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Published by andreaires, 2018-08-20 14:51:20

Textos_e_Contextos

Textos_e_Contextos

Copyright © 2017 by
ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE SOUSA FILHO

[email protected]

Revisão
JOSÉ CAJUAZ FILHO
Projeto gráfico e capa
GERALDO JESUINO

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S 231t Sousa Filho, Antônio de Albuquerque

Textos e Contextos / Antônio de Albuquerque Sousa
Filho. – Fortaleza: Imprece, 2017.

190p.:il. 15,5 cm x 22,5 cm.
ISBN:978-85-8126-157-7
1. Crônica Cearense. 2. Crônica Brasileira. I.
Titulo.

CDD. B869.8

Aos colegas Engenheiros Agrônomos
Formados em 1962 pela antiga Escola de
Agronomia, atual Centro de Ciências
Agrárias, da Universidade Federal do
Ceará, completam 55 anos de formatura,
pela constante luta pelo desenvolvimento
do Nordeste Brasileiro.

SUMÁRIO

PREFÁCIO ................................................................................................7
ADEUS ....................................................................................................17
AO MESTRE............................................................................................17
O REITOR MARTINS FILHO ..................................................................20
E O CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS ................................................20
CENTENÁRIO DO PROFESSOR ............................................................23
RENATO BRAGA.....................................................................................23
RAIMUNDO NORMANDO, .....................................................................26
UM RARO EXEMPLO .............................................................................26
UM HOMEM PÚBLICO..........................................................................29
TONY CALS: A EDUCADORA ................................................................32
UMA VOCAÇÃO DE SERVIDOR ............................................................34
A HOMENAGEM QUE FALTA ...............................................................36
O CORONEL DA EDUCAÇÃO ...............................................................38
A MORTE DE UMA EDUCADORA.........................................................40

INSTITUIÇÕES .............................................................................................42

A UFC E AS SUAS CRISES .....................................................................43
A UFC NOS SEUS 40 ANOS....................................................................46
A NOVA FACE DA UFC..........................................................................49
OS RECURSOS FINANCEIROS DA UFC................................................51
A RESPEITO DE DENÚNCIAS ...............................................................55
REVENDO O SISTEMA SEBRAE ............................................................59
EM DEFESA DO PIAMARTA..................................................................62
S.O.S. UECE............................................................................................64
S. O. S. EMATER-CE ...............................................................................67

AGRONOMIA................................................................................................69

O AGRÔNOMO ..........................................................................................70
EMPREENDEDOR .....................................................................................70
MUDANÇAS...............................................................................................73
NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL.............................................................73
VISÃO E PIONEIRISMO ............................................................................76
DESAFIOS AGRONÕMICOS.....................................................................79
AGRONOMIA-90 ANOS ............................................................................82

A FORMAÇÃO ...........................................................................................84
DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO ..............................................................84
70 ANOS DA AEAC ....................................................................................86

REGIÕES .......................................................................................................88

CARIRI: ......................................................................................................89
ONTEM, HOJE E AMANHÃ.......................................................................89
O OUTRO LADO DE JERI ..........................................................................92
REFLEXÕES...............................................................................................96
SOBRE A REGIÃO DO CARIRI .................................................................96
O TURISMO NO CARIRI............................................................................99
TURISMO IMPROVISADO......................................................................101
CAMOCIM ................................................................................................ 103
DE MEU TEMPO ......................................................................................103
FORTALEZA: ...........................................................................................106
CIDADE TURÍSTICA? .............................................................................106
REDENÇÃO:.............................................................................................109
A LIBERTAÇÃO INCOMPLETA. ............................................................109
VISITA “TURÍSTICA” A QUIXADÁ .......................................................111
VIÇOSA DO CEARÁ ................................................................................113
- APOIO DA INFORMÁTICA ...................................................................113
VIÇOSA DO CEARÁ ................................................................................115
: CONQUISTAS E DESAFIOS ..................................................................115
O NOVO CARIRI ......................................................................................118

DESENVOLVIMENTO ...............................................................................122

AS ALTERNATIVAS................................................................................123
PARA OS MICROS E PEQUENOS ...........................................................123
A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES...............................................126
DAS PEQUENAS EMPRESAS .................................................................126
FORMAÇÃO PROFISSIONAL.................................................................132
O EXEMPLO PERNAMBUCANO............................................................134
PRODUTOS DO CEARÀ ..........................................................................137
DESENVOLVIMENTO CAPENGA..........................................................139
DESENVOLVIMENTO.............................................................................141
E PESQUISA CIENTÍFICA .......................................................................141
DESCAMINHOS DO CEARÁ...................................................................145

CIÊNCIA, TECNOLOGIA ........................................................................149
E AGRICULTURA....................................................................................149
A IMPORTÂNCIA ....................................................................................151
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR ...................................................................151
SANGRANDO O NORDESTE ..................................................................154
UMA VIAGEM INESQUECÍVEL.............................................................157
UM CURSO COMO REFERÊNCIA ..........................................................165
VIAGEM A ISRAEL .................................................................................171
VISITA AO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO...........................................179
DO RIO SÃO FRANCISCO.......................................................................179
A VERDADE SÔBRE ...............................................................................187
O PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO...........................................................187

OUTROS ASSUNTOS .................................................................................190

A LÓGICA DOS “JUSTICEIROS..............................................................191
CIDADE SEM LEI.....................................................................................195
NO RITMO DO FAZ-DE-CONTA.............................................................197
50 ANOS DE FORMATURA.....................................................................199
OS CEARENSES SÃO ABESTADOS? .....................................................201
ACADEMIA CEARENSE .........................................................................203
DE ENGENHARIA ...................................................................................203
CULTURA HISTÓRICA? .........................................................................205

Textos e contextos

PREFÁCIO

A partir de uma determinada época, venho escrevendo sobre
fatos de interesse coletivo, alguns por mim vivenciados, atinentes a
pessoas com quem convivi ou relativos a instituições importantes
para o desenvolvimento do nosso meio, além de setores específicos
da agronomia, minha área de formação, sobre municípios das
diversas regiões do Estado do Ceará e outros assuntos do meu
interesse.

Considero o conviver com pessoas experientes e de sólidos
conhecimentos uma das aprendizagens mais válidas. Tive
oportunidades de relacionamentos com relevantes figuras do
mundo acadêmico universitário, da administração pública estadual
e federal, de outros setores da educação e da agronomia, a nível
nacional e internacional. O meio familiar também me foi rico em
experiências sob vários aspectos que forjaram o meu caráter e a
minha visão de mundo.

Os ensinamentos adquiridos foram fundamentais na perseguição
dos meus objetivos e na persistência em atingi-los, apesar dos
obstáculos encontrados. As pessoas importantes para a minha
formação tornaram-se exemplos vivos de dedicação, competência e
integridade. Algumas foram meus professores e depois chefes,
outras conviveram como companheiros das causas da educação,
muitos colegas de trabalho institucional ou profissional e um em
especial, do convívio familiar. Cito, dentre outros, os professores
Francisco Alves de Andrade e Renato Braga, do Curso de
Agronomia e depois meus superiores nas funções que exerci no
Ministério da Agricultura e na Universidade Federal do Ceará

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Textos e contextos

(UFC); a figura de Martins Filho, fundador e primeiro Reitor da
UFC, que deu exemplos de determinação e forte liderança;
educadores dedicados como Tony Cals, Sergio Pasquali, Raimundo
Normando e Maria José Mendes Bonfim; um homem público
extraordinário, Virgílio Távora, que implementou o primeiro Plano
de Desenvolvimento do Ceará (PLAMEG) e com quem tive a
honra de trabalhar como Secretário Estadual de Educação, no seu
segundo governo; José Braga Paiva, colega de turma do Curso de
Agronomia, professor e pesquisador de destaque da Universidade
Federal do Ceará e meu irmão Jefferson de Albuquerque, talhado
para ser servidor público dedicado e atuante na Região do Cariri
Cearense como funcionário do Banco do Brasil.

