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Geografia Geral e do Brasil - Livro 3 - SENE E MOREIRA
livro do budai (atual)

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Published by Sergio Gao, 2020-05-09 17:23:01

Geografia Geral e do Brasil - Livro 3

Geografia Geral e do Brasil - Livro 3 - SENE E MOREIRA
livro do budai (atual)

12. S (UFSM-RS) Campanha popular “Viva o Rio Madeira Vivo”.

Marco Vergotti Reprodução/Vestibular UFSM 2013

Fonte: TERRA, Lygia; ARAÚJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: Estudos de Geografia Geral e do Brasil.
1. ed. São Paulo: Moderna, 2010. V. 2. p. 117. (adaptado)

Constitui(em) argumento(s) contrário(s) à construção tsunami que atingiram o país nessa sexta-feira, foi
das usinas hidrelétricas e da hidrovia do Rio Madeira: classificado pelas autoridades como categoria 4. De
acordo com a Escala Internacional de Sucessos Nucleares
I. As hidrelétricas colocariam em risco um dos redutos (INES), isso equivale a um “acidente com consequências
de grande biodiversidade do planeta: o Corredor de alcance local”, informa o jornal El Pais, nesse sábado.
Ecológico do Vale do Guaporé. Na classificação, 7 é a categoria máxima.

II. As usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Santo Antô- Apenas em duas ocasiões foram registrados acidentes
nio e Jirau não seriam apenas grandes projetos de piores, de acordo com a classificação da INES: Chernobyl
engenharia e arquitetura moderna; constituem (nível 7,“acidente grave”) e a fusão do núcleo de um reator
parte de um grande projeto para o desenvolvimen- da central americana Three Mile Island, em 1979 (nível 5,
to sustentável da região, para a integração nacional “acidente com consequências de maior alcance”).
e melhoria de vida da população.
Segundo a agência de notícias japonesa Jiji, três
III. Com a ideia de que, além da hidrovia, outros proje- trabalhadores sofreram de exposição radioativa perto da
tos de infraestrutura e de transporte foram plane- usina de Fukushima. Para conter as consequências do
jados, como a pavimentação da rodovia Cuiabá- acidente, o governo japonês tenta um método sem
-Santarém, a consequência seria a expansão da precedentes, segundo informou o porta-voz, Yukio Edano.
fronteira agrícola sobre a Floresta Amazônica. Trata-se de um resfriamento do reator com água do mar,
misturada com ácido bórico.
Está(ão) correta(s) d) apenas II e III.
a) apenas I. e) I, II e III. Reprodução/Vestibular UERN 2012
b) apenas II.
c) apenas I e III.

13. NE (Uern)

Japão vive pior acidente nuclear desde
Chernobyl

População próxima ao local receberá doses de iodo, um
elemento útil para prevenir câncer de tireoide.

O acidente na usina nuclear de Fukushima, no Japão,
é o pior do país desde a catástrofe de Chernobyl, na
Ucrânia, em 1986. A falha no sistema de refrigeração do
reator 1 da usina Daiichi, em função do terremoto e do

Energia e meio ambiente 99

ATENÇÃO!
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Além disso, a população próxima ao local receberá No entanto, para que tal se concretize tem que ser ob-
doses de iodo, um elemento útil para prevenir câncer de servado de que forma o homem se apropria dos recursos
tireoide. Após o desastre de Chernobyl, milhares de casos naturais geradores de energia para que essa apropriação
de câncer de tireoide foram registrados em crianças e não se transforme em um ato de violência socioambien-
adolescentes, expostos no momento do acidente. Mais tal. Nesse contexto é verdadeiro afirmar que:
casos são esperados.
a) no Brasil são modestos os recursos naturais que po-
<http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/japao-vive-pior- dem ser apropriados para o fornecimento de energia,
acidente-nuclear-desde-chernobyl> principalmente a água, por isso a matriz energética
brasileira é a termoeletricidade, considerada uma
Por situações como essas descritas na notícia é que o mundo forma limpa e não agressora ao meio ambiente.
tem vivido um momento de aversão à energia nuclear.A Suécia
decidiu,em plebiscito,fechar todas as suas usinas até 2010,sem b) historicamente, o Brasil procurou depender de re-
contar que o mesmo foi decidido na Austrália e Itália. A cursos energéticos não agressivos ao meio ambien-
Alemanha deverá fechar todas as suas usinas até 2021. te, a exemplo do urânio que é beneficiado para fins
de produção de energia atômica de uso doméstico.
James e Mendes, 2010: 216. Este tipo de energia é produzido nas Usinas de An-
gra I e II no Rio de Janeiro.
No contexto dos textos, considerando a matriz ener-
gética brasileira assinale a alternativa correta. c) o uso de combustíveis fósseis no fornecimento de ener-
gia, a exemplo do Petróleo, tem aumentado no país
a) No Brasil, existe uma necessidade urgente de am- devido principalmente ao crescimento da frota de car-
pliação da produção de energia elétrica e a fissão ros e à diminuição significativa da produção lde etanol
nuclear é a alternativa mais viável para atender a obtido da cana-de-açúcar. Este último fato tem estrei-
essa demanda devido às limitações do território. ta relação com a dizimação de canaviais no Nordeste
brasileiro devido à propagação de pragas agrícolas.
b) O complexo produtor de energia nuclear de Angra
dos Reis é paradigma para todos os estados brasi- d) a região Amazônica vive atualmente a eminência
leiros, haja vista que a energia nuclear é o principal da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte,
potencial energético do país depois do hidrelétrico, no Rio Xingu. Impactos ambientais são de várias
estando este em fase final de uso do potencial total ordens e têm sido motivo de muitas discussões, a
do território nacional. exemplo da redução da vazão do rio, do processo
de desterritorialização de vários grupos indígenas
c) O programa de energia nuclear brasileiro deve sofrer e de perdas de parte da floresta e de sua biodiver-
um retrocesso nos próximos anos, fato que será sidade. Se o cenário da Hidrelétrica de Tucuruí agre-
viabilizado pelo grande potencial hidrelétrico e eó- gou violações de direito e desastres ambientais, em
lico, ainda não utilizado no país. Belo Monte não será diferente.

d) O governo brasileiro deve aproveitar a desvaloriza- e) apesar de ser comum a presença de problemas am-
ção da energia nuclear no mundo e a baixa dos bientais e sociais em construções de hidrelétricas,
custos para criar no país uma grande matriz ener- a de Tucuruí (Rio Tocantins) representou uma exce-
gética nuclear, a fim de assegurar o crescimento da ção, pois raros foram os problemas causados com
economia nacional. a sua construção. O único a acontecer esteve ligado
à saúde das mulheres, uma vez que sua construção
14. SE (FGV-SP) A energia eólica passou a ser utilizada de estimulou a imigração, a urbanização da região, e
o nível de doenças sexualmente transmissíveis au-
forma sistemática para produção de eletricidade a mentaram, especialmente a Aids.
partir da década de 1970, na Europa e depois nos Es-
tados Unidos. No Brasil, essa energia 16.SE (Aman-RJ) Sobre as fontes de energia e poluição

a) apresenta um forte potencial no litoral nordestino. ambiental, podemos afirmar que:
b) é largamente concentrada na Amazônia.
c) representa cerca de 10% da matriz energética. I. As usinas hidrelétricas utilizam um recurso natural re-
d) tem maior produção concentrada no Sudeste. novável, portanto não provocam impactos ambientais
e) concorre diretamente com fontes tradicionais como que causam, por exemplo, prejuízos à flora e à fauna.

o carvão. II. Uma importante vantagem da produção de energia
nuclear é a de que suas usinas, mantendo seu fun-
15. N (Uepa) O uso de energia e de tecnologias modernas cionamento normal, não lançam partículas poluen-
tes na atmosfera.
de uso final levou a mudanças qualitativas na vida hu-
mana, proporcionando tanto o aumento da produtivi-
dade econômica quanto do bem-estar da população.

100 Unidade 2

III. A queima de combustíveis fósseis, como o carvão explique um impacto provocado pelo uso de fontes
mineral, provoca a chuva ácida, polui o ar e destrói não renováveis de energia.
vegetação, dentre outros impactos. c) As fontes renováveis de energia também têm limi-
tações na sua exploração. Cite e explique por que
IV. A energia eólica é uma fonte de energia ilimitada uma das fontes alternativas de energia não pode
nos lugares que apresentam as condições adequa- ser utilizada em todos os lugares.
das, mas emite poluentes no ar durante a operação.
19. SE (Unesp-SP)
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirma-
tivas corretas: Em 2004, o Governo Federal lançou o Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa),
a) I e II d) II e III que tem por objetivo promover a diversificação da matriz
b) I, II e IV e) III e IV energética brasileira, buscando alternativas às usinas
c) I, III e IV hidrelétricas com grandes reservatórios e às termonucleares,
para aumentar a segurança no abastecimento de energia
17. SE (Fuvest-SP) A questão energética contemporânea, elétrica, além de permitir a valorização das características
e potencialidades regionais e locais.
especialmente no que se refere ao uso de combustíveis
fósseis, pode ser olhada sob uma perspectiva mais ampla. Adaptado de: <www.mme.gov.br>. Acesso em: 11 ago. 2014.
A vida na Terra tem alguns bilhões de anos. Nossa espé-
cie, que surgiu há cerca de 150 mil anos, produz ferramen- Indique duas fontes alternativas de energia elétri-
tas há cerca de 40 mil anos, usa carvão mineral há cerca ca que podem ser encontradas no território brasi-
de 300 anos e petróleo há cerca de 100 anos. Esses recur- leiro e mencione dois benefícios oferecidos pelo
sos energéticos, devido à longa deposição de organismos, uso delas.
encontram-se em diversas regiões, algumas delas hoje
desérticas. O consumo combinado atual desses combus- 20. NE (UFBA)
tíveis, sobretudo na indústria e nos transportes, equiva-
le a uma queima da ordem de 100 milhões de barris de O Brasil, por sua grandeza territorial, possui uma
petróleo por dia, fato que preocupa pelo aumento, na diversidade geográfica e climática significativa. A
atmosfera, de gases responsáveis pelo efeito estufa. latitude, o relevo, as bacias hidrográficas, as características
do solo, entre outros fatores, criam uma série de
Da leitura desse texto, é correto afirmar que possibilidades, entre outras coisas, para o planejamento
energético da matriz brasileira. Sendo bem exploradas,
a) há regiões desérticas que podem já ter sido ocea- essas características singulares podem fazer do Brasil
nos, das quais extraímos hoje o que aí foi produzido um país independente das energias fósseis a longo
muito antes da existência humana. prazo. Através do investimento tecnológico e em
infraestrutura, é possível utilizarmos fontes renováveis
b) sendo os combustíveis fósseis gerados em processo como a biomassa (etanol e biodiesel), eólica, solar
contínuo, os mesmos poderiam ser utilizados inde- e hidrelétrica.
finidamente, não fosse o aumento do efeito estufa.
[...] Finalmente, a natureza oferece as condições ou cria
c) o consumo atual de combustíveis fósseis na indústria as dificuldades que, na verdade, podem ser oportunidades
e nos transportes é reposto pela deposição diária de para o crescimento e desenvolvimento do país.
biomassa fóssil.
WALTZ, 2010, p. 31.
d) os seres humanos, nos últimos 100 anos, são res-
ponsáveis por boa parte da geração de combustí- Com base no texto e nos conhecimentos sobre a ma-
veis fósseis, a partir da biomassa disponível. triz energética brasileira, uma das mais equilibradas
entre as grandes nações,
e) o que era carvão mineral, em passado remoto,
transformou-se em petróleo nos períodos recentes. a) justifique a recente expansão hidrelétrica da Região
Norte e cite dois exemplos do atual aproveitamen-
Quest›es to da Bacia Amazônica;

18. SE (UFJF-MG) A economia mundial é fortemente de- b) destaque duas características naturais do Nordes-
te brasileiro, que podem ser aproveitadas para ge-
pendente de fontes de energia não renováveis. ração de energia alternativa e limpa;

a) Cerca de 80% de toda a energia do planeta vem das c) indique duas características ambientais da Bacia
reservas de: Hidrográfica do Paraná.

b) A exploração e o uso de fontes não renováveis pro-
vocam grandes danos ao meio ambiente. Cite e

Energia e meio ambiente 101

Caiu no Enem ATENÇÃO!
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1. Suponha que você seja um consultor e foi contratado a) a migração forçada da população ribeirinha.
b) o rebaixamento do nível do lençol freático local.
para assessorar a implantação de uma matriz energé- c) a preservação da memória histórica da região.
tica em um pequeno país com as seguintes caracte- d) a ampliação das áreas de clima árido.
rísticas: região plana, chuvosa e com ventos constan- e) a redução das áreas de agricultura irrigada.
tes, dispondo de poucos recursos hídricos e sem
reservatórios de combustíveis fósseis. 3. A usina hidrelétrica de Belo Monte será construída no rio

De acordo com as características desse país, a matriz Xingu, no município de Vitória de Xingu, no Pará. A usina
energética de menor impacto e risco ambientais é a será a terceira maior do mundo e a maior totalmente bra-
baseada na energia sileira, com capacidade de 11,2 mil megawatts. Os índios
do Xingu tomam a paisagem com seus cocares, arcos e
a) dos biocombustíveis, pois tem menos impacto am- flechas. Em Altamira, no Pará, agricultores fecharam estra-
biental e maior disponibilidade. das de uma região que será inundada pelas águas da usina.

b) solar, pelo seu baixo custo e pelas características do BACOCCINA, D. QUEIROZ, G.: BORGES, R. Fim do leilão, começo da confusão.
país favoráveis à sua implantação. Istoé Dinheiro. Ano 13, no 655, 28 abri 2010 (adaptado).

c) nuclear, por ter menos risco ambiental a ser ade- Os impasses, resistências e desafios associados à cons-
quada a locais com menor extensão territorial. trução da Usina Hidrelétrica de Belo Monte estão re-
lacionados
d) hidráulica, devido ao relevo, à extensão territorial
do país e aos recursos naturais disponíveis. a) ao potencial hidrelétrico dos rios no norte e nordes-
te quando comparados às bacias hidrográficas das
e) eólica, pelas características do país e por não gerar regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
gases do efeito estufa nem resíduos de operação.
b) à necessidade de equilibrar e compatibilizar o in-
2. vestimento no crescimento do país com os esforços
para a conservação ambiental.
SOBRADINHO
c) à grande quantidade de recursos disponíveis para
O homem chega, já desfaz a natureza as obras e à escassez dos recursos direcionados pa-
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar ra o pagamento pela desapropriação das terras.
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar d) ao direito histórico dos indígenas à posse dessas
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que terras e à ausência de reconhecimento desse direi-
dizia que o Sertão ia alagar. to por parte das empreiteiras.

SÁ E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe com pimenta. e) ao aproveitamento da mão de obra especializada
Som Livre, 1977 (adaptado). disponível na região Norte e o interesse das constru-
toras na vinda de profissionais do Sudeste do país.
O trecho da música faz referência a uma importante
obra na região do rio São Francisco. Uma consequência
socioespacial dessa construção foi

A foto mostra um trecho da represa de Sobradinho (BA),
a maior do rio São Francisco, em 2015. Em 2016 a seca que vem ocorrendo
na região completou três anos, fazendo com que cidades inteiras que estavam
encobertas pelas águas da represa há décadas voltassem à tona.

