Prefácio
Foi com muita honra que recebi o convite para produzir o prefácio do
livro (GUIA ÚNICO DE CIÊNCIAS HUMANAS NA REDAÇÃO – Como
usar o repertório sociocultural) dos professores Nelson Adrian e Jeffrey
Rabelo, dois conceituados profissionais que trabalham em grandes escolas
há muitos anos, com muita dedicação e amor pela educação, visando à
formação de cidadãos comprometidos com a sociedade.
A obra nos fornece excelentes e inovadoras ferramentas literárias para
que o estudante construa a redação de acordo com a tipologia textual
dissertativa-argumentativa exigida pelo ENEM – Exame Nacional do
Ensino Médio.
Essa conexão de ideias se dá desde o momento em que os alunos
recebem a temática, sendo essa analisada por eles, ressaltando as aptidões
exigidas pelo processo seletivo em questão. As competências 2 e 3, as mais
temidas pelos estudantes, encarregam-se da compreensão e interpretação do
objeto e dos textos motivadores. A primeira apresentada estabelece que se
deve observar as palavras-chave, estabelecendo abrangência temática. Isso
deve ser feito dentro da estrutura tipológica exigida pelo ENEM. Ademais,
é importante destacar o repertório sociocultural atrelado aos argumentos
pontuados na introdução. Já a segunda, enfatiza a seleção dos argumentos, a
organização, em ordem de relevância, primeiramente o argumento mais
expressivo, a relação do argumento com o seu devido repertório
sociocultural, exigido pela competência 2, e, por fim, a interpretação, ou
seja, a explicação da analogia existente entre o repertório e o seu respectivo
argumento.
De posse do conhecimento das exigências das competências 2 e 3,
percebe-se que estas demandam uma bagagem sociocultural que é
encontrada nesta obra de uma forma inusitada e de fácil compreensão,
incentivando o aluno a buscar novos conhecimentos (de mundo, filosóficos,
sociológicos...), formando, assim, um pensamento decisivo acerca dos
acontecimentos. Essa concepção da criticidade configura no estudante a
facilidade de desenvolver os temas que lhes são propostos pelo ENEM.
A construção de excelência se dá pela apresentação de informações
diferenciadas neste livro, como os textos de apoio que fornecem
informações importantíssimas para o direcionamento da argumentação;
autores e pensadores de referência relacionados a cada temática apresentada
na obra com a finalidade de fundamentá-la; exemplos práticos,
extremamente didáticos, direcionados ao cotidiano do aluno, para o melhor
entendimento das situações em que vivem; dicionário sociocultural, expõe
unidades léxicas específicas organizadas de acordo com a temática em
questão e, por fim, propostas de intervenção, competência 5, que são
organizadas em torno de alguns elementos, como: agentes transformadores
(Quem pratica a ação?); Ação (O quê?); Modo ou meio (Como?); Efeito
(Resultado da ação implementada na sociedade?) e detalhamento de
qualquer um dos elementos acima citados. Isso tudo você encontra neste
livro de uma forma muito simples, porém com a aplicação de um
conhecimento imensurável.
Todo esse zelo vem de uma grande arte: a de educar que, para muitos, é
um sacerdócio, algo que transcende o encontro entre mestre e aluno com o
objetivo de construir o conhecimento e, consequentemente, formar
cidadãos; para outros, apenas um ato de transmissão desse conhecimento,
na tentativa de aperfeiçoar o indivíduo enquanto ser humano. Posso falar
que, para os educadores Nelson Adrian e Jeffrey Rabelo, os quais tenho a
felicidade de ter como amigos, além de tudo isso acima citado, a educação é
um ato de amor, exercitada na arte de ensinar. Posso compará-los ao artista
que se compraz ao ver obras feitas por suas mãos comunicarem alegria a
todos aqueles que as observam e admiram. Assim, estes dois grandes
artífices criaram O Guia de Ciências Humanas na Redação, livro esculpido
no saber, oferecido a todos pela exposição do educar, representando
verdadeiros pontos de partida para a engrandecedora edificação humana.
Venho congratular os professores Nelson e Jeffrey por esta iniciativa de
oferecer uma ferramenta didática, que demonstra uma preocupação sincera
com a formação crítica e intelectual daqueles por quem são responsáveis.
Ademais, venho agradecer, mais uma vez, pelo convite feito a mim por
esses verdadeiros mestres do saber, para tecer algumas linhas acerca da obra
e convido a todos a irem mais além, em busca de novos conhecimentos por
meio desta que, na realidade, é mais um ponto de partida do que de
chegada.
Sylvia Helena de Vasconcelos Rodrigues Pinto
Professora Especialista em Produção Textual.
Como usar este livro
O seu aprendizado, caro leitor, é diretamente proporcional ao empenho e
foco que você quer aprender. Isso não vale somente para ciências humanas,
mas para qualquer coisa que você decidir aprender.
Por isso, eu gostaria de compartilhar com você algumas dicas para
facilitar o seu processo de integração nesse universo das ciências humanas
aplicadas à redação.
A estrutura do nosso livro é dividida em quatro partes:
Textos complementares;
Autores e pensadores que você pode usar como referência em sua
argumentação da redação (são os autores que estão diretamente ligado ao
tema proposto);
Exemplo prático (são exemplos no dia a dia que você pode visualizar a
partir do tema proposto);
Dicionário sociocultural (são os conceitos, as teses que você pode
utilizar perfeitamente no texto de redação).
O bônus grátis
Fique ligado! Alguns temas estarão marcados com indicações para que
você, leitor, saiba mais e fique mais informado sobre aquele assunto. Todos
os temas com a marca chamada de primeiro conceito terá uma estrutura
digital e você leitor poderá saber mais sobre os temas destacados no nosso
livro, então se informe em nossos endereços digitais de graça para nossos
leitores:
Canal no YouTube: Primeiro Conceito. Lá, você encontra grandes dicas
e análise de autores e teses destacadas em nosso livro.
Canal do YouTube: Canal Repertório sociocultural Enem PC. Nesse
canal, abordamos de forma direta os principais temas do repertório
sociocultural e como trabalhar esse aspecto no texto dissertativo.
O nosso Site: www.primeiroconceito.org. No nosso site vamos também
dar dicas para melhor entendimento do Livro.
