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Published by andreaires, 2019-09-05 08:34:43

O_Presente_do_Passado

O_Presente_do_Passado

do almoxarifado; Juarez Barreira, chefe seccional; Lauro
Parente, chefe departamental; Lairton Barreira, Ernani
Vieira de Moraes, Maria Ivonize Barreira, Jorge Ferreira
Lopes, Silvio Barreira, agentes administrativos; Antônio
Ramos, motorista; Antônio Mota, operário da fundição e
um trabalhador da oficina mecânica, conhecido por Ma-
caco. Havia, ainda, outra classificação de servidores cha-
mada de “trabalhadores de campo”, em número bastante
significativo.

Fui levado, para trabalhar no DSOP, pelo meu
primo e tesoureiro oficial da repartição José Luiz (Deim),
em entendimento com Moacyr Alcântara, diretor adminis-
trativo e com o consentimento do diretor geral Argeu Ro-
mero. Ali fui incluído na folha de pessoal como “trabalha-
dor de campo”, mas, na realidade para exercer a função de
tesoureiro-auxiliar. Explico melhor: o tesoureiro oficial
era acadêmico de medicina da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará que, na época, exigia dos
seus estudantes tempo integral entre estudos e estágios
hospitalares. O tesoureiro ensinou-me os procedimentos
legais a serem cumpridos e tão logo aprendidos, assumi as
funções de fato, cabendo ao titular as de direito, como
assinatura de seu nome na documentação exigida.

O pagamento dos funcionários públicos, na época,
era feito em cada repartição pública, através da entrega,
após a assinatura de cada funcionário na folha oficial, de
seu envelope nominal, contendo os seus proventos. Não
existia conta bancária para cada servidor, tampouco car-

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tões de crédito. Só existia a Agência Central do Banco do
Brasil, localizada no Centro da Cidade, ao lado da Agên-
cia dos Correios e Telégrafos.

No caso do pagamento dos servidores do DSOP,
eram confeccionadas as folhas em três vias, no setor ad-
ministrativo do Departamento, depois encaminhadas à
Secretaria da Fazenda do Estado, onde era feita sua confe-
rência. O Secretário da Fazenda assinava autorizando, de
conformidade com a dotação orçamentária de cada setor
do Estado e, finalmente, chegava à tesouraria da secretaria
para a confecção do cheque que deveria ir ao Banco do
Brasil, para ser descontado.

A minha função como tesoureiro auxiliar era ir à
Secretaria da Fazenda para acompanhar o andamento da
folha de pessoal e para isto se fazia necessário estabelecer
relacionamentos amistosos com os funcionários dos dife-
rentes setores administrativos da referida secretaria e reti-
rar o cheque com o valor total emitido. Depois, ir ao te-
soureiro oficial do DSOP que assinava nas costas do che-
que, e só então era possível descontá-lo no Banco do
Brasil.

Muitas vezes eu fazia o trajeto a pé, da sede do
DSOP ou da Secretaria da Fazenda, subindo pela Avenida
Pessoa Anta, entrando à esquerda na Avenida Alberto Ne-
pomuceno, chegando à Rua Conde d¹Eu na altura da Cate-
dral Metropolitana de Fortaleza, entrando na Rua General
Bezerril e chegando à Agência do Banco do Brasil. Antes
de trocar o cheque, comprava um jornal (Unitário ou Cor-

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reio do Ceará) para embrulhar o dinheiro que solicitava ao
caixa do banco que fosse trocado (cédulas de valores me-
nores) para facilitar os pagamentos. Recebia o dinheiro na
frente de todos os clientes do Banco do Brasil presentes na
agência e fazia o mesmo trajeto de volta. Segurança e
tranquilidade total.

Retornando à tesouraria do Departamento, prosse-
guia o meu trabalho envelopando nominalmente o salário
de cada servidor. Por ocasião do recebimento do salário,
cada servidor assinava as três vias da folha de pagamento
e conferia o valor recebido. Das três vias do pagamento,
uma era destinada ao Tribunal de Contas do Estado, uma à
Secretaria da Fazenda e a terceira arquivada na tesouraria
do Departamento.

Como havia servidores do DSOP alocados ao lon-
go do trajeto das tubulações que traziam água de Reden-
ção a Fortaleza, eu tinha que viajar aos sábados ou domin-
gos para aqueles locais para efetuar o pagamento. Viajava
num jipe velho da repartição, dirigido pelo motorista An-
tônio Ramos que gostava de tomar suas pingas, enquanto
eu efetuava os pagamentos. Muitas vezes, no período nata-
lino ou no dia 31 de dezembro, viajava para realizar pa-
gamentos. O difícil era deixar de aceitar as ofertas de bolo
e café quando da chegada a esses locais.

Quando houve mudança do governo estadual, ti-
vemos também a mudança do nosso diretor geral. O que
chegava perguntou, certo dia, ao diretor administrativo do
Departamento, Moacyr Alcântara, quem era aquele rapaz

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que trabalhava na tesouraria. Moacyr informou tratar-se de
um acadêmico do Curso da Agronomia da Universidade
Federal do Ceará, cuja mãe era viúva e que era sobrinho
do Desembargador e ex-Governador Faustino de Albu-
querque. Naquela época, a política era muito radical, prin-
cipalmente entre os que pertenciam aos partidos UDN
(União Democrática Nacional) e o PSD (Partido Social
Democrático). Dominava a velha lei “aos amigos tudo e
aos inimigos a lei ou nem isso”. Como o novo diretor geral
era do PSD e o meu tio fora da UDN, ordenou que eu fos-
se demitido.

O diretor administrativo Moacyr Alcântara comu-
nicou-me a ordem do novo chefe, mas disse: “Não irei
demiti-lo”. No entanto, eu deveria observar novos proce-
dimentos e comportamentos, tais como não mais entrar na
repartição pela porta principal e sim pelo portão das ofici-
nas; não mais circular nas dependências do trabalho e sim
ficar o maior tempo de trabalho dentro do espaço da tesou-
raria; não mais merendar na cantina do Departamento e
sim numa cantina existente na praça ao lado do Departa-
mento. A referida cantina ainda hoje existe encimada por
um avião. Passados alguns meses, chega Moacyr à tesou-
raria e manda que eu vá ao gabinete do diretor fazer o pa-
gamento de seu salário e o de sua filha, bem remunerada e
que nunca aparecera na repartição. Cumpri a ordem, en-
trando no gabinete do diretor geral e anunciando que trazia
os envelopes com o salário dele e de sua filha. Em segui-
da, fui à sala do Moacyr Alcântara comunicando que fize-
ra tudo conforme ele recomendara e, categórico, ele me

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disse: “Daqui para frente, pode voltar a circular normal-
mente pelos espaços da repartição”

Como o diretor geral teve ciência de que eu sabia
a situação irregular do recebimento do salário por parte de
sua filha, ficou sem condições de me demitir. Aprendi
uma das mais importantes lições de minha vida: “Em cer-
tas situações adversas é necessário mergulhar por algum
tempo, retornando à superfície no momento adequado”.

Havia no DSOP uma célula do Partidão (Partido
Comunista Brasileiro-PCB), com forte atuação, principal-
mente, entre os operários das oficinas e da fundição. Den-
tre os funcionários da oficina havia um tipo magro, encur-
vado e moreno, conhecido e chamado por todos de Maca-
co. Ele tinha, dentro do Partidão a função de recrutar no-
vos membros para o partido. Mês sim e mês não, o Maca-
co estava na tesouraria com uma ficha do partido a fim
que eu, a ele pudesse me filiar. Sempre dizia: “Macaco,
não tenho tempo para participar de agremiações partidá-
rias. O tempo que tenho se destina ao trabalho e aos estu-
dos”.

Trabalhei no DSOP no período de 1956 a 1962,
quando terminei o meu Curso de Agronomia e fui traba-
lhar no Rio Grande do Norte. Guardo as melhores lem-
branças e amizades do tempo em que ali passei.

O prédio do DSOP foi, anos depois, demolido para
a construção do Centro Cultural Dragão do Mar e várias
outras entidades públicas substituíram o DSOP, entre elas

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a CAGECE e o Departamento de Obras, como parte da
Secretaria de Obras Públicas do Estado.

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Centro De Preparação
De Oficiais Da Reserva (CPOR)

Exército Brasileiro

.

O Centro de Preparação de Oficiais da Reserva
(CPOR) – Fortaleza, do Exército Brasileiro cuja tropa era
formada por jovens em idade de prestação do serviço mili-
tar (18-19 Anos) que já estavam ou iriam cursar o terceiro
ano do segundo grau (cientifico ou clássico) ou que esti-
vessem cursando a Universidade. O CPOR ficava situado
na Avenida Bezerra de Menezes, Bairro de São Gerardo,
onde atualmente funciona o prédio da Secretaria de Segu-
rança Publica do Estado do Ceará.

