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Published by , 2016-09-02 12:09:47

Livro José Giorgi__SAIDA.compressed

Livro José Giorgi__SAIDA.compressed

Sede da Fazenda Santa Elide nos anos 40.
As dependências da sede original são mantidas até os dias de hoje.

Fachada atual da Fazenda Santa Elide em 2016. 151

José Giorgi e os italianos no Brasil

Fac-símile
de propaganda
ao incentivo
da imigração
italiana no
Brasil.

Fac-símile
de manifesto

a imigração
italiana na

“Provincia de
São Paulo”.

152 A presença de italianos no Brasil até a metade do século 19 era pequena, e na
maioria das vezes, consistia de exilados políticos de movimentos liberais a exemplo
de Libero Badaró e Giuseppe Garibaldi.Aimigração italiana em massa para o Brasil
ocorreu no fim do século 19 e foi desencadeada por uma série de eventos político-
econômicos e sócio-culturais, sendo entre 1870 e 1920 o momento áureo do largo
período denominado como a “grande imigração”.

Inserindo-se nesse contexto, mas ao contrário de muitas famílias de imigrantes
que vieram para o Brasil trabalhar nas fazendas de café, a família Giorgi se fixou em
São Paulo, capital onde desenvolveu vários ramos de atividades.

São Paulo havia recebido o maior contingente de imigrantes italianos, tanto
que chegou a ser identificada como uma ‘cidade italiana’ no início do século XX.

Na época, vivia um momento de expansão econômica, crescimento da popu-
lação e modernização urbana.

Verdadeiro Ítalo-brasileiro, nascido na Itália, mas radicado no Brasil, José
Giorgi sempre consciente de suas origens, de ascendência italiana, e tendo facilmente
se assimilado à sociedade, desde sua mocidade mantinha estreito relacionamento com
a comunidade italiana local. Quando veio a idade do serviço militar, não hesitou em
deixar a família e os trabalhos nos quais começava a fazer a primeira fortuna para
levar à cabo os deveres patrióticos.

Nessa época, ele já atuava muito em São Paulo junto à colônia de imigrantes
italianos e de outras etnias, e tinha muito bom relacionamento em termos de consu-
lado e governo brasileiro. Tanto é que, quando ele foi servir o Exército na Itália, sua
ausência fez falta aqui no inter-relacionamento com as levas de imigrantes, sendo
talvez esse o motivo do abreviamento do serviço militar que seria de 5 anos, tendo
o mesmo sido realizado em 3 anos.

Servida a pátria, retornou aos seus trabalhos em São Paulo.

Os trabalhadores
imigrantes italianos
eram reconhecidos

por usarem
camisas listradas.

Sua manutenção dos “vínculos de amor à Pátria distante”; e a solidariedade 153
com as sociedades irmãs eram constantes, tendo também uma associação mutualista
entre ele e sua terra natal.

No Brasil, ao montar e iniciar as atividades de sua empresa procurou empregar,
em sua maioria, patrícios italianos, tanto na construção da estrada de ferro como
nas suas fazendas de café.

José Giorgi, que passou toda a sua vida no trabalho, sempre conservou os mais
modestos hábitos e os mais simples modos de tratar as pessoas. Apesar de altíssima
posição social e econômica alcançada, manteve-se afastado da vida pública e da
participação cotidiana nas altas rodas da sociedade, isso até por conseqüência do
seu trabalho, que o absorveram quase sempre, longe da capital.

Se por vezes foi ausente em pessoa, se fez presente com sua eficaz colaboração
em todas as manifestações, não recusando nunca o seu préstimo à sociedade e às
intenções italianas.

Sendo empresário e fazendeiro por excelência, seu arrojo e ousadia como um
empreendedor italiano no Brasil, o levaram a desfrutar da admiração das autoridades
italianas, tornando-se uma figura influente no que diz respeito à representatividade
dos mesmos neste pais, com progressivo alargamento e enraizamento das ações
sobretudo nos intentos coloniais.

Foi sócio benemérito e presidente honorário de organizações filantrópicas e
seu contribuinte financeiro, sobretudo em ocasiões patrióticas, como por exemplo,
durante o conflito da Primeira Guerra Mundial.

Segundo consta, esses recursos financeiros eram direcionados à Cruz Verme-
lha Italiana, para suprir serviços de ambulância para os feridos e equipar hospitais
centrais, entre outros.

Tendo sua residência, família e escritório central da empresa na capital Paulista,
por diversas vezes recepcionou personalidades ilustres que vinham ao Brasil, seja a
passeio ou em missão diplomática.

154 Aimone di Savoia-Aosta

UM PRÍNCIPE REAL NAS FLORESTAS DO BRASIL

O governo italiano, em 1920, querendo prestar ao Brasil um atestado de
gratidão pela relevante ajuda prestada durante o conflito mundial de 1914 a
1918, enviou às costas brasileiras um navio de guerra, o couraçado “Roma”,
sob o comando do Capitão Augusto Capon.

Para emprestar maior prestígio a essa visita, fez acompanhar a expedição
S.A Real Príncipe Aimone di Savoia-Aosta, duque de Spoleto, filho do grande
Duque d’ Aosta, herói nos campos de batalha na África, o qual foi inclusive
o comandante de José Giorgi, no tempo em ele servira o exército na Itália.

Durante a sua permanência na capital do Estado, o jovem Príncipe ma-
nifestou o desejo de conhecer as belezas naturais do interior de São Paulo,
oportunidade em que, emocionado, Ugo Tedeschi, cônsul geral da Itália em São
Paulo e amigo de José Giorgi, solicitou ao mesmo o acompanhamento de Sua
Majestade nessa jornada ao oeste paulista.

Nessa época, José Giorgi estava finalizando os trabalhos de prolongamen-
to da Estrada de Ferro Sorocabana até o Porto Tibiriçá. Acedeu a esse pedido,
levando Sua Alteza a conhecer o ainda chamado “sertão desconhecido, habitado
por indígenas”, onde tinha uma propriedade conheciada por “Villa Giorgi”, em
Cardoso de Almeida, já famosa entre os italianos por ter suas dependências
parecidas com as estâncias italianas.

Tal incumbência significava uma digna homenagem que a autoridade ren-
dia por meio de um representante da Casa di Savoia, ao espírito empreendedor
de José Giorgi.

Para tal intento, o governo pôs a disposição do Príncipe e seus oficiais,
um trem especial para percorrer toda a linha da Sorocabana, por cerca de 900
quilômetros.

Por dois dias o trem corria incessantemente através de um verdadeiro mar
de café, triunfo do trabalho humano, na maior parte dos braços e da inteligência
de imigrantes italianos.

A cada parada do trem multidões vinham a pé, de longe, trazendo o seu
devoto cumprimento ao jovem Príncipe di Savoia, no qual reverenciavam a
imagem da Pátria, nunca esquecida por suas mentes e corações.

