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Published by , 2017-10-30 15:22:30

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Nutrição

Ração extrusada no cocho

Tecnologia promete otimizar digestão de bovinos e dar mais flexibilidade ao criador

FOTO: NUTRATTA ce nos aquários). No caso dos bovinos, a massa
fundida flutua no rúmen e fica mais próxima do
local de maior concentração de bactérias, tornan-
do o processo fermentativo mais eficiente. “Basta
colocar em um copo de água um produto extrusa-
do e outro peletizado (farelado). Por sua densida-
de, o primeiro boia, já os demais se desmancham,
separando sua composição e gerando perdas da
eficiência do aproveitamento nutricional”, com-
para Anselmo.

Graças à sua densidade, a ração boia no rúmen Mais ganho de peso
bovino, o que facilita sua digestibilidade.
Na Fazenda Lajinha, em Presidente Olegário,
Mônica Costa região do Alto Paranaíba mineiro, onde o con-
[email protected] finador Francisco Pinheiro de Campos mantém
1.050 bovinos em terminação, a tecnologia co-
Aração extrusada, muito comum na alimen- meçou a ser utilizada em 2015. “ Tive problema
tação de cães, gatos e peixes, agora tam- com falta de silagem para o gado e me apresen-
bém está no cocho de bovinos confinados. taram essa linha de produtos extrusados”, se re-
A tecnologia, exclusiva e nacional, foi adaptada corda. Os resultados foram satisfatórios e, no ano
ao consumo de ruminantes com a inclusão de fi- seguinte, o criador não abriu mão da silagem de
bras de forragem em níveis que variam de 5% a milho, produzida na própria fazenda, e do caroço
70% no concentrado e a submissão de todos os rdeegaiãlgoo. dMãoa,saodsqudierimdaoispoirngprreedçoiesncteosm_pettoitritvaogsonra-
ingredientes à extrusão. Nesse processo, todas dfoarodeeaolgocdalãcoá,rnioúcclaelocímticinoer_alfocroammusruebiasteituioídnoós-
as matérias-primas são submetidas à pressão sob pelo concentrado extrusado contendo 1 quilo de
uma temperatura acima de 100ºC, o que provoca volumoso seco (o equivalente a 3 kg de uma si-
o rompimento da parede das células vegetais e a lagem com 30% de matéria seca), 80 gramas de
total fusão dos produtos. Segundo o zootecnis- ureia, 250 miligramas de monensina sódica e 175
ta Rodrigo Anselmo, gerente técnico da Nutratta mg de virginiamicina. “O ganho de peso diário da
Nutrição Animal, de Itumbiara, GO, após a ex- boiada subiu de 1,7 para 2 kg, em média, o que
trusão o produto se transforma em uma massa me rendeu maiores ganhos financeiros”, explica o
única e estável, o que estimula o aumento da efi- criador, que valoriza bastante esta característica
ciência alimentar. “A quebra das barreiras físicas já que, como estratégia de mercado, passou a tra-
nos grãos eleva em até 12% a digestibilidade dos balhar com rendimento de carcaça fixo em 53%
nutrientes na flora bacteriana do rúmen. Já a in- para garantir o pagamento à vista.
clusão de fibras no processo melhora o aproveita-
mento desses nutrientes”, explica. A despesa diária com a alimentação dos bovi-
nos confinados aumentou 3%, de R$ 10,78 para
Uma das características da ração extrusada é R$ 11,12. Em compensação, o custo da arroba
a sua densidade, que permite que o alimento se produzida ficou 12% mais barata. Isso porque o
mantenha na superfície do líquido (como aconte- tempo de confinamento caiu de 68 para 61 dias.
No fim, a estratégia garantiu lucro de R$ 44,65
por cabeça. “Se eu tivesse mantido a dieta tradi-
cional, amargaria um prejuízo de quase R$ 50 por
animal” afirma o criador (Veja a tabela). “Além
da melhoria nos índices zootécnicos, a estratégia
elimina etapas da operação de montagem das die-
tas em vagões misturadores, o que reduz também
o volume de alimento transportado numa proprie-
dade”, explica Rodrigo Anselmo.

102 DBO outubro 2017

Maior ganho de peso garantiu ximadamente 1 kg do volumoso industrial substi-
o lucro da fazenda
tui 3,5 kg da silagem convencional, reduzindo o

Extrusado Convencional transporte de alimentos para o rebanho na fazen-

da em até 60%”, continua Anselmo. nnn

Ganho de peso diário (kg) 1,998 1,751 Em Talismã, município no sul do Tocantins, Toda a fibra
utilizada na
Ganho de peso no período (kg) 121,9 119,1 o criador Francisco José Villela Martins, que ração extrusada
é proveniente
Dias de confinamento 61 68 termina cerca de 300 animais com grão inteiro, de feno de
braquiária.
@ líquidas produzidas1 substituiu um núcleo tradicionalmente utilizado A Nutratta
faz parcerias
5,28 5,08 para terminação de bovinos sem volumoso pela com fazendas
produtoras de
Diária/cabeça (R$) 11,12 10,78 silagem extrusada na fase de adaptação dos ani- sementes e,
após a colheita,
Custo @ produzida (R$)2 134,31 153,44 mais ao confinamento. “Foi uma beleza”, lembra retira a palhada
para a fenação e
Valor carcaça magra (R$)3 o pecuarista. “Não tive problema com acidose e armazenamento.
Outra opção
2.53 2,198 o consumo da ração, que sempre caía de 9 para 3 usada pela
empresa é a
Custos operacionais (R$)4 30,51 41,10 kg entre o 10º e 15º dia, recuou de 9 para 6 kg cana-de-açúcar,
após a coleta do
Custo alimentar (R$)5 678,36 738,36 com o novo produto”, estima. colmo.

Receita por animal (R$)6 3.293,25 2.928,78 Segundo o professor Gilberto de Lima Mace- nnn

do, responsável técnico pelo Setor de Pequenos

Resultado por animal (R$)7 44,65 48,67- Ruminantes na Universidade Federal de Uberlân-

1Peso final x rendimento de carcaça/15-peso inicial/30; 2Custo dia (UFU), a capacidade de transformação da fi-
operacional+diária+dias confinamento/@ produzidas; 3Peso inicial/30x R$
@ carcaça magra; 4Equipamentos, funcionários e manutenção; 5Tempo de bra insolúvel em fibra solúvel por intermédio da
confinamento x diária; 6Peso final x rend. carcaça/15 x R$@; 7Receita – custos
extrusão, aumenta a taxa de digestibilidade da fi-
alimentar, operacional e R$ carcaça magra. FONTE: NUTRATTA
bra pelo bovino em até 30%. “O maior consumo

observado pelos animais que recebem a silagem

extrusada no cocho pode ser explicado pela alte-

Silagem extrusada ração da matriz dos nutrientes (amido, proteínas

Com 70% de fibra forrageira, a linha chama- e fibras), tornando estes mais digestíveis, ou seja,
da de “volumoso industrial” é o lançamento mais
recente da Nutratta. “O produto contém mais de são fermentados mais rapidamente no rúmen,
90% de matéria seca, ante 25% a 35% da sila-
gem; 7% de proteína bruta e 65% de NDT”, afir- ocupam menor volume pelo fato de a partícula fi-
ma o gerente técnico. O objetivo da linha é subs-
tituir total ou parcialmente a silagem tradicional brosa ficar com 2 milímetros, aumentando a taxa
no cocho, dando mais flexibilidade ao criador,
que pode intensificar o uso da terra e aumentar a de passagem do alimento”, explica o professor,
lotação. “O manejo fica bem simples, pois apro-
com base em resultados de um estudo realizado

com 18 ovelhas da raça Santa Inês, onde o con-

sumo do volumoso industrial apresentou melho-

res índices de consumo e taxa de glicemia com a

nova tecnologia. n

outubro 2017 DBO 103

Saúde Animal

Hora de combater doenças

Calendário compacto desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte traz
recomendações sobre manejo sanitário, reprodutivo e zootécnico.

MARINA SALLES Danila Frias mas não pariram) e abortos de um ano para o outro,
de Campo Grande, MS após adotar recomendações simples. De acordo com
[email protected] Danila Fernandes Rodrigues Frias, professora titular
da Universidade Brasil, responsável pelo estudo, a
Aqueda nos índices reprodutivos das matrizes vacinação na época correta, adesão a protocolos de
pode se dar por uma série de fatores, como higiene, cuidado com os bezerros e avaliação repro-
estresse térmico, manejo, ataque de preda- dutiva associada ao descarte de fêmeas são algumas
dores e também pela contaminação do rebanho por das estratégias adotadas no experimento que podem
doenças infecciosas. Neste último caso, mais do que fazer parte da rotina nas propriedades de corte.
encontrar formas de tratar as doenças, o mais interes-
sante é saber como preveni-las. Uma pesquisa de pós A pesquisa, que teve duração de dois anos, ava-
doutorado realizada pela Universidade Brasil (Cam- liou por meio de exames específicos a saúde de
pus de Fernandópolis, SP) em parceria com a Embra- 4.620 animais das raças Nelore, Caracu e Senepol,
pa e que resultou na elaboração de um calendário de de dez propriedades, distribuídas por diferentes áre-
manejo sanitário, reprodutivo e zootécnico, mostra a as do Estado de Mato Grosso do Sul, quanto à pre-
importância da prevenção, capaz de elevar indicado- valência de leptospirose, brucelose, rinotraqueí-
res reprodutivos e, consequentemente, econômicos. te infecciosa bovina (IBR) e diarreia bovina viral
Os produtores das fazendas acompanhadas pelo es- (BVD). No calendário proposto a partir dela estão
tudo, de rebanhos comerciais e de seleção, tiveram contemplados os manejos para essas doenças e tam-
um incremento médio de 5% na taxa de prenhez do bém para clostridioses, diarreia neonatal, raiva e fe-
plantel e uma queda de 50% no fundo de maternidade bre aftosa.
(vacas que tiveram diagnóstico de prenhez positivo,
Vacinação
Quanto à sanidade, no estudo, rebanhos de seleção
e comerciais mostraram ter índices próximos Durante o trabalho de pós doutorado, Danila
Frias observou que, das 10 propriedades analisadas,
apenas uma, da Embrapa Gado de Corte, vacinava
os animais contra as quatro doenças monitoradas no
estudo. Constatação feita a campo, o dado reflete
a realidade da maioria das fazendas brasileiras, no
que a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Va-
nessa Felipe de Souza - que orientou a pesquisa de
Danila junto ao colega Luiz Otávio Campos da Sil-
va - não vê necessariamente um problema. Nas pala-
vras dela, a principal recomendação para utilização
de uma vacina não obrigatória é realmente confir-
mar se aquela doença existe no rebanho. “Daí a ne-
cessidade de um médico veterinário avaliar a situa-
ção das fazendas caso a caso, fazer uma anamnese
(análise clínica) e, a partir dela, decidir se precisa
de exames complementares, como os que fizemos
no início do projeto, para definir quais vacinas re-
comendar”, diz Vanessa. Ela defende que a adoção,
inclusive proposta pelo calendário da Embrapa, seja
feita aos poucos e na medida necessária, o que ga-
rante um custo-benefício positivo.

