111ito va urnas cachaças ligeiras no café do
ben1 (até hoje. provecto 111inistro do Mandaro. Co111 o 1nes1no í111pcto con1
Suprcn10 1'ribunal. não devo lveu o 1:· que acabava de escrever unia tese,
voh1111L' d:1s Oraçci<'S Forl'11Ses. de Educaçtio e La1if,í11dio, i111pingida a
13crrycr. que ficar:1111 inco111pletas na 11111 Congresso de Educação c111 Petró-
111inha cstan1e). Esse Rcrryer jii dizia: polis e outro e111 C:unpos. cnun1erei os
objc1os roubados: duas colchas, 11111
"O gfnrro de cloqiifncia dns leque, unia caixa v:izia. un1 alfinete de
gravata... Senhores jurados: isto vale a
po1·os Jo1·e11s rc1·t•src caráter d((<'· liberdade'? O ladrão. 111anso e 111acio.
saiu livre. No dia seguinte, no trcnzi-
rc,11c tio q11<' ohs1Tro111os. ,\s arll'S e nho da Linha Auxiliar. o pro11101or
tan1bl!111 ia viajar para o Rio. U111 ale-
as cit~11C'ias co111cç(1111 a Ja:i'r Sl'Jllir gre caixciro-viaj:inte saudou-o e per-
guntou: "Aquela pr<'li11lta ,,ue 1:ai na

2·: classe t; sua e111pregada ?" "E. dis-

se o pro111otor. cs1011 le,·a,ulo para

nossa ,·asa do Rio." "Puxa , q11a.l'e lhe

rouhci ela . 111i11/ta 11111llter ,·h·t• 111e

a1110/a11do pr<1 arra,~iar 11111a til/Ili!" O

pron1otor olhou duro para 111iln e res-
pondeu ao co111eta: "É 1u11ural. aqui

"~• oro st• ro11ha 1odo 111u1ulo e 11tio
a1·011lcC'C nada! "

çava nos bai les do Clube 31de Março, .

..:Je Sant_a Teresa. Casou-se COlll lll~l E1n ,natéria de :iprcnder, tive des-
que deu para beber e bn- de cedo idéias caprichosas. Aritmé-
~""ígaozuencodne1ll'oo cunhado pela c.iusa do cos- tica, por exen1plo. Não sei, até hoje,
extrair 11111a raiz quadrada e a cúbi-
tun1e: o inventário do sogro. M:tltratou ca, então, é unia ficção científica.
Mais depressa 1ne interesso logo
1nuito a n1oça, que afinal fug iu da pela Astronon1ia, sobre a qual com-
prei uns livros ele111entares e urna
fazenda 1111111a charrete e foi se asilar luneta alemã para ver a Lua. Mas a
luneta é pouco. Pretendo visitá-la
na do innão casado. U111a tarde, o pessoaln1ente, quando ela começar a
receber representantes ele países e111
111ariclo n1on1ou a cavalo e foi busc,í- desenvolvin1ento. Trato com distan-
te cerimônia as frações. Minha inca-
la. Ao vê-lo, as n1ulhercs se apavora- pacidade resistiu aos 1nais in1cnsos
desejos ele reconciliação, tentada
ran1. O innão foi ao encontro do por n1eu primo Hugo Matos ele Cas-
tro, engenheiro da Mogiana, que me
cunhado no terreiro da fazenda. abrigou e111 sua casa de Uberlândia,
quando a polícia fechou no Rio o
Co1neçou unia discussão, uni a cavalo, Jornal do Po1•0, onde trabalhava.
No dia do 1,aheas-corpus para o jor-
outro a pé. O innão agarrou-se às nal poder circular, nas vésperas da
eleição f1 Constituição de 34, chega-
rédeas do cavalo e acabou corn o ran1 ao tribunal as infor111ações da
polícia, sublinhando na coleção do
cunhndo a Iiros. jornal os trechos de co111unicaclos do
PCB, seção brasileira da IC, e do
Desta vez o que entrou na arenga CC da região, que alertavam a FJC e
o CCPP contra os fracionistas trots-
foi o divórcio. o dr.una dos n1al-casa- kistas, denunciavan1 a defecção dos
zinovicvistas e renegados bukarinis-
dos, os deveres da fraternidade. o tas contrários ao glorioso camarada
Din1itroff, ao ainda 111ais glorioso
:in1agonis1110 social colono-capataz. E can1arada Stálin e às resoluções do
Bureau Central. ra1ificadas pelo
uni a cavalo, outro atirou de baixo Presid iu111 do glorioso PC da URSS.
Viva. viva, al)aixo, abaixo, abaixo.
,~ ra cinta: a pé. A balística etc. ~e~e. O Juiz José Duarte, relatando o pro-
cesso, folheou as informações e
O senhores Jurados! Con1 a absolv1çao, d isse: "Isto é hriga entre eles." En-
no dia 12 de deze1nbro. ganhei 500 quanto distraía111os os funcionários
cruzeiros. co111 os qu,iis paguei o quar- co,n as piadas do Barão de Itararé, o
venerável hun1orista Aporclly, dire-
to da Santa Casa e111 que 111eu prin1ci- tor ostensivo do jornal, ali presente,
11111 rapaz do CC da Seção Regional
ro filho nasceu, no dia de Natal. do PCI3 da IC, apelidado de Baby
Face. porque era ho1nc111 fei to con1
daquela 111oça que deu jeito na minha O 11101ivo in1ediu10 foi a revolução Carlos e Letícia cara de garoto, sublinhou a lápi•s
co1nunis1a de 35. !'vias creio que tenho vcnnelho. alé,n do que a polícia já
vida. Aqui 1er111in,1ra1n n1inhas ativi- tendência. há qucn1 não se canse de Lacerda, em assinalanr, tudo ·quanto era notícia
le1nbrar, para 111udar de assuntos sen1 1938, quando do jornal: Fa: anos hoje o Prefei10
dades de rábula cri1ninalis1a. Pois jií sai r do ten1a, E• u111 excesso de inte- nasceu Sérgio.
resse por tudo, u111a curiosidade insa- Pedro Ernesto. Falia âgua 110 Ca-
não era cstud,111tc e nunca fui bacharel. ciável. Assin1 aprendi a tratar con1 Nesta ocasião,
residiam em ru111hi. O j ui z-r_clator i1npacicntou-
Ncn1 por isso participo do horror a se e disse: "Ntio vejo 111al 11e11'1u111
Ipanema. nessas 1101fc ias!'' Foi concedido o
bacharel que se apossou dos brasi lei- habeas-corpus. Mas a polícia ta1n-
bé1n se i111pacientou, varejou a tipo-
ros co1110 se o 1naior de todos não grafia onde ían10s, toda 111adrugada,
paginar o jornal; e con1eçara111 as
fosse senão o bacharel fl ui 13arbos·a. especial istas e técnicos se1n ser uma prisões.

Gosto do advogado que resolve, não coisa ncn1 outra. Meu trabalho con- Ern Ubcrlândia conheci unia linda
1nenina que n1e fazia atravessar toda
do que cria as dificuldades. No siste e,n entendê-los con, relativa a cidade até a ladeira e111 que ela
1norava, onde ia ton1ar café com boli-
entanto, haverá ho111c1n 111ais neces- fac ilidade, de ,nodo a saber quando nhos de fuhá 1nin1oso, feitos pela
1nãc que 1a111bém adorava a filha.
sário ao Brasil do que o incô1nodo e estão certos. ou não. no que fazen1 ou

ad111ir.ível bacharel Sobr.11 Pinto? propõcn1. E desconfiar dos n1eda-

,J;,-1c1ho 11111 acordo co111 ele. para não lhões, que são prirnos dos charlatães:
, './ escrever cartas. Toda carta que
ainda prefí ro estes últi 111os, ao 1nenos

i("\n1e escreve. ele co1ncça len1brando são 111ais divertidos. Gosto de saber o

V que cst;í violando o acordo, porén1. essencial de tudo. Os ponnenores
deixo aos outros. E• preciso deixar
Concluí, certo ou errado. que as

causas que n1ais i11tercssa111 não dão algu1nu coisa aos outros... O segredo

para ganhar a vida e as que dão de fazer 1nu ita

dinheiro são. pelo 1ncnos, 1nonóto- coisa não é enten-

nas. Se é para advogar causas gran- der de tudo, é se

des, porque não preferir grandes interessar pela

caus:is. Preferi ser advogado de razão de ser de

todos - até dos que lanlas vezes n1e cada coisa. E

condenan1. Mas tenho 111uito respeito aprender a 1nais

pelo jurista que se incu1nbe de pôr .nteeccne1s.csaásr,iaqudeaes,

orde,n na liberdade, se1nprc que não

a sufoque c111 1101ne da ordc111. Na a ele pen sar.

C,1mara, u111 dia. co111 aquele ar inso- Não a conhe-

lente que te111 de ser an1ávcl, Aliomar ço bc111. Mas ,

Baleeiro insiste para que eu voltasse francamente, pelo que tenho visto,

à faculdade, incluso para aprender até que sou u111 técnico razoável. O

con1 ele. que lecionava finanças. últi1110 sestro dos que procura1n não

da~ão. cu era seu líder na bancada ' reconhecer que tenho razão. quando

Q UDN. o líder do PTB estudava COlll isso ocorre, consiste em dizer que é

ele na faculdade. e então cursou. i1npossívcl discutir co111igo porque

Baleeiro 1alvez tivesse razão. ganho 111esn10 scn1 razão. Isto afaga a

Mas cr:t longo conlar por que dei- vaidade, mas não é verdade. A 1ninha

xei a facu ldade. vaidade só se satisfaz co1n a verdade.

