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Revista de variedades de Salvador BA

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Published by rogersimoes44, 2022-09-06 16:31:10

Revista LGBA 59

Revista de variedades de Salvador BA

Keywords: LetsGo Bahia

Cinema & TV

escapando da prisão onde ficou
preso por anos, quando o mago
Roderick Burgess tentou capturar
sua irmã, a Morte. Após sua fuga,
Sonho sai em busca de seus antigos
e poderosos artefatos como um
elmo, uma algibeira com areia e um
rubi, tudo isso alinhado à vontade
de restaurar a ordem novamente
em seu reino: o Sonhar, lugar para
onde todos os medos e fantasias
vão quando adormecemos.

VIRGIN RIVER - uMa aDvOGaDa de um tempo, se torna o maior hit do
4ª TEMPOraDa ExTraOrDinária “feminejo” brasileiro – só que não na
Baseada nos romances homônimos O título conta a história de Woo sua voz, mas, sim, na da estrela em
de Robyn Carr, Virgin River acom- Young Woo (Park Eun-bin), uma ascensão Gláucia Figueira (Lorena
panha Melinda Monroe (Alexandra advogada de 27 anos que está no Comparato). Mudanças de rumo,
Breckenridge), uma mulher que pre- espectro autista. Ela é uma profis- imprevistos e algumas puxadas de
cisa lidar com as dificuldades do sional excelente, tem o QI de 164 e tapete atravessam a trajetória dos
divórcio. Determinada a começar se formou como a melhor estudante personagens.
do zero, ela responde a um anún- da turma de uma prestigiada uni-
cio para trabalhar como parteira e versidade. Devido à sua inteligência arcanJO rEnEGaDO -
enfermeira na pequena cidade de e memória fotográfica, ela conse- 2ª TEMPOraDa
Virgin River, na Califórnia. Fugindo guiu um trabalho em um grande É protagonizada por Mikhael (Mar-
de suas memórias dolorosas, ela escritório de Advocacia. Por outro celo Mello Jr.), um sargento incorrup-
se muda de Los Angeles para esse lado, a jovem não se dá muito bem tível, comandante de uma equipe do
lugar remoto e rural. Mas, ao che- com interações sociais e, por conta BOPE no Rio de Janeiro. Depois de
gar lá, descobre que foi enganada: disso, muitos a enxergam como uma se envolver em uma operação que
a hospedagem gratuita oferecida esquisita ou solitária. terminou em chacina, ele é transfe-
não passa de uma farsa. rido para uma unidade policial no
GLOBOPLaY interior do Estado. Mikhael, enlou-
quecido de raiva, busca vingança
RENSGA HITS  pela morte de um amigo e colega
A série acompanha Raíssa Medeiros de equipe. Nessa perigosa busca
(Alice Wegmann), uma jovem do por justiça com as próprias mãos,
interior que descobre que é traída ele enfrenta pessoas poderosas e
pelo ex-noivo e o abandona no altar, corruptas e acaba adentrando o
partindo rumo ao sonho de viver da sombrio mundo do crime organi-
música sertaneja na grande Goiânia. zado carioca.
Com tudo dando errado, ela usa seu
talento musical para expressar seus
sentimentos e compor o que, depois

Agosto - Circ.: Setembro 2022 Let’s Go Bahia | 151

Sessão Pipoca

Gabriela Ponce

Tradutora, revisora e
apaixonada por cinema

@gabycponce

O boom das
cinebiografias

A trajetória artística e a vida pessoal de astros da música
e personalidades em geral sempre causaram fascínio no
público. Narradas de forma fidedigna ou em versões,

digamos, “maquiadas”, a fim de agradar aos fãs e manter
quase que imaculada a imagem do ídolo, as cinebio-
grafias continuam em alta no universo da Sétima Arte.