O desenvolvimento socioeconômico e tecnológico do Ceará
passa obrigatoriamente por instituições públicas e privadas. Dentre
as referidas instituições, destacamos as universidades e outros
estabelecimentos educacionais de formação profissional, aquelas
que dão suporte às empresas dos setores da agricultura, da
indústria, do comércio e dos serviços.

As universidades são de uma importância incalculável, por suas
funções de formação de recursos humanos nas diferentes áreas do
conhecimento; pela realização de pesquisas nos diferentes campos
do conhecimento, modificando os já conhecidos e buscando os
novos, relativos às áreas das humanidades, médicas, tecnológicas,
agrícolas, administrativas e ciências básicas ou através da
realização de seminários, palestras, treinamentos específicos e
publicações variadas.

Os estabelecimentos educacionais de formação, mormente os de
nível médio, têm um papel importante na qualificação de auxiliares
nas diferentes áreas de atuação. A agricultura, a indústria, o
comércio e os serviços são campos de trabalho dos jovens
formados por tais centros educacionais. Eles criam oportunidades

8

Textos e contextos

de trabalho qualificado, com larga oferta de empregos, melhoram a
renda pessoal dos formandos, facilitam o aumento da produtividade
dos setores econômicos, oportunizam novos campos de formação e
perspectivas de melhoria de vida.

O suporte às micro e pequenas empresas faz-se necessário,
dadas as suas características básicas: geradoras de grande número
de empregos e melhoria de rendas; fornecedoras de produtos e
serviços necessários a nossa sociedade; complemento desejado às
médias e grandes empresas atuantes nas variadas áreas das
atividades socioeconômicas da indústria, comércio, serviços e
agricultura; modelagem adequada para implementação da
eficiência e eficácia de gerenciamento; rapidez no uso de novas
tecnologias e inovação da prática usual.

O setor da agricultura, para ter um desenvolvimento
tecnológico, necessita da descoberta de novos conhecimentos
gerados pela pesquisa da agropecuária. Por outro lado, os
produtores rurais, para usarem as novas tecnologias, necessitam da
melhoria de seu nível educacional e da presença de um serviço de
extensão rural, trazendo para os mesmos os novos conhecimentos
gerados pelas pesquisas agropecuárias. O desejado
desenvolvimento socioeconômico do meio rural precisa ser
complementado com crédito disponível e desburocratizado; uso de
insumos modernos (sementes, adubos, defensivos agrícolas);
melhoria da infraestrutura como estradas principais e vicinais;
energia elétrica; meios eficientes de comunicações (informações de
mercados); armazéns adequados e em números suficientes para
armazenagem de suas produções; sistemas de irrigação adaptados
às condições de solo e à conservação do meio ambiente.

Ainda é necessário para os produtores rurais: melhoria das suas
rendas; facilidade de escoamento de suas produções; suporte de
mão de obra qualificada e disponível; possibilidades de

9

Textos e contextos

financiamento com juros condizentes com suas realidades
socioeconômicas; apoio de entidades representativas de suas
classes; moradias adequadas e presença dos serviços de saúde,
educação e segurança para o pleno desenvolvimento do meio rural.

A Universidade Federal do Ceará e a Universidade Estadual do
Ceará são, aqui, abordadas sobre diferentes prismas, tendo como
foco central sua importância para o desenvolvimento do Estado do
Ceará. Ainda no aspecto educacional, trato de uma instituição da
maior importância que é o Centro Educacional João Piamarta que
vem contribuindo não só no papel de formar recursos humanos nos
diferentes cursos profissionais (nível médio) que ministra, mas
principalmente pela contribuição social que exerce, sendo sua
clientela formada por jovens social e economicamente carentes.

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará
(EMATER-CE) é uma entidade pública que existe há mais de 50
anos no nosso Estado, tendo, inicialmente, a denominação de
ANCAR-CE. Presta importante função na transferência de novos
conhecimentos para os produtores agrícolas. A referida empresa é
imprescindível nas mudanças socioeconômicas e culturais do meio
rural e para tal necessita de técnicos atualizados e de total isenção
de influências partidárias.

O SEBRAE-CE faz-se presente no desenvolvimento do Ceará
pela importância das micros e pequenas empresas atuantes nos
setores da agricultura, do comércio, da indústria e dos serviços. As
micros e pequenas empresas são geradoras de empregos, melhoria
de renda e, na sua grande maioria, inovadoras no que diz respeito
ao uso de novas tecnologias e racionalidade administrativa. O
SEBRAE-CE tem um quadro de técnicos competentes,
responsáveis, disponíveis e, principalmente, vibradores na
execução de suas tarefas profissionais.

10

Textos e contextos

Os profissionais de agronomia têm assistido grandes mudanças
no perfil de suas atividades, decorrentes do esfacelamento de suas
áreas de atuação com o surgimento de novas profissões dela
extraída, entre outras, as seguintes: engenharia florestal, engenharia
de pesca, engenharia de alimentos, engenharia agrícola e
zootecnista, tornando estreito o campo de atuação dos engenheiros
agrônomos. Surge a necessidade de nova abordagem relativa à
formação dos novos profissionais ligados à agronomia, enfatizando
uma visão inovadora e baseada nos avanços da genética, nos
estudos modernos da física e química dos solos, no uso adequado
dos novos equipamentos usados nas atividades agrícolas, no
gerenciamento moderno na utilização dos insumos (sementes,
adubos, defensivos agrícolas) e da informática utilizados na
agropecuária, na análise adequada da relação custo-benefício,
dentre outros fatores.

A contribuição histórica da unidade de ensino na formação dos
profissionais de agronomia é também, aqui, destacada, bem como a
de sua entidade de representação classista com figuras históricas
representativas.

Abordamos, também, a necessidade de termos o chamado
agrônomo empreendedor e as mudanças necessárias no currículo
desse profissional, visando os novos desafios profissionais.

Homenageamos a antiga Escola de Agronomia do Ceará, atual
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará,
berço dos profissionais de engenharia agronômica formados em
nosso Estado.

Finalmente, destacamos o importante papel desempenhado pela
Sociedade Cearense de Agronomia, modernamente denominada
Associação de Engenheiros Agrônomos do Ceará.

11

Textos e contextos

Uma visão diferenciada de Fortaleza e de determinados
municípios e regiões do Estado do Ceará é importante numa
perspectiva de desenvolvimento socioeconômico. A capital
cresceu muito nos últimos anos, apresentando ares de grande
metrópole com pontos positivos e muitos desafios, principalmente
no que se relaciona com temas como segurança pública, saúde,
educação, limpeza, transporte de massa, áreas adequadas e
apropriadas para a convivência coletiva e lazer, exigindo ações para
um planejamento adequado, tendo em vista o seu ritmo de
crescimento futuro.

Um dos fatores potenciais de suporte ao crescimento sustentável
de nossa capital tem sido o turismo. Para desenvolver as atividades
turísticas precisamos estabelecer prioridades: aeroportos, portos,
vias, viadutos e rodovias modernas; polos de atração turísticos
como museus, teatros, parques e praças bem cuidadas; transportes
públicos como metrô, VLT, ônibus integrados e refrigerados, táxis
com motoristas bem informados e educados; limpeza pública de
primeira; sinalização adequada das vias públicas; hotéis e pousadas
condizentes com diferentes níveis econômicos; informações
turísticas facilitadas, com pessoal bem treinado e sabendo manejar
adequadamente diferentes línguas estrangeiras; bons restaurantes
com cardápios variados; suporte das agências de turismo com
diferentes alternativas de programação turística e, principalmente,
preços dos serviços turísticos não abusivos.

