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Aprendizados, desafios e grandes emoções fizeram parte de um capítulo memorável na história dessa pequena menina, que está só começando a sua jornada.

Esta publicação faz parte da coleção “Memórias da Infância”, uma recordação anual da vida dos pequenos.

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Published by Foi Assim, 2022-02-07 07:39:23

Memórias da Infância_Alice Reis_2020

Aprendizados, desafios e grandes emoções fizeram parte de um capítulo memorável na história dessa pequena menina, que está só começando a sua jornada.

Esta publicação faz parte da coleção “Memórias da Infância”, uma recordação anual da vida dos pequenos.

Keywords: biografia infantil

Todas as baladas caseiras foram muito especiais, mas uma das festas mais
marcantes foi o aniversário de Alice. Sim, já era 29 de junho e ainda não se tinha
qualquer ideia de quanto tempo o isolamento continuaria. Assim, a família da
aniversariante fez um bolinho em casa, como antigamente, para celebrar os seis
anos da pequena. Avós, tios, primos: todos convidados (mas online)!

O aniversário de Alice em 2020 transcorreu em um dia todo de atividades
preparadas em segredo, para agradecer àquela baixinha por mais um ano de
vida. E porque ela adorava brincar de ser espiã, assim começou o dia: logo que
acordou, com luzes de led colocadas pelo papai em volta da cama, tinha um jogo
de “escape” montado pela casa. Alice tinha uma hora para resolver códigos, abrir
cadeados e portas, desvendar mensagens secretas espalhadas pelos cômodos e
descobrir mistérios que finalmente a levariam ao tesouro tão esperado: o presente
de aniversário. A cada enigma revelado, ela comemorava e corria para a próxima
pista com os olhos ávidos pelas surpresas que estavam por vir. No final, ganhou
uma linda cachorrinha que latia, andava, tinha coleira, mas não mordia nem
fazia cocô. Era tudo o que ela sonhou! O nome? Pipoca, em homenagem à
cachorrinha da série Chiquititas.

E por falar em Chiquititas, este era o tema da festa. A série marcou os primeiros
100 dias da reclusão em família. Alice gostava tanto, que até dormiu com a
fantasia. Além das comidinhas e o “parabéns pra você”, a cada hora tinha uma
nova atividade para celebrar a data. A revelação das atrações acontecia sempre
que ela estourava os balões (com bilhetinhos dentro) pendurados na janela. O
sorriso no rosto não enganava: aquele dia era só para ela.

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AESNPIEVCEIRASLÁRIO

A CADA HORA UM ESTOURO! REALIDADE VIRTUAL

A PRÓPRIA CHIQUITITA! ENCONTRADO O PRESENTE!

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Os pais se esmeraram para construir momentos especiais na pandemia. A
mamãe, que trabalhava com jogos de tabuleiro modernos, sempre tinha uma
novidade que reunia a família em torno da mesa. De jogos de palavras a zumbis,
foi um ganho enorme para a Alice, que exercitou habilidades diversas: foco,
raciocínio lógico, capacidade de planejar, como lidar com frustrações e tantas
outras. Os dois jogos favoritos dela eram Love Letter e Exploding Kittens. Jogaram
até cansar!
Outro dia, os pais montaram um circuito de atividades que fez todo mundo suar.
Tinha até um corredor de “raio laser”! E teve também a cidade criada no chão
com fita crepe, que divertiu Alice por dias. Os experimentos sensoriais também
foram bastante interessantes, testando as habilidades dela em todos os sentidos.
Sem contar os dias em que todos “acampavam” na sala. Era um evento! Todo
mundo dormindo junto numa enorme cama improvisada.
Com o tempo, Alice foi se acostumando com essa história de ficar em casa. Já
estava mais habilidosa com o computador (herança boa da pandemia) e
também já não cobrava mais tanto o tempo dos pais enquanto trabalhavam.
No entanto, essa incerteza de quando a vida voltaria a ser como era se prolongou
por um período maior do que Alice podia suportar...

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CIRCUITO DE ATIVIDADES ADIVINHA QUEM É!

JOGOS DE TABULEIRO

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MINICIDADE

ACAMPAMENTO NA SALA DESAFIO DO RAIO LASER

53

5CTUALPOÍ

ABALTIOXSOSE

Em setembro, completaram-se 200 dias de quarentena. Era inacreditável para a
família de Alice pensar que ainda não havia qualquer perspectiva de poderem ver
os familiares ou os amigos.

