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Published by Tecpar Oficial, 2019-12-10 14:16:49

Revista Smart Energy: A aplicabilidade das fontes alternativas na transição energética

A aplicabilidade das fontes alternativas na transição energética

VOL. 4  |  Nº 9 | out/nov/dez  | 2019

A aplicabilidade das
fontes alternativas na
transição energética

Smart Energy 2019 chega a sua sexta edição Paraná segue o rumo das energias renováveis
Conferência Smart Energy discute o futuro do setor de Em entrevista exclusiva, governador Carlos Massa Ratinho Jr.
energia e apresenta tendências tecnológicas em Curitiba fala sobre iniciativas para incrementar o uso de energias limpas





PÁGINAS SMART EXPEDIENTE
Governador Carlos Massa
Ratinho Júnior fala sobre REVISTA SMART ENERGY
Publicação trimestral com apoio
06 as ações para incentivo às do Governo do Estado do Paraná
energias renováveis no Paraná por meio da Superintendência
10 TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Geral de Ciência, Tecnologia e
PCHs e CGHs ajudam a Ensino Superior e Tecpar.
reduzir tarifas de conta de luz
ao consumidor CONSELHO EDITORIAL
Aldo Bona
18 SOLUÇÕES E SERVIÇOS Jorge Callado
Fiep mapeia melhores linhas Rafael Rodrigues
de financiamento para projetos Celso Romero Kloss
de eficiência energética Danielle Portela
João Pedro Schonarth
26 CAPA
Transição energética já é Design gráfico e diagramação
realidade no Brasil, que tem Pedro Vieira - Id comunicação
uma das matrizes energéticas
mais limpas do mundo COORDENAÇÃO DE JORNALISMO

34 SMART ENERGY 2019 Jornalista Responsável
Sexta edição da conferência Kristiane Rothstein
Smart Energy apresenta as DRT 3.378/13/09
tendências do setor de energia
Editora
46 ENERGIA PELA BIOMASSA Camile Triska
Empresa tem quase 90% DRT 10.131/PR
de sua energia gerada pela
biomassa Repórteres
Filipe Albuquerque
Letícia Lopes Ferreira

Colaboradores
Assessorias de Imprensa
Rafael Costa (L8 Energy)

Produção e Revisão
Expressa Comunicação

Tiragem
3.000 exemplares

Projeto Smart Energy Paraná
R. Prof. Algacyr Munhoz Mader, 3.775
Cidade Industrial de Curitiba
80310-020 - Curitiba / Paraná

smartenergybrasil

EDITORIAL

Energia, desenvolvimento
sustentável e inovação

Os limites acerca da utilização dos recursos naturais um amplo processo de inovação, os novos arranjos de
do planeta têm se acentuado nas últimas décadas e produção e distribuição de energia elétrica, por exem-
representam, atualmente, um dos principais motivos plo, estão trazendo o incentivo para a participação
de discussão e até mesmo de conflitos que se configu- de novos atores, impulsionando investimentos, geran-
ram em torno das diversas propostas para o nosso fu- do empregos e fazendo surgir uma nova dinâmica na
turo, atingindo uma dimensão que, no seu limite, tenta economia.
estabelecer uma nova ordem global.
Entender a natureza dessa transição e seus efeitos
No centro desse debate, reitera-se o papel da ciên- poderá nos trazer grandes oportunidades. Especial-
cia e a expansão necessária dos seus horizontes pa- mente para o Paraná, estado onde a abundância de
ra nos trazer segurança, definir limites e estabelecer recursos hídricos nos permitiu a consolidação de uma
novas referências para o nosso desenvolvimento. Entre importante base para a produção de energia elétrica
esses limites, a necessidade de encontrarmos alterna- a partir de uma fonte sustentável, a chamada geração
tivas para a produção de energia, insumo essencial à distribuída de energia está se mostrando como uma
vida, dada a escassez iminente dos combustíveis pro- alternativa viável tanto para fortalecer e assegurar
venientes de fontes esgotáveis e, por sua natureza e maior competitividade a setores tradicionais da nossa
forma de utilização, identificadas como intensificado- economia, quanto para alavancar novos investimentos
ras de efeitos adversos, a exemplo das mudanças cli- e projetos.
máticas e do aquecimento global.
Na chamada economia de baixo carbono, conheci-
Assim, vemos avançar uma transformação de natu- mento e inovação são premissas essenciais. Nesse sen-
reza disruptiva na forma e nos meios que fazem com tido, destacamos o trabalho que as instituições de en-
que a energia, notadamente a elétrica, se torna dispo- sino superior e dos centros de tecnologia, financiados
nível para fazer frente às nossas diversas necessida- pelo Governo do Paraná, têm realizado, assegurando
des. As chamadas energias renováveis, cuja obtenção à sociedade paranaense uma efetiva capacidade de
relaciona-se à utilização de fontes perenes e natural- resposta e de aproveitamento das novas oportunida-
mente reabastecidas, a exemplo do sol, vento, água e des que se configuram.
biomassa, são objeto de intenso desenvolvimento tec-
nológico, tornando-se cada vez mais seguras, confiá- Boa leitura.
veis e economicamente viáveis.
Aldo Nelson Bona
Vivemos atualmente uma fase de transição no mo- Superintendente Geral de Ciência,
delo energético que nos levará nas próximas décadas
à substituição das fontes tradicionais e esgotáveis, a Tecnologia e Ensino Superior
exemplo do petróleo e do carvão. Impulsionadas por

PÁGINAS
SMART

“A autogeração residencial é uma ideia

QUE DEVEMOS PERSEGUIR”

Em entrevista exclusiva, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho
Júnior, fala sobre iniciativas do Executivo estadual para incrementar o
uso de energias limpas e aponta alguns entraves

“Nossa iniciativa é pioneira e sinaliza Foto: Arnaldo Alves cussões sobre a evolução da geração
uma sintonia do Paraná com as melho- de energia limpa e renovável. O Smart
res práticas de preservação ambiental “A isenção do ICMS é Energy, que é realizado anualmente, de-
associadas ao desenvolvimento eco- monstra a relevância da manutenção de
nômico,” afirma o governador Carlos um incentivo para a um fórum dedicado a esse ambiente em
Massa Ratinho Júnior, próximo a com- minigeração residencial, nosso Estado.
pletar seu primeiro ano à frente do Exe- que exige um investimento
cutivo Estadual, sobre a lei sancionada, inicial relativamente alto Com a Lei n° 19.971, que zera a alíquota
que irá zerar a alíquota de IPVA para para a média das famílias de IPVA de veículos elétricos até o dia
veículos elétricos até 31 de dezembro 31 de dezembro de 2022, espera-se um
de 2022. brasileiras. aumento na frota desses tipos de veículos.
Qual o impacto disso na rede de energia
O que é um incentivo, mas não a so- ”Carlos Massa Ratinho Júnior no estado? Além da eletrovia que já está
lução para o incremento desse mercado Governador do Paraná implantada, existem projetos de outras?
e o aumento do interesse do consumidor
pelos veículos sem motor a combustão, Qual a importância do Programa A nossa iniciativa é pioneira e sinaliza
como o próprio governador pontua nes- Paranaense de Energias Renováveis uma sintonia do Paraná com as melho-
ta entrevista à revista Smart Energy, em e do projeto Smart Energy Paraná res práticas de preservação ambiental
que trata também de outras iniciativas para o desenvolvimento das energias associada ao desenvolvimento econômi-
do governo com vistas ao uso cada vez renováveis no estado? co. O mercado de carros elétricos ainda
mais intenso de energia limpa. é embrionário no Brasil, mas certamen-
São ações importantes, pois é pos- te crescerá muito, conforme a tendência
Na conversa, o governador desta- sível unir os principais interessados na mundial. Estamos nos preparando para
cou algumas das ações já tomadas pe- enorme cadeia de produção do Para- uma mudança que ocorrerá em poucos
lo governo para o incremento no uso ná para contribuir com as principais dis- anos. De acordo com a Copel, na próxi-
de energia renovável, metas a serem ma década pode haver a necessidade
alcançadas e gargalos no processo de 6 | SmartEnergy de reforço no sistema elétrico do Paraná
transição energética nos diversos seto- para atender a demanda por “combustí-
res da atividade econômica do Para- vel” para a frota de veículos elétricos. Uma
ná. Entre os exemplos destacados pe- boa infraestrutura de abastecimento é
lo governador estão as ações da Copel essencial para estimular o uso de veículos
para atender uma possível demanda elétricos. No entanto, falta ao país vencer
crescente por energia para o abaste- alguns entraves legais e regulatórios para
cimentos dos veíc­ulos elétricos, auto- garantir ao investidor a segurança neces-
geração residencial de energia e a pre- sária para entrar nesse mercado de ele-
visão de construção de 16 hidrelétricas tropostos. Quanto à eletrovia, temos uma
no Paraná.

Foto: Felix Leal devemos comemorar todo investimento
que amplie a oferta de energia. As áre-
Paraná vai zerar a alíquota de IPVA de veículos elétricos. cedentes, a Copel tem interesse e condi- as mais promissoras no Paraná estão na
ções de absorver a energia que sobra. região de Palmas e dos Campos Gerais.
possibilidade de conexão com a infraes- Existe estudo de um parque eólico com
trutura de Santa Catarina para estabe- Estão previstas a construção de 16 de aproximadamente 500 MW entre os
lecer um corredor até o Uruguai. Seria a hidrelétricas no Paraná, nos formatos de municípios de Castro e Tibagi. O grande
primeira eletrovia do Conesul. Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) desafio é viabilizar economicamente no-
e Pequenas Centrais Hidrelétricas vas iniciativas.
O Convênio ICMS16/2015, que concede (PCHs). Qual a importância desse tipo
isenção do ICMS sobre a energia de hidrelétrica para o desenvolvimento Em julho, foi inaugurada a primeira
elétrica gerada pelo próprio consumidor, das energias limpas no estado? usina do Brasil de produção de
dispõe que residências dos programas biogás a partir do tratamento dos
de habitação popular podem prever a Essas centrais, além de trazer investi- dejetos de suínos na cidade de Entre
instalação de sistemas de geração de mentos, contribuem para que o Paraná Rios do Oeste. A região tem grande
energia renovável. Isso já está sendo tenha mais energia disponível. Pelas ca- potencial de biomassa por causa da
colocado em prática? Existe a intenção racterísticas, são empreendimentos de agropecuária, assim como outras
de que as casas populares sejam todas baixo impacto ambiental. Há inúmeros lo- regiões no Paraná. Ainda há um acordo
feitas com geração própria de energia? cais com potencial para esse gênero de de irmandade do Paraná com o
centrais no nosso Estado. A implantação governo de Hyogo, província japonesa,
A autogeração residencial é uma ideia de usinas de menor porte ao longo de um para discutir parcerias, entre elas, no
que devemos perseguir. Em relação aos rio ou em uma bacia tende a distribuir o setor de bioenergia. Existem outros
grandes projetos habitacionais, ainda é investimento por um número maior de projetos de incentivo para a utilização
necessário compatibilizar os custos de municípios, propiciando o desenvolvi- dessas fontes renováveis?
construção e da instalação de um siste- mento mais homogêneo de uma região.
ma de geração. Hoje, com os recursos dis- O principal é gerar a energia indispensá- O Paraná tem na eficiência do agro-
poníveis para o setor, a essência dos pro- vel para o crescimento econômico, e de negócio uma das principais razões do
gramas de habitação popular é oferecer forma limpa. seu desenvolvimento. Na outra ponta, re-
alternativa de moradia economicamente gistramos tímida participação na produ-
viável para o maior número possível de Também está prevista a construção de ção de biomassa para geração de ener-
famílias de baixa renda. Temos que ficar uma usina eólica na cidade de Palmas. gia. Há enorme potencial de exploração
atentos às inovações nessa área. A isenção Qual será a importância dessa usina para e daremos estímulo a esse mercado. A
do ICMS é um incentivo para a minigera- a geração de energia no estado? Existem Copel está realizando a prospecção e o
ção residencial, que exige um investimen- outros projetos voltados ao setor eólico? desenvolvimento de geração de ener-
to inicial relativamente alto para a média gia com base nas mais diversas fontes
das famílias brasileiras. A ideia é que es- Usinas eólicas são fontes de energia de biomassa. São estudos de viabilidade
se ambiente seja incentivado e resulte em limpa, apresentam impacto ambiental técnica, econômica e financeira de ne-
mudança de atitude para que em algum muito baixoesãocomplementaresaou- gócios de geração em diversos setores,
tempo essa melhoria seja pensada no tras fontes de tradicionais. Mais uma vez, além do biogás de dejetos da agropecu-
conjunto de uma obra. Quando houver ex- ária. Isso envolve a produção de agroin-
7 | SmartEnergy dústrias e também resíduos do setor su-
croenergético, florestal e resíduos sóli-
dos urbanos e industriais. O governo es-
tá aberto a discutir soluções que possam
contribuir para o crescimento econômi-
co estadual e melhoria da qualidade de
vida dos paranaenses.

