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Casas de Portugal_177

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Published by hmilheiro, 2020-01-30 06:49:38

CP_177

Casas de Portugal_177

00177casaswww.casasdeportugalproperties.com Nº 177 | BIMESTRAL • FEVEREIRO / MARÇO 2020 | 4,50€ (Cont.)
5 607727 159698 de
PORTUGAL

CASAS DE CAMPO E DE PRAIA. ESCOLHER, COMPRAR, VIVER...

DECOR IN&OUT
MATERIAIS
NATURAIS

E CORES TERRA
REGRESSAM
A CASA

LIGAÇÕES
FELIZES

ARQUITETURA E PAISAGEM
EM DIÁLOGO CONSTANTE

DECORAÇÃO ● JARDINS ● RECEITAS



EDITORIAL

CBOONMSEÇOS

A tradição ainda é o que era e prova
disso são os trabalhos que os designers
e artesãos desenvolvem para as marcas e
empresas, algumas delas afamadas e com
nome sólido no mercado internacional.
Rattan, teka, terracota e lãs naturais em
várias peças de uso diário para ver mais
à frente. Nesta edição, a primeira de 2020,
destaque ainda para três projetos de
arquitetura e interiores, de Sintra ao Norte,
com uma passagem pela bela Itália, mais
propriamente a região de Marche, numa
celebração do que melhor se faz sempre
tendo por base a relação com a terra e a
envolvente. Vale a pena ficar para ler e ver
tudo até ao fim.

FOTOGRAFIA: BRUNO BARBOSA

ESTATUTO EDITORIAL
1. A Casas de Portugal é uma revista bimestral, de informação geral que aborda temas de decoração, arquitetura e reabilitação, imobiliário, conselhos e sugestões na área
de decoração e reabilitação e outros de interesse geral, através de um tratamento privilegiado da imagem, do texto da entrevista e da reportagem. 2. A Casas de Portugal,
para além da responsabilidade de informar, pretende ser uma referência de bom gosto e inspiração para os seus leitores. 3. A Casas de Portugal rege-se pelo escrupuloso
cumprimento das normas éticas e deontológicas que regulamentam o jornalismo. 4. A Casas de Portugal é independente de qualquer tipo de poder, económico ou politico,
ou de qualquer grupo de pressão.

CASAS DE PORTUGAL | 3

SUMÁRIO Fotografia de capa

Bruno Barbosa

Diretora

Amparo Santa-Clara
[email protected]
Telefone: +351 919 982 289

Fotografia

Alessandro Magi Galluzzi
Bruno Barbosa
José Manuel Ferrão

Produção

Amparo Santa-Clara

Tradução

Margaret Santos

Revisão editorial

Carla Ferreira

Design gráfico

Sandra Nascimento

CAnojalaTbscohoreapdeo; res editoriais

Isabel Figueiredo;
Marta Almeida de Carvalho;

Paginação e Arte Final

José Gregório Luís

“Casas & Terrenos à Venda”

Margarida Pereira
[email protected]
Tel.: +351 918 829 082
Amparo Santa-Clara
[email protected]
Tel.: +351 919 982 289

Publicidade e assinaturas

Diretora
Paula Vasconcelos
[email protected]
Tel.: +351 910 512 802

6 - 9 Decor In, regresso aos tons terra Proprietário e editor do título
10 - 12 Decor Out, acessórios e mobiliário a pensar no desfrute do exterior
14 - 15 Couves ornamentais, porquê ter em casa “Casas de Portugal”
16 - 30 Uma quinta no Norte MoonMedia - Comunicação, Lda.
32 - 44 Novo projeto de vida em Sintra Rua Manuel Inácio, nº 8B
46 - 58 Arquitetura contemporânea em Itália 2770-223 Paço de Arcos
60 - 61 Moqueca de camarão com folhas de lima Telefone: +351 919 982 289
NIPC: 508980186
65 Imobiliário
GAmepraêrno cSiaanta-Clara
Membros conselho de gerência:

Amparo Santa-Clara

Detentores de capital

Amparo Santa-Clara e Pedro Corrêa Mendes

Morada e Sede de redação

Rua Manuel Inácio, 8 B
2770 – 223 Paço de Arcos

Impressão

Jorge Fernandes, Lda
Rua Quinta do Conde de Mascarenhas, 9
Vale Fetal
2820-652 Charneca da Caparica

Distribuição

VASP - Distribuidora de Publicações, S.A.