Para entrar no CPOR, o candidato tinha que passar
por um exame médico realizado no Hospital Geral do
Exército (Aldeota), após ter apresentado seu Certificado
de Inscrição Militar que deveria ter sido feito, obrigatori-
amente, aos 17 anos de idade, nas dependências da 25ª
Circunscrição Militar, situada na Rua Sena Madureira, nas
proximidades da Cidade da Criança-Centro.

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Na época (1957-1958), o CPOR tinha três cursos:
Infantaria, Intendência e Saúde. Os dois primeiros forma-
vam oficiais e o terceiro, sargentos, destinado principal-
mente, para jovens que pretendessem ou estivessem cur-
sando medicina, odontologia ou enfermagem. Os cursos
de Infantaria e Intendência tinham a duração de dois anos
e o de Saúde, um ano.

O funcionamento dos cursos do CPOR dava-se aos
sábados e domingos, nos meses normais do ano letivo dos
colégios e das universidades (fevereiro- junho e agosto-
novembro) e durante as férias escolares (dezembro, janeiro
e julho), frequência diária.

Nos cursos do CPOR, eram ministradas várias dis-
ciplinas relativas à formação militar, com provas escritas
e/ou práticas de verificação dos conhecimentos adquiridos,
além dos exercícios militares. Os alunos que não atingis-
sem resultados positivos nas verificações eram transferi-
dos para servirem como recrutas noutro quartel militar
como, por exemplo, o 23º Batalhão de Caçadores (23º
BC), na Avenida 13 de Maio, nas proximidades do Bairro
do Benfica.

O horário de entrada no quartel era às 6.00h da
manhã e o de saída em torno das 17.00h no período inter-
calado; e no diário normal, era às 6.00h. e a saída variável
de acordo com as atividades desenvolvidas.

Exercícios militares, em sua maior parte, davam-se
fora das dependências do CPOR. Geralmente eram reali-

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zados em área pertencente ao Exército próxima ao Aero-
porto de Fortaleza. Outros treinamentos nas dunas da Bar-
ra do Rio Ceará ou nas da Praia do Futuro. Anualmente
eram realizadas manobras militares que envolviam uma
semana de exercícios no interior do Estado ou nas dunas
da Praia do Futuro.

Havia, também, anualmente, as marchas de 8, 12 e
36 km. A dos 36 km começava às 19.00 horas saindo do
Quartel (Avenida Bezerra de Menezes), indo ao Bairro da
Aldeota, seguindo na direção da Lagoa de Messejana, per-
correndo o trecho que liga a Lagoa de Parangaba, chegan-
do ao Distrito de Antônio Bezerra (hoje, Bairro) e, final-
mente, as Avenidas Mr. Hull e Bezerra de Menezes, en-
trando no Quartel às 7.00 horas da manhã, do dia seguinte.

Cada curso do CPOR tinha um oficial como “Ins-
trutor Chefe do Curso” que devia ter a patente de major
ou, na falta deste, a de capitão. O Curso de Infantaria (que
cursei) era o que tinha maior número de alunos e dividido
em duas turmas A e B. Cada turma estava sob a responsa-
bilidade de um oficial “Instrutor” com a patente de 1º te-
nente.

No ano em que entrei no CPOR (1957), o Coman-
dante era o Tenente-Coronel Luiz Ábner de Souza Morei-
ra, o subcomandante, o Major Mário Miguelino Cunha, o
Instrutor Chefe do Curso de Infantaria, o Capitão Oscar
José Ferraz de Mendonça, os oficiais instrutores da Infan-
taria, o 1º Tenente Lourival Lebre Pereira (turma A) e o 1º
Tenente Francisco de Magalhães Aguiar (turma B). O mé-

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dico do Quartel, o Capitão Médico Pedro Jairo Pinheiro;
dentista, o 1º Tenente Dentista Milton Bezerra da Cunha;
responsável pela administração do Quartel, o Capitão Mu-
rilo Pereira Pinto da Luz; os Subtenentes Antônio Capis-
trano de Freitas e Ruy Bentes Pimentel e, vários sargentos,
dentre os quais Expedito Leite, Torquato Rodrigues Sam-
paio, José Ferreira Soares, Francisco Gonçalves da Silva,
José Nassion Fernandes, Mário Veiga, Raimundo dos San-
tos Gomes e Raimundo Augusto Lima. O Instrutor Chefe
do Curso de Intendência era o Capitão José Francisco
Pompeu de Arruda.

No ano de 1958, houve mudança de comando do
CPOR, com a transferência do Ten-Cel Ábner Moreira,
assumindo, como novo comandante, o Ten-Cel Raimundo
Teles Pinheiro, e subcomandante, o Major Mário Migueli-
no. Outras mudanças ocorreram no Quartel com a substi-
tuição do Capitão Médico Pedro Jairo pelo Capitão Médi-
co Admilson Juvêncio Monteiro. Chegaram para assumir o
cargo de Instrutor Chefe do Curso de Infantaria o Major
Ésio Lima Verde e como novo Instrutor Chefe do Curso
de Intendência, o Major Nelson de Alencar Neto. Nessa
transição foram promovidos a capitão, os Tenentes Louri-
val Lebre e Francisco Aguiar e a vinda do 1º tenente Ivan
Bandeira Barbosa que, logo depois, foi promovido a Capi-
tão.

Durante o comando do Ten-Cel Ábner Moreira
eram realizados eventos sociais de repercussão na socie-
dade cearense, como a escolha da Miss CPOR; o Baile da

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Estrela, com a participação da Miss Brasil e a promoção
de desfiles garbosos da tropa, com demonstrações de gi-
násticas e ordem unida.

Ainda como comandante, o Ten-Cel Ábner Morei-
ra levou o CPOR a realizar a manobra militar do ano de
1957, no Município de Iguatu, no Sertão Central, durante
o mês de julho. O deslocamento da tropa deu-se de trem
da Rede de Viação Cearense, saindo da Estação de Otávio
Bomfim, às 19.00h e chegando, no dia seguinte, à sede da
Estação de Trem de Iguatu, em torno das 9.00h. Após o
desembarque da tropa em Iguatu, houve o deslocamento
dos que faziam o Curso de infantaria, através de uma mar-
cha de mais de 15 km até a Chapada do Moura, ao lado da
estrada carroçável que ligava, na época, os Municípios de
Icó e Iguatu.

Na Chapada do Moura-Iguatu, permanecemos du-
rante uma semana, combatendo os inimigos formados por
soldados da Polícia Militar, do Exército e pelos alunos
veteranos do CPOR, entre eles Iranildo Pereira, futuro
deputado. Durante o período da manobra, não podíamos
tomar banho, a água para beber era controlada (um cantil
por dia), a dormida era dentro de trincheiras cavadas por
nós num solo pedregoso e sujeitos às intempéries dos dias
e das noites. A comida era na base do arroz, feijão, carne,
ovos e, como complemento, banana ou laranja; o café da
manhã era com leite em pó, um pão carioquinha e banana
ou laranja. As refeições eram preparadas por soldados e
alunos do Curso de Intendência. Também participaram,

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conjuntamente, os alunos da Academia Militar da Policia
Militar do Ceará.

Depois de terminado o período da manobra, retor-
namos, com nova marcha de 15 km, à Cidade de Iguatu,
onde ficamos alojados no Ginásio Adail Barreto, trans-
formado em quartel. Finalmente, tivemos oportunidade de
tomar um bom banho e trocar de farda.

A Cidade de Iguatu preparou-se para a chegada dos
alunos do CPOR com a presença de diversos grupos de
jovens senhoritas vindas dos municípios circunvizinhos e
mesmo da Capital; os seus bares renovados com estoques
de bebidas, seus restaurantes ofertando vasto cardápio,
festas dançantes promovidas pelos clubes sociais (Caça e
Pesca e Associação Atlética do Banco do Brasil) e novas
inquilinas nos prostíbulos (pensões alegres).

A ordem do comando é que diariamente os alunos
do CPOR seriam liberados do quartel a partir das 9.00h e o
retorno se daria às 22.00h. Teríamos três dias de perma-
nência na cidade, livres, com uma única apresentação da
tropa pela manhã, com exercícios de ordem unida e de-
monstrações de ginásticas específicas. Aconteceu que,
logo no primeiro dia de folga, após os sete dias de exercí-
cios militares forçados, a maioria dos alunos excedeu-se
na compensação dos dias passados. Foi um dia de muita
farra, bebedeiras, culminando com os fardamentos milita-
res, usados pelas inquilinas das pensões alegres, exerci-
tando-as no aprendizado da ordem unida: “um, dois, três
meia volta, volver! Alto! Em frente! Apresentar armas!”.

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E foi assim que os jovens alunos do CPOR deixaram de
cumprir o horário de retorno ao quartel. O Comado soltou
uma patrulha com ordem de trazer presos os descumprido-
res da ordem, os quais tão logo souberam da noticia, saí-
ram correndo de onde estavam e entraram no quartel pu-
lando o muro, deixando de pagar as despesas realizadas
nos bares e em outros locais.