102 Unidade 2

4. Empresa vai fornecer 230 turbinas para o segundo com- c) construção de usinas hidrelétricas sobre os rios To-
cantins, Xingu e Madeira.
plexo de energia à base de ventos, no sudeste da Bahia.
O Complexo Eólico Alto Sertão, em 2014, terá capacida- d) instalação de cabos para a formação de uma rede
de para gerar 375MW (megawatts), total suficiente pa- informatizada de comunicação.
ra abastecer uma cidade de 3 milhões de habitantes.
e) formação de uma infraestrutura de torres que per-
MATOS, C. “GE busca bons ventos e fecha contrato de R$820mi na Bahia”. mitem a comunicação móvel na região.
Folha de S.Paulo, 2 dez. 2012.
6. A soma do tempo gasto por todos os navios de carga na
A opção tecnológica retratada na notícia proporciona
a seguinte consequência para o sistema energético espera para atracar no porto de Santos é igual a 11 anos
brasileiro: — isso, contando somente o intervalo de janeiro a ou-
tubro de 2011. O problema não foi registrado somente
a) Redução da utilização elétrica. neste ano. Desde 2006 a perda de tempo supera uma
b) Ampliação do uso bioenergético. década.
c) Expansão de fontes renováveis.
d) Contenção da demanda urbano-industrial. Folha de S.Paulo, 25 dez. 2011 (adaptado).
e) Intensificação da dependência geotérmica.
A situação descrita gera consequências em cadeia,
5. Nos últimos decênios, o território conhece grandes mu- tanto para a produção quanto para o transporte.
No que se refere à territorialização da produção no
danças em função de acréscimos técnicos que renovam Brasil contemporâneo, uma dessas consequências
a sua materialidade, como resultado e condição, ao éa
mesmo tempo, dos processos econômicos e sociais em
curso. a) realocação das exportações para o modal aéreo em
função da rapidez.
SANTOS, M.; SILVEIRA; M. L. O Brasil: território e sociedade do século XXI.
Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado). b) dispersão dos serviços financeiros em função da
busca de novos pontos de importação.
A partir da última década, verifica-se a ocorrência no
Brasil de alterações significativas no território, ocasio- c) redução da exportação de gêneros agrícolas em
nando impactos sociais, culturais e econômicos sobre função da dificuldade para o escoamento.
comunidades locais, e com maior intensidade, na Ama-
zônia Legal, com a d) priorização do comércio com países vizinhos em
função da existência de fronteiras terrestres.
a) reforma e ampliação de aeroportos nas capitais
dos estados. e) estagnação da indústria de alta tecnologia em fun-
ção da concentração de investimentos na infraes-
b) ampliação de estádios de futebol para a realização trutura de circulação.
de eventos esportivos.

Fernando Vivas/Folhapress

Energia e meio ambiente 103

UNIDADE3

Popula•‹o

Para analisar as condições de vida de um povo é preciso
conhecer seus indicadores sociais, econômicos, culturais e
políticos. Alguns deles revelam desigualdades entre
grupos sociais – característica que, de forma mais ou
menos intensa, atinge todas as nações do planeta.
Nesta Unidade vamos refletir sobre diversos temas ligados
às condições de vida e às dinâmicas das populações do
Brasil e do mundo. Os direitos humanos são universais? Os
estudos com base nos indicadores sociais tendem a
melhorar ou piorar a vida da população? A resposta para
essas e outras perguntas poderão ser encontradas nos
próximos capítulos.

104

CAPÍTULO 5 Características da
população mundial
David Madison/Moment Mobile/Getty Images

Rua em Istambul (Turquia), em 2015.
ECsosnasategllaoçmãoerdaoçãCoruuzrebiaronadoé Suuml.a das
mais populosas do mundo.

105

Adinâmica da população varia bastante entre os países. Nas economias
desenvolvidas o crescimento demográfico é inexpressivo, sendo até
mesmo negativo em alguns locais. Nos países em desenvolvimento e
emergentes ocorrem as mais variadas situa­

ções: em algumas nações, o elevado cresci­

mento populacional compromete a busca do

desenvolvimento sustentável; em outras, a

população tende a se estabilizar nas próxi­

mas décadas, como é o caso do Brasil.

Estudaremos neste capítulo as teorias

sobre o crescimento populacional e sua in­

fluência no desenvolvimento dos países,

além de alguns conceitos importantes para

Filipe Rocha/Arquivo da editora o entendimento do tema, como população,

povo, etnia e direitos humanos.

Segundo o Fundo de População das Na­

ções Unidas (UNFPA), em 2015, o planeta

Terra era habitado por 7,3 bilhões de pes­

soas, distribuídas de maneira distinta pelos

países e pelas regiões.

Observe no mapa abaixo que existem re­

Os dados do mapa desta giões com elevada concentração de habitan­
página não possuem data tes e outras em que a ocupação humana é
na publicação original. esparsa.

Mundo: densidade demográfica* 0º OCEANO GLACIAL ÁRTICO Portal de mapas/Arquivo da editora

Círculo Polar Ártico

Trópico de Câncer

OCEANO OCEANO OCEANO
PACÍFICO ATLÂNTICO PACÍFICO

Equador 0º

Meridiano de Greenwich OCEANO
ÍNDICO

Trópico de Capricórnio

Habitantes por km2

2 OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 2 120 4 240
25 km
50
150 Círculo Polar Antártico
300

Desabitado

Adaptado de: SUTTON, Christopher J. Student Atlas of World Geography. 8th ed.
[s.I.]: McGraw-Hill/Duskin, 2014. p. 28.

* Densidade demográfica corresponde ao número de habitantes por quilômetro quadrado. Esse número, embora revele áreas de maior ou menor concentração
populacional, não indica as características socioeconômicas e outros aspectos que permitiriam avaliar as condições de vida da população.

106 Capítulo 5

1 População mundial

Em 2015, segundo o Banco Mundial, Mundo: pessoas vivendo abaixo da linha internacional de
aproximadamente 15% da população pobreza extrema (menos de US$ 1,25 por dia) – 1990-2015
vivia em condições de pobreza extrema.

A maior parte estava em países em de- Nœmero de pobres (milh›es) 1990 2 000 1 923 A. Robson/Arquivo da editora
senvolvimento da África subsaariana e 1 000 939 2015 1500 836
da Ásia meridional. Cerca de 30% traba- 1000
lhavam na agropecuária, silvicultura 800 620
ou pesca e 1,3 bilhão de pessoas (18,8%) 500
com 15 anos de idade ou mais eram con- 600 403 0
sideradas analfabetas, segundo o Rela- 311 290
tório de Desenvolvimento Humano 2015, 400
publicado pelo Pnud. Nos países de de-
senvolvimento humano muito elevado, 200

0 86 53 27 13 7
71

82,5% dos cidadãos tinham acesso à in- LestePdacaífiÁcsioa e
ÁfnrAioOcrrmtiaÁéeesrsiindSuatcauebaclEsCeÁLaaudfMnrraraatiétirroiibcdaiÁpnaelasaaoniaaeee
ternet, enquanto na América Latina e no
mundiTalotal

Caribe esse número caía para 50%; na Adaptado de: WORLD BANK. World Development Indicators 2015. p. 35. Disponível em: <http://data.
África subsaariana esse índice era de worldbank.org/news/release-of-world-development-indicators-2015>. Acesso em: 8 mar. 2016.

19,3% e no Sul e Sudeste

Asiático somente 17,6% da Silvicultura: cultivo de ár- As disparidades não são apenas essas. No período
população tinha acesso à vores para obtenção de de 2010 a 2015, segundo o UNFPA, nos países desenvol-
rede mundial de comuni- madeira ou recuperação vidos a esperança de vida média era de 76 anos para os
de áreas desmatadas.

cação em 2014. homens e 82 anos para as mulheres; na América Latina

No entanto, muitos países apresentaram um e Caribe, 71 e 78; e, na África subsaariana, 56 e 58 anos.

expressivo crescimento econômico e as condições Tais diferenças se explicam pela deficiência ou,

de vida de suas populações melhorou, principalmen- muitas vezes, pela completa falta de acesso à água

te durante a segunda metade do século XX e início potável; à coleta e ao tratamento de esgoto; à alimen-

do século XXI. tação, educação e condições de habitação adequadas

De acordo com o Banco Mundial, em 1990 cerca de e, principalmente, a bons programas de saúde destina-

1,9 bilhão de pessoas viviam em condições de pobreza dos à população, incluindo campanhas de vacinação,

extrema (com menos de US$ 1,251 por dia). Esse núme- hospitais e maternidades de qualidade, entre outros.

ro foi reduzido quase pela metade, apesar do cresci- Observe, na tabela abaixo, a esperança de vida ao

mento populacional do período (veja o gráfico acima). nascer em alguns países selecionados.

Países selecionados: esperança de vida ao nascer – 2010-2015

País Homens Mulheres País Homens Mulheres

Japão 80 86 Arábia Saudita 73 77

Itália 80 85 Brasil 70 78

Alemanha 78 83 Egito 69 73

Estados Unidos 76 81 Haiti 60 64

México 74 79 Moçambique 53 56

Argentina 72 80 Guiné-Bissau 53 57

Adaptado de: FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Situação da população mundial 2015. In: Abrigo da tempestade: uma agenda transformadora
para mulheres e meninas em um mundo propenso a crises. Disponível em: <www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2015.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2016.

1 No final de 2015 o Banco Mundial atualizou a linha internacional da pobreza extrema para 1,90 dólar por dia.

Características da população mundial 107

2 Conceitos básicos Os dados do gráfico desta página não
possuem data na publicação original.
População e povo
Mundo: idiomas mais falados (milhões de pessoas)

População é o conjunto de pessoas que reside Milh›es de pessoas
em determinada área, que pode ser um bairro, EspCahinnhêols
um município, um estado, um país ou até mesmo 1500 Inglês1302
o planeta todo. Como se pode observar no gráfi- Árabe
co ao lado e no mapa da página 110, ela pode ser 1200
caracterizada de acordo com vários aspectos, co- PortuHgiunêdsi
mo gênero, faixa etária, religião, etnia, local de 900 Bengali
moradia e atividade econômica praticada. As con- Russo
dições de vida e o comportamento da população, 600
no entanto, são retratados por meio de indicado- 300 PaqJuiasptaonnêêss
res sociais: taxas de natalidade e mortalidade,
expectativa de vida, índices de analfabetismo, A. Robson/Arquivo da editora
participação na renda, etc. 427 339 267 260 202 189 171 128 117

No Brasil, população e povo são conceitos que têm 0
distinção jurídica:
Adaptado de: LEWIS, M. P.; GARY F. S.; CHARLES D. F. (Ed.). Ethnologue: Languages of
• população brasileira é o conjunto de todos os habi- the World. 19th ed. Dallas/Texas, 2016. Disponível em: <www.ethnologue.com/
statistics/size>. Acesso em: 31 mar. 2016.
tantes do país; engloba, por exemplo, estrangeiros
residentes, com direitos assegurados por tratados Um país não oferece melhores ou piores condi-
internacionais e na própria Constituição Federal; ções de vida aos seus cidadãos simplesmente pelo
fato de ser pouco ou muito povoado. Os Países Baixos,
• povo brasileiro é composto de habitantes natos e apesar de terem elevada população relativa (aproxi-
madamente 400 habitantes por quilômetro quadra-
estrangeiros naturalizados que, de forma regulamen- do, em 2015), apresentam uma estrutura econômica
tada, têm direitos e deveres de participação na vida e de serviços públicos que atende às necessidades
política do país. dos seus cidadãos. Já o Brasil, com uma baixa popu-
lação relativa (24 habitantes por quilômetro quadrado),
Quando nos referimos à população de um país, apresenta muitos problemas na área social por causa
também podemos considerar os conceitos de po- da carência de empregos com salários dignos, de ser-
puloso e povoado, que devem ser interpretados viços públicos e de habitações adequadas, etc. O que
com atenção. conta é a análise das condições de vida da população
e do acesso aos direitos humanos universais estabe-
lecidos pela ONU, e não apenas a análise dos núme-
ros demográficos.

Kaveh Kazemi/Getty Image

Como você já viu, a população pode ser classificada de acordo com o gênero (feminino e masculino), faixa etária (crianças, jovens,
adultos, idosos), etnia ou cor e raça, como utiliza o IBGE, local de moradia (urbana e rural), atividade econômica, entre outros. Na
foto, jovens conversam em banco de praça próximo às muralhas, construídas no século XVII, em Cartagena (Colômbia), 2014.

108 Capítulo 5

INFOGRÁFICO Brasil: densidade demogr‡fica Ð 2010*

Populoso e povoado

O s países se diferem muito em Boa Vista AP Banco de imagens/
número de habitantes e em RR Macapá Arquivo da editora
extensão territorial, apre­
sentando densidades demográficas Manaus Belém
variadas. AM
São Luís
Veja a seguir alguns concei­
tos que tratam dessa relação. Fortaleza

PA MA Teresina CE
RN Natal

AC PI PB João
Rio Branco BA PE Pessoa

Porto Velho Recife
RO
População Palmas AL Maceió
absoluta: TO SE
número total
de habitantes. Aracaju

MT Salvador

Cuiabá DF
GO Brasília

O Brasil é o quinto país Goiânia MG
Belo

MS Horizonte ES

cmoamiscpeorcpaudloes2o0d5ompillahnõeetsa, Campo Grande Vitória
RJ
SP

de habitantes (em março Rio de Janeiro
de 2016, segundo o IBGE), PR São Paulo
no entanto, é considerado
Curitiba

um país pouco povoado, SC
Florianópolis

Um país é 2p4oihsatbeimtaanpterosxpiomradamente RS
cpoonpsuidloesroadqouando Porto Alegre
o número
ahbasboitluatnotedseé alto. quilômetro quadrado.

População Habitantes por km2
relativa:
número de 1
habitantes por 10
quilômetro 25
quadrado. 100

0 385 770

km

Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar.
6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 114.

Um país é
cpnooúnvmsoiaeddreooradqdeuohaanbdiotaontes
pqouraqduraildôoméeetrleovado.

* Este mapa não representa todas as convenções cartográficas, como coordenadas, limites com o continente e oceano, para poder compor o infográfico de forma mais
integrada aos demais elementos.

Características da população mundial 109

Mundo: religi›es Ð 2013

0º OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Círculo Polar Ártico
Meridiano de Greenwich
EUROPA Portal de mapas/Arquivo da editoraÁSIA

R

Trópico de Câncer

OCEANO AMÉRICA OCEANO OCEANO
PACÍFICO ATLÂNTICO PACÍFICO

ÁFRICA Equador

Religiões 0º

R Católica romana OCEANO
Protestante ÍNDICO
Católica ortodoxa
Islâmica Trópico de Capricórnio
Xintoísta e budista
Budista, taoísta OCEANIA
e confucionista
Hinduísta OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 2 250 4 500
Budista km
Judaica ANTÁRTIDA
Locais Círculo Polar Antártico

Lugares desabitados Adaptado de: STUDENT Atlas. Massachusetts: Merriam-Webster, 2014. p. 35.

Direitos humanos universais Observe as fotografias. A humanidade é consti-
tuída de pessoas de diversas etnias e modos de vida,
O texto da página seguinte, que trata da impor- além de diferentes condições sociais, econômicas,
tância dos direitos humanos fundamentais, foi escrito, culturais e psicológicas.
em 1998, pelo jurista Dalmo de Abreu Dallari, quando
se comemoravam os cinquenta anos da Declaração Todos, no entanto, devem ter os direitos huma-
Universal dos Direitos Humanos. nos estabelecidos pela ONU garantidos.

Stefan Heunis/Agência France-Presse

Celebração judaica em Uman (Ucrânia), em
2015. Todos os anos, milhares de judeus de

diversos países se reúnem nesta cidade para
festejar o ano novo judeu.

Celebração religiosa vodu na floresta de Nazar Furyk/Demotix/Corbis/Latinstock
Kpasse em Ouidá (Benin), em 2015. Realizada
anualmente, a cermônia atrai milhares de
devotos e de turistas.

