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Published by clesiorobert, 2018-12-10 21:00:31

Revista Santa Casa - alteração 14

Revista Santa Casa - alteração 14

O diretor ressalta que a Santa O provedor Heli Penido, o Montes Claros se tornou
Casa sempre contou com a ajuda da padrinho Lyntton Paixão Guedes referência na área da saúde
população montesclarense. Segun- e o superintendente Maurício
do ele, a Instituição começou com Sérgio durante inauguração do - o município foi onde se
as irmãs de caridade que viam que 22º quarto humanizado. implantou, na metade da
as mulheres tinham os filhos sem década de 1970, o projeto
a dignidade necessária. Então, elas Uma das beneficiadas pela solida- precursor do que hoje, é o
criaram, em uma casinha, um local riedade dos doadores é Juliana Mar- Sistema Único de Saúde.
para essas mães ganharem os bebês tins dos Santos, 29 anos, mãe de dois
de forma mais adequada. “Foi um filhos, moradora do bairro Carmelo, neurológicos que fazem com que
ganho enorme para a sociedade na- em Montes Claros. O filho mais ve- necessite de sonda e ventilação me-
quela época. E, desde então, as mu- lho de Juliana, o Paulinho, mora, cânica constante, motivo que não lhe
lheres dos fazendeiros e a sociedade isso mesmo, mora, na Santa Casa de permite deixar o hospital. Com uma
faziam campanhas para ajudar. E Montes Claros, desde que nasceu. O maturidade e consciência dos frutos
isso foi crescendo”, explica. garoto, que tem 10 anos, nasceu com de uma experiência de uma década,
malformação e possui problemas ela conta um pouco de sua história e
Seguindo esse exemplo, em 2016, como a humização dos quartos pode
surgiu a ideia de humanizar a tota- contribuir para melhorar a vida de
lidade dos quartos dando a mesma seu filho mais velho.
dignidade aos pacientes do SUS do
que já era desfrutado pelos pacientes “É muito
convênio/particular. “Convidamos gratificante ter a
as empresas e a sociedade para hu- Santa Casa que
manizar os quartos. O Estado não
tinha dinheiro para investir em um trabalha pelo
projeto dessa proporção. Em um bem-estar dos
mês, conseguimos apadrinhar todos pacientes e da
os quartos”, argumenta. família”, Juliana

A Drogaria Minas Brasil foi uma Martins
das empresas que se sensibilizaram
com a missão de solidariedade. O Revista Santa Casa 51
diretor administrativo da empresa,
Lyntton Paixão Guedes, entende que
a sociedade montesclarense deve
participar desse projeto. “A Santa
Casa realmente é de todos. Sempre
falo que Montes Claros pode viver
sem muitas coisas, menos sem esse
hospital, que é uma necessidade pri-
mária, não só para a cidade, mas para
toda a região pela quantidade de pes-
soas atendidas e pela quantidade de
procedimentos que disponibiliza. É
uma Instituição muito séria, de mui-
ta credibilidade, com a gestão muito
eficiente e muito competente. Então,
a gente não pode somente esperar
do Governo, que muitas vezes não
cumpre muito bem o seu papel, até
mesmo pelas dificuldades. Mas nós
temos que entender que todos nós
fazemos parte dessa grande e maravi-
lhosa Instituição”, argumenta.

“Vou ao hospital todos os dias. E ANTES
faço pra ele tudo que tem direito, como
a festinha de aniversário. Tudo o que
tem lá fora eu trago um pouquinho pra
cá. Por exemplo, na Copa do Mundo
a gente vestiu todo mundo com rou-
pas do Brasil. Com a humanização do
quarto, o ambiente ficou bem infantil
com os desenhos e a pintura. Além de
bem harmonioso e aconchegante. Eles
assistem desenho. O Paulinho não é de
conversar, mas a gente vê a expressão
de alegria dele”, fala.