Na Alta Sorocabana, determinado a ser o guia da comitiva dos oficiais
italianos, José Giorgi preparou aos hóspedes uma acolhida que rendeu demons-
tração de admiração e gratidão.

Após uma parada em Salto Grande, onde a comitiva conheceu as oficinas
da Empresa José Giorgi, partiram direto para Cardoso de Almeida, onde fariam
uma pausa. Chegaram com a noite avançada, mas a fazenda oferecia um espe-
táculo fantástico.

O silêncio da vasta zona cultivada fazia um estranho contraste com a aglo-
meração de trabalhadores, o pátio todo iluminado por lâmpadas elétricas e balões
venezianos, dava ao lugar um aspecto fantástico e as notas da Marcha Real se
elevam naquela imensidão como o verdadeiro hino à Pátria longínqua.

O príncipe Aimone Roberto Margherita Maria Juan Torino, quarto Duque de Aosta,
nasceu em 9 de março de 1900 em Turim, na Itália.

Também conhecido como Tomislav II de Croácia, foi o segundo filho do
príncipe Manuel Filiberto, segundo Duque de Aosta
(filho de Amadeo I de Espanha e da princesa Maria Victoria) e da princesa Helena
(filha do príncipe Felipe de Orleans e da infanta Maria Isabel de Espanha).

Seu bisavô foi o rei Victor Emanuel II de Itália, portanto membro da Casa de Savoia.

155

Na “Villa Giorgi”, os ilustres visitantes foram hospedados com todo o
conforto que na urgência de fazê-lo seu proprietário havia sabido predispor.

Após permanência em Cardoso de Almeida, o Príncipe chegou no dia 29 de
setembro de 1920 em Santa Lina. Ele percorreu o cafezal e visitou as primeiras
casas coloniais em construção.

De Santa Lina, seguiu até à ponta dos trilhos, atravessando as mais opu-
lentas matas do então lendário sertão de Paranapanema.

Na manhã seguinte os excursionistas completaram a última etapa, juntando-
se ao braço de ferrovia em construção, parando diante aos alojamentos dos tra-
balhadores, assistindo a frenética obra de colocação das travessas dos binários e
buscando o fim da linha chegaram a um palanque todo decorado com bandeiras,
onde lhes foi servido um saboroso banquete.

O Príncipe Aimone quis assistir a colocação de um trecho da linha férrea
que estava sendo construida.

No retorno a Cardoso de Almeida, o Príncipe se alegrou ainda mais, pois na
oportunidade, o anfitrião havia providenciado em sua homenagem a organização
de uma caçada ao cervo, o que ocorreu logo na manhã seguinte.

A comitiva ficou três dias naquela fazenda, na qual bem se pode dizer, que
Giorgi transplantou um pedaço da Itália. Dias dedicados a cavalgadas a regiões
surpreendentes, nos quais foram reservados aos hóspedes as mais agradáveis
surpresas.

No momento da despedida, naquela casa de um legítimo representante da
Itália no Brasil, o Príncipe Aimone e o comandante Capon, teceram elogios pelos
empreendimentos de vulto, realizados por José Giorgi, em relação a ferrovia e
as suas fazendas, assim como a inserção e estabelecimento de diversos imigrantes
italianos nos trabalhos ferroviários e nas suas propriedades agrícolas, destacando
que os mesmo se deram de “modo diferenciado, com o seu desenvolvimento em
diversas atividades”.

Foi essa a única visita de um Príncipe da Casa Real Italiana a uma fazenda
agrícola e indústrial do interior do Brasil e a sua recordação ficará inesquecível
na memória da família Giorgi.

156

O Principe Aimone (à esquerda, de branco), com José Giorgi, entre outros, acompanhando a colocação de
dormentes nas obras de prolongamento da ferrovia Sorocabana, entre Santo Grande ao Porto Tibiriçá, em 1920.

O Principe Aimone, acompanhado de José Giorgi
e comitiva no acampamento

de obras da estrada de ferro, “Saltinho”
entre Piquerobi e Presidente Venceslau.

157

158 João Ciuriati

Em 22 de abril de 1924 José Giorgi recepcionou na Fazenda Cardoso de
Almeida, João Ciuriati, ilustre Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de
Sua Majestade o Rei da Itália Vítor Emanuel III, juntamente com sua delegação
em missão diplomática.

O Embaixador, maravilhado com o local, percorreu a fazenda a cavalo
conhecendo os cafezais e vinhedos ali existentes.

No dia 24 já na Fazenda Santa Lina, João Ciuriati foi saudado pelos
alunos das Escolas Reunidas à frente das quais estavam os professores Hen-
rique Zolner Netto e José de Arimatéa Machado que pronunciaram discurso
de boas vindas.

No local o Embaixador destacou a situação diferenciada vivida pelos
imigrantes nas plantações cafeeiras, dando ênfase à organização da colônia
ali existente, com escolas e residências higiênicas e confortáveis, onde viviam
em comunidade.

Depois desta estada, João Ciurati voltou com sua comitiva para Cardoso
de Almeida onde pernoitaram afim de seguir para o Porto Tibiriçá, na fronteira
do Estado de Mato Grosso.

Pietro Badoglio 159

Em 1924 José Giorgi deu boas vindas e recepcionou na capital paulista o
General italiano Pietro Badoglio que, desde 1922, era o Embaixador da Itália no
Brasil, enviado por Benito Mussolini. Sua maior missão: acertar com as autori-
dades brasileiras a imigração de mais italianos. Nesse sentido, o Brasil colocou
à disposição de Badoglio todas as vantagens e possibilidades de acomodação
para alojar os imigrantes. A área preponderante para acolher a imigração foi
entre as cidade de Agudos e Lençóis Paulista.

Assim, em 1924, após sua estadia com a família Giorgi em São Paulo, o
General foi conhecer Lençóis Paulista e sua área rural, e logo após visitou várias
cidades da Região da Alta Sorocabana, dirigindo-se então à estação Cardoso de
Almeida, localidade de propriedade de seu anfitrião, onde conheceu as depen-
dências da “Villa Giorgi”.

Em 18 de junho de 1924, Badoglio e sua comitiva visitou ainda a Fazenda
Santa Lina, mostrando-se entusiasmado pela grandiosidade da localidade que
mais parecia uma pequena cidade em desenvolvimento. Ao partir, declarou levar
grata e profunda recordação e agradecimento pela acolhida proporcionada por
José Giorgi, tanto na Capital como em suas propriedades agro-pastoris.

Após sua missão no Brasil, Pietro Badoglio voltou à Itália onde foi Chefe
de Gabinete de Mussolini e logo seria promovido ao posto de Marechal da Itália
(Maresciallo d’Italia). Foi governador-geral da Líbia entre 1928 e 1934 com o
título de “Marquês de Sabotino”.

Fac-símile de carta enviada
por Badoglio a José Giorgi,

agradecendo pela
acolhida no Brasil.

O General Badoglio em Cardoso de Almeida, seguindo para Santa Lina com sua comitiva.

