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Published by andreaires, 2019-08-07 10:47:49

Meu_Percurso_Na_Universidade

Meu_Percurso_Na_Universidade

Revisão:
José Cajuaz

Digitação:
Francisco Araújo

Projeto Gráfico e Capa:
Geraldo Jesuino

Editoração Eletrônica:
Virna Jesuino

MEU PERCURSO NA
UNIVERSIDADE

ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE SOUSA FILHO

Fortaleza-2014

Copyrigth © 2014 by Antônio de Albuquerque Sousa Filho
[email protected]

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária: Regina Célia Paiva da Silva CRB – 1051
S 725m Sousa Filho, Antônio de Albuquerque.

Meu percurso na universidade / Antônio de Al-
buquerque Sousa Filho. –Fortaleza: Imprece, 2014.

232p.:il. 14x21 cm
ISBN: 978-85-8126-055-6
Inclui fotos.
1. Universidade Federal do Ceará –Reitores Bi-
ografia. 2. Universidade Federal do Ceará – História. I. Titulo

CDD: 378.098131

DEDICATÓRIA

À MARLENE
que me acompanha ao longo de mais de 50
anos, nos momentos mais alegres e difíceis de
vida.

Aos Meus Filhos,
PAULO ANTONIO,
NEWTON,
BEATRIZ,
ALEXANDRE,
continuadores dos valores de honestidade, sin-
ceridade, amizade e dedicação ao trabalho que
cultivamos.

Aos Netos,
BEATRIZ,
CAMILA,
LUCIANO,
ULYSSES,
ARTUR,
MARIA LUIZA,
ALESSANDRA,
certeza da perpetuação dos nossos sonhos de
um futuro melhor para a humanidade.

AGRADECIMENTOS

A minha esposa, bibliotecária Marlene Me-
nezes de Albuquerque, pela paciência com-
partilhada durante a elaboração deste livro e
pelas sugestões de como tratar os tópicos
nele abordados.

Aos professores Pedro Sisnando Leite,
Faustino de Albuquerque Sobrinho, Vera
Lúcia Mota Klein, Paulo Antônio de Mene-
zes Albuquerque; à bibliotecária Gabriela
Carrhá Machado; às técnicas Regina Lúcia
Jaguaribe e Maria Cleide Pagels Barbosa;
ao engenheiro José Herculano Soares Junior
e a Arnóbio Pereira Machado pelas suges-
tões dadas.

Ao Francisco Araújo pelo apoio na difícil
tarefa de digitação.

Ao Professor José Cajuaz Filho, pela revi-
são e suas sugestões sempre competentes e
pela amizade que vem desde nossa juventu-
de.

Ao Professor Geraldo Jesuíno da Costa, pe-
la diagramação, montagem e arte final.

Aos amigos que me entusiasmaram para
não deixar no ostracismo esta fase da histó-
ria da UFC.

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO......................................................................... 8
INTRODUÇÃO ..........................................................................14
1ª PARTE..................................................................................22
O PROFESSOR ..........................................................................22

O COMEÇO ..........................................................................23
AS MUDANÇAS ....................................................................28
O NOVO DIRETOR ................................................................32
A PÓS-GRADUAÇÃO.............................................................36
O RETORNO .........................................................................40
A VOLTA...............................................................................53
2ª PARTE..................................................................................60
O REITOR .................................................................................60
A ELEIÇÃO ...........................................................................61
A POSSE ..............................................................................70
3ª PARTE..................................................................................76
O REITORADO..........................................................................76
AS PRIMEIRAS DECISÕES .....................................................77
A INFORMATIZAÇÃO............................................................83
AS BIBLIOTECAS ...................................................................91
O ENSINO.............................................................................96

GRADUAÇÂO ...................................................................96

PÓS-GRADUAÇÂO .......................................................... 101
A PESQUISA .......................................................................104
A EXTENSÃO ......................................................................108
OS ASSUNTOS ESTUDANTIS ...............................................114
OS ÓRGÃOS SUPLEMENTARES...........................................117
OS RECURSOS HUMANOS..................................................135
A INFRAESTRUTURA ..........................................................143
O PLANEJAMENTO.............................................................156
OS CONSELHOS SUPERIORES .............................................161
A APOSENTADORIA ...........................................................167
4 ª PARTE...............................................................................180
ANEXOS .................................................................................180
OPINIÕES E NOTAS ............................................................181
O DISCURSO DE POSSE EM 21/06/1991* .........................200
ÉPOCA DE ESTUDANTE* ....................................................206
RECONHECIMENTO ...........................................................213
REGISTRO ICONOGRÁFICO ................................................228
OBRAS E DOCUMENTOS CONSULTADOS ...........................245

APRESENTAÇÃO

Este precioso livro do professor Antônio de Albu-
querque Sousa Filho fala-nos de sua vida profissional num
período de trinta anos, com início no seu ingresso na Uni-
versidade Federal do Ceará em 1965. As páginas que se
seguem dão-nos uma narrativa panorâmica agradável e o
caminho apetecível percorrido mesmo com algumas pe-
dras nessa trajetória.

Escrevendo de modo simples, mas com pena de
verdadeiro mestre, o autor nos revela de modo transparen-
te o seu próprio modo de ser e de viver. Por isso, este livro
nos ajudará a descobrir informações importantes sobre a
Universidade Federal do Ceará e o percurso na universi-
dade de uma pessoa com personalidade rara em nossos
dias. Falo como um testemunho dessas memórias, pois sou
da mesma geração do autor, com o qual mantive relacio-
namento profissional muito próximo.

8

Em minha honrosa incumbência de apresentador
desta obra, tomo a liberdade inicialmente de referenciar
alguns detalhes do seu substancioso currículo e, a seguir,
me concentrarei em destacar aspectos da importantíssima
missão que o professor Antônio de Albuquerque assumiu
na condição de reitor da Universidade Federal do Ceará,
no período de 1991-1995.

Em 1962 ele se formou na Escola de Agronomia da
Universidade Federal do Ceará. Depois de participar de
vários treinamentos em assuntos de ciência da terra, viajou
para os Estados unidos para avançar em sua formação
acadêmica na Universidade de Wisconsin, no Campus de
Madison. Anos depois, retornou aos Estados Unidos para
participar de Programa de Extensão em Administração
Rural, na famosa Universidade de Michigan. Outra impor-
tante experiência de capacitação ocorreu na Holanda onde
estudou as mais avançadas teorias e metodologias práticas
em extensão rural, na Universidade de Wargeningen.

Para ampliar sua visão internacional de sua área de
ensino na graduação e pós-graduação, participou de visitas
e missões de estudos na Costa do Marfim e Senegal (Áfri-
ca), no Sul da França e Israel, onde ocorriam grandes pro-
gramas de irrigação e desenvolvimento de áreas semiári-
das. São também numerosas as suas participações em
eventos e congressos na qualidade de palestrante e debate-
dor, especialmente enquanto era da diretoria da Sociedade
Brasileira de Sociologia e Economia Rural. Como atuante
em instituições científicas e profissionais, podem ser des-

9

tacados a Presidência do Conselho Regional de Engenha-
ria, Arquitetura e Agronomia do Ceará, a Presidência da
Associação de Engenheiros-Agrônomos do Ceará e a Di-
retoria da Academia Cearense de Ciências. Como Reitor,
foi presidente do Conselho de Reitores das Universidades
Brasileiras-Setor Nordeste, além de Vice-Presidente do
Projeto Rondon-Ceará.

