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Published by cleysongama05, 2022-01-09 20:01:15

Ariel - Do Céu ao Inferno

Ariel - Do Céu ao Inferno

— Cretino seria elogio. — Massageio minha nuca, sentindo
minha pressão subir.

Não acredito que ela me mandou um garoto de programa,
ainda mais para o meu trabalho. Estou andando de um lado ao outro
da sala, balançando minha cabeça em negativo.

— Por que não me fala sobre ele? Poderia se sentar, sim? —
Ele puxa a cadeira vazia perto da dele, deixando de frente para a
sua, apontando para mim.

Olho da cadeira para o rosto inexpressível do garoto de
programa, descendo para sua cintura,e vejo o volume acomodado
por baixo da bermuda.

— Acho que isso é uma má ideia, estou bem de pé. —
Balanço minha cabeça em negativo, desviando meus olhos da sua
virilha. — Renan é o babaca do meu ex-marido. Olha, eu sou
limitada em sexo, eu sei, mas acho que tenho capacidade para
arrumar um homem por contaprópria. Te garanto que não seria tão
lindo e angelical como você, mas poderia achar um cara para
transar sem ter que pagar por ele.

— Não sou tão angelical assim, Cristina. — Ele me olha
sério.

Paro meus passos no meio do meu caminho e fico olhando
para ele, engolindo minha saliva. Sim, realmente ele não tem um
aspecto tão angelical assim, está mais para um demônio sexual,
que desencadeia pensamentos perversos na minha cabeça. Sinto
minhas mãos úmidas, meu corpo enérgico, as pernas trêmulas. A
adrenalina corre soltadentrode mim a cada segundo que olho para
esse ser de outro mundo sentado na cadeira, com suas pernas
abertas e suas mãos que se esfregam em suas coxas grossas,
deixando eu ter uma bela visão do seu pau, que está começando a
ficar ereto, acompanhando seu olhar para meus pés descalços.

— Isso será interessante!— Ariel fala calmo, erguendo seus
olhos para minha face. — Por que não fazemos assim? Você está

aí, eu estou aqui. Esta sala está completamentevazia, vai ser
inesquecível para nós dois, isso lhe garanto.

— Olha, eu vou te pagar por ter vindo até aqui, daívocê não
perde sua noite por completo, mas não vou ter relação sexual com
você. Não que esteja te desvalorizando, tenho certezade que deve
valer cada centavo,mas, sem chance... — Me viro, procurando pela
minha bolsa que caiu no chão quando a cadeira tombou.A ergo em
meus dedos, puxando minha carteira. — Acho que se você sair
agora, ainda consegue arrumar outracliente...Escute,por um acaso
trabalha com cartão de crédito? Acho que estou com pouco
dinheiro. Garotode programa consegue parcelar as prestaçõessem
juros? — pergunto, preocupada, talvez eles não parcelem. —
Quanto eu lhe devo?

O giro abrupto que meu corpo recebe, faz com que eu me
assuste quando ele segura firme meu quadril, me manobrando
como uma boneca de pano para me chocar em seu peitoral.
Derrubo a carteira da minha mão, tendo meu coração acelerado
batendo tão rápido, que posso jurar que vai sair pela minha
garganta.

— Para uma pessoa tão pequena, você fala demais,
senhorita Self. — Sua voz rouca é enérgica, e ele cola sua boca
perversa na minha.

Meu cérebro explode, virando uma geleia molenga sem
consistência,igual as minhas pernas. O gostode mentaque temem
seus lábios é refrescantee ao mesmo tempoabrasador, me fazendo
me render pela forma urgentecomo ele me beija. Minha sorteé que
ele está me segurando bem presa, com suas grandes mãos na
lateral da minha cintura,pois é só por contadisso que não caio no
chão, vistoque não tenhocondição de me manterem pé. Sintosuas
mãos deslizarem para minha bunda, a achatando bem apertada
sobre o tecido da saia, chocando meu quadril com o seu. Meus
dedos se prendem em sua camisa, esmagando o jeans com o
desespero de um náufrago que está se afogando. Realmente ele
vale cada centavo. Ele me beija com pressão, me incendiando a

cada toque da sua língua com a minha. Deus, eu tinha me
esquecido como beijar alguém pode ser tão mágico!

— Tentador demais para que eu possa perder essa chance,
pequena — ele sussurra no meu ouvido, descendo seus beijos para
meu pescoço, apertando minha bunda em sua mão.

— Oh, Cristo... Por favor, preciso que me solte — balbucio
em meio a um fio de lógica em que me seguro.

O telefonetocandoinsistentementeem cima da mesa chama
minha atenção, o que me dá uma chance de tomar o controle de
volta do meu corpo. Me afasto desse homem que me deixou
excitada e com a pele do meu corpo completamentequente com
apenas um beijo. Com a respiração entrecortada,retiro o aparelho
do gancho, o levando ao ouvido.

— Cris, o rapaz que estava esperando chegou aqui agora...

— Deus, o sócio! — Meus dedos tremem enquanto seguro o
aparelho, tentandonão olhar para o grande volume na frente da
bermuda do garoto de programa, que respira pesado, com seus
olhos cravados em mim.

— Eu tive que ir buscar minha carteira de cigarro dentro do
carro, quando voltei ele estava na frente da porta do prédio...

— Inferno, Mithi! Quantas vezes te falei para não largar o
saguão para ir fumar?! — Droga de víciodesse segurança, por isso
esse cretino sexy conseguiu subir sem ser visto. — Mande-o subir!

Olho para a parede, vendo que já são quase 22h30 da noite.
Por que isso tinha que acontecer comigo justamente hoje?

— Na verdade, já mandei, você disse que estava esperando
por ele...

Desligo o telefone no momento que compreendo o que ele
falou. Minha cabeça se abaixa e vejo minha roupa desalinhada.
Levo meus dedos ao rosto, arrumando meus óculos, respirando
apressadamente. O diabólico homem, com seu rosto calmo, me olha
despreocupado, passando uma mão nos lábios. O som do elevador
subindo me faz olhar para lá na mesma hora.

— Oh, merda!

Capítulo 04

O engano

Cristina Self

Eu não tenho tempo para pensar. Uso toda minha força para
empurrar o grande homem para dentro do banheiro.

— Por favor, não sai daí!— Fecho a porta do toaletena sua
cara, que esboça surpresa com meu ato,mas nesse momentoestou
mais preocupada em salvar meu emprego do que ser educada com
o garoto de programa.

Me movo, catando minhas sapatilhas no chão, as calçando
com pressa, correndo rápido para a mesa de Bete,que fica na outra
ponta da sala, perto do escritóriode Pietro e Max. Puxo o envelope
marrom que está perto do computador dela. Quando me aproximo
da porta do elevador, a vejo se abrir na mesma hora, e sou
surpreendia pelo jovem rapaz de terno,com sorriso largo e perfume
exagerado.

— Olá, deve ser...

— Senhorita Self. — Seguro as portas do elevador, soltando
as palavras com urgência pela minha boca, não o deixando sair. —
Me pediram para lhe entregar isso. Por conta do horário tardio,
presumo que prefira conhecer a empresa na segunda-feira, correto?

Passo o envelope para ele, apertando o botão do elevador
para ele voltar para o térreo, me afastando das portas.

— Acho que não entendi...

— Dentro do envelope temtodasas diretrizessobre o que vai
precisar saber. Apenas esteja aqui na segunda-feira, às oito, sim?
— Aceno para ele, que olha da minha face para o envelope, ficando
perdido. — E não se atrase!

Fecho meus olhos e respiro fundo assim que as portas do
elevador são fechadas.

— Deus, minha mãe vai me fazer ter um infarto antes dos
trinta! — Esfrego meu peito, tentando me acalm.ar

Minhas pálpebras se abrem assim que escuto a porta do
banheiro ser aberta. O grande homem caminha silenciosamente,
olhando para os lados e parando sua atençãoem mim quando seus
olhos safiras me encontram.

— Olha, por favor, preciso muito que você vá embora, sim?
— Encolho meus ombros, caminhando para perto da minha mesa.

— Presumo que foi surpresa dupla? — Ele olha para o
elevador, o encarando.

Ignoro o som de brincadeira em suas palavras, pois elas não
passam despercebidas aos meus ouvidos, insinuando que estava
esperando outro homem.

— Qual foi o valor que minha mãe combinou com você?
Apenas me diga, eu dou um jeito de pagar, ok? — Caminho para o
centroda sala, erguendo minha carteiracaídano chão. — Tem um
caixa eletrônico do outro lado da rua, posso efetuar seu pagamento
em dinheiro, se você não trabalhar com cartão...

— Vamos fazer um trato,Cris. — Ele caminha lento,correndo
seus olhos pelo escritório. — Não tenho pretensão em arrumar
outros compromissos agora. Podemos atravessar a rua, e ao invés
de ir ao caixa eletrônico, você toma uma bebida comigo.

— Está tarde. — Puxo minha bolsa de cima da mesa e ando
para o elevador, apertando o botão, aguardando-o subir. A sombra
altapara ao meu lado, mantendoseus olhos safiras presos em mim.
— O mais longe que vou acompanhada com você é até a saídado
prédio.

— Uau, que língua felina! — É estranho como o magnetsi mo
do seu olhar me prende. Ariel solta um longo assobio, deixando um
sorriso sarcástico no canto dos lábios. — Desmerecimento
profissional é crime.

