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REVISTA LET'S GO #61
Jan/Fev | Circulação Mar/Abr 2023

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Published by upnacomunicacao, 2023-03-21 10:09:21

REVISTA LET'S GO #61

REVISTA LET'S GO #61
Jan/Fev | Circulação Mar/Abr 2023

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Mariana Lisbôa Diretora de Relações Coorporativas da Suzano e pioneira como presidente da associação do setor de papel e celulose, ela é uma inspiração da equidade de gênero nas corporações R$ 14,9000061 EDIÇÃO 61 À frente da Diretoria de Relações Corporativas da Suzano e primeira mulher a presidir a ABAF, a executiva é inspiração e segue voando em defesa da equidade de gênero nas corporações. À frente da Diretoria de Relações Corporativas da Suzano e primeira mulher a presidir a ABAF, a executiva é inspiração e segue voando em defesa da equidade de gênero nas corporações.


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4 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Editorial Chegamos à edição 61 e escolhemos a palavra inspiração como tema. Na capa, Mariana Lisbôa. À frente da Diretoria de Relações Corporativas da Suzano e primeira mulher a presidir a Associação Baiana de Empresas de Base Florestal (ABAF), a executiva tem como projeto pessoal a defesa da equidade de gênero nas corporações. No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, ter na nossa capa uma mulher que conquistou o seu espaço no mercado com competência e firmeza e vem inspirando tantas outras mulheres a buscarem o seu lugar no mundo é muito assertivo para o tema que escolhemos para esta edição. Advogada com larga experiência na área ambiental, Mariana assumiu, no ano passado, a presidência da ABAF e passou a ser a primeira mulher nesse cargo em 19 anos da criação dessa associação. Essa conquista não é algo simples. Para chegar até lá, foram muitas as conquistas dessa mulher que, gentilmente, aceitou compartilhar conosco um pouco da sua história tão inspiradora para todas nós. Mas por que falar de inspiração na primeira edição do ano? A resposta é simples: no ano que começa, é chegada a hora de definirmos a nossa rota, de planejarmos os projetos e definirmos as nossas metas. Ter a oportunidade de descobrir histórias inspiradoras pode ser o estímulo que falta para colocarmos as ideias em ordem e seguirmos em frente neste ano que finalmente começou. A inspiração é uma força poderosa que pode vir de muitas fontes diferentes e ajudar a nos motivar e a alcançar grandes coisas em nossas vidas. Ainda que possa parecer um sentimento abstrato, é possível identificar diversas formas em que a inspiração pode se manifestar em nossas vidas e como podemos buscar por ela. A inspiração também pode vir de lugares inesperados, como a arte, a música, a natureza ou até mesmo de momentos de dificuldade e superação pessoal. Independentemente da fonte, a inspiração pode ser uma ferramenta poderosa para nos ajudar a alcançar os nossos objetivos e nos tornarmos as melhores versões de nós mesmos. Ao buscar a inspiração em nossas vidas, podemos encontrar um propósito maior e a coragem de seguir os nossos sonhos, além de nos conectarmos com outras pessoas que compartilham os nossos valores e aspirações. A inspiração, portanto, é um elemento fundamental para nos ajudar a viver de maneira plena e significativa. Na seção Aspas, o convidado da vez é o governador Jerônimo Rodrigues, que começou o seu mandato em 1º de janeiro deste ano. Como tradição, a cada troca dos nossos gestores no Governo do Estado, bem como no município, trazemos um perfil completo para apresentar o novo gestor aos nossos leitores. A novidade desta edição fica por conta da presença do nosso novo articulista, que muito nos honrou ao aceitar o nosso convite. Estou falando de nada mais, nada menos que Ricardo Amorim. Considerado o economista mais influente do Brasil, de acordo com a Forbes, Ricardo é também o maior influenciador brasileiro no LinkedIn em Opinião e Cidadania e ganhador do Prêmio iBest nas categorias Economia e Negócios. Com mais de cinco milhões de seguidores, Ricardo Amorim está presente nas principais redes sociais e é o único brasileiro na lista de melhores palestrantes da Speaker’s Corner, além de ser ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças por quatro anos consecutivos, desde 2017. É uma verdadeira inspiração para nós tê-lo conosco e trazendo a sua preciosa contribuição para a nossa publicação. Enfim, #issoéletsgo. Boa leitura! Inspiração Na maioria das vezes, nós não sabemos nem sequer percebemos que nada é capaz de nos oferecer mais ânimo do que a força inspiradora que vive em nossos corações Jotta Fotografia Publisher da Let’s Go Bahia @veronicadgvboas @letsgo.bahia Verônica Villas Bôas


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 5 06 34 39 42 46 54 62 70 102 116 132 Jerônimo Rodrigues Entrevista: Erica Rusch Sustentabilidade: COP27 Capa: Mariana Lisbôa Autos: Jeep Commander Inteligência Artificial Arquitetura Saúde: Ozempic Turismo: Park City Perfil do Chef: Jadson Nunes Patrimônios: Retratos de Salvador ÍNDICE EXPEDIENTE V2M EDITORA LTDA Av. Professor Magalhaes Neto, nº 1856, sala 603, Caminho das Árvores, Salvador-Bahia. CEP: 41810-011 www.letsgobahia.com.br Tel.: +55 71 3018-4494 PUBLISHER Verônica Villas Bôas [email protected] REDAÇÃO EDITORA: Aleile Moura Araújo [email protected] REVISORA: Gabriela Ponce JORNALISTAS Alan e Déborah Fontes Ana Virgínia Vilalva Ana Paula Garrido Andréa Castro Juliana Carvalho Murilo Gitel Otávio Queiroz Roberto Nunes CONSELHO EDITORIAL Carlos Falcão Casildo Quintino Claudia Giudice Fabio Lima Isabela Suarez Tereza Paim COLUNISTAS Alexandra Isensee ___ Alma Baiana Andréa Castro _________ Arquitetura & Decoração Carlos S. Falcão _________ Finanças Casildo Quintino _______Economia Circular (com charge de Duke) Claudia Giudice ________Plano B Emerson Ferretti _______ Esportes Fabiano Lacerda ______ Life Coach Fernando Machado __ Reflexões Gabriela Ponce ________ Sessão Pipoca Ildazio Tavares _________ Conectados Dr. Leonardo Salgado __ Saúde Marcello Fontes _______ Let’s Go 360° Marcelo Sampaio _____ Garimpando Matheus Pastori _______ De Olho nas Telas Otávio Queiroz ________ Games Patrícia Guerra _________ Guia Salvador Patrícia Zanotti ________ Luxo e Beleza Renata Rangel _________ Moda Roberto Nunes ________ Autos e Motos Sérgio Queiroz _________Wine Tereza Paim _____________Gastrô Tiago N. Villas-Bôas __ Finanças ARTICULISTAS CONVIDADOS Americo Neto Ana Carolina Monteiro César Souza Eduardo Athayde Georges Humbert Henrique Campos de Oliveira Karla Menddes Dr. Luís Martinho Maria Vitória Cintra Monique Melo Ricardo Amorim ESPECIAL PATRIMÔNIOS Rafael Dantas CRÔNICA Malu Fontes FOTOGRAFIA Capa: Leciane Mattos Lima @lecianemattoslima FOTOJORNALISMO: Jotta Fotografia @jotta_imagem_empresarial San Júnior @sanjrphoto EDITORAÇÃO E ARTE DIREÇÃO DE ARTE: Verônica Villas Bôas DIAGRAMAÇÃO: Flamarion Reis ARTE: Marco Aurélio COMERCIAL DIRETORA: Verônica Villas Bôas [email protected] [email protected] FINANCEIRO Jocy da Matta [email protected] [email protected] DIREÇÃO EXECUTIVA Eden Almeida MÍDIAS DIGITAIS EDITOR ON-LINE: Otávio Queiroz [email protected] Ana Virgínia Vilalva [email protected] GESTÃO DO SITE: ZMARK Marketing Digital Consultoria e Gestão de Instagram Alisson Bruno CONSULTORIA E GESTÃO LINKEDIN: Empresa Jr. Adm. UFBA PUBLICIDADE Marco Carvalho ASSESSORIA DE IMPRENSA & RP Texto & Cia www.textoecia.com.br IMPRESSÃO ESCALA TIRAGEM 10.000 exemplares DISTRIBUIÇÃO Let’s Go Logística


Untitled-1 8-9 04/08/2021 12:32 6 | Let’s Go Bahia Dez/Jan - Circ.: Jan/Fev 2023 Foto: Secom Bahia 6 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Aspas


Untitled-1 8-9 04/08/2021 12:32 Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 7 comunidade rural próxima de Rio de Contas, que banha várias cidades da Bahia. Quando criança, precisou deixar a vida com os seus pais e ir em direção a Jequié, município na zona limítrofe entre a Caatinga e a Zona da Mata, para estudar. Lá, passou a morar com as cinco irmãs – ele ainda tem outros três irmãos. Já adolescente, após concluir o segundo grau, ele mudou-se de cidade mais uma vez, dessa vez indo parar em Salvador. O motivo? O seu sonho de estudar em uma universidade. Na capital, Jerônimo prestou vestibular e foi aprovado posteriormente no curso de Engenharia Agronômica na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Acabou por cursar a graduação em Cruz das Almas, e foi lá que ele conheceu Tatiana Velloso, com quem se casaria e teria o único filho, chamado João Gabriel. Em 1991, após se formar como engenheiro agrônomo, Jerônimo iniciou a sua trajetória como professor, após ser aprovado no concurso público para lecionar na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Por lá, esteve à frente de diversas disciplinas, como Direito, Administração, Ciências Econômicas, Geografia e Ciências Contábeis. Já na pós- -graduação, ele esteve à frente das cadeiras de Desenvolvimento Rural e Sustentabilidade, Mercado Como é tradição na Let’s Go Bahia, sempre que temos novos gestores assumindo ou deixando o cargo, buscamos trazer um perfil apresentando quem chega e uma entrevista prestando homenagem a quem sai. Como uma revista de referência que se propõe a trazer pautas de relevância para o nosso Estado e a nossa cidade, entendemos a importância de registrar os momentos que são decisivos para os baianos. Desta vez, é hora de relembrar a história de um dos nomes mais conhecidos na política nacional. Eleito o 52º governador da Bahia nas últimas eleições, com 52,79% dos votos válidos, Jerônimo Rodrigues passou a ter, a partir do último dia 1º de janeiro, novos desafios para enfrentar, nas mais diversas áreas, como Educação, Segurança Pública e Economia. Sendo uma surpresa até mesmo dentro do seu partido, graças às desconfianças em setores da própria legenda, Jerônimo Rodrigues deu início à sua campanha com o apoio das duas principais lideranças da legenda na Bahia: o ex-governador Jaques Wagner e o então governador Rui Costa. Além disso, detentor de uma retumbante popularidade entre os baianos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também endossou a opção por Jerônimo. Fato é que Jerônimo venceu as desconfianças e também um forte candidato, tido como um dos maiores nomes do cenário político nacional. Mas quem é Jerônimo? Quem é o homem que construiu uma sólida carreira acadêmica, com diversos artigos e livros publicados, e que ganhou a sua primeira eleição com o voto de milhões de baianos? Para responder a esta Jerônimo venceu as desconfianças e também um forte candidato, tido como um dos maiores nomes do cenário político nacional. pergunta, é preciso voltar um pouco no tempo… O início da história de Jerônimo Rodrigues - A história de Jerônimo Rodrigues começou em 3 de abril de 1965, data em que ele nasceu em Aiquara, pequena cidade de 5 mil habitantes no interior da Bahia, localizada a cerca de 400 km de Salvador. Filho do agricultor familiar Zeferino Rodrigues e da costureira Maria Cerqueira, Jerônimo teve uma infância humilde em uma Jerônimo Rodrigues Conheça a história e os próximos desafios do 52º governador eleito do Estado da Bahia Por Otávio Queiroz