Nosso Podcast na plataforma Spotify – Primeiro Conceito. Tudo gratuito
para nossos leitores. O nosso conteúdo em áudio é uma complementação do
nosso livro.
Propostas que já foram temas em Vestibulares
Fique ligado! Alguns de nossos temas analisados foram abordados em
alguns vestibulares como Enem e Fuvest. Isso é uma forma para que você
perceba qual seria a melhor análise sociocultural naquele momento.
“Que aqui se afaste toda a suspeita
Que neste lugar se despreze todo o medo”
(Dante, Divina Comédia)
Nelson Adrian - Sociólogo
Jefley Rebelo - Historiador e Filósofo
Tudo o que você sempre quis saber sobre o repertório
sociocultural na redação
PROPOSTA #1:
O bullying como uma prática
violenta nas escolas do Brasil
1 – Textos Motivadores
Texto I
O que é bullying?
Bullying é uma palavra que se originou na língua inglesa. “Bully”
significa “valentão”, e o sufixo “ing” representa uma ação contínua. A
palavra bullying designa um quadro de agressões contínuas, repetitivas,
com características de perseguição do agressor contra a vítima, não
podendo caracterizar uma agressão isolada, resultante de uma briga.
As agressões podem ser de ordem verbal, física e psicológica,
comumente acontecendo as três ao mesmo tempo. As vítimas são
intimidadas, expostas e ridicularizadas. São chamadas por apelidos
vexatórios e sofrem variados quadros de agressão com base em suas
características físicas, seus hábitos, sua sexualidade e sua maneira de ser.
Adaptado de: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/bullying.htm
2 – Autores e pensadores que podem ser referência em sua
argumentação da redação
Pierre Bourdier
Pierre Bourdieu
O sociólogo francês faz uma relação entre o poder e a banalização da
violência. Bourdieu avalia o conceito de violência simbólica como um
fenômeno que está em todos os lugares e se reverte em seu caráter banal,
mas não é menos danosa, pois pela violência simbólica (mídia, educação,
moda, costumes, direito, religião, cultura etc.) as pessoas tendem a aceitar
condições injustas ou inadequadas e a naturalizar relações desiguais. A
violência simbólica é um poder aceito concretamente, uma forma de cultura
vista como normal ou uma violência aceita no meio social. É o caso do
Bullying escolar e sua naturalização durante muito tempo em espaços
educacionais. A violência aceita como normal no meio escolar. A violência
simbólica torna, na maioria das vezes, o inaceitável em aceitável, em
convencional.
É importante considerar que Bourdieu não fala diretamente sobre o
problema do bullying nem mesmo indiretamente, mas avalia a violência
aceita como normal; nesse ponto podemos relacionar esse conceito
perfeitamente ao bullying que possui a mesma natureza social. Nesse caso,
caro leitor, você deve utilizar o conceito como uma forma de argumento do
porquê do seu desenvolvimento durante tanto tempo na sociedade
brasileira. Usando nessa situação a tese de Bourdieu como um referencial
teórico perfeito na relação com o bullying.
Michel Foucault
Michel Foucault
Seus estudos foram particularmente influentes e, de certa forma,
mudaram a maneira como concebemos saberes ligados à prisão e às teorias
punitivas; as instituições disciplinares como hospitais, clínicas psiquiátricas
e escolas. Foucault destaca as práticas de poder antes mesmo que as
instituições, as práticas de encarceramento, antes mesmo que as prisões. O
autor caracterizou a modernidade ocidental pelas relações de poder (toda
relação social é permeada por estratégias de dominação, de controle, por
tentativas de interferir sobre a ação de outras pessoas ou mesmo sobre o
pensamento de outras pessoas).
Foucault estuda o poder das instituições disciplinares, sua função de
controlar, manter e organizar os internos entre quatro paredes através de um
sistema disciplinar. E nesse caso as escolas são uma forma de poder
disciplinar, uma forma de poder e organização. No seu livro Vigiar e Punir,
Foucault avalia o poder das instituições disciplinares e sua força de coerção,
de corrigir gestos e pensamentos como, por exemplo, as escolas. As
disciplinas, segundo o autor, são um tipo de organização de espaço, um
modelo de controle do tempo e um mecanismo de conhecimento e
vigilância. As disciplinas como na escola constituem práticas de um poder
que normalizam e individualizam. Os alunos, as crianças, adolescentes
tornam-se objeto desse poder. Mas uma vez é importante perceber que o
Foucault não analisa diretamente a violência do bullying, entretanto
estamos falando de uma prática muito comum na escola, justamente o
espaço escolar que também é um espaço disciplinar como nos diz Foucault.
Quando você leitor utiliza o conceito de sociedade disciplinar de Foucault,
fatalmente você consegue perceber que esse modelo está diretamente ligado
a um campo disciplinar entre quatro paredes como a escola.
Microfísica do poder segundo Michel Foucault
Segundo Michel Foucault, o poder não pertence à política, no sentido da
política do Estado. O poder pertence ao mundo cotidiano, às relações entre
os indivíduos. As relações de poder são de certa forma esquecidas pela
nossa sociedade porque nós tendemos a acreditar nas ideias e nos saberes
produzidos a partir dessas relações. Para o autor toda e qualquer relação
está ligada à ideia de poder, que consequentemente está ligada à violência.
O poder está diluído em toda e qualquer relação no cotidiano, daí então a
razão de a escola apresentar relações simples que podem levar a violência.
Nesse caso as relações dentro dos colégios entre alunos e professores e
entre os próprios alunos podem estar atreladas a um grau de violência que
Foucault chamaria de microfísica do poder, estando o bullying
perfeitamente classificado nesse conceito.
3 – Exemplo prático
“Quero esfaquear-me”. O desespero de uma criança que sofre bullying
na escola e pede para morrer.
Mãe da criança de nove anos partilhou momento de desespero do filho
nas redes sociais.
20 de fevereiro de 2020
Retirado de: https://sol.sapo.pt/artigo/686761/quer
4 – Dicionário sociocultural
iolência física: Ação ou omissão que coloque em risco ou cause danos à
integridade física de uma pessoa.