''Não escapei obrigue1n a desfiar, pela orden1 de O que rne apaixona é a história das
somente de entrada e1n cena, os afluentes do Ama-
atentados dos zonas ou as nascentes do Ganges. pal'.1vras. sí,nbolos ~ ~ons . l~istória d(~
outros. Aos 20
anos, cortei o Na História. en1 que n1ergulhei. nn11tos ,nundos. a g1na e a lrngua cru~
pulso para morrer'' nunca n1e inleressanun datas e bata-
lhas. Toda batalha. no fundo, é igual, dita, co1no se fonn:un, se expandern, •
o que interessa é saber quen1 ganhou
- e para quê. Todo general que ven- decaen1 na boca do povo e renasce1n
ce é heróico, todo vencido que 111orre.
1a,nbé111. Sobre quen1 é vencido e não na dos artistas. Cada pulavra é parle
1norre, é que varia1n as opiniões. São
os grandes escrilorcs que razern as ele uni sisten1a. sol e oulras estrelas.
grandes balalhas. co1no a que Chur-
chill descreve en1 Ondunnan. na tudo :;ofrcndo a erosão pelo uso e a
Minlta Mocidade. por n1in1 lraduzido.
e que é con10 11111 quadro colorido e invenção pela necessidade. Procuro
reple,to de vida. ou, por oulra. ele rnor-
les. As vezes o vencedor da batalha é aprender con1 os escrilores que rcno-
o próprio escrilor: Então se chama
Júlio César. Meu avô Sebastião conta- van1 ci nosso instn11nen1al; no Brasil,
va a história do n1enino que não sabia
nada. rnas acenou qu.1ndo o exan1ina- iv1achaclo de 1\ssis, Montei ro Lobato,
dor perguntou: - "Qual foi o J1111 d<'
Carlos I ?" - "N<io j,,i 1>0111... - tv1ário ele Andrade, o difícil Guin1a-
"Por quê? - "Porq11C' .fi111 de r,•i,
quando SC' pc-rg11nta. é porque }<li rães Rosa. Gilberlo An1ado - que
rui111. ··
1cn1 uni raro apreço pela pali1vra exa-
Do Latin1 só 1irei uni proveilt1.
conhecer o Professor Cândi<Ío Juc:í. ta; e1n Portugal. os clâssicos. que só
filho. pri1ncin1 pessoa que vi assinar
o no1ne de fil ho con1 rninúscula. o se tornanun clás-
que 111e pareceu urna not.ívcl inova-
Oengenheiro n1e e,nprestou u,n ção. Eutrópio. o da Epíto111<•. não pre- sicos quando pas-
1ivro sobre as graçus e encantos cisou se ineo1nodar por ,ninha causa.
da Maten1:.ítica. rvtas preferi a Associei-o co111 heliotrópio. unia saran1 a osenr1. Ioidsoas-
,noça - e os bolinhos. Por isso. nrío flor. Fixei-n1e na frase p11<'lla ca11ta- cer1. 1n
sei n1ulliplicar nún1ero que ten1 n1ui10 hat et dansal>at; agradou- 1nc a idéia
zero. Ponho ou não ponho no rcsulla- das 111eninas dançando e c:111tando. e 111en te, co 1n o
do todos os zeros do 1nultiplicando e a gente a declin:í-las suaven1cntc.
LACERDA do n1ultiplicador? Caulelosa1nen1e. Mas. por que havia de ser en1 la1 i111? 'cpearsstaa1s11paesvsi.ro- ~•
Entendo 1nuito ben1 a reação de
con1eço a 111ultiplicar por IO. depois Churchill. n1cnino. 4uando o profes- luosas depois
sor disse que 111ensa é o vocativo de que n1. ngue,n1
por 100. ouso chegar a 1.000. alé con- n1csa - ô 111<•sa! - e ele estranhou:
seguir o resultado. Peço a oulro para as quer; e ul-
conferir: gcrahnentc está errado. Nas ..AI/as ('li ,uio Jato C0/11 a 1nc•sa!"
alturas de 1930. no Ginásio Pio A1nc- t i111 a m e n te .
ricano. fui aprescnt~fclo a u111a t:íbua de Os uran1á1icos. con1 boa vonladc .i
logariln1os. Creio que n1ais depressa ~ Fernando Pes-
entenderia unia estcla de hieróglifos.
Não 1nc gabo: n1as acontece a qual- gente consegue cnlendê-los. en1bora soa e Aquilino Ribeiro. o autor de
quer fa1nília ter u1n filho que prefere. eles se dcsentcnda111. O que não
cn1endo é con10 se pode ser gra111,íti- Q11a11do ao Gavi<io Cai-lhe a P,•na.
ao. s d.a Matcni.ítica. enc:intos ,nais lan- co an1ador. Quando saiu n1inhu tra-
dução de J1ílio Cc:.w,r. de Shakespea- U111 dia hei de pron1over uni recital de
g1vc1s. re. uni baiano inteligente n1as r:1nhe-
1a quis fazer co111igo o que Carneiro Fernando Pessoa. por gente que saiba
-~ Ribeiro fez co,n Rui Barbosa: na bri-
. ga dos baianos. o prin1eiro levou con1 ler para gente que saiba escutar.
a Ri:plica na cabeça. ~1as prefiro
aprender Rui a aprender Gran1ática. J\h. o Grande Cais donde Parti-
Gostei. sin1, ele ler algun1a coisa da
Cresto111atia Arcaica. os CC111tares de 111os c•111 Na,·ios - Nações! Não é só
Do111 Di11i:. essa língua arcaica que é
a do povo de outrora. seu recado porque nlinha filha o adora. é porque
através dos séculos. l ln1 desconheci-
do ta111bén1 n1e escreveu aponlando - be111. ela 111e deu uni curso de Fer-
vârios cacófatos na tradução. E
C:11nfics que dizia: ..A/111a 111i11ha nando Pessoa e cu fiquei tão pedante
gentil que u• partistes?.. E Filinto
que ,nc atrevi a ler alto a Ode' i\4aríti-
Elísio: "Lá rri11a111 as ares?" ...
111a a An1,ília Rodrigues, este ano.

aqui e,n casa. Quando Amália can~ . .

tudo pode acontecer. Uni dia 1 ' .
\

pedirei para cantar en1 grego. e todos.

vão entender. A não ser nessas condi-

ções, acho difíc il gostar das línguas

n1onas. Não gosto da ,norte, en1

geral. Não só porque é triste, tan1bérn

porque dá certa encabulação. corno se

A revolta do .l.í co111 a Gran1:í1ica. as queixas sf10 qucn1 fica tivesse 1nedo daquele que
reciprocas. É uni caso de inco,npati-
Forte, tida bilidadc de ~cnios. Escrevo ele ouvi- vai pergunt:ir: por que eu e não você?

como um ~ Não gosto d:1s línguas n1or1as,
episódio na
do. corno toco no piano os pri1neiro pela 1nesn1a razão que não goslo de
história dos acordes da :iria do Guarani: "Sinto
11111a força indôn1ita." Forçado. para ver as pessoas n1ortas. Quando vi o
golpes, mudou passar no ex:11nc. a fazer a anato111ia
o rumo do país. de urnas e:-:trofcs ele Os Lusfrulas. prin1eiro defunto recebendo visitas
parcL·cu-,ne que estava eviscerando o
poeta. Na gruta de Ca111ões. e111 na sala da Rua Alice. tive unia in1-
1\1:tcau. o ano passado. pedi descul-
pas al, seu h11s10. enquanlo 1111s chine- pressão que scn1pre se repete. O n1or-
ses jogavan1 caxang:1 e111 chin~s.
10 tende a julgar con1 severidade os
;\final. C:1111ücs niio fez Os Lusía-
das para dcscn1h11rr:1r n1e11inos e si,n sobreviventes. A alguns pergunta,
para inspirar 11111 povo. Eis toda a dife-
rença entre alfabetização e educação. entre unia coisa e outra: "Q 11C' veio

Na Geografia fiquei e111 casa. isto é. .fazer aqui?.. Aos que den1oran1 pou-
est:1111os qu itcs: contanto que niio 111e
co, interpela: _ ;•Já ,·ais?" A outr125i.1
1

estranha: - "Hú quanto re111po ,_ .,

~e ,·ia.'" Desculpa-se con1 as pessoas •

1111porta11tes: - "Nâo precisa,·a se

i11co111odar!" Jü vi uni n1orto dizer a

uni sujeilo con1 o qual linha contas a

ajuslar: - "Agora é que ,·ocê. nu:

aparece!" No 111eio da noite, os dia Deus nos deixará decifrá-lo. Mas Carlos Lacerda, ta. na casa de rneu prin10 Heilor
em 1936, foi Monteiro Espínola, então diretor do
A ivos co1neçan1 a se preocupar uns não tenho pressa. Por n1in1, a chara- Selo, no Ministério da Fazenda, e
obrigado a sin1patizante do integ ralisn10. Nessa
4°""eon1 os outros - del'ia se deitar 11t11 da pode esperar. refugiar-se da casa e1n Santa Teresa, nun1 reu1anso
de carinho. vivi alguns meses. Do
e J)OI/CO, 101'1/(' ao f/1(!1/{)S 11111 cafezin ho Por essas e outras considero con1 polfcía política. terraço nos fundos , via o Ca1111nbi e
- enquanto o 1norto, que passa para Era, então, a Zona Norte, as luzes piscando; e
segundo plano, espera a hora de o pouca rnclancolia e 1nui1a curiosida- ali dei aulas de Francês aos filhos do
1ivrarcrn daquele constrangi1nento. acusado de Heilor: e uni seu cunhado, dentista
J.í houve quen1 lcn1brasse a raça de o espetáculo dos que se apega1n comunista. da Força Pública do Paraná. n1e tra-
esquisita dos que têrn inveja do n1or- tava os dentes con1 uma broca movi-
to porque é o dono da festa. Os que dcn1ais a cerlos triunfos n1on1entâ- da corn o pé na qual pedalava
1no,-ren1 n9vos se1npre me dão pena. enquanto cu gen1ia - pedia que os
Por 1nais que os anin1en10s con1 a ncos e gen1e111 ao n1enor sinal de arrancasse para não cloere1n 111ais.
promessa dô paraíso. ninguén1 sabe Era uni pouco con10 aquele rneu
se leva o endereço certo, ao passo vicissi tude ou percalço. A vilória me con,panhciro de escola que foi lratar
que a vida, sabcn1os co1no é: e é boa. unH1s con1plicações dolorosas; en-
H,í pessoas, poré1n, que nasce1n faz bcn1 con10 a derrota, pois se a pri- quanto o urologisla o fazia sofrer,
para sofrer e, por isso, não se i111por- n1urn1un1va: ''N<io cnnto. 11<io sei, não
ta1n de 111orrer. São as que 1nais pena rneira n1e pacifica, a segunda 1ne confesso." Treinava para o dia cn1
n1c clão, porque não sabem o que a que fosse habiln1entc inlcrrogado,
vida vale quando se descobre que a estimula. Nenhun1a me faz perder a con10 se diz.
111clhor razão de viver é viver. Aos 20
fQ.9s, cortei o pulso· para .acabar corn cabeça porque, afinal, vitoriosos ou Os edilores do La Bruyê.rc que
.a vida, porque tudo parecia acabado. ,nassacrei eram dois italianos anti-
vencidos, acabarnos se1npre perden- fascislas, Portracconi e Ta1nagni , os
O E aí, tudo co1neçou. Tudo o quê? prirnciros intelectuais italianos que
Tudo. As pessoas sem imaginação do o corpo intei ro. E o que fica não é conheci. Um, depois. se ai islou, en1
não cnlenderiarn. Mas é para as 1936, na Brigada Internacional, na
oulras que escrevo. Não escapei o que se ganha. é o que se dá. guerra ela Espanha. Havian1 fu ndado
son1cn te a aten tados dos outros, a Editora Alhena e, comigo. cn1
senão tan1bé1n ao que con1eti eu 1nes- Nem todos pensam assin1. Para 1934, uma Associação Ânlifasc ista
n10. Penso que escapei porque encon- nun1 sobrado da Rua Teófilo Otoni.
trei boas razões para viver. São tantas dar un1 exemplo 1nesquinho: já vi A associação tinha 1an1as correntes
que daria1n para várias vidas. Gosto quantos italianos a ela se fí lian1n1.
dnaa-ovei,duarnquceasDu.geou,s e,crui,onut.reOi.notrapbaarlahoa gente perde r eleições e alribuir ao Levan1os serões inlciros só discut in-
do os estatulos. Os co,nunistas fica-
bcn1-avcnturança. Não lhe peço o que n1eu apoio a sua derrota; e gente ra111 en1 minoria e, por isso, liquicla-
desejo, 1nas sitnples1nente o que Ele ra1n-na, isto é. cleixaran1 de pagar o
111c queira dar. E n1e te,n dado tanto ganhar con1o n1eu apoio e pelas 1ncs- aluguel do sobrado.
que fico sen1 saber se é n1odéstia ou
orgulho dizer. Mas ne1n tudo é para 1nas razões atribuir a si ,nesma a sua Já havia passado da idade eo1 que
ser contado, como fez. cen a poetisa, escrevia tudo ern letras de pauzi-
ela qual Cecília Meireles e eu ríamos vitória. O cô111 ico nhos, aos cinco anos, e do caderno
~to, na salinha j unto do elevador do de caligrafia, no qual a babá don1ava
li:', .Diário de Notícias . sede da Página é que todo inun- entre pautas os n1c11s chucros garran-
chos; tinha o ilo anos quando chegou
W de Educação, e,n 1931. Era 11111a "l\NRA t)\lO do sabe quais à Rua Al ice a notícia de que o Forte
são - 111cnos os de Copacabana es tava rebelado.
dan1a recatada, que declarava dedicar Ouvi os estrondos ao longe, os táxis
todos os versos ao rna rido. um senhor ANOS próprios. É co- da esquina tivcran, muitos fregue-
calvo e tranq üilo. Não sei corno se QUANDO O 1110 se saísscn1 ses, as pessoas ian1 e vinha1n na cal-
sentia ao ler: "Provaste 111e11 corpo. de casaca - çada , corno form igas, baixinho.
/)isseslC': é capitoso... fOl\lE DE com a bragui- apressadas. Logo de tarde. tudo vol-
COPACABAN. A. lou à cahna. As forn1 igas se recolhe-
As pessoas ele muita idade me dão SE I\EBElOU" lha abcrla. ra,n, ao anoi1ecer a rua se acendeu,
ainda 111ais pena dos que não morre- Fez-se uni os na1norados vieran,. con10 de cos-
ran1 antes delas, pois íreqüenten1cn- tun1e, sentar na cantaria ela grade do
1e os velhos carregavam consigo a grande bc,n jardin1 de laiá. O Forte de Copacaba-
chave da casa por assin1 dizer, o cen- na. que até hoje se nega a deixar dl!
tro do siste,na que por antigüidade traduzir, en1bo- ser unHt forlaleza para ser algu1na
prcsiden1, e lodos fican1 ao relento, coisa n1ais útil à segurança nacional,
na rua da an1argura; con1eçam as bri- ra mal, os Caracteres, de La Bru- uni grande hotel atrás e 11111 n111seu-
gas, que1n se visitava por causa do escola na frente, a 5 de julho ele 1922
velho passa a ignorar os alinoços de yere. publicados com o pseudônin10 fez. o que pôde. Chegou a acertar
fan1ília. Os velhos achan1 que são urna bruta rnecha na torre do Minis-
jnúteis porque são velhos. Mas, de Luís Fontoura. crn 1936. Estava tério da Guerra, nesse tempo 1nai:;
~.1ndo n1orren1. os 1noços só se baixinha. lá na Praça da República.
o habituàm a dispens.i-los quando por re fu giado da polícia como cornunis-
sua vez cnvclhecern.