Fortaleza já estaria devidamente preparada para ser um grande
polo turístico? Temos alguns ingredientes importantes como povo
hospitaleiro e simpático, muito sol, boa estrutura hoteleira, grandes
centros comerciais oferecendo produtos regionais variados, alguns
restaurantes de qualidade, arredores com praias preparadas para
receberem turistas e também certo número de empresas turísticas
oferecendo programas alternativos. Entretanto, ainda falta muito
para sermos um grande polo turístico.

12

Textos e contextos

O interior do Ceará tem apresentando, nos últimos anos,
algumas mudanças no seu processo de desenvolvimento,
principalmente, em termos econômicos. A infraestrutura melhorou
bastante no que diz respeito a estradas, à energia elétrica, a
comunicações (telefonia fixa e móvel, TV) e transporte público
(principalmente via ônibus).

Por outro lado, temos um desenvolvimento desequilibrado em
termos sociais, no que diz respeito à qualidade da educação, à
prestação de serviços de saúde, à geração de empregos em setores
diferenciados da economia, à melhoria de renda, dos serviços de
água e esgoto e, nos últimos anos, ao desafio da segurança pública.
Alguns municípios avançaram mais que outros, tornando-se
verdadeiros polos de desenvolvimento socioeconômico sediando
hospitais regionais, universidades locais e campi universitários de
universidades de fora, cursos profissionalizantes, indústrias,
grandes empresas comerciais, agricultura moderna baseada no
agronegócio, gerando mais emprego e melhorando a renda. São
exemplos, os municípios de Juazeiro do Norte, Quixadá, Sobral,
Iguatu e Limoeiro do Norte, dentre outros.

Os grandes desafios atuais do nosso Estado, dizem respeito à
saúde de qualidade; à educação com novos parâmetros e com
tempo integral; a sistemas de esgoto e água potável ao longo do
ano; a novas oportunidades de emprego e à melhoria de renda e,
principalmente, da segurança pública.

Tivemos a oportunidade de visitar municípios situados na
Região Metropolitana de Fortaleza, nas Regiões do Cariri e da
Ibiapaba, no Maciço do Baturité, do Sertão Central e do Litoral.
Cidades que têm base econômica, social e cultural diferenciada ao
lado de variação de tamanho e localização geográfica. Bom número
delas tem no turismo o seu grande potencial; outras o destaque é no
setor da agricultura ou da indústria ou do comércio ou dos serviços

13

Textos e contextos

ou ainda um misto dos mesmos. O novo grande destaque é o
surgimento de grande potencial de crescimento, provocador de
mudanças culturais, que é a implantação das universidades e
institutos de educação, ciência e tecnologia.

De todos os municípios e regiões visitadas a que mais chama
atenção é a grande mudança ocorrida na Região do Cariri,
principalmente no Município de Juazeiro do Norte com novas
indústrias, comércio fortalecido pela presença de grandes
aglomerados nacionais, variada gama de serviços presentes e,
principalmente, pela participação do ensino universitário com sede
de uma universidade federal (Universidade Federal do Cariri),
Campi da Universidade Estadual do Vale do Acaraú e do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, além de várias
faculdades particulares, totalizando mais de vinte mil estudantes
universitários.

Em se tratando de desenvolvimento, é importante descrever
realidades vivenciadas por instituições, seus programas e resultados
alcançados; analisar o papel dos valores culturais; da função
fundamental da formação e qualificação permanente dos recursos
humanos; da contribuição das pesquisas científicas; dos percalços
dos projetos de desenvolvimento e das ações executadas e seus
erros permanentes; dos fenômenos climáticos e da falta dos
cuidados com os recursos naturais e, principalmente, conhecer e
extrair das experiências exitosas de outros países, em seus projetos
de desenvolvimento. Realizar desenvolvimento exige
conhecimento, planejamento, elaboração de projetos viáveis e
dotados de recursos financeiros adequados, de qualificação de
recursos humanos e determinação politica.

Enfim, aqui abordamos temas relativos às micro e pequenas
empresas; a cultura como ação política; a formação profissional, a
exemplo do Estado de Pernambuco; a pesquisa cientifica; o

14

Textos e contextos
desenvolvimento do interior do Ceará; a seca e suas implicações; a
importância da educação superior; a carências do nordeste
brasileiro; as experiências vividas na África, Holanda e Israel; a
transposição do Rio São Francisco, dentre outros assuntos.

O nosso objetivo é permitir aos leitores momentos de
conhecimentos e reflexões, decorrentes de ações profissionais por
mim vivenciadas durante a maior parte da minha vida.

Estes escritos foram publicados em época diferentes e nos vários
jornais de Fortaleza, que ao final são indicados.

15

Textos e contextos
PESSOAS
16

Textos e contextos

ADEUS
AO MESTRE

A antiga Escola de Agronomia, atualmente Centro de Ciências
Agrárias da UFC, teve ao longo de sua existência o mérito de
formar profissionais atuantes em várias áreas. Muitos de seus
engenheiros agrônomos trabalharam como geólogos, químicos,
matemáticos, biólogos, engenheiros florestais e veterinários, entre
outros campos de atividades, dada a carência de formação
específica de tais especialidades em nosso meio,

Os professores da Escola, os chamados catedráticos e seus
assistentes, não possuíam os títulos de mestrado e doutorado,
exigidos atualmente, sendo autodidatas ou tendo feito cursos
avulsos, de preferência junto ao Ministério da Agricultura. Com
limitada experiência em outras regiões do País, raros eram os que
tiveram oportunidades no exterior. No entanto, foram mestres de
grande dedicação, entusiasmo e sabedoria, o que os capacitou
como formadores de profissionais competentes.

Dentre os mestres da Agronomia, um se destacava por sua
formação humanística, calcada em anos de estudos no seminário,
com formação em agronomia e também em direito. Possuidor de
uma inteligência irrequieta, permanentemente em busca de novos

17

Textos e contextos

conhecimentos, o que alimentava sua inclinação a polêmicas.
Refiro-me ao Professor Francisco Alves de Andrade, Chico Alves
como era chamado, falecido recentemente, em Fortaleza,

O Professor Chico Alves não se limitava aos ensinamentos de
zootecnia na sala de aula: adentrava temas polêmicos, relativos ao
meio ambiente, reforma agrária e desenvolvimento regional, dentre
outros. Mestre Chico Alves costumava alertar os futuros
engenheiros agrônomos para a necessidade e as oportunidades de
uma formação técnico-humanística, baseada na preocupação com o
homem rural, envolvendo aspectos sociais, econômicos,
tecnológicos e políticos.

O mestre incitava os seus alunos para que lessem muito de
forma variada, ressaltando o caráter permanente da aprendizagem.
Era coerente e corajoso em posições que assumia. Em momentos
difíceis vividos no ambiente universitário, mormente após 1964,
sempre esteve ao lado de estudantes e colegas perseguidos.

Chico Alves escreveu artigos, livros e documentos da maior
importância para o desenvolvimento do Nordeste e do nosso
Estado: “Uma consciência ecológica frente à problemática
econômica de um mundo escasso"; "Penetração civilizadora";
"Problemática dos recursos naturais numa visão sistêmica do
desenvolvimento econômico e humano". Temas que ainda guardam
uma atualidade premente nos dias de hoje. Na área de agronomia
escreveu "Ensino e desenvolvimento das ciências agrárias no
nordeste (Ceará) 1918-1978" e "Agronomia e humanismo".