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8 | SmartEnergy

ESPECIAL
SMART ENERGY

CI&EXPO

Governo do Estado lança
programa ILUMINA PARANÁ

O Programa vai permitir que municípios do Estado modernizem
seus sistemas de iluminação pública – aumentando a segurança e
reduzindo a conta de energia elétrica

Com parceria da Copel, o Governo Foto: José Fernando Ogura/AEN
do Paraná lançou no dia 31 de outubro,
o Programa Ilumina Paraná, que vai per- Apresentação do Programa Ilumina Paraná no evento Governo 5.0, em Foz do Iguaçu.
mitir que municípios do Estado moderni-
zem seus sistemas de iluminação pública pamentos existentes e, se necessário, a viço de Iluminação Pública (Cosip). Para
– aumentando a segurança e reduzindo substituição dos braços de fixação das tanto, devem procurar pela Copel, que
a conta de energia elétrica. luminárias. prestará consultoria e apoio na estrutu-
ração do projeto.
O programa foi apresentado aos pre- Municípios que tenham interesse no
feitos presentes no evento Governo 5.0, programa devem formalizar sua adesão “A Copel prestará suporte técnico em
que ocorreu em Foz do Iguaçu, e resul- na Secretaria de Estado do Desenvolvi- toda a extensão do programa, tanto no
ta de uma parceria entre Paranacidade, mento Urbano e de Obras Públicas. Pos- processo de modernização dos siste-
Fomento Paraná, Banco Regional de De- teriormente, o município escolherá seu mas de iluminação em cidades peque-
senvolvimento do Extremo Sul – BRDE e agente financeiro (BRDE ou Fomento Pa- nas, com até 10 mil pontos de luz, como
Copel. raná) e promoverá licitação para contra- nas grandes, que poderão eficientizar
tar a instalação do novo sistema. seus sistemas por meio de PPPs interme-
O programa abrange a eficientiza- diadas pela Companhia”, explica Cássio
ção energética da iluminação pública Parceria Público-Privada Santana da Silva, diretor de Desenvolvi-
em municípios com até 10 mil pontos de mento de Negócios da Copel.
iluminação, por meio de linhas de crédito Individualmente ou organizados em
do BRDE e Fomento Paraná, no valor de consórcios, municípios que somem par- Mais informações sobre o Ilumi-
R$ 100 milhões. ques com mais de 10 mil pontos de ilu- na Paraná podem ser obtidas no site
minação também terão a alternativa de www.paranacidade.org.br.
“O Ilumina Paraná traz aos municí- firmar Parceria Público-Privada para mo-
pios uma gestão inteligente dos siste- dernizar seus sistemas, utilizando recur- Os requisitos para montar projetos
mas de iluminação pública”, afirma Ca- sos da Contribuição para Custeio de Ser- de PPP com a Copel estão disponíveis
mila Scucato, diretora de operações do em www.copel.com/iluminacaopublica.
Paranacidade, que coordena o progra-
ma. “Além de tornar as cidades mais
sustentáveis, a eficientização da ilumi-
nação também aumenta a segurança
no trânsito e nos passeios, reduz a crimi-
nalidade e permite uma economia de
até 50% na conta de energia dos mu-
nicípios.”

Aos municípios aptos ao financia-
mento, o programa oferecerá a subs-
tituição de lâmpadas e luminárias con-
vencionais por modelos mais eficientes,
como as baseadas em tecnologia LED.
O programa também contempla a re-
moção e descarte adequado dos equi-

9 | SmartEnergy

CENTRAIS
HIDRELÉTRICAS

PEQUENAS E EFICIENTES

De baixo impacto ambiental e em harmonia com os bons índices
pluviométricos do estado, PCHs e CGHs ajudam a reduzir tarifas de
conta de luz ao consumidor

Dados da Aneel (Agência Nacional Foto: Divulgação Copel/Arquivo ANPr
de Energia Elétrica) revelam que o Bra-
sil conta hoje com um total de 7.071.909 PCH Usina Cavernoso II, localizada entreos municípios de Virmond e Candói, no Paraná.
kW em Pequenas Centrais Hidrelétri-
cas (PHCs) em atividade pelo país. Se dos, isso se os governos federal e estadu- Visão do governo
considerada a potência já instalada, es- al optarem por incentivar a construção
sas centrais de porte reduzido são ho- desses projetos nos próximos anos. Em entrevista à Revista Smart Ener-
je a 4ª maior fonte de energia no terri- gy Paraná, ao comentar sobre a previ-
tório nacional, com 5.271 kW gerados. “O número está correto”, informa são de construção de 16 hidrelétricas no
O modelo fica atrás apenas da eólica Valmor Alves, presidente do Conselho estado, nos formatos de PCHs e CGHs, o
(EOL), com 15.099 kW em operação, Administrativo da Abrapch. “Entretanto, governador Carlos Massa Ratinho Júnior
termelétricas (UTE), com 41.952 kW, e é bem possível que uma parcela desses afirmou que “essas centrais, além de tra-
as usinas hidrelétricas (UHE), que lide- empreendimentos, alguma coisa próxi- zer investimentos, contribuem para que
ram a lista, com 102.532 kW. mo a 20%, não seja viável, seja por moti- o Paraná tenha mais energia disponível”.
vo de rentabilidade, retorno sobre inves- Além disso, segundo o governador, “a im-
O Paraná conta hoje com 31 PCHs e timento, bem como dificuldades técni- plantação de usinas de menor porte ao
62 CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétri- cas, problemas de conexão e geologia, longo de um rio ou em uma bacia ten-
cas). Está atrás de Mato Grosso, Rio Gran- e ainda ambiental”, pondera. de a distribuir o investimento por um nú-
de do Sul e Santa Catarina, e à frente de mero maior de municípios, propiciando
São Paulo, segundo números da Abrapch Mas, Valmor vê como factível os po- o desenvolvimento mais homogêneo de
(Associação Brasileira de PCHs e CGHs). tenciais R$ 8,5 bilhões em investimentos uma região. O principal é gerar a energia
se de fato os projetos se transformarem indispensável para o crescimento econô-
Por serem empreendimentos de bai- em realidade. “Significa que a média de mico, e de forma limpa.”
xo impacto ambiental, as PCHs e CGHs potência das Pequenas Hidrelétricas que
contam ainda com outros elementos aguardam licenciamento ambiental e “Acho relevante pelo momento da cri-
positivos para o meio ambiente. Ho- da assembleia legislativa do estado são se e falta de investimentos não só no Pa-
je, são a forma mais efetiva de redução de 5.5 MW”, informa. raná, mas em todo o Brasil”, sustenta Al-
das tarifas da conta de luz dos consu-
midores e a menos poluente em toda a
cadeia de geração. Segundo a Abrapch,
são ainda a fonte mais limpa entre as re-
nováveis. Protegem as margens dos rios
contra erosão e são capazes de fazer di-
versos usos das águas para irrigação,
psicultura, abastecimento para o muni-
cípio onde estão instaladas e ainda para
o lazer da população local.

Reportagem do jornal Folha de Lon-
drina de julho deste ano calculou que
apenas o estado do Paraná tem hoje 255
projetos de PCHs e CGHs aguardando li-
cenciamento ambiental. Juntas, informa
a publicação, têm potencial para reunir
R$ 8,5 bilhões em investimentos priva-

10 | SmartEnergy

ves sobre a construção das hidrelétricas “Vale destacar que obtidas todas as licenças necessárias.
de menor porte no estado. Ele comemo- Obras mais simples podem ser defini-
ra o fato de que boa parte desses em- as usinas de fonte das em até um ano. “De forma genérica,
preendimentos está desenhada para hidráulica são ainda houve avanços na redução dos tempos
serem construídos em municípios com as melhores na oferta para avaliação dos estudos de inventário
os Índices de Desenvolvimento Humano de preço, considerando de rios e avaliação de projetos básicos”,
(IDH) mais baixos do estado. energia elétrica de baixa comemora Alves. “Na Aneel, os proces-
sos que levávamos cinco anos, hoje, em
Alves aponta ainda os bons índices intermitência. média, levam apenas seis meses. Já uma
pluviométricos do Paraná como ele- licença ambiental, que depende dos ór-
mentos favoráveis à geração hidráulica. ” gãos ambientais estaduais, podem levar
Acrescenta que PCHs ou CGHs instala- cinco anos ou mais”, informa.
das ao longo de um rio permitem que a Valmor Alves, presidente do Conselho
mesma água seja turbinada tantas ve- Administrativo da Abrapch Já os custos são calculados em uma
zes quanto o número de usinas ao longo função inversamente proporcional ao
desse rio. “Vale destacar que as usinas lação entre a associação e o Executivo. desnível do rio, ou seja, usinas em altas
de fonte hidráulica são ainda as melhores Pondera, porém, que embora exista boa quedas d’água costumam ser mais ba-
na oferta de preço, considerando energia intenção, o resultado é aquém do es- ratas. Outro custo a ser incluído na pla-
elétrica de baixa intermitência”, cita. perado. “Caso os processos não sejam nilha de gastos para a construção de
simplificados, dificilmente haverá resul- uma PCH é relativo ao tamanho do re-
Nesse contexto de entendimento, tados significativamente melhores do servatório, já que é preciso adquirir as
por parte do estado, de que as PCHs e que os atuais”, considera. terras para a construção de um. “Como
CGHs são uma alternativa econômica e benchmark, um custo médio é de R$
ambientalmente viável para a geração Tempo e custo 7 milhões por MW instalados”, explica
de energia limpa no Paraná, o presiden- Valmor Alves.
te da Abrapch entende como boa a re- Em média, uma hidrelétrica leva 18
meses para ser construída, depois de

Foto: Divulgação Abrapch

Pequenas Centrais Hidrelétricas também funcionam como espaço de lazer para a comunidade local.
Na foto, o espaço turístico da PCH Covó, no município de Mangueirinha.

11 | SmartEnergy

ENERGIA
SOLAR

Curitiba, a terra
DO SOL EFICIENTE

Apesar dos dias nublados,
capital do estado está à frente
de países europeus quanto ao
potencial médio de energia solar

Aquela ideia da Curitiba cinza, em- da radiação sobre a cidade, é superior diação solar que chega à superfície, co-
burrada e com poucos dias de sol é uma a países como França, Alemanha, Reino nhecida como radiação difusa, por ser
realidade na percepção da população. Unido, Croácia e outros. Se a compara- uma parcela de radiação solar que che-
Dados da Agência Nacional de Turismo ção for nacional, Curitiba é melhor que ga ao solo em meio a nuvens.
do Brasil (Embratur) revelaram que, em a Bahia para a geração de energia fo-
2013, de cada três dias, apenas um teve tovoltaica. “É por isso que em projetos solares
céu aberto. Em uma comparação com são utilizados valores anuais de irradia-
outras capitais do mundo naquele ano, a Medição anual ção”, informa Tiepolo. Cidades como
paranaense somou 116 dias de sol, contra Paranaguá, Guaraqueçaba, Morretes e
142 em Londres (Inglaterra), conhecida “Quando medimos ou estimamos a Antonina, por exemplo, ainda que em
pelo mau tempo quase constante, e 143 radiação solar em uma determinada re- muitos dias do ano tenham céu aber-
em Praga (República Tcheca). gião, sempre olhamos num horizonte de to, temperaturas elevadas e altos índi-
longo prazo, normalmente com valores ces de radiação, o especialista explica
O que não impede que a capital pa- anuais, total anual ou média diária anu- que, ao longo de um ano, registram mé-
ranaense seja hoje uma das melhores lo- al”, explica o engenheiro industrial elétri- dias inferiores a Curitiba devido ao índi-
calidades do planeta para o aproveita- co Gerson Máximo Tiepolo, professor da ce elevado de nebulosidade encontra-
mento da energia solar. Segundo o Atlas UTFPR e conselheiro do Conselho Regio- do em toda a região Leste do estado,
de Energia Solar do Estado do Paraná, nal de Engenharia e Agronomia do Para- sobretudo próximo à Serra do Mar, que
a cidade é superior a 24 entre 33 países ná (Crea-PR). se apresenta ainda como uma barreira
europeus quando o assunto é potencial natural para a luz solar.
médio de geração de energia solar. O especialista aponta que a medi-
ção diária é como uma fotografia das “E é aí que entram os atlas solares,
Isso significa que, mesmo com a condições encontradas no momento, que quando desenvolvidos com boa
quantidade de dias nublados ao lon- mas que não reflete necessariamente o qualidade, se baseiam em dados cole-
go do ano, o potencial curitibano pa- que se registra ao longo de um ano. Até tados durante vários anos. E que, se de-
ra a utilização da energia solar, a partir porque mesmo em dias nublados há ra- senvolvidos com técnicas consagradas,

