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Published by Revista O Lutador, 2019-04-03 08:13:31

REVISTA O LUTADOR 3908 JANEIRO 2019

IV Semana Brasileira de Catequese

Keywords: O Lutador,Revista O Lutador,Revista Católica,Revista Católica O Lutador,Jornal O Lutador

Entrevista [ Uma vida a serviço da missão

ANO LXXXX / Nº 3908
JANEIRO / 2019
olut dor.org.br

IV Semana Brasileira
de Catequese

R$ 9,90

[Seminários: quantidade ou qualidade?
[A Igreja e a opção preferencial pelos jovens

[Papa Francisco e a Igreja mais leiga

A RÁDIO DA PADROEIRA DE MINAS GERAIS

NOSSA SENHORA DA PIEDADE

Evangelização, cultura e educação. Há mais de seis décadas, a
Rádio América está presente na vida das famílias. Acompanhe
nossa programação pela frequência AM 750, pelo site
americabh.com.br e pelo aplicativo Rede Catedral.

americabh.com.br radioamericaam750 (31) 3209-0750 App: Rede Catedral

A programação da TV Horizonte está disponível, em
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e se inscreva no nosso canal do Youtube.
Acesse: youtube.com/tvhorizonte

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Patronato Santa Maria [ 75 anos... Espaço do Leitor [ Escreva, envie seu e-mail, comente

ANO LXXXX / Nº 3907 Aniversariantes
DEZEMBRO / 2018 do mês de janeiro de 2019
olut dor.org.br
Já iniciamos um novo ano. Por mais difí-
[Deus ceis que sejam as expectativas, nossa fé nos
me quis conduz para a esperança e sabemos: “A es-
missionário perança não decepciona”. (Rm 5,5.) Muita fé
sacramentino e esperança é o que desejamos para todos os
[Uma vida nossos assinantes deste mês de janeiro. Deus
a serviço da missão abençoe a vocês e seus familiares. Lembra-
[Coragem de falar, mos que, no dia 25 deste mês, será celebra-
humildade da uma missa especial em ação de graças
de escutar pelo aniversário dos assinantes de O Lutador.
Nosso Celebrante é o Pe. João Lúcio Gomes
R$9,90 Missão é esperançar Benfica, SDN. Deus abençoe a todos os nos-
sos assinantes.
Ó Trindade Santa, vós que sois a fonte
de toda santidade, nós vos louvamos [Caso seu nome não apareça na lista, entre
por vosso servo o Pe. Júlio Maria De Lombaerde, em contato com nosso setor de assinaturas:
que, assemelhando-se ao Cristo Eucarístico,
cuidou do vosso rebanho com amor, Fone: 0800-940-2377
zelo e doação. E, deixando-se guiar pelo E-mail: [email protected]]
Espírito Santo, assim como a Virgem Maria,
testemunhou a ternura missionária da Igreja. Dia 1º - ANGELA MARIA DA FONSECA FAVA / ANTONIA EUSTAQUIO DA COSTA / ARY NOGUEIRA DA GAMA / HELEN CONSUELO
Concedei-me, ó Trindade Santa, pela intercessão FERNANDES LOPES SALES / LUIZ FLORENCI ASSIS / MARIA DA CONSOLAÇÃO RIBEIRO MARTINS / THERESINHA MACHADO.
do Pe. Júlio Maria, a graça que vos suplico Dia 02 - EDUARDO SANTOS / FRANCISCA VANIA ARAGAO ABREU RABELO - EMM / GERALDO MARINHO / LETICIA DE JESUS
[pedir a graça]. E, se for de Vossa santa vontade, FERREIRA / ZEQUINHA E ELIZETE - EMM. Dia 03 - CARLOS BELTRAMINI / DULCELINA CORREA SILVEIRA / EUNICE LUCIANO
dai que Pe. Júlio Maria alcance a honra DA SILVA / MARIA DE LURDES DE OLIVEIRA VIANA. Dia 04 - ANTONIO DE PADUA CHAVES / IRIS DE CARVALHO FARIA / VERA
LUCIA FERREIRA. Dia 05 - MARIA GENI BERMUDES / MONICA HELENA TIEPPO ALVES GIANFALDONI. Dia 06 - FABIO CICARINI
dos altares, para Vossa glória HOTT / JOAQUIM ADALBERTO HENRIQUES CHAVES / TEREZA DE FATIMA HAPEM / VICENCA DOS REIS ALBUQUERQUE.
e para o bem de tantas almas. Dia 07 - ARNALDO MARINHO MARTINS / DOMINGOS SAVIO RODRIGUES E SUELY / JAIME APARECIDO BRUNO / JOSE NAVES
Por Cristo, Nosso Senhor Amém. DE AVELAR. Dia 08 - ADILSON JOSE DA SILVA OLIVEIRA - EMM / JOAQUIM JANUARIO BEZERRA - EMM / MARILZA MOREIRA DE
BACKER / OTILIA JANUARIA FERNANDES. Dia 09 - ANTONIO CARLOS MENDES / ESTHER FERNANDES MACHADO / HELENA
MENDES GUIMARAES E JOSE PASCHOAL / PADRE ADRIANO PIRES. Dia 10 - ANA MACEDO / DULCE DA MATTA BARROS
FUMIAN / JOSE AGOSTINHO TAVARES. Dia 11 - ALINE MARIA GUIMARAES FUSCALDI / MARCELO RODRIGUES BARBOSA /
MARIA AUXILIADORA LIMA FERREIRA / MARIA DE LOURDES DE ABREU / MARISA MARIA OLIVEIRA GONCALVES / TEREZINHA
CARDOSO DE AMARAL. Dia 12 - ANA MARIA CARMONA VACARI / ANA SAMPAIO ROLA / FRANCISCA DAMASCENO BEZERRA
/ GERALDO LOPES DA SILVA / JULIETA DUARTE / SAMUEL E JUNIA CASSIA REIS MARTINS / VALDEMAR GARCIA GOMES.
Dia 13 - HILARIO CELESTINO NOE / MARIA AIRS ANDRADE / MARIA GERALDA SILVA / WALDYR BRAGA DE FREITAS / LUCIA
(FILHA) / ZELIA MARIA MAYRINK CAMPOS. Dia 14 – HELKE JAMILLE / HENRIQUE ALVARO RAMAZOTTI / JORDAO ANTONIO
MORELLI / LUIZ CARLOS DE PAIVA / VANDERSON ALVES FERREIRA. Dia 15 – ÁTALO DURSO / JAQUELINE TOLEDO GOUVEIA
SILVA / JOSE CASSIO DIVINO FERREIRA / MARIA APARECIDA OCHIUSE. Dia 16 – ADILSON RAIMUNDO ZONARELLO FERREIRA
/ DARCY LUIZ BUCHMANN / FRANCISCO JOSE BRUM MAGALDI. Dia 17 – ELENITA RACHIB / FRANCISCA EXPEDITA BEZERRA
COSTA / GLACIEDA DE OLIVEIRA MOREIRA / JOSE BATISTA DA SILVA / LEIR CEZAR COSTA / PADRE JOAO BATISTA LOPES-
PAROQUIA SAO NORBERTO / TEREZINHA MARIA RESENDE. Dia 18 – CELIA MARIA ASSUNCAO / LUZIA MARIA SILVA ARAUJO /
OSEAS ALMEIDA CARVALHO / VALTER JOSE HELENO. Dia 19 – ILMA DA SILVA BORGES / IOLANDA DE PAULA PERUSSOLO / JANE
ERNY DE CASTRO GRACIANO / JULIANO EVANGELISTA / PADRE JOSE CARNEIRO OLIVEIRA FILHO. Dia 20 – CLEIOMARCOS
MARTINS DOS SANTOS / DOM VITORIO PAVANELLO / ELIANA MARIA DE MATTOS ALVES / JOAO BATISTA MOREIRA DOS SANTOS
/ LEIDIANE MARIA DA COSTA JORGE / MARIA DA CONCEIÇÃO PEREIRA DA SILVA SANTOS / MARIA DO CARMO BRANDAO DE
FARIA / NILCE DE OLIVEIRA FREDDI / SEBASTIAO NUNES LEITE / SEBASTIAO SERGIO MIRANDA. Dia 21 - ALBERTO MAGNO E
ANA SUELI - EMM / ANDREIA ARAUJO LIMA / GILBERTO CARVALHO / MARIA DO CARMO OLIVEIRA / MARINES DAMIAO BALTAR
/ MARINEZ FERNANDES SOUZA / MAURILIO DO AMARAL MORAIS / RUFINO LEVI DE AVILA. Dia 22 – CARLOS ANTONIO DA
SILVA / TERESINHA TEIXEIRA DE ANDRADE / YARA SCHREINER CAVALIERI. Dia 23 - OSMAR ZARDO. Dia 24 – JOSÉ NATALINO
DE ALMEIDA / MARIA ALICE MAGALDI / MARIA ALICE MAGALHAES DE PINHO / PADRE UBAJARA PAZ DE FIGUEIREDO.
Dia 25 – ARLETE FONTES CAVALIERI / FRANCISCA ELIZANGELA S. MARTINS / FRANCISCO DE PAULA FIGUEIRA BARBOSA.
Dia 26 – JORGE CALACIO FILHO / JOSE BENEDITO MALTA VAREJAO / LUZ SALETE BERTON BAIER. Dia 27 – ANTONIO BRESSAM
FILHO / CHRISOSTOMO VALIATTI / EDUARDO FIGUEIREDO / EMERSON CARLOS ASSUNCAO SANCHES - EMM / GIULIANO
MATTEUSSI / JOSE RAFAEL GONTIJO / LIDIA DE OLIVEIRA SANTOS / PE. ROGERIO ARI DE CARVALHO / WANDA MARIA TEIXEIRA
POSSATO. Dia 28 – CAIO CESAR TOURINHO MARQUES / IRIS GUIMARAES / IRMA MONICA MARIA DE SOUZA / JOSE ANTONIO
GRIGOLON / MARIA CELIA COELHO ANDRADE / SEBASTIAO VITORIO DA COSTA. Dia 29 – FRANCELINA CONCEICAO DA
SILVA / LUCIA DE FREITAS NUNES / SEBASTIAO DE MAGALHAES CHAVES / SERGIO DA SILVA CORREA. Dia 30 – ACIR JOSE
KANOPA - EMM / BERNADETE ZARPELAO DE LELIS / CARLOS PEDROSO / FERNANDO RESENDE DA SILVA// ELZA / JOSE
MARTINS RIBEIRO / SEBASTIAO GABRIEL SOARES / SIRLEI MARTINS DE FREITAS. Dia 31 – ANTONIO PEDRO BATISTA VIANA
/ DEUSDETE SILVA / MANOEL MENDES DE FREITAS / MARIA APARECIDA DA SILVA ALMEIDA / VERA DE CARVALHO BRITO.

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Mensagem final da
4ª Semana Brasileira de Catequese

INDAIATUBA (ITAICI), SP, 18 DE NOVEMBRO DE 2018

“Nós ouvimos e sabemos que ele é o Salvador do mundo.” (Jo 4,42.)

Queridos (as) catequistas, ❝ cos nas nossas comunidades. Onde
já se começou, comunidades novas
A 4ª Semana Brasileira de Ca- Se quisermos surgem. Quem é iniciado assume
tequese a serviço da IVC, cujo lema ser fieis à Igreja uma nova identidade.
foi Nós ouvimos e sabemos que Ele é do Evangelho e ter criatividade
o Salvador do mundo, mergulhou- ao transmitir a pessoa de Queridos catequistas, que Deus
nos em temas sobre a Iniciação à Jesus Cristo, o melhor caminho lhes multiplique em bênçãos a bên-
Vida Cristã. Eis seu objetivo geral: será abraçar a possibilidade ção que são vocês para a formação
compreender a catequese de inspi- de processos iniciáticos nas de novos discípulos, novos missio-
ração catecumenal a serviço da Ini- nossas comunidades. nários e muitos novos iniciados.
ciação à Vida Cristã, buscando no- São grandes os problemas, mas são
vos caminhos para a transmissão ❞ maiores as nossas esperanças.
da fé, no contexto atual. Gostaría-
mos que esta mensagem chegas- muitas pessoas possam conhecer Hoje é fácil encontrar más no-
se a vocês antes do nosso retorno. e acolher com alegria as boas no- tícias. Mas a Iniciação à Vida Cris-
Afinal, nada do que refletimos aqui tícias da parte de Deus. Os tempos tã é uma grande geradora de boas
se torna realidade sem o trabalho são difíceis, mas as promessas de notícias. Vocês, catequistas, são Pa-
dedicado de vocês aí. Deus são generosas. Tudo passa rá- lavras da Igreja na construção do
pido, mas a fidelidade dele é per- mundo melhor que Deus sonha pa-
Algumas questões muito rele- manente. E todos nós, catequistas, ra todos os seus filhos.
vantes nós abordamos aqui: vivemos a emocionante alegria de
sermos testemunhas deste anún- Que Maria, a catequista de Na-
-A transmissão da fé às novas cio do qual o mundo tanto precisa. zaré, lhes seja uma grande fonte de
gerações nos novos contextos e com inspiração na experiência do disci-
novos interlocutores; Se quisermos ser fieis à Igreja pulado. Que ressoe em seus ouvi-
do Evangelho e ter criatividade ao dos a frase pronunciada em Caná:
-A mudança que o seguimento transmitir a pessoa de Jesus Cristo, “Fazei tudo o que Ele vos disser!” (Jo
de Jesus traz à nossa compreensão o melhor caminho será abraçar a 2,5), e assim nunca faltará o vinho
do sentido da vida; possibilidade de processos iniciáti- da alegria na festa da vida.]

-A importância da liturgia para Catequistas Participantes da
mergulhar no segredo de Deus, is- 4ª Semana Brasileira de Catequese.
to é, no seu mistério e no compro-
misso com a vida;

-O Senhor Jesus Cristo é a pala-
vra humana por Deus pronuncia-
da. A Leitura Orante é a grande ex-
periência de deixá-Lo falar;

-Acolher essa palavra nos apro-
xima do irmão e nos faz viver em
comunidade;

-Os tempos mudaram, a lingua-
gem digital domina os movimen-
tos e os relacionamentos. Nós, ca-
tequistas, somos desafiados a co-
municar nesta realidade a alegria
do Evangelho.

Como aconteceu com a Sama-
ritana depois do encontro com Je-
sus Cristo, queremos voltar para
comunicar a experiência que tive-
mos com Ele. Assim, esperamos que

[ Expediente [ Editorial

O LUTADOR é uma publicação mensal Sobre girassóis e catequese
do Instituto dos Missionários
Sacramentinos de Nossa Senhora TODOS sabemos que o girassol, quando se abre em flor, acompanha o
movimento do sol. Outro detalhe, que talvez nem todos saibam, é que
olutador nos dias nublados eles se voltam um para o outro. Dois movimentos:
ISSN 97719-83-42920-0 um para cima, outro para o lado. Mas ambos apontam uma busca pa-
ra além de si mesmo.
Fundador Creio que os girassóis tem algo a nos dizer sobre o nosso proces-
Pe. Júlio Maria De Lombaerde so catequético, que na verdade trata-se do processo de Iniciação à Vi-
da Cristã – IVC, tema da IV Semana Brasileira de Catequese. A catequese
Superior Geral tem a missão não apenas de preparar a pessoa para a recepção do sa-
Pe. José Raimundo da Costa, sdn cramento. Se ela se reduz a isso, enfraquece o sentido de ser Igreja e co-
labora para o abandono da comunidade após a recepção dos sacramen-
Diretor-Editor tos. A catequese deve ajudar as pessoas a se iniciarem no seguimento a
Ir. Denilson Mariano da Silva, sdn Jesus Cristo através da comunidade.
A exemplo dos girassóis, a catequese deve ajudar a pessoa a desco-
Jornalista Responsável brir Jesus Cristo, fazer dele o referencial para sua vida, suas ações, suas
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn (MG086063P) escolhas e suas decisões. Deve criar condições para que a pessoa faça
esse encontro pessoal com o Senhor, nosso grande Sol, que dá sentido
Redatores e Noticiaristas à nossa vida e nos fortalece diante das dificuldades. Quanto mais nós
Pe. Marcos A. Alencar Duarte, sdn conformamos nossa vida à vida de Cristo, mais humanos nos tornamos,
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn mais cristãos nós nos fazemos. Quando pessoas de Igreja, católicos ou
Frt. Matheus R. Garbazza, sdn evangélicos, fazem o contrário do que Jesus ensinou nos Evangelhos,
Frei Patrício Sciadini, ocd, Frei Vanildo Zugno, são como girassóis que deram as costas para o sol, destroem o sentido
Dom Paulo M. Peixoto, Antônio Carlos Santini da própria fé e da fé de outros que desanimam pelo mau exemplo destes.
e Dom Edson Oriolo Outra atitude que podemos ver no girassol é o voltar-se um para
o outro nos dias nublados ou chuvosos. Isto indica que é na comunida-
Colaboradores de, no lugar de encontro com os irmãos, que se dá o seguimento a Jesus.
Vários É na comunidade de fé que encontramos forças para enfrentar os mo-
mentos difíceis da vida. Ali somos acolhidos pelas águas batismais, so-
Redação mos alimentados constantemente pela força da Eucaristia, somos cha-
[email protected] mados à maturidade do Espírito com a Crisma, somos sacramentados
no amor um ao outro pelos laços matrimoniais, e assim por diante. A
Correspondência catequese só tem sentido se promove a alegre participação dos catequi-
Comentários sobre o conteúdo de olutador, zandos na vida de comunidade.
sugestões e críticas: [email protected] Sem esses dois movimentos para Deus e para os irmãos, a cate-
Cartas: Praça Padre Júlio Maria, 01 / Planalto quese perde o sentido e não chega a fazer a Iniciação à Vida Cristã. Es-
CEP 31730-748 / Belo Horizonte, MG / Brasil sa responsabilidade não se reduz aos catequistas, ela é uma responsa-
bilidade de toda a comunidade, de todos os batizados. E, se não formos
Assinaturas e Expedição capazes de renovar os membros de nossa comunidade para o segui-
Maurilson Teixeira de Oliveira mento a Jesus Cristo, estaremos condenando nossa Igreja ao desfale-
cimento progressivo. A catequese não é uma questão de menor impor-
Assinaturas tância em nossa comunidade. A Iniciação à Vida Cristã é responsabili-
R$80,00 / Brasil - www.olutador.org.br dade de todos nós.
[email protected] Por fim, neste início de ano, há muito barulho na sociedade apon-
0800-940-2377 - De 2ª a 6ª das 7 às 19 horas tando para atitudes contrárias ao Evangelho, tais como: morte aos ban-
didos, o desprezo pelas minorias - negros, índios, homossexuais -, a cri-
Outros países minalização dos movimentos sociais e populares etc. A liberdade pare-
R$ 80,00 + Porte ce querer reduzir-se a privilégio de quem detém o poder de decisão e o
poder das armas. Mais do que nunca, precisamos acordar em nós a li-
Edições anteriores ção dos girassóis: dirigir-nos para o alto e para o lado, deixar-nos guiar,
Tel.: 0800-940-2377 verdadeiramente, pelo amor a Deus e pelo amor aos irmãos.
E isso é pra começo de conversa!]
Site
revista.olutador.org.br [DENILSON MARIANO
facebook.com/revistaolutador

Projeto gráfico e diagramação
Valdinei do Carmo

Revisão
Antônio Carlos Santini

Impressão e Acabamento
Gráfica e Editora O Lutador, Certificada – FSC®
Praça, Pe. Júlio Maria, 01 / Planalto
31730-748 / Belo Horizonte, MG / Brasil
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[31] 3439-8000 / 3490-3100

Tiragem desta edição
4.200 exemplares
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|S U M Á R I O OLUTADOR • REVISTA MENSAL • ANO LXXXX • Nº 3908 • JANEIRO • 2019 •

6IV Semana 8Uma vida
Brasileira a serviço
de Catequese da missão

11Suicídio. 14Qual é a raiz
O que diz desse
a Igreja? pecado?

