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Published by ㅤㅤㅤ ㅤ, 2016-11-10 13:56:36

ㅤㅤㅤ ㅤㅤ

(p(e]g]n[3(3(4

VENTURE BUILDER DA UNIVERSIDADE
Conheça quatro grupos de empreendedores que criaram ambientes de incubação PARA A GÔNDOLA

eGENIUS GRUPO XANGÔ HEALTHPLUS INCUBE Ofarmacêutico Wendel
Financiada por Holding criada em Grupo de 40 sócios Fábrica de apps para Afonso, 35 anos, conse-
um consórcio de 2011 por Marco de que acaba de se celular fundada em guiu um feito ainda ra-
empreendedores Mello (ex-Microsoft) juntar para investir até 2012 e que já lançou ro no Brasil. Enquanto
(entre eles Tallis para lançar startups. R$ 300 mil em sete produtos como o Vá cursava mestrado na Universida-
Gomes), investe em Seu produto de maior empresas brasileiras de Táxi e o sistema de Federal de Minas Gerais, ele con-
tecnologias para sucesso é o antivírus que trabalham com de pagamentos KiiK. venceu dois colegas e uma profes-
mobile marketplace PSafe, com 25 saúde, bem-estar e Também investiu no sora (que pesquisava há mais de
e em fintechs. milhões de usuários. telemedicina. início da 99Motos. duas décadas alimentos destina-
dos a quem possui doenças raras)
a montar uma empresa e levar o co-
nhecimento para o mercado. “Mui-
ta gente do meio acadêmico torceu
o nariz e até vetou algumas inicia-
tivas nossas, mas não desistimos”,
diz Afonso. Assim nasceu a Invita,
que desenvolve fórmulas de ali-
mentos em pó para a nutrição de
bebês nascidos com condições clí-
nicas especiais, como alergia a pro-
teínas do leite. “Hoje, batemos de
frente com Nestlé e Danone”, diz
Afonso. Desde que os produtos fo-
ram lançados, em 2010, o negócio
cresce 200% ao ano. O faturamento
em 2016 deve ser de R$ 3 milhões.
A Invita foi gerada dentro da incu-
badora da UFMG e há dois anos
migrou para outra: a Habitat, liga-
da à fundação Biominas, especia-
lizada em biotecnologia. Por inter-
médio delas, a empresa já captou
R$ 3 milhões em editais públicos
e um aporte de R$ 500 mil do fun-
do Criatec. “Sem esse apoio, não
teríamos fôlego para enfrentar to-
dos os testes clínicos necessários”,
diz Afonso. Agora, a Invita começa
a diversificar o perfil de clientes.
Neste ano, foi lançada uma versão
gelada do whey protein para atletas.

HABITAT IEITEC (Canoas/RS) INSTITUTO GÊNESIS MIDI TECNOLÓGICO NEMP (Santa Rita
do Sapucaí/MG)
(Belo Horizonte/MG) Ligada ao sindicato das (Rio de Janeiro/RJ) (Florianópolis/SC)
Criada em 1997 por uma indústrias metalmecânicas, Incubadora da PUC-RJ, a Vinculada à Associação Mantida pela instituição
fundação de direito priva- tem como objetivo esti- Gênesis já figurou entre as Catarinense de Empresas de ensino privada Inatel,
do, apoia 30 startups da mular o setor produtivo da dez melhores no ranking de Tecnologia e ao Sebrae, possui infraestrutura para
área de ciências da vida, região. Acolhe 13 startups global da consultoria UBI mantém 13 empresas re- desenvolver 11 empresas
tais como saúde humana e que desenvolvem produtos Index. Seu foco está nos sidentes e dez incubadas simultaneamente em áreas
animal, agronegócios, insu- para mercados como segmentos de energia virtualmente (fora do seu relacionadas à tecnologia
mos e meio ambiente. Um biotecnologia, automação e petróleo, logística, espaço físico). De modo da informação, eletrônica e
projeto prevê dobrar suas industrial, petróleo, gás, geoprocessamento, meio geral, prospecta negócios telecomunicações. Privile-
instalações em 2017. naval e logística. ambiente, entre outros. em hardware e software. gia alunos e ex-alunos.

FOTO: JOÃO MARCOS ROSA/NITRO/Editora Globo NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 1

CAPA STARTUPS

PARQUES TECNOLÓGICOS

VOCAÇÃO UMA CHANCELA mas da pele”, diz Betina Zanetti
REGIONAL QUE ABRE PORTAS Ramos, 38 anos, que abriu a em-
PARA O MUNDO presa em 2009 depois de con-
Ao concentrar diversas instituições cluir o doutorado em farmácia
Um bom exemplo de co- (uma parte na UFSC e outra na
de apoio à inovação num só lugar, mo a colaboração num França). Ela foi acolhida pela in-
parque acontece na cubadora Celta, no parque tec-
parques focam naquilo que cada prática é o recém-inau- nológico Alfa. Há um ano, a em-
gurado InovaLab, um centro de presa se graduou (ficou “gran-
região tem a oferecer de melhor inovação instalado dentro do Sa- de” para a incubadora) e mudou
piens Parque, em Florianópolis de endereço. Embora esteja ho-
Um parque tecnológico é a concepção mais (SC). Resultado de um investi-
avançada que existe na integração entre mento de R$ 1,5 milhão, o espaço
startups, grandes empresas, universidades é compartilhado por pesquisado-
e centros de pesquisa geograficamente res da Fundação CERTI, entida-
próximos. Dados do governo federal de de fomento à inovação, fun-
confirmam a eficiência desse modelo — para cionários da área de pesquisa
cada R$ 1 investido pelo poder público nos da Philips e representantes de
parques, R$ 3,6 são gerados em negócios. diversas outras PMEs inovado-
A chave dos bons resultados é o dinamismo ras. Entre elas, está a Nanoveto-
que acontece quando se junta num res, que patenteou uma pelícu-
ambiente favorável uma imensa variedade la feita com nanotecnologia pa-
de organismos inovadores. Segundo o último ra proteger princípios ativos de
levantamento da Anprotec, a associação produtos como remédios e cos-
de parques e incubadoras, o Brasil contava méticos. “Num creme conven-
com 94 parques tecnológicos em 2014. cional, os ativos estão ‘soltos’ e
“A beleza dos parques está em estimular interagem com os demais com-
uma vocação regional, com a exploração ponentes, o que resulta numa
de segmentos fortes e o aproveitamento perda de eficácia. Ao encapsu-
de uma infraestrutura já existente”, afirma lar esses ingredientes, podemos
Sheila Pires, superintendente-executiva assegurar que eles só entrem em
da Anprotec. Os espaços do futuro devem ação quando ativados pelas enzi-
ofertar ainda mais atrativos, com moradias,
escolas e outros serviços que darão
suporte à instalação de famílias dentro dos
empreendimentos. “É o conceito de ‘smart
regions’ [regiões inteligentes], que inclui a
qualidade de vida na equação”, diz Sheila.

TERRENOS PAQTCPB PARQTEC PARQUE DA UFRJ
FÉRTEIS (Rio de Janeiro, RJ)
(Campina Grande, PA) (São Carlos, SP)
Confira oito parques tecnológicos Localizado a 5 km de Sua rede — incubadoras, Localizado na Ilha do
com políticas de incentivo para distância da universidade universidades, labora- Fundão, no campus da
o desenvolvimento de pequenas federal do município, reúne tórios e cerca de 180 Universidade Federal do
e médias empresas mais de 130 empresas de empresas — fez da cidade Rio de Janeiro, hospeda
software e hardware. Hos- um dos principais centros centros de pesquisa de
peda desde startups de de inovação do país. Seu 14 grandes empresas, de
bancos de dados de alta foco está nas engenharias cinco pequenas e médias,
complexidade até simples robótica, elétrica, mecâni- além de seis laboratórios
recicladoras de cartuchos. ca e aeronáutica. e a incubadora da UFRJ.

5 2 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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CÍRCULO DISNEYLANDIA DAS EMPRESAS
VIRTUOSO Por que fazer parte de um parque
Betina Ramos,
da Nanovetores: 1 LINHAS DE SUBSÍDIO
a presença em Agências governamentais
um parque ajudou lançam frequentemente
a amadurecer editais de financiamento
o negócio exclusivos para negócios
sediados em incubadoras
je dentro do InovaLab, até 2018 2014. No portfólio, estão clien- e parques tecnológicos. É o
Betina prevê desocupar o lugar e tes como L’Oréal e O Boticário, caso do programa Primeira
iniciar a construção de uma sede a quem ajuda a produzir cosmé- Empresa Inovadora (Prime),
própria, provavelmente no ter- ticos com efeito prolongado. É administrado pela Finep,
reno do Sapiens Parque mesmo. um modelo acabado de empresa que concede R$ 120 mil
“Vamos duplicar a produção e o que foi gestada com o apoio do não reembolsáveis para
número de funcionários”, diz Be- ecossistema e que agora começa empresas com até dois anos
tina. Neste ano, a Nanovetores a ser — ela própria — uma aglu- de vida e outros R$ 120 mil,
prevê exportar para 22 países e tinadora de outras PMEs, que gi- num segundo momento,
alcançar R$ 20 milhões em re- ram em sua órbita. Como num reembolsáveis em até
ceitas — dez vezes mais que em círculo virtuoso. oito anos sem juros.

2 IMPOSTOS REDUZIDOS
Governos estaduais e
municipais costumam adotar
a renúncia fiscal para projetos
construídos e contratados
dentro dos parques. A
prefeitura de Campina Grande
(PA), por exemplo, dá 50%
de desconto no ISS para
desenvolvedoras de softwares
sediadas no parque da cidade.

3 RATEIO DE DESPESAS
Os parques quase sempre
são geridos por fundações
sem fins lucrativos.
Muitos deles permitem
às empresas instaladas
dividir os investimentos em
infraestrutura. Em alguns
casos, os custos de serviços
básicos, como limpeza,
contabilidade e assessoria
jurídica, também são
compartilhados.

PORTO DIGITAL PQTEC (São José SAPIENS SERGIPETEC TECNOPUC
(Recife, PE) dos Campos, SP)
(Florianópolis, SC) (Aracaju, SE) (Porto Alegre, RS)
É o maior arranjo produtivo É considerado o parque Recém-construído, tem Único parque do estado, Administrado pela
local do Brasil. Se estende mais avançado de São capacidade para receber começou a ser construído PUC-RS, abriga 80 empre-
pelo delta do rio Capiba- Paulo. Junta quatro 500 empresas e deverá em 2009. Abriga mais de sas — 70% são de peque-
ribe, com mais de 250 centros empresariais, três movimentar R$ 4 bilhões 20 empresas, três incuba- no e médio porte, enquan-
empresas e instituições laboratórios, seis universi- ao ano quando estiver doras e seis instituições to 30% são grandes, como
de tecnologia. Hoje, gera dades e duas incubadoras funcionando a pleno vapor. de pesquisa. Atua em três Dell, Microsoft e HP. A
mais de 7 mil empregos e (para indústrias aero- Deve abranger centros de grandes frentes: biotec- atuação se dá nas áreas de
movimenta em torno de espacial, aeronáutica e pesquisa, hotel e serviços nologia, meio ambiente e TI, energia, meio ambiente
R$ 1 bilhão por ano. automobilística). de apoio às empresas. energia e tecnologia. e indústria criativa.

FOTO: CAIO CEZAR/Editora Globo NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 3

CAPA STARTUPS

COWORKING

CONFRARIAS PARA UMA CHUVA
MENTES CRIATIVAS DE MENTORIAS

Mais do que escritórios compartilhados, Uma das empresas hospedadas no Cam-
os coworkings modernos atuam como pus São Paulo, espaço de coworking do
centros de conexão entre empreendedores Google inaugurado em junho deste ano, é
e outros talentos de múltiplas habilidades a Nama. O empreendimento desenvolve
robozinhos virtuais (bots) capazes de substituir
Além da comodidade e do custo (geralmente No dia 20 de humanos no atendimento a clientes usando tec-
mais baixo que o de manter um escritório novembro, às 7h30, nologias de inteligência artificial. Criada em 2014
próprio), duas forças vêm impulsionando pelo publicitário Rodrigo Scotti, 30 anos, e mais
os espaços de coworking como locais o programa Pequenas três sócios, a Nama deverá faturar R$ 2 milhões
apropriados para hospedar uma startup. Empresas & Grandes neste ano. Um dos critérios usados pelo Google
Uma delas é a chance de participar de uma Negócios, da TV GLOBO, para selecionar sua primeira turma de residentes
rede avançada de conhecimento – afinal, exibe uma reportagem foi o desenvolvimento de um modelo de negócio
um caldeirão de ideias costuma surgir disruptivo, ainda que em estágio inicial. “Temos
quando pessoas com diferentes habilidades sobre a geração Y. Haverá uma linguagem própria para construir os robôs,
e perspectivas de mundo se juntam para que leva em consideração a percepção de contex-
resolver um problema. Além disso, a reapresentações às 8h30, tos para tornar a conversa homem-máquina mais
multiplicidade de eventos, como workshops profunda”, diz Scotti. Ele afirma que a experiência
e até sessões improvisadas de videogame, na GLOBONEWS, e no no campus ajudou a construir uma visão mais “pé
gera encontros inesperados e difíceis de CANAL FUTURA, no dia no chão” sobre o negócio. “Você olha para seu ‘fi-
recriar em outro ambiente. A segunda grande 21, às 16h30, no dia 22, lho’ e acha ele perfeito, mas sempre há aspectos
força é o espírito de camaradagem entre para melhorar”, diz Scotti. Do happy hour com
os donos de startups, chamado de peer às 5h, e no dia 27, às 15h. os companheiros de andar até as reuniões mais
pressure (pressão dos pares). Entre um papo formais com mentores do Google, é possível dis-
e outro, é comum que um vizinho de mesa cutir vendas, gestão e até pequenos detalhes da
se transforme em parceiro de negócios, operação. Para uma empresa com apenas dez fun-
fornecedor ou cliente. “Estamos observamos cionários, o networking ganha escala. “Com a tro-
um crescimento vertiginoso na oferta de ca intensa de ideias, conseguimos entender com
coworkings na medida em que aumentam as rapidez quando estamos no caminho certo”, diz
taxas de empreendedorismo no país”, afirma Scotti. Recentemente, a Nama também foi apro-
Fernando Aguirre, diretor do portal Coworking vada no coworking do Cubo, para onde foi aloca-
Brasil. “Dos 378 espaços desse tipo, 140 da a equipe comercial. Por lá, os sócios já tiveram
foram abertos nos últimos 12 meses.” a oportunidade de marcar reuniões com executi-
vos de várias grandes empresas que, de outra for-
ma, dificilmente abririam suas agendas para uma
novata. “Conquistamos um contrato com a con-
sultoria Accenture assim”, diz Scotti.

ESPAÇOS CASA DE VIVER CUBO GOOGLE CAMPUS
DINÂMICOS
(São Paulo, SP) (São Paulo, SP) (São Paulo, SP)
Saiba quais são os Concebido para pais Iniciativa do Itaú e do fundo A cada semestre cerca de 15
coworkings mais quentes e mães com dificuldade Redpoint eventures, tem startups são selecionadas para
do momento e por que de voltar ao trabalho após 5 mil m² e espaço para 250 pes- ocupar a residência fixa — o pro-
você deveria conhecê-los a licença. Aceita a presen- soas. Cada estação custa entre grama inclui mentoria com en-
ça de crianças de 4 meses R$ 80 e R$ 1 mil mensais (em genheiros do Google. O local
a 4 anos. Tem brinquedos contratos de 3 a 12 meses). Tem também abriga aceleradoras,
e serviços de babá. Cobra um andar para workshops, anfi- como a Startup Farm, um audi-
desde R$ 1.500 teatro para 130 pessoas, espaço tório e uma cafeteria. A empresa
(160 h/mês). para café e terraço para eventos. não cobra pelo uso do espaço.

5 4 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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OPINIÕES QUE ESCRITÓRIO IDEAL
VALEM OURO Quatro critérios para
Scotti, da Nama: escolher um coworking
sua startup
recebeu mentoria 1 INFRAESTRUTURA
dos engenheiros E SERVIÇOS
do Google Qualidade do cabeamento
de internet e de telefonia IP,
disponibilidade de salas para
reuniões privadas, mobiliário
e serviços de suporte técnico
são exemplos de itens que
merecem mais atenção.