12 | SmartEnergy

podem estimar com grande precisão os “Quando medimos como políticas públicas de incentivo, se-
valores de irradiação em determinados ou estimamos a los verdes e IPTU verde
locais”, complementa. radiação solar em uma
determinada região, “O convênio era necessário para tor-
Como exemplo, Tiepolo cita os Atlas sempre olhamos num nar o estado mais competitivo, por ser
de Energia Solar do Paraná e o Atlas Bra- horizonte de longo prazo. um dos últimos aderir. Isso melhora e
sileiro de Energia Solar, elaborados a muito o retorno do investimento para
partir de imagens de satélite e valida- ” consumidores comerciais e industriais,
dos com dados de superfície. O profes- que consomem a energia no mesmo
sor lembra que o Paraná é hoje o sexto explica o engenheiro industrial elétrico momento da produção. A isenção do
estado com maior potência em geração Gerson Máximo Tiepolo, professor ICMS, se prorrogada para mais quatro
distribuída (micro e minigeração) e que anos determinados na lei, será de grande
cresce em harmonia com os resultados da UTFPR e conselheiro Crea-PR ajuda para o desenvolvimento do mer-
interessantes registrados pelo país na cado”, considera.
modalidade. Ele cita os sistemas fotovol- gerador tem isenção de ICMS e IPI, mas
taicos isolados (não conectados à rede paga PIS, Cofins II”, observa. Eduardo Augusto Knechtel, diretor
elétrica e que necessitam de baterias pa- comercial da Tecsul, informa que hoje a
ra armazenar a energia gerada durante Segundo Liciany, o Paraná precisa de empresa percebe, junto do aumento da
o dia) instalados pela Copel em comuni- um conjunto de ações para evoluir no procura pela tecnologia, que o cliente co-
dades de pescadores em Guaraqueça- quesito geração de energia por meio nhece mais sobre o tema se comparar
ba como parte do projeto Luz para To- de energia solar. O estado é hoje o quin- ao observado por ele entre 2015 e 2018,
dos, do governo federal, atendendo famí- to no ranking nacional em geração dis- por exemplo. “Quando estão construin-
lias sem acesso à rede elétrica. tribuída. Conselheira da Associação Bra- do ou planejando uma construção, já sa-
sileira de Geração Distribuída (ABGD) bem que o investimento é pequeno ao
“Outro exemplo é o caso do Escritó- no Paraná, ela vê no atual governo es- ser comparado com os demais gastos, e
rio Verde da UTFPR, onde foi instalado tadual vontade de trabalhar por polí- é um dos poucos bens que vão adquirir
o primeiro sistema fotovoltaico conecta- ticas públicas que fomentem o setor e que se paga sozinho, ou seja, dará tam-
do à rede do Paraná em dezembro de comemora o Convênio ICMS 16/2015, bém retorno financeiro”, revela.
2011 e que opera de forma ininterrupta, que concede isenção do tributo sobre
sem qualquer manutenção do sistema, a energia elétrica gerada pelo próprio Para ele, a adesão do governo do Pa-
exceto a limpeza dos painéis, realizada consumidor e que dispõe que residên- raná ao Convênio do ICMS foi um mar-
periodicamente pelos alunos e pesqui- cias dos programas de habitação popu- co para o segmento no estado. Mas, en-
sadores”, destaca. lar prevejam a instalação de sistemas de tende que outras ações de incentivo e
geração de energia renovável, mas de- democratização do uso da tecnologia
Setor comemora, fende a definição de um prazo maior no de captação de energia solar também
mas quer mais Convênio para a atração de investimen- são necessárias, como desconto no IP-
tos da indústria, somada a ações extras, TU do usuário de sistema de placas vol-
As duas formas mais utilizadas pa- taicas, isenção da cobrança de ICMS na
ra a captação de energia solar são por parcela da TUSD (Tarifa de Uso dos Sis-
meio dos coletores solares, emprega- temas Elétricos de Distribuição) na fatu-
dos normalmente para aquecimento de ra de energia, além da criação de me-
água, ou painéis fotovoltaicos usados pa- lhores linhas de crédito para financia-
ra a geração de eletricidade. Os modelos mento do sistema.
atendem tanto residências quanto em-
presas e estabelecimentos comerciais. “Sabemos que muitos clientes, prin-
cipalmente aqueles que buscaram or-
Liciany Ribeiro, sales manager da Ri- çamento entre os anos 2014 e 2017, en-
beiro Solar, uma das empresas para­ tendem que a aquisição de sistema foto-
naenses que atuam no setor, já enxerga voltaico é um sistema só para ricos. Os
no estado maior interesse, por parte de custos tornaram-se menores nos últi-
usuários residenciais e comerciais, pelo mos anos, desmitificando um pouco es-
uso de equipamentos para a captação se pensamento, mas com certeza, caso
de energia solar. Mas ela lamenta a falta houvesse linhas [de crédito] mais fáceis
de incentivos para o setor. “O que torna e com menores taxas de juros, possibilita-
hoje [o setor] pouco competitivo no Bra- ria o crescimento mais expressivo e po-
sil ainda é a nossa alta carga tributária. O pularizado do uso da tecnologia”, afirma.

13 | SmartEnergy

NOSSO TRABALHO
ENCHE SUA VIDA
DE SAUDE.

MOBILIDADE

PESQUISADOR DA UTFPR
CRIA ESTACIONAMENTO
para abastecer carros elétricos

As vagas são cobertas com módulos fotovoltaicos e também
funcionam como uma usina geradora de energia elétrica

Duas das 900 vagas do procura seja tanta que mais

campus Neoville da Univer- vagas possam também ser

sidade Tecnológica Fede- utilizadas para abastecer

ral do Paraná (UTFPR), em carros elétricos.

Curitiba, foram transforma- O estudo que levou à im-

das em estacionamentos plantação do estacionamen-

especiais para carros elétri- to é parte de uma orientação

cos, com equipamento pa- do mestrado desenvolvido

ra abastecer esses veículos pelo pesquisador. A criação

a partir da captação de luz foi feita de forma colabora-

solar. As vagas, com potên- As vagas foram criadas a partir de uma orientação do tiva, com a participação de
cia de 4,9kW, foram instala- mestrado desenvolvido pelo pesquisador Jair Urbanetz Junior. empresas que doaram a es-

das em maio deste ano. trutura, módulos, inversores.

“A ideia é que em um inter- Estudantes das turmas

valo curto de tempo as duas vagas de Engenharia Civil e Engenha-

estejam sendo utilizadas”, explica o “As pessoas que ria Elétrica integraram o mutirão
pesquisador do departamento aca- de construção dos espaços. “Tive-
dêmico de Eletrotécnica (DAELT) da começaram a instalar mos um leque multidisciplinar de
UTFPR do Campus Curitiba, Jair sistemas fotovoltaicos em alunos”, destaca. Entre eles, claro,
Urbanetz Junior. Hoje, segundo in- alunos do próprio pesquisador, do
forma, ainda não há demanda pela residências e empresas mestrado do Laboratório de Ener-
utilização das vagas. certamente percebem gia Solar (Labens).

“Mas o desejo é que isso se re- a potencialidade dessa A planta é composta por duas

verta nos próximos anos. E no mo- tecnologia. vagas cobertas com módulos fo-
mento que passar a haver uma tovoltaicos, que funcionam como
utilização maior, começa-se a per- ” uma usina geradora de energia

ceber a necessidade de amplia- Jair Urbanetz Junior, elétrica ligada à rede elétrica da se-
ção disso”, avalia o pesquisador, pesquisador da UTFPR de Neoville, e que opera no modo

que sonha com o dia em que a compensação de energia a partir

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MOBILIDADE

do que determina a legislação. Os sistema que compensa o consumi- As duas vagas são
módulos utilizados nas duas vagas dor pela energia elétrica injetada cobertas com módulos
produzem aproximadamente 500 na rede. “Foi a primeira conectada fotovoltaicos, que
kWh por mês, o que dá uma média à rede elétrica no estado do Para- funcionam como
de 6 MWh ao ano. ná”, lembra Urbanetz. uma usina geradora
de energia elétrica
Como disponibilizam tomada A sede Neoville, onde estão as na sede Neoville da
convencional de 220V, o tempo de vagas para carros elétricos, conta UTFPR.
carregamento de um veículo nas também, desde fevereiro de 2016,
duas vagas da UTFPR é de oito ho- com uma planta solar de 10,2 kW. lugares mais adequados para a uti-
ras. A ideia é substituir em breve A universidade desenvolve, no lização da tecnologia que transfor-
as tomadas por carregadores com momento, um projeto de P&D em ma luz solar em energia. O Atlas de
conectores diferentes para tornar o parceria com a Copel para a im- Energia Solar do Estado do Paraná,
processo mais ágil, algo em torno plantação de uma nova usina tan- publicação realizada pela UTFPR
de duas horas. to na sede Neoville quanto na uni- em parceria com o Inpe e p CCST/
dade do centro. Labren, da Itaipu Binacional, apon-
Em paralelo à instalação do es- ta, por exemplo, que Curitiba tem
tacionamento, Jair Urbanetz foi “Somando as três plantas, temos índice de radiação solar superior a
orientador de um estudante do algo na ordem de 17 kW de potên- países da Europa.
mestrado que converteu um veícu- cia instalada. Isso dá em média
lo convencional, modelo Mercedez uma produção de 1,7 mW/hora mês “É um caminho sem volta”, co-
Benz Classe A190, em carro elétrico. de produção de energia”, detalha o memora Urbanetz ao falar das
pesquisador. A operação das plan- possibilidades oferecidas pela tec-
Vocação fotovoltaica tas gera uma economia anual de nologia fotovoltaica. “A mensagem
aproximadamente R$ 9 mil. que a gente tenta passar inicial-
Urbanetz concluiu, em 2010, mente para as pessoas que es-
doutorado na área de energia so- Caminho sem volta tão tendo acesso, os alunos [da
lar fotovoltaica na UFSC (Univer- UTFPR], é a de quebrar esse pa-
sidade Federal de Santa Catari- O pesquisador destaca a viabi- radigma que aqui não é um local
na). Ao retornar ao Paraná após lidade de uma planta fotovoltaica adequado [para a captação de
o período de estudos, passou a pelas condições que o país oferece. energia solar]. Posso afirmar cate-
trabalhar pela possibilidade de E lembra que o Paraná, ao contrá- goricamente que aqui é um local
construir na UTFPR uma usina so- rio do que possa parecer, é um dos muito adequado. As pessoas que
lar fotovoltaica. começaram a instalar sistemas fo-
tovoltaicos em residências e em-
Em dezembro de 2011, ele inau- presas certamente percebem a
gurou, em parceria com o profes- potencialidade dessa tecnologia. É
sor Eloy Casagrande, coordenador uma tecnologia viável de produção
do Escritório Verde, a primeira usi- de energia limpa, sustentável e que
na solar fotovoltaica, na sede cen- veio para ficar”, afima.
tro da universidade. Com 2,1kW, ela
antecede a resolução 482 da Ane-
el (de abril de 2012), que permitiu
aos consumidores realizar a troca
de energia gerada com a da rede
elétrica, o que criou as regras e o

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REDE BRASILEIRA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA METROLOGIA,
TECNOLOGIA E QUALIDADE

A Rede Brasileira para o Desenvolvimento da Metrologia, Tecnologia e Qualidade é uma organização
tecnológica que visa a difusão da tecnologia industrial, com destaque para a metrologia. Congrega
diversas entidades de ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e laboratórios com a intenção de
promover a infraestrutura tecnológica e de apoio às empresas localizadas no país.
Atua como articuladora entre as empresas e seus associados, aproximando os ofertantes e demandan-
tes de serviços tecnológicos nas áreas de metrologia, qualidade e tecnologia. Desta forma, contribui de
maneira definitiva para a qualificação e agregação de valor ao autêntico produto paranaense a fim de
permitir seu enquadramento — bem como sua superação — nos padrões nacionais e internacionais.

Para cumprir seu papel, a Rede Brasileira para o Desenvolvimento
da Metrologia, Tecnologia e Qualidade oferta diversos serviços, como:

• Programas de ensaios de proficiência, que são • Assessoramento e avaliações técnicas de
avaliações de desempenho de participantes laboratórios e empresas, auxiliando a
contra critérios preestabelecidos por meio de implementação e manutenção do sistema de
comparações interlaboratoriais, objetivando a gestão organizacional;
garantia da validade dos resultados emitidos;
• Eventos diversos nas áreas de metrologia,
• Educação continuada, fornecendo diversos qualidade e tecnologia, procurando difundir
cursos nas áreas de metrologia, tecnologia e cada vez mais no Estado a importância do
qualidade, possibilitando a capacitação, conhecimento e da cultura metrológica para as
atualização e aperfeiçoamento de conhecimento empresas paranaenses.
técnico e administrativo;

www.paranametrologia.org.br
Rede Brasileira para o Desenvolvimento da Metrologia, Tecnologia e Qualidade
Fone:+55(41)3362.6622 | E-mail: [email protected]
Endereço: Av. Comendador Franco, 1341 | Campus da Indústria/FIEP
CEP 80215-090 | Curitiba | Paraná

SOLUÇÕES
E SERVIÇOS

Conheça opções de crédito
PARA PROJETOS DE ENERGIAS
RENOVÁVEIS NO PARANÁ

Atenta à demanda da indústria paranaense, Fiep mapeia melhores
linhas de financiamento para projetos de eficiência energética

A equipe do Núcleo de Acesso ao ceiros as operam”, explica João Baptis- condições diferentes de prazos e ta-
Crédito (NAC) da Federação das In- tas de Lima Guimarães, especialista em xas”, diz.
dústrias do Estado do Paraná (Fiep) re- crédito da Fiep. Segundo a entidade,
alizou em agosto deste ano uma sé- 13% das consultas gerais feitas ao NAC Os encontros aconteceram na unida-
rie de workshops sobre linhas de cré- se referem a linhas de financiamento de de atendimento da Fiep em Curitiba
dito disponíveis para o financiamento para esses tipos de projetos. e nas Casas da Indústria de Ponta Gros-
de projetos de eficiência energética. A sa, Londrina, Arapongas, Maringá e Cas-
ideia da entidade é atender a demanda “Nos eventos realizados e no in- cavel. E contaram com a participação de
crescente da indústria paranaense em formativo de crédito que desenvol- representantes do NAC e do BRDE, com
busca de soluções para a utilização de vemos, foram apresentadas as linhas explicações sobre crédito, mais as apre-
energias limpas e renováveis. e programas de financiamento para sentações das linhas de financiamento
eficiência energética do BNDES, Fo- da Fomento Paraná, BNDES e também
“Nosso papel é mapear as linhas de mento Paraná e BRDE, principalmen- do BRDE.
financiamento e informar os empresá- te por serem bancos de desenvolvi-
rios sobre quais linhas estão vigentes, mento do estado (Fomento e BRDE) e As linhas de crédito disponíveis con-
suas condições e quais agentes finan- contar com produtos financeiros com templam diversos projetos de geração.
Cada uma apresenta condições especí-

