06. Introdução 40. Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882
41. Pseudis bolbodactyla A. Lutz, 1925
11. ONG - Instituto Rã-Bugio 42. Scinax alter B. Lutz, 1973
43. Scinax perpusillus Lutz & Lutz, 1939
13. Espécies 44. Trachycephalus mesophaeus Hensel, 1867
45. Trachycephalus venulosus Laurenti, 1768
ORDEM ANURA 45. Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925)
Brachycephalidae Leptodactilidae
14. Brachycephalus ephippium Spix, 1824 46. Ceratophrys aurita Raddi, 1823
Bufonidae 47. Eleutherodactylus binotatus Spix, 1824
15. Chaunus ornatus Spix, 1824 48. Eleutherodactylus guentheri Steindachner, 1864
15. Chaunus granulosus Spix, 1824 48. Eleutherodactylus parvus Girard, 1853
16. Chaunus ictericus Spix, 1824 49. Holoaden luederwaldti Miranda-Ribeiro, 1920
16. Chaunus schneideri Werner, 1894 49. Hylodes asper Muller, 1924
17. Dendrophryniscus brevipollicatus Jiménez de la Espada, 1871 “1870” 50. Hylodes phyllodes Heyer & Cocroft, 1986
Centrolenidae 51. Leptodactylus fuscus Schneider, 1799
17. Hyalinobatrachium eurygnathum A. Lutz, 1925 52. Leptodactylus labyrinthicus Spix, 1824
18. Hyalinobatrachium uranoscopum Muller, 1924 53. Leptodactylus ocellatus Linnaeus, 1758
Hylidae 53. Leptodactylus spixii Heyer, 1983
19. Aparasphenodon brunoi Miranda-Ribeiro, 1920 54. Macrogenioglottus alipioi Carvalho, 1946
20. Aplastodiscus albosignatus A.Lutz & B.Lutz, 1938 55. Odontophrynus americanus Duméril & Bibron, 1841
21. Aplastodiscus arildae Cruz & Peixoto, 1987 “1985” 56. Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826
22. Aplastodiscus perviridis A. Lutz in B. Lutz, 1950 57. Physalaemus olfersii Lichtenstein & Martens, 1856
23. Bokermannohyla circumdata Cope, 1871. 58. Proceratophrys melanopogon Miranda-Ribeiro, 1926
24. Bokermannohyla hylax Heyer, 1985 59. Proceratophrys boiei Wied-Neuwied, 1824
25. Corythomantis greeningi Boulenger, 1896 60. Proceratophrys cristiceps Muller, 1884 “1883”
26. Dendropsophus microps Peter, 1872 60. Thoropa miliaris (Spix, 1824)
27. Dendropsophus anceps A. Lutz, 1929 Microhylidae
28. Dendropsophus bipunctatus Spix, 1824 61. Arcovomer passarellii Carvalho, 1954
29. Dendropsophus decipiens A. Lutz, 1925 62. Elachistocleis ovalis Schneider, 1799
30. Dendropsophus elegans Wied-Neuwied, 1824 63. Myersiella microps Duméril & Bibron, 1841
31. Dendropsophus nanus Boulenger, 1889 Ranidae
32. Hypsiboas albomarginatus Spix, 1824 64. Lithobates catesbianus Shaw,1802
33. Hypsiboas bischoffi Boulenger, 1887
34. Hypsiboas faber Wied-Neuwied, 1821 ORDEM GYMNOPHIONA
35. Hypsiboas pardalis (Spix, 1824) Caecilidae
36. Hypsiboas prasinus BURMEISTER, 1856 65. Siphonops annulatus Mikan, 1820
37. Hypsiboas raniceps Cope, 1862
38. Hypsiboas semilineatus Spix, 1824 66. Onde encontrar
39. Itapotihyla langsdorffii Duméril & Bibron, 1841
Guia de Animais Brasileiros - 5
Introduçao Introduação
Quem disse que FOTO: MIRO BRANCO
sapos?deemleseniãao pdaússzamiade
Por Camila Mandai Conheça como vivem, se
Ilustrações: Felipe Ajzenberg
alimentam e se reproduzemara quem acha que os an- gastam energia para essa ma-
nutenção, os anfíbios puderam
fíbios se resumem àqueles adotar hábitos sedentários, não
P os sapos, as rãs e as pere-sapos verdes e feios, en-
contrados em noites úmidas, no necessitando procurar grandes
quantidades de alimento. Dessa
recas (Anura), as cecílias,meio da rua, não sabe que este
conhecidas como “cobras-
grupo possui animais de formas, cegas” (Gymnophiona) e forma, a maior parte do que in-
cores e de uma diversidade in- as salamandras (Urodela) gerem é convertido em reserva e
crível. Muitas pessoas se assus- não em calor, como no caso dos
tam quando se deparam com al- animais de “sangue quente” ou
gumas espécies do grupo. Mas, endotérmicos.