Hoje, ao ser vacinada contra clostridiose, IBR,
BVD, leptospirose e diarreia neonatal, uma matriz
gera um custo aproximado de R$ 18,50 para o pe-
cuarista, segundo levantamento feito por Danila, o

104 DBO outubro 2017

que pode ser recompensado por uma taxa maior de exigem reforço. “O reforço vem como uma nova A ideia é que o
nascimentos. Em um exemplo hipotético, uma fa- carga de estímulo para aumentar a concentração de calendário ajude
zenda com 1.000 matrizes, taxa de prenhez de 70%, anticorpos”, explica a pesquisadora, e permite que o produtor a
fundo de maternidade de 15% e taxa de abortos de diante de um desafio epidemiológico o animal con- organizar o seu
10%, elevaria de 56% para 70% sua taxa de nasci- siga responder melhor a um ataque de antígenos. A manejo sanitário”
mentos caso obtivesse os mesmos resultados posi- título de exemplo, os desafios podem surgir como Danila Frias,
tivos que a vacinação trouxe para as propriedades resultado da falta de higiene na propriedade, do con- professora da
alvo do estudo. Nesse caso, o custo com a vacinação tato dos animais com alimentos mal conservados ou Universidade
seria de R$ 18.500 e o ganho com as matrizes vaci- com água contaminada. do Brasil
nadas seria cinco vezes maior, graças ao nascimento
de 138 bezerros, que o produtor deixaria de perder Medidas complementares
(o incremento foi calculado a partir de um aumento Junto da vacinação devem vir outras
de 5% na taxa de prenhez e queda de 50% do fundo
de maternidade e de abortos com a vacinação). Su- precauções. Uma delas é evitar o fácil aces-
pondo que os bezerros fossem vendidos ao preço de so de animais silvestres (porcos do mato,
R$ 1.000, o lucro da operação é de R$ 101.000 des- por exemplo) a alimentos de dentro da pro-
contado o custo da vacina. A simulação deixa claro priedade, com o intuito de afastá-los do re-
o que aconteceu no caso do experimento, protocolo banho, o que ajuda a prevenir a transmissão
que Danila não recomenda ser adotado sem a orien- de doenças como a brucelose e a leptospiro-
tação de um médico veterinário. se. No caso do armazenamento de ração, o cuidado
deve ser de coibir a entrada de ratos nos galpões,
Historicamente, o custo com sanidade na pecuá- já que eles podem transmitir pela urina a bactéria
ria está entre os mais baixos. Levantamento do Cen- causadora da leptospirose. Quanto à silagem, a pre-
tro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ocupação do produtor deve ficar por conta da veda-
(Cepea) e da Confederação Nacional da Agricultu- ção do silo – o que ficou patente em agosto último
ra (CNA) adaptados pela DBO para o Anuário 2017 quando 1.100 animais morreram depois de consu-
mostram que em 2016, sobre o custo operacional to- mir silagem de grão de milho úmido contaminada
tal das fazendas, o gasto com vacinas era de 1,03%, com toxinas botulínicas. Associado às demais me-
sendo ainda menor em 2015, de 0,99%. Em termos didas, o uso de bebedouros artificiais, em detrimen-
unitários, segundo dados de Danila, à exceção das to de aguadas naturais e cacimbas, é recomendado
doses de vacina polivalente contra IBR, BVD e lep- por Danila, sempre e quando houver a possibilidade
tospirose (R$ 7,10) e diarreia neonatal (R$ 4,70), de instalá-los.
o custo da vacinação contra outras doenças fica na
casa de R$ 1. Outra das constatações da pesquisa, incorpora-
da no calendário, foi a necessidade de cuidados espe-
Para ter sucesso no controle sanitário, Vanes- ciais com os bezerros. É fundamental que eles rece-
sa lembra, no entanto, que é indispensável fazer a bam colostro nas primeiras seis horas de vida, já que
aplicação de doses de reforço no rebanho conforme a placenta dos bovinos é impermeável à passagem de
a doença. Com exceção da vacina contra brucelo- proteínas e eles nascem sem anticorpos. “Como os
se [veja no quadro abaixo], as demais, aqui citadas, anticorpos que o recém-nascido vai ter estão limita-

Quando vacinar?

A época de vacinação recomendada para cada doença varia principalmente em função da categoria animal que se quer prote-
ger. No calendário da Embrapa, o produtor terá acesso, por uma consulta mês a mês, aos períodos em que o manejo sanitário deve
ser feito. Confira quais vacinas são obrigatórias ou não e quais demandam reforço:

Diarreia Neonatal - Vacinar as novilhas 60 dias e 30 dias antes de “vacinas reprodutivas” pode auxiliar na redução de perdas
do parto. Aplicar reforço anual em todas as matrizes. gestacionais e na melhoria dos índices reprodutivos. Uso
conforme recomendação do médico veterinário.
Leptospirose - Vacinar os animais aos 4 meses e repetir após 30
dias. Aplicar reforço em todos os animais, que pode ser semestral Brucelose - Vacinação obrigatória. Seguir orientações
ou até mesmo trimestral, a critério do médico-veterinário. determinadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).
Clostridioses - Vacinar os animais com idade de 4 meses e
repetir após 30 dias. Aplicar reforço anual em todos os animais. Raiva - Vacinação obrigatória em áreas endêmicas. Seguir
orientação do Mapa.
Rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) e diarreia bovina viral
(BVD) - Vacinar os animais aos 4 meses e repetir após 30 Febre aftosa - Vacinação obrigatória. Seguir calendário
dias. Aplicar reforço anual em todos os animais. A utilização determinado pelo Mapa.

outubro 2017 DBO 105

Saúde Animal

Arquivo DBO dispensável prevista no calendário, já que esta é uma

porta de entrada de patógenos que dão chance para in-

fecções oportunistas. O tratamento do umbigo con-

siste em imergir o cordão em solução com produtos

antissépticos, como álcool iodado 10% ou similares

também nas primeiras horas depois do nascimento.

Na fase de desmama, a orientação da pesquisadora

é acompanhar de perto a condição sanitária dos ani-

mais por conta do estresse causado pela separação das

mães, que pode baixar a imunidade deles.

A pesquisadora da Embrapa destaca, por fim o

papel da avaliação reprodutiva (exame andrológico

e diagnóstico de gestação) associada ao descarte de

fêmeas como um cuidado que ajuda a melhorar os

indicadores de saúde do rebanho.”Descartando no-

vilhas que não emprenharam, e vacas que falharam

pela segunda vez (consecutiva ou não), o produtor

vai selecionando suas melhores matrizes. E o mes-

A vacinação contra brucelose é obrigatória no Brasil e mo vale para os touros”, completa.
foi instituída por um programa nacional de erradicação
No calendário disponibilizado pela Embrapa o
dos aos da mãe, também é muito importante que antes
do parto a vaca seja vacinada contra algumas doen- produtor encontra folhinhas com uma lista de manejos
ças, como a diarreia neonatal, problema que costuma
afetar muito os bezerros”, diz Vanessa. Segundo ela, programados para acontecer mês a mês e uma tabela
fazer a cura do umbigo bem-feita é outra medida in-
com a relação de todas as recomendações por catego-

ria animal e período do ano. Uma ficha com orienta-

ções gerais acompanha o material. Acesse o calendá-

rio em: cloud.cnpgc.embrapa.br/cmrsz2017 n

106 DBO outubro 2017



Fatos & Causos Veterinários Enrico Ortolani

Neospora, o protozoário assassino.