A terapeuta ocupacional, Iara Ri-
beiro de Oliveira Cyrino, explica que a
mudança radical na rotina dos pacien-
tes de longa internação quebra a rotina
diária da criança e é um grande desafio.
“Com o ambiente humanizado, depen-
dendo da ornamentação do quarto, da
pintura, a criança pode, de repente, co-
meçar a criar uma história. Isso é algo
que vai além do que as pessoas enxer-
gam, pois o ambiente acaba contri-
buindo positivamente de uma maneira
geral”, afirma. A terapeuta ocupacional
acredita que as doações são de extrema
importância não apenas quando uma
empresa patrocina uma reforma. “Às
vezes a pessoa acha que é uma coisa
mínima, mas faz uma diferença enor-
me. Independente do tipo de doação,
contribui muito”, conclui Iara.

DEPOIS52 Revista Santa Casa

PADRINHOS

A&C FREIOPECAS COMERCIAL ANTARES LABORATÓRIO LOJA MAÇÔNICA
TINTACON MATÃO SANTA CLARA FILHOS DE
HIRAM

ROTARY CLUB ALPARGATAS COSMOS CENTERNORTE CREDIMONTES MEDIODONTO
MONTES CLAROS DISTRIBUIDORA
DE ALIMENTOS
SÃO LUIZ

DEPOSITO CONSELHO DE AGIS CENTERPÃO NORTE PEC IRMANDADE
FELÍCIO ADMINISTRAÇÃO MEDICAL (CER) NOSSA SENHORA

SICOOB PROD DAS MERCÊS
CREDINOR HOSPITALARES

ROTARY CLUB CARLOS GEMAQ CERVANTES DISTRIBUIDORA NOVO
MONTES CLAROS HUMBERTO (MINAS IRRIGAÇÃO) JOÃO XXIII NORDISK
OK TINTAS
NORTE MORAIS

GUEDES CAMB COM GILBERTO WAGNER CREDINOR TRIGGUS LOJA
E PAIXÃO E REPRESENTACOES MARTINS PEREIRA MAÇÔNICA
MINAS BRASIL OPERÁRIOS
ANTUNES DE SALOMÃO

LOJA MAÇÔNICA HDL FACULDADES HIPOLABOR INSTITUTO DE PALIMONTES
ACÁCIA LOGÍSTICA INTEGRADAS FARMACÊUTICA ORTOPEDIA
HOSPITALAR PITÁGORAS
MONTESCLARENSE LTDA
E SABEDORIA
E LUZ

TRIAMA RÁDIO ROTARY CLUB
NORTE
DIRETORIA SINDICATO SUPERMERCADOS EDUCADORA CaMsaONT5ES3SUCLLAROS
SANTA RURAL BH
CASA DERMeOvNisTtaESSanta

CLAROS

A Modernidade das Cirurgias
dentro da Santa Casa

Taislaine Antunes

A Santa Casa de Montes Claros paço, equipamentos e toda uma estru- neurológica e uma onde são concen-
recebe por dia centenas de pacientes tura de ponta, como explica a gerente trados serviços ambulatoriais. No se-
que buscam por diversos atendimen- do Centro Cirúrgico, Débora Natália gundo são concentradas as cirurgias
tos. Dentre os procedimentos mais Coutinho. “Nós contamos com dois plásticas reparadoras”, diz.
realizados estão as cirurgias, que po- centros cirúrgicos. O primeiro possui
dem ser feitas em caráter de urgência nove salas cirúrgicas, sendo uma de De acordo com Débora, cerca de
ou programada - eletiva. Para atender urgência, uma de cirurgia ortopédi- 200 profissionais passam pelos Cen-
este público, o hospital dispõe de es- ca, uma para cirurgia cardíaca, uma tros Cirúrgicos diariamente, o que
garante um atendimento dife-
54 Revista Santa Casa