na verdade, os anfíbios estão di- Há relativamente poucos
vididos em três ordens biológicas: os Anura (sapos, rãs estudos voltados para os anfíbios no Brasil, mas nos úl-
e pererecas), os Gymnophiona (cecílias, “cobras-cegas”) timos anos houve um aumento no número de interes-
e os Urodela (salamandras). A principal característica sados por essa área de trabalho, permitindo o acúmulo
compartilhada entre esses animais, aparentemente tão do conhecimento. Por se tratar de um grupo de hábi-
distintos, é a pele úmida e permeável, que conduziu a tos distintos e por nem sempre ser de fácil visualização,
evolução e a ecologia do grupo. os estudos relacionados aos anfíbios exigem um pouco
mais de dedicação e tempo nas pesquisas, se compara-
Por serem animais ectotérmicos, de “sangue frio”, que dos com outros grupos zoológicos, o que acabou difi-
não controlam sua temperatura corporal e por isso não cultando e atrasando os trabalhos na área.
6 - Guia de Animais Brasileiros
Entre os anfíbios, os menos conhecidos no Brasil Outro grupo pouco conhecido de anfíbios são as
são as SALAMANDRAS, que são animais de ambiente CECÍLIAS, conhecidas como “cobras-cegas”, que só
temperado, com a maior parte das espécies concentrada recebem o nome de cobra em virtude do corpo alon-
no Hemisfério Norte. No Brasil, há o registro de apenas gado e da ausência de membros locomotores, tal como
uma espécie, na Amazônia. Segundo o pesquisador em aqueles répteis. Estes animais sem pernas podem ser
herpetologia da USP, Dante Pavan, a região do País que escavadores ou aquáticos, encontrados em ambientes
poderia oferecer condições climáticas mais adequadas à tropicais no mundo todo. São assim chamadas de cegas
sobrevivência desses animais seria a região Sul. Como a por apresentarem os olhos recobertos por pele ou mes-
maior parte das espécies está no hemisfério Norte, o aces- mo por osso. O olho, neste caso, parece ser funcional
so desses animais ali foi muito dificultado ao longo da como fotorreceptor, isto é, o animal é capaz de perceber
história, pois teriam que atravessar um continente quase luz e os movimentos do ambiente.
inteiro sob condições tropicais para atingir a porção tem-
perada. Assim, a distribuição deste grupo na América do
Sul é bastante restrita.
As salamandras, apesar de dotadas de membros loco- FELIPE FRANCO CURCIO
motores, apresentam um padrão primitivo de movimen-
tação dos tetrápodas (animais vertebrados terrestres), que O corpo das cecílias é constituído por anéis, poden-
é de ondulações laterais combinadas com o movimento do aparecer até escamas, característica não presente nos
das patas, sendo uma locomoção mais lenta e vagarosa. demais anfíbios. Outra característica das cecílias são os
Curiosamente, as salamandras mais adaptadas à vida ter- tentáculos entre os olhos, com função sensorial, respon-
restre se caracterizam pela ausência de pulmão, órgão que sáveis pela percepção espacial do animal. Elas se alimen-
permitiu a muitos outros grupos de vertebrados habitar tam de presas pequenas, geralmente de corpos alonga-
o meio terrestre. Essa ausência trouxe algumas vantagens dos, como cupins, minhocas e larvas de insetos.
