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Published by andreaires, 2019-09-05 08:34:43

O_Presente_do_Passado

O_Presente_do_Passado

8. Um colega nosso de turma resolveu ficar noivo

perto de terminar o curso. Na mesma noite do dia do
noivado, ele estava programando um jantar reunindo
as famílias dos noivos. Grupos de colega resolveram
raptá-lo a fim de não participar do seu jantar de noi-
vado. O esquema era o seguinte: À tardinha, grupos
de colegas iriam à casa do noivo para parabenizá-lo
e convidá-lo para um brinde com os demais colegas,
no bar do Passeio Público. A chegada à casa do co-
lega não seria coletiva para não assustá-lo e sim um
a um. Foi pedida permissão a noiva, presente na casa
do colega, para uma breve comemoração entre eles,
no que ela, educadamente, permitiu. Só que o noivo
chegou muito depois do jantar de noivado!

147

Conclusão do CPOR
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IDAS E VINDAS
DE VIÇOSA DO CEARÁ

A Cidade de Viçosa do Ceará, Região da Ibiapaba,
altitude de 740 metros, de clima agradável, dotada de vá-
rios pontos turísticos, de belas paisagens naturais, de povo
hospitaleiro e filhos ilustres, é a terra de minha mãe Bea-
triz, descendente dos Fontenelle/Caldas/Silveira.

Quando ainda morávamos em Camocim (1940-
1946), sempre íamos a Viçosa, passar as férias. O trans-
porte para ir de Camocim a Viçosa era o caminhão do Ca-
etano Gouveia, com cabine fechada onde cabia poucos
passageiros. A maioria dos viajantes ia sentada nas cargas
transportadas na carroceria do carro. A estrada estreita,
muitas curvas perigosas, principalmente na subida da ser-
ra, era de areia solta ou piçarra.

Depois que passamos a morar em Fortaleza, o
transporte era o caminhão misto do Afonso Rocha. Tinha
três boleias de madeira que ocupavam a metade do chassi
do carro e o restante uma carroceria também de madeira

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para as cargas e, sobre elas, alguns passageiros. O misto
do Afonso, quando ia de Fortaleza a Viçosa, saía às quatro
horas da manhã, seguindo pela BR-222, de piçarra e es-
treita, chegava próximo das seis horas da tarde em Sobral,
onde os passageiros pernoitavam na Pensão de Dona Don-
don. Dormir era exagero, passava-se a noite matando mu-
riçocas. No trecho Fortaleza-Sobral, havia uma parada no
Município de Irauçuba para o almoço. Geralmente consis-
tia de linguiça, carne do sol ou paçoca. A saída de Sobral
para Viçosa era em torno das seis horas da manhã. Na su-
bida da serra era comum uma parada no caminho para um
banho de bica na “Cascata” ali existente e fazer uma refei-
ção. A chegada a Viçosa dava-se em torno das quinze ho-
ras. Na volta, a saída do misto era às três horas da manhã.
Lembro bem que, nessa viagem vinham sentados na carro-
ceria do misto os vendedores de galinha trazendo a sua
mercadoria para vendê-la na Capital.

Quando o misto do Afonso chegava a Viçosa, ia
distribuir a carga. Entre os vários tipos de carga que su-
priam as necessidades dos viçosenses, os filmes de
cowboy para serem exibidos no cinema do Teatro Dom
Pedro II, gerenciado por Antonino Mello, casado com a
minha Tia Maria Luíza; os engradados de cerveja e os
jornais. O Afonso era uma pessoa muito popular na cida-
de, gostava de tomar umas cervejas num bar de Viçosa,
acompanhado por tocadores e depois colocava a banda
musical na boleia do seu caminhão e ficava a rodar pelas
ruas da cidade.

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A casa em que ficávamos hospedados era a de Tia
Maria Luíza; algumas vezes na do Tio Chico Caldas, ir-
mão do meu avô materno José Alfredo, situadas na Praça
da Matriz. Na casa de Tia Maria Luíza, vivenciamos dois
momentos: um antes e outro depois de seu casamento
(1949) com Antonino Mello. A partir daí houve mudanças
na estrutura da casa.

A casa, do tempo em que a Tia era solteira, tinha a
porta de entrada alta de madeira, na Praça Clóvis Bevilá-
qua, um corredor longo, do seu lado direito, uma sala de
visitas seguida por dois quartos. O corredor de entrada, a
sala e os dois quartos tinham piso de tijolo, pé direito alto,
e o forro do corredor, da sala da frente e do primeiro quar-
to era de tecido engomado, preso por treliças de madeiras,
chamado de “forro francês;” o do segundo quarto era de
madeira. O primeiro quarto tinha sete portas. A frente da
casa era dividida em duas partes a “casa alta” com quatro
janelas de madeira, tipo venezianas e mais porta de entra-
da. As paredes da frente haviam sido construídas de pe-
dras. A “casa baixa”, com uma porta baixa de entrada e
uma janela veneziana. No final do corredor de entrada,
existiam sete degraus que davam para a sala de jantar, de
piso de tijolo, sem forramento, com duas portas de bandei-
rolas trabalhadas e para um jardim interno, com muitas
roseiras de cores variadas. No lado esquerdo do jardim
correspondente à primeira porta da sala de jantar, existia
uma longa coberta de palhoça, segura por madeiras e chão
batido. No centro, existia uma mesa grande para refeições.
O alpendre da palhoça servia também para armar redes de

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dormir, quando havia muitos visitantes na casa da Tia,
principalmente os primos. No final da coberta da palhoça,
uma parede de palha, um sanitário, um buraco no chão
(estilo turco), coberto por uma tampa de madeira, usado de
cócoras. Utilizava-se cal, no processo de conservação e
evitação de maus cheiros, a chamada fossa séptica. Nos
quartos, à noite, eram colocados penicos de vários tama-
nhos para uso nos casos de necessidades fisiológicas.

Na área do jardim interno, para quem saísse da sala
de jantar, pela porta da direita, existiam paredes de palhas
uma maior e outra menor, colocadas de forma perpendicu-
lar, a céu aberto. Era o banheiro da casa. Nele existiam
duas tinas de cimento, constantemente abastecidas para o
banho. As águas eram procedentes das cachoeiras do Sitio
Bananeiras, transportadas por jumentos em ancoretas, fi-
xadas em cangalhas por cordas e conduzidas pelo morador
do sitio, o Osmar. Para a retirada da água das tinas para o
banho eram usadas cuias. A água para se beber era da
mesma fonte sendo depositada em potes de barro, depois
de coadas por um pano branco limpo. A água era retirada
dos potes com uma caneca de alumínio de cabo longo ou
com pequenas torneiras existentes na sua parte inferior.
Nos quartos, à noite, eram colocadas quartinhas de barro e
canecas de alumínio para se beber água.

