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Published by hmilheiro, 2020-01-03 06:23:58

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Obras de Arte de João Louro, da
galeria de Arte Contemporânea Cristina
Guerra; Cadeiras pretas e branco,
modelos vintage, DSW, Charles Eames;
Poltronas com motivos vintage da
década de 1950 em tecido impresso
Manuel Canovas; Mesa Oh Table,
coleção de móveis by Cristina Jorge
de Carvalho; Candeeiro Dória, da
década de 1960; Vaso da Vista Alegre
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Armários lacados a preto e feitos à medida;
Lustre antigo em cristal;
Conjunto de chá japonês do início do
século XX em prata;
Prateleira lacada a preto, design by
Cristina Jorge de Carvalho

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Obras de arte, Paulo Damião;
Otomana, réplica Louis XV em
marfim com estofos de linho natural;
Cama, réplica de Louis XV lacada em
marfim com estofamento de linho natural;
Mesa lateral esquerda, Design by Cristina
Jorge de Carvalho;
Luminária e Shade de mesa, design by
Cristina Jorge de Carvalho;
Almofadas Ralph Lauren e Etro;
Mesa lateral direita, Eileen Gray
Luminária de mesa vintage;
Cortinas em linho natural

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do, mais uma vez, uma nota de distinção e ecletismo. 1950, estofadas com tecido Manuel Canovas.
Na sala de estar, a harmonia está bem visível nas cores e O quarto obedece ao mesmo princípio de ecletismo e femi-
materiais eleitos bem como na escolha de alguns objetos e nilidade, e exibe uma paleta de cores suaves, para um am-
peças vintage, em franco diálogo com clássicos do design. biente de muita serenidade. Mais clássico, exibe um verde
As paredes vestem-se de um rosa velho muito suave, que- água nas paredes em equilíbrio com a cama e o banco,
brado pela obra de arte do artista João Louro, na parede elementos centrais, réplicas do estilo Louis XV, lacados e
principal. Longas cortinas em linho branco dão ao espaço estofados em linho, capitoné. As mesas de cabeceira dife-
o conforto e luz necessários. rem uma da outra, uma nota algo irreverente - uma é Eileen
A sensação desejada de intemporalidade e de uma casa Gray, em vidro, e outra tem design de CJC. Os apontamen-
do mundo, sem perder a sua identidade, está assim bem tos de cor surgem em pequenos elementos como as almo-
patente neste ambiente, e ponto fulcral da casa. Artefactos fadas com pássaros em tecido Etro, o candeeiro de mesa
tribais, como o tapete berbere marroquino e o banco em vintage rosa e o quadro de Paulo Damião.
madeira escura, convivem sem choques com as peças pro- A cozinha, por seu turno, tem no preto a cor dominante e
jetadas pela arquiteta - caso dos sofás, da estante de ferro exibe-se acima de tudo funcional, com linhas direitas, mui-
e da mesa de centro em espelho, e outras vintage como o to clean. O lustre de cristal e o conjunto de chá prateado
cadeirão beije, os candeeiros de pé – e com as obras de são apenas alguns exemplos do charme e personalidade
arte. do espaço, refletindo mais uma vez a elegância e o gosto
Na zona de refeições, a mesa lacada ‘Oh Table’, com de- da proprietária.
sign assinado por CJC, é suportada pelo conjunto de ca- O passado encontra o presente, nesta pequena casa cheia
deiras originais Charles & Ray Eames, e outras dos anos de charme, de onde não apetece sair.

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www.ethnicraft.com

A VIDA
É BELA

Numa zona residencial,
incaracterística, esta casa encerra
muitas histórias, vivências e sobretudo a
criatividade de quem a decorou, Salvador
Corrêa de Sá, num registo cénico invulgar.

FOTOGRAFIA: ANTÓNIO MOUTINHO TEXTO: IF

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Conhecido pelas suas pinturas decorativas e gosto pela
mistura eclética de peças, de tantas proveniências e
épocas, numa profusão de cores, texturas e padrões,
Salvador é, assumidamente, um artista de mão cheia. Sensível,
envolvente, com uma história de vida que enriquece conversas
e projetos, o também decorador – é o proprietário do atelier ‘Cor-
redio Decoração’ – e organizador de eventos projeta-nos para