para essas espécies, pois, como as salamandras em geral
não apresentam costelas e por isso não são capazes de Cecília (cobra-cega)
expandir a caixa torácica, elas forçam o ar da boca com
a língua para os pulmões. Já sem os pulmões, a língua
pôde ser utilizada para outras funções, como a captura de
presas por meio da protação a distâncias consideráveis,
permitindo que as salamandras sejam mais eficientes na
captura de presas.
Várias espécies de salamandras habitam cavernas, Uma curiosidade que existe em espécies deste grupo
ambiente com condições microclimáticas ideais para é o cuidado parental distinto, não encontrado nos outros
animais terrestres com respiração cutânea ou branquial anfíbios. Esse cuidado envolve a fêmea e seus filhotes,
que necessitam de umidade relativa do ar mínima para dotados de dentes raspadores. Estes dentes permitem
as trocas gasosas. aos filhotes raspar uma secreção nutritiva produzida pela
pele da mãe, uma espécie de “leite” de cecília. Assim, no
Salamandra, pertencente período em que a mãe está com filhotes, estes permane-
à ordem biológica Urodela cem sempre junto ao seu corpo, que chega a mudar de
coloração. Outras cecílias produzem essa secreção na pa-
rede do útero, onde os filhotes ficam anexados, podendo,
na raspagem, arrancar algumas células teciduais do órgão
junto com o “leite”, causando algumas feridas.
Guia de Animais Brasileiros - 7
Introduçao MIRO BRANCO
Outro papel importante que os anuros exercem
nos ecossistemas está relacionado à presença das duas
fases de vida desses animais, isto é, a aquática, quan-
do girinos, e a terrestre, quando adultos. Os girinos
podem ser responsáveis por grande parte da transfe-
rência de recursos de um ambiente para outro. Por
serem organismos aquáticos que se alimentam na
maior parte das vezes de detritos presentes na água,
que direta ou indiretamente chegam carregados pela
chuva do ambiente terrestre, os girinos se alimen-
tam, formam biomassa, desenvolvem-se e se transfe-
rem para a terra, levando consigo grande quantidade
de nutrientes da água em forma de massa corporal.
Além disso, muitas espécies depositam seus ovos em
corpos d’água temporários, o que permite o aprovei-
tamento dos recursos de um microambiente pouco
explorado por organismos totalmente aquáticos, mas
muito comum, como em florestas tropicais úmidas,
onde há vários locais de alagamento.
A metamorfose
Os anuros podem colocar os Ovos
ovos em locais estratégicos,
como margem de corpos d’água Sapo adulto
ou folhas pendentes sobre a água
Girino
O GRUPO DOS ANUROS é, entre os anfíbios, o
mais diversificado. São animais extremamente importan- Girinpoercnoams
tes nos ambientes em que vivem, pois representam uma
boa parte da fauna existente em um ecossistema. Por Sapo jovem
serem capazes de transformar grande parte do alimento
que ingerem em massa corpórea, já que o metabolismo é Anuro numa FOTO: MIRO BRANCO ILUSTRAÇÃO: FELIPE AJZENBERG
baixo e a maior parte da energia não é consumida e sim das fases da
transformada em biomassa, eles conseguem aproveitar metamorfose
os recursos oferecidos pelo ambiente, sejam eles altos ou
baixos. Em relação a isso, Pavan cita um exemplo curio-
so, que é o caso de florestas úmidas com poucos nutrien-
tes disponíveis, onde grande parte dos consumidores
primários, isto é, os que se alimentam dos produtores (as
plantas) são insetos. Assim, ao se alimentar dos insetos,
que é a fonte de energia da maioria das espécies de anu-
ros, o grupo dos sapos, rãs e pererecas converteria esse
recurso em massa corpórea, o que serviria de alimento
para outras espécies.