A chamada “casa baixa” tinha uma porta que dava
para o jardim interno por onde chegavam os produtos vin-
dos dos sítios Olaria e Bananeiras da família: café, pimen-
ta-do-reino e frutas (bananas, mangas, jacas, laranjas, tan-
gerinas, mamão, buriti e fruta-pão). A casa baixa tinha três

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compartimentos: um quarto na frente, um depósito amplo
com caixões grandes para guardarem café e pimenta-do-
reino e prateleiras de madeira para frutas e queijos e, no
final, outro espaço. O quarto da frente era destinado aos
primos menores e o último espaço, usado também como
local de hospedagem. Assim como a casa alta, a casa bai-
xa tinha o pé direito alto. O piso de toda a casa baixa era
de tijolo.

Ao lado do sanitário, uma porta dava para os fun-
dos da casa, na Rua Lamartine Nogueira. Para passar para
a parte de trás da casa, tínhamos que descer alguns de-
graus de tijolo, chegando-se à cozinha, a um alpendre
aberto, piso de tijolo, a um fogão de alvenaria com grelhas
de ferro e alimentado por madeira vindas dos sítios. Exis-
tia também um fogão de ferro a lenha, destinado a cozi-
nhar as refeições. No de alvenaria, eram feitos os doces de
banana, manga, buriti e torrava-se o café. No de ferro,
eram assados os bolos e as roscas.

No restante do terreno, havia chiqueiros para cria-
ção de galinhas, patos e porcos (alimentados à base de
frutas, o que dava um gosto especial à carne); os terreiros
de chão batido para secar café e pimenta-do-reino. Ao
final do terreno, um portão para a entrada dos produtos
vindos dos sítios, transportados por jumentos utilizando
caçoás.

Depois do casamento de Tia Maria Luíza com o
Antonino, ele promoveu uma modernização de parte da
casa, utilizando piso de mosaicos do hall de entrada até a
sala de jantar mantendo o piso de tijolos na sala de visitas

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e nos dois quartos na casa alta. Depois da sala de jantar,
ele construiu um quarto com banheiro interno e outro so-
cial. Fez uma grande sala para refeições, seguida de outro
quarto depois a cozinha, tendo ao lado a despensa e outro
banheiro. Foi utilizado piso de mosaico de cor diferencia-
da do piso do hall.

Na parte antiga da cozinha, foi colocada uma la-
vanderia com piso cimentado, mantidos os chiqueiros e o
pátio com os secadores de café e pimenta-do-reino. Aí foi
colocado piso de tijolos. Uma caixa d’água, com encana-
mento para os banheiros, um renovado sistema de fiação
para a iluminação elétrica da casa e uma fossa foram cons-
truídos e cimentada parte do jardim interno da casa.

Em Viçosa, faziam-se seis refeições por dia. No ca-
fé da manhã, diferentes tipos de bolos, roscas, tapiocas,
pães, cuscuz, frutas (banana, mamão, manga, laranja, tan-
gerinas), café, chás e leite. Na merenda das nove horas,
(frutas e sucos). Entre 11.00 -1200 horas, o almoço: arroz,
feijão, macarrão, diferentes tipos de carne (gado, porco e
galinha), pirão ou farofa. Verduras não era usual. Como
sobremesa, vários tipos de doce. Às três horas da tarde, a
merenda: frutas, doces, bolos, roscas e café caseiro (torra-
do em casa). Às seis horas o jantar, sopa de galinha ou de
carne, doces e bolos com café. Em torno das nove horas da
noite, o famoso caldo. O café usado vinha dos sítios, que,
após secar no terreiro existente, era torrado em casa com
rapadura e pilado em pilão de madeira. Os doces eram
feitos em tachos de cobre, no fogão de lenha misturando-
se frutas cortadas com rapadura ou açúcar mascavo e me-

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xendo-se com grandes colheres de madeira até dar o ponto
final.

Era costume assistir, na Igreja da Matriz (na época,
a única igreja existente), às missas, novenas, procissões e,
a festa em dias especiais, da Padroeira da Cidade Nossa
Senhora da Assunção no dia 15 de agosto. Depois do jan-
tar, colocarem-se as cadeiras nas calçadas para conversar,
saber as novidades e receber visitas de parentes e amigos.

Nos períodos das férias e em datas especiais, tí-
nhamos as festas dançantes no clube chamado Gabinete.
As feiras livres, aos sábados, sempre foram importantes
para a Cidade, com a vinda das pessoas dos sítios e distri-
tos para venderem seus produtos e reverem amigos, visita-
rem os compadres, comprarem coisas, fazerem consultas
com o Dr. Pinho e receberem ou comprarem remédios.

A base da economia de Viçosa, durante muitos
anos, foi o café, a pimenta-do- reino, a cana-de-açúcar
(rapadura e cachaça), frutas (manga, jaca, banana, tangeri-
na, laranja, abacate, entre outras). A criação era principal-
mente de galinhas e porcos para consumo próprio ou ven-
da na feira. O gado para abate no matadouro local vinha de
fazendas do Estado do Piauí.

Funcionavam em Viçosa entidades como a Coleto-
ria Federal, o IBGE, a Coletoria Estadual e os Correios e
Telégrafos. Os jornais de Fortaleza chegavam pelo misto
do Afonso. Havia cinema e outros eventos culturais no
Teatro Dom Pedro. Na década de 1950, chegou a aconte-
cer uma luta de box, proporcionada por um filho de Viço-

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sa. Existia a sede da Legião Operária. O Clube Gabinete
era muito ativo e havia grande movimentação nas praças.
O coreto da Praça da Matriz era palco para as retretas da
Banda Municipal.

Não havia médicos, nem hospitais, mas Viçosa
possuía um competente profissional da saúde, o farmacêu-
tico Felizardo de Pinho Pessoa Filho que curava os doen-
tes com remédios fitoterápicos e fazia cirurgias com su-
cesso.

O clima em Viçosa variava entre 15-17 graus, pois
as florestas em seu entorno ainda não haviam sido devas-
tadas. Mas o clima politico, as disputas entre a UDN e o
PSD eram muito acirrado, com as constantes brigas entre
situação e oposição.

No período em que frequentávamos Viçosa com
mais assiduidade (1940 -1958), pela manhã, com grupo
de amigos íamos visitar sítios, principalmente os situados
na região do Olaria, indo e vindo pelo caminho do Sitio
dos Comuns. Durante o percurso, nós nos divertíamos,
comendo mangas e tomávamos banho no Açude do Care-
ta, na propriedade da família Hugo Mota. Muitas vezes,
fomos ao Engenho do Olaria do Senhor Raimundo Silveira
primo de minha mãe tomar caldo de cana e fazer puxa-
puxa por ocasião das moagens. Em outros dias, íamos to-
mar banho na Bica do Itacaranha ou na Pedra do Itaguru-
çu. Na parte da tarde, participávamos das peladas de fute-
bol na Praça Antônio Honório Passos, onde, atualmente,
existe o Ginásio de Esportes da Cidade ou no meio de um
terreno na atual Avenida Major Felizardo de Pinho Pessoa,

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nas proximidades de um dos sítios dos Pinhos, Sitio João
de Barro, onde, hoje, existe a Agência do Banco do Brasil
e no beco da casa do Senhor Souza.

