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Published by sara.acasio, 2017-09-11 12:09:44

O Tutor

O Tutor

—Estaria encantado de te mostrar o que pude observar.
— Há lírios na Arábia?

Seus dedos apertaram a estreita mão feminina. Podia sentir os delicados
ossos sob a seda e a carne.
—Lírios rosados, - ele murmurou roucamente, aspirando o aroma limpo e
desprovido de perfume de seu cabelo e seu corpo, - com suaves pétalas
sedosas que se tornam quentes e úmidos.

Elizabeth deixou de dançar bruscamente, com seus olhos bem abertos,
ávidos, desejando tudo o que Ramiel queria lhe dar. Tudo o que ele desejava
que uma mulher pudesse lhe dar.
—Vêem comigo para casa, Taliba. Deixe-me te mostrar as maneiras de amar.

Quebrara tudo.
A mão apoiada sobre seu ombro se fechou compulsivamente. A
tentação que brilhava em seus olhos se evaporou.
Ele havia falado demais e muito cedo. Arrancando a mão de seu ombro,
ela deu um passo para trás e lhe fez uma reverência.—A dança terminou,
Lorde Safyre. Obrigado. —E lhe deu as costas. Outra vez.
Ramiel se apoiou na parede e a observou perder entre as pessoas, com
irritação. A fofoca já tinha começado a se difundir. Os homens encheram seu
cartão de dana e as acompanhantes colocavam em resguardo seus protegidos,
quando Elizabeth se aproximava deles.
Pouco depois da meia-noite uma gargalhada estrondosa se elevou em
meio da pista. Ramiel se ergueu. Sabia de quem era aquela risada e não
permitiria que Elizabeth fora acossada por homens como Lorde Hindvalle.
Outro ponto contra Edward Petre.
Ele tinha o direito e o privilégio de protegê-la e não o fazia. O amparo
de Ramiel colocaria ainda mais em evidencia Elizabeth, ante os de sua classe.
Justo quando Ramiel estava se aproximando dela, viu que o rosto do
Hindvalle ficava de cor púrpura. O libertino de setenta anos se voltou com
brutalidade e se afastou com as costas tão erguidas, como não devia ter ficado
em muitos anos.
Elizabeth deteve o olhar no rosto escuro e melancólico de Ramiel.
—Eu perguntei-lhe se ele era membro da irmandade dos Uranianos.
Uma risada saudável irrompeu em seu peito e afogou o murmúrio
circundante das pessoas que mexericavam, paqueravam, injuriavam e se
queixava.
—Me leve para casa.

201

Ramiel olhou fixamente seus olhos com o riso já esquecido.
—A minha casa, Lorde Safyre. Edward não retornou. Não tenho carruagem.

Ele sentiu a pulsação na têmpora direita. Outra idêntica vibrou e
palpitou entre suas pernas.
—Aqui, neste salão de dança Elizabeth, não sou seu tutor. Não serei seu tutor
na carruagem.

Elizabeth elevou o queixo.
— Tocaria-me contra minha vontade?

Não seria contra sua vontade. Ambos sabiam.
Ramiel calculou rapidamente como podiam partir juntos sem chamar a
atenção. Agora que sabia que logo seria dele, sentia que devia proteger sua
reputação.
—Farei que me tragam minha carruagem. Um criado virá te buscar. Não será
bom que nos vejam saindo juntos.
A gratidão suavizou seus traços.
—Obrigado.
O lacaio aceitou a generosa gorjeta de Ramiel com o rosto
imperturbável.
—Chamará a senhora Petre quando eu lhe disser. Logo a acompanhará até
minha carruagem. Se disser uma palavra sobre isto, eu o castrarei
pessoalmente e o enviarei a Arábia, onde os eunucos são vendidos como
rameiras.
O lacaio tinha um pomo de Adão grande, que subiu e baixou com
temor.
—Sim, milord.
Ramiel pagava generosamente seus criados, em troca eles
desempenhavam bem suas tarefas. A carruagem chegou em frente à
residência palaciana do marquês em menos de dez minutos.
—Agora. – Ele disse ao lacaio.
A neblina úmida e maligna formava uma espécie de manto, penetrando
dentro da carruagem. Ramiel apoiou a cabeça contra o estofo de couro e
fecharam seus olhos, tentando controlar seu corpo, seus desejos e suas
necessidades. Não se moveu quando a porta se abriu. E tampouco o fez
quando o carro se inclinou levemente e foi rodeado pela essência de
Elizabeth, seu aroma e o calor de seu corpo. Ela se instalou em frente a ele
com um murmúrio de seda e o rangido do couro. A porta se fechou
fortemente e a carruagem começou a se mover.

202

—Na quinta-feira passada eu bati contra uma luz
Ramiel abriu os olhos e observou o escuro perfil de sua capa e seu

chapéu. Ela o havia tocado, mas não tinha acreditado nele.
—Fez-te mal... E não me contou isso.
—Meu orgulho sofreu mais que minha cabeça. —Sua voz, tão próxima
naquele espaço fechado, soava longínqua. O tênue brilho da luz de um farol
lá fora, iluminou seu rosto durante um instante. - Mas senti medo naquela
noite, porque estávamos só eu e o chofer e nenhum dos dois podia ver nada
em meio a neblina. Podíamos ter caído no Tâmisa e eu só pensava que ia
morrer e nunca saberia o que é amar. Posso te beijar?

Um raio de calor disparou dentro de seu corpo. “Posso te beijar?”
Ressoou sobre o chiar das rodas da carruagem.
—Tire o chapéu.

A magra silhueta de sua cabeça substituiu a grossa forma do chapéu. As
molas rangeram. Ela se colocou na beirada do assento, roçando com seus
joelhos os dele, através de suas capas.

Ramiel se inclinou para diante e ficou tenso quando as mãos enluvadas
acariciaram seu cabelo.

Ela se afastou bruscamente.
—Elizabeth.

Imediatamente, suas mãos retornaram sem as luvas, com a pele morna,
acariciando suas orelhas, deslizando por suas mandíbulas. Ele fechou os
olhos notando uma onda de dor prazeirosa. Havia passado tanto tempo...
—Sua pele é diferente da minha. Mais dura. Mais grossa.

Ramiel conteve uma gargalhada. Abriu os olhos, desejando ter acesso
os abajures dentro da carruagem para poder ver seu rosto enquanto ela dava
rédeas a sua paixão
—Você é mulher e eu sou homem.

Ramiel conteve o fôlego, esperando e logo ela se aproximou mais, com
sua respiração sobre os lábios dele...

A carruagem saltou sobre um buraco. Os lábios de Elizabeth
escorregaram por seu queixo.
—Me desculpe...
—Não. Não se detenha. —Se ela voltasse atrás, colocaria suas mãos sobre ela
e a tomaria. – Espere. - Estendeu seus braços, aferrando-se as janelas da
carruagem. - Agora. Novamente.

203

Com precaução, ela se inclinou para diante, lhe acariciando com sua
respiração, lhe roçando com seus lábios...

Uma descarga elétrica sacudiu Ramiel. Cega e ansiosamente, inclinou
sua cabeça abrindo sua boca sobre a dela, roçando seus lábios, balançando-se
com a carruagem, movendo-se ao compasso de Elizabeth, enquanto ela
explorava o úmido toque de um beijo. Ferame, o primeiro beijo que lhe dava
um homem.

Não era suficiente.
Tornando-se para trás ligeiramente, com os lábios dela suaves e úmidos
contra os seus, ele sussurrou tremendo:
—Abra sua boca. Leve minha língua a seu interior.
Elizabeth aspirou o ar, sua respiração. Em seguida, sua língua se
introduziu dentro dela. Um suspiro profundo subiu de seu peito. Ela segurou
sua cabeça como se quisesse lhe atrair a sua boca, mas sua língua esquivava
nervosamente ao impulso dele.
Ramiel não permitiria que ela voltasse atrás. Sua língua se moveu em
círculos, explorou e lambeu até que ela imitou seus movimentos, girando,
saboreando-o. L'na. A sentia quente. Desejava-a...
Ramiel lambeu seu paladar, escutou a cadência acelerada de sua
respiração. Um júbilo tão intenso que resultou ser doloroso estalou em seu
interior. Ela também o desejava e aquilo era quase tão poderoso como seu
próprio arrebatamento.
—Deus... Não sabia.
As palavras vibraram dentro de sua boca. Ele mordiscou seu lábio
inferior e perguntou:
— Não sabia o que? —Ouviu como ela aspirava sua respiração.
—Não sabia que os lábios de um homem eram tão suaves. —A boca dela se
moveu contra a dele, um roçar suave e um morno fôlego acariciavam sua pele
como uma pluma, enquanto os dedos de Elizabeth se enterravam em seu
cabelo. - Não sabia que um beijo era tão... Pessoal. Tão íntimo. Não é melhor
se um homem sustentar uma mulher quando ele a beija?
—Não te tocarei contra sua vontade. — Ele surpreendeu-se, que as palmas de
suas mãos que pressionavam contra as duas janelas, não rompessem o vidro.
Com determinação, sua língua se insinuou através de seus lábios, imitando o
deslizamento úmido do membro do homem contra a vulva úmida da mulher,
entrando e saindo. - Se quiser que te toque, Elizabeth, me vais ter que pedir.
Os dedos dela se enredaram em seu cabelo.

204

— Acaso não considera que um beijo... Seja tocar?
—Os lábios beijam. Os dentes mordiscam. A língua lambe e saboreia. Só as

mãos tocam. Cavam os seios de uma mulher, mornos e cheios com o peso de
seu desejo, guiam os quadris, suaves e redondas sob a dureza de um homem.

Apertam as nádegas femininas, estirando-as para que possa gozar. Acariciam

a vulva até que ela solte sua paixão. Uma língua pode provar essa paixão,
mas só através do tato, os dedos de um homem podem deslizar dentro de seu

corpo e alcançar onde está quente, úmida e ardente de desejo. Tocar uma
mulher a prepara para uma penetração mais profunda. Quando permitir que

eu a toque, Elizabeth, chegarei ao mais profundo de seu corpo.

Com os lábios inclinados e endurecidos, tomou sua boca, desatando a
força total de seu desejo, chupando a língua dela em seu interior. Elizabeth

ficou tensa, mas ele se negou a deixá-la ir, chupando seus lábios e sua língua,

até que ela gemeu dentro de sua boca e se segurou em seu cabelo com as duas
mãos, atraindo-o cada vez mais para perto. Quando deixou de beijá-la, ela

respirou fundo.

Ramiel encostou sua testa na dela. Sua pele arrepiava e a voz de Ramiel
tinha a rudeza do desejo.
—Me peça que te toque, Taliba.

A voz dela era igualmente áspera.
— O que faria se o fizesse?
—Desabotoaria seu vestido, tomaria seus seios e sugaria seus mamilos até

que gritasse ao alcançar o orgasmo. Logo voltaria a fazê-lo até que voltasse a
alcançá-lo.

Ouviu o fôlego preso em sua garganta.
—Uma mulher não alcança o orgasmo através de seus seios.

Um sorriso dolorido torceu os lábios de Ramiel, recordando a confissão
que lhe tinha feito ao princípio. — E como sabe?
—Tenho dois filhos. – Ela murmurou sem fôlego. - Meus mamilos foram
sugados.
—Não por um homem, Taliba.
— Não posso! — Ela gritou de repente.
— Sim pode! —Respondeu ele, sentindo sua dor, sentindo sua própria dor
entre os dedos que aferravam seu cabelo. – Você veio para mim para que eu

te ensinasse agradar um homem. Eu quero ser esse homem. Quero que me
deseje tanto que faria tudo para aprender a me agradar. Peça-me que te toque,

Elizabeth.

205

De repente, ele se sentiu liberado e necessitou de todo o controle de que

dispunha para não se lançar para ela. Tinha saboreado sua boca e queria

muito, muito mais. Queria saborear seu prazer, seu grito de êxtase.
—Não sabe o que me está pedindo.

Sim, sabia.

Baixando os braços, ele fechou seus olhos e respirou estremecendo.
—Um beijo, Elizabeth. Se não me deixa te tocar, me deixe que te beije os

seios. Deixe-me pôr seus mamilos dentro de minha boca e sugá-los como fiz
com sua língua. Conceda-me isso, Taliba.

Um rangido se ouviu acima do chiar das rodas da carruagem.

Os olhos de Ramiel se abriram de repente.
Elizabeth tirou a capa dos ombros.
—Só um beijo. —Sua voz tremia de desejo.

Ramiel passou a língua pelos lábios e olhou a pele branca que brilhava
acima do decote de seu vestido, negro na escuridão, vermelho a luz do brilho

de algum farol da rua.
—Só um beijo. - Acessou agitadamente. E rogou poder se deter quando
chegasse o momento.

Se a tomasse antes que estivesse preparada, ela jamais o perdoaria...

Nem a si mesmo.
—Não posso alcançar os botões...
—Volte-se.

Mais sussurros. Elizabeth se sentou na beirada do assento e lhe mostrou
suas costas.

Com as mãos trêmulas, os solavancos da carruagem nada faziam para

lhe ajudar, ele encontrou os diminutos botões e os desabotoou um por um.
Sentia um formigamento nos dedos, que queriam tocar algo mais que o

tecido.
—Tenho que desatar o espartilho.
—Sim. – Ela ouviu seu sussurro, além do tamborilar de seu coração.

Cintas... Agradeceu tanto a Alá como a Deus os nove anos que tinha passado

na Inglaterra, aprendendo o suficiente sobre os objetos íntimos das mulheres
inglesas. Rápida e eficazmente, liberou-a.

Elizabeth se voltou, apertando o vestido contra seu peito.
—Me dê seus seios, Taliba.
—Não posso.
—L'na, Elizabeth...

206

—Minha regata...
Estirando a mão, ela passou brandamente as tiras de seu vestido por

cima de seus ombros. Baixou o espartilho e a regata ficou ao descoberto, um
quadrado de tecido branco com um decote que descia através da pálida curva
de seus seios.