Foi delegado do Ministério da Agricultura no Ceará, representou
nosso Estado no Conselho Deliberativo da SUDENE, foi
Presidente da Associação de Engenheiros Agrônomos do Ceará e
membro da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará.

Tive a honra de ser seu aluno no Curso de Agronomia, seu

18

Textos e contextos
subordinado no Ministério da Agricultura e seu colega de
magistério na Universidade Federal do Ceará (UFC), além de
privar do convívio de sua família. Em todos esses instantes, aprendi
a admirar o mestre Chico Alves. Com sua partida, a cultura
cearense e a classe agronômica do Estado ficaram mais pobres.

15/10/2001

19

Textos e contextos

O REITOR MARTINS FILHO
E O CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

A figura do Professor Antônio Martins Filho confunde-se com a
concepção e implantação da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Essa atividade criadora deu vazão ao surgimento de outras
universidades no Estado (Regional do Cariri e Estadual do Ceará),
esses fatos excepcionais abrangidos numa única biografia seriam
suficientes para gravar seu nome de modo inconfundível na história
da educação do Ceará.

Consideramos como as ações mais marcantes de Martins Filho à
frente da UFC: a qualificação de recursos humanos e a criação de
novas estruturas acadêmicas, tais como as Casas de Cultura, os
Institutos Básicos (de Física, Química, Matemática e Biologia), as
Escolas de Engenharia e Arquitetura, os Institutos de Zootecnia e
Tecnologia de Alimentos, de Ciências do Mar e Antropologia e o
CETREDE. Ele atuou de maneira efetiva no desenvolvimento de
áreas especificas da UFC como o Centro de Ciências Agrárias
(CCA), antiga Escola de Agronomia.

Por volta de 1963, a Administração Superior da UFC, tendo à
frente o professor Martins Filho, intercedeu junto a outras
instituições como a SUDENE, o Ministério da Educação e o Banco
do Nordeste, estabelecendo convênios com entidades internacionais

20

Textos e contextos

(principalmente com a USAID e a Universidade do Arizona) para
um programa de treinamento de pessoal na área das Ciências
Agrárias, denominado «Programa de Ensino Agrícola (PEA)".

O referido programa possibilitou alterações significativas na
qualificação de docentes em nível de pós-graduação (Mestrado e
Doutorado), além da aquisição de novos equipamentos, construção
de laboratórios, vinda de professores e técnicos norte-americanos,
desenvolvimento de novas pesquisas agronômicas e implantação de
Cursos de Mestrado no CCA. Os Institutos de Zootecnia e de
Tecnologia de Alimentos receberam novas estruturas físicas e
equipamentos que possibilitaram o treinamento de seus técnicos.

Com a qualificação dos professores e técnicos do CCA, novos
convênios internacionais foram estabelecidos como o firmado com
a FUNDAÇÃO FORD e o da OSTOM, na França, ampliando os
leques de oportunidades institucionais. Acordos com a SUDENE,
BNB, Ministério de Agricultura e Governo do Estado foram
assinados, ampliando também as pesquisas, sobretudo nas áreas de
Fitotecnia, Zootecnia, Solos, Tecnologia de Alimentos e Economia
Agrícola.

Na graduação surgiram outros cursos, destacando-se o de
Economia Doméstica, Engenharia de Pesca e Tecnologia de
Alimentos. O envolvimento do corpo docente do CCA com
trabalhos técnicos, estudos e assessorias cresceu de maneira
significativa junto aos governos federal, estaduais e municipais,
bem como se fez presente em entidades privadas. Cresceu o acervo
bibliográfico da Biblioteca Setorial do Centro, tanto em quantidade
como em qualidade, incluindo-se assinaturas de periódicos e
revistas especializadas. Intensifica-se também intercâmbio mais
intenso com outros centros técnico- científicos.

Foi adquirida uma fazenda experimental no Município de
Pentecoste-CE, ampliando as possibilidades de novas pesquisas

21

Textos e contextos
agrícolas, dado o suporte ali construído: canais de irrigação, casas
de vegetação, sistematização do terreno, além da contratação de
novos técnicos auxiliares.

Atividades e projetos junto à comunidade (extensão) foram
incentivados, destacando-se os cursos compactos e os campos
demonstrativos instalados junto a propriedades estatais e privadas,
em diferentes regiões do nosso Estado. Uma consequência de todo
esse crescimento institucional foi uma maior procura da instituição
por parte do corpo discente, com a vinda de estudantes de outras
regiões do País e do exterior. A entrada de novos professores,
técnicos e pessoal administrativo no CCA e uma série de mudanças
estruturais complementaram o quadro institucional.

A visão prospectiva do Reitor Martins Filho contou com o apoio
do Diretor do Centro de Ciências Agrárias Professor Prisco
Bezerra, dos seus professores e dos servidores técnico-
administrativos e foi decisiva para as mudanças. No momento em
que se comemora o centenário de seu nascimento, registramos
nossa homenagem e os nossos agradecimentos a essa personalidade
singular que tanto realizou em prol da instituição e do Estado do
Ceará.

14/09/2004

22

Textos e contextos

CENTENÁRIO DO PROFESSOR
RENATO BRAGA

A antiga Escola de Agronomia, atual Centro de Ciências
Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Ceará, tem uma
trajetória histórica na consolidação e no desenvolvimento do ensino
superior do nosso Estado, bem como na contribuição do esforço
para a superação do subdesenvolvimento regional do Nordeste
brasileiro. Tudo isto não teria sido possível, sem contarmos com a
presença de pioneiros e homens de visão como o professor Renato
de Almeida Braga, cujo centenário de nascimento comemoramos.

A Escola de Agronomia iniciou suas atividades no ano de 1918,
sendo a terceira instituição de nível superior instalada no Ceará,
após a Faculdade de Direito (1903) e a de Farmácia e Odontologia
(1913), como entidade privada. Foi incorporada pelo Governo
Estadual, de 1935 a 1941, passando ao Governo Federal no período
de 1941 a 1954, fiscalizada pela antiga Superintendência do Ensino
Agrícola e Veterinário (SEAV), vinculada ao Ministério da
Agricultura e depois ao da Educação e Cultura e, finalmente, com a
criação da atual Universidade Federal do Ceará, em 1954, passou a
fazer parte da mesma.

As diferentes etapas do desenvolvimento da Escola de
Agronomia tiveram forte participação de seus professores,

23

Textos e contextos

funcionários administrativos e alunos. Dentre as figuras destacadas
de seu quadro docente, nesta luta, emerge a figura do Professor
Renato Braga, cujo centenário de nascimento é comemorado no
mês de dezembro de 2005. Renato de Almeida Braga nasceu no dia
20 de dezembro de 1905, na cidade de Cruzeiro do Sul- Acre, de
pais cearenses, tendo vindo para o Ceará aos nove anos de idade.

Concluiu seu curso de agronomia na Escola de Agronomia do
Ceará no ano de 1927. Trabalhou no Ministério da Agricultura
como diretor do Serviço de Irrigação no Ceará. Em seguida,
exerceu, por dois anos, o cargo de secretário da Escola Nacional de
Agronomia, no Rio de Janeiro.

Regressando ao Ceará em 1934, entrou para o corpo de docente
da Escola de Agronomia. Foi seu secretário e, posteriormente,
assumiu a cátedra de Zootecnia que exerceu ao longo da vida. Foi
designado diretor da Escola no ano de 1938, permanecendo no
cargo até 1946.

Em 1946, foi eleito deputado estadual, participante da
legislatura constituinte de 1946 e quatro anos depois (1950) foi
reeleito para novo mandato estadual. Exerceu os cargos de diretor
geral do Departamento de Agricultura da Secretaria dos Negócios
da Agricultura do Estado do Ceará; secretário de Agricultura do
Estado do Ceará (1950) e secretário Estadual da Fazendo do Ceará
(1959).