Conheça as linhas de financiamento para projetos
de energias renováveis e as condições oferecidas

Linhas de financiamento Itens financiáveis
FINAME - energias renováveis
“Aquisição e comercialização de sistema de geração de energia solar, eólica e
Fundo Clima Máquinas e aquecedores solares, incluindo serviço de instalação e capital de giro associado.”
Equipamentos Eficientes
(MPES) “Aquisição e produção de máquinas e equipamentos com maiores índices de
Fomento Energia (MPES) eficiência energética ou que contribuam para a redução de emissão de gases
do efeito estufa”
Desenvolve Sul
“Obras civis, montagem e instalações. Aquisição de máquinas e equipamentos,
Agência Francesa de nacionais e importados, de maior eficiência energética. Aquisição de utensílios novos,
Desenvolvimento como lâmpadas de LED. Capital de giro associado”
Banco Europeu de
Investimento (BEI) “Obras civis, montagem e instalações. Aquisição de máquinas e equipamentos,
nacionais e importados, de maior eficiência energética. Aquisição de utensílios novos,
Fontes: NAC-Fiep, BNDES, Fomento Paraná e Finep como lâmpadas de LED. Capital de giro associado”

“Obras civis, instalações de equipamentos e demais itens necessários para projetos
que ajudem na redução da emissão de gases no efeito estufa”

“Equipamentos nacionais ou importados, projetos e instalações “

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ficas a partir do porte da empresa toma- de equipamentos e fornecedores nacio- tar com todas as certidões exigidas em
dora do crédito, incluindo micro e peque- nais”, informa. dia e apresentar uma proposta de pro-
nas, tipo de projeto, modelos de geração jeto que informe uma previsão de custos.
e equipamentos utilizados. O atendimento direcionado ofereci-
do pela Fiep permite ao empresário ter “Sabemos que os investimentos exi-
“Cada projeto é analisado individu- acesso a taxas de juros mais atraentes gem um aporte expressivo de capital e
almente pelo banco”, acrescenta Gui- do que o se vê disponível no mercado, a as empresas buscam meios para finan-
marães. “Porém existem condições di- partir de 0,33% ao mês (veja mais infor- ciar esses investimentos. Nesse ponto, as
ferentes de taxas, principalmente para mações no box). Para obter uma linha de condições de taxas reduzidas e os pra-
projetos que contemplem a aquisição financiamento, o empresário precisa es- zos estendidos permitem que, em mui-
tos casos, as empresas consigam pagar
o valor das parcelas do financiamento
apenas com o valor resultante da econo-
mia na conta de luz, sendo que esse va-
lor vai entrar no caixa da empresa após
o fim das parcelas”, conta o representan-
te da Fiep.

A conta de energia elétrica impacta
significativamente os custos da indústria.
Segmentos como metalurgia, madeira,
minerais não-metálicos e produtos têx-
teis registram gastos que chegam a até
10% do faturamento.

Outro problema, enfrentado sobretu-
do no Sudoeste do estado, está relacio-
nado à infraestrutura que atende a re-
gião; não são raras as interrupções fre-
quentes no fornecimento de energia elé-
trica, muitas vezes por longos períodos,
o que pode gerar prejuízos a produtores
de suínos, aves, leite e peixes.

Taxa aproximada (simulação*) Participação do banco Prazo total Limites de financiamento
A partir de 0,69% ao mês até 100% Até 10 anos. Sem valor limite
A partir de 0,33% ao mês Até 80% Carência: até 24 meses
Até 12 anos. Mínimo: sem limite.
A partir de 0,92% ao mês até 100% Carência: até 24 meses Máximo: R$ 30 milhões

A partir de 0,83% ao mês até 100% Até 10 anos. Mínimo: R$ 20 mil.
Carência: até 24 meses Máximo: R$ 500 mil
5,35% ano ano + taxa Euribor 3 meses* até 100%
+ variação cambial pelo Euro Até 75% Até 12 anos. Mínimo: R$ 150 mil.
4,03% ao ano + taxa Euribor 3 meses* Carência: até 12 meses Máximo: R$ 10 milhões
+ variação cambial pelo Euro
Até 10 anos. Mínimo: R$ 260 mil.
Carência: até 12 meses Máximo: 20 milhões de Euros
Até 10 anos. Mínimo: R$ 260 mil.
Carência: até 12 meses Máximo: 50 milhões de Euros

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3D ENERGÉTICO

Blockchain, big data e
inteligência artificial PERMITEM
EXPANSÃO, INTEGRAÇÃO E A
DESCENTRALIZAÇÃO DO SETOR
ENERGÉTICO

Especialista faz raio-x do momento e aponta as tendências
tecnológicas globais para os sistemas de energia

Mercado livre, descentralização, digi- Foto: Divulgação movimento havia chegado a 35%. Com
talização e descarbonização da gera- a provável expansão do ACL, a avalia-
ção de energia: o mercado energético “A tecnologia é quem ção de Renan é a de que o crescimento
brasileiro vive período ímpar. Desde a de sistemas descentralizados de gera-
reestruturação do setor, em 1995, quan- permitirá que este sistema ção de energia será inevitável. O que só
do a mudança na regulamentação per- opere com confiabilidade, deve acontecer se houver moderniza-
mitiu que consumidores contratassem o ção e redução gradativa de limites que
fornecimento de energia de modo bila- gestão de riscos, já são registrados segundo a agenda re-
teral com geradoras e comercializado- segurança financeira nas gulatória estabelecida. “Este movimen-
ras, sem intermediação, o cenário co- contratações bilaterais, to de abertura de mercado e descentra-
meçou a mudar rapidamente. “Com a lização de matrizes são tendências glo-
modernização e a abertura do mercado segurança de dados e bais que já acontecem em vários outros
livre sendo discutidos nas CP 233/2017 e operações financeiras mercados”, informa.
CP 77/19, vemos que a expansão do ACL complexas como chamada
(Ambiente de Contratação Livre) e con- de margem e derivativos 3D Energético
sequente crescimento da comercializa-
ção pode ser ainda mais surpreendente ”para contratos. Não há integração completa entre
nos próximos anos, tornando o merca- os fluxos energéticos, contratuais e fi-
do brasileiro totalmente livre até mes- Renan Schepanski, nanceiros, aponta Renan. E o que se
mo antes de 2028, previsto pela Ane- cofundador e diretor de vendas e apresenta como tendência global pa-
el”, vislumbra Renan Schepanski, cofun- ra o setor – digitalização, descentrali-
dador e diretor de vendas e marketing marketing da Fohat zação e descarbonização: o 3D do se-
da Fohat, empresa de inteligência em tor energético – terá papel fundamen-
energia. 20 | SmartEnergy tal na expansão e escala do sistema, o
que se entende por geração, transmis-
Ele afirma que o crescimento do ACL são, distribuição e comercialização. Em
vem sendo constante e consistente ao outras palavras, só com o suporte de
longo dos anos, atingindo, no ano pas- novas tecnologias é que haverá possi-
sado, 30% do mercado total brasileiro, o bilidade desse crescimento. “Essa inte-
que representou R$ 50 bilhões em ener- gração dos fluxos energéticos, contra-
gia negociada. Até outubro deste ano, o tuais e financeiros, acontecerá com a

modernização do setor”, enfatiza Re- com segurança em transações on-line), a integração e a maximização de ati-
nan, que já discute o mercado de bal- certificados de origem, produtos finan- vos de geração e fornecimento de ser-
cão organizado. ceiros e contratuais. O blockchain pro- viços ancilares para pequenos, médios
porciona rastreabilidade, confiabilidade, e grandes consumidores. A escala ex-
“A tecnologia é quem permitirá que segurança, transparência e automatiza- ponencial de penetração de mercado,
este sistema opere com confiabilidade, ção de processos. avalia, se dará a partir do momento
gestão de riscos, segurança financeira em que o cidadão comum, proprietá-
nas contratações bilaterais, segurança Já o big data pode ser utilizado no rio de um pequeno comércio ou mes-
de dados e operações financeiras com- controle de grandes volumes de dados mo dono de imóvel residencial, tiver
plexas como chamada de margem e gerados por microgrids em operação acesso a esse tipo de tecnologia para
derivativos para contratos”, esmiúça Re- coordenada. E a inteligência artificial gerar sua própria energia.
nan. O blockchain, o big data, a inteligên- aplicada nos parâmetros para toma-
cia artificial e a “tokenização”, essa últi- das de decisão no controle de gera- “Hoje temos pouco mais do que 1GW
ma utilizada em larga escala pelos ban- ção e para controle de uma microgrid de geração distribuída, 200 milhões de
cos, são as capazes de proporcionar a baseada em dados, como previsão do habitantes e cerca de 80 milhões de
expansão, a integração e a descentrali- tempo. A tokenização (um token é uma medidores. A Austrália tem 10GW de ge-
zação desejadas pelo setor. espécie de chave eletrônica) faz a digi- ração distribuída, 25 milhões de habi-
talização de ativos (MWh, Moeda, etc.) tantes e cerca de 10 milhões de medido-
Segundo ele, o blockchain – base tec- de forma segura e transparente. res. Olhando dados como esses, vemos
nológica com registro de dados descen- o potencial do Brasil para a introdução
tralizados e distribuídos usado na plata- Microgrids e de novas tecnologias de geração distri-
forma de trading – pode ser usado em geração distribuída buída, mesmo com a grande discussão
smart contracts (ou contratos inteligen- que existe hoje sobre os incentivos para
tes, protocolos de computador autoexe- O especialista defende a ideia de energia distribuída e renovável”, aponta
cutáveis que facilitam e reforçam nego- que serão as microgrids e as VPPs (Vir- Renan Schepanski.
ciações ou desempenho de contratos, tual Power Plants) a permitir, no futuro,

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BIOENERGIA

Energia que vem
DO SOL E DO LODO

Iniciativas da Sanepar por eficiência energética no serviço de
saneamento incluem utilização da energia solar e do biogás

Foto: Divulgação

A unidade CS Bioenergia tem capacidade instalada de 2,8 MW.

Se o momento urge por soluções cem no processo de transição ener- consumidora corporativa de energia
que possibilitem o uso de energias gética. elétrica do estado.
limpas e renováveis que não apenas
impactem, mas também envolvam a No ano passado, a companhia “O tema energia tem sido ampla-
sociedade, uma prestadora de servi- gastou mais de R$ 400 milhões com mente discutido na Sanepar, porque
ços de saneamento não poderia ca- o consumo de energia elétrica, num suas atividades são energointensi-
minhar na contramão da história. Ao total de 705 GWh, a partir de mais vas, e por conta da constante amplia-
que tudo indica, a Companhia de Sa- de 3.500 unidades consumidoras ção da cobertura dos serviços pres-
neamento do Paraná (Sanepar) per- distribuídas nas cidades onde atua, tados à sociedade, além da perene
cebeu a realidade que se impõe e em especial infraestruturas sanitá- busca pela sustentabilidade”, explica
caminha de olho nas possibilidades rias. Os números representam cer- Gustavo Rafael Collere Possetti, ge-
que inovações tecnológicas ofere- ca de 16% de suas despesas opera- rente de Pesquisa e Inovação da Sa-
cionais, tornando a Sanepar a maior nepar.

22 | SmartEnergy

A implantação de ações de eficiên- e em março do ano seguinte iniciou A companhia também realizou
cia energética, acrescenta Possetti, é o tratamento de materiais orgâni- uma série de pesquisas sobre me-
fundamental para minimizar impactos cos do Ceasa, gerando energia lim- dição e uso energético do biogás a
ambientais, reduzir emissões de gases pa a partir da transformação desses partir de reatores anaeróbios no tra-
indutores do efeito estufa e para cum- materiais em biogás. A geração de tamento de esgoto doméstico. Na
prir os Objetivos do Desenvolvimento energia elétrica começou em agos- ETE Ouro Verde, em Foz do Iguaçu,
Sustentável chancelados pela Organi- to de 2018. A capacidade instalada é por exemplo, foi implementada a pri-
zação das Nações Unidas (ONU). de 2,8 MW. meira usina de microgeração distri-
buída de energia elétrica do país a
Transformando esgoto Foto: Divulgação partir do biogás proveniente do tra-
e lodo em energia tamento do esgoto. O sistema, com
potência de aproximadamente 25
A lista de atividades da empresa kW, gera energia elétrica suficiente
voltadas para o uso de energia limpa para suprir as demandas da ETE, ex-
e renovável é extensa. portando o excedente para a rede da
concessionária local, sendo converti-
Dentre as ações rumo à eficiência da em créditos de energia a serem
energética no saneamento, pode-se futuramente utilizados.
citar o tratamento de lodo de esgo-
to e de materiais orgânicos para a Neste momento, a Sanepar con-
produção de energia elétrica pela duz o Programa Paraná Bem Trata-
usina de biodigestão instalada nas do, que conta com 50 milhões de eu-
proximidades da ETE Belém. A usi- ros financiados pelo banco alemão
na é objeto de uma sociedade de KfW. O recurso será aplicado em
propósito específico denominada projetos e obras de melhoria, reabili-
CS Bioenergia. A unidade recebe lo- tação, ampliação, redução das emis-
do de esgoto desde agosto de 2017, sões de gases de efeito estufa, efi-

Foto: Divulgação

A Sanepar inaugurou, em 2018, um estacionamento experimental com placas solares
fotovoltaicas, no Centro de Tecnologias Sustentáveis.