N o artigo anterior, nosso personagem central menos, mas ainda constituem problema. Assim, o
foi o cão boiadeiro, seu papel no manejo do
gado e quando ele se torna mais vilão do que nascimento de cachorrinhos em propriedades já con-
herói. Agora, a figura central é um protozoário que
vive originalmente no cão, por isso se chama cien- taminadas aumenta o risco de se transmitir o parasi-
tificamente de Neospora caninum. Ele é o principal
causador de abortos em bovinos: 25% das ocorrências ta ao rebanho. Cães errantes, que visitam a fazenda
são ocasionadas por esse protozoário.
sem convite, também são um risco, para não falar do
A criatura passou despercebida até que, em 1988,
Professor titular da descobriu-se que ela causava “descadeiramento” em incontrolável cão-do-mato. Um recentíssimo estudo
Clínica de Ruminantes cachorros por sua presença no cérebro e na muscula-
da FMVZ-USP tura. Em 1991, constatou-se que era o principal algoz brasileiro comprovou que fazendas que têm cães com
[email protected] dos fetos bovinos na Califórnia. As comprovações no
Brasil surgiram em 1999. acesso ao rebanho mais que duplicam o risco de abor-
nnn
Vários estudos Esse parasita é microscópico. Seus ovinhos (oo- tos (2,3 vezes) por Neospora.
constataram cistos) são esféricos e com 10 micrômetros (μm) de
que vacas que diâmetro (1 μm é o metro dividido por 1 milhão). Porém, em casos nos quais não existem cães na
já abortaram Dentro do oocisto há oito espoizoítos, que são as
por neosporose menores formas vivas do parasita, com 2 μm. O áci- fazenda, a neosporose pode se manter no rebanho bo-
triplicam o risco do do estômago provoca o rompimento do oocisto e
de terem novos a liberação do espoizoítos, que são absorvidos nos vino pela passagem do parasita da placenta até o feto.
abortos intestinos. Daí, essas formas migram para muitos
nnn tecidos, podendo passar pela placenta, contaminan- Vários estudos constataram que vacas que já aborta-
do o feto. A cadela não aborta, mas a vaca sim, pois
o protozoário provoca danos graves ao feto. Alguns ram por neosporose triplicam o risco de terem novos
sobrevivem ao aborto, mas morrem no primeiro dia
de vida. abortos. Um estudo nos Estados Unidos demonstrou

É chover no molhado afirmar que o aborto traz que vacas mais velhas têm maior risco de abortar, mas
más consequências à reprodução da vaca. O aborto
é seguido de retenção de placenta, infecção uterina no estudo brasileiro isso só foi mais visto em fêmeas
(metrite), anestro (ausência de atividade ovariana)
pós-parto mais prolongado ou repetição de cio. Esse entre o primeiro e o quarto partos.
parasita tem como hospedeiro definitivo os cães e os
cães-do-mato (graxains ou surros, no Rio Grande do Os autores se dividem sobre o controle da doen-
Sul). Só eles eliminam os oocistos nas fezes, contami-
nando pastagens, água e alimentos. Dependendo das ça nos bovinos, em especial sobre a convivência de
condições de umidade e sombra, podem aí permane-
cer por meses ou até anos. O parasita resiste à maioria cães e a vacada na fazenda. Fiz uma enquete com
dos desinfetantes, mas a temperatura de 100ºC pode
trucidar o danado. dez especialistas brasileiros. Oito são a favor de ba-

O cão pode se contaminar pela via vertical e ho- nir o contato de cães com o rebanho, dois acham que
rizontal. A vertical ocorre pela passagem do parasita
pela placenta da cadela para o feto, ou ainda pelo seu não. Banir não significa obrigatoriamente eliminar
leite. A via horizontal se dá pela ingestão de água, ou
alimento contaminado – por exemplo, tecido bovino por meio de sacrifício ou retirada da matilha da pro-
contendo formas hibernadas do parasita, em especial
quando come placenta, feto abortado, fígado e cére- priedade, mas segregar, prendendo os cães em áreas
bro. Um horror!
restritas, longe do gado. Eu me junto à maioria dos
A idade do cão é muito importante na dissemina-
ção dos oocistos. Cãezinhos novos contaminados po- especialistas.
dem eliminar quantidades imensas de oocistos nas fe-
zes, enquanto os “totós” mais erados excretam bem O xis da questão é o que fazer com a vaca que

abortou. Um trabalho europeu identificou três cená-

rios: a não eliminação da fêmea; o descarte da vaca

com resultado laboratorial positivo para Neospora e

o descarte imediato de qualquer fêmea que abortou.

Como esperado, no primeiro cenário “tudo continua

como d’antes no quartel de Abrantes”; no segundo, o

número de abortos por neosporose caiu muito marca-

damente após dez anos; no últimos, os abortamentos

despencariam após quatro a cinco anos.

Outra pergunta é o que fazer com o feto aborta-

do. Por sorte, até onde se sabe, a neosporose não pas-

sa dos animais para o homem. Assim, manipular este

feto não teria problemas, mas não nos esqueçamos

da brucelose e da leptospirose, que podem acometer

o homem. Por isso, jamais manipule fetos abortados

sem luvas. Seu veterinário de confiança está treinado

para coletar materiais para confirmação laboratorial.

Caso não tenha esse privilégio, queime completamen-

te o feto, placenta e os líquidos fetais. Infelizmente,

ainda não foi criada uma vacina contra a neosporose,

assim depende de seu técnico e de você a escolha de

como prevenir o problema. Sejam sábios nessa e “pé

na tábua”! n

108 DBO outubro 2017



Manejo

O guardião da
bezerrada tem nome

Quando possui perfil ideal para atividade e é capacitado, “materneiro”
pode ajudar a reduzir índice de mortalidade da fazenda

Fotos: marina salles O materneiro Evandro Marques tem consciência da
importância de seu trabalho. “Se eu não fizer meu servi-
Nascido em Marina Salles, ço bem-feito, a fazenda perde dinheiro e meus colegas não
Capitão Poço, têm animais para cuidar”, diz. Melhor remunerado do que
PA, Evandro de Jaciara, MT outros vaqueiros, ele tem o perfil certo para a função e ca-
Marques [email protected] pacitação adequada. Foi orientado pela veterinária Fernan-
descobriu, da Macitelli, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas
no Mato E m um País com índices de mortalidade de bezerros em Etologia e Ecologia Animal (Etco) e docente da Uni-
Grosso, suas do nascimento à desmama ainda muito altos (média versidade Federal do Mato Grosso (UFMT), de Rondonó-
habilidades na de 9%), os chamados “materneiros” – nome que se polis, MT. Ela e sua equipe desenvolvem um “trabalho de
lida com os dá aos vaqueiros responsáveis por cuidar dos partos e das formiguinha” na região, para orientar os materneiros so-
bezerros. crias em seus primeiros dias de vida – têm ganhado status bre cuidados neonatais, comportamento mãe-filho e mane-
crescente nas fazendas, por fazerem real diferença na ren- jo carinhoso dos animais. No último ano, Fernanda treinou
tabilidade do negócio. Esse profissional (nem sempre valo- oito profissionais de quatro fazendas. O trabalho inclui cur-
rizado) precisa ser dedicado, observador e paciente, carac- sos e orientações a campo, inclusive para realização de au-
terísticas que Evandro Marques da Silva tem de sobra. Há topsias visando à identificação da causa mortis (ainda um
um ano e meio exercendo a função na Fazenda Araponga, problema no Brasil), auxílio ao parto e lida no curral.
em Jaciara, região sudeste de MT, ele já ajudou a baixar a
taxa de mortalidade do plantel da propriedade, composto Segundo Elisa Nishimura, filha do proprietário, o tra-
por 710 vacas puras e 170 receptoras cruzadas. Em fun- balho realizado no último ano salvou pelo menos 15 be-
ção da melhoria no manejo, esse índice caiu de 8,9% para zerros, evitando uma perda de R$ 97.000, considerando-
5,4%. Para o proprietário, Shiro Nishimura, selecionador -se que esses animais serão vendidos como tourinhos que
de Nelore PO há 30 anos, as mortes pós-natais representam valem 50@ de boi gordo, arroba a R$ 130. O benefício
grande prejuízo e devem ser reduzidas a no máximo 4% no não para por aí. Fernanda Macitelli explica que um animal
próximo ano, meta nada fácil de atingir quando se traba- melhor cuidado em seus sete primeiros dias de vida, que
lha com FIV (fecundação in vitro), cujos produtos nascem mamou o colostro da mãe e teve o umbigo curado correta-
mais frágeis. mente tende a ser mais saudável tanto ao pé da vaca quan-
to na desmama e recria. “Somado ao investimento em ge-
nética e nutrição, o manejo racional, que começa ainda na
maternidade, é a chave para ter touros mais dóceis, que,
nos leilões realizados na propriedade, chamam a atenção
dos compradores por sua calma”, acrescenta Deise Mescua
Zuim, zootecnista da empresa.

Rotina prazerosa

O trabalho do materneiro Evandro Marques da Silva
começa cedo e consiste em monitorar vacas em pré-par-
to e bezerros recém-nascidos. Às cinco horas da manhã,
quando entra para trabalhar no pasto maternidade, sua
primeira tarefa é identificar quem deu à luz na madru-
gada e quais as próximas vacas da fila de parição. “Eu
costumo observar se a vulva delas está mais escura, si-
nal de que aumentou a pressão sanguínea na área e o par-
to está próximo”, diz. Na hora do nascimento, o bezerro
que aponta os dois cascos para fora não lhe causa maior
preocupação e nasce sozinho, o que acontece na maioria