2 PREÇO E LOCALIZAÇÃO
Compare o valor do aluguel
com a metragem de outros
espaços comerciais da
cidade. O endereço também é
importante para receber clientes
e funcionários: a combinação
entre fácil acesso por transporte
público e estacionamento
nas redondezas é a ideal.

3 PERFIL DE EMPRESAS
HOSPEDADAS
Dê preferência aos locais
que abrigam profissionais de
áreas correlacionadas à sua
e que também hospedam
empresas em diferentes
estágios de desenvolvimento.

4CONEXÃO COM O
ECOSSISTEMA
Observe se os donos do
coworking se preocupam em
criar eventos para aproximar as
startups dos grandes players
e entidades representativas
do mercado. Se existir a
possibilidade de intercâmbio
de hospedagem com outros
espaços, melhor ainda.

GOWORK GUAJA CASA IMPACT HUB PLUG TEMPLO

(8 unidades em SP) (Belo Horizonte, MG) (SP, RJ, MG, SC e PE) (2 unidades em SP) (Rio de Janeiro, RJ)
É a rede com mais empre- Instalado em uma casa Promove eventos para os re- Os espaços, que ficam em O casarão na Gávea de-
sas grandes em seus espa- modernista da década de sidentes (happy hour e Pinheiros e Vila Olímpia, fine-se como um espa-
ços (Uber e Groupon, por 1950, combina a atmosfera workshops). Custa a partir de são equipados com bici- ço multidisciplinar e ofere-
exemplo), um ativo valioso de um café à estrutura de R$ 235 (25 horas/mês) e cletário, chuveiro e lancho- ce diferentes estruturas e
para startups. Cobra cer- um coworking. Oferece pla- R$ 640 (ilimitado). Inaugu- nete. O coworking acei- planos. Todos eles incluem
ca de R$ 11 mil ao ano por nos a partir de R$ 324 por ra em novembro um espaço de ta bichos de estimação e energia, gás, sala de reu-
cada mesa de trabalho. O pessoa, com direito a dez 2.400 m² em São Paulo com sa- também possui salas indi- nião, desconto nos almo-
uso das salas de reuniões dias no coworking ou dez las privativas, local para eventos viduais de trabalho. Cobra ços e cursos do Templo,
está incluso no pacote. horas de sala de reunião. e laboratório com impressora 3D. a partir de R$ 550 por mês. happy hour, água e café.

FOTO: ANNA CAROLINA NEGRI/Editora Globo NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 5

CAPA STARTUPS

EVENTOS

O VALOR DO GRANDES ENCONTROS
NETWORKING Os principais eventos que reúnem empreendedores de sucesso e quem está começando

Se tempo é dinheiro, estabelecer CASE CIRCUITO STARTUP
Conferência anual organizada pela Focado totalmente em networking
critérios para a frequência em Associação Brasileira de Startups na e socialização, tem o formato de
capital paulista. Acontece no dia 7 uma happy hour, facilitando o
eventos e premiações é a mais nova deste mês, juntando mais de 6 mil diálogo entre um grande número
participantes em 50 palestras divididas de pessoas. Acontece em bares
meta de empreendedores no Brasil por temas para atender aos diversos e pubs de cidades como São
estágios de maturidade das startups. Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
Uma ideia muito repetida no mundo
dos negócios diz que os dilemas dos RD SUMMIT INNOVATORS SUMMIT
empreendedores costumam ser muito Um dos maiores eventos brasileiros Conferência promovida em São
parecidos — e as soluções podem estar na sobre marketing digital e vendas Paulo pela +Innovators, projeto
troca de experiências entre eles. Por isso, faz online, acontece uma vez por ano em que conecta empreendedores
sentido preencher parte da agenda com happy Florianópolis (SC). A programação brasileiros com o ecossistema do
hours, palestras, cursos e workshops. “Não dura dois dias e inclui mais de Vale do Silício. Traz palestrantes
faz muito tempo, os fundadores de startups cem palestras envolvendo temas de fora que criaram negócios
ficavam presos aos fóruns de discussão como inbound marketing, inbound disruptivos para discutir tendências
na internet”, diz Juliano Seabra, diretor da sales, SEO e social media. como cloud computing, growth
Endeavor. “Dava para contar nos dedos o hacking e design de produto.
número de confraternizações em que eles VENTURE CAPITAL EXPO
podiam se encontrar.” Bem, a maré virou. Feira em São Paulo que junta investidores STARTUP WEEKEND
Não há um dia sequer em que não haja pelo e startups. Além de palestras, há rodadas Reúne jovens de áreas como
menos meia dúzia de eventos acontecendo de negócio organizadas pelo Sebrae e uma comunicação, marketing e
em grandes cidades do país. O senso de competição de pitchs que distribui US$ 120 tecnologia. Eles se juntam em
pertencimento a uma tribo empolgou uma mil em produtos e mentorias da IBM. equipes e passam um fim de
nova geração de empreendedores, que semana para validar ideias,
encontraram nesses lugares um caminho para SP STARS construir um modelo de negócio,
tentar viabilizar suas ideias com feedback São 12 edições por ano – algumas desenvolver um protótipo e
imediato do mercado. Porém, o excesso de fechadas para mulheres — focadas realizar uma apresentação para
compromissos sociais pode estar fechando em sessões de mentorias individuais uma banca avaliadora. As edições
os olhos de muitas pessoas para o lado duro de 30 minutos cada uma. Nelas, acontecem ao longo do ano
de empreender. “Quando um empreendedor empreendedores iniciantes sentam- (algumas são temáticas, como
gasta mais tempo em eventos e no Facebook se frente a frente com executivos de a SW Women, para mulheres,
do que na própria empresa, tem alguma coisa grandes empresas e investidores. e outra dedicada à fintechs).
profundamente errada”, afirma Seabra.

BEM 100 OPEN STARTUPS ENCONTRE UM ANJO IBM SMARTCAMP LADY PITCH NIGHT
NA FOTO
Patrocinada por com- Promovido anualmente A etapa Brasil seleciona Competição com foco em
Premiações que ajudam panhias como 3M, BRF pela revista PEGN, apro- empreendedores de até startups fundadas por
a ganhar visibilidade e Natura, busca identifi- xima empreendedores sete empresas para fica- mulheres em cinco áreas:
car as cem startups bra- com boas ideias e investi- rem imersos durante dois saúde, entretenimento,
sileiras mais promissoras dores-anjo. Não é preciso dias treinando o pitch e urbanismo, beleza e con-
de cada ano. Os negócios ter uma empresa consti- em mentorias. Os fina- sumo. É organizada pela
selecionados apresentam tuída para participar. Os listas passam para uma Girls in Tech, ONG que
aos executivos das em- seis finalistas ganham fase global de seleção e promove encontros e ca-
presas soluções que po- duas sessões de mentoria podem se apresentar em pacitação para mulheres
dem gerar projetos-piloto. e apresentam seus pitchs. São Francisco, nos EUA. da área de tecnologia.

5 6 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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HOLOFOTE NA INCUBADORA OU
HORA CERTA ACELERADORA?

Desde o dia 8 de setem- Responda ao teste e veja que tipo de auxílio
bro, quando o site ame- pode fazer mais sentido de acordo com o perfil
ricano de empregos e o estágio atual de seu negócio
Glassdor anunciou a
compra da startup brasileira LUCIANA CALETTI 1 Qual é o estágio de desenvolvimento de PONTOS
Love Mondays, os convites para Fundadora do seu principal produto ou serviço hoje? Some os pontos
palestras e encontros profissio- Love Mondays, site | A | A versão preliminar está sendo testada por de acordo com
nais não param de pipocar na sobre salários e possíveis clientes as alternativas
caixa de e-mails de sua funda- vagas de emprego | B | Estamos executando os projetos, mas a assinaladas
dora, Luciana Caletti, 36 anos. versão de testes ainda não está pronta
“Estou escolhendo o que aceitar | C | Estamos colocando as ideias no papel e ABC
com o mesmo critério que sem- ainda não registramos a empresa
pre usei para participar como 1) 1 2 3
plateia. Só vou a eventos com 2 Quanto tempo ainda será preciso para
empreendedores que de fato lançar a versão final no mercado? 2) 3 2 1
empreendem e investidores | A | Mais de um ano
que investem”, afirma Luciana. | B | De seis meses a um ano 3) 2 1 3
Ela conta que frequentar eventos | C | De três a seis meses
deve estar atrelado a uma estra- 4) 1 2 3
tégia da startup. “A entrada em 3 Que tipo de instalação física a empresa
uma aceleradora (ACE, ex-Ace- precisa neste momento? 5) 2 1 3
leratech) serviu para abrir aces- | A | Um espaço razoável para
so a um networking de qualidade demonstrar produtos e serviços 6) 2 3 1
no Brasil”, diz Luciana, que pas- | B | Um pequeno espaço com
sou quase uma década moran- mesas e computadores 7) 1 2 3
do nos Estados Unidos. No ano | C | Laboratórios para fazer pesquisas e testes
passado, ela participou da com- RESULTADO
petição internacional Latin Ame- 4 Qual é o plano para capitalizar
rica Startup Challenge, no Uru- a empresa? Até 11 pontos
guai, e saiu vencedora. “O even- | A | O aporte de capital externo é O negócio parece es-
to é acompanhado por investido- uma necessidade de curto prazo tar pronto para come-
res e blogs do Vale do Silício e foi | B | Podemos esperar até dois anos para obter çar a ganhar escala. O
fundamental para conseguirmos capital de investidores foco é lançar logo um
o primeiro round de investimen- | C | A operação será consolidada por protótipo no mercado.
to externo”, diz Luciana. muitos anos com recursos próprios Falta somente um im-
pulso, que pode ser in-
TECHINNOVATION THE VENTURE 5 Que perfil de conselheiro seria mais vestimento ou acesso
adequado para ajudar seu negócio imediato a potenciais
Desafia meninas de ensi- Iniciativa da empresa atualmente? clientes. A acelerado-
no fundamental, médio e Pernod Ricard que visa | A | Alguém que nos ajude a concorrer a ra é adequada para
universitário a criar, desen- reconhecer negócios que programas de financiamento como Finep, esses casos
volver e lançar um app de propõem mudanças so- CNPq e Fapesp
celular que ajude a solu- ciais ou ambientais posi- | B | Pessoas bem relacionadas que nos coloquem De 12 a 16 pontos
cionar problemas sociais tivas. Os finalistas (um de em contato com investidores do nosso setor A empresa tem um
de suas comunidades em cada país) participam de | C | Especialistas que deem apoio modelo de negócios
12 semanas. Os grupos um curso sobre liderança contábil, jurídico e de marketing em estágio avançado
concorrem a US$ 10 mil e e disputam prêmios que de construção, mas
a uma viagem. somam US$ 1 milhão. 6 Qual é a atividade principal que ainda deman-
de seus clientes? da tempo de análise
| A | Varejo para se comprovar.
| B | Indústria Pode ser interessante
| C | Serviço passar por uma incu-
badora, e, em seguida,
7 Como a empresa vai por uma aceleradora
obter tecnologia?
| A | Vamos comprar tecnologias já A partir de 17 pontos
existentes no mercado O negócio deman-
| B | Vamos encomendar novas da investimentos em
tecnologias de terceiros pesquisa e tempo de
| C | Vamos desenvolver tecnologias próprias desenvolvimento. In-
cubadoras ligadas a
instituições científicas
e de pesquisa estão
mais preparadas para
dar esse tipo de apoio.

FOTOS: DIVULGAÇÃO NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 7

CAPA INOVAÇÃO GLOBAL

AGORAo futuro é

5 8 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016 FOTO: IBL/REX/SHUTTERSTOCK

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UM PASSEIO PELAS TECNOLOGIAS QUE VÃO OS PROGRAMAS
TRANSFORMAR A HISTÓRIA DA HUMANIDADE. DA SINGULARITY
UMA CHANCE DE FUNDAR STARTUPS QUE VÃO
IMPACTAR 1 BILHÃO DE PESSOAS. É ISSO QUE Descubra qual deles
OFERECE A SINGULARITY UNIVERSITY, OBJETO DE combina com o seu perfil
DESEJO DE EMPREENDEDORES EM TODO O MUNDO
PARA QUEM QUER
Federico Ast Zé Otávio MONTAR UMA STARTUP

A data é domingo, 19 de ju- tificial terá superado a humana, FEDERICO A melhor opção é se candidatar
nho de 2016. O local é o e isso levará à singularidade: uma AST ao Global Solutions Program,
NASA Ames Research transformação tecnológica expo- que tem duração de dez semanas,
Park, no coração do Vale nencial, tão rápida e profunda QUEM É: entre junho e setembro, no Ames
do Silício. “Bem-vindos à Singu- que levará a uma ruptura na his- Research Center, no Vale do
larity University”, diz Rob Nail, tória.” Na visão de Kurzweil, o ad- Formado em Silício. O programa tem custo zero
CEO da instituição. “Aqui, pela vento da singularidade deve economia e para os participantes. Há duas
primeira vez na vida, vocês não ocorrer em meados do século 21. filosofia pela formas de concorrer: a primeira
vão ser os esquisitões da turma.” Universidade de é preencher um formulário no
A afirmação é recebida com sor- Sentado entre donos de start- Buenos Aires, site e rezar para ser escolhido; a
risos pelas 80 pessoas, vindas ups milionárias e cientistas com cursa doutorado segunda é participar dos Global
de 40 países, que se espalham doutorados nas melhores em gestão de Impact Challenges, concursos
pelas cadeiras coloridas da sala universidades do mundo, fica empresas na IAE realizados em parcerias com
de aula. Todos passaram por um difícil para este simples Business School. organizações de diferentes países.
rigoroso processo de seleção, empreendedor argentino não se
que filtrou os melhores entre sentir como um impostor. Na O QUE FAZ: singularityu.org/
milhares de inscritos de todo o sala de aula, os países mais bem global-solutions-program/
mundo — há quem diga que é representados são Argentina e Entre 2006
mais difícil entrar no Global So- Israel, com cinco participantes e 2011, foi diretor PARA QUEM QUER
lutions Program (ou GSP, como cada um. Há um paulista no da revista AUMENTAR O IMPACTO
é conhecido o programa mais grupo, Alexandre Gellert Paris, de negócios DO SEU NEGÓCIO
famoso da Singularity) do que fundador da ReBeam (leia texto Materiabiz. É
ser aceito em Harvard. na próxima página) e 173º fundador e CEO A aceleradora da Singulatiry
brasileiro a cursar um programa da Crowdjury, dispõe de um programa de
A SU foi fundada em 2008 por da Singularity. primeiro sistema oito semanas para startups:
Ray Kurzweil, 68 anos, futurólo- de justiça pela a empresa tem que estar em
go e especialista em inteligência A idade média dos participan- internet e dá operação por pelo menos 18
artificial, e pelo empreendedor tes é a mesma de Alexandre: 33 aulas na Univer- meses e buscar resolver um
Peter Diamandis, 55 anos, funda- anos. Entre os mais velhos está sidad del Cema, problema mundial. As startups
dor da Planetary Resources, que Sven, um sueco de 46 anos que em Buenos Aires. aceitas têm direito a um
desenvolve tecnologias para mi- coordena as operações antárti- Participou do investimento de US$ 100 mil e
neração espacial. O objetivo da cas do Instituto Polar da Norue- Global Solutions acesso à rede de mentores da
instituição é educar, inspirar e ga. Os mais jovens da turma são Program em 2016 Singularity. O próximo programa
empoderar os líderes do futuro o holandês Danny Wagemans, 22, começa em fevereiro de 2017.
para que usem tecnologias expo- especialista em nanotecnologia,
nenciais capazes de resolver os e o finlandês Perttu Polonen, 21, singularityu.org/labs
grandes problemas da humani- inventor e músico. Nesta manhã
dade. “A história nos ensina que de junho, estamos prestes a dar PARA EXECUTIVOS
as mudanças tecnológicas são início a um programa de dez se-
muito rápidas”, explica Kurzweil manas que, para muitos de nós, Os Executive Programs
durante a aula inaugural. “Em al- significará uma mudança de acontecem seis ou sete vezes
gumas décadas, a inteligência ar- vida. Para mim, será uma viagem por ano no campus do Vale do
aos recantos mais profundos da Silício. Com duração de sete dias,
oferecem um panorama geral
do impacto de tecnologias
como a biotecnologia, a
nanotecnologia e a inteligência
artificial sobre diferentes
segmentos. O preço de
US$ 14 mil inclui alojamento,
refeições e material.