12 16Seminário: A Igreja e 22Papa Francisco
quantidade a opção e a Igreja mais leiga
ou qualidade?preferencial
pelos jovens 23A pedagogia
da responsabilidade
18Tudo 20Novos vocacional
a partir caminhos
de Jesus para os 24Liberdade
jovens e gratuidade

25O rito da profissão
religiosa

26A Igreja
dos pobres

27Lembranças
da casa da morte

30A ruptura entre
a religião e a vida

31Roteiros
Pastorais

43O tempo dos
ventos selvagens

44Brasil envelhece
em meio ao caos

46Mensagem do
I Congresso Continental

de Leigos e Leigas

47A boa política
está a serviço da paz

48Um ano de intensas
atividades da ADCE-MG

Capa [ Viver o cristianismo exercitando o diálogo, o sentido coletivo e

IV Semana Participantes reunidos
na 4ª Semana Brasileira de Catequese

Brasileira de Leste II presente
Catequese na 4ª semana Brasileira de Catequese
AABERTURA Oficial da 4ª Se-
mana Brasileira de Cate- Testemunhar 4ª Semana Brasileira de Catequese
quese aconteceu no dia Jesus num mundo plural deixou de ser critério de inserção na
14 de novembro, em Itaici, No dia 15, o primeiro da Semana Bra- comunidade que não exige um itine-
Indaiatuba, SP, com a presença sileira de Catequese, a celebração da rário de fé. As mudanças do mundo
de bispos e acolhida oficial dos Eucaristia foi presidida pelo Bispo de atual exigem que se mude o jeito de
425 participantes. Participaram Roraima, Dom Mário Antonio Silva. acolher e viver a fé cristã”, disse ele.
da mesa de abertura e fizeram Logo após, foi realizada a primeira
uso da palavra Dom Leonardo conferência do dia com o professor De acordo com ele, o cristianismo
Steiner, secretário geral da CN- Edward Guimarães, da Pontifícia Uni- não tem evangelizado, está morno.
BB, Dom Otávio Ruiz Arenas, re- versidade Católica de Minas Gerais, “Há a necessidade de superar ritos e
presentante do Pontifício Con- PUC/Minas, com o tema “Anunciar- de provocar a intimidade com Deus,
selho para a promoção da Nova testemunhar Jesus Cristo num mun- uma vida nova de fraternidade e jus-
Evangelização, Dom José Anto- do plural: novos interlocutores”. tiça, de cultivar a fé de Jesus, e não
nio Peruzzo, Arcebispo de Curiti- simplesmente a fé em Jesus. A vida
ba e presidente da Comissão pa- Na ocasião, o professor ressaltou digna é o culto maior a Deus. Deus é
ra a Animação Bíblico-Catequé- que ser cristão deixou de ser um de- amar, e não só amor”, falou ele.
tica da CNBB, e o Pe. Antonio Mar- safio diário de conversão e que a vi-
cos Depizolli, assessor nacional da cristã não tem provocado mudan- Os interlocutores de hoje, segundo
da Comissão. ça no agir das pessoas. “A conversão o Prof. Edward, são pessoas transfor-
madas pela cultura secularizadas; pela
Na abertura, Lucimara Trevizan [6 OLUTADOR [ JANEIRO 2019 experiência de novas tecnologias, per-
fez memória das Semanas Brasi-
leiras de Catequese, destacando
o conteúdo, detalhes dos partici-
pantes e compromissos de cada
uma. Logo após, Pe. Antonio Mar-
cos fez a acolhida, explicou sobre
os encaminhamentos da SBC e
realizou a apresentação dos re-
gionais presentes.

humanitário, assumindo o compromisso ético em defesa da vida...

tencentes a outras religiões e outras Dom Armando Bucciol, Bispo da dio- partir de Jesus Cristo. “Nossa vocação
Igrejas. “Como anunciar Jesus neste cese de Livramento de Nossa Senho- e missão apontam para o encontro
mundo plural? É necessário superar ra, na Bahia. Logo após, houve a pri- com Ele e com o irmão, ou seja, pa-
o combate às demais tradições reli- meira conferência com Dom Leomar ra experiências comunitárias e ecle-
giosas, a pretensão de desbancar ou- Antonio Brustolin, Bispo auxiliar de siais de seguimento”, disse ele. O bis-
tras Igrejas cristãs, o desconhecimen- Porto Alegre, sobre “O Querigma e a po afirmou ainda que é hora da fé e da
to dos sem religião e sem fé em Deus, transmissão da fé no contexto atual”. esperança no caminho da Iniciação
a apologética e o proselitismo, o senti- à Vida Cristã. “Os evangelistas pare-
do antigo de evangelizar”, revelou ele. Na ocasião, Dom Leomar destacou cem ter percebido isso desde seus pri-
alguns desafios deste contexto e ca- meiros escritos. Pedem que não nos
Para o professor, é preciso evange- racterísticas do tempo atual. Ele citou atrasemos”, enfatizou.
lizar fazendo ver, porque o seguimen- o pluralismo cultural e religioso, e o
to precisa entrar pelos olhos e pene- culto sem envolvimento com a ética Após o intervalo, a palavra foi da-
trar o coração. “Viver o cristianismo como sendo alguns deles. Para ele, da ao Prof. Moisés Sbardelotto pa-
exercitando o diálogo, o sentido co- ra a conferência: “A catequese na
letivo e humanitário, assumindo o é necessário propor era digital: novas linguagens, no-
compromisso ético em defesa da vi- um diálogo que esta- vos processos de comunicação”. Na
da, catequizar com leveza, alegria e beleça uma verdadei- ocasião, ele destacou o uso dos pro-
com coragem profética”, assegurou. ra pedagogia de es- cessos de comunicação por parte da
cuta e anunciar Jesus Igreja. “Não está em questão o uso
Irmã Vera Bombonatto apresen- Cristo em linguagem de tecnologias, o que está em jogo é
tou a segunda conferência do dia, so- acessível e atual. uma cultura nova que vai além do
bre o “Seguimento de Jesus e o sen- uso de tecnologias”, apontou ele. De
tido da vida”. A religiosa questionou Após o café, foi a vez do Pe. Thia- acordo com o professor, hoje se tem
o que significa seguir Jesus, hoje, na go Faccini Paro, assessor do Setor Es- uma Igreja diversa e, por isso, é im-
sociedade pós-moderna e na cultu- paço Litúrgico da CNBB, proferir a se- portante entender a lógica da cultu-
ra digital. Destacou, entre outras coi- gunda conferência da manhã, com o ra digital. “Em 30 anos a transfor-
sas, que o evento fundante do cristia- tema “Celebrar e iniciar ao mistério: mação no mundo foi enorme. Tam-
nismo é a relação profunda e pessoal a Liturgia”. Ele deu destaque à ques- bém a Igreja mudou sua maneira de
com Jesus e seu projeto. “A finalidade tão da compreensão da Iniciação na fazer comunicação”, disse.
do seguimento é assemelhar-se a Je- vivência da liturgia. [...] Na parte da
sus. Ter o estilo de Jesus é o mais im- tarde, após o almoço, os participan- Em suma, o professor apontou a
portante. O ser cristão começa com tes novamente se reuniram para as necessidade de a catequese circular
um encontro que dá sentido à vida. A 20 oficinas oferecidas. Cada um es- no espaço digital. “Se a catequese não
história da salvação é uma história colheu uma oficina diferente da que circula no espaço digital, amadores
de seguimento”, disse ela. tinha feito no dia anterior. ocupam este espaço. Quem é cultu-
ra da participação não suporta ficar
Na catequese a serviço da Iniciação A catequese na era digital sentado, precisa participar. O deba-
à Vida Cristã - IVC, Irmã Vera afirmou No terceiro dia do encontro, a Cele- te é mais precioso. É uma cultura do
que o discipulado é o fio condutor que bração Eucarística foi presidida por fazer”, enfatizou ele.
culmina na maturidade do discípu- Dom Carlo Verzeletti, Bispo de Cas-
lo missionário. A religiosa concluiu tanhal, no Pará. Após o café, às 9h, Na parte da tarde, os participan-
sua fala apresentando o vídeo com a Dom José Antonio Peruzzo, Arcebispo tes foram divididos em 20 novos gru-
mensagem do Papa Francisco no Con- de Curitiba e presidente da Comissão pos para uma experiência de vivên-
gresso Internacional de Catequese, em Bíblico-Catequética da CNBB, proferiu cia bíblica. Cada grupo recebeu um
Roma, em 2013. O vídeo ressalta a ne- a conferência “Do encontro com Je- texto bíblico e teve a assessoria para
cessidade de viver sob o olhar de Je- sus ao encontro com o irmão: viver a reflexão e vivência do mesmo. Às
sus e o “ir”, sair ao encontro do irmão. em comunidade”. 16h30, os participantes retornaram ao
auditório para uma conferência com
No período da tarde foram reali- No conteúdo apresentado, Dom Pe- Dom Otávio Ruiz Arenas, Secretário
zadas 20 oficinas, nas quais os par- ruzzo destacou que a Igreja no Brasil do Pontifício Conselho para a Promo-
ticipantes escolheram previamente pede a seus filhos que recomecem a ção da Nova Evangelização.
as de seu interesse.
JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]7 À noite foram feitas homenagens
A transmissão da fé hoje ao Irmão Israel José Nery, a There-
O segundo dia da 4ª Semana Brasi- zinha Motta Lima da Cruz, Marlene
leira de Catequese teve início com a Maria Silva, Dom Francisco Javier e
Celebração Eucarística presidida por ao padre Luiz Alves de Lima.] Fonte: CNBB

Neste ano de 2018, Entrevista [ Um profundo amor à Palavra de Deus
João Resende, Mis-
sionário Sacramen- João Resende no encontro Regional das CEBs, 2013
tino de Nossa Senhora,
completa 50 anos de Uma vida
missão nos trabalhos da a serviço da
Boa Nova e 40 anos de
presença missionária missão[2
no Mato Grosso. Nesta
edição, a continuida- ciência de que não sabia tudo, de se e apaixonar-se por aquilo: pe-
de de uma entrevista, que não encerrava em si a sabe- la Palavra de Deus e pela missão
cuja primeira parte foi doria, mas tinha agora a missão da Igreja. O pioneiro “pregador”
publicada no número de provocar, de despertar o inte- não tinha isso, ele era anuncia-
anterior (O Lutador, Ed. resse e o envolvimento por par- dor de uma verdade, mas agora
3907 – dez/2018). te do grupo que está ali. Era pre- importava mais o compromisso
ciso levar os participantes a ad- com aquilo que era estudado, re-
O Lutador: Qual a diferença entre os mirar-se, empolgar-se, encantar- fletido e anunciado.
pioneiros do Evangelho antes do Con-
cílio e a “turma da Boa Nova”, depois [8 OLUTADOR [ JANEIRO 2019
do Concílio?
João Resende (JR): Os pioneiros se
apresentavam como quem tinha a
resposta para tudo: “Vocês podem
perguntar o que vocês quiserem”.
Essa era a tônica da conversa e dos
trabalhos naquele tempo. O pio-
neiro tinha que se mostrar sabe-
dor de tudo... Mas era uma certeza
que deseducava, que criava depen-
dência no povo e sustentava uma
falsa segurança de si mesmo. Va-
lia pelo entusiasmo, que naque-
le momento era importante pa-
ra um despertar e um deslanchar
dos leigos.

Foi um momento de passagem:
o leigo vinha de uma atitude passi-
va, de quem assistia missas, para
uma ação mais missionária. De-
pois há outra postura nos encon-
tros. Com a virada operada a par-
tir do Concílio, com o trabalho da
Boa Nova, a pessoa chega à cons-

e um grande incentivador dos Grupos de Reflexão...

O Lutador: Como era o entrosamento passada”. É certo que, de nossa par- todologia, uma “maiêutica”: “Qual
do pessoal da Boa Nova com o clero te (no Mobon), faltou uma conti- a sua opinião?”, “O que você pen-
da Diocese de Caratinga? nuação e um acento dessa proximi- sa?” “O que você tem a dizer diante
JR: Naquele tempo, não havia qua- dade maior com o clero. A criação disso?” Os grupos de reflexão nas-
se nada de trabalho de comunida- da Casa Central do Mobon foi uma ceram nessa perspectiva, na bus-
de. Ao surgir o trabalho dos pionei- ideia bonita para a época, mas tem ca de ajudar a pessoa a participar
ros, muitos padres se interessaram também tem seus limites. As pa- ativamente. O importante não era
com a formação de comunidades. róquias foram formando também se a pessoa falava certo ou errado.
E isso foi impulsionado pela for- suas casas de encontro e houve um O importante era o seu despertar
ça do Concílio. Para isso foi funda- certo distanciamento em relação para a participação, pois quem fa-
mental a figura de Dom José Eugê- ao modo de trabalho daqueles tem- la, se compromete.
nio Correia (então Bispo da Dioce- pos iniciais. É preciso cultivar essa
se de Caratinga), que era um apoia- proximidade, a partir da humani- Hoje, infelizmente, na Igreja, nas
dor e incentivador do trabalho com zação, que é o pré-requisito para o comunidades, as pessoas estão mui-
os leigos, e de Pe. Raul, hoje Mons. anúncio da Palavra, como bem nos to caladas. Um povo passivo é um
Raul, que era coordenador de pas- tem mostrado o testemunho do Pa- povo que é mal formado. Por isso as
toral da Diocese. Ele, com seu jeito pa Francisco. perguntas direcionadas para o ple-
cativante, falava com entusiasmo nário eram perguntas que levavam
do trabalho dos pioneiros nas re- O Lutador: Como se dava a preocupa- a tomar uma posição. Levavam a
uniões de coordenação pastoral e ção com a formação da consciência um questionamento, pois o ques-
também divulgava suas ações no e o despertar para uma visão crítica tionar envolve a vida. Houve mo-
Jornal Diretrizes, que era (e é ain- da realidade? mentos em que os debates eram
da hoje) o Informativo da Diocese JR: Havia a preocupação de levar até muito acalorados, a pessoa se
de Caratinga, MG. Com isso as no- as pessoas a pensarem. Era preci- soltava e despertava para usar a
tícias deste trabalho foram-se es- so ultrapassar a ideia de que o fiel palavra em público. Foi uma eta-
palhando e ganhando o apoio de era apenas “destinatário”. A preo- pa pedagógica muito interessante,
que favorecia a pessoa a soltar-se
João Resende na Casa Boa Nova – Alta Floresta, MT - 2016 para uma participação mais ativa
e consciente.

Hoje, em muitos lugares, há pes-
soas muito passivas. Preocupa-me
quando os grupos de reflexão estão
em baixa, os plenários não funcio-
nam ou perderam o espaço próprio
de troca de experiências e debate
das opiniões diferentes. Na busca
de evitar o conflito, acabou-se por
enfraquecer a participação e até a
própria ação mais ativa e conscien-
te. Sem uma provocação que leve
a uma tomada de atitude, não há
crescimento.

vários padres: Pe. Levi, Pe. Borelli, cupação primeira não era a ortodo- O Lutador: Como se dava a ação li-
Pe. Paulo Peixoto, hoje Arcebispo de xia, mas o despertar para a partici- túrgica e celebrativa nos cursos e
Uberaba, entre outros. pação. Era importante levar a pes- encontros?
soa a falar, pois, ao abrir a boca, a JR: A parte celebrativa era muito es-
Posteriormente, com o surgimen- pessoa se posiciona. Ela passa a ter pontânea e participativa. Era algo
to de muitas pastorais e movimen- uma outra visão da realidade. Isso muito vivo e até bastante criativo,
tos, passou-se a buscar o que é mais acontecia não tanto de uma ma- que brotava das comparações, de
“novidade” e o Mobon passou a ser neira formal, era mais uma me- elementos simbólicos que levavam
visto por alguns como “coisa ultra- a rezar a partir da vida, a partir da
JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]9 realidade. As orações e até as mis-
sas eram motivadas pelos símbolos
que surgiam nos encontros: “missa

[▶

Entrevista [ Uma vida a serviço da missão [2...

[▶ do fogão”, a celebração do “balaio”, do povo é uma teologia não siste- ganhar liberdade para posicionar-
do “fogo no oco do pau”. mática, é uma teologia “tremida”, se diante dos outros, despertava o
Aquilo que iluminava o encon- sofrida... que surge da realidade vi- senso crítico e aguçava a percepção
tro era depois levado para ser reza- vida, que vem à tona na percepção sobre a realidade vivida.
do pelo grupo, pois, se a liturgia é do mistério de Deus em sua vida,
“ação do povo”, ela precisa ser tra- no contato com a natureza, lendo Isto feito a partir da palavra de
balhada de tal forma que não seja e relendo os acontecimentos à luz Deus, permitia à pessoa sair da pas-
esvaziada, mas que também não se- de sua fé. O que eu descubro do mis- sividade e assumir uma atitude mais
ativa, mais participativa e compro-
João Resende em encontro com lideranças em Alta Floresta, MT - 2016 metida, favorecendo o protagonis-
mo dos leigos. É preciso estar aten-
ja engessada. Fica assim um desa- tério de Deus naquilo que estou vi- to, pois Deus está constantemente
fio: onde fica a ação do povo, nesse vendo, ou mesmo, naquilo que es- agindo no meio do povo. Esse jeito
caso, a ação propriamente litúrgi- tou sofrendo. simples do povo, no seu contato com
ca, se tudo já vem pronto e não há a vida, expressa a presença de Deus
espaço para a sua participação efe- É uma ideia ainda inicial, mas in- em sua vida de família, em sua lu-
tiva do povo? dica que há um outro modo de fazer ta diária, em seu trabalho.
teologia. Como no começo da Igreja,
O Lutador: Na sua visão, como fun- a teologia tem de ser algo do povo, O Lutador: Qual a sua esperança pa-
ciona essa teologia “popular” ou co- não pode ser um privilégio das fa- ra o futuro do trabalho dos leigos na
mo o povo faz teologia? culdades ou restrita ao mundo aca- Boa Nova?
JR: Na região de Viçosa, iniciou-se dêmico. JR: O futuro está alicerçado na fé.
um trabalho de teologia do povo ou Qual o nosso foco? Nosso foco é o
teologia popular. No fundo, tínha- O Lutador: E o trabalho da Boa Nova, projeto de Deus. Um projeto que nas-
mos uma sensação de que, em ge- pode-se dizer que ele, desde os co- ce, se desenvolve e se guia pela Pa-
ral, chega para o povo uma teologia meços, foi um modo, de incentivar o lavra da Deus enraizada na vida de
pronta, algo já definido que é leva- povo a fazer teologia? comunidade onde se celebra e ali-
do para os leigos. JR: Creio que sim, pois deixava o po- menta a fé. É onde se busca força
vo muito livre, muito solto, o pes- para enfrentar os desafios da vida.
Daí, surgiu a pergunta se era pos- soal não tinha medo de errar, todos
sível o povo fazer a teologia. Um fa- falavam, discutiam. Era um pro- Mas se a vida é dura,
to pode ajudar a entender: quando cesso de busca. O pessoal tinha di- é preciso encontrar
começou esse trabalho, no primei- reito de falar, com liberdade, o que meios de resistência.
ro encontro, o Padre Claret escreveu sentia. Era como se, antes de tomar É preciso despertar o
no chão: “O povo faz teologia”. Co- uma vitamina, tomasse um laxan- senso também poético
mo ele escreveu com giz, a letra fi- te para se desintoxicar por dentro. e contemplativo
cou muito tremida, por estar escre- Depois, a vitamina fazia mais efei- de nossa fé. A seu
vendo na terra. Creio que a teologia to. A oportunidade de soltar a voz, jeito, o povo junta
a poesia, a música
[10 OLUTADOR [ JANEIRO 2019 e a contemplação.
Quando isso se
junta, é teologia.

Quem não se rende diante de um
verso que fala de Deus na realida-
de de nossa vida? Porém, faltando
mais poetas na Igreja, precisamos
despertá-los...

Assim, a caminhada fica mais
leve. Aprofundamos nossa espiri-
tualidade que alimenta a esperan-
ça e nos abre para o futuro.]

Igreja Hoje [ A posição da Igreja Católica...

AGRAVE QUESTÃO DO SUICÍDIO De qualquer modo, o suicídio é vida, aspecto que angustia os ami-
é abordada de modo explícito firmemente desaprovado no Cate- gos e familiares, prevalece sempre
pelo Catecismo da Igreja Ca- cismo, pois esse ato “contradiz a in- a misericórdia. “Não se deve deses-
tólica na terceira parte, intitulada clinação natural do ser humano de perar da salvação das pessoas que
“A vida em Cristo”. O artigo sobre o conservar e perpetuar sua vida”. E se mataram”, ensina o Catecismo.
“respeito à vida humana”, que evo- ainda, ele “ofende igualmente o amor “Deus pode, por caminhos que só ele
ca, pela ordem, a legítima defe- ao próximo, porque rompe injusta- conhece, dar-lhes ocasião de um ar-
sa, o homicídio voluntário, o abor- mente os vínculos de solidariedade rependimento salutar. E Igreja reza
to e a eutanásia, trata também do com as sociedades familiar, nacio- pelas pessoas que atentaram con-
suicídio. “O suicídio é gravemente nal e humana, às quais nos ligam tra a própria vida.” (2283)
contrário à justiça, à esperança e à muitas obrigações”.
caridade. Ele é proibido pelo quin- Nos tempos atuais, a Igreja Cató-
to mandamento”, assim resume o A doutrina católica lica aceita celebrar as exéquias de
parágrafo 2325. considera finalmente o uma pessoa que se matou, como ex-
suicídio como “contrário plica o Pe. Bruno Mary, diretor do
Uma vida dada por Deus serviço nacional da pastoral litúr-
ao amor do Deus vivo”. gica e sacramental da Conferência
dos bispos da França, entrevistado
A posição da Igreja Católica se fun- O texto do Catecismo inclui também pelo jornal católico “La Croix”. “Sem
damenta sobre o princípio de que a certo número de matizes. Assim, o dúvida, ainda passa pela cabeça das
vida é dada por Deus e, assim sen- ato é julgado mais grave ainda se ele pessoas a recusa da celebração de
do, ela não nos pertence. “Cada um é “cometido com a intenção de servir funerais na igreja para aqueles que
é responsável por sua vida diante de exemplo”. Também está explícito tinham suicidado. Na época, consi-
de Deus, que lha deu. Nós somos os que “a cooperação voluntária ao suicí- derava-se que o suicídio era um ato
administradores, e não os proprie- dio é contrária à lei moral”. Por outro deliberado de desafio contra Deus,
tários da vida que Deus nos confiou. lado, o estado de saúde da pessoa ou uma vontade de ocupar o lugar de
Não podemos dispor dela.” o contexto do suicídio podem dimi- Deus, que é o único senhor da vida.
Hoje, nós bem sabemos que geral-
nuir a responsabilidade do autor do mente não é este o caso, e que o sui-
cídio permanece um grande misté-
gesto, como “perturbações psíquicas, rio para as famílias. Nos funerais,
nós confiamos os defuntos a Deus,
a angústia ou o medo grave da pro- para que ele cuide deles. Não está
em questão um julgamento sobre
vação, do sofrimento ou da tortura”. a vida deles.”]

Suicídio. AIgrejarezapelossuicidas
No que diz respeito à salvação da
pessoa que atentou contra a própria
O que
diz a
Igreja
?

JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]11

Religião [ Formação... Seminár

NO clima dos recentes rela- quantidade ou
tórios sobre assédio e abu- qualidade
sos em seminários, o jor- ?
nal “Catholic Herald” re-
produziu as sugestões de Um professor de seminário
um sacerdote que trabalha na for- reflete sobre a situação
mação de seminaristas, anterior- dos futuros padres.
mente publicadas no “Washington
Post” [18/10/2018]. seminário, dizendo que “os bispos ciados por volta dos 22 anos de ida-
precisam diminuir a pressa em or- de, permitindo que o seminarista
Fr. Thomas Berg, professor de teo- denar os candidatos”, e sugere que já tenha um diploma universitário
logia moral e diretor de admissões os estudos do seminário sejam ini- antes de sua admissão.
no seminário de São José, em Nova
Iorque, sugeriu alterações no pro- [12 OLUTADOR [ JANEIRO 2019
cesso de formação dos seminaristas
para garantir que eles sejam corre-
tamente formados no plano espi-
ritual e emocional.

Maior confiança e transparência
Berg critica no atual sistema dos
seminários uma “ênfase exagera-
da nos estudos acadêmicos”, que
deixa em segundo plano a forma-
ção emocional e pessoal. Esta defi-
ciência não forma padres que este-
jam prontos para servir eficazmente
em suas paróquias, podendo resul-
tar em desvios de comportamento.

“Onde há falta de foco na inte-
gração psicológica pessoal, abre-
se espaço exatamente para a vida
desordenada do tipo que gerou as
manchetes nos últimos meses,”
disse ele. De fato, em várias cida-
des dos E.U.A., neste verão, semi-
nários anunciaram investigações
sobre má conduta.

Frei Berg afirma que é preciso ha-
ver maior confiança e transparên-
cia entre os seminaristas e as equi-
pes de formação. Os seminaristas
devem ser capazes de expressar li-
vre e sinceramente, com confian-
ça na equipe de formação, as suas
preocupações sobre a Comunida-
de do seminário, suas opiniões so-
bre o processo de formação e qual-
quer outra apreensão ou contribui-
ção que desejem fazer em espírito
de diálogo honesto.

Diminuir a pressa para ordenar
Frei Berg chama a atenção para a
idade mínima na entrada para o



Os Bispos
precisam exigir
que os formadores
se submetam a uma

ários: formaçãoprofissional
contínua para melhor
servirem os seminaristas...