8 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Untitled-1 8-9 04/08/2021 12:32 Aspas de Capitais e Metodologia do Ensino Científico. Algum tempo depois, Jerônimo retornou à sua cidade natal, logo após ter iniciado o seu mestrado em Ciências Agrárias. Em sua terra, ele passou a ensinar no Colégio Municipal Américo Souto. Lá, ele também teve a sua primeira experiência no Executivo, ao tornar-se secretário municipal de Agricultura, na gestão do prefeito Moacyr Viana. Posteriormente, ele também assumiu o cargo de vice-diretor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCIS) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Foi durante essa rica trajetória acadêmica que a vida de Jerônimo se cruzou com a política. O seu primeiro contato se deu dentro do movimento estudantil, ainda como aluno na universidade. Em 1990, ele filiou-se ao PT, atuando juntamente com diversos movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Trajetória política - Foi a sua preocupação com temas como a desigualdade social, a pobreza e a fome que fez com que Jerônimo trilhasse o seu caminho político na Bahia. O professor e agrônomo teve um papel importante na vitória de Jaques Wagner para o cargo de governador da Bahia. E o reconhecimento veio. Ainda em 2007, primeiro ano de seu mandato, Wagner convidou Jerônimo para integrar a equipe da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia. Três anos depois, em 2010, ele passou a compor a Secretaria de Planejamento do Estado, naquela época, uma das mais importantes e estratégicas do Governo do Estado. O seu bom desempenho e competência o fizeram ganhar destaque. Alçando novos voos, Jerônimo tornou-se secretário-executivo adjunto no Ministério do Desenvolvimento Agrário no primeiro ano do governo Dilma, em 2011. Até então, o seu principal desafio a nível nacional. Ele também exerceu as funções de secretário nacional do Desenvolvimento Territorial, assessor especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, secretário-executivo do Programa Pró-Territórios/Cumbre Iberoamericana e secretário-executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF). Graças à sua sólida trajetória acadêmica, Jerônimo foi ganhando cada vez mais projeção dentro do partido e tornou-se um dos nomes mais lembrados por seus colegas, como Rui Costa. Sendo o seu homem de confiança, Costa Entre os desafios, Jerônimo terá que reativar a economia baiana, reduzir o desemprego, combater a pobreza e a violência que assolam o Estado e superar as fragilidades existentes no sistema de saúde pública e de saneamento básico. Foto: Secom Bahia também contou com Jerônimo durante a sua campanha ao Governo do Estado. Além disso, Jerônimo auxiliou na implantação da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, a qual comandou entre 2015 e 2017. Em 2019, o fiel escudeiro do governador reeleito foi indicado para assumir a Secretaria de Educação. Na condição de um dos principais secretários de Estado da nova gestão petista, Jerônimo teve carta branca para levar a cabo um investimento de R$ 3,5 bilhões em escolas públicas. Sua gestão teve como foco a oferta de milhares de vagas em cursos profissionalizantes por meio do programa Educar para Trabalhar. Escolhido pelo PT como o candidato do partido ao Governo do Estado, Jerônimo Rodrigues se viu diante do maior desafio de sua vida. Neófito em disputas eleitorais, o ex-secretário da Educação teve, inicialmente, a difícil missão de se tornar conhecido da população baiana. Ao disputar com ACM Neto, um dos grandes nomes da política nacional, Jerônimo ganhou projeção e foi revertendo a desconfiança de políticos e da população. Ao lado da figura de Lula, virou as pesquisas desfavoráveis, aos poucos, até sacramentar a sua vitória nas urnas. Novos desafios - Para os próximos quatro anos, Jerônimo terá alguns desafios. Entre eles, reativar a economia baiana, reduzir o desemprego que afeta a população baiana há anos, combater a pobreza e a violência que assolam o Estado e superar as fragilidades existentes no sistema de saúde pública e de saneamento básico. Além disso, os problemas da Educação Básica e do Ensino Superior também deverão ser prioridades da nova gestão, bem como a busca por soluções para a escassez hídrica no Semiárido baiano e o fortalecimento da democracia na Bahia. 8 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023


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10 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Henrique Campos de Oliveira Professor do Mestrado em Direito, Governança e Políticas Públicas (UNIFACS) [email protected] O que a Bahia tem de criativo para ousar na arte tem também para ser provinciana na economia e na política A Bahia é um “país” reconhecido por sua criatividade. Nós exportamos o que há de mais sofisticado produzido pela mente humana: a cultura. Esta é a tese defendida pelo baiano Tom Zé, uma das figuras mais disruptivas e intrépidas do cenário artístico nacional, para quem a arte é o produto com maior valor agregado da pauta de exportação brasileira. Mas o que a Bahia tem de criativo para ousar na arte tem também para ser provinciana na economia e na política. Parece que sublimamos, por meio das manifestações artísticas e culturais, a incapacidade de superar a desigualdade marcante na nossa sociedade, oriunda de decisões na política e na economia, que são tomadas por um pensamento paroquial. Aí, a criatividade é usada para manter as coisas como sempre foram. Do samba de Jamelão ao rock de Raul, passando pelo baião de Gil, não faltam exemplos de como a união entre inspiração, transpiração e coragem pode sintetizar o que há de melhor na cultura. Mas por que a política e a economia soam o contrário? A política, concretizada na redemocratização, ainda experimentou avanços significativos na sua capacidade de representação, com a reinserção de intelectuais, sindicalistas e integrantes de movimentos sociais que ficaram um bom tempo alijados nas arenas formais de decisão do Estado. A partir daí, tivemos avanços em direção a uma maior universalização de direitos e garantias fundamentais na seara social como educação, saúde e agrária. Restam ainda muitas questões sobre a qualidade dessas políticas, mas não tem como negar a sua amplificação. Talvez o que mais aparenta carecer de inspirações em prol de melhoria seja a infraestrutura logística para a atividade produtiva do Estado. Algo que seria diametralmente oposto às manifestações artísticas: o mundo frio do cálculo estrutural e da geometria por trás de pontes, portos e estradas (seja de ferro, asfalto ou cascalho) não teve a devida atenção desprendida por aqui. Parece que parte dos políticos imbuídos de desejos de mudança se Criatividade e provincianismo: o descompasso nas inspirações para pensar a Bahia furtou de participar desses temas, os relegou aos experts, de sempre, e se concentrou em temas mais sociais. Como se fossem dimensões paralelas que não se encontram nem no infinito. Houve obras importantes de mobilidade urbana na capital, mas em termos de integração da Bahia e desta com o resto do Brasil e com o mundo, por enquanto, só há projetos e obras inacabadas. Cabe a ressalva à pavimentação e às estradas importantes, que ligaram cidades com mais de três séculos por conexão terrestre somente nos anos 2000, como no caso de Itacaré e Camamu. Em termos mais estruturais, o que vemos no Estado são obras de cunho incrementalista para desafogar um porto via rodoviário ou dar acesso a uma mina, que passa a ter viabilidade econômica na sua exploração, o que não sai da lógica dos anos de 1930. A Bahia é, hoje, uma colcha de retalhos de regiões produtivas que não se conectam ou, quando se ligam, o fazem com custos altos. O Estado passou a ser uma mancha na logística nacional. Enquanto a vida cultural e artística baiana, ainda sob significativas contradições, experimenta um dinamismo e com peso no país, a relevância da infraestrutura de transporte disponível na Bahia é outra já há um bom tempo. Aqueles que se ocupam de posições decisórias, veto players, sobre o tema da infraestrutura se comportam como se fossem desprovidos de coragem ou de interesse a superar o paroquialismo dos tempos das capitanias hereditárias. Assim, ficamos alheios às mudanças necessárias para enfrentar os atuais desafios geopolíticos do nosso tempo.


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12 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Consultor internacional Inovação e Competitividade @fmagmachado Fernando Machado Atribui-se a Thomas Edison, inventor da lâmpada incandescente e da cadeira elétrica, entre outros, o dito que a inovação é 1% de inspiração e 99% de transpiração. Na última edição, esta coluna defendeu que a única saída para a sobrevivência da humanidade, em vista das mega-ameaças e policrises que enfrenta, seria colocar a inovação tecnológica como prioridade absoluta nas políticas de Estado, a nível global e de cada país em particular, e que a orientação das inovações necessárias para a reengenharia dos sistemas político, de organização social - leia-se democracia -, econômicos e ambientais deveria ser da mais alta importância no curtíssimo prazo, pois as reformas estruturais requeridas por esses sistemas se constituem no marco de referência para todo o conjunto restante das inovações essenciais para a espécie humana. As catástrofes nascem sempre do descuido das instabilidades intermitentes típicas de sistemas não lineares, como aqueles envolvidos em qualquer atividade humana. Essas inovações sistêmicas, bem como a mudança dos paradigmas que dão origem aos sistemas vigentes, enfrentam barreiras de alta complexidade. Como advertiu Machiavelli, elas têm a oposição de todos que se beneficiam dos sistemas vigentes, que são os donos do poder. Assim, em muitos países, tornou-se pecado capital questionar a utilidade e o funcionamento da democracia na sua forma atual. Pecadores são automaticamente taxados de antidemocráticos, revolucionários defensores das ditaduras e perseguidos com o mesmo zelo da Inquisição cristã. Por outro lado, a estreita vinculação da moribunda democracia com o capitalismo liberal representa outro obstáculo formidável. De mecanismo regulador do mercado para assegurar a racionalidade social, o Estado foi absorvido pelo mercado, tornando-se seu prisioneiro. A revisão dessas e outras disfunções do capitalismo liberal, indispensáveis para a sua preservação, mereceriam tratamento simultâneo e vinculado à reengenharia da democracia. De outra forma, afundaria junto com o atual formato da democracia. As causas da cegueira e da deterioração da democracia são inúmeras. Vale ressaltar que quando os sistemas sociais e identidades pessoais são construídos sobre uma narrativa ficcional como a democracia, torna-se extremamente difícil duvidar dela, não porque existam evidências e fatos que a sustentem, mas porque seu colapso ameaça desencadear a percepção de um insuportável risco de cataclismo social e existencial, a nível pessoal. No entanto, é de se supor que a sobrevivência da espécie humana seja um objetivo mais importante que todas essas barreiras e riscos. Em seu livro “How Democracy Ends”, o professor de Política da Reflexões O desafio da Democracia 2.0 A representatividade formal, os partidos políticos e a própria existência de instituições consideradas pilares da democracia atual merecem ser igualmente reconceituados.


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 13 Universidade de Cambridge, David Runctman, postula que o erro de desconhecer e negar a deterioração da democracia na sua forma atual, de atribuir os efeitos negativos dessa deterioração a outras causas, de estar cegos para ela, é o erro de maquiar a democracia em “Cid, o campeador”, de seguir programando e realizando eleições, elegendo “salvadores” ou ditadores em disfarce democrático, formando governos e congressos que elaboram mais leis vinculadas a um passado que já não existe, constituindo cortes jurídicas que passam sentenças com base nessas mesmas leis, enquanto o sistema democrático continua em declínio, exaurido, falhando à esquerda e à direita, independentemente da ideologia no poder. Como resultado, produz-se uma terrível polarização e desestabilização social, campo fértil para fake news, além de ondas sucessivas de crescente volatilidade social, que acirram o descrédito e o medo popular, gerando intensas pressões sociais por soluções radicais de curto prazo e de baixa viabilidade. Tudo isso acelera a deterioração da democracia e facilita a instalação “democrática” de regimes autocráticos. Então, a consequência principal de ignorar ou estar cegos para a imperiosa necessidade de repensar a democracia como hoje existe e de, portanto, falhar em conceituar e implementar uma Democracia 2.0 é a criação de um vácuo que automaticamente gera regimes autocráticos. Pior, como se há verificado recentemente na luta para desalojar tais regimes, como no caso da Venezuela, tal iniciativa, seja por meios democráticos ou outros, se mostra progressivamente impossível, pois esses regimes têm aprendido uns dos outros a não só manipular internamente a operação de uma democracia falha a seu favor, como contam com um apoio internacional de regimes semelhantes muito mais concreto que os apoios outorgados à luta democrática pelos chamados países democráticos, de natureza mais política que concreta. Episódios como o recente contrato de venda de petróleo venezuelano à Chevron, com a bênção do governo dos Estados Unidos, demonstram claramente que esses apoios de países democráticos estão sujeitos a outros interesses. Como está, a democracia falha a nível nacional e internacional. Pela sua magnitude, complexidade, vinculações nacionais e internacionais, a definição da Democracia 2.0 deveria ser uma tarefa para o melhor conjunto de talentos e inteligência nacional, em cooperação com grupos similares de outros países, no bojo de um verdadeiro projeto global. O projeto da Democracia 2.0 deve preservar as características críticas essenciais de organização social com liberdade de expressão, acesso à informação, equilíbrio no exercício do poder e outras, sem cair nas tipologias existentes. Entre outras mudanças, terá igualmente que eliminar aspectos como o curto-prazismo estrutural, que sacrifica estratégias de desenvolvimento e o futuro de todos, a miopia nacionalista, e adicionar a certificação de capacidade e mérito de aspirantes a cargos públicos, muito além da fracassada ficha limpa. Na China, exige-se aos aspirantes a cargos no partido que sejam aprovados previamente em exames específicos, instituindo o mérito como condição para o exercício do poder. Da mesma forma, a formatação estrutural do sistema deverá ser objeto de incorporação de tecnologias radicais como a Inteligência Artificial, Robótica e outras. Nesse processo, a representatividade formal, os partidos políticos e a própria existência de instituições consideradas pilares da democracia atual merecem ser igualmente reconceituados. Muito mais difícil será, certamente, definir aqueles que deverão transpirar. Untitled-1 1 08/03/2022 22:28