8 - Guia de Animais Brasileiros
Os girinos representam um estágio larval, mas nem uma espuma por meio do batimento das pernas sobre a
todos os anuros apresentam este tipo de desenvolvimen- desova. Assim, os ovos são colocados nesses ninhos loca-
to indireto. Alguns grupos apresentam o chamado de- lizados em locais estratégicos, como margem de corpos
senvolvimento direto, em que do ovo eclode sapinhos d’água. Algumas espécies carregam seus ovos nas costas
já formados que constituem verdadeiras miniaturas dos até que eles eclodam e os girinos possam ser transporta-
adultos. Na verdade, a diversidade de estratégias de re- dos para a água, mas em algumas espécies eles se mantêm
produção e desenvolvimento é outra característica mar- aderidos ao corpo de um dos pais até se tornarem peque-
cante dos anuros. Na maioria deles, a fecundação é exter- nos sapinhos.
na e ocorre durante um forte abraço do macho na fêmea
na região das axilas (ou pélvica, dependendo da espécie), O cuidado parental nos anuros é relativamente raro
o que é chamado de amplexo. A postura e fertilização dos e parece existir uma relação entre tamanhos de ovos e
ovos ocorre durante este processo e pode durar algumas presença ou ausência do cuidado parental. Ovos gran-
horas ou vários dias. des produzem filhotes grandes, com maior chance de
sobrevivência que os filhotes pequenos. A desvantagem
A reprodução das espécies de anuros pode ser consi- é que, por serem grandes, os ovos são pouco numerosos
derada como explosiva ou prolongada. A primeira ocorre e, assim, toda a ninhada pode ser destruída por predado-
em espécies que apresentam um período muito curto de res. Dessa maneira, a evolução de ovos grandes e filhotes
reprodução, geralmente em estações chuvosas, após for- grandes tem sido acompanhada pelo comportamento de
tes tempestades. Já na chamada reprodução prolongada, proteção dos ovos e às vezes até dos girinos. Outra es-
o período de acasalamento se estende por vários meses tratégia muito utilizada entre as espécies e que acaba di-
ao longo do ano. minuindo o nível de predação dos filhotes é a deposição
dos ovos em poças de água temporárias, formadas pela
As estratégias de deposição e o cuidado parental em água da chuva. Dessa forma, o casal evita os predadores
anuros são muito curiosos. O padrão de deposição dos aquáticos, como os peixes que vivem em ambientes que
ovos considerado mais primitivo entre eles é quando os nunca secam.
ovos gelatinosos são depositados na água. Outra forma
comum nas espécies brasileiras é a desova na forma de Vale ressaltar que os anuros são o grupo “mais bem-su-
ninho de espuma. Durante o amplexo, o casal produz cedido” entre os anfíbios, com maior diversidade de espé-
cies e abrangente distribuição geográfica. Este fato pode
Amplexo - abraço do macho
na fêmea, na região das
axilas ou pélvica, antes e
durante a postura dos ovos
FELIPE FRANCO CURCIO
Introduçao
estar mais relacionado com os modos de locomoção, por restas, com a destruição dos hábitats dos animais; outro é
saltos, desenvolvidos no grupo; isso foi determinante, pois a poluição das águas, que interfere no ciclo de vida desses
se trata da maneira mais rápida de se distanciar de uma sapos; ou então aquele que ocorre em locais aparente-
ameaça, se comparada com o rastejamento, no caso das ce- mente intocados pelo homem. Um exemplo desse últi-
cílias, ou ondulações, nas salamandras. Além disso, o salto mo tipo de declínio são os que ocorrem em algumas re-
evita que o animal deixe um rastro de odor, uma vez que giões da Serra do Mar, que é uma área florestada, nunca
entre os principais predadores estão as cobras, que perse- devastada, e que mesmo assim vem apresentando queda
guem as presas pelo cheiro deixado pelo caminho. Assim, na diversidade de anuros. Assim, fatores indiretos podem
além de os anuros poderem fugir de predadores com uma estar interferindo e alterando até mesmo os ambientes
série de saltos rápidos, evitam deixar pistas de sua loca- preservados, já que ocorrências, como a do exemplo ci-
lização ou esconderijo. Os anuros, ao longo da história tado, não são isoladas, isto é, são observadas em várias
natural, também desenvolveram outras estratégias para regiões do mundo, com os mesmos padrões.