Violência institucional: tipo de violência motivada por desigualdades (de
gênero, étnico-raciais, econômicas etc.) Predominantes em diferentes
sociedades. Essas desigualdades se formalizam e institucionalizam nas
diferentes organizações privadas e aparelhos estatais, como também nos
diferentes grupos que constituem essas sociedades.
Violência intrafamiliar: acontece dentro de casa ou unidade doméstica e
geralmente é praticada por um membro da família que viva com a vítima.
As agressões domésticas incluem: abuso físico, sexual e psicológico,
negligência e abandono.Violência moral: ação destinada a caluniar, difamar
ou injuriar a honra ou a reputação da mulher.
Retirado de: www.adolescencia.org.br
PROPOSTA #2: O aumento dos distúrbios psicológicos no
ambiente de trabalho e seus efeitos negativos.
As doenças clássicas ocasionadas no trabalho e que podem gerar até
mesmo o afastamento de um colaborador são: Depressão; Estresse
ocupacional; Síndrome de burnout (síndrome do total esgotamento físico e
mental), que é exclusiva do trabalho.
1 – Textos Motivadores
Texto I
Os dados apontaram que mais de 40,0% dos docentes apresentaram, em
ano anterior à pesquisa (2009), comprometimentos quanto à sua saúde
mental, sendo as principais queixas a depressão (29,0%) e a ansiedade
(23,0%).
18 de abr. de 2019
Texto II
2 – Autores e pensadores que podem ser referência em sua
argumentação da redação
Simone Weil
Simone Weil
Essa autora faz uma análise sobre as condições de produção em que
viviam os trabalhadores da indústria no início do século XX. Seu estudo
está embasado no ambiente de trabalho e como esse ambiente é responsável
por uma série de patologias dentro do espaço empresarial. Weil é a primeira
estudiosa a estudar as condições de trabalho dos operários das indústrias e
chegou à conclusão de que alguns distúrbios psicológicos e mesmo
problemas físicos como a LER (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) têm relações direta com o
espaço do trabalho. A nossa autora estuda diretamente os transtornos de
esforço físico no ambiente de trabalho, como também os distúrbios
psicológicos dos trabalhadores da indústria. Weil consegue captar esses
problemas no ambiente de trabalho porque esteve diretamente ligada a esse
ambiente. A pesquisadora trabalhou durante um tempo no ambiente
industrial do início do século XX e conseguiu observar com mais realidade
os problemas físicos e psicológicos dos trabalhadores.
Karl Marx
Karl Marx
O filósofo alemão estuda as relações de classes sociais, ele avalia a
condição desigual entre as classes como, por exemplo, a exploração de um
grupo sobre outro. Menciona as relações dialéticas entre as classes e os
conflitos e as desigualdades. É importante frisar que Marx não estuda nem
avalia os problemas psicológicos, os distúrbios mentais dos trabalhadores
no ambiente de trabalho, entretanto ele avalia a condição de exploração de
classe patronal sobre a proletária. Nesse caso, leitor, fique atento a esse
aspecto a respeito de um tema sobre desgastes dentro do ambiente de
trabalho. Marx não avalia esse ambiente, mas avalia a condição de
exploração.
Elton Mayo
Elton Mayo
Esse pesquisador norte-americano foi responsável (na década de 1930)
por uma nova tese na área do trabalho denominada “Teoria das Relações
Humanas”. A sua ideia parte da visão do respeito ao trabalhador no
ambiente corporativo. Bem diferente dos modelos industriais Taylorista-
fordistas, (que consideravam o funcionário apenas como uma engrenagem
de uma grande máquina e sujeito a todo tipo de assédio moral), a teoria das
relações humanas buscava tornar a administração corporativa mais humana
e democrática. Para Mayo, os trabalhadores buscavam um bom salário, bem
como uma carga horária melhor, entretanto nada disso teria sentido se o
respeito no ambiente de trabalho não fosse realmente considerado. Nesse
caso, a teoria das relações humanas passa a abranger, na administração, o
fator subjetivo dos trabalhadores, como a valorização do funcionário (que
agora será chamado de colaborador) como também as relações informais
dentro da empresa, além do reconhecimento dos aspectos emotivos. Para
Mayo o funcionário não buscava apenas a sua subsistência física, mas
também o respeito dentro da sua empresa. Esse fator cria até mesmo uma
nova filosofia dentro das empresas modernas: “trabalhador motivado,
respeitado é trabalhador mais produtivo”, ou seja, para Mayo, as pessoas
buscam reconhecimento dentro do seu ambiente de trabalho e sem esse
aspecto a possibilidade da má produtividade tende a aumentar
significativamente no ambiente corporativo.
3 – Exemplo prático
Auxílio-doença
No Brasil, transtornos mentais e comportamentais são a terceira causa de
incapacidade para o trabalho, correspondendo a 9% da concessão de
auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, de acordo com dados do 1º
Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade (Secretaria de
Previdência/Ministério da Fazenda/2017).
O levantamento também mostra que os episódios depressivos são a
principal causa de pagamento de auxílio-doença não relacionado a acidentes
de trabalho, correspondendo a 30,67% do total, seguido de outros
transtornos ansiosos (17,9%).
Quando se olha para o quadro de auxílios pagos relacionados ao
trabalho, os números são ainda mais expressivos. Reações ao “stress” grave
e transtornos de adaptação, episódios depressivos e outros transtornos
ansiosos causaram 79% dos afastamentos no período de 2012 a 2016.
Retirado de: https://www.anamt.org.br/portal
4 – Dicionário sociocultural
Síndrome de Burnout
Falta de motivação, sensação de esgotamento físico e mental, vontade de
se isolar. Irritabilidade, pessimismo, dificuldade de concentração,
ansiedade. Dores de cabeça e nas costas, fraqueza, mudanças bruscas de
humor, insônia, lapsos de memória. A combinação de todos esses sintomas
tem nome: Síndrome de Burnout, (ou Síndrome do Esgotamento Nervoso).
A síndrome, que foi definida pelo psiquiatra alemão Herbert
Freudenberger em 1974, pode ser desenvolvida em resposta ao estresse
excessivo e prolongado de atividades relacionadas ao trabalho. A
palavra Burnout, de origem inglesa, é resultante de duas outras: burn, que
significa “queimar” e out, que quer dizer “fora”. Em tradução para o
português, o termo expressa “queimar por completo”. O estado de exaustão
intensa nos níveis físico e mental faz com que um indivíduo se sinta
sobrecarregado a ponto de tornar-se incapaz de responder às demandas
constantes de sua função no trabalho.
novaescola.org.br –Ana Carolina C.D. Agostini
PROPOSTA #3 A problemática do trabalho análogo à
escravidão no Brasil
1 – Textos motivadores
Texto I
Como a lei define a “condição análoga à de escravo”?