renciado. “Temos um corpo clínico ambiente hospitalar é garantia de um como exames e outras especialidades
altamente especializado, dedicado às atendimento amparado pela seguran- que possam ser necessárias. Além
suas funções, e isso é extremamente ça e tranquilidade de um complexo disso, tem a tranquilidade de se ter
importante. Além disso, temos o CTI pronto para eventuais complicações. um banco de sangue, um CTI e uma
que nos dá uma segurança em caso “Realizar o procedimento dentro do estrutura que pode atender todas as
de complicações e seguimos os pro- hospital é mais seguro, pois o hospi- nossas necessidades de forma rápida,
tocolos adotados pela Instituição”, tal tem um funcionamento especiali- sem ser preciso fazer um desloca-
salienta. A cirurgia plástica dentro do zado, todos os recursos à disposição, mento”, enfatiza.

E a estrutura da Santa Casa foi fa- -operatório, tudo o que envolve uma estão a mamoplastia, lipoaspiração e
tor decisivo para a Vânia Cangussu. cirurgia deste porte, até que meu mé- abdominoplastia. Já as não estéticas,
Após 10 anos de dúvidas, ela optou dico disse que a cirurgia se realizaria as chamadas cirurgias reconstrutivas,
por realizar no hospital a abdomi- na Santa Casa. A credibilidade que podemos destacar o tratamento de
noplastia total e mastopexia com envolve esta Instituição, os profissio- queimados, enxerto de pele, tratamen-
prótese. “Cirurgia plástica sempre nais que ali atuam, a humanização do to de trauma de face e tratamentos em
foi meu desejo. O sonho de me sen- atendimento, foram fatores decisivos geral”, enumera. Ainda segundo o ci-
tir bem com o meu corpo, de usar para minha decisão. Hoje me sinto rurgião, o hospital consegue realizar
roupas antes proibidas, de me sen- realizada. renovada, mais feliz, com a qualquer intervenção cirúrgica de for-
tir à vontade com o espelho. Mas, o autoestima elevada e completamente ma mais segura possível. “Uma unida-
medo e as incertezas eram maiores à vontade com o meu corpo”, relata. de complexa e grande como a Santa
do que o sonho e me impediam de Casa atende uma diversidade de pa-
realizá-lo. Durante anos consultei- A Santa Casa realiza mais de 1.300 cientes e necessidades muito extensa,
-me com vários médicos. Após anos (mil e trezentos) procedimentos ci- como poucos no estado e no Brasil. E
de pesquisas, senti que seria possível rúrgicos por mês. Destes, cerca de a cirurgia plástica, tanto a de urgência
vencer o medo. Mas ainda restava a 50 são plásticas estéticas. O cirurgião como a programada, dispõe de toda a
insegurança sobre os riscos da cirur- plástico, Marcelo Rezende, lista os estrutura necessária para ser realizada
gia, possível necessidade de CTI, pós- procedimentos mais comuns reali- dentro do hospital”, afirma.
zados. “Entre as cirurgias estéticas
Revista Santa Casa 55

Referência em Queimaduras

Entre os procedimentos cirúrgi- pacientes. “Essas cirurgias buscam me-
cos realizados mensalmente pela Santa lhorar eventuais deformidades congê-
Casa, cerca de 250 são cirurgias plásticas nitas ou adquiridas que a pessoa tenha,
reparadoras em virtude de queimaduras elas buscam fazer com que a pessoa se
ou lesões traumáticas. O SUS responde sinta dentro de uma normalidade. Mui-
por 90% dessas intervenções. De acordo tas pessoas buscam esse procedimento
com Marcelo Rezende, o procedimen- não para se destacar, mas sim para não
to reparador tem muita importância, ser notada, não ser diferente entre as de-
principalmente para a autoestima dos mais pessoas”, pondera.