110 DBO outubro 2017

Fernanda Macitelli aposta nos ganhos proporcionados
pelo bem-estar animal

dos casos com vacas Nelore. “Agora, se preciso intervir, substituído”, diz a professora. O curso dura, em média, três Condução do
vejo se consigo manipular o animal dentro da cérvix e se dias e pode se estender conforme o desempenho do ­pessoal bezerro é feita
é necessário prender a fêmea”, conta. no campo. No primeiro dia, Fernanda acompanha o traba-
lho dos funcionários e, calada, filma e fotografa o que vê. sem pressa,
É Evandro quem vai de vaca em vaca para ver se suas No segundo dia, ensina conceitos de anatomia e fisiologia, mesmo debaixo
tetas estão cheias e os bezerros mamando. Essa verificação mostra tabelas, gráficos, estudos de caso e dados de pesqui-
garante que o fornecimento de colostro seja feito, no pas- sa científica. “Vou falando sempre com um linguajar muito do sol quente
to (se tudo estiver conforme), no curral (se houver neces- acessível, para que eles entendam o porquê de determina- MT
sidade de auxílio) ou com uso do banco de colostro (se a dos procedimentos e não sejam apenas instruídos a fazer
vaca abandonar a cria). O materneiro também é responsá- algo mecanicamente”. Nesse mesmo dia à tarde, ela revê
vel pela cura do umbigo, pesagem e vermifugação dos be- os manejos praticados na fazenda mostrando o que regis-
zerros, procedimentos realizados em um cercado ao qual as trou em foto e vídeo. O terceiro dia é dedicado a uma ver-
vacas não têm acesso, para garantir a segurança do funcio- dadeira aula prática, com todo o trabalho sendo supervi-
nário. Os bezerros que nascem à tarde têm o umbigo cura- sionado a campo por Fernanda. “O meu foco é melhorar
do na manhã do dia seguinte e os que nascem logo cedo as ações em benefício das pessoas e dos animais”, afirma.
passam por esse protocolo ao entardecer. Isso para estimu-
lar ao máximo o contato entre mãe e filho após o nascimen- Diante de um funcionário resistente ou contrário às
to. A média de partos na Fazenda Araponga é de quatro por mudanças propostas, ela alerta que o melhor remédio é
dia, mas pode chegar a nove, em determinados períodos. conversar e, se não houver acordo, trocar a pessoa por ou-
tra que corresponda ao perfil do materneiro (confira no box
Nos dois piquetes maternidade, ambos com 20 hecta- como selecionar o profissional). “Não existe um jeito úni-
res (um para novilhas e outro para multíparas, com o intui- co de fazer o manejo, mas certas coisas que o vaqueiro não
to de que as fêmeas mais eradas não roubem a cria das mais pode fazer, pois impactam diretamente no bem-estar ani-
novas), a lotação é de até 40 vacas nos meses de parição, mal e no bolso do dono da fazenda”, diz. Um exemplo é
época que vai de setembro a outubro. “A ideia é que as ma- ajoelhar sem comedimento sobre o bezerro na hora do ma-
trizes entrem no piquete maternidade no mínimo 48 horas nejo, o que pode deslocar sua paleta ou machucar sua man-
antes do parto e saiam sete dias depois do nascimento do díbula. Outro exemplo é arrastar o animal com o laço, o
bezerro”, explica Evandro. O restante do plantel ocupa os que facilita a entrada de poeira em suas narinas, aumentan-
pastos pré e pós-maternidade, ficando sob os cuidados de do as chances de que ele desenvolva pneumonia.
outros três funcionários. Um piquete em frente à sede, de 3
ha, abriga as receptoras cruzadas de embriões fecundados A comunicação entre o materneiro e a especialista con-
em vitro que estão perto de parir e são de responsabilida- tinua após o treinamento, sempre que possível. Evandro
de do materneiro, além de vacas que tiveram problemas de conta que o sucesso do controle de mortalidade na Fazenda
parto, mães de gêmeos e bezerros machucados ou fracos, Araponga depende também da análise das causas do óbito,
que não conseguem mamar sozinhos e contam com a as- tarefa para a qual Fernanda lhe dá suporte. “Eu mando ví-
sistência de outro funcionário. “Ali, todos conseguimos ver
o que está acontecendo e atender rapidamente os animais”, nnn Jaciara
explica a zootecnista Deise Zuim.
Ficha da Fazenda Araponga Cuiabá
Processo de capacitação
Localização: Jaciara, MT Prenhez em multíparas: 83,8%
Em Jaciara e em outras fazendas onde realiza o traba- Área total: 1.787 Prenhez em primíparas: 76,5%
lho de formação de materneiros, Fernanda costuma reunir Área de pastagem: 1.300 ha Prenhez em novilhas: 90,1%
todos os funcionários responsáveis pela cria para treina- Atividades: ciclo completo e seleção de Peso ao nascimento: 36 kg
mento. “O objetivo é fazê-los falar a mesma língua e evi- Peso à desmama: 230 kg ♂ e 210 kg ♀
tar que apenas o materneiro saiba realizar bem seu serviço. Nelore Taxas de desmama: 76,6% (sem FIV) e
Assim, caso ele fique doente ou precise viajar, poderá ser Rebanho total: 2.400 cabeças 68% (com FIV)
Plantel: 880 matrizes

(Nelore PO e receptoras)

outubro 2017 DBO 111

Manejo

O treinamento deo, tiro minhas dúvidas com ela e juntos tentamos chegar ternidade), associada a uma rígida conferência do núme-
do materneiro a alguma conclusão”, afirma. No dia da visita da reporta- ro de animais alojados nos piquetes, é outro resultado da
trouxe resultados gem de DBO, uma vaca amanheceu vigilante ao lado de mudança no manejo. No momento da cura do umbigo,
positivos para seu bezerro já morto. Fernanda fez a autopsia do animal, além de marcar a orelha dos bezerros com o número da
toda a fazenda” suspeitando que ele não tinha conseguido respirar, o que mãe, Evandro criou a estratégia de tatuar na costela de-
Deise Zuim, se confirmou após o exame. “Não é tudo que conseguimos les seu número identificador, o que facilita o trabalho no
zootecnista controlar: tem perda por onça, ataque de urubus à noite e pasto maternidade. Quando não encontra o par cria/vaca,
da Fazenda ele corre para procurar a cria e, se o animal está machu-
Araponga até pisada de vaca, que acontece, mas a gente faz o pos- cado, trata de levá-lo para o piquete em frente à sede.
sível para não perder bezerro”, diz Evandro Marques.
Com o número individual tatuado em tamanho grande
Deise conta que, antes, quase 100% das mor- na costela dos bezerros, Evandro também facilita a trans-
tes de bezerros eram atribuídas a causas desconhe- ferência deles do piquete maternidade para o pós-materni-
cidas ou fraqueza, o que mudou depois do treina- dade. Neste, como os filhotes continuam ao pé das mães,
mento. Além desses problemas, os registros agora todas as matrizes que perderam suas crias, em algum está-
apontam mortes por diarreia, má formação, infecções gio, são apartadas e avaliadas. Mantém-se sempre a razão
ou acidentes, o que contribui para que medidas efeti- 1:1 entre bezerros e vacas. Antes desse sistema de mane-
vas sejam tomadas. Com as anotações feitas por Evan- jo, a equipe apenas constatava a falta de alguns animais
dro em uma pequena caderneta, cujos canhotos são en- na desmama, quando já não tinha como recuperá-los ou
tregues diariamente à chefia, que digita as informações saber qual a razão de seu desaparecimento.
no computador, foi possível reduzir as mortes por diar-
reia e abortos ocasionados pela ingestão de plantas tóxi- O desafio, neste e no próximo ano, será reduzir as
cas. Agora, a diarreia é tratada no momento que o mater- perdas nas primeiras 48 horas de vida e dar atenção
neiro identifica o problema, independentemente de sua maior aos partos provenientes de FIV. “Estamos tendo
gravidade, e as vacas prenhas deixaram de ser colocadas casos de bezerros que nascem, mamam, o Evandro tra-
em pastos mais sujos, próximos a reservas. Para aten- ta e, no dia seguinte, aparecem mortos. Isso exigirá um
der a demandas sanitárias pontuais, Evandro também foi esforço nosso em observações e registros, para combater
orientado a carregar medicamentos básicos consigo e a as raízes do problema”, diz Deise Zuim. A zootecnista
seguir um protocolo preventivo de aplicação de antibió- também está estudando uma forma de sincronizar os nas-
tico nos bezerros ainda no primeiro manejo, o que está cimentos das receptoras. “Hoje, não temos como saber
sendo testado para ver se ajuda a reduzir a taxa de mor- quando o parto ocorrerá. Então, tem bezerro que enros-
talidade na fazenda. ca de madrugada”, conta Deise. A professora Fernanda
Macitelli afirma que o trabalho exige persistência, mas
Identificação é fundamental é possível chegar a uma mortalidade próxima de 2,5%.
A divisão dos pastos em três estações (pré, pós e ma- Para isso, a fazenda tem de trabalhar.

Cuidados que poupam vidas

Caderneta Para reduzir o índice de mortalidade na fazen- de bordo do materneiro, que, nele, deve anotar o núme-
de anotações da é fundamental seguir algumas diretrizes, ro de identificação do bezerro, seu sexo, data do nasci-
funciona como como a escolha correta dos pastos materni- mento e tamanho, escore corporal da vaca e condição
diário do dade, que devem ser baixos, mas de qualidade; do parto (com ou sem assistência). Detalhes sobre re-
materneiro jeição materna e dificuldade de mamar devem ser regis-
próximos à sede ou ao curral, para que os ani- trados no campo de observações. O ideal é que o pasto-
mais fiquem à vista, e limpos, livres de grutas, -maternidade seja monitorado pelo menos uma vez pela
valetas fundas e matas fechadas. Assegurar-se manhã e outra pela tarde, em horários mais frescos. De-
tectado algum problema de parto, dificuldade de o be-
de que eventuais buracos sejam tapados e de zerro se levantar, falha na mamada, bezerro pouco vigo-
que cercas e bebedouros estejam em ordem. roso ou vaca rejeitando a cria, o materneiro deve prestar
Segundo Fernanda Macitelli, também é im- socorro, se estiver capacitado para isso, ou comunicar o
problema ao responsável da fazenda para que ele tome
portante ter um responsável pelos partos. as devidas providências. Veja a seguir outros procedi-
“Escolha o materneiro e crie protocolos mentos essenciais na cria:
para casos de parto distócico, falta de co-
lostro, morte da vaca ou do bezerro, acidentes etc”, 1 Tenha cuidado no manejo – A recomen-
explica. O funcionário deve contar com todo o material dação de Fernanda Macitelli é não manejar os
necessário para realizar seu trabalho, como medicamen- recém-nascidos nas primeiras 6 horas após o parto;
tos, tatuador, pasta para tatuagem, aplicador de brincos,
tesoura, pinça, agulhas, seringas, balança e luvas.
O bloco de notas deve funcionar como um diário

112 DBO outubro 2017

Frota renovada de navios em operação contínua.