Recentemente, plateias de todo o mundo puderam
assistir no cinema à história do eterno Rei do Rock,
um dos filmes mais aguardados de 2022. Dirigido por

Baz Luhrmann, conhecido por obras como “Moulin
Rouge” (2001), musical de grande sucesso com
Nicole Kidman e Ewan McGregor, “Romeo + Juliet”

(1996) e “O Grande Gatsby” (2013), “Elvis” nos
apresenta a conturbada vida de um dos maio-
res ícones da música mundial, o emblemático
Elvis Presley, interpretado brilhantemente pelo
ator Austin Butler. O “longo” longa-metragem (2
horas e 40 minutos de duração) tenta sintetizar
a trajetória do menino pobre do Mississipi desde
os seus primeiros contatos com a música até o
estrelato mundial, focando a exploração sofrida por
seu empresário Tom Parker (interpretado por Tom
Hanks) e a montanha-russa de fases trágicas e de
pleno sucesso que compuseram a sua vida. O filme
é um festival de imagens, sons e cores, e conta com
uma trilha sonora impecável, bem ao estilo Luhrmann.
Pegando a onda de “Elvis”, falando em cinebiografias
sobre o universo da música, tivemos sucessos recentes nas
telonas, a exemplo de “Bohemian Rapsody” (2018), contando a
vida de Freddie Mercury e a trajetória da banda Queen; “Rocket-
man” (2019), narrando desde a infância a história do músico Elton
John; “The Doors” (1991), filme que mostra a vida, carreira e morte

152 | Let’s Go Bahia Agosto - Circ.: Setembro 2022

Cinema & TV

trágica e prematura de Jim Morri- “Elvis”, 2022 filhos, depende do enfoque que o
son, líder da banda, interpretado roteiro queira dar à trama; nesses
por Val Kilmer; “Ray” (2004), a contribuições artísticas, políticas, trabalhos cinematográficos ainda
cinebiografia sobre o gênio musical sociais ou científicas, invenções, é comum mesclar imagens reais,
Ray Charles, vivido por Jammie produções e criações, além da em fotografias ou vídeos, com as
Fox; ou ainda “Johnny & June” sua vida pessoal, envolvendo imagens fictícias que contam a
(2005), filme que mostra a ascen- relacionamentos, casamentos e história de tal pessoa.
são do cantor Johnny Cash e de
sua parceira, a também cantora Baseadas em fatos reais, essas
June Carter. No cinema nacional, produções, sejam literárias ou cine-
tivemos produções como “Elis” matográficas, geram curiosidade
(2016), filme contando a histó- e idolatria em grande parte do
ria da talentosíssima Elis Regina; público, servem também como
“Tim Maia” (2014), narrando a tra- uma homenagem e reconheci-
jetória do polêmico e talentoso mento à vida e obra de artistas
cantor Tim Maia; e “Dois Filhos que entraram para a história. E
de Francisco”, longa que narra a ainda este ano, o cinema nos apre-
história da dupla sertaneja Zezé Di sentará mais uma cinebiografia de
Camargo & Luciano, que também peso, “Blonde”, um dos filmes mais
foram sucessos de bilheteria em aguardados de 2022, que narrará
nosso país. a história de outra artista icônica
de Hollywood: Marilyn Monroe. O
Normalmente, os elementos que filme estreará em 23 de setembro
compõem uma biografia vão desde e terá Ana de Armas interpretando
dados como a data e o local de nas- a platinada que foi um dos maiores
cimento e de morte da personali- símbolos sexuais do século XX.
dade em questão, as suas principais
O novo longa “Elvis” é um belo
“Blonde”, 2022 exemplo de uma obra biográfica
bem-sucedida para o cinema (saí
do filme cantarolando “Suspicious
Mind”, que trilha!) e acredito que a
entrega de Austin Butler ao papel,
dando vida ao protagonista can-
tor, lhe renderá uma indicação ao
Oscar na categoria de Melhor Ator.
Vamos esperar para ver!