As desafiadoras atividades do professor Antônio de
Albuquerque quando era um jovem agrônomo tiveram
início com a tarefa de exercer a função de "extensionista"
regional da pioneira Associação Nacional de Crédito e
Assistência Rural, no Município de Ceará-Mirim. A se-
guir, ingressou nos quadros do Ministério da Agricultura,
lotado na Região do Cariri cearense. O seu ingresso no
magistério ocorreu na condição de professor do Centro de
Ciências Agrárias da UFC, lotado no Departamento de
Economia Agrícola, com ascensão nos diversos níveis
com o passar dos anos. Pelo destaque acadêmico e capaci-
dade de liderança, foi alçado à condição de Chefe do De-
partamento de Economia Agrícola e Coordenador do Cur-
so de Graduação em Agronomia. Posteriormente ocupou
por cerca de sete anos mandatos de Diretor do Centro de
Ciências Agrárias da UFC, que é o mais alto nível de ges-
tão na hierarquia administrativa universitária.

Novos desafios do setor público levaram o profes-
sor Antônio de Albuquerque para relevantes funções no
governo estadual e federal. Deste feita foi a difícil função
de dirigir a Secretaria de Estado da Educação do Ceará, de

10

onde foi para Brasília para ocupar a condição de Secretá-
rio Nacional de Primeiro e Segundo Grau do Ministério da
Educação, onde realizou um trabalho magnífico, conforme
muitos testemunhos. Outra função relevante ocupada pelo
professor Antônio de Albuquerque foi a de Superintenden-
te do SEBRAE no Ceará, quando já se encontrava aposen-
tado da UFC. O magnífico prédio onde funciona hoje essa
instituição foi construído durante sua gestão.

Seria demasiado continuar a enumerar a longa e ri-
ca experiência de atividades profissionais do professor
Antônio de Albuquerque, razão porque adianto que esse
dedicado cidadão tem sido um exemplo de pessoa íntegra,
ética e desprendida de tudo que seja de interesse público e
em relação a pessoas que precisam de alguma forma de
ajuda diante de quaisquer dificuldades. Eu mesmo devo
muito do que sou aos conselhos e as orientações desse
fraterno amigo.

Foi por conhecer bem a história de vida do profes-
sor Antônio de Albuquerque que fiquei pleno de prazer em
receber o convite, que aceitei de imediato, para fazer a
apresentação deste livro que relata uma jornada de sua
vida, principalmente na Universidade Federal do Ceará.

Com a publicação deste livro, o autor está ofere-
cendo uma contribuição inédita sobre uma fase da história
da UFC, especialmente no período em que ele foi reitor
(1991-1995). Aspecto notório a destacar é que ele não se
omitiu a respeito de dificuldades e supostas críticas de que
foi alvo no início de sua administração. O fato inquestio-

11

nável é que o reitor Antônio de Albuquerque cumpriu com
rigor, competência e dedicação o compromisso político
que assumiu na oportunidade em que assumiu o reitorado
da UFC. Ou seja: "Lutar por uma Universidade Federal do
Ceará moderna, recobrada em sua devida função social de
contribuir para a promoção do homem e do povo cearense
e nordestino: pela ação do desenvolvimento científico,
tecnológico e cultural. Enfim, por uma universidade mais
participativa com a solução dos problemas econômicos,
sociais e políticos do final da presente década e do início
do novo milênio".

Ao final de sua gestão, os objetivos expressos no
Plano de Ação do Reitorado foram plenamente alcançados
como é possível constar da leitura deste livro, daí porque o
meu desejo é que esta obra desfrute em todos aqueles que
a lerem o desejo de conhecer a história de nossa Universi-
dade e a vida dos que se dedicaram a engrandecê-la, como
o professor Antônio de Albuquerque o fez com sacrifícios
pessoais, mas de todo o coração e sem nenhuma expectati-
va de recompensa pelo seu devotado empenho.

Peço permissão ao leitor, sem querer me alongar,
em destacar o que ouvi muitas vezes, sobre o reitorado do
professor Antônio de Albuquerque da parte do Reitor
Emérito Antônio Martins Filho e por ele registrado em seu
livro “A História Abreviada da UFC (1999)”. Diz ele, en-
tre outras observações, "Assumiu o exercício do seu cargo
em momento de crise de natureza acadêmica que, de certo
modo, prejudicou a estabilidade da Instituição. Venceu

12

gradativamente todos os obstáculos com a ajuda de uma
valorosa equipe de colaboradores-vice-reitor Valdez Bote-
lho e pró-reitores experientes e dedicados." Depois de
enumerar, com detalhes, as realizações do reitor Antônio
de Albuquerque no campo das obras estruturais, do ensino
de graduação e pós-graduação, pesquisa, extensão e mo-
dernização da informática e gestão, o professor Martins
Filho afirma: Ao termino do seu mandato de Reitor, Antô-
nio de Albuquerque Sousa Filho ocorreu na Universidade
uma fase de euforia, com apoio da Comunidade Acadêmi-
ca e significativos aplausos da opinião pública"

Até hoje o professor Antônio de Albuquerque,
mesmo aposentado, ocupa um lugar de destaque nos meios
acadêmicos e científicos, sendo convidado, muitas vezes,
para destacadas funções no setor público, mas sua respos-
ta sempre é que, agora, além de suas atividades de volun-
tário em movimentos de responsabilidade social, sua vida
pertence à família.

Pedro Sisnando Leite

13

INTRODUÇÃO

Este livro trata de um percurso de minha vida, des-
de minha docência como professor iniciante da Universi-
dade Federal do Ceará até o final da carreira docente, co-
mo Reitor daquela Instituição. Atuando durante quase trin-
ta anos como servidor da UFC, assisti a vários eventos que
contribuíram para o crescimento e para as mudanças ocor-
ridas na Universidade e deles muitas vezes participei.

Os leitores tomarão conhecimento do que se pas-
sou no período dos anos de 1965 a 1995, em que impor-
tantes acontecimentos modificaram a história do nosso
país, quando tivemos, nos anos de 1964-1985, a vivência
da época militar, a qual contribuiu para gerar muitas inse-
guranças nas Universidades. A partir de 1985, quando da
volta dos civis ao poder, assistimos a vários movimentos
por participação e reivindicação de vários segmentos da
sociedade.

14

O ano em que entrei como professor da Universi-
dade (1965) foi o do Ato Institucional n° 2 que permitia a
cassação de ocupantes de cargos públicos, o que criava
uma insegurança muito grande, com servidores da direita
radical a fazerem denúncias contra colegas. Essas denún-
cias variavam de motivos de inimizade ou antipatia até a
simples ambição de ocupar os cargos ou as funções exer-
cidas pelos denunciados. O patrulhamento ideológico se
fazia presente em todos os setores da Universidade. Minis-
trar aulas exigia muito cuidado com o linguajar a ser utili-
zado e, sobretudo, com os conteúdos a serem abordados.
Havia muitos estudantes que eram agentes dos serviços de
informação das Forças Armadas, bem como alguns servi-
dores. Funcionava, junto à Reitoria, a Assessoria de Segu-
rança de Informações (ASI), aonde constantemente, pro-
fessores e dirigentes de setores da instituição eram chama-
dos para prestarem esclarecimentos sobre assuntos acadê-
micos. O ano de 1968 foi de muita agitação, principalmen-
te no Centro de Ciências Agrárias, onde os estudantes fize-
ram demonstrações contra o convênio com a Universidade
do Arizona que permitia o treinamento dos docentes do
Centro, no Exterior, e trazia professores americanos para
assessorarem os nossos técnicos. Era a época do slogan “é
proibido proibir” muito usado pelos estudantes, quando,
então, surgiu o Ato Institucional n° 5 com toda as suas
consequências de endurecimento do regime militar.