O Artigo 149 do Código Penal define trabalho análogo ao escravo como
aquele em que seres humanos estão submetidos a trabalhos forçados,
jornadas tão intensas que podem causar danos físicos, condições
degradantes e restrição de locomoção em razão de dívida contraída com
empregador ou preposto. A pena se agrava quando o crime for cometido
contra criança ou adolescente ou por motivo de preconceito de raça, cor,
etnia, religião ou origem.
Adaptado de: https://www.conectas.org/noticias/como-a-lei-brasileira-define-o-trabalho-analogo-
ao-escravo?
2 – Autores e pensadores que podem ser referência em sua
argumentação da redação
Karl Marx
Karl Marx
O homem, para Marx, é o sujeito ativo e com sua atividade cria o objeto,
que, apesar de ser um produto seu, na sociedade capitalista, não se
reconhece em sua atividade; no produto de seu trabalho, esse lhe é estranho,
alheio. O objeto obtém um poder que se volta contra o sujeito, domina-o,
converte-se em seu predicado. A sociedade dominada pelos ditames do
capital leva o ser humano a se identificar com a mercadoria, desumanizando
assim sua condição humana e o tornando alheio ao seu processo existencial
e à sua atividade. A teoria de Marx esclarece que as relações sociais estão
permeadas pela estrutura social, que gera desigualdades gritantes, ou seja, a
injustiça social, a exclusão social, o abandono dos sujeitos dessa sociedade
à própria sorte. Marx não abordou diretamente o tema do trabalho análogo a
escravidão, mas avalia que os sujeitos trabalhadores desapareceram
enquanto sujeitos sendo apenas um meio para a riqueza dos meios de
produção. Nesse caso, leitor, entende que o filósofo alemão não cita o
trabalho análogo a escravidão (esse é um termo bem atual), entretanto você
pode utilizar Marx como seu referencial teórico, visto que o tema do
trabalho análogo a escravidão tem relação direta com a exploração, a
pobreza, miséria do trabalho. Marx menciona que na história da
humanidade a exploração no trabalho leva a uma condição de miséria e
pobreza. Que os indivíduos que mais são explorados pelos poderosos estão
numa condição de miséria total. Então, leitor, repare e preste atenção para a
nossa dica: Marx não fala sobre trabalho análogo a escravidão, entretanto
ele aborda a condição de exploração e miséria do trabalho principalmente
no capitalismo. E toda aquela pessoa que está numa condição de trabalho
análogo a escravidão passa também por condição de exploração e
desrespeito.
Ricardo Antunes
Ricardo Antunes
O sociólogo brasileiro Ricardo Antunes menciona o conceito de
precarização do trabalho, um conceito ligado às novas relações ou aos
modelos de mercado de trabalho no capitalismo vigente. Segundo Antunes:
“Na escravidão o trabalhador era vendido, na terceirização ele é alugado”.
O sociólogo estuda o conceito de Precarização do trabalho e a falta de
direitos formas do trabalhador atual. As novas formas de relações de
trabalho criam cada vez mais trabalhadores informais com uma condição
trabalhista precária. Antunes considera que a precarização do trabalho se
torna uma regra, pois o sistema trabalhista perde cada vez mais espaço e os
direitos também. Assim como precarização do trabalho é um tipo de
desrespeito e desumanização do trabalhador, da mesma forma é o trabalho
análogo a escravidão, vendo no mesmo sentido da precária condição do
trabalhador e a informalização.
Adam Smith
Adam Smith
O pai da economia moderna e grande influenciador de autores como
Karl Marx e Ricardo, o economista escocês Smith avalia e estuda sobre a
importância do trabalho e suas relações. Para Smith, o valor das coisas e
produtos estão diretamente ligados ao trabalho; como arguto observador,
Smith identifica que o trabalho é também lugar de conflito. Segundo ele,
nas relações de trabalho se impõe uma lógica de classe caracterizada pelo
“egoísmo dos comerciantes e dos manufatureiros”. Os primeiros se unem a
fim de reduzir os salários ao máximo e os segundos buscam aumentar a sua
remuneração. Smith alerta para a tendência de abusos por parte de
corporativismo mercantil e dos monopólios geralmente em conluio com o
Estado. Defende salários satisfatórios e um mínimo de proteção aos
trabalhadores.
3 – Exemplo prático
4 – Dicionário sociocultural
Origem da Palavra Trabalho
A palavra “trabalho” tem sua origem no vocábulo latino “Tripallium” –
denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus
(pallium). Desse modo, originalmente, “trabalhar” significa ser torturado
no tripallium.
Quem eram os torturados? Os escravos e os pobres que não podiam
pagar os impostos. Assim, quem “trabalhava”, naquele tempo, eram as
pessoas destituídas de posses.
A partir daí, essa ideia de trabalhar como ser torturado passou a dar
entendimento não só ao fato de tortura em si, mas também, por extensão, às
atividades físicas produtivas realizadas pelos trabalhadores em geral:
camponeses, artesãos, agricultores, pedreiros etc. Tal sentido foi de uso
comum na Antiguidade e, com esse significado, atravessou quase toda a
Idade Média.
Retirado de: https://cafecomsociologia.com/
PROPOSTA #4: O problema dos refugiados em meio ao Brasil
contemporâneo
O mundo vive atualmente a mais grave crise de refugiados desde o fim
da II Guerra Mundial, em 1945. São 65,6 milhões de pessoas que foram
obrigadas a deixar seus lares, fugindo de guerras, conflitos internos,
perseguições políticas e violações de direitos humanos.
1 – Textos Motivadores
Texto I
Texto II
E há tempos nem os santos
Têm ao certo a medida da maldade
E há tempos são os jovens que adoecem
E há tempos o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção.
Legião Urbana, Há Tempos (1989)
As pessoas migram em busca de abrigo e proteção.