No dia seguinte pela manhã, estavam no quartel os
donos de bares e restaurantes, cobrando do Comando as
despesas realizadas pelos alunos. Imediatamente o Ten.Cel
Ábner Moreira mandou formar a tropa, comunicou a co-
brança dos comerciantes e ordenou que os devedores se
apresentassem, dando um passo à frente. Ninguém se
apresentou. O comandante, então, deu ordem de prisão
para todos até a apresentação dos culpados. Ficamos pre-
sos nas salas de aula que serviam de alojamento até se-
gunda ordem. Por volta das 11.00h, o Prefeito Municipal
de Iguatu, Juarez Gomes, chegou junto ao Comando soli-
citando que soltasse os rapazes, pois a Prefeitura Munici-
pal já havia feito os pagamentos das despesas dos alunos e
que as jovens da cidade estavam ansiosas pelo retorno
deles. Após formada a tropa, passado um novo pito do
Comandante, alertou-os sobre a rigorosa observância do
horário de retorno ao quartel, fomos todos soltos.

No ano de 1958, a manobra do CPOR sob o co-
mando do Ten.Cel Teles Pinheiro foi realizada nas dunas
da Praia do Futuro e o exercício final observado pelo Co-
mandante da 10ª Região Militar.

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Os concludentes dos Cursos de Infantaria e Inten-
dência (aspirantes), no ano de 1958, escolheram Patrono, o
Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon; Paraninfo, o
Ten.Cel Luiz Ábner de Souza Moreira; Homenagem Es-
pecial, o Ten.Cel Raimundo Teles Pinheiro, Major Mário
Miguelino Cunha, Major Ésio Lima Verde, Capitão José
Francisco Pompeu de Arruda e Capitão Médico Amyr da
Rocha Franco e Homenageados, o Major Nelson de Alen-
car Neto, Capitão Armando Gondim Guimarães, Capitão
Milton Luciano Cavalcante Gomes, Capitão Antônio Lo-
pes de Medeiros, Capitão Murilo Pereira Pinto da Luz,
Capitão Médico Admilson Juvêncio Monteiro, Capitão
Gerardo Porto Sampaio, Capitão Luiz de Gonzaga Costa
de Araújo, Capitão Francisco de Assis Gurgel Viana, Ca-
pitão Hamilton Holanda Teófilo, Capitão José Pinheiro
Monteiro, Capitão Francisco Studart Gurgel, Capitão Os-
car José Ferraz de Mendonça, Capitão José Maria Doura-
do Cardoso, Capitão Lourival Lebre Pereira, Capitão
Francisco de Assis Magalhães Aguiar, Capitão Ivan Ban-
deira Barbosa, 1º Tenente Dentista Milton Bezerra da Cu-
nha, 1º Tenente Francisco José da Silva Rabelo Moreira,
1º Tenente Edmar Fernandes de Lima, 2º Tenente Rai-
mundo Luiz Bezerra, Subtenente Antônio Capistrano de
Freitas, Subtenente. Ruy Bentes Pimentel, 1º Sargento
José Ferreira Soares, 1º Sg. Torquato Rodrigues Sampaio,
1º Sg. Bartolomeu de Carvalho Rosa, 2º Sg. Expedito Lei-
te de Souza, 2º Sg. Francisco Gonçalves da Silva, 2º Sg.
José Nasion Fernandes, 3º Sg. Mário Veiga, 3º Sg. Rai-
mundo dos Santos Gomes e 3º Sg. Raimundo Augusto
Lima.

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Os Aspirantes de 1958 eram 70, 52 de Infantaria e
18 de Intendência. Os de Infantaria: Afonso Augusto de
Morais, Afonso Celso Coelho Ribeiro, Airton Gondim
Barbosa, Aldo da Cunha Rebouças, Antonino Fontenelle
Barros, Antônio de Albuquerque Sousa Filho, Antônio de
Matos Silva, Antônio Joaquim do Amaral Farias, Antônio
Jurandyr Pôrto Rosa, Cristovão Capote de Paula Filho,
Ernani Benevides Medeiros, Fernando Antônio Ferreira
Theorga, Fernando Manoel de Sidou e Costa, Francisco de
Assis Soares Freire, Francisco de Paula Rodrigues Sobri-
nho, Francisco José Correia Rebouças, Francisco Valdeci
Soares Campos, Hilton Alves de Araújo, João Alberto
Xavier, João Cavalcante de Sousa Carvalho, Jorge Barrei-
ra Furtado, José da Costa Almeida, José de Oliveira Vale,
José Eudes Vital Rangel, José Freire Pereira, José George
de Melo Lima, José Hyder Dantas Carneiro, José Irajá
Gurgel, José Jales Figueiredo, José Messias Matos, José
Newton Aceyoli Carneiro, José Osório Costa, José Tarcí-
sio Rodrigues Pinheiro, José Tarcísio Sampaio da Costa,
José Vinício Lima Martins, José Wanderley Nogueira Ri-
beiro, José Weidson de Oliveira, Lindberg Araújo Crisós-
tomo, Luciano Garcia Sobrinho, Luiz Ary Romcy, Luiz
Teixeira de Pádua, Lyttelton Rabelo Fortes, Manoel Batis-
ta Farias, Milton Moreira de Sousa, Ozeneide de Melo
Pinto, Pedro Bezerra de Menezes, Raimundo Ferreira
Marques, Raul Nylo Cavalcante Bezerra, Roque Silva
Motta, Temístocles da Silva Filho e Wilson Silva Peixoto.

Concludentes da Intendência: Armando Cavalcante
de Sabóia, Aécio Kleber de Sales Ramos, Célio Alan Cu-

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nha Moreira de Menezes, Danilo Correia Aguiar, Elphego
Wanderley de Sousa, Francisco de Assis Ramalho, Fran-
cisco Luiz Farias, Francisco Medeiros de Albuquerque,
João Henrique Gurgel Brasil, Jocênio de Andrade Morei-
ra, José Carlos F. Martins Sobrinho, José Walmar Sam-
paio Coelho, Juarez Braga Soares, Luciano Titara de Mes-
quita, Miguel Rodrigues Barros, Odilon de Lima Júnior,
Pedro Alberto de Oliveira Silva e Raimundo Camelo de
Vasconcelos.

Aspirantes de 1958 formaram-se advogados, mé-
dicos, dentistas, engenheiros civis e/ou mecânicos, enge-
nheiros agrônomos, geólogos e economistas. Um dos as-
pirantes foi ser oficial da Força Aérea Brasileira (FAB).
Atuaram como profissionais em Ministérios, Secretarias
Estaduais, em Órgão de Desenvolvimento Regional (BNB,
SUDENE, DNOCS), Professores Universitários, Empresá-
rios, Profissionais Liberais e alguns na Política.

As solenidades de conclusão dos cursos constaram
do juramento à Bandeira e da entrega de espadas ocorridas
no gramado do Estádio Getúlio Vargas e do Baile das Es-
trelas, realizado nos jardins da Escola de Aprendizes Ma-
rinheiros (Agosto de 1958). Esteve presente ao nosso Bai-
le das Estrelas a Miss Rio Grande do Sul, Tânia Maria de
Oliveira, que participou do concurso Miss Brasil 1958.

No ano de 1960, aspirantes de 1958 do CPOR-
Fortaleza foram chamados a realizar estágio de três meses
nos quartéis do Exército, da jurisdição da 10ª Região Mili-
tar que, na época, compreendia os Estados do Ceará, Piauí

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e Maranhão, a fim de serem promovidos a 2º Tenente da
Reserva. Cumpri meu estágio no 23° Batalhão de Caçado-
res (23° BC), em Fortaleza.

Anos depois, o Exército fechou o CPOR de Forta-
leza-Ceará e de outros Estados, deixando em funciona-
mento apenas os das capitais que sediassem Comandos do
Exército, por Regiões (Norte, Nordeste, Leste, Sul, Cen-
tro-Oeste). Em Fortaleza, foi criado, o NPOR (Núcleo de
Preparação de Oficiais da Reserva), nas dependências dos
quartéis existentes (23° BC, por exemplo) e não mais num
quartel especial, como era o antigo CPOR.

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Estórias Pitorescas
da Caserna

1. Quando íamos realizar as manobras militares, na

cidade de Iguatu embarcamos no trem da Rede de
Viação Cearense, na Estação de Otávio Bonfim, um
dos nossos colegas, o Mitoso, recebeu de sua noiva
um pacote envolvido com papel-manteiga, uma gali-
nha assada para a viagem. Depois de certo tempo de
viagem, as luzes dos vagões foram apagadas e como o
Mitoso estava sentado num dos bancos da frente, o
embrulho da galinha começou a ser arrastado para os
bancos de trás e a galinha foi logo devorada. O em-
brulho retornou ao seu dono, só com os ossos para es-
panto e raiva do Mitoso.