— Veja, não quero parecer grossa, e muito menos estou
insultando sua profissão. — Balanço minha cabeça em negativo,
enganchando a alça da bolsa em meu braço, guardando minha
carteira lá dentro. — Mas isso não vai rolar. Tenho certeza de que

sua agenda deve estar repleta de clientes interessadas em tomar
um drinque com você, posso notar que deve ter muito tempo nessa
profissão...

— Está me chamando de velho? — ele me interrompe, me
olhando cínico.

— Bom, claro que não. Apenas estou dizendo que...

— Agora compreendo algumas coisas! — O tom da sua voz
sai em deboche, me fazendo ficar confusa com a forma prepotente
que se direciona para mim.

— Como?

A porta do elevador é aberta e sinto a grande mão espalmada
em minhas costas, nos conduzindo para dentro dele. Ariel estica sua
mão, aperta o botão do térreo e logo as portas de aços se fecham.
Ele se vira para me olhar, levando suas mãos aos bolsos, como se
estivesse me estudando.

— O motivo de precisar pagar por sexo — ele fala
casualmente, como se estivesse falando qualquer assunto
corriqueiro do dia a dia.

— Isso foi extremamentegrosseiro da sua parte. — Ergo
meus dedos, empurrando meus óculos em minha face. — E para
seu governo, eu não preciso pagar por sexo... Posso fazer sexo a
hora que eu bem quiser.

— Me corrija se eu estiver enganado, mas suas palavras lá
dentrodo escritórioforam:está certo que estou sozinha há bastante
tempo... — Ele sorri descaradamente, usando minhas palavras
contra mim.

— Estar sozinha e estar sem sexo são duas coisas
completamenteopostas — rebato sua provocação, não lhe dando o
prazer da minha confirmação.

— De fato, mas, no seu caso, presumo que não seja isso. A
forma quente como recebeu meu beijo desmente esse seu
argumento.— Ele recai seus olhos para o meu coque e depois para

minha roupa. — Quantos anos está fazendo, afinal, babá
McPhee[10], sessenta e nove?

Meus olhos se expandem e sinto vontade de esganar esse
homem prepotente.Meus dedos se erguem, cutucando seu peito
repetidas vezes com ódio.

— Definitivamente, eu não transaria com você, nem que
fosse de graça! — Fecho minha cara e semicerro minha boca. —
Nem que fosse o últimopau da Terra, para ficar esclarecido. Sim, eu
lhe chamei de velho. Não acha que está muito maduro para estar
vendendo seu corpo, tiozão?!

As portas abertas do elevador, com o segurança parado,
olhando para nós, faz com que eu me cale. Os olhos bisbilhoteiros
do guardinha param em meu dedo, congelado no peito de Ariel, e
depois se erguem para minha face.

— Não sabia que tinhaalguém lá em cima com você. — Mithi
me olha com mais interesse, segurando a porcaria de um sorriso
malicioso.

— Se não tivesse largado seu posto para ir fumar, saberia
que tinha alguém lá em cima comigo. — Lhe dou um olhar de
advertência,para que ele mantenha sua boca fechada. — Bom, de
qualquer forma já estou de saída,tenha um bom trabalho, Mithi. —
Saio do elevador o mais rápido que posso, encarando o homem
arrogante. — Quanto a você, desejo que volte para o lugar de onde
veio, velhote!

Não dou tempo de resposta para nenhum dos dois, batendo
em retirada, rumo à saídado prédio. Respiro aliviada quando passo
pelas portas giratórias. Troco minha bolsa de braço, caminhando
apressada na calçada.

— Babá McPhee! — resmungo com raiva. Meus olhos param
em minha imagem refletida no grande vidro do prédio, me fazendo
me sentir desgostosa.

Está certo que não sou nenhuma modelo sensual da
Victoria'sSecret[11], mas também não me pareço com uma babá

velha, rabugenta e repleta de verrugas. Prendo meu olhar no coque
alto, todo torto, o soltando e desfazendo a bagunça dos meus
cabelos com meus dedos.

— Idiota...

Paro na esquina, esperando o sinal abrir para que eu possa
atravessar a rua.

— Presumo que não é muitode relaxar. — Me assustocom a
voz baixa de Ariel, que está parado ao meu lado.

— Oh, meu Deus, por que está me seguindo?

— Não estou te seguindo, estamos indo para o mesmo lado.
— Ele passa seus olhos pelos meus cabelos, me pegando de
surpresa quando sua mão se ergue, afastandoos fios soltosdo meu
rosto.

— Assim está bem melhor, McPhee. — Seu sorriso aumenta
quando estapeio sua mão, o fazendo se afastar de mim.

— Seu grande cretino arrogante!

Me afasto dele e atravesso a rua a passos duros quando o
sinal de pedestre fica verde.

— Por que tem que ser tão desagradável?

— A única pessoa desagradável aqui é você. E, além de
detestável,ainda por cima é um psicopataque estáme seguindo —
rosno com raiva, desejando estar um inferno longe dele.

— Por mais que me doa ferir seu ego, minha cara McPhee,
realmente não estou te seguindo. — O encaro por cima do meu
ombro, cerrando meus olhos.

— Vou enfiar essa bolsa na sua cara se me chamar de
McPhee outra vez!

— Não lhe chamo mais de McPhee se você me contar
porque se veste como uma velha de sessenta anos e é rabugenta
como tal.

— Minhas roupas não são da sua conta, e eu não sou
rabugenta. Apenas quero ficar longe de você. — Respiro aliviada
quando vejo o hotel ao longe, sabendo que estarei a pouco passos
de finalmente me livrar dessa criatura impertinente. — Olha, está me
seguindo porque quer dinheiro, se for isso, é só me falar e eu te
pago, e assim eu nunca mais tenho que olhar para você.

— Me diz como deve ser sua vida, ou melhor, deixa eu
adivinhar — Ariel fala, divertido, acompanhando o ritmo dos meus
passos. — Se divorciou por conta da amargura desse seu
coraçãozinho frio e acabou se vendo abandonada dentro de um
apartamentocheio de gatos, trabalhando até tarde como secretária.
Adora assistir filme pornô às escondidas, mas não pratica sexo há
muito tempo e se masturba toda noite. É socialmente deslocada e
raramentese diverteou relaxa. Era o PatinhoFeio na adolescência,
que se habituoucom as roupas bregas de segunda mão, de alguma
seção de liquidação de supermercado. — Fecho meus olhos,
sentindo o ódio me tomar por esse homem arrogante. — Me diga,
seu marido lhe deixou por que não conseguia mais lidar com sua
amargura e sua limitação sexual?

Giro abruptamente,o pegando distraídoe acertando minha
bolsa com força em sua cabeça. Deus! Eu nunca tinha agredido
alguém na minha vida, mas esse homem parece ter o dom para
desencadear a agressividade dentro de mim.

— Sou alérgica a gatos, Sherlock Holmes[12]. — Minha voz
zangada sai baixa, enquanto o estapeio outra vez com a bolsa. — E,
se quer saber, lhe bater com essa bolsa me deixou extremamente
relaxada.

Seus olhos têmum lampejo de ira rapidamente,enquantoele
deixa sua face carrancuda. O largo para trás e caminho rumo ao
hotel, não me dando o desprazer de olhar para a direção dele outra
vez.

Capítulo 05

Nada angelical

Cristina Self

— Nenhum quarto? — insisto para a moça, olhando-a com
melancolia.

— Infelizmente, não. — Ela nega com a cabeça. — Estamos
com todos os quartos lotados. Está tendo uma conferência de
medicina na cidade, como estamosmais pertodo salão de reuniões,
grande parte dos médicos vieram para cá.

— Não quer olhar mais uma vez, talvez possa ter alguma
coisa. É apenas para eu passar a noite, não quero uma suítenem
nada. Aceito até o cantinho onde guardam as vassouras...

— O último quarto foi locado hoje, no começo da noite.

Suspiro com desânimo, balançando minha cabeça em
confirmação. Me viro, olhando o hall do hotel, pensando seriamente
em passar a noite sentada no sofá que tem perto da porta. Eu
realmente não pretendo ir para casa agora, seria capaz de gastar
meu réu primário[13] enforcando minha mãe com minhas próprias
mãos por conta do maldito presente que ela me deu esse ano.

— O bar do hotel ainda está aberto? — pergunto para a
recepcionista.

— Está sim, senhorita. Pode seguir à direita.

Chateada, sem um pingo de vontade de ir para casa, me
arrasto na direção do bar do hotel, para afogar minha frustação em
um reconfortantecopo de bebida. Soltominha bolsa sobre o balcão,
tamborilando meus dedos com preguiça na madeira, aguardando o
barman vir me atender.

— Olá, boa noite. Em que posso lhe ser útil?

— Vodca — murmuro tristepara ele, que balança sua cabeça
positivamente, me dando um sorriso amigável.

Não faço muita cerimônia quando ele entrega o copo para
mim, enchendo-o. Seguro-o em meus dedos, o ergo para minha
boca e aponto para a garrafa, para ele saber que é para deixá-la

sobre o balcão. Sinto a bebida queimar ao descer por minha
garganta, mas isso não me impede de virar o copo de vez, não
deixando nenhuma gota dentro dele. Bato o copo no balcão,
segurando a garrafa para enchê-lo outra vez.

— Feliz aniversário, Cristina! — sussurro para mim mesma,
levando o copo aos lábios.