Conforme Débora, o hospi-
tal tem colaboradores aptos para
atender a todos os pacientes. “Nos-
sa equipe é altamente qualificada,
com uma experiência bem aguçada.
Seguimos alguns procedimentos
de cuidados, desde a entrada até o
pós-operatório. Nosso corpo clíni-
co acompanha e cuida de forma di-
ferenciada, tanto é que o tempo de
permanência do paciente é bem me-
nor na Instituição”, observa.

Caso Janaúba A enfermeira supervisora dos Blocos Cirúrgicos e Dr. Marcelo Resende, foram
alguns dos profissionais que atenderam as vítimas do caso Janaúba.
Um grande desafio imposto à San-
ta Casa de Montes Claros foi a tragédia pital foi impressionante. Todos procu- de Montes Claros é referência estadual
que atingiu a cidade de Janaúba em raram ajudar de alguma forma. A ad- em queimados. Diariamente atende
2017. A maioria das vitimas foram en- ministração ficou o tempo todo junto. vários casos dentro dessa complexida-
caminhadas para Montes Claros, onde Esse espírito de trabalho em conjun- de. Durante o caso Janaúba, todos os
receberam atendimento imediato. No to é fundamental para o sucesso dos pacientes precisaram de atendimento
Pronto Socorro, com capacidade para atendimentos”, encerra. A Santa Casa cirúrgico em menor ou maior grau.
20 leitos, no dia da tragédia foi acio-
nado pela primeira vez no hospital o
“Plano de Catástrofe”. Havia cerca de
50 pacientes na unidade de urgência e
emergência, e em menos de uma hora
foram remanejados para outros hos-
pitais ou enfermarias dentro da pró-
pria Santa Casa. “O hospital atendeu
um total de 23 pacientes, sendo que
16 permaneceram conosco e as de-
mais foram encaminhadas para Belo
Horizonte para não sobrecarregar o
serviço”, comenta Marcelo. A união
e o instinto de solidariedade dos co-
laboradores chamaram a atenção do
profissional. “A mobilização no hos-

56 Revista Santa Casa

Em 2017 a Santa Casa de
Montes Claros realizou
mais de 16 mil cirurgias

Transplante: a Esperança
de uma Nova Vida

Há 25 anos nascia o Serviço de Taislaine Antunes corpo do paciente. “O fígado é uma
Transplantes da Santa Casa Outro transplante realizado na espécie de uma grande usina respon-
de Montes Claros. O hospital Santa Casa é o de fígado. Esse proce- sável pelo metabolismo de quase tudo
foi o primeiro a obter um serviço des- dimento é recomendado aos pacientes no corpo. O fígado tem uma função
sa natureza em todo o interior de Mi- que têm o diagnóstico de uma insu- central e quando não funciona, desen-
nas Gerais. O primeiro procedimento ficiência irreversível do órgão, sendo cadeia a falência de outros órgãos tam-
ocorreu em 19 de março de 1993. Até necessária a realização do transplante bém. E, naturalmente, quando ocorre o
maio de 2018, foram 752 transplantes para a manutenção da vida. transplante do fígado, os demais órgãos
realizados ao longo das duas décadas e Desde 2011, a Santa Casa já re- melhoram consideravelmente e vão
meia de atividade. alizou mais de 100 transplantes. voltando a funcionar normalmente”,
Para o coordenador do Serviço de diz. Os pacientes que vão até o hospital
O coordenador do Serviço de Transplante de Fígado, doutor Luiz para a realização do transplante encon-
Transplante de Rim da Santa Casa, Fernando Veloso, o procedimento é tram uma estrutura adequada. “Nós
doutor Geraldo Sérgio Gonçalves uma conquista. “Isso representa um damos um suporte de alto nível
Meira, fala da evolução do setor. avanço muito grande da medicina,
“Quando começamos a realizar o porque antes desse procedimento Referência no Norte de
serviço, era um grande sonho, hoje é surgir, os pacientes que apresenta- Minas e Sudoeste da
um serviço muito bem consolidado. vam falência do fígado estavam fa-
Somos o terceiro no estado em nú- dados a morrer. Hoje há uma evolu- Bahia no atendimento de
mero de transplantes”, diz. Atualmen- ção considerável, mas a necessidade urgência/emergência e alta
te, apenas para receber um rim, 350 de transplante no Brasil é cinco ve- complexidade em diversos
pessoas aguardam na fila em Montes zes maior que a disponibilidade de serviços, a Instituição é a
Claros, por isso, o médico destaca a órgãos para transplantar. Por isso a única na região que realiza
conscientização da importância da caminhada ainda é longa”, conta.
doação “Infelizmente a quantidade Ainda segundo o médico, o trans- transplantes de córneas,
de pessoas na lista de espera não para plante representa uma mudança no fígado e rins.
de crescer. Hoje, na cidade, a cada
dez órgãos solicitados aos doadores e
familiares, menos da metade aceitam
fazer a doação”, lamenta Geraldo.