Nas noites, a programação era ir ao cinema (ses-
sões nas quintas, sextas e nos sábados) para assistir aos
tiroteios dos filmes de faroeste. Funcionava nas depen-
dências do Teatro Dom Pedro II. Uma sineta tocava três
vezes, anunciando o inicio do filme. O cine era gerencia-
do pelo Antonino Mello. Passear nas Praças Clóvis Bevi-
láqua ou General Tibúrcio (os rapazes circulavam da direi-
ta para a esquerda, correspondendo à parte externa das
praças e as moças no sentido contrário, na parte interna).
Depois íamos dançar no Gabinete onde, no período de
férias havia festas dançantes quase todos os dias. As músi-
cas ficavam a cargo do Conjunto do Pedrosa ou da Or-
questra de Tianguá. Os ritmos mais tocados nas festas de
Viçosa eram valsas, mazurcas, polcas, xotes, sambas e
boleros. A iluminação do salão de danças do Gabinete era
feito, na maioria das vezes, por candeeiros Petromax.
Muitas pessoas assistiam às festas na parte externa ao clu-
be, era o chamado “sereno”.

Tradicional, a realização de serestas, a maioria pu-
xada pelo Zé Músico e seu violão, com melodias amorosas
e ainda lembradas pelos viçosenses. Entre elas, havia uma
intitulada “Saudade”, que se dizia ser de autor mineiro,
interpretada pela primeira vez pela Dalva de Oliveira.

Saudade
que me trouxe aqui.

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Saudade
de beijar a ti.
Saudade
de uma era passada
do tempo
em que fui amado.
Saudade
de rever os meus.
Saudade
dos sorrisos teus.
Saudade,
quem é que não tem?
Só mesmo alguém que nunca quis bem ....

Assisti, durante a administração do Prefeito Feli-
zardo de Pinho Pessoa Filho (Dr. Pinho), 1951-1954, o
rebaixamento da área correspondente à Praça Clóvis Bevi-
láqua (Praça da Matriz), após levantamento topográfico
realizado pelo engenheiro Geraldo de Pinho Pessoa. O
nível da praça foi bastante rebaixado, o que pode ser cons-
tatado pelos batentes da calçada da casa do Sr. João Beni-
cio Fontenelle.

Tive oportunidade de presenciar, posteriormente, a
chegada da energia elétrica da Barragem de Boa Esperan-
ça, bem como as instalações das torres retransmissoras de
televisão, à chegada do asfalto, do sistema de água enca-
nada, de agências bancárias e de religiões evangélicas.

Dentre as pessoas que moravam na Praça Clóvis
Beviláqua, recordo-me de várias famílias: Pinho Pessoa, já
dirigida por Dona Hilda e seus filhos Pinho, José Leorne,

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Pessoa, Hildo, Geminiano, Justiniano, Geraldo e Ernesto,
que tinha várias propriedades rurais, farmácia, produção
de cachaça e rapadura, armazéns de venda de variados
produtos e lideres políticos; de Tio Francisco Caldas, mais
conhecido por Chico Caldas (irmão do meu avô materno
José Alfredo), casado com Tia Eglantine e seus filhos Ma-
ria Caldas, Marina, Miriam, Margarida, Mair, Magnólia,
Maria Amélia, João, José, Canuto, Francisco, Honorato e
Humberto. Chico Caldas era dono de cartório, de proprie-
dades rurais e, exercia liderança nos movimentos munici-
pais; João Firmino de Souza, casado com Raimundinha de
Souza com os seguintes filhos Tereza, Rita, Áurea, Expe-
dito, Francisco, Raimundo e José. Senhor Souza, possuía
propriedade rural e era conhecedor profundo de legislação
e medição de terras.

Caetano Gouveia, casado com Emília Fontenelle,
tinha um filho, Diogo Gouveia. Proprietário de caminhão
que fazia transporte de cargas e de pessoas, principalmente
no trecho Camocim-Viçosa; Dona Queridinha, casada com
Afonso Marques, prático de dentista e uma filha a Afonsi-
na; Alípio Mapurunga, coletor estadual ,casado com Fran-
cisca (Chichica), com seus filhos Francisco, Iran, Rita e
Neuza; João Benicio Fontenelle, casado com Ana (Ani-
nha) e seus filhos: Ednir, Edvar, Edson, Edmar e Maria.
João Benicio era um dos grandes proprietários de terras e
chefe politico.

Edvar Fontenelle, um dos filhos do João Benicio
era engenheiro agrônomo, morava numa casa perto de seu
pai e casado com Marieta. Ali também moravam suas cu-

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nhadas Carmelita e Nonnon e seus filhos Raimundinha,
Regina, Maria de Jesus, Benicio, Jairo e José Mário; Assis
Pindaíba, produtor rural, casado com Nini Gouveia e o
filho Paulo Airton; José Pindaíba, produtor rural, casado
com Arminda e os filhos Assunção e Francisco; Francisco
Hortênsio, tacheiro, casado com Nezinha seus filhos Ose-
as, José, Francisco, Evandro, Ivanete e Maria; Silvino Ho-
landa, produtor rural, casado com Maria Xavier e seus
filhos Terezinha, Celina, Sâmia, Diva e Felipe.

Na Praça Clóvis Beviláqua estava a Pensão Maria
da Cunha, a Padaria do Francisco Oliveira, a casa do vigá-
rio, a sede da Coletoria Federal, o gabinete dentário do
Ednir Fontenelle, o consultório dentário do Geminiano
Pinho, o cartório de Tio Chico Caldas e a Igreja Matriz.

Na Praça General Tibúrcio, tenho, como lembran-
ça, a casa de Raimundo Silveira, produtor rural, casado
com Francisquinha e os filhos Maria das Graças, Helena,
Ioneida, Fernando, Hélio e Silveira; a de Dona Mundinha,
viúva de Alfredo Fontenelle, produtora rural e seus filhos
Messias, Alberto, Fabio, Zequinha, João, Francisco, Val-
da, Terezinha, Carmelia e Edise e a de Raimundo Silva,
casado em segundas núpcias com a Marina, filha do Tio
Chico Caldas.