evitar predadores. Uma delas é a camuflagem e, por isso,
aquela fisionomia básica que se imagina quando se ouve Muitas espécies de anuros são extremamente seme-
falar no grupo, que é a cor esverdeada ou amarronzada e lhantes entre si, dificultando o reconhecimento de quan-
um aspecto mais grotesco, semelhante a folhas e detritos tas espécies realmente existem. Algumas
do solo em decomposição. Outra estratégia de proteção vezes, animais visivelmente idênticos
contra os predadores é a presença de veneno, com espécies apresentam cantos distintos, ou então
dotadas de bolsas de toxinas, como os sapos comuns, ou hábitos ou comportamentos diferentes.
toxicidade na pele, como alguns sapinhos coloridos. Ao encontrar esses padrões de diferen-
ciação para esses animais em locais dis-
O grupo dos anuros é intimamente vinculado ao am- tantes, é possível separar as espécies,
biente em que vive, sendo muito utilizado como indica- mas, muitas vezes, estudos mais apro-
dor ambiental, respondendo às pertubações mínimas na fundados são necessários. Dante Pavan,
floresta, que às vezes não são notadas através de outros herpetologista, diz que os avanços das
grupos animais ou vegetais. Essa indicação é dada, prin- técnicas da biologia molecular permiti-
cipalmente, pelo declínio das espécies em determinados ram a construção, nos últimos anos, de
locais. Para os anuros existem diferentes tipos de declí- árvores filogenéticas (de parentesco) que
nios: um que é causado pela própria devastação das flo- revolucionaram a classificação do grupo.
Muitas espécies consideradas do mesmo
gênero passaram a formar distintos ou
até mesmo foram incluídas em famílias
novas. Desta maneira, houve e continua
havendo muitas alterações na classificação, que ainda não
atingiu um ponto de estabilidade. O avanço no reconhe-
cimento das espécies de anfíbios que realmente existem,
além do estabelecimento de relações de parentesco entre
elas, depende de um acúmulo de material de pesquisa em
museus de zoologia ou institutos de pesquisa.
Tudo isso só vem a acrescentar a importância do grupo e
principalmente o conhecimento em relação a ele. Conhecer
os ambientes e sua diversidade é o primeiro passo para ava-
liar como as condições ambientais de uma região se trans-
formaram ao longo do tempo. No caso dos anfíbios, que
são um indicador diferenciado, a destruição dos hábitats e a
falta de estudos relacionados podem ser extremamente no-
civas para a recuperação dos ambientes alterados.
10 - Guia de Animais Brasileiros
Instituto Rã-Bugio
ONG
Perereca Phyllomedusa,
espécie típica da Mata
Atlântica, na região norte de
Santa Catarina, no Paraná e
no sul de São Paulo
O grupo dosanfíbios
como material de divulgação
Mata Atlânticada conservação da
Por Camila Mandai
Atualmente, 2/3 da população brasileira moram nos da área original. Esse desmatamento se deve, principalmen- DIVULGAÇÃO
domínios da Mata Atlântica, um dos ecossistemas que te, à pressão da produção agrícola e a reflorestamentos com
apresenta maior biodiversidade no mundo e, também, espécies exóticas para produção de papel, celulose e madeira.