En1 resu1no: o 111 istério da 1nortc
não é, para rniin. figura de retórica.
Desde cedo 111c convenci de que um

''Mais de mil serve n1esnto, para golpes é conside- tácio Pessoa. Então, para deixar un,
soldados atiraram.
Os nossos caíram rado excelente. Ao 111enos para ser exe1nplo, unia sen1ente de prótestrJ:,.
na areia, mortos eles saen, pela Avenida Atlãntic~1
ou feridos''' to1nado, con10 fez no golpe de 64 o

valente Coronel Montanha. que sal- como cstavan1, un1 sen1. perneiras,.

tou de uni táxi e conquistou a forta le- outro de dólrnã desabotoado, u1n

za co1n unia tapona. vários palavrões fu1.il, outro de revólver. No canti-

e um ( 1) revólver. Até para guerra nho, u1n 1noço gaúcho cha1nado Otá-

civil tenho dúvidas fundadas, pois ao vio Correia, que dizem rico e soltei-

sainnos no 1·a111andaré, na chuvosa ro, entusiasma-se e, de chapéu, pale-

manhã de 11 de noven1bro de 1955, tó e gravata, co1no se fosse para un1a

os dois fortes, o do Le1ne e o de festa , junta-se aos rnoços fllrdados

Copacabana. atirarant en, vão. que ca1ninhan1 para o sacrifício.

Na volta, o Altnirante Pena Boto Na esquina ele Hilário de ,!,Gou-

fez questão que o cruzador passasse veia, dizen, lá ent casa, mais de mil

rente à praia, co1n todos os alto-falan- soldados do governo começaram a

' S erá por isto que a altura dos tes de bordo tocando o Cisne Branco, atirar. Os nossos caíran1 na areia,
prédios de Copacabana é
LAC ERDA regulada pela linha de tiro das o hino lírico dos 111arinheiros; ,nas já rnortos uns , con10 o Tenente Carpen-
fortalezas que ocuparn o lugar de
dois hotéis de turis1110, unt no Len1e. havia ordem de não atirar. Quando ter e o paisano Correia, feridos
outro no Posto 6. cada uni dos quais
pode render ao Brasil 111ilhões ele passan1os pela Fortaleza São João. outros, como o Tenente Eduardo
dólares por ano? lnclividualincnte.
cada uni concorda. Colctiva1nente, escondida no n1orro, visto apenas pelo Go,nes. Siqueira Can,pos, que
ninguént. E essa paura que deu nas
pessoas de dizer a verdade aos n1iIi- lado do 1n,1r. havia un1 sinal de ban- sobreviveu. veio a n,orrer no acid~n-
tares. nascida do rnedo e do incon-
fessado desapreço que tê1n por eles. deiras que o Ahnirante Sílvio Heck te de avião no Uruguai. quando ·.p~~~
precisa dar vez a lllna linguagcn1
franca de quern não 1nenospreza nen1 rne deu a espiar no seu binóculo. As parava, co1n o bravo e senti1nenta •
tern n1edo de ninguérn.
bandeiras, enfileiradas, con1punha111 a João Alberto. en1 1930. a frente
No governo Jânio Quadros. e1n
1960. o hoteleiro Conrad l·lilton frase: VIVA A MARINHA. Mas o entre os te11e11res. a juventude rnilitar
insistiu e111 fazer uni hotel. con1
n1useu 1nilitar. salão Caxias, baile General Lott. 1ninistro da Guerra. e os con1unistas, que afinal desisti-
internacional c1n benefício das obras
sociais do Exército etc .. na ponta do chefe do golpe legalista. já mostrara n11n, a união con, a dissidência da
Arpoador. O Presidente Jânio. a
quen1 falei. disse que aprovava. n1as que tinh,1 n1aioria: e toda a questão se oligarquia política, chefiada por
1ne pediu para obter a concord,incia
do n1inistro da Guerra. O tvlarech,11 resun1e nun1a contabilidade cívico- Getúlio Vargas na Aliança Liberal,
Denis. con10 cu esperava. concordou.
O Coronel !·leitor de Caracas Linha- n1ilitar: Quantos tanques ,·ocê t<•111 ? E que era u1na frente arnplíssilna.
res foi incun1bido de tratar do assun-
to. Mas o con1;111dante da Artilharia você? Poucos, 111as qu<•ro brigar. Nâo Depois do n1assacre da Avenida
de Costa achou rui1n. Nada feito. É
que. parece. se para unia guerra inter- Jaça isso. pense na.fa111ília! So1nados Atlântica. o Presidente Epitácio Pes-
nacional o forte não serve n1ais. e não
os tanques. recolhen1-se todos e soa foi visitar os feridos no hospital.

C o,neç a 111 os Junro ?t canta de Ne\l1ton Prado. gra-
~
aln1oços de con-
ven1ente ferido. co1nentou: "Tanta

fr:l te rn iqzuaaçi.sãose, /,ral'1tra 111a/ e111pregada!" O rnoço
apo, s os
"Opft\MC\Pl\l cuspiu. virou-lhe as costas e pouco
REftÓ\00S
encerra o expe- depois n1orreu. A filha de Epitácio

dientê. e se dá Pessoa. hoje nu1n convento, d,í uma

QOlPES MO pariida l't decep- versão diferente. Ne,vton Prado teria
ção. É isto que
11\AS\l ÉO se ten1 chan, a- dito: "S<ío coisas da l'ida. Sr. Presi-
lElEfOME" do de revolu- ~
dente." E 1norreu.

De tudo isto parecia não ter fi ca~.

ção. O prin- do nada. a não ser uni longo poe1na

c ipa I heró i de circunstância. publicado no Cor-

dos golpes no Brasil é o telefone. reio da Manhâ e atribuído a Olegá-

Creio que por isto é que a Light é tão rio l'vlariano. Colecionei recortes, fi z

:1<hnirada e foi tão beneficiada pelo u1n álbun1 co,n a fotografia famosa

golpe de 64. a ponto de lucrar n1ais en1 dos 18 can1i nhando pelo asfalto jun-

lrês anos do que e1n 30. E sen1 aun1cn- to 11areia. 1-iá pouco te1npo o Briga-

tar de u1n centavo o capital de seus deiro Eduardo Gon,es revelou que

acionistas. fez o n1aior banco de inves- os 18 do Forte erant 12. "Por que

ti1nentos - só co1n o lucro desses três 111111c·a disse antes?" - perguntou-

:1nos de c.overno r1•1·0!11cio11ário. lhe Afonso Arinos. "Porque 111111ca
~
E1n 1922 não foi assin1. Os rapa- 111e pcrg11111ara111."

1.es da Escola Militar brigaran1 para A revolta do Forte. que na oca-

valer. E os 18 do Forte, depois de sião passou conto u111 episódio a

1nandarcnt en1bora quen1 quiser, 1nais. na longa historia dos golpes e

reparte111 a bandcir.1 nacional en1 intentonas. n1udou o runto do Bra-

pedacinhos. cada qual leva unt reta- sil. Acirrou-se, por uni lado, li rea-

lho junto ao pcito. Seu co111andante. ção da oligarquia_ que o dontinr, ,
Aperfciçoaran1-se os processos ~ 1
o Euclidl'S J-ler111cs da Fonseca, o

> Xiru. é preso qi1ando vai parlan1cn- controle p~licial. de clon1ínio políti·•

-3a tar con1 o governo. Eles nfio qucre1n co. de sufocação econõn,ica pelo

< bon1bardear a cidade inutihncnte. processo de cncolhin1ento do Bra-

Reunião da UDN, ao ser fundada, em 1945. Aparecem Estão perdido~. a turn1a do n1uro sil. ultintan1ente tão ben1-sucedido.
Flores da Cunha, João Machado, Raul Fernandes, Otavio
Mangabeira, Virgílio Melo Franco e José Augusto. Em pé, e.arante a vitória ao governo de Epi- Deu-se ênfase ao complen1entar.
atrâs, Odilo Costa Filho.
~~

,~.."' ... Fernando pa·ssou, mais tarde, da
abstenção ao comunis1no.
·r~:f,;! ' •I
Artur Bernardes veio de Minas.

'/~,gl i eleito presidente. Minha 1nãe tinha
!-evado meu irmão para con1prar
t,·r'fn · unia roupa na A Capital, dos irn1ãos

Carv,!lho, do meu muito querido

Lauro de Souza Carvalho, renova-

dores do comércio carioca, criado-

res da loja de varejo moderno, na

Avenida, esquina de Ouvidor. De

repente, uma zoada na rua levou

, ' v~,.,, l todo n1undo à sacada. O cortejo do
presidente eleito apontava na Ave-
(' l.,'. 4' nida. E toda ela zu1nbia, rugia, sil-
vava, vaiando Bernardes. Cuspiram-
1 1-• ~ •lhe no carro aberto, gritaran1-lhe

~ ~ ... i

que é a 111oralização dos costun1es Fundei tambén1 u1n jornal ma- Afonso Arinos, i1npropérios, a polícia in1potente e o
Lacerda e Artur
políticos. etc., rnenosprezou-se o nuscrito, O Forq11ilhe11se, exent· Bernardes F?. povo triunfante. Os 18 do Forte, na
plannênte cabotino, tnislo de mani- Avenida Rio Branco, já não eram
principal, que é a consolidação festo e folha hun1orística, ent torno Sobre este, 12, eram 1nilhares. Nilo Peçanha,
cio qual surgin1n1 brigas. risos, anto- Bernardes até então tido por hábil político , à
nacional no plano cultural e econô- res. Organizan1os - tão numerosos moda tradicional, transfigurou-se
CL diz:
iQ]co. Mas a semente do protesto "Superei no cllndidato da Reação Republica-

e., genninou. Nunca 1~1ais o Brasil se

~ confonnou, por 1nu1to 1en1po. co1n a éra1nos - dois ti1nes de futebol. graves
ressentimentos, na, que meu pai levou para as ruas.
continuidade da inércia e o êxito da Cheguei a jogar regulannente, des- referindo-me à Maurício era utilizado pela oligar-
mediocridade. calço ou de botinas , até encerrar quia, na dissidência que então se
minha carreira, j tí n1íope e confina- posição de abriu, ,nas nen1 ela o estin1ava nem
Sollo. 111eu pai ficou ern casa de do ao gol, quando o Terezense, Bernardes ele a poupou. Sua palavra era uni
meu avô, na rua do Leão, onde a polí- enxertado com jogadores do Rio, face à ditadura."
cia não ousava ou não quis ir buscá-lo.
protesto novo, que alterava o 10111 e
Co1no unt bicho enjaulaclo. ele andava vazou sete vezes as nossas traves.
dava i'ts mofinas querelas uni rit1no
de um lado panroutro. subia e descia a No can1po inin1igo, jun19 do Foro,
de revolução.
escada, desinquieto; e cu subia e des- defronte da prefeitura, pela qual
O Partido Cornunista fora funda-
cia co111 ele a todn hora. Até que cxcla- lutavarn o n1eu padrinho João, na
do a 25 de m,1rço de 1922, 1nas con-
1nou: "Pára, 111e11 o posição , e o Córoncl Ladislau
sistia nun1 grupo de intelectuais sem
filho! Que 111e11i- Guedes, chefe do part ido governis-
1naior expressão, e unt grupo de líde-
110 agitado!" ta e em preiteiro da estrada estadual,

Da tensão do ao cntrnr o sétin10 gol. de pênalti, res sindicais ainda influenciados

Rio 1ne afasta- um sujeito antipático que ficou pe la tradição anarco-sindicalista

ra1n. Con,eçou encostado na trave n1e di sse: portuguesa, italiana e espanhola.