Existiam em Viçosa algumas figuras inesquecíveis
pela importância que tiveram no cotidiano da cidade: Dedé
Pacheco, dono de tradicional farmácia, produtor rural,
chefe político da UDN, ateu e em constantes debates com
o vigário local; Juca Fontenele professor, líder politico e
grande orador; Juarez Fontenele, proprietário e apresenta-

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dor diário da amplificadora local; Antonino Mello, produ-
tor rural e gerente do cinema local; Ednir Fontenelle, den-
tista; Alfredo Miranda, comerciante e grande divulgador
dos produtos regionais; promotor de justiça, Dr. Rocha,
figura sempre presente nos grandes eventos da cidade e
tinha um corpo avantajado. Dizia-se que comia um cacho
de banana de uma vez; Padre Regino, vigário da cidade;
Afonso Rocha, proprietário do misto e do primeiro ônibus
que fazia a linha Viçosa-Fortaleza; Chico Caldas, anfi-
trião-mor da cidade; os irmãos Pinho Pessoa com suas
presenças inteligentes e alegres (Pinho, farmacêutico; Pes-
soa, construtor; Geminiano, dentista e advogado; Justinia-
no, dentista; Josè Leorne, engenheiro agrônomo; Hildo,
engenheiro agrônomo; Ernesto, médico) e o Zé Músico
das serenatas e festas de aniversários.

Viçosa do Ceará passou por transformações positi-
vas e negativas. Dentre as positivas, temos a destacar a
extensão da rede elétrica de Boa Esperança a todos os dis-
tritos, povoados e propriedades rurais; a chegada da tele-
fonia fixa e, principalmente, da móvel, a todos os recantos
do Município; a penetração das imagens de televisão via
satélite e antenas parabólicas, nos lares viçosenses da sede
e fora dela; o asfaltamento das estradas estaduais a CE-
232 na direção de Parnaíba-PI, a CE-187 ligando Tianguá
e demais cidades da Região da Ibiapaba e interligando-se
com a BR-222 (Fortaleza-Teresina-São Luiz e Belém do
Pará), da CE-311 ligando a Granja e daí pela CE-085, a
Jericoacoara e Fortaleza. O sistema de abastecimento de
água em toda a sede e vários distritos e povoados do Mu-

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nicípio vindo do Açude Jaburu, localizado em Tianguá. O
funcionamento parcial do sistema de esgotos. A constru-
ção do Patronato e de várias escolas municipais de educa-
ção com serviços de transporte escolar e, principalmente, o
funcionamento da Escola Estadual Profissionalizante Juca
Fontenele. A instalação e ampliação do Hospital Munici-
pal e seu sistema de suporte de ambulâncias para transfe-
rências de casos mais graves para Sobral ou Fortaleza. O
funcionamento do sistema internet nas diferentes regiões
do Município. A coleta diária de lixo da cidade e a coloca-
ção em diferentes pontos da cidade de coletores de lixo. A
melhoria dos serviços de transporte de passageiros via
ônibus para Fortaleza e outras localidades Interestaduais
pela Empresa Guanabara, oferecendo veículos com ar-
condicionado, poltronas confortáveis e sanitários. A oferta
de camionetas de cooperativas para o transporte de passa-
geiros entre Viçosa-Tianguá e outras cidades da Região da
Ibiapaba, a intervalos regulares. A transformação substan-
cial de seu comércio com o surgimento de novos produtos
e alternativas de escolhas com a instalação de pequenos
supermercados, de lojas de eletrodomésticos, de eletrôni-
cos, de material de construção, de butiques e de padarias,
agências bancárias como as dos Bancos do Brasil, do Nor-
deste e do Bradesco. O Tombamento do seu Centro Histó-
rico pelo IPHAN. A melhoria do calçamento das ruas da
Cidade, acompanhada pela sinalização indicativa dos no-
mes das ruas e dos pontos turísticos. Finalmente, a desco-
berta de Viçosa para o turismo, com a construção dos po-
los de lazer do CEU e Lagoa D. Pedro II, a recuperação

162

pelo IPHAN da Igreja Matriz, do Teatro D. Pedro II e das
Praças General Tibúrcio e Clóvis Beviláqua.

Pontos negativos: aumento da insegurança; a che-
gada das drogas; a ausência da circulação de jornais e re-
vistas na cidade; o fechamento do cinema; a transformação
do prédio do Gabinete na sede da Câmara Municipal; a
construção do Ginásio de Esportes no espaço da antiga
Praça Honório Passos; a queda da produção do café, da
pimenta-do- reino e da cana-de-açúcar como suporte fi-
nanceiro do Município e o não surgimento de culturas
agrícolas de dimensões significativas para a economia
local; a derrubada indiscriminada das florestas em torno da
cidade, concorrendo para a mudança do clima e das fontes
de água; a ausência de eventos culturais; o desaparecimen-
to gradual da tradição citadina, da colocação das cadeiras
nas calçadas das casas para as conversas familiares; a falta
da presença de pessoas nas praças (acredita-se que as no-
velas da televisão concorreram para tal); o excesso de ve-
locidades das motos e dos carros nas ruas da Cidade; a
dominância dos aparelhos celulares na substituição aos
hábitos locais; o fechamento das Coletorias Federal e Es-
tadual; a derrubada do coreto da Praça Clóvis Beviláqua
que representava uma tradição da cidade e a transferência
de famílias inteiras para a Capital, em busca de novas
oportunidades.

A cidade de Viçosa do Ceará, de acordo com IB-
GE, tem uma população estimada de 60.030 habitantes
para o ano de 2017, grande parte constituída de jovens. O
IBGE alerta que, em termos de recursos financeiros,

163

83,1% das receitas são oriundas de fontes externas e que o
rendimento nominal mensal dos domicílios é de meio salá-
rio mínimo em quase 58%.

O desafio maior do Município será buscar alterna-
tivas para o seu pleno desenvolvimento sustentável.

164

Aos 80 anos.
165

CHEGO AOS 80 ANOS

Ao completar 80 anos de existência, sinto que che-
guei a um ponto essencial da vida. Doravante a contagem
do tempo passa a ser regressiva. Tenho a certeza de que,
durante esse percurso, tive mais acertos do que erros. Le-
vei sempre em consideração dois princípios básicos: a
honestidade como preocupação maior e o cumprimento
integral de minhas tarefas pessoais e profissionais. Viven-
ciei experiências as mais variadas, mas sempre tentando
aprender cada vez mais, principalmente, com os mais ex-
perientes, meus mestres e amigos.

Os valores familiares e os exemplos de meus pais
tiveram forte influência na minha vida. Originário de fa-
mílias de classe média, pelo lado paterno dos Albuquerque
e Sousa (devia ser correto com z, mas houve erro no regis-
tro do cartório) de Pacatuba – CE; do materno, dos Fonte-
nelle, Caldas e Silveira de Viçosa do Ceará.