— Aposto cinco pratas, que antes do quarto copo você vai
tomar direto no bico da garrafa. Cafona, amarga e alcoólatra,
praticamente a mulher fatal.

Sou pega por um ataque de tosse, que me faz arregalar os
olhos e abaixar o copo da minha boca. Dou um passo para trás,
inclinando meu corpo para olhar para a ponta do balcão do bar,
encarando o grande filho da puta nada angelical do Ariel, que
segura uma garrafa de cerveja e a entorna na boca. Ele termina de
beber e a ergue para mim, esticando seu braço em um gesto de
brinde.

— Oh, meu Deus, você realmente é um psicopata?— Tomo
minha bebida e esfrego minha testa.— O que faz além de vender o
seu corpo? Fica aterrorizando as pessoas por prazer?

— Depende da clientela.— Olho para o lado e o vejo sério,
me encarando. — Mas, nesse momento, eu estou de folga, então
não precisa se preocupar.

— Fico extremamentealiviada — falo com desdém, puxando
a banqueta ao meu lado e sentando-me nela.

Olho para meu copo de bebida e para minha bolsa,
encolhendo meus ombros quando avisto pelo canto dos olhos a
chave de um quarto de hotel em cima do balcão, perto do cotovelo
dele. O idiota não estava me seguindo, realmente estávamos indo
para a mesma direção.

— Eu sinto muito por ter lhe batido.

— Não, acho que não sentenão. Mas vou fazer de contaque
eu acredito. — Sou obrigada a rir da voz debochada dele.

— Lá no fundo, bem no fundinho, eu realmente lamento por
ter batido... tão pouco em você. — Sua gargalhada alta repercute
dentro do salão do bar, me fazendo olhar para sua face relaxada e
observar como um sorriso fica bonito em seus lábios.

— Nisso acredito— Ariel fala, se levanta,pega sua cerveja e
a chave do quarto e anda na minha direção. — Bom, senhorita
vírus,além de espancar as pessoas na rua com sua bolsa pesada,
teralergia a gatose estarcomemorando seu aniversário hoje, o que
mais esconde?

Ergo meu copo para ele, balançando-o na sua frente.

— Eu me divirto de outra maneira. — Tomo minha vodca e
respiro fundo quando abaixo o copo dos meus lábios. — A bebida
me relaxa.

— Bom, creio que ter uma companhia para beber possa ser
mais divertido do que beber sozinha.

Ariel puxa um banco e se senta ao meu lado, pedindo um
copo para o garçom e o enchendo de vodca quando o rapaz o
entrega. Logo na sequência serve meu copo, abaixa a garrafa no
balcão e bate seu copo de mansinho no meu.

— Feliz aniversário, Cristina.

Realmente beber na companhia de um homem como Ariel
não faz mal a ninguém. O que é maléfico à minha saúde é minha
libido carente, são os olhos safiras que brilham em divertimento,as
gargalhadas em tom rouco ao ouvir as loucuras da minha mãe
enquanto as conto,o vendo sentado ao meu lado no banco do bar
do hotel.

— Juro, ela não temum pingo de discernimento.— Ergo meu
copo para meus lábios. Já parei de contar depois da segunda
garrafa de vodca.

— Ela parece ser uma mulher divertida. — Ariel vira sua
banqueta e fica de frente para mim, abaixando sua garrafa de
cerveja no balcão.

— Na verdade, ela é — suspiro baixo, balançando minha
cabeça em positivo, sorrindo. — Tanto que ela achou divertido
mandar você para meu trabalho.

Ele respira fundo, diminui seu sorriso e confirma com a
cabeça. Na sequência, pega sua bebida em cima do balcão e a
toma pouco a pouco.

— Posso te fazer uma pergunta, Cristina?

— Claro que pode. Acabei de te contar sobre minha mãe,
pode me perguntar qualquer coisa... — Seguro meu copo em meus
dedos, olhando para minha bebida.

— Por que sua mãe achou necessário tepagar um garotode
programa?

Sorrio amargamente, me sentindo duplamente patéticapor
ouvir essa pergunta saindo da boca dele. Tomo um grande gole da
bebida, balançando meu corpo na banqueta.

— Por favor, não ria, mas ela acha que eu preciso transar. —
Rio da minha própria desgraça, desviando meus olhos para o balcão
do bar quando deixo meu copo em cima dele. — Entãome mandou
você...

— E presumo que você não quer transar comigo.

— Sim, eu quero! — As palavras são soltas pelos meus
lábios antes que eu possa as segurar dentro da minha boca, por
conta dos copos de bebidas. — Oh, meu Deus, não acredito que
falei isso!

Fico sem graça e sinto minhas bochechas queimarem de
vergonha, o que me faz levantar da cadeira cambaleando, olhando
para ele com pouca coragem. Eu tinha me esquecido como era ser
assim: natural, espontânea, falando bobagem sem se preocupar
com as pessoas em volta me julgando. Tento me recompor, pois
estou sentindo-me estranha. É como se eu pudesse ouvir a voz de

Renan dentro da minha cabeça me xingando, me condenando, me
humilhando.

— Obrigada por ter bebido comigo — sussurro para Ariel.

Abro minha carteira e jogo uma nota de dinheiro para o
barman. Não fico para esperar o troco.Estoume afastandode Ariel,
quase correndo para fora do bar, rezando para não tropeçar e cair,
por conta de tanto álcool que está no meu corpo.

O que estou pensando... O que passa pela minha cabeça
para falar algo tão despudorado assim?

— Nós dois somos adultos, o que há de errado nisso?

A voz rouca fala firme, me fazendo parar perto da saída,
olhando para o grande homem alto que está de pé, me encarando.

— Ariel... — Minha boca fica seca, pisco rapidamente.
Observo o bar do hotel quase vazio, e arfo, com meu peito
acelerado a cada respiração que puxo pelo nariz. — Eu não sou
assim.

Ele me examina por um tempo, antes de seus passos virem
em minha direção, como uma locomotiva desgovernada, tão
decidido e certeiro. Talvez eu devesse ir embora, com toda certeza o
correto é me virar e sair daqui. Só que eu não consigo, estou
paralisada, desejando realmente sentir mais dos seus beijos, me
perder nem que seja uma única vez em seus braços. Me fechei
depois da minha separação, me sentindo anulada como mulher,
fisicamente e psicologicamente. Todas as coisas que Renan me
falou me sufocam por todo esse tempo. Não sou como minha mãe,
não tenho nada contraa forma como ela vive a vida dela, acontece
que eu não sou o tipo de mulher que dorme com um cara diferente
toda semana. Porém, eu era feliz, eu amava a vida, amava o
contatocom as pessoas. Fiquei tão aterrorizada pelo que passei,
pela forma como Renan me condenou e me aplicou seu castigo, que
após nosso divórcio nunca quis estarfisicamentecom nenhum outro
homem. Mas esses olhos safiras embargados de magnetismo, tão
sexuais com seu sorriso charmoso, me fazem querer mais. Ariel

finaliza o caminho entre nós e estica seu braço, espalmando sua
mão em minhas costas, me puxando para ele. Sua outra mão se
ergue e sinto as pontas dos seus dedos alisarem meu rosto. Uma
caríciaroubada, a qual eu entregariade bom grado a ele a qualquer
momento que me pedisse.

— Me deixe ver como você realmente é, então. — Seu
sorriso charmoso é devasso, tantoquanto seu toque brando em
minha pele. — Eu não lhe parabenizei da forma que você merece.
— Sua voz fala perto do meu ouvido mansamente.

Seu rosto se move, alastrando sua face, e se esfrega em
meu cabelo. Minhas mãos trêmulas param em seu peito, me
segurando em sua camisa. Meu coração descompassado acelera
suas batidas, enquanto puxo o ar para meus pulmões, sentindo
minhas pernas ficarem estremecidas.

— Feliz aniversário, pequena vênus. — O beijo quente
depositado em minha bochecha faz uma corrente elétrica se
espalhar pelo meu corpo, me queimando por inteira.

— O-bri-ga-da... — Posso pôr a culpa de estar gaguejando
na bebida, mas sei que isso é uma grande mentira.

O que está me deixando tão débil quanto a moleza que
assaltameu corpo é a aproximação de Ariel. Mas meu ódio por mim
mesma desfalece rapidamente, ao ser substituídopor um calor
infernal que me abrasa, quando sua mão em meu rosto desce pela
minha garganta, indo para minha nuca. Nossos rostos estão tão
próximos, que sintosua respiração quenteacertarmeus lábios. Meu
coração está saindo pela minha boca, de tão disparado que se
encontra. Meu desejo por ser beijada por seus lábios vai
aumentando. Minhas mãos espalmadas prendem sua camisa em
meus dedos. Sinto o leve roçar de sua boca em minha bochecha.
Um predador que atiça sua presa a cair na tentação.

— Me dê um motivo, apenas um único motivo, para que eu
não faça o que realmente nós dois temos vontade, Cristina. — Ariel
se afasta e segura meu rosto em suas mãos, me deixando
completamente enfeitiçada em seus olhos safiras.

Minha mentetentarefutartodosos argumentosque eu possa
ter, os anulando um a um, me deixando à mercê dos desejos do
meu corpo. E é por impulso que ajo, assim que fico na ponta dos
meus pés, me alavancando, colando nossos lábios. E em questão
de segundos estousendo beijada com tamanhafome despudorada,
tão selvagem e urgente.