110 Capítulo 5

Outras leituras

O que são direitos humanos Um ponto deve ficar claro,desde logo:a afirmação
da igualdade de todos os seres humanos não quer
Direitos humanos: noção e significado dizer igualdade física nem intelectual nem psicológi-
Para entendermos com facilidade o que signifi- ca. Cada pessoa humana tem sua individualidade,sua
ca direitos humanos, basta dizer que tais direitos personalidade, seu modo próprio de ver e de sentir as
correspondem às necessidades essenciais da pessoa coisas. Assim, também os grupos sociais têm sua cul-
humana. Trata-se daquelas necessidades que são tura própria, que é resultado de condições naturais e
iguais para todos os seres humanos e que devem ser sociais. Um grupo humano que sempre viveu perto
atendidas para que a pessoa possa viver com a dig- do mar será diferente daquele que vive, tradicional-
nidade que deve ser assegurada a todas as pessoas. mente, na mata, na montanha ou numa região de
Assim, por exemplo, a vida é um direito humano planícies. Do mesmo modo,os costumes e as relações
fundamental, porque sem ela a pessoa não existe. sociais da população de uma grande metrópole não
Então a preservação da vida é uma necessidade de serão os mesmos da população de uma cidadezinha
todas as pessoas humanas. Mas, observando como pobre do interior, distante e isolada dos grandes cen-
são e como vivem os seres humanos, vamos perce- tros. Da mesma forma, ainda, a cultura de uma popu-
bendo a existência de outras necessidades que são lação predominantemente católica será diferente da
também fundamentais, como a alimentação, a saú- cultura de uma população muçulmana ou budista.
de, a moradia, a educação, e tantas outras coisas.
Pessoas com valor igual, mas indivíduos e Em tal sentido as pessoas são diferentes, mas
culturas diferentes continuam todas iguais como seres humanos, tendo
Não é difícil reconhecer que todas as pessoas as mesmas necessidades e faculdades essenciais.
humanas têm aquelas necessidades e por esse mo- Disso decorre a existência de direitos fundamentais,
tivo, como todas são iguais – uma não vale mais do que são iguais para todos.
que a outra, uma não vale menos do que a outra –,
reconhecemos também que todos devem ter a pos- DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. São Paulo:
sibilidade de satisfazer aquelas necessidades. Moderna, 1998. p. 7-8. (Polêmica).

Nação e etnia mum e vivencia um padrão cultural que lhe assegura
uma identidade coletiva. Assim, a população de um
O texto de Dalmo Dallari nos remete ao conceito país pode conter várias nações ou etnias, como é bas-
de nação, importante nos estudos da geografia da po- tante evidente na Rússia, na Índia, na China e na Indo-
pulação. Esse conceito será aqui utilizado, em seu sen- nésia. Podemos dizer, portanto, que há países multina-
tido antropológico, como sinônimo de etnia, definindo cionais ou multiétnicos.
um grupo de pessoas que apresenta uma história co-
É importante destacar que na população de
Renato Soares/Pulsar Imagens um país, mesmo que as pessoas tenham ideais
comuns e formem realmente uma nação, existe
a necessidade da ação do Estado para interme-
diar os conflitos de interesses.

O Brasil é composto de diversas nações indígenas
minoritárias – os kaiapó, os munduruku, os kadiwéu, os
guarani, além de outras 215 etnias (sem contar os mais de
oitenta povos isolados sobre os quais a Funai afirma ainda
não haver informações objetivas). Em sentido
antropológico, muitas vezes a palavra povo também é
utilizada como sinônimo de nação e etnia, daí falar em
povo kaiapó, povo guarani, etc. A Funai, por exemplo, utiliza
a expressão “povos indígenas” em seus textos e em suas
atividades. Na foto, adolescentes da etnia aparai durante
uma festa na aldeia Bona, em Laranjal do Jari (AP), em 2015.

Características da população mundial 111

O senhor... mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo,
é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram

terminadas – mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou.

Isso que me alegra montão.”

João Guimarães Rosa (1908-1967), escritor brasileiro.

Para saber mais

Compreendendo os indicadores alfabetização, em todas as regiões. Portanto, diante de
uma tabela, gráfico, texto ou mapa contendo quaisquer
Quanto mais acentuadas são as diferenças sociais e indicadores sociais, temos de considerar como está distri-
a concentração de renda, maior é a distância entre a média buída a renda, e, com isso, quais são as condições de vida
dos indicadores socioeconômicos da população e a reali- da população do país, para podermos avaliar a confiabili-
dade em que vive a maioria dos cidadãos. dade da média obtida.

No Brasil, como mostra o gráfico abaixo, o número de
filhos por mulher varia bastante em relação às faixas de

Brasil: fecundidade por nível de instrução das mulheres – 2010

Número médio de filhos por mulher A. Robson/Arquivo da editora

4,0

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5
1,0

0,5

0,0 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Brasil

Sem instrução e Ensino Fundamental incompleto Ensino Fundamental completo e Ensino Médio incompleto
Ensino Médio completo e Ensino Superior incompleto Ensino Superior completo

Adaptado de: BORGES, Gabriel M.; ERVATTI, Leila R.; JARDIM, Antonio de P. (Org.). Estudos & Análises.
Informação demográfica e socioeconômica 3. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. p. 36.

Stringer/Agência France-Presse

O sufrágio universal, ou seja, o direito ao voto
garantido a todos os indivíduos intelectualmente
maduros, é um direito conquistado no Brasil em
1932. No entanto, em diversos países esse direito
é bastante recente e em outros ainda não foi
conquistado. Esse é também um indicador de
igualdade de gêneros, que pode revelar como é
o acesso das mulheres ao mercado de trabalho,
à educação, à saúde, entre outros. Todos esses
fatores influenciam diretamente a igualdade
social e devem ser observados quando são
analisadas as médias dos indicadores sociais.
Na foto, mulheres mostram seus títulos de
eleitoras em Abuja (Nigéria), 2015 .

112 Capítulo 5

3 Questão de gênero CIDADANIA : PARIDADEDE GÊNERO

Em muitos países ainda existe forte discriminação volvimento, principalmente na África subsaariana e
de gênero, isto é, às mulheres não são oferecidas as no Oriente Médio, as mulheres ainda sofrem grande
mesmas condições de vida e oportunidades que são discriminação e apresentam taxas de escolarização,
aos homens em relação a educação, segurança, atua- participação política e condições de emprego bem
ção no mercado de trabalho e participação política. inferiores às da população masculina, além de serem
submetidas a frequentes maus-tratos.
Nos países desenvolvidos, como nos da Europa
ocidental, nos Estados Unidos e na Austrália, tem A participação das mulheres no mercado de traba-
havido grande avanço na redução das desigualdades lho e no sistema de educação é uma das condições mais
de gênero, e as mulheres obtiveram muitas conquis- importantes para a busca do desenvolvimento susten-
tas, decorrentes de mais de um século de lutas, mo- tável e do terceiro item dos Objetivos do Milênio esta-
bilizações e manifestações. belecidos pela ONU: promover a igualdade entre gêne-
ros e a autonomia das mulheres.
Embora em nível menor, o avanço também vem
ocorrendo em países emergentes como Brasil, Ar- Observe o mapa abaixo e depois leia o texto da
gentina, Chile e África do Sul. Entretanto, em alguns próxima página, que demonstra a relação entre a cul-
outros emergentes e em muitos países em desen- tura e a desigualdade de gênero.

Mundo: índice de paridade de gênero – 2014

0º OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Mohamed Abd El Ghany/Reuters/Latinstock
Meridiano de GreenwichCírculo Polar Ártico
Portal de mapas/Arquivo da editora
Trópico de Câncer

OCEANO OCEANO OCEANO
PACÍFICO ATLÂNTICO PACÍFICO

Equador 0º

OCEANO
ÍNDICO

Altamente igualit‡ria

1,01 Trópico de Capricórnio

0,98

0,95

0,89

0,86 0 2 250 4 500

0,83 km
0,81

0,77 Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Altamente desigual

Sem dados

Adaptado de: UNDP. Human Development Report 2015. New York: United
Nations Development Programme, 2015. p. 220-223.

Pesquisadora trabalhando em indústria da
computação em Benha (Egito), em 2013. Nas
sociedades em que educação, trabalho e renda de
homens e mulheres ocorrem em igualdade de
condições, todos os demais indicadores
socioeconômicos melhoram. Isso acontece porque,
com poucas exceções, cerca de 50% da população é do
sexo feminino e, portanto, quando essa metade da
população passa a participar da vida social e
econômica em igualdade de condições há crescimento
econômico e desenvolvimento social.

Características da população mundial 113

Outras leituras Consulte a indicação dos endereços eletrônicos
da ONU Mulheres e dos Direitos das mulheres na
mídia mundial. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.

Cultura, gênero e direitos humanos

[...] A cultura – padrões herdados de significados pessoas mais pobres do mundo: as mulheres são /
compartilhados e de entendimentos comuns – in- dos  milhões de adultos em todo o mundo que não
fluencia o modo como as pessoas regem suas vidas e sabem ler, e as meninas representam % dos 
oferece uma lente por meio da qual podem interpre- milhões de crianças que não vão para a escola. Algu-
tar sua sociedade. As culturas afetam a forma como mas normas e tradições culturais e sociais perpetuam
as pessoas pensam e agem, mas não produzem uni- a violência associada ao gênero, e tanto os homens
formidade de pensamento ou de comportamento. como as mulheres podem aprender a fazer “vista
grossa” ou aceitar a situação. De fato, as mulheres
As culturas devem ser vistas em seu contexto podem defender as estruturas que as oprimem.
mais amplo: elas influenciam e são influenciadas por
circunstâncias externas e, em resposta a elas, se mo- O poder opera dentro das culturas por meio da
dificam.As culturas não são estáticas;as pessoas estão coerção que pode ser visível, oculta nas estruturas
continuamente envolvidas em remodelá-las, embora do governo e da legislação, ou estar enraizada nas
alguns aspectos da cultura continuem a influenciar percepções que as pessoas têm delas mesmas. As
escolhas e estilos de vida por períodos muito longos. relações de poder são, portanto, o cimento que liga
e molda a dinâmica de gênero e fundamenta o ra-
Os costumes, normas, comportamentos e atitu- ciocínio e a maneira como as culturas interagem e
des culturais são tão variados quanto ambíguos e se manifestam. Práticas como o casamento de crian-
dinâmicos. É arriscado generalizar e é particular- ças (que é uma das principais causas da fístula obs-
mente perigoso julgar uma cultura pelas normas e tétrica e da mortalidade materna) e a mutilação ou
valores de outra. Tal simplificação excessiva pode excisão genital feminina (que tem consequências
levar à presunção de que todo membro de uma cul- gravíssimas para a saúde) continuam a existir em
tura pensa de forma idêntica. Isso não somente se muitos países apesar de haver leis proibindo-as. [...]
trata de uma percepção equivocada, mas ignora um Os avanços na igualdade de gênero nunca vieram
dos acionadores da mudança cultural, que são as sem um embate cultural. As mulheres da América
múltiplas expressões da resistência interna, a partir Latina, por exemplo, tiveram sucesso ao dar visibi-
das quais as transições emergem. O movimento em lidade à violência associada ao gênero e assegurar
direção à igualdade de gênero é um bom exemplo uma legislação adequada, contudo sua aplicação
desse processo em funcionamento. continua a ser um problema.

[...] Contudo, a desigualdade de gênero continua FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Relatório sobre a
disseminada e arraigada em muitas culturas. As mu- situação da população mundial 2008. Disponível em: <www.unfpa.org.br/
lheres e as meninas constituem / do bilhão de
Arquivos/swop2008.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2016.

Manifestação feminista pela diversidade e contra o Matthias Oesterle/ZUMA Press/Corbis/Latinstock
patriarcado em Barcelona (Espanha), no Dia Internacional da
Mulher, em 2016. Muitos avanços na paridade de gêneros
são atribuídos à luta das mulheres no mundo todo.

114 Capítulo 5

4 Crescimento demográfico

Segundo a ONU, do início dos Os dez países mais populosos – 2015

anos 1970 até 2015, o crescimento País Milhões de pessoas
da população mundial caiu de 2,1% China 1 376
para 1,2% ao ano, o percentual de

mulheres em idade reprodutiva que Índia 1 311

utilizam algum método anticoncep- Estados Unidos 322
cional aumentou de 10 para 64 e o Indonésia 258
número médio de filhos por mulher

(taxa de fecundidade) caiu de 6 pa- Brasil 208

ra 2,5. Ainda assim, esse ritmo con- Paquistão 189
tinua elevado e, caso se mantenha, Nigéria 182
a população do planeta saltará de 161
mais de 7,3 bilhões, em 2015, para Bangladesh

9,7 bilhões em 2050. Rússia 143

Os países em desenvolvimento México 127
abrigavam 6,1 bilhões de pessoas
em 2015 e, em 2050, deverão ter Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). World Population Prospects 2015. Disponível em: <http://esa.un.org/
unpd/wpp/publications/files/key_findings_wpp_2015.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2016.

7,9 bilhões. Já nos países desenvol-

vidos o crescimento nesse mesmo período será bem Na China e na Índia, ambos com mais de 1,3 bilhão de

menor, com a população absoluta aumentando de habitantes em 2015, vivem 36% da população mundial. Já

1,25 para 1,28 bilhão de pessoas e, caso não se conside- a proporção das pessoas que vivem nos países desenvol-

rasse o ingresso de imigrantes, haveria redução para vidos diminuirá de 17%, em 2015, para 14%, em 2050, por

1,15 bilhão de habitantes. causa da redução em seu ritmo de crescimento vegetativo.

Mundo: crescimento populacional – 2014 Banco de imagens/Arquivo da editora

REINO UNIDO
63 700 000

FRANÇA ALEMANHA UCRÂNIA RÚSSIA
66 300 000 81 000 000 44 300 000 142 500 000

ESTADOS UNIDOS ITÁLIA TURQUIA CHINA JAPÃO
318 900 000 61 700 000 81 600 000 1355 700 000 127 100 000

MÉXICO EGITO PAQUISTÃO VIETNÃ FILIPINAS
120 300 000 86 900 000 196 200 000 BANGLADESH 93 400 000 107 700 000

NIGÉRIA ETIÓPIA ÍNDIA 166 300 000
177 200 000 96 600 000 1236 300 000 TAILÂNDIA
67 700 000

BRASIL
202 700 000

INDONÉSIA
253 600 000

Percentual de crescimento De 1 a 1,9 População total
De 2 a 2,9
Menor do que 0 Maior do que 3 Um milhão de
(população em declínio) habitantes

De 0 a 0,9

Adaptado de: NATIONAL Geographic. Family Reference Atlas of the World. 40th ed. Washington, D.C., 2016. p. 49.

Características da população mundial 115

Mundo: estimativa do crescimento populacional – 1950-2100 Veja no gráfico ao lado uma proje-
ção para o crescimento da população
Bilh›es de habitantes mundial e perceba o grande aumento
5,5 na participação da população da África
5,0 no total mundial ao longo do período
4,5 de 1950 até 2100.
4,0
3,5 Ásia
3,0 África
2,5 América Latina e Caribe
2,0 Europa
1,5 América do Norte
1,0 Oceania
0,5
0,0 Adaptado de: ONU. World Population Prospects:
the 2012 Revision. In: Population Division.
Disponível em: <http://un.org/esa/population>.
Acesso em: 12 mar. 2016.
Banco de imagens/Arquivo da editora

1950 -
-

1960 -
-

1970 -
-

1980 -
-

1990 -
-

2000 -
-

2010 -
-

2020 -
-

2030 -
-

2040 -
-

2050 -
-

2060 -
-

2070 -
-

2080 -
-

2090 -
-

2100 -

Imaginechina/Corbis/Latinstock

Enfermeiras cuidam de mundial e compreender a influência dessa dinâmica no
bebês recém-nascidos em desenvolvimento dos países. A seguir, vamos estudar
maternidade na província três delas, a teoria malthusiana, formulada no fim do
de Hubei (China), em 2016. século XVIII, a neomalthusiana e a reformista, que datam
do pós-Segunda Guerra Mundial.
A China tem a maior
população do mundo. Malthusiana

O crescimento demográfico de uma determinada A partir do século XVIII, com o desenvolvimento
área (seja bairro, cidade, estado, país, grupo de países, do capitalismo, o crescimento populacional passou a
continente) está ligado a dois fatores: ao crescimento ser encarado como um fator positivo, uma vez que,
natural e ao saldo migratório. O primeiro, também de- quanto mais pessoas, mais consumidores. Nessa épo-
nominado crescimento vegetativo, corresponde à di- ca, foi publicada a primeira teoria demográfica de
ferença entre nascimentos (natalidade) e óbitos (mor- grande repercussão, formulada pelo economista in-
talidade) verificada em uma população; o segundo glês Thomas Robert Malthus (1766-1834), que será
corresponde à diferença entre a entrada e a saída de analisada a seguir.
pessoas da área considerada. Tendo como referência
essas duas taxas, o crescimento populacional poderá
ser positivo ou negativo.