singularityu.org/
executive-program

PARA CURIOSOS

A Singularity organiza encontros
com duração de três dias em
diferentes países para discutir
o impacto das tecnologias
exponenciais em áreas como
finanças, medicina e indústria.

exponential.singularityu.org
exponential.singularityu.org/
summit/

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 9

CAPA INOVAÇÃO GLOBAL

minha imaginação geek. A EXPERIÊNCIA DE QUEM FOI
A Singularity University fica na
Quatro empreendedores contam como a Singularity influenciou suas trajetórias
base aérea de Moffett Field —
pertinho da cidade de Mountain ALEXANDRE PARIS, FABIO TEIXEIRA,
View, na Califórnia. A base foi
construída na década de 1930. Em 33 anos, ReBeam 37 anos, Hypercubes
1958, foi instalado ali o NASA
Ames Research Park, um dos Formado em gestão Primeiro brasileiro a cursar
mais ativos centros de pesquisa ambiental, o paulista o GSP, em 2014, o carioca
e desenvolvimento nos Estados Alexandre Paris trabalhou na Fabio Teixeira é fundador da
Unidos. É esse centro que serve ONU antes de ingressar na Hypercubes. A empresa usa
de base para a Singularity Uni- Singularity, em 2016. Durante sensores ultra-espectrais
versity, fundada em 2009. A ar- o curso, Alexandre fundou a e inteligência artificial
quitetura permanece a mesma ReBeam, startup que quer para construir satélites de
desde a fundação. Os dormitó- colocar refletores em órbita observação terrestre. A
rios, simples, são compartilha- para aumentar a produção de Singularity University investiu
dos por dois estudantes — a energia solar no mundo. US$ 100 mil no projeto.
maioria não tem televisão. A aus-
teridade dos quartos contrasta Tive meu primeiro contato A Singularity mudou a minha
com a opulência do Global Solu- com a SU em 2012, quando li vida. Pela primeira vez, percebi
tions Program. “O programa The Singularity is Near, de Ray que a combinação entre
conta com 20 professores em Kurzweil. Quatro anos depois, me inscrevi pessoas motivadas e ideias ambiciosas
tempo integral e outras dezenas no GSP como parte de um processo de pode ser extremamente poderosa. Isso
de convidados”, afirma Nick Ha- busca. Sabia que a Singularity colocava mudou minha forma de ver meu papel
an, diretor da edição de 2016. “O a tecnologia a serviço da solução dos no mundo. Como empreendedor, a
custo total por aluno é cerca de problemas do planeta, e era isso que eu transformação também foi enorme. Além
US$ 30 mil.” Vale lembrar que os queria fazer. O curso superou as minhas de investir na Hypercubes, a Singularity me
participantes não pagam um expectativas. As aulas são excelentes, mas o deu acesso a todas as redes do planeta:
centavo — o GSP é bancado por que vou levar comigo para sempre é a rede desde membros de famílias reais até
doações de patrocinadores. de amigos que criei e as discussões incríveis bilionários. Bastam alguns e-mails para
que tivemos. Além disso, estar tão próximo entrar em contato com qualquer pessoa do
Os alunos acordam às 7h30 e da NASA me ajudou a concretizar o sonho planeta. Um dos nossos consultores é Andy
tomam o café da manhã no refei- de criar uma empresa. Logo eu, que nunca Aldrin, filho do astronauta Buzz Aldrin,
tório. Às 8h55, ouve-se a música imaginei trabalhar na indústria espacial.” o segundo homem a pisar na Lua.”
que anuncia o momento de se di-
rigir à sala de aula. Às 9h, tem iní- ONÍCIO LEAL, LINDALIA JUNQUEIRA,
cio a primeira palestra. Ao longo
das oito horas seguintes, especia- 29 anos, Epitrack 51 anos, CEO da Ions Innovation
listas de todo o mundo sobem ao
púlpito para falar de tecnologias Em 2013, o epidemiologista Formada em engenharia de
exponenciais: realidade virtual, pernambucano Onício Leal produção e música, Lindalia
robótica, biotecnologia, nanotec- fundou a Epitrack, ao lado é diretora executiva da Anpei
nologia... Nossa turma viu apre- de Jones Albuquerque, 46. A (Associação Nacional de Pesquisa
sentações de Peter Norvig, espe- empresa usa crowdsourcing e Desenvolvimento das Empresas
cialista em inteligência artificial e algoritmos para detectar Inovadoras) e Diretora de Educação
do Google; Paul Saffo, professor epidemias. Leal garantiu seu da Gávea Angels. Criou o programa
de futurologia em Stanford; Je- lugar no programa executivo de pré-aceleração Espaço NAVE
remy Howard, especialista em ao vencer a competição e foi a responsável pelo Programa
deep learning (algoritmos capa- The Venture Brasil em 2015. de Inovação I9, da Rede Globo.
zes de armazenar uma enorme
quantidade de dados); Aubrey de O que mais absorvi durante o Em 2010, fui selecionada para
Grey, expert em longevidade... É curso foi a meta de impactar fazer o programa executivo.
mais ou menos como se você pu- 1 bilhão de vidas. Quando você A proposta do curso é reunir
desse assistir a dezenas de TED alia inovações disruptivas a um propósi- líderes de todo o mundo de diferentes setores,
Talks no mesmo dia — uma mais to ligado ao bem comum, fica mais fácil com capacitade de gerar impacto. Minha
brilhante do que a outra. transformar a sociedade. Um dos temas passagem pela Singularity foi um divisor de
que mais gostei foi a metodologia de Pace águas: o curso mudou totalmente minha visão
A empolgação de fazer parte de Layers, que ajuda a encontrar soluções de sobre os problemas que afetam o mundo e a
tudo isso é tão grande que às ve- impacto social para o planeta. Agora, o maneira de resolvê-los. Percebi que, por meio
principal desafio é aplicar os ensinamen- de um esforço colaborativo, é possível realizar
tos à minha startup. Estou traçando planos projetos de grande impacto e desenvolver
de curto e médio prazo para transformar lideranças fortes, aqui mesmo no Brasil. A
os processos da empresa, de acordo com rede que formei durante o curso, a EP10, per-
os conceitos que aprendi. Dessa maneira, manece unida até hoje — tanto que fazemos
pretendo dar mais agilidade, flexibilidade, parte da banca responsável por escolher os
robustez e solidez ao meu negócio.” participantes do Global Solutions Program.”

zes até me esqueço da cansativa Há aulas de impressão em 3D,
rotina de estudos: passadas as construção de robôs, programa-
oito horas de palestras, e depois ção de Internet das Coisas usan-
do jantar, a programação conti- do a plataforma Arduino, edição
nua com oficinas de tecnologia. de genes... Em resumo, um pas-

6 0 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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1 mente a vida de 1 bilhão de pesso- 3 biciosos como o carro sem moto-
as?” À medida que o programa rista, que nos explicam técnicas
2 avança, formam-se grupos com- FESTA MUNDIAL de design thinking e elaboração
postos por especialistas em tec- de protótipos. Todas as ideias
seio de 360 graus por tudo o que nologia, designers e empreende- 1. Na cerimônia apresentadas pelos alunos são
vai transformar a vida da huma- dores. Uma das equipes é com- de abertura bem recebidas, desde que sejam
nidade nos próximos anos. Al- posta por meu colega de quarto, do Global ambiciosas: o que eles procuram
guns desses encontros são ses- Nick Walker, um sul-africano de Solutions são inovações disruptivas, capa-
sões de bate-papo com convida- 28 anos especializado em células- Program, zes de melhorar em dez vezes o
dos especiais, que se estendem tronco, e pela argentina Agustina estudantes que já existe no planeta.
pela madrugada. Foi o caso da pa- Fainguersch, de 26 anos. Eles es- mostram suas
lestra de Salim Ismail, autor do tão desenvolvendo um aplicativo bandeiras; O GSP se encerra com uma
best-seller Organizações Expo- capaz de aumentar a eficácia da 2. A sala de aula apresentação final, na qual cada
nenciais: a conversa, regada a vi- vacinação na África. Juntos, o ma- da SU abriga aluno expõe seus projetos. Al-
nho, foi até as cinco da manhã. temático americano Shan Zhao, 80 pessoas; guns deles serão selecionados pa-
31 anos, e o mexicano Plinio Guz- 3. Palestra ra participar do Launchpad, o
O Global Solutions Program mán, 24, desenvolvem uma pla- inaugural programa de aceleração da Sin-
não é apenas um curso de imer- taforma genética para acelerar a aborda o tema gularity. Até o momento, a SU ain-
são em tecnologia de ponta. O ob- descoberta de novos medicamen- central do curso da não atingiu o objetivo de criar
jetivo é encontrar soluções glo- tos. Recebemos as visitas de um uma empresa de 1 bilhão de dóla-
bais para grandes problemas da batalhão de mentores, entre eles res. Uma das promessas nesse
humanidade, em áreas como edu- diretores da X, unidade do Goo- sentido é a Matternet, fundada
cação, água, energia, saúde, meio gle responsável por projetos am- em 2011 por Andreas Raptopou-
ambiente, segurança, habitação los, da Grécia, e Paola Santana, da
e controle de desastres. Na sala República Dominicana. A empre-
de aula, um cartaz estampa a pro- sa, especializada em drones, con-
posta básica do curso: “Como vo- seguiu um aporte de US$ 10 mi-
cê pretende impactar positiva- lhões em agosto de 2016 — entre
os investidores do negócio, está
o fundo americano de venture ca-
pital Andreessen & Horowitz.

Talvez ainda seja cedo para ava-
liar o papel da Singularity como
usina de startups de alto impac-
to. Mas a escola já se transformou
em sinônimo de inovação. Ao lon-
go de dez semanas, no meio des-
se grupo pouco usual de pessoas,
surgiram conversas como: “Se-
remos um dia imortais?” “O que
faremos quando todas as ativida-
des forem realizadas por máqui-
nas?” “Existe um mundo real ou
é tudo uma simulação?” Agora
que o meu tempo na SU acabou,
olho pela janela do lendário Red
Rock Café, que o ensaísta Paul
Graham certa vez chamou de “co-
ração do Vale do Silício”, e tento
resumir o que foi a minha expe-
riência na Singularity University.
Para mim, foi como passar uma
temporada dentro de uma
obra-prima da ficção científica.
Dez semanas vivendo o melhor
que o futuro tem a oferecer.

Tradução: Beatriz Velloso

FOTOS: DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 1

CAPA AGRITECHS

REVOLUÇÃO
NO CAMPO
Edson Valente Rodrigo Fortes

6 2 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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AS STARTUPS ESTÃO TRANSFORMANDO um dos setores mais importantes
da economia brasileira, o agronegócio. Com soluções de ponta para aumentar
a produtividade na agricultura e na pecuária, e ferramentas que ajudam o
produtor rural a tomar melhores decisões, as empresas de tecnologia
formaram um novo segmento, batizado de agritech.

O sucesso dessas startups es- controle de estoque e da mão ciativas internacionais como o
cora-se em três fatores: a pre- de obra. Os recursos tecnoló- europeu COSME. “Esse projeto
sença de centros de pesquisa de gicos para atingir todos esses integra os maiores polos do seg-
excelência, em que profissionais objetivos incluem aplicativos mento no mundo — Wagralim,
são treinados desde a gradua- mobile, internet das coisas, da Bélgica, Vitagora e Valorial,
ção; o suporte das incubadoras imagens de satélite, drones e da França, e Food Valley, da Ho-
e das aceleradoras que abrigam computação em nuvem. landa —, que agrupam centros
os projetos; e os aportes dos A região de Piracicaba, no in- de pesquisa e grandes compa-
fundos de investimentos e das terior paulista, é um polo de em- nhias internacionais”, diz o pre-
grandes empresas do setor. “A preendimentos do ramo. É lá que sidente da incubadora. “A Esalq
vocação brasileira para a agri- ficam a Esalq-USP (Escola Supe- foi aceita para representar o Ag-
cultura torna o país um ótimo rior de Agricultura Luiz de Quei- TechValley nesse cluster.” Ou-
celeiro para inovações”, afirma roz, da Universidade de São Pau- tras instituições de ensino e
Francisco Jardim, sócio-funda- lo) e sua incubadora, a EsalqTec. pesquisa que formam empreen-
dor e gestor do fundo de inves- A entidade abriga hoje dez em- dedores de agritech são Uni-
timentos SP Ventures. presas residentes que trabalham camp (Universidade Estadual
De acordo com a ABStartups com inovação tecnológica. Mas de Campinas), UFSCar (Univer-
(Associação Brasileira de Start- há outras 50 que têm um víncu- sidade Federal de São Carlos),
ups), existem 72 empresas nes- lo formal com a incubadora e usu- Unesp (Universidade Estadual
se ramo hoje no Brasil — nú- fruem de benefícios como a pre- Paulista Júlio de Mesquita Fi-
mero que, segundo a entidade, sença em eventos para conhecer lho) e ITA (Instituto Tecnológi-
deve triplicar nos próximos 12 investidores. “No último ano, do- co de Aeronáutica).
meses. Dentre as soluções ofe- bramos o número total de star- Em sua maioria, as startups
recidas por essas startups, es- tups acampadas”, afirma Mateus reúnem pesquisadores e profis-
tá o mapeamento da produtivi- Mondin, presidente da EsalqTec. sionais que já têm experiência
dade das fazendas por meio de A concentração de empreen- na indústria. É o caso da IBI
análises do solo, de condições dedores na região deu origem Agentes Biológicos, de Araras
climáticas e da qualidade das ao chamado Vale do Piracicaba, (SP), uma das incubadas pela
plantas. É possível ainda oti- ou AgtechValley, encabeçado EsalqTec, fundada por Gabriel
mizar práticas de fertilização pela Esalq desde março deste Maluf, 46 anos. Formado em en-
e de irrigação para economizar ano. Trata-se de uma espécie de genharia civil, ele desenvolveu
insumos. Outro avanço diz res- Vale do Silício do agronegócio sua carreira na área financeira
peito ao monitoramento de pra- que congrega cerca de 80 star- de indústrias sucroalcooleiras.
gas, que são mais rapidamente tups e empresas consolidadas Foi lá que identificou uma opor-
localizadas e combatidas. A — a maior concentração do se- tunidade de atuação no comba-
gestão das propriedades é mais tor na América Latina, segundo te a pragas, usando a biotecno-
um foco, com estratégias de Mondin, e que já faz parte de ini- logia. Para agregar know-how à

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 3

CAPA AGRITECHS

GADO EM REDE

A BovControl reúne dados sobre rebanhos
e dá aos criadores informações sobre a
saúde e a produtividade de cada cabeça