2. O colega Ary levou para o acampamento da mano-

bra militar de Iguatu, um vidro de xarope. Tão logo
voltava de qualquer exercício militar, ele dizia que

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precisava tomar o seu xarope. Colegas começaram a
desconfiar que o vidro de xarope continha algo mais.
Verificaram que Ary colocava o conteúdo do xarope
em seu cantil, adicionando água, bebia e o enterrava
junto ao pé de uma árvore. Numa de suas saídas para
realizar uma patrulha, colegas do grupo desenterram o
vidro do xarope, que era suco de uva. Foi feita a dis-
tribuição entre os presentes, que se deliciaram com o
suco de uva. Alguém perguntou o que faremos agora?
Sugestão: urinar no vidro, recolocando-o no seu devi-
do lugar. Ary, ao retornar e procurar seu xarope, cons-
tando a brincadeira, com muita raiva, sacou de seu sa-
bre e perguntou pelo responsável de tal façanha. Ne-
nhuma resposta.

3. Durante a manobra de Iguatu uma patrulha, for-

mada por alunos, à noite, saiu a campo para tentar
prender os inimigos. Os membros da patrulha saíram
todos bem armados com sabres prontos para o comba-
te. Um colega, por brincadeira, sabendo do caminho a
ser percorrido pela patrulha, subiu numa árvore, en-
volvido com um lençol branco. Quando a patrulha es-
tava próxima, pulou da árvore, provocando uma de-
bandada da tropa, deixando as armas abandonadas.

4. O comandante do CPOR, como outros comandos

militares, portava um bastão que o identificava como
o chefe militar principal da unidade. Quando o co-
mandante era o Ten.Cel. Ábner Moreira, algumas ve-
zes, ele perdia o bastão de comando e chamava o Sar-

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gento Bartolomeu que tinha a incumbência de achá-lo.
Os alunos, na brincadeira, sempre imitavam o Coronel
dizendo: “Sargento Bartolomeu, cadê minha vareta?”.
No vagão de trem quando íamos para a manobra de
Iguatu, estava um aluno do Curso de Saúde, Pedro,
anos depois destacado médico de nossa capital e imi-
tador perfeito do comandante e também do sargento:
“Sargento Bartolomeu, cadê minha vareta?” e ele
mesmo respondia: “Coronel estou procurando sua va-
reta!” De repente, ouve-se uma voz vindo do fundo do
vagão: “Muito bem, Senhor Pedro, estou ouvindo a
sua graça.” Era o sargento em pessoa. A gargalhada
foi geral. .

5. No período diário de atividades dos alunos no

quartel (dezembro, janeiro e julho), era normal que os
que estivessem cursando o segundo ano, fossem trei-
nados nos papéis de cabo da guarda, sargento de dia e
oficial de dia e os alunos do primeiro ano sempre
eram os soldados rasos. Os que estavam escalados pa-
ra funções descritas tinham que passar o dia e a noite
no quartel. Ao lado do quartel, morava o médico
Waldemar Alcântara que seria depois Deputado (Es-
tadual e Federal, Senador e Governador do Estado).
Depois de sua casa, havia um terreno baldio, onde, à
noite, ficavam vários casais de namorados. Estando o
aluno do segundo ano Albuquerque, exercendo naque-
la noite a função de cabo da guarda, tinha, a cada duas
horas, de substituir as sentinelas (soldados rasos, alu-
nos do 1º ano), postados no portão de entrada e na

116

parte de trás do quartel. . Para isto, formava a guarda
composta de 10 soldados, marchava até o encontro
das sentinelas e procediam as mudanças. A guarda
formada, ao passar pela rua ao lado do quartel, avis-
tando os casais no escuro da noite, resolveu dar alto,
armar baioneta e avançar na direção dos amorosos.
Foi uma grande gritaria, mulheres deixando suas cal-
cinhas e homens correndo segurando suas calças. Nis-
to, ouve-se a voz do aluno Afonso, que fazia o papel
de oficial de dia, para que parássemos tal brincadeira.
Seguiu-se o diálogo de Afonso, dando uma reprimen-
da ao cabo da guarda que escapou, por pouco, da pu-
nição.

6. O Sargento Torquato quase sempre conduzia as

turmas de alunos, em trajes de ginástica, para exercí-
cios de educação física, no terreno baldio por trás do
quartel. Referido terreno estava com seus muros de
alvenaria, caídos. Num determinado dia de exercícios,
um grupo de alunos marchando, o sargento não per-
cebeu que o mesmo marchava em direção dos restos
da construção e não deu ordem de alto. Os alunos Al-
buquerque e Soares, que iam à frente do grupo, inicia-
ram a subida do muro até que fosse dada ordem de pa-
rar.

7. O sargento Torquato conduzia uma sessão de edu-

cação física com os alunos no terreno existente atrás
do quartel. Uma das partes do exercício consistia num
movimento de braços, com todos em voz alta repetin-

117

do “um, dois, três e quatro” e os alunos por conta pró-
pria gritavam “Sarrrrgeeeentooo Torquato!”. Ele di-
zia: “Olha o respeito!”.

8. Alguns apelidos dos colegas da nossa turma do

Curso de Infantaria: Beiço de Gamela, Pipiu, Mata
Sete, Violino, Jack Palance, Papagaio, Lata Veia, Cor-
ró, Colhão de Boi, Macaúba, Jaburu, Maranhão,
Monstro da Lagoa Negra, Cavalo Osório, Cabo Porto
e Albuquercão.

118

Tempo do serviço militar.
119

VESTIBULAR E FORMATURA

Concluí o terceiro ano do Cientifico, corresponden-
te ao Ensino Médio, no Colégio Castelo Branco no final
de 1957. Como no ano seguinte teria até o mês de agosto
para concluir o serviço militar no CPOR, que exigia estu-
dos, além das atividades rotineiras e por estar ainda traba-
lhando no serviço público (DSOP), na função de tesourei-
ro auxiliar, achei por bem adiar os exames vestibulares da
Universidade Federal do Ceará para inicio de 1959.

A Universidade ainda não realizava o chamado
vestibular unificado, cabendo a cada unidade escolar (Fa-
culdade ou Escola), realizar o seu próprio sistema de sele-
ção de entrada de candidatos. Havia, em Fortaleza, alguns
cursos de preparação para o vestibular. Dentre eles o mais
conhecido era o Curso dos Professores Ésio Pinheiro e do
Godofredo de Castro, da Escola de Agronomia, localizado
nos altos do prédio da Loteria Estadual, na Rua Assunção-
Centro.

120

Os cursos preparatórios para o vestibular eram ca-
ros, com aulas diárias. Como a nossa situação financeira
não permitia frequentar tais cursos e também não tínhamos
tempo disponível, pois trabalhávamos, a solução encontra-
da foi estudar por conta própria, contar com o apoio de
conhecidos que frequentassem tais cursos e emprestassem
o material das disciplinas ministradas. Próximo a nossa
casa, na Gentilândia, morava o Zilberto Farias, que me
emprestava, no sábado pela manhã, os cadernos com as
anotações das aulas do Curso do Ésio e do Godofredo, que
deveria copiar e devolvê-los na tarde de domingo. Estava
sempre atrasado uma semana em relação ao material dado
no curso.

O vestibular para o Curso de Agronomia foi reali-
zado no mês de janeiro de 1959, nas dependências da anti-
ga Escola de Agronomia, atual Centro de Ciências Agrá-
rias da Universidade Federal do Ceará, na Avenida Mister
Hull, no Bairro de São Gerardo. Constava de três etapas:
provas escritas, orais e práticas de Física, Química e Bio-
logia. Primeiramente, tínhamos as escritas em dias separa-
dos, cuja nota exigida para continuar nas demais etapas era
cinco. Depois de divulgado o resultado das provas escritas,
as orais, diante de uma banca examinadora constituída por
três professores. O candidato sorteava um ponto relativo
ao assunto a ser examinado e a nota exigida era cinco. Se
aprovado, seguia para a última etapa, a parte prática. O
exame prático dava-se nas dependências dos laboratórios
de física, química e biologia da Escola, e os professores
perguntavam os nomes dos equipamentos e qual a sua

121

utilidade. Nota final de aprovação cinco. Foram aprova-
dos 58 candidatos.

As aulas começaram no mês de março e os nova-
tos, chamados “bichos”, passavam por trotes pesados: ca-
belos raspados, rostos pintados, banho de óleos queimado,
gargantas pinceladas com bastão de madeira envolto em
mechas de algodão permanente, molhadas em produto
brancoso, amargo e desconhecido, além de carregarem
nas costas alunos veteranos, fazerem declarações amoro-
sas para as alunas ou alunos veteranos, dançarem abraça-
dos a guarda-chuvas, rastejarem na lama existente na pa-
rede do açude e serem jogados dentro do açude da Escola.