Enquanto o atual processo de semi- rem a vacilar, com vícios ou outras lhando nessa tarefa. E sugeriu que
nário leva cerca de sete anos, Berg lutas pessoais, todos nós pagamos os Bispos deveriam formar uma co-
sugere que o processo seja prorro- um preço alto.” missão de “experientes formadores
gado por mais um ano. O ano inicial de seminário”, que visitaria cada se-
de formação consistiria na “desin- Melhor minário para rever seus processos.
toxicação da cultura e dos meios de qualificação Seminários que estão falhando em
comunicação sociais”, e resultaria dos formadores sua missão devem ser reformados
em “crescimento no autoconheci- Frei Thomas Berg também expres- ou fechados.
mento, na oração e na identidade sou sua preocupação com a indica-
masculina segura”. O último ano ção de diretores e formadores inap- Para Frei Berg, o número atual de
antes da ordenação poderia con- tos a se tornarem mentores, mode- seminários nos E.U.A. – 70 – é de-
sistir em um tempo de “trabalho los e guias de moral. “Um doutora- masiado elevado. Um terço desses
de campo intensivo” no ministé- do em teologia não torna um padre seminários, de acordo com um re-
rio pastoral. automaticamente apropriado para latório recente, tem menos de 50 se-
tal ministério. Os Bispos precisam minaristas, e apenas 11 deles pos-
Os bispos podem não apreciar exigir que os formadores se subme- suem mais de 100 candidatos em
esta ideia, diz ele, mas acredita tam a uma formação profissional formação. Em vez deste excesso de
que seja necessária, pois a Igreja contínua para melhor servirem os seminários, que claramente não são
não pode ser bem servida por sa- seminaristas.” necessários, ele sugeriu criar semi-
cerdotes que são ordenados antes nários regionais, 15 ou 20, orienta-
que eles estejam realmente pron- Finalmente, Berg questionou o dos pelos melhores formadores de
tos para a função. Esta imaturi- número e a qualidade dos seminá- seminários em todo o país, e que
dade espiritual pode resultar em rios nos Estados Unidos. Ele disse iriam trabalhar em equipe. Os tem-
crises de saúde mental ou outros que devem ser tomadas medidas pos atuais exigem que os seminá-
problemas entre o clero. “Quando, para identificar quais seminários rios sejam repensados pelos bispos
anos mais tarde, alguns deles vie- são bem sucedidos na formação dos de modo radical, disse ele.]
sacerdotes e aqueles que estão fa-
Fonte: Catholic Herald
JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]13

VÍCTOR CODINA* Bíblia [ A grande tentação religiosa para Israel era

Qual
é a raiz
desse
pecado

?

NINGUÉM quer matar di-
retamente o irmão. Se
o faz, é por uma razão
prevalente, para ganho
pessoal.
A tradição bíblica abor-
da esse problema pelo
ponto de vista de ido-

[14 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

a idolatria, era adorar deuses diferentes...

latria. A grande tentação religiosa deuses dos povos ricos que habita- conseqüências dessas alianças idó-
para Israel era a idolatria, era ado- vam aquele lugar. latras: impostos, colaboração para
rar deuses diferentes de Yahweh. as campanhas de guerra, escravi-
Logo o povo de Deus teve que en- dão, morte.
Toda a pregação profética insis- frentar os deuses da Assíria, Babi-
te em afastar-se dos ídolos e ado- lônia e seus países vizinhos. Exis- O dinheiro também é outro ídolo
rar a Yahweh, que é o único Deus. te como que uma luta dos deuses, que causa a morte do pobre. Então,
Israel, ao chegar à terra de Canaã, entre Yahweh e os Baals, que che- Amós grita contra as mulheres de
encontrou-se diante dos Baals, ou ga a materializar-se numa espécie Samaria: “Escutem esta palavra, va-
de competição entre o profeta Elias cas de Basan, que moram no monte
e os sacerdotes de Baal (1Reis 18). da Samaria: vocês que oprimem os
fracos, maltratam os necessitados
Os profetas insistem que esses e dizem aos seus maridos: ‘Tragam
deuses são vazios, inexistentes. algo para beber’. O Senhor Javé ju-
ra pela sua santidade que para vo-
“Eles têm boca e não falam, cês há de chegar o dia em que serão
têm olhos e não veem, carregadas com ganchos e seus fi-
têm ouvidos e não ouvem, lhos em arpões”. (Am 4,1-2.)
têm nariz e não cheiram,
têm mãos e não tocam, Esses ídolos, aparentemente ine-
têm pés e não andam, xistentes, são sanguinários e assas-
sua garganta não tem voz.” sinos. Eles matam o povo. O injus-
to é um assassino, como diz o Ecle-
(Sl 115,5-7.) siástico 34, 20-24, em um texto que
motivou a conversão do Padre Bar-
Eles são simples produtos huma- tolomeu de Las Casas, o grande pro-
nos, um pedaço de madeira, por isso feta dos índios.
não salvam, não conhecem o futuro.
Os profetas são irônicos sobre esses O Novo Testamento continua esta
ídolos mudos e mortos. Adorá-los é mesma linha anti-idólatra. O Evan-
colocar a confiança em um metal. gelho nos adverte sobre o terrível ris-
co de servir a dois senhores, a Deus
Porém, esses ídolos não são tão e a Mamon, o ídolo da riqueza (cf.
inofensivos como podem parecer. Mt 6,24; Lc 16,13). A ganância é cha-
A idolatria se traspassa para as rea- mada de idolatria (cf. Cl 13,5; Ef 5,5)
lidades materiais. De fato, os pro- e Paulo exorta a abandonar ídolos
fetas de Israel mencionam a idola- ou deuses, porque “para nós exis-
tria das alianças de Israel com os te um único Deus: o Pai. Dele tudo
impérios poderosos e a idolatria do procede, e para ele é que existimos.
dinheiro. E há um só Senhor, Jesus Cristo, por
quem tudo existe e por meio do qual
Israel deixa de confiar em Yahweh também nós existimos”. (1Cor 8,6.)
e em suas promessas para cair nos
braços de seus aliados políticos, os Estes ídolos levam à morte, por-
grandes impérios da época: Egito, que por trás desses ídolos estão os
Assíria, Babilônia. É uma verdadeira demônios (cf. 1Cor 10,20), que são
idolatria, eles oferecem presentes assassinos desde o começo (cf. Jo
a estas potências como se fossem 8,44). É o que Paulo chamara de “o
deuses. mistério da iniquidade” (cf. 2Ts 2,6).]

Essas alianças, de fato, não for- * Doutor em Teologia,
necem mais força a Israel que ídolos assiste às comunidades populares
de madeira e constituem uma ver- de Oruro na Bolívia.
dadeira prostituição do Deus verda- (Texto de seu livro:
deiro. E o pior é que o povo sofre as “Parábolas de la Mina y el Lago:
Teología desde la noche oscura”.
JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]15 Ed. Sígueme:
Salamanca, 1990.
Trad. DM.)

PE. SEBASTIÃO SANT’ANA, SDN* Família [ Toda a Igreja é convocada a contagiar

AIgrejae a opção pre
NOVO ESTILO DE IGREJA LANÇADO POencerramentodoXV

Sínodo Ordinário dos
Bispos (sobre a Juven-

É necessáriotude), o Papa Francisco

enfatizou que seu resul-

N definir açõestadonãopodelimitar-
se ao rico Documento
comunitáriasfinal, aprovado pelo Sínodo. Con-
vidou toda a Igreja a um processo

na Igreja nos váriosa ser ativado e a um caminho a ser
percorrido, cujo resultado leve ao níveis, procurando
protagonismo da juventude. Toda contar com os
a Igreja é convocada a contagiar o
mundo com o espírito vivido no Sí-
nodo da Juventude.

Os jovens estiveram

próprios jovens...e deverão continuar no centro das
atenções da Igreja. À luz do encon-

tro de Jesus ressuscitado com os dis- gelização e prioridade na vi- nós padres sinodais nos dirigi-

cípulos de Emaús, o Sínodo olhou da da Igreja. mos com uma palavra de espe-

para o contexto em que eles vivem, rança, confiança e consolação.

procurou destacar seus valores e de- A Carta aos Jovens Nestes dias, nos reunimos para

safios, reconhece que eles são o pre- Na Carta aos Jovens, lida ao fi- escutar a voz de Jesus, “o Cris-

sente e o futuro do mundo. A “opção nal da Missa de encerramento to eternamente jovem”, e reco-

preferencial pelos jovens” consoli- do Sínodo, os 270 bispos, entre nhecer nEle as vozes dos jovens

dada no Documento reforça que os tantas coisas bonitas, afirma- e seus gritos de exultação, la-

jovens são protagonistas na evan- ram: “A vocês jovens do mundo, mentos e silêncios”.

[16 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

o mundo com o espírito vivido no Sínodo da Juventude...

Os bispos continuam: “Sabe- cretizar as indicações pastorais do das propostas do Sínodo em toda a

mos de suas buscas interiores, Sínodo”, reforça ele. Igreja, fase que começa com as con-

das alegrias e das esperanças, das ferências episcopais de cada país e

dores e angústias que fazem par- Os desafios do Documento final assembleia das dioceses e igrejas

te de sua inquietude. Agora que- Sobre o Documento e seus desafios, particulares”.
remos que vocês escutem uma Dom Sérgio reforça que, na primei- O processo vivido pelo Sínodo ser-

palavra nossa: desejamos ser co- ra parte, o texto pede que, à luz do viu de exemplo: “aproximar-se dos
laboradores de sua alegria para Jesus caminhava com eles, “se con- jovens para escutar, compreender,
que suas expectativas se trans- sidere atentamente a realidade da acolher e valorizar a presença de-
formem em ideais”. juventude concreta, seus valores e les em nossas comunidades, para

“A Igreja e o mundo precisam potencialidades, seus problemas e compartilhar com eles a alegria do
urgentemente de seu entusias- situações de vulnerabilidade, as di- Evangelho e para ajudá-los a res-
mo. Sejam companheiros de es- versas faces dos jovens e a situação ponder ao chamado para seguir a
trada dos mais frágeis, dos po- deles na Igreja local”. Cristo nas diversas vocações, sendo

bres, dos feridos pela vida. Vo- Já na segunda parte do Documen- cristãos nos diversos ambientes da

cês são o presente, sejam o futu- to – Os olhos deles se abriram –, “con- sociedade, principalmente no meio
templa-se a reflexão teológica sobre dos jovens” – concluiu Dom Sérgio.
eferencial pelos jovensroluminoso!”
PELO SÍNODO DA JUVENTUDE
A repercussão na Igreja do Brasil A estrutura do Documento final
os jovens e o discernimento voca- O Documento final, com três par-
De volta ao Brasil, o Arcebispo de cional que leva a interpretar a rea- tes, tendo como referência, os Dis-
Brasília e presidente da Conferên- lidade com a luz da fé. Eles são con- cípulos de Emaús, foi desenvolvi-
cia Nacional dos Bispos do Brasil - vidados a refazerem, na comunida- do em 12 capítulos e 167 parágra-
CNBB, Cardeal Dom Sérgio da Ro- de, a experiência dos discípulos de fos. Oferecemos aos leitores os te-
cha, que atuou como eficiente re- Emaús, escutando a Palavra, par- mas abordados:
lator geral do Sínodo, em reunião ticipando da Eucaristia e da vida
com os secretários executivos dos comunitária”, explicou o cardeal. I) Jesus caminhava com eles: 1) A
18 regionais da CNBB, partilhou o escola e a paróquia; 2) Migrantes,
processo do Sínodo 2018. Na terceira parte – Partiram sem um paradigma de nosso tempo; 3)
demora –, “somos convidados a agir, Firme compromisso contra todo ti-
O cardeal explicou que o Sínodo procurando discernir, com a ajuda po de abuso; dizer a verdade e pedir
lançou um novo estilo de Igreja à das propostas do Sínodo, os melho- perdão; 4) A família, Igreja domésti-
escuta, uma Igreja sinodal em ca- res meios para realizar a pastoral ca; 5) Formação de justiça contra a
minho com todos, começando com juvenil e o discernimento vocacio- cultura do desperdício; 6) Arte, mú-
os jovens. O grande apelo do Sínodo nal na Igreja local, com novo ardor sica e esporte, recursos pastorais.
2018 é que a Igreja caminhe com os missionário”, disse Dom Sérgio. É
jovens, como Jesus na passagem bí- necessário definir ações comuni- II) Seus olhos se abriram: 1) Mis-
blica dos discípulos de Emaús. tárias na Igreja nos vários níveis, são e vocação; 2) O acompanhamen-
procurando contar com os próprios to; 3) Não a moralismos e falsas in-
O presidente da CNBB comenta jovens e, ao mesmo tempo, formar dulgências, Sim à correção frater-
que, após o encerramento da As- pessoas para acompanhá-los e pa- na; 4) A arte de discernir.
sembleia Sinodal, tem início a fase ra a animação da pastoral juvenil
de recepção da reflexão e das pro- com a perspectiva vocacional. III) Partiram sem demora: 1) Sino-
postas do Sínodo em toda a Igreja, dalidade, estilo missionário; 2) O de-
fase que começa com as conferên- Esclareceu ainda o presidente safio digital; 3) Corpo, sexualidade e
cias episcopais de cada país e as- da CNBB que, “após o encerramen- carinho; 4) Acompanhamento vo-
sembleia das dioceses e igrejas par- to da Assembleia Sinodal, tem iní- cacional; 5) Chamado à santidade.]
ticulares. “O grande desafio é con- cio a fase de recepção da reflexão e

JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]17

Catequese [ Os

Tudo a partir
de Jesus 1

Passos para uma
nova maneira
de pensar os
encontros de
catequese

IR. MARLENE BERTOLDI

OS elementos metodológicos ao lado apresen-
tamos não podem ser vistos isoladamente,
dentro dos encontros, mas como dimensões
que perpassam, que se entrelaçam para al-
cançar os objetivos da Iniciação à Vida Cristã:

[18 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

encontros de catequese necessitam ter como característica a alegria...

- oportunizar encontro vivo e ale- a escuta do outro, a escuta dos ba- o discipulado. O documento Alegria
gre com a pessoa de Jesus Cristo e rulhos que nos cercam podem ser do Evangelho (Evangelii Gaudium),
seu projeto (Querigma: anúncio de bons exercícios para criar hábitos, do Papa Francisco, nos diz: “Toda a
Jesus Cristo); sem mesmo constranger os mais evangelização está fundada sobre a
inquietos. Palavra escutada, meditada, vivida,
- conscientizar que o discipula- celebrada e testemunhada. A Sagra-
do cristão é opção para a vida toda A escuta de Deus é para nós algo da Escritura é fonte de evangeliza-
(catecumenato e iluminação: Ca- familiar? Quais momentos seriam ção”. (EG, 174.) “É fundamental que
tequese); apropriados para os nossos cate- a Palavra revelada fecunde radical-
quizandos fazerem a experiência mente a catequese e todos os esfor-
- iniciar a pessoa na vida de fé da ços para transmitir a fé.” (EG, 175.)
comunidade, por meio da liturgia 3do silêncio? Como? É a Palavra que nos leva ao discipu-
(catecumenato e iluminação: Ca- Convivência lado quando entendemos que “esta
tequese); O relacionamento fraterno se apren- Palavra está muito perto de ti, está
de na convivência. Os encontros de na tua boca e no teu coração, para
- despertar a vocação batismal catequese pretendem educar para que a ponhas em prática”. (Dt 30,14.)
do compromisso pelo Reino de Deus uma convivência harmoniosa. Isto,
(mistagogia). não só com relação ao grupo atingido Somos convidados a uma intimi-
no processo de Iniciação à Vida Cris- dade sempre maior com a Palavra
1Alegria tã, mas que se faça a experiência da de Deus, a viver “não só de pão, mas
Os encontros de catequese neces- partilha, da paz, da justiça, olhan- também de tudo aquilo que sai da
sitam ter como característica a ale- do para além das nossas janelas. boca do Senhor”. (Mt 4,4.) Esta Pa-
gria. Esta aproxima, dá espaço pa- lavra viva e forte, com que criamos
ra relações fraternas e capacita pa- O diálogo entre os catequizandos, uma proximidade, vai-nos servir
ra maior recepção da Mensagem. pais, famílias e comunidade, teste- de consolo, mas ela nos educa pa-
munha a prática do seguimento a ra uma consciência reta, para as-
O Papa Francisco nos leva a uma Jesus Cristo. É Ele que nos ensina co- sumir valores que dignificam a pes-
reflexão, pois anunciar Jesus é mo- mo praticar o acolhimento do outro. soa com sua pluralidade.
tivo de alegria, e ele diz: “A alegria Nisto estão principalmente os pobres,
do Evangelho enche o coração e a crianças, doentes, indefesos. Jesus Atitudes diante da Palavra
vida inteira daqueles que se encon- nos diz que o parâmetro para o disci- - Valorizar cada mensagem por ela
tram com Jesus. Com Jesus Cristo pulado é o amor, que promove a vida. transmitida.
renasce sem cessar a alegria”. (EG, 1.)
A criatividade para uma boa con- - Colocar-se em atitude de escu-
Ao preparar cada encontro, pode- vivência passa pelas festas, celebra- ta e, para isto, é necessário fazer
mos nos perguntar: - É com alegria ções, trabalhos em grupos pequenos, silêncio.
que preparo este encontro? Sou ca- leitura bíblica partilhada, exercício
paz de atrair através da alegria? Por da caridade, na promoção de valo- - Aprofundar-se sobre cada texto
quê? Que atitudes precisamos assu- res humanos, em gestos afetuosos, relacionado nos encontros.
mir para que a mensagem de Jesus troca de experiências. A convivência
é também conteúdo. Nela nos edu- Para a Palavra de Deus não va-
2seja recebida com alegria? camos para a vivência dos valores le água com açúcar. Passar para os
Escuta humanos e evangélicos. Podemos catequizandos um grande respeito
A proposta da escuta é para co- indicar: a vivência da paz, da justi- pela Palavra. Exercitá-los para uma
locar os catequizandos em atitude ça, amor e ajuda aos sem voz e vez. leitura orante (Lectio Divina) diária.
de quem vai interiorizar a mensa- Para isso, valem pequenas frases, fá-
gem recebida. O silêncio está colo- Como desenvolver atitudes de ceis de serem entendidas e memo-
cado com a escuta. Nos dias de ho- valorização mútua entre os cate- rizadas, colocando-as em lugares de
je, vivemos em um mundo muito quizandos? Já desenvolvemos al- destaque, envolvendo as pessoas pró-
barulhento. Parece que o silêncio guma experiência de acolhida aos ximas: família, escola, amigos etc.
não tem mais lugar. No caminho da catequizandos? Aos pais? A convi-
Iniciação à Vida Cristã, o encontro vência entre os catequistas ajuda na Precisamos criar o costume da
com Deus, pela oração e pela con- leitura bíblica de forma sistemática
templação do mistério, precisam 4convivência com os catequizandos? (leitura orante), preferencialmente
ganhar mais espaço. A centralidade da Palavra de Deus em família e em comunidade. O ca-
Nos encontros de catequese, tequista precisa ser um especialis-
Para que o silêncio faça parte dos prioriza-se a Palavra de Deus, pois ta em contar e narrar textos bíbli-
nossos encontros, em primeiro lu- com ela iluminaremos todo o pro- cos. (Continua no próximo número)]
gar o próprio catequista precisa pas- cesso da Iniciação à vida Cristã. A
sar por esta experiência. Nos encon- partir da Palavra queremos assumir Fonte: Catequese do Brasil
tros, a prática da escuta da Palavra,
JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]19

Juventude [ Que sejamos capazes de ampliar
Novos caminhosFRT. DIONE AFONSO, SDN*

para os jovens
“OESPÍRITO SANTO, que o
Pai vai enviar em meu
nome, ensinará a vo-
cês todas as coisas e fará

vocês lembrarem tudo o que eu lhes

disse.” (Jo 14,26.) Com a celebração

do Sínodo dos Bispos de 2018, nossos

pastores, juntamente com o Papa

Francisco, permitiram-se ser questio-

nados pelos jovens de todo o mundo

a fim de procurar entender os seus

anseios para melhor ouvi-los e aju-

dá-los em sua jornada cotidiana.

O documento final, lido, relido

e votado por todos em assembleia

sinodal, apresenta 167 parágrafos

contendo a síntese de três sema-

nas de reflexão e de oração unida

à Igreja de todo o mundo. Dividido 1Que sejamos capazes de sonhos e es- 4Os jovens não são objetos, mas su-
em três partes, o documento se ins- peranças: “Que o Espírito nos dê a jeitos do Anúncio do Evangelho:
pira na caminhada dos discípulos graça de sermos memória atuan- “A ideia é de um renovado pro-
de Emaús, pois é o próprio Jesus que te, viva e eficaz, que não se deixa es- tagonismo missionário na Igreja, em
se põe a caminhar com os jovens. É magar pelos falsos profetas, mas que campo social e político, para que as
preciso “andar com eles” (Lc 24,15), 1ª levem a inflamar o coração e discer- Novas Gerações sejam fermento e luz
parte – “abrir seus olhos” (Lc 24,31), do mundo, artífices da paz e da civili-
2ª parte – e, “partir sem demora” (Lc 2nir os caminhos do Espírito”;
24,33), 3ª parte. Que sejamos capazes de am- 5zação do amor”;
pliar horizontes, dilatar cora- A Igreja, casa e mãe dos jovens: “A
“Jesus anda com os dois discí- ções e transformar estruturas: Igreja é chamada a ser mãe e lar,
pulos, que não entenderam o sig- “As estruturas de hoje nos paralisam, empatia e escuta, voz dos que não
nificado de sua história e estão se dividem e nos afastam dos jovens, tem voz, especialmente para os que
afastando de Jerusalém e da comu- deixando-os expostos às intempé- se encontram em situações difíceis
nidade. Para estar em sua compa- ries e órfãos de uma comunidade – jovens em famílias problemáticas
nhia, Ele põe-se a andar com eles”. de fé que os apoie, de um horizon- ou afetadas por vícios, desemprego,
No decorrer da leitura de todo o do- te de sentido e de vida. A esperança corrupção, tráfico humano, imigran-
cumento, traçamos 15 pontos que interpela-nos, destronca o confor- tes – pessoas que são pedras descar-
podem indicar novos caminhos para mismo e nos convida a trabalhar tadas que, graças ao anúncio da Boa
os jovens a partir desse Sínodo. No contra a precariedade, exclusão e

caminho, “ao ouvi-los, seu coração violência, às quais está exposta a

é aquecido e sua mente é ilumina- 3nossa juventude”;
da; na fração do pão seus olhos se Que tenhamos o dom da escuta sin-
abrem. Eles mesmos escolhem re- cera, livre de preconceitos: “Para
tomar a jornada na direção oposta entrarmos em comunhão com as

sem demora, para retornar à comu- diferentes situações do Povo de Deus,

nidade, compartilhando a experiên- não podemos cair na tentação de cer-

cia do encontro com o Ressuscita- tos moralismos, elitismos e de ideolo-

do” (nº 4). Vamos caminhar juntos? gias abstratas”;

[20 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

horizontes, dilatar corações e transformar estruturas...