Capítulo 06

Doce vênus

Cristina Self

Foi só tempo do elevador do hotel abrir, antes de Ariel
segurar em meus dedos e me arrastar para a porta do seu quarto.
Assim que ele a abre, meu corpo já estácolado ao seu. O beijo com
fervor e sinto suas mãos presas em minha bunda, me tirando do
chão. Circulo minhas coxas em sua cintura,gemendo a cada raspar
da minha calcinha em cima da braguilha da sua bermuda. Seu pé
chuta a porta, a fechando, e ele nos leva para o sofá. Seu grande
corpo se senta, me arrumando em seu colo, com minhas pernas
esparramadas nas lateraisdas suas pernas, aumentandoa pressão
do seu beijo.

Meu cérebro para de funcionar, se negando a raciocinar ou
até mesmo a questionar o fato de eu estar indo mesmo ter uma
noite de sexo com um estranho sexy e devasso. Suas mãos
grandes esfregam minhas coxas, as esmagando com seus dedos,
parando na lateral do meu quadril, acelerando a fricção entre os
tecidos das nossas virilhas. Empurro sua cabeça para trás e meus
dedos se prendem em seus cabelos dourados. Mordo seu pescoço
e escorrego minha língua por sua pele, lambendo seu pomo de
adão. Os gemidos roucos que escapam por sua boca, me
incentivam a libertar esse meu lado libertino, o qual vai gostando
cada vez mais de estar no controle.

Ariel esfrega meu quadril ao dele, me fazendo sentir seu pau
rígido pulsar dentro da bermuda. Relaxo meu quadril, o soltando e
mexendo lentamente em um tortuoso rebolado, ficando com a
calcinha molhada a cada investida do seu pau acertando minha
boceta dolorida e inchada, que implora por senti-lo por completo
dentro de mim. Ariel solta um urro, como o de um animal feroz, no
meu ouvido, achatandomais suas mãos em minha cintura,forçando
meu quadril para baixo. Escorrego minha mão entre nós dois, a
infiltrando por baixo de sua camisa, e sinto sua pele lisa com
músculos firmes. Tão perdido quanto eu nessa chama de prazer
urgente que nos queima, Ariel não precisa de muito esforço para

tirar minha camisa, me deixando apenas de sutiã. Seus olhos
recaem para a lingerie vermelha, me presenteando com um sorriso
perverso.

— Babá McPhee. — Suas mãos se espalmam em meus
seios, os comprimindo entre seus dedos. — Como você é devassa
com suas lingeries sexys escondidas por baixo dessas roupas
puritanas.

— Seu cretino! — Puxo seus cabelos em meus dedos,
beijando sua boca, mordiscando seu lábio inferior, o sugando de
mansinho.

— O que mais você esconde, pequena vênus?

Ariel liberta meus seios do sutiã, o jogando para longe assim
que passa as alças pelos meus braços. Sua mão se ergue, retirando
meus óculos, os deixando em cima do sofá. Ele impulsiona seu
corpo para frente, me fazendo inclinar para trás, com meus dedos
entrelaçados atrás da sua nuca. Meu corpo vibra com o toque
gelado da sua boca quando ela captura um dos meus seios.
Perversamente, ele se diverte, passando sua língua com preguiça
sobre o bico da mama. Minhas mãos se alastram, se embrenhando
em seus cabelos, e os puxo com força, estufando meu peito para
frente, lhe dando totalacesso para continuarme desbravando. Ariel
morde minha pele na lateral do meu seio, cravando seus dentes
fundo, perfurando a pele, arrastandosuas mãos na lateralda minha
coxa, movendo o pano da saia para cima. Sintoque todomeu corpo
está queimando nessa loucura. Viverei esse momento me deixando
ser livre, sem nenhum tipo de restrição ou receio, não ficarei me
controlandopor medo dele me achar depravada ou uma vagabunda
qualquer. Se é por esse motivo que ele veio a mim, para me dar
muito prazer, então será isso que pretendo aproveitar dessa noite.
Vou arrancar dele até o último gemido e suspiro. O mais puro e
glorioso prazer, o qual eu me neguei a sentir por tantotempo, terei
hoje.

Ariel arrasta sua bunda, se sentando na ponta do sofá, e
deita o meu corpo por completono tapetemacio. O vejo ficar de pé

sobre mim, me olhando com intensidade, e nunca me senti tão viva
com apenas um único olhar.

— Magnífica,minha doce vênus! — O timbre grosso, quase
como um rosnado sexy, sai dos seus lábios. Ele percorre seus olhos
por meus seios nus, que estão arrepiados, latentesde desejo por
seu toque.

Não estou me preocupando com minhas estrias ou celulites,
muito menos com algumas gordurinhas bem localizadas do meu
corpo, pois Ariel faz eu me sentir mulher, uma mulher desejável e
viva. Me sinto em chamas com seus olhos percorrendo meu corpo
com tanta fome. Que eu vá me arrepender, talvez haja alguma
chance;que ele esteja aqui agora só por contado seu trabalho, eu
não sei, só sei que estemomentoé apenas meu, e me nego a sentir
menos do que eu mereço neste instante.Quero me sentir amada
por esse homem.

Minhas mãos descem despudoradas pelo meu corpo
lentamente, alisando minha pele, e retiro minhas sapatilhas, as
jogando para os lados com meus pés, os usando como apoio para
alavancar meu quadril pouco a pouco, mantendomeus olhos presos
aos dele. Mordo meus lábios devagar, não me importando de ser
promíscua.Abaixo minha saia, a retirando do meu corpo, deixando
apenas a minúscula calcinha vermelha à mostra para ele. Vejo o
ritmo do seu peito acelerar, enquanto ele suga forte o ar, dilatando
suas narinas a cada respirada. Engancho meus dedos na lateral do
tecido fino vermelho, alastrando a calcinha tão preguiçosamente,
como se nada tivesse importância além desse singelo ato. A
escorrego por minhas pernas, descendo-a por completo, até ficar
completamentenua diante dos seus olhos. Por essa noite ele será
meu delicioso demônio com ar de anjo, que paira sobre mim, com
seus olhos safiras repletos de fome carnal, me consumindo a alma
com a sensualidade que exala dele.

Ariel retira sua camisa sem desviar sua atenção de mim,
deixando seu peitoral em exibição, me deixando ver que estava
correta em pensar que por baixo da roupa e da falsa magreza, os

músculos de atleta se escondem. Ele retira suas botas, as
descartando com a mesma rapidez que tirou sua camisa,
silenciando qualquer resquíciode dúvida que possa ter em minha
mente assim que abaixa sua bermuda por completo. Ariel é tão
onipotente em sua nudez, não possui vergonha alguma, está
totalmenteà vontade, com seu pau ereto para a frente, me fazendo
expandir meus olhos e percorrer todoo comprimento.Mordo o canto
da minha boca com mais pressão, observando o belo espécie de
pênis com o qual ele foi agraciado. Ariel pode ter apenas o nome
angelical, sendo um completodemônio sexual irresistível,mas, com
todacerteza,seu pau é divino. Minha línguapassa por meus lábios,
desejando que fosse seu pau em minha boca.

Ele se abaixa de forma territorialista, como um predador, em
minha direção. Age como um caçador mortal em busca da sua
presa, a qual ele sabe que não tem escapatória.Sua boca para em
minha coxa, depositando beijos quentes, me torturandocom leves
mordidas, subindo sem pressa até parar com sua face em cima da
minha boceta.Sintosua língualamber o meu sexo pouco a pouco, e
meu corpo vibra em felicidade por sentirele me sugar em sua boca,
me chupando com desejo, ludibriando meu clitóris entre lambidas
lentas,com círculoscerteirose sucção fortedos seus lábios. Minhas
unhas se cravam no tapete, esparramando minhas coxas para o
lado, dando-o acesso livre para me chupar em pura fome. Ele faz eu
soltar um grito de desespero, que há muito tempo estava preso em
meus lábios. Meu corpo ansiava por isso, por cada toque,calor, pele
raspando, transpiração, respiração acelerada e o coração
disparado. Os gemidos escapam dos meus lábios e seguro seus
ombros em euforia, marcando sua pele com minhas unhas. Meu
quadril se move junto à sua boca freneticamente,recebendo um
choque que corta meu corpo. Ariel se afasta, me deixando em
loucura por ele ter cortado a onda de clímaxque me atingia. Seu
corpo se estica,pairando sobre o meu, me engaiolando entre seus
braços, com suas mãos espalmadas no tapeteao lado do meu
rosto. Seus olhos azuis se fundem com os meus, perversos e
quentes.

— Ainda não, minha doce vênus. Quero ver seu lindo rosto
quando seu orgasmo chegar. — A voz rouca sai repleta de luxúria,
sorrindo malicioso para mim.

Seu quadril se encaixa no meio do meu, movendo seu pau na
entrada da minha boceta, se empurrando lentamente, me forçando a
receber seu pênis grosso. Sinto as paredes da minha boceta se
expandirem para lhe acomodar, perdida entre a dor e o prazer de
estar sendo preenchida. Minhas mãos escorregam, segurando em
seus braços, cravando minhas unhas em sua pele. Meu corpo
arqueia para cima, afastando o máximo que consigo minhas coxas,
para lhe acomodar entre elas. Nem se estivesse morrendo de dor,
iria lhe mandar parar. Ariel me penetra cada vez mais fundo, se
aprofundando dentro do meu corpo. Nós dois gememos, em um
misto de prazer e dor a cada segundo que nossos corpos se ligam.
Ao senti-lo por completo dentro de mim, perecendo meu corpo por
inteiro, com minha boceta o sugando, aperto as paredes internas em
volta dele, me sentindo viva, extasiada e com pura fome.