160

Mastro Mattei

No dia 21 de janeiro de 1925 chegava a Santos o Comendador Mastro
Mattei, ilustre Vice-Comissário da imigração italiana, enviado por seu Governo
para examinar e estudar a situação do mercado de trabalho no Brasil afim de
encaminhar levas de operários e técnicos agrícolas ao país.

Acompanhado de sua comitiva, visitou várias cidades sendo recepcionado
por José Giorgi em Cardoso de Almeida onde conheceu a plantação de uvas do
local. Em visita à Fazenda Santa Lina, Mastro Mattei percorreu suas terras e fez
também uma excursão a cavalo até o Rio do Peixe.

Com relação à organização interna de Santa Lina, definiu como “uma
poderosa agremiação de trabalho ligada por vínculos sociais e econômicos que
honram a sociedade moderna”.

José Giorgi (à direita) com Mastro Mattei (no centro) e acompanhantes na vinícula de Cardoso de Almeida 161

ITALCABLE

ITALCABLE - Companhia Italiana de Cabo Telegráfico Submarino
(Compagnia Italiana dei Cavi Telegrafici Sottomarini), empresa italiana funda-
da pelo Engenheiro eletrotécnico Giovanni Carosio, pioneira na comunicação
à distância na Itália, vê, nos anos 20, a oportunidade de expandir seus negócios
para a América do Sul.

Carosio, em 1921, convida José Giorgi para presidir a Comissão Executiva
que iria reformular os acordos entre as autoridades italianas e brasileiras, visando
a implantação de cabo submarino de comunicação entre os dois países.

Em 1925 após a implantação de 9.000 Km de cabos telegráficos sob o Oce-
ano Atlântico, a ITALCABLE inaugura o mais moderno sistema de transmissão
instantânea de comunicação entre o Brasil e Europa.

Pelo sucesso do empreendimento, Giorgi é homenageado pelo governo
italiano e nomeado representante da empresa no Brasil, até seu falecimento.

162 Acima, chegada do Cabo Submarino no Leme,
Rio de Janeiro, em 25 de junho de 1925.

Ao lado, Fac-símile de um envelope
de telegrama da Italcable

Edifício da Italcable em São Paulo, Capital, em 1926 163

164 Títulos de Comendador e de Grande Oficial da Ordem da Coroa da Itália

Em agosto de 1923, José Giorgi foi agraciado com o título de Comendador,
commendatore em italiano. Esse título era uma comenda da Ordem da Coroa Italiana.

Neste mesmo ano, Giorgi recebeu ainda da Ordem da Coroa da Itália,
o título de Grande Oficial.

Os Títulos em questão, foram concedidos a José Giorgi pelo então Rei da Itália,
Humberto I (Umberto Rainerio Carlo Emanuele Giovanni Maria Ferdinando Eugenio
di Savoia). Cognominado “o Rei Bom”, Humberto I era filho de Vítor Emanuel II.

No geral, essas homenagens, tinham como objetivo principal, recompensar os
serviços prestados à nação italiana no domínio da literatura, belas-artes, economia,
serviço público, atividades de carácter social, filantropia ou humanitários, e serviços
prestados ao longo de uma carreira militar ou civil.

Fac-símile de documento da Fac-símile de telegrama enviado
Embaixada Italiana no Rio de por José Giorgi a Vittore Cobianchi,
Janeiro, comunicando a José Giorgi Embaixador da Itália no Brasil,
que seu nome havia sido agraciado em agradecimento pelo recebimento
com o Título de Comendador, da honraria.
e parabenizando-o pelo mesmo.

Recorte de jornal italiano ,
noticiando a honraria da
Ordem da Coroa Italiana,
recebida por Giorgi

Fac-símile de telegrama da Italcable,
parabenizando José Giorgi pelo
Título de Comendador

Recorte de jornal brasileiro, noticiando

a honraria da Ordem da Coroa Italiana,

recebida por Giorgi 165

A Ordem da Coroa Italiana
(italiano: Ordine della Corona
d’Italia), foi uma honraria do
Reino Italiano, instituída pelo
rei Vítor Emanuel II,
em 20 de fevereiro de 1868,
para comemorar a unificação
italiana, e podia ser concedida
a civis e militares.

Insignea da Ordem da Coroa Italiana Cruz de Comendador
(Croce di Comandante)

Fita da medalha de Comendador da Ordem da Coroa da Itália, durante o Reino da Itália
Italiano: nastrino della medaglia di commendatore dell’Ordine della Corona d’Italia,
durante il Regno d’Italia

166 Fita da medalha de Grande Oficial da Ordem da Coroa da Itália, durante o Reino da Itália
Italiano: nastrino della medaglia di grande ufficiale dell’Ordine della Corona d’Italia,
durante il Regno d’Italia

Com sucesso nos negócios e uma vida em família estabilizada, propor-
cionada pela prosperidade econômica, conseguida através de esforço e muito
trabalho, José Giorgi tinha consciência de sua responsabilidade social. Devido
até à formação de sua família, dava muita importância aos valores humanos,
exercendo sua individual contribuição social.

Foi benemérito colaborador de diversas entidades, entre elas destacavam-
se as de origem italianas, como por exemplo o Orfanato Cristóvão Colombo em
São Paulo.

Em igual tempo foi chamado a fazer parte do conselho de administração
do hospital Italiano Umberto Primo do qual, por várias doações foi nomeado
sócio benemérito.

José Giorgi esteve sempre agregado aos princípios morais, valorizando
todas as relações pessoais e pautando sua vida pelos valores cristãos, em total
harmonia e consonância com sua esposa Élide. Por isso puderam transmitir a
seus 6 filhos os sólidos valores morais e religiosos, a importância da unidade
familiar, o respeito ao outro, a retidão nos negócios e o dever de sempre levar
ajuda aos necessitados.

Enfim, o trabalho e a família foram as balizas da sua existência.

167

168 Mensagem do Pe. Faustino Consoni, provedor do Orfanato
Cristóvão Colombo, em agradecimento a José Giorgi
e sua esposa Élide, pela ajuda á entidade.

Orfanato Cristóvão Colombo

De origem italiana, o Orfanato Cristóvão Colombo era uma instituição
scalabriniana e o Pe. Faustino Consoni, foi o consolidador do mesmo. Tornou-
se incansável esmoler dia após dia junto às autoridades e aos benfeitores, como
também percorreu as fazendas de café e realizou missões junto aos imigrantes
italianos pelo interior do Estado de São Paulo. Com as ofertas que recebia de
benfeitores, a exemplo de José Giorgi, o Orfanato, que tinha a participação das
Irmãs Scalabrinianas, alcançava a solidez financeira, podendo auferir proventos
do Pão dos Pobres, oferecendo aos pobres órfãos, em sua maioria italianos, uma
fonte segura de sustentação.