Foi Vice-reitor, da Universidade Federal do Ceará (UFC),
sucedendo o primeiro ocupante o Professor Andrade Furtado. Com
a instalação do Instituto de Zootecnia, em 1961, foi seu primeiro
diretor. Voltou ao cargo de diretor da antiga Escola de Agronomia
em 1967, para presidir as comemorações dos 50 anos de sua
criação e faleceu no referido cargo no dia 13 de junho de 1968.

24

Textos e contextos

O Professor Renato Braga, como diretor do Departamento de
Agricultura da Secretaria de Agricultura nos anos trinta, cedeu à
área, atualmente conhecida como Campus do Pici da UFC, que
pertencia a Secretaria de Agricultura do Ceará, como um campo de
produção de mudas para a antiga Escola de Agronomia, sendo
posteriormente, sua área ampliada pela administração superior da
Universidade Federal do Ceará.

Renato Braga era um intelectual de destaque do nosso meio.
Pertenceu à Academia Cearense de Letras, ao Instituto do Ceará, à
Sociedade Cearense de Geografia e História, à Casa Juvenal
Galeno e ao Instituto do Nordeste. Exerceu as presidências da
Sociedade Cearense de Agronomia, atual Associação dos
Engenheiros Agrônomos do Ceará, Academia Cearense de Letras,
da Sociedade Cearense de Geografia e História e a vice-presidência
do Instituto do Ceará.

Dentre os seus livros publicados, destacam-se: Plantas do
Nordeste, especialmente do Ceará (Imprensa Oficial do Ceará,
1953); História da Comissão Científica de Exploração (Imprensa
Universitária do Ceará, 1962); Dicionário Histórico do Ceará (dois
volumes- Imprensa Universitária, 1964 e 1967). Deixou inúmeros
artigos publicados nas Revistas do Instituto do Ceará, Instituto do
Nordeste e Boletim da Sociedade Cearense de Agronomia.

Renato Braga foi casado com Dona Miriam da Justa Braga, de
cujo consórcio deixou os filhos Otávio de Almeida Braga, casado
com Célia Braga; Antônio de Almeida Braga, casado com Socorro
Braga; Maria Luiza Braga Viana, casada com Ernani Viana e Maria
José Braga Cavalcante, casada com Aluísio Cavalcante.

Diário do Nordeste-20/12/2005.

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Textos e contextos

RAIMUNDO NORMANDO,
UM RARO EXEMPLO

O professor, cientista, acadêmico, empresário e escritor
Raimundo Normando deixou-nos, na passagem do ano sem tempo
para despedidas. Resta o consolo de que morreu de acordo com o
desejo que certa vez havia expressado à sua companheira
Meiricele, discretamente, em dia calmo, ao lado de quem amava:
sem grande público nos funerais e, principalmente, livre de
histórico de sofrimento prolongado e inútil.

Ao longo de sua existência, Normando demonstrou algumas
características pessoais e observou princípios que o tornaram
admirado pelos amigos e por todos os que tiveram o privilégio de
com ele conviver. Tomava posições claras em momentos e
situações difíceis, não sem ponderar, graças a seu brilhante
raciocínio consequente e de uma lógica admirável. Não fazia
absolutamente concessão ao partido daqueles que ficam
eternamente “em cima do muro”, ao contrário, não temia dizer o
que pensava e seguia coerentemente o que havia estabelecido.

Era determinado, corajoso, fiel e capaz de arcar com as
consequências de suas atitudes, quaisquer que fossem.
Extremamente leal aos amigos, aos deveres, às funções que exerceu
e principalmente, às instituições nas quais trabalhou. Distinguiu-se,

26

Textos e contextos

ao longo de sua trajetória, pela competência em todos os cursos de
que participou e nos cargos que veio ocupar primeiro lugar no
curso de graduação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao
concluir o curso de física foi convidado para ser professor do ITA
(Instituto de Tecnológico da Aeronáutica), em São José dos
Campos-São Paulo. Posteriormente, ajudou a montar o curso de
Engenharia da Universidade Federal do RN e, ao lado do professor
Newton Braga, foi um dos fundadores do Instituto de Física da
UFC e posteriormente, denominado de Departamento de Física.

Como professor da UFC, Normando criou a reputação de
profissional brilhante e extremamente exigente, ajudando a formar
gerações de físicos de primeira grandeza. Ocupou ainda os cargos
de Pró-Reitor de Graduação, Vice-Reitor, Assessor Especial da
CCV (Comissão Central do Vestibular) e Chefia do Gabinete do
Reitor. Foi Presidente da Comissão Central do Vestibular por
muitos anos. Em todos os cargos que ocupou, Normando
demonstrou o espírito autêntico de que se deve revestir o servidor
público, o de procurar servir à comunidade da melhor forma, sem
buscar glórias ou vantagens pessoais.

O espírito inquieto de Normando levava-o a buscar o novo e
exercitar sua criatividade das mais variadas formas, quando se valia
da montagem de quadros, mapas e detalhada análise estatística para
demonstrar o que queria dizer, tal como em seu último livro, no
qual tratou da corrupção no Brasil. Paralelamente a essas
atividades, foi elaborador de um sistema sofisticado de vigilância e
segurança doméstica, desenvolvido por meio de uma empresa por
ele criada.

Diante da importância histórica de Raimundo Normando para a
vida universitária de nosso Estado, não poderia passar em branco as
merecidas homenagens ao seu nome, por parte de instituições às
quais serviu com tanto empenho e competência e nas quais se

27

Textos e contextos
incluem, principalmente, a Universidade Federal do Ceará e a
Universidade Estadual do Ceará, instituições pioneiras do ensino
superior no Ceará.

19/01/2007

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Textos e contextos

UM HOMEM PÚBLICO

O Governador Virgílio Távora foi um autêntico servidor
público, colocando os interesses do Estado acima de quaisquer
outros. Como governante, implantou, pela primeira vez, o
planejamento (PLAMEG I) no Ceará, cujas diretrizes e ações
permitiram trazer a energia de Paulo Afonso para Fortaleza. VT
estabeleceu ainda planos estaduais de rodovias, eletricidade,
comunicações, abastecimento de água de Fortaleza e,
principalmente, impulsionou a política de industrialização,
consolidada com o estabelecimento do Distrito Industrial, além de
ampliar a educação pública, através da criação dos anexos do Liceu
do Ceará. Tudo o que veio depois disto, com outros governos,
construíram-se sobre essas bases lançadas por Virgílio.

Em seu segundo governo, VT consolidou o princípio da
administração por resultados (PLAMEG II), acompanhando
diariamente o andamento dos projetos através da “sala de situação”,
criada junto à sede do governo e coordenada pela professora
Terezinha Xavier, da UFC. Mantinha, às segundas-feiras, reuniões
com todo secretariado para análise das atividades governamentais;
cada secretário despachava diretamente com o governador pelos
menos uma vez por semana. Adotou ações inovadoras como o
chamado “Projeto pronto” que possibilitou a construção de
quarenta mil novas unidades habitacionais em todo o Estado,

29

Textos e contextos

destacando-se os conjuntos Lagamar, Santa Terezinha, Santa
Cecília, São Miguel e Campo do América, em Fortaleza. Asfaltou
1.534 km de rodovias estaduais; ligou todos os municípios do
Estado à rede de telefonia fixa, bem com a de TV. Construiu o
açude Jaburu, na Região da Ibiapaba, o que possibilitaria,
posteriormente, o surgimento de atividades hortigranjeiras e de
produção de flores na região. Instalou o Centro Administrativo do
Estado, no Cambeba.