— Oh, meu Deus! Eu amo Subway! — sussurro entre os
gemidos, tombando meu rosto para o lado, mordendo seu pulso.

— O que disse? — Ouço a voz dele preocupada, ficando com
seu corpo rígido, sem se move.r

— Esqueça, apenas se mova, por favor. — Meu braço enlaça
sua nuca, puxando seu rosto para perto do meu, aplacando minha
agonia e prazer em seus lábios.

Ariel começa a se movimentar devagar dentro de mim, se
retirando pouco a pouco, voltando na sequência a afundar seu pau
dentro da minha boceta.Nossos gemidos são abafados em meio a
beijos de perdição que nos consomem, tãoselvagem quantonossos
corpos se unindo.

— Porraaa! — Ariel quebra o beijo e rosna entreseus dentes,
me penetrando fundo, até ter sua pélvis colada à minha. — Isso é
um inferno de quente...

Ele se retira e retorna seu pau profundamente em uma única
estocada. Minhas pernas se cruzam em sua cintura, o deixando
preso a mim. Meus braços se esticam,levando minha mão para sua
bunda, agarrando com força, o incentivando a me foder duro. Seu
quadril se choca com o meu, aumentando o ritmo das estocadas,
não tendo mais nada de lento em seu ato, apenas a mais pura e
necessidade da luxúria. Ariel, em um movimento rápido, me puxa
para cima, prendendo suas mãos em minhas costas,dobrando suas
pernas, me deixando montada em seu colo, com seu pau dentro de
mim, estourando em penetrações brutas.

— Quero que se liberte, minha vênus. — Ariel segura meu
cabelo em sua mão, puxando minha cabeça para trás.

Sua boca trilhaum caminho da minha gargantaao meu peito,
deslizando sua língua sobre a pele quente, até seus lábios
capturarem meu seio, o sugando com força, me deixando mais
inflamada. Movimento meu corpo, sentindo por completo seu pau
dentro de mim. Meu corpo está em chamas, e Ariel atiça, para
aumentar ainda mais o fogo, que ganha vida, explodindo em
labaredas de luxúria. Relaxo meu quadril, o deixando solto para lhe
cavalgar, e subo e desço freneticamente,o engolindo dentro da
minha boceta, fazendo Ariel gemer alto, assim como eu.

Rebolando e intercalandoem cavalgadas, o tomo por inteiro
cada vez mais dentro de mim. Suas mãos espalmadas em minhas
costas me abraçam com força, me prendendo em seus braços.
Deixo livre oito anos de pura frustração, onde perdi minha vida em
um casamento miserável por quatro anos, o qual prendia minha
libido, e os anos que passei em abstinência, aprisionando meus
desejos, por medo de ser julgada outra vez, da mesma forma que
Renan fez comigo. Mas, nesse momento, não quero ser mais essa
mulher reprimida, anulada, eu quero ser livre e pecaminosa.

A cada movimento do meu quadril cavalgando no colo de
Ariel, o fodendo com vontade, caio no abismo de euforia que o
orgasmo me puxa. Sinto a energia crescer em meu íntimo,
percorrendo cada partedo meu corpo, queimando em minhas veias.

E mesmo sentindoo orgasmo me rasgar de dentropara fora, eu não
paro, não diminuo o ritmo do meu quadril se chocando com o de
Ariel, faço o inverso, aumento a cadência, jogando para fora minha
mente por completo,com tamanha luxúria e força, que o clímaxme
pega. Meu corpo o engole, fazendo seu pau se afundar com mais
profundidade dentro da minha boceta,o prendendo dentro de mim,
fazendo nós dois gritarmosjuntoscom todaa euforia do gozo. Outro
clímax vem com mais força do que o anterio.r

Ariel me segura com mais força, me pegando de surpresa
quando fica de pé, com seus braços me segurando firme contra o
seu corpo. Sinto seu pau se enterrar dentro de mim a cada passo
que ele move, e apenas tenho consciência que ele me soltou sobre
o colchão, quando ele se afasta de mim, se retirando de dentro do
meu corpo, me girando com rapidez sobre a cama. Ele esmaga meu
quadril em sua mão, empinando meu traseiro para cima. O colchão
se afunda, seu pau me invade sem aviso, me penetrando até ter
suas bolas coladas em minha bunda. Ariel me prende firme, me
fodendo selvagemente em bruscas estocadas, me marcando de
todas as maneiras possívesi para ele, e sinto meu corpo tremer
quando outro orgasmo me toma. Grito em meio aos gemidos, com
minha pele colando por causa da transpiração.Ariel mantémo ritmo
descontrolado,me fodendo duro, ganhando sua libertação,soltando
um gemido alto e rouco da sua boca, com seu corpo trêmulo,
gozando forte.

Meu corpo se desmancha sobre o colchão, molengo, suado e
completamentegelatinoso, sem um pingo de lucidez. A respiração
pesada de Ariel se faz próxima ao meu ouvido assim que ele se
deita sobre mim, me puxando para seus braços quando se vira na
cama, jogando sua coxa sobre minhas pernas. Ergo meus olhos
para sua face, deixando nossos olhos se encontrarem. As safiras
intensas brilham para mim, entregues à luxúria. Elas me fazem me
entregar por completo a esse demônio nada angelical. Nós dois
dividimos o silencioso momento, apenas ouvindo nossas
respirações descompassadas. Acho que meu erro não foi ter
transado com ele, meu erro é o que estou cometendo agora, me

deixando ficar cativa do seu olhar, enxergando o completo
abandono e entrega que refletem em suas safiras intensas, e isso,
de alguma forma, mexe comigo, me assusta. Eu prometi a mim
mesma nunca mais me sentir assim por ninguém, a não dar a
chance para outra pessoa me machucar. Ariel move seu braço,
passando-o por baixo da minha cabeça, se aproximando mais de
mim, até minha face se encostar em seu peito. Sua mão alisa
minhas costas e ele deposita um beijo em meu ombro, roçando seus
dentes em minha pele, erguendo sua face outra vez para mim.

— Inesquecível, minha doce vênus.

Ouço a voz em tombrando sussurrar cálida, de forma ínitma,
afagando meu rosto com o seu de forma carinhosa. Meus olhos se
fecham, enquanto tento não perder o controle, e ainda posso
observá-lo por um longo tempo.Quando Ariel adormece, me arrasto
para fora da cama de mansinho, me sentindo confusa e
amedrontada. Não tem mais o efeito da bebida, nem a euforia da
luxúria, apenas uma sensação estranhaque me apertatantoa alma
como meu coração. Me esgueiro pelo quarto de hotel como uma
ladra noturna,começando a pegar cada peça de roupa minha caída
ao chão e minhas sapatilhas. Volto meus olhos uma única vez para
a cama, observando Ariel adormecido, completamentebelo em sua
nudez. Me visto correndo e abro minha bolsa, olhando as duas
notas de cem pratas que estão lá dentro, as deixando sobre a
bermuda dele. Não é muito, eu nem sei quanto ele cobra, mas é o
que eu tenho comigo. Saio do quarto com pura pressa, fechando a
porta bem devagar atrás de mim, carregando uma pontada de
tristeza, sem nem saber o motivo pelo qual ela está me ferindo.

— Estúpida, estúpida, estúpida! — me recrimino enquanto
corro para o elevador, fugindo apressada e envergonhada de dentro
do hotel.

Capítulo 07

Férias interrompidas

Cristina Self

Dois meses depois

Inalo o ar com força pela minha boca, soltando pouco a
pouco pelas narinas, e mantenho meus olhos fechados, sentindo o
gosto salgado da minha bílis dentro da minha boca pelo tantoque
vomitei. Fecho a tampa da privada, dando a descarga, e me afasto
do vaso sanitáriodo banheiro. Caminho para a pia e abro a torneira,
enchendo minha mão de água e lavando meu rosto. Escovo meus
dentes,suspirando desanimada, olhando meu reflexo no espelho do
banheiro do meu apartamento.O dia mal começou e já é a terceira
vez que o enjoo matinal me pegou nessa manhã. Abaixo meus
olhos para meu ventre, alisando minha barriga, enxaguando minha
boca na pia.

— Vocês dois podiam me dar uma trégua — sussurro,
mantendo a caríciano meu ventre enquanto escovo meus dentes.
— Mamãe vai ter que voltar ao trabalho hoje, bebês.

Depois de secar minhas mãos, caminho para o quartoe pego
a roupa que deixei separada em cima da cama para me troca.r Me
visto rapidamente, parando de frente ao guarda-roupa. Arrumando
meus cabelos, opto por um rabo de cavalo em vez do costumeiro
coque alto como penteado. Me olho no espelho do guarda-roupa,
conferindo meu aspecto, e me vejo apertada na minha saia azul-
marinho, que comprime minha cintura. A blusa de lã negra, com
gola alta, disfarça um pouco minha cintura. Calço as sapatilhas,
passando minhas mãos pela saia, garantindo que não esteja torta.
Meu corpo está mudando rápido demais, se adaptando à gestação,
percebo isso pelo volume dos meus seios, que estão aumentando.