O Orfanato, vale ressaltar, cumpriu seu papel social de acolher o imigrante,
o abandonado, o negro, o índio, sobretudo, contribuiu também para reorganiza-
ção da sociedade paulistana. Desenvolveu um amplo trabalho educacional, de
moralidade e de fé às crianças abandonadas, meninos e meninas, preocupando-se
ainda em formá-las para um determinado ofício possibilitando-lhes a inserção
no mundo do trabalho, com maior ênfase na cidade de São Paulo.

Hospital Umberto I

O antigo Hospital Matarazzo, inaugurado em 14/8/1904, foi construído pela
Societá Italiana di Beneficenza in San Paolo, criada em 1878 com a finalidade de
prestar assistência de saúde a imigrantes italianos, através de fundos arrecadados
junto aos grupos empresariais bem sucedidos, de origem italiana, sendo que José
Giorgi chegou a fazer parte de seu conselho administrativo.

O núcleo original do Hospital Umberto I, de autoria de Giulio Micheli, foi
utilizado pelo setor administrativo. À sua volta foram sendo construídas outras
instalações que resultaram no complexo hospitalar, composto de dez edifícios,
com características arquitetônicas heterogêneas.

Atualmente encontra-se desativado. Localizava-se na Alameda Rio Claro,
na Bela Vista.

Hospital Umberto Primo na década de 30.

169

170 Um raro momento de viagem a lazer. José Giorgi e família em 22 de junho de 1922,
na “cascatinha”, na cidade do Rio de Janeiro.

Fac-símile
de passagem
para a Itália,
oportunidade
que José Giorgi
viajou com a
esposa Elide
e a filha Lina.

Élide, José
e Lina.

171

Recorte de jornal italiano noticiando o falecimento Fac-símile de telegrama da Italcable
do Comendador José Giorgi e lamentando a grande à família Giorgi, enviado em 7 de setembro de 1936,
perda do “Grand´Uff” (grande oficial). lamentando o falecimento do Comendador,
e externando pêsames a todos

172 José Giorgi faleceu em São Paulo, em 17 de agosto de 1936, aos 70 anos.
Seu corpo está sepultado no Cemitério São Paulo - Capital.

José Giorgi e Washington Luís, em frente a Estação Sorocabana, “Júlio Prestes”, 173
em São Paulo nos anos 20.

No governo do Estado de São Paulo, José Giorgi tinha estreito relaciona-
mento, conhecendo diversas autoridades, entre elas, Washington Luís Pereira
de Sousa, que em 1 de maio de 1920, chegou à Presidência do Estado (Gover-
nador), na qual ficou até 1 de maio de 1924.

“Governar é abrir estradas” era seu lema. A prioridade de seu governo e o
povoamento do interior do estado e a frase na sua íntegra, que é uma extensão
da frase de Afonso Pena. “Governar é povoar”, dava ênfase à ocupação do terri-
tório, que teve a colavoração de Giorgi, levando a ferrovia ao interior as divisas
com os Estados do Mato Grosso e Paraná.

“Governar é povoar; mas, não se povoa sem se abrir estradas, e de
todas as espécies; Governar é, pois, fazer estradas!”

Washington Luís

GENEANOLOGIA

Mansueto Giorgi Paradisa D. Giorgi

* +16-01-1836 06-01-1921 * +14-03-1842 16-11-1919

Celestina José Thereza Pedro Guilherme Brasilina
Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi

Contrucci + Solteira + + de Oliveira
Ribeiro
+ Élide Gina Scala Maria
Contrucci Giorgi Milanesi +
José Giorgi
Contrucci Giorgi Hugo de
Oliveira
Ribeiro

174

Celestina

Celestina Giorgi Contrucci José Contrucci

Romeu Mário Pedro Tacito Gino Giulio Rachelle Mário Augusto Giusephina
Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi
Contrucci
Contrucci Contrucci Contrucci Contrucci Contrucci
(Mimi) Solteira
Solteiro + Solteira
Solteiro
Ida Emília
Burzio

Contrucci

Gabriela
Regina
Burzio
Contrucci

José Giorgi
Júnior e Pedro
(Mimi) - 1925

175

José Giorgi Élide Contrucci Giorgi

* +13-12-1866 17-08-1936 * +13-09-1882 31-08-1981

José Lina Orlando Rodolfo Jorge Dante
Giorgi Giorgi Lillo Sebastião Francisco Robusto
Júnior Leuzzi Giorgi Giorgi
Giorgi Giorgi
+ + +
+ +
Miguel Maria Maristela
Leuzzi de Lourdes Elza 1ª - Maria de Góes
Pinto Lima de Souza Helena Artigas
Nazareth Giorgi
Giorgi de Medeiros
Giorgi Giorgi

+

2ª - Annita
Rotondi
Giorgi

176

Sentados: Élide, José e Lina. Em pé: Jorge, José, Orlando, Dante e Rodolfo

177

RAMIFICAÇÃO DOS FILHOS DE JOSÉ GIORGI E ÉLIDE CONTRUCCI GIORGI:

Lina Giorgi Leuzzi Miguel Leuzzi

Miguel Leuzzi José Angelo Luiz Álvaro Paulo Carlos Sérgio
Júnior Leuzzi Leuzzi Leuzzi Leuzzi Leuzzi

+ + + + +

Maria Thereza Sandra Nicea Maria Helena Vera
Leuzzi Leuzzi Leuzzi Leuzzi Leuzzi

Orlando Lillo Giorgi Maria de Lourdes P. Lima Giorgi

Orlando Maria Eduardo Tarcisio Maria Luiz Maria
José Giorgi Élide P. L. Cristiano P. L. Giorgi Raquel Ricardo Margarida
Giorgi P. L. Giorgi
+ Giorgi Giorgi + Barsotti Giorgi
+ Barsotti
Maria + Regina +
Benita Helena Amélia +
Salgueiro Clara Martins Ricardo Marques
Gomes Margarida Giorgi Kenworthy Rolando
Giorgi Giorgi Kenworthy
Patti Barsotti
Giorgi Barsotti

Rodolfo Sebastião Giorgi Elza de Souza Nazareth Giorgi

Maria Cristina Rodolfo Adriana Alexandre Elza Maria
Giorgi Pires José Giorgi Giorgi S. Nazareth S. Nazareth
Castanho Costa
+ Giorgi Giorgi
+ +
Rosana +
Sérgio Luiz César
Pires Strázulas Amad Isabel
Castanho Costa Barbato
Giorgi

178

RAMIFICAÇÃO DOS FILHOS DE JOSÉ GIORGI E ÉLIDE CONTRUCCI GIORGI:

Jorge Francisco Giorgi Maria Helena de Medeiros Giorgi

Anita Rotondi Giorgi

Anna Maria Lina Jorge Luiz Antônio Marta
de Medeiros de Medeiros Giorgi de Medeiros Rotondi
Júnior Giorgi
Giorgi Giorgi Giorgi Fabregat
Pedrosa +
+
+ 1ª - Sofia
Helena
Luiz de Sousa
Fernando Queiroz