um dos mais ameaçados. A Mata Atlântica concentra
os principais polos econômicos do País e se encontra, A fauna típica de floresta é bastante sensível ao desma-
na sua maioria, reduzida a fragmentos isolados de flo- tamento por causa, principalmente, do isolamento e desca-
restas, restando apenas trechos não-contínuos dentro racterização da vegetação. As espécies de interior de mata,
de parques, reservas e matas residuais em propriedades isto é, as exclusivamente florestais, incapazes de cumprir seu
privadas. O percentual de mata restante não passa dos ciclo de vida em áreas alteradas, são mais vulneráveis à ex-
7% originais e quase tudo de florestas secundárias, isto tinção, já que a degradação do hábitat altera drasticamente
é, florestas que foram devastadas no passado e se rege- o ambiente, favorecendo espécies mais generalistas, encon-
neraram espontaneamente, com o auxílio da fauna e do tradas em locais abertos ou mesmo em ambientes extrema-
vento, dipersores de sementes. mente perturbados, como a zona urbana.
Com todo este histórico de devastação, houve uma gran- Com essa preocupação, surgiu a necessidade de cons-
de perda na biodiversidade, com alterações do patrimônio ge- cientizar a sociedade sobre tais problemas e suas consequên-
nético original e consequente desequilíbrio sócioeconômico cias, e então a tomada de alguma atitude no sentido de inter-
e ambiental. Uma das consequências diretas sobre os centros romper a devastação dos remanescentes, para não aumentar
urbanos tem sido a escassez de água, uma vez que os des- ainda mais os riscos de perda de biodiversidade, bem como
matamentos em áreas de nascentes e cursos d’água provocam agravar o problema da oferta de água para a população dos
perdas e alterações no volume dos rios. Porém, a devastação grandes centros urbanos. É com esse objetivo que um doutor
não cessou, e continua intensa, sobretudo nas florestas de em física, apaixonado por natureza e, em especial, pela Mata
araucárias na Região Sul do País, onde resta menos de 1% Atlântica, resolveu adotar um papel ativo contra o desmata-
Guia de Animais Brasileiros - 11
ONG - instituto ra-bugio
esse grupo de animais. Des-
ta maneira, os anfíbios têm
sido o gancho para a ONG
trabalhar a educação ambien-
tal, que leva os estudantes das
escolas, mesmo os alunos que
estudam emCuritiba, que fica
a 160 km, para observarem na
natureza como as diferentes
espécies de anfíbios vivem, se reproduzem
e interagem com outros seres vivos.
Perereca-transporta-ovos: Com o sucesso desse projeto de educação ambiental,
após fecundados, a fêmea que já atendeu mais de 60 mil estudantes e 3.400 professo-
carrega seus ovos nas costas res, o casal conseguiu doações de pessoas físicas, fundações
e empresas para implantar na Serra do Mar, em Jaraguá
numa espécie de bolsa do Sul (SC), um centro da natureza, denominado Centro
Interpretativo da Mata Atlântica, local que dispõe de toda
mento desenfreado desse ecossistema tão importante. Assim, a infraestrutura e trilhas interpretativas para atendimento
Germano Woehl Júnior e sua esposa Elza Nishimura Woehl das escolas com segurança que proporciona aos estudantes
fundaram a ONG “Instituto Rã-bugio para Conservação o contato com a natureza e o aprendizado sobre a Mata
da Biodiversidade”, com o objetivo de tentar sensibilizar a Atlântica e sua riqueza de biodiversidade. O casal também
população sobre a necessidade de se conservar os vestígios utilizou suas economias para comprar e transformar em
da Mata Atlântica, por meio de um programa de educação RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) 860
ambiental nas escolas da região norte de Santa Catarina. hectares de Mata Atlântica preservada e repleta de biodi-
versidade, que abriga várias espécies de gigantescas árvores
TUDO COMEÇOU QUANDO os dois adquiriram centenárias e animais raros ameaçados de extinção, área
uma pequena propriedade em área de Mata Atlântica, na que seria desmatada e agora ficará protegida para sempre.