Descobri que estou grávida na metade das minhas férias, que
foi interrompida por contade um desmaio que tive no hall do hotel
que estava hospedada no Havaí. Quando começou o mal-estar
repentino, eu não dei muita bola, achava que era apenas pela
mudança de clima ou por estar sobrecarregada com tantotrabalhoe
estresse nos últimos tempos. Mantinha em meu pensamento que

apenas precisava descansar e relaxar. Quando o vômitoe os enjoos
me pegaram, coloquei a culpa na comida exótica. Minha
menstruação atrasada nunca foi de me deixar preocupada, até
porque nunca fui regrada e sabia que não podia ter filhos. Foi uma
surpresa sem tamanho quando o médico me disse que estava
grávida. Não acreditei, entrei em absoluta negação. Lhe falei que
tinha acontecidoalgum engano, pois eu não podia ter filhos, que fiz
exames que comprovavam que eu era estéril. Mas ele me mostrou
que estava completamenteenganada, refazendo todos os meus
exames, comprovando que meus ovários e útero são saudáveis,
tanto que eu estava grávida de um mês.

As férias foram interrompidas imediatamente, me fazendo
embarcar no primeiro voo que achei de volta para casa. Fui direto
para o ginecologista que tinha feito meus exames na época que eu
era casada com Renan. O médico me olhou espantado quando lhe
disse que eu não podia ser mãe e não entendia por que estava
grávida. Ele buscou pelo meu históricoem suas fichas clínicas, e no
arquivo de pacientes confirmava que eu nunca tive qualquer
problema de saúde, que quem não podia ter filho não era eu, mas
sim Renan. Eu chorei, me derramei em lágrimas segurando aquele
malditopapel. Renan mentiupara mim, fez eu me sentiruma mulher
incompletapor acreditarque nunca seria mãe, e mesmo me vendo
sofrer, Renan manteve sua mentira.

Mas mal eu sabia que estar grávida seria apenas o começo
da virada de pernas para o ar que minha vida daria. Minha mãe
simplesmente me deixou um recado na caixa de mensagem,
avisando que estavano Marrocos. Estavaquase tendouma crise de
desespero, precisava falar com ela, precisava do maldito cartãoda
agência de garoto de programa. Quando saí do hotel aquela
madrugada, largando Ariel para trás, apenas corri para a casa dela,
fazendo minhas malas, chamando um táxi e indo direto para o
aeroporto. Nós duas nem chegamos a conversar, minha mente
estava confusa. Achei que quando voltasse de férias estaria mais
calma para conversar com ela, entretanto,minha mãe embarcou
para mais uma de suas viagens de loucura, a qual ela não temdata

de retorno. A última viagem que ela fez repentina foi para África, e
ela demorou cinco meses para voltar para casa, se desligando por
completo de telefone e e-mail. Para minha sorte, pelo menos a
reforma do meu apartamento ficou pronta na data estipulada.
Tentava assimilar tudo que estava acontecendo,as consequências
de uma noite fora de série, impulsionada por duas garrafas de
vodca, com um garoto de programa terrivelmente sexy, sem
proteção alguma.

Na última consulta de pré-natal que fui, com uma obstetra
recomendada pelo ginecologista,eu realmentefiquei sem conseguir
falar nem uma palavra sequer. Na ultrassonografia, que me deixava
ver e ouvir o meu filho que está dentro de mim, me fazendo chorar
de emoção, a médica apontou para o pontinho ao lado dele, e eu
descobri que tenho dois corações batendo fortes dentro do meu
ventre. Fui de emocionada para desesperada em questão de
segundos, não acreditandoque não estou apenas grávida, mas sim
duplamente grávida. São gêmeos! Sem minha mãe para me ajudar
a encontrar Ariel, comecei a procurar pelo nome dele na lista de
telefone, até pesquisei sobre o nome da empresa do cartão na
internet,mas nada. Sem rastroalgum que me ajudasse o encontra,r
fui atéa casa dela. Revirei cada cômodo e gavetaatrásda porra do
cartão, e nada, ele simplesmente sumiu. Não tenho medo de ser
mãe, esse sempre foi meu maior sonho, e mesmo sem ele nem
saber, Ariel me deu o melhor presentede aniversário que eu poderia
ganhar em minha vida. Não sei se ele pensará assim se um dia
descobrir que é pai, mas não me importo como ele agirá, meus
filhos se tornaram tudo para mim. Suspiro, alisando minha barriga,
ficando de lado, a olhando no espelho. Imagino como ficarei daqui
alguns meses, com a barriga grande, não conseguindo esconder de
mais ninguém que vou ser mamãe.

— Vou proteger vocês, sempre — sussurro para eles,
sorrindo, pegando minha bolsa no cabideiro e caminhando para fora
do quarto.

Nem penso em passar perto da cozinha, pois sei que
qualquer coisa que eu comer agora vai ser vomitadoimediatamente.

Tranco meu apartamentoe vou para a escadaria, mas ao passar
pela portaria, sou parada pelo porteiro, que sorri para mim.

— Retornando para o serviço hoje, senhorita Self.

Sorrio, confirmando para ele com um balançar de cabeça,
parando perto do seu balcão.

— A mordomia das férias acabaram. — Olho o cesto de
envelopes para ver se temalguma cartapara mim, qualquer sinal de
vida da desmiolada da minha mãe.

— Senhorita Cris, eu sei que é chatotocarnesse assunto —
ouço a voz dele abaixar, enquanto se levanta da cadeira,
tamborilando seus dedos no balcão —, mas a senhorita me pediu
para lhe avisar se aquele rapaz voltasse a aparece.r

O sorriso que tenho em meus lábios morre, sinto um arrepio
de medo percorrer minha nuca, enquanto olho perdida para ele.

— Renan apareceu aqui? — As palavras pesam em meu
coração, e institivamente levo minhas mãos para meu ventre.

— Infelizmente, sim, três vezes só no meu turno. Perguntei
para os outros porteiros e eles confirmaram que ele também esteve
aqui. Como sempre, o rapaz ficou alterado quando falamos que ele
não tem permissão de entrar no edifício.

Deus, por que justo agora esse inferno tinha que voltar?
Renan tinha arrumado outra pessoa, por que ele simplesmente não
me deixa em paz?

— Quando foi a última vez que ele veio, Bobe?

— No começo da semana passada, a senhorita tinha saído
cedo. — Bobe me dá um olhar compreensivo, falando calmo para
mim. — Quando voltou, lhe achei com o rosto tão abatido, que não
quis lhe deixar mais preocupada.

Foi na última consulta de pré-natal, quando eu soube dos
gêmeos. Me recordo desse dia, voltei para o apartamento tão
desligada, que apenas queria entrar dentro do apartamentoe ficar
encolhida na minha cama. Não tenhocomo lidar com as loucuras de

Renan, não agora. As medidas protetivasnão estão funcionando,
ele não se importade ser preso, porque sabe que seu pai vai tirá-lo
da cadeia. Respiro nervosa, esfregando meu rosto, sentindo meu
coração bater acelerado.

— Obrigada por ter me avisado, Bobe.

Saio do edifícioe caminho apreensiva pela calçada, sentindo
todas as emoções me engolirem:o acuamento,o medo, o pavor a
cada carro que passa na rua e os pedestresque andam na calçada.
Não acho justo ter que passar por todo esse terror outra vez, não
agora, não quando tenhomeus bebês dentrode mim. Depois de ter
colocado toda minha vida em ordem, Renan volta para me
assombrar. Vou ter que conversar com Max, ele me ajudou uma vez,
talvez possa conseguir outra restrição mais rigorosa, algo definitivo,
que mantenha Renan longe de mim. Durante todo o trajetodo meu
apartamento ao ponto de ônibus e até eu chegar na frente do
edifícioque trabalho, fico me sentindo apreensiva, como se Renan
fosse aparecer a qualquer momento na minha frente. Olho no
relógio do meu pulso, vendo que ainda tenho alguns minutos, e
aproveito para ligar para minha mãe, mas, novamente, a ligação
chama até cair na caixa de mensagens. Droga!

— Mãe, sou eu, sua filha, se recorda?! Não sei mais quantas
mensagens eu lhe deixei nesses últimos dias, mas, por favor,
preciso que me retorne assim que as ouvir. Preciso urgente da
senhora, você vai ser vovó... — Respiro fundo e encerro a ligação.
Olho para a rua e volto a encarar o prédio.

Entro no prédio da empresa e guardo o celular dentro da
minha bolsa, pendurando-a no meu antebraço.Olho para o elevador
e repuxo meu nariz, me sentindo desconfortável, sabendo
exatamentea tonturaque vou sentir por contada gestação, com os
solavancos do elevador, quando ele começar a subir pelos andares.
Fecho meus olhos, entro e espero ansiosamente até ele chegar ao
terceiroandar. Assim que as portassão abertas,respiro fundo, abro
meus olhos, e ao sair do elevador vejo uma outrasecretáriasentada

em minha cadeira. Não era para ela estar aqui. Como eu voltava
hoje, o contrato de serviço temporário dela acabou.

— Graças a Deus você voltou, Cris! — Ouço a voz ansiosa
me chamar, e sou pega pelos braços de Bete,que me espreme com
força em um abraço. — Nunca desejei tanto que suas férias
acabassem — ela diz, rindo, se afastando, soltando um longo
suspiro.

Olho perdida para ela, sem entenderpor que o escritórioestá
desorganizado, com pastas espalhadas pelas mesas.