IBI, juntou-se com dois outros QUEM ESTÁ A startup paulistana BovControl é
sócios que são biólogos. DE OLHO NAS especializada na coleta massiva de
STARTUPS dados de rebanhos bovinos. Seu sis-
“Vemos nessas empresas mui- tema já é utilizado por 27 mil fazen-
tos jovens que saem de univer- FUNDOS E das — 45% delas no exterior — e tem
sidades e querem enveredar pe- ACELERADORAS quase 30 milhões de cabeças cadas-
lo empreendedorismo”, afirma tradas. “A plataforma reúne informa-
Manoel Lemos, sócio do fundo Accenture ções sobre o animal, como peso, fo-
de investimentos Redpoint ACE to e identificações sanitárias, gené-
eventures, que aportou um Barn ticas e de medicamentos”, diz Danilo
montante não revelado na Cventures Leão, 36 anos, que fundou a empresa
BovControl, plataforma de in- EsalqTec há três anos e meio com Alecsey Fer-
formações sobre gado bovino. Google Launchpad nandes, 42. Com base nesses dados,
Muitos desses novos empreen- Accelerator a solução determina, por exemplo, o
dedores não são egressos das Redpoint eventures momento ideal para a venda de um
ciências agrárias. É o caso da SP Ventures animal. Tudo funciona a partir do ce-
designer Gabriela Costa, 30 Wayra lular. “Ao criar o produto, considera-
anos, fundadora da Strider, pla- mos a realidade de peões e fazendei-
taforma de tecnologia mobile EMPRESAS ros, que lidam com dados fragmen-
que gera relatórios sobre plan- tados e preferem aparelhos móveis
tações. “A carência de soluções Basf a computadores”, diz Leão. Forma-
de alta qualidade para proble- Coca-Cola do em administração de empresas,
mas do setor me chamou a aten- Embrapa o empreendedor já havia desenvol-
ção”, diz ela. Seus sócios na em- Microsoft vido dois negócios ligados à pecuária
presa são engenheiros nas áre- Monsanto — uma certificadora de bovinos para a
as elétrica e de software. exportação de carne, que já não opera
mais, e uma fábrica de dispositivos de geolocalização e os movimentos da
Outro perfil de empreende- identificação animal, a Polite, ainda cabeça. O software que utilizam é
dor é o de filhos de pequenos ematividade.Em 2013, a BovControl uma adaptação do nosso progra-
proprietários rurais. “Eles sa- foi acelerada pela Wayra, da Tele- ma”, diz Leão. Desde novembro de
em de casa para estudar as tec- fônica, e, em 2015, pelo programa 2015, a BovControl tem participa-
nologias e voltam para aplicá- MassChallenge, de Boston. A em- do de eventos, nos Estados Unidos
-las no meio rural”, diz Mondin. presa já atua na Europa, na Ásia e e no Brasil, que reúnem players das
Essa característica pode aju- nas Américas — há escritórios em tecnologias de “internet of cows”,
dar as startups a vencer um São Francisco e Boston, nos Esta- ou internet das vacas — uma alu-
grande impasse: a adoção da dos Unidos. A internacionalização são à internet das coisas. A startup,
tecnologia na ponta. Muito pro- tem proporcionado à BovControl que não revela faturamento, já re-
dutores estão ainda acostuma- contatos e parcerias com novas cebeu aportes da Naspers e da Re-
dos com as práticas analógicas. tecnologias de ponta. “Engenheiros dpoint eventures. O número atual
É preciso chegar até eles e aju- do MIT, dos EUA, e da Universidade de funcionários, 16, deverá dobrar
dá-los a assimilar as novas so- Federal de Itajubá (MG) criaram um até o final do ano.
luções no dia a dia. “Montar ca- chip que fica no brinco do animal pa-
nais de vendas é um desafio pa- ra determinar sua temperatura, sua O potencial de mercado, a ex-
ra os empreendedores”, afirma pertise dos empreendedores e
Leopoldo Schipmann de Lima, diz. “É um mercado difícil de a inovação das soluções têm
diretor de investimentos da desbravar, sobretudo em rela- chamado a atenção de investi-
Cventures, fundo e acelerado- ção ao pequeno produtor, que dores. “Startups que levam tec-
ra de negócios. “As startups geralmente dispõe de menos nologias como internet das coi-
precisam se aproximar de con- recursos e está entrando no
sultores e vendedores de pro- mundo digital.”
dutos agrícolas, para que esses
intermediários de confiança
do produtor referendem as tec-
nologias que são oferecidas”,

6 4 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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IRRIGAÇÃO POR SATÉLITE

Solução desenvolvida pela Agrosmart monitora
14 fatores da plantação e propicia uma
economia de até 60% em água e energia

Mariana Vasconcelos, 25 anos, deci- desenvolveu, com os sócios Raphael
diu enveredar pelo empreendedoris- Pizzi e Thales Nicoleti, ambos de 27
mo ao observar as dificuldades ope- anos, um sistema de monitoramen-
racionais enfrentadas pela sua fa- to de plantações que envolve senso-
mília — produtores rurais do sul de res, imagens de satélite e um algo-
Minas Gerais. “Percebi que os pro- ritmo que processa as informações,
cessos eram baseados na intuição, armazenadas em nuvem. “Criamos
no que era transmitido de pai para fi- modelos que avaliam a plantação a
lho ou no exemplo do que o vizinho partir de 14 fatores, como solo, clima,
fazia”, afirma Mariana, que se for- chuva, desenvolvimento das plan-
mou em administração da Univer- tas e vulnerabilidade a pragas”, diz
sidade Federal de Itajubá (MG). Ela a empreendedora. Com essas variá-
veis, o produtor tem condições de oti-
mizar as práticas de irrigação e che-
gar a até 60% de economia de água
e energia. Em dezembro de 2014, os
empreendedores entraram no pro-
grama Start-Up Brasil. O projeto foi
desenvolvido ao longo de um ano, e
a Agrosmart passou a existir formal-
mente em novembro de 2015. No iní-
cio de 2016, a startup foi uma das se-
lecionadas pela Google Launchpad
Accelerator, resultando em um apor-
te de US$ 50 mil. Em fevereiro, tam-
bém recebeu investimento da SP
Ventures. Agora, a Agrosmart es-
tá iniciando uma parceria com a Co-
ca-Cola para ajudar pequenos pro-
dutores do Espírito Santo a reduzir o
consumo de água. Além de atuar no
território nacional, em Minas Gerais,
São Paulo e no Rio Grande do Sul, a
startup, com 15 funcionários e sede
em Campinas (SP), já mira a Améri-
ca Latina e a África. “Pretendemos
também operar nos EUA”, afirma Ma-
riana. Os clientes da Agrosmart são
propriedades de 5 mil a 100 mil hec-
tares. Até 2017 deverão somar 400
mil hectares mapeados, a um pre-
ço de R$ 30 a R$ 300 por hectare. A
startup não revela faturamento.

sas, mobile e computação em separou um mínimo de 50% pa- lhões serão destinados para
nuvem para o agronegócio co- ra investir em startups de agro- agritechs, o que é uma quantia
meçam a se beneficiar de apor- negócio — sete já foram contem- significativa, segundo Lima.
tes dos fundos de capital”, diz pladas. Dos R$ 83 milhões que “Aplicativos, drones e tecnolo-
Jardim. O atual fundo da SP Ven- a Cventures tem para aplicar, gia de bioinseticida estão em
tures, que soma R$ 105 milhões, entre R$ 5 milhões e R$ 10 mi- nosso radar”, diz ele.

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 5

CAPA AGRITECHS

VISÃO AÉREA

A fabricante de drones Horus oferece aeronaves que
fazem o mapeamento de plantações e apontam
com precisão onde há falhas no plantio

Grandes multinacionais, por No final de 2013, os sócios Fabrício Indústrias do Estado de Santa Cata-
sua vez, passam a enxergar nas Hertz, 29 anos, Lucas Bastos, 26, e rina) e do Sesi-SC (Serviço Social da
agritechs parceiros capazes de Lucas Mondadori, 27, engenheiros Indústria). A Horus Aeronaves surgiu
trazer informações de ponta pa- mecânicos formados pela Univer- como empresa no início de 2014, se-
ra o setor. Microsoft, Monsan- sidade Federal de Santa Catarina, diada no Parque Tecnológico Alfa,
to e Basf criaram programas de desenvolveram um projeto para fa- em Florianópolis. A startup lançou
incentivo ao desenvolvimento bricar drones para uso em mapea- no mercado dois tipos de aeronave,
de startups de tecnologia em mento topográfico. “Os equipamen- feitos de fibra de carbono, movidos a
agronegócio. “A pesquisa dis- tos comercializados na época eram bateria e controlados por software. O
ruptiva custa caro para as gran- importados. Era viável fabricá-los modelo mais barato, que voa por 60
des empresas e não há garan- no Brasil e vendê-los por menos”, minutos e mapeia até 1.500 hectares,
tias de retorno”, afirma Mondin, afirma Hertz. A iniciativa recebeu o custa a partir de R$ 57.800. O outro,
da EsalqTec. “Como aconteceu apoio da Fapesc (Fundação de Am- com capacidade de cobrir 2 mil hecta-
em outros setores, as grandes paro à Pesquisa e Inovação de San- res por viagem de 80 minutos, sai por
têm buscado um novo modelo ta Catarina), da Fiesc (Federaçãodas R$ 67.800. Os principais clientes são
de negócio, que passa pelas produtores rurais. Os dados colhi-
startups. A maior parte delas dos pelos drones podem ser arma-
será comprada, e suas tecnolo- zenados em nuvem e também bai-
gias, incorporadas.” Jardim vê xados para o computador. Entre as
as gigantes em uma espécie de aplicações do mapeamento estão
“crise existencial”. “As empre- a identificação de falhas e de pra-
sas não conseguem mais man- gas na plantação, além de con-
ter altas taxas de crescimento trole e contagem de cabeças de
com inovações internas”, diz. gado. “É possível avaliar as plan-
tações de cana, milho e soja e sa-
Com a aceleradora ACE, a Basf ber o percentual de falhas no plan-
lançou neste ano o AgroStart, tio, calculando a safra com maior
programa em fase final de sele- precisão”, diz Hertz. A Horus tam-
ção de três startups latino-ame- bém comercializa, por a partir de
ricanas que receberão aporte fi- R$ 20 mil, um software que faz a lei-
nanceiro e mentorias. A Mon- tura crítica das imagens feitas pe-
santo divulgou em julho sua las aeronaves. Desde janeiro deste
entrada no fundo BR Startups, ano, oferece ainda o serviço de aná-
criado pela Microsoft Participa- lise dos dados com um algoritmo. A
ções, e vai aportar entre R$ 250 startup já soma entre 80 mil e 90 mil
mil e R$ 1,5 milhão em cada agri- hectares mapeados, não só no Bra-
tech selecionada — serão duas, sil, mas também em países da Amé-
a princípio. Entre as instituições rica Latina como Argentina, Equador,
públicas de grande porte, a Em- Paraguai, Peru e Uruguai, e prospecta
brapa (Empresa Brasileira de mercados no continente africano. Os
Pesquisa Agropecuária) abriu aportes de investidores na empresa,
inscrições em agosto para o Ide- que não revela faturamento, já ultra-
as for Milk, programa de inves- passaram R$ 1 milhão.
timentos em startups de solu-
ções inovadoras de tecnologia investimentos para esse filão. petindo em mercados interna-
para o mercado lácteo brasileiro. “Os aportes ainda vão aumen- cionais, como na Europa, na
tar bastante”, afirma Renato África, na Ásia e na América do
O fato de muitas das startups Gennaro, sócio de agronegócios Norte. “Uma solução tecnoló-
do Brasil já terem atingido a fa- da consultoria EY. Parte dos gica que funciona em uma gran-
se de consolidação e crescimen- empreendimentos já está com- de fazenda brasileira pode ser
to do negócio — 15% já faturam
mais de R$ 300 mil por ano, se-
gundo a ABStartups — contri-
bui muito para atrair ainda mais

6 6 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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COLHEITA CALCULADA

A Agronow usa imagens de satélite para
averiguar a produtividade das plantações e
apontar a existência de falhas e de pragas

AGRITECHS A experiência como policial agroambientaisqueutilizavaimagens
EM NÚMEROS ambiental despertou no biólogo captadas por satélite, a Sigmatec, em
Antonio Morelli, 46 anos, o desejo sociedadev com Walkíria Sassaki, 44
72 de investir em tecnologia para o anos. Ao cursar um mestrado em
agronegócio. “Trabalhava na região ciências agrárias na Esalq, em 2010,
STARTUPS DE de Ribeirão Preto (SP) e constatei teve contato com metodologias
AGRONEGÓCIO a dificuldade de obter dados sobre termodinâmicas e vislumbrou a
NO BRASIL produção de cana-de-açúcar”, possibilidade de usar dados dessa
afirma. Em 2003, ele montou uma natureza em um novo negócio. Em
15% empresa de consultoria em projetos outubro de 2015, nasceu a Agronow,
que conta com mais dois sócios,
DELAS FATURAM Guga Stocco, 42 anos, e Emiliano
ACIMA DE R$ 300 Melchiori, 39. A empresa usa imagens
MIL ANUAIS de satélite para determinar os níveis
de eficiência na produção, além de
53% apontar falhas no plantio e pragas
em seu estágio inicial. “O sistema
POSSUEM analisa o padrão da vegetação e
INTEGRANTES faz estimativas de produtividade. É
ORIUNDOS possível dizer, por exemplo, quanto
DA ACADEMIA uma planta aproveitou dos insumos
(MESTRADO OU que recebeu”, diz Morelli.
DOUTORADO) A estimativa de colheita em determi-
nada safra é realizada com uma preci-
70% são de 90% a 95%. O negócio traba-
lha com soja, milho, cana-de-açúcar,
É O CRESCIMENTO algodão e eucalipto, além de mape-
MÉDIO DAS ar pastagens. A empresa arrebanhou
EMPRESAS clientes como bancos, seguradoras
AO ANO e traders que precisam dos mapea-
mentos para tomar decisões sobre
Fonte: ABStartups (Associação investimentos. “No início imaginá-
Brasileira de Startups) vamos uma proporção de 60% para
B2C e 40% para B2B”, afirma o funda-
dor. “Hoje, nossa realidade é de 80%
para B2B e 20% para B2C.” O mode-
lo de pagamento é por assinatura —
R$ 19,90 por mês mais R$ 1 por hec-
tare mapeado. A empresa já recebeu
aporte de R$ 2,5 milhões da SP Ven-
tures, em julho de 2015, e montou es-
critório na Argentina. O faturamento
de 2016 deve fechar em R$ 1,5 milhão.

levada para outros lugares do destinos. “A qualquer lugar do “Quando a agritech já ocupa
mundo tranquilamente”, afir- mundo que se vá, o Brasil é re- uma posição de destaque no
ma Lemos, da Redpoint even- ferência em agronegócio”, diz Brasil, estabelecer-se em outros
tures. Crescer primeiro no mer- Leonardo Menegatti, 39 anos, mercados da América Latina,
cado brasileiro é um grande sócio da InCeres, uma startup por exemplo, é quase uma con-
passo para vingar em outros de agricultura de precisão. sequência”, afirma.

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 7

U N I V E R S I D A D E S EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

As

UNIVERSIDADES

mais

EMPREENDEDORAS

do Brasil

Pesquisa inédita no Brasil mostra quais são as instituições de ensino superior que
mais incentivam o empreendedorismo no país. O estudo, realizado pela Brasil
Júnior com apoio da consultoria McKinsey, aponta o que deve ser feito para que
as universidades formem empreendedores prontos para atuar no mercado

Fabiana Pires

AVONTADE DE EMPREENDER da Endeavor, revela que um em cada quatro universitários
nunca foi tão forte entre os jovens bra- quer abrir ou já tem um negócio. “Esse interesse pelo
sileiros. Segundo pesquisa divulgada empreendedorismo fez com que os alunos passassem a
em setembro último pela Fundação cobrar das universidades a criação de cursos relacionados
Telefônica e pelo Ibope, 65% dos jovens ao tema”, diz Tales Andreassi, vice-diretor da Escola de
entre 15 e 29 anos preferem empreender Administração de Empresas da FGV-SP.
a ter um emprego. De acordo com o
Global Entrepreneurship Monitor 2016 Como resultado, as salas de aula foram tomadas por
(GEM), a taxa de empreendedores iniciais na faixa dos 18 centenas de programas, palestras e projetos ligados à cena
aos 24 anos cresceu quatro pontos porcentuais em um empreendedora. “Além de virar tema de cursos e especia-
ano — foi de 16,2%, para 20,8%. Outra pesquisa, dessa vez lizações, o empreendedorismo ganhou status de disciplina
obrigatória em muitas faculdades de administração”, diz

6 8 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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O RANKING COM AS DEZ MAIS

NOTAS POR CATEGORIAS

Capital financeiroNOTA
InternacionalizaçãoGERAL

Infraestrutura
Extensão
Inovação
Cultura

empreendedora

CLASSIFICAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADO

1 Universidade de São Paulo (USP) SP 7,67 5,92 7,95 8,10 8,54 8,68 7,00
2 Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) SP 6,91 4,95 6,48 5,70 8,99 9,33 7,50
3 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) RJ 6,30 6,47 7,74 3,11 9,05 7,92 2,33
4 Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) SP 6,25 4,55 6,40 7,65 8,36 6,20 2,42
5 Universidade Federal do Ceará CE 6,10 6,17 9,54 2,64 8,26 4,46 3,29
6 Universidade Federal de MInas Gerais (UFC) MG 6,09 6,77 5,34 5,66 8,47 5,04 3,43
7 Universidade Federal de Viçosa (UFMG) MG 6,04 5,62 5,66 6,53 8,24 4,57 3,71
8 Universidade Federal de Santa Maria (UFV) MG 6,03 5,86 6,62 5,22 8,43 4,61 3,39
9 Universidade Estadual de Maringá (UFSM) PR 5,87 4,86 7,64 5,54 7,97 4,28 2,36
10 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UEM) RS 5,85 4,53 5,76 6,24 7,99 6,41 3,02
(UFRGS)

COMO FOI FEITO O ESTUDO Conheça a metodologia do Índice de Universidades Empreendedoras

A pesquisa, realizada entre maio e doutorado e um terço do corpo do- a partir de uma pesquisa feita com
setembro de 2016, ouviu 5.975 cente com títulos de mestres e dou- universitários de todo o país. De
estudantes e 318 professores em tores. Por isso, faculdades como acordo com os resultados, concluiu-
43 universidades. Foram avaliadas Fundação Getulio Vargas e Insper, se que uma universidade empreen-
apenas instituições que podem ser relevantes no cenário empreende- dedora deveria ter notas altas nas
consideradas universidades, se- dor, ficaram de fora. Para medir o ní- seguintes categorias: cultura empre-
gundo os critérios do Ministério da vel de incentivo ao empreendedo- endedora, inovação, extensão (redes
Educação: conteúdo intelectual re- rismo, foi necessário criar indicado- de contatos), infraestrutura, interna-
levante, programas de mestrado e res confiáveis. A definição foi criada cionalização e capital financeiro.

