s sal-
nho de
é des-
Dr., Não...
acho que a
paciente está
falando algo.
Impossível. Ela está
completamente
anestesiada.
Ela está falando, sim.
Acho. Mas está difícil
de entender...
112
Incrível! De qualquer
Ela está falando forma, podemos
mesmo. Mas é algo
incompreensível. começar a
operação.
Não.
pzzz Não quero mais.
Bisturi,
por favor.
113
Onde...
Ai...
Ahn?
114
Mas eu não Encoste e relaxe.
entendo. Eu me Deixe eu terminar de
lembro... Ai! te examinar e
já explico tudo...
A operação não
foi feita?
Tivemos que adiá-la. Seu Drone
ficou louco e invadiu a sala de
operações. Quando finalmente
conseguimos expulsá-lo, ele
voltou com a Srta Roz. Ela foi
a única que conseguiu entender
o que você balbuciava.
Você dizia Por via das dúvidas,
“não”. resolvemos interromper
os procedimentos. Até
porquê, duvido que
conseguiríamos
conter seu drone...
Sim. Ele é muito
insistente, às
vezes.
Mas descanse. Ok.
Você ainda está sob
efeito de anestésicos.
Eu volto mais tarde...
115
Você disse que
a operação foi
adiada. Mas eu não
quero fazer mais.
Doutor?
Tem certeza?
É comum pacientes
terem dúvidas nesse
momento, mas te
asseguro que...
Doutor...
Está tudo bem.
116
Volta aqui, Eu ainda não
seu lince acredito que você
pulguento! quase cometeu
Devolve a essa loucura! E sem
tampa da
avisar nenhum de
minha nós...
bateria!
Desculpa, amiga...
Eu estava
muito triste
e confusa...
Eu me sinto culpada. Para. Nada disso
Era óbvio que você é culpa sua. Eu só
não estava bem. Mas eu não estava bem.
estava fazendo tantas Não consegui lidar
coisas. Sou uma péssima com as coisas ruins
que aconteceram.
amiga...
E eu não consegui
conversar com
ninguém sobre isso.
Ai, tudo foi me
engolindo como
uma bola de neve...
E eu quase
perdi você!
Sniff...
Eu Eu também Mas se você
te amo, amo você. fizer isso de
novo, eu te
miga.
mato.
Ai!
Prometo que
não faço.
Tenho que ir. Rá!
Minha aula de Tira o olho.
dança começa
em 30 minutos. Mas não
Mas eu não queria ir. se preocupe.
Queria ficar aqui com
você. E comer todo E mais tarde
o resto do Tiramisù. vamos nos ver
no curso de
escrita criativa.
Você vai mesmo?
Jura?
Juro.
118
E você começa Ainda não. É só a
amanhã a entrevista. Mas se eu
conseguir esse emprego,
trabalhar no pelo menos uma parte
Antiquário? da minha vida não será
um desastre. Haha...
Se precisar de qualquer
coisa, me liga tá?
Beijinhos.
Beijos.
Até mais tarde.
Ahhhhhhh.
Miau! HAHA...
Sua lesma peluda.
Você não é páreo
para meus
propulsores!
Benny e
Aleph!
119
Foi ele? Seus demônios,
Miau? Voltem já aqui!
cCBQooauslretirnDanaesope,aspBrseBaanlluanvesye!me !
Miaaaaaau.
Quando eu pegar vocês,
vocês irão até esquecer
o caminho de casa...
Hahaha... Meu tio avô venceu
duas maratonas de matemática
e Benny é descendente de
guepardos. Jamais nos pegará,
Proprietária Anna!