uni período ..A1e11i110. que111 foi que disse que Meu pai introduzia

ent que desco- você é goleiro?" no cleb~te político a

bri a vida ru- Assi1n passei aqueles te1npos, agi- questão social que

ral. nunta fa- tados e densos, ·entre uns meses e Leão XIII trouxera ao

zenda de ver- outros de vadiagem no colégio, na inu n do e1n 1891,

. dade, não uma relativa paz da nossa Verona rural. depois de Mftrx en,

chácara de mangas, a faienda onde aprendi muito sobre li vida. 1848-49, ,nas cnt ter-

de n1inha tia, a Forquilha, depois "Fora de \terona o 111u11do não exis- n,os atuaiizados e

vendida ao Sr. Vicente Meggiolaro. te" , diz Shakespeare em Ro111e11 e positivos, cm vez de

Nent tudo na fazenda era vida Julieta. "Na bela V,, e.ro,n. a. onde termos polê1nicos
rural. Fizentos uni teatro. onde fui arn1a111os o 11osso c:e11ar10. do n1arxisn10 -

empresário, autor, ator. ensaiador, Mas longe dessa vida agro-hipo- e 1n b o ra to Ih id o.s

ponto e tudo 1nais. Dancei no palco, lítero-dançante-sent intentai, progre- por não lhes poder dar sentido de

cont 1ninha innã. o tango que apren- dian1 os resultados do levante do Forte organização política. Só os ateus e

dentos no Uruguai. e1n 1930, La de Copacabana. Numa carta de 1923, os fariseus, estes ntais nu1nerosos

C11111parsita, caprichada, arn1ei 1ne11 tio Fernando escreve a meu avô: do que aqueles, se espantam con1 a

l cenários,. apanhei os lírios cio brejo, "O Maurício prossegue de faro na recente encíclica de Paulo VI. que é
con1 que enchi o palco parll o baila- sua du1·idosíssin1a faina de querer o dcsenvolvintento lógic~ da Reru111

do das primas esvoaçantes; e meus endireitar os politiqueiros do Brasil. • Novaru111. O Presidente Artur Ber-

prin1os nu1is .velhos, o pacato tio São rodos ho111ens !,arbados que se nardes encarnllva a orde1n consti tu-
Sílvio, com sua filharada , que ado- afizera111 ús tricas e Jurricas e111 que c•ional,
• n1ais do que ii;t•o, a ordern

rava. e o João. o padrinho de crisn1a se cluif11rda111. para seguire111 as tri- clo1ninan1.e. O seu estilo autori tário

~uc escolhi, de que1n outro dia não lhas 111ais !itnpas. Penso que o só não era do gosto dos políticos.

~ ousei n1e despedir, porque prefiro ca111i11ho a .H'!aiir pelos que não pac- cevados no jeitinho e na 1nane1no-


lência. Mas engoliam-no, porque
~ conservar a imagen1 cio belo galã, t11an1 co111 esses descritérios seria a
era o condestável da salvação do
1nodclo de todos nós, que ele era, abstenção. se acaso não representas-
que havia de estático, de in1óvel, de
animavant co1n uni dinheirinho para se tah•ez .11111a .falta de á11i1110 indigna
contprar os pertences e acesso' n.os. estag11iú1te na vida nacional.
da idade" e da tên1pera de Maurício."

Aboataria qu'e ' •• ..
atormentava o
governo m(Jbilizou pelo General I~idoro Dias Lopes. via ele ajudante e fazia as corridai. con1
Mas as grandes questões nacionais
uremparepssoa-líotica de resolviam-se e1n valsa lenta para pia- ele; por isso estava informado de.tod,~
no, cartas de reco1nendação, conver-
sas de banqueiros internacionais que as estórias da rua: o deputado paulisl' ·
vinham fiscalizar as finanças nacio-
nais. E a intenninável parolagen1 da que tinha un1 a1nor lá en1 ci1na, a c?s~ •
politicage1n, que sobrevive a todos
,os golpes, e dura até hoje. tureira que ia experirnentar o vestido

Os presos a1nontoava1n-se nas da ernbaixatriz, o casal ele pazes feitas
cadeias, erarn n1andados para Cleve-
lândia, perto da Guiana, onde n1ui1os na curva da Travessa Fernandinha,
n1orreram de febres, e para a ilha da
Trindade. quando não ficavan1 na hoje Rua Mário Portela. E as estórias
geladeira. ou n1orriam, co,no o nego-
ciante Conrado Nierneycr, defenes- do repertório particular do Massaruca,
trado na Rua da Relação por poli-
ciais. Nossso vizinho João Daudt que con1eçavan1 todas assin1:
Filho subia no mur.o que separava d.i
nossa a sua casa na Rua Alice, antes - Chovia...
de ir para o laboratório em que fabri-
cava o Brornil, a Saúde da Mulher e a Sempre chovia nas estórias do
Pon1ada Boro-Borácica. Fazia co111i-
go corno o tronco de árvore e111 que o Massaruca, corno na peça de So,ner-
gato novo afia as unhas: - " O Ber-
nardes é que é presidente! Mere a set Maugha1n. Acho que chovia nas
canalha na cadeia! Presidente batu-
ra!" Podem imaginar o troco que cu suas estórias porque dia de chuva é
dava. Minha 111ãe me ralhava: -
' A os n:iet~s olhos, Be~nardes era o "N<io se di; isro a 11n1a pessoa 111ais de rnuita freguesia. O Massaruca fez
Anucnsto. Conspirava-se por velha!" - "Mais velho. ,nas se111-
LACERDA toda parte. Dona Nuta Bertlett vergo11ha!'' E torne desaforo na ponto na esquina
J,unes, 'filha de Vitório Monteiro, Pornada Boro-Bonícica. Esse bo1n
"Um capitão de i1npri1nia clandestinamente e conse- gauchão, que deixou un1 sirnples deli- da Rua Alice n1ais
engenharia guia. fazer distribuir utn jornalzinho cioso livro de 1nen1órias, pioneiro do
·.Jevantou o revoluciontírio. O Cinco de Julho. anúncio co,nercial no Brasil antes do "MEU PI\\ de trinta anos.
13atalhão e Agora, tudo conspirava, tudo passava dcsen1barquc das agências an1erica- Quando n1orTel1,
a boatos. A boataria que atonnentava nas de publicidade, pirraçava assirn f\COU por volta de 5 l,
aderiu à o governo mobilizou uma política 111.1s gostava de 1nin1 e cu dele, a vida
requintada na delação e na violência. toda. pl\ESO oo\S ,fiz a Tribuna.-" "'
revolução Na Chácara do Co1nércio, um grupo
paullsta: 1neio estourado convenceu tio Fer- Na esquina, o Massaruca. un1 I\NOS SEM h11pre11sa. que:
Prestes, nando a deixá-los arniar ali un1a n1otorista italiano, co,nprou depois acabávarnos de
barbado, foi o conspiração de opereta, cheia de un1 t,ixi Studebaker to111ara que chova, pl\OCESSO fundar. inau-
herói daqueles idealismo, mas vaga e desatinada. de capota dura, que era o nosso orgu- gurar na fa-
meus dias de Meu avô, já doei:ite, nada via de anor- lho. corno se fosse da fan1ília, que NEM \NlEI\· chada do café
protesto e nu1l na casa, sempre cheia de n1oços, nunca teve automóvel. Meu irmão ser- I\OGl\lÓll\0"
esperança." de visitas e hóspedes, nun1 vaivén1
constante pelo qual eu transitava, da esquina urna
transido e tenso, apre ndendo pelos
olhos e pelos ouvidos. Certa 1nadru- pequena placa en1 rnernória do
gada, Rosalina - aquela que rneu tio
Chapot-Prevost operou en1 1905 - n1otorista que curnpre .os seus deve-
viu pela veneziana do sobrado estra-
nho movin1ento en1 volta da casa. Na res como urn estadista deve c11111prir
1neia-luz da 1nanhãzinha, vultos anta-
reios cavava1n trincheiras. urna os seus.
arnbulftncia militar estava junto do
depósito das n1angas, havia fuzis e Quando mais tarde, cm 42, Letícia
annas ensarilhados sob as árvores. as
fardas c,\qui do Exército ton1avan1 chan1ava o Massaruca para levar o
posição. Rosalina despertou a casa.
Era o cerco n1ilitar para prender os n1enino ao médico, ele contava a estó-
conspiradores. Dizia-se, no Rio. até
que o Capitão Chevalier descia de ria favorita, a do dia em que 1neu pai
avião no terraço da casa, un1 recorde
de boato. U1n oficial apresentou-se e saiu da prisão, eleito vereador:
o n1inistro do Supre1no foi recebê-lo
à porta da sala de visitas. Trazia - Chovia...
orden1 de revistar a casa - ''D<'pois
que 111e 111arar" -. disse o rninistro. O Meu pai ficou preso dois anos e
oficial hesitou, con1eçou un,a nego-
ciação difícil, ,ncu avô não cedia; até quatro 111cses, a partir de 1924, sen1
que alguns rapazes fugiran1 pelo n1or-
ro e outros resolverarn se entregar. processo, interrogatório, defesa ou

A indignnção nacional contra o acusação definida. Passou ele cadé~
estado de sftio, que durou todo o qua-
driênio do Bernardes. traduzia-se por en1 cadeia, da Casa de Correção para • .
toda parte en1 anedotas e conspira-
ções. E,n 5 de julho de 1924. estoura a ilha do Bon1 Jesus, daí para o Quar-
a revolução de São Pnulo. chefiada
tel dos Barbonos. depois 'sede da

Polícia Especial. Al i lhe deram uma

! 'õt'.º...<- ~;.,, fJJ. J,.. •l, ~ ..!·.-,
--~r ---~, ~"1 ·.:;7,-..!...Ão._ ! .
-- . , -~~~~

~ . " - ~~· J

~~
. - ~~"':~-~ fl;;~=·.~ t""-'""',-._..-
••

f ... .,

J- \'

. 1/ : ,

_I •• ./



•- -

o . ., ,t 4..,

..
1' · Y
. "'.<: - •I 1 • ,

-!:,':,!

n1oeda esl!ixa fir- pequeninos, generosa1ne11te pagou o

1ne, o estado ele sí- Pio Americano para 1nim.
Ci·escia e,n nós a revol.ta. A·pátria,
tio garantia a nor-
a nieus olhos, tornou-sé umf1 criatura
1nal idade aparen- a salvar, literaln1ente amada e idola-
trada. Os políticos, con1 raras exce,- .
te, que era a n1e- ções, vivian1 dos en1pregos que
arranjavarn,. conseguindo votos,
diocridade real. fazendo-se favores uns aos outros
para sustentar a curriola. Os rerne-
Seguro de sua au- diados, ainda rnais do que os pobres,
quand·o os filhos chegavam à idade
toridade, guarda- ele trabalhar, saíarn atrás de un1
en1penho, uma-carta ele apresentação.
va-se distancia do Os pobres, esses, não tinharn rela-
ções, portanto não se ernpregavan1,
povo, salvava-se a' ill ugavan1-se. - "Você, o que sabe
fazer, rapaz?" - "Qualq11c•r coisü."
pátria da anarquia. - o que significava coisa ne11hur,1a.
"Te111 carteira de eleitor?"
Era a sincera con-
A pátria tornou-se a Dulcinéia de
vicção do presi- urn Quixote de calças curtas. Até
naqueles brinquedos grotcscarnente
dente, .1arreelpareseenrvs1i,u- heróicos. en1 que arruniava dois bara-
com lhos con10 dois reinos rivais. O exér-
cito de peões eran1 as cartas ele 8 para
~ vel coerência. baixo; o 9 e o I O eran1 oficiais. O
g Isidoro saiu de Valete de Espadas apaixonava-se
pela Da1na de Copas, filha do Rei ini-
' _. ' 'g. São Paulo para a migo de sua família, arnantes juvenis
reunidos nurn coração de criunça. A
' < cidade não ser invejosa Da1na de Ouros intrigava o
Rei seu pai para se aliar ao Rei de
1nJeção que infeccionou, ele quase "Apérteí a mão 1nais bornbarcleada. En1 Santo A• ngelo Paus e invadir o país de Copas. O pai
morreu: quando parecia agonizante da 111ocinha caía prisi()nciro e era
do Presidente un1 capitão de engenharia levantou o guardado pelos dois Curingas. O
(~ -pern1itido, mediante en1penho, que Príncipe de Espadas. a galope sobre a
~ 1 h a mãe e nós lhe fizéssenios urna Artur batalhão e uderiu à revolução com, um rnesa da sala de costura, salvava a sua
Bernardes, Dama e sua Pátria, após sangrentos
W visita à guisa de despedida. O cartão apesar de n1anifesto de fundo positivista: "A conibates nos quais n1orria1n as cartas
tudo oque ele que caíam ele costas e ficavarn vivos
do Ministério da Justiça dizia: U111a orde111 por base e o progresso por os soldados ele cara, isto é. de naipe
visira. Sobreviveu, porén1 , e foi para a me fez sofrer. para ci1na. O naipe que tinha n1ais
C.1sa de Saúde São Sebastião, onde firn." Chan1ava-se Luís Cactos Pres- cartas de cara para cima era o vitorio-
ficou preso sob vigilância. até que Tínhamos so. Se,nprc que a conta era a favor do
em comum tes. Con1eço11 a marcha da coluna de Rei de Paus, o maior vilão, a batalha
rneu avô 111orreu, acabou o dinheiro e rccorneçava até dar certo. Proclama-
anoção do revoltados que recebeu o nonic do seu da a vitória, havia a solene procissão
do cas:unento do Valete de Espadas
dever." comandante. Juarez Távora, .Osvaldo con1 a Dama de Copas. O nialvado
Valete de Ouros era preso sob aguar-
Cordeiro de Farias, Filinto Müller, e da dos n1esn1os dois Curingas, que
aderiam ao novo governo. Quanto à
ele não pôde pagar o hospital. apesar os que rnorrerarn, e outros que depois Dama de Ouros, era perdoada e ia ser
camareira da outra. Mas solteirona.
da arnizade e boa vontade do diretor, conheci, con10 Trifino Correia - que Era assin1 que cu representava a ver-
são infantil do sonho ele justiça e
o Dr. Simões Correia. Foi então para rne deu urn pente de balas de un1 fuzil liberdade pelo qual n6s sofríarnos. E .