Silvio Laban, coordenador do MBA do Insper. Mas esse movi- inadequado dos cursos. “No geral, os alunos estudam o
mento nem sempre atendeu às expectativas dos estudantes. conteúdo teórico indicado pelo professor. Mas não dá para
Dados da pesquisa da Endeavor mostram que, enquanto 65% desenvolver habilidades empreendedoras falando sobre o
dos professores e agentes promotores do empreendedorismo tema. É preciso proporcionar experiências reais.”
acreditam que os programas e cursos oferecidos são excelen-
tes, apenas 36% dos alunos concordam com essa afirmação. Analisar as relações entre universidade e empreende-
“Existe uma grande discrepância entre as percepções da dorismo é o objetivo da pesquisa Índice Universidades
instituição e do aluno sobre o que é importante para estimular Empreendedoras, realizada pela Brasil Júnior — entidade
a criação de empresas”, diz João Melhado, coordenador de que congrega 311 empresas juniores em todo o Brasil —,
pesquisas da Endeavor. Para Ana Burcharth, da Fundação em parceria com a CsF (Rede Ciências sem Fronteiras), a
Dom Cabral, uma das razões da insatisfação é o formato Brasa (Associação de Estudantes Brasileiros) e a AISEC
(organização de jovens ligada à ONU). Para dar suporte

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 9

U N I V E R S I D A D E S EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

teórico ao trabalho, foram chamados Guilherme USP
Ary Plonski, coordenador científico do Núcleo de
Política e Gestão Tecnológica da USP e membro da Universidade
Geum (Global Entrepreneurship University Me- de São Paulo
trics), e o britânico Justin Axel-Berg, especialista
em rankings universitários. A área técnica ficou ESTÍMULO À INOVAÇÃO
a cargo da consultoria McKinsey: para elaborar
o ranking foram utilizadas entrevistas com pro- Os amigos Fernando Velloso, 25 anos, Fernando
fessores e alunos, dados sobre a estrutura das Lopes, 24, e Henrique Oliveira, 23, escolheram um
universidades, análises de rankings internacionais projeto ambicioso como trabalho de conclusão do
e estudos de casos de empreendedorismo. Foram curso de engenharia da Escola Politécnica da USP. A
entrevistados 5.975 estudantes e 318 professores, proposta era desenvolver uma máquina agrícola
entre 4 de julho e 20 de agosto deste ano (leia mais capaz de separar mudas de eucalipto, tomates e
sobre a metodologia na pág. 69). flores que não correspondessem ao padrão desejado
AS DEZ MAIS pelo produtor. “Havia iniciativas parecidas no exterior,
Ficou com a USP (Universidade de São Paulo) o mas não no Brasil”, diz Velloso. Os três colegas
posto de universidade mais empreendedora do queriam empreender desde os primeiros meses de
Brasil. “Além de obter notas altas nos quesitos curso. “A Poli é conhecida dentro da universidade
Internacionalização, Infraestrutura, Extensão e como uma geradora de negócios inovadores. Nós
Inovação, a universidade está inserida em diver- queríamos fazer parte disso”, diz Velloso. Em 2015,
sos ambientes inovadores e tem uma vertente de veio a boa notícia: haviam sido aceitos para serem
patentes muito forte”, diz Daniel Pimentel, diretor pré-acelerados pelo NEU (Núcleo de Empreendedo-
da Brasil Junior. No quesito infraestrutura, con- rismo da USP). Lá, contaram com a mentoria de Artur
taram pontos a presença do Cietec (Centro de Villas-Boas, diretor do núcleo. “Ele nos deu conselhos
Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), uma sobre mercado e desenvolvimento do produto.” Já
das principais incubadoras do país, por onde já com o protótipo na mão, ingressaram na incubadora
passaram 540 empresas desde sua fundação, em Cietec. Logo nos primeiros dias, conheceram a MVisia,
1998; a Pró-Reitoria de Pesquisa, que coordena a startup que desenvolvia um algoritmo voltado para a
iniciação científica; e a Agência USP de Inovação, seleção de produtos agrícolas. “Nós tínhamos a
responsável pela criação da Bolsa Empreende- máquina, eles tinham o software. Decidimos comprar
dorismo, para alunos que queiram estudar no a empresa deles e criar um produto melhor.” Hoje,
exterior. De 2014 para cá, a USP registrou mais a Mvisia tem como cliente a Trebeshi, uma das
de cem patentes. “É uma das universidades que maiores produtora de tomates do país. Até outubro
mais geram empresas no país”, diz Plonski, do de 2016, o faturamento havia sido de R$ 500 mil.

AS MELHORES EM CADA CATEGORIA Conheça as instituições com

CULTURA EMPREENDEDORA INOVAÇÃO EXTENSÃO

UNIVERSIDADE UF NOTA UNIVERSIDADE UF NOTA UNIVERSIDADE UF NOTA
PE 8,15 CE 9,54 8,10
1 Universidade Federal (UFRPE) SC 7,58 1 Universidade Federal (UFC) SP 7,95 1 Universidade (USP) SP 7,65
Rural de Pernambuco (UNESC) AL 7,28 do Ceará (USP) RJ 7,74 de São Paulo 6,53
(UFAL) RN 6,94 (PUC-RIO) PR 7,64 6,24
2 Universidade do Extremo (UFRN) MG 6,77 2 Universidade de (UEM) SC 6,74 2 Universidade Federal (UFSCar) SP 5,70
Sul Catarinense (UFMG) São Paulo (UFSC) de São Carlos (UFV) MG
(UFRGS) RS
3 Universidade Federal 3 Pontifícia Universidade 3 Universidade Federal
de Alagoas Católica do Rio de Janeiro de Viçosa

4 Universidade Federal do 4 Universidade Estadual 4 Universidade Federal
Rio Grande do Norte de Maringá do Rio Grande do Sul

5 Universidade Federal 5 Universidade Federal 5 Universidade Estadual (Unicamp) SP
de Minas Gerais de Santa Catarina de Campinas

7 0 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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SUPORTE E
MENTORIA
Fernando Velloso,
Fernando Lopes e
Henrique Oliveira:
Cietec incubou
negócio voltado
para agricultura

as notas mais altas nos principais indicadores da pesquisa realizada pela Brasil Júnior

INFRAESTRUTURA INTERNACIONALIZAÇÃO CAPITAL FINANCEIRO

UNIVERSIDADE UF NOTA UNIVERSIDADE UF NOTA UNIVERSIDADE UF NOTA
RJ 9,05 SP 9,33 7,50
1 Pontifícia Universidade (PUC-RIO) SP 8,99 1 Universidade Estadual (Uni- 8,68 1 Universidade Estadual (Unicamp) SP
Católica do Rio de Janeiro SC 8,96 de Campinas camp) 8,16 de Campinas 7
8,91 7,92 4,57
2 Universidade Estadual (Unicamp) 8,61 2 Universidade de São Paulo (USP) SP 7,52 2 Universidade de São Paulo (USP) SP 4,52
de Campinas (Unesc) (UFOP) MG RS 4,34
(PUC-RIO) RJ RJ
3 Universidade do Extremo 3 Universidade Federal (UFSC) SC Fundação Universidade (UFCSPA) SP
Sul Catarinense de Ouro Preto 3 Federal de Ciências da (UFRJ)

Pontifícia Universidade Saúde de Porto Alegre
Católica do Rio de Janeiro
4 Universidade Federal de Lavras (UFLA) MG 4 4 Universidade Federal
do Rio de Janeiro

5 Universidade Federal (FURG) RS 5 Universidade Federal 5 Universidade Estadual Paulista (Unesp)
do Rio Grande de Santa Catarina Júlio de Mesquita Filho

FOTO: ALEXANDRE BATTIBUGLI/Editora Globo NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 1

U N I V E R S I D A D E S EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

UNICAMP AUXÍLIO
LUXUOSO
Universidade Núcio Muramatsu,
Estadual de da Lean Life:
Campinas Empresa Júnior
ajudou a criar um
ECOSSISTEMA app para treinos
EMPREENDEDOR personalizados

Foi em 2013, durante o mestrado
em Bioquímica do Exercício, que
Núcio Muramatsu, 30 anos, e
Bernardo Ide, 40, começaram a
questionar por que as academias
não usavam tecnologia para criar
treinos personalizados. Formados
em educação física pela Unicamp,
os dois resolveram desenvolver
um app capaz de montar treinos
sob medida. “Como não entendía-
mos de software, fomos bater na
porta da Empresa Júnior de
Engenharia Elétrica”, diz Muramat-
su. O Lean Life ficou pronto no
início de 2014. Com o produto na
mão, foram aceitos na Inova,
incubadora da Unicamp. Até
agora, o app já foi baixado por
mais de 50 mil pessoas. Em 2015,
atraíram interesse de um investi-
dor-anjo americano, que fez um
aporte de valor não revelado.

Geum. A universidade também foi a primeira do país a ranking. “A incubadora é referência pela maneira como trans-
oferecer um mestrado em empreendedorismo. forma conhecimento científico em negócios de sucesso”, diz
Plonski. Desde 1999, quando foi fundado, o Instituto já gerou
O forte desempenho nos critérios Internacionalização, 138 empresas. Outro avanço importante foi a criação, em 2005,
Infraestrutura e Extensão garantiu o segundo lugar no da matéria Domínio Adicional em Empreendedorismo, que
ranking à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). pode ser feita por alunos de todos os cursos.
“Na minha opinião, a Unicamp é a universidade com o espí-
rito mais empreendedor no país. Os professores incentivam Com seis unidades em diferentes cidades do interior de
alunos que querem abrir negócios e a instituição está entre São Paulo, a Ufscar, quarta colocada, tem como ponto fonte a
as que mais recebem royalties por causa de suas patentes”, infraestrutura: conta com dois parques tecnológicos, em São
diz Andreassi, da FGV. Gerenciar programas de intercâmbio Carlos e Sorocaba, uma Agência de Inovação, que cuida dos
e visitas de pesquisadores internacionais ao campus é a registros de patentes. “São Carlos é um polo de tecnologia e
função da vice-reitoria de Relações Internacionais; já as ini- isso faz com que empreender seja uma alternativa atraente
ciativas relacionadas a empreendedorismo são encampadas para os alunos”, diz Rafael Barbosa, aluno de engenharia que
pela Inova. É também esse departamento que administra atuou como embaixador da Brasil Júnior durante a pesquisa.
a incubadora Incampe e o Parque Tecnológico — que tem
parcerias com empresas como Lenovo, Samsung e IBM. Com a melhor nota em inovação do ranking , a UFC (Uni-
versidade Federal do Ceará) alcançou o quinto lugar. Desde
O Instituto Gênesis, da PUC-Rio, é o principal responsável 2015, a instituição oferece o curso de Formação em Empre-
pela colocação da universidade carioca no terceiro posto do endedorismo Inovador para 120 estudantes de graduação ou

7 2 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016 FOTO: ALEXANDRE BATTIBUGLI/Editora Globo

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PUC-Rio CAMPEÃS NORTE
POR
Pontifícia REGIÃO UNIVERSIDADE UF NOTA
Universidade
Católica do Saiba onde está 1 Universidade Federal do Pará (UFPA) PA 5,50
Rio de Janeiro o melhor ambiente
empreendedor em 2 Universidade Federal do Amazonas (UFAM) AM 4,79
TALENTOS NO CAMPUS cada região do país
NORDESTE
Os designers Barbara Castro e Norte A Universidade
Luiz Ludwig, ambos com 28 anos, Federal do Pará apresentou UNIVERSIDADE UF NOTA
só decidiram empreender depois a melhor avaliação em
que já haviam saído da PUC-Rio. cinco das seis categorias 1 Universidade Federal do Ceará (UFC) CE 6,10
Em 2014, eles se uniram para analisadas. A instituição
fundar a Ambos, que desenvolve conta com uma Agência 2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) PE 5,31
ambientes e instalações interati- de Inovação tecnológica. (UFRN) RN 4,83
vas. “Como precisávamos de 3 Universidade Federal do (UFBA) BA 4,78
ajuda na gestão, fomos bater na Nordeste Quinta Rio Grande do Norte
porta da incubadora da universi- colocada no ranking geral,
dade, o Instituto Gênesis”, diz a Universidade Federal do 4 Universidade Federal da Bahia
Barbara. Além das mentorias, Ceará conta com o parque
beneficiaram-se com a proximi- tecnológico Padetec, onde 5 Universidade Federal de Alagoas (UFAL) AL 4,73
dade do ambiente acadêmico. estudantes desenvolvem
“É muito fácil encontrar talentos novas tecnologias. CENTRO-OESTE
quando a sua empresa está
dentro de um campus.” A Ambos Centro-Oeste A UNIVERSIDADE UF NOTA
tem entre seus clientes o Museu Universidade Federal de
do Amanhã, no Rio de Janeiro. Goiás (UFG) apresentou 1 Universidade Federal de Goiás (UFG) GO 5,30
o melhor desempenho da
UFSCar região em Inovação. Realiza 2 Universidade de Brasília (UNB) DF 4,98
anualmente uma Olimpíada 3 Universidade Católica de Brasília (UCB) DF 3,75
Universidade de Empreendedorismo
Federal de Universitário. SUDESTE
São Carlos
Sudeste Seis UNIVERSIDADE UF NOTA
BOA VIZINHANÇA universidades da região
estão entre as dez 1 Universidade de São Paulo (USP) SP 7,67
Logo no primeiro ano de enge- melhores no ranking geral.
nharia física, Leonardo Araújo, 22 E quatro delas lideram 2 Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) SP 6,91
anos, entrou na Empresa Júnior por categoria: a USP, em (PUC-RIO) RJ 6,30
da faculdade e se envolveu extensão; a Unicamp, 3 Pontifícia Universidade (UFSCar) SP 6,25
pesquisas sobre energia solar. em Capital Financeiro e Católica do Rio de Janeiro
Foi em um dos laboratórios da Internacionalização; e a
Ufscar que conheceu Rafael R. PUC-Rio, em Infraestrutura. 4 Universidade Federal de São Carlos
Barbosa, 29 anos, aluno de
Engenharia de Produção. Juntos, Sul Na Universidade 5 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) MG 6,09
abriram, em 2015, a GreenBras. Federal de Santa Maria, os
Em agosto deste ano, fecharam alunos contam com o auxílio SUL (UFSM) UF NOTA
contratos com o governo do de uma pré-incubadora RS 6,03
estado de São Paulo, para e uma incubadora para UNIVERSIDADE
fornecer a tecnologia solar a 120 transformar ideias de
casas de baixa renda. O fatura- negócios em empresas. 1 Universidade Federal de Santa Maria
mento em 2016 já chega a
R$ 6 milhões. Dos 19 funcioná- 2 Universidade Estadual de Maringá (UEM) PR 5,87
rios, 11 são formados pela Ufscar. 5,85
3 Universidade Federal do (UFRGS) RS 5,80
Rio Grande do Sul 4,70

4 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) SC

5 Universidade do Extremo (Unesc) SC
Sul Catarinense

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 3

U N I V E R S I D A D E S EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

UFC

Universidade
Federal do Ceará

BAGAGEM
PRODUTIVA

Quando entrou no curso de
Direito, Lucas Barreto, 23 anos,
não pensava em abrir um negó-
cio. Depois de entrar em contato
com empresas juniores, resolveu
criar a EjuDi, primeira Empresa
Junior de Direito do Ceará. “Foi
como gerir um negócio real: tive
que montar a equipe e prospectar
clientes.” Barreto atuou na EJ
durante dois anos. Com essa
bagagem, ele passou à fundação
da sua própria startup, a Urbis,
em 2015. “Eu andava por Fortale-
za e via bares e restaurantes
vazios”, diz Barreto. “Tive a ideia
de criar um cartão fidelidade para
incentivar o consumo”, diz. Pelo
modelo de negócio, quem faz
uma assinatura mensal tem
direito a um desconto de 50% em
bares, restaurantes e food trucks.
Hoje, são mais de mil assinantes,
pagando uma taxa mensal de
R$ 14,99. No início deste ano, a
empresa recebeu um investimen-
to-anjo e passou a fazer parte do
SebraeLab, projeto que incentiva
empresas inovadoras.

pós-graduação. A meta é formar equipes multidisciplinares para estimular o empreendedorismo”, diz Marcelo Dionisio,
e fundar empresas que solucionem problemas da sociedade. aluno de engenharia mecânica que participou do estudo.
“A UFC possui um dos parques tecnológicos mais antigos
do país e tornou-se conhecida por estimular a criação de A inovação para o agronegócio e a biotecnologia são os focos
startups”, afirma Plonski. Na UFMG (Universidade Federal da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, que
de Minas Gerais), sexta colocada na pesquisa, impressiona ficou com o sétimo lugar. A maioria das empresas incubadas
o número de patentes: 738 no Brasil e 296 no exterior. Cabe no TecnoParq procura trazer inovações para a agricultura.
à Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica “Quando vim fazer o mestrado na UFV, fiquei impressionada
(CTIT) comercializar as invenções dos alunos — muitos com o número de pesquisas que estavam sendo desenvol-
deles abrem empresas antes de conseguir o diploma. “Na vidas no parque. Isso me motivou a ir para o mercado”, diz
UFMG, são os próprios estudantes que criam competições Fernanda Rodrigues, 41 anos, que começou a empreender
quando era aluna da universidade (leia texto na pág. ao lado).