Teorias demográficas

Muitas teorias foram elaboradas para se entender
e analisar a dinâmica e as condições de vida da população

116 Capítulo 5

Em 1798, Malthus publicou sua obra Ensaio sobre a que as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras
população, na qual desenvolveu uma teoria demográ- cultiváveis para poder alimentá-los.
fica que se apoiava basicamente em dois postulados:
Atualmente, verifica-se que suas previsões não se
• Se não ocorressem guerras, epidemias, desastres na- concretizaram: o ritmo de crescimento da população
do planeta desacelerou e a produção de alimentos au-
turais, entre outros eventos, a população tenderia a mentou em virtude da elevação da produtividade
duplicar a cada 25 anos. Cresceria, portanto, em pro- (quantidade produzida por área) obtida com o desen-
gressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32...) e constituiria um volvimento tecnológico.
fator variável, que aumentaria sem parar.
Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito con-
• O crescimento da produção de alimentos ocorreria ape- sistente. Os erros de previsão estão ligados principalmen-
te às limitações tecnológicas da época para a coleta de
nas em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10...) e possuiria dados, já que Malthus chegou às suas conclusões partin-
certo limite de produção, por depender de um fator do da observação do comportamento demográfico em
fixo: a própria extensão territorial dos continentes. uma determinada região, com população predominan-
temente rural, e o considerou válido para todo o planeta
Ao considerar esses dois postulados, Malthus con- no decorrer da História. Não previu os efeitos decorren-
cluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais tes da urbanização na evolução demográfica e do pro-
acelerado do que o da produção de alimentos. Previu gresso tecnológico aplicado à agricultura.
também que um dia as possibilidades de aumento da
área cultivada estariam esgotadas, pois todos os conti- Desde que Malthus apresentou sua teoria, são co-
nentes estariam plenamente ocupados pela agropecu- muns os discursos que relacionam de forma simplista
ária e, no entanto, a população mundial ainda continu- a ocorrência da fome no mundo ao crescimento popu-
aria crescendo. A consequência disso seria a falta de lacional. Observe a fotografia a seguir.
alimentos e, para evitar esse flagelo, Malthus propunha

Catadores de lixo em Luziânia (GO), em 2014. A absoluta falta de renda degrada a
condição humana. Algumas propostas que vêm sendo introduzidas nas esferas
federal, estaduais e municipais como resposta a esse problema são programas
assistenciais, como os de renda mínima, fornecimento de merenda e transporte
escolar, aposentadoria rural, habitação e saúde, seguro-desemprego e outros, que
garantem melhores condições de vida aos mais pobres e aos desempregados.

Pedro Ladeira/Folhapress

117

Neomalthusiana eram constatadas em quase todos os países pobres,
necessitaria de grandes investimentos sociais em edu-
Em 1945, com o término da Segunda Guerra, foi cação e saúde. Com isso, sobrariam menos recursos
realizada a Conferência de São Francisco (Estados Uni- para ser investidos em infraestrutura e nos setores
dos), na qual foram discutidas estratégias de desenvol- agrícola e industrial. Ainda segundo os neomalthusia-
vimento para evitar a eclosão de um novo conflito nos, quanto maior o número de habitantes de um país,
militar em escala mundial. Havia apenas um ponto de menor a renda per capita e a disponibilidade de capital
consenso entre os participantes: a paz depende da har- a ser utilizado pelos agentes econômicos.
monia entre os povos e, portanto, da diminuição das
desigualdades econômicas. Verifica-se que essa teoria, embora com postula-
dos diferentes daqueles utilizados por Malthus, chega
Para explicar a situação de desigualdade entre os à mesma conclusão: o crescimento populacional é o
países, estudiosos identificaram na herança colonial e responsável pela ocorrência da pobreza. Seus defen-
na desigualdade das relações comerciais a gênese da sores passaram a propor, então, programas de contro-
questão. Por isso, passaram a propor amplas reformas le de natalidade nos países em desenvolvimento me-
nas relações econômicas, em escala planetária. Nesse diante a disseminação de métodos anticoncepcionais.
contexto histórico, foi formulada a teoria demográfica Tratava-se de uma tentativa de enfrentar problemas
neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorrên- socioeconômicos com programas de controle da na-
cia da fome e do atraso no desenvolvimento em muitos talidade e de acobertar os efeitos danosos dos baixos
países. Essa teoria era defendida por setores das socie- salários e das péssimas condições de vida que vigoram
dades e dos governos dos países desenvolvidos e por naqueles países.
alguns setores dos países em desenvolvimento, com o
objetivo de se esquivarem das questões socioeconô- Além disso, era muito simplista afirmar que, na-
micas centrais daquela época. quela época, os países subdesenvolvidos desperdiça-
vam em investimentos sociais um dinheiro que deveria
Essa teoria pregava que uma numerosa população ser destinado ao setor produtivo.
jovem, resultante das elevadas taxas de natalidade que

Thomas Koehler/Photothek/Getty Images

Uma população jovem numerosa só se torna empecilho ao crescimento das atividades econômicas nos países em desenvolvimento
quando não são realizados investimentos sociais, principalmente em educação e saúde. Mais pessoas com acesso a educação e com
renda alta significa um maior mercado consumidor, o que estimula o desenvolvimento econômico. Esse é um dos motores do
elevado crescimento econômico chinês desde 1980. Na foto, adolescentes aguardam o início da aula em Bangui (República
Democrática do Congo), em 2014.

118 Capítulo 5

A situação de alguns países, como a Alemanha (on- uma geração a outra, à medida que foram se alterando
de foi introduzido o primeiro sistema educacional do os modos de vida e os projetos pessoais dos membros
mundo, no início do século XIX), o Japão (onde a contri- das famílias. Ao longo do tempo, as famílias do século
buição da educação foi decisiva para a rápida recupera- XX passaram a ter menos filhos.
ção após a Segunda Guerra) e, mais recentemente, a
Coreia do Sul (que atualmente é considerada um país A falta de investimentos em educação gera um
desenvolvido), entre outros, evidencia que investimentos imenso contingente de mão de obra de baixa qualifi-
sociais, especialmente em educação, são um poderoso cação. Esses jovens e adultos tentam, sem sucesso,
motor do desenvolvimento econômico. ingressar no mercado de trabalho e, como não conse-
guem vagas, passam a sobreviver do subemprego. Tal
Reformista realidade tende a rebaixar o nível médio de produtivi-
dade por trabalhador, assim como os salários dos que
Na mesma Conferência de São Francisco, represen- estão empregados, além de empobrecer enormes par-
tantes dos países então chamados subdesenvolvidos celas da população desses países. Para que a dinâmica
elaboraram a teoria reformista, que chega a uma conclu- demográfica entre em equilíbrio, é necessário enfren-
são inversa à das duas teorias mencionadas: uma popu- tar as questões sociais e econômicas.
lação jovem numerosa, em virtude de elevadas taxas de
natalidade, não seria a causa, mas a consequência Subemprego: todo tipo de trabalho e prestação de
do subdesenvolvimento. serviços remunerados, como o de vendedores am-
bulantes, guardadores de carros, trabalhadores
Em países com elevado desenvolvimento humano domésticos sem registro em carteira, boias-frias,
o controle da natalidade ocorreu de maneira simultânea etc., que compõe a economia informal, aquela que
à melhoria das condições de vida. Além disso, o planeja- não aparece nas cifras oficiais, pois não conta com
mento familiar foi transmitido espontaneamente de nenhum tipo de registro e não recolhe impostos.

Christian Heeb/JAI/Corbis/Latinstock Famílias passeiam em parque de
Nova Délhi (Índia), em 2013.
O acesso ao lazer também é um
importante fator para melhora nas
condições de vida da população.

119

Os defensores da corrente reformista afirmam que em submoradias, subalimentada e sem acesso a in-
a tendência de controle espontâneo da natalidade é formações e serviços de planejamento familiar.
facilmente verificável ao se comparar a taxa entre as
famílias pobres e as de maior poder aquisitivo (veja o A teoria reformista é a mais abrangente das três,
gráfico abaixo). À medida que as famílias melhoram por analisar os problemas econômicos, sociais e
suas condições de vida – educação, assistência médica, demográficos de forma integrada, partindo de situa-
acesso à informação, etc. –, tendem a ter menos filhos. ções concretas do cotidiano das pessoas. Os investi-
mentos em educação são fundamentais para a melhoria
O cotidiano de milhões de famílias, principalmen- de todos os indicadores sociais.
te nos países em desenvolvimento, transcorre em
condições de extrema pobreza e a maioria não tem No mundo inteiro, quanto maior a escolaridade
consciência das determinações econômicas e sociais e a qualidade de vida da mulher, menores tendem a
às quais está submetida, vivendo de subempregos, ser o número de filhos e a taxa de mortalidade in-
fantil. Observe o gráfico.

Mundo: taxa de fecundidade, por região – 2010-2015

Número médio de filhos por mulher Média mundial: 2,5 A. Robson/Arquivo da editora
6

5,2

5

Acesse o site da 4 3,5
UNFPA – Fundo de 2,2
População das Nações 3 2,0 2,2
Unidas. Consulte a 2 1,7
seção Sugestões de
leituras, filmes e sites. 1

0

desePnavíoslevisdomsais
LeÁstsieaecuernotrpaelu e
AméricaCLaraitibnea e
Ásia e Pacífico
(indcPalauíiÁsfroeiscnaáo)rrtaebes
África subsaariana

Adaptado de: FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Situação da população mundial 2015.
In: Abrigo da tempestade: uma agenda transformadora para mulheres e meninas em um mundo propenso a crises.

Disponível em: <www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2015.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2016.

Eduardo Zappia/Pulsar Imagens

Submoradias no morro da
Mineira, no Rio de Janeiro
(RJ), em 2015. A falta de
saneamento básico e
outras necessidades de
infraestrutura dificultam a
melhoria nos indicadores
socioeconômicos.

120

5 Reposi•‹o da popula•‹o

Segundo a ONU, a taxa média de fecundidade ne- populações tendem a diminuir.
cessária para a reposição da população sem que haja Caso a projeção da ONU se mantenha, entre 2010
decréscimo é de 2,1 filhos por mulher.
e 2050 a população de 31 países pobres (Níger, Afega-
Os números da tabela a seguir mostram que, nistão e outros) vai duplicar ou aumentar ainda mais,
enquanto em muitos países a taxa supera esse valor, enquanto em 45 países desenvolvidos ou emergentes
em outros ela é inferior. Nesses países a natalidade (Alemanha, Rússia e outros), a população vai decrescer
e a entrada de imigrantes são incentivadas, ou suas no mesmo período.

Issouf Sanogo/Agência France-Presse

Alunos assistem aula em uma
escola islâmica, em Bosso
(Níger), em 2015. Observe na
tabela abaixo que no Níger a
taxa de fecundidade, entre 2010
e 2015, era bastante alta, com
média de 7,6 filhos por mulher,
e que o crescimento da
população também é elevado,
4% ao ano.

Países selecionados: taxas de crescimento da população e de fecundidade – 2010-2015

País Crescimento da população Fecundidade
(% ao ano) (média de filhos por mulher)

Omã 8,4 2,9

Níger 4,0 7,6

Arábia Saudita 2,3 2,9

Índia 1,3 2,5

Estados Unidos 0,8 1,9

Brasil 0,9 1,8

China 0,5 1,6

Países Baixos 0,3 1,8

Rússia 0,0 1,7

Japão – 0,1 1,4

Espanha – 0,2 1,3

Romênia – 0,8 1,5

Adaptado de: FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Situação da população mundial 2015. In: Abrigo da tempestade:
uma agenda transformadora para mulheres e meninas em um mundo propenso a crises. Disponível em: <www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2015.pdf>.

Acesso em: 8 mar. 2016.

Atualmente, o que se verifica na média mundial é comportamento demográfico de uma população cres-
uma queda dos índices de natalidade e mortalidade, em- centemente urbana auxiliam a explicar essa queda.
bora em alguns países as taxas ainda se mantenham mui-
to elevadas. O êxodo rural (saída de pessoas do campo Veja no infográfico das próximas páginas algumas
para se fixarem nas cidades) e suas consequências no consequências do êxodo rural no comportamento de-
mográfico de uma população urbana.

Características da população mundial 121

INFOGRÁFICO

A vida nas cidades

Nas últimas décadas, em função da crescente urbanização em todo o mundo, de
maneira geral, houve grande queda dos índices de natalidade e de mortalidade das
populações. Alguns aspectos que contribuíram para essa queda podem ser vistos a seguir.

Federico Scoppa/Agência France-Presse

Paisagem de Kuala Lumpur
(Malásia), em 2016.

MdBeruaplzhrzoeadrvutilrlçaeãb(oCadlohenagceeoml)u, ellaimnreh2sa0e1m5. Taxa de fecundidade mais baixa

nton_Ivanov/Shutterstock No meio urbano, aumenta o percentual
de mulheres que trabalham fora de casa
e que desenvolvem uma carreira
profissional. Essas mulheres podem optar
por priorizar suas carreiras e adiar a
maternidade, ou, ainda, por não ter filhos.

A

Jdo(Eivrqeeunçãasodcoaàrm)e,siencmohlaa2m0e1me5m. Quito

Custo de vida mais alto

Nas cidades o custo de vida é mais alto,
pois inclui gastos maiores com
alimentação, moradia, transporte,
educação, etc.

122 Capítulo 5

Elevada expectativa de vida ao nascer BSIP/UIG/Getty Images
TTstudio/Shutterstock
Com a urbanização, principalmente nos países
em desenvolvimento, as taxas de mortalidade
tendem a ser mais baixas, pois as pessoas têm
mais acesso a saneamento básico, hospitais,
farmácias e postos de saúde, fazendo com
que a expectativa de vida seja maior do
que no campo.

Slawomir Kruz/ GoIdfetonaselambrroealaó(lSgizuiacíçnoasd)oe, ememxa2m0e15s.

Shutterstock/Glow Images

aAnlgtiuconns cmepectóiodnoasis.

Planejamento familiar Mulheres grávidas
aguardam em fila para
Com a urbanização, as pessoas realização de exame
passaram a ter mais informação pré-natal em Amritsar
e acesso a pílulas (Índia), em 2013.
anticoncepcionais e outros
métodos contraceptivos, o que Características da população mundial 123
permitiu a realização de um
planejamento familiar.

Pensando no Enem ATENÇÃO!
Não escreva neste livro!