O Curso da Agronomia da época era anual tinha a
duração de quatro anos, com aulas de segunda-feira a sá-
bado, no horário das 7.00h – 11.00h e nas terças e quintas-
feiras de 13.00h -15.00h. Os alunos participavam de tur-
mas que começavam no primeiro ano indo até o quarto
ano, o que consolidava amizades e tornava as lembranças
imorredouras.

As disciplinas do Curso de Agronomia eram minis-
tradas anualmente e divididas em básicas e específicas:

Primeiro ano:

1. Matemática: Geometria Analítica e Cálculo
(105 horas), Professor Ivan Vieira Ramos, que enchia e
apagava o quadro verde da sala inúmeras vezes, numa
única aula. Os alunos novatos vindos de colégios públicos

122

ou privados, cuja quantidade de conteúdo de um ano de
aulas, mal correspondia ao conteúdo de um mês das aulas
do professor Ivan Ramos, ficavam em pânico.

2. Física Agrícola (150 horas), Professor Haroldo
Cipriano Pequeno que, para não perder tempo com o apa-
gador do quadro-verde, usava, muitas vezes, o punho da
própria camisa como apagador e tome mais e mais conte-
údo, apavorando ainda mais os alunos novatos.

3. Química Analítica (150 horas), Professor José
Campos Acioly, voz pausada, baixa e cuidadosa.

4. Botânica Agrícola - 1ª parte (105 horas), Profes-
sor Afrânio Gomes Fernandes, assistente do Professor
Prísco Bezerra. As aulas tinham um enfoque bem prático
com estudo botânico das famílias de plantas coletadas na
área do campus pelo funcionário Liberalino que, trazidas
para o laboratório de botânica, tinham que ser conhecidas
e identificadas pelos alunos com uso de microscópios.

5. Zoologia Agrícola – 1ª parte (105 horas), Profes-
sor Hugo Lopes de Mendonça e seu assistente Melquiades
Pinto Paiva.

6. Desenho de Aguadas, Perspectivas e Sombras
(120 horas), Professor Oswaldo Evandro Carneiro Martins
e seu assistente José Leopoldino da Silva Neto. Era uma
disciplina que assustava muitos alunos, principalmente,
pelas provas difíceis aplicadas pelo Professor Leopoldino.

7. Práticas Agrícolas, Professor Francisco Barbosa.
Era a primeira disciplina que ligava os futuros profissio-

123

nais às atividades agrícolas, pelo seu lado prático e pela
maneira didática como o professor conduzia suas aulas. O
local das aulas era a jusante do açude da Escola e começa-
vam com o uso dos diferentes equipamentos de tração
animal e terminava com o dos vários equipamentos da
tração mecânica.

Segundo ano:

1. Mecânica Agrícola (150 horas), Professor Mil-
ton Botelho e seu assistente Godofredo de Castro. Eram
dois professores conhecedores profundos de sua discipli-
na. O Professor Milton gostava de aplicar provas compli-
cadas que forçavam os estudantes a estudarem bastante e o
Professor Godofredo destacava-se pela primorosa didática
e desenhos precisos.

2. Geologia Agrícola: Geologia, Mineralogia e
Agrologia (120 horas), Professor David Felinto Cavalcan-
te e seus assistentes Francisco Gerardo de Souza e Mardô-
nio Aguiar Coelho. O Professor David, durante nosso
tempo de estudantes, esteve morando noutro Estado. As
aulas foram ministradas por seus assistentes, incluindo
algumas excursões de estudo realizadas noutras regiões do
Estado do Ceará, como a excursão à Região da Ibiapaba,
para estudos da gruta de Ubajara.

3. Botânica Agrícola – 2ª parte (90 horas), Profes-
sor Prísco Bezerra e seu assistente Afrânio Gomes Fer-
nandes. Seguia a metodologia usada na 1ª parte, com aulas
no laboratório de botânica, estudando famílias e varieda-

124

des de plantas com exercícios para os alunos identificarem
as plantas a olho nu ou através dos microscópios.

4. Química Orgânica (90 horas), Professores José
Wilson de Alencar e Enéas Mendes Bezerra. A totalidade
das aulas ministradas à nossa turma esteve a cargo do Pro-
fessor José Wilson que conquistou a simpatia da turma
pela maneira competente e responsável como ensinou a
sua disciplina.

5. Zoologia Agrícola – 2ª parte, Professor Hugo
Lopes Mendonça e seu assistente Zaqueu de Almeida
Braga. O Professor Hugo Lopes destacava-se por sua didá-
tica e conhecimento profundo dos assuntos que ministrava
e pela memória extraordinária de que era dotado. O Pro-
fessor Zaqueu era responsável pela parte de estudos das
estruturas ósseas dos animais que conhecia bem e exigia
que os alunos soubessem de cor suas nomenclaturas por
meio dos diferentes esqueletos existentes no laboratório de
zootecnia.

6. Entomologia e Parasitologia Agrícola (135 ho-
ras), Professor Américo Gomes e seu assistente José Al-
berto Magalhães Bastos. O Professor Américo cuidava de
ensinar os tipos e a classificação de borboletas existentes e
o Professor Bastos cuidava do estudo dos inseticidas.

Terceiro ano:

1. Engenharia Rural – 1ª parte (150 horas), Profes-
sor José Dário Soares e seu assistente José Matias Filho,
dois conhecedores profundos dos assuntos tratados na dis-

125

ciplina. Os alunos ficavam apreensivos pela quantidade de
fórmulas matemáticas apresentadas e pela variedade de
cálculos necessários e exigidos nas provas de verificações.

2. Fitopatologia e Microbiologia Agrícola (120 ho-
ras), Professor José Ilo Pontes de Vasconcelos e seu assis-
tente José Júlio da Ponte Filho. Era uma disciplina que
exigia dos alunos muito estudo pelo vasto material minis-
trado e pela cobrança forte por parte dos professores, prin-
cipalmente do Professor José Júlio que chegou a publicar,
na época, uma apostila de quase 500 páginas depois, trans-
formada em livro.

3. Agricultura Geral e Genética Vegetal (120 ho-
ras), Professor José Hugo Bastos e seus assistentes Pedro
Henrique Ferreira de Paula e José Alencar Nunes Moreira.
A disciplina era dividida em duas partes: os Professores
José Hugo (aulas teóricas) e Pedro Henrique (práticas)
ministravam os assuntos da Agricultura Geral e o Profes-
sor Alencar a parte da Genética.

4. Química Agrícola (90 horas), Professor Manuel
Mateus Ventura e seus assistentes Enéas Mendes Bezerra
e José Wilson Alencar.. O Professor Ventura ministrou
poucas aulas para a nossa turma, uma vez que ele ficava
muito envolvido com suas pesquisas no laboratório de
química, bem provido de equipamentos modernos para
pesquisa, vindos da Alemanha, dado o prestígio pessoal do
Professor Ventura. A quase totalidade das aulas foi minis-
trada pelo Professor José Wilson.

126

5. Zootecnia Geral e Genética Animal (180 horas),

Professor Raimundo Renato de Almeida Braga e seus as-

sistentes Alzir Barreto de Araújo e Otávio de Almeida

Braga. Competentes mestres. O Professor Renato era res-

ponsável maior pela parte geral, além de abordar assuntos

relativos ao desenvolvimento do Estado do Ceará. O pro-

fessor Alzir ministrava a parte da teoria da Zootecnia Ge-

ral, principalmente a parte prática, pois tinha grande expe-

riência. O Professor Otávio ficava com a parte relativa à

Genética Animal.

6. Horticultura e Silvicultura (120 horas), Professor Vicen-

te Lopes Gondim e seus assistentes Diógenes Cabral do

Vale e Erimá Cabral do Vale. A maioria dos assuntos da

disciplina foi ministrada pelo Professor Diógenes que se

caracterizava pela didática, pela organização do material

usado e pelo conhecimento profundo da disciplina Ao Pro-

fessor Erimá cabia conduzir mais a parte das aulas práti-

cas.

Quarto ano:

1. Engenharia Rural – 2ª parte (150 horas) Profes-
sor José Dário Soares e seu assistente Carlos Escóssia
Barbosa. O Professor Dário foi o responsável pela maior
parte da parte teórica, cabendo ao Professor Escóssia parte
da teoria e toda a prática.

2. Agricultura e Genética Especializada (135 ho-
ras), Professor Flávio da Cunha Prata e seu assistente Ra-
imundo Pontes Nunes. O estudo das diferentes culturas

127

agrícolas ficou a cargo do Professor Prata e a parte relativa
à Genética, Professor Pontes.

3. Zootecnia Especializada (150 horas), Professor
Francisco Alves de Andrade e Castro e seus assistentes
Manuel Negreiros Bessa e Jaime Nascimento. O Professor
Francisco Alves (Chico Alves), responsável por parte da
parte teórica, complementava suas aulas abordando aspec-
tos sociais e econômicos a respeito do desenvolvimento da
Região Nordeste. O Professor Bessa, aulas teóricas relati-
vas à reprodução animal e suas práticas e o Professor Jai-
me, temas relativos às diversas doenças de animais e suas
curas.