166

Vivi em dois séculos (XX e XXI), morei em dife-
rentes locais no meu Estado (Ceará), no Interior e na Capi-
tal, em outros locais do Brasil (Rio Grande do Norte e
Brasília) e no Exterior (Estados Unidos), onde fiz diversos
cursos e pós-graduação.

Acompanhei inúmeras mudanças em termos de in-
fraestrutura, política, economia, sistema político, valores e
costumes.

Durante a minha caminhada, assisti o surgimento
de novas tecnologias e inovações como o avião, princi-
palmente a sua fase moderna do jato; a bomba atômica; os
antibióticos; as pílulas anticoncepcionais; o fax; o compu-
tador; os satélites; a internet; o celular; os lasers; as fibras
óticas e a televisão. Todos no século XX. A Impressora 3
D; os aparelhos eletrônicos portáteis; os mecanismos de
busca da internet (Google); as redes sociais; os jogos con-
trolados por movimentos do corpo; o Touchscreen (via
toque) nos aparelhos eletrônicos; a 3 D no cinema e na
televisão; os avanços tecnológicos na Medicina (diagnós-
ticos automatizados); o Wikipédia e a recriação de cidade
no século XXI.

Sou do tempo da família extensiva, constituída pe-
los pais, filhos, irmãos, tios, avós, sobrinhos e primos.
Vivenciei o domínio da família nuclear: pai, mãe e filhos.
Agora temos famílias sem filhos e casamentos entre pes-
soas do mesmo sexo.

167

Fui educado para respeitar as pessoas mais velhas,
os pais, os tios, os professores, os chefes, o vigário, a frei-
ra e a palavra dada.

Havia horário para dormir e acordar, para as refei-
ções, para ir para o trabalho e para a escola, para fazer as
tarefas escolares e domésticas, tomar banho e sentar na
calçada para conversar.

Havia o encontro da família nas horas das refei-
ções para trocar informações, o sentar na sala para ouvir
estórias e, até, conversa fiada. Nos dias atuais as pessoas
não conversam pessoalmente, mas via celular (o famoso
WhatsApp).

Visitar vizinhos, amigos e familiares era um cos-
tume social importante no passado. Atualmente usa-se o
celular para trocar informações. As pessoas encontram-se
nos shoppings.

O principal fator que começou mudar os costumes
locais foi à chegada da televisão com suas novelas e noti-
ciários. Mudanças ocorreram no vocabulário e no vestuá-
rio das pessoas, no relacionamento familiar, na postura
religiosa, nos debates econômicos e políticos, nos concei-
tos de legalidade e ilegalidade, segurança e insegurança. O
conhecimento de outros lugares nacionais ou internacio-
nais ampliou a visão das pessoas. A divulgação das ações
administrativas públicas e privadas tornaram-se mais
transparentes para o público.

Em termos de religião, a Católica, dominante, com
uma presença diminuta da Igreja Protestante e dos ritos

168

africanos. Atualmente, há um grande número de igrejas
evangélicas, um aumento significativo do Islamismo, do
Espiritismo, do Budismo, de ateus e de outras religiões.

As viagens ao interior do Estado ou a outras regi-
ões do País eram feitas principalmente por trem, a Maria
Fumaça, alimentada por lenha; por navios e ônibus. De-
pois, as viagens aéreas passaram a ser mais utilizadas ao
lado das de automóveis e de ônibus especiais. Moderna-
mente temos grandes navios transatlânticos (acima de
3.000 passageiros) e aviões a jato muitos velozes, condu-
zindo mais de 300 pessoas.

Assisti o andamento da Segunda Guerra Mundial;
as guerras entre as Coreias do Norte e Sul, do Vietnam, de
Israel contra os Países Árabes. O surgimento do regime
comunista na China, em Cuba e no Vietnam; a derrubada
do Muro de Berlim; o desabamento das Repúblicas Socia-
listas Soviéticas; a queda dos regimes ditatoriais de Antô-
nio Salazar (Portugal), Francisco Franco (Espanha) e de
Peron (Argentina); a instalação de regimes militares no
Chile, na Argentina, na Bolívia, no Uruguai e no Paraguai
na América do Sul; a independência de vários países no
Continente Africano; a eleição de John Kennedy, presi-
dente dos Estados Unidos e seu assassinato; o surgimento
dos movimentos feministas, de negros e de homossexuais;
a figura do Papa João XXIII e a realização do Concílio
Vaticano II que revolucionou a Igreja e as presenças im-
portantes do Papa João Paulo II e do atual Papa Francisco.

Vi surgirem as Nações Unidas (ONU); o Pacto de
Varsóvia; o Mercado Comum Europeu; o MERCOSUL; a

169

saída da Inglaterra do Mercado Europeu; o Acordo de Paz
entre as duas Coreias; a unificação da Alemanha; o surgi-
mento de uma moeda no Continente Europeu (o Euro); o
extremismo do IRA, ETA e dos Estados islâmicos; a cha-
mada Guerra Fria; o avanço da destruição dos recursos
naturais; o aumento da poluição e da temperatura global e
a chegada do homem à lua.

No Brasil, assisti a queda do Governo de Getúlio
Vargas (1945); a disputa eleitoral entre o General Eurico
Dutra e o Brigadeiro Eduardo Gomes com a eleição do
primeiro; a volta do Getúlio Vargas ao Governo e seu sui-
cídio; a tentativa de evitar a posse de Juscelino Kubistchek
(JK) na Presidência da República e a atuação do General
Henrique Teixeira Lott, evitando tal desenlace; o Governo
de Juscelino Kubistchek; a inauguração da nova capital do
País (Brasília); a eleição e renúncia de Jânio Quadros (JQ)
da Presidência da República; o surgimento do Regime
Parlamentarista a fim de permitir a posse de João Goulart
(JG) na Presidência da República; a volta do regime presi-
dencialista através de plesbicito; a derrubada do Governo
de João Goulart; a tomada do poder pelos militares; as
eleições indiretas para os cargos executivos; a saída dos
militares do poder; a Constituição de 1988; a eleição indi-
reta de Tancredo Neves e sua morte às vésperas de sua
posse como Presidente da República; o Governo de José
Sarney; a eleição e renúncia de Collor de Melo da Presi-
dência da República; o Governo de Itamar Franco; o go-
verno de Fernando Henrique, seguido do Governo Luiz
Inácio da Silva, da Presidente Dilma Rousseff, de seu im-

170

pedimento e sua substituição pelo vice-presidente Michel
Temer.

Acompanhei nove mudanças de denominações do
padrão monetário brasileiro, assim distribuído ao longo do
tempo de minha vivência: Cruzeiro (1942), quando sur-
gem os centavos, em substituição aos réis; em 1967, o
Cruzeiro Novo, substituído pela volta do Cruzeiro (1970).
Em 1986 surge o Cruzado, substituído pelo Cruzado Novo
(1989).