un1 quarto en1 cirna ·da cozinha do da coluna - , levaran1 pelo Brasil a Bernardes era o Rei de Paus.
Quando se fundou a UDN, nu1na
quartel da Polícia Militar, na Rua São revolução, isto é, a ânsia ele refonna e
assen1bl<:ia na ABI. e,n 1945. não
Clen1ente. Ían10s visitá-lo, não. ían1os de progresso, que hoje Lê1n, arnbas, havia nieio de co,neçar a sessão.
Pedro Aleixo, hoje vice-pre.sidente da
suar en1 família. era urn forno. De- un1 só non1e: desenvolvín1ento. Pres- República, foi escalado para presidi-
la, en1 ho1nenagem à extinta Câmara
pois, para o quartel-gcrenral do Cor- tes, barbado. foi o herói daqueles dos Deputados ela qual·ele foi presi-

po de Bombeiros. O preso ficava de ,neus dias de protesto e esperança. dente até o dia do golpe de 3'7.

pijama sen1pre linipo, .seniprc esca- Lá ern casa, corn a morte de n1eu

nhoado. lendo, lendo, lendo, rabiscan- avô, meu pai preso e outras dificulda-

do cornentários na des, acabou o dinheiro para o colégio.

111argem branca O Grande Oriente do Brasil, através

dos livros. Euche- cio nosso prestiinoso vizinho, que

gava, tagarelava, tinha un1a filha chan1ada Nereide,

fil ava urna fru- pagou rninhas roupas e algunu1s men-

ta. depois ia pa- sal idades escolares. Quando governa-

ra o parque. on- dor, con1 pareci a duas sessões públi-

de andava,n cas da niaçonaria, houve que,n estra-

loucos rnansos nhasse, não entendi por quê.

e operados Fora1n os dias de nossa pobreza

-convalescen- envergonhada, essa cn1 que as 1nulhc-

tes. res entra1n ern pftnico corn a idéia de

Voltava para casa, S<'U Daudt não pagar uma conta. Minha n1ãe

no muro: "O Ber11ardes é que é conieçou a levar as jóias de farnília ao

batuta!" - e eu dizia quen1 era o prego; o anel que foi da tia Laura. o

' batuta. - "O pirralho é dos bons", presente de laiá, a pulseira do casa-

dizia ele, satisfeito. Bom era ele, n1ento. Unia a urna. Escondia dos

pois esta era a sua fonna de 1ne filhos, nu1s criança sabe tudo. Vi pela

fazer de.sabafar aquela rnágoa, primeira vez as cautelas do Monte-

aquela aflição. Socorro, co,n as quais se pagava o

O exército batia continência a colégio e se reforçava a pequena pen-

~rnardes, que encarnava a Consti- são da Marinha, do pai Ca,ninhoá, da

1{'\ tuição e as leis. O General Santa qual vivia minha vó, Dehnirinha. que
~ Cruz era chamado o Rapa-Coco, o
sustentava o casarão. Depois, o rnon-

General Potiguara recebeu uma bon1- tepio de rneu avô Sebastião ficou

ba pelo correio, a encomenda postal para sua irmã. E a tia Vinoca, míope,

estourou, levou-lhe um braço. A baixinha, piscando se1nprc os olhos

''Bernardes tinha que o prendeu. confinou e desterrou. tido co,no rancoroso. Estava. eo,no n~·
a certeza d·e que cn, 32 e cn, 37. Co1no se con1precn-
encarnava a Lei, a desse o que aquilo significava de últirna vez e111 quc.: o vi no plenário r!
ponto de prender, superação de graves e justos ressen1i-
ser preso, fazer 111cn1os. o l)epulado Arlur Bernardes. Câ,nara. de terno branco. o colarinh
sofrer e sofrer'' quando e111rci na sala do esc ritório
en, que Virgílio. para custear as des- -luzidio de gorna. de tuna elegância de
pesas da luta contra a ditadura. ia ~.
vendendo tudo o que havia ganho tra-
balhando en1 terrenos c seguros. Ber- velho. e111pertigacl1,. cioso de sua apa-
nardes fez urn ,!.!esto solene, ,nandou-
n1e sentar defront e da sua poltrona e rência. Não parecia ter 11111 1ninuto de
disse, presidcncialinente:
hesitação acerca do passado.
- Quero lhe• a,Qradc•c·c·r "genero-
sa r<'}<·rP11cia. ;.\ssinou o rneu requerirncnto. Por

Fez un1 gesto 1n,1jest.ítico. co1110 sua causa outros ass inanun e pude
qucrn encerra a .iudiência. Ouvi-o
falar algun1 tcn1po. ·rodo o seu ser 1:011s1i1uir a con1issiío. Depois, a irre-
vivia. unican1ente. de espírito públi-
co. Fora daí. pouco sabia das encren- sistíve l sin1patia pessoal de seu filho
cas do n1undo. aquele h<1n1en1 que
levou ilS úlli111as conseqüências a cer- Ar111r. a bondosa anli1.acle de sua
teza de que encarnava a Lei. a ponto
de prender e de ser preso. de fazer nor:i. Dona Sofia. fizera rn o resto.
sofrer e de sofrer. para defendê-la.
Uni hon1e111 sen1 ncnhurna experiên- Quando 111ais u1na vez. ele já ,nor-
1:ia da vida. pois sua vida foi do Colé-
gio do C,1r,u;a. dos jesuítas ela serra. il to, acusararn-no de ter in1pectido o
polícia. dentro da qual viveu. Era 11111
Brasil de exportar n1inério de ferro.

pelo eon 1ra to

N o r1:·ferido dia do rcfl·rido gol- co 111 o grupo
pe. encontrando a Cii111ara ocu-
pada pelo Exért:ito. o Prcsidcn- representado

pe lo inglês Per-

le Aleixo, revoltado. ton1ou 11111 t,íxi e eiva l Farqhua.,..,,.-

1na11do11 tocar para Belo !-1(.lrizonle. q u e c o II h,~ ;

LACERDA O auditório estava irnpaeientc. 1rans l'orrnado
quase duas horas de esper,1. 1\ final.
q u as e II u 111

Virgílio ele !Vic io f-ranco. <.:0111 uni n1 a II í a e o d a

sorriso an1argo. cxpl icou-nK·: o cx- sua rnal fada-

Pr<:sidc.:nle Artur Bernardes. figura da concessão.

inclispens:.ívcl por ser o ex-presiden- pedi a Ber-

te. eslava e111 casa. na Rua Valparai- nardes Filho que 111e desse as

so. di7.ia que nf10 ia provas. que alegava ter. jus1ifica1ivas

Carlos Luz, sc.: o Pedro i\ lc.:ixo da atitude do pai. Publiquei-a. Na
presidisse. O Pc.:dro
deposto, no 1\leixo n.io cedia. rea lidade. o Presidente 1\rtur Bernar-
achava uni desaforo
Tamandaré. etc. LJ111 dc.:ntista. na des niío foi con1ra a cxportaçiío de
Na vofta ao pla1.:ia. in1erron1 -
111inério de ferro. 1\penas. o con1rato
Rio, Pena Boto
Farqhuar con1inha 11111a cl.íusula pela
mandou tocar o
Cisne Branco. qua l este se ohriga1·a a c·o11.vrr11ir

pe11 u111 orador i1n- 11111a usina para exportar rninério. Ao

provisado <: gri tllU: ser publi<.:ado. o contrato não conti-

"C'h<'ga c/1' g111í- nha a 1: l.íusula prirniliva. Bernardes

l'ho!" Injustiça all cobrou a usina. ·reria feito a siderur-

Ri<, Grande. 111as gi:1 110 Brasil 1nui10 anles de Vol~ 1

explosão contra .. Redonda. Foi acusado. a vida 1od~' .~
de ter in1pedido. por n1ero capricho t'
al!!uns gaúchos de
•• falta de visão. a exporiaçào de 1ni11é-

expnrtaç,io. q ue

desde 19'.'0 Ol·t1pa- rio. Con10 cu fui chan1ado de i1nbccil

van1 tudo ,, que se e 111eu filho Si:rgio. que j,11nais se

podt· co111 pistol;io. Luís Carn ilo dt· s<:11so dt· 111 issiio que ele tin ha'! E111 111c1eu nesse assun ro. a1:usado de par-

Ol iveira NeHl - 11111 desses i111e lec- iodo caso. niio era 111istificaç;10. ticipar da co111pra. que o n1e u gnvcr-

t11ais que. possuídos de p:1ixi11> l'Í\'ica. l\llais 1arde. e111 1955. fornos cole- no fez dircta111e111e /1 f;íbrica. de dois

faze111 ludo ll ljllt' ()S polít iros n:'ill gas na C,1rnara. Prorurei-o para pedir geradores a óleo para a Guanabara.

fazt·nt. ck·pois os polít icos 11 1ra1a111 que assinasse 11111 requcri111ento de Eu sab ia que "sú ltú 1011" c11er•!!ia

Cl)lll(l 11111 a1naclor i111portun1l - criação de Co111issiio Parla111cntar de cura. E aq11<•la que 11tio se• r,•111".

aplaudiu ll apartt·. U111 fi lho do (,t·ne- lnqul5rito sobrt· a greve da Panair. Quando h11ávan1os contra o grupo

ral Flores da Cunha quis puxar rev!Íl - cujos gre\'islas t'U apoiava. Ele estava 1-lanna, que aplicou no Brasil. sern

,·t'r para Luís (';1111i lo. fl1i prt'l'is1, 1ra11sf'nr111aclo IH) poria-bandeira do freios. os n1é1odos de corrupção tle

levar o n1i11t·iro para n Caf~ VcrnK·- 11acinnalisn10. f'es1c.:j:1do pe[()s con1u- que foi acusada nos Estados Unidos. e

lhinho atl5 ,,s nnilllllS Sl' acahll:tl\'111. i: 11is1as e r1·spci1ado por Ioda gente. procur,ív;unos i1nplan1ar na Guanaba-

nada de 1\r1ur Ht·rnardes. ()s (·111iss:i- Enrre 111ís clois. da 111inha pane. os ra a usina sidcnír!•!ica da COSIGUA,
eni vão. desde 1961 a 1965. essa Han-
rios suc1·di:11n-s1·. da ,idadt· :1 'f i•juca. nossos 1orn1t~111os e privaçiics. o direi-
St'nl i:xi10. ,\final . l'llllll'ÇOU·SC St'nl
10 que 1nt· arrcb:11ou de ser u111 nit·nino na que o Governo Castelo Branco

ílernardes a Ul)N: dcp1,is t·le rt·abriu crto,·. 1n1c11.0aocso1o1u1 tros: srnearsv.iou respeito;\ coe- favoreceu. pensei no Presidente 1\- rtur ~) 1,.
que a.. s :-uas çertc- Bernardes e no aper10 de n1ão que 1
11 Partido Repuhlirano. t·sp.:cit· ck·

pn1pri<:d:1de sua. U111 dia. C1lnvoeada zas. l)e sua pal'lt'. e, justo. o ncccss.í- dei. apesar de tudo o que a sua 111iío

a C1111stit11iç:in dt' 4(), puhliqut·i 11111 rio revide de 1nt·u pai . qut· fa lou por nos fez sofrer. Tínhan1os eni con1111n a

:tl'li!.!() co1n .jusla ref1·r<?nci:1 :i atua~·:io nós e por 1nui1os. não era fút:il ele noção cios nossos deveres. E. a prcsc.:r-

do ex-prt·sidc11lt' Clllllr,1 a di1ad11ra esquecer. ;1i11da 1nais 1111111 ho1ne1n var. 11111 beni de fa111ília: o Brasil.