Lisboa +
Pedrosa
2ª - Thereza
Giorgi

Dante Robusto Giorgi Maristela de Góes Artigas Giorgi

Anna Luiza José Antônio Maria
de G. A. Alberto Eugênio Marta
Giorgi Artigas Artigas Artigas
dos Reis Giorgi Giorgi Giorgi

+ + +

João Ruth Maria Célia Regina
Baptista de Oliveira Pinto Giorgi
dos Reis Filho
Giorgi

Cláudia Dante Fernando Luis Suzana
Artigas Marcelo Artigas Otávio Artigas
Giorgi A. Artigas Giorgi Artigas Giorgi
de Andrade Giorgi Giorgi
+ +
+ + +
Mônica Luiz
Paulo Maria Debes Maria Roberto
Abranches Clementina Giorgi Helena L. Aunhom
de Andrade Pinto Giorgi Giorgi
179

180 Lina Giorgi Leuzzi

É de justiça também, destacar alguns do diversos relevantes serviços na área
de cultura e assistência social, dentre outros, empreendidos por sua filha Lina na
esteira dos projetos de seu pai, principalmente na região da Alta Sorocabana.

Filha de José Giorgi e Élide Giorgi, casou-se com o médico, Dr. Miguel
Leuzzi, que foi Deputado, chegando ao Senado Federal, sendo ainda proprietário
da maior rede de rádios do país, a “Rede Piratininga”. O casal teve os filhos
Miguel, José, Luiz Álvaro, Paulo, Carlos e Sérgio Leuzzi.

D. Lina foi uma cidadã sempre preocupada com seus semelhantes, com o
bem estar comum. Assim, estendeu suas “boas ações”, além da Fazenda Santa
Lina e da pioneira Açucareira Quatá das quais era uma das proprietárias, às en-
tidades assistenciais da capital São Paulo e do interior do estado, citando como
exemplo as cidades de Paraguaçu Paulista e Assis.

Em Paraguaçu foram beneficiados Hospital de Misericórdia, Casa Abri-
go, Lar do Menor e principalmente a APAE, que recebeu recursos financeiros
que possibilitaram a construção da APAE RURAL, que leva seu nome, além de
contribuição para outras APAEs da região.

Em 1998, ela doou um dos melhores presentes a uma cidade que se iniciava
como Estância Turística - a locomotiva inglesa de propriedade de sua família,
totalmente restaurada, denominada posteriormente de Maria Fumaça D. Lina,
que faz atualmente o percurso chamado “Moita Bonita”, inaugurado na gestão do
Prefeito Carlos Arruda Garms, entre a cidade de Paraguaçu Paulista e o Distrito
de Sapezal, podendo futuramente se estender até o município de Assis.

Esta locomotiva tem valor impar, pois é do ano de 1879, e foi a desbrava-
dora de quase todo o interior do estado de São Paulo, principalmente a região da
Alta Sorocabana, utilizada na construção da estrada de ferro por Giorgi.

Sendo agraciada com o Título de Cidadã Paraguaçuense, também o Centro
Cultural Lina Giorgi Leuzzi leva seu nome, tudo isso como forma de gratidão
ao carinho e dedicação que esta ilustre senhora dedicou à comunidade local e
regional, principalmente para com as pessoas portadoras de deficiência.

Já em Assis, contribuiu com a área da cultura, ajudando a FAC - Fundação
Assisense de Cultura “Joshey Leão”, quando fez a doação de terreno para au-
mento da área do Museu e Arquivo Histórico de Assis “José de Freitas Garcez”,
mais conhecido como “Casa de Taipa”, com cláusula para serem mantidas e
conservadas as várias jabuticabeiras ali existentes.

No local, ofereceu à cidade em setembro de 2002, recursos financeiros
para a construção do “Anexo José Giorgi”, com a doação de móveis e utensílios,
pertencentes ao seu pai assim como histórico mobiliário da “Casa de Taipa”,
além de ofertar ao MAPA - Museu de Arte Primitiva de Assis “José Nazareno
Mimessi”, obras de arte importantíssimas de pintura primitiva brasileira.

Preocupada com o meio ambiente, realizou a doação para o estado de
áreas significativas na região dos municípios de Assis e Paraguaçu Paulista para
conservação da flora e fauna locais.

Sempre lembrada, ela ainda foi homenageada na cidade de Paraguaçu
Paulista, durante a gestão do Prefeito Dr. Ediney Taveira Queiroz, onde um
importante Conjunto Habitacional recebeu seu nome.

Lina Giorgi Leuzzi

A Sra. Lina Giorgi Leuzzi foi um exemplo de mãe, de mulher forte,
de firmes propósitos, de personalidade surpreendente e de muitas
qualidades, ficando para sempre na história e memória.

181

Arquivo: FACMuseu e Arquivo Histórico de Assis Arquivo: FAC

O Museu e Arquivo Histórico de Assis foi fundado em 1969 pelo Arquivo: FAC
Monsenhor Floriano de Oliveira Garcez e possui duas instalações,

a Casa de Taipa “José de Freitas Garcez”, que conserva o
estilo colonial das construções do início da fundação da cidade
e o Anexo “José Giorgi”, com coleções nas áreas de arqueologia,

balística, numismática (moedas) máquinas (de escrever,
fotográficas e projetores), discográfica e fotográfica.

Anexo “José Giorgi”

182

Locomotiva Maria Fumaça “D. Lina” Arquivo: Altino Correia

Trem turístico “D. Lina”: uma viagem ao passado www.eparaguacu.sp.gov.br/mariafumaca.asp

Arquivo: Dênis Mendes O prefeito da cidade
de Paraguaçu Paulista
Carlos Arruda Garms
e sua esposa, a vereadora
Almira Ribas Garms,
juntos com Paulo Leuzzi
durante a inauguração
do percurso turístico
chamado “Moita Bonita”

183

Pedro Giorgi

Em pé,
da esquerda
para a direita:
Élide Contrucci Giorgi,
Thereza Giorgi,
Gina Scala Giorgi,

esposa de
Pedro Giorgi,

e sentada,
Paradisa Giorgi,

a mãe de José.