Retorna o Cruzeiro (1990), substituído pelo Cru-
zeiro Real (1993), quando finalmente, temos o Real
(1994). Presenciei e sofri as várias mudanças ocorridas
nos planos econômicos, dentre eles os mais recentes como
os Planos Bresser, Verão, Collor I e II e Real.

Quando comecei a trabalhar como profissional de
agronomia, nos anos de 1963, na Região Nordeste do Bra-
sil, na maioria dos Estados Nordestinos, não havia estradas
asfaltadas; a energia elétrica era gerada por motores a die-
sel que funcionavam poucas horas à noite, na maioria das
cidades e vilas; sistema de água encanada existia só nas
capitais e em algumas grandes cidades; esgotos, redes de
pequena extensão, apenas nas capitais; não existiam tele-
comunicações, usavam-se cartas e telegramas como prin-
cipais meios de comunicação. Quanto à saúde pública, não
havia hospitais no interior. Quando muito, postos de saú-
de, sem médicos e contando com a presença de práticos da
saúde (auxiliares de enfermeiro). As práticas médicas
eram exercidas pelos farmacêuticos, parteiras leigas e re-
zadeiras. Na área da educação, existiam grupos escolares,

171

conduzidos por professoras leigas e algumas professoras
normalistas.

A base da economia nordestina era a agropecuária,
sendo as culturas da cana-de- açúcar, algodão, culturas de
subsistência (arroz, feijão, mandioca), cacau (mais na Ba-
hia), as predominantes na agricultura; na pecuária, preva-
lecia a criação de gado, surgindo, posteriormente, a avicul-
tura.

A economia do Estado do Ceará era dominada pelo
binômio algodão (mocó) e gado, com a cultura do café nas
Regiões de Baturité e Ibiapaba. No que diz respeito à in-
dústria, pequenas fábricas de extração do óleo de algodão
destinado ao consumo humano e à produção de torta do
caroço do algodão para a alimentação animal. Algumas
poucas fábricas produziam sabão e redes de dormir. O
problema das secas constituía-se empecilho para desen-
volvimento socioeconômico do Estado, mesmo com a
construção de grandes açudes.

Assisti ao longo dos anos, muitas mudanças na Re-
gião Nordeste, em termos de melhoria da infraestrutura
(estradas, energia elétrica, telecomunicações, portos e ae-
roportos); do sistema de água e esgotos com sua amplia-
ção; diferenciadas ações na saúde e das novas oportunida-
des educacionais (principalmente, no que diz respeito à
educação superior). O surgimento de novas indústrias, as
novas explorações de culturas agrícolas e da pecuária e a
dominância do setor de serviços e de novos programas
governamentais, trouxeram novas oportunidades ao de-
senvolvimento regional. Gostaria de destacar nesse senti-

172

do, o surgimento do Banco do Nordeste (1952) como um
banco de desenvolvimento, atuando como agente financei-
ro para o desenvolvimento regional sustentável e da Supe-
rintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDE-
NE), criada em 1959, com a finalidade da promoção e
coordenação do desenvolvimento do Nordeste. A transpo-
sição das águas do Rio São Francisco é atualmente a gran-
de esperança para amenizar a problemática da seca na Re-
gião Nordestina.

O rádio, durante muito tempo, foi o principal meio
de comunicação no nosso Brasil, através de seus noticiá-
rios, entre eles o famoso “Repórter Esso”, afora os outros
existentes nas emissoras locais. A música brasileira tinha,
no rádio, o grande veículo de divulgação. Os cantores e
cantoras brasileiros tornaram-se conhecidos pelos musi-
cais e programas de auditórios das rádios brasileiras, prin-
cipalmente os da Rádio Nacional. No período dos anos de
1940-1960, os ritmos brasileiros mais conhecidos eram o
maxixe, o choro, a música sertaneja, as marchas, o samba,
o baião e a bossa nova. E suas principais intérpretes foram
as cantoras Carmen Miranda, Dalva de Oliveira, Linda
Batista, Emilinha Borba, Elizeth Cardoso, Marlene e Ân-
gela Maria. Os cantores mais conhecidos foram Orlando
Silva, Francisco Alves, Silvio Caldas, Jorge Veiga e Nel-
son Gonçalves. Os compositores mais conhecidos eram
Noel Rosa, Ary Barroso, Pixinguinha, Dorival Caymmi e
Luiz Gonzaga. Nos anos seguintes, surgiram Roberto Car-
los, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Gilberto Gil, Caeta-
no Veloso, Chico Buarque, Elis Regina e Maria Bethânia.

173

Dentre os ritmos estrangeiros tiveram presença forte no
nosso meio musical o bolero e o rock. O fenômeno dos
Beatles teve também participação significativa no cenário
musical brasileiro, além do cantor americano Frank Sina-
tra. Com o surgimento da televisão no Brasil, no ano de
1950, o rádio perdeu muito de sua importância no cenário
nacional.

Durante o meu período de vida, passei por várias
crises nacionais, em termos de mudanças de governo, por
regimes democráticos e ditatoriais; diferentes politicas
econômicas, com temas dominantes como inflação, desa-
bastecimento, mudanças do sistema monetário, criação de
novas instituições e programas considerados salvadores.
No momento em que estou terminando de escrever o pre-
sente livro (fevereiro de 2018), vejo o nosso País numa
crise crescente de falta de lideranças, de perspectivas futu-
ras e instabilidade governamental. Os temas dominantes
na atualidade são corrupção e insegurança.

A corrupção está presente no serviço público, nas
empresas privadas, nos políticos, na Justiça, no Legislati-
vo, no Executivo, na imprensa, nos setores da segurança,
da educação, da saúde e da infraestrutura. A insegurança
cresceu com o consumo de drogas, a formação de gan-
gues, com a cobertura de chefes encrustados na política,
na administração pública, nos órgãos encarregados da se-
gurança pública e em setores da justiça. A grande pergun-
ta, no momento, é: Para onde estamos indo e como resol-
ver tais desafios.

174

Diz-se que quem vive muito deve cumprir as três
seguintes metas: ter filhos, plantar árvores e escrever li-
vros. Fiz tudo isso. A missão foi cumprida.

Quantos anos de vida, ainda vou viver, não tenho
certeza, mas uma coisa é certa, farei esforços para viver
mais, no mínimo 10 anos. Para mim, ainda não me preo-
cupa quando vou morrer, de que vou morrer e para onde
vou depois de morto. Enquanto vivo estiver, estarei bata-
lhando contra a figura da morte.