Manejo

se possível até 12 horas e nunca arrastá-los. O laço 5 Aplique o endectocida prescrito pelo
deve servir para capturar e não para enforcar. seu veterinário – Geralmente, o medicamen-
to é ministrado por via subcutânea (embaixo da pele).
Se fazendo necessário, pode servir para con- Nesse procedimento, devem ser usadas seringa e agu-
duzir o animal com calma, até mesmo preso ao ar- lha limpas. O local mais indicado é na região da tábua
reio do cavalo. É recomendável instalar um “cur- do pescoço. Algumas fazendas fazem uso de outros
ralzinho” ou outra instalação semelhante no pasto produtos, como antibióticos, que devem ser receitados
maternidade para apartar os bezerros de suas mães,
sem risco para o materneiro. 6 por um médico veterinário. Atente-se à posologia e ao

2 Saiba imobilizar o bezerro – Segure- local correto de aplicação.
-o pela virilha e o pescoço, apoie-o na per-
na e faça-o escorregar cuidadosamente até o chão. Obser ve se o bezerro ingeriu colostro
Quando o animal estiver deitado, use o peso de seu – De olho no vazio do animal e no úbere da
corpo de forma a evitar que ele tente se levantar. vaca, verifique se o bezerro mamou. Caso não tenha,
Jamais solte seu peso sobre o bezerro. Caso a fa- ajude-o. Para tanto, a mãe pode ser amarrada no pas-
zenda tenha manta de contenção (veja reportagem to, quando é mansa, ou levada para o curral para ser
no Especial de Instalações de maio e vídeo no Por- presa no tronco de contenção. Sendo necessário o
tal DBO), o animal deve ser segurado pela virilha e fornecimento artificial de colostro, recorra ao banco
pescoço e apoiado na perna do manejador para fa- de colostro e des-
cilitar a colocação de suas pernas nos buracos da congele o leite em
manta, que fica suspensa em um suporte munido de banho maria até
que atinja tempe-
balança. Caso a fazenda registre o peso do ratura entre 35 e
animal ao nascer, esse é o momento ideal. 37° C. Estes ani-
mais devem ser
3 Faça a cura do umbigo bem-fei- ajudados até que
ta – O cordão umbilical não precisa ser consigam mamar
cortado, se seu tamanho não oferecer risco de por conta própria
pisoteio pela vaca ou o bezerro. Ele deve ser na mãe ou na vaca
limpo com iodo diluído e tratado com um ci- madrinha (geral-
catrizante/repelente, aplicado na parte que en- mente leiteira).
tra em contato com a pele do abdômen.
7 Mantenha o olhar sempre atento – Mes-
4 Identifique o bezerro – Se o método utilizado mo os bezerros que já passaram pelo manejo
for a tatuagem, lembre-se de que o indicado é pas- pós-parto podem apresentar problemas como diarreia,
sar primeiro a tinta entre as nervuras da orelha do bezerro
e só então usar o tatuador. Na sequência, espalhe a tinta bicheiras, dificuldade de respiração ou infestação por
novamente para fixá-la bem.
carrapatos. Na rotina de visitas à maternidade, verifi-

que como está sua condição sanitária. n

Seleção do materneiro que está trabalhando nessa área, quem lhe ensinou o ofício, se
está satisfeito com o trabalho. Quando recebe uma negativa,
A seleção de funcionários para exercer a função de materneiro pergunta o que poderia melhorar, se é a infraestrutura da fa-
deve ser criteriosa. Quando convidou Fernanda Macitelli para zenda ou algum processo que o torna menos eficiente. Indaga
orientar o manejo na fazenda do pai, Elisa Nishimura queria que outra profissão o candidato gostaria de ter, com o intuito
que os peões entendessem que o gado precisa confiar neles e de perceber se continuaria na agropecuária.
não ter medo ou responder ao uso da força, opinião comparti-
lhada pela professora da UFMT. “Eu não humanizo os animais, “Também pergunto se ele gostaria que os filhos fizessem o
mas quero que o materneiro entenda que um bezerro é um re- que ele faz, para ver se se sente valorizado. Pergunto do que
cém-nascido. Você não pega um bebê e joga no chão, arrasta, ele tem medo e vejo se pende para o emocional (de perder os
deixa com frio, com fome”, diz. filhos, por exemplo) ou racional (medo de picada de cobra)”.
Então, a professora fica alguns dias na fazenda e observa a
Nas entrevistas com o pessoal da fazenda para seleção dos relação do funcionário com a família, os animais, a tropa e ou-
que mais se aproximam do perfil ideal do materneiro, Fernanda tros colegas. “E escolhemos quem tem o perfil de cuidador,
faz perguntas para compreender os laços do funcionário com que mesmo debaixo de um sol de 40°C vai tentar não perder a
a profissão. Avisa que não vai passar as informações para o paciência. Vai ver que dá para tocar a vaca sem se machucar,
patrão, pergunta quantos anos ele tem, há quanto tempo e por e não vai arrastar o bezerro”.

114 DBO outubro 2017

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A ACNB RECOMENDA

Leilões

Mercado volta a ter queda expressiva

Fraco desempenho nas exposições leva setembro
a ter a pior receita dos últimos cinco anos

Receita Alisson Freitas agropecuárias por todo o País. Entre elas, destaque
alisson@por taldbo.com.br para Expoinel, em Uberaba, MG, que teve desempe-
–20% nho bem abaixo do verificado na mostra do ano passa-
Após ensaiar uma recuperação em agosto, o do. A feira foi palco de sete leilões, quatro a menos do
Oferta mercado de leilões de animais voltou a sofrer que os 11 de 2016. A oferta caiu 29,5%, saindo de 398
baixas históricas em setembro. Durante o mês para 281 lotes. Já a receita de R$ 6 milhões represen-
–18,6% foram realizados 101 leilões, que venderam 10.260 ta um recuo de 53% em relação aos R$ 12,9 milhões
lotes de machos, fêmeas, prenhezes e embriões de ra- do ano anterior.
Média ças bovinas de corte por R$ 88,7 milhões. Foi o pior
faturamento para o mês desde os R$ 79,3 milhões de De acordo com o leiloeiro Nilson Genovesi, encar-
–1,8% 2012, de acordo com o Banco de Dados DBO. Já a regado do comando do martelo na maioria dos remates
oferta foi a mais baixa desde os 9.354 lotes negocia- da feira, a queda já era prevista e reflete o atual movi-
dos em setembro de 2010. mento no mercado de elite do Nelore. “Os leilões têm
sido mais enxutos e os produtores têm distribuído a sua
Na comparação com igual período no ano anterior, oferta ao longo do ano”, destacou, acrescentando que,
quando 112 remates arrecadaram R$ 111 milhões, a para reduzir custos, os pecuaristas também têm deixado
receita caiu 20%. Já no caso da oferta, a queda alcan- de lado os remates presenciais para apostar nos virtuais.
çou os 18,6% em relação aos 12.607 lotes negocia-
dos em setembro de 2016. O preço médio foi a cate- Além do corte de gastos, o leiloeiro destaca o recuo
goria que se manteve mais equilibrada, mas também no consumo interno de carne bovina como outro fator
não passou imune. Os R$ 8.653 de média deste ano de baixa. “Quando a carne está em alta, ela puxa toda
são 1,8% menores do que os R$ 8.810 do ano anterior. a cadeira produtiva. A cotação da arroba sobe e leva o
bezerro junto, valorizando também as matrizes, e assim
O desempenho do mês está atrelado à baixa nas sucessivamente, até chegar aos reprodutores”, avaliou.
vendas de animais de elite e produção em exposições
Outra mostra que teve queda expressiva foi a Cama-
Raças taurinas, sintéticas e compostas foram responsáveis ru, de Uberlândia, MG, que saiu da receita R$ 4,8 mi-
pela movimentação de R$ 30,3 milhões lhões no ano passado para R$ 2,5 milhões, um recuo de
47,2%. No sentido contrário, a alta mais expressiva foi
Raças Lotes Leilões Renda (R$) Média Máximo a da Goiás Genética. Com 273 animais vendidos por R$
2,4 milhões em quatro remates, a feira dobrou o seu nú-
Nelore 6.089 608 55.745.730 9.155 603.000 mero de leilões em relação à edição anterior e cresceu
55% na oferta e 53,6% no faturamento.
Angus 1.564 2012 9.869.490 6.310 105.600
Primavera gaúcha
Brangus 967 86 6.053.370 6.260 36.000
Com o início da temporada de remates de primave-
Senepol 704 8 9.125.020 12.962 300.000 ra, o Rio Grande do Sul foi a praça mais aquecida do
mês. O Estado foi palco de 12 leilões, que venderam
Tabapuã 388 71 2.657.870 6.850 28.500 2.356 animais, 21,3% a mais do que os 19.43 animais
do ano passado. A receita se manteve no mesmo pata-
Braford 336 88 2.732.050 8.131 36.800 mar, com R$ 13,9 milhões.

Hereford 97 44 893.600 9.212 29.600 O leiloeiro Marcelo Silva afirma que essas vendas
do início de primavera têm surpreendido. “A qualida-
Brahman 80 43 915.400 11.443 - de da oferta dá o tom da liquidez nesse começo de
temporada e os preços impressionam. Há pouco mais
Guzerá 60 22 208.850 3.481 - de cem dias jamais imaginaríamos esses valores. No
entanto, é necessário cautela, pois o setor ainda está
Canchim 45 1 365.760 8.128 14.700 em um momento de recuperação.”