Nova, podem se tornar pedras angula- 9Os jovens são os sismógrafos da rea- Terceiro Milênio e precisa dar um reco-
res na construção de um mundo me- lidade, são Igreja: “Se a Igreja não nhecimento oficial a esses sites que le-
lhor. Deve ser repensada a paróquia abre espaço para a juventude, não
como lugar de escuta, comunhão e será uma Igreja em saída. Os jovens 12vam uma verdadeira posição da Igreja”;
missão: é preciso comunidades fra- devem ser valorizados. É preciso ofe- Os jovens podem inculturar o
ternas, alegres e contagiantes em que recer-lhes com alegria as razões para Evangelho na web: “O ambiente
os jovens possam assumir suas res- viver e esperar, evitando moralismos digital é um campo imprescin-
e mostrando que a vida é a resposta dível da evangelização, e é necessário
6ponsabilidades”; da vocação que Deus dá a cada um de adotar um estilo cristão que não ter-
Os jovens esperam da Igreja um si- nós. No fundo, a vida é bonita porque mina no inserir conteúdos declarada-
nal profético, de confiança e de co- tem sentido. Os jovens são capazes de mente católicos na web. Os jovens de-
munhão: “Os jovens são o coração tomar decisões, mas é preciso ajuda vem ser os verdadeiros protagonistas
missionário da Igreja. O consumismo e não somente destinatários do mun-
corre o risco de apagar o entusiasmo 10-los a tomar decisões a longo prazo”; do digital, pois são os que conhecem
da juventude, que, muitas vezes, é de- Que a Igreja seja uma “família melhor a linguagem e a gramática das
sorientada, sem ideias e sem fé, tam- de famílias”: “Hoje, a família redes e das mídias sociais, aqueles que
bém por causa de novas ideologias... está passando por uma fase de podem inculturar o Evangelho utili-
É preciso falar com coragem, sobre a crise, devido à sua desestruturação e
beleza da proposta cristã sobre a se- ao enfraquecimento da figura pater- 13zando esses meios”;
xualidade, sem tabus; prestar aten- É preciso uma “cidadania di-
ção aos que, hoje, não conseguem vi- Deixar-se gital” responsável: “Assim co-
ver a castidade durante o noivado. A “perturbar” pelos mo tem seus aspectos positi-
maior parte das comunidades paro- sonhos dos jovens vos no campo da evangelização, há os
quiais não consegue perceber as expec- e caminhar aspectos negativos como a pornogra-
tativas dos jovens, que, muitas vezes, com eles... fia, e o cyberbullying. Num mundo on-
se afastam da Igreja após a Crisma. É de o contingente digital é um terreno
urgente uma pastoral renovada, capaz na. Os adultos, em geral, muitos jo- de missões, os jovens podem oferecer
de ouvir e transmitir o olhar amoroso vens e individualistas, não ajudaram uma energia extraordinária para evan-
de Jesus, como também de se expres- a percepção da Boa Nova entre os ado-
sar com uma linguagem jovem, além lescentes. Em vez disso, é responsabi- 14gelizar outros jovens”;
lidade de todo fiel acompanhar os jo- Os jovens são a chave para a
7daquela digital”; vens ao encontro pessoal com Jesus, conversão pastoral e missio-
É preciso falar aos jovens sobre a porque a juventude se constrói com nária da Igreja: “Eles não são
importância da oração: “É essen- base no que recebe na família. A Igre- meros “receptores”, objetos, mas são
cial que também a Igreja reze pe- ja deve oferecer aos jovens uma verda- os protagonistas preferenciais e par-
los jovens e pela sua vocação. Os jovens deira experiência familiar, na qual se ticipantes ativos nos processos de to-
anseiam pela dimensão do silêncio e sintam acolhidos, amados, cuidados madas de decisão. Eles têm algo pre-
da contemplação, mas, quando não a e acompanhados em seu crescimen- cioso para oferecer, com o qual o Se-
encontram na Igreja, procuram em ou- to, em seu desenvolvimento integral nhor pode operar milagres. É preciso
e na realização de seus sonhos e espe- uma conversão pastoral e missioná-
8tros lugares”; ranças. Muitos jovens tem um sentido ria que não seja mero exercício técni-
Que não sejamos uma Igreja com de orfandade muito forte, não sabem o co, mas uma exigência do seguimen-
“déficit de escuta”: “Muitas vezes os to de Cristo. Uma conversão voltada à
jovens se sentem não compreen- 11que é uma família, por vários motivos”; renovação da própria Igreja para aspi-
didos pela Igreja na sua originalida- A Igreja precisa ocupar o mundo
de e, por conseguinte, não acolhidos e digital: “Uma presença cristã em 15rar a ser mais, a servir mais”;
aceitos pelo que são verdadeiramente rede em que se adote um esti- Os jovens pedem de nós a cora-
e, às vezes, até rejeitados. Que sejamos lo cristão com os valores da liberdade, gem do testemunho: “Que se-
uma Igreja que se coloca verdadeira- prudência e responsabilidade – os três jamos exitosos também me-
mente à escuta, que se deixa interpe- valores nos quais a Igreja deve educar diante os fatos, e não somente com
lar pelas solicitações daqueles que ela os jovens numa presença cristã na re- palavras. Num mundo fragmentado,
encontra, que não tem uma resposta de. É preciso colocar na rede todas as somos chamados a ser instrumentos
confeccionada, sempre pronta. Uma experiências ativadas no mundo para de comunhão”.
Igreja que não escuta mostra-se fecha- alcançar os jovens no ambiente digital.
da à novidade, fechada às surpresas de A pastoral digital é uma nova ágora do E, fica para nós a questão: - Quanto a
Deus, e não poderá ser credível, espe- Igreja está disposta a deixar-se “pertur-
cialmente para os jovens, aos quais, JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]21 bar” pelos sonhos dos jovens e a cami-
em vez de se aproximarem, afasta-os nhar com eles para realizá-los?]
inevitavelmente”;
* Religioso SDN,
E-mail: [email protected]

Encontro Matrimonial [ Convite...

PADRE SERGINHO*

Papa Francisco
e a Igreja mais leiga

AFAMÍLIA do Encontro Matri- versas reformulações foram feitas. Nosso
monial está em festa. No Após o Concílio Vaticano II, o Papa pensamento se
dia 6 de outubro deste ano, Paulo VI empreendeu reformas com volta para os leigos,
o Papa Francisco nomeou 25 a Constituição Apostólica Regimi- à família e à vida, a
membros e 26 consultores ni Ecclesiae universae a 15 de agos- quem desejamos
para o Dicastério de Leigos Família e to de 1967. Por sua vez, o Papa João oferecer sustento
Vida. Dentre os membros, está o ca- Paulo II implementou nova refor- e ajuda para que
sal Daniel e Shelley EE, de Singapura, ma, através do decreto Pastor Bonus, sejam testemunhas
Indonésia, atual Casal internacional de 28 de junho de 1988, ressaltando ativas do Evangelho.
do Encontro Matrimonial Mundial. que “no exercício do poder supremo,
pleno e imediato sobre a Igreja uni- cias e funções do Pontifício Conse-
Durante séculos, nas questões ad- versal, o Romano Pontífice serve-se lho para a Família e do Pontifício
ministrativas e pastorais, os papas dos Dicastérios da Cúria Romana, Conselho para os Leigos.
contaram com a assessoria de bispos que, por isso, trabalham em seu no-
e cardeais mais próximos, ou atra- me e com a sua autoridade, para o Em sua Carta Apostólica, Francis-
vés de Consistórios, Sínodos e Con- bem das Igrejas e em serviço dos sa- co explica: “Providenciamos solici-
cílios. Com o tempo sentiu-se a ne- grados pastores”. (Pastor Bonus, 7.) tamente para que os Dicastérios da
cessidade de criar organismos que, Cúria Romana estejam sintoniza-
de forma permanente, provessem Leigos, a família e a vida dos com as situações do nosso tem-
as diversas necessidades. Francisco, desde sua nomeação, po e se adaptem às necessidades da
vem implementando reformas. O Igreja Universal. Particularmente,
O Dicastério Dicastério para os Leigos, a Famí- nosso pensamento se volta para os
Com a Constituição Apostólica Im- lia e a Vida foi criado por ele com a leigos, à família e à vida, a quem de-
mensa aeterni Dei, de 22 de janeiro Carta apostólica de 15 de agosto de sejamos oferecer sustento e ajuda
de 1538, o Papa Sisto V deu à Cúria 2016, na forma de Motu proprio (de para que sejam testemunhas ativas
Romana a sua configuração formal, próprio punho), Sedula Mater. Es- do Evangelho no nosso tempo e ex-
instituindo um conjunto de 15 Dicas- te Dicastério agrupou as competên- pressão da bondade do Redentor”.
térios (Secretarias). Desde então, di-
[22 OLUTADOR [ JANEIRO 2019 Ao convidar o casal Daniel e Shel-
ley EE, entendemos que o Papa Fran-
cisco nos convida a todos do EMM,
de um modo particular, a nos en-
gajarmos colaborando nessa mis-
são de ser “testemunhas ativas do
Evangelho” através do nosso caris-
ma de relacionamento.]

* Pe Sérgio Henrique Garcia de Braga Mello
– EED São Luís.

IR. CÁSSIA ALBUQUERQUE, FCIM Família Julimariana [ Estar disposto...

APEDAGOGIA VOCACIONAL é to- A pedagogia
da constituída sobre a lógica da responsabilidade
do dom, que gera liberdade e vocacional
responsabilidade; por ser um dom,
é um compromisso a ser assumi- 11, como inspiração pedagógica vo- Sua animação está com as redes lim-
do. No plano da fé, responsabilidade cacional. O estilo original de Jesus pas? Faça pausas e lave suas redes!
significa chamado a cooperar com chamar pescadores para o Reino
Deus na Criação, é ter um coração permanece como referencial para 2. Lançar: “pela tua Palavra, lan-
grande para hospedar o outro e cui- a animação vocacional. O mestre çarei as redes”. Significa o traba-
dar dele, ser capaz de se encarregar não espera, mas vai lá onde as pes- lho conjunto da animação voca-
pela salvação do outro, é dar voz a soas se encontram. cional. É buscar novas formas,
outro ser para que construa seu pro- dar novo impulso e dinamismo
jeto de vida. Por esta razão, é impor- Observemos uma imagem voca- ao que já estamos realizando. Pa-
tante compreender a profundidade cional: a de Pedro que, convidado por ra lançar a rede é preciso acredi-
de atuar na animação vocacional. Jesus, depois de uma noite frustrada, tar... Sua liderança na animação
decide obedecer ao seu Senhor jogan- vocacional tem lançado as redes?
O chamado do as redes. Se não estivessem com
O chamado de Deus continua acon- aquela rede, não teriam condições de 3. Puxar: “rompiam-se-lhe as re-
tecendo de formas inesperadas ou apanhar os peixes. Por isso, as con- des”. Significa receber o resultado
inusitadas, nas comunidades, Igre- dições da rede são tão importantes do trabalho. É algo que exige esfor-
jas, escolas, praças, famílias, gru- quanto à necessidade de pescar. Todo ço e não pode ser feito sozinho. A
pos etc. O que falta são animadores e (a) animador (a) vocacional precisa animação vocacional deve formar
animadoras entusiastas de sua vo- de uma rede de pessoas que o aju- uma rede de apoio. Sua liderança
cação, com um olhar amoroso, ou- dem a pescar. Como está a sua rede? tem puxado as redes? Você tem uma
vidos atentos para escutar aos que rede de pessoas em sua liderança?
procuram, uma sensibilidade para No texto, refletiremos três atitu-
atrair e cativar, e uma disposição des dos discípulos que são necessá- ***
para aproximar-se das juventudes, rias na animação vocacional: lavar, “Doravante serás pescador de ho-
sair ao seu encontro, como estimula lançar e puxar. mens.” Realizar animação vocacio-
o Papa Francisco, e propor-lhes um nal pressupõe um caminho de de-
caminho de discernimento. 1. Lavar: “lavavam as redes”. Significa safios. O tempo é propício porque
um tempo de reflexão, organização nos desafia, não tenhamos medo
A pergunta é: estamos dispostos a e preparo. A Animação Vocacional de “cuidar das vocações”.]
nos aproximar deles (as)? Entender necessita manter sua rede limpa.
a realidade juvenil atual, cercada de
novidades, exige de nós, animadores JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]23
e animadoras vocacionais, iniciati-
vas mais ousadas, disposição pes-
soal para vivenciar uma experiência
de acompanhamento, assim como
fez Jesus com os seus discípulos.

Queremos vocações, mas o tempo
parece não ser favorável. Vislumbra-
mos comunidades quebradas pelo ven-
to da modernidade líquida. Percebe-
mos lideranças cansadas, sacerdotes,
religiosos (as), leigos (as), distantes
da vida da juventude. A cultura voca-
cional é o coração palpitante da nova
evangelização. Somos chamados (as)
a reinventar a animação vocacional.

Avançar para águas mais profundas
Podemos recordar, como ilumina-
ção, o Evangelho de Lucas 5,1-6.10-

Espiritualidade [ Virtudes...

AO LADO da liberdade e da gratuidade encon-
tramos também a justiça. Todas essas vir-
tudes são dons de Deus, porque “a lei do Se-
nhor Deus é perfeita, alegria do coração” (Sl
18). A justiça nesse contexto é entendida co-
mo retidão, significando que não é possível

aceitar um modo de viver de forma injusta e prejudi-
cial às pessoas. Não confundir liberdade e gratuidade
com arbitrariedade.

Agir com liberdade significa maturidade, cri-
tério de respeito em relação ao outro, reconhecendo o
valor da identidade de cada pessoa. Isso conduz tam-
bém à gratuidade, ao reconhecimento da riqueza con-
tida na capacidade de poder fazer o bem. A gratuidade

amadurece a pessoa e faz com que ela seja solidária
para com as outras de seu convívio. Eleva sua autoes-

Liberdade e tima e a faz viver bem.
Um dado importante na vida das pessoas é a
gratuidade
capacidade de doação, de ir ao encontro dos outros. É
DOM PAULO MENDES PEIXOTO* ato de liberdade, que sai de dentro da pessoa com ins-
piração de fazer o bem. No Evangelho, Jesus diz que o
É maior entre eles era o servidor de todos (cf. Mt 9,35).
livre Todas essas realidades supõem tolerância e sabedo-
quem
reconhece ria como instrumentos de convivência na liberdade e
valores na gratuidade.
na vida dos
outros... Saber administrar bem a própria conduta não
é tão fácil, porque todos nós trazemos as marcas e as

influências da maldade proporcionadas pelo espírito
do mundo. Na verdade, o bem e o mal estiveram sem-
pre misturados na história das culturas, e muito mais
hoje, quando presenciamos uma realidade totalmente
secularizada. Mas não podemos deixar que o mal ex-
tirpe o bem em nossos atos.

Liberdade não significa poder praticar escân-

dalos, nem conduzir as pessoas para a prática do mal.
O apóstolo Paulo diz: “Não damos a ninguém motivo

de escândalo, para que o nosso ministério não seja de-
sacreditado”. (2Cor 6,3.) É livre quem reconhece valo-
res na vida dos outros e consegue despertar nas pes-
soas a prática da responsabilidade no gerir a vida so-
cial e comunitária.

A liberdade da fé supõe solidariedade humana,
adesão não só a um projeto de vida, mas a uma pessoa,

a Jesus Cristo, a um caminho de tolerância e de aco-
lhida fraterna. Quem assim age sente o dever da gra-

tidão, porque o olhar de Deus penetra no seu interior

e o transforma por dentro. Com isso a pessoa é capaz

de sair de sua autorrefencialidade e praticar atos de

gratuidade.] *Arcebispo de Uberaba, MG

[24 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

FRT. MATHEUS R. GARBAZZA, SDN Liturgia [ Deus por meio dos votos...

O ritoda profissão religiosa
Expressão eclesial de acolhida da consagração a Deus

AIGREJA faz acompanhar de momento deixa-se clara, também, nada a profissão dos votos, entoa
ritos litúrgicos os grandes a vontade de pertencer especifica- a solene bênção sobre aqueles que
momentos da vida. Tanto é mente àquela família religiosa. se consagraram. Nesta prece, após
assim que se fala cada vez a memória escriturística, invoca-
mais da recepção dos sacra- Diálogo: Após a homilia, faz-se se a ação de Deus para que confor-
mentos inserida num grande con- o diálogo entre o superior(a) e me os consagrados a Cristo, dan-
texto de iniciação à vida cristã: são quem irá professar. Apresenta-se do-lhes as graças necessárias para
marcas ao longo do caminho, e não diante de toda a comunidade o bom a perseverança na missão.
um ponto de chegada. propósito de quem se consagra. Sa-
lienta-se, logo na primeira pergun- Entrega das insígnias: As insígnias
Não poderia ser diferente para ta, a consagração primeira e mais da profissão são definidas pela
aquelas pessoas, homens e mulhe- fundamental: o Batismo, da qual família religiosa. Podem ser uma
res, que decidem assumir a vocação depende necessariamente a con- cruz, uma aliança (no caso das re-
de uma consagração a Deus pelos sagração religiosa. ligiosas) ou outro símbolo. Elas são
votos de pobreza, castidade e obe- sinais visíveis e afetivos da consa-
diência. Desde os inícios da Igreja Prece litânica: Com a pessoa que gração a Deus, e também da per-
surgiram diversas formas para tal vai professar ajoelhada ou pros- tença à família religiosa.
consagração: os eremitas, os mon- trada ao chão, canta-se essa sole-
ges, as virgens, as ordens e congre- ne ladainha. A primeira parte con- Acolhida: Por fim, os que fizeram
gações religiosas, os institutos se- tém a invocação de todos os san- sua profissão serão acolhidos pe-
culares. A vida consagrada, inspira- tos e santas, sobretudo os religio- los irmãos ou irmãs de sua família
da no Evangelho, propõe-se tomar a sos(as). A segunda parte consta de religiosa com um abraço fraterno.
Cruz e seguir o Cristo (cf. Lc 14,25-33). uma série de invocações pela Igre- Manifesta-se o espírito familiar e
ja, por quem está se consagrando, de fraternidade daqueles que se re-
O Ritual da Profissão Religiosa, que por seus pais e sua família religio- uniram para ter “tudo em comum”
encontramos no Pontifical Roma- sa. A comunidade acompanha com (cf. At 2,44).]
no reformado após o Concílio Vati- as respostas e a intercessão orante.
cano II, é uma expressão de acolhi-
da eclesial. A Igreja assume a con- Profissão dos votos: Por meio da
sagração da vida feita pelo(a) reli- “fórmula de profissão” (do verbo
gioso(a). Depois de percorrido todo proferir, jurar publicamente) realiza-
o caminho de formação dentro da se a consagração definitiva da pessoa
família religiosa, a Profissão Perpé- a Deus por meio dos votos. Cada fa-
tua manifesta de forma solene esta mília religiosa elabora a sua própria
acolhida e a consequente bênção. fórmula, de acordo com seu carisma
e espiritualidade. É interessante no-
Cada família religiosa tem a liber- tar a distinção entre a Profissão e a
dade de adaptar o rito segundo sua Ordenação. Nesta, a Igreja (por meio
própria tradição espiritual. Entretanto, do Bispo e da Prece) insere o candi-
alguns elementos são basicamente dato na ordem ministerial. Naque-
comuns a todas. Observemos esses la, ao contrário, é o próprio religio-
gestos rituais, para perceber a teolo- so(a) quem se consagra ao Senhor.
gia litúrgica da Profissão Religiosa.
Bênção solene: O presidente da
Chamada: Ao responder “aqui es- celebração eucarística, termi-
tou”, manifesta-se a liberdade
da decisão tomada e o desejo pes- JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]25
soal de consagração a Deus. Neste

Atualidade [

ANTÔNIO CARLOS SANTINI

A Igreja
dos pobres

TENHO OBSERVADO que a expres- vado um nome de família. A grava- - Meus pobres?! – reagiu o páro-
são “Igreja dos pobres” produz ção na madeira registrava que de- co. Seus pobres!!! O senhor é que os
sério incômodo – e algumas terminada família fora a doadora cria naquela imunda fábrica de sa-
erupções de pele – nos cató- daquele banco de madeira. Ou seja, bão lá no alto do morro...
licos que não se sentem pobres. É na prática, o banco tinha dono. Se
pena que reajam assim, pois de fa- eu me sentasse em um deles, cor- O ofertante era dono de uma fa-
to somos todos pobres. A mãe que ria o risco de ouvir: “Saia daí! Este briqueta de sabão na favela, onde
não tem pão para os filhos é pobre. O banco não é seu!” crianças precisavam subir em ban-
milionário que não consegue curar quetas para remexer a mistura do
seu câncer é igualmente pobre. Ser Mais uma vez, estamos dian- sabão nos tachos ferventes. Não ad-
humano é ser limitado, dependen- te da Igreja dos ricos. Não ra- mira que o pároco recusasse o di-
te, pobre. ro, os doadores eram tratados nheiro sujo de sebo e de sangue...
com deferência especial por
Entretanto, os católicos com aler- parte dos pastores, pois deles Anoto estes fatos na intenção de
gia à expressão “Igreja dos pobres” vinham as espórtulas mais serenar os fiéis que se sentem ricos
poderiam rever o filme “Irmão Sol, polpudas e os lances mais e ajudá-los a ouvir sem arrepios a
Irmã Lua” [Franco Zeffirelli, 1972], e altos nos leilões paroquiais. expressão “Igreja dos pobres”. Afi-
notariam os fiéis ricos nos primei- nal, nosso Fundador era muito po-
ros bancos da igreja, vestidos de ve- Parece que as coisas começaram bre, nem tinha onde reclinar a cabe-
ludo e seda, enquanto os mendigos a mudar com o Concílio Vaticano II. ça. Além disso, a primeira comuni-
se aglomeram junto à porta de saí- Ao fim da missa em uma paróquia dade cristã partilhava seus bens, de
da, cobertos de andrajos. Salvo me- do Leblon, Rio de Janeiro, por vol- modo que ninguém passava fome.
lhor juízo, estamos diante de uma ta de 1960, o pároco cumprimenta- E uma admirável legião de santos
“Igreja dos ricos”. va os fiéis. Aproximou-se um de- chegou à santidade exatamente cui-
les com um maço de notas na mão, dando dos mais pobres. Em tempos
Para não ficar limitado aos tem- oferecendo: mais recentes, só para exemplificar:
pos de Francisco de Assis, compar- Teresa de Calcutá, Dom Bosco, José
tilho uma lembrança de minha in- - Padre Fulano, isto é para os seus Cottolengo, Dom Orione, Damião de
fância. Aos cinco anos de idade, fi- pobres... Veuster, Nhá Chica e Irmã Dulce...
lho de uma costureira e de um fer-
roviário, ao sair para a missa, eu [26 OLUTADOR [ JANEIRO 2019 Ao dizer “Igreja dos pobres”, não
ouvia a advertência de minha mãe: se exclui ninguém dos benefícios
“Reconheça o seu lugar!” É que os da graça de Deus. Todo aquele que
bancos da capelinha tinham gra- reconhece sua pobreza é bem-vin-
do nesta Igreja...]