— Por que tem uma moça no meu lugar, Bete? E qual o
motivo de tantaspastas espalhadas? — pergunto baixo para ela,
desviando meus olhos da menina que está ao telefone.

— Nem teconto!Perdeu tantacoisa... — Beteolha em volta,
cruzando seus braços. — Esse malditosócio que chegou assim que
você saiu de férias fez muitasmudanças. Ele disse que seria melhor
ter alguém aqui na recepção, enquanto nós duas ficamos à
disposição dele, Pietro e Max. Estou ficando louca tendo que
atender os três... Esse homem é o capeta!

— Por um momento pensei que fui demitida — falo, sentindo
alívio. — Está organizando os documentos?

— Não, ele mexeu no seu computadore viu que metade dos
documentos estavam digitalizados, separados em pastas, na
nuvem. Ele me obrigou a digitalizar o restantee transferir para o
computado.r.. Acho que vou morrer com cãibra em meus dedos.

Olho para ela e arqueio uma sobrancelha, sentindo uma
feição pelo novo sócio, por finalmente conseguir fazer Bete me
ajudar com algo dentro desse escritório.Eu comecei a transferir os
arquivos para o computadorjá temum tempo,mas sou uma só, não
posso fazer tudo sozinha, pois há casos imensos, com mais de 300
páginas. Se tivesse que fazer isso sem ajuda, levaria anos para
finalizar.

— Ele não me parece tão diabólico assim, afinal. — Sorrio
para a moça sentada na minha mesa, que acena para mim.

— Não se engane, Cris. Lhe dou três dias para pedir as
contas, porque o homem é um demônio carrasco. Três estagiárias
temporárias pediram demissão, saindo chorando da sala dele
depois que foram severamente repreendidas.

— Cristina, meu bem, está de volta! — A voz de Max me
chamando faz eu me virar, olhando para trás de mim.

O vejo sorrir, fechando os botões do seu terno, caminhando
em minha direção com sua forma galanteadora de sempre. Sou
puxada para seus braços, recebendo um abraço forte de Max. Eu
gosto dele, o adoro muito, sempre foi um homem bom, e foi por
conta do meu caminho se cruzar com o seu em uma audiência no
tribunal contra Renan, que o conheci. Estava abalada, sentada na
cadeira pertoda saída,por contada forma distorcidae fria com que
o advogado de Renan me fez passar por uma mulher
desequilibrada, que estava inventando calúnias contra ele apenas
para ganhar uma pensão. Cristo, eu nunca quis nada de Renan,
apenas quero que ele fique longe de mim! Max assistiuà audiência,
estava esperando pelo caso que iria representar, que seria o
próximo, e foi empático, conversando comigo e ouvindo meus
relatos quando me perguntou por que eu estava no tribunal. Não foi
o advogado que contrateique conseguiu me ajudar com a medida
protetiva, mas sim Max. E de sua cliente, virei sua funcionária,
quando um dia ele me fez a proposta de trabalho. Ele estaria
abrindo a firma de advocacia junto com seu irmão mais velho,
Pietro, que é o oposto de Max, um homem reservado, mas
igualmente educado como seu irmão.

— O que você fez? — Max diz quando se afasta, dando um
passo para trás e levando as mãos aos bolsos da calça, me
avaliando intrigado. — Cortou o cabelo?

— Não, eu não fiz nada, Max — falo, sorrindo, negando com
a cabeça.

— Não! Você fez, sim! — Ele me olha de cima a baixo,
retirando uma das mãos do bolso, coçando seu queixo. — Está
diferente, com um brilho bonito na pele. Me conte o que fez.

Engravidei!

Meu cérebro dispara rápido dentro da minha mente. Em
alguns meses o brilho da minha pele vai choramingar em meus
braços, ou melhor, vão...

— Ei, Pietro!— Max ergue a mão, chamando pelo seu irmão.
— Olha só quem voltou de férias! Me diga se ela não está diferente.

Viro e vejo Pietro sair da sua sala. Ele sorri ao me ver,
andando para mim, me dando um sorriso carinhoso, apertando
minha mão em cumprimento.

— Está linda como sempre, Cristina, mas Max tem razão, tem
um brilho diferente em você, meu anjo. — Sua grande mão cobre a
minha, e a outra dá um leve tapinha em meu ombro.

— Deve ter sido o sol do Havaí— falo baixo, lhe dando um
sorriso amarelo, encolhendo meus ombros.

— Senhorita Carlon, pode vir até minha sala?!

A voz alta e severa chamando por Bete ganha minha
curiosidade, o que me faz olhar para a porta da sala ao lado da de
Max e Pietro, e então a porta é aberta abruptamente.

— Miller, quero que conheça minha pequena joia. — Max gira
seu corpo, ficando na minha frente, bloqueando minha visão.

Ouço os passos pesados andando até nós, o que me faz
esticarminha perna, dando um passo para o lado, saindo de trásde
Max, deixando um sorriso profissional estampado em meu rosto
para dar as boas-vindas ao novo sócio. Naquela noite, a única
memória que fiquei dele foi do seu perfume enjoativo, quando as
portas do elevador foram abertas.

— Querida, este é Miller. Ariel Miller chegou há dois meses
de Nova York para assumir o cargo de novo sócio da empresa. — A
voz animada de Max fala, mas a única coisa que sinto são minhas
pernas ficando bambas.

— Ariel e eu nos formamos juntos em Direito, em Nova York.
— Pietro sorri, piscando para mim. — Conheça o melhor criminalista

de nossa época. — Pietrosegura meu ombro, deixando sua mão lá.
— Se não se importar, fizemos algumas mudanças enquantoestava
de férias, Cris, e achei correto designar você para ser a secretária
dele, assim Ariel para de ficar aterrorizando as pobres estagiárias da
agência de emprego.

Não preciso nem dizer que meus joelhos fraquejam e que
tenho grandes chances de desabar no chão, no meio do escritório.
Meu coração bate descarrilhado e uma tontura me pega, me
fazendo ficar com as mãos suadas e trêmulas,encarando o homem
sério, trajado em seu terno negro, com as safiras presas em minha
face. Ariel não esboça nenhuma reação ao me ver, simplesmente
está parado, com suas mãos nos bolsos, não parecendo nem um
pouco com aquele homem casual com roupa despojada que entrou
nesse escritório dois meses atrás.

— Acho que não entendi...

— Dentro do envelope tem todas as diretrizes sobre o que vai
precisar saber. Apenas esteja aqui na segunda-feira, às oito, sim?
— Aceno para ele, que olha da minha facepara o envelope, ficando
perdido.

— Deus... — A palavra sai tão baixa da minha boca, que
apenas balbucio, medrosa, compreendendo o que aconteceu
naquela noite.

— Seja bem-vinda, senhorita Self. — Sua voz é rude,
salientandoseu ar tirano,me olhando zangado. — Se já terminaram
a confraternização, gostaria de voltar ao trabalho, tenho que ir ao
tribunal ainda hoje — ele fala e se vira, voltando para sua sala,
batendo a porta atrás de si.

Me sinto horrível ao ver a forma como ele me tratou,seu
olhar acusador me condenando com a voz rude. Meu Deus! Eu
transei com esse homem, sem pudor algum, tantoque estou com a
consequência dessa noite dentro de mim, mas se já era
desesperador ter passado todos esses dias procurando por ele,
agora, nesse momento, eu desejo nunca ter o reencontrado.

— Não se preocupe, meu bem — Pietro fala calmo, batendo
em meu ombro. — Ariel parece um diabo quando está focado em
seus casos, porém, por trás da sua cara rabugenta, ele é um bom
homem.

Max me dá outro beijo na testae sai andando, conversando
com Pietro, dispersos do frangalho que eu me encontro. Deus!
Esfrego meu rosto, respirando fundo. Ariel não era um garoto de
programa. Eu dormi com a porcaria do novo sócio da firma! Eu
estou grávida de um dos advogados.Merda!

— Você não me disse que o novo sócio era um rapaz jovem,
saído da faculdade? — pergunto para Bete, me sentindo sem .ar

— Oh, eu me confundi, devo ter ouvido errado. Quando
Pietro me falou, eu estava no telefone — ela fala rápido, dando de
ombros. — A verdade é que o doutor Miller fez faculdade com
Pietro, não estava se formando recentemente,ele é apenas dois
anos mais novo que Pietro,tem trintae seteanos. Já é um veterano
nos tribunais.

— Oh, meu Deus!

Bete olha para a porta fechada, balançando a cabeça em
negativo.

— Ele aceitou a proposta de associado e veio trabalhar na
Califórnia, e você nem imagina quem está tentandopescar esse
demônio — Bete sussurra, abrindo um sorriso, tão preocupada em
fazer a fofoca, que não percebe que estoutendoum surtode medo.
— Malvina já está com as garras nele. Ouvi dizer que eles estão
transando, sabia? Aquela advogada vadia do setor trabalhistanão
perde tempo. Como não conseguiu fisgar Max e muito menos Pietro,
ela atacou o novo sócio.

— Eu... eu preciso ir ao banheiro. — Viro para trás, girando
em meus calcanhares, praticamente correndo rumo à porta do
toalete dos funcionários.