7 4 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016 FOTO: DRAWLIO JOCA /Editora Globo

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UFMG AUTONOMIA
UNIVERSITÁRIA
Universidade
Federal de
Minas Gerais

A vontade de empreender levou Israel Salmen, 28
anos, para a faculdade de economia, onde conhe-
ceu Ofli Guimarães, 33 anos. No ambiente universi-
tário, o que não faltavam eram iniciativas criadas e
administradas por alunos. “Isso proporciona uma
sensação de autonomia”, diz Salmen. Em 2011, os
amigos fundaram a Méliuz, plataforma que devolve
1,5% do valor de cada compra para o consumidor.
Ao final do ano, já tinham 19 lojas parceiras – entre
elas Americanas e Wal-Mart. Hoje, são mais de 2
milhões de usuários. Em março deste ano, Salem e
Guimarães se tornaram empreendedores Endeavor.

UFV PESQUISA
PARA A SAÚDE
Universidade
Federal de
Viçosa

NEGÓCIOS Em 2012, a farmacêutica Fernanda Rodrigues, 41 anos,
NO CAMPUS saiu de Munhaçu, no interior de Minas Gerais, para
Lucas Barreto, da fazer um mestrado na Universidade Federal de
Urbis: experiência Viçosa. Na faculdade, envolveu-se com pesquisas
na universidade o para desenvolver um produto contra o câncer de pele.
inventivou a criar Pelo caráter inovador, seu grupo foi selecionado para
cartão fidelidade participar da competição Idea to Product Latin
em Fortaleza America, em 2014. O prêmio não veio, mas Fernanda
acabou sendo convidada para ser sócia da Profitus,
startup que tinha como carro-chefe uma pomada
para cicatrização de queimaduras à base de urucum.
“Como já havia sido fisgada pelo empreendedorismo,
aceitei”, diz. Em 2016, a empresa já fechou contratos
de exportação para Nova Zelândia e Austrália.

Na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), oitava ranking. O campus abriga a Incubadora Tecnológica de
colocada, é a Agitec (Agência de Inovação e Transferência Maringá, onde estão 20 startups. “São os alunos que tornam
de Tecnologia) quem cuida de todas as iniciativas relacio- a universidade mais empreendedora. Os professores ainda
nadas aos negócios. A universidade conta também com estão distantes do que acontece no mercado”, diz Felipe
uma agência de transferência de tecnologia. “São várias Morelli, aluno de engenharia química e membro da rede
organizações que estimulam o aluno a ter uma postura Enactus. Para incentivar os estudantes a empreender, a
mais empreendedora”, diz Daniel Freitas, coordenador do UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), décima
Núcleo de Empresas Juniores de Santa Maria. no índice, abriga em sua estrutura a incubadora Hestia. “A
UFRGS construiu um ambiente empreendedor forte nos
O curso Empreendedorismo e Criação de Novos Negócios últimos dois anos, graças às incubadoras e aos projetos de
é obrigatório para os alunos de administração da UEM extensão. Muitos alunos estão abrindo negócios dentro da
(Universidade Estadual de Maringá), em nono lugar no

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 5

U N I V E R S I D A D E S EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA UFSM TENTATIVA
E ERRO
ESCOLHA SUA Universidade
UNIVERSIDADE Federal de
Santa Maria
Saiba quais são as práticas que criam
um bom ambiente para os negócios Na incubadora da faculdade de Ciência da Compu-
tação, Guilherme Kruel, 26 anos, encontrou o
Professores atuantes A maioria ambiente perfeito para desenvolver suas ideias de
dos professores universitários ainda se negócios. “Aprendi que é preciso errar para poder
dedica apenas à produção de pesquisas acertar. E é melhor errar na faculdade do que na
acadêmicas. Para Ana Burcharth, vida real”, diz Kruel. O estudante só acertou na
professora do MBA da Fundação Dom quarta tentativa: em 2011, criou a Delivery Much,
Cabral, a instituição deveria ter mais um aplicativo de entrega de comida focado em
professores conectados ao mercado, cidades do interior do estado. O sucesso da
capazes de estimular os estudantes iniciativa levou à criação de uma rede de franquias,
a empreender. “É preciso haver um que hoje conta com 70 unidades em três estados.
equilíbrio entre os dois perfis”, afirma. Depois de deixar a incubadora, Kruel planeja
expandir a operação para outras regiões.
Alunos protagonistas Os melhores
cursos são aqueles que incentivam UEM TREINAMENTO
os estudantes a resolver problemas EM GESTÃO
sozinhos. “Quando tudo o que o aluno Universidade
tem é um conteúdo para estudar, não Estadual de
desenvolve a criatividade”, diz Silvio Maringá
Lanban, coordenador do MBA do Insper.
“É preciso fazer com que ele se torne Os estudantes de Engenharia Química Renan
protagonista de sua própria formação.” Freitas, 26 anos, e Lucas Furlan, 27, queriam fazer
carreira em grandes empresas, mas achavam que
História preservada Nas universida- não tinham os conhecimentos necessários para
des americanas, é comum ex-alunos passar nos disputados processos seletivos das
retornarem ao campus. “Se o estudante corporações. Para desenvolver essas qualidades,
se forma e vira um grande empresário, eles resolveram entrar na Empresa Júnior da
executivo ou investidor, ele se torna um faculdade, a Conseq. Em 2013, a 11 meses da
contato precioso para quem está criando formatura, abriram a startup de treinamentos
novos negócios”, diz Tales Andreassi, vice- Enteléquia. Dois anos depois, fundaram um novo
diretor da Fundação Getulio Vargas. negócio, a agência Web Space Marketing. Juntos,
os dois negócios faturaram R$ 300 mil em 2016.

universidade e levando-os para o mercado”, diz Rafael Perez, empresas, poder público e sociedade. “Não basta criar
23 anos, fundador da Point FC (leia texto na pág. ao lado). iniciativas isoladas. É preciso desenvolver uma rede
SEM MODELOS PRONTOS de apoio mútuo entre as diferentes entidades e ligá-las
“Mais do que criar um ranking de universidades, ao mercado”, afirma Andreassi, da FGV. Ele cita como
nosso objetivo foi estabelecer diretrizes para melhorar modelo o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachu-
o ambiente empreendedor nessas instituições”, diz setts). “Há 20 anos, a instituição convocou professores
Pimentel, diretor da Brasil Júnior. “Quando olhamos e empreendedores para se dedicarem à criação de um
para as vencedoras, percebemos que há iniciativas ecossistema empreendedor, que atravessasse todos os
interessantes, mas nenhuma pode servir de modelo.” cursos e se conectasse à sociedade”, diz. Hoje, há 30
Falta uma proposta integrada, que conecte academia, mil empresas fundadas por alunos do MIT no mercado,
produzindo receitas anuais de US$ 1,9 trilhão.

7 6 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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PARCERIA UFRGS
VALIOSA
Rafael Perez, da Universidade
Point FC: primeiro Federal do Rio
cliente grande, a Grande do Sul
Gerdau, veio por
intermédio da APRESENTAÇÕES
universidade COM DESIGN

Foram os professores do curso de
administração que detectaram o
talento especial do estudante
Rafael Perez, 23 anos, para
desenvolver apresentações
criativas. Todos os anos, o corpo
docente da UFGRS indica alunos
para fazerem um intercâmbio no
exterior. Em 2014, Perez foi
premiado com uma bolsa para
estudar design no Instituto
Tecnológico de MonteRey, no
México. “Os professores me
ajudaram a descobrir minha real
vocação”, diz Perez. Durante os
seis meses de intercâmbio, ele
montou uma estratégia para
fundar a Point FC. Na volta, ele
passou a desenvolver apresenta-
ções para professores da própria
UFRGS e de outras instituições de
ensino. Foi a universidade que o
colocou em contato com seu
primeiro grande cliente: a Gerdau,
que tinha uma parceria com a
UFRGS. Na nova fase, passou a se
dedicar a palestras e treinamen-
tos. Em dezembro, Perez termina a
graduação. “Aí vou poder focar
totalmente no negócio.”

As universidades também pecam pelo conteúdo. Segundo e gestão do risco devem ser estimuladas na universidade”,
estudo da Endeavor, quase 54% delas oferecem disciplinas diz Silvio Lanban, do Insper. “Ela tem que dar a matéria-
ligadas a casos de sucesso ou como descobrir o seu potencial prima para o aluno empreender, e aí ele escolhe se vai usar
empreendedor. Aulas relacionadas a inovação, gestão e isso ou não.” Na opinião de Pimentel, da Brasil Júnior, as
franquias são ministradas em apenas 7% das instituições. instituições perdem o foco no empreendedorismo quando
“O resultado disso é que o estudante não vê a universidade esquecem o principal: que uma de suas funções primordiais
como fonte de conhecimento na área”, diz João Melhado, da é preparar o aluno para a sociedade. “O objetivo da pesquisa
Endeavor. A maior parte das faculdades, com exceção das não é depreciar ninguém. Queremos fazer parte da solução.
de engenharia e administração, não desenvolve talentos Sabemos que esse projeto não vai transformar as univer-
empreendedores em seus alunos. “Mesmo que os estudantes sidades. Mas achamos que, se cada um fizer o seu papel, o
não queiram abrir um negócio, habilidades como liderança resultado vai ser um país melhor e mais empreendedor.”

FOTO: RICARDO JAEGER/Editora Globo NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 7

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ENSAIO REFUGIADOS

EMPREENDEDORES
QUE VIERAM DE
LONGE, MUITO LONGE

Alexandre Staut Marcus Steinmeyer/Editora Globo

TALAL AL-TINAWI OMANA PETENCH NGANDU MAZEN ZWAWE
O engenheiro sírio Após sofrer Depois de perder
abriu um restaurante perseguições no seu restaurante na
com R$ 62 mil Congo, ele criou uma Síria numa explosão,
arrecadados em uma ONG para ajudar ele abriu um bufê de
vaquinha virtual refugiados africanos comida árabe

8 0 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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Nos últimos anos, milhares de estrangeiros desembarcaram no Brasil em
busca de um lugar para recomeçar suas vidas — de preferência, distante
de guerras, perseguições políticas e da pobreza extrema. O Brasil, apesar
de seus incontáveis percalços, foi o refúgio escolhido por eles. E muitos
iniciaram sua história por aqui como empreendedores. A seguir, veja a
saga empreendedora de imigrantes de Síria, Congo, Senegal e Colômbia

LILIANA E GIOVANNY PATATIVA FATIMA DIOUF
Ameaçados pelas Em busca de
Farc, eles fugiram recursos para
de Bogotá e criaram sustentar a família,
uma marca de ela deixou o Senegal
comida colombiana e veio vender tecidos

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 1

ENSAIO REFUGIADOS

O ENGENHEIRO FOI
PARA A COZINHA

Talal Al-tinawi era um engenheiro
e homem de negócios bem-
sucedido em Damasco, na Síria.
Trabalhava como CEO numa
empresa de engenharia, teve
três lojas de roupas infantis, dois
apartamentos, escritório e carro.
A guerra fez com que deixasse
tudo para trás e pensasse num
lugar melhor para criar seus
dois filhos. O Brasil, destino de
diversos refugiados de seu país,
pareceu o melhor lugar. Em 2013,
sem falar a língua local, viu-se no
país atrás de trabalho. Encontrou
um emprego numa empresa de
engenharia, onde “trabalhava
como engenheiro e ganhava
como peão de obras.” Com o
agravamento da crise econômica,
a empresa fechou as portas e,
mais uma vez, ele se viu sem
trabalho. Tentou novamente, sem
sucesso, validar seu diploma.
Foi então estimulado por
amigos a vender comida típica
de seu país. “Todos falavam
para eu abrir um restaurante,
mas achava isso coisa séria
e cara. Deram-me a ideia de
criar uma vaquinha na internet.
Coloquei então um projeto de
crowdfunding no site Kickante.
Pedi R$ 60 mil, e, para minha
surpresa, consegui R$ 62 mil.”
Há cinco meses, o sírio, que
aprendeu a cozinhar com a mãe,
alugou um imóvel no bairro do
Brooklin, em São Paulo (SP),
local onde mora e serve suas
refeições. Al-tinawi trabalha
com a mulher e, recentemente,
contratou dois funcionários.
“No primeiro mês, faturamos
R$ 25 mil. Hoje, a renda mensal
da família é de R$ 15 mil.” O
restaurante começa a se tornar
conhecido e a ter clientela fixa.
Além dessa alegria, Al-tinawi
diz que outro motivo para
comemorar foi o nascimento
de mais um filho. “Hoje tenho
uma filhinha brasileira. Com o
tempo, vamos nos tornando
uma família brasileira.”

8 2 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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Talal Al-tinawi,
43 anos
Origem
Síria
O que faz
Dono do Talal
Culinária Síria

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 3

ENSAIO REFUGIADOS

Omana Petench
Ngandu,
50 anos

Origem
Congo

O que faz
Criador de uma
ONG que ensina
idiomas (francês
e inglês), cultura
e gastronomia
africanas

A EDUCAÇÃO QUE ABRE PORTAS

Omana Petench Ngandu era professor de economia na Université de L’Avenir, mas teve que deixar seu país devido a perseguições
políticas. Quando pensou em se mudar, o Brasil foi sua primeira opção. Por ser um país com uma grande população descendente
de povos africanos, pensou que aqui poderia se sentir em casa. Em 2014, arrumou as malas e desembarcou em São Paulo. Inicial-
mente, foi ajudado pela ONG Adus, que cuida de refugiados, reencaminhando-os ao mercado de trabalho formal. “Logo tive a ideia
de criar minha própria ONG para ajudar outros refugiados. Abri a Langue Française el la Culture Africaine au Brésil, na Vila Matilde,
onde ensinamos francês e inglês”, diz. Ngandu ainda oferece aulas de cultura africana, arte e gastronomia típica. O centro cultural
cresce a cada semestre. Entre os alunos figuram refugiados de diversos países africanos e sul-americanos, além de brasileiros que
querem saber mais da cultura do seu continente. As aulas custam, em média, entre R$ 50 e R$ 70. “A quantidade de alunos varia
muito. No mês passado, por exemplo, tivemos 25.” Ngandu, figura bonachona e simpática, diz que sua ideia é profissionalizar cada
vez mais seu centro cultural, para assim ajudar de forma efetiva pessoas que chegam aqui sem autoestima, dinheiro e sem falar
português. Em abril, realizou o sonho de trazer para cá sua mulher e os cinco filhos. “Hoje posso dizer que sou um homem realizado.”