Tiragem

16.000 exemplares

Depósito Legal

86460/09

1N21.º88d1e registo no ICS
Membro de

PRÓXIMA EDIÇÃO
ABRIL / MAIO

4 | CASAS DE PORTUGAL



DECOR IN

Penrose, por
Masquespacio,
em terracota, design
de Ana Milena
Hernández, pelos
100 anos da
Poggi Ugo,
poggiugo.it

Almofada Motif
Love, da Cult
Furniture,
cultfurniture.com

BTOONNSS
Balde para gelo A casa veste-se de
em pele Manhattan, tons terra, materiais
da Flamant, €165, naturais e peças que
flamant.com complementam uma
decoração pensada

para sobreviver à
passagem dos anos.

6 | CASAS DE PORTUGAL

Banco Cutter, em
teka, €729, design

de Niels Hvass,
várias cores, da

Skagerak,
skagerak.dk

Candeeiros Terra
Light, Ø31cm, para
a Serax por Lauren
Van Driessche,
€129,
nedgis.com
Cadeira Sentosa,
em pele, para
a MRD Home,
650x830x740 mm,
teka natural, cor
areia,
cranmorehome.com.au

CASAS DE PORTUGAL | 7

DECOR IN

Desenhada por
Ichiro Iwasaki para
a Vibia, a coleção
de luminárias Pin
caracteriza-se pelo
jogo de formas
geométricas; linhas
esbeltas com base
circular, alimentação
LED, procure
na Traço de Luz,
tracoluz.com

8 | CASAS DE PORTUGAL

Anfora Silhouette,
por Christophe Pillet

para a Poggi Ugo,
€1.503,

poggiugo.it
Novos tapetes por
Mathias Hanh para

a Nanimarquina,
200x300 e

170x240 cm, várias
combinações de

cores, 10% lã afegã
tecida à mão,

procure na Loja
Inexistência,

inexistencia.com

DECOR OUT

Da Garden Trading,
set de 2 cestos
Norton, em rattan,
gardentrading.co.uk

Lanterna para
exterior, da Becara,
na loja de Lisboa,
becara.com

Floreira em Teka,
da Shimu, em
himu.co.uk

Comece o novo ano Sofá da coleção
com soluções práticas Orizon, design
do Studio Lievore
IDEIAS para o seu jardim, Altherr para a Fast,
FRESCAS terraço ou varanda contacte
Alice Barroso
(919723837)

10 | CASAS DE PORTUGAL

Loiças da nova Mobiliário Ethimo,
coleção da Pomax, coleção Mountain,
a pequena €4,10 design de Marcello
e a grande €9,60, Ziliani, procure na
procure na Glamour’Arte,
Arboretto, glamourarte.pt
lisboa.fermob.com

Stravaganza,
Mobiliário para
exterior da Fermob,
na loja de Lisboa,
fermob.com

Da Lene Bjerre,
canapé Dealia, feito à
mão na Indonésia, em

lenebjerre.com

CASAS DE PORTUGAL | 11

Luminárias Black
Out, da Karman
Italia, procure na
Loja Inexistência,
loja.inexistencia.com

Da Bed and Da Let’s Pause, cestos Navagio, €40, medem 40x40x50 cm,
Philosophy, em letspause.es
toalhas, €35,
bedandphilosophy.com

Da Vincent
Sheppard, mesa
Light My Table,
requer pouca
manutenção; no
exterior deverá
apenas cobrir
ou levar para
dentro em dias
de chuva muito
intensa. Procure na
Consigo Interiores,
consigointeriores.com