Me escondo dentro de um dos lavabos, o trancando,
respirando descompassada, sentindo minhas pernas sem força

alguma. Cristo, eu sofri o pão que o diabo amassou nos primeiros
dias, quando vim trabalhar aqui na empresa, pois grande parte dos
funcionários achavam que eu apenas consegui o serviço porque
estavatransando com Max. Dei duro, me esforçando tododia dentro
dessa empresa, para mostrar que se estava aqui, é porque tenho
competênciaem realizar meu serviço, e não porque fazia troca de
favores sexuais. Todo o falatório vai começar em dobro quando
minha barriga começar a crescer e eles souberem que o pai dos
meus bebês é o novo advogado criminalista.

— Oh, meu Deus, ficou sabendo da novidade? — Ouço a
risada de uma das meninas do almoxarifado, que entrano banheiro.
— Designaram a estranha quatro olhos para ficar como secretária
do bonitão de Nova York.

Olho para a porta fechada, ouvindo os risos aumentarem,
entendendo que é de mim que elas estão falando.

— Cristo, aquela mulher é uma geladeira fria! Coitado dele
por ter que passar o dia todo olhando para as roupas cafonas dela!

Abro a porta do banheiro e saio de dentro do lavabo, não
direcionando meu olhar para elas. Apenas caminho até a pia, lavo
minhas mãos e jogo uma água refrescanteem meu rosto, usando o
papel toalha para me secar. O descartono cestode lixo, abro minha
bolsa, retiro meus óculos de lá e levo à minha face. Me viro, olho
para elas rapidamente e saio do banheiro. Antes mesmo de sair do
corredor, meus passos param ao ser confrontadapelo olhar de aço
de Ariel, que se mantém sério, me encarando com sua face
fechada.

Capítulo 08

Do céu ao inferno

Ariel Miller

— Terei que sair à sua procura toda vez que precisar dos
seus trabalhos, senhorita Self?

Minha voz sai firme, enquantomeus olhos se mantêmpresos
em sua face pequena. Tento não inalar o aroma do seu perfume,
que invade meu nariz, me fazendo ter memórias dos sons suaves
que escaparam dos seus lábios enquanto ela queimava em meus
braços. Quero poder afirmar para mim mesmo que não reconheci
sua voz no momento que ouvi ela conversando com a outra
secretária, que meu coração não errou uma batida e que muito
menos fiquei ansioso, como um maldito novato que acaba de
reencontrar sua garota. Não foi para esse propósito que aceitei vir
trabalhar na Califórnia, quando Pietro me convidou, eu apenas
almejei novo ares, largar as velhas lembranças dolorosas que
estavam me consumindo em Nova York. A morte de Dolly, minha
pequena filha de dois anos, tinha devastado minha vida, e por
quatro anos depois da sua perda eu me mantive focado apenas no
trabalho, despejando toda minha concentração nos julgamentos e
nos meus clientes. Tinha cometido um erro quando me casei com
Silvia, no fundo sabia que ela apenas ambicionava uma vida
luxuosa, o status,o glamour. Seu grande amor era a boa vida que
eu lhe proporcionava, não eu, muito menos nossa filha. Eu amava
minha filha, ela era a minha conquistamais preciosa. Me recordo do
seu sorriso em sua face carinhosa na última vez que a vi, quando
parti daquela casa.

— Ei, minha princesa, papai tem que ir. — Beijo seu pescoço
apenas para ouvir o som da sua risada gostosa.

Deposito Dolly no berço, alisando seus cabelos, pegando
minha bolsa em cima da cama e caminhando para fora do quarto.

— Quer que eu façaalguma coisa? — Meus olhos pousam
na mulher parada no corredor, com os braços cruzados.

— Arrume um advogado. — Caminho reto, passando a
passos duros, sem olhar para ela. — Minha filha vai ficar comigo.

— Ariel... Ariel, não pode.

Não paro de caminhar, nem me viro para olhar sua face.

— Apenas observe.

— Não pode fazer isso, eu sempre cuidei da minha filha...

— Silvia, que horas ela dorme? Qual é o desenho preferido
dela? Sabe ao menos com qual bichinho de pelúcia ela dorme
abraçada? — grito com raiva, tendo ela alterada, caminhando atrás
de mim, me seguindo até a garagem, puxando minha bolsa com
força das minhas mãos.

— Ela fica comigo!

— Você sabe o que ela come no café da manhã? Sabe o
nome do pediatra dela? Por um acaso, tem ele anotado na sua lista
de contatos? Você não sabe nada sobre nossa filha!

— Eu não vou deixar você tirar minha filhade mim, não vou
deixar você a levar para longe. Você acha certo nunca estar
presente, trabalhando toda hora, estando sempre na merda do
telefone nos fins de semana, e me deixando triste o tempo todo?

— Triste? — Cerro meu maxilar com ódio, olhando para sua
face. — Está triste?

— Estou... — ela grita, com a voz chorosa.

— Eu lamento se estava tão triste com a vida de luxo que eu
sempre lhe dei, com toda sua formafrívolas, e ludibriando em salão
e joias caras. Lhe deixei tão triste que precisou ir atrás do seu amigo
Samuel, da época da faculdade, apenas para trepar com ele dentro
da minha casa! — Puxo minha bolsa com ódio da sua mão,
respirando com força.— Realmente deve ser muito triste saber que
não vai gastar mais nenhum centavo meu, e muito menos usar
minha filha como moeda de troca para continuar se mantendo às
minhas custas.

Entro no carro e bato a porta com força,ligando-o e pisando
no acelerador.

Dois dias depois, em uma noite chuvosa, após Silvia sair de
uma festa na casa de uma amiga, mesmo ela conscienteque tinha
bebido, decidiu conduzir o veículo, dispensando o motorista.Ela
perdeu a direção do carro e colidiu contra outro automóvel. Dolly
estava adormecida no banco de trás, deitada ao invés de estar na
cadeirinha. Perdi minha filha naquela noite, restando apenas um
buraco imenso em minha alma. Me afundei no trabalho depois do
lutopela perda dela, e por todos esses anos nada mais me fez sorrir
e muito menos me despertou encantoou curiosidade. Isso até dois
meses atrás, quando me deparei com os grandes olhos de coruja
brilhosos, olhando tão atenta para a tela do computad,odristraída da
minha presença. Seu modo atrapalhado me despertou interesse e
intriga, e talvez tenha sido por isso que não desfiz seu engano.
Fiquei tão fascinado na atrapalhadasenhoritaSelf, com suas roupas
estranhas para sua idade e gestos nervosos, falando pelos
cotovelos, que aproveitei o breve momento. Suponho que o fato
dela não se parecer com as mulheres ambiciosas que sempre me
rodeiam, me fez ficar intrigado com ela.

Dormir com a moça não foi algo intencional.Não tinhaplanos
de trepar com alguém quando fiz o check-in[14] no hotel e me
direcionei para o edifícioda empresa. Talvez meu primeiro erro não
foi ter omitido a verdade sobre quem eu sou, mas sim ter cedido à
tentaçãode provar seus lábios. Depois, no hotel, foi algo natural, o
que meu instinto implorava para ter, mas não foi a dor da ressaca
por conta do porre que tomamos juntos que me fez acordar de mau
humor, mas sim despertar naquela cama de hotel tendo apenas a
fragrância do seu corpo impregnada no lençol.

E na segunda-feira, quando cheguei para me apresentar ao
trabalho, apenas a cadeira vazia da sua mesa estava, pois havia
uma moça diferente,que saiu do banheiro, e muitotempodepois de
Pietro me apresentar a todos os funcionários, descobri que a
pequena vênus estaria ausente pelos próximos sessenta dias. As
lembranças da sua face, do seu sabor, a forma doce como ela se

entregou,tãoviva, sem barreiras ou vergonha, me levou à lona. Por
trás daqueles óculos grandes e roupas antiquadas, uma mulher
intensa e lasciva governava seu corpo. E foi com ódio que me vi
revivendo cada momento dela em meus braços dentro da minha
mente. Os boatos que chegaram aos meus ouvidos de forma
perversa, se infiltraram dentro de mim como veneno, e eu percebi a
forma carinhosa com que Max falava constantementeda sua pupila
Self. Me sentiamargo assim que soube sobre como a senhoritaSelf
tinha alcançado seu cargo dentro da firma de Direito. Me controlei,
tentandodisciplinar minha mente, me negando a ficar pensando
nela, mas aqui estou eu, a farejando como um animal que há muito
tempo ansiava por sua doce presa.

— Eu precisei usar o toalete, e agora estava indo procurar
onde será minha nova mesa de trabalho, doutor Miller. — Sua voz
sai baixa, com seus dedos comprimindo a bolsa em suas mãos,
olhando em volta antes de repousar seus olhos nos meus.

— Me acompanhe, senhorita Self.

Giro, caminhando para minha sala, abrindo minha porta. Ao
me virar, a vejo olhar apreensiva para a sala e depois para a direção
do elevador.

— Poderia ser para hoje, temos trabalho a fazer!

O tom da minha voz sai ríspido, não consigo esconder a
forma desorientada que fico com seu retorno. Ela entra de
mansinho, balançando sua cabeça em positivo, olhando a sala
brevemente, parando ao centro dela. Aponto a segunda mesa
pequena ao cantoda sala, que fica de frentepara a minha, olhando
sério para ela.

— Sua mesa é aquela. — Seus olhos se expandem, ficando
arregalados com seu olhar de coruja amedrontado. — Como pode
ver, seu computador estará ligado ao meu, assim não precisará
perder tempo com vírus.

Cruzo meus braços, acompanhando os gestos nervosos dos
seus dedos, que esfregam sua face. Eu poderia dizer que me sinto


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