4. Tecnologia Rural (120 horas), Professor Agenor
Maia Ferreira e seus assistentes Luciano Flávio Frota Ho-
landa e José de Anchieta Moura Fé. O Professor Agenor
ministrou uma parte da teoria; o restante, e a parte prática
couberam aos Professores Luciano e Moura Fé.

5. Economia Rural (120 horas), Professor Mário
Rocha e seu assistente Francisco de Oliveira Melo. Ao
Professor Melo cabia a parte relativa à contabilidade rural
e ao Professor Mário, a parte da economia rural.

6. Sociologia e Extensão Rurais (120 horas), Téc-
nicos Pedro Menezes Coli (secretário executivo) e Antô-
nio Sá de Magalhães (especialista) do Serviço de Extensão
Rural do Ceará, na época, conhecido por ANCAR-CE. A
nossa turma foi a primeira do Curso de Agronomia a ter
como disciplina obrigatória Sociologia Rural (no 1º se-

128

mestre) ministrada pelo Menezes Coli e Extensão Rural
(no 2º semestre), pelo Magalhães.

Muitas aulas práticas eram ministradas fora das
dependências da Escola de Agronomia: na Fazenda Expe-
rimental de Pentecostes; no Posto do Itapery, na época
pertencente ao Ministério da Agricultura; nos Postos Agrí-
colas e na Estação de Piscicultura do DNOCS; na Fazenda
Iracema do Ministério da Agricultura; em excursões às
Regiões da Ibiapaba, do Cariri e do Baixo Jaguaribe; em
outros Estados como Pernambuco e Paraíba e em agroin-
dústrias de caju, sucos, doces regionais e pasteurização do
leite.

Durante o curso, havia provas de avaliação escri-
tas, orais e práticas, cujo número era variável de acordo
com cada professor, tendo, no mínimo, uma prova por
semestre. O aluno podia passar por média (nota sete) nas
provas escritas. Se ficasse com média entre cinco e seis ia
para a recuperação através de uma prova oral e abaixo iria
para a recuperação de novas provas escritas, orais e práti-
cas. A nota exigida para passar de um ano para outro era
cinco.

Durante o período de aluno da Escola de Agrono-
mia (1959-1962), o Reitor da Universidade Federal do
Ceará era o Professor Antônio Martins Filho; o Diretor da
Escola, o Professor Prísco Bezerra; o Secretário da Escola
José Benevides. Entre seus funcionários, lembramo-nos
de Naise Diógenes (secretária do diretor), Verbena (biblio-
tecária), Odair (datilógrafo), Terezinha Justa (setor de di-

129

dática), Ricardo Xavier (técnico agrícola e chefe de cam-
po), Liberalino e Newton (laboratório de botânica), Daniel
(laboratório de química), Vicente (laboratório de física),
Celestino (laboratório de zootecnia), Pedro (estábulo),
Evaristo, Venâncio e Geraldo (motoristas), Walter Teófilo,
Carlos Marques, Roberto Justa e Papai-Sabe-Tudo (almo-
xarifado), Rufino e Raimunda (cantina).

Havia na Escola de Agronomia um ônibus azul
(Chevrolet), dirigido pelo Evaristo (depois formado em
veterinária e professor da Universidade Estadual do Cea-
rá), que conduzia diariamente os alunos do centro da cida-
de até o Campus do Pici e vice - versa e os levava a assis-
tirem aulas práticas fora das instalações da Escola.

Excetuando as atividades didáticas, um dos maio-
res eventos era participar do desfile dos calouros da Uni-
versidade, que começava na Praça da Faculdade de Direi-
to, percorria o centro da cidade, passando pela Praça do
Ferreira. Outro evento importante eram os jogos universi-
tários que se davam na Quadra do CEU, no Benfica. A
comemoração do Dia da Árvore, realizada, na época, no
dia 21 de setembro, com a presença de estudantes de vá-
rios colégios de Fortaleza e representação de autoridades,
ocasião em que havia plantio de árvores. Cabe ainda des-
tacar as famosas tertúlias dançantes das sextas-feiras no
Clube dos Estudantes Universitários (CEU).

Em 1962, a famosa “greve de um terço”, promovi-
da pelos alunos que queriam a participação de igual núme-
ro na representação de discentes nos colegiados da Uni-

130

versidade Federal do Ceará. Todas as dependências dos
Campi da Universidade foram ocupadas pelos alunos. Os
dirigentes, inclusive o Reitor Martins Filho, professores e
funcionários não puderam entrar nos seus locais de traba-
lho. A coordenação da ocupação ficou a cargo do Diretó-
rio Central de Estudantes (DCE), que tinha como seu pre-
sidente o estudante do Curso de Agronomia, Mânlio Sil-
vestre (depois foi reitor da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro). A ocupação demorou mais de um mês,
quando os professores da Agronomia, com apoio de tropas
da Polícia Militar do Ceará retomaram suas instalações.
Em seguida, tropas do Exército, a pedido da Reitoria da
UFC, os demais prédios da Universidade.

Em virtude da greve, houve retardamento da for-
matura de minha turma, o que ocorreu apenas no dia 3 de
janeiro de 1963, às 18.30 horas, no auditório da Faculda-
de de Direito da UFC. A solenidade foi presidida pelo
Diretor da Escola de Agronomia, Professor Prisco Bezer-
ra. Eu fui o orador da turma. O baile aconteceu em segui-
da, nos salões do Clube Náutico Cearense.

Os engenheiros agrônomos, formados em 1962, es-
colheram como patrono o Professor Hugo Lopes e como
paraninfo o Professor Jaime Nascimento. Homenageados,
os professores Francisco Barbosa, Milton Botelho, Flávio
Prata, José Matias, Diógenes Cabral, Moura Fé, Raimundo
Pontes, José Wilson, Negreiros Bessa e Alencar Moreira e
o ex-colega paraplégico, em virtude de um acidente, após

131

sua transferência para outra Universidade no Sul do País,
Elói Bezerra.

Os engenheiros agrônomos, formados em 1962,
num total de 49 concludentes foram os seguintes:

1. Antônio de ALBUQUERQUE Sousa Filho, téc-
nico do Serviço de Extensão Rural do Rio Grande do Nor-
te –ANCAR/RN, depois do Ministério da Agricultura,
atuando na Região do Cariri Cearense, professor da Uni-
versidade Federal do Ceará, onde foi coordenador de curso
de graduação, chefe de departamento, diretor do Centro de
Ciências Agrárias e reitor da UFC, Secretário de Educação
do Ceará e de 1º e 2º Graus do Ministério da Educação,
Superintendente do SEBRAE-CE, com mestrado (aposen-
tado).

2. Antônio José MARQUES, técnico da SUDENE,
transferido para o DNOCS. Ocupou cargos de chefia (fa-
lecido).

3. ARGEMIRO Cruz, técnico da Secretaria de
Agricultura do Ceará e empresário agrícola na Região do
Cariri Cearense (falecido).

4. ÂNGELA Francy Becker Campos, técnica do
Ministério da Agricultura (aposentada).

5. CARLOS MARQUES de Souza, técnico da Su-
perintendência de Desenvolvimento do Vale do São Fran-
cisco-SUVALE, professor e diretor da Escola de Agrono-
mia de Cruz das Almas-Bahia e empresário nos setores de
imóveis e produção agrícola no Vale do Rio São Francis-
co, em Juazeiro da Bahia (falecido).

132

6. CLAIRTON Martins do Carmo, professor da
Universidade Federal do Ceará, com mestrado (falecido).

7. DEMÓCRITO de Almeida Assis, técnico do
Serviço de Extensão Rural do Rio Grande do Norte –
ANCAR-RN, depois EMATER-RN, onde ocupou cargo
de direção, com mestrado (falecido).

8. DEODATO Machado Pinheiro, técnico da SU-
DENE, transferido para o DNOCS, onde ocupou cargos
de assessorias, com curso de especialização (aposentado).

9. EDNIR Alberto Carvalho Lima, técnico da
SUDENE, onde desenvolveu trabalhos em diferentes Es-
tados do Nordeste (aposentado).

10. EDVAR Martins Sabino, técnico da SUDENE
(falecido).

11. EXPEDITO Araújo de Vasconcelos, técnico do
Serviço de Extensão Rural do Ceará – ANCAR-CE, de-
pois técnico do DNOCS, atuando na área da piscicultura
(aposentado).

12. Francisco ASSIS Teixeira, empresário no Rio
de Janeiro (falecido).

13. Francisco das CHAGAS Pereira, técnico da
SUDENE (aposentado).

14. Francisco ÉSIO de Souza técnico da SUDENE.
Ocupou importantes cargos, como Superintendente Adjun-
to, Secretário de Agricultura do Ceará, Secretário do Inte-
rior do Ceará, com cursos em entidades internacionais,
Chefe do Escritório da SUDENE no Ceará (aposentado).