175

BIOGRAFIA:

Antônio de Albuquerque Sousa Filho

Nasceu em Fortaleza, no dia 17 de abril de 1938,
filho de Antônio de Albuquerque Sousa (servidor público)
e de Beatriz Fontenelle da Silveira Albuquerque (de pren-
das domésticas). Devido às atividades funcionais de seu
pai, morou na cidade de Camocim, de 1940-1946, onde
iniciou seus estudos no Grupo Escolar Municipal José
Barcelos.

Com a transferência de seu pai para ocupar novo
cargo no serviço público estadual, na cidade de Fortaleza,
passou a frequentar a escola mantida pela Professora Con-
suelo Cajuaz, quando ali permanecendo até o ano de 1949.
Em 1950, entrou no quarto ano do Curso Primário do Co-
légio Castelo Branco. No final do ano, fez o exame de
admissão para iniciar o Curso Ginasial, no período de
1951-1954 e depois o Curso Científico, concluído em
1957.

176

Nos anos de 1956 a 1962, trabalhou no Departa-
mento de Saneamento e Obras Públicas (DSOP) do Go-
verno Estadual, hoje extinto, na função de tesoureiro auxi-
liar. Seu primeiro emprego.

De 1957-1958, prestou o serviço militar no Centro
de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) do Exército,
Curso de Infantaria, concluindo no posto de aspirante.

Em 1959, fez vestibular para o Curso de Agrono-
mia, da antiga Escola de Agronomia (atual, Centro de Ci-
ências Agrárias) da Universidade Federal do Ceará, obten-
do o título de engenheiro agrônomo, no final de 1962. Du-
rante o seu período de vida universitária, foi convocado
pelo Exército Brasileiro para estagiar por três meses
(1960), no Quartel do 23º Batalhão de Caçadores (23º
BC), na Cidade de Fortaleza, período necessário para obter
a patente de 2º Tenente da Reserva do Exército.

Como engenheiro agrônomo iniciou suas ativida-
des profissionais no Serviço de Extensão Rural do Estado
do Rio Grande do Norte, na época Associação Nordestina
de Crédito e Assistência Rural (ANCAR-RN). No período
de treinamento inicial para se tornar técnico daquela insti-
tuição, fez o chamado “pré-serviço”, estagiando nos escri-
tórios existentes da ANCAR-RN nos Municípios de Nova
Cruz, Currais Novos e Caicó, chegando a responder pelo
escritório local. Participou, durante sua permanência na
ANCAR-RN, dos Cursos de Extensão relativos a “Infor-
mações e Comunicações na Extensão”, “Juventude Rural”,
“Suinocultura” no Estado do Rio Grande do Norte e do
“Curso sobre Reforma Agrária”, na cidade do Recife e

177

patrocinado pelo Instituto de Nacional de Reforma Agrária
(INDA). Reabriu e chefiou o escritório da ANCAR-RN no
Município de Ceará Mirim, onde trabalhou até deixar
aquela instituição no final do ano de 1963.

Nomeado agrônomo do Ministério da Agricultura,
inicio de 1964, retornou ao Ceará e foi designado para
chefiar a Coordenação da Comissão de Desenvolvimento
do Vale dos Carás, na Região do Cariri Cearense com sede
na cidade do Crato. Ali permaneceu até julho de 1965,
quando deixou o Ministério da Agricultura para entrar na
Universidade Federal do Ceará, como professor.

Começou suas atividades como professor da Uni-
versidade Federal do Ceará, em agosto de 1965, lotado no
Departamento de Economia Agrícola do Centro de Ciên-
cias Agrárias, onde permaneceu até a sua aposentadoria
em junho de 1995.

Como professor da universidade, participou de vá-
rios cursos de Extensão e Especialização/Aperfeiçoamento
“1º Curso de Extensão sobre Administração da Produção”,
promovido pelo Instituto de Tecnologia Rural (ITR), de
11/10 a 23/11/1965; “Curso Sobre Fenômenos Sociais”, na
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, promovido
pela Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural
(ABCAR), de 15-27/07/1968; “Curso de Metodologia do
Ensino Superior” realizado pelo Instituto Interamericano
de Ciências Agrárias (IICA)/Associação Brasileira de En-
sino Agrícola Superior (ABEAS), em Fortaleza, ju-
lho/1975; “ Curso de Orientação Pedagógica” promovido
pela Associação Brasileira de Ensino Agrícola Superior

178

(ABEAS)/Escritório Técnico de Agricultura (ETA)/Escola
de Agronomia da UFC, em Fortaleza, de janeiro-
fevereiro/1976; “Curso sobre Sistema de Produção Apli-
cado à Pesquisa e ao Ensino”, promovido pelo Instituto
Interamericano de Ciências Agrárias (IICA)/Empresa Bra-
sileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRA-
PA)/Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do En-
sino Superior (CAPES-MEC), em Fortaleza, de janeiro-
fevereiro/1976; “Curso Sobre Administração de Pesquisa e
Pós-Graduação”, na Universidade Estadual de Michigan-
Estados Unidos, promovido pelo Convênio
MEC/Universidade de Michigan, de 19/09 a 19/10/1977;
“Curso de Atualização Pedagógica”, em Fortaleza, pro-
movido pela Universidade Federal do Ceará/Coordenação
Técnico Pedagógica da Pró-reitoria de Graduação, em
Fortaleza, de abril-junho/1985; “34º Curso Internacional
de Extensão Rural”, promovido pela FAO/Nações Uni-
das/Ministério da Agricultura e Pesca da Holanda/ Univer-
sidade de Agricultura da Holanda, em Wageningen-
Holanda, de 15 de junho a 12 de julho/1986

Fez sua pós-graduação, ao nível de mestrado, na
Universidade de Wisconsin-Estados Unidos, Campus de
Madison, de junho de 1970 a junho de 1972.

A convite do Governo Francês, visitou programas
de Pesquisa e Desenvolvimento Rural no Sul da França e
no Continente Africano, Costa Marfim e Senegal, em ju-
nho/1978. Participou da reunião internacional sobre o Pro-
jeto Columbus, que reuniu várias universidades dos diver-
sos continentes, na Universidade de Salamanca-

179

Salamanca/Espanha, de 28/02 a 08/03/1993. Esteve em
visita as Universidades e Centros de Pesquisa de Israel, a
convite do Instituto Cultural Israel-Ibero América, daquele
país, de 12 a 22/06/1994. Participou, como convidado, da
comitiva do Ministro da Educação Murílio de Avelar
Henkel, nas suas visitas às universidades e centros de pes-
quisa em Toulouse e Paris/França, de 9 a 17 de julho de
1994.