Com o fôlego raspando em sua garganta, lenta e cuidadosamente,
deslizou seus dedos sob o algodão. Um suave calor lhe queimou enquanto
elevava, com delicadeza o seio esquerdo, liberando-o da apertada regata.
Incapaz de resistir, roçou a ponta dura exposta de seu mamilo.

Elizabeth lançou um grito sufocado:
—Ramiel...

Ele se deteve. Jamais o haviam chamado por seu nome de batismo. O
chamavam de bastardo, animal, asqueroso árabe. E ela lhe tinha pedido
desculpas pelo desplante de seu marido. Tantas coisas pela primeira vez, para
ela, para ele.
—Tudo está bem. - Cantarolou, levantando seu seio direito para liberá-lo
com o mínimo contato, mais do que tinha prometido, mas sem abusar de sua
confiança. - Tudo ficará bem. - Murmurou outra vez, deslizando-se para o
chão da carruagem, sobre seus joelhos, enterrando seus dedos no assento de
couro, dos dois lados dela, para evitar tirar mais do que ela queria. - Tudo irá
bem. - Repetiu, inclinando-se para o calor de seu corpo, com os lábios
roçando a suave pele aveludada. Os dedos de Elizabeth se entrelaçaram no
cabelo dele e sujeitaram sua cabeça, acariciando as pontas de suas orelhas.
Ramiel absorveu seu calor que deslizou sobre ele como uma onda fervente.
De repente, o mundo inteiro se concentrou naquele momento e naquela
mulher e ele queria que ela compartilhasse esse milagre.

Queria lhe outorgar o dom do sexo.
Aproximou sua boca para o mamilo apertado e duro por causa daquela
genuína paixão e o sugou intensamente. Elizabeth lançou um grito. Como
resposta, um gemido se elevou de seu peito, enquanto a lambia, sugava-a e se
perdia completamente em seus desejos e suas paixões.
Elizabeth o atraiu para si, inclinando-se para seu rosto, com seu corpo
arqueando-se de desejo, balançando com a carruagem.
—Oh, Deus. Detenha-se, Ramiel. O que está fazendo? Sinto-me... Por favor.
Detenha-se. Oh, Meu Deus!
- Estamos A meio caminho, Taliba.

207

Procurou seu seio esquerdo, deteve-se um momento para lamber o duro
mamilo ereto, acariciando-o e logo o tomou em sua boca, tornando-se parte
dela, com o coração palpitando ao ritmo do dela e os pulmões expandindo e
contraindo-se com a cadência ofegante de sua respiração. Lambeu a diminuta
fenda por onde tinha saído o leite para seus filhos e imaginou-a dando de
mamar a um bebê, para depois deixá-lo beber. Imaginou-se bebendo até que
ela não pudesse dar mais e não tivesse temor algum a que não fosse o
bastante.
—Ramiel, por favor... Deve me ajudar, não posso... Não...

O soluço de Elizabeth se afogou em sua garganta.
Ramiel afundou com delicadeza os dentes ao redor da base de seu
mamilo, lhe dando a extraordinária sensação que necessitava enquanto
continuava lambendo e sugando sem cessar. Podia sentir o arquear de seu
corpo, ouvir rajadas de ar soprando dentro de seus pulmões e ver sob seus
cílios, crescia seu orgasmo, se expandia, explodia...
Soltou o mamilo bruscamente e apanhou seu grito de êxtase dentro de
sua boca, afundando sua língua na umidade quente dela, tomando seu prazer
e fazendo-o próprio.
Elizabeth afastou súbitamente sua boca da dele, tentando respirar. Sua
face estava úmida.
Ramiel abriu os olhos... A áspera luz exterior penetrou pela janela do
carro. Sua garganta se contraiu.
—Não chore, Taliba. Só foi um beijo. —Lambeu o rosto salgado. - Só um
beijo. — O carro se deteve.
Ramiel enterrou a face em seu pescoço, sabendo o que ela ia fazer,
esperando que tivesse forças para isso. Então, suspirando, se afastou,
sentando-se à frente dela como se ela não tivesse compartilhado seu primeiro
orgasmo com ele.
Elizabeth se retorceu, liberando seus braços da prisão do vestido,
acomodando seus seios outra vez dentro da regata, subindo o espartilho, o
traje, envolvendo a capa a seu redor.
—Se divorcie de Edward Petre.
—Não posso.
Ramiel se armou de coragem ante a determinação de sua voz.
—Eu posso te dar amor, Elizabeth. O que pode ele te dar?
—Ele pode me dar meus filhos.
—Você já tem seus filhos.

208

Elizabeth estirou a mão para a porta.
—Devo ir.

Não podia deixá-la ir, não enquanto seu sabor seguisse envolvendo sua
língua.
—Desejo-te, Elizabeth.
—E meu marido não. – Ela replicou totalmente. - Mas isso você já sabe, não
é certo?

Sim, sabia.
— Acredita que quero passar o resto de minha vida com um homem que não
me deseja? —Seu grito apagado ressoou no interior do carro. – Você acaba
de me dar de presente uma lembrança que sempre entesourarei. E agora devo
ir. Por favor, não me peça que volte a dançar contigo, porque não posso.

Ela abriu a porta de um puxão e caiu da carruagem.
Ramiel saltou para ajudá-la.
Elizabeth ficou em pé rapidamente, sustentou a capa com força. A luz
dourada do abajur de gás que se achava junto à porta de sua casa dançava
sobre seu cabelo.
—Já lhe pedi o divórcio. Não resulta conveniente nem para a carreira de meu
marido nem para a de meu pai. MA'A e-salemma, Lorde Safyre.
Ela fechou a porta da carruagem em sua cara, deixando-o sem mais
companhia que seu chapéu, suas luvas e o sabor e o aroma persistente de seu
corpo. Ramiel pensou que tinha subestimado Elizabeth. E que possivelmente
teria colocado em perigo algo mais que sua reputação.

CAPÍTULO XVIII

Johnny estava sentado numa cadeira no vestíbulo, completamente
dormindo. Ou Edward ainda não tinha chegado em casa ou tinha deixado ao
lacaio como sentinela para averiguar a hora que ela retornaria do baile.

Elizabeth limpou rapidamente os rastros das lágrimas de sua face. Sob a
capa, o vestido tinha caído de um ombro, frouxas as cintas de seu espartilho
faziam cócegas em suas costas. Seus lábios ardiam, doíam-lhe os seios e ela
teria que sentir vulgar e manuseada, permitindo semelhantes liberdades a um

209

homem que não era seu marido. Mas não era assim. Sentia... Viva. Poderosa,
embora subjugada. Como se tivesse recebido muito, muito mais que um
beijo.

Fechou a porta com sigilo e passando nas pontas dos pés em frente ao
lacaio, subiu as escadas, colocando o pé sobre a rangente madeira delatora.
Não podia continuar com seu matrimônio, tendo experientado a intimidade
que um homem e uma mulher podiam compartilhar.

Não podia... Mas devia.
Elizabeth abriu a porta de seu quarto com cuidado... E ficou gelada. Um
homem de cabelos negros com traje de gala estava sentado em sua
escrivaninha. Estava lendo... O que?
— O que está fazendo, Edward?
O som distante do Big Ben soou sobre os telhados de Londres. Seguiu-
lhe um repique mais próximo... O relógio do Westminster, que estava um
pouco mais perto. Eram duas horas.
Edward continuou examinado o que estava lendo.
—Estou reunindo provas de seu adultério, Elizabeth.
O coração de Elizabeth retumbou contra seu espartilho afrouxado.
—Você é um uraniano, Edward. O que faz exatamente um uraniano?
Ela teve a satisfação de ver que suas costas ficavam rígidaa. Edward se
girou na cadeira.
—Acaso não lhe disse seu amante?
Elizabeth fechou a porta e se recostou contra ela.
—Ramiel não é meu amante. - Replicou, dando conta muito tarde de que o
tinha chamado por seu nome.
Edward percorreu seu corpo com olhos depreciativos. Elizabeth era
agudamente consciente de seu estado de desarrumação, da cálida inchaço de
seus lábios e seus mamilos e da pulsação silencioso dentro de seu ventre.
—Recebeu esta noite um ultimato, Elizabeth.
Ela tinha esperado se arrepender da dança com Ramiel. Mas agora que
tinha chegado o momento, não podia. Tudo o que sentia era gratidão, por ele
haver mostrado o êxtase do beijo de um homem. O único que lamentava era
não lhe ter pedido que a tocasse até o mais profundo de seu corpo, para não
voltar a sentir nunca mais manchada por seu marido.
— Você também me vai ameaçar me matar, Edward?
A sombra se fez mais intensa em seus olhos escuros.
—Sei o quanto quer a seus filhos. Não preciso te ameaçar.

210

Um horror bilioso lhe congestionou a garganta.
— Está me dizendo que poderia fazer mal a seus próprios filhos?
—Não é isso.
—Mas o faria.

Podia ver em seus olhos. Pela primeira vez, Elizabeth sentiu feliz de
que Richard e Phillip estivessem no colégio, fora de perigo.
—Farei o que for preciso para chegar a ser primeiro-ministro.

Desesperada, ela tentou desmascará-lo. Edward tinha retrocedido
quando Ramiel tinha ameaçado, revelando sua posição na Irmandade dos
Uranianos. Não permitiria que fizesse mal a seus filhos.
— Seu caso é também uma uraniana, Edward?
—Casualmente, meu amante pertence à irmandade.

Elizabeth tomou uma baforada de ar. O cabelo de sua nuca se arrepiou.
—Disse que não tinha uma querida.
—Não a tenho.
— Existe uma diferença entre uma querida e uma amante?

Edward enrolou um maço de papéis dobrados.
—Farei um trato contigo, Elizabeth.

Elizabeth olhou aqueles papéis que sustentava seu marido nas mãos e
de repente se deu conta do que ele estivera lendo. Eram suas notas sobre ”O
Jardim Perfumado”. Não tinha conseguido atirá-las no lixo.
— E qual é esse trato?
—Direi a diferença entre amante e querida, se me disser como pensou que
podia sair impune, escapando para ir se encontrar com seu bastardo.

A traição galopou por suas veias... Qual dos criados a tinha delatado?
Mas, logo foi substituída pelo temor.

Como ele podia saber que se encontrava com Ramiel... Teria contratado
alguém para segui-la?

Os olhos que a observavam na reunião.
Edward tinha chamado o delegado, alegando que estava preocupado
com sua demora, Apesar de que a neblina podia atrasar a qualquer pessoa.
Havia pagado alguém para que a seguisse? E esse alguém tinha tentado
assustá-la... Ou matá-la?
Maldita fosse, não deixaria que a intimidasse.
—Não te voltarei a pedir o divórcio, Edward. Isso é o que queria, não é
verdade?

211

—Elizabeth, quero que seja a esposa perfeita. Uma mãe e anfitriã com uma
reputação impecável para que possa ser uma vantagem e não um obstáculo.
Foder com o Sheik Bastardo não é um comportamento aceitável na esposa de
um futuro primeiro-ministro.

Elizabeth tinha ouvido aquela peculiar palavra, é obvio. Era muito
freqüente nas ruas, como a palavra puta. Mas jamais imaginou que a ouviria
seu marido.
—Talvez, Edward, você está com ciume porque você não pode.

Sua boca se fechou com rapidez, desejando que as palavras retornassem
logo que as pronunciara.

Edward soltou uma ruidosa gargalhada.
Era a primeira vez que Elizabeth o ouvia rir fora dos risinhos de
compromisso. Não havia naquela expressão nem o encanto nem a vivacidade
de um menino como na risada de Ramiel.
—Elizabeth, nada do que você faça pode me causar ciúmes.
Não era possível que um homem que tinha chamado de úberes os seus
seios, pudesse causar ainda mais dor. Mas se equivocara.
—Você antes não era assim, Edward.
—Nem você, Elizabeth. - Ele levantou-se completamente depravado. - Tem
umas notas interessantes aqui. De fato, bastante imorais. Nada do que alguém
esperaria de uma esposa e mãe virtuosa.
Elizabeth se afastou da porta, agora mais furiosa que assustada. Não
permitiria que ele arruinasse as lembranças das lições que ela e Ramiel
haviam compartilhado.
—São minhas. Devolve-me isso.
—Tudo o que você tem é meu, Elizabeth, incluindo seu corpo. —Edward
sorriu, desfrutando de sua impotência. Como podia ter vivido todos estes
anos com ele sabendo o tipo de monstro que era?— Guardarei isto como
prova de sua enfermidade.
Elizabeth retorceu sua capa em torno de seu pescoço ainda mais.
— E que tipo de enfermidade é essa? — Perguntou, sabendo de antemão a
resposta.
—A ninfomania, é obvio. — Ele abriu a porta que conectava ambos os
aposentos e fez uma pausa. - Farei com que sua criada te traga uma xícara de
leite quente. As mulheres alteradas precisam dormir.
Elizabeth lutou contra as náuseas.
A morte. A reclusão. A separação de seus filhos.