2 – Autores e pensadores que podem ser referência em sua
argumentação da redação
Hannah Arendt
Hannah Arendt
A filósofa aponta a questão dos refugiados por meio da história dos
judeus a partir da segunda guerra mundial. As guerras foram seguidas pela
migração em massa dos que não eram bem-vindos e não podiam ser
assimilados. Esses povos e grupos, fora da região de origem, permaneciam
sem pátria e sem proteção: tornavam-se apátridas. Quando perdiam o direito
de pertencer a um Estado, perdiam todo e qualquer direito. Os apátridas e os
refugiados eram considerados os refugiados da terra. Assim era a condição
dos judeus antes da Segunda Guerra Mundial e essa é a condição de muitos
outros povos na condição de refugiados hoje na atualidade.
O problema dos destituídos de Estado como sendo também destituídos
de direitos já havia começado com a Revolução Francesa, na medida em
que essa vinculou de forma forte os direitos do homem com a soberania
nacional. A contradição de que as minorias não tinham Estado, mas
estavam localizadas em um dado território. E, nesse sentido, precisavam de
proteção adicional para sua autopreservação, da preservação da língua e da
cultura. Os tratados das minorias não previam a mobilização em massa dos
povos sem Estado. Após a Segunda Guerra, no entanto, houve iniciativas de
repatriação das minorias, o que criou enormes dificuldades, pois muitas
vezes as pessoas eram repatriadas para locais onde não tinham mais laços
ou para locais que não desejavam ir. A filósofa Arendt usava o termo
“Homens descartáveis” para se referir aos refugiados, aos apátridas; enfim,
a todos aqueles que eram vistos como estrangeiros na condição de ilegais
em um país.
Arendt diz que a maior privação dos direitos humanos dos refugiados é a
privação de um lugar no mundo. Quando alguém deixa de pertencer à
comunidade, não é privado do seu direito à liberdade, mas do direito à ação,
não do direito de pensamento, mas do direito de opinião. Por isso, para
Arendt, o fundamental da discussão sobre direitos humanos é a questão “do
direito de ter direitos e o direito de pertencer a algum tipo de comunidade
organizada” (ARENDT, 2004, p. 330).
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Zygmunt Bauman
Zygmunt Bauman
Em seu livro “Vidas desperdiçadas”, o sociólogo polonês aborda a
condição de grupos sociais, que, na sociedade pós-moderna, encontram-se
desprezados, humilhados e excluídos de forma global. “Nosso planeta está
cheio”, afirma Zygmunt Bauman no livro. Não somente do ponto de vista
físico e geográfico, mas também social e político. Já não há mais espaço
para esse “lixo humano” produzido pela sociedade de consumo. Essa
população fora da lei jamais será incorporada ao sistema produtivo nem
manterá qualquer tipo de relação estável. O grande problema dos Estados é
que destino dar a ela. Esse é o foco para onde convergem as políticas de
segurança de todo o planeta. A produção de seres marginalizados é
inevitável em nossa sociedade. Os refugiados fazem parte desse “refugo
humano”, de seres desconsiderados, desprezados e ilegais. Preocupado com
o ambiente em que vivemos, lança sua análise aguda e aprofundada em
busca de recuperar uma perspectiva humanista do social, resgatar a
humanidade dos que globalmente são vistos como o “lixo humano” da
sociedade global. E os s refugiados estão nessa condição segundo Bauman.
3 – Exemplo prático
O filósofo contemporâneo Giorgio Agamben publicou o livro Homo
Sacer: o poder soberano e a vida nua. Nesse ensaio, o filósofo italiano,
tradutor de Walter Benjamin, recorda uma esquecida e obscura figura
jurídica latina. O homo sacer era aquele cuja morte não tinha caráter
sacrifical e cujo assassinato não representava uma pena jurídica. O homo
sacer era um excluído, desprezado, um joão-ninguém como os refugiados
em uma sociedade estranha e distante.
AMARILDO SERIA O HOMO SACER?
A nota de menor valor na sociedade
Uma das obras mais importantes do artista plástico Cildo Meireles.
4 – Dicionário sociocultural
Anistia Internacional
A Anistia Internacional constitui-se de um movimento que reúne mais de
sete milhões de pessoas em todo o globo. Atua por meio da investigação,
denúncia e realização de campanhas para proteger pessoas e comunidades
que têm seus direitos humanos ameaçados ou violados. A Anistia
Internacional tem presença em todos os continentes, seja com escritórios,
acompanhamento da situação de direitos humanos ou o trabalho de
ativistas, voluntários que levam a mensagem e as mobilizações da Anistia
Internacional para seus territórios.
Exi Asilo Político
É uma instituição jurídica que visa à proteção de qualquer cidadão
estrangeiro que se encontre perseguido em seu território por delitos
políticos, convicções religiosas ou situações raciais. [...] O direito de
“buscar asilo” em outro Estado é garantido pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
PROPOSTA #5: O suicídio na juventude brasileira:
alternativas para sua prevenção e seu combate
Recentemente, uma revista de grande circulação nacional divulgou
dados alarmantes do relatório que a Organização Mundial da Saúde (OMS)
apresentou em 2016: a cada quatro segundos, uma pessoa comete suicídio
no mundo. Em nosso país, o Jornal Brasileiro de Psiquiatria publicou
um estudo do Scielo chamando a atenção para o aumento da tendência de
suicídio entre adolescentes e jovens de 10 a 19 anos.
https://hospitalsantamonica.com.br/
1 – Textos motivadores
Texto I
Os 13 Porquês
13 Reasons Why é uma série de televisão norte-americana, dirigida por
Brian Yorkey, lançada em março de 2017 no Netflix. Baseada na obra
literária “Os 13 Porquês” de Jay Asher, a série conta com duas temporadas,
a segunda lançada em maio de 2018.
(...)
Retirado de: https://www.culturagenial.com/serie-13-
2 – Autores e pensadores que podem ser referência em sua
argumentação da redação
Émile Durkheim
Émile Durkheim
O sociólogo Durkheim estuda o fenômeno do suicídio a partir das
condições sociais de uma sociedade em transformação como a Moderna.
Para o sociólogo francês o suicídio não seria apenas um problema
psicológico, um distúrbio metal, mas o resultado de uma condição social ou
um padrão de vida ligado a pressão da sociedade que ele denomina de
Anomia. Um estado de desespero de desorientação no meio social.