12 | CASAS DE PORTUGAL

Sofá lounge Wicked
em rattan natural
da Vicent Sheppard,
desenhado por
Alain Gilles, na Alaire,
alaire.pt

Vela Poetry da Baobab,
linha Modernista Vidre,
vaso em vidro, sob
consulta, procure
na Vilaça Interiores,
vilacainteriores.com

Vaso para exterior da
Cosapots, coleção

Barcelona, design de
Nicolaes Devriendt,
cosapots.eu

Da Ethimo, candeeiro
de pé XL, faz parte da
coleção Carrè , procure
na Quarto Sala,
quartosala.com

CASAS DE PORTUGAL | 13

JARDINS

COUVE
ORNAMENTAL

Brassica oleraceae acephala

N ativa da região do Mediter- seu jardim no Inverno, acrescentando muita
râneo e Ásia Menor, a couve cor numa altura em que normalmente não
ornamental é também conhe- há plantas com cor nos jardins. Sem exigir
cida por Couve de Jardim ou grandes cuidados, as couves ornamentais
Repolho Ornamental. Pertence podem ser plantadas diretamente no solo se
à família das Brassicas, ou seja a mesma da compradas em vaso ou semeadas em tabu-
couve, bróculos, repolho, couve de Bruxelas, leiros e posteriormente transplantadas para
couve flor entre outras. Por se tratar de uma o seu local definitivo 1 mês após a sua ger-
variedade acéfala, a couve ornamental não minação. Quando plantadas já com algum
forma cabeça como a couve tradicional. Tra- porte, deve-se ter o cuidado de as plantar
ta-se de uma planta perene, com caule cur- a alguma profundidade pois a sua cabeça
to, que pode ir dos 30 aos 50cm. De folhas pode atingir um peso significativo e tombar.
grandes e arredondadas, com pontas enca- Para obter flores a partir do início do Outo-
racoladas ou lisas, estas couves apresentam no até ao fim do Inverno o seu cultivo deve
a forma de rosetas densas. Ao contrário do ser preferencialmente no final da Primavera
verde a que estamos habituados nas couves ou início do Verão. Apesar de poderem ser
tradicionais, as folhas externas destas híbri- plantadas em qualquer altura do ano isto não
das têm uma cor verde azulada, variando é aconselhado, pois a sua pigmentação co-
o seu interior desde o branco matizado de lorida só se desenvolverá se a planta passar
rosa, ao branco amarelado, roxo ou rosa fúc- por um período de exposição a temperatu-
sia, fazendo com que se assemelhem mais a ras bastante baixas. Embora tolerem alguma
flores do que a vegetais. Criadas pelo seu as- sombra, as couves ornamentais devem ser
peto vistoso e caráter decorativo e não pelo plantadas em local com boa exposição solar
seu sabor, estas couves são no entanto co- e com um espaçamento de 50-60 cm entre
mestíveis mas as suas folhas são muito duras as plantas, tendo em conta que as suas folhas
e bastante amargas. Aliás recomenda-se que atingem grandes dimensões. Por apreciarem
as plantas compradas em viveiros não sejam uma terra rica em nitrogénio, o solo deve ser
consumidas, pois na sua produção comercial enriquecido com bastante matéria orgânica
poderão ter sido usados produtos tóxicos e adubo, requerendo regas frequentes de
não aprovados para consumo alimentar. Uma forma a manter o solo húmido mas não en-
excelente escolha para trazer cor a terraços, charcado. A couve ornamental é assim uma
plantadas em vasos ou floreiras, jardins ou planta ideal para ter em bordaduras de can-
como flor de corte, a época de floração tem teiros ou plantadas em maciços com outras
início no Outono, ostentando toda a sua be- plantas, proporcionando um espetáculo de
leza nos períodos mais frios do Inverno, épo- cores e texturas exuberantes no meses mais
ca esta em que as suas cores se intensificam. frios do ano. l
As couves ornamentais desenvolvem-se bem
em todo o território nacional, tratando-se de TEXTO: MARTA ALMEIDA DE CARVALHO
um elemento ornamental perfeito para o
FOTOGRAFIA: D.R.