Simental 40 22 440.400 11.010 - Como de costume, o grande pregão de setembro
foi o Megaleilão da GAP Genética, de Uruguaiana,
Marchigiana 32 1 107.360 3.355 - que arrecadou R$ 5,2 milhões, com a venda de 767
animais do quarteto de raças bovinas mais tradicio-
Devon 24 11 357.360 14.890 48.000 nais do RS: Angus, Brangus, Hereford e Braford. n

Wagyu 22 1 333.000 15.136 26.400

Caracu 18 11 95.200 5.289 -

Total 10.466 101 89.900.460 8.590 603.000

Critério de oferta.(-) Dados das leiloeiras Agreste, BC, Camargo Agronegócio, Cambará, Capitaliza, Central,
Connect, Correa da Costa, Estância Bahia, EDS, JC, Leiloboi, Leilosul, Leilogrande, Leilonorte, Leilosat, Minas,
Neto Dantas, Nova, Pampa, Panorama, Programa, Santa Rita, Tarumã, Teixeira Mattos, Trajano Silva, Triângulo
e WV Leilões. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Elaboração DBO.

116 DBO outubro 2017

Jornal de Leilões raio x

www.jornaldeleiloes.com.br

direto da pista

Em entrevista ao JL, Antônio Sciamarelli, O Jornal
da Semex, fala sobre as principais de Leilões
características dos touros de seleções acompanhou
focadas em qualidade de carne e em setembro
rendimento de carcaça. Segundo ele, os resultados
esse tipo de animal ajuda encurtar o de 151 leilões
ciclo produtivo dentro das propriedades e de raças
a aumentar a receita das fazendas. bovinas de
corte e leite
balanços e análises e ovinos. A
movimentação
Goiás Genética retoma agenda robusta financeira foi
Com o dobro de remates em relação ao ano passado, de R$ 282,4
receita da feira cresceu mais de 53%. milhões para
12.977 lotes,
Venda de genética volta a crescer na Expointer entre machos,
Com oferta de bovinos, caprinos e equinos, leilões da fêmeas,
gigante gaúcha faturaram R$ 12,1 milhões prenhezes,
aspirações e
coberturas.

coluna jl resultados

Sinal de alerta • GAP Genética fatura alto em
“Os programas de praça gaúcha
melhoramento genético
são fundamentais. Mas, é • Genética Aditiva engrossa
necessário cuidado para não oferta de primavera
se exaltar indivíduos sem
as qualidades morfológicas • Brangus JMT emplaca
necessárias para ser um R$ 7.215 de média
reprodutor.” José Luiz
Niemeyer, Fazenda Terra Boa. • Virtual Katispera tem touros
provados pela ANCP
Operação de risco
“O momento atual não • BSB Agropecuária encerra
permite aventuras. Os agenda Goiás Genética
produtores devem fazer
o uso do maior número • Agro Pontieri fatura R$ 2,1
de informações genéticas milhões
possíveis relacionadas à
produção, resistência e • Reprodutores Bodoquena
adaptação”, Valter Potter, saem a 66,2@
Estância Guatambu.
• Ari Ambrosi oferta produção
União das raças de Tabapuã
“Não há motivo para
encararmos as outras • DeltaGen reforça presença no
raças como concorrentes mercado Ceip
do Senepol no Brasil.
Nosso concorrente é o boi • Genética Valônia completa
de boiada, sem qualidade três edições
genética comprovada” Pedro
Crosara, ABCB Senepol. • Touro é vendido por R$ 75.000
no Angus Rio da Paz

• Mega Carpa tem receita de
R$ 6,5 milhões

outubro 2017 DBO 117

Leilões Brahman reestreia em grande
estilo no Leilão Sant’Anna
Conversa Rápida com
Depois de dois anos
Paulo Marques ausente, a raça Brah-
man voltou à pista do
Pelo terceiro ano consecuti- Leilão Sant’Anna, rea-
vo, Paulo de Castro Marques lizado no dia 17 de se-
abriu as porteiras da Fazenda tembro, em Rancharia,
Santa Ester, em Silvianópolis, SP. O criatório de Jove-
MG, nos dias 8 e 9 de setembro, para lino Mineiro havia in-
o Leilão Casa Branca. O criador é uma terrompido a venda da
das principais personalidades da pecu- raça durante esse perío­
ária brasileira e colocou à venda tou- do para corrigir proble-
ros e matrizes de suas premiadas sele- mas de fertilidade. A reestreia foi em grande estilo.
ções de Angus, Brahman e Simental. Os oito reprodutores em oferta foram vendidos ao
Em dois dias, foram vendidos quase preço médio de R$ 20.070.
200 animais por R$ 2,1 milhões.
A raça de maior destaque foi o Angus, com médias “O Brahman tem papel muito importante em reba-
de R$ 11.854 para os touros e R$ 20.675 para as fême- nhos F1 e anelorados pelo Brasil afora. Fizemos um
as. Entre eles estava o grande campeão de Avaré, PWM forte aperto de seleção e parece que estamos obtendo
Ruido TEICB1641 Candelero, vendido em 50% por R$ sucesso. Pouco a pouco nosso Brahman melhorado está
72.000 para Abel Leopoldino, da Fazenda Califórnia, voltando ao mercado”, destacou Jovelino Mineiro.
de Água Boa, MT. As vendas da raça foram pulveriza-
das para vários Estados. Embora o Brahman tenha atraído parte dos ho-
Em conversa com a DBO, Marques falou sobre o re- lofotes, o foco da oferta foi o Nelore. A raça teve
sultado do leilão e como tem sido a demanda por Angus 124 touros vendidos a R$ 10.610. Também foram co-
em diferentes regiões do Brasil. mercializados cinco touros Gir Leiteiro PO e POI a
R$ 5.664 e duas fêmeas a R$ 5.700. O total arrecada-
Como avalia o resultado do leilão? do foi de R$ 1,5 milhão.
Foi ótimo. As negociações fluíram normalmente de
Aliança mantém pista cheia
raça para raça, o que era uma das nossas preocupações.
Tivemos poucas diferenças de preços e a liquidez foi de A sexagenária seleção da
100%. O que nos chamou a atenção foi a distribuição dos família Rodrigues da Cunha,
compradores. Vendemos para 15 Estados diferentes e hoje conduzida por Ronaldo
também para a Bolívia e para o Paraguai. Rodrigues da Cunha (foto),
fez novamente a maior ofer-
A que pode ser atribuída essa grande variedade de ta de reprodutores do mês de
compradores? setembro com mais uma edi-
ção do Leilão Aliança. O re-
Temos um grande índice de recompra, o que mostra mate aconteceu na tarde de
que nossa genética tem dado resultado em diferentes re- 10 setembro, na sede da fa-
giões. Os próprios produtores usam os nossos animais e zenda, em Pontes e Lacerda,
indicam para os amigos. Nós também damos uma grande MT, e negociou 717 reprodu-
atenção ao trabalho de orientação e pós-venda, onde sem- tores Nelore aspados e Mochos à média de R$ 10.050,
pre tentamos conhecer cada projeto para indicar os ani- movimentando mais de R$ 7,2 milhões.
mais e raças mais adequados para aquele sistema de pro-
dução. Já teve caso de um produtor vir à nossa fazenda Na relação de troca, os animais saíram a 78,5@
para compra um touro Angus e sair com um Brahman. de boi gordo para pagamento à vista. Todos com ava-
liação genética do PMGZ, da ABCZ. Como de costu-
Nesse leilão tivemos um comprador de Angus do Sergipe. A raça me, os compradores puderam optar pelo pagamento
tem conseguido aguentar o clima da região Nordeste? em 40 parcelas.

Em casos isolados, sim. Existem alguns trabalhos Além da liderança do mês, a Aliança registrou a
em áreas do Norte/Nordeste com clima mais ameno. In- segunda maior oferta de touros do ano. De acordo com
clusive, um de nossos clientes trabalha com Angus em o Banco de Dados da DBO, o remate fica atrás apenas
A­ lagoas. Ficamos curiosos para saber como a raça esta- dos 1.000 Touros Grendene, realizado em agosto deste
va respondendo na região e descobrimos que os resulta- ano, em Cáceres, MT.
dos têm sido excelentes. A fazenda dele está localizada
em uma região mais alta, o que faz com que o clima não
seja tão quente em relação ao restante do Estado e facilita
a adaptação dos animais.