Durkheim revela que os índices de suicídio não poderiam ser explicados
pela psicologia individual. Segundo ele, “são completamente diferentes os
resultados, quando esquecemos o indivíduo e procuramos as causas de
tendência para o suicídio em cada sociedade, na natureza das sociedades”.
Mesmo que ele compreenda que o suicídio sempre será uma escolha pessoal
e há todo tipo de motivações psicológicas que induzirão uma pessoa, e não
outra, a decidir matar-se, até mesmo nessa conduta extremamente
individual atuam fatos sociais.
A causa de taxas elevadas ou reduzidas de suicídios foi considerada um
fato social que Durkheim denominava “solidariedade social”, ou seja, o
grau em que uma sociedade é integrada, mantida coesa, como um todo
sólido. Quanto maior é a identificação de uma pessoa com um grupo, tanto
mais ela se apegará à vida. O suicídio é, portanto, uma questão de desajuste
social.
Sigmund Freud
Sigmund Freud
Para o pai da psicanálise, nós, homens e mulheres da modernidade,
estamos condenados à infelicidade. Isso acontece pelo fato de vivermos
numa cultura, chamada de moderna, que reprime nossos impulsos e desejos,
capazes do suicídio ou de explodir o planeta. Esse aspecto é o que Freud
chamou de “mal-estar na civilização”, esse é o nome do seu livro mais
popular. Na obra, Freud destaca perturbações, como nossos desejos são
reprimidos em uma sociedade moderna. Para Freud a felicidade em um
mundo moderno urbano é muito difícil. Por conta de todas as circunstâncias
da nossa vida, os objetivos do princípio do prazer e de evitar a dor, o
sofrimento não são atingidos, a não ser temporariamente. Segundo Freud,
aquilo que chamamos de felicidade vem da satisfação repentina de
necessidades altamente represadas no meio social e por sua natureza é
possível apenas como fenômenos raros.
Você, leitor, pode usar como um referencial teórico as ideias de Freud
em seu livro Mal estar da Humanidade ao se referir sobre a condição de
infelicidade por que as pessoas estão passando em decorrência do padrão de
vida moderno em questão.
Gustave Flaubert
Gustave Flaubert
Os livros de Flaubert revolucionaram a literatura do século XIX.
Representante do movimento realista, o escritor francês é reconhecido pela
abordagem de temas relacionados ao comportamento social, pela análise
social, psicológica dos personagens.
O autor recebeu inúmeras críticas por adotar um extremo realismo em
suas obras. Em 1857, foi processado por ofender a moral pública, após
publicar Madame Bovary, seu principal livro. A história causou uma grande
polêmica na sociedade europeia, por discutir temas, como adultério e
suicídio.
Madame Bovary é o principal livro de Gustave Flaubert. Nesta obra, o
escritor narra a desesperança de uma mulher que, sonhadora, se vê presa em
um casamento tedioso, com um marido de personalidade fraca, em uma
cidade do interior. O romance mostra o crescente declínio da vida interna e
externa da personagem Emma Bovary. A difícil história de uma mulher que
não quer e não busca se adaptar às convenções sociais. O romance é um
exemplo perfeito de uma alma incapaz de sobreviver na rígida sociedade na
qual vivia. As pressões sociais levam a atitude de se libertar de tudo através
do suicídio. A personagem Madame Bovary prefere morrer a se adaptar a
um modelo fechado de valor social. A questão das obrigações sociais é
fundamental nesse processo, pois Flaubert adverte no romance que o
suicídio da personagem não tem nada a ver propriamente com algum
problema psicopatológico de Bovary, mas sim da coesão, da pressão da
sociedade sobre seus membros, principalmente daqueles considerados como
desviantes e que não se enquadram nos modelos e nas convenções sociais.
LIVRO
3 – Exemplo prático
Suicídio de Celebridades
Robin Williams
Foi encontrado inconsciente em sua casa, em Paradise Cay, Califórnia,
no dia 11 de agosto de 2014. A causa de morte foi asfixia devido a
enforcamento. As investigações da polícia norte-americana levaram a
concluir que o ator teria cometido suicídio.
4 – Dicionário sociocultural
Os tipos de Suicídios segundo Émile Durkheim
PROPOSTA# 6: O consumismo na sociedade Brasileira
O consumismo é característico das sociedades modernas capitalistas e da
expansão da globalização. Ele está inserido na denominada “Sociedade do
Consumo”, em que ocorre o consumo massivo e desenfreado de bens e
serviços que visa, sobretudo, ao lucro das empresas e ao desenvolvimento
econômico.
1 – Textos motivadores
FUVEST 2013 – Redação (Consumismo)
Filme uma crítica ao modelo social vigente.
O Padrão de vida moderno e a revolta ao sistema.
2 – Autores e pensadores que podem ser referência em sua
argumentação da redação
Karl Marx
Karl Marx
O fetiche da Mercadoria: O filósofo Karl Marx analisa o fenômeno
consumista chamado de fetiche da mercadoria. Essa ideia diz respeito a
manipulação do capitalismo em incentivar o consumo através de
representações, ou seja, os produtos e serviços no capitalismo estariam
ligados a uma visão simbólica de consumo. Dentro do capitalismo existe a
ideia de que um produto tem o seu valor pela quantidade de trabalho
exercido sobre o produto; quanto mais trabalho humano no produto, mais
valorizado é o produto. Entretanto, no fetiche da mercadoria, segundo
Marx, o produto estaria ligado a sua ideia, representação, imagem, status ou
marca social. Nesse caso o fetiche da mercadoria desenvolve o consumo
não pela utilidade do produto em si, mas pela sua marca ou seu simbolismo
que dá status social às pessoas.
Steve Jobs
“As pessoas não sabem o que querem até você mostrar a elas”.
O Empresário norte americano Steve Jobs foi o grande exemplo do que
hoje chamamos “marqueteiro”. Jobs utilizava o modelo de consumo como
forma de expansão de suas ideias de consumo de bens eletrônicos. Jobs
conseguiu criar um conceito grande e perfeito para o seu negócio:
transformar os produtos da marca em um sonho de consumo para milhares
de pessoas. E é assim que ele criou e tratou esta ideologia, dizendo que a
Apple não vê as pessoas como consumidores, e sim pessoas com sonhos e
ambições. E ressalta que a empresa criou produtos que ajudam essas
pessoas a realizarem tais desejos de consumo.