Miaaaau!
pOSFÁCIO
Esse projeto surgiu de uma conversa sobre se- que afeta o humor, as cognições, a disposição, os
gundas chances: “Se você pudesse começar sua sentimentos e os comportamentos dos seres hu-
vida novamente, você o faria?”. Mas logo percebe- manos. A Organização Mundial de Saúde estima
mos que a pergunta, muito além da fantasia, tra- que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as
zia questões filosóficas complicadoras. Afinal, não idades, sofrem com esse transtorno, sendo as mu-
seria possível “escolher” qual parte da vida gosta- lheres as mais afetadas. A depressão é resultado
ríamos de apagar. Esquecer as coisas ruins tam- de uma complexa interação de fatores sociais, psi-
bém implicaria em abandonar boas lembranças. cológicos e biológicos. Mas se pode dizer que pes-
A premissa parecia interessante demais para ser soas que passaram por eventos adversos durante
deixada de lado. Assim nasceu nossa história em a vida (desemprego, luto, trauma psicológico) são
quadrinhos. Para ambientar a história, pensamos mais propensas a desenvolvê-la. Em casos mais
que o processo deveria ser científico. Isso trouxe extremos, ela pode levar ao suicídio.
duas questões. A primeira foi a leitura de dezenas Ao perceber esse “diagnóstico” de nossa prota-
de artigos sobre neurologia para compreender o gonista, a então inocente e fantasiosa pergunta
funcionamento do cérebro e a memória humana. sobre “Você gostaria de começar sua vida nova-
E, desse desejo de manter a base científica da mente?” recebeu um novo significado. Estudamos
história, chegamos ao segundo ponto: não seria artigos científicos sobre a depressão e conversa-
possível discutir procedimentos de apagar a me- mos com amigos e familiares que enfrentam essa
mória com a tecnologia atual. A história teria que doença, para compreender melhor nossa perso-
se passar no futuro. Como nas melhores ficções nagem, agora, não mais tão fictícia assim. Afinal,
científicas, o Sci-Fi da história de Anna seria uma não seria o esquecimento de todas as coisas ruins
alegoria da condição humana. Por isso, curiosa- uma forma de enfrentar uma depressão avassala-
mente, nossa história sobre apagar a memória tem dora? Mas nem só de carga pesada é feita a histó-
personagens obcecados com o passado. Apesar ria. Ela também tem momentos de leveza e humor.
da presença sutil, mas constante, de drones, ho- Vários deles proporcionados pelo drone hiperativo
logramas e outros avanços científicos, percebe-se de Anna: Aleph (em homenagem a Jorge Luis Bor-
uma cultura vintage nas roupas, músicas e ativi- ges). Aleph representa a onipresença de questões
dades de lazer (como os parques de diversões da virtuais na nossa vida de hoje, sejam nos Smar-
empresa de Anna). À medida em que conversá- tphones ou dependência por internet, mas sempre
vamos sobre a história, percebemos que ela tinha com bom humor. Curiosamente, é só com esse ser
um teor inesperado, que foi crescendo e se tornou artificial que Anna tenta se abrir sobre seus medos
um elemento principal do enredo. Anna foi criada e angústias. Mesmo que seja difícil, é importante
como uma personagem introspectiva, solitária e compartilhar, sempre que possível, nossas emo-
com limitações sociais. Sua personalidade retraída ções com amigos, família e colegas de trabalho.
faz com que pessoas tomem proveito disso, cons- E é imprescindível que um profissional especiali-
cientemente ou não. Ela sofre assédio moral no zado, como um psicoterapeuta, acompanhe a pes-
trabalho, tem pais incapazes de dialogar com ela soa em depressão. Compartilhar nossas emoções
e é incapaz de dizer não para qualquer pessoa (o pode não trazer a cura, mas, com certeza, con-
que trouxe o desafio hercúleo de escrever o roteiro tribui para que ela aconteça. Caso tenha gostado
inteiro sem usar o “não”, até a libertadora página dessa história, indique-a para amigos e conheci-
111). Isso tornou a vida dela mais pesada. Apesar dos, além de outras produções independentes em
de ter amigos queridos, Anna se sente cansada e quadrinhos. Para comprar um volume de Oblivion,
distante de tudo. E com os problemas que enfrenta procure-nos no instagram no perfil @hq_oblivion.