Com o início da redemocratização (15/02/1985)
conhecemos o inverso da radicalização. Era como tivés-
semos destampado uma panela de pressão: todos eram

15

democratas, mais radicais do que nunca em termos ideoló-
gicos, simpáticos às correntes de esquerda e reivindicando
mais e mais participação nas decisões governamentais. As
pessoas que tivessem ocupado cargos durante o regime
militar, ainda que por razões técnicas, não deveriam mais
ocupá-los no novo regime por serem consideradas suspei-
tas.

Foi também a época do surgimento de novos parti-
dos políticos, principalmente do Partido dos Trabalhadores
(PT), da legalização dos Partidos Comunistas (PC do B,
PCB depois PPS) e o surgimento de Associações de Pro-
fessores e de Servidores Técnico-Administrativos, depois
transformadas em sindicatos. Isto fez com que grande nú-
mero de docentes e servidores administrativos a eles se
filiassem, trazendo a influência sindical-partidária para
dentro da Universidade. Ao lado dos sindicatos, os Cen-
tros Acadêmicos e, principalmente, o Diretório Central
dos Estudantes recebiam também grande influência dos
partidos políticos.

Eleições paritárias, representação maior nos cole-
giados da universidade, participação nas principais deci-
sões administrativas da instituição, tais como na distribui-
ção dos recursos financeiros e no estabelecimento do pro-
cesso para escolha de dirigentes, na coordenação de mo-
vimentos grevistas e no exercício de pressões sobre aque-
les que porventura fossem contrários as essas diretrizes.
Slogans como Universidade Pública de Qualidade, Gratui-

16

ta, Democrática e Autônoma faziam parte desse ambiente
de idéias.

Outros fatos importantes relativos aos momentos
institucionais vividos pelo País, em função da morte de
Tancredo Neves na véspera de assumir a Presidência da
República, foram as dúvidas sobre a posse de seu substitu-
to legal José Sarney ou Ulysses Guimarães. Dada a posi-
ção dos militares, a decisão final foi pela investidura do
Presidente José Sarney. Posteriormente, a primeira eleição
direta para a Presidência da República trouxe a vitória de
Fernando Collor de Mello, forçado a deixar o poder em
virtude de um processo de impeachment, dando-se posse
ao seu vice Itamar Franco para completar o mandato até
nova eleição presidencial, a do Presidente Fernando Hen-
rique Cardoso. A cada mudança de presidente, novos mi-
nistros da educação, novos secretários de ensino superior e
novas diretrizes governamentais para as universidades
federais, criando, frequentemente, um hiato de ações ad-
ministrativas.

Os famosos planos econômicos: Cruzado, Bresser
e Verão (governo Sarney); Collor I, Collor II e Marcílio
(governo Collor) e Real (governo Itamar), dificultavam
bastante a administração pública, principalmente, no caso
das universidades federais que ficavam meses sem saber
com quais recursos financeiros contariam em seus orça-
mentos e quando estes seriam liberados. O desenvolvi-
mento econômico e social do País apresentava taxas bai-
xas de crescimento, as reivindicações sociais eram enor-

17

mes, os salários não acompanhavam os índices inflacioná-
rios e as greves estouravam por todos os lados, mormente
no âmbito das universidades.

O desenvolvimento regional passara a ser feito de
forma lenta desde o esvaziamento da SUDENE, pois os
militares consideravam as diretrizes equivocadas e subver-
sivas. Vários programas foram extintos ou substituídos por
outros menos impactantes e os Estados da Região Nordes-
te passaram a ter ações mais diretas, aproveitando os cha-
mados incentivos fiscais para implantarem indústrias, des-
tacando-se os Estados da Bahia, Pernambuco e Ceará. O
Estado do Ceará trouxe a energia de Paulo Afonso (Pri-
meiro Governo Virgílio Távora), criou o primeiro distrito
industrial no Município de Maracanaú e ampliou o Porto
de Fortaleza. Havia terminado o ciclo econômico do bi-
nômio algodão e pecuária. Em governos posteriores, prin-
cipalmente no de Tasso Jereissati nos anos 1990, indús-
trias foram instaladas em outros munícipios, foi construído
o Porto do Pecém e outras alternativas surgiram no Estado
como o turismo, no governo César Cals.

Em todo esse período, a Universidade Federal do
Ceará deu uma contribuição importante para o desenvol-
vimento da Região Nordeste, especialmente para o Estado
do Ceará, formando mais e melhores profissionais para
atuarem nas diversas áreas do conhecimento, criando ór-
gãos como o CETREDE (Centro de Treinamento e Desen-
volvimento) e o CAEN (Centro de Aperfeiçoamento de
Economistas do Nordeste) e firmando convênios com en-

18

tidades internacionais (OEA, BID) e nacionais (SUDE-
NE,BNB). Estabeleceu--se convênio com a Universidade
da Califórnia (Estados Unidos) visando implantar na Re-
gião do Cariri Cearense indústrias. Era o Projeto Morris
Asimow e com a Universidade do Arizona (Estados Uni-
dos) para servir de suporte à qualificação dos professores e
técnicos do Centro de Ciências Agrárias e, posteriormente,
com a Universidade de Michigan (Estados Unidos) para
ampliar o treinamento na área das ciências agrárias.

Apesar de me referir inicialmente a esse período de
1965-1995, quando aqui trato de assuntos pertinentes ao
meu período de reitorado, abordarei especialmente o perí-
odo de junho de 1991 a junho de 1995. Ainda assim é pre-
ciso dizer que muitas das realizações desse período relati-
vas à infraestrutura, a equipamentos, principalmente os de
informática, a recursos humanos e à política universitária
representaram o que de mais moderno existia, embora,
atualmente, ultrapassados em virtude do desenvolvimento
acelerado da tecnologia, das novas políticas governamen-
tais, das mudanças da economia e das condições sociais do
País, bem como dos novos valores transmitidos pelos mei-
os de comunicação de massa.

As universidades brasileiras avançaram bastante na
ampliação e em novos cursos de graduação e pós-
graduação, nas pesquisas pela qualificação substancial dos
seus professores e técnicos, na extensão e inovação de
ações, numa infraestrutura mais moderna, em equipamen-
tos atualizados e numa maior presença no interior do pa-

19

ís. A Universidade Federal do Ceará cresceu em todas as
áreas de atuação, estando hoje presente no interior do Es-
tado através de novos Campi, com pessoal melhor qualifi-
cado e em maior número, com novos e amplos convênios
em vigor e com recursos financeiros mais substanciais.

O livro está dividido em três partes, além dos ane-
xos. Na primeira, trato do tempo em que fui um professor
no início de carreira, assistindo a acontecimentos que mu-
daram a estrutura da Universidade, depois participando de
decisões pertinentes ao desenvolvimento institucional,
sobretudo do Centro de Ciências Agrárias. Na segunda,
abordo temas relativos à minha indicação para reitor, o
processo da minha eleição e a posse. Na terceira, são en-
focadas as diferentes ações desenvolvidas na Reitoria e o
momento de minha aposentadoria. Na parte relativa aos
anexos são registradas opiniões e notas de diferentes enti-
dades e pessoas sobre o início e o final da minha adminis-
tração na UFC; o discurso que não pude ler por ocasião da
posse e a reprodução de um artigo sobre o meu tempo de
estudante na antiga Escola de Agronomia da Universidade
Federal do Ceará.