23 | SmartEnergy

BIOENERGIA

ciência energética, recuperação de Foto: Divulgação
biogás em ETEs localizadas em Curi-
tiba, Londrina, Maringá, Umuarama, Novo prédio administrativo conta com placas solares com potência somada de 75 kWp.
Toledo, Arapongas e Guarapuava. A iniciativa foi concebida dentro de uma estratégia de certificação para construções sustentáveis.

“Atualmente, a Sanepar atende e energia solar como fonte de calor 5 kWp. O equipamento utiliza silício
mais de sete milhões de pessoas para o aquecimento do lodo. Após os policristalino e telureto de cádmio.
com serviços de coleta e tratamen- projetos de pesquisa em nível de pro-
to de esgoto e possui mais de 200 tótipos, a companhia estuda a pos- Gustavo destaca que placas so-
estações de tratamento de esgoto sibilidade de implantação do sistema lares com potência somada de 75
doméstico distribuídas no Paraná, em escala. kWp foram fixadas sobre a cobertu-
que utilizam a tecnologia de diges- ra do novo prédio administrativo da
tão anaeróbia e que, consequen- seda da empresa, comissionadas em
temente, geram rotineiramente o 2018. A iniciativa foi concebida den-
biogás como subproduto”, deta- Experiências com tro de uma estratégia de certificação
lha o diretor-presidente da empre- energia solar para construções sustentáveis.
sa, Claudio Stabile. “Esse é o maior
parque de reatores anaeróbios do Em 2017, um sistema piloto solar fo- A companhia trabalha hoje na cons-
mundo tratando esgoto domésti- tovoltaico de microgeração de energia trução de uma usina solar fotovoltaica
co”, acrescenta. elétrica com capacidade de cerca de flutuante no reservatório Passaúna -
3 kWp foi instalado em Praia de Leste. Curitiba, de 130 kWp de potência. A ex-
Resultados dos estudos da com- Conectado à rede da concessionária pectativa é de que o comissionamento
panhia sobre o uso de biogás como local, foi estabelecido como unidade da usina aconteça ainda este ano.
combustível para realizar termica- de microgeração de energia elétrica.
mente a secagem e a higienização de As avaliações do sistema piloto foram “Todas essas iniciativas atestam
logo de esgoto mostram que a técni- feitas sob o guarda-chuva de um pro- que a Sanepar tem incentivado a ino-
ca pode reduzir custos operacionais jeto de cooperação internacional cujo vação, a pesquisa aplicada e o desen-
com manejo e disposição final do ma- objetivo foi investigar técnicas de des- volvimento de boas práticas que pos-
terial. O processamento térmico re- sanilização de água salobra. sibilitem a redução de custos, a efi-
duz significativamente o volume final ciência energética dos processos e,
do logo a ser utilizado, promovendo Já no ano passado, a Sanepar consequentemente, o aprimoramento
a higienização do material sem a ne- inaugurou um estacionamento ex- dos serviços de saneamento ambien-
cessidade de produtos químicos. perimental com placas solares foto- tal por tarifas cada vez mais módicas”,
voltaicas, no Centro de Tecnologias conclui o presidente Claudio Stabile.
Uma vez seco, o lodo pode ser em- Sustentáveis, com potência total de
pregado como fertilizante na agricul-
tura e como biomassa, transformado
termicamente em energia comple-
mentar no próprio processo de seca-
gem. “Essa alternativa foi investigada
em detalhes e em escala piloto visan-
do sua implementação em ETEs de
grande porte”, conta Possetti.

Para as ETEs de pequeno e mé-
dio portes, a Sanepar desenvolveu
o Sistema Térmico de Higienização
de Lodo (STHIL), que utiliza biogás

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CAPA

Energia cada vez Foto: Divulgação/Tecpar
MAIS LIMPA

Com uma das matrizes energéticas mais
limpas do mundo, Brasil já respira os ares
da transição energética

Filipe Albuquerque no ano passado as fontes renováveis na des para setores indústrias, estabele-
demanda de energia do país atingiram cimentos comerciais e também usuá-
Não há mais volta. A transição ener- uma participação de 45,3% na matriz rios residenciais, por meio de inovação
gética é mais que uma intenção, é um energética do Brasil, uma elevação de tecnológica. Todas essas camadas da
apelo e uma necessidade global. A 3,4%, um dos maiores índices do mun- sociedade nunca dependeram tanto
substituição – ainda que não em sua do. A energia solar registrou incremen- de energia elétrica para realizar ativi-
totalidade – do uso de combustíveis to de 298%, maior taxa de elevação na dades, das mais corriqueiras às mais
fósseis por energia limpa e renovável matriz energética do ano passado. A complexas. E é nessa necessidade ca-
é algo que se impõe pela necessidade eólica cresceu 14,4%, acompanhada pe- da vez maior de eletricidade que resi-
de preservação do planeta e por mais la hidráulica, com 4,1% e a bioenergia, de a busca pela mudança no modelo
qualidade de vida. com 2,4%. de matriz energética.

Segundo números do Balanço Ener- Carros elétricos e armazenamen- Em especial publicado no jornal
gético Nacional, ciclo 2019, divulgado to de eletricidade já são uma realidade Valor Econômico em julho deste ano,
no primeiro semestre pela Empresa de em boa parte do mundo. Energia eó- Carlos Assis, sócio-líder do Centro de
Pesquisa Energética (EPE), em parceria lica, solar, biomassa, biogás e biome- Energia e Recursos Naturais da EY
com o Ministério das Minas e Energia, tano se apresentam como possibilida- para a América Latina afirmou: “es-

26 | SmartEnergy

se processo de mudança global vai “O mercado de veículos elétricos elétricos até o dia 31 de dezembro de
desaguar em um padrão energético é muito pequeno no Brasil, por con- 2022, prevista na Lei nº 19.971, que foi
muito mais limpo.” ta do número ínfimo de veículos regis- sancionada, recentemente, em 22 de
trados na base de dados do Denatran outubro.
Por meio da inovação tecnológica, a (Departamento Nacional de Trânsito),
geração distribuída está mais próxima considerando os puramente elétricos Micro e minigeração
do cotidiano das grandes cidades, do ou híbridos do tipo plug-in, que recar-
usuário residencial às micro, pequenas regam em uma fonte de energia”, in- Em junho deste ano, a Aneel infor-
e médias empresas, algo que parecia forma Zeno Nadal, da superintendên- mou que o Brasil ultrapassou a marca
distante deles há não muito tempo. cia de Smart Grid e Projetos Especiais de 1 gigawatt de potência instalada em
da Copel. “Como não existe fabricação micro e minigeração de energia elétri-
Pesquisa da própria EY avaliou a in- nacional de veículos elétricos em esca- ca, e atribuiu esse avanço à regulação
teração de dez tendências tecnológi- la industrial, os encargos tributários im- da agência por meio das normativas
cas convergentes e apontou os mo- pactam fortemente no preço final do 482/2012 e 687/2015.
mentos disruptivos da transição ener- veículo, considerando que já houve re-
gética mundial e os lugares e períodos dução nos impostos por conta do Pro- Para Sandoval Feitosa Neto, diretor
em que serão alcançados. grama Rota 2030”, acrescenta. da Aneel, o número significa que a ge-
ração distribuída é bem aceita pelos
Segundo o material, em 2021 os cus- Para ele, mais do que considerar consumidores brasileiros, sobretudo
tos da geração própria de energia se- apenas questões ambientais e a sus- pelas vantagens financeiras que a re-
rão semelhantes aos da distribuída pe- tentabilidade, existem oportunidades gulação atual propõe. “Era exatamente
la rede tradicional na Oceania. No ano únicas de implantação de modais ele- esta a ideia do regulador; desenvolver
seguinte, a Europa deve chegar ao trificados cujo objetivo é a eficiência o mercado, reduzir barreiras para a im-
mesmo patamar. energética, uma vez que já se com- plantação de micro e minigeração dis-
provou o rendimento elevado dos sis- tribuída”, explica.
Em 2025, aponta o estudo, os car- temas elétricos e eletrônicos utilizados
ros elétricos vão registrar desempenho nos veículos. A isso, se soma também Já a expectativa da Associação Bra-
e custo próximos dos veículos de com- a redução de custos de manutenção sileira de Energia Solar Fotovoltaica
bustão interna em todo o mundo. E em do veículo por conta da diminuição de (Absolar) é que, ainda este ano, o Brasil
2039, o nordeste dos Estados Unidos já componentes internos. deve dar um salto de 44% na capaci-
deve contar com custos para o trans- dade instalada de energia solar, levan-
porte da eletricidade e manutenção A Copel instalou 12 pontos de recar- do o país a 3,3 gigawatts da fonte em
das grandes redes de distribuição mais ga de veículos elétricos ao longo dos operação. A associação projeta tam-
altos do que o da geração e armazena- 740 km BR-277. A Eletrovia Paranaense bém acréscimo de 628,5 MW em ca-
mento de energia. foi um projeto de Pesquisa e Desenvol- pacidade solar por meio de projetos de
vimento (P&D) da Agência Nacional de geração distribuída.
Mobilidade elétrica Energia Elétrica (Aneel), e tem duração
de três anos, com cargas gratuitas du- “Geração fotovoltaica é uma ten-
Em agosto deste ano, o número de rante o período. Recentemente, a Co- dência mundial, tanto pelos avanços
carros elétricos em circulação no Brasil pel aprovou quatro novos projetos vol- tecnológicos quanto pela redução dos
era de 15 mil. Mas grandes montadoras, tados para a área de mobilidade elétri- custos de placas e inversores”, infor-
segundo reportagem do portal UOL de ca, em atendimento à Chamada Estra- ma Neto. O representante da Aneel in-
maio deste ano, já planejam aumento tégica nº 22 da Aneel, cujos investimen- forma que 600 MW de geração distri-
da produção de carros elétricos - GM, tos somam R$ 15,6 milhões. buída fotovoltaica foram adicionados
BMW, Audi, Nissan entre elas. Esses ve- ao sistema de distribuição, o que indi-
ículos serão fundamentais no processo Outro incentivo à mobilidade elétri- ca um crescimento acelerado desse
de transição energética. Estudo do Ins- ca no Paraná é a isenção da alíquota mercado.
tituto de Energia e Meio Ambiente (IE- de IPVA (Imposto sobre a Propriedade
MA) de 2017 revela que os automóveis de Veículos Automotores) de veículos Atualmente, a agência regulado-
respondem por 72,6% das emissões de ra contabiliza cerca de 2.200 MW de
gases efeito estufa. geração fotovoltaica nas modalida-

27 | SmartEnergy

CAPA

des de autoprodução e produção in- Foto: Divulgação/AEN
dependente.
tricidade de um país deve ser diversi- bia de resíduos, transformando-se em
Eólica ficada entre as demais fontes de gera- energia limpa e renovável.
ção, e a expansão da matriz tende a se
A energia eólica é hoje a segunda dar por meio de fontes renováveis, en- De acordo com números do CIBio-
principal fonte de energia do país, atrás tre elas, está a eólica”, considera. gás, o insumo seria suficiente para su-
apenas das hidrelétricas, segundo rela- prir, no longo prazo, 36% da demanda
tório da Associação Brasileira de Ener- Segundo a especialista, levando- de energia elétrica no país. Mas segun-
gia Eólica (ABEEólica). Segundo Elbia -se em consideração que o Brasil ainda do a Associação Brasileira de Biogás e
Gannoum, presidente da entidade, de conta com um baixo consumo de ele- Biometano (ABiogás), o Brasil produz
2010 até o ano passado, o investimento tricidade per capta, somado ao cresci- hoje apenas 1,3% do seu potencial.
no setor foi de US$ 31,2 bilhões. Ainda mento estimado do país, a energia eó-
de acordo com números da associa- lica ainda tem muitas décadas para se O PLS 302/2018 propõe a conces-
ção, se há dez anos eram pouco mais desenvolver, mas ótimas perspectivas são de benefícios fiscais para biogás,
0,6 GW instalados, no segundo semes- de crescimento. biometano e energia elétrica a partir
tre de 2019 já são 15,1 GW de capacida- de resíduos sólidos em aterros sanitá-
de instalada em mais de 600 parques, “O único gargalo que o setor en- rios. O aproveitamento dos resíduos
com 7.500 geradores. “Até 2023 tere- frenta atualmente é macroeconômico, traz benefícios como a eliminação de
mos pelo menos 21 GW de capacidade já que a contratação de energia depen- agentes nocivos à saúde da população,
instalada”, comemora. de principalmente do crescimento do geração de energia próxima aos locais
país”, avalia. de consumo e redução de emissão de
Para ela, tanto o crescimento já obti- gases que causam o efeito estufa.
do pelo setor eólico quanto o projetado Biogás e biometano
são fundamentais na discussão da tran- Para Cícero Bley, CEO da startup
sição energética. Ainda que o país con- Entre 2015 e 2018, a produção de bio- Bley Energias Estratégicas Renováveis
te com uma das matrizes elétricas mais gás no Brasil saltou de 1,5 milhão para 3,1 e fundador da CIBiogás, diante da atual
limpas do mundo, a presidente da ABEE- milhões de metros cúbicos por dia, se- carga tributária do país, qualquer deso-
ólica vê que ainda há muito trabalho a gundo o Centro Internacional de Ener- neração fiscal sobre processos de gera-
fazer. “Com a tendência da eletrificação gias Renováveis (CIBiogás). Composto ção de energia com fontes renováveis,
cada vez maior, sendo os veículos elétri- principalmente por metano (CH4) e di- sobretudo as que têm origem na gestão
cos uma parte disso, é fundamental que óxido de carbono (CO2), o combustível ambiental, como o biogás recuperado
as fontes renováveis de baixo impacto, é resultado da decomposição anaeró- do lixo, merecem destaque e aplausos.
como são os casos da eólica e da solar,
continuem a crescer”, defende.