1. Um fenômeno importante que vem ocorrendo nas Resolução

últimas quatro décadas é o baixo crescimento popu- A alternativa correta é a B. A teoria reformista afirma
lacional na Europa, principalmente em alguns países que a melhoria nas condições de vida da população pro-
como Alemanha e Áustria, onde houve uma brusca move redução no número de filhos por mulher porque,
queda na taxa de natalidade. Esse fenômeno é espe- entre outros fatores, os avanços obtidos na escolaridade
cialmente preocupante pelo fato de a maioria desses e no acesso ao sistema de saúde permitem melhor pla-
países já ter chegado a um índice inferior ao “nível nejamento familiar e redução no número de gravidezes
de renovação da população”, estimado em , filhos não planejadas.
por mulher. A diminuição da natalidade europeia
tem várias causas, algumas de caráter demográfico, 3. Qual dos slogans a seguir poderia ser utilizado para
outras de caráter cultural e socioeconômico.
defender o ponto de vista neomalthusiano?
OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia. São Paulo: Ática, 2004. (adaptado).
a) “Controle populacional – nosso passaporte para o de-
As tendências populacionais nesses países estão relacio- senvolvimento”
nadas a uma transformação:
a) na estrutura familiar dessas sociedades, impactada por b) “Sem reformas sociais o país se reproduz e não produz”
c) “População abundante, país forte!”
mudanças nos projetos de vida das novas gerações. d) “O crescimento gera fraternidade e riqueza para
b) no comportamento das mulheres mais jovens, que têm
todos”
imposto seus planos de maternidade aos homens. e) “Justiça social, sinônimo de desenvolvimento”
c) no número de casamentos, que cresceu nos últimos
Resolução
anos, reforçando a estrutura familiar tradicional.
d) no fornecimento de pensões de aposentadoria, em A alternativa correta é a A. A teoria neomalthusiana pro-
põe o controle da natalidade como fator de redução da
queda diante de uma população de maioria jovem. pobreza. De acordo com a teoria, a redução no número
e) na taxa de mortalidade infantil europeia, em contínua de filhos por mulher favorece o acesso da população aos
serviços básicos de educação e de saúde e melhores con-
ascensão, decorrente de pandemias na primeira infância. dições de consumo de bens para as famílias.
Essas questões trabalham a Competência de área 5 –
Resolução Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democra-
A alternativa correta é a A. A redução das taxas de ferti- cia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo
lidade em vários países da Europa e de outros continen- na sociedade – e Habilidade 25 – Identificar estratégias
tes está relacionada a uma série de fatores, entre os que promovam formas de inclusão social.
quais se destacam o custo de criação dos filhos e a maior
participação das mulheres no mercado de trabalho. Cassandra Cury/Pulsar Imagens

2. Qual dos slogans a seguir poderia

ser utilizado para defender o pon-
to de vista dos reformistas?

a) “Controle populacional já, ou país
não resistirá.”

b) “Com saúde e educação, o plane-
jamento familiar virá por opção!”

c) “População controlada, país rico!”
d) “Basta mais gente, que o país vai

pra frente!”
e) “População menor, educação

melhor!”

Jovens caminhando no retorno da
escola em Acari (RN), 2014. O acesso à

educação é uma das principais
estratégias que promovem a inclusão

social, tema intimamente ligado às
questões do Enem desta seção.

124 Capítulo 5

Atividades ATENÇÃO!
Não escreva neste livro!

Compreendendo conteúdos

1. Explique a diferença entre população, povo e etnia.

2. Por que os indicadores demográficos não refletem as condições de vida da população?

3. Que fatores influenciam o crescimento populacional?

4. Por que, com a urbanização, há uma queda nos índices de natalidade e mortalidade?

5. Sobre as teorias demográficas:

a) Compare a teoria de Malthus com a neomalthusiana, citando os pontos convergentes e divergentes.
b) Faça uma síntese da teoria reformista.

Desenvolvendo habilidades

6. Reveja o mapa da página 106 para resolver as atividades a seguir.

a) Qual é o tema do mapa? Descreva brevemente o fato geográfico representado.
b) O indicador representado no mapa revela as condições de vida da população mundial?
c) Escreva um texto no caderno dissertando sobre exemplos de países e regiões cuja situação socioeconômica

ilustre sua resposta anterior.

7. Releia o texto “Cultura, gênero e direitos humanos”, da página 114, e responda às questões propostas.

a) O que é cultura?
b) Por que é possível afirmar que a cultura de um povo é sempre dinâmica? Dê exemplos.
c) Você concorda com a frase: “Os avanços na igualdade de gênero nunca vieram sem um embate cultural.”? Explique.

Abertura da cerimônia tradicional de
Kinavai em Kokopo (Papua-Nova Guiné),
em 2013. A diversidade cultural deve ser
valorizada para que a memória dos
distintos povos seja preservada.

Marc Dozier/Corbis/Latinstock

125

CAPÍTULO 6 Fluxos migratórios
e estrutura da
população

Chris Ratcliffe/Getty Images

Vista parcial do bairro de Chinatown, em
Londres (Reino Unido), em 2015, quando o
presidente chinês visitou o país.

126

Ververidis Vasilis/Shutterstock Odeslocamento de pessoas dos países pobres e emergentes em direção
aos desenvolvidos corresponde a uma pequena parcela do total de
migrantes do planeta. A maior parte da migração ocorre dentro do pró-
prio país de origem do migrante.

Quando o lugar de origem é pobre, o deslocamento tende a melhorar o
rendimento e as condições de vida da família migrante. Em contrapartida,
o deslocamento pode ocasionar que o migrante seja hostilizado pelos ha-
bitantes do novo lugar de residência, ou ainda, em caso de perda de empre-
go ou de adoecer, que o migrante sofra a falta de apoio familiar ou de amigos.

Você já pensou sobre o que leva uma pessoa ou uma família a migrar?
Todos os deslocamentos de pessoas ocorrem livremente? Qual é a impor-
tância do estudo da estrutura da população de um território para seu pla-
nejamento socioeconômico? Ao longo do capítulo, estudaremos esses e
outros assuntos relacionados ao tema.

Campo de refugiados em Tessalônica (Grécia), em 2016. Migrantes sírios, iraquianos e de
outras nacionalidades aguardam autorização para se deslocarem pelos Estados da Europa,
após fugirem de zonas de conflito armado em seus países de origem.

Fluxos migratórios e estrutura da população 127

1 Movimentos populacionais

O deslocamento de pessoas entre países, regiões • forçado – como nos casos de escravidão e de perse-
e cidades é um fenômeno antigo, amplo e complexo,
envolve as mais variadas classes sociais e culturas. Os guição religiosa, étnica ou política;
motivos que levam a tais deslocamentos são diversos
e apresentam consequências positivas e negativas, • controlado – quando o Estado controla numérica ou
dependendo das condições e dos contextos socioeco-
nômicos, culturais e ambientais em que ocorrem. ideologicamente a entrada e/ou saída de migrantes.
Qualquer deslocamento de pessoas acarreta con-
Existem causas religiosas, naturais, político-ideo-
lógicas, psicológicas, além dos conflitos bélicos, entre sequências demográficas, como o aumento no núme-
outras, associadas a esses movimentos populacionais. ro de habitantes nas áreas de atração e a diminuição
O que se verifica ao longo da História é que predomi- nas de repulsão. Há ainda as influências em relação à
nam os fatores de ordem econômica. Nas áreas de re- língua, à religião, à culinária, à arquitetura, às artes e
pulsão populacional, muitas vezes observam-se cres- tradições em geral, que costumam ser positivas, pois
cente desemprego, subemprego e baixos salários; já os movimentos migratórios promovem a troca e o
nas áreas de atração populacional, vislumbram-se enriquecimento cultural por causa dos diferentes va-
melhores perspectivas de trabalho e salário e, portan- lores em contato.
to, melhores condições de vida. É o caso da emigração
em direção aos países-membros da Organização para Não somos generosos.
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Somos humanitários.”
com destaque para os Estados Unidos, Canadá, Japão,
alguns países da Europa ocidental e Austrália. Observe David Blunkett (1947-), Ministro do Interior da Grã-Bretanha em
o infográfico das páginas 130 e 131. 2012, referindo-se ao fato de seu país dar asilo a imigrantes.

Os movimentos populacionais são geralmente Em 2015, segundo dados da ONU, cerca de 244 mi-
classificados em: lhões de pessoas residiam fora de seu país de origem,
o que superava o total da população brasileira daquele
• voluntário – quando o movimento é livre; ano (204 milhões) e equivalia a cerca de 3% da popula-
ção mundial, percentual que duplicou desde 1970.

TonyV3112/Shutterstock

Família do Suriname caminha pela praça Dam, em Amsterdã (Países Baixos), em 2014. Esse município abriga migrantes de vários
países, e, por isso, é considerado um dos mais multiculturais do mundo.

128 Capítulo 6

A maioria dos migrantes internacionais tem origem ter poupança que lhes permitisse regressar no futuro;
nos países de renda média (157 milhões em 2015) e a por outro lado, os países de onde saem os emigrantes
maior parte deles passa a viver em países de renda ele- enfrentam a perda de trabalhadores, muitos deles qua-
vada. Segundo o International Migration Report 2015, a lificados, que poderiam contribuir para o crescimento
Europa é a maior receptora de imigrantes (76 milhões), econômico e para a melhoria das condições de vida da
seguida pela Ásia (75 milhões) e pela América do Norte população local.
(54 milhões). Por países, como veremos, o que mais re-
cebe imigrantes são os Estados Unidos (47 milhões). No fim de 2014, havia no mundo 59,5 milhões de
pessoas deslocadas de seu lugar de origem por perse-
Em muitos casos, os emigrantes são responsáveis guição e 38,2 milhões refugiadas em seu próprio país
por importante ingresso de capital em seus países de de origem. Os países que mais originaram refugiados
origem. Em 2014, eles repatriaram cerca de US$ 436 no ano de 2014 foram a Síria (3,9 milhões), o Afeganis-
bilhões, com a intenção de ajudar suas famílias ou de tão (2,6 milhões) e a Somália (1,1 milhão).

Edwina Pickles/Fairfax Media/Getty Images Assista aos filmes
Bem-vindo e Jean Charles.
Consulte também os sites
do Alto Comissariado das
Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR) e da
Organização Internacional
para as Migrações. Veja
orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes
e sites.

Família de refugiados somalis
no campo de Dadaab (Quênia),
que abriga mais de 350 mil
pessoas. Foto de 2014.

Segundo o Estatuto do Refugiado, ela- Principais países de origem dos refugiados – fim de 2014 A. Robson/Arquivo da editora
borado durante uma convenção da ONU
realizada em 1951, “Um refugiado ou uma Milh›es de pessoas
refugiada é toda pessoa que, por causa de 4,0
fundados temores de perseguição devido à 3,5
sua raça, religião, nacionalidade, associação 3,0
a determinado grupo social ou opinião po- 2,5
lítica, encontra-se fora de seu país de ori- 2,0
gem e que, por causa dos ditos temores, 1,5
não pode ou não quer regressar ao mesmo”. 1,0
Veja o gráfico ao lado.

0,5

Adaptado de: LA AGENCIA DE LA ONU PARA LOS 0
REFUGIADOS (ACNUR). Tendencias globales:
desplazamiento forzado en 2014. Disponível AfeganiSsítrãioa
em: <www.acnur.org/t3/fileadmin/ Somália
Documentos/Publicaciones/2015/10072.
pdf?view=1>. Acesso em: 11 mar. 2016. SduodRãeCopo.dnSogDueodSãuml.o
Mianm

R-eAfp.ricCaenntarao-r
Iraque
Eritreia

Fluxos migratórios e estrutura da população 129

INFOGRÁFICO

Indo e vindo

A tendência de crescimento demográfico acelerado MIGRAÇÃO MIGRAÇÃO
em países pobres e a redução no ritmo de crescimento
populacional nos países desenvolvidos e em muitos em INTERNA – 2009 INTERNACIONAL – 2013
desenvolvimento devem aumentar o fluxo de migran-
tes em busca de melhores condições de vida. 740 232

Mundo: principais rotas migratórias – 2015 MILHÕES DE MILHÕES DE

PESSOAS PESSOAS

África África Gráficos: A. Robs Adaptado de: LÖNNBACK, Lars. Integrating Migration into the post-2015
United Nations Development Agenda. Bangkok/Washington, D.C.:
18 milhões International Organization for Migration/Migration Policy Institute, 2014. p. 3.

on/Arquivo da editora África

ALC AA-S AA-S Ásia Ásia Ásia Ásia
26 milhões EuropaAA-S17 milhões 62 milhões
9 milhÁõferisca Europa
Euro8pmailhões América Latina e
Europa Ásia Caribe (ALC)
8 milhões
América Anglo-
-saxônica (AA-S)
Oceania

Região de origem Região de destino

Europa Europa Ásia Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). International Migration
milhões Report 2015: Highlights. Disponível em: <www.un.org/en/
Europa 20 development/desa/population/migration/data/estimates2/
40 milhões estimates15.shtml>. Acesso em: 15 mar. 2016.

Vista aérea de refugiados
sírios aportando no litoral
da Grécia, em 2015.

Nicolas Economou/Shutterstock

Países com maior número de imigrantes
(milhões) – 2015

12,0 11,6 10,2

Alemanha Rússia Arábia
Saudita

46,6 8,5 8,1 7,8

Reino Emirados Canadá
Unido Árabes
Unidos

7,8 6,8 5,9

França Austrália Espanha

Estados Unidos

Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). International Migration Report 2015:
Highlights. Disponível em: <www.un.org/en/development/desa/population/

migration/publications/migrationreport/docs/MigrationReport2015_
Highlights.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2016.

130

Mundo: origem e destino dos migrantes (por faixa de renda) – 2000-2015

Destino** (milhões de migrantes)

250
Renda baixa

200
Renda média

150
Alta renda: exceto OCDE

100
Alta renda: OCDE

50

0
2000
2005
2010
2015
2000
2005
2010
2015

A. Robson/Arquivo da editora
Origem* (milhões de migrantes) Renda baixa

250

200

150
Renda média

100

50 Alta renda: exceto OCDE
0 Alta renda: OCDE

*Valores residuais desconhecidos foram distribuídos proporcionalmente ao tamanho dos grupos de **A classificação dos países por faixa de renda foi elaborada com base na Renda Nacional Bruta (RNB)
acordo com os dados internacionais de migrantres disponíveis. per capita, em dólares estadunidenses, calculada pelo Banco Mundial.

Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). International Migration Report 2015: Highlights. Disponível em: <www.un.org/en/development/desa/
population/migration/publications/migrationreport/docs/MigrationReport2015_Highlights.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2016.



Mundo: percentual de Círculo Polar Ártico
migrantes em relação ao
total nacional – 2015

Trópico de Câncer OCEANO
ATLÂNTICO

OCEANO OCEANO
PACÍFICO PACÍFICO

Equador 0º

Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). OCEANO
International Migration Report 2015: ÍNDICO
Meridiano de Greenwich
Highlights. Disponível em: <www.un. Trópico de Capricórnio Mapas: Banco de imagens/Arquivo da editora0 2 850 5 700
org/en/development/desa/population/ km
migration/publications/migrationreport/ % do total nacional

docs/MigrationReport2015_ 10
Highlights.pdf>. Acesso em: 20
40
11 mar. 2016. 60 Círculo Polar Antártico

Sem dados

Renda do país de origem e do país de destino Bdarafseidl:eprearçcãeon–tu2a0l0d0e-m20ig1r4antes, por unidade

Atualmente, os dois principais movimentos migrató- 50º O
rios internacionais ocorrem de países em desenvolvimen-
to para outros países em desenvolvimento, em geral da Equador OCEANO
mesma região, e de países em desenvolvimento para paí- RR AP ATLÂNTICO
ses desenvolvidos.