14 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Business Bahia Carlos Sergio Falcão Não poderia deixar de iniciar este artigo sem comentar sobre o dia 8 de janeiro de 2023, data que ficará marcada na memória de milhões de brasileiros como um dos mais tristes episódios da nossa história. Milhares de vândalos, extremistas, travestidos de patriotas, romperam as frágeis barreiras de proteção distribuídas em Brasília, invadiram e depredaram a Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Esses irresponsáveis defendiam um golpe de Estado, uma intervenção militar e, consequentemente, o retorno da ditadura ao nosso país. Esses acontecimentos, reprovados pela imensa maioria da população brasileira, só foram possíveis porque contaram com a omissão e conivência de lideranças, civis e militares, que, de forma ostensiva ou velada, permitiram que o vandalismo tomasse conta da capital federal, ameaçando a nossa ainda frágil democracia. Felizmente, diferentemente dos acontecimentos na capital norte- -americana, aqui não houve mortes e, de forma contrária do que desejavam os golpistas, esses fatos lamentáveis fortaleceram o nosso Estado Democrático de Direito e uniram a comunidade internacional em torno do governo recém-eleito. Muitos culpados foram presos e serão julgados, financiadores estão sendo investigados e os prejuízos serão ressarcidos. Precisamos entender que, independentemente dos nossos sentimentos pessoais, a alternância de poder e o respeito à vontade legítima do povo brasileiro, expressa nas eleições, são princípios básicos da democracia e que as nossas urnas eletrônicas são seguras, auditáveis e um exemplo para o mundo. Nesse ponto, me uno e ressalto a posição do general Tomas Paiva, comandante do Exército Brasileiro, que no seu primeiro discurso à tropa defendeu o respeito aos resultados das urnas. Devemos virar essa página e nos concentrarmos no que realmente importa: a Reforma do Estado Brasileiro. Apesar de ser um otimista, os sucessivos discursos antimercado do presidente eleito preocupam e o ministério por ele escolhido, com algumas exceções, não nos permite Verde e Amarelo O captólio que possam enxergar e estruturar o Estado brasileiro pensando no futuro da nação, e não nos seus próprios interesses, e, pelo andar dessa carruagem, acho que seguiremos assim. Obviamente, reorganizar as finanças de um país não é tarefa fácil, mas podemos começar cobrando que o governo eleito avalie com isenção e serenidade, reconheça e mantenha alguns avanços que foram conquistados em gestões anteriores, como a independência do Banco Central, as reformas da previdência e trabalhista, a lei das estatais etc., e que foque as ações futuras e não criticar o passado. Para enfrentar o bilionário deficit fiscal brasileiro, precisamos enxugar a máquina pública e não aumentar impostos, mesmo que disfarçadamente. A necessária distribuição de renda não deve ser conquistada por meio de mais aumento da carga tributária sobre quem produz, presta serviços ou investe, nem sobre o lucro dos nossos profissionais liberais, mas, sim, com a simplificação do sistema tributário, com uma reforma administrativa, com a redução de mordomias, com um consistente combate à corrupção e aos desvios de recursos públicos, que há décadas sacrificam a nossa economia. Engenheiro civil, presidente da Winners Engenharia Financeira e líder do Business Bahia. @business_bahia_oficial A necessária distribuição de renda não deve ser conquistada por meio de mais aumento da carga tributária. prever um futuro com medidas que facilitem a vida dos empreendedores brasileiros. Porém podemos sonhar que, passada a adrenalina pós-eleitoral, os ventos democráticos cheguem acompanhados de bom senso à Esplanada dos Ministérios e que ideias populistas sejam substituídas pelo pragmatismo econômico. Há muito tempo, venho afirmando, em artigos e entrevistas, que o Brasil vive uma crise de liderança política e institucional. Independentemente de esquerda ou direita, faltam projetos de longo prazo, estudos consistentes, debates técnicos e pessoas capacitadas nos diversos cargos da República


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16 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Ricardo Amorim Autor do best-seller “Depois da Tempestade”; o economista mais influente do Brasil segundo a Revista Forbes; o brasileiro mais influente no LinkedIn; único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner; ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças; presidente da Ricam Consultoria; e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação. Vim aqui te contar um segredo. O mercado não existe. Essa ideia de mercado como um grupo de três ou quatro pessoas que se reúne e faz com que as coisas aconteçam do jeito que elas gostariam simplesmente não existe. Na verdade, qualquer mercado nada mais é do que a soma de todos os envolvidos naquela atividade. Por exemplo, se a gente falar do mercado de arroz, quem é o mercado de arroz? Quem produz arroz, quem consome arroz, quem transporta arroz; todos juntos formam o mercado de arroz. No mercado financeiro, igualzinho. Ele é a soma de todos que poupam um dinheirinho e todo o mundo que vai buscar um dinheiro emprestado para alguma coisa, por exemplo, empresas que vão fazer uma fábrica nova, que vão investir em um novo produto ou que vão contratar alguém. A parte importante: como o mercado inclui todo o mundo, estamos todos no mesmo barco. Não existe nós contra eles, uns contra os outros; muito pelo contrário. Por exemplo, o que move o dólar, a Bolsa e os juros é a confiança que empresários e consumidores têm no futuro da economia do país. Se empresários e investidores estão confiantes, eles colocam mais dinheiro no país, a Bolsa sobe e o dólar, a inflação e os juros caem. Consumidores confiantes no futuro vão às compras, fazendo as empresas Finanças venderem mais, o que aumenta a confiança dos empresários, que, ficando mais confiantes, contratam mais, elevando a confiança dos consumidores, em um círculo virtuoso. O contrário também é verdade. Empresários e investidores preocupados com o futuro da economia param de investir e contratar. economia, maior a arrecadação de impostos e mais recursos para projetos sociais. Estamos todos no mesmo Brasil. Se queremos mais recursos para projetos sociais, investimentos em infraestrutura, segurança pública, saúde e educação não só no ano que vem, mas sempre, precisamos fortalecer a confiança na economia brasileira. Por isso, equilíbrio fiscal é tão importante. Um mercado mais forte, com empresários e consumidores mais confiantes, significa uma vida melhor para todos os brasileiros, com mais empregos, salários mais altos, mais consumo, mais recursos para projetos sociais e melhor qualidade de vida. Todos ganham. Ganham trabalhadores, ganham empresários, ganham os mais necessitados. Em resumo, o mercado somos nós, todos nós, e o objetivo de qualquer governo tem de ser propiciar uma vida melhor para todos os brasileiros, cuidando com todo o carinho tanto da parte social quanto da economia. Com menos empregos disponíveis, consumidores também ficam preocupados com o futuro e seguram seus gastos, reduzindo a venda das empresas, o que derruba ainda mais a confiança dos empresários, em um círculo vicioso. Exatamente porque estamos todos no mesmo barco, a força da economia e a disponibilidade de recursos para projetos sociais andam de mãos dadas. Para qualquer país cuidar do social como ele merece, ele precisa de dinheiro. E para ter mais dinheiro, a economia precisa estar forte. Quanto mais forte a O mercado não existe Essa ideia de mercado como um grupo de três ou quatro pessoas que se reúne e faz com que as coisas aconteçam do jeito que elas gostariam simplesmente não existe


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 17 O futuro econômico do Brasil e do mundo é cheio de incertezas, mas, com a orientação certa, você estará mais preparado para enfrentar qualquer desafio. Uma palestra do Ricardo Amorim pode ajudar você e seus clientes. FUTURO INCERTO www.ricamconsultoria.com.br


18 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Administrador de Carteira de Valores Mobiliários (CVM) @tiagonvb Tiago Novaes Villas-Bôas Em um mundo em que os modelos de negócios e as tecnologias estão se sobrepondo de forma cada vez mais rápida, e o que é novidade hoje “amanhã” já está obsoleto, uma operação de crédito que, às vezes, tem prazo de cinco, oito ou até dez anos pressupõe que a empresa se mantenha viva e rentável nesse período. Finanças O episódio das Americanas foi emblemático para o mundo dos investimentos. A princípio, podemos definir tal situação quase como um cisne negro, dada a sua pouca probabilidade de acontecer. Todos se perguntaram na ocasião: como uma empresa reconhecidamente bem gerida, com baixo índice de endividamento, boa governança corporativa e com um quadro de acionistas controladores considerados referência no mercado de capitais, pode vir à “bancarrota” da noite para o dia? É algo realmente intrigante tudo o que aconteceu com as Americanas, todos parecem estar atordoados, sendo que ainda estamos presenciando desdobramentos tanto sobre a natureza dos fatos quanto sobre o tamanho do rombo. É o tipo de situação que nem o mais precavido dos gestores de crédito conseguiria mapear, pois a fraude não é passível de monitoramento, principalmente quando vem de uma empresa com a tradição das Lojas Americanas. Neste caso, em especial, foi muito triste, justamente por se tratar de empresários que eram ícones no ambiente de negócios brasileiro e que inspiraram toda uma geração; eles circulavam nos palcos dos grandes eventos corporativos, apresentando um modelo de gestão marcado pelos princípios da competitividade, boa alocação de Americanas: a perplexidade do que parecia impossível capital, meritocracia e controle de custos implacável, reconhecimento este que ultrapassou as fronteiras do Brasil e teve alcance global, marcadamente após comprarem empresas como Inbev e Kraft Heinz. As duas principais lições tiradas desse acontecimento para o mundo dos investimentos são: o reforço da teoria da diversificação, quanto mais espalhadas as alocações do portfólio, menor o impacto de um investimento malsucedido no patrimônio; e a lembrança de que o risco de crédito é binário, ao contrário do risco de mercado, que gera flutuações (às vezes, até demasiadas), mas, em boa parte, as perdas são revertidas, já no caso do crédito, geralmente quando ocorre um problema mais grave, o final da história é triste.


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 19 A propósito, ao alocar em crédito privado, o investidor deve conhecer a empresa e o ramo de negócio no qual atuará como credor. Em um mundo em que os modelos de negócios e as tecnologias estão se sobrepondo de forma cada vez mais rápida, e o que é novidade hoje “amanhã” já está obsoleto, uma operação de crédito que, às vezes, tem prazo de cinco, oito ou até dez anos pressupõe que a empresa se mantenha viva e ren - tável nesse período. Nesse sentido, se faz necessário analisar o histórico da empresa no pagamento de suas obrigações, o posicionamento com - petitivo no setor, quais as barreiras de entrada, a capacidade dos gestores e controladores, além das demons - trações financeiras. Geralmente, os profissionais do mercado financeiro que atuam em crédito privado con - seguem realizar com bom nível de profundidade esse tipo de análise. Infelizmente, quando ocorre uma fraude, todos os fatores técnicos considerados na aprovação de uma operação vão por água abaixo. Do ponto de vista do tema ESG, podemos ver como as questões estão interligadas. Um problema originariamente de governança (G), causou grave consequência no social (S), visto que milhares de funcionários e pequenos fornecedo - res serão impactados diretamente. Outra questão que deixa a todos intrigados é como uma inconfor - midade na ordem de dezenas de bilhões de reais pôde ter passado durante tantos anos ao largo dos olhos das agências de rating e principalmente das auditorias independentes. Processos contra a auditoria responsável pelo balanço das Americanas já correm nos tri - bunais, além de ações contra os controladores e executivos. Em um país já combalido por tantas histórias tristes e que vive um momento político conturbado, com a ausência de lideranças polí - ticas e empresariais que inspirem os brasileiros pela seriedade e compromisso com o país, esse foi um golpe duro.


20 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Planejar-se para o futuro trará a tranquilidade da liberdade financeira, quando não há a necessidade de trabalhar para pagar as contas, uma vez que o dinheiro trabalhará a seu favor Karla Menddes Consultora de Proteção Financeira e CEO da Amparo Corretora de Seguros [email protected] essencial para um planejamento financeiro sustentável A educação financeira deveria ser disciplina obrigatória nas escolas desde o Ensino Fundamental. A falta de conhecimento e aprofundamento desse tema vem formando gerações de famílias endividadas e aposentados dependentes financeiramente de filhos e parentes. Nunca se falou tanto sobre o mercado financeiro e, ainda assim, o número de investidores no Brasil é pequeno e milhares de famílias seguem endividadas. O motivo? Não tivemos acesso à educação financeira. O conceito de educação financeira passa por etapas básicas: os quatro erres. O primeiro é o mais desafiador: “Reconhecer” onde está o problema. O que preciso fazer para mudar? Quais são as minhas metas e as minhas prioridades?; em seguida, “Registrar”, criar o hábito de tomar notas diariamente; o próximo R é o “Revisar”, a revisão deve ser um hábito constante, uma vez que nossos desejos mudam a todo instante; e, por fim, “Realizar”, entrar em ação, renunciar ao prazer momentâneo em função do prazer de longo prazo. Criar compromissos mensais e revisitar seus números, pelo menos, uma vez por mês. Deve-se adotar uma postura de dono do próprio destino e entender que nada muda enquanto não houver ação. É assim que começa a elaboração do orçamento familiar, fundamental para colocar as contas em dia e tornar realidade o “gastar menos do que se ganha”. É matemática simples e não existe milagre. Porém requer esforço, dedicação e compromisso. Uma vez construído o orçamento familiar, deve-se seguir para o planejamento financeiro sustentável. Para isso, o ideal é se basear na metodologia PIF (Presente, Imprevistos e Futuro). Iniciamos com o P de presente. Recomenda-se que se tente destinar cerca de 70% da renda para os gastos do dia a dia. Para os solteiros sem filhos, o ideal é um percentual menor e próximo de 50%. Custo ajustado, o próximo passo são os imprevistos ou o gerenciamento dos riscos. Então, é recomendado investir de 5% a 10% do que se ganha para proteger a família e os investimentos em um seguro de vida, para que eles não sejam utilizados antes da hora, comprometendo o presente e a aposentadoria. O seguro de vida, diferente do que muitos pensam, não cuida somente da família na ausência do provedor financeiro, mas também protege a pessoa principalmente em vida caso surja uma doença, a necessidade de internação, um acidente ou qualquer imprevisto que impossibilite a sua capacidade de gerar renda. Uma dúvida entre as pessoas que já investem no mercado financeiro é que muitos julgam que seus investimentos são responsáveis por protegê-los de imprevistos. Porém isso só é possível quando o montante acumulado gera renda passiva o suficiente para manter o padrão de vida: o famoso “viver de renda”. O que não acontece na maioria das vezes. Uma vez com os custos ajustados e a renda protegida, seguimos para o F de Futuro. O terceiro pilar do PIF é criar o hábito de reservar, pelo menos, 20% do que se ganha para investimentos, que devem ser distribuídos em uma cesta de produtos diversificados, com objetivos definidos. Planejar-se para o futuro trará a tranquilidade da liberdade financeira, quando não há a necessidade de trabalhar para pagar as contas, uma vez que o dinheiro trabalhará a seu favor. Hoje, apenas 1% da população idosa no Brasil pode se dar o luxo de não ter que trabalhar para pagar as contas nem depender dos parentes, amigos ou governo. Para concluir, planejar o presente e o futuro e se preparar para os imprevistos não é nenhum bicho de sete cabeças. Existem as consultorias que auxiliam no seu seguro, os planejadores financeiros que ajudam a cuidar das finanças pessoais e até os consultores de investimentos. Investir nesses profissionais fará de você uma pessoa muito mais próspera e feliz. Educação financeira:


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22 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Coach de vida, palestrante e influenciador digital @lacerda_fabiano Fabiano Lacerda Talvez você não saiba, mas eu emagreci mais de 100 kg sem cirurgia nem remédios, e muitas pessoas me falam que eu sou uma fonte de inspiração. Para muitas delas, o efeito da inspiração é visto como um fenômeno que as atinge repentinamente, sem uma explicação lógica para isso. No entanto, a inspiração é um processo que pode ser construído. Saber que é possível ter inspiração a qualquer hora e em qualquer lugar foi e é uma parte fundamental para eu alcançar os meus objetivos. Vá por mim, entender como funciona o seu mecanismo de inspiração pode te beneficiar de forma extraordinária. Afinal, o que é a inspiração? A inspiração pode ser definida como o estímulo mental para fazer algo. O ato de se inspirar em algo ou alguém é uma escolha, e não é efêmera. Não há a necessidade de esperar que a inspiração surja enquanto você toma o seu café ou apenas segue a sua rotina diária. Ainda que não seja possível obter o controle total sobre ela, é possível desenvolver maneiras de torná-la mais acessível. Quer saber por que a inspiração é importante? Ela impulsiona e encoraja mudanças na forma de pensar e agir. Indivíduos que pensam assim deixam de considerar somente os obstáculos e começam a pensar nas possibilidades presentes em cada situação. Mas como encontrar inspiração? Embora os fundamentos sejam semelhantes, o processo de cada um é diferente. Algumas pessoas têm ideias incríveis enquanto caminham, ao passo que outras se inspiram depois de assistir a um filme. Outros indivíduos, ainda, obtêm inspiração por meio de conversas casuais. Uma pessoa diz algo e depois já era, bum! É o suficiente para uma ideia interessante surgir. Viktor Frankl, uma das figuras mais famosas da Psicologia, disse que a busca por inspiração passa pela busca por sentido e o senso de propósito de cada indivíduo. Para ele, a falta de inspiração nos leva a uma vida sem sentido, sendo a principal causa de diversos distúrbios psicológicos e de adoecimento. Eu uso cinco passos para me manter inspirado: 1. Esteja aberto a novas experiências. Quando interajo com coisas novas ou com pessoas cujos valores diferem dos meus e chego imediatamente com ideias preconcebidas, não aproveito tudo o que essas experiências têm a oferecer e perco oportunidades de crescer intelectualmente. 2. Admire a natureza. Ter uma mente livre de pensamentos complicados e de lembretes de tarefas diárias facilita o enraizamento de ideias criativas. Sempre que estou em silêncio ao redor da natureza tenho ideias legais. 3. “Roube” de outras fontes. Quando observamos algo ou a história de vida de alguém, podemos pensar em outras formas de replicar tais histórias e agir. 4. Liste as possibilidades. Para analisar possíveis rotas de ação e tomar uma decisão eficaz, você pode listar possíveis soluções viáveis. Este exercício permite que você olhe para o seu objetivo por outros ângulos e considere caminhos que você não havia considerado antes. 5. Incorpore o que funciona para você em sua rotina diária. Não tente ser igual a outra pessoa e não espere a inspiração chegar. Faça experimentos e analise quais métodos ajudam você a se inspirar. Quando você se cansar dos velhos hábitos, volte ao mesmo processo de experimentação e encontre novas maneiras de preencher as suas horas diárias. Life Coach A inspiração impulsiona e encoraja mudanças na forma de pensar e agir. Indivíduos que pensam assim deixam de considerar somente os obstáculos e começam a pensar nas possibilidades presentes em cada situação. Sem inspiração, sem sentido


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24 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Inspirar… prover o oxigênio que atiça uma chama interna oculta, pronta para queimar impossibilidades, antes que sejamos consumidos pelo cotidiano e viremos pó. Qualquer coisa muda apenas se existir alguém que se importe e tenha a capacidade de inspirar os demais. Irmã Dulce, Martin Luther King Jr., Churchill, Berta Lutz, São Paulo apóstolo… Inspirados e inspiradores. Eles, e outros seres humanos que sabem trazer eternidade ao seu tempo, dão direção à História. Os inspiradores mudam o mundo. Mas não são heróis. Os inspiradores são simplesmente pessoas que têm um objetivo e entenderam que para fazer acontecer têm de trazer a sua turma - ninguém muda o mundo sozinho. Por isso, eles se fazem oxigênio e vento, para alimentar o fogo que incendeia corações e mentes. Esses inspiradores, inspirados, emprestam a sua visão, o seu objetivo voltado para um bem compartilhado, o seu pensamento, para quem precisar deles. E sempre precisamos. Somos feitos de duas grandes necessidades: encontrar sentido e ser admirados. O preenchimento delas é o que tomamos emprestado desses maravilhosos incendiários. Não seria interessante que houvesse mais gente com objetivos e pensamento próprios? Afinal, “Nós nos tornamos aquilo que pensamos” - pensamento atribuído a Earl Nightingale, que ele dizia ser emprestado de Napoleon Hill. Se tomamos emprestado o pensamento de outrem, quem nos tornamos? Por outro lado, entendo que a ideia é mesmo ter esses inspiradores como um molde, incorporando em nós um tanto de sua forma de ser humano. A questão que permanece Ana Carolina Monteiro Entusiasta de tecnologia e pessoas, professora de MBA, gestora e estrategista em Inovação, Comunicação e Marketing no Grupo txtoH www.grupotxtoh.com.br Ser inspirado é deixar fluir na alma que temos a missão de aperfeiçoar enquanto respiramos. Ao inspirar, que adentre a vida, e ao expirar, que devolvamos o que for verdadeiro, justo e bom para ela é: muita gente segue sem saber o que quer e emula um querer de ocasião que não colabora com a realização de seu potencial individual nem contribui com o coletivo consistentemente. Querer é poder. Inspiração é motor, cada um deve estabelecer a direção para onde ela impulsiona. Aqui está a sutil diferença entre inspiração e influência. A primeira promove a mobilização da força individual interna para realizar, e a segunda é uma força externa que afeta decisões e atitudes individuais. Hoje, com a internet e as mídias sociais, uma pessoa qualquer tem mais influência do que podíamos imaginar em um passado recente, quando nossos pais ficavam de olho em nossas amizades para entender se eram boas ou más influências. Não precisamos ir muito longe de casa ou nos perder na web para encontrar a inspiração que nos mova em nossa jornada única. Bem perto, há inspiradores insuspeitos - gente como a gente que, de repente, é desafiada por dificuldades e nos presenteia com exemplos de superação. Histórias de superação são o suprassumo da inspiração, porque mexem com o desejo universal de evitar a dor e ser feliz. Entre inspiradores que mudam o nosso mundo e inspiradores que mudam o mundo de alguém, tenho também uma forma particular de viver inspirada. Combino investir em aquisição de repertório, aprender a ler a linguagem dos símbolos com a qual o universo se comunica e também abraçar a conexão com o divino. Lembro-me de uma ocasião em que o meu combo inspiração foi posto à prova. No começo de carreira, fiz parte da equipe criativa de uma agência de comunicação recém-fundada em São Paulo, que foi procurada por uma marca que poderia ser uma conquista importante. Depois da euforia, chegou à minha mesa um pedido intimidador - o teste para seguirmos com a conversa era um cartão de Natal para um público difícil de sensibilizar. Não sou de esperar pelas musas, porém, dessa vez, li o pedido e o deixei para o dia seguinte. Na madrugada, sonhei com um texto e acordei com a lembrança de cada palavra. Estava feito! O resultado foi além de conquistar novos trabalhos e, logo depois, a conta. A marca recebeu de seus clientes uma série de depoimentos sobre o impacto da mensagem: leitura na ceia de Natal, conforto aos corações que passavam por momentos desafiadores, entre outros. Não lembro exatamente o que escrevi, somente tenho em mente que misturava a poesia que sempre habitou em mim e a questão de superação. Pegue o ar


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26 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Jornalista, escritora e mãe de Chico @claudiagiudice Claudia Giudice O bom da vida é que, sim, a gente dança. Baila e muda o tempo inteiro. No meu caso, além de mudar, acabo por engolir com farinha e gargalhadas tudo o que um dia disse que “nunca, jamais faria”. Fiz tudo e mais um pouco do que já neguei e condenei na vida.   Plano B prazeres Pequenos Todo mundo tem o seu retrato de Dorian Gray. O meu é antigo. Eu tinha acabado de fazer 18 anos. Havia passado para o segundo ano da faculdade de Jornalismo. Sentia-me livre, jovem, poderosa, inteligente e capaz. Estava muito apaixonada. Tinha a certeza que cumpriria meus milhares de planos. Tinha a vaidade de achar que era a dona da verdade e que poderia mudar o mundo sem precisar mudar de ideia. Tinha tantas vontades quanto as que cabiam dentro do meu peito. No dia do retrato, naquele distante janeiro de 1984, na ainda quase deserta Praia de Canoa Quebrada, no litoral sul do Ceará, enxerguei, sem querer, o futuro. Desisti de fazer uma tatuagem de lua e estrela no ombro direito, porque havia me visto no dia anterior nua na frente do espelho, e pensei: – Essa tatuagem não ficará bonita no corpo de uma mulher de 57 anos. E vou sentir uma dor, uma saudade, uma tristeza desse tempo que foi tão lindo, tão solar, tão sensacional. Vou cancelar o serviço. Como disse nove linhas acima, eu era metida e pretensiosa. Burra. Vaidosa. E equivocada. Não tenho a tatuagem e lembro disso tudo como se a tivesse. Se a tivesse, seguramente, teria orgulho e carinho por tê-la em meu ombro ainda rijo, ma non troppo. Sempre que a enxergasse, teria um arrepio de prazer na espinha. Perdi. Paciência. O bom da vida é que, sim, a gente dança. Baila e muda o tempo inteiro. No meu caso, além de mudar, acabo por engolir com farinha e gargalhadas tudo o que um dia disse que “nunca, jamais faria”. Fiz tudo e mais um pouco do que já neguei e condenei na vida. Casei-me. Tive filho. Separei-me. Engordei. Emagreci. Cedi. Descasquei. Perdi. Apaixonei-me. Troquei. Principalmente falhei. E, fundamentalmente, mudei. Mudei muito. Sigo mudando a cada nova bordoada. A cada óbvia descoberta. Sem arrependimentos, fi-lo porque qui-lo. Porque assim entendi ser melhor. Ontem, aconteceu de novo. Depois de um feriado inesquecível, quando, de folga, zanzei por Salvador em festa, tive uma epifania na frente do espelho do meu banheiro. Tirei a roupa para tomar banho e me vi nua. Despida das roupas, das ideias e dos preconceitos


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 27 que carreguei por tantos anos. Reparei nos seios pequenos e caídos, diferentes do que eram no tempo do retrato, e achei-os lindos. Encarei minha barriga, há muito diferente do modelo “tan - quinho” e achei-a verdadeira e legítima. Ela representa a vida e todos os meus anos de prazer. De festa com os amigos. De farra com a vida. Não pretendo culti - vá-la porque quero manter o meu guarda-roupa G, número 44. Mas definitivamente não persegui - rei o figurino 40 que me coube por tantos anos. Ele ficou para trás, como uma boa lembrança. Como a força de vontade que me abandonou no café da manhã quando eu disse sim para um bolinho de estudante. Ainda na frente do espelho, lembrei-me de uma palavra que adoro e que me inspirava a fazer dieta e exercício no ritmo 24x7. Sílfide. Sílfide para quem? Bonitinha e perfeitinha por quê? Um sorriso maroto apareceu no canto dos meus lábios, ligeira - mente enrugadinhos. Pensei despudorada: - Ficou velhinha e espertinha. Abandonou o estoicismo e ade - riu ao hedonismo. Boa escolha. Ainda sou fibrosa, mas faz tempo que larguei mão de ser pétrea, incansável e inquebran - tável. Estou ficando maneira, maleável e malemolente, como as curvas da minha cintura, os excessos na minha coxa e a flaci - dez dos meus braços que agora só dão adeus no formato con - chinha, tipo rainha da Inglaterra. Entrei no chuveiro quente pen - sando nisso tudo e na felicidade que sentia. A pele bronzeada se arrepiou de prazer. Dane-se se ficou um pouco mais enrugadi - nha. De verdade, faz tão pouca diferença em comparação com a memória de um instante, assim, de prazer. O feriado, então, aca - bou assim em festa, com a súbita experiência da compreensão de algo assim tão essencial.