De acordo com cálculos da ABEEó-
lica, o potencial eólico atual é mais de
três vezes a necessidade de energia
do país. Se somadas todas as fontes
de energia nuclear, hídrica, térmica,
eólica e outras – a capacidade insta-
lada do Brasil ultrapassa os 160 GW. A
estimativa da entidade é que o poten-
cial eólico seja de mais de 500 GM.

“Isso não significa, no entanto, que o
Brasil poderia ser inteiramente abaste-
cido por energia eólica”, pondera Elbia.
“Há que se considerar algo muito im-
portante: a matriz de geração de ele-

Foto: Divulgação/AEN

“É necessário desonerar porque empresas especializadas, cujos interes- os combustíveis que os alimentam?”,
além da geração começar em pro- ses em gerar energia nem sempre são questiona.
cessos com impactos ambientais po- os mesmos do que os de atividades es-
sitivos, evitando os desperdícios, esta- pecializadas, restando assim, uma falta Energia desperdiçada
belecendo uma economia circular, a significativa de iniciativas nesse cam-
energia gerada não é emissora de ga- po”, considera. “O futuro depende de atitudes
ses do efeito estufa, o que é altamente conscientes e sustentáveis, pois o mun-
positivo também para conter o aqueci- Outra ponderação feita por Bley se do cresce em ritmo acelerado, mo-
mento global”, salienta. refere aos gastos vultosos do setor de dernizando e automatizando proces-
saneamento básico com gasolina e sos”, sintetiza Rodrigo Augusto Neves,
Bley aponta, no entanto, para o fato diesel em suas frotas, quando, nas pa- do Centro de Negócios de Eficiência
de que o projeto de Lei propõe a con- lavras do especialistas, o segmento es- Energética da Weg. Ao citar números
cessão para a geração elétrica com tá “sentado em uma matriz orgânica da Associação Brasileira das Empresas
biogás produzidos em aterros sanitá- gigantesca”. de Serviços de Conservação de Ener-
rios, o que, segundo ele, restringe o po- gia (Abesco), Neves lembra que o Brasil
tencial de uso da geração a biogás pro- “Como os serviços de entregas de hoje desperdiça anualmente 10% de to-
duzido por outros resíduos da agroin- cargas leves urbanas, ou de coleta de da energia gerada - volume suficiente
dústria, do setor sucroalcooleiro e de leite no meio rural, podem fazer ope- para abastecer por um ano os estados
esgotos sanitários. rações recorrentes e repetitivas com do Rio de Janeiro e do Ceará, ou ainda
gasolina e diesel e não se abrirem pa- compensar o aumento da demanda
“Há ainda o fato a observar que o ra outros combustíveis, entendendo nacional por dois anos. Será por meio
Brasil tem seus principais aterros sa- que os motores a explosão interna não do investimento em inovação, defen-
nitários praticamente distribuídos por são os responsáveis pela poluição, mas

29 | SmartEnergy

CAPA

de, que as empresas vão conseguir ser tas na criação de soluções para mo- para inserir nanotecnologia nas bate-
mais eficientes energeticamente, ao bilidade elétrica, que vão do desenvol- rias de chumbo ácido com objetivo de
mesmo tempo que vão reduzir custos vimento de um veículo elétrico até o aumentar o tempo de vida e eficiên-
operacionais ligados à energia elétrica controle dos dados desse veículo na cia delas. “Estamos trabalhando com
e manutenção. nuvem e o posto de abastecimen- bateria em estado sólido”, explica. “É
to elétrico. “É uma solução completa”, a nanotecnologia colocada nas bate-
“Pensar em eficiência energética sintetiza Cassapo. rias de chumbo ácido para ter um lon-
é estar sempre à frente, é buscar por go ciclo de vida em um sistema star-
processos inovadores e tecnologia de Outra startup criou o primeiro mo- t-stop”, complementa Cassapo, citan-
ponta”. Neves explica que a Weg, há delo de microcentral hidrelétrica. Com do carros que desligam o motor auto-
30 anos, oferece soluções em eficiên- um desnível de água de 15 metros, o maticamente após alguns segundos
cia energética para aplicações indus- equipamento, do tamanho de uma parado, e que volta a ser ligado tam-
triais - motores e inversores de frequ- mala de viagem, canaliza parte da bém de modo automático quando o
ência, entre outros itens - cujo foco é água de um rio para gerar energia su- motorista aciona as engrenagens pa-
reduzir o consumo de energia e otimi- ficiente para abastecer até três casas. ra retomar o movimento. A intenção é
zar processos industriais. E sem nenhum impacto ambiental. obter uma bateria que reduza a zero
a possibilidade de explosão, seja mais
Startups e transição O Instituto Senai de Inovação em eficiente que as tradicionais e arma-
Eletroquímica é uma das unidades do zene mais energia.
A Fiep (Federação das Indústrias sistema que responde na área de pes-
do Estado do Paraná) assumiu que é quisa aplicada. Um dos estudos em “Nosso propósito é permitir à nossa
seu papel estar atenta também ao as- prática, atualmente, é o voltado às ba- indústria ter mais produtividade, com-
sunto eficiência e transição energéti- terias. Nanotecnologia, grafeno, nióbio petitividade, ser mais inovadora, mais
ca. E em seu braço voltado à inovação, e nanocarbonos são empregados na sustentável para melhorar a vida de to-
assumiu-se como um ponto de con- busca por eficiência energética para dos. O que interessa é melhorar a vida
vergência entre educação, empreen- novos modelos de baterias. Um pro- do cidadão”, ressalta Cassapo.
dedorismo inovador e pesquisa apli- jeto de consórcio envolve 11 empresas
cada.

Em educação, o Sistema Fiep conta
com o Senai para capacitação técnica.
Entre os cursos, Filipe Cassapo, gerente
de inovação do sistema, cita as enge-
nharias automotiva e de energias co-
mo “duas grandes oportunidades de
capacitar, desenvolver, formar pessoas
com esse foco, o da mobilidade susten-
tável, inteligente, energias inteligentes
e renováveis.”

A aceleradora de startups do Siste-
ma Fiep, braço voltado ao empreen-
dedorismo inovador, conta com uma
rede distribuída pelo Paraná, com uni-
dades em Curitiba, Londrina, Marin-
gá, Pato Branco, Toledo e Ponta Gros-
sa. E atua com dois focos principais: a
indústria 4.0 e o conceito de cidades
inteligentes, com uma aceleradora
voltada diretamente ao tema. Nesse
trabalho, três startups trabalham jun-

30 | SmartEnergy

“O Paraná é um

estado de vanguarda
em diversas áreas

tecnológicas, sociais e
ambientais, de forma

a acompanhar as
demandas e mudanças
globais atuais e futuras



Jorge Callado,
diretor-presidente do Tecpar

PROJETOS E PESQUISAS BUSCAM
INCENTIVAR NOVAS TECNOLOGIAS

Buscando ajudar o desenvolvimento sustentável e modernização do setor elétrico paranaense, o Ins-
tituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) promove pesquisas e ações na área de energias renováveis
por meio do projeto Smart Energy Paraná, uma das principais ações do Programa Paranaense de Ener-
gias Renováveis.

O objetivo do projeto é fomentar a transformação da rede elétrica convencional em rede inteligen-
te, incentivar a geração distribuída por fontes renováveis e a eficiência energética, desenvolver com-
petências estaduais sobre o tema e conscientizar a sociedade sobre a importância do uso de fontes
energéticas renováveis.

Uma das ações realizadas no Tecpar é a plataforma de energias inteligentes, que reúne painéis de
energia solar, um gerador de energia eólica e uma estação solarimétrica, além do recém-lançado Li-
ving Lab, um laboratório para testes de novas tecnologias (veja mais na página 54) .

“Projetos, como o Smart Energy Paraná ou como os “Living Labs” na área de energia e agrotecnolo-
gia nos campi da CIC e de Araucária do Tecpar apenas confirmam a grande aderência das atividades
do Tecpar, com as políticas do governo estadual e evidenciam como a instituição acredita que o Para-
ná é um estado de vanguarda em diversas áreas tecnológicas, sociais e ambientais, de forma a acom-
panhar as demandas e mudanças globais atuais e futuras”, considera Jorge Callado, diretor-presiden-
te do Tecpar.

31 | SmartEnergy

ONDE TEM VONTADE
DE INOVAR, TEM COPEL

Um novo jeito de olhar para o amanhã.

A Copel está presente todos os dias em milhões de casas, empresas e indústrias.
Mas há outro lugar onde a Copel também já está marcando presença: no futuro.
Tão importante quanto pensar no que se faz hoje é pensar no que vamos
realizar amanhã. Quais serão as próximas ideias inovadoras? Quais soluções vão
transformar o futuro? Ninguém sabe ao certo. Mas pode ter certeza: a Copel vai
estar lá para fornecer a energia necessária para que elas se tornem realidade.

SMART ENERGY
2019

Incentivo ao
desenvolvimento
MODERNO DO SETOR
ENERGÉTICO

Conferência Smart Energy coloca em pauta
os temas mais relevantes em inovação e
soluções para a transição e utilização de
fontes alternativas

A conferência de 2018 contou com a palestra magna do ministro da Justiça, Sérgio Moro que, na época, era juiz responsável pela Lava-Jato.
34 | SmartEnergy

“A conferência proporciona

a discussão de projetos sobre
o setor de energias renováveis

e inteligentes que estão em
andamento no cenário nacional e
internacional e é uma oportunidade

para conhecer os trabalhos que
apresentam resultados práticos

no Paraná.



Jorge Callado, diretor-presidente do Instituto de
Tecnologia do Paraná (Tecpar)

A união de esforços é fundamental tância da utilização de fontes renová- trica, entre outras questões apresen-
para a modernização do setor elétrico veis para geração de energia”, ressal- tadas por especialistas e profissionais
brasileiro. Para incentivar o debate e a ta Celso Kloss, diretor-superintendente do mercado, incluindo a presença do
busca por soluções e inovações nes- da Paraná Metrologia, também organi- diretor da Agência Nacional de Ener-
sa área, a Conferência Smart Energy zadora da Conferência Smart Energy. gia Elétrica (Aneel) e da Associação
CI&Expo chega a sua sexta edição nos Brasileira das Agências de Regulação
dias 19 e 20 de novembro, no Centro A programação foi baseada em (Abar), Sandoval Feitosa Neto, na pa-
de Eventos da Fiep em Curitiba (PR). temas que refletem todos os pro- lestra de abertura.
“A conferência proporciona a discus- cessos e mudanças que o setor tem
são de projetos sobre o setor de ener- atravessado e a transição energética O coordenador da programação
gias renováveis e inteligentes que es- que está ocorrendo nos últimos anos, científica da Smart Energy CI&Expo
tão em andamento no cenário nacional que impactam todo o sistema elétri- 2019, prof. Dr. Alexandre Aoki, explica
e internacional. Trata-se de uma opor- co, desde a produção até o consumi- que alguns temas que serão debati-
tunidade para conhecer os trabalhos dor final. O evento conta com sessões dos são de áreas em que já há alguns
que apresentam resultados práticos sobre gestão de energia e eficiência avanços, como a gestão de energia
no Paraná, para fomentar e motivar a energética, fontes alternativas, smart e eficiência energética, impulsiona-
inserção dessas tecnologias no setor grids e microgrids, smart cities, ar- das pela Copel Distribuição através do
de energias paranaense e brasileiro”, mazenamento de energia e veículos Programa de Eficiência Energética, e
aponta Jorge Callado, diretor-presi- elétricos. Entre os assuntos das pales- a micro e minigeração distribuída, que
dente do Instituto de Tecnologia do Pa- tras estão o papel das energias reno- possuem isenção do ICMS na energia
raná (Tecpar), organizador do evento. váveis na transição energética nas ci- injetada na rede. Contudo, em outros
dades, ações para disseminação des- setores ainda existem alguns entra-
O objetivo do evento é unir gesto- sas energias, a eficiência energética ves, tanto no Paraná quanto no Bra-
res públicos, agências e entidades de na indústria, incluindo linhas de finan- sil. “Existem alguns assuntos que ain-
governo, profissionais do setor elétrico, ciamento, projetos que promovem a da não têm regulamentação nacional,
empreendedores, startups, consultores, pesquisa e o desenvolvimento de tec- como baterias e microgrid, porém há
pesquisadores, estudantes e consumi- nologias inovadoras, os avanços na interesse no tema no âmbito de pro-
dores para debater os temas e proble- implementação de smart grids, cases jetos de P&D Estratégicos da Aneel. É
máticas atuais mais relevantes, apre- de sucesso de produção de energia a importante que o Paraná esteja prepa-
sentar os avanços e tendências tecno- partir de biomassa, o uso do biogás rado para seguir as tendências tecno-
lógicas, além das oportunidades que o e a política nacional do gás natural, lógicas do setor elétrico e que o Poder
mercado oferece para a inovação. “É o impacto da geração distribuída no Legislativo do Paraná contribua com
fundamental estimular toda essa inte- sistema de energia, a transformação as regulações pertinentes às micro e
ração, pois com ela aumenta-se cada digital das indústrias e cidades inte- minigerações que passarão a coexistir
vez mais o entendimento da impor- ligentes, o futuro da mobilidade elé- com a rede de distribuição”, observa.