Os migrantes que se deslocam de países em desenvol-
vimento, principalmente dos mais pobres, para os desen- AM PA MA CE
volvidos têm rendimento maior do que a média vigente MT RN
em seu país de origem. Já os que migram de um país de- AC
senvolvido para outro também aumentam seu rendimen- RO PI PB
to anual, mas a diferença percentual nos ganhos é bem PE
menor. Os países de média renda são os principais locais
de origem dos migrantes. Os países da OCDE são os que TO AL
mais recebem os fluxos migratórios, mas outros países SE
de alta renda e mesmo os de média renda também apre-
sentam dados relevantes. BA

No Brasil DF

Dados do IBGE, de 2014, revelaram que os maiores GO
percentuais de população não natural, em relação à
população total, foram encontrados nas regiões Cen- OCEANO MS SP MG
tro-Oeste e Norte do país, destacando-se Rondônia, PACÍFICO PR ES
Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Trópico de Capricórnio
Distrito Federal. Essa distribuição espacial dos migran- RJ
tes indica que há forte atração nos municípios locali- Porcentagem
zados em áreas de expansão recente das fronteiras de migrantes SC
agropecuárias e de instalação de outras atividades
econômicas, secundárias e terciárias. 10 RS
20
40 0 550 1100

km

Fonte: IBGE. Síntese dberaInsidleicirbaaidb.oDliroiestspeSocoanc-íivcaaeisltae2lm0o1g:5o:<?uhmtvtiepaw:Aa//c=nbedáislebisstloieaoledthmeaecss:a&1c.4iobidnmg=dea2i.çr9g.õo52e0v0s.1b11d6>re/..
vida da população

131

Pensando no Enem

1. As migrações transnacionais, intensificadas e gene- 2. De acordo com reportagem sobre resultados recentes

ralizadas nas últimas décadas do século XX, expres- de estudos populacionais,
sam aspectos particularmente importantes da pro-
blemática racial, visto como dilema também [...] a população mundial deverá ser de 9,3 bilhões de
mundial. Deslocam-se indivíduos, famílias e coleti- pessoas em 2050.Ou seja,será 50% maior que os 6,1 bilhões
vidades para lugares próximos e distantes, envolven- de meados do ano 2000.[...] Essas são as principais conclu-
do mudanças mais ou menos drásticas nas condições sões do relatório Perspectivas da População Mundial - Re-
de vida e trabalho, em padrões e valores sociocultu- visão 2000,preparado pela Organização das Nações Unidas
rais. Deslocam-se para sociedades semelhantes ou (ONU).[...] Apenas seis países respondem por quase meta-
radicalmente distintas, algumas vezes compreen- de desse aumento:Índia (21%),China (12%),Paquistão (5%),
dendo culturas ou mesmo civilizações totalmente Nigéria (4%), Bangladesh (4%) e Indonésia (3%).
diversas. Esses elevados níveis de expansão contrastam com os
dos países mais desenvolvidos. Em 2000, por exemplo,
IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. a população da União Europeia teve um aumento de 343
mil pessoas, enquanto a Índia alcançou este mesmo
A mobilidade populacional da segunda metade do sécu- crescimento na primeira semana de 2001. [...] Os Estados
lo XX teve um papel importante na formação social e Unidos serão uma exceção do grupo dos países desen-
econômica de diversos estados nacionais. Uma razão volvidos. O país se tornará o único desenvolvido entre
para os movimentos migratórios nas últimas décadas e os 20 mais populosos do mundo.
uma política migratória atual dos países desenvolvidos
são: O ESTADO de S.Paulo. São Paulo: 3 mar. 2001.
a) a busca de oportunidades de trabalho e o aumento de
Considerando as causas determinantes de crescimento
barreiras contra a imigração. populacional, pode-se afirmar que:
b) a necessidade de qualificação profissional e a abertu- a) na Europa, altas taxas de crescimento vegetativo ex-

ra das fronteiras para os imigrantes. plicam o seu crescimento populacional em 2000.
c) o desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acau- b) nos países citados, baixas taxas de mortalidade infan-

telamento dos bens dos imigrantes. til e aumento da expectativa de vida são as responsá-
d) a expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos imi- veis pela tendência de crescimento populacional.
c) nos Estados Unidos, a atração migratória representa
grantes qualificados. um importante fator que poderá colocá-lo entre os
e) a fuga decorrente de conflitos políticos e o fortaleci- países mais populosos do mundo.
d) nos países citados, altos índices de desenvolvimento
mento de políticas sociais. humano explicam suas altas taxas de natalidade.

Resolução Resolução

A alternativa correta é a letra A. O principal fator de A alternativa correta é a C. Na Europa, o crescimento ve-
deslocamento populacional é o econômico, levando getativo é baixo; nos países citados no primeiro parágra-
pessoas e famílias a buscarem melhores condições de fo a mortalidade infantil é alta e os IDHs são baixo e mé-
vida e trabalho no novo local. Em muitos países desen- dio; os Estados Unidos recebem centenas de milhares de
volvidos, foram criadas fortes barreiras ao ingresso de imigrantes, anualmente, o que explica seu elevado rit-
migrantes clandestinos, como a construção de muro na mo de crescimento populacional.
fronteira entre os Estados Unidos e o México e o con- Essas questões trabalham a Competência de Área 2 – Com-
trole de embarcações clandestinas no mar Mediterrâ- preender as transformações dos espaços geográficos como
neo, entre outros. produto das relações socioeconômicas e culturais de poder
– e a Habilidade 8 – Analisar a ação dos estados nacionais
Acesse o site do Memorial no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no
do Imigrante. Veja orientações enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
na seção Sugestões de leitura,
filmes e sites.

ATENÇÃO!
Não escreva neste livro!

132 Capítulo 6

2 Estrutura da população • distribuição da população economicamente ativa

A estrutura da população mundial deve ser anali- (PEA) nos setores de atividades econômicas (primá-
sada considerando-se seus diversos aspectos. A distri- rias, secundárias e terciárias);
buição por sexo, número, idade, ocupação, renda, edu-
cação, saúde e outros indicadores que expressam os • distribuição da renda e do consumo;
aspectos quantitativos e qualitativos da organização • crescimento econômico e desenvolvimento social.
social são importantes para ações de planejamento de
investimentos, tanto governamental quanto privado. Pirâmide etária

Para fins didáticos, vamos dividir o estudo da es- A pirâmide etária, ou pirâmide de idades, é um gráfi-
trutura da população em quatro categorias, que nos co que mostra o número de habitantes (em números
mostram informações sobre demografia, atividade absolutos ou relativos) e sua distribuição por sexo e idade.
econômica e qualidade de vida. Pode retratar dados da população mundial, de um país,
estado ou município. Sua simples visualização permite
• número, sexo e faixa etária dos habitantes: esses inferir informações referentes à natalidade e à expecta-
tiva de vida da população. Observe o esquema a seguir.
dados, obtidos pelo censo demográfico, são expres-
sos por um gráfico chamado pirâmide etária;

Estrutura etária e desenvolvimento econômico

Pirâmides etárias – 2015

Países menos desenvolvidos Países mais desenvolvidos A. Robson/Arquivo da editora

Grupos de homens Grupos de homens
idade mulheres idade mulheres
100+ 100+
30 50 70 30 50 70
95 a 99 95 a 99
População (milhões) População (milhões)
90 a 94 90 a 94

85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84

75 a 79 75 a 79

70 a 74 70 a 74

65 a 69 65 a 69

60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59

50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49

40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39

30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24

15 a 19 15 a 19

10 a 14 10 a 14

5a9 5a9

0a4 0a4

70 50 30 10 0 0 10 70 50 30 10 0 0 10

Adaptado de: UNITED STATES CENSUS BUREAU. Disponível em: <www.census.gov/population/international/data/idb/
region.php?N=%20Results%20&T=12&A=aggregate&RT=0&Y=2015&R=104&C=>. Acesso em : 11 mar. 2016.

Se a pirâmide apresenta um aspecto triangular, o Ao contrário, se a pirâmide não apresentar grande
percentual de jovens no conjunto da população é alto. diferença da base ao topo, pode-se concluir que a
A base larga indica que a taxa de natalidade é alta. O topo população recenseada apresenta baixa taxa de
estreito indica uma pequena participação percentual de natalidade e alta expectativa de vida, características de
idosos no conjunto total da população e, portanto, que a países com maior nível de desenvolvimento, ou seja,
expectativa de vida é baixa. Alta taxa de natalidade e baixa economias desenvolvidas e algumas emergentes.
expectativa de vida caracterizam países com menor nível
de desenvolvimento.

Fluxos migratórios e estrutura da população 133

Até a década de 1960, era possível classificar o nível isso na irregularidade das barras da pirâmide etária e,
de desenvolvimento de um país observando-se apenas sobretudo, na diferença entre o número de homens e
sua pirâmide etária. Os países em desenvolvimento – de mulheres.
com poucas exceções, como a Argentina e o Uruguai
– apresentavam altas taxas de natalidade e baixa ex- População economicamente
pectativa de vida, caracterizando uma pirâmide com ativa
aspecto triangular. No entanto, com o intenso proces-
so de urbanização e melhores resultados do planeja- As atividades secundárias (industriais e de cons-
mento familiar, muitos países em desenvolvimento – trução civil) e terciárias (comércio, serviços e adminis-
como o Brasil – passaram a apresentar alta redução das tração pública) tradicionalmente são classificadas como
taxas de natalidade e significativo aumento na espe- urbanas e as atividades primárias (agrícolas, garimpo,
rança de vida. pesca artesanal), como rurais.

Desse modo, não se pode mais caracterizar as con- A modernização da produção agrícola, dos sistemas
dições de desenvolvimento de um país apenas pela de transporte e de telecomunicação, verificada atual-
análise de sua pirâmide etária. Essa classificação exige mente em diversas regiões, favoreceu a industrialização
um estudo mais complexo, que considere vários indi- e a oferta de serviços no campo.
cadores sociais e econômicos, como vem sendo feito
pela ONU desde 1990, com o Índice de Desenvolvimen- Nas agroindústrias, as atividades secundárias (ope-
to Humano (vamos estudar o IDH da população brasi- ração e manutenção das máquinas) e terciárias (infor-
leira no Capítulo 8). mática, marketing, etc., muitas vezes realizadas em
escritórios localizados nas cidades) têm empregado
Ao observar uma pirâmide etária, é necessário maior número de pessoas do que as primárias (prepa-
considerar, ainda, a história da população recenseada, ro do solo, plantio e colheita).
para conhecer a causa de alguma configuração inco-
mum no gráfico. Veja o exemplo na pirâmide da Rússia Também o setor industrial passou por muitas
a seguir. Esse país, durante a Segunda Guerra Mundial transformações ao longo das últimas décadas. Até o
(1939 a 1945), sofreu muitas baixas de jovens com ida- fim dos anos 1970 e começo dos 1980, a maioria dos
de aproximada de vinte anos. Ademais, sua natalidade funcionários das indústrias trabalhava na linha de
foi pequena nesse período. É possível observar tudo montagem, operando e cuidando da manutenção das
máquinas, embalando produtos e realizando diversas
Rússia: pirâmide etária – 2015 outras atividades mecânicas e repetitivas.

A. Robson/Arquivo da editora Grupos de homens Atualmente, nas indústrias de alta tecnologia, a
idade linha de montagem tem elevados índices de roboti-
zação e informatização e, por isso, utilizam um núme-
100+ mulheres ro reduzido de trabalhadores.
95 a 99
Já as atividades administrativas, jurídicas, de pu-
90 a 94 blicidade, vendas, alimentação, segurança, limpeza e
várias outras empregam um número crescente de
85 a 89 mão de obra. Assim, a maioria dos empregados das
indústrias de alta tecnologia está, na realidade, pres-
80 a 84 tando serviços.

75 a 79 Acesse o site da revista eletrônica
ComCiência e conheça diversos
70 a 74 artigos sobre o mercado de trabalho e
a população negra no Brasil. Veja
65 a 69 orientações na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
60 a 64
Adaptado de: UNITED STATES CENSUS
55 a 59 BUREAU. Disponível em:
<www.census.gov/population/
50 a 54 international/data/idb/region.php?N=%20
Results%20&T=12&A=separate&RT=0&Y=
45 a 49 2015&R=101&C=RS>. Acesso em: 11 mar. 2016.

40 a 44

35 a 39

30 a 34

25 a 29

20 a 24

15 a 19

10 a 14

5a9

0a4

12 9 6 3 00 3 6 9 12

Popula•‹o (milh›es)

134 Capítulo 6

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

Operária em linha de produção bastante automatizada de envase de óleo de soja em Maringá (PR), 2013.

Em razão da crescente inter-relação das atividades Se o número de trabalhadores na agropecuária for
econômicas, as estatísticas que mostram a distribuição elevado, correspondendo, por exemplo, a 25% da PEA,
da PEA nos três setores da economia (primário, secun- isso indica que a produtividade do setor é baixa, já
dário e terciário), ainda muito utilizadas, já não dão que provavelmente um quarto dos trabalhadores
conta de analisar a complexidade da realidade atual. abastece a si mesmo e aos outros 75% alocados em
Considerando essas mudanças, muitos institutos de outras atividades. A relação na PEA é, nesse caso, de
pesquisa que coletam dados em escala mundial agru- um trabalhador agrícola para três em outros setores.
pam as atividades econômicas em três setores: agro-
pecuária, indústria e serviços, como podemos observar De outro lado, se o número de trabalhadores for
na tabela a seguir. baixo, por exemplo, 5%, a produtividade no setor será
alta, já que eles abastecem a si mesmos e aos outros
A observação dos dados da tabela permite chegar 95%; a relação é de um trabalhador agrícola para cada
a algumas conclusões sobre a economia dos países, 19 em outros setores. Pode-se afirmar que esse país apre-
se desconsiderarmos, apenas para esta análise, as im- senta uma atividade agropecuária com elevada utiliza-
portações e exportações de gêneros agropecuários. ção de fertilizantes, sistemas de irrigação e mecanização.

Países selecionados: distribuição da PEA nos setores de atividade

País PEA total (milhões de Setor (%) – 2005-2014*
pessoas) – 2015 industrial
agropecuário de serviços

Reino Unido 32,9 1,3 15,2 83,5

Estados Unidos 156,4 0,7 20,3 79,0

Alemanha 45,0 1,6 24,6 73,8

Japão 64,3 2,9 26,2 70,9

Arábia Saudita 11,7 6,7 21,4 71,9

Brasil 110,2 15,7 13,3 71,0

Filipinas 41,8 30,0 16,0 54,0

China 1 004,0 33,6 30,3 36,1

Índia 502,0 49,0 20,0 31,0

Etiópia 49,3 85,0 5,0 10,0

Adaptado de: CIA. The World Factbook. Disponível em: <www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/notesanddefs.html?fieldkey=2048&term=
Labor%20force%20-%20by%20occupation>. Acesso em: 11 mar. 2016.

* A data dos dados da PEA por setores de atividade varia, mas aqueles são os últimos disponíveis em março de 2016.

Fluxos migratórios e estrutura da população 135

smereka/Shutterstock

A modernização da agropecuária é induzida por vários
fatores: processo de industrialização-urbanização,
competitividade no setor de exportação, concorrência de
produtos importados, necessidade de preservação das
condições ecológicas e de utilização racional dos recursos
naturais (desenvolvimento sustentável). Na foto, colheita
mecanizada em Kalush (Ucrânia), em 2015.

Distribuição da renda A análise dos indicadores de distribuição de renda
mostra que nos países em desenvolvimento e em al-
Não basta consultar a pirâmide etária e saber quan- guns emergentes há grande concentração do rendi-
tas crianças atingirão a idade escolar no próximo ano mento nacional bruto em mãos de pequena parcela da
para planejar o número de vagas nas escolas da rede população, enquanto nos desenvolvidos ela está mais
pública. Também é necessário saber como será a distri- bem distribuída. O que ocasiona isso?
buição dessas crianças nas redes pública e privada, o que
envolve a análise não apenas da qualidade do ensino Além dos baixos salários que vigoram nos países
oferecido pelo Estado, mas também das condições eco- pobres e em alguns emergentes e da dificuldade de
nômicas dos estudantes e do suporte que deve ser ofe- acesso à propriedade regular (urbana ou rural), há ba-
recido – material escolar, merenda, transporte e outros. sicamente dois fatores que explicam a concentração
de renda: o sistema tributário – os impostos pesam
Assim, se o governo ignora a distribuição da renda mais para os mais pobres – e a inflação – quase sempre
nacional durante o planejamento da educação, da saú- não repassada integralmente aos salários, como vimos
de, da habitação ou do transporte, por exemplo, as no Capítulo 2.
políticas públicas tendem a fracassar. Da parte da ini-
ciativa privada, ao planejar o atendimento das deman- Observe nos próximos gráficos como está distri-
das do mercado, é preciso considerar não apenas o buída a carga tributária nas três esferas do governo
número, o sexo e a idade dos consumidores, mas so- brasileiro (municipal, estadual e federal) e a compa-
bretudo seu poder aquisitivo. ração desta com a carga de outros países.