28 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Maria Vitória Cintra Diretora-presidente da Empresa JR. ADM UFBA Inspiração pela liderança Dentro da vida pessoal e do mercado de trabalho, as pessoas se inspiram umas nas outras, nas suas ações, nas suas ideias e, principalmente, nas suas conquistas. John Adams, ex-presidente dos Estados Unidos, dizia: “Se as suas ações inspiram os outros a sonhar, a aprender mais, a fazer mais e a se tornar mais, você é um líder”, isso vai estar diretamente atrelado aos principais critérios de ter uma equipe bem- -sucedida na sua empresa, onde os colaboradores se inspiram nos seus chefes e naqueles que o antecederam, podendo ser uma influência positiva ou negativa, em casos que mudam todo o rumo dessa pessoa no trabalho. Hoje, sabemos o quanto um time de alta performance impacta de maneira exponencial para uma empresa ir em busca dos seus resultados. E inspirar as pessoas é a chave para se tornar um líder eficaz, pois elas precisam sentir que estão sendo ouvidas e que suas opiniões são valiosas. Um líder inspirador é alguém que tem visão clara, coragem e determinação para enfrentar desafios, além de ser capaz de motivar e incentivar seus liderados; as pessoas em posição de liderança devem sempre possuir uma comunicação clara, confiança, empatia e autenticidade. É importante que o líder seja capaz de ouvir as preocupações e ideias de sua equipe, além de compreender suas necessidades e motivá-los a trabalhar juntos. O ambiente de trabalho positivo dá aos colaboradores oportunidades de crescimento e desenvolvimento, e faz com que eles se sintam conectados a um propósito maior. Ao cultivar a inspiração no trabalho, as organizações inspiradora é ainda mais importante, pois os membros da equipe são estudantes que estão adquirindo conhecimento e experiência profissional, e precisam sentir-se motivados e inspirados para alcançar seus objetivos; eles são essenciais para a construção de próximas lideranças, além de ser uma grande motivação para continuar no MEJ. Por fim, conseguimos notar a importância de inspirar e ser inspirado, principalmente na vida profissional, em que a liderança é fundamental para o sucesso de uma equipe. Quando um líder inspira sua equipe, ele cria um ambiente de trabalho positivo e motivador, o que permite um maior crescimento e desenvolvimento de uma pessoa. Para ser um líder que inspira, é possível usar recursos como a comunicação positiva, o oferecimento de apoio, ser exemplo daquilo que se fala, entre outros modos de conquistar seus inspirados. Dessa forma, o líder é a peça-chave, afinal, graças a uma gestão de qualidade, que influencia e inspira os funcionários, a equipe se sentirá muito mais confiante e incentivada a trabalhar pelo melhor da empresa. Se as suas ações inspiram os outros a sonhar, a aprender mais, a fazer mais e a se tornar mais, você é um líder JOHN ADAMS, EX-PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS podem aumentar a satisfação do funcionário, a retenção de talentos e o desempenho geral da equipe. No mercado de trabalho, temos inúmeros casos de pessoas que inspiram outras, seja com seus propósitos de vida ou com o que propuseram nas empresas. Elas são fontes de inspiração porque fizeram a diferença em suas respectivas áreas de atuação, foram corajosas, resilientes e persistentes em seus objetivos. Hoje, no Movimento Empresa Júnior (MEJ) - rede de Empresas Juniores sem fins lucrativos que são movidas por um Brasil mais empreendedor - formado por estudantes universitários, a liderança


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30 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 César Souza Presidente do Grupo Empreenda, consultor, palestrante e autor do livro “Passaporte para o Futuro” inspiração A arte como fonte de A arte é uma inesgotável fonte de inspiração para o exercício da liderança nas diferentes dimensões da vida - profissional, familiar, social, espiritual, empreendedora - e no cotidiano da cidadania A arte é um alimento para a alma. Ela nos liberta de equívocos, desperta as nossas emoções, propicia uma sensação de bem-estar. Oxigena os neurônios, ilumina os pensamentos, aguça a criatividade e a inovação. A arte é uma inesgotável fonte de inspiração para o exercício da liderança nas diferentes dimensões da vida - profissional, familiar, social, espiritual, empreendedora - e no cotidiano da cidadania. Encontro nas diversas formas de arte (literatura, cinema, música, teatro, pinturas, esculturas, dança, arquitetura, grafites, cerâmica, fotografia, culinária, moda etc.) uma espécie de faísca inspiradora para repensar conceitos, questionar práticas e tomar decisões sobre o mundo empresarial e sobre os meus desafios diários. Uma atividade me encanta de forma diferenciada: visitar ateliês ou casas de artistas. Nos últimos anos, tenho ido muito a esses locais, além de também observar obras de arte em museus; procuro a origem, a raiz, o local onde as obras foram criadas. Na França, Itália, Espanha, Holanda, Suécia, Rússia, EUA e, obviamente, aqui no Brasil, tenho visitado as residências e os ateliês de artistas como Van Gogh, Cézanne, Renoir, Degas, Picasso, Rembrandt, Dali, Da Vinci, Michelangelo, Matisse, Monet, Delacroix, assim como dos brasileiros Portinari, Tarsila do Amaral, Volpi e Anita Mafaltti, além de vários outros. Ah! Quase ia me esquecendo de mencionar a chácara nos arredores de Viena, onde Mozart compôs a ópera Don Giovanni. Confesso que, com os olhos lacrimejantes de emoção, cheguei a “tocar” no piano daquele grande compositor. Na Bahia, as visitas “obrigatórias” são a Casa do Rio Vermelho, a casa onde viveram Jorge Amado e Zélia Gattai, na Rua Alagoinhas, nº 33 (Rio Vermelho); o Teatro Vila Velha, palco precursor do Tropicalismo; a casa de Vinicius de Moraes, em Itapuã; o local onde Carybé trabalhava. São momentos de intenso lazer, entretenimento, bem-estar e, ao mesmo tempo, profundo aprendizado sobre inovação, liderança, tecnologia e cidadania. A arte me faz transcender, propiciando um olhar diferente sobre a realidade. Um exemplo marcante e recorrente foram as inúmeras visitas que fiz à Accademia di belle arti di Firenze, na Itália, para apreciar o Davi, a famosa escultura de Michelangelo Buonarroti, apresentada ao mundo em 1504. A sua resposta a Leonardo Da Vinci em um suposto diálogo entre ambos, sempre me inspirou. Quando indagado pelo então já famoso mestre como conseguira esculpir com perfeição os 5,17 metros do monumental Davi, com apenas 26 anos de idade, Michelangelo respondeu: “Eu apenas retirei da pedra de mármore tudo o que não era o Davi!”. Inspirado nessa metáfora que sugere que o jovem escultor não apenas esculpira o mármore, mas, na verdade, teria dado vida e libertado um ser que estava aprisionado na rocha, tenho perguntado com frequência aos inúmeros dirigentes de empresas com as quais trabalho qual o legado que pretendem deixar como fruto das suas trajetórias, em termos de revelação e desenvolvimento de talentos e identificação de potenciais sucessores. Resolvi visitar Vinci, o pequeno vilarejo onde nasceu o artista, e em seguida fui bisbilhotar a casa natal de Michelangelo, perto de Arezzo. Estava curioso para respirar um pouco dos ares que tinham inspirado os dois grandes artífices do Renascimento. Finalizo sem resistir a formular a pergunta que não quer calar: Prezado leitor ou estimada leitora, qual “Davi” que você está esculpindo? Ou qual “Mona Lisa” você está pintando? Em outras palavras, qual “obra de arte” você deixará como legado para a sua família, empresa ou comunidade onde atua?


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 31 Eduardo Athayde Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil A inspiração [email protected] de Anna O clássico da literatura brasileira, “Vidas Secas”, obra mais emblemática do cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro Graciliano Ramos, publicado há 85 anos, constrói um profundo retrato da sociedade brasileira com crítica social, mostrando as dificuldades encontradas por uma família pobre de retirantes. Eles têm de conviver constantemente com a miséria e a seca que assola o Sertão nordestino. A falta de condições naturais e de investimentos revela a paisagem e um ambiente inóspito, onde a escassez de chuvas é somada ao descaso do governo com as famílias de retirantes sertanejos. Publicado em 1938, o livro apresenta uma visão da sociedade brasileira em seus níveis mais profundos, a dimensão social da exploração e da opressão política. “Apesar de o livro de Graciliano Ramos ser antigo, os problemas continuam. Muitas pessoas ainda vivem isoladas e sem saneamento”, avalia Anna Luísa Beserra Santos, que, nascida em Salvador em 1997, ainda criança queria ser cientista. Aos 15 anos, foi inspirada pela leitura de “Vidas Secas” e, em 2015, como aluna de Biologia da UFBA, desenvolveu o Aqualuz, um equipamento inédito, capaz de filtrar a água de cisternas de captação de água das chuvas, a partir de radiação solar. “Que a inspiração chegue não depende de mim. A única coisa que posso fazer é garantir que ela me encontre trabalhando”, dizia Pablo Picasso. Assim, nasceu a startup de Anna, Sustainable Development & Water for All (SDW), que desenvolve projetos socioambientais para populações que não têm acesso à água e ao esgoto tratado. O Aqualuz é um reservatório fechado com capacidade para 10 litros e acoplável a cisternas que predominam no interior do Brasil. A tampa é de vidro, o que permite a incidência da radiação ultravioleta, que mata os micro-organismos presentes. Em 24 horas, são produzidos 20 litros de água potável; 10 litros são suficientes para uma família de cinco pessoas. Em 2019, Anna venceu o prêmio da ONU para jovens de 18 a 30 anos com ideias inovadoras e arrojadas para solucionar os desafios ambientais mais urgentes do nosso tempo: “Jovens Campeões da Terra”. Além disso, foi distinguida com o Forbes Under 30, LinkedIn Top Voice & Creator e está entre os “20 jovens inspiradores nos seus 20” pela McKinsey & Company. O equipamento atende hoje mais de 1.100 famílias em zonas rurais de 15 Estados brasileiros. Quando “Vidas Secas” foi lançado, a população brasileira era de 40 milhões de habitantes. Hoje, mesmo o Brasil detendo cerca de 12% da água doce do mundo, segundo o Instituto Trata Brasil, cerca de 83% da população é atendida com abastecimento de água tratada. Apesar do percentual alto, os outros 17% representam mais de 30 milhões de pessoas. Dessa porcentagem, aproximadamente, 14% são crianças e adolescentes. Faltando para uns e abundando para outros. As perdas físicas e comerciais de água (40%) são outro grande problema, e são causadas por vazamentos nas tubulações, fraudes e erro de leitura nos hidrômetros, como mostram estatísticas do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). E ainda enquanto 100 milhões de brasileiros não possuem a coleta de esgoto, novos processos tecnológicos permitem transformar esgoto em água potável, dentro de uma visão de economia criativa e circular promovida pela Governança Socioeconômica e Ambiental (ESG). A inspiração da jovem Anna, de 25 anos, aplicando os princípios recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de desinfecção de água, usando exclusivamente a luz solar para tornar a água de chuva ou de cisterna adequada para o consumo, é apenas um exemplo das inovações que eclodem no mundo dentro dos princípios empreendedores da “eco-nomia”, em que a multiplicação de trabalhos e rendas novas está alinhada com o servir mais e melhor à população, com a ampliação de lucros apenas em ambientes equilibrados. Visionária, Anna inspirou-se na essência do que ensina Graciliano: “É o processo que adoto: extraio dos acontecimentos algumas parcelas; o resto é bagaço”. Que a inspiração chegue não depende de mim. A única coisa que posso fazer é garantir que ela me encontre trabalhando PABLO PICASSO


32 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Sustentabilidade ECONOMIA CIRCULAR PELO MUNDO Vamos parar de usar combustíveis fósseis! Não deve haver um renascimento global dos combustíveis fósseis. Precisamos de mais cooperação na mudança para energias renováveis. Este é o imperativo do momento. Nossas promessas firmes devem ser seguidas de ações firmes. OLAF SCHOLZ, CHANCELER ALEMÃO Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação dos nossos biomas até 2030, da mesma forma que mais de 130 países se comprometeram ao assinar a Declaração de Líderes de Glasgow sobre Florestas. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DO BRASIL A crise climática é sobre segurança humana, segurança econômica, segurança ambiental, segurança nacional e a própria vida do planeta. JOE BIDEN, PRESIDENTE DOS EUA Cada minuto perdido é um minuto em que o problema fica mais difícil de ser resolvido e que a injustiça se torna maior. Fica mais difícil de resolver para todos nós, e as injustiças crescem ainda mais para os países mais impactados. EMMANUEL MACRON, PRESIDENTE DA FRANÇA Eu continuei fazendo a mesma pergunta a ele. Ele, então, disse que não sabia sobre a prisão de ativistas, que ativistas não deveriam ser presos por protestar pacificamente. E falou que não poderia fazer nada sobre o assunto”. Na sequência... “Então, por que ele é ministro? Se não pode fazer nada, por que está vindo até aqui na COP27? KANGUJAM, UMA MENINA ATIVISTA DE 11 ANOS Missão: preservar as lagoas, dunas e restingas do Parque das Dunas em Salvador, na Bahia. Calango