(porque os autores são sempre cruéis com seus Não nos esqueceremos de Anna e nem do seu
personagens) como desilusões amorosas, demis- apoio.
são, crise financeira e outros, torna-se quase im- Esperamos que você se lembre dessa história por
possível para Anna não sentir ansiedade, angús- um bom tempo.
tia, desesperança, falta de motivação. E foi nesse
momento que a ficha caiu. Essa seria uma histó-
ria sobre depressão. A depressão é uma doença
122
APOIADORES Flávio Henrique Crasto Lutif Natália colosimo
Gabriel Alabarse Rocha Mendes Nathalia Andrade
Alany Della Torre Macedo Gabriel Coupe Nathalia Maria Portela P. Frigo
Alessandra Lupi Gabriel da Silva Pessine Nathália Rodrigues de Oliveira
Alexandre César G. dos Santos Gabriel Oliveira Nathalia Vares Dolejsi
Alyssa Schiavon Gandini Gabriel Silva Gomes Natielle Brant
Ana Amélia Nunes Fossati Gabriela Rangel Nicolas de Melo Maia
Ana Carolina O. de Andrade Giovanna Simão Bianchini Nivaldo Gomes
Ana Moreno Graziela Mello Vianna Olívia Guimarães de Sá Resende
Anderson Yudi Ishikawa Guilherme Ribeiro Otavio Luís Niewinski Filho
André Kishimoto Gustavo Ribas Rezende Pablo Henrique Lucio da Silva
Ane Caroline Winter Gustavo Rigoni Abumrad Patrícia Garcia Costa
ngela Peres de Oliveira Hercília Maria Portela Procópio Patricia Oga
Annita Saldanha M. C. de Pinho Honório Gomes Paula Andrade
Ari Agostinho Isabela Guimarães Paula Sannazzaro O. de Assis
Bárbara de Lima Janine Pacheco Souza Paulo Torres da Fonseca
Bárbara Faleiro Jessica Pettinato Polyana Ribeiro
Beatriz Gabino Diniz Jorge Lucas Gomes da Silva Pricila Rodrigues
Beatriz Helena de Oliveira Lima Júlia Lyra Hatencia Rafael Alves
Bernardo Martins Juliana Moreira Rafael Cesar de Almeida
Breno Leme Juliano Nugent da Silva Raissa de Matos Ribeiro
Bruna Zeleniakas Juliano Soares Simões Ramon Pinillos Prates
Bruno Pinheiro Ivan Kalliope Ribeiro Rayanne Vieira do Nascimento
Camila Magalhães Kate Leandra Alves de Melo Rayra Vieira Alencar
Camila Soares Lippi Laís Penna Renan Gueiros
Carlos Alberto Ronchi Filho Leandro da Silva Gomes Ricardo Ataliba C. de Resende
Carlos Eduardo Smanioto Leonardo Matos Darini Ricardo Shimabukuro Tayra
Carolina Jardim Leticia de Oliveira Aio Ricardo Toshiaki Takayama
Caroline da Cruz Alias Leticia Rosa Sant’Anna Rodrigo Araujo Ribeiro Vieira
Caroline Imai Liliane Viana Lessa Batista Rodrigo Leal Adami
Cassia Silva Lívia Spagnul Ronaldo Barbosa Monteiro
Celso Wo Kar Ng Luana Souza Rugles Gomes
Cesar Lopes Aguiar Lucas Amorim Sabrina Martins Batista
Charles Gonçalves Lucas Cardozo Sandro Merg Vaz
Cibele Louise Pruner Frahm Luciana Nami Kadooca Sarah Dutra Santos
Clara Silberschneider Luciana Rodrigues Laredo Saulo Daniel Ferreira Pontes
Cleusa Maria Martins Batista Luisa Israel Sofia Noman Filizzola
Cris Hilário Luiz Fernando Cardoso Sônia Silva
Cristiano Ludgerio Luzitano Ferreira Soraya Viana Saraiva
Cristiano seixas Maico Alexandre Kley Stephanie Raphaela Pereira
Cristiano Soares Simões Marcel Irmo V. de Araújo Lima Stephany Justine Ganga
Dâmia Dias do Carmo Marcelo Carvalho Rodrigues Tamires Posenato
Daniel Rodrigues da Silva Marco Antonio da Costa Teiciany Fontes
Daniela Dias Ferreira Brandão Marcos Goes Dos Santos Thabata Alves Oliveira
Danilo Resende Marcus Antonius S. da Silva Thatiane Alves Andrade