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Na Vila da Feira, a cerca
de 40 km do Porto, ergue-se esta

casa, inserida numa mancha
de verde onde coabitam várias
espécies arbóreas. O edifício, do
século XIX, é a morada desde
sempre de uma família que tem
sabido preservar a sua atmosfera

de grande romantismo.

A CASA
DO PARQUE

TEXTO: ISABEL FIGUEIREDO
FOTOGRAFIA: BRUNO BARBOSA

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A capela, ricamente
decorada, apesar
de fazer parte da

quinta, está aberta
ao público e ali se
celebra missa todos

os domingos

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INTERIORES ADAPTADOS AOS
DIAS DE HOJE SEM CONTUDO

DESVIRTUAR O PASSADO

E rguida em meados do século XIX, gerações, e necessidades, foi entretanto
e alvo de obras de reestruturação construído um court de ténis e uma pisci-
e ampliação que remontam ao na com uma casa de apoio para refeições.
ano de 1901 - num estilo que fica- A par destes novos elementos, os anos têm
ria conhecido como `Casa de Bra- testemunhado pequenas obras de melhoria,
sileiro’ – a casa evidencia uma beleza ímpar. sem contudo se ter alterado a estrutura ex-
Ao longo dos seus três pisos, com desenho terior. “A ultima reestruturação foi efetuada
em forma de U, a abraçar um pátio central, há dois anos, tendo sido criados novos espa-
distribuem-se as várias acomodações. Numa ços, como casas de banho e uma lavandaria,
das extremidades acede-se à capela que, por forma a tornar a casa mais confortável”,
embora particular, está aberta ao público confirma a sua proprietária. E prossegue:
ali se celebrando missa todos os domingos. “A cada renovação está sempre subjacente
A quinta, na mão da mesma família desde a preocupação de escolher tecidos e cores
a sua construção, tem vindo a ser o ponto que preservem e remetam para o espírito
de encontro dos seus vários membros no de uma época, sem desvirtuar o passado”. O
período de férias. Com os seus 14 quartos e mobiliário é, na sua grande maioria, original
as diversas salas de estar, é uma casa prepa- e compõe-se de várias peças que estão nesta
rada para receber uma família numerosa que, família há muitas gerações, sendo algumas
verão após verão, aí se encontra, descansa, delas de estilo e origem alemã, já que esta
revê. Para estar apta às exigências das várias era a nacionalidade da mulher de um dos

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NUMA DAS SALAS DE
ESTAR, DISPÕEM-SE VÁRIAS

ZONAS DE CONVÍVIO

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CASA DE JANTAR EM TONS
QUENTES, TAPEÇARIA
ANTIGA E MESA GENEROSA
QUE ACOMODA 12 CONVIVAS

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Na cozinha,
luminosa

e espaçosa,
dominam o azul
e o branco; nota
de destaque para

os armários de
madeira, antigos,

e os azulejos
que revestem as

paredes

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As cores
e tecidos
escolhidos para
cada um dos
espaços está em
harmonia com os
materiais da casa e
com as nuances da
envolvente; nas
casas de banho,
atualizadas,
preservaram-se
alguns dos
revestimentos

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LAGOS, GRUTAS
E DEZENAS DE

ESPÉCIES ARBÓREAS
IMPRIMEM MISTÉRIO

E COLORIDO
AO PARQUE

proprietários. Inserida num parque desenha-
do e plantado no início do século XX, aqui
coabitam dezenas de espécies de árvores
tão distintas como Áceres, Cedros dos Hima-
laias, Sequoias, Carvalhos, Tílias, Faias, Liqui-
dâmbares, Azevinho, entre outras. É um par-
que deslumbrante, cheio de surpresas, com
recantos inesperados, dando a conhecer a
quem por ali passeia um lago, uma ponte ou
uma gruta, elementos tão característicos dos
jardins românticos de 1900. l

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Transferir hábitos, família
e animais domésticos de
um apartamento moderno
para uma casa rural não
é um sacrifício. Para esta
família, foi um exercício
de criatividade, colorido
pela magia da serra de
Sintra, que dali se avista.