OccAdmdoeoobienncanfssurassctepesnurreeresáegdrvnfrgadieaouvtciars,itinmqaçecrtUaouiçnobraãseênmt1u3edospihtã7soaúedá,oosqesvbreuifums(olaevgritcaceeráobaêonacvmirmusstsvaeiercdtseraasaornieliolláeotneodsigvrnivtriafoniasaoendvto,deuregaasierabrslrnáémuadfmolíio)d,c.eoa Brasil: carga tribut‡ria bruta Ð 2005-2014
qualitativamente.
% do PIB 33,6 União Estados Municípios Total A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: RECEITA FEDERAL. Carga 35 33,6 33,4 33,5
tributária no Brasil 2014: análise por
tributos e bases de incidência. 30
Disponível em: <http://idg.receita.
fazenda.gov.br/dados/receitadata/ 25 23,4 23,4 23,4 22,9
estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/ 20
15
estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-
no-brasil/29-10-2015-carga-tributaria- 10 8,6 8,5 8,2 8,5
2014>. Acesso em: 14 mar. 2016. 1,7 1,8 2,1
5
1,6 2008 2011 2014

0
2005

136 Capítulo 6

Brasil e alguns países da OCDE: carga tributária – 2013

% do PIB A. Robson/Arquivo da editora

50,0 48,6
40,0 45,0 44,0 42,8 42,6 42,5
30,0 40,8 39,3 38,9
36,8 36,7 35,5 35,0 34,1 33,7 33,5 33,4 32,9 32,6
30,6 30,5

20,0

10,0

0

Dinam
arca

FinlFrâanndiçaa
Suécia

LuxeNmÁoruIutsteárliigaaa
MéRdeiAElpasI.elHsTlOoumbcâvCnahuêngrDnerndgiicEhiaaao*aa
ReinEPosCorapGUtBranrnuéianacgddihsaioáalal

Israel

Adaptado de: RECEITA FEDERAL. Carga tributária no Brasil 2014: análise por tributos e bases de incidência.
Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/
estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil/29-10-2015-carga-tributaria-2014>. Acesso em: 14 mar. 2016.

* Média dos países da OCDE que constam no gráfico.

Outro fator preponderante é que, nos países em Em razão de sua importância, o assunto tem domi-

desenvolvimento, os serviços públicos em geral são nado as últimas discussões em encontros do G-20, do

muito precários, prevalecendo um mecanismo perver- Fórum Econômico Mundial (reunião de lideranças em-

so de reprodução da pobreza. Filhos de trabalhadores presariais, políticas, sindicais e científicas que ocorre

de baixa renda dificilmente têm acesso a sistemas efi- anualmente na cidade de Davos, na Suíça) e de várias

cientes de educação, constituindo, na maioria dos ca- cúpulas ligadas à ONU, que influenciam as diretrizes

sos, mão de obra sem qualificação. A consequência é econômicas, os financiamentos gerenciados pelo FMI e

que essas pessoas são mal remuneradas, o que dificul- pelo Banco Mundial e as determinações da OMC.

ta o rompimento do círculo vicioso da pobreza.

Atualmente, com a globalização da eco-

nomia, a situação dos trabalhadores assala- Atlantide Phototravel/Corbis/Latinstock

riados tem se deteriorado ainda mais. A aber-

tura de filiais de empresas em países em

desenvolvimento, ou a transferência delas

para esses locais, onde os salários são mais

baixos e a legislação trabalhista é mais flexí-

vel, ocorre em detrimento dos trabalhadores.

Em muitos desses países os assalariados têm

uma participação menor na renda nacional e

podem ser demitidos sem muitos encargos

para as empresas.

Acrescente-se a isso o desemprego estrutu-

ral, ou seja, a redução de postos de trabalho em

virtude das novas formas de organização da

produção. Essa é uma tendência verificada es-

pecialmente em países cujas empresas investem

em informatização e robótica, o que fragiliza a

ação dos sindicatos e diminui a força dos em- Paisagem urbana com boa infraestrutura em Copenhague (Dinamarca),
pregados em processos de negociação salarial. em 2014.

Fluxos migratórios e estrutura da população 137

Crescimento econômico e aumento da renda mundial pouco beneficia os habi-
desenvolvimento social tantes das regiões e dos países mais pobres do pla-
neta, assim como não beneficia por igual a população
O grande crescimento do PIB mundial ocorrido dos países mais ricos.
nas últimas décadas é resultado do desenvolvimento
de novas tecnologias aplicadas à produção agrícola e Entre outubro de 2008 e o fim de 2009 – período
industrial e às atividades terciárias. Apesar de a evo- crítico da crise econômica dos Estados Unidos, que pos-
lução da população mundial ter se mantido constan- teriormente atingiu diversas nações –, houve recessão
te, o crescimento do PIB apresentou grandes varia- em alguns países e o ritmo de crescimento se desace-
ções anuais, como se observa no gráfico abaixo à lerou em outros. Em escala mundial, ocorreu a queda
direita. Embora em alguns anos esse indicador apre- do PIB e o aumento nos índices de desemprego, mas
sente um crescimento superior ao da população, o no fim de 2009 a economia mundial já demonstrava
sinais de recuperação.

Mundo: tendências e projeções do desemprego Mundo: crescimento do PIB e projeções –
– 2003-2018* 2007-2017**

Desemprego (milhões) Taxa de desemprego (%) % Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
220 12
210 Taxa de desemprego Desemprego 6,6
200 total 6,4 10
190 6,2 8
180
170 6,0 6
160 4
150
140 5,8 2

5,6 0

5,4 _2

5,2 _ 4 Economias desenvolvidas

5,0 _6 Economias em desenvolvimento
Economias em transição

Mundo

4,8 _8

2222000000005463
222000000897
2010
222000111312
2014
2015
2016
2017
2018

Luciana Whitaker/Folhapress

2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Adaptado de: INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION (ILO). Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). World Economic Situation Prospects 2016.
Global Employment Trends 2014: the Risk of a Jobless Recovery. Disponível em: Disponível em: <www.un.org/en/development/desa/policy/wesp/wesp
_current/2016wesp_ch1_en.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2016.
<www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---dcomm/---
publ/documents/publication/wcms_233953.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2016. ** Os dados de 2015 são estimados; os dados de 2016 e de 2017 foram projetados.

* Os dados de 2013 são estimativas preliminares; os de 2014 a 2018 são projeções.
O gráfico mostra os valores do passado e as projeções para o desemprego global.

A partir da década de 1970, mais e mais governos pas-
saram a vincular as questões ambientais à análise dos
problemas sociais, o que amplia a abordagem das teorias
demográficas estudadas no capítulo anterior. No enfoque
encaminhado pela ONU, população, meio ambiente e
desenvolvimento devem ser analisados conjuntamente
por serem variáveis cada vez mais interdependentes.

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (foto), houve
um consenso de que tais questões estão intimamente vinculadas.

Esse foi o encaminhamento ratificado na Conferência Mundial
sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo em 1994, e
na Cúpula do Milênio, em 2000. Em 2000, foram estabelecidas oito

metas – os objetivos de desenvolvimento do milênio –, que
deveriam ser atingidas até 2015, mas nem todas foram alcançadas

igualmente em todos os países e regiões do mundo.

138 Capítulo 6

Atividades ATENÇÃO!
Não escreva neste livro!

Compreendendo conteúdos

1. Explique quais são as principais causas e os principais efeitos dos movimentos populacionais.
2. Observando novamente o infográfico das páginas 130 e 131 e as fotos abaixo, como você justificaria as principais

rotas migratórias no mundo atual, considerando os países que acolhem imigrantes e as regiões de partida?

Mohamed Abdiwahab/Agência France-PresseAeroporto de Mogadíscio
Rob Wilson/Shutterstock(Somália), em 2016.
A Somália é considerada
um país de repulsão,
dentro do fluxo
migratório mundial.

Aeroporto de Valência
(Espanha), em 2015.

Os países da União Europeia
são considerados polos de
atração populacional.

3. De que maneira as informações das pirâmides etárias e da distribuição da renda podem auxiliar no planejamento e

na introdução de políticas públicas? Dê um exemplo.

4. Explique de que maneira o sistema tributário pode ser utilizado como mecanismo de distribuição da renda nacional.

Desenvolvendo habilidades

5. Releia a epígrafe desse capítulo e redija um texto dissertativo considerando sua ideia principal e a importância do

respeito aos direitos humanos, com destaque ao direito à nacionalidade.

6. Observe novamente o esquema da página 133 e responda às questões.

a) O que se pode concluir ao comparar a base e o topo das duas pirâmides?
b) Em qual pirâmide há maior percentual de população adulta, que concentra a PEA dos países? Que consequências

econômicas isso pode acarretar?

Fluxos migratórios e estrutura da população 139

CAPÍTULO 7 Formação e
diversidade cultural
da população brasileira

Palê Zuppani/Pulsar Imagens

Pessoas caminham pelo
calçadão da rua Jerônimo
Coelho, no centro comercial
de Florianópolis (SC),
em 2015.

140

Apopulação do Brasil foi formada, após a conquista portuguesa, prin- Conheça o livro
cipalmente de povos nativos ou indígenas, africanos e europeus. Nes- História dos índios no
se período a maior parte dos africanos tinha origem etnolinguística Brasil e os sites da
banto e iorubá, enquanto os europeus eram oriundos especialmente de Por- Fundação Nacional do
tugal, mas, em menor número, também da França, dos Países Baixos, do Índio (Funai) e do
Reino Unido, entre outros. Museu do Índio. Veja
orientações na seção
Desde meados do século XIX até os dias atuais, a população brasileira Sugestões de leitura,
teve influência de variados povos que imigraram para o país em busca de filmes e sites.
melhores condições de vida, em épocas diferentes. São exemplos os euro-
peus, como italianos, espanhóis, alemães e poloneses; os asiáticos vindos Procissão do Círio de Nazaré,
do Japão, da Coreia do Sul e de países do Oriente Médio; os latino-americanos em Belém (PA), 2012.
vindos principalmente da Bolívia, do Chile e do Haiti; além dos africanos de
distintas nacionalidades, como moçambicanos, guineenses, angolanos e
cabo-verdianos.

Neste capítulo, vamos estudar a formação e a diversidade étnico-cultural
da população brasileira, os principais períodos de movimentação populacional
e as correntes migratórias internas e internacionais.

Paulo Santos/Reuters/Latinstock

Formação e diversidade cultural da população brasileira 141

1 Primeiros habitantes

A quantidade de indígenas que ocupava o que é hoje pois passaram a adotar hábitos dos colonizadores, co-
o território brasileiro antes da chegada dos portugueses mo falar outra língua, professar uma nova religião e
ainda não é consenso entre os pesquisadores. O historia- alterar o próprio modo de vida, como a vestimenta e
dor Ronaldo Vainfas afirma, no livro Brasil: 500 anos de a alimentação.
povoamento, que as estimativas variam entre 1 milhão e
6,8 milhões de nativos, pertencentes a várias etnias. As De acordo com a Funai e o Censo demográfico do
etnias com maiores populações, e que ocupavam as maio- IBGE, em 2010, a população de origem indígena estava
res extensões territoriais, eram a Jê e a Tupi-Guarani. reduzida a 817 mil indivíduos (0,4% da população total
do país), distribuídos entre 505 terras indígenas e algu-
É inquestionável, entretanto, que, de 1500 aos dias mas áreas urbanas, concentrados principalmente nas
atuais, os indígenas sofreram intenso genocídio. As regiões Norte e Centro-Oeste. Essas estimativas reve-
causas principais são: doenças trazidas pelos europeus laram também que há 69 referências de grupos isola-
e para as quais os nativos não tinham imunidade e as dos, isto é, que não estabeleceram contato com a so-
guerras contra os colonizadores. Havia ainda as guerras ciedade brasileira.
entre diferentes nações indígenas, que se intensificavam
quando alguns grupos fugiam das regiões ocupadas pe- Somente a partir da metade do século passado
los europeus em direção a terras de outros povos, ou verificou-se uma tendência de aumento desse contin-
quando alguns grupos se aliavam militarmente a portu- gente, principalmente em razão da demarcação de
gueses, franceses e holandeses para lutar contra nações terras indígenas, que em 2015 ocupavam 12,5% do
inimigas. Muitos povos também sofreram etnocídio, território brasileiro.

Genocídio: segundo a ONU, o termo genocídio não exis- A Constituição Federal assegura aos indígenas o
tia antes de 1944; foi criado para designar crimes que direito à terra: “Art. 231. São reconhecidos aos índios
têm como objetivo a eliminação da existência física de sua organização social, costumes, línguas, crenças e
grupos nacionais, étnicos, raciais e/ou religiosos. tradições, e os direitos originários sobre as terras que
Etnocídio: destruição da cultura de um povo. tradicionalmente ocupam, competindo à União demar-
cá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”.

Edson Sato/Pulsar Imagens

Em 2010, 39% dos indígenas viviam em áreas urbanas e 61%, na zona rural. A taxa de crescimento da população indígena, de 3,5% ao
ano, era bem superior à média da população não indígena, de 0,8%. Entre as 305 etnias existentes no país, os yanomami ocupavam a
terra indígena mais populosa, com 25,7 mil habitantes, distribuídos entre os estados do Amazonas e de Roraima. A etnia tikuna (AM)
é a mais numerosa, com 46 mil pessoas distribuídas por várias terras esparsas, seguida pelos guarani kaiowá (MS), com 43 mil
membros. Os grupos indígenas isolados não foram contabilizados no Censo 2010 em razão da política de preservação cultural. Na
foto, mulheres yanomami descascam mandioca na aldeia Demini, em Barcelos (AM), em 2012.

142 Capítulo 7

Povos indígenas: condições Brasil: terras indígenas – 2013
de vida
VENEZUELA 55° O
A criação de parques e terras indígenas, onde ficam
asseguradas as condições de vida em comunidade dos GUIANA Guiana Banco de imagens/Arquivo da editora
povos nativos, constitui o reconhecimento do direito
de existência de culturas distintas, com valores e cos- Francesa (FRA) OCEANO
tumes próprios. O princípio que embasa a demarcação ATLÂNTICO
dessas terras é o fato de que os indígenas foram os COLÔMBIA SURINAME
primeiros habitantes desse território. Equador
RR AP
Esse tipo de garantia é importante por causa da
visão de mundo de diversas nações indígenas. A terra 0°
é considerada a base do grupo por ser o lugar onde
reproduzem a cultura, desenvolvem sua organização AM MA CE RN
social e onde jazem seus ancestrais. Observe o mapa PA PI PB
ao lado e leia o texto a seguir. PE
AC RO AL
Outras leituras PERU SE
TO BA
BOLÍVIA MT
MG
DF ES
GO
RJ
OCEANO MS
PACÍFICO
PARAGUAI SP
Trópico de Capricórnio
PR

CHILE SC
RS
ARGENTINA

0 580 1160
km
URUGUAI

Adaptado de: FUNAI. Povos indígenas. Disponível em: <http://mapas2.funai.
gov.br/portal_mapas/pdf/terra_indigena.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2016.