Como professor exerceu as seguintes funções téc-
nico-administrativas na Universidade Federal do Ceará:
Subchefe do Departamento de Economia Agrícola do Cen-
tro de Ciências Agrárias, de 1/10 a 31/12/1965; Coordena-
dor de Extensão do Centro de Ciências Agrárias, de
20/09/1969 a 30/05/1970; Coordenador do Curso de
Agronomia do Centro de Ciências Agrárias, de janeiro a
junho/1973; Diretor do Centro de Ciências Agrárias de
4/03/ 1974 a 14/03/ 1979. No espaço de 4/03 a 28/05 de
1976, exerceu o cargo de Diretor Pró-tempore; Chefe do
Departamento de Economia Agrícola do Centro de Ciên-
cias Agrárias, de 09/1984 a 09/1986 e reconduzido para o
período de 09/1986 a 09/1988; Diretor do Centro de Ciên-
cias Agrárias de 14/10/1987 a 17/06/1991 e Reitor da
Universidade Federal do Ceará de 21/06/1991 a 21/06/
1995.

Secretário Estadual de Educação, do Estado do
Ceará, a convite do Governador Virgílio Távora, no seu
segundo governo, de março de 1979 a março de 1981. A
convite do Ministro da Educação e Cultura (MEC), Ru-
bem Ludwig, ocupou a Secretaria de 1º e 2º Graus daquele

180

Ministério, existente na época, de março de 1981 a janeiro
de 1983 e a da Superintendência do Serviço Brasileiro de
Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE)-CE, de
junho de 1996 a junho de 1998.

Participou da direção das seguintes entidades: Pre-
sidente da Associação de Engenheiros Agrônomos do Ce-
ará (dezembro/1973 a dezembro/1976); Presidente do
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura (na época)
e Agronomia (CREA)-CE, dezembro de 1969 a junho de
1970; 1º Presidente e Fundador do Conselho de Reitores
das Universidades Cearenses, de janeiro de 1992 a janeiro
de 1994; Vice-Presidente do Conselho de Reitores das
Universidades Brasileiras (CRUB), para a Região Nordes-
te, 1993-1994; Vice Presidente da Sociedade Brasileira de
Economia e Sociologia Rural (SOBER), para a Região
Nordeste, de julho de 1987 a julho de 1989; 1º Presidente
e Fundador da Academia Cearense de Engenharia (ACE),
de 11 dezembro de 2015 a 11 dezembro de 2017.

Condecorado com várias medalhas e diplomas con-
feridos por diversas entidades: Medalha do Educador Edil-
son Soares Brasil, Sindicato dos Estabelecimentos de En-
sino do Ceará, 15/10/1980; Medalha Justiniano de Serpa,
Governo do Estado do Ceará, 15/10/1984; Diploma Se
Centenário de José de Alencar, Câmara Municipal de For-
taleza, dezembro/1979; Diploma de Serviço Relevante
Prestado à Nação, como Conselheiro do CREA-CE, Con-
selho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(CONFEA), 31/10/1979; Medalha do Pacificador, Exérci-
to Brasileiro, 19/11/1982; Medalha da Escola Técnica Fe-

181

deral do Ceará – 70 Anos, 23/09/1979; Medalha Paulo
Sarmento da Escola Federal de Manaus-Amazonas, 1983:
Medalha Nilo Peçanha, Ministério da Educação e Cultura,
05/01/1984; Medalha do Mérito da Assistência ao Estu-
dante, Fundação de Assistência ao Estudante (FAE-
MEC), 01/03/1985; Medalha do Mérito Industrial, Federa-
ção das Indústrias do Estado do Ceará, 25/05/1994; Di-
ploma de Honra ao Mérito, Conselho Regional de Enge-
nharia, Arquitetura e Agronomia (CREA)-CE,
11/12/1994; Diploma da Fundação Estadual do Bem Estar
do Menor do Ceará, 12/10/1979; Diploma de Mérito Cul-
tural, Academia Cearense de Letras, 19/01/1995; Medalha
Jubileu de Prata da Universidade Federal do Ceará,
25/06/1980; Medalha Professor Humberto Rodrigues de
Andrade, Centro de Ciências Agrárias da UFC, por ocasi-
ão dos noventa anos da Escola de Agronomia, 28/03/2008;
Medalha Comemorativa dos 35 anos de Instalação da Uni-
versidade Federal do Ceará, 25/06/1990; Medalha Come-
morativa dos 60 anos de criação da Universidade Federal
do Ceará, 16/12/2014; Diploma de Relevante Serviço da
Associação de Engenheiros Agrônomos do Ceará,
12/10/1974; Medalha José Guimarães Duque, Associação
de Engenheiros Agrônomos do Ceará,12/10/2008; Meda-
lha do Mérito Rotário Raimundo Oliveira Filho, Rotary
Clube Alagadiço-Fortaleza, 1976; Medalha do Mérito
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia,
08/08/2017; Medalha 180 Anos de Nascimento do Briga-
deiro Tibúrcio, conferida pelo Instituto Literário Viçosen-
se, 11/08/2017 e os troféus Clóvis Rolim da Federação dos

182

Dirigentes Lojistas do Ceará, 16/07/1997 e do CREA-CE
2016, 11/12/2017.

Foi membro dos Conselhos Nacionais do SENAI,
SENAC, FUNTEVE e MOBRAL como representante do
MEC; do Conselho da EMATER-CE como representante
da UFC; do Conselho do DNOCS como representante do
Centro de Ciências Agrárias/UFC; do Conselho Adminis-
trativo do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT-CE); do Conselho de Desenvolvimento do Estado do
Ceará e Conselheiro do CREA-CE, no período de
01/11/76 a 31/10/1979.

É membro da Academia Cearense de Ciências
(ACECI), da Academia Cearense de Engenharia (ACE),
da Associação dos Professores do Ensino Superior do Cea-
rá (APESC) e da Associação dos Engenheiros Agrônomos
do Ceará (AEAC).

Publicou os livros: Meu Percurso na Universidade,
Editora Imprece, Fortalea-CE, 2014. P. 237; Vivências de
Um Profissional, Editora Imprece, Fortaleza-CE, 2015, P.
264; Textos e Contextos, Editora Imprece, 2017, P.188.

Casado com Marlene Menezes de Albuquerque
(bibliotecária), desde 29/06/1963, tendo os filhos Paulo
Antônio, Newton, Beatriz e Alexandre e os netos Beatriz,
Camila, Luciano, Ulysses, Artur, Maria Luiza e Alessan-
dra.

183

Agradecimentos
Especiais

A minha esposa,
Marlene Menezes de Albuquerque,
pelas sugestões na elaboração
deste trabalho.

Ao Francisco de Araújo,
pelo apoio na tarefa de digitação.

Ao professor José Cajuaz Filho,
pela revisão, sugestões sempre competentes
e pela amizade que vem desde nossa juventude.

Ao professor Geraldo Jesuino,
pela diagramação, montagem e arte final.

184


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