VNIODVAA

TEXTO: ISABEL FIGUEIREDO
FOTOGRAFIA: JOSÉ MANUEL FERRÃO

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A cozinha, ampla,
tem espaço para
sentar vários
convidados graças
à junção de duas
mesas

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Na sala, equipada
com lareira de
canto, conjugam-se
cestos africanos,
tapetes rústicos
e algumas peças
de design,
como as colunas
transparentes
da Harmon Kardon
ou a chaise
loungue de pele,
uma réplica
Le Corbusier

36 | CASAS DE PORTUGAL

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O quarto da filha
apresenta um

desnível e uma área
com chão em pedra

onde se optou por
colocar a cama

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N uma pequena aldeia a 5 km de como tapetes e candeeiros”, conta-nos.
Sintra, esta casa de campo, um A adaptação fez-se ainda ao nível do espaço.
T3 bem arrumado e harmonio- Se antes a sua casa incluía uma casa de jan-
so, organiza-se em dois pisos. tar com uma mesa moderna, comprida – que
A entrada faz-se pelo peque- deixou para trás -, aqui foi usada para o efei-
no pátio, com entrada direta para a cozinha, to a mesa que antes tinha na cozinha, “jun-
alojada no piso inferior. Neste piso, ainda, tando e adaptando uma outra mesa, já com
distribuem-se a sala, dois quartos e uma 100 anos, que herdei da minha tia, a morar na
casa de banho. Ao aceder ao piso superior, Alemanha”. Feitas as contas, o espaço é mais
o nosso olhar encontra um amplo quarto reduzido, mas as soluções são grandes em
com mezanino, com acesso direto a um ter- criatividade, unindo-se dois estilos de mesas
raço com vista para a serra de Sintra. Aqui, nesta cozinha onde hoje, à semelhança da
há ainda espaço para uma área pequena de casa anterior, também é possível sentar entre
lavandaria. De construção anterior a 1951, oito a dez convidados. Os materiais adota-
a antiga arribana foi alvo de várias obras de
Ao lado, quarto remodelação, trabalhos que incluíram as
de hóspedes com pinturas da casa, interior e exterior, um novo
recuperador de calor na sala e a total remo-
cama de solteiro delação da casa de banho. Toda a decoração
da casa é da autoria da sua proprietária, que
antes vivia num apartamento de arquitetura
moderna, na Beloura, transitando “para esta
casinha onde tive de adaptar o estilo da cons-
trução rural, com algumas aquisições novas,

Perspectiva do
quarto principal,
com mezanino

CASAS DE PORTUGAL | 41

42 | CASAS DE PORTUGAL

Quarto principal,
animado por várias

peças, de várias
proveniências. Este
quarto tem acesso
direto a um terraço

com vista para a
serra de Sintra

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dos para a recuperação da casa assentam na PÁTIO COM ÁREA DE ESTAR
pedra rústica, na tijoleira e na madeira, de E ZONA DE REFEIÇÕES
modo a respeitar a rusticidade do edifício.
“Era muito importante a mudança, a mudan-
ça para um projeto novo, e tive a sorte de
ter tido esta oportunidade, de poder mudar
para um ambiente diferente. Decorar algo
de novo, mas num contexto completamen-
te diferente, rústico em termos de espaço e
ambiente, foi um privilégio”, salienta. O facto
de morar com a filha mais nova, uma cadela
e um gato com 16 anos, desde sempre ha-
bituados a partilhar o mesmo apartamento,
não se revelou uma restrição. Antes pelo
contrário. A casinha revela-se um pequeno
paraíso, com o seu terraço e áreas exteriores,
com vista para a serra de Sintra, uma boa la-
reira para os dias frios, a sala e a cozinha que
têm tanto de amplo como de acolhedor...
Toda a magia do lugar e a luz natural que
por ali entra são tonificantes. A estas valên-
cias juntam-se a mistura de materiais e cores,
dos acessórios e peças de mobiliário eleitos,
num casamento gracioso. Caso, por exem-
plo, dos cestos africanos, dos tapetes rústicos
em harmonia com o design contemporâneo,
as peças de autor ou as obras de arte.” l