8 4 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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Mazen xx anos,
Zwawe,
29 anos

Origem
Síria
O que faz
Dono do bufê
Culinária do
Oriente Médio

SÃO PAULO COM SABOR DE ORIENTE

Ex-dono de um restaurante em Damasco, em 2014, Mazen viu seu negócio ir pelos ares num bombardeio. Com pouco mais de
US$ 100, ele tentou asilo em países do Sudeste Asiático e acabou preso no aeroporto de Jacarta. Passado o susto, voltou à sua
terra. “Disseram-me que o Brasil era lugar de oportunidades. Consegui o visto de refugiado, e, sem falar português, juntei meus
poucos pertences e vim para São Paulo”, diz ele, que hoje domina a língua. Em mesquitas muçulmanas conheceu patrícios que
o encaminharam à ONG Adus. Em pouco tempo, Mazen recriava pratos típicos de sua terra em feiras, bazares e food parks.
Animado em mostrar a culinária árabe ao público brasileiro, criou um cardápio com comidas simples do dia a dia — quibes, kaf-
tas, esfihas, shawarma (sanduíche de cordeiro com legumes no pão árabe), falafel (bolinho de grão-de-bico) e hummus. Mais
tarde, articulou um visto de refugiado para seu irmão mais novo, Yazan Zwawe, que já está no Brasil e também trabalha como
cozinheiro com a família. “Fazemos serviços de bufês para festas. Cobro de R$ 40 a R$ 90 por pessoa. Em um mês bom, con-
seguimos tirar R$ 3 mil. Quando fazemos eventos em parques, vendemos salgados e doces árabes por R$ 5, em média. Posso
dizer que esse é apenas o começo. A ideia é me profissionalizar cada vez mais e voltar a ter um restaurante.”

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 5

ENSAIO REFUGIADOS

Liliana e
Giovanny
Pataquiva,
37 e 35 anos

Origem
Colômbia

O que fazem
Donos da
marca Arepas
Urbanikas

8 6 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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O RECOMEÇO — BEM
LONGE DAS FARC

O casal colombiano Liliana e
Giovanny veio de Bogotá, onde
teve um restaurante por 12 anos.
Nos últimos tempos, porém, a
família começou a ser ameaçada
de morte pelas Farc, que passaram
a cobrar propina para que a
casa continuasse a funcionar.
Acreditando que o Brasil seria um
país melhor para criar os filhos,
Daniel e Santiago, de 21 e 14 anos,
o casal abandonou o negócio e
aterrissou com a família em São
Paulo há dois anos. Aqui, Liliana
e Giovanny começaram a tra-
balhar em cozinha de restaurantes
diversos, até juntarem capital para
comprar uma bicicleta adaptada
para preparar comida nas ruas.
Criaram a marca Arepas Urbanikas
e hoje trabalham fixos na feira
Armazém, da Vila Madalena.
As arepas, especialidade da
família, são uma espécie de pão
feito com milho branco ou farinha
de milho pré-cozido. O prato
mais emblemático da comida
de rua da Colômbia é assado na
grelha à carvão e depois rechea-
do em forma de sanduíche.
Para aumentar a renda, a du-
pla passou a fazer empanadas
colombianas, que têm a massa
feita de milho e são fritas na hora.
O negócio, que começou há pou-
cos meses, tem crescido. “Fazemos
eventos e bufês. Num fim de sema-
na bom, conseguimos faturar
R$ 1.500. Quando chove, as vendas
ficam prejudicadas. Mas, no geral,
estamos confiantes”, diz ela. Por
enquanto, o maior entrave é a falta
de carro para levar os produtos aos
eventos. Só de carreto, a família
gasta de R$ 300 a R$ 600, de-
pendendo do lugar. “Mas estamos
conseguindo juntar dinheiro para
comprar um carro para transpor-
tar nosso produto. Mesmo com
a crise, o setor de alimentação
de rua parece ir bem. Nossos
produtos têm bons preços (cada
arepa custa R$ 5, em média).”
Depois de comprar o carro, a
ideia é juntar dinheiro para abrir
um restaurante em São Paulo.

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 7

ENSAIO REFUGIADOS

Fatima
Diouf, 39
anos

Origem
Senegal
O que faz
Trabalha
com a venda
de tecidos

8 8 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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EM BUSCA DE UMA
OPORTUNIDADE

Fatima morava na zona rural,
no interior do Senegal, e
sempre sustentou a família
como vendedora informal
de tecidos coloridos, usados
para confeccionar roupas
masculinas e femininas.
Os senegaleses dão muita
importância às vestimentas —
os tecidos coloridos costu-
mam ser usados em batas
masculinas e em vestidos.
As mulheres costumam criar
vestes soltas pelo corpo, com
ombros à mostra e turbantes
criados com o mesmo tecido.
Mas, no último ano, Fatima
não estava mais conseguindo
sustentar a família, composta
pelo marido e três filhos, de 3,
5 e 7 anos. “Para fugir da po-
breza, acabei vindo ao Brasil.
As pessoas diziam que encon-
traria oportunidades aqui.”
Assim, há um ano, ela deixou
os filhos com os avós e veio
com o marido tentar uma
nova vida na capital paulista.
Detalhe: sem falar português,
nem ter dinheiro para se
sustentar e pagar aluguel.
Fatima já entende o por-
tuguês, mas se sente mais
segura comunicando-se em
francês. Primeiramente, ela
e o marido começaram a
estender tecidos coloridos em
grandes avenidas de São Pau-
lo, mas em seguida ambos
perceberam que poderiam
vender mais em feiras e festas
de comunidades africanas.
O tecido é importado do
Senegal e o lucro ainda é
mínimo (seu faturamento é
de cerca de R$ 1 mil mensais).
Em feiras africanas, chega a
vender dezenas de metros.
Fatima ainda tem esperança
de conseguir alugar um
espaço para montar uma loja
no centro da cidade. “Quando
isso acontecer, pretendo co-
meçar a enviar dinheiro para
os meus pais, que ficaram
cuidando dos meus filhos.”

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 9

P E S Q U I S A FRANQUIAS

CERTAFAÇA A COISA
Pesquisa exclusiva mostra como 60 marcas de franquias entre as mais
relevantes do mercado brasileiro estão fazendo os ajustes necessários

para fechar o ano no azul e crescer em 2017. A consultoria Praxis
Business perguntou aos franqueadores quais são os seus maiores
desafios e que caminhos encontraram para superá-los. A seguir, confira
as melhores soluções em cinco grandes temas: finanças, franqueados,
consultoria de campo, conselho de franqueados e engajamento

Lara Silbiger Studi-um

9 0 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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Finanças

Adaptação aos novos tempos

Momento econômico leva redes a fazer ajustes nos produtos, nas lojas e no fornecimento

A crise econômica causou mudanças nas franquias: 70% delas realizaram Três passos para melhorar a gestão financeira
alterações no mix de produtos e 52% renegociaram com fornecedores ou os
trocaram. Apesar das dificuldades, 80% das redes esperam crescer em 2016. 1. REVISITE O DRE com fornecedores para
“A resiliência para fazer ajustes contribui para isso”, diz Adir Ribeiro, sócio da aumentar a margem do
Praxis Business. Quase metade (46%) dos franqueadores enfrentam proble- Analise todas as linhas franqueado. Se necessário,
mas de inadimplência nas taxas de franquia, royalties e marketing. Para 32% do Demonstrativo de Re- troque de fornecedor.
das redes, o controle das contas é um desafio, principalmente no que diz sultado do Exercício, tendo
respeito à cobrança dos franqueados e ao controle das despesas com supor- como base os parâmetros 3. MUDE O MODELO
te. “É um percentual preocupante”, diz Dayse Araújo, coordenadora do MBA da rede e do setor. Esse DE NEGÓCIO
de Franquias da Fundação Instituto de Administração (FIA). “Não ter controle estudo mostrará se o negó-
das finanças implica tomar decisões sem saber se o negócio está saudável.” cio tem dado lucro e quais Faça ajustes ao novo pata-
gastos têm maior impacto. mar da economia. Pense,
Perspectivas para 2016 por exemplo, em lojas mais
2. REVEJA A CADEIA enxutas, adoção de centros
Quanto espera crescer neste ano, em % DE SUPRIMENTOS logísticos mais próximos
das unidades, entrada em
Até 10% sobre Acima de 30% Entre 20,1% e 30% Estude onde é possível mercados menores e revi-
a rede atual sobre a rede atual sobre a rede atual otimizar processos e econo- são da linha de produtos.
mizar insumos. Renegocie
1,79 3,57
44,64 23,22 16,07 10,71

Entre 10,1% e 20% Não espero Espero um crescimento
sobre a rede atual crescer negativo (diminuição da rede)

Mudanças devido à crise Jaime Drummond,
da Mahogany
Adequações feitas em razão das dificuldades econômicas, em %
Ajustes na medida
No mix de produtos 70
Na seleção e negociação com fornecedores da rede A rede de cosméticos Mahogany, que tem 12
No perfil de novos franqueados 52
Nos preços praticados 45 unidades próprias e 146 franquias, fez uma alte-
No formato das lojas 39 ração em seu modelo. Em junho do ano passa-
Não houve mudança relevante 38 do, a marca lançou a versão light do seu ponto
de venda. O investimento em montagem ficou
4 em R$ 100 mil, incluindo R$ 25 mil de estoque.
A modalidade visa cidades que tenham entre
Maiores obstáculos 50 mil e 150 mil habitantes. “Poucos queriam
investir de R$ 200 mil a R$ 300 mil na versão
Principais dificuldades na gestão financeira da franqueadora, em % tradicional”, diz Jaime Drummond, 67 anos,
presidente da rede. Hoje há 31 franquias light em
Inadimplência nas taxas devidas pelos franqueados 46 funcionamento, com 20 inaugurações só neste
Gestão por indicadores de desempenho financeiro ano. O número contrasta com as duas aberturas
32 de lojas tradicionais até o mês de outubro.
Gestão do fluxo de caixa 21
Sistema de gestão financeira (TI) 20 NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 9 1

Controle de receitas (contas a receber) 14
Outros 14
13
Controle de despesas (contas a pagar) 13
Necessidade de financiamento do
capital de giro da franqueadora

P E S Q U I S A FRANQUIAS

Franqueados

Procuram-se gestores

Franqueadores querem aumentar a participação do parceiro no sucesso da marca

De cada 97 candidatos, um se tor- Importância do parceiro
na franqueado. A taxa de conversão,
de 1,03%, reflete o desafio dos fran- Habilidade gerencial do franqueado é valorizada, mas
queadores para encontrar investido-
res com as características desejadas. A ele ainda tem participação baixa no êxito da marca
habilidade mais valorizada é a geren-
cial, seguida de relacionamento e co- Fatores de sucesso Competências fundamentais
nhecimento do mercado. Para os fran- no negócio
queadores, o franqueado responde por As habilidades mais importantes
37,7% do sucesso da rede. Outros fato- A participação de cada para o franqueado tocar o negócio
res são a marca, o suporte e o mode- elemento no sucesso
lo de negócio. “Isso mostra que as re- da franquia, em % 1º Habilidade gerencial
des ainda atribuem a si mesmas mais 2º Relacionamento
de 60% do êxito. O franqueado de- Empresário/ 3º Conhecimento de mercado
veria ter 50% de participação”, afir- franqueado 4º Capacidade de vendas
ma Adir Ribeiro, da Praxis Business. Os 5º Atitude
parceiros que crescem dentro da rede, 33,77 6º Capacidade de investimento
abrindo mais de uma unidade, estão 7º Atuação na área de negócio
presentes em 89% das marcas. No en- 8º Reputação
tanto, apenas 30% das empresas dis-
põem de um suporte diferenciado para Marca Relacionamento específico
empreendedores com várias lojas.
22,41 A franqueadora oferece suporte
A dor e a delícia de ter diferenciado a multifranqueados?
multifranqueados
20,09 Não Em treinamentos, na Só na
Fazer a expansão da rede com multi- 19,73 consultoria de campo e consultoria
franqueados tem vantagens. Esses em- em outros itens de suporte de campo
preendedores, que já são experientes no Suporte da
franchising, diminuem a margem de erro franqueadora
da operação. Além disso, o franqueador
tem de lidar com um número menor de 70 18 5 5 2
interlocutores no dia a dia. “A comunica-
ção se torna mais assertiva e a tomada Modelo de Em treinamentos e na Só em
de decisões fica mais ágil”, afirma negócios consultoria de campo treinamentos
Claudio Tieghi, diretor de inteligência
de mercado da Associação Brasileira de Paulo Zarh, da autossustentáveis antes que ele parta
Franchising (ABF). No entanto, o fran- Odonto Company para a próxima aquisição”, diz Paulo
queador precisa entregar um suporte Zarh, 52 anos, presidente e fundador da
diferente, em razão da complexidade Gestão integrada marca. A rede conta com um sistema
da operação dos multifranqueados. “É das unidades de suporte exclusivo para os multi-
necessário trabalhar com indicadores franqueados. Uma plataforma virtual
específicos de multifranquia e foco apu- Dos 155 franqueados da Odonto- permite acompanhar receitas, gastos,
rado nas especificidades trabalhistas, metas e inadimplência de um conjunto
fiscais e tributárias”, diz Tieghi. Company, especializada em saúde e de clínicas. “A integração dá ao fran-
estética odontológica, 40% possuem queado uma visão panorâmica dos ne-
mais de uma franquia. “Exigimos do gócios e a possibilidade de redirecionar
empresário que as suas unidades sejam suas ações”, afirma Zarh. A rede deve
faturar R$ 135 milhões neste ano.

9 2 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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Consultoria de campo

Em busca de resultados

Equipe que presta suporte à rede de franqueados tem a missão de aprimorar o relacionamento

Melhorar os resultados da franquia Resultados em campo 5,55 Victor Costa,
é a principal função do consultor de 8,67 da Santa Lolla
campo, segundo 77% dos franque- Consultor tem a função de melhorar
adores. Em média, as redes contam resultados da unidade 6,45 Time
com um time de cinco colaborado- 6 reforçado
res para essa função, cada um com Número de consultores na rede 5,40
29 unidades sob sua responsabilida- 5 Até o início de 2016,
de. Apesar da alta expectativa que Média geral 3,88
depositam na consultoria, 36% das Construção, imobiliárias e decoração os nove consultores
redes reconhecem que a falta de re- Vestuário, calçados e acessórios de campo da Santa
sultados efetivos é a principal cau- Educação (cursos de idiomas Lolla eram os únicos
sa de conflito com o franqueado. “Os e profissionalizantes) responsáveis pelo
franqueadores delegam muito do re- Food service, bebidas e restaurantes suporte às 130 lojas.
lacionamento ao consultor, mas nem Beleza, saúde, medicina, No primeiro semes-
sempre o preparam bem”, afirma Adir odontologia e farmácia tre deste ano, todo
Ribeiro, da Praxis Business. Em bus- Lavanderia, limpeza e outros o serviço de apoio
ca de maior efetividade, 75% das re- passou por uma re-
des segmentam os franqueados em Número de unidades por consultor 29,06 estruturação. “Agora,
grupos e dão suporte diferente a cada 60,61 o atendimento já
um. “As necessidades de uma unida- Média geral não depende só
de de dez anos são diferentes daque- Lavanderia, limpeza e outros 38,49 da consultoria de
la com cinco meses”, diz Ribeiro. Beleza, saúde, medicina, 27,81 campo. Todas as
odontologia e farmácia 22,10 áreas internas da
Três passos para turbinar 19,12 franqueadora foram
a consultoria de campo Educação (idiomas e profissionalizantes) envolvidas no supor-
Food service, bebidas e restaurantes te”, diz Victor Costa,
1. Capacite a equipe para fazer um diag- Vestuário, calçados e acessórios 57 anos, diretor de
nóstico preciso da gestão do franquea- operações da rede.
do. O consultor de campo deve ir além Segmentação da rede No modelo atual, o
do checklist e incentivar o empresário a consultor avalia a
buscar respostas para seus desafios. A franqueadora oferece suporte diferente operação com base
para grupos de franqueados? (em %) em indicadores e
2. Desenvolva o comportamento empre- traça um plano de
endedor no time de campo. Conforme o 25 Não, o suporte é o ação com o fran-
consultor ganha conhecimento, crescem 25 mesmo para todos queado. Diante de
a empatia e as condições de prestar um 23,22 Sim, e divide os demandas espe-
bom atendimento ao franqueado. franqueados pelo cíficas, entram em
nível de maturidade ação outras áreas da
3. Treine os consultores para trabalhar Sim, de acordo com franqueadora, como
com indicadores como fluxo de caixa e necessidades especiais marketing e jurídico.
desempenho de vendas. Os números
serão a base para o plano de ação e o Sim, usando outros critérios
referencial para acompanhar a execu-
ção. “O objetivo é propagar uma atitude 16,07 Sim, de acordo com
transformadora”, diz Claudio Tieghi, dire- 3,57 7,14 a especialização do
tor de inteligência de mercado da ABF. consultor de campo
Sim, e divide os franqueados
pelo tempo no negócio

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 9 3

P E S Q U I S A FRANQUIAS

Conselho de franqueados

Apoio à tomada de decisões

Grupos formados por franqueados trazem ideias para a marca e reduzem os conflitos

Tradicionalmente colaborativo, o franchising se alimenta da troca de informação e da Como montar um conselho
disseminação do conhecimento. “A estrutura se fortalece pelo intercâmbio”, afirma Dayse
Araújo, coordenadora do MBA de Franquias da FIA. Entre as práticas que visam aproximar QUEM PARTICIPA
as partes, destaca-se o conselho de franqueados. O grupo é formado por empreendedo-
res que representam a rede e tem a atribuição de regular as relações com a franqueado- O grupo é montado segundo critérios
ra. A iniciativa é realidade em 55% das redes — sendo que 32% a consideram muito efe- previamente estabelecidos, que podem
tiva, com formato e regras que devem ser mantidos. Entre os benefícios associados ao ser região geográfica, tempo de rede e
conselho de franqueados estão o fomento de novas ideias para o negócio e para a rede faturamento, entre outros.
(57%), mais engajamento (48%) e menos conflitos com a franqueadora (48%).
COMO FUNCIONA
Franqueados reunidos
Em reuniões periódicas, o conselho se
Conselhos geram oportunidades para que empreendedores tragam ideias à rede debruça sobre temas ligados à estratégia,
como discussões sobre regras e mudan-
Efetividade em rede ças na marca. Geralmente, o conselho é
consultivo: a decisão final é sempre da
A contribuição do conselho de franqueados para as decisões da marca empresa franqueadora.