CARLOS SCHEID Atualidade [ A experiência...

Lembranças da casa da morte
ACABAMOS de sofrer uma
triste campanha eleitoral, pessoas no corredor da morte. Ago- Carroll Pickett afirma que é im-
quando um dos temas que ra há umas 500. Isso não funciona, possível esquecer a morte de alguém
vieram à tona, provenien- não reduz o crime”. na Casa da Morte. “Eles (os guardas)
tes do fundo do pântano me levavam às 6h da manhã à Casa
ideológico, foi a pena de Mesmo adolescentes, que ainda da Morte e só executavam o preso à
morte, apontada por muitos como anão chegaram à maturidade e ao meia-noite. Isso me dava a oportu-
panaceia para nossos males sociais. pleno desenvolvimento no uso da nidade de passar muito tempo com
razão, nem possuem o cérebro ple- ele.” Na terrível solidão que antece-
A experiência de outros grupos namente desenvolvido, são conde- de a sua execução, o condenado ti-
sociais deveria ser no mínimo um nados à morte, o que constitui fla- nha no capelão o último amigo pra
lampejo para iluminar nossas es- grante ofensa à legislação interna- conversar ou se confessar, antes da
colhas. E a pena de morte, com as cional. Por isso mesmo, há vários injeção letal.
raras exceções de Estados não de- anos o tema é objeto de discussão
mocráticos, reduz-se cada vez mais Como não se comover com tal
a um traço da barbárie que acompa- na Suprema Corte norte-ameri- depoimento? “Eu conversava com
nhou os passos da humanidade. Os cana. O livro do Pickett, já naque- eles, dizia o que parecia melhor pa-
Estados Unidos da América, com a la época, mostrava que os guardas ra aquela hora. Via o que queriam,
maior população carcerária do plane- não aguentam muito tempo em tal se era permitido... Se eles queriam
ta, vem cedendo às pressões da civi- função, demitindo-se para não fi- falar sobre basquetebol, falávamos
lização e abandonando progressiva- carem doentes. sobre basquete. Choravam. De 23h30
mente a aplicação da pena de morte. à meia-noite, eu ouvia confissões.
O ex-capelão denunciava tam- Coisas que nunca poderei revelar.
Em 1997, foi publicado o livro de bém a desigualdade nos critérios de Eu tentei apenas ser o último ami-
memórias “At the Death House Door”, aplicação da pena de morte: “Exe- go deles.”
do Reverendo Carroll Picket, ex-cape- cutávamos mais negros e mexica-
lão da Casa da Morte em The Walls, nos do que brancos. E a razão para Nos últimos meses, o Papa Fran-
Texas. Depois de 15 anos naquela fun- isso é simples: eles não têm repre- cisco pronunciou-se várias contra
ção, Pickett demitiu-se e tornou-se sentante (legal), não têm dinheiro a pena de morte. E não podia ser de
decidido adversário daquele tipo de para isso. Comecei a estudar mais outro modo, pois o fundador do Cris-
punição (ou de vingança?). e mais o que Deus disse, e Ele nun- tianismo também foi vítima desse
ca falou em retaliação; é isso o que tipo de violência...
Ele diz: “Observei 95 pessoas mor- a execução é, uma punição cruel e
rerem. E ao vê-las morrer, percebi injusta. Isso é assassinato”. ]
que cada vez mais estávamos ma-
tando inocentes. Matamos um ho- JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]27
mem que, mais tarde, especialistas
provaram ser inocente”. Foi o caso
de Wilton Dedge, em 1982: após sua
execução, um exame de DNA com-
provaria sua inocência, apesar de
ter sido reconhecido por sua vítima.

Por outro lado, punições extremas
não garantem a redução da crimi-
nalidade. Nos países árabes, onde
vigora a lei corânica, desde o Séc. VII
os ladrões têm suas mãos decepa-
das. A seguir, continuam rouban-
do... com os dentes. O Rev. Pickett o
confirma: “Outra razão é que o ín-
dice de crimes não diminui. Quan-
do comecei a trabalhar, havia cem

Crônica [ Maria

MUITO DEVAGAR – devagari- Superstições
nho demais – encontro ex- mineiras
plicações para costumes es- (Esta crônica é para o casal
tranhos, para crenças, pa- Geraldo Xavier Corgozinho e Maria Augusta Corgozinho,
ra superstições que povoaram mi- que comemoraram Bodas de Ouro
nha vida. Havia mistérios nas pa- em Ponta Grossa, Paraná, onde residem e recebem
lavras, pausas, olhares que ini- a Revista O Lutador, apreciando a página da Maria.)
biam a curiosidade de meninas
enxeridas e da “pá virada”, como tes, tudo, de preferência, em al- capacidade só creditada a Deus.
uma que eu criei dentro de meu tas horas da madrugada, tirando Havia uma luz naquela figura,
coração... Menina atemporal, sem o pobre marido de seu descanso. havia um traço divino nas mu-
idade, sem limites para me visitar Toda a cidadezinha participava lheres que preparavam um ne-
nas horas mais fora-de-hora. Ir- dos desejos da simpática figura ném. Eu percebia pelos olhares,
reverente, de vez em quando, sai da mãe, dando-lhe auras de anjo, pelos cochichos, pela solicitude
do sótão onde gosta de viver, en- de um ser sobrenatural com po- de todos, que uma coisa muito es-
tre fadas, lembranças, saudades, deres de fabricar uma vida nova, pecial estava acontecendo. Mas
teias de aranha, quem sabe, bo-
lor, ferrugem, palavras desusadas, [28 OLUTADOR [ JANEIRO 2019
histórias sem-pé-nem-cabeça. As
outras meninas que criaram raí-
zes dentro do meu coração cresce-
ram, sonharam e... sumiram nas
asas dos sonhos, nas esquinas do
tempo. Ficaram velhas. Somente a
menina mágica não cresceu: não
ousa sair do sótão, onde vive jun-
to às personagens, pessoas, his-
tórias e lendas que teceram seu
tempo-menino.

Pois a tal menina, que eu co-
nheço tanto, não resiste à mura-
lha do tempo e, de vez em quan-
do, põe as manguinhas de fora,
palpitando, concluindo histórias
inacabadas, contadas por bocas
antigas e falas silenciadas. As res-
postas surgem no dia a dia da vo-
vó – ah! a tal menina hoje é vo-
vó... - e a curiosidade se acende,
a chama clareia a memória do
sótão e a crosta é removida... Aí,
a menina reina...

***

Vi no jornal a pesquisa científica
sobre os desejos estranhos que
acometem as futuras mamães:
chupar laranjinha azeda, comer
sabonete e carambolas inexisten-

meninas não podiam conversar Não teve pejo: de quebradinho HUMOR
sobre “certos assuntos” de gente em quebradinho, de lasquinha
grande... em lasquinha, comeu toda a tam- REFLEXÕES FILOSÓFICAS
pa do filtro durante a gravidez... - Os sapos são essenciais como con-
Sempre ouvi histórias de ami- No dia de Natal, ela se deu, de troladores de pragas e insetos. Não
gas e, agora, pelo jornal, tantos presente, o último pedacinho da jogue sal no sapo só porque ele é feio.
anos depois, talvez tenha a res- tampa do filtro... Você também é feio e ninguém joga
posta para o que uma delas contou sal em você.
em uma reunião de professoras. E dizia, aliviada:
- Graças ao Menino Jesus, meu - Perguntei à minha nutricionis-
Morando em cidade grande, filhinho não vai nascer com ca- ta se chá verde emagrece. Ela res-
sentia-se presa no apartamento, ra de tijolo, de telha, de terra... O pondeu que só emagrece se eu subir
acostumada que era com quin- filtro me salvou! a montanha para colher as folhas.
tal, com amplidão e liberdade. O Achei uma ignorância da parte dela!
marido saía cedo e só voltava à ***
noitinha. E ela, presa... - Eu ia votar em um candidato,
Janeiro chegou! Tudo pronto, o mas ele disse que vai dar emprego
Foi quando ficou esperando o neném ia chegar... pra todo mundo. Acho que vou mu-
primeiro filhinho. Pelas contas, dar de candidato...
o neném chegaria no princípio E chegou! Lindo, cor de rosa,
de janeiro... com carinha de anjo. - Eu queria mudar o mundo. Só vou
pensar nisso outra vez depois que eu
Desejos, os mais absurdos: co- Na efusão do Ano-Novo, na arrumar a minha cama...
mia alho cru, folhas de verdu- alegria do primeiro filho, quan-
ras, mordiscava o sabonete, uma do todos comemoravam a feli- - Meu médico me recomendou gi-
coisa mais esquisita! Lá um belo cidade, sem mais nem menos, nástica e caminhada, mas não estou
dia, teve vontade de comer terra, a mamãe novata, pensou em achando aqui na Netflix.
nem que fosse um mísero peda- voz alta:
ço de tijolo. Um punhadinho de PARA-CHOQUES DE CAMINHÃO
terra escura da horta, qualquer - Já pensou se o meu neném - Se trabalhar enriquecesse, burro
coisa servia. nascesse com cara de filtro? seria milionário.

Vozes antigas vinham-lhe à Ninguém entendeu nada, o - Segredo entre três? Só matando dois!
cabeça: marido abraçou-a, todos bate- - Minhas duas alegrias: o primeiro
ram palmas e ninguém nun- frete e a última prestação.
- Se não comer o que tem von- ca mais tocou no bendito as-
tade, seu neném nasce com a ca- sunto... - Não fumo, mas vivo soltando fumaça.
rinha deformada... Minha coma- - Eu faço os cabritos e meu patrão é
dre teve um filho com nariz de O neném se chamou Francis- que ouve os berros!
caju, porque não arranjaram ca- co, em homenagem ao santo que
ju pra ela matar o desejo... idealizou o primeiro presépio, ré- - Quem tem rabo de saia não sen-
plica da gruta onde o Jesusinho te perto do fogo.
Mas onde arranjar terra? On- havia nascido...
de achar uma horta? Um vaso de - Minissaia é igual arame farpa-
flores? Uma lata de cebolinhas? Pensando na amiga, vou colo- do; cerca a propriedade, mas não pro-
Pensou que ia morrer de tanta cando os três Reis Magos no ca- tege a visão.
aflição. minho de areia que fiz no presé-
pio antigo... - Se pinga fosse fortificante, o bra-
Mas “Deus é bom”, dizia ela. sileiro seria um gigante.
Sem saber como, talvez por ins- Tenho certeza de que algum
tinto, se lembrou do velho e bom deles vai pedir para eu (re) - Mulher é como abelha: ou dá mel
filtro de barro, peça importante contar a história do menini- ou ferroada.
nas famílias antigas e em ou- nho que ia nascer com cara
tras, modernas e tradicionais... de filtro... - Quem inventou o trabalho não
tinha o que fazer!
Pôs o forro mais bonito do en- - Vou contar, mas não es-
xoval tampando o filtro... A tam- palhem, senão o Francisco PRIMEIRO DIA DE AULA
pa, escondeu-a em lugar secre- vai sofrer bullying na Facul- - E então, Joãozinho, aprendeu mui-
to da casa... dade...] to na escola?

JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]29 - Acho que não, mãe. A professo-
ra disse que eu tenho de voltar ama-
nhã...]

Páginas que não passam [ Religião e vida...
A rupturaJESÚS URTEAGA*
entre a mens condimentando com sentido
religião católico a política, o ensino, a eco-
e a vida nomia do país.

Compreendemos um Cristianis-
mo despojado de relações sociais,
isolado das profissões, limitado a
“interioridades”, como escola de for-
mação para menores e para consolo
da velhice no momento da morte.

Mais vergonhoso ainda é encon-
trar pessoas que utilizam os privi-
légios da vida sobrenatural para se
dispensarem das obrigações do con-
vívio humano. O mundo está já um
pouco farto – com muita, muitíssi-
ma razão – desses homens que os-

tentam pomposamente o título de

filhos fiéis da Igreja, em beneficio

de interesses pessoais.

Apoiar-se na Igreja para subir um

degrau na vida civil! Que vergonha!

Que nojo!... Como por si mesmos não

têm prestígio nem autoridade, lan-

çam mão de nomes e coisas de Deus

para se fazerem respeitar. Não veem,

não querem ver que estão a despres-

tigiar a mais santa das sociedades.

Os católicos hão de servir à Igreja,

mas nunca servir-se dela. [...]

Esta é a cunha que temos de me-

ter no mundo antes que desmoro-

ne. Religião e Vida! Fazer da nossa

vida corrente uma vida em face de

Deus. Do nosso trabalho, um tesou-

ro no céu. Da nossa dor, uma alegria

OS homens de Cristo quase sos. E daí que a nossa piedade se- no mais além. Das nossas orações,
não têm hoje afã de santi- ja mentira, e mentira o nosso tra-
dade. Dir-te-ei que os cris- balho. São duas frentes de luta que um sorriso nos lábios de Cristo. (Do
tãos não entenderam o que é acabam por desalentar o mais es-
livro “O Valor Divino do Humano, Ed.
Quadrante, SP, 1961.)]

o Cristianismo. O Cristianismo não forçado. Uma religião morta e uma *JESÚS URTEAGA LOIDI [1921-2009] nasceu em

se apoderou de nossas vidas, não vida sem Deus... Não nos repugna San Sebastián, Espanha. Doutor em direito

nos ganhou inteiramente. Há um semelhante contraste? pela Universidade de Madri, ordenado sa-

abismo profundo entre as relações Compreendemos perfeitamen- cerdote em 1948, foi representante da Santa

que um cristão fomenta com o seu te um Cristianismo de meia hora Sé no Congresso da União dos Organismos

Deus na igreja e as que ele mantém semanal, o que dura o preceito de Familiares, em 1961. Teve intenso trabalho

com o seu semelhante no caminho. assistir à missa, mas não um Cris- na TV espanhola, cujo Prêmio Nacional lhe

Contamos com Cristo somente tianismo que exerça influência na foi concedido em 1965. Fundador da revista

nos “apertos”. Isso faz com que leve- vida pública e privada dos homens. “Mundo Cristiano”, é autor de numerosos

mos uma vida dupla, sem unidade, Compreendemos os cristãos mais artigos e livros, entre os quais se destacam:

uma vida de trabalho e uma vida de zelosos que frequentam diariamente O Valor Divino do Humano (traduzido para

piedade, díspares, sem união; cada o templo de Deus, mas dificilmen- cinco idiomas), Deus e os Filhos, Ahora Co-

uma assenta em princípios diver- te concebemos esses mesmos ho- mienzo, Cartas a los Hombres.

[30 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

Roteiros Pastorais

Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33
Dinâmica para Grupo de Jovens 33
Catequese 34 • Homilética 36

JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]31

Leitura Orante [ Não distorcerás...

“Não da a favor dos mais fortes e em pre- que levem a sério a Palavra de Deus.
distorcerás juízo dos mais fracos e pobres. O tex- Verdadeiros cristãos que queiram fa-
o direito!” (Ex23,6) to procura indicar uma conduta re- zer a diferença, sendo um fermento
ta, honesta e respeitosa dos direitos da justiça, uma luz que desmancha
Invocação à Trindade de cada um. as tramas da corrupção e da violên-
e oração ao Divino cia, e um sal que tempera a socieda-
Espírito Santo Somente uma sociedade baseada de com a vida que brota do evangelho
na justiça e no direito será capaz de (cf. Mt 5,13-14).
A. Situando o texto evitar que os mais fracos se tornem
O Livro do Êxodo relata a libertação escravos dos mais fortes. Por isso o Todos (cantando): O sal e a luz sou eu,
do povo de Deus das mãos do Faraó do povo devia manter viva a memória / sou o povo do Senhor. (bis)
Egito. Deus ouve o clamor de seu povo do que lhe tinha acontecido no Egito,
sofrido, desperta lideranças e conduz para que, ao entrar na Terra Prometi- - O que mais chamou a sua atenção no
o povo para fora da escravidão. Para da, não recriasse a mesma situação texto bíblico e no comentário acima?
que o povo não volte a ser escravo, Deus de opressão.
faz com ele uma Aliança e aponta leis, D. O que o texto nos faz dizer a Deus
normas, que são capazes de transfor- Todos (cantando): Pelo direito e a justi- (preces e orações)
mar a relação entre as pessoas. ça libertados, / Povos, nações de tantas 1. Senhor, que esta CF possa produzir os
raças e culturas. / Por tua graça, ó Se- frutos necessários, ajudando a superar
É transformando as relações entre nhor, ressuscitados, / Somos em Cristo, o calvário de sofrimentos que atinge
nós e com a sociedade que podemos hoje, novas criaturas. (Refrão CF 2019) a tantas pessoas desassistidas pelas
alacançar uma vida nova, uma socie- políticas públicas. Rezemos:
dade mais justa e humana para to- L. 2: A Campanha da Fraternidade des-
dos. Vamos ouvir o Senhor que vem te ano volta-se para a questão das Po- Todos: Senhor, ajudai-nos a viver co-
nos falar. líticas Públicas. Ela quer nos ajudar a mo verdadeiros irmãos!
compreender e a participar mais ati-
Todos (cantando): Fala, Senhor! Fala, vamente destas políticas, que favore- 2. Senhor, fazei de nós, leigos e leigas,
Senhor! / Palavras de Fraternidade. / cem a todos, principalmente aos mais pessoas conscientes e comprometidas,
Fala, Senhor! Fala, Senhor! / És luz da necessitados. Daí a necessidade de en- capazes de desdobrar a fé em ações
humanidade. tendermos bem o que vem a ser Polí- concretas a serviço da vida e da espe-
tica Pública e buscar superar os pre- rança para todos. Rezemos:
B. O que o texto diz em si conceitos que levam as pessoas a se
Ler na Bíblia: Êxodo 23,1-9. fecharem, a tudo o diz respeito à po- 3. Senhor, ajudai-nos a estimular a
Chave de leitura: lítica, por entender como coisa suja, participação em políticas públicas, à
1. O que o texto recomenda não fazer? como corrupção e desvios. luz da Palavra de Deus e da Doutrina
2. No texto, o que acontece com quem Social da Igreja, para fortalecer a cida-
aceita suborno? A Palavra Política finca suas raízes dania e o bem comum, sinais de fra-
3. O que este texto tem a dizer para a em um termo grego e se refere à “pólis”, ternidade, rezemos:
prática política de hoje? ao lugar de tomar decisoes em função
do bem comum. Por isso Política diz re- (Outras preces espontâneas...)
C. O que o texto diz para nós speito a tudo na vida da sociedade. Ela
L. 1: Para recuperar a fraternidade, é está na arte, nas relações de trabalho, E. O que o texto
preciso agir com justiça. O texto acima no preço dos alimentos, nas questões sugere para o mundo, hoje
diz respeito à questão da justiça nos da moradia, do estudo, do transporte, Quem se interessa pela política tem
tribunais, onde, às vezes, a lei é torci- do lazer, nas empresas, nos clubes, nas buscado o bem comum ou os privilé-
associações, na religião etc. gios particulares? Por quê?

Todos (cantando): Pelo direito e a jus- F. Tarefa concreta
tiça libertados... (Refrão CF 2019) Descobrir as iniciativas, já desenvol-
vidas em nossa comunidade, na linha
L. 3: A Política Pública é um espaço de das políticas públicas.
participação para a busca e a garantia
dos direitos. É preciso que esse espa- Encerramento:
ço seja ocupado por pessoas honestas, Pai-Nosso, Ave-Maria e pedido de bên-
sérias, que agem a favor do bem, que ção a Deus.]
busquem a justiça e o direito. Pessoas

[32 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

Tudo em Família [ 61 – Contraveneno...

Veneno e contraveneno

1. Coisas que acontecem O pai, então, respondeu: - “Não se gestos de compreensão e compa-
preocupe! Aquilo é só pó de arroz. Ela nheirismo fizeram o efeito contrá-
Juca chegou para o pai e disse: - “Pai, não vai morrer, pois o veneno esta- rio do “veneno”: injetaram vida no-
não suporto mais a minha mulher. va em você!” va na mulher.
Quero matá-la, mas tenho medo que
alguém venha a descobrir. O senhor 2. Pensando juntos 3. Para uma
pode me ajudar?” O caso de Juca, mais comum do que reunião de casais
se imagina, traz uma lição eviden- - Em casa, quais são as atitudes que
O pai respondeu: - “Posso sim, mas te: se nós alimentamos rancores em parecem envenenar?
tem um porém... Primeiro você vai nosso coração, vamos morrendo aos Que é aquilo que “mata” você?
fazer as pazes com ela para ninguém poucos. E não adianta matar a pes-
desconfiar que foi você, quando ela soa odiada se o ódio permanece vi- - E quais são os gestos e atitudes que
morrer. Você vai cuidar muito bem vo dentro de nós, envenenando nos- injetam vida nova em você?
dela, ser gentil, paciente, carinhoso, sa vida. São João da Cruz, o grande
menos egoísta, retribuir sempre, le- místico carmelita e profundo conhe- - Você acha que amor é apenas sen-
var para passear e escutar mais... Tá cedor das almas, assim nos ensina: timento?
vendo este pozinho aqui? Todo dia “Onde não existe amor, coloca amor Ou se constrói acima de tudo pelo
você disfarça e coloca um pouco na e amor encontrarás”. exercício de uma vontade determi-
comida dela. Assim, ela vai morren- nada a agradar, animar, cativar?
do aos poucos... As atitudes amorosas de Juca, ain-
da que fingidas no início, devem ter - Quais as oportunidades que você
Trinta dias depois, o filho volta e despertado na esposa um conjun- tem de exercitar o perdão como ges-
diz ao pai: - “Eu não quero mais que to de reações que o surpreenderam, to de amor?]
ela morra! Eu mudei... passei a amá vendo nela uma mulher nova. Os
-la. E agora? Como faço para cortar
o efeito do veneno?”

Sensações de vida ou morte — Dinâmicas para Grupo de Jovens [ 61

Objetivo: analisar a prática e a revisão de vida.

Material: duas velas, uma nova e outra velha.

Desenvolvimento: grupo em círculo e ambiente
escuro.

A vela representa o meu tempo de vida. Imagine
que você tenha apenas uns poucos dias de vida...

Partilhar: O que eu poderia fazer em minha exis-
tência ou deixar de fazer… (a vela gasta, acesa, vai
passando de mão em mão.)