133

15. Francisco IRAN Bezerra de Oliveira, técnico
do BNB (falecido).

16. FRANÇOIS Claude Boris, empresário da agro-
pecuária e diretor fundador da empresa de computação
LANLINK (falecido).

17. Geraldo ARRAIS Maia, professor da Universi-
dade Federal do Ceará, Secretário de Agricultura do Cea-
rá, Presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do
Ceará- EPACE, Coordenador de curso de pós- graduação,
Professor Emérito da UFC, com mestrado e doutorado
(aposentado).

18. HEBER Correia Lima, empresário da pecuária
e da construção civil (falecido).

19. José Adalberto GADELHA, professor da Uni-
versidade Federal do Ceará, com mestrado (aposentado).

20. José Augusto RUSSO, técnico do Serviço de
Extensão Rural do Ceará-ANCAR-CE e depois EMA-
TER-CE (falecido).

21. José Braga PAIVA, técnico do Serviço de Ex-
tensão Rural do Ceará – ANCAR-CE, professor da Uni-
versidade Federal do Ceará. Exerceu os cargos de Chefe
de Departamento de Fitotecnia e Diretor do Centro de Ci-
ências Agrárias/UFC, com mestrado (falecido).

22. José LEOPOLDO Sampaio Caracas, técnico da
SUDENE (aposentado).

134

23. JOSÉ MARIA de Carvalho, técnico do Serviço
de Extensão Rural do Rio Grande do Norte - ANCAR-RN,
técnico do DNOCS (aposentado).

24. José TARQUÍNIO Prisco, professor da Univer-
sidade Federal do Ceará. Ocupou o cargo de Pró-reitor de
Pesquisa e Pós-graduação, pesquisador sênior do CNPQ,
consultor da CAPES, Professor Emérito da UFC, pesqui-
sador visitante em instituições dos Estados Unidos e da
Alemanha, com mestrado e doutorado (aposentado).

25. LÚCIO Osório Bastos de Oliveira, técnico da
SUDENE, da Superintendência de Desenvolvimento do
Vale do São Francisco – SUVALE- com mestrado e sócio
proprietário do Centro Educacional Escola Vivência-
Petrolina-Pernambuco (aposentado).

26. Maria ARLENE Cavalcante Nogueira, técnica
da SUDENE, trabalhou em vários Estados do Nordeste
(aposentada).

27. Maria CARMELITA Menezes, técnica da SU-
DENE (aposentada).

28. MARIA CUNHA Costa, técnica da SUDENE
(falecida).

29. Maria ELÓDIA Bezerra, técnica da SUDENE
(falecida).

30. Maria HYETTE Dantas Carneiro, técnica da
SUDENE (aposentada).

31. Maria IVONE Mota, professora da Universida-
de Federal do Ceará, com mestrado e doutorado (falecida).

135

32. Maria LÚCIA Tomaz Barroso, técnica do
DNOCS (aposentada).

33. Maria MARLENE Pereira, técnica da SUDE-
NE (aposentada).

34. Maria NAZARETH Costa Menezes, técnica da
SUDENE e do DNOCS (aposentada).

35. MÁRIO HENRIQUES Aragão, técnico do Ser-
viço de Extensão Rural do Ceará – ANCAR, técnico do
Banco do Nordeste – BNB, Secretário Municipal de Agri-
cultura de Meruoca-CE, Diretor da Escola Agrícola Muni-
cipal Paulo Sanford – Sobral – CE e agrônomo da Prefei-
tura Municipal de Itapajé-CE (aposentado).

36. MILTON Moreira de Souza. técnico da SU-
DENE, ocupou os cargos de chefe de divisão e coordena-
dor, diretor técnico da Empresa Pernambucana de Pesqui-
sa Agropecuária-IPA, com mestrado (aposentado).

37. MOISÉS Custódio Saraiva Leão, técnico da
SUDENE, professor da Universidade Federal do Ceará,
com mestrado e doutorado (aposentado).

38. OMAR Jesus Pereira, técnico do Serviço de
Extensão do Ceará ANCAR-CE, professor da Universi-
dade Federal do Ceará, com mestrado (aposentado).

39. OCTÀVIO Pessoa Aragão, técnico da SUDE-
NE, da Superintendência de Desenvolvimento do Vale do
São Francisco – SUVALE e proprietário de lojas em Pe-
trolina-Pernambuco, com mestrado (aposentado).

136

40. Raimundo BRAZ Filho, professor da Universi-
dade Federal do Ceará, da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro. Diretor do Instituto de Ciências Exatas,
Reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro- UENF, Professor Emérito da UFRRJ e
UENF, Pesquisador Sênior do CNPQ, Coordenador de
Curso de Pós-graduação, Professor Honoris Causa da
UFC, com doutorado (aposentado).

41. Raimundo FERDINANDO Pinheiro Maciel,
técnico da SUDENE, professor da Universidade Federal
do Ceará, Chefe do Departamento de Fitotecnia, com mes-
trado (falecido).

42. Raimundo IVAN Pontes de Sousa, técnico do
Serviço de Extensão Rural do Ceará –ANCAR–CE, Secre-
tário Executivo da ACAR-Rondônia, Delegado Federal do
Ministério da Agricultura no Piauí, pesquisador da EM-
BRAPA, com mestrado (aposentado).

43. Raimundo de Souza PARENTE, técnico da
SUDENE, empresário na área de construção civil (faleci-
do).

44. RAQUEL Machado Almeida, técnica da Secre-
taria de Agricultura do Ceará, da Superintendência de De-
senvolvimento do Ceará-SUDEC, professora do Centro
Educacional Maristela-Natal/RN e professora do Instituto
Maria Auxiliadora – Natal/RN (aposentada).

45. RAUL NYLO Cavalcante Bezerra, técnico da
SUDENE, assessor da Secretaria de Agricultura do Ceará
e da Secretaria do Interior do Ceará, técnico da Bolsa de

137

Valores do Ceará e da Bolsa de Mercadorias do Ceará,
assessor da Presidência da Bolsa de Valores do Ceará,
com mestrado (aposentado).

46. ROBERTO Alencar, professor da Universidade
Federal do Ceará, com mestrado (falecido).

47. TARCÌSIO Teixeira Alves, técnico do Serviço
de Extensão Rural do Ceará - ANCAR-CE, pesquisador
do LABOMAR - UFC e técnico da Superintendência de
Desenvolvimento Pesqueiro do Ceará SUDEPE-CE (fale-
cido).

48. VICENTE de Araújo BARRETO, técnico do
Serviço de Extensão Rural do Ceará –ANCAR/CE, atual
EMATER - CE, Diretor Técnico da CODRAGO-CE, Pre-
feito Municipal de Pacujá-CE (aposentado).

49. VICENTE de Castro Saraiva CÂMARA, técni-
co da SUDENE, onde exerceu os cargos de Diretor dos
Escritórios Regionais da SUDENE no Piauí e em Brasília
(aposentado).

Vários colegas eram conhecidos por seus apelidos:
Grandão, Funil, Gavião, Tuzinho, Camarão, Dico, Verme-
lho, Peixe Espada, Barrigudo, Fogoió, Catitu, Passarinho,
Brucutu, Gata, Desmaiado, Jaburandir, Se manque, Pesca-
da, Abdoral, Titia e Biquara.

As famílias dos concludentes, segundo suas condi-
ções financeiras, realizavam festas familiares para come-
morarem a formatura de seus filhos. Formar um filho sig-
nificava uma vitória para a família e surgia uma oportuni-

138

dade de melhoria e ascensão social com novo status social,
aumento da renda familiar pela oferta de empregos exis-
tentes. O ano em que nossa turma terminou o curso, foi
um “ano de ouro”, pelas várias oportunidades de empregos
ofertados pelas Universidades, pela SUDENE, pelo
DNOCS, pelas Secretárias Estaduais de Agricultura, pelo
Ministério da Agricultura ( na época, precisava de 50
agrônomos e não os encontrava), pelos Serviços de Ex-
tensão Rural e pelas empresas privadas.

Minha mãe, viúva e pensionista, resolveu fazer
uma comemoração familiar, por ocasião da minha forma-
tura. Contou com a colaboração de pessoas da família e de
alguns amigos. Passada a festiva comemoração, ela escre-
veu uma carta para sua irmã tia Maria Luíza e seu marido
Antonino, residentes em Viçosa do Ceará. A carta é datada
de 10 de janeiro de 1963. Alguns trechos, ipsis litteris:

“As festas estiveram muito boas e bonitas. A missa,
foi muito bonita, foi cantada por um coral e o padre fez
uma prática, muito bonita. A colação de grau, foi também
muito bonita e todos gostaram imenso do discurso do Al-
buquerque Filho. Sei que ele falou com muita calma e
naturalidade. Tudo isto me fazia lembrar vocês o Albu-
querque que, se fosse vivo, como estaria satisfeito e feliz,
mas nunca a felicidade da gente é completa. A festa do
Náutico esteve muito boa e animada.”