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 33 Certificado em Economia Circular pela UC Berkeley, membro da Fundação Ellen MacArthur, ex-diretor comercial da Construtora Andrade Gutierrez S.A. e atualmente concierge empresarial em Portugal Casildo Quintino A Economia Circular preconiza combater a obsolescência dos produtos, bem como o prolongamento da sua vida útil. O compartilhamento está nessa estratégia, e a solução disruptiva, no design dos produtos. Um prédio convencional com 80 unidades, sendo vinte pavimentos e quatro apartamentos por andar, projetados com área de serviço, certamente terá os seus apartamentos equipados com máquinas de lavar roupas e um monte de ferramentas, inclusive furadeiras. Se pensarmos bem, utilizamos esses eletrodomésticos bem abaixo da sua capacidade, permanecendo estocados no armário, quando poderiam ser usados por outras pessoas. Quando danificados, mais vale a pena descartá-los e comprar um novo do que repará-los em uma assistência técnica. Normalmente, o descarte desses equipamentos tem um destino inadequado. Nas premissas do pensamento sistêmico da Economia Circular, devemos compartilhar produtos, combatendo a sua obsolescência e otimizando o seu uso. Para tanto, os produtos devem ter uma vida útil prolongada. Isso é possível através do design, reutilizando recursos naturais, projetando os produtos para serem reparados por qualquer pessoa e reutilizados novamente, criando um novo ciclo de vida. No final, devem ser desmontados, podendo ser remanufaturados para mais um looping e, finalmente, após o último ciclo, serem reciclados. Nesta linha de pensamento, a “biblioteca das coisas” pode ser uma alternativa interessante para o compartilhamento de ferramentas. Um projeto social em que o acervo da biblioteca seria composto por doações da sociedade daquilo que não se utiliza, como furadeira, chave de fenda, martelo etc., permitiria ao cidadão pobre, comum em nossa sociedade, ter acesso a esses instrumentos. Invariavelmente, ele utilizaria essas peças no trabalho e as devolveria um tempo depois. São operários autônomos que, com muita dificuldade, às vezes, assumem dívidas para comprar as ferramentas necessárias para o seu trabalho no dia a dia. Nesse mesmo local, para os iniciantes poderiam ser oferecidos cursos para ensinar o manuseio dessas ferramentas, sendo ministrados por voluntários negócios propostos pela Economia Circular privilegiam os projetos de inclusão social, por meio dos quais promovem oportunidades para a comunidade carente. Enquanto sociedade organizada, devemos exercer o nosso papel de incentivadores e organizadores dessas alternativas. Inspiro-me nos exemplos indeléveis encontrados no “Dulcismo”, Escola da Santa Irmã Dulce dos Pobres. Só atingiremos a prosperidade se cuidarmos dos mais frágeis, como tão bem ela nos ensinou praticando. São relatos emocionantes e inspiradores para superarmos eventuais barreiras. Destemida, Santa Dulce jamais se intimidou com protocolos ou leis na defesa dos seus “filhos pobres”. Atualmente, 90% da riqueza do mundo está concentrada em apenas 1% da população. Essa é uma demonstração de que o modelo linear está equivocado. Não obstante a sua significativa contribuição para a nossa evolução tecnológica, distribui mal a riqueza e promove a destruição do planeta. A persistir o atual modelo, em 2050, precisaremos de mais um planeta para atender às necessidades da população que atingirá 9,7 bilhões de pessoas. Que a implantação desses novos modelos de negócios possa se inspirar no “Dulcismo”. inspiração em uma obra extraordinária Irmã Dulce: experientes ou empresas fabricantes desses produtos. Assim, podemos também pensar sobre os computadores que não usamos mais porque estão desatualizados ou com pequenos danos. Doá-los para um centro de recuperação de computadores permitirá que sejam reparados e disponibilizados para a população carente. Estamos falando de inclusão digital. Uma smart city atinge os seus objetivos quando atende à dimensão social. Não bastam as Tecnologias de Informação e Comunicação (TCI). Assim sendo, os novos modelos de Isto é um assalto! Vou levar uma furadeira IRMÃ DULCE


34 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Sustentabilidade “A Bahia tem potencial para ser vanguarda no mercado de carbono” Erica Rusch: Por Murilo Gitel Na contramão de 61 iniciativas de governos locais, nacionais e regionais de boa parte do mundo, o Brasil ainda carece de um mercado de carbono regulamentado, o que, segundo os especialistas, contribuiria para a redução das emissões dos gases de efeito estufa na atmosfera e o cumprimento da meta referente ao Acordo de Paris, estabelecida em 2015. Apesar do atraso, as bases para a implementação de um mercado de carbono no Brasil foram edificadas em maio de 2022, quando o Decreto nº 11.075/2022, do Governo Federal, instituiu o Sistema Nacional de Redução de Emissão de Gases do Efeito Estufa (SINARE). Antes disso, entidades como o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) já haviam elaborado propostas para a precificação do carbono em nível nacional. Apenas em 2019, esse mercado foi responsável por movimentar US$ 45 bilhões, sendo que mais da metade deste valor destinou-se a projetos relacionados ao meio ambiente ou desenvolvimento. Nesta entrevista, a advogada especializada em Direito Ambiental, Erica Rusch, compartilha a sua experiência em relação a este tema. Em dezembro de 2022, o Rusch Advogados, liderado por ela, figurou entre os três escritórios mais admirados do Brasil na especialidade ambiental, em ranking do anuário Análise Advocacia. A advogada baiana também integrou o top três entre as mais admiradas do país, no mesmo levantamento. O SINARE, instituído no ano passado, tem a proposta de atuar como uma central de registro dos projetos de mitigação das emissões de gases. De que forma você acredita que ele contribuirá no que diz respeito aos créditos de carbono? O Decreto nº 11.075/2022 regulamenta o § único do art. 11 da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC - Lei nº 12.187/09), estabelecendo diretrizes para uma economia de baixo carbono - 13 anos após a promulgação da PNMC.


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 35 qual as metas definidas pelo regulador são cumpridas com licenças de emissão, e não somente via créditos de carbono, como vemos nos países onde o mercado de carbono está mais consolidado. De que forma essa limitação deve ser encarada? A ideia do sistema de cap and trade é de que o governo estabeleça metas, possibilitando um comércio de permissões para determinados setores. Nesse esquema, é estabelecido um teto para as emissões dos entes regulados, o que é positivo, já que um sistema regulado com metas obrigatórias de redução tende a impedir mais efetivamente as emissões, e, consequentemente, estimula o crescimento do mercado de carbono. Como as empresas brasileiras não possuem metas obrigatórias de redução de gases do efeito estufa, isso acaba gerando uma pequena demanda, o que não estimula que as empresas comprem créditos de carbono. O cap and trade não foi previsto no decreto, o que poderá ocorrer por outro instrumento legal. A demora da regulamentação específica sobre o tema gera um prejuízo ao Brasil, o qual se manteve marginalizado de um mercado que movimentou mais de US$ 45 bilhões ao redor do mundo, apenas em 2019. Os críticos desse tipo de mercado costumam argumentar que ele é ineficaz, uma vez que funciona como uma espécie de permissão para emitir gases de efeito estufa, o que não contribuiria de forma significativa para conter o aquecimento global. O que a senhora pensa a respeito? Muitos criticam os instrumentos econômicos de mercado alegando que o benefício ambiental gerado tem efeitos desiguais. Entendem que a captura de carbono gerada em um lugar geograficamente determinado não vai beneficiar, necessariamente, a região do comprador do crédito de carbono. O receio é de que isso mantenha ou até mesmo aumente a desigualdade da qualidade ambiental em escala global. É importante ressaltar que os mecanismos econômicos são medidas complementares aos mecanismos de comando e controle instituídos pela Política Nacional de Meio Ambiente de 1981, não seus substitutos. Os mecanismos tradicionais não têm se demonstrado suficientes para a preservação ambiental, e não é diferente aqui no Brasil. Questões como os altos custos e a dificuldade física do exercício de uma fiscalização contínua e efetiva têm exigido a complementação dos instrumentos que vão nos auxiliar na conservação dos nossos biomas, incluindo a transformação em uma economia mais verde. Assim, entendo que os instrumentos econômicos são fundamentais para a eficácia do sistema e devem servir como complemento aos mecanismos tradicionais de comando e controle. As empresas brasileiras têm contribuído de forma significativa para a redução das emissões de gases do efeito estufa? À luz do Direito Ambiental, o que pode ser feito no caso de não haver um controle nesse sentido? Em que pese o Brasil ainda não ter um mercado regulamentado de crédito de carbono, a iniciativa privada vem, cada vez mais, tendo uma postura mais atenta em relação às suas práticas. Adotar políticas Apesar de não instituir o mercado de carbono em si, cria as bases para a sua implementação, prevendo no artigo 8º a criação do SINARE, que consiste em uma ferramenta única e digital que registrará as remoções, reduções e compensações de gases de efeito estufa e de atos de comércio, de transferências, de transações e de aposentadoria de créditos certificados de redução de emissões. As questões operacionais do SINARE serão editadas por atos conjuntos dos Ministros de Estado do Meio Ambiente e da Economia (art. 8º, §1º), conferindo certa discricionariedade ao sistema. Chama a atenção o Decreto não ter aproveitado a estrutura já existente do Sistema de Registro Nacional de Emissões (SIRENE) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, muito embora o art. 8º, §5º, indica que ambos os sistemas (SINARE e SIRENE) serão compatíveis - devendo existir mecanismos de comunicação entre eles. A criação do SINARE é um importante passo para a instituição do mercado de carbono brasileiro, pois, enquanto central única, segura e oficial de créditos de carbono, é uma ferramenta de extrema importância para conferir controle e transparência ao mercado regulado. Em que pese o decreto não instituir um mercado regulamentado, ele deve ser visto como um passo inaugural nas discussões acerca do tema. A criação de um mercado regulado por decreto implicaria em insegurança jurídica pela facilidade de alteração por vontade unilateral do Poder Executivo Federal, não concebendo a estabilidade necessária para grandes investidores. Desta forma, a regulação do mercado no Brasil deve vir por meio de lei, assegurando que este seja tratado como uma política de Estado, contribuindo economicamente para o país, projetando-o de forma positiva no plano internacional. O novo decreto deixa de estabelecer um sistema cap and trade, no A regulação do mercado no Brasil deve vir através de lei, assegurando que este seja tratado como uma política de Estado, contribuindo economicamente para o país


36 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Sustentabilidade O cap and trade não foi previsto no decreto, o que poderá ocorrer por outro instrumento legal. A demora da regulamentação específica sobre o tema gera um prejuízo ao Brasil, o qual se manteve marginalizado de um mercado que movimentou mais de US$ 45 bilhões ao redor do mundo, apenas em 2019 internas cada vez mais sustentáveis, os padrões ESG (Environmental, Social and Governance), os quais incluem políticas de redução de emissões, se tornou um diferencial de mercado. Caso não haja a devida regulamentação do mercado de carbono, os órgãos ambientais, responsáveis por conceder licenças aos empreendimentos, poderão exigir a obediência de padrões impostos por eles mesmos ou editar atos administrativos para instituir um limite de emissões. No âmbito da responsabilização civil ambiental, ações judiciais alegando danos podem se proliferar nos tribunais por todo o Brasil, sem que haja uma regra jurídica estipulando objetivamente um limite para as emissões de gases de efeito estufa. Quais são as principais tendências em nível global quando falamos de mercado de carbono? De acordo com a McKinsey & Company, estima-se que a demanda por créditos de carbono no cenário global possa aumentar 15 vezes ou mais até 2030, e até 100 vezes até 2050, tendo um imenso salto de, aproximadamente, US$ 1 bilhão em 2021 para um mercado de, pelo menos, US$ 50 bilhões, o que demonstra projeções otimistas em relação a esse mercado. Nessa ótica internacional, de acordo com uma pesquisa realizada na 17ª edição da Refinitiv Carbon Research, os sistemas de Comércio de Emissões (ETS) de gases de efeito estufa têm feito com que empresas no mundo todo reduzam efetivamente a quantidade de CO2 na atmosfera. As expectativas não se limitam apenas ao ETS da União Europeia, a qual está passando por uma grande reformulação. O estudo aponta que outros grandes mercados de CO2, como a Iniciativa Climática Ocidental (WCI) e a Iniciativa Regional de Gases de Efeito Estufa (RGGI), também deverão ter aumentos significativos. Ainda há dúvidas quanto à comercialização de créditos de carbono no Brasil, tendo em vista até mesmo a possibilidade de transformação dos créditos em ativo comercializável em bolsa de valores, por exemplo, a CBIO. Contudo, ainda não se sabe se o crédito gerado no mercado brasileiro será uma commodity transacionável internacionalmente. O Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) precisará dialogar com os mercados internacionais para buscar a sua integração, uma vez que o mercado de carbono vem crescendo exponencialmente ao longo dos anos. Já o mercado voluntário de carbono no Brasil ainda é baixo. Apesar de ser evidente o seu crescimento, estima-se que foi emitido apenas 1% do potencial anual do país. Entretanto, a previsão da McKinsey & Company é de que o Brasil gere, em 2030, cerca de 7 milhões de créditos de carbono na modalidade voluntária, podendo chegar até 90 a 220 milhões de toneladas. A senhora acredita que o Brasil virá a ter um mercado de carbono consolidado? Considerando a edição recente do Decreto nº 11.075/2022; a centralidade do assunto na COP27 no Egito; e a potencialidade do Brasil para atender à demanda global por créditos de carbono, a Câmara de Comércio Internacional, em parceria com a WayCarbon, divulgou um estudo em que concluiu que o Brasil possui capacidade para atender a 48,7% da demanda global por créditos de carbono no mercado voluntário, que deve chegar a 1,5 bilhão e 2 bilhões de toneladas de CO2 no fim da década. A perspectiva da promulgação do PL 528 é muito grande. Estamos em um cenário otimista para a consolidação do mercado de carbono em todo o mundo, e o Brasil, dada a sua riquíssima biodiversidade, é um dos países com maior potencial para a geração de receitas líquidas, que podem chegar a US$ 72 bilhões até 2030, segundo uma estimativa do Environmental Defense Fund. Tudo depende da criação de um ambiente juridicamente seguro, transparente e eficaz, que possa atrair os devidos investimentos para tanto. Como a senhora analisa as potencialidades da Bahia em relação a esse mercado? Quinto maior Estado do país, a Bahia é a única unidade federativa que possui cinco biomas distintos, tornando a sua extensão e a biodiversidade a sua maior riqueza. Os mais de 500 mil km2 da Bahia permitem a geração de energias de origem renováveis que também alimentam o mercado de carbono. Este ano, houve a transferência por uma empresa de 1 milhão de créditos de carbono que foram gerados a partir das usinas eólicas de municípios da Bahia para uma empresa de distribuição de energia indiana. Temos uma potencialidade incrível para que o Estado se insira na vanguarda do mercado de créditos de carbono.