Espero que este trabalho sirva de contribuição para
a elucidação de tantos fatos acontecidos naquele período e
possa se juntar a outras experiências vividas na história da
nossa Universidade Federal do Ceará, tanto na época dos
tempos difíceis, como na de orçamentos mais generosos
como a que vivemos atualmente para que as novas gera-

20

ções, mais amadurecidas politicamente, possam sempre
colocar a Instituição acima de interesses particulares.

Os conceitos e as opiniões emitidos e todos os fa-
tos narrados bem como os possíveis deslizes são de inteira
responsabilidade do autor.

Antônio de Albuquerque Sousa Filho

21

1ª PARTE

O PROFESSOR

22

O COMEÇO

A nomeação para professor universitário na Uni-
versidade Federal do Ceará (UFC) nos anos de 60 dava-se
por indicação de um professor dos chamados catedráticos
ou pelo diretor da unidade universitária. No caso específi-
co da antiga Escola de Agronomia (atual Centro de Ciên-
cias Agrárias) da UFC, o diretor de então - Professor Pris-
co Bezerra - tinha uma participação muito forte, escolhen-
do os futuros docentes na base de seus currículos escolares
ou através de entrevistas, consideradas as características
pessoais e tendências profissionais dos candidatos. O re-
gime de trabalho na Agronomia era de dedicação exclusi-
va ou vinte horas semanais. Além da categoria de profes-
sores catedráticos (correspondente aos atuais titulares-
livres), havia também a de assistentes e a de auxiliares de
ensino, distribuídos nos sistemas do quadro efetivo, os
celetistas (regime da CLT) e os “recibados” que dependi-
am de recursos financeiros de convênios.

23

Depois de quase três anos da conclusão do curso de
Agronomia na Universidade Federal do Ceará e de ter tra-
balhado no Rio Grande do Norte no Serviço de Extensão
Rural (ANCAR-RN, atual EMATER-RN) e depois no
Ministério da Agricultura na Região do Cariri-Ceará, fui
convidado pelo diretor da Escola de Agronomia, em 1965,
para exercer o magistério na UFC, ministrando aulas das
disciplinas de Sociologia Rural e de Extensão Rural, lota-
do no Departamento de Economia Agrícola. As referidas
disciplinas eram ministradas, inicialmente, para os alunos
do curso de Agronomia dos dois últimos semestres e, pos-
teriormente, também, para as alunas de Economia Domés-
tica, curso recém-criado na UFC e incluído na estrutura do
Departamento de Economia Agrícola.

Ministrar disciplinas para alunos próximos às con-
clusões de seus cursos exige do professor novato um ama-
durecimento maior, além de estar em dia com os assuntos
a serem tratados e ter habilidades para responder às inú-
meras dúvidas sobre os conhecimentos teóricos ou práti-
cos do professor. Antes de iniciar minhas primeiras aulas,
procurei ficar em dia com esses assuntos com a leitura de
livros existentes nas bibliotecas e com apontamentos pes-
soais de cursos que havia realizado nas entidades onde
havia trabalhado no caso especifico da disciplina de Ex-
tensão Rural. A prática vivenciada no exercício de ativi-
dades nesta área proporcionou-me segurança nas novas
atividades docentes. Para minha surpresa fui um dos ho-
menageados no final do ano letivo pela turma concludente.

24

Outra experiência para quem é novato no magisté-
rio e que vai trabalhar na mesma instituição em que foi
formado é conviver com os seus antigos professores, ten-
do-os agora como colegas, discutindo assuntos os mais
variados nas reuniões do Departamento ou, então, junto ao
seu antigo diretor, tratar sobre assuntos administrativos,
muitas vezes, divergindo (respeitosamente) acerca de pon-
tos de vista que exigem do novato noção de como agir sem
criar maiores atritos. Como auxiliar de ensino, eu recebia
o salário pelo sistema de recibo mensal (o famoso “reci-
bão”), cujas dotações orçamentárias eram advindas de
convênios firmados entre a Universidade com entidades
como a SUDENE, BNB, Ministérios ou Órgãos Internaci-
onais e cuja execução caberia à Escola de Agronomia. Os
professores recibados da época (eram inúmeros) não ti-
nham direito ao décimoterceiro salário, a férias remunera-
das, a plano de saúde, estabilidade, nem certeza de que os
recursos financeiros dos convênios seriam garantidos nos
próximos anos. Eram riscos permanentes. Trabalhavam
com esperança, por idealismo, confiantes nos resultados
de suas contribuições, nos dirigentes da UFC e na sorte de
cada um. O expediente de trabalho era de segunda-feira a
sábado, de 7.00 h às 11.30 h da manhã e de 13.00 h às
17.00 h de segunda a sexta-feira e de 7.00 h às 11.30 h aos
sábados. Após o expediente, os professores, de maneira
geral, se dirigiam à sede da Associação dos Professores de
Ensino Superior do Ceará (APESC) para algumas horas de
relaxamento e lazer.

25

A estrutura do Departamento de Economia Agríco-
la era pobre. Constava de uma única sala com alguns bi-
rôs, de uma única funcionária e de cinco professores, um
dos quais era técnico do Banco do Nordeste (BNB). Não
havia biblioteca, salas de estudo ou divisórias que separas-
sem espaços individuais para professores. Também não
existia nenhum curso de pós-graduação (mestrado ou dou-
torado). A Universidade Federal do Ceará ainda vivia o
clima de sua instalação com a realização de seminários e
outros debates relativos a seu papel na sociedade, à criação
de novos cursos, a novas construções e às perspectivas de
convênios com entidades nacionais e internacionais, à vin-
da de professores estrangeiros, a ações como a instalações
do Museu Universitário, à Casa de José de Alencar, à Im-
prensa Universitária, às Casas de Cultura Estrangeiras, à
Concha Acústica da Reitoria, ao surgimento pioneiro de
algumas pró-reitorias e, sobretudo, ao prestígio social,
econômico e politico da Instituição. Ser funcionário ou
professor da UFC dava status social e relevância politica e
cultural.

O País vivia ainda o tempo de autoestima elevada
decorrente da era Juscelino Kubitschek (construção de
Brasília, estrada Belém-Brasília, Açude Orós, indústrias
automobilística e naval, criação da SUDENE, plano de
metas etc.), ao lado da conquista da Copa Mundial de Fu-
tebol de 1958 e do auge da bossa nova no cenário musical
brasileiro. No Ceará, estávamos no primeiro governo de
Virgílio Távora que adotara um, até então, inédito plane-
jamento de governo - o PLAMEG, trazendo inovadoras

26

ações como as instalações do primeiro distrito industrial
de Maracanaú, a ampliação dos anexos do Liceu do Ceará
e a luta para trazer a energia de Paulo Afonso para Forta-
leza dentre outras.

27

AS MUDANÇAS

Na área da Agronomia, várias mudanças foram ini-
ciadas no ano de 1965 em termos de novas estruturas insti-
tucionais, de aquisição de recursos financeiros e de pesso-
al, de novos convênios e inovadoras perspectivas com
programas, criando assim um ambiente de otimismo e
envolvimento maior das pessoas, além do sentimento de
“status”mais elevado, principalmente no âmbito universi-
tário, em função do pioneirismo dos muitos projetos em
implantação.