Depois de um tempo de partilha, apaga-se a vela
gasta e acende-se a nova. Ilumina-se o ambiente.
A vela passa de mão em mão e cada um comple-
ta a frase: Eu…, tenho a vida inteira pela frente e
o que eu posso fazer e desejo é …

Analisar a dinâmica e os sentimentos.

Palavra de Deus: Mt 6,19-24 e Sl 1.

Fonte: jucpa.wordpress.com

JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]33

Catequese/Roteiros [ Deus vos conceda, amados catequistas, a força, a
de modo a poderdes assumir esta missão a que

❝Aceitai, Pai Santo, os propósitos
que estes filhos caríssimos vos dirigem,
e não permitais que esmoreçam
no desejo de vos conhecer
sempre mais.❞

Celebração fiados. Neste desejo de amar e ser- nifestem, no modo de viver, con-
de início da vir, prometemos ser fiéis à doutri- vicções fortes e afirmem, sem ver-
catequese na da Igreja no que diz respeito a to- gonha, serem discípulos de Cristo.
dos os artigos professados no Credo,
Sugestão: Que seja feita depois da bem como às normas ditadas pelo Padre: Ouvi, Senhor, o compromis-
Profissão de Fé (Credo), e antes da Sumo Pontífice e pelo sagrado co- so destes pais e mães e dai-lhes a
Oração Universal dos fiéis faz-se o légio dos bispos. Prometemos, ain- coragem de nunca se envergonha-
compromisso. da, plena colaboração com o nosso rem do Batismo que eles mesmos re-
pároco, ajudando-o no exercício do ceberam e, também, pediram para
Compromisso dos catequistas, seu múnus de pastor. os seus filhos. Sejam coerentes com
pais e catequizandos. o que prometeram e vivam, no dia
Padre: Estimados catequistas, que Que Maria, a Senhora da Fé e da -a-dia, o que hoje, aqui, celebram.
fostes chamados pela Igreja para Esperança, nos acompanhe e nos
o exercício de tão nobre missão - ajude a “fazer tudo” o que o Filho Padre: Queridos (amiguinhos e ami-
anunciar às gerações que o Filho de nos disser! Amém. guinhas da catequese), crianças e
Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor, está adolescentes! Também a vós per-
vivo e vive para sempre nos nossos Padre: Deus vos conceda, amados ca- gunto: estais dispostos a vir sem-
corações -, fazei, pois, o vosso com- tequistas, a força, a alegria, o entu- pre à catequese, a respeitar os vos-
promisso diante de Deus e desta as- siasmo e a caridade do Seu Espírito sos catequistas e a ser amigos de
sembleia cristã. Santo, de modo a poderdes assumir Jesus ao visitá-Lo aqui na Igreja?
esta missão a que vos comprome-
Catequistas: Senhor Deus, Pai, Fi- teis. Sabei que «há maior felicida- “Amiguinhos (as)”: Sim, estamos! Nós
lho e Espírito Santo, que no prin- de em dar do que em receber». (At somos os amigos e companheiros
cípio criastes o mundo com todas 20,35.) Sede firmes na esperança, de Jesus.
as criaturas que habitam os céus exemplares na caridade e fiéis à fé
e a terra, na plenitude dos tempos da Igreja para bem de todo o povo e Assembleia: Graças a Deus!
enviastes o vosso Filho, Jesus Cris- maior glória de Deus.
to, para, por meio d’Ele, recriar no- Padre: Aceitai, Pai Santo, os propó-
vos céus e nova terra; que através Padre: E vós, pais, estais dispostos sitos que estes filhos caríssimos vos
do Espírito Santo conduzis a Igreja a ser os primeiros catequistas dos dirigem, e não permitais que esmo-
ao longo dos tempos; infundi em vossos filhos, ensinando-os, com o reçam no desejo de vos conhecer
nossos corações, vos pedimos, um exemplo da vossa vida, a ser pessoas sempre mais. Vivam uma vida fe-
renovado ardor para que sejamos honestas, desprendidas do mate- liz, entregue ao serviço dos mais ne-
testemunhas fiéis do vosso Santo rialismo selvagem e fiéis ao Evan- cessitados, dos que vivem nas peri-
Evangelho. gelho de Cristo? ferias da existência, e alcancem, na
comunhão dos santos, a posse do
Assim, hoje, diante da comuni- Pais: Sim, estamos. E prometemos incomensurável tesouro: contem-
dade cristã, assumimos o compro- acompanhar os nossos filhos pa- plar-vos tal como sois, Deus da paz,
misso de ser catequistas ao serviço ra a catequese semanal, durante a do amor e da luz. Por Jesus Cristo,
do Reino, acolhendo e amando as celebração da Eucaristia e na fre- Vosso Filho, que convosco vive e rei-
crianças e adolescentes a nós con- quência do sacramento da reconci- ra na comunhão do Espírito Santo.
liação. Queremos que eles cresçam
em todas as dimensões e, por isso, Assembleia: Amém.]
sejam, um dia, adultos da Fé. Ma-

[34 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

alegria, o entusiasmo e a caridade do Seu Espírito Santo,
vos comprometeis...

❝Senhor Jesus, que estais no meio de nós,
fazei crescer nestas crianças sentimentos
de encanto, de alegria e de reconhecimento
pelo grande dom da Eucaristia;
sentimentos de fé e de adoração.❞

Rito para 1.7. Importa, sobretudo, que as pa- sus Cristo e irão amá-lo de todo o
apresentação lavras e os gestos tenham beleza e coração. É com grande alegria que
das crianças dignidade. aceitamos os propósitos de vocês.
da Primeira Vou agora perguntar aos seus pais
Comunhão 2. Admissão das e padrinhos se eles estão dispostos
crianças à comunhão a acompanhar vocês e a guiá-los
1. Introdução 2.1. As crianças que se apresentam para Cristo.
1.1. As sugestões pastorais que apre- para receber este sacramento são Celebrante: Caríssimos pais e padri-
sentamos destinam-se às crianças acompanhadas pelos pais e padri- nhos, os seus filhos desejam conti-
que, frequentando a catequese, se nhos de batismo e pelo catequis- nuar a preparar-se para a sua pri-
preparam para participar plena- ta. Poderão ser acolhidas, antes da meira Comunhão. Vocês estão dis-
mente na Eucaristia. Trata-se de celebração, pelo celebrante ou pela postos a ajudá-los cada vez mais na
uma proposta que prepara, de for- assembleia com uma palavra, can- sua adesão a Cristo?
ma simples e experimental, a ce- to ou gesto. Pais e Padrinhos: Sim, estou.
lebração da Primeira Comunhão. 2.2. Depois da homilia, o catequista Celebrante: E vocês, comunidade,
1.2. O breve rito inspira-se no Ritual apresenta as crianças que se prepa- sabem que estas crianças precisam
da Iniciação Cristã dos Adultos ram para ser admitidas à Primeira ser ajudadas pela nossa fé para apro-
1.3. Pretende-se que a criança perce- Comunhão. fundarem a vida cristã. Pergunto,
ba que está em processo de inicia- pois, a vocês, que são seus amigos
ção cristã, se reconheça como par- Catequista: “Querido Padre, apresen- e companheiros: estão dispostos a
te da comunidade e, sobretudo, to- to-lhe as crianças que desejam par- ajudá-los neste seu caminhar pa-
me consciência do sacramento que ticipar plena e conscientemente na ra Jesus Cristo?
vai receber. Eucaristia.” O catequista diz o no- Comunidade: Sim, estou.
1.4. Desejamos que as palavras e os me de cada criança e ela se aproxi- Celebrante: Senhor Jesus, que estais
gestos correspondam à situação e ma do celebrante, com os seus pais no meio de nós, fazei crescer nes-
necessidade espiritual das nossas e padrinhos. tas crianças sentimentos de encan-
crianças. Celebrante: O que vocês desejam da to, de alegria e de reconhecimen-
1.5. Este rito terá de ser adaptado Igreja neste dia, em especial? to pelo grande dom da Eucaristia;
nas comunidades que têm grande Catequizandos: Quero receber Jesus sentimentos de fé e de adoração
número de crianças em preparação em minha vida e em meu coração na vossa presença permanente. E
para a Primeira Comunhão. Celebrante: Queres comungar Jesus, permiti que, alimentadas pelo Pão
1.6. Os párocos analisarão as possí- o Pão da Vida, pela primeira vez? da Vida, elas se deixem transfor-
veis adaptações bem como o tempo Catequizandos: Sim, quero. mar cada vez mais por Vós, que
oportuno da celebração. Em colabo- Celebrante: E por que o queres fazer? sois Deus com o Pai, na unidade
ração com os catequistas, deverão Catequizandos: Porque quero ser do Espírito Santo.]
estudar o acolhimento das crian- mais amigo de Jesus e desejo cres-
ças, dos pais e padrinhos e a dispo- cer na fé. Fonte:
sição dos seus lugares. Celebrante: Caros amigos, vocês já Secretariado
acreditam em Jesus e querem pre- diocesano
parar-se para recebê-Lo pela pri- de catequese
meira vez na Eucaristia. Pela Eu- – Santarém, PA
caristia, vocês se unirão mais a Je-
[com adaptações]

JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]35

Homilética [ 3•02•2019 “Nenhum profeta
é bem recebido
em sua pátria.”

Leituras da Semana (Lc 4,24)

4º Domingo [dia 4: Hb 11,32-40; Sl 30[31],20.21.22.23; Mc 5,1-20
do Tempo [dia 5: Hb 12,1-4; Sl 21[22],26b-27.28.30.31-32; Mc 5,21-43
Comum [dia 6: Hb 12, 4-7.11-15; Sl 102[103],1-2.13-14.17-18a; Mc 6,1-6
[dia 7: Hb 12,18-19.21-24; Sl 47[48],2-3a.3b-4.9.10-11; Mc 6,7-13
[dia 8: Hb 13,1-8; Sl 26[27],1.3.5.8b-9abc; Mc 6,14-29
[dia 9: Hb 13,15-17.20-21; Sl 22[23],1-3a.3b-4.5.6.; Mc 6,3-34

Leituras: Jr 1,4-5.17-19; O amor não se define de maneira conhecido, nascido no meio do povo.
Sl 70 [71]; 1Cor 12,31-13,13; Lc 4,21-30 abstrata, mas concreta, pela ação que O povo esperava um Messias espeta-
ele provoca. Paulo apresenta o elenco cular capaz de ações mágicas e mira-
1. Consagração e missão. Deus, cria- de 15 expressões para mostrar o que é e culosas. O provérbio “médico, cura-te
dor de todas as coisas, que modelou e o que não é amor solidário. Amor não é a ti mesmo” quer dizer que Jesus não
deu a vida ao primeiro homem (cf. Gn sentimento, nem exibicionismo, mas é capaz nem mesmo de libertar seus
2,7), conhece todas as pessoas antes de solidariedade com os mais fracos e ne- próprios familiares da opressão e da
sua existência. O v.5 afirma que Deus cessitados. E tudo desculpa, tudo crê, miséria, por isso não serve.
conhecia Jeremias antes de seu nasci- tudo espera, tudo suporta (v.7).
mento, antes mesmo de sua concepção O segundo obstáculo é a busca de
no seio de sua mãe. Deus o consagrou, Todos os carismas são passageiros. milagres em Nazaré, como fez em Ca-
o separou para uma missão especial. Tudo passa. Só o amor permanece. Tudo farnaum. Querem o exibicionismo de
A missão é ser profeta para as nações. é limitado e imperfeito. Só o amor não Jesus, atuando em seu próprio favor.
tem limites, só amor é prefeito, coisa Mas Jesus se recusa a cair nas tenta-
A revelação dessa missão acontece de adultos na fé (v.11). Fé, esperança e ções de 4,1-12. Por esses dois obstácu-
agora no tempo do rei Josias, por vol- amor, sim, devem ser levados em con- los, o hoje da salvação não se realiza
ta de 627 a. C. Ela missão mergulhará o ta, pois eles nos introduzem desde já para o povo de sua terra.
profeta em muitos conflitos. Fortalecido no domínio das realidades que nun-
por Deus, o profeta deve anunciar tudo ca passarão. No fundo, até mesmo a Acontece com Jesus o que acontece-
sem medo. O profeta é enviado contra fé e a esperança só permanecem neste ra com os profetas: não é bem acolhido
os reis de Judá e seus ministros, ou se- em sua pátria. Rejeitado pelo seu povo,
ja, o poder que faz política em próprio mundo, portanto são também passa- Jesus anuncia a abertura para os pa-
benefício. Contra os sacerdotes, o poder geiras. No céu, serão substituídas pe- gãos com dois episódios. Elias, no tem-
religioso coligado ao poder político pa- la visão de Deus face a face (cf.v.12). No po da fome, apesar de saber que havia
ra usufruir privilégios. Contra os pro- céu, só haverá de permanecer o AMOR. muitas viúvas em Israel, vai socorrer
prietários de latifúndios, o poder econô- uma viúva estrangeira em Sarepta, na
mico, que explorava os pequenos agri- 3. O Messias rejeitado. O v. 21 anun- Sidônia (cf. 1Rs 17). Eliseu, por sua vez,
cultores e até os expulsava do campo. cia a realização da Escritura no hoje sabendo que havia muitos leprosos em
da vida do povo, que está escutando Israel, purifica o sírio Naamã (cf. 2Rs 5).
Os três poderes perseguirão o pro- Jesus. Só vai depender da aceitação.
feta, que não deve temê-los (v.17), pois Há num primeiro momento a predis- Jesus quer dizer que, quando o po-
Deus estará com ele (v.19) e vai forta- posição dos ouvintes em escutar Je- vo rejeita os profetas, Deus aproveita
lecê-lo como uma fortaleza, uma co- sus. Prestam-lhe testemunho e se es- para mostrar seu amor aos que estão
luna de ferro, uma muralha de bron- pantam com suas palavras, que lhes fora de Israel. E os de fora acolhem o
ze (v.18). Contra quem a comunidade anunciavam a graça e o amor benevo- Deus dos profetas e sua mensagem.
exerce hoje a missão profética? lente de Deus. Mas, num segundo mo- Sua fé é até mesmo maior que a do po-
mento, o povo opõe dois obstáculos à vo escolhido. Assim, Lucas apresenta a
2. O amor não passa. Sem o amor-á- mensagem de Jesus. A pergunta: “Não mensagem universal de Jesus aberta
gape é impossível a solidariedade na é esse o filho de José?” implica a rejei- a todos os povos. Eles entendem o que
unidade de um só corpo. Embora fa- ção de um Messias simples, comum, Jesus queria dizer e se enchem de có-
le do amor de Deus, ou seja, do amor lera, expulsam Jesus da cidade e que-
com o qual Deus ama, 1Cor 13 não fa- [36 OLUTADOR [ JANEIRO 2019 rem precipitá-lo morro abaixo. É uma
la diretamente do amor de Deus, mas prefiguração do assassinato do profe-
do amor aos irmãos. ta de Nazaré por parte de Israel. O v. 30,
sem forçar a presença de um milagre,
Mostrando a superioridade do amor, quer indicar que o itinerário de Jesus
Paulo enumera os dons mais ambicio- para Jerusalém, onde morrem os pro-
sos: falar em línguas, profecia, ciên- fetas, começa aqui (cf. v. 9,51). Por is-
cia, mesmo a fé, a “caridade-esmola” so Jesus passa no meio deles e segue
e até o sacrifício da própria vida. Se tu- seu caminho.
do for feito por vaidade e orgulho, sem
amor-solidário, nada vale. Como nós, cristãos, estamos aco-
lhendo hoje a mensagem de Jesus?]

Homilética [ 10•02•2019 “Avance
para águas
mais profundas.”

Leituras da Semana (Lc 5,4b)

5º Domingo [dia 11: Gn 1,1-19; Sl 103[104],1-2a.5-6.10.12.24.35c; Mc 6,53-56
do Tempo [dia 12: Gn 1,20 – 2,4a; Sl 8,4-5.6-7.8-9; Mc 7,1-13
Comum [dia 13: Gn 2,4b-9.15-17; Sl 103[104],1-2a.27-28.29b-30; Mc 7,14-23
[dia 14: Gn 2,18-25; Sl 127[128],1-2.3.4-5; Mc 7,24-30
[dia 15: Gn 3,1-8; Sl 31[32],1-2.5.6.7; Mc 7,31-37
[dia 16: Gn 3,9-24; Sl 89[90],2.3-4.5-6.12-13; Mc 8,1-10

Leituras: Is 6, 1-2a.3-8; b) Ele foi sepultado; o sepulcro constata a los é um prolongamento da missão de
Sl 137[138]; 1Cor 15,1-11; Lc 5,1-11 morte de Jesus e o fim de sua vida terrena. Jesus. Apresenta também duas condi-
c) Ele ressuscitou ao 3o dia, segundo o ções fundamentais para ser discípulo
1. Vocação do profeta. O texto descreve próprio Jesus tinha anunciado. e missionário: dar atenção especial à
o chamado do grande profeta Isaías, no d) Ele apareceu a Cefas (Pedro) sozi- Palavra do Mestre e deixar tudo.
ano 739 a.C., durante numa liturgia no nho e depois aos 12. As aparições que-
Templo de Jerusalém, quando se cele- rem inaugurar uma nova presença de O texto mostra a multidão famin-
brava a realeza universal de Deus, can- Cristo no meio de nós. ta da Palavra de Deus. Os pescadores
tando o Salmo 99. O profeta tenta escre- com suas redes vazias representam
ver a sua profunda experiência interior. Paulo continua o texto dizendo que a situação do povo. Depois Jesus sobe
mais tarde Cristo apareceu a mais de na barca, de onde ele pode encarar o
Deus é o Senhor absoluto da histó- 500 irmãos de uma vez; depois a Tia- povo de frente com suas faces abati-
ria, reina sobre o universo inteiro. Seu go e aos apóstolos todos juntos. Por úl- das e angústias transparentes. Ele se
trono majestoso é o céu, mas as franjas timo, apareceu também a ele, Paulo, assenta. É a posição de quem ensina.
das suas vestes invadem o santuário “como a um abortivo”. É bom observar O texto não diz o que Jesus ensinava,
do Templo. Isaías não vê a face de Deus, no texto a preocupação de que a inicia- mas certamente ele profere palavras
só a barra de seu manto, mas com isso tiva é sempre de Deus, a fé viva como de libertação e solidariedade.
o profeta já sente a plenitude de Deus resposta da comunidade primitiva e
e percebe que sua realeza ultrapassa o impulso a transmitir a experiência Jesus, não era pescador, mas dá or-
a imensidão do infinito. vivida (cf. a 1ª Leitura). dens a um mestre em pescaria. Simão,
delicadamente, lembra a Jesus que ele
Os serafins proclamavam a profun- O que transmitimos hoje como con- e seus companheiros trabalharam a
da santidade de Deus dizendo: “Santo, teúdo básico da nossa fé? noite inteira. Mas Simão reconhece Je-
santo, santo”. Esta santidade consiste 3. Pescadores de homens. Lucas con- sus como Mestre e Senhor da Palavra
em sua coerência contínua na histó- densa vários fatos e mistura sua preo- da vida (cf. Jo 6,68). Eis a frase impor-
ria ao lado do seu povo, libertando-o e cupação fundamental de narrar a vo- tante de Simão Pedro: “Mas, em aten-
salvando-o, com justiça e retidão. Es- cação de Pedro com a vocação de outros ção à tua Palavra, vou lançar as redes”.
ses sinais de libertação constituem, discípulos. Com a pesca milagrosa, ele
para aqueles que têm fé, a glória de quer mostrar que a missão dos discípu- Diante de Jesus somos todos discípu-
Deus sobre a terra (v. 3b). los, aprendizes. Sua palavra é a palavra
JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]37 da vida, capaz de transformar situações
Isaías se sente pequeno, pecador e carentes em conforto e alegria. Foi o que
perdido (v. 5), mas Deus cuida de seus aconteceu. Jesus mandou lançar as re-
profetas e os capacita para a missão. des e pescaram como nunca (vv. 4-8).
Através do seu anjo, Deus purifica o
profeta, perdoa-lhe o pecado e o envia Simão reage como Isaías. Reconhe-
em missão para transmitir ao povo a ce-se pecador diante da santidade do
experiência que acaba de viver. seu Senhor. “Senhor” é o título que Je-
sus recebe depois da ressurreição. A
É durante uma liturgia que o profe- pesca quer simbolizar, na verdade, a
ta se sente tocado e é capaz de se com- grande vitória de Cristo sobre a mor-
prometer, dizendo: “Aqui estou, envia- te e o resultado da pregação apostó-
me!” Nossas liturgias são capazes de lica. A abundância de peixes aponta
suscitar profetas? para a quantidade de futuros conver-
tidos. Como Isaías, Pedro também é
2. Testemunhas da ressurreição. Entre acolhido e transformado em mensa-
os problemas e dúvidas da comunidade geiro da Palavra, em pescador de ho-
de Corinto, estava a ressurreição de Jesus. mens. Diante de tudo isso, ele e seus
Paulo enumera 4 artigos de fé dos apóstolos: companheiros deixaram tudo e se-
a) Cristo morreu por nossos pecados, guiram a Jesus.
isto é, em nosso favor, em nosso lu-
gar, conforme as Escrituras tinham Que valor nós estamos dando à Pa-
anunciado. lavra de Deus? Estamos partilhando
das angústias e sofrimentos do povo?]

Homilética [ 17•02•2019 “Felizes de vocês,
os pobres...”