Os pais foram conservadores durante o período de isolamento e não iam sequer
ao mercado. Para espairecer, flexibilizaram apenas brincadeiras na varanda do
escritório da mamãe, caminhadas pelo bairro ou visita a uma sorveteria que
vendia produtos lacrados. O que Alice mais gostava era quando iam ao Drive-Thru
do McDonalds ou ao Cine Drive-in. Não tinham muitas opções e já estavam todos
cansados de ficar em casa, por melhor que fosse.

Assim, a família de Alice resolveu alugar uma casa via Airbnb, no interior de São
Paulo. A ideia era passar alguns dias, apenas os três, aproveitando o feriadão de
7 de setembro em um novo ambiente, com um pouco de sol.

Aquele foi o primeiro grande momento de pausa para os paulistanos desde o
início da pandemia. O Governo tinha cancelado alguns feriados anteriores e,
como já estavam todos exaustos da rotina entre quatro paredes, era de se esperar
que houvesse um certo relaxamento. Isso significou, claro, um grande trânsito.
Foram duas horas de estrada (o dobro do esperado) para finalmente chegarem
a… um endereço errado. Sim, mais duas horas para voltar. Alice chorava, a comida
congelada derretia no porta-malas, os pais não diziam mais nenhuma palavra.
Foi nesse momento que começou uma maré de azar.

A família curtiu demais aquelas férias improvisadas. Claro, a piscina não aqueceu,
a banheira quebrou e tinham traças por todos os lados - esse já era o prelúdio do
caos -, mas o importante foi que conseguiram aproveitar os dias ensolarados.
Alice correu na grama, se jogou na areia, brincou com a mangueira, fez
piquenique ao pôr do sol, esgotou as energias no pula-pula, nadou até enrugar…
Não queria nem comer! Ninguém se lembrava mais de celular, de computador ou
da pandemia.

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FINALMENTE UM POUCO DE SOL

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PISCINA O DIA TODO!

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PÉS NA AREIA

BRINCANDO COM A MANGUEIRA

“TAMPANDO O SOL COM A PENEIRA”

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De volta a São Paulo, a família ainda teria alguns dias de folga. Mas ao chegarem
ao lar, doce lar, começou uma “bateção” no andar de cima que invadia a mente
de qualquer um. Não era possível ouvir uns aos outros dentro de casa. Os vizinhos
resolveram fazer obra no apartamento, colocando tudo abaixo. Previsão de
término: dezembro.

As aulas e o trabalho voltaram, mas com o barulho estava impossível viver. De
repente, a água quente do banheiro parou de funcionar. Estourou um cano na
obra do andar de cima, o que prejudicou o aquecimento do chuveiro na casa de
Alice. E como se não bastasse, pequenas larvas que apareceram debaixo da
porta do banheiro revelaram uma infestação de broca, exigindo uma
dedetização de emergência. Uma queda de energia no dia anterior deixou a
todos sem internet também naquele dia fatídico. O caos expulsou de vez a família
toda para a casa dos avós, em Ribeirão Preto.

Saíram correndo para fazer as malas e partiram, no mesmo dia, em uma viagem
inesperada. Claro que o caminho ainda guardava alguma má-sorte, como multa
por circular em dia de rodízio e um Sem Parar que “parou” de funcionar. Mas a
sorte virou logo que chegaram à casa dos avós. A família foi recepcionada pelo
vovô Vanderlei, a quem a mãe de Alice ficou agarrada por muitos minutos,
enquanto as lágrimas de ambos escorriam. Como num conto de fadas, um gesto
de amor verdadeiro quebrou a maldição.

Que saudade... Alice estava tão grande aos olhos dos avós. Também, pudera,
viveu um regime de engorda (que ela adorou!) ao longo de meses e espichou
como nunca. “Magalice”, como costuma ser chamada, é uma verdadeira draga.
Foram dois números de sapato em quatro meses e já usava tamanho oito de
roupa antes de completar sequer os seis anos. “Uma mocinha”, como gostavam
de dizer.