184

Pedro Giorgi Gina Scala Giorgi

Mário Giorgi Ida Giorgi Dino Giorgi Renato Giorgi Bruna Giorgi

+ + + +

Hilda Weiszflog Eduardo Gioconda Noschese Hugo
Giorgi Graziano Giorgi Rudighiero

RAMIFICAÇÃO DOS FILHOS DE PEDRO GIORGI E GINA S. GIORGI:

Mário Giorgi Hilda Weiszflog Giorgi

Mário Pedro Ronaldo Otto Erich Dino
Weiszflog Giorgi Giorgi Frans Giorgi

+ + +

Manon Freire Giorgi Décio O. C. Giorgi Zilda Ramos Giorgi

Ida Giorgi Eduardo Graziano

Nilo Flávio Graziano Roberto Pedro Graziano

+ +

Clementina Casal Selma
Del Rey Graziano
Gioconda Noschese Giorgi
Renato Giorgi
Hugo Rudighiero
Bruna Giorgi

Marina

185

Guilherme Giorgi Maria Milanesi Giorgi

Rogério Amélia Júlio A. Brasilina César Giorgi Alfredo Adélia
Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi Giorgi
+
+ + + + + +
Irene
Vitu João de Edith de Renzo Almeida Heloisa Mauro
Giorgi Lacerda A. Soares Pagliari Giorgi de Moraes Lindemberg
S. Filho
Giorgi Monteiro

RAMIFICAÇÃO DOS FILHOS DE GUILHERME GIORGI E MARIA M. GIORGI:

Rogério Giorgi Vitu Giorgi

Helena

186

RAMIFICAÇÃO DOS FILHOS DE GUILHERME GIORGI E MARIA M. GIORGI:

Amélia Giorgi João de Lacerda Soares Filho

Guilherme G. L. Soares João Lacerda Maria Amélia Maria Lucia Alcide
Soares Neto Giorgi Papa
+ +
+ +
Maria Luiza D´Orey Orlando Alcide
Lacerda Soares Heloisa Conceição Amedeu Papa

Júlio A. Giorgi Edith de Azevedo Soares Giorgi

Guilherme de Azevedo Soares Giorgi Roberto Giorgi

+ +

Maria Alice Barreto Giorgi Cecilia Giorgi

Brasilina Giorgi Renzo Pagliari

Reynaldo Giorgi Ana Maria Maria Cecília Rogério Giorgi José Luiz
Pagliari Pagliari Gonçalves Pagliari Levy Pagliari Giorgi Pagliari

+ + + + +

Maria Lúcia Gabriel Nelson Levy Lenira Oliveira Vera Pagliari
Novaes Pagliari Gonçalves Neto Pagliari

César Giorgi Irene Almeida

Alfredo Giorgi Heloisa de Moraes

Alfredo Giorgi Júnior Luiz Eduardo Giorgi Vera Maria Giorgi Heloisa Arndt

+ + + +

Beatriz Giorgi Mônica Prada Giorgi

Adélia Giorgi Mauro Lindemberg Monteiro

Stella Giorgi Sylvia L. Mauro L. Marcelo L. Adélia Monteiro
Teixeira Monteiro Monteiro Júnior Monteiro De Coene
de Barros
+ + + +
+
Thomas De Coene

187

Brasilina

Brasilina Giorgi de O. Ribeiro Hugo de Oliveira Ribeiro

Hugo Nancy Aracy

+ +

Lily

RAMIFICAÇÃO DOS FILHOS DE BRASILINA GIORGI E HUGO O. RIBEIRO:

Hugo Nancy Lily

Hugo Victor Praum Magaly Fred
de Oliveira Ribeiro
+ +
+
+
Ana Maria Reali
de Oliveira Ribeiro

Aracy

188

Thereza Giorgi Solteira

189

Paradisa Giorgi

* +14-03-1842 16-11-1919

190

*À saudosa D. Paradisa Domenici Giorgi 191

Homenagem posthuma de seus esposo,
filhos, noras, genro e netos

Esta homenagem servirá como testemunho de profundo respeito, grande
admiração e eterna saudade àquela que viveu a praticar o bem, a cumprir todos os
seus deveres, servindo assim à Santa causa de Deus, que ella tanto soube amar.

Servirá também aos seus descendentes como exemplo de trabalho e de vir-
tudes que caracterizaram a existência dessa santa mulher, que em vida se chamou
Paradisa Domenici Giorgi.

Tem ella, da Gloria do Senhor, onde tem direito a passar a Eternidade, continue
a guiar no caminho do bem os seus que aqui ficaram, a chorar debruçados sobre
a sua campa, como chorava o povo de Israel sobre as ruínas do Santo Templo de
Jerusalém, destruído pelas inspias hostes romanas. O seu pensamento foi também
um Templo de virtudes destruído pela Parca.

Como Hakaï, a sua alma nos consolará, dizendo-nos: “Não te entristeças, meu
filho, o melhor meio de expiar os nossos pecados, é a pratica das boas obras”.

Traços Biográficos

D. Paradisa Domenici Giorgi nasceu no dia 15 de março de 1842, em Sorbano
del Giudice - província de Lucca - Toscana - Itália. Filha legítima dos finados José
Domenici e D. Magdalena Lombardi, teve os seguintes

- Irmãos -

1o. Luiz Domenici, casado com D. Thereza Mafehi, que teve os seguintes
filhos: Amélia, Maria, Cezar, Antônio, Anesia, Cherubino e Assumpta;

2o. Innocencio Domenici, casado com D. Emília Simone; este casal teve os
seguintes filhos: José, Dante e Ida;

3o. Antonio Domenici, solteiro;

4o. Catharina Domenici, idem;

5o. Rosa Domenici, idem;

6o. Lucia Domenici, casada com Michelangelo Massagli, que teve os seguin-
tes filhos: Filomena, Matheus e Catharina;

7o. Annunciata Domenici, casada com Venancio Hassoni(?); este casal teve
os seguintes filhos: Innocencio, Erminia e Catharina;

8o. Thereza Domenici, casada com Salvador Gradi, que teve os seguintes
filhos: Narciso, Sylvia, Lourenço, Elias e Hermengildo.

* Artigo de jornal da época transcrito em sua íntegra

Casou-se D. Paradisa na cidade de Lucca no dia 10 de fevereiro de 1866, com
Mansueto Giorgi, natural da cidade de Lucca, tendo deste consorcio os seguintes

- Filhos -

1o. José Giorgi, casado com Élide Contrucci, filha legítima de Pedro Con-
trucci e Rachelle Pierrotti;

2o. Celestina Giorgi Contrucci, viúva de José Contrucci;

3o. Pedro Giorgi, casado com Gina Strada, filha legitima do finado Carlos
Strada e de D. Virgínia Garazini; casada em 2as núpcias com Miguel Rosseti;

4o. Thereza Giorgi, solteira;

5o. Guilherme Giorgi, casado com Maria Milanesi, filha legitima de Domingo
Milanesi e D. Marina Cellotti

6o. Brasilina Giorgi, casada com o dr. Hugo Victor de Oliveira Ribeiro,
filho legitimo dos finados dr. Faustino José de Oliveira Ribeiro e D. Rosa do
Nascimento.

Destes filhos, os 5 primeiros nasceram em Lucca - Itália - e a última na cidade
de Rio Claro - Estado de SP, Brasil.

Deixou D. Paradisa os seguintes netos:

- Netos -

José, Lina, Orlando, Rodolpho, Jorge e Dante, filhos do casal José e Élide;

Pedro, Dr. Gino, Rachelle, Mário e Josephina, filhos do casal Celestina e
José Contrucci;

Mário, Ida, Dino, Renato e Bruna, filhos do casal Pedro e Gina;

Rogério, Amélia, Júlio, Brasilina, César, Alfredo e Adélia, filhos do casal
Guilherme e Maria Milanesi;

Hugo Nancy e Brazilina Aracy, filhos do casal Bazilina e Hugo

Todos brasileiros

Em companhia de seu marido e filhos, veio D. Paradisa para o Brasil no anno
de 1879, fixando domicílio em São Paulo. Sem diminuir o grande amor que tinha
pela sua pátria, D. Paradisa tomou sincera affeição pelo Brasil, o que prova o nome
de Brasilina dado à sua filha nascida nesta terra.