O transplante renal é indicado para
pacientes que são diagnosticados com
insuficiência renal crônica avançada.
Mas até conseguir um doador, muitas
vezes é necessário passar pela hemodi-
álise, uma alternativa dolorosa. “É um
tratamento paliativo que vai substituir a
função renal. O processo precisa ser fei-
to três vezes por semana, durante qua-
tro horas por sessão. O que é extrema-
mente desgastante, já que tem pessoas
que estão esperando há 10, 15 anos por
um rim”, complementa.

58 Revista Santa Casa

para os serviços de alta complexidade. Muitos setores tiveram Dr. Geraldo Sérgio, coordenador do Serviço de
mudanças para atender os transplantes de fígado. Mudanças Transplante de Rim da Santa Casa.
que beneficiam tanto os transplantados, como o corpo clínico
de forma geral”, completa Luiz Fernando. Dr. Luiz Fernando Veloso, coordenador
do Serviço de Transplante de Fígado.
Dentre as centenas de pessoas que já foram transplanta-
das na Santa Casa, está José Carlos, que fez um duplo pro- Wendel Felix,
cedimento. O paciente, que recebeu um novo rim e fígado, gerente da
conta como descobriu que estava doente. “Tudo começou há Unidade de
uns três anos, quando tive problema com cirrose. Eu bebia
muito, quase todos os dias e comecei a ficar incomodado. Ti- Transplante
nha muita ascite, barriga volumosa de água, inchaço e muito João Paulo II.
cansaço. Comecei a fazer tratamento, mas parei. Quando
voltei fui fazer hemodiálise e logo me disseram que precisa- Revista Santa Casa 59
ria de um transplante de rim. Depois descobri que também

teria que fazer um
de fígado”, explica.
Após a realização
dos procedimen-
tos, José diz estar
renovado. “Agora
tenho uma nova
vida, vou mudar
muitos hábitos e
valorizar mais a
minha saúde. Dei-
xar o vício de lado
e aproveitar cada
minuto”, encerra.

Acolhimento

Com o intuito de atender aos pacientes transplanta-
dos, foi criada em 2013 a Unidade de Transplantes João
Paulo II. O local conta com 24 leitos totalmente equipa-
dos para receber a demanda. O gerente do local, Wendel
Felix, destaca as vantagens deste setor no hospital. “A
unidade surgiu com o propósito de acolher os pacientes
no estágio de pré e pós-transplante. Contamos com uma
equipe muito qualificada, que está apta para dar todo o
suporte aos pacientes. Ao longo desses anos avançamos
muito e estamos bem mais capacitados”, enfatiza.

Antes de ser submetido ao transplante, o acompa-
nhamento médico começa a trabalhar o psicológico do
paciente. “Damos todo o apoio ao paciente. É natural
que eles fiquem inseguros, ansiosos e com medo, uma
vez que tem que enfrentar procedimentos cirúrgicos que
oferecem riscos. Antes da cirurgia conversamos com o
paciente e é feito um trabalho com psicólogos e enfer-
meiros no pré-transplante e no pós. Podemos perceber
que a vida de cada um deles muda, que a alegria volta e
ficam com mais esperança”, comenta.