David L. M. Ferreira Marcus Vinicius Eiffle Duarte Thayná de Santana Carvalho
Dawidson Pales Maria Célia Silva Nicácio Thayná Duarte Dias
Deborah Novais Maria de Lourdes S. Simões Thiago de Magalhães Oliveira
Diego Moreira Guimarães Maria Helena Bastos Thiago Jose de Franco da Silva
Douglas Nunes Brandão Mariana Eufrásio Vanessa Cadrobi
Elisa Cristina Bachega Marinho Mariana Mungai Victor Ferné Audi
Erwin Gojtan Junior Marina Campos Oliveira Victor Leocadio
Fabio Gesse Dalphorno Marisa Corgosinho Vinícius Távora
Felipe Junnot Vital Neri Matheus de Alexandro Flores Yasmin Victoria Bernardes Silva
Fernanda Araujo Maycow Antunes Yasminy Martins da Silva
Fernanda Meireles Silva Mayra Bernardes Apoiadores anônimos
Fernando Assis Micaelle Ariel A todos, nosso muito obrigado!
Fernando Augusto Ribeiro Milena Roseno Feitosa Lima
Fernando L Raeder Monik Fontoura Silva
Fernando Rolim Brusarosco Nádia Irina
Fiama Eduardo Azevedo
Flávio Afonso G. Mourão 124
Agradecimentos
Fabrício Martins
Obrigado a meus pais por me permitirem esse ambiente de leituras. Obrigado a Camila Magalhães,
musa da minha primeira incursão aos quadrinhos e inspiração para tentar sempre ser uma pessoa
melhor. Camila também foi leitora da obra durante o processo de criação e, junto com Marina Cam-
pos, deram valiosos feedbacks para melhorar a narrativa da história. Obrigado! Agradeço também
a toda a equipe da Secult e vinculadas que trabalharam no Edital da lei Aldir Blanc e apoiadores
do Catarse. E agradecimentos especiais a Jane, Caule e Clarice que toparam essa empreitada!
Um obrigado mais especial à, incrivelmente talentosa, Laura Jardim. Obrigado por me aceitar nes-
se projeto maravilhoso e por não me matar quando entreguei um roteiro de 120 páginas. Pois
quando conversamos, pela primeira vez, sobre fazer uma história em quadrinhos, Laura queria
fazer um Zine de poucas páginas.
Laura Jardim
Primeiramente, agradeço ao Fabrício, por mais essa parceria, por ter topado fazer um quadrinho
comigo e por tornar esse projeto muito maior do que eu jamais imaginaria. Agradeço à Jane e ao
Caule, por animarem participar dessa loucura com a gente, e pelo trabalho maravilhoso que deixou
tudo mais lindo. Em especial, agradeço ao Caule, que além de tudo segurou na minha mão nos mo-
mentos em que eu achei que não fosse dar conta. Obrigada por acreditar em mim mesmo quando
eu não acreditei. Agradeço também à minha família e amigos queridos, pelo incentivo e apoio de
sempre. Amo vocês! Por fim, agradeço aos apoiadores do Catarse, que acreditaram nessa história
e nos ajudaram a contá-la da melhor forma possível. Espero que todos vocês, ao lerem, sintam um
quentinho no coração do mesmo jeito que eu senti ao desenhar.
Jane Carmen
Muito obrigada a Fabrício e Laura, que me convidaram para fazer parte desse projeto e ao Caule,
nosso diagramador e colega de equipe. Foi muito bom trabalhar com pessoas tão gentis e talen-
tosas e eu me sinto honrada em ter ajudado a contar a jornada de Anna. Meus agradecimentos
também a minha família e amigos, que sempre me apoiam. Obrigada, querido Gabriel, que acom-
panhou de perto todo o processo, sendo fundamental nos momentos de dificuldade e vibrando
junto comigo nas conquistas, tornando-as ainda mais especiais. Por último, obrigada a você, leitor,
que nos doou um pouquinho do seu tempo para conhecer essa história.