Dentre as ações herdadas do governo do presidente
Juscelino, estavam a criação de Institutos de Pesquisa e
Estudos nas universidades, dois deles instalados no setor
da Agronomia: o Instituto de Tecnologia Rural (ITR) e o
Instituto de Zootecnia (IZO), funcionando junto aos De-
partamentos de Tecnologia de Alimentos e da Zootecnia,
respectivamente. O ITR construiu uma Fábrica Escola
para produção e pesquisas de doces de frutas regionais,
uma padaria industrial para estudos de massas alimentí-

28

cias, um laboratório para estudos da fibra do algodão (su-
porte da economia do Ceará de então), providenciou a
compra de novos equipamentos para os laboratórios de
tecnologia de alimentos e a contratação de novos técnicos
para as diferentes especialidades surgidas. Por outro lado,
o IZO construiu uma fábrica de rações, remodelou e criou
novas instalações para os setores de bovinos, suínos, aviá-
rio, criatórios de coelhos e abelhas, montagem de mostruá-
rio vivo de plantas forrageiras, além de contratar novos
técnicos e pessoal de apoio.

No ano de 1963 havia sido firmado um convênio
entre a USAID e o Governo Brasileiro através da SUDE-
NE/BNB/UFC/Universidade do Arizona para a implanta-
ção do Programa de Educação Agrícola (PEA) que objeti-
vava melhorias na área das Ciências Agrárias da UFC,
para qualificar os professores e técnicos (mestrado e dou-
torado); dotar de novos equipamentos os laboratórios
existentes e os por serem criados; adquirir livros e revistas
especializadas para a biblioteca; reformular a estrutura
administrativa da Escola; montar a estrutura departamental
e uma gerência para administrar e ampliar a Fazenda Ex-
perimental; modificar as metodologias e a ampliação das
atividades de pesquisa e extensão; montar um escritório
para gerenciar o PEA constituído de uma parte americana
e de outra brasileira; receber professores e técnicos da
Universidade do Arizona para assessoramento e, finalmen-
te, trabalhar para criar novos cursos de graduação e pós-
graduação na área das Ciências Agrárias.

29

Em 1968, o Governo Federal, através do Ministério
da Educação, realiza uma reforma universitária que extin-
guia faculdades, escolas e institutos, criando os chamados
Centros que congregavam várias das unidades universitá-
rias existentes. Assim, nossa antiga Escola de Agronomia
passou a ser denominada de Centro de Ciências Agrárias
(CCA), compreendendo os cursos existentes de Agrono-
mia e Economia Doméstica. Posteriormente novos cursos
de graduação surgiram como o de Tecnologia de Alimen-
tos, o de Engenharia de Pesca e (mais recentemente) o de
Zootecnia. Finalmente, nos anos de 1990, a UFC cria um
curso de extensão em Estilismo e Moda, depois transfor-
mado em curso de graduação, com suporte maior na estru-
tura do Curso de Graduação de Economia Doméstica.
Com a criação do Instituto de Cultura e Arte da Universi-
dade, ele passou definitivamente para sua composição.

A grande mudança ocorrida nos finais dos anos 60
foi que a maioria dos professores do Centro de Ciências
Agrárias que recebiam seus salários através do sistema de
assinatura de recibos mensais, passou a receber, após me-
didas administrativas adotadas pela UFC/CCA, pelo sis-
tema da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que
deu aos referidos professores direito a férias, ao décimo
terceiro salário, à Previdência Social e, consequentemente,
à contagem de tempo para aposentadoria e à certa estabili-
dade. Com o advento da Constituição de 1988, por con-
curso, passaram todos da CLT para o quadro de efetivos
(estatutários). Com a instalação do Programa da Educação
Agrícola (PEA), teve inicio a montagem do cronograma

30

de treinamento dos professores do CCA em nível de pós-
graduação (mestrado e doutorado) em universidades brasi-
leiras e americanas como na Universidade do Arizona. Os
três primeiros professores a sairem no ano de 1966, Otá-
vio Braga, Raimundo Pontes e José Gerardo Bezerra, fo-
ram para o Arizona-Estados Unidos, sendo o CCA pionei-
ro na UFC no estabelecimento de um programa massivo
de qualificação de docentes.

31

O NOVO DIRETOR

O ano de 1968 marcaria os 50 anos da criação e
instalação da antiga Escola de Agronomia e o vice- reitor
da UFC e professor catedrático da Agronomia, Renato de
Almeida Braga, desejava estar como diretor da Escola,
cargo que já exercera anteriormente. Para tal, renunciaria
ao cargo que exercia na administração superior da Univer-
sidade, tendo em vista que o então Diretor da Agronomia
Professor Prisco Bezerra não poderia mais renovar seu
mandato a terminar em meados do ano de 1967. Na época,
só poderia exercer o cargo de diretor de qualquer unidade
universitária quem pertencesse à categoria dos professores
catedráticos. A formação de uma lista tríplice seria elabo-
rada pela Congregação, colegiado máximo da unidade
acadêmica, constituída pelo total dos catedráticos e um
representante dos professores assistentes, cuja sessão es-
pecial era presidida pelo diretor da Unidade. Essa lista
tríplice seria encaminhada ao reitor que, por sua vez, a
encaminharia ao Ministro da Educação para viabilizar a
escolha pelo Presidente da República.

32

Os professores assistentes e auxiliares de ensino do
Centro de Ciências Agrárias (CCA) resolveram criar uma
sociedade com a finalidade de agregação social e defesa
dos seus interesses funcionais, denominada Sociedade dos
Professores Assistentes e Auxiliares de Ensino da Agro-
nomia (SASSIA), a qual decidiu envolver-se no processo
da eleição do novo diretor da Unidade, apoiando outro
candidato que não o vice-reitor da época: o professor cate-
drático Vicente Gondim. Na reunião da Congregação para
elaborar a lista tríplice para diretor do CCA, o então can-
didato, Professor Renato Braga vindo da vice-reitoria, fez
um discurso emocionante, alegando que não pretendia
divisões na unidade acadêmica e que retirava sua postula-
ção. Gerou um impacto tão forte no colegiado que o levou
a adiar a sessão para o dia seguinte. Por outro lado, a
campanha política da diretoria da SASSIA consistia em
visitas noturnas às casas dos professores catedráticos, pe-
dindo votos mesmo para o outro candidato que, segundo
opinião dos professores assistentes mais antigos, era uma
pessoa mais flexível, aberto ao diálogo e com visão mais
moderna. Retomada a reunião da congregação no dia se-
guinte, o vice-reitor candidato a diretor foi escolhido por
maioria quase absoluta, com exceção do voto do represen-
tante dos assistentes.

O novo diretor nomeado foi o até então ex- vice-
reitor, Professor Renato de Almeida Braga que, tão logo
assumiu o cargo, mandou chamar os membros da diretoria
da SASSIA, eu ocupava o cargo de secretário, que já esta-
vam preparados para a possibilidade de afastamento de

33

funções e cargos dado o clima político existente no País
em que, por qualquer motivo, atitudes interpretadas como
subversão seriam objeto de punição. Fui o primeiro a ser
chamado ao gabinete do novo diretor, que foi logo dizen-
do: “Albuquerque, preciso que você venha trabalhar comi-
go ocupando a função de coordenador do Setor de Exten-
são do CCA”. Passado o susto por essa postura jamais
imaginada por mim, respondi: “Senhor Diretor, como é do
seu conhecimento, trabalhei juntamente com os meus
colegas da SASSIA pela candidatura contrária.” Recebi
com essa atitude do novo diretor do CCA, uma das maio-
res lições de minha vida e tive oportunidades de aplicá-la
no futuro, quando ocupei cargos de direção: ”Menino,
eleição é eleição. Temos que trabalhar pela Instituição e
vamos esquecer o processo eleitoral”.