No próximo nún1ero: " A gente passa a metade da vida se prepara ndo para a outra metade"

lIli1.~.-. l. ~ j", ••

,1 Ir. t
.• 1'
1! -,_

1
·L · -....._ a
'•1•• 1
--~ •• .,
'1l\
►\ ' •f

1!• ,,J. '

•r •
••

INVEnno \ .•

INViiN14 -flEZ4
"1004
OUIIAcFM
L - - - ~ MNS D1. C{/L SH>uz

'ºº/{)fl,\S

/'AR,\ \loc'

CUR11P. t

C0\.1 fl_f

DESFÍJ.iEtraz mais de 100 idéias deliciosas para vestir e curtir. SAÚDE
DESFILEfala ele l10111e1n , das artes (la co11quista ,
IONVSWJfGOÁ"v",•OS/:
dos cuidados co1n ele.., e e11sina a se clefe11cler (los 111ais volúveis.
surNc:,os"
DESFILE 111ostra como criar 11n1 ca11tinl10
C4SA
~ J~1tor e1n ~as~~ ~orno J)re1)arar es1)etinhos, I'ªvês e J)ratos
tC)1A: 1NuTxINoHOs

Coz,NHA
P.fCflT~.S

RD1seoM1IoNs11ro·

El'A'ltS

<,;;·ap1d~s de liqi11d1f1ca<lor. . . ._
DESl~II.iE traz clezenas (le ass1111tos interessantes~ novidades

JlOlê111icas, co11selhos de econon1ia, saí1de ebelr.za.

Porque você pocle vi,1er 1nel!1or



l151õêhl

i!i:~J/t. '.: ._,.
• ..•..,.,r--:-',J..'.~;.......- --
. ..._ -.p --... -~< ... :-t.e..
. --"•··· ·..' ---.. '" .. •
=-~J..':.J_P•''.., r _,"-' - . --
' t-·-...<.. -' •••• p ,;j~

~ 1 ..·•..·.- _.,,, --

-.:.
••- - .. •J

•J

. ... -..,._ . -..•.• ..1•• ••

•. • •• • •k•••
~

t'~

''Rosas e Pedras do Meu Caminho''·@

.u.J.
.,. ·~· :ouzeJ
:<:;
I ' ' <--"'~

Duas rosas no caminho de Carlos Lacerda: a pintura e a filha Cristina. As pedras, geralmente, estavam no território político.
''O governo passado fez u1n retrocesso.
República. que con1eçou pela liberdade dos pre-

Fincou este pau de an1arra-burro. sos de idéias, se 1nostre con1 outra mentul idade

que é a Constituição revista. na nos- que não a de orientar-se para soluções 1nais dig-

sa estrada, e pensa que barrando-a con1 esse frá- nas do problema atual do Brasil inteiro. S. Ex'.! há

gil obst:ículo in1pcdc a passagen1 dos obreiros de querer 1nudar de rota. pelo n1enos por instinto

da en1ancipação. o ho1nen1 de agor:1, e de cons- de conservação política."

DOC UME NTO ciência pública. e o hon1c111 de a,nanhã. de cons- Não são palavras. agora. ao Prcsidenle Cosia
ciência social. (... ) Esta consciência prussiana e Silva. Há 40 anos, foram dilas ao Presidente

não pode pennancccr no conselho de un1 gover- \Vushing1on Luís. quando este co,neçou o seu

no que sabe que cslá jogando con1 a autonon1ia governo. Não por n1in1. que tinha 12 unos. Disse-

do Brasil, nun1a política financeira que não .is n1eu p<ti, nun1 discurso. etn 1927, crn dcfesu

pode ser resolvida co1n a desorden1 civil. Se do n1anda10 de Carlos <le Lima Cavalcanti. elei-

avançarrnos n1ais. aí então nos encontran1os. 10 cm Pernan1buco e esbulhado pelo candiduto

(...) Não acredito que o presidente alua! da do governo. Agan1enon Magalhães.

,,.Qpaís não se -cri.se econo1n1.ca •

Partido Co1nunista, que o repelia e 1nundia l , ele 29.
denunciava con10 uni caudilho peque-

~; senvolve porque no-burguês. militarista e demagogo. Mas importa ligar
não odeixam Teve de fazer graves autocríticas. nas
quais as principais víti1nas, espécie de os fatos, para
bodes expiatórios, eram 1neu pai e
seus con1panheiros da Coluna. Mas, encontrar- lhes o 1 ' <J

nexo. Freqüente-

1nente as pessoas

desenvolver-se netn assim, o partido que o catequisa- dizen1: critica-, se
c·om liberdade'' ra o queria. Foi preciso esperar que se,npre os gover-
virasse o catavento ideológico de
Moscou e cotnpreendessem lá quanto nos, no Brasil. nos
era útil ter no partido. cá. o que então
1n e s 111 os termos.

Por quê? Raramente

lhe faltara, un1 líder co,n base popu- as pessoas tiram daí

lar. A marcha da Coluna fizera dele a inelutável conclu-

B ernardes deixou un1it Consti- un1 sín1bolo. O comunisn10 faria ago- são: é que no fundo
tuição autoritária e un1a heran- ra u1n apóstolo. Só não conseguinun
ça de ódios. Washington foi fazer dele um líder. os n1ales são os
eleito co1no candidato único. en1bora
__._ en1 eleição direta. Os revolucionários O Presidente Washington Luís 1nes1nos. E co1no os
poderia ter dado anistia. que iria paci-
governos, no fundo.

são também os 1nes-

LAC ERDA estava,n cansados. n1uitos exilados. ficar o país. tirar 1nos. é natural que
dispersos. João Alberto, de que1n no pretextos. reunir
as críticas, no fun-

firn da sua vida n1e tornei an1igo, forças, senão to- do. sejarn as n1es-

pelas qualidades hun1anas que pos- ".coMBl\l\ das, e1n torno de n1.1s. A repetição

suía, confessou-n1e que ele e a maio- GO'JERNOS um obr,1 de cons- das críticas traduz a
ria dos ve teranos 1e11e111es. alguns POR MI\\S DE trução, ao n1enos
desde 22 e 24 - a conspiração do o suficiente para repctição dos erros.
Almirante Trotógenes Gui1narães. a 30 ANOS; 111anter u1n jogo
revolta do encouraçado São Paulo. GO'JERNE\ Varian1 . é claro,
democrático
personalidades, fi.

siono1nias, 1néto-

con1 o Com. Hercoli no C.1sc,1rdo, a CINCO" limpo. face à dos. circunstân-
Coluna Prestes. dissolvida e seus che- nação exausta
cias. Mas a verda-

fes. na Bolívia e na Argentina - não de ferin1entos e de. que essa repeti-

tinha1n idéia nítida do que querian1. correrias. Mas fez questão de ser fiel ção de críticas com-

Por isso é que uns fonun par:i o nazis- ao Presidente Bernardes. prova, é que os go-

mo. co1110 Filinto Mliller; para o Lernbro-n,e be1n do que foi a insis- vernos. como aque-

co1nunis1no. con10 Prestes: para o tência do apelo à pacificação. feito ao la canção, quanto

socialis1no. con10 Cascardo: para o presidente-candidato único. Pelo que 1nais n1udam rnais

então se charnou a são a n1es1na coisa.

sua tei1nosia - para no essencial, corn raras e intermi -

alguns exaltados. a tentes exceções. E o fato de n,uda-

se,,uuan1bau1r.rniJ.cUeS-t.1çao. que re1n as pessoas. esta ser ,nais s ilnpá-
nu1s
tica. a outra mais inteligente etc.. ....._

foi o que insistente- não altera substanciahnente a con-V

1nentc se disse e cl usão.

publicou. Washing- Ao longo de toda a n1inha expe-

ton Luís. que entrou riência de luta. co1n batendo gover-

con1 si111patias qua- nos durante mais de 30 anos. gover-
~
se gerais. e a cxpec-
nando c inco anos. trabalhando con10

1,ltiva respeitosa dos parla 1nentar duran te seis anos.

adversários, para escrevendo n1ais de cinco 1nil arti-

ser fiel aos ódios do gos políticos. afora outros. en1 cerca

quadriênio Bernar- de 37 dos n1cus 52 anos de idade.

des. faltou ao seu tudo o que 1ne faz parecer n1ais

dever para conl a velho do que n1e sinto, tenho o direi-

..ti nação. Fez um to de ser acreditado. ao afirn1ar que

,J,:J governo con1 pon- os erros no Brasil são. substancial-

"Bernardes deixou uma Constituição autoritária e uma herança de ódios. ·• tos altos. tvlas. de n1en1e. os mesn,os e decorrem. fun -
tudo. ficara1n duas
dan1entaln1en1c. das mesn1as e pou-

Rcannan1ento tvloral. co1no Juarcz frases: "go,·ernar é ahrir estradas" e cas razões seguintes:

·r,ívora: para o PS D. con10 Cordeiro: "a Cfll<'Slcio social é 11111 caso de po/í- 1. O Brasil ainda é atrasado

para o l'.arreirisn1<>. con10 Bar.11a, que C'ia". A prin1eir.1. si1nplista. a segunda ede,nais para pretender ser urna

• ficou dono da capi tania do Pará: - ao que parece - nunca foi dita den1ocracia adiantada. lv1as é Ulll

outros para nada. C<>rno João Alberto. assiin. A recusa de anistia. a insistên- país adiantado de1nais para se con- '

que perdeu a fé na luta a que dedicou 1:i~1 e1n governar con1 os cornparsas fonnar em viver sob tutela. É

sua ,nocidadc. Nas alturas de 29. j.\ que apóian1 todo governo. nada n1ais. 1nelhor ter uni.1 den1ocracia atrasada

cstav:1n1 fatigados. Prestes. não. Este esvaziou \Vashington. e n1elhorá-la do que não ter nenhu-
encontrara c1n Buenos Aires o seu ~
N:io é nlinha incurnbência. aqui . rna e, por não tê-la. não 1nelhorá-la.

doutrinador. Forcejava por entrar no historiar a crise. que se agravou pela O povo. agora. é que con1eçava a ter



1ncnos para a segurança nacional e111

terrnos de refonna de1nocrática do

Brasil. A intenção da 1naioria é

patriótica: !'vias seu notório desprepa-

ro se agrava na razão di reta do te1n or

que suas arn1as inspir.1111. e da hipo-

crisia e n1alícia com que a casta polí-

-,.,, 1ica e os grupos de interesses a

... envolve1n . Cada 111ilitar que se enga-

g ja na política ten1 sido, corn raras

-~ exceções. urn 111ilitar perdido e um

« político tão viciado. ou rnais, do que

"Washington os charnados políticos profissionais.
Luís poderia
ter dado Pois estes. ao menos. conhecen1 o
anistia, que
iria pacificar o seu oficio e até <>nde podem ir. Os
país, reunindo
forças em torno outros, não sabendo con10 f.1zer urna
de uma obra
de construção. política que não vira,n ainda fazer.
Mas, fiel a
Bernardes, n1eten, os pés pelas 111ãos e i1nitan1 os
esvaziou. "
piores 111odelos. certos de que são os

únicos disponíveis.