212

Tudo porque desejava ser amada.
Não precisou perguntar quem era quando um golpe suave soou em sua
porta. Emma devia acalmar seus nervos alterados. Trazia uma pequena
bandeja de prata. A fumaça quente saía de uma única xícara.
A jovem estava completamente vestida, como se estivesse esperando-a.
Mas ela nunca tinha exigido de Emma que ficasse acordada até que voltasse.
Se Elizabeth não podia se despir sozinha, chamava Emma, que vinha de bata
e camisola.
Ramiel havia dito que saberia quem era a amante de Edward quando
estivesse preparada para isso. Seria Emma?
— Tem láudano o leite, Emma?
—Sim, senhora.
Uma esposa inconsciente era muito mais fácil de levar a um manicômio
que uma a espernear, brigar e gritar.
—Pode colocá-lo sobre a mesinha.
—O senhor Petre me disse que devia esperar até que você tomasse.
Sentindo-se estranhamente insensível por dentro, enquanto por fora seu
corpo ainda formigava e ardia pelos lábios e a língua e os dentes de Ramiel,
Elizabeth segurou a xícara, apoiou-a na mesinha, abriu a janela e atirou o
leite fervendo sobre os arbustos de rosas mortas que se encontravam
embaixo. Devolveu a xícara À jovem.
—Pode lhe dizer que não deixei nenhuma só gota.
Emma olhou a xícara fixamente durante segundos longos antes de pegá-
la da mão de Elizabeth.
—Muito bem, senhora. - Disse, sem olhar sua ama nos olhos.
—Logo pode ir para a cama. Esta noite não precisarei de ti.
A boca de Emma se abriu para replicar e lhe recordar que o vestido de
cetim tinha botões nas costas, que não seria capaz de desabotoá-los sozinha.
Engoliu a objeção.
—Muito bem, madame.
Elizabeth escutou atentamente, ouvindo o suave golpe na porta de
Edward, vozes apagadas e logo o silêncio absoluto. Esperava que seu marido
irrompesse intempestivamente no quarto. Não o fez. Ou lhe importava pouco
que ela aparecesse inconsciente na manhã seguinte ou Emma não a tinha
delatado.
Uma onda escura de cansaço se apoderou dela. As sombras piscaram
sobre as paredes, o esqueleto de uma mão aqui, uma foice lá, a morte e a

213

decepção por todos lados. Baixou a chama do abajur de gás antes de tirar a
capa, o vestido de cetim e o espartilho afrouxado. À parte de acima da regata
estava úmida pelo suor. Seus dedos entre o suave algodão sentiram a carne
suave que se inchava e o duro botão de seus mamilos por baixo.

Jamais tinha imaginado que os seios de uma mulher podiam ser tão
sensíveis. Ou que um homem podia lhe fazer alcançar um orgasmo em
apenas sugá-los.

Ramiel havia dito que o matrimônio era algo mais que as palavras
pronunciadas ante um altar. Agora lhe acreditava.

O que podia fazer?
Não podia tolerar as ameaças de Edward sobre as vidas de seus filhos.
Nem ficaria sentada e lhe permitiria enviá-la a um manicômio.
As alternativas de uma mulher...
Mas ela só tinha uma alternativa. E era deixar a casa de Edward, agora,
essa mesma noite, enquanto ainda tivesse a liberdade de fazê-lo.
Tinha dinheiro. Possuia jóias.
E não era uma mulher covarde.
Elizabeth tirou com força uma saia e um sutiã de veludo de seu armário
e os colocou. Sentada num sofá ante a lareira, esperou que a luz sob a porta
que separava os dois aposentos se apagasse. O monte de brasas emitia uma
certa tibieza. Recordavam-lhe o quanto estava a boca de Ramiel. A suavidade
dos lóbulos de suas orelhas.
As lembranças a invadiram, afogando-a em sensações, a forte contração
de seu ventre quando tinha acariciado o paladar de sua boca, a dor prazeirosa
do mordiscar em seu mamilo e o jogo úmido e quente de seus lábios, sua
língua, a onda de umidade entre suas pernas quando arqueou cegamentna sua
boca, tomando-o mais e mais perto até que seu corpo se contraiu num
relâmpago de luz branca. Uma suave paz a tinha alagado enquanto Ramiel
escondia sua cabeça na curva de seu pescoço, tão parecido a Richard...
Desejo-te...
Elizabeth se deixou vencer pelo sono. Não era seu filho quem a
perseguia.
—Elizabeth...
Um murmúrio feminino invadiu seus sonhos.
Não queria ouvi-lo, nem responder a ele. Queria Ramiel, sua voz rouca,
a carícia de sua língua, a vibração de seu gemido enchendo sua boca. Edward
olhava os dois do outro lado do salão de baile, enquanto dançavam com os

214

seios dela se sobressaindo de seu vestido de cetim. A seu lado estava o
membro do Parlamento que se dirigira a ele na festa do Whitfield e o jovem
de cabelo dourado do baile de beneficência.

Meu amante é um uraniano.
Disse que não tinha uma querida.
Não a tenho.
Sem fazer caso dos olhos observadores, censores, ela enlaçou seus
dedos no cabelo de Ramiel, suave como velo de ouro.
“Quando estiver preparada para a verdade, descobrirá por ti mesma
quem é o amante de seu marido”.
—Elizabeth...
A luz do sol feriu seus olhos. Girou a cabeça sobre o respaldo do sofá
para fugir dela. Ouviu um sopro entre uma e outra palpitação, como se
alguém suspirasse ou apagasse uma vela. Logo Elizabeth se esqueceu de tudo
salvo de Ramiel e da íntima união de um homem lhe sugando os seios.
— Senhora Petre! Senhora Petre! Deve despertar! Por favor, senhora Petre!
A cama vibrava debaixo de Elizabeth. Não, não era a cama. Seus
ombros. Alguém estava sacudindo-a com vigor. Elevou uma mão sem forças
para detê-lo.
— Senhora Petre! Por favor! Desperte!
Atordoada, Elizabeth abriu um olho... E olhou diretamente A Emma.
Seu cabelo caía desordenado sobre seu rosto.
Elizabeth jamais tinha visto Emma tão desalinhada.
—Cansada —Sussurrou. - Volta. Bebida. Chocolate. Mais tarde.
A idéia do chocolate lhe provocou náuseas.
—Não deixe que volte a dormir. Trarei-lhe um copo de água. Há algum copo
no quarto de banho?
A escuridão esmagou Elizabeth mais e mais. Cheirava ligeiramente a
algo rançoso, como se... Ocorreu-lhe que Emma tinha duas vozes, uma
feminina e outra masculina.
—Senhora Petre. Beba. Senhora Petre, abra os olhos e beba.
A voz masculina de Emma era muito autoritária. Algo duro e frio se
apertou contra seus lábios, chocou-se contra seus dentes.
—Beba, senhora Petre.
Água... Gelada.
De repente, Elizabeth se deu conta do que cheirava a escuridão que
tinha oprimido suas pálpebras. A gás. A água tinha o mesmo gosto que o

215

aroma de gás. Tudo o que Elizabeth tinha comido e bebido na noite anterior
subiu como uma corrente a sua garganta. Dobrou-se em dois e vomitou.
—Isso. Bom. Está muito bem, senhora Petre. Jogue tudo fora. Emma, segure
a terrina.

Sabia de onde vinha aquele aroma. Do abajur sobre sua mesinha... Que
havia ficado aceso quando dormira.

Recordava a voz de uma mulher e o sopro de um suspiro... E soube que
alguém tinha apagado a chama do abajur enquanto dormia.

Mais cansado do que humanamente acreditava possível Elizabeth se
sentou no sofá. O fogo se apagara há tempo. Tinha frio e seu pescoço estava
intumescido por dormir sentada. Suas nádegas estavam duras, algo que sem
dúvida era melhor que a dor que teria sentido se tivesse deixado as anquinhas
durante Deus sabe quanto tempo. Limpou a boca com dedos trêmulos.

Emma se ajoelhou no chão ao lado do sofá. Seus redondos olhos
castanhos estavam velados. Johnny, o lacaio, ajoelhou junto à criada.
Elizabeth fechou seus olhos.
—Você apagou o abajur. – Ela acusou severamente Emma, recordando-se
tudo. Edward roubando suas notas e logo enviando Emma com o leite com
láudano.
—Não, senhora Petre. Jamais faria isso.

Elizabeth forçou suas pálpebras para que permanecessem abertas. Os
olhos de Emma diziam a verdade. A verdade... E o que tinha acontecido.

Estava muito decomposta para ter medo, mas sabia que nenhum dos
dois estados duraria muito.
—Sabe quem o fez.

Emma não respondeu. Elizabeth não esperava que o fizesse. Edward
pagava a Emma seu salário, embora ela fosse a criada de Elizabeth. Como
também pagava a senhora Sheffield, a cozinheira, e a senhora Bannock, a
governanta. Ambas as mulheres tinham sido contratadas ao mesmo tempo em
que a jovem.

Tiritou de frio e abraçou seu corpo. Os gélidos raios de sol e o ar de
fevereiro entravam em torrentes pela janela aberta. Com razão tinha frio.
— Onde está o senhor Petre?
—O senhor, a senhora Walters e ele tomaram o café da manhã, juntos.
Depois partiram todos. A senhora Walters queria despertá-la, mas o senhor
Petre lhe disse que a deixasse dormir.

216

Seu marido. Seu pai. Não importava quem tinha tentado assassiná-la ou

que criado tinha levado a cabo a ordem.
—Obrigado, Emma. Agora pode ir.
— Deseja que chame o doutor?

Para que Edward pudesse acusá-la de tentativa de suicídio. Talvez sua

intenção não tinha sido matá-la com gás. Uma mulher ninfomaníaca e com
tendências suicidas era uma candidata ideal para o manicômio.
—Não, não quero nenhum médico.
— Preparo-lhe um banho?

Elizabeth pensou no banheiro turco da condessa. Havia dito que Ramiel

também tinha um.
—Não. Nada.

Não queria nada daquela casa. Nem vestidos, nem jóias.

Emma se levantou sentindo como lhe rangiam os joelhos. Johnny
permaneceu onde estava.
—Não pode ficar aqui, senhora Petre.

Um criado fiel.
—Sim, sei.

Fechou os olhos e apertou com força a boca, contendo uma arcada seca.
— Tem algum lugar aonde ir?

Um hotel. A condessa Devington.
“Vêem comigo para casa, Taliba”.
—Sim.
— Quer que Emma lhe faça a mala?

Ele estava chamando por seu nome a criada. Talvez Johnny não era tão

fiel como tinha pensado.
A voz masculina soava vagamente familiar. Justo quando Elizabeth

estava a ponto de identificá-la, todos os músculos de seu corpo se

convulsionaram. Devolveu tudo até que sentiu como se estivesse vomitando
seu estômago em lugar de seu conteúdo. Cada vez que pensava que tinha

terminado, cheirava o gás ou o sentia de novo em sua língua e as arcadas

recomeçavam.
—Não. —Não queria levar nada com ela que tivesse sido comprado com o

dinheiro de Edward Petre. - Só quero me levantar...

Suas pernas tremiam tanto que teve que se apoiar no lacaio para não
desabar de novo. Erguendo-se, caminhou lentamente até o quarto de banho.

Lavou os dentes e enxaguou a boca, logo se apoiou pesadamente contra o

217

lavabo com a testa pressionada contra o frio espelho que se encontrava na
parte superior.

Alguém tinha tentado matá-la... E quase tinha conseguido.
O que diria a seus filhos? Que seu pai ou seu avô eram assassinos em
potênciais?

Quando abriu a porta, Johnny a esperava fora com sua capa. Balançou
ligeiramente e tentou ficar o mais quieta possível, enquanto ele a colocava.
Tomava muitas confianças para ser um criado. Acomodou-lhe a capa
abrigando bem o pescoço.
— Quem foi, Johnny?

O lacaio se concentrou em ajustar o chapéu negro sobre sua cabeça. Sua
pele era escura, mas sem a tintura dourada que possuía a de Ramiel. Ele atou-
lhe as cintas do chapéu sob seu queixo como se ela fosse uma menina.
—Não sei, madame. —Deu um passo atrás e tirou a bolsa dela do interior de
sua jaqueta negra. - Só sei que não foi Emma.
— Como sabe?
—Ela disse que a você não importaria se ela se casasse. Um criado não mata
um bom amo.

Elizabeth recordou o momento no que tinha feito aquele comentário a
Emma. Foi na tarde do dia de sua primeira aula, na terça-feira. Também
recordou a expressão do rosto de Emma quando se ofereceu a lhe arrumar o
cabelo, que devia fazer uma trança, mas que Elizabeth, descuidada, tinha
prendido num coque depois de sua visita a Ramiel e também quando tinha
procurado a capa úmida pela neblina do amanhecer londrino.

Talvez Emma não tivesse tentado matá-la, mas apostaria que tinha sido
quem alertara Edward a respeito de suas escapadas matinais.
— Como fez para chegar de uma maneira tão oportuna?

Elizabeth observou com interesse distante o vermelho apagado que se
estendeu pelo rosto escuro do lacaio.
—O quarto de Emma está em cima do dele, madame. Estávamos... Juntos... E
eu cheirei o gás.

Juntos. Com razão. O cabelo de Emma estava despenteado.
A paralisia que sentia por ter estado ao beirada da morte se quebrou
ante um estalo de dor. Emma tinha encontrado o amor... E tinha traído
Elizabeth para buscá-lo.
Quase teria preferido que Emma fosse a amante de Edward.

218

—Não tenho dúvida de que o senhor Petre dará a Emma uma estupenda
recomendação. —Olhou dentro de sua bolsa e procurou seu moedeiro. - Por
favor, me perdoe, mas não me sinto muito generosa. Adeus, Johnny e te
desejo a melhor das sortes.
— Aonde irá, madame?

Elizabeth se enrijeceu.
—Agradeço sua preocupação, mas realmente é um assunto que não te
concerne.
— Deseja que lhe traga a carruagem?

Teria sido Tommy, o cavalariço ou Will, o chofer que contara a Edward
sua visita a condessa. Não queria que ninguém naquela casa soubesse seu
paradeiro.
—Não será necessário.

A porta da entrada estava sem chave, como se os criados estivessem
ocupados a propósito em outra coisa para que pudesse escapar sem ser vista.
O sol brilhava, logo escurecido pela fumaça do carvão. Depois de caminhar
seis ruas, divisou um carro de aluguel. Passou por dois carros mais adiante,
até que deteve um.
— Aonde, madame?

Endireitando os ombros, levantou a vista para o rosto prematuramente
envelhecido do chofer e lhe disse onde queria ir com palavras pausadas e
precisas. E rezou para não arrepender.

Elizabeth procurou em sua bolsa. Seus dedos encontraram dois xelins.
Viajou todo o caminho segurando as moedas. O aroma nauseabundo da morte
a perseguia.

Uma voz dentro de sua cabeça lhe advertiu que sua vida jamais voltaria
a ser a mesma. Ela, jamais voltaria a ser a mesma. Mas não necessitava de
sua consciência para saber.

O carro se deteve secamente. Empurrou a porta e desceu sobre a rua
empedrada, endurecendo suas pernas para evitar que se desabassem sob dela.

Olhou a seu redor. A paisagem londrina era quase irreconhecível a
plena luz do dia. A residência era de arquitetura georgiana, de linhas puras,
refletindo uma época menos detalhista que a era da rainha Vitória.