Na área do turismo, foi criado o Centro de Artesanato Luiza
Távora, a internacionalização do Aeroporto Pinto Martins-
Fortaleza; a duplicação da estrada asfaltada Crato-Juazeiro do
Norte e a conclusão do Estádio o Castelão. Na educação, foi
duplicado o número de escolas, implantado o Programa de
Educação Rural, o Estatuto do Magistério Oficial do Ceará,
elaborada e publicada a Cartilha da Ana e do Zé, construído o
Centro de Treinamento de Professores e efetuou-se um
levantamento de todas as escolas do Estado e dos municípios,
relativamente às necessidades de pessoal, treinamento,
equipamentos e instalações físicas. Infelizmente, as administrações
posteriores não deram seguimento a este esforço.

Virgílio Távora era um administrador capaz de autocrítica, a
ponto de dizer a seus auxiliares: “Se eu der uma ordem errada,
alertem-me!”. Como secretário de seu segundo governo durante
dois anos, muitas vezes o vi recuar, assumindo responsabilidade
pessoal em relação a ações iniciadas. Por outro lado, havia
oportunidades em que ele assinalava a importância social e
econômica de um determinado projeto, por mais que implicasse em
dificuldades políticas e resistências de determinados setores,
sustentando integralmente a sua realização.

Decorridos, neste mês, vinte anos de seu falecimento, vale
lembrar que Virgílio Távora foi deputado federal, senador, ministro

30

Textos e contextos
de estado e governador de estado, por duas vezes. Terminou seus
dias de vida tendo de vender os bens, inclusive a residência onde
sempre viveu. Nos dias atuais em que vemos políticos e dirigentes
colocarem seus interesses pessoais acima dos coletivos, é sempre
importante lembrar homens como Virgílio Távora,
verdadeiramente imprescindíveis.

O Povo e Diário do Nordeste de 29/06/2008.

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Textos e contextos

TONY CALS: A EDUCADORA

Com o falecimento de Antonieta (Tony) Cals fica mais pobre a
educação do Ceará. Tony era uma pessoa de fácil convivência por
suas qualidades de simplicidade e simpatia. Tinha orgulho de se
dizer professora primária, formada no Curso Normal do Colégio da
Imaculada Conceição, após o que iniciou sua carreira no Grupo
Escolar Visconde do Rio Branco do qual mais tarde foi diretora.

No primeiro governo Virgílio Távora exerceu a chefia do então
Departamento de Ensino de 1º Grau, formando uma equipe de
colaboradores de alta competência (Luiza Teodoro, Diatahy
Bezerra, Tereza Castelo, Edgar Linhares e Lauro Oliveira), atuando
na produção de livros didáticos destinados ao 1º e 2º Graus, bem
como na criação do pioneiro “livro da professora”.

Tony criou o Serviço de Supervisão do Ministério da Educação
e Cultura (MEC) no Ceará, junto à Secretaria de Educação do
Estado, contribuindo assim para formar toda uma geração de
abnegadas educadoras. Integrou o Conselho Estadual da Educação
do qual foi presidente. Como Secretária Municipal de Educação de
Fortaleza fez um trabalho de qualidade durante a administração
Vicente Fialho, tempo em que exerceu também a função de
assessora de educação do governo estadual (César Cals). Sua
atuação se fez sentir ainda na presidência da comissão responsável
pela implantação da TV Educativa do Ceará e na fundação que

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Textos e contextos
criou as Universidades Estaduais. Por anos foi delegada do
Ministério da Educação e Cultura no Ceará.

Tive o prazer de fazer parte de seu círculo de amizades,
frequentando sua residência, onde fluíam conversas inteligentes e
espirituosas, sobre os mais variados assuntos, principalmente
educação, sua paixão maior. Tony aproximava pessoas, transitando
pelas mais diversas matizes políticas dos grupos educacionais,
muitas vezes intermediando conflitos e apaziguando
desentendimentos que pudessem gerar maiores danos.

Depois de aposentada, Tony Cals passou a partilhar, como
voluntária, seus conhecimentos junto ao Colégio da Imaculada
Conceição e com grupos de educadores que a procuravam,
buscando orientação e uma palavra amiga, na consciência de que
educação é um compromisso permanente e inspirador de
inovações. É essa história, feita de amor e dedicação que não
poderá ser esquecida por todos aqueles que defendem a educação
como caminho para transformar nossa sociedade.

O Povo de 7/11/2008.

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Textos e contextos

UMA VOCAÇÃO DE SERVIDOR

Meu irmão Jefferson de Albuquerque tinha, como característica
pessoal dominante, a vontade de servir, tendo sido um autêntico
servidor público, rotariano que foi. Como funcionário do Banco do
Brasil, atuando na carteira agrícola, percorria propriedades da
Região do Cariri cearense, orientando produtores rurais para a
melhoria de seu plantel animal e explorações agrícolas, para cujo
conteúdo técnico buscava subsídios junto à antiga ANCAR-CE
(Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural), atualmente
denominada de EMATER-CE (Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural), na Estação de Pesquisa Agrícola ligada ao
Ministério da Agricultura, situada no Município de Barbalha.

Durante a realização das Exposições Agropecuárias do Crato,
Jefferson participava como membro permanente da comissão
organizadora, sempre preocupado com a possibilidade de aplicação
de novos conhecimentos que pudessem trazer melhoria para a
produtividade da agropecuária caririense por meio de palestras
técnicas e de unidades demonstrativas de resultados práticos das
inovações existentes à época.

Preocupado com o desenvolvimento regional, ajudou a montar
diversos seminários sobre o desenvolvimento do sul do Estado do
Ceará, em diversos locais, principalmente no auditório do
SESI/Crato, através da ação conjunta do Rotary Crato, BNB,

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Textos e contextos

SUDENE, Governo do Estado e Prefeituras Municipais. Foi
também pioneiro na ocupação da área compreendida entre os
municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, onde edificou o
Rancho CRAJUBAR.

Jefferson acompanhou de perto a implantação do Projeto Morris
Asimov, decorrente do convênio Universidade Federal do
Ceará/Universidade da Califórnia/SUDENE visando à implantação
da industrialização na Região do Cariri Cearense, via pequenas e
médias empresas. Incentivou a criação de cursos superiores no
Cariri, notadamente a Faculdade de Filosofia do Crato e,
posteriormente, a Universidade Regional do Cariri (URCA),
buscando apoio junto a entidades como o Rotary, as Associações
de Classe e das prefeituras municipais.

A cultura regional esteve entre seus esforços pessoais através do
Instituto Cultural do Cariri, do qual foi um de seus fundadores e
depois Presidente, arcando, muitas vezes, com recursos financeiros
do próprio bolso para sua manutenção. Ainda na parte cultural,
Jefferson foi um artista plástico, criando inúmeros trabalhos de arte
com pedras regionais e escreveu como poeta vários poemas e
livros.

Rotariano autêntico, Jefferson foi presidente do Rotary do Crato
e primeiro governador do Rotary das Regiões Norte e Nordeste do
Brasil. Foi difusor entusiasmado das ideias de Paul Harris: “servir
acima de tudo, antes de pensar em si”.

Como família, Jefferson gostava de agregar os irmãos, filhos,
netos e primos, promovendo encontros e reuniões, deslocando-se,
no período natalino, a Fortaleza para participar de tais momentos.

Publicado no livro “Vida e Obra de Jefferson de Albuquerque e
Sousa”. Editora BSG, 2010. 256 pg.