Passei a trabalhar com o novo diretor e meu antigo
professor, aprendendo muito com a sua experiência admi-
nistrativa, pois havia sido Secretário de Estado da Agricul-
tura, Secretário da Fazenda, Vice-Reitor da UFC, Diretor
da Escola de Agronomia e Deputado Estadual. Intelectual
pertencente à Academia Cearense de Letras, ao Instituto
do Ceará, à Sociedade de Geografia do Ceará, fora tam-
bém ex-presidente da Sociedade Cearense de Agronomia,
atual Associação dos Engenheiros-Agrônomos do Ceará,
assim como autor de inúmeros livros, dentre os quais des-
tacam-se “Plantas do Nordeste, Especialmente do Ceará” e
“Historia da Comissão Científica de Exploração”.

34

Iniciou-se, então, uma série de atividades visando
comemorar os 50 anos de criação da Agronomia (1968),
infelizmente interrompidas pelo falecimento súbito, vio-
lento enfarte, do Professor Renato Braga. Assumiu a dire-
ção do Centro o vice-diretor Professor Américo Gomes
por um curto período, pois que o diretor falecido não
completara um ano de gestão. Começa um novo período
eleitoral para a escolha de diretor, com modificações na
legislação universitária permitindo que professores assis-
tentes pudessem ser votados e nomeados para cargos ad-
ministrativos. Tivemos assim dois candidatos a diretor: o
vice-diretor em exercício e o professor assistente Otávio
de Almeida Braga, filho do diretor falecido. Foi uma cam-
panha repleta de boatos de alguns professores catedráticos
e de receios dos professores assistentes e auxiliares de
ensino em relação a serem taxados de subversivos, in-
fluência da política e do poder militar existente. A direto-
ria e a maioria dos associados da SASSIA apoiaram o co-
lega candidato, mesmo com possíveis riscos funcionais.

O resultado eleitoral foi a vitória e a posterior no-
meação do professor assistente Otávio de Almeida Braga,
como diretor do CCA, tendo início novas experiências
administrativas: convênios, criação do Curso de Gradua-
ção de Engenharia de Pesca, intensificação do programa
de pós-graduação dos docentes, começo de construções de
novos prédios departamentais decorrentes do Convênio
UFC/BID, chegada de mais professores americanos vin-
dos da Universidade do Arizona e montagem de novos
laboratórios.

35

A PÓS-GRADUAÇÃO

O Departamento de Economia Agrícola (DEA) do
CCA/UFC firmou um convênio com a Fundação
Ford/BNB para criar e implantar um curso de mestrado em
Economia Rural, o primeiro curso de pós-graduação na
área das Ciências Agrárias e um dos primeiros da própria
UFC. Para tal seria necessário ter certo número de profes-
sores com qualificação em nível de mestrado ou doutorado
obtidos em universidades brasileiras ou estrangeiras. A
Fundação Ford dava preferência às universidades ameri-
canas, o que exigia da parte do nosso Departamento a saí-
da de docentes para cursarem a pós-graduação no Exterior.

O DEA tinha um total de oito professores na época,
dos quais dois possuíam o mestrado e outros dois ainda o
estavam cursando. Assim, mais dois outros tinham condi-
ções de sair para cursar a pós-graduação. Um destes, já
qualificado com mestrado, estava apto para cursar o dou-
torado, e o outro, que seria eu, era possuidor somente da
graduação. Fui, então, selecionado para cursar pós-

36

graduação na Universidade de Wisconsin-Estados Unidos,
no Campus de Madison, na época com mais de 30.000
estudantes, sem contar os de outros campi, com destaque
para o de Milwaukee. No ano de 1970, ali cheguei para
cursar mestrado em Extensão Rural, no Colégio de Agri-
cultura a que estava vinculado o Departamento de Exten-
são Rural.

Estudar em uma universidade americana, mormen-
te na de Wisconsin, era uma experiência desafiadora por
várias razões: pela barreira da língua, pela convivência
com estudantes de várias nacionalidades, pela grandiosi-
dade da estrutura universitária, pela metodologia diferen-
ciada, pelos valores culturais, com dominância anglo-
saxã, sociedade que tinha um lado liberal, mas era, ao
mesmo tempo, conservadora com forte traço de individua-
lismo e presença constante da competição. O Campus era
extenso, com muito verde, vários e imponentes prédios,
grandes e bem equipados laboratórios, diferentes e vastas
bibliotecas, praças de esportes e lazer, inúmeros restauran-
tes e lanchonetes, blocos de residências para professores e
alunos de pós-graduação, excelente infraestrutura de vias
públicas, sistema de distribuição de água, esgoto, gás en-
canado e calefação, eficiente serviço de manutenção como
consertos de prédios, instalações elétricas e hidráulicas,
poda de árvores etc., limpeza impecável dos ambientes
universitários e constante coleta de lixo, prestativa presen-
ça da polícia universitária e uma sinalização perfeita, indi-
cando, com detalhes, os principais locais do Campus.

37

Na distribuição espacial do Campus, tinha destaque
o prédio da Biblioteca Central, cercado pelos que concen-
travam as salas de aula, os laboratórios, os gabinetes de
professores, os setores administrativos da Universidade,
bem como os ambientes externos de vivência universitária,
como que mostrando que a Universidade é sobretudo uma
biblioteca, local de estudo e fonte de pesquisa para novos
conhecimentos. A Universidade de Wisconsin era forte em
várias áreas do saber. Dentre outros, na agricultura, medi-
cina, física, matemática, nas ciências sociais. Contava com
um corpo de professores todo ele pós-graduado (doutores),
inúmeros recursos financeiros advindos de fundações pri-
vadas e públicas, convênios com entidades nacionais e
internacionais, além de doações de ex-alunos, tendo um
programa de pesquisa em diferentes setores do conheci-
mento técnico-científico, apoiados pela qualidade profissi-
onal de seus professores e pesquisadores, com envolvi-
mento substancial dos alunos de pós-graduação. As ativi-
dades de extensão universitária tinham destaque especial
no cenário das universidades americanas em diferentes
metodologias e ambientes.

A Universidade naquela época já usava, na matrí-
cula dos alunos, assim como no controle dos livros nas
bibliotecas e da vida escolar dos alunos, a computação. Os
departamentos acadêmicos tinham autonomia financeira,
havendo flexibilidade na utilização dos recursos: qualquer
solicitação para viagens e utilização de material era resol-
vida em nível dos departamentos, muitas vezes através das
secretárias.

38

O curso de pós-graduação na Universidade de
Wisconsin era o que poderíamos chamar de uma “metodo-
logia de autoestudo dirigido”, uma vez que o professor
americano não dá detalhadamente o conteúdo do assunto
tratado na sala de aula e sim os tópicos principais, indi-
cando fontes de leituras encontradas nos livros e nas re-
vistas especializadas, estabelecendo, em seguida, temas
diferentes para cada aluno escrever um trabalho, os cha-
mados papers, para ser apresentado na próxima aula. Os
alunos, então, procuravam, na biblioteca, os livros e revis-
tas indicados que havia todos e em número suficientes,
para realizarem suas leituras, escreverem seu trabalho e
apresentarem-no, muitas vezes, na próxima aula.