Carlos “Caule” Henrique
Um obrigado gigante aos meus pais, com sua força gigante, acreditando e me apoiando nessa ta-
refa de botar Arte no mundo. Meu pai com sua inteligência e seus cadernos com charges do Hagar
e Níquel Náusea, e mamãe com seu perfeccionismo e excelência em tudo o que faz, me guiaram
até o hoje, para fazer coisas incríveis como esse projeto. Um gigante obrigado ao Fabrício e à Lau-
ra, por acreditarem desde o início na minha potência, e amplificarem ela com as suas próprias, e
à Jane e Clarice por se tornarem referências pra mim de profissionalismo e competência. E mais
uma menção à Laura por ser minha companheira, meu Sul e meu Norte nessa coisa muito linda
que é viver e trabalhar com a própria sensibilidade. E obrigado à você que apoia iniciativas assim
e é agente de criação conosco!
125
eXtras
A criação de Oblivion
1ª Etapa – Roteiro, layout da
página e rascunhos
Fabrício Martins (FM) - Foram 4 versões de 1ªEtapa:
roteiro até a final. Laura fez os primeiros rascu- 3ª Versão do Roteiro, já com as separações em quadros.
nhos e layouts das páginas. Ela tirava fotos e
me encaminhava para eu fazer uma adaptação
do texto. Muitas vezes, ela juntava quadros ou
criava mais alguns para melhorar a narrativa.
Nessa etapa, eu criava uns balões bem feios
só para ver se os diálogos cabiam no quadro.
Na dúvida, eu cortava todos diálogos que eram
excessivos ou desnecessários.
1ªEtapa: 2ª Etapa – Lápis
Rascunho da
página com balões FM - A gente chama de lápis, mas, na verda-
pré-posicionados. de, a Laura fez quase tudo digital, com exce-
ção dos estudos de personagens e os primei-
ros layouts. Ela utilizou uma mesa digitalizadora
HUION Kamvas 13 que compramos especial-
mente para Oblivion. Mas para manter o clima,
ela usava a ferramenta que simulava um lápis
digital. Essa página ficou bem fiel ao layout.
Mas percebam que Anna está mais pertinho do
Alex. Laura quis colocá-los quase ombro a om-
bro, para simbolizar que era a primeira vez que
estavam verdadeiramente juntos.
Pobre Anna!
Ainda não sabia o que o futuro reservava para
ela.
126
2ªEtapa: 4ª Etapa – Balões
Página à “lápis”.
(Detalhe da textura FM - Caule (Carlos Henrique) cuidou da diagra-
do picel usado.) mação final e balonamento. Após ler 200 qua-
drinhos, ele escolheu nossa fonte e o estilo do
balão. Na primeira versão, ele usou uma técnica
de traço para os balões que simulava o traço de
Laura e de Jane, mas era difícil manter a con-
sistência. Então, o perfeccio nismo falou mais
alto e Caule refez tudo do zero.
Caule sempre surpreendia a gente com as le-
tras, encontrando formas criativas para retratar
os diálogos, sons e onomatopeias. Nessa pági-
na, percebam como a voz mecânica do eleva-
dor tem um balão quadrado, diferente dos dois
personagens. E Caule também criou esse grito
maravilhoso que preenche toda a cena, pas-
sando por trás e pela frente dos personagens.
3ª Etapa – Arte Final
FM - Jane é a responsável pela arte final. Ela
passou o nanquim digital no traço de Laura, criou
sombras e fazia pequenos consertos de acordo
com o roteiro. Jane também preparou a sangria
das páginas e deixou tudo no padrão de cores
CMYK (abreviatura, em inglês, do sistema de
cores formado por Ciano, Magenta, Amarelo e
Preto), o que facilitou bastante a próxima etapa.