(Lc 6,20b)

6º Domingo Leituras da Semana
do Tempo
Comum [dia 18: Gn 4,1-15.25; Sl 49[50],1 e 8.16bc-17.20-21; Mc 8,11-13
[dia 19: Gn 6,5-8; 7,1-5.10; Sl 28[29],1a.2.3ac-4.3b.9b-10; Mc 8,14-21
[dia 20: Gn 8,6-13.20-22; Sl 115[116B],12-13.14-15.18-19; Mc 8,22-26
[dia 21: Gn 9,1-13; Sl 101[102],16-18.19-21.29.22-23; Mc 8, 27-33
[dia 22: 1Pd 5,1-4; Sl 22[23],1-3a.3b-4.5.6; Mt 16,13-19
[dia 23: Hb 11,1-7; Sl 144[145],2-3.4-5.10-11; Mc 9,2-13

Leituras: Jr 17,5-8; Sl 39 [40]; Ora, faz parte dos artigos de nossa Evangelho, e o contraste entre as bem
1Cor 15, 12-16-20; Lc 6, 17.20-26 fé, comum a Paulo, que Cristo morreu e -aventuranças e as “mal-aventuran-
ressuscitou. É isso que os cristãos pre- ças” o confirma.
1. Entre a bênção e a maldição. Ju- gavam e as Escrituras anunciavam. E
dá sempre teve a tentação de confiar se os mortos não ressuscitam, tam- Um primeiro ponto é que o Reino
nos exércitos estrangeiros, ao invés de bém Cristo não ressuscitou, e estamos de Deus é dos pobres, por isso são
pôr sua confiança no Senhor, fato que assim invalidando as Escrituras e as bem-aventurados e felizes. Desde já,
conserva sua atualidade. Confiar em próprias palavras de Cristo. Para Pau- são cidadãos do Reino e já iniciam a
sistemas sociais, políticos ou socioe- lo, as testemunhas oculares das apa- nova sociedade que Jesus veio inau-
conômicos, confiar em partidos, nas rições são a maior prova da ressurrei- gurar. Eles são os que agora choram
forças das armas ou potências inter- ção de Cristo. e terão um futuro conflitivo neste
nacionais só gera escravidão. A única mundo, pois para eles estão reser-
dependência que liberta e gera vida é Paulo enumera as consequências vados, da parte dos cidadãos deste
a adesão ao Deus da vida. da negação da ressurreição de Cristo: mundo, o ódio, a expulsão, o insul-
to e a maldição.
Nosso texto diz duas coisas, segui- - Nossa fé seria pura ilusão (v.17).
das da expressão: “maldito o homem - A redenção não teria sido rea- Tudo isto porque eles pertencem a
que confia no homem e bendito o ho- lizada, ou seja, todos estaríamos Cristo e seu Reino, mas deve ser moti-
mem que confia no Senhor”. É um co- ainda mergulhados no nosso pe- vo de alegria e exultação, pois esta foi
mentário de Dt 30, 15-19b: “Eis que ho- cado sem possibilidade de perdão a sorte dos profetas e, como os profe-
je estou colocando diante de ti a vida (v.18). tas, também eles terão uma grande
e a fidelidade, a morte e a infelicidade recompensa no céu. É por isso que a
[...] Escolhe, pois, a vida para que vivas - Seriamos os mais dignos de com- segunda parte de cada bem-aventu-
tu e a tua descendência...” paixão entre todas as pessoas. rança assegura uma promessa: sereis
saciados, havereis de rir...
O homem que confia no homem e Mas, na realidade, nossa esperança
têm seu coração afastado do Senhor em Cristo não foi colocada só para esta Porque os pobres passam por tudo
é comparado aos arbustos desfolha- vida, pois Cristo ressuscitou dos mor- isso? Porque os ricos não querem mu-
dos do deserto, que não veem a ale- tos como primícias dos que morreram danças nas relações sociais. Querem
gria da floração. Entretanto, o homem (v.20). Em 1Cor 12, Paulo afirma que so- manter seus privilégios, seu status, seus
que confia no Senhor é como a árvore mos membros do corpo ressuscitado bens. Eles se alegram como sofrimento
plantada junto às águas. Está sem- de Jesus. Daí o respeito que devemos dos pobres. Seus antepassados já ma-
pre verde e dá frutos mesmo em tem- ter pelo nosso corpo e pelas pessoas, tavam os profetas que anunciavam a
pos de seca. pois fazemos parte do Corpo de Cristo mudança através da justiça, da parti-
e somos destinados à ressurreição e a lha e solidariedade.
Quem confia só em si mesmo tor- viver para sempre com ele.
na-se autossuficiente e tenta ocupar Os ricos são infelizes, são mal-a-
o lugar de Deus, que é o único Absolu- É assim que tratamos o nosso cor- venturados aos olhos de Deus e sua re-
to. Quem confia só nas pessoas faz de- po e as pessoas? compensa já está na consolação aqui
las um ídolo, um absoluto, e se torna e agora. Amanhã, eles pedirão ao Pai
suas escravas. Nossa confiança deve 3. Bem-aventurados os pobres. Que Abraão para deixar Lázaro refrescar
estar no Deus da vida. a preferência de Jesus é pelos pobres a língua deles com uma gota d’água
marginalizados, está claro em todo o (cf. Lc 16, 24), mas não obterão este fa-
Na prática, em quem você põe sua vor. Eles são os que agora têm fortuna,
confiança? [38 OLUTADOR [ JANEIRO 2019 agora riem, agora são elogiados. Eles
simbolizam os falsos profetas. Ama-
2. Ressuscitar com Cristo. Na comu- nhã eles vão passar fome, vão ver lu-
nidade de Corinto, alguns negavam a to e lágrimas.
ressurreição dos corpos e se conforma-
vam à filosofia grega, que só valoriza o Nós partilhamos das lutas dos po-
espírito, em detrimento do corpo. Para bres para a construção de uma nova
eles, se Cristo ressuscitou ou não, pou- sociedade, onde desaparecerão o or-
co acrescentava à condição humana. gulho e o egoísmo dos ricos, e haverá
partilha e solidariedade?]

Homilética [ 24•02•2019 “Amem os seus
inimigos...”

(Lc 6,27b)

7º Domingo Leituras da Semana
do Tempo
Comum [dia 25: Eclo 1,1-10; Sl 92[93],1ab.1c-2.5; Mc 9,14-29
[dia 26: Eclo 2,1-13; Sl 36[37],3-4.18-19.27-28.39-40; Mc 9,30-37
[dia 27: Eclo 4,12-22; Sl 118[119],165.168.171.174.175; Mc 9,38-40
[dia 28: Eclo 5,1-10; Sl 1,1-2.3.4.6; Mc 9,41-50
[dia 1º: Eclo 6,5-17; Sl 118[119],12.16.18.27.34.35; Mc 10,1-12
[dia 2: Eclo 17,1-13; Sl 102[103],13-14.15-16.17-18a; Mc 10,13-16

Leituras: 1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23; braico, adamáh), mas com o sopro de - “Sede misericordiosos, como vos-
Sl 102 [103]; 1Cor 15,45-49; Lc 6, 27-38 Deus é que se tornou um “ser vivo”. O so Pai também é misericordioso.”
segundo Adão é em si mesmo um “es-
1. O inimigo poupado. Saul, o 1º rei de pírito vivificante”, ou seja, gerador de - “Com a mesma medida com que
Israel, tem ciúmes de Davi, e o vê como vida. Jesus Cristo, vem do céu; é, por- medirdes os outros, vós também se-
rival. Davi foge para o deserto e Saul o tanto, celeste. reis medidos.”
procurava com um exército de 3.000
soldados. O texto mostra uma atitu- Do primeiro Adão, homem terres- Jesus diz o que fazer com nossos ad-
de bonita de Davi. Hoje, diríamos uma tre, herdamos tudo o que é terrestre, versários: amar, fazer o bem e rezar
“atitude cristã”. frágil, perecível, pecaminoso, conde- por eles. E parece explicar como se faz
nável; herdamos a morte. Dele vem isto: através da mansidão e generosi-
Davi e Abisai vão para o acampamen- a nossa solidariedade no mal, nossa dade, oferecendo a face, deixando le-
to do rei e o encontram com seus sol- tendência para o pecado. Do segundo var a túnica, doando e não pedindo de-
dados, dormindo em profundo sono. A Adão, Jesus Cristo, herdamos tudo o volução do que foi roubado.
lança de Saul estava no chão. Saul que- que é celeste, a graça, a solidariedade
ria matar Davi a todo custo e este não no bem, a ressurreição e a vida. Ho- “O que vós desejais que os outros
tem oportunidade melhor para ma- je, refletimos a imagem do homem vos façam, fazei-o também vós a
tar seu inimigo. Não lhe faltou o con- terrestre, com suas fragilidades. Mas eles”. Esta é uma “regra de ouro” pa-
selho e o ímpeto de Abisai, que queria um dia a imagem do homem celeste ra a vida cristã. Depois Jesus expli-
cravá-lo em terra com uma lançada ofuscará a imagem do homem ter- ca que amar só a quem nos ama,
só. Qual foi a atitude de Davi? Impe- fazer o bem e emprestar só a quem
diu o gesto violento. restre e refletiremos a o resplendor nos pode pagar, não é novidade ne-
do divino na glória da ressurreição. nhuma. Isto não merece recompen-
Davi intuiu, mil anos antes de sa, porque até os pecadores sabem
Cristo, que devemos amar até nos- No seu modo de ser e agir, você re- fazer assim. Nossa recompensa, ao
sos inimigos (Evangelho). Reconhe- flete uma imagem clara ou obscura contrário, será grande se amarmos
ceu ainda a justiça de Deus e respei- de Deus? os nossos inimigos. Jesus nos ensi-
tou profundamente o ungido do Se- na o verdadeiro amor, que é amar
nhor, mesmo sabendo que o rei ali- 3. Amar o inimigo. É o assunto prin- sem interesses.
mentava um ódio mortal contra ele. cipal do Evangelho de hoje, pois amar
Davi pega a lança do rei e sua bilha os amigos até o pagão e o pecador sa- “Sede misericordioso, como tam-
de água e, de longe, mostra sua ino- bem fazer. Sobre isto podemos salien- bém vosso Pai é misericordioso”. Deus
cência e sua confiança na justiça de tar três frases fortes: é nosso Pai, mas só seremos verda-
Deus. O texto mostra as qualidades deiramente filhos do Altíssimo, se
do futuro rei Davi. Ele não é usurpa- - “O que vós desejais que os outros vivermos o desafio de amar até os
dor do poder e reconhece que o rei é vos façam, fazei-o também vós a eles.” próprios inimigos, pois o Pai é bon-
o ungido do Senhor. Davi crê na jus- doso também para com os ingratos
tiça de Deus e não quer fazer justiça JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]39 e maus.
com as próprias mãos. De certo mo-
do, ele antecipa o respeito e o amor Misericórdia significa “dar o co-
cristão aos inimigos. ração aos míseros”, i. é, aos ingra-
tos, aos maus, aos necessitados. Es-
Qual seria sua atitude e estivesse ta é a abertura máxima do coração
no lugar de Davi? misericordioso do Pai. Assim tam-
bém deve ser o nosso. Eis o desafio
2. O homem espiritual. Cristo é visto do ser cristão: não julgar, não con-
como um segundo Adão, ou seja, um denar, perdoar e doar, pois Deus nos
novo começo para a humanidade. Se tratará do mesmo modo que trata-
com o primeiro Adão vieram a fragi- mos os outros.
lidade e a morte, com o segundo, que
é Jesus Cristo, vieram a força e a vida. A terceira frase nos faz tremer: “por-
O primeiro Adão veio da terra (em he- que com a mesma medida com que me-
dirdes os outros, vós também sereis
medidos”. Qual das três frases fortes
sacode mais o ser cristão?]

Homilética [ 3•03•2019 “Perdoem
e serão perdoados.”

(Lc 6,37c)

8º Domingo Leituras da Semana
do Tempo
Comum [dia 4: Eclo 17,20-28; Sl 31[32],1-2.5.6.7; Mc 10,17-27
[dia 5: Eclo 35,1-15; Sl 49[50],5-6.7-8.14 e 23; Mc 10,28-31
[dia 6: Jl 2,12-18; Sl 50[51],3-4.5-6a.12-13.14.17; 2Cor 5,20 – 6,2; Mt 6,1-6.16-18
[dia 7: Dt 30,15-20; Sl 1,1-2.3.4 e 6; Lc 9,22-25
[dia 8: Is 58,1-9a; Sl 50[51],3-4.5.6a.18-19; Mt 9,14-15
[dia 9: Is 58,9b-14; Sl 85[86],1-2.3-4.5-6; Lc 5,27-32

Leituras: Eclo 27,5-8; Sl 91[92]; sequências práticas de sua doutrina. suscitou e com ele todos nós ressus-
1Cor 15,54-58; Lc 6,39-45 Em Corinto, uns negavam a ressurrei- citaremos.
ção e desvalorizavam o corpo, pois não
1. A boca e o coração. A preocupação acreditavam na vida além da morte; 3. Ser como o Mestre. O Discípulo não
da 1ª Leitura é com a língua. O homem outros só afirmavam a imortalidade é maior que o mestre, pode ser no má-
se revela com sua conversa. O autor da alma, em consequência da menta- ximo como o mestre. Quem é o Mes-
apresenta três experiências da sua vi- lidade grega dualista, que ensina que tre? É o próprio Jesus, e ele não veio
da e tira três conclusões: a peneira sa- o homem é composto de alma e cor- para julgar, nem para condenar (v. 37).
cudida que só deixa refugos, os vasos po, a alma é boa e o corpo não presta. Uma comunidade sem julgamentos é
provados ao forno e os frutos das ár- Os cristãos estavam deixando-se levar uma comunidade renovada, segundo
vores. Assim, “os defeitos de um ho- por esta mentalidade e até negando a o coração do Mestre.
mem aparecem no falar”, “o homem ressurreição de Jesus.
é provado por sua conversa”, “a pala- “Cisco no olho” significa um erro,
vra mostra o coração do homem”. E a Paulo mostra a unidade do homem. falta ou pecado. Facilmente enxer-
conclusão: “Não elogieis a ninguém, O homem é um corpo animado, ou o gamos o erro do nosso irmão, mas
antes de ouvi-lo falar, pois é no falar espírito encarnado. Ele nasce assim dificilmente enxergamos o nosso,
que o homem se revela”. e ressuscita assim. Paulo afirma a que muitas vezes é maior (= trave,
vitória final da vida sobre a morte, em contraposição a cisco, graveto).
Todo mundo tem experiência de so- Enxergar e querer corrigir o erro do
bra sobre o que o autor está falando. quando “este ser mortal estiver ves- outro já é um julgamento, e só a Deus
Fala-se que Deus nos deu dois ouvidos tido de incorruptibilidade”, de imor- cabe julgar. Jesus chama de hipó-
e uma só boca para escutarmos mais talidade. O homem todo na sua carne crita quem pretende corrigir o ou-
e falarmos menos. É bom conversar e no seu espírito, corpo e alma, será tro, quando seus próprios erros são
com uma pessoa que sabe escutar, que ressuscitado. maiores.
não fala o tempo todo, mas valoriza
a opinião da gente. Quem fala pouco, “Portanto os cristãos precisam ser Na verdade, ele quer que evitemos
erra menos. firmes e inabaláveis na fé que rece- uma religião de hipocrisia e julgamen-
beram, e devem empenhar-se cada tos, quando todos nós temos falhas
Este texto é do início do séc. II, quan- vez mais na obra do Senhor”, num e pretendemos ser guias e juízes dos
do os Selêucidas dominavam a Judeia, agir conforme o espírito de Cristo, outros. Ele não ensina que não deve-
impondo o imperialismo cultural e re- traduzido na atividade apostólica mos ajudar o irmão a sair do erro, mas
ligioso. O povo devia mudar sua reli- e sintetizado no mandamento do que devemos estar atentos com o nos-
gião e seus costumes e adotar a reli- amor-serviço. so proceder correto e misericordioso:
gião, a língua e os costumes gregos. ser como mestre.
Em outras palavras, o povo corria o Trabalho inútil? Não. Paulo faz ques-
risco de perder sua identidade diante tão de frisar que é preciso trabalhar na Quem é bom tem um coração do
da nova ideologia do império. Obra do Senhor, conscientes de que o qual saem coisas boas. Quem é mau
cansaço do cristão engajado não será tem um coração do qual só saem coi-
O objetivo do Livro de Eclesiástico é em vão. Tudo isso porque Cristo res- sas más. “A boca fala do que o cora-
preservar a identidade do povo, con- ção está cheio.” Jesus, o Mestre, é a
servar suas raízes culturais e religio- [40 OLUTADOR [ JANEIRO 2019 árvore boa, é o homem do coração
sas e manter a fé. Os dominadores que- bom. O discípulo fiel vai agir como
riam destruir tudo isso para unificar um Mestre.
o Império.
Procuramos imitar o bem que há
2. A obra do Senhor. Paulo apresenta nos outros e evitar o mal que enxer-
o triunfo da vida sobre a morte, graças gamos nos outros? Não seria melhor
à ressurreição de Cristo, e tira as con- empreendermos um esforço novo de
elogiar mais do que criticar?]

Mensagens [ Poesia & Sabedoria

[ Poema para o mês de janeiro [ Palavra de sabedoria
“O santo que vive entre seus
Dá-nos a paz!
irmãos, como um deles,
DOM PEDRO CASALDÁLIGA comendo, bebendo, rezando,

Dá-nos Senhor aquela Paz inquieta trabalhando no mundo dos
que denuncia a paz dos cemitérios homens, tem a sua vida

e a paz dos lucros fartos. profunda oculta em Cristo.
Dá-nos a Paz que luta pela Paz! É este o seu segredo. Cristo
foi a voz que chamava diante
A Paz que nos sacode
com a urgência do Reino. da porta. Era também a
porta, o caminho, o veículo,
A Paz que nos invade
como vento do Espírito, o movimento e a força
que tudo arrastava. Era o
a rotina e o medo, princípio, o meio e o fim... um
o sossego das praias fim que nunca termina.”
e a oração de refúgio.
YVES RAGUIN
A Paz das armas rotas
na derrota das armas. JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]41
A Paz do pão da fome de Justiça,
a Paz da liberdade conquistada,
a Paz que se faz nossa,
sem cercas nem fronteiras,
que tanto é “Shalom” como “Salam”,
perdão, retorno, abraço.

Dá-nos a tua paz,
essa Paz marginal
que soletra em Belém
e agoniza na Cruz
e triunfa na Páscoa.
Dá-nos, Senhor, aquela Paz inquieta,
que não nos deixa em paz!

Variedades [ Culinária & Dicas de português

[ Não Tropece na Língua

[ FAZER O QUÊ? E OUTROS QUES SEM ACENTO CIRCUNFLEXO

dFe craigmidaerirãao Acentua-se o ‘que’ neste caso: Fa- Há, contudo, uma situação que
Ingredientes zer o quê, Fernando? (quando a fra- deixa muitos brasileiros em dúvi-
se termina com um vocativo) da: é justamente quando o “que” soa
1kg de camarão; caldo de 1 li- como tônico mas não vem no fim
mão; 1 xícara de azeite; 10 ovos [CARLOS EDUARDO MIRANDA, da frase – ao menos a frase enten-
inteiros; 1 dente de alho soca- SÃO PAULO, SP dida como um enunciado de sen-
do; 1 maço de coentro; 250g de tido completo que se conclui com
tomates; 1 maço de cheiro-ver- Pela norma oficial, não. Reza o For- um ponto (final, de exclamação ou
de; 1 pimentão verde; 1 xícara mulário Ortográfico de 1943 (na 14ª de interrogação). É para evidenciar
(café) de azeite de dendê; 1 xí- regra da Acentuação Gráfica - Obs.) essa tonicidade que alguns reda-
cara de leite de coco; 2 cebolas; que o acento circunflexo deve ser tores usam o “que” acentuado no
sal e pimenta, a gosto. usado como distintivo ou diferen- meio da frase ou antes de acaba-
cial entre “porquê (quando é subs- do o período:
Modo de fazer tantivo ou vem no fim da frase) e
porque (conj.)” e entre “quê (s.m., - Fazer o quê, Fernando?
Limpar os camarões, aferven- interj., ou pron. no fim da frase) e - Está pensando em quê, fofura?
tá-los e passá-los na máquina que (adv., conj., pron. ou part. exple- - São leituras, então, que inter-
de moer carne. Fazer um bom tiva)”. Vamos exemplificar essa re- medeiam o quê, para quê, através
refogado com os azeites e to- gra quanto aos dois últimos “ques”: de quem.
dos os temperos. Bater esse re-
fogado no liquidificador. Vol- Com acento circunflexo: Não se pode considerar o acento grá-
tar ao fogo e juntar os cama- - Substantivo masculino: Seu olhar fico um erro nesses casos, de mo-
rões, o caldo do limão e o leite tem um quê de misterioso e vago. do algum. Mas pelo sim, pelo não,
de coco. Deixar cozinhar bas- é uma boa opção ater-se ao precei-
tante até reduzir bem o caldo. - Interjeição: Quê! isso é intriga. tuado na gramática e não acentuar o
Misturar os ovos batidos (co- “que” situado no meio da frase, com
mo para omelete) a essa mas- - Pronome em fim de frase: Fumar ou sem pontuação na sequência. As-
sa. Colocar numa assadeira (de pra quê? / Ele falou não sei o quê. / sim o fizeram as pessoas que escre-
barro, de preferência) e enfei- Analise como e por quê. veram os períodos abaixo:
tar com as rodelas de tomate e
de cebola. Levar ao forno para Sem acento: - Por que, Senhor?
assar. Fica esponjoso e úmido.] - Advérbio: Que beleza! - O Washington e toda a equipe
da W/Brasil mantiveram o frescor
Do livro - Conjunção: O ministro disse que da campanha por 26 anos. Parar por
vai pensar no caso. que, então?
“Cozinhando sem Mistério”, - O redator-chefe de Primeira Lei-
- Pronome: É linda a casa que cons- tura responde, numa reportagem
de Léa Raemy Rangel truíram. sobre desinvestimento, o que e por
& que mudar.
- Partícula expletiva: Que doce que - Cometemos de fato o equívoco
Maria Helena M. de Noronha ela é! apontado, pelo que nos desculpamos.
Ed. O Lutador, Belo Horizonte, MG - Pedimos que nos envie o recibo
Em suma: escreve-se o que com e a nota fiscal, sem o que não reali-
Pedidos acento para marcá-lo como monos- zamos nenhuma troca.
0800-940-2377 sílabo tônico, da mesma forma que - Para elas, mudou o que neste
livraria.olutador.org.br se faz com dê, lê, sê, e essa tonici- meio século? O penteado?
dade ocorre com o que quando in- - E se o barco afundar, vamos fa-
[email protected] terjeição ou substantivo e quando zer o que, Presidente?]
pronome no final da frase.
Fonte: Língua Brasil
[42 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

Mundo [ Os ventos...