O coração lhe bateu forte, o carro partira. Muito tarde. Havia tomado
uma decisão, já não havia volta atrás. Elevou a mão e segurou a aldaba de
bronze com forma de cabeça de leão. Pelo menos aquilo tinha o mesmo
aspecto.

219

O mordomo árabe que não era árabe mas europeu, vestido com turbante
e branco túnica solta, abriu a porta. Ao ver Elizabeth jogou a cabeça para
trás.
—Ibn não está aqui.

Elizabeth sentiu que tinha voltado para ponto de partida.
—Então o esperarei.

CAPÍTULO XIX

Ramiel despertou de repente, com todos os sentidos de seu corpo em
estado de alerta.

Muhamed estava em pé na entrada de seus aposentos. Seu rosto estava
envolto em sombras.
— O que acontece? —Perguntou tenso.
—A mulher está aqui.

O ar subiu como uma rajada aos pulmões de Ramiel.
Elizabeth... Aqui. Ela não viria à plena luz do dia. Especialmente depois
de pedir o divórcio a Edward Petre. Fechou os olhos, saboreando a sensação
de sua presença em sua casa, a antecipação que crescia, o calor que se
acumulava... Ramiel jogou a colcha.
—Ibn...
O brilho em seus olhos provocou que as palavras de recriminação do
homem de Cornualles se detiveram. Ele prendeu uma bata de seda turquesa
ao redor da cintura.
— Está na biblioteca?
—Sim.
Ramiel desceu as escadas de dois em dois, descalço e nu sob a bata.
Talvez ela se surpreendesse, mas era um espetáculo ao qual logo se
acostumaria.
Em silêncio, abriu a porta da biblioteca, fechando-a a suas costas.
Apoiou-se contra a madeira de mogno e a observou.
Elizabeth estava em pé olhando para fora através das enormes janelas
envidraçadas. Teve uma sensação curiosa de dèja vu. Era a mesma posição
em que a encontrou a primeira vez que ela tinha irrompido em sua casa,
vestida dos pés a cabeça de lã negra, rodeada pelos lados por idênticas
colunas de cortinas de seda amarela e um halo de neblina cinza. Agora seu

220

cabelo cintilava como fogo vermelho à luz do sol e um vestido de veludo
cinza se ajustava a umas costas orgulhosa e uma cintura curvilínea antes de
projetar para fora numas anquinhas extranhamente planas.

Uma sensação elétrica estalou no ar como bolinhas de pó a luz do sol.
Elizabeth se voltou, situando-se em frente dele.

Ramiel fixou o olhar na rítmica ascensão e queda de seus seios sob o
sutiã de veludo cinza. O sangue se amontoou em seu sexo ao recordar seu
sabor e sua suavidade. A noite anterior havia sentido pulsar seu coração e
tinha ouvido uma acelerada rajada de ar dentro de seus pulmões enquanto a
sugava e a fazia alcançar o prazer de mulher.

Fechou os olhos, afligido momentaneamente por uma vulnerabilidade
que não tinha sentido desde os treze anos. Ela acharia-o digno? Ou sentiria
repugnância por seu tamanho, sua grossura, a crua realidade de homem?
—Meu marido tentou me matar.

As pálpebras de Ramiel se abriram de repente. Atrás dela um pardal
agitou as asas contra a janela, procurando uma entrada impossível.
— Como disse?
—Ou meu pai. —A voz de Elizabeth soava tensa, como arame estirado. -
Pôde ter arrumado. Há dois dias comentei com minha mãe que queria o
divórcio e lhe perguntei se ela pedia a meu pai que intercedesse por mim.
Ontem, quando cheguei da visita a condessa, e a ti, ele disse-me que preferia
ver-me morta antes que arruinasse sua carreira política e a de Edward.

Ramiel se separou da porta, contemplando-a. Estirou a mão para
segurar seus ombros, fazendo-a girar para que ambos fossem perfilados pelos
quentes raios do sol.

O rosto de Elizabeth estava pálido como a cera. Seus ombros tremiam
sob seus dedos. Ela cheirava a gás... Seu vestido, seu cabelo, sua pele.

Muitos londrinos morriam asfixiados pelo gás. Não teria havido
perguntas se ela tivesse morrido. Somente condolências para seu afligidos,
marido e pai.

E ela podia ter evitado com uma só palavra.
Como também podia ter feito ele.
O temor, a fúria e a culpa aumentaram, em lugar de substituir o calor
que percorria por seu corpo.
— Por que não me falou disto ontem à noite?
Elizabeth o olhou com as pupilas dilatadas e os olhos obscurecidos em
lugar de sua cor avelã.

221

—Edward estava esperando em meus aposentos. Estava com as anotações
que fiz enquanto lia “O Jardim Perfumado”. Disse que conhecia nossos
encontros. Pensei que ia me enviar a um manicômio. Por ninfomania, ele
disse. Ordenou a minha criada que me trouxesse uma xícara de leite quente
que havia acrescentado láudano, mas atirei pela janela. Soube então que tinha
que lhe deixar. Mudei de roupa e me sentei no sofá, esperando que ele
apagasse a luz... Temos uma porta que conecta nossos aposentos... Mas logo
dormi e ouvi que alguém sussurrava meu nome. Estava sonhando contigo e
não queria despertar, girei a cabeça e depois escutei um ruído como se
alguém estivesse soprando uma vela. Quando voltei a despertar, estavam me
sacudindo e tudo cheirava a gás. Não pensei que meu pai falasse a sério
quando disse que preferia me ver morta.

Os lábios de Elizabeth tremiam. As lágrimas brilhavam em seus olhos,
que tinham recuperado a cor avelã em lugar do negro horrorizado.

Ramiel havia imaginado a existência de um perigo potencial quando
Elizabeth lhe havia dito algumas horas antes que tinha pedido o divórcio.
Mas não esperava que atuassem tão rapidamente. Em especial depois dele
deixar claro que conhecia a vida secreta de Petre e não duvidaria em torná-la
pública.
—Cheiro a... Gás. A condessa disse que você tem um banho turco. Posso me
banhar, por favor? Logo eu gostaria de te beijar e tomá-lo entre minhas mãos,
agitar e apertar seu membro viril até que fique ereto. Quero beijá-lo e sugá-lo
como fez com meus seios.

Ramiel aspirou o ar. A terceira lição. Recordava palavra por palavra
como gostava que o possuíssem.

Seus dedos se apertaram ao redor de seus ombros antes de soltá-la e dar
um passo para trás. Seu coração galopava como se tivesse feito correr um
semental através das areias do deserto, para o amanhecer.
—Não tem que fazer isso, Elizabeth. Se tudo o que quer é um banho, aí
terminará tudo. Vieste para me ver porque necessita de ajuda. Pode ficar aqui
todo o tempo que queira. Não exijo que sacrifique sua virtude como
pagamento.
—Não estou sacrificando minha virtude. Estou tentando entender o que está
acontecendo. Ontem a noite em sua carruagem experimentei algo...
Realmente maravilhoso. Empurrei um homem ao assassinato. Preciso te
agradar. Preciso saber que também posso fazer alguém sentir algo
maravilhoso.

222

“Preciso te agradar”. Ressoou nos grandes janelas. Ramiel o expulsou
em silêncio de seus pensamentos. Mas não o suficiente para vir para mim
com liberdade, sem uma ameaça de morte. Fechou os olhos ante o brutal
desespero dela, lutando contra a amargura que se abatia sobre si mesmo. O
sol queimava o lado direito de sua face, mas seu lado esquerdo estava frio
como o gelo.
Elizabeth lhe prometia mais do que qualquer outra mulher lhe tinha devotado,
jamais. Os últimos nove anos lhe tinham ensinado que podia esperar.

Abriu os olhos, e dirigiu o olhar para seus lábios.
— Sabe o que me está pedindo, Elizabeth?

Os lábios de Elizabeth se apertaram, como o fizeram na primeira manhã
que ele o tinha perguntado.
—Sim.

E se voltou a mentir a si mesmo.
Ramiel lhe estendeu a mão.
—Então, vêem.
Elizabeth segurou sua mão de dedos frios e incertos.
Ele caminhou descalço pelo corredor revestido de mogno com
incrustações de madrepérola, insensível a áspera lã do frio tapete oriental sob
seus pés nus, consciente unicamente da mão dela, do calor de sua pele, do
ondear de suas saias e do sangue palpitando em seu membro.
A cada passo, aumentava sua raiva contra Edward Petre. Por ferir
Elizabeth. Contra Andrew Walters, por ameaçar a vida de sua própria filha.
Contra ele mesmo, por querer que ela desprezasse a sociedade a qual
pertencia e viesse a ele sem mais motivo que seu próprio desejo.
Chegou a uma porta, que abriu imediatamente. Soltando a mão,
procurou o interruptor. Uma luz muito forte alagou o oco da escada.
—Você tem eletricidade. —A voz dela ressoou.
—Uma recente aquisição. Um destes dias penso substituir todos os artefatos
de gás. A eletricidade é menos perigosa.
—Sim.
Ramiel fez uma careta de dor. Elizabeth não teria sido quase asfixiada
com gás se Petre tivesse investido em eletricidade. Daria ordens para que
instalassem os cabos no resto de sua casa, esse mesmo mês.
Fez um gesto para que descessem pela escada de caracol. Uma vez
embaixo, não o esperou para abrir a porta. Girou o trinco ela mesma e entrou
no fosso subterrâneo que constituía a sala de banho.

223

Ramiel a seguiu, guiado pelo calor de seu corpo e os ladrilhos gelados
sob seus pés nus. Mediu a parede para encontrar...

Uma luz deslumbrante iluminou a estadia. Ramiel havia feito a
instalação elétrica para maior comodidade e privacidade e não ter que
depender dos criados para acender os abajures a gás quando queria nadar.
Deu um passo até se colocar atrás dela e tentou ver a sala como ela poderia
estar vendo... A grande piscina coroada por uma tênue nuvem de vapor, o
piso numa obra de arte de mosaicos com animais entrelaçados, a negra lareira
de mármore vazia no longínquo canto direito e uma pequena banheira de
porcelana grafite, delicadamente ornamentada em tons amarelos, azuis e
vermelhos na parede exterior.

Agora pertencia a ela. Tudo o que ele possuía era dela.
Não deixaria que ela voltasse a partir.
—Faz mais frio aqui que na casa de sua mãe.

Ramiel a conduziu para a banheira de porcelana.
- Minha mãe é preguiçosa. Prefere relaxar na piscina, enquanto que eu prefiro
nadar. Mantenho a água quente, mas não tanto como num banheiro comum.
Eu me banho aqui. – Ele se inclinou para colocar o plugue à banheira de
porcelana antes de girar os dois grifos de ouro. Agua quente e fria saiu às
jorros da torneira em forma de golfinho.

Erguendo-se, desatou o cinto de seda que mantinha fechada seu roupão.
Elizabeth fixou o olhar no jorro de água que caía na banheira. Sua face
mostrava um pálido rubor rosado.
Ramiel se despojou do roupão, deixando que ele deslizasse por seu
corpo até cair no chão numa cascata.
O rubor sobre a face de Elizabeth se obscureceu.
—Jamais fiz isto.
O vapor os envolveu.
—Nadou na casa da condessa.
—Sim. Mas me despi atrás de um biombo.
—Não tenho biombo.
— Pode se voltar, por favor?
—Não. - Disse ele, descaradamente.
Não permitiria que ela se escondesse pudorosamente atrás de um
biombo ou da falsa modéstia. Era tanto seu desejo do que lhe oferecia, que
não aceitaria nada que não fosse a mais pura sinceridade.

224

Elizabeth endireitou a coluna e examinou a variedade de escovas e
sabões sobre a prateleira de mosaico sobre a banheira.
—Eu tive dois filhos,
—Isso você já me disse.
—Meu corpo não é... O que era.
—Elizabeth, eu quero a mulher que é agora, não a menina que uma vez, foi.
Se quer me agradar então se dispa para mim.
—Se você não gostar do que vê, deve dizer.

Ele fez um esforço para ouvi-la, acima do barulho da cascata rugente.
Não te forçaria a fazer algo que não deseja.

Como o tinha feito com seu marido. Possivelmente algum dia ela lhe
contaria o que Edward fez e disse quando tinha tentado seduzi-lo.

De maneira lenta, Elizabeth tirou o sutiã. Usava a mesma regata que a
noite anterior, o decote quadrado se abria sobre a curva de seus seios.

A respiração de Ramiel se acelerou.
Desviando o rosto do lugar no qual o corpo de Ramiel mostrava
perfeitamente como era um homem totalmente ereto, Elizabeth olhou a seu
redor procurando um lugar para pendurar o sutiã de veludo. Ramiel o tirou
com calma de sua mão. Jogou-o para a lareira e esperou. O estrondo da água
que enchia a banheira resultava ensurdecedor no meio do silêncio.
Com a cabeça inclinada, ela desabotoou a cintura de sua saia e deixou
que caísse ao redor de seus pés. Desatando as anquinhas chatas, também a
deixou cair com um golpe surdo, afogado pelo veludo que cobria os azulejos.
O corpo de Ramiel se contraiu, antecipando e temendo. Ela esteve a
ponto de ser assassinada e sem dúvida devia estar ainda emocionada. Tinha
de evitar que ela desse aquele passo até que não se recuperasse, porque uma
vez que se entregasse a ele não haveria volta atrás. Ela havia dito na noite
anterior que se arrependera de dançar com ele. Mas não se deteria ante uma
rápida valsa ao redor da piscina. Não se deteria até que tivessem explorado
por completo as quarenta posturas do amor, mais todas as variantes Ramiel
tinha aprendido nos últimos vinte e cinco anos.
Uma por uma, Elizabeth desatou as duas anáguas e ele seguia sem detê-
la. O branco algodão caiu formando um vulto a seus pés.
Sem pensar estirou e fez um fardo com a regata em suas mãos. Seus dedos
descansaram sobre as costelas dela. Sua pele estava tensa sob o tênue
algodão.
—Levante os braços.