32 21 2 45 DESAFIOS

Muito efetivo — deve Pouco efetivo — é Nenhuma A rede Os franqueados devem se sentir repre-
manter o formato necessário rever o efetividade não possui sentados no conselho. A escolha dos
e regras atuais formato e regras atuais conselho de conselheiros precisa acontecer sob os
franqueados princípios de transparência e governança.
Os interesses de conselheiros individuais
não podem se sobrepor aos do coletivo.

Participação positiva

Os benefícios do conselho de franqueados, em %

Novas ideias para o 57 Altino Cristofoletti Junior, parceiros escolhidos pela própria
negócio e para a rede 48 da Casa do Construtor rede. “Apesar de ser consultivo,
Maior engajamento da rede 48 o conselho visa ao consenso,
Construção de forma que todos se sintam
Redução de conflitos 43 de soluções corresponsáveis pelas soluções”,
com a franqueadora afirma Altino Cristofoletti Junior,
Mais qualidade nas discussões 39 Antes que se tome qualquer 56 anos, sócio-fundador da rede.
de problemas da rede O grupo se reúne quatro vezes por
Maior efetividade na solução 38 decisão estratégica na rede de ano. Os encontros são abertos
de problemas da rede aluguel de máquinas para a cons- aos demais franqueados (a rede
Mais qualidade nas decisões trução civil Casa do Construtor, tem 250 unidades, comandadas
relevantes para a rede o tema passa pelo conselho de por 160 empreendedores), que
franqueados. Dele participam oito participam sem poder de voto.
Comitês de franqueados

Efetividade dos grupos para as decisões da rede, em %

A rede não Muito efetivo – devem
possui comitês manter o formato
de franqueados e regras atuais

2

36 27 36

Nenhuma Pouco efetivo – é necessário
efetividade rever o formato e regras atuais

9 4 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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Engajamento

Embaixadores da marca

Iniciativas para engajar a rede incluem programas de capacitação e de excelência

Ter uma rede totalmente alinhada à Franqueados envolvidos Plano de ação
cultura organizacional e contar com o
apoio dos franqueados para as propos- Quase 30% dos parceiros O QUE ENGAJA O QUE DESENGAJA
tas da marca é o sonho de qualquer
franqueador. No entanto, isso não está são classificados como não - Discurso e prática - Falta de planejamento
próximo de se tornar realidade — 30% alinhados, de forma a de médio e longo prazo.
dos franqueados são vistos como não engajados pelo franqueador manter a confiança Os franqueados precisam
engajados. Esse desafio tem raiz na fal- - Resultados compatíveis consultar a franqueadora
ta de entendimento dos papéis de cada Níveis de engajamento com os apresentados na sobre o futuro da marca
um. “O franqueado se queixa de práti- promessa de venda - Ausência de visão estra-
cas da franqueadora, sem entender a A estimativa do franqueador sobre o - Sistemas de reconheci- tégica, o que indica que o
responsabilidade que cabe a ele. Já a comprometimento do franqueado mento, como programas franqueador não sabe o
franqueadora assume funções que não de excelência ligados a melhor caminho
lhe cabem”, diz Claudio Tieghi, diretor Engajado Altamente resultados - Atitude ditatorial,
de inteligência de mercado da ABF. En- engajado - Genuíno interesse de que não costuma incluir
tre os desafios das redes estão a baixa ouvir os franqueados, os franqueados na
proatividade dos franqueados (43%) 37,46 33,29 com rapidez na resposta tomada de decisões
e a baixa aderência à cultura corpora-
tiva ou da marca (29%). Para buscar 10,43 18,82
novos padrões de comportamento, as
redes investem em consultoria de cam- Altamente Não
po (75%), programas de capacitação não engajado engajado
(63%) e de excelência (54%).

Dificuldades enfrentadas Plano de ação Adriana Auriemo,
da Nutty Bavarian
Os maiores obstáculos encontrados Os meios usados pela franqueadora
pelos franqueadores, em % para mudar o comportamento dos Mais envolvimento, menos cobrança
franqueados, em %
Em abril de 2016, a convenção de rede de
Perfil do franqueado 48 Consultoria de campo 75
inadequado para nozes glaceadas Nutty Bavarian marcou não
o negócio 48 Programas de 63 só as comemorações dos 20 anos da marca
Gestão de pessoas na 43 capacitação 54 mas também a entrega do primeiro prêmio
unidade franqueada 36 Programas de 7 do Programa de Excelência. A iniciativa foi
Baixa proatividade excelência lançada em 2014 para reconhecer os melhores
do franqueado 34 Outros franqueados da rede, que tem 140 quiosques
Frustração das 34 no Brasil e seis nos Estados Unidos. “Até então,
expectativas do 30 Não têm meios 4 tínhamos uma premiação baseada no fatura-
franqueado capazes de mudar mento”, diz André Novaes, 31 anos, gerente de
Atrasos e inadimplência o comportamento operações. No novo formato, a metodologia
dos franqueados dos franqueados leva em conta a gestão do negócio. “Para pon-
Engajamento dos tuar, basta seguir as expectativas e as exigên-
franqueados e cias da rede, listadas em 27 quesitos”, afirma
sua equipe Adriana Auriemo, 42, sócia e diretora.
Alta rotatividade nas
equipes dos franqueados

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 9 5

NOVO APP ÉPOCA

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GESTÃO IDEIAS, ESTRATÉGIAS
E BOAS PRÁTICAS
As melhores PARA SUA EMPRESA
estratégias
para driblar a Edição: Marisa Adán Gil
desconfiança e Mariana Iwakura
dos bancos
e conseguir NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 9 7
recursos para
sua empresa

98

TECNOLOGIA

Saiba como
aproveitar as
práticas de
usabilidade
para aumentar
as taxas de
conversão do
seu e-commerce

106

ILUSTRAÇÃO: GUILHERME HENRIQUE

10

EVOLUÇÃO DAS TAXAS MENSAIS 2015 2,44 2,48 2,52 2,54 2,59 2,64 2,66 2,68 2,69
DE JUROS PARA CAPITAL DE GIRO
2016 0 set out nov dez jan fev mar abr mai
(em %)
GE STÃO
CRÉDITO

A BATALHA
PELO CAPITAL

Com as torneiras do crédito fechadas, conseguir recursos se
transformou em uma missão (quase) impossível. Mas, com a
estratégia certa, é possível vencer a desconfiança dos bancos

Felipe Datt Guilherme Henrique

No dia 5 de outubro, o gover- por a riscos. A lista de exigências
no federal anunciou a libe- para conceder empréstimos en-
ração de R$ 30 bilhões em cré- grossou; os critérios para nego-
dito para as micro e pequenas ciar com empresas de pequeno
empresas. O dinheiro, destina- e médio porte ficaram mais rigo-
do a capital de giro, investimen- rosos. Além disso, com mais de-
tos e compra de equipamen- vedores na praça, aumentaram
tos, será distribuído por meio as provisões (reservas obrigató-
de linhas de empréstimos dos rias contra calotes). Resultado: a
cinco maiores bancos do país maior escassez de capital dos úl-
(Bradesco, Itaú, Santander, Ban- timos nove anos. De acordo com
co do Brasil e Caixa Econômica Banco Central, o estoque de cré-
Federal). Não foi fixado nenhum dito na economia brasileira deve
modelo para as transações, mas diminuir 2% este ano — se a es-
as instituições se compromete- timativa for confirmada, será a
ram a reduzir as taxas de juros: primeira queda do total de em-
na Caixa, a redução anunciada préstimos desde 2007, quando o
chega a 30%. A novidade trouxe BC começou a registrar os dados.
um alento para os empreende-
dores, que nos últimos tempos As empresas foram as mais
viram a oferta de crédito enco- atingidas: houve queda em mo-
lher e a negociação ficar cada vez dalidades como capital de giro,
mais difícil — consequência de cheque especial e até financia-
uma economia marcada pela re- mento às exportações. De julho
cessão, pela queda no consumo de 2015 até julho deste ano, dado
e pelo desemprego. mais recente disponível, o volu-
me de crédito para capital de giro
Não é difícil entender por que foi de R$ 384 bilhões para R$ 345
ficou tão difícil conseguir recur- bilhões. “Os bancos passaram a
sos. Entre janeiro de 2015 e agos- analisar os negócios com mais
to de 2016, o cenário de crise tur- cautela. A piora na capacidade de
binou o índice de inadimplência pagamento resultou em menor
das empresas, que subiu 11 pon- aprovação de crédito”, diz Mar-
tos percentuais. O crescimento celo de Freitas Lima, superinten-
das dívidas deixou os bancos na dente Nacional de Micro e Peque-
defensiva, com medo de se ex- no Empreendedorismo da Caixa.

9 8 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

www.revistapegn.com.br

2,70 2,73 2,74 2,78 36,82 é a taxa de juros no acumulado 27,01 é a taxa de juros de capital
% entre setembro de 2015 % de giro no acumulado
jun jul ago set e setembro de 2016 de janeiro a setembro de 2016
FONTE: ANEFAC

A EVOLUÇÃO DO CRÉDITO NO PAÍS

Confira as variações no capital disponível para empresas, na inadimplência e na busca por recursos

Evolução do volume Evolução do índice de inadimplência das empresas (em %)
de capital disponível
3,5 2,8 2,9 3,1 3,2 3 3 3,1 2,6 2,6
(em R$ trilhões) 2,1 2,2 2,3 2,3 2,4 2,4
2,7
2 1,29 1,46 1,60 1,70 1,57
0,93 1,11 2016 2,4 2,5

2 2

2015

0 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*
Evolução da demanda por crédito do segmento PME
Variação em relação
ao ano anterior (em %) VARIAÇÃO ANUAL VARIAÇÃO MENSAL
(em relação ao mesmo (em relação ao mês anterior, em %)
25 mês no ano anterior, em %)
20 16,1
20,9 18,9 15
16,1 12,6 12,6
13,2 12,1 11,4
9,5 12,4
6,3
0 -10,6 -11,6 -4,4 -3,9 -2,8 4,8 4,9
0 -4,8 0 -12 -1,1 -6,1

2010 2011 2012 2013 2014 2015 -15 jan fev mar abr mai jun jul ago -15 jan fev mar abr mai jun jul ago
-5
FONTES: INDICADOR SERASA EXPERIAN DE DEMANDA DAS EMPRESAS POR CRÉDITO E BANCO CENTRAL
2016**

*EM AGOSTO / **VARIAÇÃO EM 12 MESES
FONTE: BANCO CENTRAL

MINHA CASA, para empréstimos pessoais. O imóvel EXEMPLOS NO MERCADO* BANCO INTERMEDIUM
MEU NEGÓCIO que será colocado como garantia Valor Financiável
precisa estar quitado, localizado em BANCO DAYCOVAL
O Crédito com Garantia de Imóvel área urbana, em nome do tomador de Valor Financiável Até 50% do valor de
(CGI), também conhecido como recursos e com a papelada em dia. É avaliação do imóvel
home equity, pode ser uma solução possível levantar até 60% do valor de Até 60% do valor
para quem deseja levantar recursos avaliação do imóvel. Para definir o valor do imóvel avaliado
para montar um negócio próprio com do empréstimo, o banco também leva
taxas menores do que as praticadas em conta o rendimento total da família Prazo de pagamento Prazo de pagamento
e a capacidade de comprometimento
de renda, que não deve superar Até 180 meses Até 180 meses
30% com a contratação da dívida.
Taxa de juros Taxa de juros
2,05% ao mês A partir de 1,40%

ao mês + IPCA

*ALGUMAS LINHAS DE HOME EQUITY DISPONÍVEIS PARA EMPREENDEDORES

NOVEMBRO, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 9 9

10

DESCONTO DE DUPLICATAS 2,89 2,91 2,95 2,97 3,01 3,04 3,08 3,10 3,14

(antecipação de recebíveis, em %) 2015

CRÉDITO 2016 0 set out nov dez jan fev mar abr mai

GE STÃO

Para piorar um pouco mais a vi- tração de resultados, evolução de FRANQUIAS
da dos empreendedores, as taxas faturamento e lucro) até o patri- EM ESPERA
bancárias não param de subir há mônio da empresa e dos sócios.
24 meses. Levantamento da Asso- Contam também o grau de endi- “A Dídio Pizza tem par-
ciação Nacional dos Executivos de vidamento, as garantias oferecidas ceria com três bancos.
Finanças, Administração e Conta- e o histórico de pagamento com a Desde o final de 2015,
bilidade (Anefac) mostra que as instituição. Os bancos recorrem entretanto, a dificuldade
taxas de juros médias gerais pa- ainda a fontes como a Serasa Expe- em conseguir crédito au-
ra as pessoas jurídicas (conside- rian, para checar o comportamen- mentou, sobretudo para
rando diversas linhas) atingiram to da empresa no mercado (verifi- novos franqueados. Os
75,72% ao ano em setembro de 2016 cando se os fornecedores recebem bancos não liberam recur-
— como base de comparação, es- em dia, por exemplo). sos para novos CNPJs, por
tavam em 43,58% ao ano em mar- falta de garantias. Quan-
ço de 2013. Com condições pouco do aprovam, as taxas
atrativas, a demanda estancou. O são inviáveis. Perdemos
Indicador Serasa Experian de De- bons candidatos por isso.
manda das Empresas por Crédito Mesmo para quem já
mostra que, no acumulado do ano está na rede, a situação
até agosto, a procura por emprés- é mais difícil. Recente-
timos é equivalente à do mesmo pe- mente, fomos atrás de
ríodo do ano passado. Com vendas uma linha de crédito para
baixas e estoques ainda altos, dimi- um dos franqueados que
nui a necessidade de contratar re- necessitava de capital
cursos. “Em nenhum momento do de giro. Pesquisamos nas
ano tivemos um acumulado positi- três instituições parcei-
vo na demanda”, diz Luiz Rabi, eco- ras, mas não fechamos
nomista da Serasa Experian. com nenhuma, por conta
das taxas altas.”
O cenário adverso dificulta, e
muito, a tarefa de quem busca re- Camila Biazini, 32,
cursos. Mas não se trata de uma diretora da Dídio Pizza
missão impossível. Cabe ao empre-
endedor entender o que as institui-
ções financeiras querem e depois
sair em busca das melhores taxas.
Pelas regras do Banco Central, os
empréstimos são enquadrados em
ratings de crédito que variam de
AA (para os ótimos pagadores) até
H (caloteiro de carteirinha). Uma
boa classificação de risco aumenta
as chances de fechar negócio, con-
tando com as melhores condições
disponíveis. E vice-versa. Para defi-
nir essa classificação, o banco leva
em conta uma série de dados que
revelam como anda a saúde finan-
ceira da empresa — e sua capacida-
de de pagamento. Isso inclui desde
informações contábeis (demons-

1 0 0 pequenas empresas & grandes negócios NOVEMBRO, 2016

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