4ªEtapa:
Página finalizada
com balões e
onomatopéias.
3ªEtapa:
Página finalizada
com peso de linha
e sombras.
127
Glossário aleph
Assim como grande parte das inteligências artificiais atuais, Aleph é
um repositório ambulante de curiosidades e referências. Mas diferente
das IAs tradicionais, mesmo sem perguntar nada, ele já começa a
falar pelos cotovelos (que não tem) sobre coisas insólitas, como “qual
o maior novelo de lã do mundo” ou “quem foi o inventor do shampoo
de cabelo”.
Vamos desvendar aqui algumas das referências e termos falados por
Aleph ao longo da história. Divirtam-se.
Página 35 HERE COMES THE SUN: canção dos Be-
ESTÁ FALANDO COMIGO?: Icônica frase atles, composta por George Harrison, que foi
de Travis Bickle (Robert De Niro) em Taxi lançada no álbum “Abbey Road”, de 1969.
Driver (1976), filme de Martin Scorsese. CHARLES LINDBERGH: um pioneiro da
Na cena, Travis, um motorista de táxi trau- aviação nos EUA que ficou famoso por ter fei-
matizado pela Guerra do Vietnã, não está to o primeiro voo solitário transatlântico sem
conversando com ninguém em particular, escalas em avião, em 1927. Seu nome inspi-
mas treinando com sua pistola e se prepa- rou o nome do estilo de dança chamado Lindy
rando para enfrentar eventuais inimigos. Hop, durante o auge das big bands de Jazz.
Página 36 Página 42
ALEPH: Aleph é a primeira letra do alfabe- QUAL O SIGNIFICADO DA VIDA, DO UNI-
to árabe.Também é o título de um conto, que VERSO E TUDO MAIS: pergunta que sur-
dá nome ao livro, do escritor argentino Jorge giu na série de livros “O Guia do Mochileiro
Luís Borges. No conto, Aleph é um ponto do das Galáxias”, de Douglas Adams. No livro,
espaço que abarca toda a realidade do uni- uma civilização constrói um computador su-
verso que se encontra em um porão de um per inteligente capaz de responder a qual-
casarão, em Buenos Aires, prestes a ser de- quer dúvida. Ao questionarem o computador
molido. sobre qual o sentido da vida, do universo
ACKEE E PEIXE: Prato tradicional jamaica- e tudo mais, depois de milhares de anos
no. Ackee é uma fruta cuja aparência lembra para realizar os cálculos, a resposta foi 42.
o guaraná in natura. Página 50
AND NOW YOU DO WHAT THEY TOLD BABBAGE: Charles Babbage foi um cien-
YAAAAA!: trecho da música “Killing In The tista, matemático e inventor inglês nascido
Name”, da banda de metal norte-americana, em 1791. Babbage é conhecido como o in-
Rage Against the Machine. É uma música de ventor que projetou o primeiro computador,
protesto que fala sobre brutalidade policial, em conjunto com a condessa de Lovelace.
abuso de poder e violência racista nos EUA. Seu invento, porém, exigia técnicas avan-
HIPOGRIFO: criatura lendária, suposta- çadas para a época e nunca foi construído.
mente o fruto da união de um grifo (me- Página 52
tade águia e metade leão) e uma égua. TURING: Alan Mathison Turing nasceu em
Página 37 1912 e foi um matemático, criptoanalista e
RONGORONGO: sistema de glifos des- filósofo britânico. Turing foi um dos mais im-
coberto no século XIX, na Ilha de Pás- portantes cientistas responsáveis pela cria-
coa. Não é inteligível apesar das inú- ção do computador moderno e da inteligên-
meras tentativas de decifração. cia artificial. Ele nunca foi reconhecido pelos
Página 40 seus méritos por ser homossexual e porque
128
Glossário aleph
seu trabalho foi coberto pela Lei de Segredos de Aleph.