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38 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Georges Humbert Sócio de Prates & Maia Advogados, professor e pós-doutor em Direito [email protected] Seja legado ou inspiração, trata-se de um evento dos mais relevantes do planeta, de formação de opinião, inovação, possibilidade de parcerias e incrementos na área ambiental Muito tem se ouvido falar a respeito da 27ª Conferência do Clima (COP27), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em novembro do ano passado, em Sharm El Sheikh, no Egito. Mas pouco se sabe sobre o motivo e a importância da realização do evento, seu legado e inspiração. A Convenção das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas, promovida pela ONU, é um tratado internacional que visa abordar o tema das mudanças climáticas e sobre o efeito estufa. A partir de 1972, todas as grandes nações do mundo passaram a se reunir para tratar de temas comuns relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade, principalmente após as duas grandes guerras mundiais, que passaram essa percepção de que era preciso tratar melhor do planeta Terra, já que começaram a ser sentidos alguns efeitos da intervenção humana no planeta. A partir daí, isso foi virando uma tradição e a cada 20 anos ocorrem reuniões periódicas, e a segunda grande reunião importante foi a Eco-92, no Rio de Janeiro. Com esse conceito, teve a Rio+20 e uma série de outros eventos. Tradicionalmente, a COP se insere nesse contexto de grandes reuniões de países para tratar de temas ambientais. Cada evento tem a sua periodicidade e a COP se transformou, entre estes, no evento mais presente, que tem uma frequência maior que os demais, já que é anual e tem a maior duração, a maior capilaridade e recebe mais pessoas que, de algum modo, podem colaborar para o enfrentamento das questões ambientais. a inspiração e o legado COP27: Como inspiração, o evento deixa um direcionamento para novas políticas públicas e ações da sociedade civil para que cada país possa melhorar a sua gestão sustentável e a diminuição dos impactos da atividade humana no meio ambiente e nas mudanças climáticas. Além disso, todos os países do G7 e G20 participam da convenção, ou seja, as principais nações economicamente desenvolvidas, além de vários outros países como convidados. Além disso, participam pessoas que representam universidades, grandes empresas, técnicos, acadêmicos, lideranças etc. Inclusive, o Brasil, este ano, vai participar com a maior comissão de empresários da história que vão lá representar o país. Como legado, conversas e acordos bilaterais entre países e que podem formar acordos, mas também há as diretrizes que podem, ao final, chegar a consensos que são depois formulados e firmados com os chamados tratados, convenções e acordos internacionais. O Protocolo de Kyoto, por exemplo, é um legado resultado de tratativas que ocorreram durante a COP, que é o principal protocolo que debate a questão das mudanças climáticas. Para o Brasil, houve legados e inspirações, em via de mão dupla. O país pôde reforçar o seu protagonismo ambiental, suas qualidades naturais, e ainda políticas públicas ambientais, além de reforçar os ativos de sustentabilidade, como grande parte do território ainda coberto de vegetação nativa. O Brasil é inspiração nisso e, também, por ser um país de matriz energética com 80% de energia renovável, e por outras características, é um dos principais países que sequestram gás carbônico, ou seja, é um dos principais detentores de crédito de carbono. Como legado, ficou claro que a economia verde brasileira merece receber investimentos internacionais e faz jus quanto a receber créditos de carbono, mas do ponto de vista internacional ainda não foi possível esse recebimento. A previsão é de que o Brasil seja credor de cerca R$ 200 bilhões dos países mais ricos por suas qualidades nesse segmento. Seja legado ou inspiração, trata-se de um evento dos mais relevantes do planeta, de formação de opinião, inovação, possibilidade de parcerias e incrementos na área ambiental. E um player como o Brasil, seus empreendedores e investidores nunca podem ficar de fora, sob o risco de ficarem isolados internacionalmente e atrasados no plano da sustentabilidade, além de perderem oportunidades de desenvolvimento social, econômico e ecologicamente equilibrado.


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 39 Sustentabilidade CLIMA EFERVESCENTE Em 2023, temperatura do planeta seguirá acima da média do período pré-industrial Por Murilo Gitel Shutter Cada vez mais frequentes em todo o mundo, os eventos climáticos extremos recentes, como as ondas de calor recordes nas Américas do Norte e do Sul, Europa e China, além das inundações no Paquistão, reforçam a necessidade de que ações mais contundentes sejam adotadas pelos líderes mundiais em 2023. Realizada em novembro do ano passado, no Egito, a COP27 (27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) tinha, justamente, o objetivo de fazer o mundo avançar no combate à emergência climática. Contudo, a cúpula terminou em um clima de frustração, com muitos pontos em aberto e acordos tímidos. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a projeção é que a temperatura média global em 2023 fique entre 1,08°C e 1,32°C, acima da média do período pré-industrial. A agência da ONU destaca que os últimos oito anos podem se converter nos mais quentes já registrados desde o início das medições. À primeira vista, o aumento de temperatura parece pequeno, mas os climatologistas do Painel Intergovernamental da ONU sobre o Clima (IPCC) afirmam que um aumento superior a 1,5°C já é suficiente para acelerar os eventos extremos, provocar insegurança alimentar e estimular as migrações forçadas, apenas para citar algumas das consequências. Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 39


40 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Foto: Pexels Arthouse Studio Sustentabilidade Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a projeção é que a temperatura média global em 2023 fique entre 1,08°C e 1,32°C, acima da média do período pré-industrial. Nosso papel no Egito foi o de entender o que está sendo discutido e levar esse conhecimento para as nossas comunidades. Sabemos que a população preta, os ribeirinhos e os povos originários são os mais afetados pelas mudanças climáticas, também pela questão econômica e geográfica BÁRBARA PEREIRA, ARTICULADORA NACIONAL DA ONG ENGAJAMUNDO Fundo de Perdas e Danos Um dos poucos avanços registrados na COP27 foi a criação do chamado Fundo de Perdas e Danos Climáticos, um mecanismo cujo objetivo é fornecer assistência financeira às nações mais impactadas pelos efeitos do clima - uma antiga demanda dos países que estão sofrendo as consequências mais severas de eventos climáticos extremos como inundações, secas e incêndios. Neste mês de março, os negociadores dos países começam a se reunir para definir os critérios do fundo. Um comitê de transição formado por 24 países, entre eles três da América Latina e Caribe, também foi formado. A ideia é que os governos possam aprovar, na COP28, o início do funcionamento do dispositivo, que ficaria para 2024. Pontos discutidos Um dos pontos de disputa nas negociações da COP27 foi a definição de quem teria direito aos recursos desse fundo. Por isso, o texto foi bem específico, mencionando países ameaçados pela subida do nível do mar, migrações em massa forçadas por desastres naturais e efeitos da emergência climática. Outro ponto controverso foi, obviamente, a fonte do dinheiro. Muito embora o financiamento recaia basicamente sobre os países ricos, que mais contribuíram para o aquecimento global, uma das linhas de trabalho acordadas ao término da conferência prevê “ampliar as fontes de financiamento”, deixando um espaço aberto para que outros países participem como doadores – uma demanda da União Europeia e do Canadá, entre outros. “Precisamos agir rápido” Na avaliação do diretor do Worldwatch Institute (WWI) no Brasil e colunista da Revista Let’s Go Bahia, Eduardo Athayde, a pandemia da COVID-19, ao invés de desviar, intensificou o debate sobre o clima mundial. “Hoje, temos um movimento de proporções tectônicas que se acelera neste sentido, precisamos agir rápido”, reforça. Athayde acredita que a gestão dos recursos naturais de zonas costeiras será cada vez mais impulsionada por métricas ESG (ambientais, sociais e de governança), o que pode ser uma solução importante no combate à emergência climática. “A Década dos Oceanos (2021-2030) foi declarada pela ONU, estimulando a cooperação internacional para promover a preservação dos oceanos (ODS 14), que geram mais de 50% do oxigênio global, absorvem metade do carbono produzido e respondem por 80% da biodiversidade do planeta”. Participação de baianos Seja por meio de representantes da sociedade civil, setor privado ou político, os baianos marcaram presença na COP27. Destaque para a jovem engenheira de Energias, Bárbara Pereira, de 26 anos, natural de Santo Estêvão. Ela é articuladora nacional da ONG Engajamundo, além de ser voluntária da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (MEsol). “Nosso papel no Egito foi o de entender o que está sendo discutido


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 41 A Década dos Oceanos (2021-2030) foi declarada pela ONU, estimulando a cooperação internacional para promover a preservação dos oceanos (ODS 14), que geram mais de 50% do oxigênio global, absorvem metade do carbono produzido e respondem por 80% da biodiversidade do planeta EDUARDO ATHAYDE, DIRETOR DO WORLDWATCH INSTITUTE (WWI) NO BRASIL Meninas da Engajamundo Foto: Bruna Garcia/Anba e levar esse conhecimento para as nossas comunidades. Sabemos que a população preta, os ribeirinhos e os povos originários são os mais afetados pelas mudanças climáticas, também pela questão econômica e geográfica”, observou a jovem baiana, que fez a sua primeira viagem internacional. Hidrogênio Verde O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Ricardo Alban, mediou o painel “Ações para o Desenvolvimento do Mercado de Hidrogênio Verde no Brasil”, em que empresas e instituições pontuaram como têm trabalhado para contribuir para a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento de uma economia descarbonizada. O empresário teve a companhia do diretor de Inovação e Tecnologia do SENAI Cimatec, Leone Andrade. Políticos baianos também presenciaram as negociações e os bastidores da COP27. O senador Jaques Wagner (PT) se reuniu com representantes do Greenpeace e defendeu que os países desenvolvidos cumpram a promessa de destinar recursos para ajudar os países em desenvolvimento, como o Brasil, a manterem as suas áreas florestais preservadas. Os deputados federais Claudio Cajado (PP), José Rocha (UB) e Bacelar (PV) também acompanharam o evento em Sharm El Sheikh. COP30 no Brasil? De volta ao jogo das relações diplomáticas sobre sustentabilidade, o Itamaraty formalizou, em janeiro, o pedido para que Belém seja a sede da COP30 do Clima em 2025. A informação foi confirmada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em um encontro que eles tiveram em Brasília. Assim, a capital paraense, situada na Amazônia, é a candidata brasileira. “Belém, no Estado do Pará, estará de portas abertas para debater a Amazônia, discutir o clima no mundo, encontrar soluções, e agradeço o gesto para com Belém, o Pará e a Amazônia”, afirmou Barbalho. Durante a última COP27, no Egito, Lula havia afirmado, ainda antes de assumir a presidência, que pediria à Organização das Nações Unidas (ONU) para que a Amazônia sediasse a Conferência do Clima (COP) em 2025.


42 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 MARIANA LISBÔA Capa Herbert Souza/Jotta Fotografia INSPIRAÇÃO À frente da Diretoria de Relações Institucionais da Suzano e primeira mulher a presidir a ABAF, a executiva é inspiração e voa em defesa da equidade de gênero nas corporações


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 43 A discussão da equidade de gênero parece atual, mas é antiga. Quantas vezes eu, você, todos nós já ouvimos que as mulheres precisam ter as mesmas oportunidades que os homens dentro e fora das companhias? E mulheres em cargos de liderança? Muitas empresas, felizmente, começaram um movimento sério, ao estipularem metas reais, para ter mais mulheres tomando decisões importantes sobre o futuro do negócio. Implementar maior diversidade e pluralidade dentro das organizações se traduz em melhores números e produtividade. E quem diz isso são os diversos estudos que comprovaram que ambientes de trabalho diversos, respeitosos e igualitários contribuem para uma cultura de engajamento, inovação, troca e resultados. É nas principais diversidades e desafios que grandes personalidades também surgem. Na Bahia, Mariana Lisbôa, advogada com longa experiência na área ambiental, protagonizou um incrível marco: no ano passado, ela assumiu a presidência da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), tornando-se a primeira mulher a presidir a associação que acaba de completar 19 anos. E é seguindo essa linha que a executiva se tornou inspiração e passou a voar em defesa da equidade de gênero nas corporações. Hoje, além de assumir a presidência da ABAF, ela também é head global de Relações Corporativas da Suzano S/A e diretora do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP). Liberdade e consciência Quando pequena, Mariana nutria inúmeros sonhos. A vontade de trabalhar sempre esteve presente, assim como o desejo de se casar, ter filhos e constituir uma família. No entanto, para ela, os estudos eram a sua maior prioridade. “O meu sonho mais íntimo era estudar, me preparar e me realizar profissionalmente. Ser uma mulher livre para poder fazer as minhas escolhas”. A executiva via na independência financeira, oriunda do seu trabalho, o pilar fundamental para atingir os seus principais objetivos. “Era a minha independência financeira que me permitiria alcançar todo o resto que, àquela altura, eu almejava. E, assim, fui caminhando entre livros e muitas Por Otávio Queiroz Advogada com longa experiência na área ambiental, Mariana Lisbôa, no ano passado, assumiu a presidência da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), tornando-se a primeira mulher a presidir a associação que acaba de completar 19 anos.