Agosto - Circ.: Setembro 2022 Let’s Go Bahia | 153

Crônica

Caetano fez 80 em

um Brasil do passado

Os ídolos brasileiros que em 2022 Levando-se em conta que a Malu Fontes
fazem 80 anos nasceram num média de idade do início da car-
mundo ainda todo quebrando-se reira profissional dos quatro seja Jornalista, Doutora em
em cacos feitos pelos estilhaços da a dos 20 e poucos anos, são seis Comunicação e Cultura
Segunda Guerra. Perto ou longe, décadas de letras, álbuns, shows. Contemporâneas e professora
as guerras sempre desenham e Carreiras sólidas, regulares, pro- do curso de Jornalismo da
inscrevem as pessoas nos movi- dutivas. Como transcendência soa Facom/UFBA; Instagram:
mentos do tempo em que ocor- esotérico, permanência define as
rem. No dia 8 de agosto, Caetano obras de Caetano, Gil, Milton, Pau- @maluzes; contato: 
Veloso fez 80 anos. Em 2022, ele, linho. Não é pouca coisa manter-se [email protected]
Gilberto Gil, Milton Nascimento e no topo por cinco, seis décadas.
Paulinho da Viola experimentam Que o digam os líderes da vida de é a criança de Santo Amaro que
os sentidos que há em ingressar varejo, sem trocadilho, da última chegou aos 80 anos um gigante,
no primeiro ano da nona década semana. Ricardo, o do eletro, dentro e fora do país. O país parece
de suas vidas. Todos são filhos do ontem era case de liderança. Agora, retroceder para os anos 1940 com
Brasil de 1942, um país impossível é só mais um caso de coach, ou tudo ainda por acontecer, acres-
de ganhar forma no imaginário de mentor, embora uma coisa pouco cido de tiros na esquina, enterrando
quem, em 2022, está agora lendo difira da outra. passado, presente, futuro, sucesso
o país aonde chegamos. O que e fracasso, tudo junto.
alimentava, para além do universo A tematização
familiar, o imaginário de uma criança das coisas traz junto Outro ídolo popular que fez
brasileira do interior do Nordeste sempre um pouco versos sobre o não acontecimento
na década de 1940? do tom insípido e brasileiro, menos lírico que Caetano
inodoro do mundo e de vida breve, já morto, Renato
A tematização das coisas traz corporativo, cujo Russo, escreveu algo que também
junto sempre um pouco do tom repertório sempre dá conta da tragédia nacional de
insípido e inodoro do mundo cor- tem vida curta. agora: “Parece cocaína/mas é só
porativo, cujo repertório sempre tristeza”. Que droga foi essa que fez
tem vida curta. Tudo, de repente, A Flor e a Náusea desandar tanto o projeto de Brasil
vira outra coisa. Fala-se de prota- dos anos 1950 e fez dar nisto que
gonismo, liderança, nicho, susten- Ser criança no Brasil dos anos 1940, deu? A alegria individual é possí-
tabilidade, diversidade, desafios, adolescer nos anos 1950 e começar vel, mas contexto é tudo, e falar
metas e, logo, no imaginário vêm a nona década da vida nesse Brasil de alegria remete a um misto de
produtos, métodos, cifras, mer- que está lá fora parece comprovar Pollyanna e autoengano. Em ano
cado, e zero subjetividade, zero a máxima de uma das canções do eleitoral, é esse déjà-vu em looping
gente, zero emoção, tesão e afe- próprio Caetano, “Fora da ordem”: engolindo o dom de autoiludir-se
tos. Líderes por líderes, os artistas Aqui tudo parece/Que era ainda que a gente perdeu.
são sempre os mais bonitos, mais construção/E já é ruína. Ou os ver-
surpreendentes, e são atemporais. sos de “Estrangeiro”, de 1989, em Para o Brasil, a esperança melan-
Chegam antes, ficam depois do trechos que traduzem as impressões cólica de Caetano aos 80 anos, em
fim das coisas e inscrevem sua do antropólogo francês Claude Lévi “Meu coco”, seu 36° álbum de estú-
arte naquela dimensão de nossas -Strauss, ao chegar ao Brasil e não dio e show homônimo, é um fluxo
vidas que só nós contemplamos. exatamente gostar do que via, em de vento fresco, na contramão do
Se um brasileiro letrado diz que São Paulo, no Rio de Janeiro, nos caos. Para Caetano, os 200 anos do
nada da obra desses quatro ficou tristes trópicos brasileiros. Somos Brasil foram um presente horrível,
inscrito em sua vida, talvez esteja- o país das promessas nunca torna- uma coisa gigante e disforme.
mos diante de uma circunstância das realidade. Em 2022, Caetano
que exija pêsames, embora haja
sempre tempo para a redenção
diante da beleza.

154 | Let’s Go Bahia Agosto - Circ.: Setembro 2022




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