É mais ou menos o que acontece com o Marketing Viral, as pessoas
compartilham o que estão vendo, não pensando na marca e que estão
fazendo a propaganda de alguém, mas pelo conceito que está atrelado
àquela ideia. Mais pela intenção do que pelo produto (o fetiche da
mercadoria está inserido aí). O empresário criou uma das marcas mais
importantes do mundo. A Apple, empresa de tecnologia, lançou verdadeiros
símbolos do capitalismo e do consumismo. Essa técnica de marketing
proporcionou o surgimento de um endeusamento de produtos e serviços da
empresa. Evangelizar os seus clientes é conseguir fazer com que eles vistam
a camisa da marca, de uma forma que eles quase não percebam mais que
aquilo é uma marca e comecem a considerá-la uma ideologia, um estilo de
vida, um comportamento, um modo de pensar.
O empresário desenvolveu o exemplo mais avassalador de marketing
empresarial ao convencer seus clientes que não estavam simplesmente
consumindo um produto, mas sim um sonho, um desejo de vida (bens
simbólicos ou fetiches). Como ele próprio declarou ao afirmar: “as pessoas
não sabem o que querem, o que desejam, por isso não faço pesquisa de
mercado, eu os crio.” A visão de um mundo capitalista em que o sentido da
vida é o consumo como sentido das coisas.
Herbert Marcuse
Herbert Marcuse
Pertencente à segunda geração da Escola de Frankfurt, o filósofo aborda
o tema do consumismo, estuda aquilo que ele chamava de “falsas
necessidades”. Nesse caso ele argumenta que a instituição “Estado
democrático” acaba sendo o grande responsável pelas manipulações sobre
os indivíduos. Marcuse segue descrevendo o governo estatal o que impõe
suas exigências econômicas e políticas sobre a população. Influenciando
seu tempo de trabalho e lazer. Segundo o filósofo, o governo alcança seu
objetivo ao criar nas pessoas um conjunto de “falsas necessidades”,
passando a manipular através dessas necessidades. Em geral, o governo
estatal ao convencer as pessoas disso e fazer com que haja um caminho para
satisfazer tais necessidades (apesar de ele não existir), busca sim um
controle social. Os interesses do governo de manter os indivíduos é uma
regra normativa. Para Marcuse, as falsas necessidades não estão baseadas
nas reais necessidades de todo e qualquer ser humano como bebida, comida,
roupa etc., mas, em vez disso, se cria de forma artificial modelos alienantes
de necessidades falsas. Além de bugigangas e bens não essenciais, Marcuse
adverte do falso senso de necessidade que nos é implantado pela
propaganda e pela mídia. Segundo Marcuse, “as criaturas se reconhecem
em suas mercadorias”; encontram sua alma em automóveis, sistemas,
utensílios de cozinhas, moda, objetos os mais variados”, ou seja, em
modelos de consumo alienantes.
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3 – Exemplo prático
“Use e jogue fora” é o lema implícito em tudo. Hoje, é tão importante
aprender a administrar a mudança constante das coisas quanto acelerar o
tempo de giro de uma mercadoria, na produção, na troca ou no consumo.
Nessa circunstância, as marcas da vida pós-moderna são a efemeridade de
tudo e a ideia de que tudo é temporário.
(CARMO, 2008)
4 – Dicionário sociocultural
Sociedade do descarte: “No domínio da produção de mercadorias, o
efeito primário (da era pós-moderna) foi a ênfase nos valores e virtudes da
instantaneidade (alimentados e refeições instantâneas e rápidos e outras
comodidades) e da descartabilidade (xícaras, pratos, talheres, embalagens,
guardanapos, roupas etc.). A dinâmica de uma sociedade “do descarte”,
como apelidaram escritores como Alvin Toffler, começou a ficar evidente
durante os anos 60. Ela significa mais do que jogar fora bens produzidos
(criando um monumental problema sobre o que fazer com o lixo); significa
também ser capaz de atirar fora valores, estilos de vida, relacionamentos
estáveis, apego a coisas, edifícios, lugares, pessoas e modos de adquirir e
agir (David Harvey, A condição pós-moderna).
PROPOSTA #7: Brasil acima do peso: o que fazer em meio ao
aumento da obesidade?
Entre 2003 e 2019, a proporção de obesos na população com 20 anos ou
mais de idade do país mais que dobrou, passando de 12,2% para 26,8%. No
período, a obesidade feminina passou de 14,5% para 30,2% e se manteve
acima da masculina, que subiu de 9,6% para 22,8%.
Já a proporção de pessoas com excesso de peso na população com 20
anos ou mais de idade subiu de 43,3% para 61,7% nos mesmos 17 anos.
Entre os homens, foi de 43,3% para 60% e, entre as mulheres, de 43,2%
para 63,3%.
Os dados constam do segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde
2019, e foram divulgados hoje (21), no Rio de Janeiro, pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
1 – Textos Motivadores
2 – Autores e pensadores que podem ser referência em sua
argumentação da redação
George Ritzer e o conceito de Mcdonaldização
George Ritzer
O sociólogo criou o conceito de mcdonaldização como uma forma de
entender a racionalização do comportamento de consumo desenvolvido pela
empresa de lanchonete Mcdonalds. Ritzer avalia o padrão de
comportamento, a sistematização da forma de consumir. Na
mcdonaldização que Ritzer estuda, como o cálculo das lanchonetes, ele
refere-se às coisas que podem ser contadas e quantificadas. Em particular,
existe uma tendência de enfatizar a quantidade (o Big Mac) em vez da
qualidade (da comida). Ritzer percebe que muitos aspectos do trabalho dos
empregados do Mcdonalds são cronometrados, o que a natureza rápida do
ambiente da lanchonete visa a garantir o máximo de produtividade. Esse
modelo afeta o consumo e comportamento das pessoas, implicando no
aumento da obesidade. Os clientes fazem fila para comer comida não
saudável; Ritzer chama isso de “circunstâncias e condições desumanas”.