A rotina por lá era diferente, com os “ataques elétricos” do vovô Vanderlei, a
comida maravilhosa da vovó Silvia e um delicioso banho de piscina todos os dias
à tarde. E nem eram férias! Alice e o vovô inventaram uma brincadeira de
detetives que divertiu a pequena por dias. A vovó fez o que as vovós fazem, de
biscoitos a banho de mangueira. Foi bom demais!

De volta para casa. Foi então que veio um vazio, daqueles que não dá para
explicar muito bem. Alice estava sentada no seu quarto, brincando sozinha e
esperando os pais, como sempre, quando sentiu algo diferente. “Queria quebrar
tudo”, como relatou para a mãe. “Nada tem valor, mamãe; nada tem sentido se
não pudermos estar com as pessoas que amamos. Eu só queria poder dar a mão
para uma amiga”, disse em prantos. Ficou um tempão sem fazer nada, sentada
no chão pensando em quebrar coisas.

Alice sempre foi uma garota doce e pacífica. Raiva não fazia parte do vocabulário
dela, mesmo nos momentos de maior frustração. Chora, mas não grita; se fecha,
mas não fica brava. Por isso, aquele ímpeto de agressividade foi um sinal (e tanto!)
de que as coisas não estavam nada bem. A expressão em palavras dos
sentimentos mais profundos de Alice também era bem clara.

E assim que os pais tomaram a difícil decisão de inscrevê-la numa academia de
balé, acompanhada da melhor amiguinha da escola, a famosa Rafaela. Dali em
diante, o sorriso da pequena voltou. No primeiro dia, sentada na área de espera
para o início da aula, respirava ofegante, com as pernas mexendo sem parar.
Finalmente encontrou a sua grande amiga e pôde fazer o que adorava: dançar.
O balé, por meses, foi uma válvula de escape vital.

Dedicadíssima às aulas, Alice exibia toda a personalidade de uma pessoa que
segue as regras à risca (mesmo!). E não foi apenas mostrando disciplina aos
movimentos apresentados pela professora - a querida “tia Re” -, mas também aos
novos hábitos de convívio social: máscara, álcool em gel e distanciamento. Um
bom treino para a nova vida que estaria por vir.

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DE VOLTA AO BALÉ

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APRESENTAÇÃO DE FIM DE ANO

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Depois, Alice pôde visitar também os avós paternos, em Indaiatuba. Com
mais espaços públicos abertos e livres na região, pôde caminhar no
parque, sentir o vento, o cheiro das flores… O dia ensolarado no parque
parecia um sonho, mas o mais revigorante, certamente, foi o abraço da
querida vovó Juju e do doce vovô Valtinho.

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UM NOVO MOMENTO COMEÇOU NA VIDA DE ALICE

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6CTUALPOÍ

MDIEALSHORES

Outubro: mês das Crianças. Alice contou cada quadradinho do calendário até
chegar finalmente o dia 12! Para surpreender a pequena, os pais prepararam
café-na-cama especial, um dia de brincadeiras e montaram uma barraca de
verdade na sala para uma noite de acampamento em casa. A pequena ganhou,
ainda, lindas flores da amiga Rafinha. E o melhor de tudo: finalmente, foi liberada
para uma caminhada ao ar livre com sua “BFF” de porta, Amelie. Naquele dia, os
pais não resistiram e deixaram que ela realizasse o sonho recente de dar a mão
para uma amiga. Alice é tão apegada às pessoas…

DE MÃOS DADAS COM A GRANDE AMIGA

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DIA DAS CRIANÇAS ESPECIAL HALLOWEEN MEXICANO

Nesse mês também aconteceu o Halloween. Alice disse com pesar: “Desta vez,
não vou poder ir com a Amelie pedir docinhos pelo prédio”. Para compensar, a
mamãe comprou muitos doces e, juntas, fizeram kits para dar de presente aos
amigos mais próximos. E ainda teve festa de arrepiar, com direito a uma bela
fantasia de caveira mexicana e decoração horripilante pela casa.

É uma ironia da vida, mas em outubro, Alice aprendeu também sobre a morte,
com a despedida de um grande amigo dos pais dela, o tio Rafa Pola. A pequena
foi companheira e um bom remédio para dois corações partidos. Escreveu em
uma folha de caderno: “Não chora, vai passar, vai ficar tudo bem”. Foi um ano de
luto para muitos; e ter uma criança por perto era um acalanto aos pais.