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Textos e contextos

A HOMENAGEM QUE FALTA

José Braga Paiva, professor da Universidade Federal do Ceará
(UFC) falecido em março deste ano, deixou o nome de um
profissional competente, dedicado ao crescimento e
engrandecimento da instituição. Como engenheiro agrônomo, Paiva
iniciou suas atividades profissionais na antiga ANCAR-CE
(Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural), atualmente
EMATER-CE. Posteriormente, atuou na Fazenda Experimental da
Universidade Federal do Ceará (UFC) para, em seguida, lecionar
junto ao Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências
Agrárias (CCA/UFC), onde encerrou suas atividades profissionais
com a aposentadoria. Na UFC, destacou-se como professor junto
aos cursos de graduação em agronomia e de pós-graduação em
fitotecnia, foi pesquisador de destaque na sua área especifica de
conhecimento de plantas alimentícias e exerceu os cargos de chefe
do Departamento de Fitotecnia e diretor do Centro de Ciências
Agrárias.

Em sua carreira de pesquisador, ele criou um “banco de
sementes com 930 variedades de feijão de corda”, coletadas nas
diversas regiões brasileiras e até de outros países, principalmente
na América Latina, contribuindo para preservar espécimes e
estimular novos estudos científicos. Publicou inúmeros trabalhos
técnico-científicos em revistas nacionais especializadas, orientou

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Textos e contextos
dissertações de mestrado e participou de inúmeras bancas
examinadoras.

Paiva foi representante do CCA junto ao Conselho Regional de
Engenharia, Agronomia e Arquitetura (CREA-CE) e fez parte de
várias diretórias da Associação de Engenheiros Agrônomos do
Ceará. Coordenou convênios do CCA/UFC com instituições
regionais (SUDENE, BNB) e nacionais (Ministério da
Agricultura), tendo como objetivos, entre outros, a introdução de
oleaginosas na Região do Cariri Cearense e estudos de viabilidade
técnica e econômica das pequenas propriedades rurais no semiárido
nordestino.

Sua modéstia e forma simples de ser escondiam um coração
generoso e propício a ajudar aos outros, que não buscava impor
seus pontos de vista a ninguém, mas que estava sempre disponível
a colaborar e compartilhar suas experiências e saberes. Por todas
essas contribuições e pelo exemplo de dedicação, integridade
profissional e fidelidade a sua instituição, a seus ex-alunos e a seus
companheiros de profissão, o Professor José Paiva Braga está a
merecer uma homenagem duradoura da UFC, digna de quem viveu
de forma dedicada e intensamente a universidade como parte
inseparável de sua própria vida.

O Povo de 24/9/2010.

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Textos e contextos

O CORONEL DA EDUCAÇÃO

Meus primeiros contatos com o Coronel Sérgio Pasquali
ocorreram quando ocupei o cargo de Secretário de Educação do
Ceará, no Segundo governo Virgílio Távora, sendo ele próprio o
titular da Secretaria Geral do Ministério da Educação e Cultura
(MEC). Destacava-se pela maneira atenciosa com que atendia os
que procuravam aquele Ministério, indicando sempre soluções
adequadas.

Posteriormente, tive a oportunidade de ocupar a Secretaria de 1º
e 2º Graus do MEC, passando a ter maior relacionamento com o
Cel. Pasquali. Pude, então, observar melhor a sua habilidade em
orientar subordinados em busca de soluções para os problemas
cotidianos, promovendo frequentes reuniões para discutir ações
futuras.
Dotado de características pessoais que se destacam daqueles como
saber ouvir, com paciência, pontos de vista divergentes; não
demonstrar sinais de rancor; estabelecer metas e resultados para os
trabalhos; visualizar desafios na execução das tarefas; confiar nas
pessoas e delegar poderes e responsabilidades; estimular a
elaboração de documentos para subsídios de ações futuras e possuir
habilidade política e senso de oportunidade, preservando a
hierarquia funcional.

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Textos e contextos
Sua grande paixão foi o Projeto Rondon, em que exerceu

funções no antigo Ministério do Interior, passando depois pela
Fundação Nacional Projeto Rondon que ajudou a criar e da qual
ocupou a presidência. Estimulou o surgimento das Coordenações
Estaduais, realizando viagens pelas diferentes regiões do País,
divulgando a concepção de Rondon com muito entusiasmo e
espírito jovial, convocando a nossa juventude a experimentar e
vivenciar uma aprendizagem baseada na diversidade da realidade
socioeconômica e cultural do Brasil.

O Cel. Sergio Pasquali foi sempre um apaixonado e um
batalhador pela educação brasileira, acreditando no seu papel
transformador e inovador na sociedade. Dada a sua efetiva
participação em diferentes esferas e em diversos momentos para
melhorar a educação do País, podemos chamá-lo de o “Coronel da
educação”, como símbolo de uma vocação que encontrou, de forma
plural, o seu modo de realizar-se e de servir.

20/06/2013.

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Textos e contextos

A MORTE DE UMA EDUCADORA

A educação do Estado do Ceará deve muito às professoras
formadas em Escolas Normais e Escolas Normais Rurais como as
de Limoeiro do Norte e Juazeiro do Norte. Profissionais
competentes, dedicadas e entusiasmadas com o ensino, mesmo com
salários irrisórios e constantes pressões de interesses políticos.
Muitas dessas professoras que atuaram no curso primário, atual
Ensino Fundamental, exerceram importantes papéis nos diferentes
níveis educacionais do Estado como diretoras de escolas,
coordenadoras educacionais ou secretárias municipais de educação.
São dignas de nossa gratidão e homenagens.

No dia 21/05/16 faleceu, em Fortaleza, a Professora Maria José
Mendes Bonfim, formada pela Escola Normal Justiniano de Serpa.
Foi, durante muitos anos, professora e diretora da Escola Estadual
de 1º Grau Dom Manoel, situado no Bairro de Jardim América.
Dado a sua capacidade, demonstrada como administradora escolar,
ao lado de sua forte liderança, foi nomeada, no Segundo Governo
do Governador Virgílio Távora, para as funções de Delegada de
Educação da 1ª Delegacia Regional de Educação do Estado,
responsável pela supervisão de todas as Escolas situadas na Região
Metropolitana de Fortaleza, onde teve papel relevante.
Posteriormente, já como aposentada dos quadros funcionais do
Estado do Ceará e imbuída do propósito de continuar servindo a

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Textos e contextos
educação cearense de maneira voluntária, foi diretora do Centro
Educacional Eunice Weaver.

Os nossos administradores têm prestado homenagens a pessoas
ligadas a área da educação cearense. Aproveito para lembrar ao
Senhor Prefeito Municipal de Fortaleza Roberto Cláudio e ao
Senhor Governador do Estado Camilo Santana, o nome da
Professora Maria José Bonfim a ser dado a uma escola pública
como justa homenagem a uma digna representante das professoras
normalistas.

O Povo de 26/05/16.

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Textos e contextos
INSTITUIÇÕES
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Textos e contextos

A UFC E AS SUAS CRISES

A Universidade Federal do Ceará, desde sua criação, tem
vivenciado momentos de crise, em duração e intensidade variadas.
A escassez de recursos financeiros, humanos e materiais tem sido
constante, seja para a Universidade como um todo ou mais
intensamente para setores específicos. Os ex-administradores da
nossa instituição conheceram bem tal realidade, expressa em livros
como os do professor Antônio Martins Filho: “O outro lado da
história” e “UFC & BNB- Educação para o desenvolvimento”.

Ultimamente, entretanto, além das crises decorrentes da
exacerbação dos fatores anteriormente citados, surgem novas em
decorrência do corporativismo, da falta de compromisso de
algumas pessoas com a instituição e, principalmente, pela ausência
de tomada de decisões necessárias e urgentes.