225

Ramiel deslizou o objeto por sua cabeça e ficou paralisado com os
braços dela ainda no ar, presos pela regata.

Magníficos, havia dito Josefa. Ramiel nunca tinha visto nada tão
formoso em sua vida.

Os seios eram de um branco cremoso, com mamilos como casulos cor
de rosa, inchados e sensíveis por seus beijos da noite anterior. Ela possuía a
cintura fina, que se ampliava em quadris generosos cobertos somente pelos
justos calções de algodão.

O calor sexual avermelhou sua face e desceu até seus pés...
Deu um puxão brusco na regata, atirando-a sem saber para onde. Inclinando,
girou os grifos de ouro até fechá-los.

A banheira transbordara. Elizabeth estava em pé, como se não soubesse
o que fazer com suas mãos enquanto sua roupa se ensopava de água quente.

Ramiel sim sabia o que podia fazer com suas mãos. Podia acariciá-la,
sugá-la... Tudo aquilo que ela disse que queria fazer, mas que tinha planejado
fazer em seu marido.

Ramiel se endireitou.
—Volte-se e me olhe.

Lenta, bem lentamente, ela se virou.
Tenso, com o corpo duro como a folha de pedra que uma vez ela tinha
tentado retirar de uma estátua, Ramiel esperou sua aprovação.
Pôde ouvir seu profundo suspiro e pôde ver a dilatação de seus olhos.
—Tem... Pêlo púbico.
A observação o pegou momentaneamente de surpresa... Até que
recordou que ela se banhara com sua mãe. Na aparência, a condessa era mais
árabe do que fazia pensar os outros.
—Minha metade inglesa. Não me inspira a fé muçulmana. Um homem tirar o
pêlo de certas partes do corpo é um assunto arriscado.
O olhar de Elizabeth era entusiasmado.
—É... Mais longo que o falo artificial,
—Sim.
—E mais grosso.
—Sim.
—Tem uma cabeça vermelho-púrpura, como uma ameixa, só que maior. Está
seguro de que poderei tomar tudo inteiro?
O corpo do Ramíel se flexionou involuntariamente. Respirou tremendo.

226

—Há um lugar especial dentro de seu corpo, perto do colo de seu útero.
Permite que um homem se encaixe mais profundamente dentro de uma
mulher. De outra maneira poderia ser incapaz de entrar até o final. —
Obrigou-a a levantar a cabeça, prendendo-a com seu olhar. - Posso mostrar

esse lugar.
Nos olhos de Elizabeth não havia nem repulsão nem temor, só a

curiosidade de uma mulher e o desejo de experimentar a proximidade da
união sexual.
— Como?
—Tire o resto da roupa.

As mãos de Elizabeth tremeram enquanto tentava desabotoar os dois
botões da cintura de seus calções de algodão. Ramiel se perguntou se ela
seria consciente do compromisso que alcançaria ao entregar ele. E logo já

não se perguntou nada mais, porque ela estava em pé nua, salvo pelas meias
de cor carne e os sapatos, que tinham ficado ocultos sob um montão de roupa
úmida.

Seu pêlo era da cor de seu cabelo. Suas coxas eram voluptuosas. Os
joelhos com covinhas acabavam em magros tornozelos.

Imaginou-se em meio daquelas suaves coxas brancas e imaginou seus
magros tornozelos cruzados ao redor de sua cintura, tomando-o por completo,
cada centímetro dele.
—Ponha seu pé direito sobre a beirada da banheira lhe ordenou rouco.

A modéstia lutava com a excitação no interior de Elizabeth.
— Não devo... Tirar os sapatos e as meias?

Mais tarde, pensou ele. Mas pensando melhor, talvez não. As meias,
ajustadas as coxas eram a fantasia sexual de todo homem.
—Agora não. Quero te mostrar esse lugar especial dentro de seu corpo.

Os seios dela tremeram com a força de sua respiração.
— Acaso não há uma posição mais digna que possa assumir para que me
mostre esse lugar?

Sua pergunta era tão típica dela, que ele conteve um sorriso.
—Elizabeth...
—Ramiel... Sinto vergonha. – Ela inclinou o queixo, desafiando-o a zombar
dela. - Jamais estive nua... Assim.
—Disse que queria me agradar. Desafiou bruscamente. - Que queria fazer
alguém sentir algo maravilhoso.

O queixo de Elizabeth se elevou ainda mais.

227

—Eu disse e o desejo.
—Então, me deixe ser esse alguém. Peça-me que te toque, Taliba. Levante a
perna e abra seu corpo para que eu possa entrar bem dentro. Peça-me que te
toque.

A pulsação de Elizabeth se acelerou em sua garganta. Um rio de vapor
deslizou entre seus seios. Manteve-se alerta durante um instante que pareceu
eterno antes de tirar seu pé direito da confusão de seus calções e anáguas
empapadas e a saia de veludo. Elevou a perna e apoiou um de seus sapatos de
salto quadrado sobre a beirada da banheira transbordante de água.

O corpo de Ramiel se contraiu ao ver o sapato de verniz. Deteve-se
sobre o laço de seda negra que grampeava em cima de seu estreito pé,
percorreu lentamente o longo de sua meia cor de carne até o centro de suas
coxas e os delicados lábios internos que apareciam entre seus pelos rosados
como seus mamilos. Uma gota de umidade perlada brilhou no interior de suas
coxas.

Uma aguda necessidade tomou seu sexo. Aquela pérola de umidade não
era produto da emoção.
—Por favor... Toque-me, Ramiel. —Sua voz tremia. Com nervosismo.
Ofegante ante aquele jogo desconhecido entre um homem e uma mulher. -
Entre em meu corpo e me mostre como pode ser meu por completo.

Com o coração golpeando contra suas costelas, Ramiel se aproximou
mais ainda, até que sentiu o calor de seu corpo descoberto. Curvando sua
mão esquerda ao redor do quadril dela para assentá-la, roçou ligeiramente
seus pelos com sua mão direita, tocou a maciez de seus lábios e a densidade
da secreção feminina.

Elizabeth segurou seus ombros, forjando um vínculo primitivo. Um
homem tocando uma mulher, uma mulher tocando um homem.

Havia paixão nos olhos dela. Ramiel penteou a franja úmida de seu pêlo
púbico e com ligeireza moveu um dedo adiante e atrás, até que seus lábios se
abriram e se enroscaram ao redor dele como uma flor de estufa.
— Ele tocou-te assim? — Perguntou numa voz baixa, afogada, odiando-se
por fazê-lo, mas incapaz de evitar. Se Petre ou seu pai não tivessem tentado
matá-la, ainda estaria com seu marido.

O desejo nublou os olhos de Elizabeth. Fez uma cunha com suas mãos
entre os corpos de ambos... Ia afastá-lo.

228

Ramiel tocou sua entrada quente e úmida, com a ponta de seu dedo
descrevendo círculos ao redor do lugar que ela tinha devotado a Petre depois
que ele a tinha excitado.
— Ele tocou-te aqui?

Elizabeth ficou quieta, sentindo a periculosidade de seu ânimo.
—Edward não me tem tocado... Jamais. Veio a minha cama, penetrou-me
com força, depois terminou e se foi. E nem sequer tem feito isso em doze
anos e meio. Tudo o que queria era me deixar grávida. Ninguém me tocou
jamais, Ramiel. Ninguém além de você.

Ramiel fechou os olhos, evitando a dor de Elizabeth e sua própria dor,
enquanto a ponta de seu dedo girava e girava ao redor da quente umidade
dela, lhe ensinando a aceitar que ele a tocasse, preparando-a para o momento
no qual algo muito maior lutaria para entrar.
—Mas o teria tomado em seu interior no sábado passado. Usou tudo o que eu
tinha ensinado que me excitava, para seduzir outro homem.
—Não. —Ela enroscou seus dedos nos pelos loiros que cobria seu peito. -
Nunca poderia ter feito isso.

Ramiel abriu os olhos, lutando contra a ira e a dor, precisando se perder

no corpo dela, necessitando que ela se perdesse em seu corpo.
—Então te relaxe aqui embaixo. —Pressionou seu dedo contra ela, mas
sentiu que seus músculos se contraíam fortemente, bloqueando a entrada. –
Tome-me seu interior.

Lembranças proibidas, lembranças não desejadas se reviveram.
Deslizando sua mão esquerda sobre a suave redondez de seu quadril,
Ramiel estirou sua mão para trás e tomou suas nádegas em forma de coração
para que ela permanecesse quieta.
—Me deixe te ajudar, Taliba. - Me deixe ajudá-la a me fazer esquecer. -
Quando eu te tocar aqui... — Ele deslizou seu dedo novamente por volta das
dobras úmidas de sua carne e quando encontrou o casulo duro e pequeno cujo
único propósito é agradar uma mulher, o acariciou durante longos segundos.
– Mantenha-se aberta. E quando eu me deslizar por aqui... — Ele

acompanhou suas palavras com ações, estimulando a abertura que estava
tensamente fechada. - Empurre seus quadris para cima, para pressionar seu
clitóris contra a palma de minha mão. Agora. Meu dedo está sobre seus
clitóris. —Ela fez força contra a mão dele. Não demoraria muito em fazê-la
alcançar o orgasmo, mas ainda não queria que acontecesse. - E agora estou

deslizando para baixo.

229

Instintivamente Elizabeth investiu com seus quadris para cima para
reter o contato, a entrada relaxada, a guarda baixa. O dedo de Ramiel entrou
profundamente dentro dela, estirando-a onde não nada a estirara durante mais
de doze anos.

Elizabeth se convulsionou ao redor de seu dedo.
—Ramiel, tire... Não estou prep...

Ramiel apagou seu grito em sua boca, colocando sua língua para rebater
a pequena invasão em seus outros lábios. Se Elizabeth resistisse, se tivesse
mostrado de alguma forma que não estava verdadeiramente preparada para a
penetração, ele teria saído. Mas ela não o fez.

Ramiel podia sentir todo o corpo dela tremendo, não só de paixão. Ela
não estava preparada para a realidade de um homem ou a intensidade de seu
desejo. Mas logo estaria.

Brandamente, lambeu seu paladar enquanto colocava seu dedo ainda
mais profundamente dentro dela, até que seu avanço foi freado por uma
dureza interior, o colo de seu útero. Ramiel levantou a cabeça e olhou seus
lábios inchados, seus seios que tremiam a cada respiração, a branca pele de
seu ventre, seus pelos pubianos de cor mogno e a escura linha da mão dele
enquanto desaparecia entre as pernas dela.
— Dói-te? — Com delicadeza, ele tateou o colo do útero dela.

Elizabeth lutou para manter a calma.
—Queima-me. E sinto... Pressão. Não vim para isto. Quero agradar a você.

Ramiel empurrou outra vez.
—Shhh. Ainda não. Deixe-me te mostrar como tomar... Esta é a abertura a
seu ventre. Aqui é onde uma mulher toma a semente do homem e mais tarde
se abre para lhe dar seu filho. Vou colocar outro dedo em seu interior.

A malha sedosa dela palpitava ao redor dele. As unhas de Elizabeth se
afundaram em seus ombros.
—Por favor...

Por favor, não me faça mal. Por favor, me deixe agradar.
Por favor, não me rechace.
Ele baixou sua cabeça num suspiro de beijo.
—Sempre tão elegante. Não sou seu marido, Taliba. Não quero suas boas
maneiras. Quero ouvir seus gemidos, seus gritos e que me suplique que a
penetre.
Suas unhas se cravaram ainda mais.
—As relações íntimas não são muito decorosas.

230

—Não, o sexo não é muito decoroso. – Ele assentiu. E lhe colocou um
segundo dedo e bebeu seu grito, um som agudo e penetrante, de prazer e
tensão insuportáveis.

Ela era muito estreita. Ramiel não recordava haver tocado jamais uma
virgem que fosse tão estreita.

Penetrava sua boca enquanto penetrava seu corpo. Com vacilação, a
língua de Elizabeth acariciou a de Ramiel enquanto as pontas de seus dedos
acariciavam com firmeza a entrada de seu ventre. Pressionando suave e
inexoravelmente, explorou a parte posterior de sua vagina, pinçando,
empurrando mais acima, mais fundo... Forçando sua entrada até que de
repente o corpo dela se abriu e os dedos dele tocaram a dobra especial do
útero, que permite que um homem com um grande membro possa penetrar
alguns centímetros mais.

O ar quente encheu a boca de Ramiel. O fôlego de Elizabeth. A carne
interna dela apertou as pontas de seus dedos comprimindo-os dolorosamente.
—Este é o lugar especial, Taliba. —Com delicadeza, ele empurrou seus dois
dedos movendo-os com cuidado, para não ficar fora da ajustada dobra. -
Quando entrar e a pressão ou a dor se tornem muito grandes porque te estou
penetrando profundamente, não esqueça de inclinar seus quadris para que eu
possa deslizar mais à frente e possa acessar este lugar.

Elizabeth apertou as pálpebras. O vapor orvalhava sua face e gotejava
da ponta de seu nariz.
—Não sabia que um homem podia penetrar uma mulher tão profundamente.

Ramiel beijou a gota de vapor para que desaparecesse de seu nariz.
—São só dois dedos, Taliba. Há mais. Muito, muito mais.

Lenta, brandamente, saiu, sentindo o corpo dela aferrar-se a ele como
querendo mantê-lo em seu lugar especial, o lugar especial que pertencia a
ambos agora. Ninguém jamais a tinha penetrado tão fundo como ele, como
ele a penetraria. Saiu com suavidade de sua vagina, deslizou para cima e
encontrou seu pequeno casulo inchado, que palpitava freneticamente sob as
pontas úmidas de seus dedos.
—Me peça que te toque, Taliba. - Murmurou espesso em sua boca.
—Me toque, Ramiel. – Ela sussurrou por sua vez, com o fôlego lhe
queimando os lábios.
— Onde? Diga-me onde devo te tocar.

Elizabeth se aferrou a seus ombros, esforçando-se para estar mais perto
dos suaves dedos dele.

231

—Aí. Por favor. Aí.
— Não quer que te toque dentro?