Após viver intensamente essa experiência, depois
de dois anos, retornei ao Brasil, tendo uma visão diferen-
ciada do que deve ser uma universidade de qualidade, a
importância que ela deve exercer no meio social, trazendo
comigo o título de Mestre, com muita disposição para
inovar.

39

O RETORNO

Retornei ao Brasil em agosto de 1972, imbuído do
desejo de dar maior contribuição às tarefas de docência,
ministrando melhores aulas, participando de novos proje-
tos de pesquisa, tendo maior envolvimento nas atividades
de extensão e, sobretudo, esperançoso de poder escrever
um livro em minha área de especialização, dado o vasto e
inovador material bibliográfico que trouxera, em número
alentado de livros, revistas técnico-científicas e anotações
pessoais sobre os cursos realizados. Não fazia parte de
meus projetos exercer cargos administrativos. Como expe-
riência administrativa fora da Universidade, havia passado
apenas pelo Serviço de Extensão Rural do Rio Grande do
Norte (Chefe do escritório local) e pelo Ministério da
Agricultura (Coordenador da Comissão de Desenvolvi-
mento no Vale dos Carás- Região do Cariri-CE). Já no
Centro de Ciências Agrárias, CCA-UFC, havia exercido a
coordenação do Curso de Graduação de Agronomia e a
coordenação de Extensão do Centro antes de cursar a pós-
graduação.

40

O Diretor do Centro de Ciências Agrárias, Profes-
sor Faustino de Albuquerque Sobrinho, que fora Chefe do
Departamento de Economia Agrícola, alguns meses após
minha chegada de Wisconsin, foi designado vice-reitor da
Universidade. Como não havia, na ocasião, um vice-
diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFC, o Reitor
Professor Walter Cantídio (1971-1975) precisava indicar
um diretor pro tempore para o Centro. Foi-lhe entregue
uma lista com os nomes de seis professores, entre os quais
o meu, apesar de eu haver reiterado, pois que não tinha
tais pretensões. Passados alguns dias, fui chamado ao ga-
binete do Reitor que anunciava a escolha de meu nome
para diretor do Centro, e afiançou que a minha temporada
à frente da diretoria seria breve, até a nova escolha de ou-
tro diretor, mas minha temporariedade, duraria mais de
um ano, de março de 1974 a julho de 1975.

Com a posse do Professor Pedro Barroso (1975-
1979) como Reitor da UFC, tivemos várias mudanças. Tão
logo assumiu, mandou proceder às eleições para diretores
de Centros e parcela significativa dos professores do CCA
manifestou-se no sentido de que eu deveria concorrer. Fui
indicado para um mandato de quatro anos (1975-1979).
Começaria uma nova e desafiadora tarefa na minha vida
profissional: dirigir a Instituição em que fora formado, ter
ex-professores como subordinados, tratar assuntos de inte-
resse do Centro diretamente com a administração superior
da Universidade, lutar por mais recursos junto a entidades
internacionais, federais, estaduais, ter que resolver as

41

pendências relativas aos corpos docente, discente e admi-
nistrativo, enfim, enfrentar desafios e criar oportunidades.

A ação inicial teria que ser inovadora, a partir da I
Reunião de Avaliação do Ensino, Pesquisa e Extensão do
CCA, realizada na Colônia de Férias de Iparana do Servi-
ço Social do Comércio (SESC), situada no município de
Caucaia, reunindo todos os professores e representação
dos alunos durante cinco dias. Ocorrida em outubro de
1974, contou com o apoio pedagógico da Associação Bra-
sileira de Ensino Agrícola Superior (ABEAS). Dessa reu-
nião surgiram sugestões para melhoria de nossas ativida-
des, possibilitando estabelecer uma agregação maior e o
aumento da autoestima dos que faziam o Centro. Foi um
completo sucesso e permitiu que pudéssemos realizar ou-
tra idêntica em agosto de 1978.

Devido ao retorno de maior de número de profes-
sores do CCA com cursos de pós-graduação concluídos no
País ou no Exterior, o ensino teve um crescente desenvol-
vimento. Acelerou-se a montagem e o funcionamento dos
novos cursos de mestrado do CCA. Existia um só curso, o
de Economia Rural (1971). Conseguimos pôr em funcio-
namento o Mestrado de Tecnologia de Alimentos (1975),
de Ciências do Solo (1975), de Engenharia Agrícola
(1975) e de Zootecnia (1977), o que nos possibilitou ter-
mos em 1979, um total de 64 teses defendidas e 150 alu-
nos matriculados. Outras conquistas em nível de gradua-
ção: foi criado o Curso de Tecnologia de Alimentos
(1975); elaborado um novo currículo do Curso de Agro-

42

nomia (1975); obtido o reconhecimento pelo Conselho
Federal de Educação dos Cursos de Graduação em Enge-
nharia de Pesca (1977) e de Economia Doméstica (1978),
sendo também formadas as primeiras turmas.

A pesquisa teve grande desenvolvimento no Cen-
tro, destacando-se o progresso atingido pela qualificação
de seus professores e técnicos com mestrado ou doutorado
(36 até 1979); houve melhorias decorrentes de novos e
bem equipados laboratórios e casas de vegetação; amplia-
ção do acervo bibliográfico; firmaram-se novos convênios
com entidades estaduais, regionais, nacionais e Internacio-
nais que permitiram o aporte de maiores recursos financei-
ros. Foram elaborados o Plano Integrado de Pesquisa do
CCA (1975) e as Linhas de Pesquisa do CCA (1977), a
aquisição da parte do Ministério da Agricultura da fazenda
“Lavoura Seca”, situada no município de Quixadá-CE,
para servir de base de pesquisa sobre o semiárido; a publi-
cação de vários trabalhos de pesquisa na Revista Ciência
Agronômica-CCA (semestral), correspondentes aos núme-
ros 1 e 2 do ano de 1972 até os números 1 e 2 do ano de
1978, com um total de 100 trabalhos científicos.

A extensão teve várias atividades como realizações
de seminários, simpósios, dias de campo, excursões, edi-
ções de informativos e outros materiais sobre as ações
desenvolvidas no Centro. Também houve apoio à monta-
gem e a execução de congressos estaduais e nacionais rea-
lizados no âmbito do CCA, prestou serviços através dos
diversos laboratórios existentes nas nossas unidades, em

43

um total de 18000 amostras de solos, de sementes, de ra-
ções e de matérias de fitopatologia (até 1979) analisadas
por solicitação de diferentes segmentos da comunidade.

Tivemos um cuidado especial quanto à melhoria da
qualificação do corpo docente, continuando com estímulos
para que o programa de treinamento em nível de pós-
graduação tivesse incremento de novos participantes.
Realizamos o “I Curso de Metodologia de Ensino” (1975)
em convênio com o Instituto Internacional de Ciências
Agrárias (IICA)/Associação Brasileira de Ensino Agrícola
Superior (ABEAS), em trabalho pioneiro na UFC, bem
como a efetivação do” II Curso de Metodologia de Ensino
“(1976) com o apoio do IICA/ABEAS. Para auxiliar os
nossos docentes nos seus trabalhos técnico-científicos e
para que, ao mesmo tempo, nossos alunos pudessem ter
mais material de leitura, aumentamos o acervo da bibliote-
ca em mais 4.184 livros (1974 a 1979).