192

- Fallecimento -

Cercada dos carinhos da familia, de pessoas amigas e dos confortos da
Religião Catholica, Apostólica, Romana, piedosamente ministrados pelo virtuoso
sacerdote Rev.mo Padre Hebani Lazzaro, D. Paradisa entregou sua alma ao Criador
no dia 16 de Novembro de 1919, às 13 horas e 25 minutos, na casa de seu filho José
Giorgi, à rua da Assembléia no. 2, na cidade de S. Paulo.

- Noticiamdo o doloroso acontecimento, a imprensa* assim se manifestou:
* pelos seus órgams “O Estado de S. Paulo”, “Correio Paulistano”, “Jornal
do Commercio” (Edição de S. Paulo), “Fanfulla”, “A Platéa”, “Diário Popular”,
“A Gazeta”, “A Capital”

“Falleceu hontem, nesta Capital, às 13:25 horas, na residência de seu filho,
o conceituado capitalista Sr. José Giorgi, a Sra. D. Paradisa Giorgi, esposa do Sr.
Mansueto Giorgi.

A finada que contava 77 anos de idade era muito estimada pelas suas quali-
dades de espirito e de coração.

Era natural de Lucca, Itália, de onde veio para o Brasil, em companhia de
seu marido em 1879, aqui se domiciliando definitivamente.

A extincta deixa os seguintes filhos: Srs. José Giorgi, antigo constructor de
vias-férreas e casado com D. Élide Contrucci; D. Celestina Giorgi Contrucci, viúva
do constructor José Contrucci; Pedro Giorgi, comerciante e industrial nesta praça,
membro da firma Barsotti e Giorgi e casado com D. Gina Strada; Guilherme Giorgi,
industrial aqui residente, casado com D. Maria Milanesi; D. Therezinha Giorgi,
solteira; D. Brasilina Giorgi de Oliveira Ribeiro, esposa do Sr. Hugo V. de Oliveira
Ribeirio, escrivão do 4o. Officio de Orphams desta Capital.

Deixa a finada vinte e cinco netos: José, Lina, Orlando, Rodolpho, Jorge,
Dante, Pedro, Dr. Gino Contrucci, Racchelle, Mário Contrucci, que se encontra na
Itália, onde fez a campanha como Tenente de artilharia, Josephina, Mário Giorgi,
Ida, Dino, Renato, Bruna, Rogério, Amélia, Júlio, Brasilina, César, Alfredo, Adélia,
Nancy e Aracy.

Deixa, igualmente, dois sobrinhos domiciliados neste Estado, a Sra. D. Maria
Domenicci, esposa do Sr. César Contrucci, e o Sr. José Domenici, e um primo, o
Sr. Umberto Lippi, industrial em S. Roque.

O enterro se effetuará hoje, às 17 horas, sahindo o feretro da rua da Assem-
bléia, n.8, para o cemitério da Consolação.”

- Os Funerais -

“Com grande acompanhamento realisaram-se ante-hontem, às 17 horas, os
funeraes da virtuosa senhora d. Paradisa Giorgi, esposa do sr. Mansueto Giorgi e mãe
dos srs. José, Pedro, Guilherme, Celestina, Therezinha Giorgi e Brasilina Giorgi de
Oliveira Ribeiro, sahindo o feretro da rua da Assembléia, 2, residência do primeiro
de seus filhos, para o cemitério da Consolação.

193

194 Logo que correu a notícia do infausto acontecimento, a casa do sr. José
Giorgi ficou cheia de pessoas amigas. O salão de visitas foi transformado em câmara
ardente, onde o corpo foi velado durante todo o tempo pelas pessoas da família
e amigas, Josephina Bricola, viúva Savani, que collocou ao peito de sua velha
amiga uma medalha religiosa; dd. Virginia Barsotti, Jenny de Góes Artigas, Jovita
Quirino Ferreira, Aurora Quirino Ferreira, Luciana Soares, Irene Ferraz, Maria C.
Vasconcellos, Antonietta Cardoso de Menezes, Chiarina Barone, Aurora Checchi,
Antonietta Barreto, Doralice Exel, SebastianaAthayde, LourdesAthayde, Dazolina
Cimieri, Izabel deAlmeida Ortiz, Sinhá Quintella, Izabel Quintella, Emma Rebizzi,
Bianca Rebizzi Mori, Lydia Barsotti,Annita Fernandes,Angelina Ragnogino, Corina
Checchi, Flozina Flosi Fioriti, Agostini Nociti, Augusta Fernandes da Silva, Sophia
Kesseiring Schroeder, Maria Colona, Marietta Zioni, Helena Contrucci, Leonida
Contrucci, Constança Barberis, Adelaide Rossi, Georgina Nejin, Professora Ignez
Conceição, Lucinda Braga, soror Gonzaga, soror Effre, soror Noem, soror Felicina e
soror Carlota, zeladoras do Sagrado Coração de Jesus, e a Irmandade doApostolado
de S. Gonçalo, da qual era a extincta dedicada irman.

Ás 9 horas da manhan do dia 17 o revmo. padre Piebani Lazzaro celebrou
uma missa de corpo presente na câmara ardente, a que assistiram as pessoas da
família e grande número de amigos.