JOSÉ EUSTÁQUIO DINIZ ALVES frequência e de intensidade e, ob- zem chuva, agitam o oceano e pro-
viamente, não dá para ignorar o vocam inundações. [...]
OS FURACÕES – que aconte- efeito do aquecimento global, que
cem no Atlântico Norte e é intensificado pelo aumento das A terra está se tornando
no Pacífico entre o Havaí emissões de gases de efeito estufa, um local perigoso.
e a costa oeste dos EUA –, gerados pelo crescimento exponen- Portanto, a recente onda de eventos
os tufões – no Pacífico en- cial das atividades antrópicas, es- catastróficos não é mera anomalia.
tre o Havaí e o leste asiáti- pecialmente a queima de combus- O sistema climático está cada vez
co - e os ciclones no hemisfério sul tíveis fósseis, o desmatamento e a mais desequilibrado, em função do
e no Oceano Índico – são fenôme- expansão da pecuária. modelo “Extrai-Produz-Descarta”.
nos provocados pelo aquecimento Os últimos quatro anos (2014-2017)
da superfície do mar, que faz eva- Por conta da maior concentração foram os mais quentes já registra-
porar a água em ritmo mais acele- de CO2 e outros gases de efeito estu- dos no Holoceno, e tudo indica que
rado, formando nuvens de chuva. fa (como o metano) na atmosfera, o mundo assistirá a temperaturas
Isto faz cair a pressão atmosférica a temperatura do Planeta já subiu mais extremas nos próximos qua-
e favorece a subida do ar, retroali- cerca de 1°C em relação às tempe- tro anos.
mentando a evaporação. Este fenô- raturas pré-industriais. Os desas-
meno intensifica as correntes de tres naturais aumentam em decor- Infelizmente, em vez de confron-
vento oceânicas que passam a se rência dos efeitos da mudança cli- tar essa ameaça à espécie humana
movimentar em espiral, podendo mática. [...] e às demais espécies vivas da Ter-
atingir velocidades muito altas. ra, a humanidade, egoisticamen-
O fato é que um mundo mais te, reforça o mito do crescimento
Pela escala Saffir-Simpson, o ci- quente traz furacões/tufões/ciclo- econômico acreditando no mantra
clone extratropical tem ventos até 117 nes mais destruidores, pois a com- que diz que a qualidade de vida de-
km/h. Na categoria 1: os ventos vão binação de maior temperatura das pende do aumento das atividades
de 118 a 152 km/h; na categoria 2: de águas oceânicas e maior umidade antrópicas.
153 a 176 km/h; categoria 3: de 177 a 207 do ar funciona como um catalisador
km/h; categoria 4: de 208 a 250 km/h destes redemoinhos. A ciência mos- Contudo, a economia não pode
e categoria 5: acima de 251 km/h. tra que as tempestades são mais for- ser maior do que a ecologia e nem
tes em decorrência do aquecimen- a humanidade pode superar a ca-
Aumento de furacões, to global. As leis da termodinâmica pacidade de carga da Terra. Ou a
tufões e ciclones não deixam dúvida de que as mu- civilização muda o rumo que está
Nos últimos anos os furacões, tu- danças climáticas estão aumento levando ao aumento da probabili-
fões e ciclones têm aumentado de a frequência e o poder de destrui- dade de um colapso ambiental ou
ção dos eventos extremos que tra- haverá de lidar com um colapso ci-
vilizacional. [...]
JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]43
Ou seja, o cenário da “Terra Estu-
fa”, aumenta a possibilidade de fu-
racões, tufões e ciclones de categoria
6, o que traria grande sofrimento e
grande prejuízo para a humanida-
de e afetaria todos os seres vivos do
Planeta. Seria algo parecido com o
apocalipse, só que provocado pela
crescente interferência humana e
pela dimensão da economia que,
no conjunto, se transformaram em
forças globais de rompimento do
equilíbrio homeostático da Terra.

O Furacão Florence e o Tufão Man-
gkhut são apenas sinais de uma ca-
tástrofe de maiores dimensões que
está ocorrendo “à prestação”, mas são
um aviso do muito que está por vir.]

Fonte: EcoDebate

ALEXANDRE KALACHE Sociedade [ Os países desenvolvidos primeiro

ENVELHECENDO é gerúndio, país mais velho do mundo. Só que lha, que educação recebe, que trans-
porque ninguém envelhece eles estão preocupados com o en- porte utiliza, onde se diverte, ama,
de repente. E é nas condi- velhecimento: têm centros de exce- convive. Quando isso falha, não tem
ções de vida em que a pes- lência, fazem pesquisas, desenvol- mais política de saúde.
soa vive, trabalha, se di- vem políticas, preparam quadros e
verte, se locomove, que os treinam profissionais. Nós estamos O envelhecimento tem de ser
anos de vida vão sendo so- envelhecendo na cegueira, sem pre- entendido na perspectiva do cur-
mados, diz Alexandre Kalache, uma paro. A população salta de 14% com so de vida. Ninguém acorda de re-
referência internacional quando o mais de 60 anos para 31% daqui a pente velho. E as pessoas aos 65, 85
assunto é envelhecimento e longe- 30 anos. A população idosa do Brasil ou 20 são o produto dos anos vivi-
vidade. Durante os 34 anos em que hoje chega a 30 milhões. Em 2050 dos. Para envelhecer bem é preci-
ficou afastado do Brasil, ele foi di- vamos ter 64 milhões. so juntar quatro capitais: vital, da
retor do Programa Global de Enve- saúde, do conhecimento e social.
lhecimento e Saúde da OMS. Desde Hoje adulto, amanhã idoso... Só que a maior parte dos brasilei-
2016, voltou a morar no Brasil. Pre- Ele é uma pessoa que tem um ensi- ros chega muito mal nessa velhi-
sidente do Centro Internacional de no público péssimo, que não conse- ce, desamparada e com uma pen-
são ruim. Não tem segurança ali-

Brasil envelhece em
Em 30 anos, seremos um país tão longevo como o
políticas para a população idosa pode transformar

Longevidade do Brasil, ele defende gue emprego digno para pagar uma mentar e habitacional. Tudo isso
o fortalecimento do SUS e alerta que seguridade social que o sustente da- faz parte de envelhecer na pobre-
o país tem até cinco anos para criar qui a 30 anos. E tudo em um con- za, na miséria, em um país muito
uma política de sustentabilidade do texto de trabalho formal precário, desigual. Esse é o contexto do cur-
envelhecimento. “Depois disso a ja- de ensino público que está pioran- so de vida de quem está hoje enve-
nela de oportunidade pode se fechar.” do, e ainda há o congelamento dos lhecendo no Brasil. Não sei como
gastos sociais, que piora tudo. alguém pode culpar a pessoa que
Impactos do envelhecimento chegou mal à velhice e dizer que
Os países desenvolvidos primeiro A saúde é criada no contexto da ela não se cuidou, que não é resi-
enriqueceram para depois enve- vida cotidiana, onde a pessoa traba-
lhecerem; os países em desenvol-
vimento vão envelhecer na pobre- [44 OLUTADOR [ JANEIRO 2019
za. O desafio é muito maior em um
tempo mais rápido.

Na França, foram necessários
145 anos para dobrar a proporção
de idosos de 10% para 20%, de 1845
a 1990. Era um dos países mais ricos
e por seis gerações foi envelhecen-
do com recursos para desenvolver
políticas em resposta a esse fenô-
meno. O Brasil vai fazer essa tran-
sição em uma geração, em apenas
19 anos. Será um envelhecimento
extremamente rápido.

Em 2050, seremos tão envelheci-
dos quanto o Japão de hoje, que é o

enriqueceram para depois envelhecerem...

liente e que a culpa é dela pelo seu mas e evitar as complicações que vão forçar o SUS, ensinar quem vai vi-
estado de saúde. exigir hospitalização. Só isso pode ver e trabalhar tantos anos quanto
resolver as questões na base. É um eu. Trabalho há 48 anos, estou for-
Medicina para idosos? ciclo: a hipertensão pode ser preve- mado há 50 anos. Quem se formar
O currículo [das faculdades de me- nida, mas não se previne, e a pes- em 2020 e trabalhar tanto assim,
dicina] está adequado para um país soa pode ter hipertensão aos 35, 40, vai chegar a 2070. Serão 78 milhões
jovem e ensina mais sobre saúde 45 anos. Ela não encontra respos- de idosos no Brasil. Estamos qua-
materno-infantil. O atlas de ana- ta do sistema de saúde porque este se perdendo a chance, pois a jane-
tomia mostra um corpo jovem do está sendo dilapidado. Falta o me- la de oportunidades pode se fechar
sexo masculino no apogeu físico de dicamento certo, o que acaba com- em breve.
seus 25 anos, com todos os nervos, plicando o quadro. Aí vem obesida-
veias, músculos, tudo perfeito. Lin- de, diabetes e, aos 58 anos, a pessoa Hoje o país já nem é tão jovem. A
do. O médico verá outro corpo. Não tem um derrame em consequência ONU considera um país envelhecido
vai encontrar o baço de uma mu- da hipertensão, que poderia ter si- quando 14% da população têm mais
lher obesa de 88 anos, nem acertar do prevenida e que acaba custando de 60 anos, e nós estamos quase lá.
a dose de medicamentos, que é di- mais caro. Se essa pessoa não mor- Daqui a cinco anos vai ter mais ido-
sos do que jovens. Os problemas ten-
meio ao caos dem a se agravar se nada for feito. Se
Japão de hoje, mas a falta de não há jovens suficientes para en-
este fato num inferno. trar no mercado de trabalho, bem
formados, competitivos e produti-
ferente. Tudo muda. O infarto de- rer, poderá ficar 30 anos hemiplé- vos, teremos uma base menor para
pois de 75, 80, não dói e a infecção gica e necessitar de alguém que a sustentar mais idosos. [...]
urinária no idoso não apresenta os cuide. É um impacto enorme nas
sintomas esperados. famílias, especialmente nas mais A sociedade
pobres. não vê seus idosos?
O bom senso recomenda investir Sim. Por preconceito, por ser hedo-
na formação de quadros profissio- É por isso que eu vejo que, em vez nista, por cultivar a beleza física.
nais que saibam mais sobre enve- de desenvolvermos as melhores po- Não pode ter ruga, ser careca, ter
lhecimento, mas não estão fazendo líticas, estamos andando para trás. cabelo branco, tem que estar sara-
isso. No Brasil, hoje, há 1,3 mil ge- A cegueira dos responsáveis pelas do, faz parte da nossa cultura. O jo-
riatras, especialistas com título pa- políticas de saúde, que não enxer- vem é que é “bonito”. Não há respei-
ra uma população de quase 30 mi- gam a grande conquista que o SUS to, não há uma cultura de reverên-
lhões de idosos. Deveria ser um por é, está se transformando em uma cia ao idoso. Só que cultura não se
cada 2 mil idosos [15 mil geriatras]. bomba-relógio que vai explodir, e muda por decreto. Temos que infor-
Poucas escolas de Medicina têm Ge- rápido. mar, educar e batalhar para trans-
riatria. Mas eu entendo que é preci- formar.
so formar todos os profissionais de Estratégia
saúde para ter mais conhecimento Brasil Amigo do Idoso Hoje eu noto que a mídia fala
de como lidar com um organismo Eu não entendo como o mesmo go- mais em envelhecimento do que
ou uma mente de uma pessoa que verno que achata o nível de investi- antes. Pode não ser suficiente nem
está envelhecendo. [...] mento social, em educação e saú- se traduzir em política, mas fala.
de, e dificulta a situação do idoso, Entenda que a pessoa não envelhe-
O SUS e o envelhecimento tem a ousadia de falar de um Bra- ce diferente do que foi. Ninguém
O SUS foi uma grande conquista e sil Amigo do Idoso. Eu não acredito amanhece com 65 anos, mas en-
hoje está ameaçado. A única chan- nesse projeto. Qual seriam as ações velhece ao longo da vida. Envelhe-
ce de envelhecer bem é com um sis- mais importantes e urgentes? É pre- cendo é gerúndio. Por isso é im-
tema universal de saúde forte que ciso centrar na saúde comunitária, portante falar sobre o curso de vi-
funcione para absorver os proble- caprichar na atenção primária, re- da. Tem gente reclamando do en-
velhecimento como se fosse cul-
JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]45 pa do idoso.

Qual a alternativa? Ou você en-
velhece ou morre cedo...

(Entrevistado por Liseane Moro-
sini, na Revista Radis)]

Leigos [ A necessidade da presença...

Mensagem do I Congresso
Continental de Leigos e Leigas
COMO discípulos missionários do
Senhor, nós, cristãos leigos e lei- por sistemas capitalistas, neoliberais caminho de comunhão”, com o ob-
gas convocados pelo Conselho ou antidemocráticos, que tem gera- jetivo de cultivar o espírito de diálo-
Episcopal Latino-americano - do o desemprego e a ameaça à vida go, comunhão e missão. Como Igreja
CELAM, pela Conferência Nacional dos humana, a opressão das populações, em saída (cf. Evangelli Gaudium, 20-
Bispos do Brasil - CNBB e pelo Conselho em especial aos pequenos, vulnerá- 23), os cristãos leigos e leigas devem
Nacional do Laicato do Brasil - CNLB, veis e pobres e a violação da democra- preocupar-se e comprometer-se com
representantes da Argentina, Bolívia, cia. Frente a tudo isto, vê-se a necessi- a atual realidade eclesial, social, po-
Brasil, Colômbia, Equador, México, Pa- dade da presença dos cristãos leigos lítica e econômica, à luz do Evange-
raguai, Peru, Uruguai e Venezuela, nos e leigas no mundo social e eclesial. lho, auxiliados pelos instrumentos de
reunimos com a presença do CELAM e análise sociocientíficos.
do Dicastério para Leigos, a Família e Julgamos que a realidade
a Vida no Centro Mariápolis Ginetta, do continente, marcado Da mesma forma, precisam or-
em Vargem Grande Paulista, SP, en- por muitas injustiças, ganizar-se para um agir consciente
tre os dias 1º a 4 de novembro, para o I é uma contradição no social e no político, em conjunto
Congresso Continental de Leigos, com à visão cristã. com aqueles e aquelas que também
a temática do protagonismo do lei- buscam a transformação da realida-
go e da leiga segundo as experiências Os pobres, a opção primeira de Jesus de, rumo a uma sociedade que tem a
vividas nos pré-congressos regionais Cristo, são tratados hoje como objetos defesa vida como prioridade em sua
da América Latina e a carta do Santo em um sistema que mata (cf. Evan- totalidade. É importante buscar isso
Padre Francisco, dirigida ao Cardeal gelli Gaudium, 53) e no qual os direi- em comunhão com toda a Igreja, su-
Marc Ouellet, presidente da Pontifí- tos humanos são violados sistema- perando toda forma de secularismo
cia Comissão para a América Latina. ticamente. Estamos imersos numa e clericalismo, como insiste o Papa
cultura de corrupção, na qual o valor Francisco, na busca de uma socieda-
O Congresso foi realizado em clima máximo é vencer o outro, enriquecer- de fraterna e solidária.
de fraternidade e comunhão. Vimos se ilimitadamente às custas de opres-
e constatamos que o continente lati- são. Por tudo isso, refletimos sobre o Assim, fortalecidos pela experiên-
no-americano ainda vive profundas nosso agir, tanto na Igreja como na cia do Ressuscitado e animados pela
injustiças em muitos níveis: a desi- sociedade, e percebemos a necessi- vivência comunitária, queremos ser,
gualdade, um processo político dirigido dade de nos organizarmos como lai- com os demais homens e mulheres de
pelas elites, uma corrupção sistêmi- cato, em cada um dos nossos países e boa vontade, os construtores de um
ca, o aumento dos níveis de pobreza, também em nível continental, consti- novo continente, desde os pobres e os
a agressão ao ambiente, comandado tuindo “Leigos latino-americanos em pequenos, como disseram os bispos
em Medellín, cuja assembleia é relem-
brada no seu 50º aniversário, e com a
vivência eclesial no sempre atual Con-
cílio Vaticano II. Como cristãos leigos
e leigas, sujeitos eclesiais, nós assu-
mimos o compromisso de uma Igreja
“em saída”, do encontro pessoal e co-
munitário com Jesus Cristo, em per-
manente conversão pastoral. Assumi-
mos com coragem a defesa do meio
ambiente em todas as suas formas, na
perspectiva de uma ecologia integral,
na busca da justiça e da paz para os
nossos povos, segundo nos ensinam o
Evangelho e a Doutrina Social da Igreja,
sendo “sal da terra e luz do mundo”.]

[46 OLUTADOR [ JANEIRO 2019

PE. RENATO DUTRA BORGES, SDN Missão [ Chamados a levar e anunciar a paz...

A boa política está a serviço da paz
“Eli likiko likumbi atengele Mwangana, Natukinyinamo nakuwahililamo.” (Sl 118,24)

“A(Este é o dia que o Senhor nos fez, exultemos e alegremo-nos nele.)
BOA POLÍTICA está a serviço Significado da Paz sem o dom da vida, ninguém pode
da paz” é o tema da men- Paz Significa bendizer a quem pre- ser político ou exercitar qualquer ou-
sagem do 52º Dia Mundial servou a vida num segundo ato gene- tra atividade.

da Paz, celebrado em 1° de rativo, em que se justificava a mor- Paz é a capacidade regenerativa da

janeiro de 2019. te daquele que se comportava como Natureza que foi brutalmente trata-

“A responsabilidade política per- inimigo pela violência do conflito e da, pilhada, queimada, vandalizada,

tence a cada cidadão, em particular das ações combativas. desrespeitada, mas que conseguiu

a quem recebeu o mandato de pro- A dívida moral que se estabelece apagar os vestígios da destruição.

teger e governar. Esta missão con- entre agraciado e a autoridade, cujo “Os direitos e deveres do ser hu-

siste em salvaguardar o direito e in- dever é preservar a vida humana, mano aumentam a consciência de

centivar o diálogo entre os membros pertencer a uma mesma comunida-

da sociedade, entre gerações e cul- Em dezesseis de, com os outros e com Deus. Por-
turas.” “Não há paz sem confiança tanto, somos chamados a levar e

recíproca, e a confiança tem como anos de paz, anunciar a paz como a boa nova de
primeira condição o respeito pela um futuro em que todo ser huma-

palavra dada. O compromisso polí- Angola ainda no será considerado em sua digni-
tico, uma das mais altas expressões dade e seus direitos.”

da caridade, traz a preocupação pe- se debate Que a paz seja fruto da justiça que
lo futuro da vida e do planeta, dos com vários praticamos e almejamos.
jovens e das crianças, em sua sede problemas...
de realização.” Feliz ano todo!]

Décadas em guerra * Designado para Pároco da Paróquia
Santa Cruz – Alta Floresta, MT

Angola viveu décadas da sua histó-

ria em guerra - de 1961 a 1974, con-

tra o poder colonial português, e a

partir de 1975, uma guerra civil. Em

2002, a guerra civil chegou ao fim.

No dia 4 de abril de 2002, foi assi-

nado o Acordo de Paz entre o Gover-

no do MPLA – Movimento Popular

de Libertação de Angola e a UNITA –

União Nacional para a Independên-

cia Total de Angola, as duas forma-

ções políticas que mais influência

tinham e têm no país.

Em dezesseis anos de paz, An-

gola ainda se debate com vários

problemas. Mais de um terço da

população vive na linha da pobre-

za, segundo o Censo Geral de 2014.

A taxa de desemprego é alta, ron-

dando os 20% em 2015, e os jovens

são os mais afetados. Além dis-

so, apenas 35% dos angolanos têm

acesso ao fornecimento de ener-

gia elétrica.

JANEIRO 2019 [ OLUTADOR]47

WESLEY FIGUEIREDO* ADCE [ Boas práticas...

2018 um ano de
intensas atividades da ADCE-MG

OANO DE 2018 foi intenso e de Igreja em saída, a vocação e rim, que abordou importan- Filho. No evento, a ADCE pres-
grandes expectativas para tou homenagem ao presidente
todos os brasileiros. Aten- o papel do líder empresarial. tes conquistas, tanto para o da Fiemg, Olavo Machado Jr.
ta a esse cenário, a Asso- Em junho, o tema “Respon-
ciação de Dirigentes Cristãos de Perspectivas à luz do Ano Na- empresariado quanto para os sabilidade das empresas por
Empresa – ADCE / Minas Gerais) atos de corrupção e a impor-
elaborou uma carta aberta com cional do Laicato”. Ao longo trabalhadores, com a refor- tância de um programa de
sugestões para encorajar os pre- integridade” teve a presen-
sidenciáveis a serem protagonis- do ano, ocorreram também ma trabalhista. ça da advogada e professo-
tas de uma nova era, com a exe- ra da UFMG Cristiana Forti-
cução de ações concretas nas po- sete celebrações eucarísticas ni, sócia de Carvalho Pereira,
líticas sociais e econômicas, que Rossi Escritórios Associados.
tornem o ambiente político mais e “Café com Fé”. Em março,
ético, justo e humano. A ADCE, acreditando na o tema foi o Em agosto, o presidente re-
cém-eleito da Fiemg, Flávio
Conceitos de boas práticas grande importância dos jo- Roscoe, convocou empresá-
empresariais e sociais rios no Almoço-palestra da
Em novembro, importantes vens no processo de trans- combate à ADCE para atuar de forma fir-
nomes do empresariado la- formação social do país, in- corrupção, tendo me para a retomada do cres-
tino-americano de diversos tensificou, neste ano, a pro- cimento e desenvolvimento
setores marcaram presença sustentável e justo do país.
no 26º Congresso Mundial da moção do movimento jovem como convidado Adriana Machado, da Tom Co-
União Internacional Cristã dos dentro da associação, deno- palestrante o municação, foi a convidada
Dirigentes de Empresas - UNIA- minado ADCE Jovem. Foram diretor executivo de setembro. Ela falou sobre
PAC, em Lisboa, que trataram vários eventos com o objeti- da Transparência “A evolução da comunicação e
de temas de vanguarda sobre vo de desenvolver atividades Internacional o seu impacto nas empresas”.
a relação das empresas e dos voltadas aos jovens profissio- no Brasil, Bruno
negócios com a sociedade, as nais, empreendedores, líde- Brandão. O último almoço-palestra
pessoas e o planeta. res, encorajando-os a serem do ano, realizado em outubro,
dirigentes de empresa que se foi com o presidente da Usimi-
Em agosto, a ADCE partici- empenham em praticar a ética nas, Sergio Leite, que destacou
pou do 12º Encontro de Diálo- e difundir os valores cristãos. a superação da Usiminas du-
go de Bispos e Empresários. O rante o período mais comple-
Encontro teve como tema “A “Almoços-palestra” O Aeroporto Internacional de xo das suas mais de seis déca-
BH foi o tema central do al- das, conquistando resultados
sólidos. Em dezembro, a en-
Os “almoços-palestra”, sempre moço-palestra de abril, com a tidade promoveu o tradicio-
nal jantar de Natal e confra-
realizados em parceria com participação do então diretor ternização com associados e
amigos. Neste ano, agraciou
o Sistema Fiemg por meio do -presidente da concessioná- a presidente do Conselho de
Administração da Montreal
Sesi-DR/MG, buscam discu- ria BH Airport, Adriano Pinho. Informática e da Rede Cida-
dã, Angela Alvarenga, com o
tir temas importantes e fac- O setor sucroenergético em Prêmio ADCE Minas de Res-
ponsabilidade Social Empre-
tuais, relacionados ao mundo Minas Gerais e no Brasil foi o sarial de 2018.]

empresarial. Em fevereiro, o tema de maio. A palestra foi [*Assessoria de Imprensa
(31) 3211-7532 / (31) 99147.8152
convidado foi o superinten- do presidente dos Sindicatos Av. Luiz Paulo Franco, 385 – Bel-
vedere – Belo Horizonte, MG
dente Regional do Trabalho das Indústrias do Açúcar e do

e Emprego em Minas Gerais, Álcool no Estado de Minas Ge-

João Carlos Gontijo de Amo- rais, Mário Ferreira Campos

[48 OLUTADOR [ JANEIRO 2019


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