Ainda segundo o gerente da não permitem a doação por receio Tecidos (CIHDOTT) da Santa Casa,
unidade, a captação de doadores do corpo ficar mutilado ou por- Nayara Prates, reforça a importância
esbarra em inúmeros fatores. “O que o parente não manifestou esse da conscientização. “Infelizmente,
número de doações vem crescendo interesse em vida. Tem também cerca de 60% dos casos, as potenciais
discretamente se comparado com aqueles que não aceitam por ques- doações acabam não ocorrendo pela
os anos anteriores. Os motivos para tões religiosas. Então o trabalho de resistência dos parentes devido ao
o pequeno avanço se dão de várias conscientização é muito importante pânico diante da situação da mor-
maneiras. A falta de informação para ajudar a reverter o quadro atu- te do ente querido, além da questão
ainda é muito grande e atrapalha al de doações”, finaliza. cultural que impede esse ato mara-
na hora de consentir com a doação, vilhoso que é doar a vida. Todos nós
mas não é só isso. Muitas pessoas A enfermeira da Comissão Intra precisamos falar sobre isso”, enfatiza.
Hospitalar de Doação de Órgão e

Para ser um doador,
o primeiro passo é
comunicar a família sobre
a intenção de doar. Não
é necessário documentar,
é preciso apenas que a
família esteja ciente da
decisão. Um único doador
pode beneficiar mais de

dez pessoas.

A enfermeira da
CIHDOTT, Nayara Prates
e o enfermeiro da Unidade
de Transplante João Paulo
II, Patrick Rocha.

Em novembro de 2018 foi realizada
a primeira captação de coração na
Santa Casa de Montes Claros para fins
de transplante. O procedimento, que
contou com o suporte da equipe da Santa
Casa, foi realizado por especialistas
em transplante cardíaco, de Belo
Horizonte. A manutenção dos órgãos
aconteceu após a confirmação de morte
encefálica, constatada através de exames
para diagnóstico, conforme preconiza
a Resolução do CFM nº 2.173/17.
Concluído o fechamento do protocolo, a
enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar
de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplante (CIHDOTT) da Santa
Casa, juntamente com o médico da
Organização de Procura de Órgãos (OPO
Montes Claros), realizaram a entrevista
familiar. Os pais optaram pela doação de
múltiplos órgãos e tecidos. Segundo eles,
o desejo já havia sido manifestado pela
paciente em vida. Foram doados coração,
rins, fígado e córneas. Ao todo, 6 pessoas
foram beneficiadas.

60 Revista Santa Casa

De Amor e Solidariedade

Responsável por atender uma expressiva população
carente e desprovida, a Santa Casa de Montes Claros,
Norte de Minas, destaca-se pelo atendimento humanitário
e solidário na prevenção, diagnóstico e tratamento do

câncer e outras doenças.