No que diz respeito à melhoria da infraestrutura do
Centro, conseguimos realizar, entre outras ações, as se-
guintes atividades: conclusão e funcionamento dos pré-
dios-blocos dos Departamentos de Fitotecnia (1975); En-
genharia Agrícola (1975); construção do prédio e funcio-
namento do Laboratório de Sementes (1975); conclusão
dos prédios para a administração, refeitório e dormitório
da Fazenda Experimental Vale do Curu (1977-1978), situ-
ada no Município de Pentecoste-CE; reforma e adaptação
dos antigos prédios dos Departamentos de Fitotecnia e
Engenharia Agrícola para servirem, respectivamente, de

44

sede para os Departamentos de Economia Agrícola (1975)
e Engenharia de Pesca (1975); construção de oito novas
casas de vegetação, destinadas aos trabalhos de pesquisa
relativos à Fitotecnia, Solos e Engenharia Agrícola (1975-
1978); construção de novos laboratórios de Virologia Ve-
getal (1978) e de cinco, para Tecnologia de Alimentos
(1976-1978); construção de novas salas de aula e de estu-
do para alunos dos cursos de mestrado em Zootecnia, Ci-
ência do Solo, Engenharia Agrícola e Tecnologia de Ali-
mentos; melhorias nos gabinetes dos professores de todos
os departamentos, compreendendo colocação de aparelhos
de ar-condicionado (1975-1978), melhoria de iluminação,
montagem de sistemas de comunicação entre professores e
secretárias dos departamentos (1976-1978); colocação de
noventa ventiladores de teto nas salas de aula, nos labora-
tórios e na biblioteca do Centro (1975-1978); ampla re-
forma nas instalações do estábulo e pocilga do Setor de
Zootecnia (1977); modificações no prédio da Diretoria do
Centro, afora outros serviços menores, mas necessários,
como praças de lazer em frente a cada departamento; sina-
lização das diferentes áreas do CCA; pavimentação com
pedras de paralelepípedo num total de 2.000 metros entre
diferentes setores, substituição e construção de linhas de
transmissão de eletricidade dentre outros. Novos equipa-
mentos foram adquiridos para os laboratórios dos diferen-
tes departamentos; foi adquirida impressora “off set” e
máquinas fotográficas para o setor de impressão, até então
existente no Centro; aquisição de novos veículos e vasto
material químico e de consumo nos trabalhos de pesquisa

45

ou de ensino, oriundos de recursos financeiros, em sua
maior parte, dos diferentes Convênios do CCA existentes.

Alguns programas decorrentes de convênios inter-
nacionais já existentes e consolidados que visavam sobre-
tudo, à qualificação de docentes, à melhoria e ampliação
das atividades de pesquisa e extensão universitária, à aqui-
sição de equipamentos, à implantação de novos cursos
(graduação e pós-graduação) e à contratação de novos
docentes e técnicos no CCA. Merece destaque o PEA
(Programa de Educação Agrícola), em convênio com a
Universidade do Arizona que teve duração de dez anos,
findando em 1973, com resultados positivos. Baseado em
experiências de vários outros programas similares ao PEA,
como o da Universidade Rural de Viçosa-
MG/Universidade de Purdue/Indiana, o da Universidade
Federal do RGS/Universidade de Wisconsin e o da Escola
Superior de Agricultura de Piracicaba-SP/Universidade de
Ohio, o Ministério da Educação resolveu criar novo Pro-
grama de Educação Agrícola Superior (PEAS) em convê-
nio com a Universidade de Michigan que envolveria várias
universidades brasileiras com cursos na área das Ciências
Agrárias e as que desejassem criá-los, desde que classifi-
cadas entre as dez melhores do País, de acordo com levan-
tamento do Ministério da Educação. O CCA/UFC foi en-
tão classificado como o terceiro melhor Curso de Agro-
nomia do País, depois do de Piracicaba-SP e ao de Viçosa-
MG e incluído no PEAS (1975-1978), tendo ajudado a
montar o Centro de Ciências Agrárias da Universidade
Federal de Mato Grosso. Outro programa internacional

46

com que o nosso Centro firmou convênio, visando, desta
feita, a uma experiência europeia, foi o de intercâmbio
com a instituição francesa ORSTOM (Office De La Re-
cherche Scientifique et Technique D’Outre-Mer), no perí-
odo de1978-1981, que possibilitou a alguns dos nossos
docentes vivências em países africanos de língua francesa
além da própria França.

Foram incrementadas bolsas de estudo para os dis-
centes através das diferentes atividades de pesquisas de-
correntes dos vários convênios existentes com entidades
nacionais (SUDENE, BNB, Ministérios, Governo Estadu-
al) e Internacionais que possibilitavam mais recursos fi-
nanceiros na aplicação de bolsas; apoio aos alunos nas
participações de jogos universitários; criação de prêmios
visando a uma melhor qualificação dos alunos como
“Prêmio Professor Renato Braga” para o melhor aluno
concludente do Curso de Agronomia; ”Prêmio Professora
Maria Gonçalves” para o melhor do Curso de Economia
Doméstica” e “Prêmio Professor Ademar Braga” para o
melhor do Curso de Engenharia de Pesca; reorganização
da Associação Atlética do CCA; apoio na realização de
simpósios, seminários e semanas temáticas organizados
pelos alunos e incentivos à participação dos alunos nos
colegiados do Centro. Na administração, propriamente
dita, procuramos descentralizar os recursos financeiros,
estabelecendo cotas por Departamentos, trabalhando junto
à administração superior da Universidade pela abertura de
novas vagas para docentes e administrativos, aquisição de
equipamentos visando à melhoria da gestão e, ao treina-

47

mento de mais docentes e administrativos. Estabelecemos
a elaboração regular de relatórios anuais das atividades
desenvolvidas pelo Centro, bem como a divulgação, por
informativo mensal, dos trabalhos do CCA.

Evento importante para o Centro foi a comemora-
ção dos 60 Anos (1978) de criação da antiga Escola de
Agronomia (atual CCA), com as seguintes atividades: lan-
çamento de um selo especial pelos Correios; sessões espe-
ciais da Assembleia Legislativa do Estado e das Federa-
ções das Classes Produtoras; dias especiais de campo na
Fazenda Experimental do Vale do Curu, em Pentecoste-
CE, levando produtores rurais, técnicos de entidades, auto-
ridades universitárias, jornalistas e estudantes; palestras
para autoridades e convidados especiais na sala do Conse-
lho Departamental; visitas aos diferentes setores do Cen-
tro; ampla divulgação do evento pelos diversos meios de
comunicação do Estado; lançamento do livro do Professor
Francisco Alves de Andrade intitulado “Ensino e Desen-
volvimento das Ciências Agrárias no Nordeste (Ceará)
1918-1978”, com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.

Esse período em que estive como diretor do Centro
não foi só de calmarias. Tivemos momentos de tribulações
e conflitos decorrentes de ações pessoais e visões diferen-
ciadas de membros da comunidade universitária, bem co-
mo de diferenças de estilos de administrar da parte de al-
guns componentes da administração superior da Institui-
ção. Um desses episódios ocorreu no âmbito do próprio
CCA: o Curso de Graduação de Engenharia de Pesca, até

48


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