O Censo 2010 investigou pela primeira vez o nú- não tinham rendimentos, sendo o maior percentual Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo
mero de etnias indígenas (comunidades definidas por encontrado na região Norte (92,6%), onde 25,7% ga-
afinidades linguísticas,culturais e sociais). Foram en- nhavam até um salário mínimo e 66,9% eram sem
contradas cerca de 305 etnias, das quais a maior é a rendimento. Em todo o país, 1,5% da população indí-
tikuna, com 6,8% da população indígena. Também gena com 10 anos ou mais de idade ganhava mais de
foram identificadas 274 línguas indígenas. Dos indí- cinco salários mínimos,percentual que caía para 0,2%
genas com 5 anos ou mais de idade, 37,4% falavam nas terras indígenas.
uma língua indígena e 76,9% falavam português.
Somente 12,6% dos domicílios eram do tipo “oca
Mesmo com uma taxa de alfabetização mais alta ou maloca”, enquanto, no restante, predominava o
que em 2000, a população indígena ainda tem nível tipo“casa”. Mesmo nas terras indígenas, ocas e malo-
educacional mais baixo que o da população não indí- cas não eram muito comuns: em apenas 2,9% das
gena, especialmente na área rural. Nas terras indíge- terras,todos os domicílios eram desse tipo e,em 58,7%
nas, nos grupos etários acima dos 50 anos, a taxa de das terras, elas não foram observadas.
analfabetismo é superior à de alfabetização. [...]
PORTAL BRASIL. Disponível em: <www.brasil.gov.br/governo/2012/08/
Entre as crianças indígenas nas áreas urbanas,as brasil-tem-quase-900-mil-indios-de-305-etnias-e-274-idiomas>.
taxas são próximas às da população em geral, ambas Acesso em: 15 mar. 2016.
acima dos 90%.
Escola indígena sateré-maué, em Manaus (AM), 2014.
A análise de rendimentos comprovou a necessi-
dade de se ter um olhar diferenciado sobre os indíge-
nas: 52,9% deles não tinham qualquer tipo de rendi-
mento,proporção ainda maior nas áreas rurais (65,7%);
porém, vários fatores dificultam a obtenção de infor-
mações sobre o rendimento dos trabalhadores indí-
genas: muitos trabalhos são feitos coletivamente,
lazer e trabalho não são facilmente separáveis e a
relação com a terra tem enorme significado, sem a
noção de propriedade privada.

Em 2010, 83,0% das pessoas indígenas de 10 anos
ou mais de idade recebiam até um salário mínimo ou

Formação e diversidade cultural da população brasileira 143

2 Formação da população brasileira

Desde o século XVI, início da colonização, os por- latino-americanos foi ampliada e, com isso, o país foi
tugueses foram se fixando no Brasil. sendo povoado e novas famílias se formaram.

Entre 1532 e 1850, os africanos foram trazidos Os descendentes de todos esses povos com-
forçadamente para esse território, escravizados. De- põem a população brasileira atual. Leia o texto a
pois de 1870, a imigração de europeus, asiáticos e seguir.

Outras leituras

O povo brasileiro continuada ao mercado mundial. Novo, inclusive,
pela inverossímil alegria e espantosa vontade de fe-
Surgimos da confluência, do entrechoque e do licidade, num povo tão sacrificado, que alenta e co-
caldeamento do invasor português com índios sil- move a todos os brasileiros. [...]
vícolas e campineiros e com negros africanos, uns
e outros aliciados como escravos. Essa unidade étnica básica não significa, porém,
nenhuma uniformidade, mesmo porque atuaram
Nessa confluência, que se dá sob a regência dos sobre ela três forças diversificadoras. A ecológica, fa-
portugueses, matrizes raciais díspares, tradições cul- zendo surgir paisagens humanas distintas onde as
turais distintas, formações sociais defasadas se en- condições do meio ambiente obrigaram a adaptações
frentam e se fundem para dar lugar a um povo novo regionais. A econômica, criando formas diferenciadas
(Ribeiro, 1970), num novo modelo de estruturação de produção, que conduziram a especializações fun-
societária. Novo porque surge como uma etnia na- cionais e aos seus correspondentes gêneros de vida.
cional, diferenciada culturalmente de suas matrizes E, por último, a imigração, que introduziu, nesse mag-
formadoras, fortemente mestiçada, dinamizada por ma, novos contingentes humanos, principalmente
uma cultura sincrética e singularizada pela redefini- europeus, árabes e japoneses. Mas já o encontrando
ção de traços culturais dela oriundos. Também novo formado e capaz de absorvê-los e abrasileirá-los, ape-
porque se vê a si mesmo e é visto como uma gente nas estrangeirou alguns brasileiros ao gerar diferen-
nova, um novo gênero humano diferente de quantos ciações nas áreas ou nos estratos sociais onde os
existam. Povo novo, ainda, porque é um novo mode- imigrantes mais se concentram.
lo de estruturação societária, que inaugura uma for-
ma singular de organização socioeconômica, funda- RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São
da num tipo renovado de escravismo e numa servidão Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 9-21.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá...”

Gonçalves Dias (1823-1864), poeta, advogado e jornalista maranhense.

Memorial da Imigração
Japonesa em Assaí
2015. Boa parte dos (PR), em

migrantes japoneses se
instalou no interior
Paulo e no norte do de São
Paraná.

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens

144 Capítulo 7

Como a população brasileira havendo muitos que se declaravam como brancos.
se identifica Além disso, como você viu na página 143, o Censo 2010
foi o primeiro a oferecer a opção “indígena” como au-
Segundo o IBGE, como é possível observar nos grá- toidentificador. Existem ainda muitas pessoas que,
ficos a seguir, o percentual de pessoas que se conside- por particularidades culturais, não se identificam com
ram brancas têm caído e o número das que se conside- nenhuma das cinco opções oferecidas para enquadra-
ram pretas caiu de 1950 a 1980 e voltou a aumentar em mento da resposta (branca, preta, amarela, parda
2010. Já a autoidentificação como parda está crescendo e indígena).
desde a década de 1950. Isso pode indicar que o pro-
cesso de aceitação e de valorização da identidade afro- A espécie humana é única: não existem raças.
descendente da população brasileira tem se ampliado O conceito de raça (além do de cor, que seria expressão
nas últimas décadas. fenotípica de um indivíduo), como aparece nas pesqui-
sas, mapas e relatórios do IBGE, não tem embasamen-
Os dados dos gráficos são levantados pelo IBGE e to biológico, mas sim histórico. O texto a seguir explica
refletem a forma como as pessoas se identificam. o uso de alguns conceitos importantes acerca desse
Nem sempre os pardos se declararam como tal, tema, como raça, cor e racismo.

Brasil: cor e raça (%) – 1950-2014*

População residente

1950
Rubens Chaves/Pulsar Imagens 1980 2010 2014
A. Robson/Arquivo da editora47,7 7,645,5 8,6
61,7 11,0 54,7 5,9

0,2 26,5 0,3 38,5 43,1 45,0
0,6 0,6 0,1 1,1 0,9
Branca Parda
Preta Amarela 0,4 Sem declaração

Indígena Indígena
+ Amarela

Adaptado de: IBGE. Anuário estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro, 1999. v. 58; IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/periodicos/95/cd_2010_indigenas_universo.pdf>; IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2014. Disponível em <www.ibge.gov.br/home/

estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2014/>. Acesso em: 20 mar. 2016.

* A Pnad contabilizou a população indígena somente em 2010. Em 2014 não apresentou dados separados sobre as populações amarela e indígena, agrupando-as em
um tópico que perfaz um total de 0,9% da população total.

FdMRaeemunlanínlziiéceairsGpnaeuomliaAPnmmaeréotqtrmuiiceeeomnto
Belo Horizonte
(Minas Gerais),
2014.

Formação e diversidade cultural da população brasileira 145

Outras leituras

Raça, cor e racismo: algumas conceituações necessárias CombAte A
CIDADANIA:
Raça é, antes de tudo, um artifício teórico. Reco- biogeográfica do material genético ou a o rACIsmo

nhecer seu estatuto como construção social signi- descrição de traços fenotípicos caucasia-

fica, primeiramente, entender que a noção de raça nos ou negroides. [...]

foi historicamente adotada como ferramenta de Por entender que raça é dotada de uma reali-

exclusão e hierarquização de povos e culturas, tendo dade social e culturalmente construída, a noção de

sido mobilizada por setores da elite para legitimar cor também deve ser problematizada. Em seu sen-

ações escravistas, eugênicas e colonialistas. Depois, tido usual, a cor é empregada para designar a clas-

com a emergência dos movimentos sociais, raça foi sificação racial dos sujeitos sem, no entanto, se

retomada como instrumento de luta política – uma comprometer com a “raça” em si. [...] Analisar o que

bandeira pelo reconhecimento de direitos e de re- significa pertencer a uma cor “branca”, “preta” ou

distribuição de recursos. Hoje, falar de raça não sig- “amarela” remete a uma ideologia que opera por

nifica evocar sua histórica e infeliz definição, muito trás dessas categorias, conferindo-lhes sentido;

menos fazer apologia de seus maus usos, e sim re- logo, o conceito de cor inevitavelmente evoca a

conhecer sua importância como conceito analítico noção de raça. Daí decorre que cor é raça. [...] se a

para iluminar desigualdades, valorizar identidades, noção de cor é, no fundo, um sinônimo de raça, por

enfrentar o racismo e promover transformações na que continuar operando com a primeira? Porque

sociedade. [...] cor é uma categoria nativa, tradicionalmente uti-

A percepção racial torna-se altamente influen- lizada para diferenciar cidadãos livres de escravos,

ciada pelo contexto sociocultural e econômico em colonizadores europeus de povos nativos, imigran-

que se encontram os sujeitos: ser branco ou negro tes asiáticos de negros descendentes de povos tra-

não é – e nunca foi – um produto objetivamente zidos da África, etc. Em suma, porque foi o principal

apreendido pela aferição de medidas, como a con- conceito utilizado nas relações raciais do Brasil

centração de melanina na pele, a análise da origem para classificar pessoas [...].

Renato S. Cerqueira/Futura Press

Manifestação do Orgulho Crespo na avenida
Paulista, na região central de São Paulo (SP),
em 2015. Além de incentivar a autoestima
da população e a valorização da identidade
negra, a marcha é contra a discriminação e
o racismo.

146 Capítulo 7

Por vezes, teóricos defendem a substituição do de moral e valores que seriam explicados por suas
conceito de raça ou de cor pelo de etnia. Essa pre- supostas “naturezas”. Para tanto, o racismo, para
ferência estaria amparada na noção de que o termo efetivar suas práticas de dominação, criou primei-
“etnia” transmitiria uma ideia de pertencimento ramente o seu objeto – a raça como ferramenta
ancestral, remetendo a origem e interesses comuns de opressão.
[...]. Dentro dessa perspectiva, etnia poderia abran-
ger os variados grupos indígenas que habitam nos- Segundo, racismo também é um conjunto de
so país, mas não se mostraria suficiente como con- preconceitos, discriminações e violências dirigidas
ceito para abarcar as relações raciais que envolvem, às pessoas em razão de suas diferenças étnico-ra-
por exemplo, as populações branca e negra. Devido ciais; este, o sentido mais corriqueiro de racismo,
a razões históricas, brancos e negros compartilha- está presente nas ofensas, injúrias e violências
ram diversas características culturais em um ter- orientadas por concepções prévias calcadas no pre-
ritório que, embora fosse o mesmo, sempre esteve conceito racial.
atravessado de hierarquias sociais, para as quais o
conceito de raça é pródigo em enumerar, discutir Por fim, o terceiro sentido de racismo diz respei-
e problematizar. to a uma questão estrutural acerca das desigualda-
des entre as raças, resultante das formas historica-
Além dessas reflexões, é fundamental que o mente injustas de tratar os diferentes povos; ao se
conceito de racismo também seja explorado em constatar, a título de ilustração, que a população
alguns detalhes. Entende-se o racismo como um negra alcança piores níveis de escolaridade, pode-se
fenômeno social dotado de três principais dimen- concluir que há racismo na área educacional, haja
sões: em primeiro lugar, racismo é uma corrente vista que existe uma situação estrutural que produz
teórica, defendida historicamente pelos partidá- e sustenta essa disparidade.
rios da eugenia, para justificar desigualdades en-
tre os povos ao atribuir um espectro hierárquico MACHADO, T. de S.; OLIVEIRA, A. S. de.; SENKEVICS, A. S. A cor ou raça nas
estatísticas educacionais: uma análise dos instrumentos de pesquisa
do Inep. In: Série Documental: textos para discussão 41. Brasília: MEC/
Inep, 2016. p. 8-12.

Conheça o livro África e Brasil
africano. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.

Formação e diversidade cultural da população brasileira 147

3 Imigração internacional Consulte a indicação do filme Quilombo e
do site da revista ComCiência. Veja orientações
Como a Coroa portuguesa não fazia registros oficiais na seção Sugestões de leitura, filmes e sites.
do tráfico de escravizados, não existem dados precisos do
número de africanos que ingressaram no Brasil, quais fo- Entre as correntes imigratórias livres especificadas
ram os anos de maior fluxo, por qual porto entraram e de no gráfico da próxima página, a mais importante foi a
que lugar da África vieram. O Atlas da política externa portuguesa, que se estendeu até os anos 1980 e voltou
brasileira, no entanto, traz uma boa hipótese desses dados. a acontecer depois da crise econômica mundial de
2008/2009, com a vinda de profissionais qualificados
Segundo as estimativas expostas no livro Brasil: em busca de emprego. Além de serem numericamente
500 anos de povoamento, ingressaram no país pelo mais significativos, os imigrantes portugueses espa-
menos 4 milhões de africanos entre 1550 e 1850, a maio- lharam-se por todo o território nacional.
ria proveniente do golfo de Benin e das regiões que
atualmente compreendem os territórios de Angola (ao Até 1883, a segunda maior corrente de imigrantes
sul do continente, costa ocidental) e Moçambique (tam- livres foi a italiana; a terceira, a alemã; e a quarta, a
bém ao sul, costa oriental). espanhola. A partir de 1850, a expansão dos cafezais
pelo Sudeste e a necessidade de efetiva colonização da
Observe, nos gráficos abaixo, que a participação região Sul levaram o governo brasileiro a criar medidas
brasileira no total de escravizados por destino mundial de incentivo à vinda de imigrantes europeus para subs-
é muito grande, o mesmo ocorrendo com Rio de Janeiro tituir a mão de obra escravizada. Algumas das medidas
e São Paulo em relação à quantidade de escravizados adotadas e divulgadas na Europa foram o financiamen-
para o Brasil. to da passagem e a suposta garantia de emprego, com
moradia, alimentação e pagamento anual de salários.
África-Brasil: quantidade de escravizados
por destino – 1500-1850 Embora atraente, essa propaganda governamental
revelou-se enganosa e escondia uma realidade perver-
Total mundial Embarcados A. Robson/Arquivo da editora sa: a escravidão por dívida. A saída do imigrante da
100 000 Mortos na travessia fazenda somente seria permitida quando a dívida fos-
75 000 Desembarcados se quitada. Como não tinha condições de pagar o que
devia, ele ficava aprisionado no latifúndio, vigiado por
50 000 capangas. Essa prática, de escravidão por dívida, é co-
mum até hoje em vários estados do Brasil, sobretudo
25 000 na região Norte.

1550 1550 1550 1650 1650 1650 1750 1750 1750 1850 Reprodução/Museu Paulista da USP, São Paulo, SP.

Brasil
100 000
75 000
50 000
25 000

1850

Rio Janeiro e São Paulo 1850 O imigrante, ao fim de um período de trabalho duro nas
100 000 lavouras de café, quando deveria receber seu pagamento, era
75 000 informado de que seu salário não fora suficiente para pagar
50 000 moradia e alimentos consumidos ao longo do ano. Muitas
25 000 vezes, o salário não dava sequer para pagar as despesas de
transporte – que, segundo a propaganda do governo, seria
Adaptado de: MILLANI, C. R. S. et al. Atlas da política externa brasileira. Ciudad gratuito. Na foto, imigrantes italianos trabalhando em
Autónoma de Buenos Aires: Clasco; Rio de Janeiro: Eduerj, 2014. p. 25. plantação de café no interior de São Paulo, sem data.

148 Capítulo 7


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