O mês foi marcado também por uma aura de poções e magias, sob a inspiração
da série “Um Toque de Magia”, que assistiu com a família na TV. Numa dessas
vezes que os pais adormecem e a criança continua acordada assistindo, ela
soube de tudo que iria acontecer no capítulo seguinte, e não resistiu: “Mamãe,
eu vou te dar um spoiler, mas é sem querer”. Que danadinha!

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Mal havia passado o Halloween e já tinha panetones no mercado. Estava
chegando a data mágica: o Natal. Mamãe e Alice logo montaram a casa com
os enfeites. Cada item da árvore natalina tinha uma história de uma viagem, de
um presente ou de uma pessoa querida, como o fofíssimo cavalinho de madeira
com seu nome talhado - uma recordação dos amados amigos da família
Rebeca e Claiton. Foi encantador para os pais ver Alice viver isso como se fosse a
primeira vez.

Desde o início da pandemia, a pequena começou a ter alguns apagões de
memória. Esqueceu-se de quase tudo que viveu e, até mesmo, de algumas
pessoas que conheceu. A vantagem era que os pais puderam testemunhar o
brilho nos olhos dela todas as vezes que via algo adorável, como os enfeites da
árvore de Natal.
Dezembro foi um mês cheio de surpresas, a começar pela notícia de que a
mamãe se despedia repentinamente do trabalho dela. Alice parecia não saber
se consolava a mãe ou se pulava de alegria. Com um sorriso carinhoso no rosto,
limitou-se a dizer com otimismo “Olha que legal: você não vai precisar trabalhar
no seu aniversário!”. E assim começaram as férias;agora ao lado da sua maior fã.

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Alice teve bastante trabalho contando os dias para os diversos eventos que
ocuparam a agenda de dezembro: aniversário dos pais, passeio ao Zoológico
com os primos, apresentação de fim de ano do balé e a esperada viagem para
uma nova casa de AirBnB, em Campos do Jordão.
A rápida fuga às montanhas foi revigorante. Piscina quentinha, dias ensolarados,
horizonte pacífico, jogos de tabuleiro, partidas de Mario Bros... Era tudo que ela
queria. Papai e mamãe estavam lá com ela - e só com ela - sem trabalhar, sem
hora para dormir ou acordar. O único percalço foi quando, por duas vezes,
entraram rãs dentro da casa. Alice, apavorada, nunca tinha visto uma. Logo
correu para os quartos! O acontecimento fez lembrar do primeiro episódio da série
“As Aventuras de Gortimer Gibbon na Rua Normal”, que ela assistiu assiduamente
ao lado dos pais, marcando a quarentena de uma maneira muito especial.

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RELAXANDO NAS ESPERADAS FÉRIAS

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No Natal, Alice passou os dias junto com a família do papai. Mais do que a
piscina, os jogos e o presente do Papai Noel, o que ficou foi carinho sem fim de
avós que a amam incondicionalmente. Depois, seguiu para a casa dos avós
maternos, onde pôde acampar na sala, brincar com os primos e curtir os dias de
verão. Aterrissou por lá barulhenta, como sempre, trazendo aquela alegria que
enche todo o espaço.

GUERRA DE ÁGUA!!!

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Começava mais uma noite de Ano-Novo. Desta vez, Alice
estava desperta; e como! Vibrou com os raros fogos que
pôde ver da varanda. Gritou, gritou, gritou, como quis o
ano todo sem poder, desejando felicidade ao mundo. E
brindou com uma taça de água de côco, como se fosse a

primeira vez que estivesse comemorando o Réveillon.
E foi assim que se encerrou o último capítulo do ano de
2020 de Alice Reis, renovando as esperanças por dias

melhores, para um ano mais livre.
Celebrar a vida nunca foi tão urgente!

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Começava mais uma noite de Ano-Novo. Desta vez,
Alice estava desperta; e como! Vibrou com os raros
fogos que pôde ver da varanda. Gritou, gritou, gritou,
como quis o ano todo sem poder, desejando felicidade
ao mundo. E brindou com uma taça de água de côco,

como se fosse a primeira vez que estivesse
comemorando o Réveillon.

E foi assim que se encerrou o episódio final do ano de
2020 de Alice Reis, renovando as esperanças por dias

melhores, para um ano mais livre.
Celebrar a vida nunca foi tão urgente!

CONTINUA.
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