7. O Brasil. por suas responsabili-

dades e exigências, te1n de ser um

país de irnediato desenvolvi111ento,

não apenas de f,íbricas e negócios,

senão e ainda rnais rapidan1ente, de

uni povo cuja forrnação para a cida-

dania seja intensificada. Isto não se

faz son,ente pela aifabctização. 1nas

sorncnte quando a alfabetização for

apenas parte e conseqüência de un1

processo educativo básico, que for-

1na a perso11alic/ac/e do indivíduo. a

• capacidade• do prollu tor, a co11sciê11-

cia .,·,,eia/ do cidadão. a for111açcio

11u1ral do hon1e1n. para a qual os

governos têrn de contribuir sobretu-

do pelo excn1plo.

nas suas 111ãos o poder de decisão. O geir<>s do1ninantes. europeus antes. 8. Ncnoã1roensné1r0paorprr,ossrarc.aracnsaaossoq.ue.ixsetcooeseç, .o-gqeousv.acnre--
depois predo1ninante1nente a111erica-
Exérci to disse que o poder cio povo nos. que ora aproveitan1. por infiltra- ansoss1..n1
ção. ora guia1n abc.rtarnente tais
estava an1eaçaclo - e 10111ou-o para 1novin1entos e tais governos. Os

si. En1 vez de o devolver ao povo. ~ do calha de ser de hon1c1n capaz a

suprin1iu-o da Constituição. Portan- casos de resistência são raros e são indicação feita. despreza1n o 'Minis-
individuais. não colet ivos.
to. ou cu111pre o co1npron1isso e vo l- tério da Educação. O principal
5. Cria-se. assin1. o cín:ulo vicio-
ta i1 eleição direta. ou o que prat icou so. O país não se desenvoíve porque n1inistério do Brasil. criado sob espe-

foi unl ato de usurpação do poder não o deixa1n de- ranças gerais. pela revolução de
senvolver-se li•
que ten1o povo de votar para fonn ar vren1en1e. nen1 o 1930. son1cnte forn1 ulou unia políti-
ajuda1n suficien-
governo: poder que el.e não delegou ca de educação - a da Lei de Dire-
t e 111 e n t e p ar a
nen1 a deputado. nen1 • lanto. E COlllO trizes e Bases. proposn1 pelo Minis-
não se desen-
a senador. volve. perrna-

nenl a general algun1. nece ern esta- gtrooveCrlneon1DcnutteraM. earsióanvi oetan<1l~191438a.nno•os
do de rnenori-
2. O Brasil ten1 sido governado dade. Sua eli-
te política torna-
por un1a casta política. forn1ando uma se cada vez rnais escassa e incapaz. depois, con1 o nosso esforço. sob a
E,n conseqüência. perde até a capa-
olig,1rquia que briga entre si. ,nas não cidade de contornar e resolver. 1ncs- indiferença dos partidos e do Exérci-
n10 a lítulo precário. as crises provo-
larga o poder senão pelas arn1as. cad• as por sua incapacidade e subser- to - esse partido político.
viênci.i a tais interesses.
3. Quando as arn1as intervênl. 6. Os 1nilitares resolvern intervir: Nu1n livro que traduzi. O Dia e111
n1as nãl' estão preparados ncnl para a
gerahnente é para entregar ternpora- defesa n:,c iuna I arrnacl a, 111 ui to que Li11co/11 MorrC'11. há unia cena que

riamente o poder à fração da oligar- traduz ben1 o que quero dizer. Conta-

quia que entrou ern dissidência. se que na n1anhã do dia cnl que foi

Depois. por inépcia ante a 111,íquina assassinado, na desordcn1 da Casa

1nontada a serviço de interesses. cuja Branca. naqueles dias de guerra civil.

pressão aun1enta. essa nlinoria entre- unia pobre viúva forçou a passagern

ga de novo o poder à 111aioria oligár- no corredor. entrou-lhe pela porta

quica. que don1ina novarnente o país adentro e i1nplorou que ele fizesse

até o golpe militar seguinte. pagar a pensão do 111arido, que fora

4. Tanto o don1ínio da oligarquia escravo. t'Orn a abolição ai istara-sc no

con10 os golpes 1nili1ares de cúpula exérci10 da União e fora 1nor10 e1n

são rnovidos ou. quando 1nenos. cornhate. "Te11l111 q11a1ro filhos'',

aproveitados por inleresses estran- surlicou. ",, cs/1111 passando fo111e."

''O conselho caro regi1ne. atenuando, quando não . hoje reveria, 111e·s1no porque não
de que este país transforn1ando, as condições en1 que
ele funciona. eran1 de 1ninha inteira responsabili-
precisa é mandar
omenino à escola, Isto to,nou u1n ar de artigo políti- dade, publicados que fora111 sob a do
co. Na verdade. não é. Faz parte do
em qualquer nieu teste1nunho esta convicção que autor dos Estudos A111ericanos. Tra-
situação'' assin1 exponho. Se n1orresse a1nanhã,
gostaria que fosse este o resu1no do balhei nele três rneses, entre un1
que justifica a n1inh:1 vida pública.
Entendo que é necessário aproveitar e111prego e outro. Era o lt:n1po da
tudo o que de útil foi feito em todos
os governos. Mas a razão pela qual Segunda Guerra fvlundial. Pregava a
combati os do 1neu tcnipo não está
nos ho1nens ne1n nas instituições. realização de unia frente nacional
nen1 1nes1110 nas 'leis e nos costu111es.
está na estrutura da vida e da socie- democrática en1 cada uni dos países
dade nacional. Ela assenta na igno-
rância e na i1nprodutividade. Ela se do continente. E afirn1ava: _''Só se
rege pela 1ninoria, seja esta a oligar-
quia política ou a tutela 111ili1ar. ou defende o que se possui, só são hons
u1na e outra co1nbinadas, nias se111pre
n1inoria que mais atende a interesse dejensor('S os que se vi11c11la111 apai-
de terceiros do que aos interesses.
não apenas in1ediatos, ni:1s penna- xo11c1da111l'11te aos hens qul' dej'e11-
ncntes. do povo. Este designa repre-
sentantes, não procuradores con1 ple- de111. 1Vi11g11é111 luta pelo que dt'sco-
nos poderes. O povo precisa de líde-
res. não de nientores. 11/,ece."

Disto me convenci, cada vez Escrito no
111ais. A origeni dessa convicção está
na observação dos fatos e na convi- te1npo e1n que a
vência conl a realidade. à qual nie
' A braão Lincoln deu a orden1 abracei con10 quc1n se atira nt11na "Épl\EC\S0 censura ainda
pedida. Mas apoiou a n1ão sarça ardente. vigiav.i, era pre-
LACERDA con1prida e desannada sobre o
on1bro da 1nulher de cor, naquela A História do Brasi l que se apren- fl\1ER J\ ciso contorcer
"A Coluna fez n1anhã e111 que acordava depois de de nas eseolas é en1 geral 1norta. I\E\IOlUÇÃO as frases para
de Prestes sonhos que prefigurava1n o seu assas- 111aterial n1ais para 1axidennis1a. dizer algu,na
um símbolo. sinato. e disse: "Mes1no con1 a pen- cn1palhador. do que para professor. lECtlOtOG\Cft
O comunismo, são do seu 1narido. você ainda passa- Unia vez escrevi u111 livro. que saiu Ü 'coisa. A Iiber-
um apóstolo. rá fo1ne con1 seus filhos. Mas quando con1 o nome de Olí1npio Guilhenne.
S6 não o só tiver u1n pedaço de pão para comer, que fez u1na parte do prefácio e enco- tll\ dade existia,
fizeram corte cn1 quatro pedaços, dê a cada 111cndou o livro. intitulado A Luta já então, para
um /fder. " qual uni pedaço e - ainda assin1 - pl'la Liherclade 11as EDUCAÇÃO"
rnande os n1cninos à escola... A1111:ricas - coni a
colaboração de con1bater o
Quando este país (por pafs quero teses encornenda-
dizer o presidente e os que preten- das a Sérgio Cor- nazifascis1no lá
deni tutelar a nação a ponto de negar rei a da Costa,
ao povo o direito de escolher seu Alceu Marinho fora, 111as não para lutar pela den10-
presidente) entenderá que este é o Rêgo e outros. o
conselho a seguir - é mandar a português revisto cracia aqui dentro, porque estáva1nos
criança à escola. qualquer que seja o por Guilher111c
sal;írio do pai'? Figueiredo. a idéia sob a ditadura de 1937. Então dizia:
de Olín1pio. o tra-
O doniínio da oligarquia política balho de coordena- "Mcis o 111arasn10 , a estag11açáo a
1en1 de cessar. A prevalência de inte- ção e redação a
resses estranhos aos do povo brasi- 111eu cargo. Esse que co11d11:e111 os governos de /'orça
le iro deve cessar. As incursões mili- livro. editado pela
tares na vida cívica devc1n cessar. casa José Olí111pio. arr11i11aric1111 ('Ili 011trc1s 11aç6es o
CV1.ts tudo cessará so1nen1c quando cn1 1945. visava a
,:01neçar a grande transfonnação do rnost rar que a 111la í111peto nacional. a força de coesâo
p:1ís. pela educação do seu povo. Não pela liberdade nos
pode111. poréni. educá-lo os que não países deste continen1e não foi unia necessária à organização de 11111a
sabcni nen1 o que significa a expres- vã palavra e vai ia a pena lutar por
são. eni tennos de grandeza. de ela. na guerra contra o nazifascisnio. r(•sistência à altura das i111posições
:unplitude. de nun1crosa significa- Menos uni livro de Hislória do que
ção. Não se trata. absoluta111ente. de de circunstância, há ali conceitos que do 111t"11e11to( ... ) S(•111 liherdade
:1lfabetizar. A si111plcs alfabetização
serve a unia ditadur:1. a u111 rcgi111e 11acio11al 11iio há interl'sse <'til d<'fe11-
totalitúrio. onde todos os súdi1os prc-
cisani apenas estar preparados par:1 dl'r a liberdade do 1111111do e, 111<•11os
ler o que o governo escreve. Ainda
assi111. nos rc:ginies 111ais fcrozn1en1c ainda, a liherdade dos 111ares (...)

~ QPara 1111,itos, até entre os que defe11-

totalitários a sirnples alfabetização já de111 e co111prec•nde111 os prob/e111a da
não interessa. porque a tccnologi:1
niodcrna estrangeira cedo derrubaria ~]
tais rcgin1cs. coni u111:1 pequena
111inoria de hon1ens preparados. se _ -r rç;;:..2
eles não fonnassen1. para sua própria
justificação e defesa. trabalhadores e
capazes e 11:cnicos nu111erosos; donde
a educação se expandir. nos países 1·::::::«ct
1otali1t1rios. e forçosanientc 111odifi-
d<'fesa tia liberdade do 1111111do atual.