Comumente, a solidariedade Alexandre Fonseca ença que afeta toda a família”, relata
quase sempre brota de um o Novembro Azul do ano passado a professora, Ivone Alves Godinho,
processo decorrente da afli- (2017) e os diagnósticos preventi- 52 anos, casada com José Henrique.
ção. Para muitos, esse sentimento vos que a Santa Casa fazia de graça. Apesar da doença ter sido desco-
segue o mesmo itinerário do amor: Não houve muita resistência para ir, berta em estágio inicial, o que au-
é o que nos revela como humanos mesmo sendo meu primeiro exame. menta consideravelmente as chan-
perante aos olhos de outro ser hu- Após o resultado, no começo, foi ces de cura do paciente, para Ivone
mano. Ser solidário é escolher divi- uma queda, mas depois fiquei mais o diagnóstico foi como um gatilho
dir, não somente dores e angústias, tranquilo” comenta o representante de lembranças difíceis e angustian-
mas, principalmente, alegrias e es- comercial. tes. “Não deixei transparecer, mas
peranças com o próximo. Há 147 foi um baque. Tive dois casos de
anos esse ato de bondade e compre- Mesmo com os avanços da me- morte em decorrência do câncer na
ensão é o principal pilar que norteia dicina exorcizando as “sentenças de família, inclusive um de próstata,
e dá sentido a existência da Santa morte” que recaíam sobre os diag- que foi meu cunhado, e outro de
Casa de Montes Claros. Responsá- nósticos do câncer no passado, a pulmão, que foi no meu padrasto.
vel pela missão de levar saúde para doença ainda provoca medo e an- Perdi meu padrasto de forma muita
uma população de dois milhões de gústia, pois ela muda planos, altera rápida e dolorosa” diz a professora.
pessoas, o hospital vem se sobres- rotas e coloca o ser humano perante
saindo também na área de preven- a sua finitude. “O câncer é uma do-
ção de doenças, como os cânceres
de mama e próstata, por meio dos Ivone Alves, esposa do paciente José Henrique, que foi um dos pacientes
mutirões solidários. beneficiados com o Mutirão Novembro Azul realizado em 2017 pela Santa Casa
de Montes Claros. Na parede, o recado sobre a cirurgia.
Foi por meio destes eventos de
promoção de saúde que o repre- Revista Santa Casa 61
sentante comercial, José Henrique
Godinho, 60 anos, casado e pai de
um adolescente de 15 anos, des-
cobriu um câncer de próstata em
estágio inicial. Após assistir uma
reportagem televisiva sobre o mu-
tirão da Santa Casa, José decidiu ir
ao último dia do evento para reali-
zar o exame preventivo. “Eu ‘tava’
assistindo uma reportagem sobre

Apesar de todas as lembranças um dos responsáveis por assistir José lizamos damos toda uma assistência
dolorosas, dona Ivone e José Hen- Henrique, comenta que o principal completa (exame, biopsia, tratamen-
rique sempre preservaram as espe- objetivo das ações solidárias da San- to ambulatório, cirurgia, radiote-
ranças e o otimismo, principalmente ta Casa é levar saúde para as pesso- rapia), pois alguns outros mutirões
por se tratar de um câncer desco- as que não têm acesso a ela e, assim só fazem os exames e não dão con-
berto em estágio inicial e por terem como ocorreu com o representante tinuidade. A gente faz toda a conti-
sido amparados pelo apoio da Santa comercial, diagnosticar doenças em nuidade e encaminhamos todos os
Casa de Montes Claros. O médico estágios iniciais para propagar a pacientes que devem ser submetidos
urologista, Conrado Menezes, che- vida. “A Santa Casa oferece isso para ao tratamento, após a alteração nos
fe da clínica urológica do hospital e seus assistidos. No mutirão que rea- exames”, pondera o urologista.

Dr. Conrado Em 2018, conforme Conrado
Menezes, chefe da Menezes e dados de pesquisas mé-
clínica urológica dicas, o Brasil teve uma estimativa
da Santa Casa de de 60 mil novos casos de câncer de
próstata, o segundo de maior inci-
Montes Claros. dência masculina, perdendo apenas
para o câncer de pele não melanoma.
“A grande vantagem desses mutirões
é levar algo que eles (pacientes) não
têm acesso pelo sistema público de
saúde. Nesses eventos, eles têm um
dia só pra isso. Claro que a gente
nunca vai conseguir atingir todos,
mas precisamos levar o diagnóstico
precoce para o máximo de pessoas.
O preventivo não é para você ter o
câncer, mas, sim, para detectar com
o objetivo de curar”, completa.