118 DBO outubro 2017

Braford brilha na serra catarinense e a fêmea Mãe Rainha P203 Tre-
vo Dourada foi arrematada por R$
Dois tradicionais criatórios ca- 28.800 para Ademir Hoinaski Fi- Kobe
tarinenses reuniram as suas produ- lho. No geral, a média de 20 touros Premium e a
ções de reprodutores e novilhas He- da raça foi de R$ 18.800 e das fê- Nacional de
reford e Braford no 7º Leilão Mãe meas foi de R$ 15.200. Wagyu
Rainha e Meia Lua, realizado no
dia 16 de setembro, em Lages, SC. Já no Hereford, as médias fo- Conhecido
ram de R$ 17.100 para os touros e mundialmente
O Braford foi o grande desta- de 17.900 para as fêmeas. Os desta- pelo alto valor
que do remate, com os dois ani- ques da raça saíram por R$ 29.660 de sua carne, o
mais mais valorizados da noite. O e R$ 24.000, macho e fêmea, res- Wagyu teve um
touro Mãe Rainha R01 Paysano pectivamente. Ambos foram adqui- evento de gala
Taura Hércules foi vendido por R$ ridos pelo criador Celso Arcanjo em Americana,
36.800 para Zoni Pereira de Souza Rosa, da Fazenda Ramada. SP, no dia 16
de setembro.
Arenas Soledade fatura R$ 3,4 milhões ­Ludovic ­Capdevielle, atual pre- A Fazenda
sidente da Associação de Sene- Angélica foi
Uma das mais consagradas li- res animais da linhagem Arenas e pol do ­Paraguai. palco do
nhagens da raça Senepol foi o foco multiplicar essa genética por meio 6º Leilão Kobe
da oferta e das discussões do En- de acasalamentos orientados. Também passaram pelo tater- Premium, que
contro Arenas Soledade, realizado sal lotes de Angus, Hereford e Bra- arrecadou
entre os dias 15 e 17 de setembro, Ponto alto do fim de sema- ford. No total, o remate arrecadou R$ 369.500
no resort Club Med Lake Paradise, na, o Leilão Arenas teve a maior R$ 1 milhão com a venda de 71 ani- com touros,
em Mogi das Cruzes, SP. receita dos remates de Senepol mais. “Essa genética é fruto de três novilhas e
do ano ao arrecadar R$ 3,4 mi- décadas de investimentos em linha- doses de
O evento, promovido por Ri- lhões com a venda de fêmeas e gens dos EUA, Argentina e do RS. sêmen. Além
cardo Carneiro (foto), foi marca- embriões. Além do público bra- Não esperávamos tanta receptivida- do pregão,
do pelo lançamento do programa sileiro, o remate também contou de dos nossos clientes”, arrematou também foi
de melhoramento genético Are- com a participação de pecuaris- Werner Kunze, titular da Arapari. realizada a
nas, que visa identificar os melho- tas paraguaios. Entre eles estava Exposição
Nacional da
Devon puxa vendas mo de R$ 48.000, e três matrizes a raça, que
no Arapari R$ 12.720, totalizando R$ 357.360. contou com
Foi a maior receita da raça do ano. 47 animais
Principal pista de Devon do ca- em pista.
lendário, o Leilão Arapari celebrou a
sua 14ª edição na tarde de 23 de se-
tembro. O palco foi o Parque de Ex-
posições Nova Vicenza, em Água
Doce, SC. Foram vendidos 21 tou-
ros a R$ 15.200, com lance máxi-

Sampa estreia com números reluzentes

Com oferta de bezerras e pre- 67.733 para as prenhezes. O gran-
nhezes, o Leilão Sampa estreou no de destaque foi a bezerra Princesa
calendário do mercado de elite do FIV da HRO, de apenas 7 meses,
Nelore na noite de 14 de setembro. vendida em 50% por R$ 242.400
Como o próprio nome já leva a de- para a Rima Agropecuária.
duzir, o remate aconteceu em São
Paulo, SP, mais precisamente na A promoção do evento ficou a
Sociedade Hípica Paulista. cargo dos neloristas Alceu Vasone
e Frank Vieira, da Nelore AF; João
Foram vendidos 20 lotes por Aguiar Alvarez, da Fazenda Valô-
R$ 1,8 milhão, com média de R$ nia; e Hélio Propheta, da HRO Em-
120.637 para as fêmeas e de R$ preendimentos e Agro Pecuária.

outubro 2017 DBO 119

Eventos

Agenda

Encontro da Scot Centro de Conhecimento em de pastagens em sistemas de
Em 17 de novembro, em São Agronegócios (Pensa USP). produção animal.
Paulo, acontece o Encontro de www.scotconsultoria.com.br/ www.simpaufvjm.wixsite.com/
Analistas da Scot Consultoria. encontrodeanalistas  ivsimpa2017
Dividido em dois blocos, um  
sobre macroeconomia e outro 4°Simpa 8º Simpósio sobre Corte
sobre o mercado do boi gordo, O 4° Simpósio de Produção Entre os dias 7 e 8 de dezembro
o evento se propõe a discutir de Animal (Simpa) organizado a Fundação de Estudos Agrários
que forma o cenário político e pela Universidade Federal Luiz de Queiroz (Fealq) e o
econômico atual tem interferido dos Vales do Jequitinhonha e Departamento de Zootecnia da
no setor agropecuário, com Mucuri acontece de 22 a 24 Escola realizam o 8º Simpósio
um panorama também do que de novembro em Diamantina, sobre Bovinocultura de Corte
esperar para 2018. Estarão MG. O objetivo é congregar com o tema nutrição e manejo
presentes representantes das profissionais da área de produção de bovinos em confinamento.
consultorias MB Agro, Scot animal e acadêmicos de O evento é uma oportunidade de
Consultoria, Wedekin Consultoria graduação e pós-graduação para difundir conhecimento técnico
e Radar Investimentos, além discutir os principais desafios para aumento da eficiência da
de membros do Centro de e oportunidades de aumento produção, apresentar a conjuntura
Estudos Avançados em Economia da produtividade no setor econômica do setor pecuário no
Aplicada (Cepea), Instituto agropecuário. Na programação, Brasil e as interações entre os
Matogrossense de Economia estão previstas palestras sobre sistemas de produção.
Agropecuária (Imea) e do formulação de ração e adubação www.fealq.org.br

120 DBO outubro 2017



Empresas & Produtos

Sementes incrustadas condição favoreça o agricultor que vai dessecar a forrageira
de alta qualidade
para semear soja em plantio direto. “Hoje, o produtor
Holandesa Barenbrug busca nicho de
produtores mais tecnificados não confia no que está sendo vendido no mercado de

forrageiras”, diz ele, numa referência à qualidade duvidosa

dos produtos encontrados, com baixo teor de pureza (40%).

“Como vamos oferecer um produto de alta qualidade, só

atenderá a quem realmente estiver interessado em aumentar

sua produtividade. Nosso diferencial é justamente esse:

trabalhamos 100% com sementes incrustadas e com no

mínimo 95% de teor de pureza”, diz Peixoto.

Ele explica que esse nível de qualidade só foi possível

graças à instalação de um moderno parque de máquinas,

no município de Guaíra, norte de São Paulo, já na vinda

da empresa holandesa para o Brasil. Ali funciona a sede,

com planta de beneficiamento e incrustação de sementes,

laboratórios e área para pesquisa. Nestes cinco anos,

a empresa investiu R$ 60 milhões, entre ativos (área,

Sementes incrustadas, de alta qualidade, de forrageiras benfeitorias, máquinas, entre outros) e inativos (aquisição
tropicais próprias para pastagens e rotação de
culturas no sistema de integração lavoura-pecuária do banco de germoplasma, programa de pesquisa e
(ILP). Essa é a estratégia adotada pela Barenbrug do
Brasil Sementes Ltda., subsidiária da Royal Barenbrug investimentos na marca).
Group, centenária empresa holandesa com sede em
Arnhem, sudeste dos Países Baixos, especializada em A aposta de crescimento feita pelo executivo da
melhoramento genético, produção e tratamento de
sementes de forrageiras. Segundo seu recém-empossado Barenbrug está calcada na estimativa de que 8% dos cerca
diretor-geral, o engenheiro agrônomo Álvaro Peixoto, a
estratégia se alinha com a visão de que a pecuária mais de 100 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil
tecnificada continuará a ganhar corpo no Brasil, assim
como o interesse de agricultores em sistemas integrados. sejam renovados anualmente, o que resulta em 8 milhões

Desde 2012 no Brasil, a empresa promete para 2019 de hectares. Além disso, mais 3 milhões de hectares viriam
o lançamento de cinco híbridos de braquiária. Um deles
terá a preferência de comercialização por parte da Dow do uso de braquiária em sucessão ao milho safrinha, o que
Agrosciences, multinacional norte-americana com a qual
Mais a Barenbrug mantém parceria para o desenvolvimento totaliza um mercado potencial de 11 milhões de hectares a
tecnologia: de híbridos ou cultivares e também para o processo
para o de incrustação de sementes do híbrido Mulato II, de ser trabalhado anualmente. “É o grande mercado. Só para
agrônomo propriedade da Dow. Segundo Peixoto, já foram feitos
Álvaro Peixoto, testes desses híbridos com produtores parceiros e se ter ideia, o mercado de sementes de algodão trabalha
diretor-geral da universidades, que englobam dois anos de corte e dois
Barenbrug no de pastejo. “Temos um banco genético próprio, parte com 1 milhão de hectares anuais”, compara.
Brasil, produtor dele oriunda da parceria com a Dow no México. Quando
adotará cada esses materiais estiverem prontos, a Dow escolherá um A empresa também trabalha com forrageiras de clima
vez mais deles e os demais serão comercializados por nós”, diz o
sistemas executivo da Barenburg. temperado, como o azevém, mas este segmento contribui
integrados
entre lavoura e Peixoto explica que a política da empresa é trabalhar com apenas 16% do mercado de sementes forrageiras
pecuária. com híbridos adaptados a cada bioma brasileiro e que essa
no Brasil (20.000 toneladas/ano, ante 120.000 t/ano).

Posiciona-se como uma das dez maiores empresas de

sementes forrageiras do País, de um universo de 250 em

atividade atualmente, e prevê que vá comercializar em

torno de 2.500 t de sementes este ano. “Ameta é chegarmos

a número 1 em cinco anos”, revela o executivo.

A Barenbrug do Brasil exporta para Paraguai,

Colômbia, Panamá, Equador e Honduras e tem presença

também na África do Sul. A empresa não revela o

faturamento; só o global, da Barenbrug Group, que foi

próximo dos 260 milhões de euros em 2016. “Nossa

participação é pequena, mas tem uma importância

estratégica muito grande”, limita-se a informar Peixoto.