Ela ofegou brandamente na boca dele, com seu corpo afundandoose
contra as pontas de seus dedos, que ele fazia girar em círculos.
—Sim, por favor, me toque dentro... OH, aí, sim, não se detenha!
—Incline seus quadris.

Deliberadamente, ele oprimiu seu clitóris através das suaves beiradas
úmidas de seus lábios maiores, enquanto lambia delicadamente o canto de
sua boca. Elizabeth inclinou seus quadris para frente, arqueando-se na palma
da mão dele para obter a pressão que necessitava.
—Agora me peça que meta três dedos em seu lugar especial.
—Três...

Ramiel podia ouvir as palavras que ela não chegavau a dizer. Era muito,
ela não podia aceitar um terceiro dedo. Quase não haviam entrado dois.
—Diga-me,Taliba.

Elizabeth passou a língua pelos lábios, encontrando os dele.
—Por favor, coloque três dedos em meu lugar especial... Só que, por favor,
por favor...

Um prazer selvagem se apoderou de Ramiel. Inclinando sua boca sobre
a dela, sorveu sua língua dentro de sua boca... E colocou com força três dedos
dentro de seu corpo, aberto para ele naquele momento de descuido,
antecipando uma carícia e não uma invasão.

Elizabeth segurou firme seu cabelo, para que ele compartilhasse sua dor
à medida que subia.
—Incline seus quadris, Elizabeth. Tome-me, Taliba. Se não puder entrar três
dedos agora, jamais poderá receber tudo o que tenho depois.

Um pequeno soluço encheu a boca de Ramiel, logo que ela inclinou
seus quadris para diante e ele encontrou o lugar especial dentro de seu corpo.
Apertou as pontas dos dedos de Ramiel tão forte que ele não poderia ter se
retirado embora quisesse.

Ramiel afundou o rosto na curva de seu pescoço. O vapor e o suor
jorravam por sua testa. Ela cheirava ligeiramente a gás, mas era mais forte o
aroma de pele calida, úmida e um desejo ainda mais quente.
— por que não veio para casa comigo ontem à noite? —O apertado núcleo
interior dela palpitava ao ritmo dos batimentos de seu coração. O lúbrico
desejo feminino saía de seu corpo, umidecendo sua mão. Apertou seus dedos
em uma de suas nádegas, deliciosamente suave... Como ela podia ter

232

pensado que estava obrigando a alguma coisa, quando tudo o que ele queria

era que ela viesse a ele, para ele, com ele... E a aproximou ainda mais,

necessitando da realidade de seu sexo, da promessa de seu corpo.
— Por que se arriscou a morrer em lugar de vir para mim?

A umidade deixou um rastro até seu ombro. Vapor, suor e lágrimas.

Elizabeth esfregou sua face contra ele, suas peles escorregadias fundidas, por

fora e por dentro.
—Meus filhos. Edward ameaçou me tirar meus filhos.

Salgadas lágrimas queimavam os olhos de Ramiel.
— Teria vindo a mim ontem à noite... Se não houvesse ninguém mais?
—Sim.

Ramiel sentiu que a palavra ressoava em todo seu corpo, o movimento

dos lábios dela contra seu ombro, o escuro calor de sua respiração e o suave

suspiro do som.
— Só para isto? —Moveu os dedos bem dentro dela.
—Não, por alguma coisa mais.
— Uniria-se a um bastardo?
—Uniria-me a ti.

Ramiel escondeu profundamente o rosto em seu pescoço, derretendo-se.

Os últimos nove anos de sua vida, a raiva, o ciúme e o surtos do temor. Ele

era um homem. Para ela, ele era um homem, e isso era mais que suficiente.
—Não permitirei que tirem seus filhos de você, Taliba. Enquanto estivermos

juntos, estará a salvo. Deve confiar em mim.
—Milord, tenho três de teus dedos em meu interior. —O remilgo áspero de

sua voz ficou arruinado por um tremor interno. - Devo confiar em ti ou não

estaria aqui.

E ele protegeria aquela confiança. Sem importar o custo. Tinha a

informação. Petre lhe tinha dado os meios.
—Deixe que eu te banhe. Deixe-me eliminar os últimos restos de Edward

Petre de sua pele.
— Agora?

O corpo dela relaxou ao redor de seus dedos. Estava quase preparada.
—Agora.
—Ramiel, não me parece...
—Confie em mim, Taliba.
—Mas preciso tirar as meias e os sapatos...
—Quando for o momento, eu lhe tirarei.

233

—Ramiel, tenho medo.
—Não disto, Elizabeth. Não tenha medo disto.

Seus olhos cor avelã piscaram com incerteza.
— Você treme com a paixão, Lorde Safyre?

A lembrança das aulas estava presente. Era uma parte dela, tanto como

aqueles dedos dele que agora forjavam parte de si mesmo.
—Tremo de paixão, Taliba. Por ti.
— Banhará-me... Como?
—Com minha língua. Enquanto meus dedos lhe mantêm aberta para mim.

Os músculos de Elizabeth se contraíram impulsivamente.
—Uma mulher também treme de paixão.

Um sorriso triste torceu os lábios de Ramiel.
—Eu sei.
— O que acontecerá se eu caio?

Como resposta, ele se ajoelhou sobre o molhado monte de roupa e

aspirou seu aroma, saboreou-o, vendo-a enquanto ela o abraçava. A escura

pele de seus dedos desapareceu dentro de um anel rosado de carne. Gotas

brilhantes de desejo feminino jorravam por sua palma.

Um brilho de meia cor carne dobrando para dentro atraiu sua atenção.

Ao mesmo tempo, os músculos de Elizabeth se esticaram ao redor da base de

seus dedos.

A mão esquerda de Ramiel saiu rápido, segurando sua coxa.
—Mantenha seu pé sobre a banheira, Taliba.
—Pode ser.
—Quero te cheirar. — Aproximou-se ainda mais. - E te provar. —

Aproximou seu nariz do úmido velo cor mogno, roçou-a com sua língua. - E

te beijar.

Ela enredou seus dedos no cabelo dele.
—Eu cairei.

Ramiel levantou a cabeça e encontrou o olhar dela. Temor.

Reconhecimento. Uma necessidade que era ao mesmo tempo dor e prazer.

Estava tudo ali em seus olhos cor avelã.
—Não deixarei que caia, Taliba. - Inclinando-se para diante, sugou o casulo

inchado de seus clitóris com seus lábios, banhou as dobras de sua carne,

suaves como uma pétala, com sua língua, explorou a dureza de sua mão e a

úmida abertura quente estirada até uma magreza extrema para tomar seus três

dedos. Lambeu-a, até conhecer cada matiz, cada dobra e cada textura.

234

Estendendo seus dedos, lambeu e provou sua essência. Ramiel seguiu
lambendo até que tudo o que a sustentava era o pilar de seus dedos entre as
coxas dela e a mão dele segurando suas nádegas.

De repente, Elizabeth lhe puxou tão bruscamente o cabelo, que sua
cabeça se inclinou para trás.
—Preciso de você, Ramiel. Agora. Por favor. Penetre-me. Você. Não seus
dedos. Por favor, não me deixe sozinha agora.

A voz rouca dela corria casal a necessidade dele.
—Não tenho nada aqui para te proteger.

Ao cair na conta do que podia acontecer, seu rosto se ruborizou. A idéia
da gestação jamais lhe tinha ocorrido.

Elizabeth soltou seu cabelo, apaziguou a pequena dor.
— “O Jardim Perfumado...” Não incluía medidas preventivas?

Ramiel inclinou a cabeça na suavidade de seu abdômen ligeiramente
arredondado e o imaginou grande carregando a seu filho. E se amaldiçoou
pela idéia de que se a deixasse grávida, ela lhe concederia a mesma devoção
que tinha dado a Edward Petre.
—Não são infalíveis.
— E o que tem acima, sim?
—Não.

Forçando-se a olhar para cima, Ramiel observou seus lábios inchados e
avermelhados. Estavam apertados.

Aquela era a realidade de se unir a um bastardo. A vergonha. A ruína
social. Levar o filho de um Sheik bastardo.
—Posso te dar isto, Elizabeth. —Agitou seus dedos dentro dela e mais
umidade se espalhou sobre sua mão. - Mas não te posso dar respeitabilidade.
Nem que quisesse.
— O que faria se eu... Se nós... Se eu ficar grávida?
—Contemplaria-a amamentar nosso filho. E depois tomaria o leite que nosso
filho ou filha tivesse deixado.

Os lábios de Elizabeth tremeram e relaxaram. Sua vagina se apertou,
palpitou.
—Desejo-te, Ramiel. Agora. Estou cansada de dormir sozinha. Quero sentir
seu corpo dentro do meu. Quero saber o que é dar e receber prazer.

Agora ela estava preparada.
—Então terá o que desejas.

235

CAPÍTULO XX

Elizabeth se achava dilatada a não mais poder, com três dedos em seu
interior, enquanto olhava para olhos tão intensamente turquesas que resultava
doloroso vê-los. Imediatamente se sentiu impossivelmente vazia e todo seu
mundo ficou de pernas para o ar.
Aferrou-se aos ombros de Ramiel, tensos e rígidos do esforço de levantá-la,
com medo dele a deixar cair, mas desejando que acontecesse.

Não bastava ele ter visto cada defeito e cada estria? Tinha que saber
também quanto pesava? Devia continuar rindo dela e provocando-a?
—Sou perfeitamente capaz de caminhar sozinha. - Protestou com rigidez.
—Não será. – Murmurou ele, roçando seus lábios com os dela. Sua boca
estava quente e úmida da essência de Elizabeth.

Uma flecha de calor percorreu seu corpo ao imaginá-lo olhando como
amamentava... Logo tomando leite de seus seios.
— O que... Que tipo de medidas preventivas vai usar?

Ramiel inclinou a cabeça, com seus olhos faiscando com sua habitual
intenção zombeteiroa. Ela era agudamente consciente do braço dele sob de
suas nádegas nuas. E a umidade que caía por seu corpo invadido.
—Acredito que champanhe.
— Champanhe? —Ela cravou-lhe o olhar no queixo, que estava coberto por
uma barba de cor dourada escura, de vários dias. O mesmo tom que o pêlo ao
redor de seu membro viril. - Os árabes tomavam champanhe... Há trezentos
anos?
—Provavelmente. —Seus lábios úmidos brilhavam dela.

Ramiel a tinha visto. Cheirado. Saboreado.
—Duvido muito que embebedar acautele uma gestação.

Ele sorriu, lhe mostrando os brancos dentes.
—O que tinha em mente era uma ducha de champanhe. Seguida de um
almoço de champanhe.

Elizabeth tentou erradicar a lembrança de sua cabeça, fracassou.
—Em minha ágape nupcial me permitiram beber uma xícara de champanhe.
—Então hoje tomará toda a garrafa.

236

O lugar especial que Ramiel tinha encontrado dentro de seu corpo ardia

e palpitava ante a imagem erótica que suas palavras conjuravam. Não era

possível que quisesse...

Seu olhar se dirigiu ao dele, só separados por um suspiro. O

conhecimento carnal reluzia em suas profundezas. Dela. De suas

necessidades.
—Não está fazendo isto porque te dou lástima, não é?

Os olhos de Ramiel se obscureceram.
—Elizabeth, um homem não saboreia o corpo de uma mulher porque lhe dê

lástima.
—Mas seria possível que o fizesse para ser amável.

—Sou meio árabe. Os árabes não são amáveis.
—É meio inglês. – Ela insistiu.
—E eles tampouco são amáveis. - Replicou áspero.
—Mas você conhece a amabilidade da condessa.
—Não confunda amabilidade com amor. —Sua respiração estava quente,

mas o frio se instalou atrás de seus olhos. - Conheci o amor, mas chega um

momento na vida em que não importa ser árabe ou inglês. Nem sempre

podemos ser amáveis, especialmente com aqueles que amamos. - Elizabeth

não tinha conhecido nem a amabilidade nem o amor junto a seu marido. Não

permitiria que o temor destruísse a oportunidade de experimentar ambas as

coisas.
—Espero que o champanhe não esteja gelado.

A frieza de seus olhos desapareceu. A risada trovejou em seu peito e

agitou todo seu corpo.
—Será uma experiência, Taliba. Para ambos.

Um batimento do coração palpitou na base do pescoço de Ramiel.
— Jamais... Deste em ninguém uma ducha?
—Não houve necessidade. Se preferir, iremos para cima, para meus

aposentos. Ali, têm preservativos.

Elizabeth respirou fundo, para se tranqüilizar.
—Não quero que use um preservativo. Quero sentir sua carne dentro de

minha carne. Quero te sentir ejacular em meu interior por prazer e não por

dever. E logo quero que me encha de champanhe e bebês.

A boca de Ramiel lhe tirou o fôlego. Elizabeth apertou suas pálpebras e

abriu sua boca para ele. Havia uma determinação dura e masculina em seu

beijo, mas também havia ternura. A língua de Ramiel era uma invasão que

237

não admitia compromissos. Imitava os movimentos que seus dedos tinham
estabelecido antes.

Envolveu seus braços ao redor de seu pescoço e o atraiu mais para si,
desejando a investida de sua língua, a investida de seus dedos e a investida de
seu membro viril. Nenhum homem a tinha desejado jamais. A virtude parecia
ser uma fria compensação. A morte uma mais fria ainda.

Uma dureza gélida impactou em suas nádegas nuas. Instintivamente
soltou seu pescoço para procurar o apoio de... Um lírio de cerâmica. Ramiel a
tinha pousado na beirada da piscina. Um jorro de água estalou no silêncio e
mornas gotas orvalharam seus seios.

O olhar de Elizabeth subiu... Ramiel estava em pé na piscina. O pêlo
loiro escuro apontava para seu abdômen e se enroscava ao redor da base de
um pênis longo e grosso. Sua bulbosa coroa de cor arroxeada roçana a
superfície da água.

Elizabeth estava a ponto de fazer o imperdoável. Ia gozar do sexo com
um homem que não era seu marido. Um homem a quem a sociedade chamava
de Sheik Bastardo. Um bastardo que podia lhe dar um bastardo.