Qualquer abordagem no âmbito da UFC, que tenta superar os
limites traçados por tais fatores distorcidos, é tachada de autoritária
e estreita. Ao assumirmos a Reitoria da UFC (junho de 1991),
tivemos, pela frente, “igrejinhas” de partidos políticos e indivíduos
que se diziam representantes de segmentos da Universidade, que
não hesitaram em utilizar os mais variados expedientes (até mesmo

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Textos e contextos

a intimidação física) para fazerem prevalecer os seus objetivos
particulares. Com o tempo, no entanto, esses setores ficaram cada
vez mais isolados, o que é ratificado pelas atitudes inconsequentes
com que tentam chamar a atenção da opinião pública.

No curto espaço de cinco meses e meio da nova administração,
resultados concretos, embora nem sempre de efeito visual de
primeiro plano, começam a aparecer: a politica de pessoal, a
utilização racional dos recursos financeiros na recuperação das
instalações físicas e a compra de equipamentos, a busca de recursos
alternativos, de novos convênios e, principalmente, de uma nova
postura administrativa frente ao bem público que representa a UFC.
Assim é que, como resultante de um trabalho coletivo de uma
equipe dedicada e competente, foi possível recuperar laboratórios e
mais de 120 salas de aula; reformar a Biblioteca principal da
Universidade e a Imprensa Universitária; adequar condições de
trabalho para blocos departamentais; contratar novos professores
para o preenchimento de vagas criadas por aposentadorias;
incorporação de novos funcionários técnico-administrativos
(aprovados no último concurso público), que se seguirá brevemente
novo concurso para mais 50 diferentes categorias funcionais e um
interno de ascensão funcional; estudos relativos à otimização dos
recursos humanos; a agilização da informatização da UFC,
inclusive referente ao processo de matrícula e inclusão de
disciplinas dos estudantes; a aquisição de novo computador para
pesquisas; modificação de currículos; início de estudos para a
implantação do sistema seriado (volta das turmas); estímulo à
implantação de novos cursos de pós-graduação (mestrado e
doutorado) e intensificação das atividades de extensão.

Ao estabelecer suas diretrizes de ação, a administração atual
levou em consideração os objetivos maiores da UFC, sem
compromissos com grupos partidários, entidades corporativas ou
outros interesses existentes. É nosso compromisso e nossa

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Textos e contextos
obrigação manter, até o final da gestão, uma postura de enfrentar as
dificuldades e os obstáculos, sejam eles quais forem sem a
preocupação do aplauso fácil e em prol do soerguimento da
Universidade.

O Povo de 16/12/1991.

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Textos e contextos

A UFC NOS SEUS 40 ANOS

A Universidade Federal do Ceará completa, no dia 16 de
dezembro de 1994, 40 anos de sua criação (Lei 2.373, de
16/12/1954), com relevantes serviços prestados ao seu meio
acadêmico.

Qualificou recursos humanos nas diferentes áreas do
conhecimento, formou homens públicos, lideres empresariais e
comunitários. Através da pesquisa, encontrou novos conhecimentos
relevantes para o nosso desenvolvimento econômico, social e
tecnológico e vem prestando à nossa população, de maneira geral,
serviços de caráter social no Hospital Universitário, na
Maternidade Escola, nas Casas de Cultura, no Museu de Artes e
nos seus diversos laboratórios.

Hoje a UFC oferta 43 cursos de graduação (eram 35 em 1991)
dos quais 8, noturnos; 33 cursos de especialização; 30, de mestrado
e 8, de doutorado, além de 7 cursos de línguas estrangeiras,
totalizando 18.000 estudantes para um quadro de 1.500 professores,
sendo 330 doutores, 600 mestres e 3.500 funcionários técnico-
administrativos.

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Textos e contextos

A nossa Universidade está informatizada em termos
administrativos (Projeto SAU), compreendendo módulos relativos
à pessoal, material, protocolo e correio eletrônico, finanças,
controle acadêmico, iniciando o do setor de biblioteca; 435
terminais de computadores distribuídos nos diferentes
departamentos acadêmicos, coordenações de cursos, diretorias de
centros/faculdades, órgãos suplementares e administração superior
(Reitoria, Pró-reitorias, Superintendências-RH e PLANOP),
vinculados a dois computadores centrais (UNYSIS- A10 e A11)
formando o maior e melhor sistema entre as 36 universidades
federais, atualmente existentes.

Na parte acadêmica, a UFC saltou de 57 microcomputadores
para 700 em três anos e meio (a maioria desses computadores 4.86,
os mais modernos atualmente) e está recebendo o maior
computador existente destinado a centralizar todos os dados da
instituição, principalmente para servir de suporte às atividades de
pesquisa das Regiões Nordeste e Norte brasileiras.

A biblioteca é um elemento essencial em qualquer instituição
que preze a qualidade de seus trabalhos técnico-científicos. Na
UFC, de um total de 19 bibliotecas, 10 já estão recuperadas em
suas instalações e, brevemente, mais 7 delas estarão em novo bloco
em construção na área 1 do Centro de Humanidades, com os seus
750 periódicos recuperados e aumentando o seu acervo
bibliográfico em 20.000 novos livros.

Os laboratórios, as salas de aula, os auditórios, os gabinetes de
professores e técnicos, as residências universitárias, os sanitários e
os ambientes de convivência universitária estão com 80% de suas
instalações recuperadas e várias, novas.

A produção de dissertações, teses, trabalhos técnicos–
científicos, de iniciação científica e monografias tem aumentado
nos últimos 3 anos, graças ao apoio da administração superior,

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Textos e contextos
concedendo passagens e diárias aos professores e pesquisadores,
cujos trabalhos foram aceitos em eventos nacionais.

A Editora da UFC reformulou as suas atividades com várias
publicações editadas devido ao início da modernização da Imprensa
Universitária.

O vestibular avançou seu número de vagas, indo ao interior do
Estado, pela primeira vez, nas cidades de Crato e Sobral.

Desde a sua criação, a UFC vem influenciando o surgimento de
ideias e projetos, mormente nas áreas da saúde, da industrialização,
da educação, da agricultura e das ciências básicas.

A UFC tem tido dificuldades no que diz respeito a recursos
financeiros, relativos à quantidade total necessária ao desempenho
pleno de suas atividades e ao recebimento de suas parcelas
programadas, mas, devido à determinação de sua atual
administração de superar suas crises, ela vem crescendo e
melhorando para poder servir mais e melhor ao meio em que está
inserida.

O Povo de 16/12/1994.

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Textos e contextos

A NOVA FACE DA UFC

Estamos concluindo nosso mandato como Reitor da
Universidade Federal do Ceará com a certeza do dever cumprido.
Foram quatro anos de muito trabalho e de mudanças significativas
para a Instituição.

Mudanças que não foram feitas sem resistências ou obstáculos
naturais para aqueles que pretendem transformar uma dada
realidade. As dificuldades, sabíamos, não seriam pequenas, e a
crise econômica e social parecia agigantar-se, abrangendo o Estado
e, neste contexto, as instituições de ensino superior. O ceticismo, a
falta de ânimo, ou pior, a indiferença formavam um quadro
desestimulante, em que a ação isolada de alguns poucos não era
suficiente para desenvolver um trabalho profícuo. A conjuntura
adversa, combinada com as carências de nossa Instituição, parecia
indicar falta de horizontes. Mas a crise traz em si o germe de sua
própria solução. A mudança da Instituição, em última instância,
pressupõe a transformação de mentalidade daqueles que a fazem.
E foi esta preocupação de nosso mandato. Certos de que as
mudanças operadas na infraestrutura física da instituição, assim
como o fomento ao ensino, à pesquisa e à extensão seriam pontos
importantes para dar uma nova face à UFC.

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