44 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Capa O meu principal propósito é mudar positivamente a realidade de pessoas e comunidades. Por isso, busco estar sempre engajada em ser parte da solução para as grandes questões que afetam o nosso planeta, como a crise climática, a perda da biodiversidade e o aumento da pobreza pessoas que deixaram em mim marcas definitivas, formando, sem que eu mesma me dessa conta, a mulher que me tornei”. Para ela, os desafios, as vivências e as experiências foram os propulsores da sua formação. “Sou a soma de diversas influências, às quais devo o que eu tenho, o que eu sei, o que eu sou. A partir delas, desbravei meus caminhos e fui, ainda que em um processo absolutamente não linear, evoluindo e me aproximando, todos os dias, do meu sonho de infância”, conta Mariana, que também teve o seu avô Rubem Nogueira como fonte de inspiração. Ainda jovem, começou a trilhar a sua trajetória na área de Direito. Ela conta que, na época, iniciou a sua jornada corporativa pela necessidade de uma empresa em contratar um advogado com fluência em inglês. Foi pela sua habilidade em uma língua estrangeira, portanto, que ela acabou definindo o seu caminho. “Ao longo da vida, sempre soube que iria fazer Direito, mas jamais imaginei enveredar pelo mundo corporativo. Menos ainda no Direito Ambiental. Mas ainda bem que assim foi”. A partir de então, Mariana passou a focar o desenvolvimento de soft skills, não ligadas à sua formação clássica, mas todas elas conectadas à sua personalidade e de suma importância para o seu crescimento profissional, como a capacidade de gestão e de negociação, liderança, criatividade e resiliência. Quase que ao mesmo tempo em que crescia profissionalmente, o mundo também se voltava, de forma acelerada, para as questões de sustentabilidade, também muito ligadas à experiência adquirida durante a sua trajetória. E desde então, o seu principal objetivo sempre foi fazer mais e melhor. “Há, ainda, muito a ser feito, eu sei, mas sinto um prazer imenso nessa minha jornada. Enxergo cada dia como uma nova e grandiosa oportunidade de fazer mais e melhor; sou grata por todas as portas que se abriram e mais ainda pelas que se fecharam, pois foram estas que me permitiram descobrir as janelas e seguir voando!”. Liderança feminina Você já parou para pensar sobre a importância da mulher no mercado de trabalho? Cada vez mais, a busca pela equidade e pelo respeito tem se tornado prioridade em muitas empresas. Pensando no papel social e econômico da mulher, criar oportunidades em cargos de liderança feminina é fundamental. Apesar de não estarmos em um cenário ideal, Mariana acredita que a mulher tem ocupado cada vez mais espaço em ambientes de liderança. “Temos visto um avanço quando olhamos para os números de maneira comparada. As empresas têm atuado na busca de diversidade e inclusão, e isso é algo muito importante para nós mulheres”. E é para que esta realidade continue sendo transformada que ela defende que mais ações continuem sendo adotadas pelas organizações, com a inclusão de metas e a participação de todos. “Precisamos de ações de equidade para alcançar representatividade. Não se trata apenas de igualdade, trata-se de uma nova forma de ser e fazer, de transformação do setor e da sociedade, para que tenhamos presença representativa e diversa em todos os campos e esferas de decisão. Nossa luta está longe de acabar. É importante abrir caminhos para as mulheres que estão aqui e as que virão, até que chegue o momento em que isso não seja mais uma pauta”. Desafios e futuro Em 2015, Mariana entrou na Suzano ocupando uma posição regional, baseada em Mucuri, no Extremo Sul da Bahia. Rapidamente, foi ganhando novos Estados e com eles novos desafios. Em pouco tempo, assumiu um escopo nacional e em seguida global, tornando-se responsável por toda a área de Relações Corporativas da companhia. Hoje, ela representa institucionalmente a Suzano na liderança de projetos envolvendo os setores público e privado, em todos os níveis: municipal, estadual, federal e internacional. Sob a sua gestão, também está toda a área de Licenciamento Ambiental da companhia, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo e referência global no uso sustentável de recursos naturais. Particularmente apaixonada por impulsionar o crescimento de mulheres no mundo corporativo e por implantar uma agenda ESG estruturada e mensurável, ela busca mitigar os impactos do negócio para esta e as próximas gerações, ao mesmo tempo que trabalha na manutenção das pessoas que estão à sua volta. “Os desafios são inúmeros, mas eu não faço nada sozinha. Conto com uma equipe maravilhosa espalhada pelos quatro cantos do país e também no nosso escritório da Áustria. São mais de 40 profissionais com expertises diversas, extremamente qualificados e comprometidos em


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 45 Mariana representa institucionalmente a Suzano na liderança de projetos envolvendo os setores público e privado, em todos os níveis: municipal, estadual, federal e internacional. Ao longo da vida, sempre soube que iria fazer Direito, mas jamais imaginei enveredar pelo mundo corporativo. Menos ainda no Direito Ambiental. Mas ainda bem que assim foi trazer resultados para a companhia, mas, mais do que isso, imbuídos do propósito de melhorar a qualidade de vida das pessoas e do planeta”. No ano passado, Mariana também assumiu a presidência da ABAF. Para o futuro, a executiva busca impactar a vida de milhares de baianos. O programa de apoio a comunidades indígenas, por exemplo, tem o objetivo de cultivar o relacionamento entre a corporação e as comunidades indígenas, bem como apoiar ações de valorização e preservação de suas culturas. “O meu principal propósito é mudar positivamente a realidade de pessoas e comunidades. Por isso, busco estar sempre engajada em ser parte da solução para as grandes questões que afetam o nosso planeta, como a crise climática, a perda da biodiversidade e o aumento da pobreza”, finaliza.


Autos e Motos Jeep Commander, um SUV para família de sete lugares e tecnológico A Jeep aposta na sua linha de SUVs feitos em Pernambuco. O modelo maior traz conforto e a opção dos motores diesel ou flex, ambos turbo Foto: Ranilson Souza 46 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023


Fruto do complexo Jeep em Goiana (Pernambuco), o Commander é um SUV para família de sete lugares e altamente tecnológico. Por sinal, o modelo da Jeep é o carro mais bem equipado e moderno produzido em solo brasileiro. Surgiu como uma opção maior na gama de utilitários esportivos produzidos pela marca americana no país. Ao lado do Commander, a Jeep fabrica os urbanos Renegade e Compass, que compartilham a nova motorização turboflex do Grupo Stellantis, que comanda marcas como a Fiat e a dupla francesa Peugeot e Citroën no mundo. Entre as picapes e os SUVs, o diesel ainda tem seu espaço. A legislação de emissões de poluentes Por Roberto Nunes tem empurrado a indústria dos automóveis aos motores limpos com perspectivas para a aposentadoria dos propulsores a combustão e o uso das tecnologias elétrica e híbrida. A Jeep tem projetos “verdes”, mas ainda mantém a base de seus SUVs com motores a combustão. O novo Commander é um deles e tem a opção dos motores turboflex e turbodiesel. AUTOS E MOTOS rodou no Commander a diesel na configuração Limited. Lançado em 2021, o SUV da Jeep chegou com tudo e toda a produção é rapidamente vendida. O Commander ganhou destaque como carro-oficial da segunda edição do Rally da Chapada (Capão/Pratinha). É um veículo imponente e faz frente aos rivais Chevrolet Trailblazer e Toyota SW4. Tem um conjunto óptico desenvolvido com faróis Full LED e faróis de Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 47


48 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Autos e Motos neblina e DRL em LED. Possui lanternas também em LED e com desenho inédito e acabamento em cromo acetinado, com quatro refletores inferiores, sendo um com a função de seta e os outros três com luz de posição e freio. É para ser realmente um SUV de luxo e qualquer um vai perceber pela mistura de materiais usados no interior do Commander. Os assentos têm costura aparente, com tom acobreado, bordado no encosto e nos assentos dos bancos. O logotipo da Jeep vem gravado em baixo relevo (versão Limited) no banco e no apoio de braço, que ainda traz o ano de fundação da marca (1941). Na Overland, o nome da versão é que vem gravado nos bancos. O Commander Limited vem com o mesmo conjunto mecânico da configuração mais sofisticada Overland. O SUV da Jeep vem equipado com o motor turbodiesel TD380, de quatro cilindros, com um mapa de calibração específico. Tem novo volante motor, novo conversor de torque, nova turbina e teve a curva de pedal aprimorada, permitindo um aumento de torque de 350 Nm para 380 Nm. São 170 cavalos de potência, e o carro usa o sistema SCR de pós-tratamento de gases de escape, reduzindo a emissão de gases poluentes. Com isso, é necessário o uso do aditivo ARLA32. Para fechar o pacote mecânico, a transmissão automática é de 9 velocidades e há ainda a tração 4x4, com seletor no painel de instrumentos. Há o seletor de terrenos com três modos (Sand/Mud, Snow e Auto) e HDC (Hill Descent Control), que auxilia o motorista em descidas íngremes durante percursos off-road. Além disso, possui altura mínima de solo de 21,2 cm, ângulo de entrada de 26° e de saída de 24°. A Jeep capricha no pacote de itens e inclui rodas de liga leve de 18”, cluster Full Digital de 10,25”, central multimídia de 10,1” com plataforma Adventure Intelligence e espelhamento sem fio, além de carregador de celular por indução, Keyless Enter ‘N Go, bancos dianteiros com ajustes elétricos e abertura elétrica do porta-malas. Além disso, conta com sete airbags e todos os sistemas de direção autônoma (ADAS) citados anteriormente. Ganha pontos extras com o sistema Adventure Intelligence, uma plataforma de conectividade exclusiva para garantir a conveniência, assistência e entretenimento com mapas inteligentes, chamadas de emergência e Wi-Fi hotspot, que conecta até oito aparelhos no Wi-Fi nativo do Jeep Commander. É bem similar ao ofertado pela Chevrolet no MyLink com OnStar. O espaço está garantido pelo tamanho do Commander. São três fileiras de assentos, sete lugares e um dos maiores porta-malas da categoria, com 1.760 litros com todos os bancos rebaixados, 661 litros na configuração com cinco ocupantes ou 233 litros. Tem ainda acesso ao porta-malas com abertura e fechamentos elétricos na Limited e Overland, sendo que na última ainda há o sensor de presença (Hands-Free). A Jeep garante os mimos com para-brisas e vidros laterais térmicos, rebatimento automático dos retrovisores, Keyless Enter ‘N Go e ar-condicionado Dual Zone com canal dedicado aos assentos traseiros. Outro ponto forte é a função Alexa in vehicle, que leva a assistente pessoal da Amazon para dentro do novo SUV da Jeep. Basta estar conectado e sincronizado com sua conta e é possível utilizar todas as funções da Alexa de dentro do carro. É um SUV para família, para uso nas grandes cidades, e caso você goste de viajar, o Commander mostra sua força e conforto para distâncias mais longas.


Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023 Let’s Go Bahia | 49


Jornalista automotivo [email protected] Roberto Nunes Civic ganha motor híbrido A japonesa Honda volta à briga com o rival Toyota Corolla. A 11ª geração do Civic inova na tecnologia Autos e Motos A Honda ficou sem seus principais veículos durante alguns meses no Brasil. O sedã Civic saiu da linha de produção temporariamente e deixou os clientes Honda sem a opção do sedã médio da marca japonesa no mercado nacional. Enfim, o Honda Civic voltou. E voltou mais bonitão e cheio de equipamentos. A chegada da 11ª geração do Civic representa um salto à frente em termos tecnológicos e construtivos, que posiciona o modelo em uma categoria superior. O maior rival é o outro japonês Toyota Corolla, líder entre os sedãs Fotos: Divulgação médios no mercado brasileiro. O novo Civic Híbrido é um automóvel nascido para superar as expectativas dos clientes mais exigentes, oferecendo uma experiência positiva em todos os sentidos devido aos mais altos níveis de conforto, qualidade construtiva, sofisticação e eficiência. Com o uso de um sistema de dois motores elétricos de alta eficiência, combinados a um motor 2.0 a combustão, de ciclo Atkinson, o e:HEV proporciona uma diferenciada experiência de condução, com aceleração e respostas vigorosas, combinada a um consumo de combustível excepcional. Melhorias estruturais destinadas a ampliar a segurança passiva do motorista e dos passageiros são complementadas pelo Honda Sensing, que equipa o Civic Híbrido pela primeira vez no Brasil. O modelo também traz diversas tecnologias e equipamentos que aumentam a praticidade, o conforto e a conectividade a bordo, com especial destaque ao myHonda Connect, que conecta o motorista ao seu carro, via aplicativo no smartphone. 50 | Let’s Go Bahia Jan/Fev - Circ.: Mar/Abr 2023


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