A programação completa está disponível no site
www.smartenergy.org.br

35 | SmartEnergy

SMART ENERGY
2019

Inovação e ciência

Segundo o diretor de Indústria e Ino- “É fundamental estimular toda a interação [entre diversos
vação do Tecpar, Rafael Rodrigues, o se-
tor ainda tem muito espaço para o de- setores de energias renováveis], pois com ela aumenta-se
senvolvimento de novas tecnologias. “A
inovação no setor elétrico brasileiro ain- cada vez mais o entendimento da importância da utilização
da está engatinhando. Todo o processo de fontes renováveis para geração de energia.
de aceleração, incubação e criação de
ecossistema de inovação nessa área co- ”
meçou somente de uns cinco anos para
cá, principalmente, com hackatons dos Celso Kloss, diretor-superintendente da Paraná Metrologia
principais agentes, com aplicabilidade
de startups vocacionadas às necessida- lacunas interessantes para pesquisa, dência de Ciência, Tecnologia e Ensi-
des do setor”, revela. As lacunas que ain- desenvolvimento tecnológico e ino- no Superior e demais instituições que
da existem no setor podem ser preen- vação nessas áreas”, considera. compõe o comitê gestor do projeto
chidas justamente por startups, ajudan- Smart Energy Paraná. O evento tem o
do a acelerar o processo. “A inovação Após as apresentações, o Comitê patrocínio da Federação das Indústrias
vem justamente para impactar e trazer Técnico-Científico, que conta com re- do Estado do Paraná (Fiep), Fundação
resultados em curto espaço de tempo presentantes de universidades e institui- Araucária, ENGIE Brasil, Itaipu Binacio-
com novas tecnologias valorizando to- ções de pesquisa de todo Paraná e do nal, Banco Regional de Desenvolvimen-
da a cadeia da produção de equipa- Brasil, avaliarão os mais relevantes para to do Extremo Sul (BRDE), Klabin, Fo-
mentos, materiais e fontes até o usuá- publicação na revista Brazilian Archives mento Paraná, L8 Energy, Rumo Logís-
rio final, que é o consumidor. A inovação on Biology and Technology do Tecpar. tica, Compagas e Sanepar e apoio da
vem para constituir esse elo, trazendo Copel, WEG, Siemens, iCities, Instituto
melhor qualidade e, ao mesmo tampo, A Smart Energy 2019 é uma iniciati- de Engenharia do Paraná (IEP), Lactec,
favorecendo o consumo racional e efe- va do Tecpar, organizada em parceria Comerc Energia e Ribeiro Solar.
tivo da energia”, afirma. com a Paraná Metrologia, Universidade
Federal do Paraná (UFPR), Superinten-
A pesquisa científica é um dos su-
portes da inovação e novamente te-
rá espaço na Smart Energy 2019,
com apresentações de artigos du-
rante todo o evento. A energia solar
foi o tema mais abordado, segundo o
prof. Aoki. “Os sistemas com armaze-
namento de energia em baterias, in-
cluindo microrredes, também foram
bastante abordados. No aspecto prá-
tico, acredito que são áreas que es-
tão demandando mais conhecimen-
tos e estudos no momento, inclusive
pelo interesse na aplicação real des-
ses sistemas. Por outro lado, ainda há

Mais informações estão disponíveis no site www.smartenergy.org.br, na página do Facebook
(www.facebook.com/smartenergybrasil) e no Instagram (@smartenergyparana).

36 | SmartEnergy



ESPECIAL Foto: João Neto
SMART ENERGY

CI&EXPO

Eficiência
e sustentabilidade

NOS TRILHOS

Maior operadora de ferrovias do Brasil,
Rumo desenvolve operações com redução no consumo

de combustível e expansão de capacidade

38 | SmartEnergy

Responsável por administrar cer- ção da frota e modernização da via nhões tem como consequência a re-
ca de 14 mil quilômetros de ferrovias permanente. dução da emissão de gases de efeito
no país, a Rumo vem desenvolvendo estufa, que causam o aquecimento
uma série de ações para uma matriz Nas operações do Paraná, por global.
de transporte mais limpa e eficien- exemplo, a empresa iniciou opera-
te. Desde que assumiu as operações ções com as locomotivas ES43B-  “A ferrovia é a melhor alternativa
em 2015, a empresa implementou Bi. O modelo foi desenvolvido es- para trajetos de longa distância. Os
em seu plano de negócios diretrizes pecialmente para a circulação na índices do IPCC mostram que o trem
relacionadas a gestão climática. Serra do Mar, com capacidade de emite até 5,8 vezes menos gases de
tração 38% superior em relação efeito estufa que os caminhões”, ex-
O planejamento operacional da aos modelos anteriores. Antes uma plica Renata.
companhia envolve melhorias na composição com 105 vagões era
eficiência energética reduzindo o puxada por quatro locomotivas,   A redução é ainda mais expressi-
consumo de combustível, atrelada agora duas máquinas conseguem va nos índices de emissões específi-
a investimentos par­a expansão da tracionar em média 120 vagões en- cas de gases de efeito estufa. Desde
capacidade ferroviária. “São inicia- tre Curitiba e Morretes. Equipada que assumiu a concessão em 2015, a
tivas que conciliam o aumento de com um motor Evolution GEVO-12, Rumo obteve melhora de 24% nes-
produtividade da empresa e a re- a locomotiva utiliza melhor o com- ses resultados. O relatório de susten-
dução dos impactos ambientais”, bustível e possibilita uma redução tabilidade da Companhia descre-
destaca Renata Ramalho, geren- de 26% em L/TKB (litros por tone- ve os principais índices de eficiência
te executiva de Meio Ambiente da lada bruta transportada) no consu- energética:
Rumo. mo de diesel.
 “Fazemos um acompanhamen-
Nos últimos três anos, por exem- A ferrovia em números to integral de todas as operações
plo, a Companhia obteve uma re- com o intuito de otimizar os índices
dução de 15% no consumo de die- A eficiência da ferrovia em com- e promover uma relação harmo-
sel. Resultado atribuído à renova- paração ao transporte por cami- niosa entre a ferrovia e meio am-
biente”, afirma Renata.

39 | SmartEnergy

ESPECIAL
SMART ENERGY

CI&EXPO

TELHA SOLAR
DE FILME FINO HANTILE

A L8 Energy, empresa do Grupo L8, atua na industrialização e distribuição de Sistemas Fotovoltaicos
em todo o território nacional. A empresa, sediada em Curitiba (PR), possui em seu portfólio as melhores
e mais conceituadas marcas do setor, pois preza pela qualidade e satisfação de seus clientes.

Sempre em busca de soluções inovadoras, a L8 Energy tornou-se a distribuidora exclusiva de um dos
produtos mais surpreendentes com tecnologia embarcada do setor fotovoltaico: a Telha Solar Hantile.

Com o crescimento exponencial do mercado de fotovoltaico, tornou-se necessário o investimento em
pesquisa e desenvolvimento de tecnologias inovadoras e sustentáveis por parte das empresas atuan-
tes no setor.

Constantemente, novos produtos são lançados no mercado, mas, infelizmente, nem todos apresen-
tam a inovação e tecnologia prometida. Exemplo disso é o lançamento, por parte de algumas empresas,
de telhas solares ditas inovadoras, mas que, na verdade, somente possuem o formato e tamanho de te-
lha, pois a tecnologia cristalina apresentada é a mesma dos painéis fotovoltaicos existentes no mercado.

Os painéis fotovoltaicos são feitos de silício, ou seja, são produtos cristalinos e suscetíveis ao craquea-
mento - microfissuras que podem gerar pontos quentes, chamados de efeito hot spot, e que danificam
os painéis fotovoltaicos. Portanto, essas telhas que usam tecnologia cristalina possuem as mesmas ca-
racterísticas dos painéis fotovoltaicos e não podem ser consideradas um produto inovador, mas, sim-
plesmente, uma mera adaptação de uma tecnologia já existente no mercado.

Inovadora e diferenciada, tanto em tecnologia quanto em design, a Hantile é um produto que possui
tecnologia de filme fino e que não pode ser comparado a um painel solar.

Aproveitando o mesmo madeiramento (estrutura) já existente do telhado, a Hantile oferece um exce-
lente rendimento, independente da posição de incidência solar, além de ostentar um encapsulamento
bonito, robusto e que suporta alto impacto.

A Hantile apresenta eficiência de 30W por telha e pode ser utilizada em projetos variados, tornando
diferenciada não apenas a tecnologia aplicada, mas todo o esforço de uma grande equipe que traba-
lhou por anos para desenvolver um produto tão inovador.



ESPECIAL
SMART ENERGY

CI&EXPO

Projeto Gralha Azul fomentará
A ECONOMIA E A GERAÇÃO
DE EMPREGOS

O projeto vai suprir a carência energética do Centro-Sul Foto: Divulgação
paranaense, onde várias indústrias já não conseguem
ter a demanda atendida pela infraestrutura existente

Projeto Gralha Azul é composto por dez linhas de transmissão e cinco seccionamentos.

A ENGIE Brasil Energia atua no plantados no estado. O projeto tam- disponibilidade de energia na re-
país desde 1996 e é responsável bém contempla cinco subestações gião Centro-Sul do Paraná, possibi-
pela implantação do Sistema de novas e cinco ampliações de subes- litando que as empresas de distri-
Transmissão Gralha Azul no Paraná, tações já existentes e irá percorrer buição, como a Copel, possam as-
importante empreendimento de in- 27 municípios da região Centro-Sul. segurar maior confiabilidade de
fraestrutura que contribuirá com o energia ao consumidor final, como
reforço do sistema e com o escoa- O sistema de transmissão fará residências, hospitais, indústrias.
mento de energia provenientes de parte do Sistema Interligado Na-
fontes renováveis. cional trazendo energia gerada Estudos da EPE (Empresa de Pes-
através de diferentes fontes espa- quisa Energética) e ONS (Operador
O Gralha Azul é composto por lhadas pelo Brasil, como hidrelétri- Nacional do Sistema Elétrico) apon-
dez linhas de transmissão e cinco cas, PCHs (Pequenas Centrais Hi- taram subtensões nas subestações
seccionamentos, totalizando, apro- drelétricas), eólicas, solares, entre e sobrecarga em linhas de trans-
ximadamente, 1000 km a serem im- outras. Essa energia irá reforçar a missão, que atualmente atendem a

42 | SmartEnergy

Foto: Divulgação

Obras para construção da subestação Ponta Grossa, principal estrutura do projeto Gralha Azul.

região, indicando a necessidade de PROJETO GRALHA AZUL RECEBE
reforço a partir de 2018. “Esta obra LICENÇAS PARA A INSTALAÇÃO
vai suprir a carência de energia na DA SUBESTAÇÃO PONTA GROSSA
região, onde várias indústrias já não E PARA A PRIMEIRA LINHA DE
conseguem ter a demanda plena- TRANSMISSÃO
mente atendida pela infraestrutu-
ra existente”, comenta o gerente do O Projeto Gralha Azul já obteve a primeira licença de instala-
projeto, Márcio Daian Neves. ção relativa a subestação Ponta Grossa, que é a principal estrutu-
ra do projeto, de onde sairão as linhas de transmissão em 230 kV
Além disso, a proposta é aumen- e 525 kV que interligarão as demais subestações. Além dela, o Ins-
tar a confiabilidade e a qualidade tituto Ambiental do Paraná (IAP) entregou, no dia 24 de outubro,
da energia, com criação de rique- outra licença para a instalação das primeiras linhas de transmis-
za, geração de até 5 mil empregos são interligando as Subestações Ivaiporã e Ponta Grossa.
diretos no auge da obra e aumento
na arrecadação de impostos. O projeto também conta com as Licenças Prévias dos Gru-
pos III e IV, além da anuência do Instituto do Patrimônio Histórico
As linhas de transmissão passa- e Artístico Nacional (Iphan), da Fundação Nacional do Índio (Fu-
rão por 27 municípios, sendo eles: nai), da Fundação Palmares para a emissão de todas as licenças
Ariranha do Ivaí, Balsa Nova, Campo prévias e de instalação. Até o fim do ano devem ser concedidas
Largo, Candido de Abreu, Carambeí, as demais licenças prévias para todos os outros Grupos e, na se-
Castro, Cruz Machado, Guarapuava, quência, o Projeto Gralha Azul deve receber as licenças de insta-
Imbituva, Ipiranga, Irati, Ivaí, Manoel lação. Quando concluídas as obras previstas para setembro de
Ribas, Palmeira, Paula Freitas, Paulo 2021, serão emitidas as Licenças de Operação .
Frontin, Pinhão, Pitanga, Ponta Gros-
sa, Porto Amazonas, Prudentópolis, 43 | SmartEnergy
Reserva, São Joao do Triunfo, São
Mateus do Sul, Teixeira Soares, Tur-
vo e União Da Vitória.

EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA

Energia é tema central para
AVANÇO DA INDÚSTRIA 4.0

INDÚSTRIA 4.0 Foto: Divulgação

Soluções do Sistema Fiep As tecnologias digitais
ajudam a aumentar a eficiência possibilitam a automatização
energética e a implementar e um maior controle sobre
um modelo de produção mais os processos, impactando
sustentável na indústria diretamente na redução
de custos e no aumento da
produtividade.

A estimativa anual de redução de custos indus- cionados à economia de energia. Segundo a United
triais no Brasil será de, no mínimo, R$73 bilhões por Nations Industrial Development Organization (UNI-
ano, a partir da migração da indústria para o concei- DO), a indústria consome 42,5% da energia produzi-
to 4.0, de acordo com dados da Agência Brasileira da no mundo. No entanto, boa parte da energia con-
de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Desse montan- sumida no setor industrial é desperdiçada em pro-
te, R$34 bilhões se referem à redução de custos com blemas como perda de calor, iluminação deficiente,
manutenção de máquinas e R$7 bilhões estão rela- sistema motriz e falta de gestão em energia.

44 | SmartEnergy

SOLUÇÕES PARA UMA INDÚSTRIA
SUSTENTÁVEL E COMPETITIVA

Eficiência Energética to Consórcio de Baterias Estacionárias iniciado este
ano reúne diversas indústrias do setor que, por meio
A conta de energia elétrica tem um impacto signi- do Instituto Senai de Inovação (ISI) em Eletroquímica,
ficativo para o setor industrial. Em alguns segmentos, estão desenvolvendo novas tecnologias a fim de dis-
os gastos chegam a 10% do faturamento. Para apoiar ponibilizar no mercado baterias mais eficientes, com
as indústrias, o Senai lançou uma linha de consultorias maior capacidade e durabilidade. Outro projeto simi-
em áreas estratégicas, como a Eficiência Energética. lar foi desenvolvido pelo ISI Eletroquímica com on-
A equipe do Senai realiza um estudo técnico detalha- ze fabricantes brasileiros do setor automotivo para a
do do processo produtivo, utilizando como referência produção de baterias chumbo-ácido melhoradas com
os insumos energéticos. Neste estudo, são avaliados nanotecnologia embarcada.
os pontos de consumo das suas fontes (elétrica, gás,
carvão, óleo e outros) e suas formas (energia térmica, Mobilidade Sustentável
motriz e iluminação). Também são avaliadas questões e Inteligente
relacionadas à gestão dos custos de energia. O obje-
tivo e resultado desses trabalhos visam a sustentabili- Até 2030, estima-se que 125 milhões de veículos em
dade e competividade da indústria. todo o mundo serão abastecidos com energia elétri-
ca. O cálculo é da Agência Internacional de Energia e
Assistente Virtual abre oportunidades para outras indústrias relaciona-
das à automotiva, como fabricantes de baterias, siste-
As tecnologias de monitoramento e automação mas de dados e autopeças. No Centro de Mobilidade
são utilizadas na gestão de energia para determinar Sustentável e Inteligente do Sistema Fiep, as frentes
a capacidade produtiva e ociosa de um determina- de trabalho alcançam todos os segmentos, engloban-
do equipamento ou sua necessidade de troca e ma- do diversos modais de transporte, matrizes energéti-
nutenção. Segundo a UNIDO, a utilização de sistemas cas e novas tecnologias.
de gerenciamento da energia através de robôs pro-
gramados por algoritmos pode reduzir em até 30% Formação profissional
o consumo de energia elétrica na indústria. Pensando
nisso, o HUB de Inteligência Artificial Senai desenvol- Com o intuito de preparar profissionais para plane-
veu um assistente industrial virtual, destinado princi- jar, analisar e aperfeiçoar sistemas de energia provin-
palmente a empresas de pequeno porte. Além de evi- dos de fontes renováveis e não renováveis e com o de-
tar o desperdício de energia, o assistente virtual auxi- senvolvimento e manutenção de sistemas automoti-
lia no planejamento de produção, manutenção prediti- vos, as Faculdades da Indústria do Sistema Fiep ofer-
va e melhoria de performance da indústria. tam os cursos de graduação em Engenharia de Ener-
gias e Engenharia Automotiva. Por meio de processos
Baterias melhoradas e técnicas com foco na qualidade e numa visão es-
com nanotecnologia tratégica, inovadora e tecnológica, os profissionais for-
mados são aptos a atender os novos desafios do setor
Atualmente, as baterias constituem a principal so- de energia e da indústria da mobilidade.
lução para o armazenamento energético. O Proje-

Mais informações: www.senaipr.org.br/tecnologiaeinovacao/energia

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BIOMASSA

Sustentabilidade NO DNA

Utilizando biomassa para gerar energia desde os
anos 40, Klabin conta hoje com quase 90% de matriz
energética gerada a partir de fontes renováveis

Foto: Divulgação

Todas as unidades da Klabin utilizam a biomassa como fonte de energia. Na foto, Unidade de Monte Alegre, no Paraná.

Desenvolvimento de forma sustentá- de 40. Nos anos 80, a participação de A aplicação da biomassa, utilizada
vel para garantir a perenidade dos ne- combustíveis renováveis chegou a 63%; pela Klabin, envolve uma série de fato-
gócios. Esse é um dos objetivos da Kla- atualmente, beira os 90%. “Essa mudan- res, alguns deles alheios aos desejos e
bin, uma das gigantes no setor de papel ça surgiu como um processo natural de ao planejamento de qualquer empre-
e celulose, que afirma hoje ter 89,1% de evolução”, explica Júlio Nogueira, ge- sa. A complexidade operacional envolve
toda sua matriz energética originada rente de Sustentabilidade e Meio Am- clima, tipo de produto, tempo de seca-
por fontes renováveis. E que pela utiliza- biente da Klabin. “Somos uma compa- gem, estoque de fábrica e até questões
ção da biomassa como insumo para a nhia de base florestal, que tem a susten- logísticas, como disponibilidade de veí-
geração de energia, contabiliza mais de tabilidade em seu DNA”, destaca. culo para transporte. Ainda assim, o uso
200 mil toneladas de CO2 equivalente da biomassa é mais vantajoso do que
que deixam de ser geradas anualmente A Klabin possui atualmente 18 unida- outras fontes de energia. Como exem-
em seus processos industriais. des industriais, sendo 17 no Brasil e uma plo, se considerados custos e energia
na Argentina. Há 120 anos no mercado, gerada, a biomassa responde por um
A biomassa está na matriz energé- hoje conta com 19 mil colaboradores, se- gasto seis vezes menor quando compa-
tica da companhia desde a década gundo números da empresa.

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BIOMASSA

Foto: Divulgação A biomassa está na
matriz energética da

Klabin desde
a década de 40.
Nos anos de 1980,
a participação de
combustíveis renováveis
chegou a 63%.
Atualmente, beira

os 90%.

Silo Noturna na Unidade Puma, no Paraná. unidades da companhia. Galhos, cas- (ODS) da ONU. A iniciativa passou a ser
cas, folhas, madeira não empregada no um dos pilares do planejamento estraté-
rada à utilização do óleo BPF (combustí- processo, árvores quebradas e regene- gico da organização.
vel derivado de petróleo de baixo ponto ração de espécies no talhão fazem par-
de fluidez). te das fontes. Somado ao uso da biomassa, a em-
presa adotou outras ações sustentáveis:
Todas as unidades produtoras de pa- Durante participação no 6º Workshop de 2003 em diante, reduziu 61% das
pel e celulose – Angatuba (SP); Correia Embrapa Florestas/Apre, realizado em emissões de carbono para cada tone-
Pinto e Otacílio Costa (SC); Monte Ale- março deste ano em Colombo (PR), a lada de produto produzido.
gre e Puma (PR) – já utilizam a biomassa Klabin informou que os desafios atuais
como fonte de energia. A empresa tam- para a companhia são garantir o abas- O Projeto Puma II, ainda em cons-
bém tem uma unidade de conversão de tecimento das unidades Monte Alegre trução, vai contar com processo de ex-
papel em embalagens, em Rio Negro e Puma, controlar a qualidade por tipo tração e utilização de Tall Oil (subpro-
(PR), que utiliza o insumo na geração de de matéria, obter o menor custo opera- duto de origem florestal) como uma
energia. cional possível aliado à maior eficiência das fontes de energia para a unidade.
energética e atender a demanda cres- Uma planta de gaseificação de bio-
O destaque da empresa é a unida- cente por biomassa nos próximos cinco massa também está nos planos do lo-
de Puma, que produz 250 MW de ener- anos. cal. “Essas duas iniciativas vão reduzir
gia gerada a partir de fontes renováveis nossas emissões de carbono em apro-
(biomassa e licor negro), consome em “É importante citar que o crescimen- ximadamente 120 mil tCO2eq (equi-
média 120 MW na operação e disponi- to da companhia também será relevan- valência de dióxido de carbono)”, cita
biliza 130 MW como energia excedente te para o desenvolvimento das regiões Nogueira.
no sistema interligado nacional do Bra- em que estamos presentes, incentivan-
sil (SIN). “Essa energia limpa excedente do a criação de novas parcerias, como o Ainda segundo o especialista em
é suficiente para abastecer uma cidade apoio financeiro e fomento a produtores sustentabilidade da Klabin, as áreas
de aproximadamente 500 mil habitan- florestais em nossas regiões”, acrescenta. florestais da empresa, tanto as planta-
tes”, comemora Nogueira. das quanto as nativas, removeram, em
Compromisso 2018, 1,8 vezes mais CO2 da atmosfera
Pínus e eucalipto com os ODS do que o emitido direta e indiretamen-
te nos processos industriais, dado que
Atualmente, a empresa utiliza resídu- Desde 2016, a Klabin assumiu volun- demonstra a importância do setor flo-
os de pínus e eucalipto como origem da tariamente o compromisso com os Ob- restal na mitigação dos impactos cli-
biomassa nos processos industriais. A jetivos do Desenvolvimento Sustentável máticos.
biomassa é empregada na geração de
vapor e energia elétrica para atender

48 | SmartEnergy



TECNOLOGIA
E INOVAÇÃO

Energia inteligente,
CIDADES INTELIGENTES

Dois projetos da Copel inserem a companhia
estatal em um novo momento sem volta para as
concessionárias de energia: o da indústria 4.0

Se a energia acabar de uma hora Foto: Divulgação
pra outra na sua casa ou empresa, vo-
cê não vai mais precisar procurar o te- A perspectiva da põe a maneira que a ação deve ser
lefone no escuro para ligar para a con- Copel é que, até 2030, feita, calcula possibilidades e permi-
cessionária de energia, avisar da queda todo o Paraná já seja te até que o trecho seja desligado de
e perguntar pela previsão de retorno. A monitorado por meio forma automática, sem a necessidade
solução ADMS (Advanced Distribution de uma interferência humana no local
Management System, ou Sistema Avan- da solução ADMS. específico. O sistema será capaz tam-
çado de Gerenciamento de Distribui- bém de identificar em tempo real se há
ção), com implantação apresentada pe- “O ADMS vem com uma suíte de so- roubo ou desvio de energia de alguma
la Copel em julho, vai permitir à distribui- luções de inteligência de software apli- rede, o popular “gato”.
dora controlar a rede em tempo integral cada à operação no sistema elétrico”,
e com total precisão. A promessa tam- explica Julio Omori, superintendente de Um novo tempo
bém é garantir manobras eficientes, se- Smart Grid e Projetos Especiais na Co-
guras e rápidas em linhas, subestações pel. “Ele vai rodar uma série de sistemas Com o ADMS, a Copel entende que
e equipamentos de rede. analíticos que vão dar apoio à tomada passa a viver um novo momento, que in-
de decisão do operador”. clui a sua modernização e a ocupação
Com R$ 45 milhões em investimen- de novos espaços em relação à tecnolo-
Assim, se a companhia precisar fa- gia aplicada. Considera ainda que a novi-
tos integrais da Copel, a ADMS vai inserir zer um desligamento, o sistema pro- dade a eleva a um patamar de referên-
cia em eficiência energética, modernida-
a companhia na era das smart grids. A

primeira etapa de implantação do proje-

to deve durar três anos; o primeiro passo

foi a integração dos centros de operação

da distribuição da empresa em um úni-

co lugar, o polo Smart Copel, em Curiti-

ba. Com isso, a empresa vai poder visua-

lizar as redes de alta, média e baixa ten-

são em uma só plataforma.

O sistema vai permitir também que a

rede até o consumidor seja atendida, na

maior parte das vezes, por softwares ca-

pazes de avisar e gerenciar automatica-

mente interrupções de energia. Isso tu-

do, em tempo real, para os consumido-

res poderem acompanhar.

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