Oficiais. PEQUENO PRÍNCIPE: Uma das mais famo-
JAGUATIRICA:Felino carnívoro, de porte mé- sas obras da literatura, escrita por Antoine de
dio, comumente chamado de gato-do-mato. Saint-Exupéry. Nela, um piloto cai com seu avião
SCHRODINGER: Erwin Rudolf Josef Ale- no deserto do Saara e encontra um pequeno
xander Schrödinger nasceu na Áustria em príncipe, que o leva a uma jornada filosófica e
1887 e foi um físico teórico, conhecido por poética através de planetas que encerram a so-
suas contribuições à mecânica quântica. lidão humana.
Um dos seus trabalhos mais famosos é co- ÁBACO: um antigo instrumento de cál-
nhecido como o “Gato de Schrödinger”: uma culo em sistema decimal, com prová-
experiência mental que procura ilustrar a vel origem na Mesopotâmia, há mais
interpretação da mecânica quântica. No ex- de 5500 anos a.C. É considerada a pri-
perimento, há um gato, em uma caixa com meira calculadora utilizada pelo homem.
elementos radioativos que não está vivo nem Página 86
morto, mas, sim, vivo e morto (um estado BEN CARSON: famoso neurocirurgião ne-
de superposição quântica que acontece en- gro estadunidense. Em 1987, o Dr. Carson
quanto for desconhecido o estado do gato). entrou para a história da medicina ao sepa-
Ao abrir a caixa, o observador causa um co- rar gêmeos siameses unidos pela cabeça,
lapso quântico e força a natureza a causar a um procedimento que levou cinco meses de
morte, ou não, do gato, tornando-o, ou não, o planejamento, 22 horas de execução e en-
responsável pela vida ou pela morte do gato. volveu 50 médicos, enfermeiros e técnicos.
Para alegria dos amantes de gatos, uma Página 118
equipe de físicos de Yale descobriram uma DEEP BLUE: supercomputador criado pela
forma de solucionar o paradoxo em 2019 e, IBM, especialmente, para jogar xadrez. Em
assim, salvaram o gatinho de Schrödinger . 1996, Garry Kasparov (considerado o melhor
Página 56 jogador de todos os tempos) ganhou uma
METRÓPOLIS: filme pioneiro de ficção cien- histórica partida contra a máquina. Porém, no
tífica de 1927, dirigido por Fritz Lang. O enre- ano seguinte, Deep Blue venceu Kasparov
do é ambientado no século XXI, numa grande em um novo confronto, tornando-se o primei-
cidade governada autocraticamente por um ro computador a vencer um campeão mun-
poderoso empresário. Os seus colaborado- dial de xadrez.
res são a classe privilegiada, vivendo em um BAST: deusa felina da mitologia egípcia, cul-
jardim idílico, enquanto os trabalhadores são tuada na segunda dinastia egípcia, de 2825
escravizados pelas máquinas e condenados a 2686 a.C.
a viver e trabalhar em galerias no subsolo.
Página 65
WALL-E: Aleph está se referindo a Wall-e,
filme de animação de 2008. Nele, após en-
tulhar a Terra de lixo e poluir a atmosfera, a
humanidade deixou o planeta. Robôs foram
deixados para limpá-lo, mas Wall-E é o último
deles. Um dia, surge uma nave, que traz um
novo e moderno robô: Eva, por quem Wall-E
se apaixona.
Wall-E foi uma das inspirações para a criação
129
1ª EDIÇÃO (2021)
Essa obra foi viabilizada por apoiadores de financiamento coletivo do Catarse e
pela Lei Aldir Blanc (MG), criada com o intuito de promover ações para garantir uma
renda emergencial para trabalhadores da Cultura durante o período da pandemia de
Covid-19.
Essa história em Quadrinhos foi impressa em abril de
2021, com capa em Cartão Supremo LD 250g e miolo em
papel Polen Bold LD 90g, pela Artes Gráficas Formato.
Fontes: Helvetica, A.C.M.E. Secret Agent, Nasalization,
Brusher, Espera, Pink Chicken e Trash Hand.
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