Ao enterro compareceram, além de muitas outras, cujos nomes não conse-
guimos tomar, as seguintes pessoas: Ferdinando Ricci e família, Umberto Lippi, José
Martins da Silva, Decio Laurelli e família, Hugo Ribeiro Filho, Vincenzo Dorsa,
dr. Joaquim Huet de Bacellar, Armando Amarante, padre Piebani Lazzaro, C. J.
Amos Contrucci, coronel Quirino Ferreira e família, Amedeo Zani, José Domenica,
José Athayde de Oliveira e família, Michele Rossetti, Angelo Luporini, por si e por
José Luporini. A. J. PintoFerraz, dr. C. S. Storoli Zanolini, Modestino Appugliese
e família, Natale Cristofani, Boris de Freitas, dr. Leopoldo de Freitas, dr. A. Do-
nati, Raffaele Travaglia, Natale Belli, Alfredo Pellegrini & C., Lodovico Cimieri,
L. Cimieri e filho, Gianni Damiani, Angelo Milanesi, Claudio Bosisio, Giuseppe
Bosisio, Pompeu Ceriani, Lepanto Spadoni, Arminio Spadoni, Frediano de Luca,
por si e por Antonio Luchesi &C.; coronel Fernando Prestes, dr. Julio Prestes, dr.
Aldo Prestes, Antonio Picosse, por si e por H. Picosse & C.; Rodolpho Bevillac-
qua, Angelo Franceschi, por Fratelli Berti; dr. João Baptista e família, Frederico de
Puccinelli, dr. João Baptista Carneiro, Ernesto Gattai, Rocco Moschella, Francesco
Castiglione, Giordano Raffaele, Oscar de Freitas, por si e por Barsotti e Giorgi; Bruno
Michelini, Joaquim F. Rodrigues, família Francesconi, João Travaglia, Alexandre
Conte, por F. Matarazzo & C., Manuel Martins, Honorio Villar, Hernani Xavier,
Jacob Berti, Mario Lut da Silveira, Geraldino Lopez, dr. Luiz Garcia e família,
José Ortenzio, Fritz Schoreder, José Demetrio Castella, por si e por Mario Gaetano
Parco, d. Carolina Militano, Henrique Sola, por Martini Leonardi & C., dr. J. Vig-
noli, Zeferino Barsotti, dr. Ermano Borla, Fernando Ghilardi, Felice Capolonghi,
Exequiel Franco, Luiz Cardoso de Almeida por si e pelo dr. Cardoso de Almeida,
Antonio de Almeida, por João Agostinho Ferreira & C., J. Agostinho & C., Car-
mine Barretti e família,Ernesto Barrati, Carlo Felice, Anselmo, Annibale Barsotti,
Moretto, Donato Bellasalma, Giuseppe Agostini, Alessandro Agostini, Carlo Belli,
Lemo Cardoso de Almeida, Serafino Francesconi, dr. Paulo Gozo, Angelo Pavese,
por Fratelli Secchi, R. S. Rodrigues J. por J. Zucchi & Irmão, dr. Felice Buscaglia,

Virgilio Galvani, por si e pela Banca Franceza ed Italiana per l´America del Sud, 195
dr. Antonio Rossi, Giuseppe Arturo Frontini, Alberto Chagas, Orlando da Costa
Leite, por si e por Augusto Sertorio e familia, Giuseppe Sesti, Antonio Saccoman,
Henri Saccoman, Paulo Mazzoni, Italo Pelegrini, João Gomes Barreto, por si e por
Barreto Oliveira & Comp., Zeferino Marraccini, Lafayette de Azevedo por si e por
Oswaldo de Oliveira, Ivo A. Mattos, Oswaldo Dinucci, Modesto Fontana, Antonio
Ortega, Orazio Fiosi, Salvador Fiosi, Carlos Fiosi, professor Roberto Carpi, Ade-
mero Floritti, Ugo Adami e família, Francisco Chicchi, engenheiro Giovanneti, por
si e pelos empregados da empresa José Giorgi; (...) dr. Mario Souto por si e pelo dr.
José de Góes Artigas, (...)

Foram depositadas sobre o caixão mortuário innumeras e ricas corôas, das
quaes conseguimos notar as seguintes:

Á querida Paradisa, saudades eternas de seu esposo;
Á cara mamãe, último adeus de seus filhos José e Élide;
Á adorada mamãe, último adeus de seus filhos Pedro e Gina;
Á querida mamãe, profunda saudades de Guilherme e Maria;
Á cara mamãe, último adeus de Brasilina e Hugo;
Non dimenticheró i tuoi affetti - Teresina alla cara mamma; (tradução: Não
esquecerei seus afetos - Teresina à querida mamãe)
Saudade eterna de sua filha Celestina;
Á querida vovó Paradisa, último beijo de Pepito, Lina, Orlando, Rodolfo,
Giorgi e Dante;
Á vovozinha querida, eternas lembranças de seus netos Maria e Ida;
Á querida vovozinha, Dino, Bruno e Renato;
Sia con l´ultimo saluto il suggello del nostro affetto eterno - I nipoti Mimi,
Gino, Rachele, Mario e Giuseppina; (tradução: Siga com o último adeus com o selo
do nosso amor eterno - netos de Mimi, Gino, Rachel, Mario e Giuseppina)
Á querida vovó e madrinha, último beijo de Nancy e Aracy;

Á querida vovó, muitas saudades de Amélia, Giulio, Brasilina, Cesare,
Alfredo e Adelina;

Eterna saudade de Maria Domenici Contrucci e família;
Á d. Paradisa, eterna saudade de seu sobrinho José Domenici;
Homensagem de Julio Prestes e família;
Saudade de Miguel e Virginia Rossetti;
Á bondosa amiga Paradisa Giorgi, saudades da família Castello;
Homenagem da família dr. Carlos Comenale;
(...)
Os empregados da empresa José Giorgi, á mãe de seu estimado chefe;
(...)
Á boa amiga d. Paradisa, saudades de Jenny;
(...).
A família enlutada recebeu telegrammas, cartas e cartões de pesames dos
senhores dr. Altino Arantes, dr. Meirelles Reis, (...) Cesar Contrucci, (...) dr. José
de Goes Artigas.
(...)”
D. Paradisa foi enterrada na sepultura perpétua sob nº6 e 7 da quadra nº48F
do Cemitério da Consolação.

196 Túmulo de Mansueto Giorgi e Paradisa D. Giorgi no Cemitério da Consolação - São Paulo

197

José Giorgi e Élide Contrucci Giorgi

198

Livro 199

José Giorgi

História & Memória

Luiz Carlos de Barros

textos / projeto e design gráfico

e

José Alberto Artigas Giorgi
iconografia

Paulo Leuzzi

arquivo fotográfico

Ruth M. O. Giorgi

revisão ortográfica

Rodrigo Souza / Antônio Carlos Antoniel
colaboradores / arte final

Conosco Gráfica e Editora - Assis/SP
impressão

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
(CIP) - (Câmara Brasileira do Livro - SP - Brasil)

Bibliografia

Giorgi - José / Engenheiro e Empresário
São Paulo (Estado) - Brasil

13 de dezembro de 1866 I 17 de agosto de 1936

História
São Paulo (Estado) - Brasil
Proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização prévia do autor
Direitos reservados e protegidos (Lei nº 9.610, de 19-02-1998)
Depósito Legal na Biblioteca Nacional (Lei nº 10.994, de 14-12-2004)
Impresso no Brasil - Fevereiro de 2016

14 12 15
13 20 5

7

200 1 - José Giorgi, 2 - Élide Contrucci Giorgi, 3 - Thereza Giorgi, 4 - José Contrucci,
5 - Celestina Giorgi Contrucci, 6 - Pedro Giorgi, 7 - Gina Scala Giorgi, 8 - Mansueto Giorgi,
9 - José Giorgi Júnior, 10 - Lina Giorgi, 11 - Bruna Giorgi, 12 - Mário Augusto Giorgi Contrucci,
13 - Rachelle Giorgi Contrucci, 14 - Giusepina Giorgi Contrucci, 15 - Ida Giorgi, 16 - Mário Giorgi
(filho de Pedro Giorgi), 17 - Dante Giorgi, 18 - Renato Giorgi - 19 - Mordomo, 20 - Orlando Giorgi


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