os go,·er11os de força na órhita

nacional pode111 co11trih11ir para,
11111a ação eji'ca: na i11tl'r11acio11al. E

o (JII<' resta de111011strar ~ e111 }tice Aqui há o temor dos fatos até no "Em 1938, resse: . o de que os atuais e futuros
Congresso, ini.1gine nuni.1 escola. Há Cecília estudantes possa~n e saiba,n e gos-
da contraprova inteirc1111e11te l'OJl- uni pânico de to1nar posição. nin- ten1 de estudar. Tinha 14 anos.
. gué1n quer "se quein1ar". Fazen1-se Meireles
trcíria ofl'recida. até agora. pelos ex.unes, é para que serve a escola. explicava seu "Minha querida n1an1iie. 11111 beijo.
atraso nos A r<'forn1a da rej'orn1a já está ern
povos <'11ropc·11s já do111i11ados pelo Fiz ex.une por dois sis1ernas. o vigor. Só falte, o Vaz Antão ·(Was-
antigo e o moderno , o parcelado e o artígosque hingto11 Luís) assi11á-fa. Pretendo
na:i.stno. A experiência Sl'ria de1na- seriado. E1n 1930. fallava-1ne coni- eu lhe jazer Corografia. tentar Arit111ética.
pletar quatro 1natérias para acabar o e, se possível. Francês, História Uni-
siado arriscada e nada poderia j11s- secundário. A revolução estourou a encomendava, versal 011 do Brasil. O exan1e final de
3 e j,í a 24 de outubro estava tudo na revista Francês é n1ui10 j'tícil, o que a senho-
tij'icar a co111plac<111cia diante• d,• pronto. Mas. corno se indulta os cri- Observador ra poderá 1•er quando aqui chegar. É
111 inosos primários no Natal. o todo f<'ito co111 dicio11ário...Por isso
tirania (1(1'acUio(1J1Ua.//eSeC,11('IItCr/o(.1ca governo da revolução decretou que. Econômico: quero ver se tento Ja:ê-lo. Preciso
aparei/ devido à revolução, todos os alunos 'Tenha co11versar co,11 papai a j11n d<' saber
.11111a ele das seguintes aulas: Desenho: (intí-
paciência, til). /11g/ês : 1ítil, ,nas que 110 fh11 do
SI/(/ (!Ili seguindo o ano 11en1 vai<' a pena p<'rdl'r te,npo
co,n l'le. Lati111: idern, ide111. Fra11cê.1·
de.{encl<'r as liberdadl's fora das exemplo que - que, segundo a própria professo-
há muito tempo ra co111011 à Maria, eu nada adiantei
Ji·ontl'ira.,· cio seu do111í11io ... lhe dou'." dt'sde que con1 ela aprendia. Portu-
guês: útil 111a.1· que. não indo fa:l'r
Ou os brasileiros entendem que exa111e desta 111atéria. niio 111e co11vé111
perder te111po co111 ela. enquanto pos-
tênl de fazer a revolução tecnológi- so estar estudando as do exame final.

ca na educação, inclusive a irrupção Tenciono ir a,nanlui à casa do Luís
a fi111 de co111 ele conversar e aco11se-
da inteligênc ia na escola para fazê- lhar-111e sobre o 111odo q11<' dt'i'o
seguir. se11do que de antenuio já sl'i a
la en1 tudo mais, ou não saetn do passarian1 por decreto. Não posso resposta que ele n1e dará, pois decla-
rou outro dia <'Ili aula qu~ "o regi111e
atoleiro. qualquer que seja a políti- nie queixar. talvez até hoje estivesse de pr<'paratórios é o 111elhor possí-
vel". Hoje o Professor S<io Paulo dis-
ca-econô1nica e fin anceira de qual- dependente de Mate1nática. se e111 aula que o l'<'l/ilne seriado cria
não 11111a aristocracia da inteligência
quer governo. E au1nentando a dife- Sou suspeito, nu1s afinno que o 011 do saber, 111as 11111a aristocracia
odiosa do dinheiro! Que s6 pod<' esflt-
rença que o separa das nações exa1ne é uma in1postura. o ensino fei- dar q11e111 é rico! O único rl'gi111e que
nos ser,•<' é o de preparatórios que
adiantadas, cai na dependência to só para passar no exa1ne é unia facilita o estudo e o torna 111ais bara-
to! Outro tanto disse-111e há dias o
total. Ora. isto é inadn1issível. Não sin1ulação na qual lodos engana111 professor de Portul/uês; e o d(' Lati,n,
Cândido Jucá ,filho. asseverou que "-
só por escrúpulos patrióticos con10 cada uni e cada esta coisa de l'xa,n<'s seriados nada
adia11ta <' dific11/ta o ensino". O pro-
por alguma coisa n1ais grave: só a um en gana fessor de !11,r:lês, Os,•aldo Serpa, disse
outro tanto. Co1110 a senhora /Je111
exis1ência de n1ais de dois blocos " os · lodos. Na oca- pode i•er, as palavras qu<' aci111a
sião. precisa- reproduzi n<io seio 111inhas. Seio: (a) do
poderosos pode garantir paz ao ESlUDAtllES 1nente. escrevi Luís. que disp<'nsa qualquer apresen-
a rn inha 1nãe taçiio; (h) do Siio Paulo, q11e leciona
inundo. O Brasil ou será u1na dessas lÊMDE há 21 anos e asse,·.era n1111ca ter
J\PI\EtlDER J\ uni.1 carta na encontrado 111ais ha11dalheira do q11<'
novas potências n1undiais ou será GOSlJ\I\ DE qual fiz u1n os exc1111es seriados; (c) do Prof Alci-
esforço dialé- des Rosa. que é ho111e111 c11lto e ,uio é
uma espécie de colônia. Cabe-lhe capaz de dizer coisas se111 nexo; (d) do
Prof Cândido Jucá,filho, que é poli-
participar audaciosan1ente do esfor- glota notável e discípulo a1nado do
José Oiticica; (e) do Serpa, 11111 rapaz
ço para reduzir as diferenças entre o direito, que condena todas as i111orali-
dade co1110 <'Sta genial co11c<'pÇci().
inundo poderoso e o inundo inpo- ESlUDJ\I\" tico p,ira n1e
Con, os exa,nes parcelados farei:
tente - pois este. sin1 , é hoje o descanar da Corografia. Ari1111ética. e111 q11e
estou fraco ,nas que, co,11 ten1po para
perigo que a1orn1enta a a1nbos. O obrigação de est11dar, poderei vt'ncer as dificulda-
des que encontrar."
mundo e1n que as diferenças, inter- estudar. Mas, na essência. ela

nas e exlernas, da sociedade dos represenla uni en1brião do pensa-

ho1nens e das nações sejani sen1prc mento que lioje desenvolvo con1 toda

e cada vez 1nais atenuadas. a segurança de que1n só teni uni inte-

''Um ensino 111ente perturbada pelas vagas notí- !e-Roy, baseada na eletrônica .e nos
cias que chegavam da revolução en1 processos de educação de base em
ai'nacdoenqcue. padçao-olev.a. São Paulo, descalcei a botina e li o rnassa. A Professora Andréia Man-
manifesto do general. Dona Mada- din1, n1ulher do General Manditn,
anacrônica do secretário de Serviços Públ icos do
modo de governar lena sorriu, foi tão tolerante que ,io nosso governo na Guanabara, hoje
o Brasil'' deputado estadual, ante a verificação
1nes1no te1npo fiquei orgulhoso da de que aurnenta den1ais o número dos
' ' 's e11saC'io11al: Ainda 111ais. façanha e encabulado con1 a exibi- alunos considerados retardados. ou
COlllpl'Olll<!I0-111<! COJn a ção. A aula interron1pida recon1e- de co1npreensão lenta - o que além
LAC ERDA çou. En1 1946. recebi do velho do n1ais faz baixar demais o nível
senhora a, alé111 dos general o seguinte telegn1n1i.1: geral do ensino - fez uma série de
"Fiquei pesquisas e concluiu, com sua equi-
amigo de João dois c•xa111cs j111ais aci111a reji.•ridos, 1nl!"raC1a0loparotrsíCa, sIO. boCaIIsJ-.O1•ai1ç1a.d.oasC/a,,,\o'/.('i{nI r1e1a-
Alberto e ele pe, à qual incor-
me disse que tirar 111ais 11111 q11e escolherei entre i111pre11sa é grande esperança dos poramos a Pro-
os tenentes brasileiros na regeneração polítiça fessora Ter.esi-
não tinham c's/c's três: 1-/istcíria U11ii·ersal, do desta original Rt!ptíblica de co11- nha Saraiva,
Idéia do que chavos 011cle é grave perigo 11111a depois secretária
queriam. ' Brasil. Fra11cês. E ainda 111ais isto: eleição Ji.•ita pt!IO povo e não pelo
chefe da 11açâo pi General Isidoro de Educação da
• os ('.\'(111/CS COIJl<!Ç(ll/1 a 15 de 1/0l'Clll- Dias lopes." Guanabara, e
durante rnuitos
hro e os parC'elaclos a 15 de de:e111- meDtornanasrMnr.atdr.ralaensausaó pn.iãco1.,e.c. nocn1.sae. gquuiue anos diretora(C,•
de escola pú-
hro. o que 111e dá 111ais 11111 111€s para era ilin1itada. ·Mais tarde, outra
n1orena de olhos verdes, Cecília blica no mor-
!'St11dar. Creio q11c• isto que aci111a Meireles. a pastora de n111·ens, expli- ro do Salguei-
cando o atn1so con1 que ,nandava o ro. que tudo não passa de urna
exponho serâ o hasta111e para co11- artigo encon1endado pelo Observa- deformação da realidade. É o concei-
dor Eco11ô111ico. que en1 1938 eu to antiquado e: inadequado do ensino,
1·encé-la de que a rejclr111a do lacaio secretariava, escreveu: "Tc•11lt(1 que corresponde a uma concepção
paciência. s,•g11i11do o exe111p/o q11c' anacrônica do n1odo de governar o
cio Bc·rnardc•s é indigna soh todos os há ranto tl!111po Ih<' dou." . Brasil. Realizararn uma obra extraor-
dinária que agora está destruída.
pontos de 1·is1a. E se foi alg11é111 que Minha irnpaciência se aguçou no Ao sair da escola pública, fui
capítulo do estudo. Por isso. creio. fazer o secundário no Liceu Fran-
lhe h11zi11011 isto cês. Monsieur Alexandre Brigole, o
sernpre n1e preocupei con1 o ten1po diretor e animador desse colégio,
aos 0111·idos. que se gasta ensinando e aprendendo. presun1iu demais de ,n inha precoci-
por processos tradicionais. noções dade e rne pôs no 2? ano. Resultado:
contra a opinião que podern. hoje. e devern. arnanhã, reprovado em duas rnatérias. tive de
n1ais cedo do que se pensa. incorpo- repeti-lo. Mo11sie11r Molleres n1e
desse• alg11é111 c•u rar a eletrônica. a televisão e outras fazia copiar 200 vezes. depois
rnáquinas à técnica de educar. A gen- dobrando a _parada cada vez, até{C
ponho a do.,· te passa rnetade da vida,se preparan- chegar a 2.400 vezes, o ditado Adieu
do para a outra 1ne1ade, E de1nais. E a Rôti. da gran1ática de Claude Augé,
111c•11s pro.fessores rnassa a ensinar ultrapassa tudo o que uni trecho das Confissões de Jean-
se possa fazer para dispor de pessoas Jacques Rousseau. No fi m não
e111 gc•ral <' do capazes de aprender a ensinar. copiei coisa algurna e. quando ele
Rece111e111ente saiu en1 Fatos(~ Fvtos entrava ern aula, já nern esperava a
L11ís e111 particu- unia reportagen1 francesa sobre a orden1: "Lacerda. passe: à la por-
nova escola experirnental de Marly- te ." Passava direto. Eis con10
lar. Espero. por aprendi francês. juntando ao severo
n1as excelente professor que ele era
isso. que as 1 o gosto de ler e o descararnento de
ra:()C'S que já falar até aprender. Mada111c Brigole
1inha o gosto das festas colegiais.
cxp11s dcstruir<io •1 Pôs-me a decorar um soneto de
,. Bilac. única contribuição que dei às
110 S<'II (I suas fes1inhas. Foi un1a catástrofe.
<'SfJll'/10 Nern con1 a boa senhora me sopran-
do o soneto palavra por palavra,
erron• c>a ('/'('/IÇO consegui sair do engasgo de n1en1ó- /. '\
ria que n1e deu: "Pátria...(Madame 1,V
e111 q11c c•.,·tcí de
-Brieole: lateje) e eu: late-
{f/1(' {/ l'('_t:lllle .
jo...(Mada111e: e111 111) eu: e111 ti
seriado <; 111eff1or (Madarne: 110 teo IC'nhe) eu: 110 teu l
do que os dos /e11ho... Nunca n1ais me expus a
1'.\'t1111c>s parcela- efeitos de memória. Gravo de pes-
dos. r\goro. pas-
sarl!111os á s11a salÍde, que ,: o q11e
110.,· interessa aci111a de 111do..."

Tod:1 esta dialética já era. de lon-
ga data. desespero de causa. Dona
Mndalcna Saldanha da Garna.
,ninha professora na Escola Pública
Jo~é de Alencar. no Largo do
l\1achado. foi surpreendida no dia 5
de julho de 1924. quando da revolu-
ção do General Isidoro Dias Lopes.
ern São Paulo. co111 u,n conspirador
dentro da classc. l'vleti dentro da
botina dos 111eus IO anos a cópia.
e111 papel fino. do rnanifesto do Isi-
doro: e no 111eio da aula, já ligeira-


Click to View FlipBook Version