dentro do seu universo, fascinante.
A casa, alvo de poucas obras de
remodelação, esconde nas trasei-
ras um belíssimo jardim com pis-
cina, afastada dos olhares alheios.
É talvez o seu ‘ex-libris’ e segura-
mente o ponto de fuga de quem
ali mora. No piso superior, existem
três salas, de áreas diferentes.
Uma destina-se a zona de leitura,
recolhimento ou apenas para ver
televisão ou ouvir música. É a sala
dos retratos e dos muitos, tantos,
livros. Cruzando o hall de entrada,
fica a sala maior, a de estar, com
mesas, cadeiras e sofá, e uma la-
reira sempre acesa enquanto o
tempo não aquece. A terceira é a
destinada às refeições e no dia da
reportagem estava posta, aguar-
dando um jantar principesco.
Há ainda um quarto de hóspedes,
uma cozinha e uma casa de ba-
nho. No piso inferior, ao nível do
jardim da piscina, estão os outros
dois quartos e casas de banho.
Datada dos anos 70, a casa man-
tém o chão de madeira, visível
aqui e ali, quando os tapetes não o
cobrem. Apenas as paredes des-
te piso foram, na sua totalidade,
pintadas por Salvador, em vários
estilos, entre eles o ‘trompe l’oeil’.
Em todas as salas convivem sem
conflito mobiliário, peças de arte,
antiguidades, óleos, gravuras, fo-
tografias, faiança, antigas ou con-
temporâneas... E ainda muitos te-
cidos, do atelier, sobre as mesas,
cobrindo as janelas, em vários pa-
drões e texturas, caindo no chão
como grandes saias vitorianas.
É uma casa cheia. De memórias,
histórias, vivências e gente. Porque
por ali passam muitos amigos e fa-
miliares, que se reúnem em janta-

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res prolongados, ou pernoitam. “Esta casa não é praticamente
usada durante o dia, aliás é uma casa pensada para a noite,
quando tudo iluminado, pelos candeeiros e velas, ganha um sig-
nificado quase operático”, diz Salvador.
Na sala de estar, o destaque vai para o grande sofá em laranja
fogo, e as almofadas displicentemente dispostas, o grande es-
pelho em talha dourada e alguns óleos. Na sala de refeições, de
novo destaque para a mistura, neste caso das cadeiras, resga-
tadas de mesas de jogo, que rodeiam a mesa com capacidade
para dez pessoas. No longo corredor, sobressai um óleo gasto
pelo tempo, de grandes dimensões. O retrato do avô de Salva-
dor é uma cópia muito antiga de uma obra exposta nas galerias
Uffizi, em Florença e chama por isso a nossa atenção.
No quarto de hóspedes, em tons de vermelho e ouro, destaque
para a cama D. Maria, a coleção de gravuras que cobre uma
das paredes e o quadro sobre a cama, de Francisco Pinto Coe-
lho (2005), que pintou uns sapatos Puma, de Salvador, compra-
dos em Madrid.
Aqui e ali o olhar distrai-se facilmente porque as coleções de
peças, antiguidades, obras de arte, retratos de família clamam a
nossa atenção e queremos perceber como tudo, naquela casa,
convive sem atropelos. Deve-se sem dúvida à criatividade, e
sensibilidade, deste homem, que adora a vida, os amigos, a fa-
mília, o seu cão Tola, fiel amigo, salvo de uma vida errante pelo
verde da serra de Sintra e por tudo o que é belo.

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TAolrurxeuBosa

Um projeto residencial com interiores
de luxo, erguido num exclusivo bairro de
Kalyani Nagar, na região indiana de Pune,
assinado pelo gabinete de interiores
de Matteo Nunziati, considerado um dos mais
prestigiantes do mundo. FOTOGRAFIA: MAX ROMMEL

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Orenomado Studio Matteo Nunziati foi encarregue do
design de todos os interiores deste complexo de
apartamentos, cujos trabalhos começaram em 2011 e
foram terminados no final de 2017, inaugurando-se o edifício
no início deste ano.
O projeto inclui 44 apartamentos, cada um com mais de
400m2, além das áreas designadas públicas como a entrada,
a sala de espera, a piscina exterior, o centro de fitness e de
yoga, uma zona de leitura, uma área multiusos, um centro de
negócios e uma outra sala para os amantes de póquer, além
da galeria de arte.
Matteo Nunziati imaginou todos os espaços assentes num es-
tilo contemporâneo, altamente sofisticado, mas acolhedor e
funcional ao mesmo tempo. Em cada zona da casa, a extrema
atenção ao detalhe deu origem a atmosferas envolventes e de
uma elegância intemporal.
A começar pelo lobby, grande e majestoso, caracterizado pe-
las colunas de 4 metros de altura revestidas a Silk Georget-
te, até aos interiores do apartamentos, onde este mármore é

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igualmente aplicado, dando continuidade à ideia de luxo e
contemporaneidade. Com exceção dos quartos e casas de
banho, este mármore foi aplicado no chão da casa, de forma
particular, simulando um parquet (200x35 / 200x15cm), o que
contribui para um efeito ritmado de grande beleza. Entre a
entrada e a sala de estar, os painéis de vidro decorados a
toda a altura delimitam os espaços e imprimem a sensação
de intimidade e privacidade, ao mesmo tempo que dão trans-
parência e leveza a toda a casa. A grande zona destinada a
sala de estar e de refeições é dividida por estas estruturas
envidraçadas, e estende-se ao terraço, com vistas para a ci-
dade. Esta transparência e suavidade casa em harmonia com
os tapetes de cores neutras e o mobiliário, de madeira, com
acabamentos lacados, ou de pele.
Para acentuar este efeito de leveza e luz, a grande estante em
vidro temperado prolonga o espaço e nela assentam apenas
objetos especiais, na sua maioria cerâmicas, vidros e peque-
nas peças de arte.
Aqui apenas ocupam lugar marcas de topo italianas como
B&B Italia, Fiam, Flexform, Flou, Fontana Arte, I 4 Mariani, La
Murrina, Lema, Listone Giordano, Molteni & C e Teuco foram
selecionadas para equipar o apartamento.
www.matteonunziati.com

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28 | CASAS DE PORTUGAL

Interiores ecléticos
numa envolvente
predominantemente
rústica.