Sentença de Vida

“Se não fosse esse trabalho? E se Paciente assim como os enfrentamentos e
não fosse esse tratamento?” questio- Jaqueline orientações, ofertas de exames e a
na-se a faxineira de 47 anos, Jaque- Ferreira. mobilização social são ferramentas
line Ferreira Fagundes, sobre o seu Fernandes, um dos responsáveis para se alcançar o diagnostico pre-
tratamento realizado na Santa Casa. pelo tratamento de Jaqueline. “Os coce”, fala Gessandro sobre a im-
Diagnosticada no final de 2017 com casos (câncer de mama) são mais portância do diagnóstico precoce
um câncer de mama e nas axilas ma- frequentes devido às mudanças de do câncer de mama.
ligno, Jaqueline teve sua rota altera- hábito, mas também se devem a
da, mas decidiu levar a vida com oti- melhoria dos diagnósticos. A bus-
mismo e perseverança. “No começo ca maior e precoce dos cânceres,
foi muito difícil. Chorei o que devia
chorar, mas hoje levo a vida normal-
mente. Só lembro que estou doente
na quinta e sexta-feira quando faço
o tratamento na Santa Casa”, diz
Jaqueline. A faxineira integra uma
estatística composta por 60 mil mu-
lheres diagnosticadas com câncer
de mama por ano no Brasil, como
aponta o mastologista, Gessandro

62 Revista Santa Casa

Dr. Gessandro
Fernandes,
mastologista.

Devido à gravidade do proble- gias, pois elas são morosas e muito “É preciso que a
ma, a retirada do seio direto foi fei- difíceis de serem conseguidas pela população ajude a Santa
to rapidamente. No local da mama, saúde pública. Por meio desse mu- Casa, pois a filantropia
Jaqueline recebeu um extensor tirão, nós conseguimos a doação
para, posteriormente, ser colocado de prósteses. Ano passado, fecha- é via de mão dupla.
uma prótese mamária totalmen- mos um centro cirúrgico e realiza- “Precisamos que os outros
te gratuita. “Antes de ser atendida mos 14 cirurgias de reconstrução sejam filantrópicos com
pela Santa Casa, eu pensava ‘quan- mamária. Pela visão geral, é muito
to dinheiro não deve correr por pouco, mas pela questão de pro- a gente, para que nós
aí’, pensava de uma forma negati- porção, o Sistema Único de Saúde sejamos filantrópicos
va. Hoje, depois que operei, vejo não realiza esse número” explica. com os outros. A Santa
quantas pessoas entram e saem e Casa não é um hospital
são atendidas. Podem ser atendi- público. Realizamos 20%
das no corredor, mas atender, eles de atendimento particular
atendem. As meninas da recepção para equacionar os
e Gessandro me tratam com amor, restante que é filantrópico.
sou muito grata a Deus por isso”
afirma a paciente. A gente precisa da
população, para que
Outra ação solidária da Santa eles entendam como
Casa é o Outubro Rosa. Realizado funcionamos”, Eridam
de forma totalmente gratuita a po-
pulação de Montes Claros e região, Ribeiro.
o evento tem como objetivo levar o
diagnóstico precoce e a prevenção Ana Paula Paixão, assessora de imprensa do hospital e Eridam Ribeiro, gerente
do câncer de mama para mulheres de Marketing e Comunicação da Santa Casa, na organização do Mutirão
carentes. No ano de 2017, confor- Novembro Azul de 2015, realizado no Mercado Municipal.
me a gerente de marketing e co-
municação da Santa Casa, Eridam Revista Santa Casa 63
Ribeiro, foram atendidas aproxi-
madamente 400 mulheres. “O cân-
cer de mama é o segundo de maior
incidência na saúde da mulher
na região. O mutirão do Outubro
Rosa é muito esperado, principal-
mente no que diz respeito às cirur-

Porque praticar o bem

é a nossa principal especialidade.

383229.2000

64 Revista Santa Casa


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