44 | CASAS DE PORTUGAL

BANHEIRA

Aman

Descubra o toque acetinado
do solid surface

ADAPTAÇÃO: ISABEL FIGUEIREDO
FOTOGRAFIA: ALESSANDRO MAGI GALLUZZI

46 | CASAS DE PORTUGAL

Projetada pelo arquiteto
Simone Subissati, a casa

‘Border Crossing’
localiza-se na zona
montanhosa de Marche,
nas colinas perto de
Ancona, em Itália e
é um espaço desenhado
para acolher a vida,
encontrando a sua razão
de ser na relação mútua
com a envolvente.

A residência particular, que re-
cupera o layout essencial das
casas rurais locais, ao mesmo
tempo que evoca as experiên-
cias de alguns dos protagonis-
tas da vanguarda radical italiana, dialoga com
a paisagem e com as cores exuberantes dos
campos em redor. Situada entre a cidade e
o campo, esta casa encaixa-se no território e
explora o tema da fronteira enquanto procu-
ra novas formas de permeabilidade no espa-
ço e no tempo. Simone Subissati projetou a
residência com formas limpas e originais, reu-
nindo o estilo das construções rurais tradicio-
nais e algumas experiências arquitetónicas
de modo a criar um projeto feito para fazer
a diferença. Uma arquitetura com um forte
conceito e personalidade, exibe ainda uma
poesia que explora o luxo único, que não de-
pende de opulência e ostentação, mas antes
do espaço, da liberdade e da flexibilidade do
seu uso. O edifício, retangular, coberto por
um telhado duplo, corre de leste para oeste,
em estreita relação com a terra cultivada em
redor. A presença de numerosas aberturas,
diferentes em forma e função, transforma a

DAACFARSOANTEIRAcasanumaespéciededispositivoqueligaa

CASAS DE PORTUGAL | 47

48 | CASAS DE PORTUGAL

paisagem montanhosa ao espaço doméstico
íntimo. Esta casa é, por isso, o resultado de
uma reflexão sobre o espaço habitado visto
como um limiar: a casa depende de sua re-
lação com o exterior, que se quer como um
território estendido até onde o olhar pode
alcançar. Localizada na periferia da cidade de
Polverigi, onde os campos estão cultivados,
as cores da paisagem, do trigo, da cevada,
do girassol fundem-se com as da própria
construção. “Quisemos transbordar, romper
os limites, sem seguir as convenções pelas
quais o espaço de vida privado é separado
do espaço de trabalho agrícola”, disse Simo-
ne Subissati. O piso térreo, destinado à área
de estar, é caracterizado pela presença de
um revestimento vermelho escuro (o corpo
principal é feito de ferro pintado com um
primer antiferrugem). O piso superior, além
de abrigar a área de dormir, também inclui
um grande espaço aberto contido por uma
moldura de luz coberta com uma membra-
na microperfurada e pré-tensionada. Distin-
gue-se pela cor branca e fica completamente
iluminado à noite. Uma grande parte central
do volume é deixada aberta no piso térreo e
pode ser cruzada, de um lado para o outro.
Além desta abertura no edifício, outras se-
ções do elemento de metal transformam-se
facilmente em aberturas graças às janelas
que, quando abertas, são ortogonais em

CASAS DE PORTUGAL | 49

Sofá da Arflex,
modelo Strips, por
Cini Boeri, cadeira
Crisis por Piet Hein
Eek, candeeiro
Renzo Serafini,
modelo Mexical,
mesa de cozinha
Alpes

50 | CASAS DE PORTUGAL


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