Elizabeth observou sua longitude vigorosa. Podia lhe fazer mal. Podia
rechaçá-la. Podia provar de uma vez por todas que havia algo mais na união
de um homem e uma mulher, que a frustração oca e solitária.

Como se soubesse no que ela estava pensando, ele entrou na água para
ela, segurando-a pelos tornozelos. Ela seguiu seu olhar, observando os
sapatos de verniz negro e as meias que apertavam suas coxas. Sem dúvida
havia algo bastante lascivo numa mulher vestida assim.

O duro calor que se aferrava a seus tornozelos a arrastou pelos azulejos
de fria cerâmica que os separava.
—Se aproxime para frente, dobre seus joelhos e coloque os pés bem
separados sobre a beirada da piscina.

Elizabeth elevou a cabeça bruscamente. Ramiel a tinha visto quando
tinha uma perna levantada sobre a banheira, mas isto...
—Estarei... Indecente.
—Estará completamente aberta e totalmente acessível. “Lebeuss o djoureb,
Taliba”. Só que eu estarei em pé em lugar de sentado. E você estará aberta
em frente a mim... Para eu poder esfregar meu membro contra sua vulva... E
acariciar a entrada de sua vagina... Até que esteja tão úmida... E tão dilatada...
Que me tragará todo, por inteiro.

A nota.

238

Ele a tinha recordado.
Ela tinha suas próprias lembranças. Ele queria uma mulher quente,
úmida e voluptuosa, que não temesse sua sexualidade e nem se
envergonhasse de satisfazer suas necessidades.
— Isto é parte da união?
Ramiel não fingiu que tinha entendido errado.
—A luxúria é uma parte da união, Taliba. Mas a luxúria é fácil de satisfazer.
Não requer que uma mulher se abra tão completamente para um homem,
sendo vulnerável a todas as carícias dele, a todos seus desejos.
Como ele queria que ela se abrisse para ele.
Observando seu rosto oscuramente decidido, Elizabeth se aproximou
para frente, dobrou seus joelhos e as afastou bem para que ele se deleitasse.
O calor úmido que subia da água era uma suave carícia. Sentiu como se
ele pudesse ver dentro de seu corpo, como se sua carne estivesse
desdobrando ali onde ele a tinha penetrado com seus dedos. Ramiel colocou
seus pés firmemente sobre a beirada dos azulejos. E ela se apoiou sobre seus
pés.
—Sem arrependimentos, Elizabeth.
Seus seios vibravam com a força dos batimentos de seu coração. Ela
inalou o ar morno e vaporoso.
—Sem arrependimentos, Ramiel. Não me arrependi por dançar contigo
ontem à noite. Só tenho sentido não ter feito isto.
Os dedos de Ramiel se apertaram ao redor de seus tornozelos. Afastou-
os ainda mais.
—Se recoste sobre suas mãos.
Elizabeth não afastava o olhar de seu desejo... Ou ele do dela.
—Quero olhar. Quero ver... Tudo.
Cada pequena carícia que lhe tinham negado nos últimos dezesseis
anos.
Ramiel baixou sua mão e levantou o membro ereto para que ela o
pudesse observar. A cabeça era bem maior que a do falo artificial.
Lenta e deliberadamente, Ramiel o guiou para o corpo exposto dela.
—Então, observe.
Um calor abrasador irrompeu em sua vagina.
Ela lançou um grito sufocado. Ele fez o mesmo.
A eletricidade tinha queimado seu dedo quando ela havia tocado o lábio
dele. Isto... Isto era como ser rasgada por um raio.

239

O olhar de Elizabeth subiu veloz de onde seus corpos se tocavam.
O olhar de Ramiel a estava esperando.
—Você... Está quente.
Quase tão quente como seus olhos turquesas.
—Você também está, Taliba. —Um calor abrasador o percorreu, quando
afastou os lábios maiores, esfregou-a de cima abaixo até que ela ficou
totalmente aberta e sua paixão misturada a dele. - Como seda quente.
Elizabeth tentou regular sua respiração, não conseguiu.
—Posso te sentir pulsando contra mim, como um diminuto batimento de
coração.
-Será assim quando estiver dentro.
As pálpebras de Ramiel baixaram e ela seguiu seu olhar. Os úmidos
lábios rosados estavam bem separados pela morada e larga coroa. Enquanto
ela observava, ele deslizou ainda mais embaixo. A bulbosa protuberância
apalpou seu elástico calor, num beijo de sexo, pressionando-se, mas sem
entrar, fazendo-a sentir os músculos no corpo dele, esforçando-se para entrar,
enquanto ele sentia os músculos no corpo dela, esforçando-se para se ajustar.
— Sente-me palpitar agora?
—Sim...Oh, Deus! Sim.
A pulsação dele. A pulsação dela. Elizabeth podia sentir tudo. Ver tudo.
Ramiel se cadenciou brandamente contra ela, com sua umidade
lambendo a ponta de seu pênis enquanto a água lhe lambia as coxas, como se
fosse atraído pelas dobras e rugas delicados de Elizabeth, voltou a se colocar
entre os lábios de sua vulva. Estirando a mão esquerda, afastou-os ainda
mais, mostrando o pequeno casulo duro de seus clitóris. Girou a seu redor a
bulbosa protuberância de seu membro em círculos. A parte mais sensível dele
contra a mais sensível dela.
Um calor líquido brotou de dentro de Elizabeth. Estava derretendo. Ou
ele estava. Ambos estavam úmidos e duros.
—Incline seus quadris.
Elizabeth obedeceu automaticamente, observando o milagre de um
homem e uma mulher. Os cachos dela esmagados pela mão escura dele
enquanto sua outra mão guiava o bulbo arroxeado de seu membro, maior que
uma ameixa, mais duro, e mais quente... Deslizou e logo houve uma pressão
que foi mais que isso, seguida por uma sensação de estalo interno enquanto o
grosso bulbo dele ficou completamente agasalhado em seu interior.

240

Sua carne se ajustou freneticamente ao redor dele, muito tarde.
Queimava. Ardia. Ramiel se sentia tão grande como um punho e ela não
estava preparada para aquela fusão.

O olhar de Ramiel desviou-se da aonde a tinha penetrado e se fixou no
olhar de Elizabeth. Intencionalmente, penetrou um centímetro mais enquanto
o corpo dela se esforçava por acomodá-lo.
— Ainda pode me sentir palpitar?
—Sim. — Ela acompanhava o batimento de seu coração. Apertou seus
dentes. - Não acredito que vamos encaixar, Ramiel.
—Encaixaremos, Taliba.

Sustentando ainda seu olhar, ele saiu lentamente dela. Elizabeth estava
tão úmida, que podia ouvir e senti-lo quando saiu de dentro dela. A cascavel.
Ele tinha razão... O idioma inglês não fazia justiça a realidade árabe. Ela
ardia e palpitava onde ele a tinha penetrado. A fazia arder e palpitar ainda
mais, esfregando a quente e estremecedora paixão dele contra o pequeno
casulo duro que ela jamais tinha visto antes, só sentido, mantendo-o exposto,
igual a sua abertura.

Elizabeth sentia que se inundava cada vez mais num mundo aonde só
havia um homem e uma mulher cujos nomes eram Ramiel e Elizabeth. Como
podia ser errado isto?
—Incline seus quadris.

Ela levantou-os involuntariamente para incrementar o contato com seus
clitóris. Jamais imaginara que um homem podia ser tão suave e tão duro ao
mesmo tempo. Ao mesmo tempo, Ramiel deslizou através dos brilhantes
lábios rosados de sua vulva e investiu, o dever de um homem, o desejo de
outro. “Por que terei que matar alguém... Para colocar freio nisto”?
—Espere... Fale-me —Ela ofegou como se ele estivesse tapando seus
pulmões. - Sinto como se... Estivesse caindo.
—Isso é bom. - Cantarolou ele. – É assim quero que se sinta.

Elizabeth não queria ser a única a experimentar aquela incrível beleza.
Aquele não era o motivo pelo qual tinha ido, para satisfazer suas próprias
necessidades egoístas. - Mas e você? Quero que sinta o que eu sinto.
—Então, me aceite um pouco mais, Taliba.
—OH... —Elizabeth se assentou sobre os azulejos com o corpo estirado,
ardendo, atraindo-o mais profundamente. Com desespero tentou pensar em
algo que viesse em seu auxílio. - O que significa Ibn?

241

—O filho. —Lenta, lentamente, ele saiu de dentro dela... Podia sentir que a

carne se afrouxava a seu passo. Ele se voltou para os lábios inchados e aos

clitóris palpitante, ela podia ver seu membro palpitando, podia sentir a

pulsação nele.
—Me diga o que sonhou.
—O que...?
—Esta manhã você disse que tinha sonhado comigo. Incline seus quadris.

Afundou ainda mais profundamente dentro dela.

Elizabeth jogou sua cabeça atrás numa agonia de prazer e fixou o olhar

no teto, nas ondas turquesas de água refletidas sobre a pintura de esmalte

branco.
—Sonhei que você sugava meus seios. E que eu embalava sua cabeça contra

mim enquanto te dava o peito.
— Deu-me leite?
—Não. —O som que escapou de sua boca era mais um gemido que uma

palavra.
— Você gostaria de fazê-lo?

Não reconhecia a voz dele; estava tensa e rouca.
—Sim. — Ela se deu conta vagamente de que inclusive sua voz parecia um

reflexo da de Ramiel.

Não era suficiente.
—Me diga.

Ramiel se manteve quieto.
—O que?
—Me diga... Quão meritório é.

A carne que palpitava dentro dela se flexionou.
—Duas palmas de minha mão.

Vinte e cinco centímetros.
—Me diga quanto tem em meu interior. Quero saber tudo. Quero recordar

cada detalhe.

E possivelmente assim pudesse esquecer as longas noites de solidão

deitada numa cama comprada por um homem que jamais a tinha desejado.

Toda graças a um pai que era capaz de matá-la porque ela desejava algo

mais.
—Uma palma de minha mão, Taliba.

Doze centímetros.
—Quero mais. Quero-te todo inteiro.

242

Ramiel lhe deu mais.
— Quanto mais foi isso? —Ofegou ela.
—Dois centímetros. Agora tome outro mais.

Um centímetro mais que lhe cortava a respiração. E logo...— Oh, Deus!
— Ela lutou para reafirmar, para manter o controle da situação.
—Olhe. Nos olhe.

Com dificuldade, Elizabeth baixou sua cabeça e cravou o olhar onde
estavam unidos. A mão que mantinha seus lábios separados se moveu para
baixo e se colocou sob seu quadril para dar a ela uma visão limpa. Uma
umidade escorregadia emanava de seu corpo ao redor do grosso caule que o
penetrava. Os pêlos púbicos de ambos, dourado escuro o dele, mogno o dela,
encontravam-se, mas não se misturava. Cinco centímetros mais para chegar.
— Sente a pulsação, Elizabeth?
—Sim, Ramiel. – Palpitava contra o colodo útero, numa pressão quente e
brusca.

O ar saiu como uma rajada de seus pulmões. Ele estava retirando-se do
corpo dela, levando a pulsação. Elizabeth sentia como se estivesse dividida
em duas, como se ele estivesse levando a metade de sua alma.
—Por favor, volte.
—Imediatamente. —Assediou-a com o bulbo arroxeado em forma de ameixa,
que brilhava com o desejo escorregadio dela, girando e girando ao redor de
seus clitóris, pressionando sua vagina, girando, pressionando, girando.
— Pensou nisto quando movia os quadris contra o colchão?

Elizabeth tinha pensado muitas coisas aquela noite.
— Pensei no que?
— Pensou em que te deitaria comigo?

Ela se manteve firme ante um espasmo de prazer.
—Não.

Sua voz era a de uma mulher que suportava uma insofrível dor. Ou
prazer. Elizabeth já não sabia apreciar a diferença.
—Mas queria fazê-lo.
—Sim... Oh, Meu deus!
—Incline seus quadris. – Ele ordenou rouco e logo se afundou dentro dela
enquanto seu corpo se abria e o tragava até que seu pêlo púbico se misturou
ao dele. Sentia que estava caindo e não havia nada que a sustentasse.

243

Elizabeth o tinha tomado todo e nada em sua vida a tinha preparado
para aquela união, esta fusão. Ele era parte dela, não havia espaço para
recuperar o fôlego.
—«Grande como o braço de uma virgem... Com uma cabeça redonda... Mede
o longo de uma palma e meia...» - Citou, meio chorando, meio rindo.

Um hálito quente roçou a parte de acima de sua cabeça.
—«E Oh! Senti-me como se o tivesse colocado dentro de um braseiro» —
Ramiel terminou o verso.

Elizabeth sentiu como se o braseiro tivesse sido colocado dentro dela.
—O Sheik sabia então. Um homem e uma mulher foram feitos um para o
outro, para estar assim... Juntos.

Ramiel também sabia.
Elizabeth arrancou o olhar da visão indescritivelmente erótica de seu
abraço íntimo. Não pensava que poderia seguir sobrevivendo um segundo
mais.
—Mantenha-se firme. —Ele tomou justo debaixo de seus seios. - Deixe que
tome. Agora... Pode usar as mãos. Levante-as e solte os cabelos para mim.
Mais consciente do corpo dele palpitando em seu interior, que de seus
próprios batimentos do coração, ela levantou os braços lentamente. Elizabeth
jamais pensou que podia haver um prazer que superasse a agonia, mas agora
sabia. A cada investida, sua vagina se contraía ao redor dele. A cada impacto
contra um azulejo ele pulsava contra a parte posterior de seu ventre.
O ar lhe raspava a garganta, ou talvez fosse a respiração dele que
ouvia. Não sabia onde terminava um e onde começava o outro.
—Agora sacode o cabelo.
Uma suave rede de flamígera seda vermelha caiu como uma cascata
sobre seus ombros, seus seios e as mãos dele. A carne de Elizabeth ondulava
ao redor da sua, enquanto a água aplaudia brandamente as coxas de Ramiel.
De repente, sentiu que não podia conter. Segurou em seus ombros e gritou
enquanto seu corpo inteiro se convulsionava de prazer. E logo começou a cair
de verdade.
Um grande peso pressionou o corpo dela para baixo, lhe roubando o
pouco fôlego que permanecia em seus pulmões. Ramiel se inclinou sobre ela,
unindo seus corpos por dentro e por fora, do sexo ao peito.
O suor brilhava sobre sua pele escura e uma camada semelhante cobria
o corpo dela. Podia sentir como os batimentos do coração de Ramiel
golpeavam contra seu peito e palpitavam no lugar especial em seu ventre. Os

244

quadris dele abriram ainda mais suas pernas já estiradas enquanto sua carne
interna estremecia a seu redor, resultado de seu orgasmo.