Mais informações sobre a empresa podem ser obtidas

no site www.barenbrug.com.br. (MF e MJ)

Calculadora da Zoetis mede custo da vacinação

A multinacional do setor veterinário Zoetis acabou reprodutivas e a melhora na taxa de prenhez, os custos
de lançar a calculadora CattleMaster Gold, que com inseminação do rebanho diminuem, exemplifica
permite ao pecuarista medir os custos de vacinação a Zoetis. A ferramenta foi desenvolvida pela equipe
do rebanho com itens como vacina, mão de obra e de médicos veterinários e estatísticos da empresa, que
inseminação e o retorno econômico que se obtém explica que ela contribui, também, para os produtores
com a prevenção de doenças, sobretudo as ligadas tomarem decisões sobre investimento em sanidade no
à reprodução. Com a vacinação contra doenças rebanho. Zoetis, www.zoetis.com.br

122 DBO outubro 2017



Empresas & Produtos

Flytion contra carrapatos, moscas e bernes.

Olaboratório Clarion lançou o Flytion EC 50, medicamento específico para o controle
de carrapatos em bovinos, que, além de matar o parasita, também o desseca. O
medicamento também controla moscas e bernes. Segundo a empresa, o produto possui
a maior concentração de clorpirifós do mercado (50%), princípio ativo que se associa à
cipermetrina. Essa formulação favorece a eficácia no controle de cepas resistentes a outros
carrapaticidas, garante a Clarion. Tal mistura permite também a homogeneização da calda,
maior espalhamento e aderência do produto no couro e no pêlo do animal, facilitando o contato
do medicamento com os parasitas. O produto age tanto sobre parasitas adultos como sobre as
larvas. Segundo informa o laboratório, o Flytion EC 50 é ideal para ser incluído em programas
de controle estratégico. Clarion: www.clarionbio.com.br

Tecnovax começa a operar no Brasil

Líder no mercado de medicamentos biológicos veterinários na Argentina, com uma
fatia de mercado de 24% naquele país e venda anual de 120 milhões de doses de
vacina por ano, a Tecnovax começou a operar no Brasil. Ela atua também em países
da Oceania, Ásia, África e das Américas do Sul e do Norte. Para sua estreia em
território nacional, a Tecnovax trouxe duas vacinas líderes de venda na Argentina:
Providean Respiratória e Providean Repro 12. A primeira é indicada para prevenção
de doenças respiratórias em animais confinados e a segunda para animais em
reprodução. Mais informações: www.tecnovax.com.br

Fazen inaugura loja em Goiânia profissionais da cadeia da pecuária”.
e realiza evento em SP
Na outra iniciativa, em São Paulo, foi exibido
A Fazen, comandada pelo
empresário do setor de logística no MIS o documentário “Pecuária Brasileira –
Vasco Oliveira Neto, estreou no
mercado, em setembro, com duas História, Presente e Futuro”. A maioria da plateia,
ações de marketing: inaugurou,
no dia 11, sua loja física em inclusive, pôde se ver na tela, em trechos de
Goiânia, GO, e exibiu, dia 19,
um documentário com trechos depoimentos que somaram quase 27 horas de
de uma coletânea de entrevistas
com importantes atores da cadeia gravação, de um total de 84 entrevistas, e que
pecuária bovina brasileira no Museu
da Imagem e do Som (MIS), na capital paulista. demandaram um trabalho de seis meses. A coletânea
Ambos contaram com a presença de pecuaristas,
líderes empresariais do setor e consultores. poderá ser vista na internet pelo canal YouTube,
A inauguração da loja faz parte da estratégia de
oferecer ao mercado o que o empresário chama de em 19 vídeos. O mesmo trabalho também renderá
“novo conceito de comercialização de produtos e
serviços para uma fazenda”, inspirado em modelo a publicação de um livro, a cargo da jornalista
praticado nos Estados Unidos: atender aos pecuaristas
por todos os meios possíveis, incluindo internet, Ana Whately. “A ideia surgiu num contexto de
telefone e equipe de consultores para grandes contas.
Promete, também, oferecer uma completa plataforma valorização do fazendeiro, sua cultura, raízes,
de serviços, que inclui consultoria, programas de
computador, gestão e treinamento. “O objetivo é história e importância para a sociedade brasileira”,
atender a 100% da necessidade de consumo de um
pecuarista, seja ele de corte ou de leite, para que definiu Oliveira Neto, na apresentação.
tenha ganho em produtividade e rentabilidade”, define
o empresário, que destaca ser a loja “um espaço físico Teca Vendramini, do Núcleo Feminino do
que servirá de ponto de encontro para que se efetive
uma rede de relacionamento entre pecuaristas e Agronegócio; Cesário Ramalho, ex-presidente

da Sociedade Rural Brasileira; Fernando Saltão,

ex-diretor executivo da Associação Nacional de

Pecuária Intensiva (Assocon), e Rogério de Betti,

açougueiro e dono da marca De Betti Dry Aged,

Loja física foram os escolhidos para expressar suas opiniões
da Fazen
inaugurada sobre a iniciativa.
em Goiânia e
Oliveira Neto: A empresa de logística de Vasco Oliveira Neto
atender ao
pecuarista por que tornou o projeto viável é a AGV, que tem
todos os meios
possíveis. 46 centros de distribuição e atende 3.500 pontos

de entrega em MtodoonaoshBereassi_l.fAunFdaozedne tem como
investidores a capital norte-

9am9TeárixciaenoElqou7e _já, investiu em empresas como a
a Kinea Investimentos, private

equity do Grupo Itaú Unibanco, e a GEF Capital

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outubro 2017 DBO 125

126 DBO outubro 2017

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128 DBO outubro 2017



Sabor da Carne Hugo Rodas

Sai o churrasco, entra
a lasanha. De costela.

Hugo Rodas Vamos deixar o tradicional churrasco de lado gordura. Chego a pensar, inclusive, que a carne de
é paulistano, mas mora e falar hoje de culinária italiana. E de como primeiríssima, o filé mignon, apesar de macio, não
ela pode ser tão versátil, a ponto de uma tem o paladar marcante de alguns cortes com maior
em Cuiabá, MT, onde é massa aceitar tranquilamente uma combinação com teor de “banha”. Basta, obviamente, saber prepa-
proprietário do restaurante rar essas carnes. Sempre fiz muito churrasco típico
“Seu Majó” – nome carne bovina. Estou falando de um dos pratos de gaúcho, com fogo de chão, no qual a costela bovina
dado em homenagem maior sucesso do meu restaurante, a lasanha de é ingrediente que não pode faltar. Partindo dessas
a seu avô baiano –, que costela. Bovina, é claro. No Seu Majó, que funcio- preferências, decidi arriscar fazer a lasanha, que
mistura culinária italiana com um tempero meio
funciona há quatro anos na em um casarão centenário no Bairro das Goia- mato-grossense, meio gaúcho – já que boa parte do
no bairro das Goiabeiras. beiras, em Cuiabá, MT, conto com clientes fiéis, Estado foi colonizada pelos povos do Sul.

que já me disseram com todas as letras que “não

conseguem” pedir outro prato no estabelecimento,

a não ser a minha lasanha de costela.

De um lado, fico feliz em confirmar, por meio da Na pressão

clientela, o sucesso desta receita. De outro, gostaria O preparo da costela deve ser feito na panela

que esses assíduos frequentadores também arriscas- de pressão. Em primeiro lugar, douro a costela em

sem degustar os mais de 50 pratos oferecidos na casa, alho e cebola, previamente refogados em um pou-

vários deles feitos também com massa. Nosso cardá- co de óleo. Ela deve ser cortada em cubos gran-

pio tem uma identidade própria, que mistura cozinha des, com lados de 3 centímetros, mais ou menos.

brasileira “de vó” com gastronomia contemporânea, Quando estiver dourada, pego folhas de louro e as

mas também tem influência regional, italiana, perua- adiciono na panela, juntamente com água, até que

na, árabe, espanhola, entre outras. o líquido cubra a carne. A costela deve ser cozida

Voltando à carne que acompanha a lasanha, para que seu sabor seja “ativado”.

fsreamldpirnehgaoescteoistmeluait_oedqeuitvraobcaaldhaamr ecnotme cortes como Após 40 minutos a 1 hora na pressão, desligo o fogo
chamados de
e deixo a mistura descansando, até esfriar. Em seguida,

cortes “de segunda”. Eu os considero como cortes separo a carne do caldo do cozimento. A carne é des-

“de primeira”, porque têm mais gordura entremea- fiada. Quanto ao caldo, adiciono molho inglês, shoyu

da e nas bordas e, por isso, são muito saborosos. E e vinho tinto, reduzindo-o pela metade em fogo baixo.

vamos combinar: tudo o que é mais saboroso tem Em seguida, preparo um roux, mistura de manteiga e

farinha de trigo em partes iguais utilizada para engros-

sar o caldo. Com o roux pronto e homogeneizado, vou

colocando o caldo aos poucos, para não empelotar. E,

por fim, adiciono a costela desfiada neste caldo grosso,

misturando tudo. Com todos os ingredientes prontos

– além da massa da lasanha, obviamente –, vou fazen-

do as camadas com molho de tomate pelati ao sugo e

queijo. Em seguida, levo ao forno só para derreter o

queijo e temos uma lasanha de costela pronta.

Embora seja possível fazer este prato com outros

cortes bovinos, como a fraldinha, devo dizer que a cos-

tela é a minha preferida, pois tem mais sabor, justamen-

te por causa da gordura. Bom apetite! n

Lasanha de costela
Prato criado pelo chef Hugo Rodas e um dos preferidos
pelos clientes em seu restaurante. O ingrediente básico,
a saborosa costela bovina, dá um sabor marcante a esta
massa, principalmente por causa de seu teor de gordura.

130 DBO outubro 2017




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