ENTRE
OE AMSAERRRA

TEXTO: IF
FOTOGRAFIA: JOÃO PELETEIRO

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Na sala comum,
em plano aberto,
arrumam-se várias
zonas de estar
e convivem peças
de distintas origens

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Numa pequena povoação serra- várias origens, umas adquiridas ao longo das
na, não muito distante da ca- muitas viagens, outras herdadas, outras ainda
pital, com o mar no horizonte, compradas a amigos com veia artística apu-
esta casa de construção não rada, estabelecem um diálogo harmonioso,
muito tardia, e de arquitetura ti- sem conflitos, que nos desafia o olhar. Rústica
picamente portuguesa, exibe interiores ricos no envelope, contemporânea e visivelmente
e intensos, em contraste com a sua aparência de inspiração oriental no interior, a casa de
exterior. Se por fora a simplicidade das suas aproximadamente 160m2, desdobra-se em
paredes brancas apenas é interrompida pelo dois pisos, sendo que o inferior é em plano
verde que a rodeia - um jardim pequeno mas aberto, exibindo sem fronteiras – com exce-
acolhedor -, por dentro a cor e as texturas, e a ção feita para a casa de banho – a sala de
sua conjugação, atraem a atenção do visitan- estar, a sala de refeições e a cozinha, com um
te, e despertam a sua curiosidade. Peças de passa-pratos. No piso superior alojam-se os

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MIX & MATCH
É PALAVRA DE ORDEM

NESTA CASA

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dois quartos da casa, somando no seu con- Destaque, na zona
junto pouco menos que 40m2. Influências de de refeições, para
Marrocos, Tunísia e Turquia estão refletidas o candeeiro de
nas tapeçarias, algumas peças de decoração teto assinado por
e mobiliário. As luminárias, de pé, de teto e Simona Iucci, que
de mesa, todas diferentes, e de autor, umas é ainda a autora
das características mais marcantes dos inte- de outras
riores desta casa de campo, são assinadas luminárias nesta
por Simona Iucci, uma italiana radicada em casa e a Nossa
Portugal e cujo trabalho tem vindo a ganhar Senhora, de
grande relevo. Simona tem vários trabalhos Mariana Santos
feitos em Portugal, Roma e Costa Amalfitana Lima
e sendo amiga dos donos da casa encontrou
ali uma boa base para a exposição de peças
inusitadas, algumas de grande porte como
é o caso do candeeiro de teto, que pende
sobre a mesa de jantar. Em torno desta, con-
vivem as cadeiras de madeira, com costas tra-
balhadas, num contraste muito interessante.
Nesta sala, e de um modo geral em todo o
piso térreo da casa, o mobiliário de época,
rústico, oriental, os livros de arte, as revistas,
as pinturas e algumas esculturas, como a
peça de madeira que faz as vezes de garra-
feira, contribuem para um estilo em que o
mix&match é, provavelmente, a melhor eti-
queta. Na cozinha, sujeita a pouca ou quase
nenhuma intervenção, a mesa de madeira
pintada e com acabamento decapé susten-
ta vários frascos de temperos, ingredientes
frescos que em breve estarão numa salada
colorida, tanto quanto a casa, chávenas e

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O ORIENTE ENCONTRA As texturas
O OCIDENTE COM A COMBINAÇÃO e cores das
tapeçarias, tapetes,
DE PEÇAS DE VÁRIAS ORIGENS almofadas e sofás
moldam-se
34 | CASAS DE PORTUGAL à construção
rústica do edifício

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36 | CASAS DE PORTUGAL

Na cozinha,
sujeita a pouca
ou quase nenhuma
intervenção,
destaque para
a mesa de madeira
pintada e com
acabamento
decapé, os
candeeiros de teto
e o armário que
recebeu pintura
em verde suave

A pequena cozinha pratos, tudo organizado de forma displicen- ela ao passar das estações, e dos anos, sem
comunica com a sala te e contudo estética. No jardim, de 220m2, grandes mágoas, porque é bem cuidada por
de refeições através com deque e chuveiro, sempre bem vindo quem nela habita e acarinhada pelos muitos
do passa-pratos, que depois de uma ida à praia, ou nos dias de amigos que os visitam, acolhidos com refei-
serve de balcão para mais calor, sobrevive às mudanças de clima o ções bem temperadas, conversas que se pro-
a disposição de loiças mobiliário de Bali, trabalhado por Xana Boa- longam para lá da hora de deitar, seduzidos
e uma balança antiga rotto. A casa de campo sobrevive também pela boa energia que dali emana. l

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O REGISTO ECLÉTICO
MANTÉM-SE NA ZONA

PRIVADA DA CASA

38 | CASAS DE PORTUGAL


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