Elizabeth fechou seus olhos para não ver a assustadora intensidade dos
seus.

Umidade. Respiração. Não havia nada que não compartilhassem
naquela posição.

Por que alguém teria que querer matá-la, para evitar aquele vínculo
íntimo entre um homem e uma mulher?

Lábios úmidos e mornos roçaram o cabelo de Elizabeth, sua face, seus
olhos, sua orelha direita.
—Não chore, Taliba.

Era ridículo que estivesse chorando pela experiência mais maravilhosa
de sua vida. Tampouco na noite anterior havia sido impossível conter as
lágrimas quando lhe tinha sugado seus seios. Elizabeth voltou seu rosto para
a sedosidade de seu próprio cabelo preso entre ambos e a face dele, áspera
por sua barba sem barbear.
—Não sabia que um homem podia encher uma mulher tão completamente.
Não sabia o quanto é formoso... Mas o que tem feito Edward é tão horrível.
Não pude chorar esta manhã. Não pude sentir... Foi simplesmente... Horrível.

Ramiel se moveu. Ela podia sentir o ligeiro movimento repercutir em
todo seu ser. Dedos quentes e duros limparam o cabelo de sua frente, de sua
face.
—Não se preocupe, Taliba. Confie em mim. Ele não voltará a te fazer mal
nunca mais. Prometo-lhe. Não chore. Jamais deixarei que ninguém te faça
mal. Nem a ti nem a seus filhos. Não chore, Taliba.

A mão de Ramiel tremeu contra a pele dela. Com paixão. Por ela.
Ele merecia algo mais que suas lágrimas.
Elizabeth abriu seus olhos... E fixou seu olhar nos dele, a poucos
centímetros dos dela. O olhar de Ramiel era escuro e brutal, mais negro que
turquesa.
—Quando fiz os exercícios contra o colchão era em ti em quem pensava,
Ramiel. – Ela murmurou.
Ele permaneceu quieto.
Ela ainda devia experimentar a força total de seu desejo. E o desejava.
Elizabeth enterrou os dedos pelos gloriosos cabelos dele. Eram mais
suaves que o áspero pêlo corporal que fazia cócegas em seus mamilos e
raspava seu ventre.

245

—Talvez eu seja uma ninfomaníaca. Posso te sentir palpitando contra meu
ventre e tudo o que quero é que esteja em meu interior. Pode me sugar os
seios, por favor?

O corpo de Ramiel pareceu crescer ainda mais dentro dela. Entre uma
respiração e outra ele se endireitou, erguendo-a com ele.

Elizabeth deu um tapa contra os azulejos, mas ele a reteve bem sujeita
nos braços arqueando suas costas de modo que seu peito me sobressaía para
diante.
—Eleve seus seios. Coloque-o em minha boca.

A labareda de fogo em seus olhos era inconfundível. Estava a ponto de
receber tudo... e mais... Pelo que nunca tinha desejado de um homem.

Com a mão trêmula... Estava bem que uma mulher tremesse de
paixão... Ela elevou um seio duro e pesado.

Um úbere.
Não! Ramiel havia dito que eram magníficos.
Ele se inclinou sobre ela, o cabelo sedosamente dourado roçando sua
face, seu ombro, o hálito quente arrastando-se para baixo, mais abaixo... Até
ficar sujeito a seu mamilo. Os quadris dela se moveram num espasmo para
diante quando uma corrente elétrica pareceu formar um arco de seu peito a
seu ventre. Um som surdo brotou da garganta de Ramiel como se também o
sentisse e logo começou a sugá-la e a empurrar sua pélvis contra a dela.
“Dok, o movimento que fazia do homem numa maça”.
Deu-lhe o equivalente feminino, balançando seus quadris em lúbrico
acompanhamento. Parecia impossível, mas os movimentos combinados o
introduziram mais profundamente dentro do corpo dela e ainda não era
suficiente.
A mão direita de Elizabeth se levantou, tentou segurar no quadril dele.
Suas nádegas... Necessitava que ele amassasse além de pressioná-las.
Ramiel o deu, primeiro retirando e fazendo curtas investidas que se
tornavam cada vez mais longas e ele tinha razão, havia mais, um mundo até
agora inexplorado de sensações e sons, o impacto da carne, os gritos
sufocados da respiração entrecortada, a água formada, a sucção úmida do
corpo dela que se abria como uma flor sob os raios do sol. O estalo da boca
dele quando soltou seu mamilo.
—Deite-se. – Ele ordenou asperamente, endireitando.
—Espere...

246

Mas ele não esperou. Enganchou os joelhos dela acima de seus braços e
ela caiu sem apoio, nada para sustentá-la, mas o impulso duro e sufocante de
suas investidas golpeando-a. Um ruído surdo ricocheteou sobre o teto
ondulado. Seguiu-lhe outro... Os sapatos já não estavam em seus pés, com as
meias postas, mas empurrados para cima, moviam-se a cada golpe do corpo
dele contra o dela.

Elizabeth jamais se havia sentido tão aberta, jamais tinha pensado que o
corpo de uma mulher podia suportar tanto castigo e desejar ainda mais,
muito, não o suficiente, muito duro, não o suficientemente duro, muito
profundo, não o suficientemente profundo. Não podia respirar. Tinha que
haver um final... Uma mulher não podia sobreviver a um prazer tão
prolongado.

Quando terminou, Elizabeth acreditou que não poderia sobreviver a
culminação.

Lançou um grito e todos os músculos de seu corpo gritaram com ela,
convulsionando, contraindse. De maneira vaga, ouviu um grito rouco que lhe
respondia:
— Alá! Deus!

Com o corpo escorregadio de suor e vapor Elizabeth se manteve
totalmente quieta, com os olhos fechados, o coração pulsando e sentiu um
jorro de líquido quente no mais profundo de seu ser, o presente do prazer de
Ramiel.

O lar.
Durante dezessete anos tinha vivido na casa de seus pais. Durante
dezesseis anos tinha vivido em casa de Edward. E jamais tinha experiente
estas boas-vindas ao lar.
Abriu os olhos e olhou fixamente o olhar turquesa. —Obrigado.
O suor pendurava como gotas de chuva em sua barba sem barbear. Com
uma expressão indecifrável, ele levantou-a com seus corpos ainda unidos e
envolveu suas pernas ainda com as meias ao redor de sua cintura. Girando,
caminhou pela piscina até que a água morna inchou suas meias e lambeu seus
seios. Formava ondas ao redor deles enquanto sua vagina ondulava ao redor
de seu membro consumido.
—Posso sentir seu sêmen. Está quente.
Ramiel a fez girar brandamente em círculos dentro da água, sem
responder, simplesmente olhando-a nos olhos.

247

— O que vamos fazer? —Sussurrou, repentinamente tímida, recordando os
ecos de seus gritos no momento de chegar ao êxtase.

Talvez o tivesse decepcionado. Talvez tivesse interpretado mal seu
convite da noite anterior. Talvez devia ter ido para um hotel.

Sua expressão continuava sendo enigmática.
— O que você gostaria de fazer?

Gostaria de estar com ele, assim, até que passasse a loucura.
Elizabeth se concentrou no beijo das ondas, sob seu impenetrável olhar.
—Minha criada se deita com o novo lacaio e, entretanto estou segura de que
foi ela que avisou a Edward de que eu saía de casa para me encontrar contigo.
Não é irônico? Edward encontra a felicidade, mas não me permitiria o
mesmo privilégio. Acredito que Edward contratou alguém para me
atemorizar quando eu dava o discurso para a associação. Tenho medo. E eu
não gosto que me assustem.

Ele continuou girando e girando em círculos com a água acariciando-a
por fora e seu membro acariciando-a por dentro.
—Está segura comigo, Taliba. Quando esteve na reunião?
—Na quinta-feira à noite. Eu disse que havia batido a cabeça contra uma luz
na neblina. Mas antes disso, depois da reunião, o vigilante me confundiu com
uma prostituta e ameaçou me matar. Quando cheguei em casa, Edward me
estava esperando com o delegado, como se esperasse que eu tivesse tido um
acidente.

Ramiel baixou a cabeça ao mesmo tempo em que a elevava mais em
seus braços. A carne tendeu uma ponte com a carne... Sua testa junto à dela.
A coroa de seu membro viril encostando-se contra o colo seu útero.
— O que disse o delegado?

Os braços de Elizabeth se apertaram involuntariamente ao redor de seu
pescoço. Era cada vez mais difícil estar atemorizada.
—Disse que Edward fazia bem em se preocupar com uma esposa que arrisca
sua vida em não levar acompanhante e que logo ficava presa na neblina.

Ramiel lhe apertou as nádegas. O movimento rítmico empurrava e
estirava outras partes mais vulneráveis de seu corpo. - A água se filtrou em
sua vagina dilatada.
— O que disse Petre?
—O... —Ela apertou seus músculos com uma sacudida tentando frear a
entrada de água. O membro de Ramiel aumentou de repente, detendo

248

eficazmente a infiltração. - Queria que eu me vestisse para um jantar. O que
está fazendo?

Um sorriso torceu seus lábios.
—Estou fechando um dique.

Elizabeth aspirou sua respiração, cheirando seu suor, o suor dela, o
úmido calor da piscina.
—Depois de tapar o dique, o que fará?

Seu membro se alongou até que não teve aonde ir. Ele inclinou os
quadris dela e diestramente investiu no ajustado espaço atrás do colo uterino.
—Vou pedir champanhe.

O fôlego de Elizabeth ficou preso em sua garganta.
— E depois?
—Vou te dar um banho. Depois vou lamber te e abordar a modalidade
número vinte e um, o “rekeud elair, montando o corcel”. E você se colocará
sobre meus quadris e se moverá de cima abaixo sobre meu kamera até que
chegue ao orgasmo uma e outra vez.

CAPÍTULO XXI

Elizabeth despertou lenta e prazerosamente. Havia músculos que não
lhe doíam desde que tinha dado a luz a Phillip quase doze anos antes e
entretanto nunca havia se sentido tão relaxada em sua vida. Uma
efervescência faiscante bulia dentro de seu corpo. Os lençóis estavam
mornos, suaves como a seda. Respirou fundo e cheirou a almíscar e suor e...

Suas pálpebras se abriram de repente. Os lençóis eram suaves como a
seda porque eram de seda. Sua pele formigava porque havia sido a xícara de
duas garrafas de champanhe. Ramiel a tinha molhado com vinho espumoso e
logo a estimulado com a garrafa até que ela lhe rogara que lhe desse sua
língua, seus dedos, ou seu “kamera” e não necessariamente nessa ordem.

Um frio remorso se abateu sobre o corpo de Elizabeth, trazendo a
lembrança do gás, seu aroma e seu sabor. Seu marido tinha tentado matá-la.
O lugar do outro lado da cama estava vazio. Cheirava a ela, a ele e aos seus
singulares aromas misturados. Edward jamais tinha deixado seu aroma em
seus lençóis.

Tênues raios de sol se filtraram através das cortinas de seda vermelha.
Lentamente, com cuidado, sentou-se. Sentia-se de verdade como se tivesse

249

sido atravessada pelo braço de uma virgem. Os lençóis de seda cor baunilha e
uma colcha de cetim vermelho desceram até sua cintura.

Seu cabelo caia sobre suas costas num arbusto enredado. Ramiel o tinha
envolvido ao redor das mãos e tinha aproximado seu rosto ao dele, quando
ela subiu sobre seus quadris e o montou como um corcel. Olhou para os
seios. Seus mamilos estavam escuros e inchados pelos beijos, pelo atrito de
seus dedos e do pêlo espinhoso que cobria o peito de Ramiel.

Uma onda quente de lembranças de prazer alagou seu corpo.
—Está acordada. —Saindo das sombras, entre um armário de mogno e uma
poltrona estofada de suave veludo vermelho, Muhamed abriu as cortinas de
um puxão.

Com um grito sufocado, pestanejando ante a súbita irrupção de luz,
Elizabeth pegou a colcha para cobrir os seios.
— O que quer?
— De você, senhora Petre? Nada. Sou um eunuco. Não posso fazer mal a
uma mulher. Tampouco nenhuma pode me fazer mal.

Elizabeth analisou ao homem que tinha tomado por árabe. Era mais alto
que Ramiel, mas embora ela soubesse que ele e a condessa haviam sido
vendidos juntos na Arábia, ele não aparentava os cinqüenta e tantos anos que
devia ter. Sua pele era cor oliva, como a de Johnny, mais morena que o
dourado escuro que Ramiel tinha herdado de seu pai árabe.

A condessa tinha manifestado que o abuso que tinha padecide
Muhamed na Arábia havia o tornado hostil para com as mulheres. Elizabeth
não podia chegar a imaginar a dor que tinha experimentado, quando tinha
sido transformado em eunuco quando jovem ou pelo trauma emocional que
provocava ser homem, mas incapaz de amar uma mulher. Ela não podia lhe
guardar rancor por seu desplante.
—Não se compadeça, senhora Petre. Não tolerarei. – Ladrou Muhamed. Seus
olhos negros brilhavam malévolos.

Elizabeth jogou as costas para trás, dando conta um pouco tarde de que
não vestia nada, salvo o lençol e a colcha. E nenhum dos dois cobria seus
ombros nus.
—Não me compadeço, Muhamed. —O homem que a olhava com ódio lhe
provocava medo, não piedade. - Onde está Lorde Safyre?
—Ele me disse que devo cuidá-la. O Ibn disse que necessitaria de um banho.
Espera-lhe no outro lado da porta. —Brevemente assinalou com a cabeça em
direção a uma porta no extremo esquerdo do quarto retangular.

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