Mais adiante continua: “A reunião em nossa casa,
foi feita no dia três (de janeiro/1963), fiz questão de con-
vidar todos da nossa família e da família do Albuquerque,

139

acho que não esqueci ninguém. Além das famílias, estive-
ram muitos amigos, colegas, gente também da repartição
(DSOP). Fizeram muitos discursos, só colegas dele fala-
ram 3, elogiando o Albuquerque Filho e agradecendo o
que ele tinha feito por eles na Escola. Afonso (amigo do
CPOR e formando em direito) falou em nome dele e da
família, nos botando nas nuvens. Depois de tudo isto, Al-
buquerque Filho, foi agradecer , quando chegou na parte
que ele foi referir-se a mim e ao pai dele, tanto ele chorou,
como fez todo mundo chorar. Todos os irmãos dele vieram
com as famílias, foi questão de todos eles, até o Jefferson
(irmão, que morava em Crato), que estava de viagem
marcada para São Paulo, veio também.”

Continua: “Eu nunca vi tanta sorte, era todo mun-
do se oferecendo para ajudar. Foi feita da seguinte ma-
neira: Agláís tomou conta dos pastéis e canudos; mandei
preparar os perus e farofa na casa do Arthur; Ilka tomou
conta dos sanduiches; dona Zuila mandou um absurdo de
empadas, croquetes, bolos e macarrão; eu fiz o bolo
grande e carne de porco; Cleide e Zilda fizeram a salada,
Jefferson, Diva e Ângela arrumaram a casa. Foi feito
tudo em grande quantidade, que se estragou, foi muita
coisa. Também bebidas foi um absurdo, teve desde cham-
panhe, whisky, rum Montilha, cerveja, guaraná e Coca-
Cola, finalmente foi tudo.”

No final da carta, escreve: “Ele recebeu muitos
presentes, vou começar pelo de vocês que foram os perus,
também um peru do Sr. Cicero Brasileiro, 1 par de meia

140

da Crispiana, 2 pares de meia da Maria José do Bomfim,
3 pares de meia da Walkyria, 1 gravata da Alba, 1 grava-
ta da Maria do Carmo, 1 caixa de lenços da Maria Luiza
Barreira, 1 livro do Chagas, 1 camisa da Eunice, 1 cami-
sa da Neném e Zilda , 1 camisa do Faustino, 1 caneta par-
ker 51 do Albi, 1 par de sapato meu, 1 peru e 5.000,00 do
Valdemir, 3.000,00 da Dionê, 5.000,00 da Ermelita ,
5.000,00 do Jefferson, 10.000,00 do Deim, 10.000,00 do
Sr. Moacir Alcântara, 1 tinteiro com uma caneta da Maria
Luiza Jereissati), uma coleção de livros e 1 estojo para
unha da Marlene, 1 saco de viagem da Graziela, 1 mala
de luxo e 2 pares de meia dos colegas de repartição
(DSOP), Luizito fez presente do aluguel das mesas e ca-
deiras e das cervejas da festa. Albuquerque Filho seguiu
no dia 7 (janeiro/1963) para Natal.”

No dia 7 de janeiro de 1963, eu e os colegas de
turma, Demócrito e José Maria, embarcamos no Convair
(avião turbo hélice) da VASP, com destino a Natal, no Rio
Grande do Norte, onde começaríamos a nossa vida profis-
sional, junto ao Serviço de Extensão Rural daquele Estado,
na época a ANCAR-RN.

141

Conclusão do Curso de Agronomia.
142

Brincadeiras Alegres
do Tempo da Escola:

No tempo em que éramos alunos do Curso de Gra-
duação em Agronomia, a Escola de Agronomia ocupava
toda a área correspondente ao atual Campus do Pici e o
número de alunos não era numeroso. Isto possibilizava o
conhecimento de todos e um espirito forte de pertencimen-
to de grupo por parte dos alunos. As brincadeiras eram de
conhecimento de todos. Havia grande solidariedade entre
os colegas.

Passarei a descrever alguns fatos alegres daqueles
tempos na Escola.

1. Ao entrar para cursar agronomia (1959), nossa

turma era a maior em número de alunos 50 e, princi-
palmente, no de mulheres 11. Os colegas passavam a
contar piadas e fatos considerados pesados pelas co-
legas, que foram ao gabinete do diretor da Escola,

143

Professor Prisco Bezerra, fazer queixas. No dia se-
guinte, o diretor veio até a nossa sala de aula e deu
uma forte lição de moral. Depois de alguns dias de si-
lêncio, os colegas sugeriram que, por ocasião do
transporte dos alunos para o centro da cidade, no
ônibus da Escola, mostrássemos o nosso grande arre-
pendimento dos atos cometidos em relação às cole-
gas. Durante vários dias, cantávamos no percurso Pi-
ci - centro da Cidade o canto religioso “Ave, Ave, Ave
Maria, Ave, Ave, Ave Maria.” Tivemos informações
de que, por onde o ônibus da Escola passava, os co-
mentários das pessoas: “Nós não sabíamos que os
alunos da Agronomia eram tão católicos!”.

2. Várias canções, algumas delas eram hinos de

guerra cantados nos jogos universitários. Dentre elas,
destaco a que promovia abandono dos locais dos jo-
gos por alunas de outros cursos da Universidade.
Uma delas dizia que “Num rio tinha uma tábua, na
tábua tinha uma velha. O rio deu uma enchente e car-
regou a tabaca veia!.”

3. Quando estávamos no terceiro ano, fizemos uma

viagem de estudo à Região do Cariri Cearense e aos
Estados de Pernambuco e Paraíba, com a finalidade
de conhecer culturas agrícolas e agroindústrias. A
nossa viagem tinha como coordenador o Professor
Milton Botelho e mais os professores Carlos Escóssia
e José Júlio. Em Campina Grande, na Paraíba, fica-
mos hospedados num hotel de dois andares e muitos

144

quartos, todos iguais. O Professor Milton decidiu que
sairíamos às quatro horas da manhã para ganhar
tempo na estrada (na época, as estradas nordestinas
não tinham asfalto). Ao acordarmos, alguns colegas
saíram batendo nas portas de todos os quartos do ho-
tel, chamando pelos nomes dos colegas. Foi uma con-
fusão muito grande no hotel, com todos os hóspedes
sendo acordados e reclamação geral.

4. Na mesma viagem, quando estávamos no Recife –

Pernambuco um grupo de colegas resolveu ir jantar
no Restaurante do Leite, no Bairro do Pina, conside-
rado de luxo, na época. Como não tínhamos muito di-
nheiro resolvemos pedir um frango assado inteiro pa-
ra ser dividido por todos. Ao chegar o frango assado
à mesa, um colega ficou encarregado de partir em
partes iguais para todos. Ao tentar enfiar o garfo, o
dito frango saltou da nossa mesa caindo no centro do
restaurante, todo sujo. Saímos frustrados e com fo-
me.

5. Na Escola, havia um colega conhecido pelo apeli-
do “Pote”. Era de uma turma mais antiga que a nos-
sa. Numa determinada noite, depois de várias cerve-
jas, resolveu tomar um táxi para voltar para casa. Es-
tava sem dinheiro para pagar o táxi. Então mandou
parar o táxi na esquina da rua onde morava, várias
quadras antes de sua casa. Tão logo deixou o táxi,
saiu a correr e o motorista correndo atrás dele. Na
rua tinha havido um roubo e a família da casa rouba-

145

da, estava toda acordada no terraço. Ao ver uma pes-
soa correndo, saíram todos e juntos com o motorista
do táxi começaram a gritar “Pega o ladrão”. O Pote
teve de correr por mais quarteirões, passando várias
vezes em frente a sua casa, pular no jardim de outra
casa e esconder-se.

6. Havia na Escola, um professor muito competente e

querido dos alunos, mas muito desligado. Certo dia
de aula para a nossa turma, ele colocou o apagador
debaixo do sovaco. Depois começou a procurar o
apagador, provocando risada geral dos alunos. Nou-
tro momento, colocou seus óculos sobre a testa e foi
ao gabinete do diretor da Escola reclamar que os
alunos os haviam escondido.

7. Um colega de turma tinha um carro francês pe-

queno, com o motor na parte traseira do veículo, co-
nhecido pelo apelido de “Bunda quente”. Num de-
terminado dia de aula, um grupo de colegas suspen-
deu o referido carro, colocando-o dentro de uma sala
de aula cuja porta foi fechada. Terminada a aula, o
colega proprietário começou a procurar o carro e
ajudado pelos demais colegas foi a diferentes e dis-
tantes locais. Depois de longa busca, os colegas dis-
seram: Vamos procurar nas salas de aula. Finalmen-
te, foi encontrado e retirado da sala, com o apoio da-
queles que ali o haviam colocado.

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