Além disso, a velocidade de produção e consumo nas lanchonetes
McDonald ‘s significa que, por definição, os clientes não podem ser
servidos com comida de qualidade, pois exige mais tempo de preparo. O
modelo racional da lanchonete McDonald’s perpassa então a gestão da
produção de comidas e influencia o comportamento e o consumo das
pessoas em comidas com grande teor calórico e de baixa qualidade. Esse
modelo ganhou apelo global devido à sua conveniência e acessibilidade,
típico de uma sociedade urbana e rápida globalizada (Livro de sociologia,
Colet. 2015).
O resultado de tudo isso são as estratégias para o consumo de comida de
péssima qualidade em massa. Como as lanchonetes com paredes com cores
para estimular o apetite das pessoas, cadeiras e mesas estrategicamente
organizadas para o consumo rápido na preparação de produção em larga
escala. Em uma sociedade em que as pessoas estão sempre com pressa, um
padrão de consumo como esse ajuda em um modelo desordenado e
irracional que leva em muitos casos o aumento da obesidade por parte
desses consumidores.
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Émile Durkheim e o conceito de Anomia
O sociólogo francês faz uma referência ao modelo de vida moderno. A
sociedade moderna-capitalista apresenta-se com um novo padrão de
comportamento que favorece crises de valores sociais. Essas crises estão
ligadas ao conceito que ele denomina de Anomia. Estamos falando de
comportamentos modernos que estão provocando uma desorientação das
pessoas. Os modelos anômicos são vistos por Durkheim como doenças
sociais, o que provocam desorientação ou falta de regras normativas no
meio social e moral. A anomia é o resultado dessa falta de regras e normas
que prejudica a sociedade como um todo. A sua relação com a obesidade
está ligada ao excesso. A quantidade leva às crises ou às doenças sociais. O
suicídio, por exemplo, é um modelo normal, pois em qualquer sociedade
alguém tira a vida por algum motivo, entretanto, em grande quantidade
(grandes taxas de suicídios), esse fenômeno se torna anômico. Isso vale
para outros comportamentos, como a Obesidade. A obesidade é um fato
social, pois em toda e qualquer sociedade teremos pessoas acima do peso,
entretanto sociedades com grandes índices de obesidade (como a norte-
americana em que metade da população é obesa) caracterizam-se por
modelos anômicos, pelo excesso que leva a doença de pessoas e também a
morte.
Logo, Durkheim não faz referência ao fenômeno da obesidade na
sociedade, entretanto o conceito de anomia nos leva a considerar a falta de
regras morais, a desorientação dos padrões das pessoas comerem uma
comida industrializada e que só faz mal para as mesmas. A substituição de
alimentos saudáveis por comida industrializada ou porque é mais rápido ou
porque é mais barato. Nesse caso o padrão de uma sociedade como a nossa
nos leva a esses tipos de comportamentos.
Theodor Adorno e Max Horkheimer e os Bens Simbólicos
Theodor Adorno e Max Horkheimer
Os dois filósofos pertencentes à chamada Escola de Frankfurt na
Alemanha, em seu livro Dialética do Esclarecimento, avaliam o poder dos
meios de comunicação na influência do consumo. Os dois autores,
pertencentes a um grupo chamado de apocalípticos, acreditavam que os
meios de comunicação visam muito mais entretenimento do que reflexão. A
ação dos meios de comunicação nas propagandas incentivou muito o
consumo de produtos e serviços. No consumo de produtos e alimentos
industrializados, os meios de comunicação, as propagandas tiveram um
papel importante no aumento, na divulgação em massa de comidas
industrializadas como as vendidas nas grandes lanchonetes. Os dois
filósofos não avaliam o aumento de consumo de comida industrializada,
uma das grandes responsáveis pela obesidade principalmente de crianças,
mas abordam as propagandas, os meios de comunicação que serão
chamados pelos autores de Indústria cultural, como os grandes responsáveis
pela alienação das pessoas em transformar produtos e serviços em bens
simbólicos (um valor representativo positivo de consumo).
3 – Exemplo prático
DOCUMENTÁRIO
4 – Dicionário sociocultural
Desertos Alimentares
Desertos alimentares são locais onde o acesso a alimentos in natura ou
minimamente processados é escasso ou impossível, obrigando as pessoas a
se locomoverem para outras regiões a fim de obter esses itens essenciais a
uma alimentação saudável.
Pântanos alimentares
Trata-se de áreas urbanas nos Estados Unidos em que existe uma
ausência de comidas saudáveis. Os pântanos alimentares são espaços de
venda de comida rápida, barata e pouco saudável (cadeias de lanchonetes).
Esses locais têm esse nome fazendo uma analogia com os pântanos como
áreas inundadas com uma quantidade de água. Entretanto é uma água pouco
saudável, suja e que só traz problemas de saúde para quem a bebe. Assim
são os pântanos alimentares, espaços com uma quantidade muito grande de
comida, mas uma comida que não traz nada de benefício nutricional para
quem se alimenta dela (diferente do Brasil, nos Estados Unidos as comidas
industrializadas e tudo ligado a elas são bem mais baratos
economicamente).
PROPOSTA #8: Deficientes físicos e os desafios da inclusão
social no Brasil
Segundo dados, deficientes físicos representam 6,7% da população do
Brasil. Tendo como base o comparativo com dados do Censo 2010, o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que a porcentagem
de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil é de 6,7% ante 23,9%
anteriormente.
1 – Textos motivadores
Texto I
Texto II
Indicação de filme: Nascido em 4 de julho
Ron Kovic fica paralisado na guerra do Vietnã, passa por um pesadelo
em um hospital de veteranos e se torna um ativista político a favor dos
direitos humanos e contra a guerra, depois de se sentir traído pelo país pelo
qual lutou.
2 – Autores e pensadores que podem ser referência em sua
argumentação da redação
Platão
Platão
Para o filósofo grego existia uma contradição entre o corpo e a alma. Foi
descrito por Platão em considerar o corpo como o cárcere da alma. Para o
filósofo grego, deve-se discriminar em termos hierárquicos o que deve ser
considerado bom e mau, perfeito e torto, e o que deve ser considerado corpo
ideal, além das considerações a respeito do corpo social ideal, que coexiste
com a beleza e a perfeição do corpo individual para compor a cidade
perfeita.
(Garcia, Carla Cristina; 2008)
Ludwig Guttmann