cidade de Guaramirim, Santa Catarina, com propósitos pu- Pelas ações em defesa da biodiversidade da Mata Atlântica
ramente de conservação, já que, a cada visita à família em o casal recebeu, em 2012, na Coréia do Sul, o prêmio da
Itaiópolis (SC), Germano percebia que a floresta encolhia. IUCN (International Union for Conservation of Nature)
Mas a surpresa veio quando, ao caminhar pela proprieda- “Luc Hoffmann Award” e em 2014 o Prêmio “Nova-
de, teve contato com uma grande diversidade de animais. es Ramires: Destaque Individual em Conservação” da
O grupo que em especial chamou a atenção foi o dos an- Sociedade Brasileira de Zoologia.
fíbios anuros (rãs, sapos e pererecas), pelos quais Germano
tinha fascinação desde a infância, e cujo conhecimento só
foi se aprofundar durante o desenvolvimento dos projetos.
A prioridade do Instituto Rã-bugio é trabalhar com cons-
cientização da sociedade, na tentativa de criar uma cultura
conservacionista na população. Assim , eles utilizam o grupo
dos anfíbios, que é tão pouco popular e até evitado, por sua
relação com histórias nojentas e por sempre ser associado à
ideia de bichos asquerosos, gosmentos ou, então, venenosos.
O que poderia ser considerado um obstáculo, na O site da instituição pode ser acessado no endereço eletrônico: www.ra-bugio.org.br,
verdade, tem servido como uma carta na manga, pois a onde pode-se ter o acesso a um guia de anuros da região norte do Estado de Santa
diversidade de espécies com as mais variadas cores, com- Catarina, assim como maiores informações sobre a ONG.
portamentos e hábitos, entre outras características des-
conhecidas, fascinam as pessoas que nunca imaginaram
que houvesse tanta coisa interessante e importante sobre
12 - Guia de Animais Brasileiros
FOTO: MIRO BRANCO especies
Espécies
A rã-manteiga
(Leptodactylus ocellatus
Linnaeus), é uma espécie
que possui um aspecto
interessante: o cuidado dos
pais com a ninhada. Esse
é um fato pouco conhecido
entre os anfíbios.
DIFEERCEUNRIOTSEOSS
Conheça a diversidade, as características do corpo, os hábitos e as estratégias
reprodutivas de 60 espécies de anfíbios do Brasil, encontradas de norte a sul do país.
Ordem anura
Brachycephalidae
Brachycephalus ephippium Spix, 1824
Brachycephalidae Características: Recebe o nome vulgar pela cor amarelo-ouro vistoso. Apresenta
apenas dois dedos funcionais na mão e três artelhos no pé. Esta espécie tem uma
Nome Popular: Pingo-de-ouro ou cobertura óssea sobre a cabeça e placas ósseas na parte dorsal. Possui hábitos
Botão-de-ouro. diurnos, mas pode ser encontrada também à noite. Habita matas de encosta em
Família: Brachycephalidae. altitudes elevadas (acima de 750 m), onde anda no chão ou em bromélias, po-
Tamanho: Aproximadamente dendo ser encontrada em grande número na parte da manhã em tempo ensola-
1,4 cm. rado, após fortes chuvas de verão ou primavera. Costuma caminhar e raramente
Ocorrência: Ocorre desde a Bahia pula. A vocalização consiste de um trilo febril.
até o Paraná. Estratégias Reprodutivas: Os machos vocalizam sobre a serrapilheira. A desova é
terrestre, em buracos de barrancos ou no chão, em meio às folhas, com poucos ovos,
despigmentados e ricos em vitelo. O desenvolvimento é direto, com os recém-nasci-
dos iguais aos adultos, mas menores, não passando pela fase de girino.
FELIPE FRANCO CURCIO
14 - Guia de Animais Brasileiros
Chaunus ornatus Spix, 1824 Ordem anura
Bufonidae
Bufonidae
Chaunus granulosus Spix, 1824
Nome Popular: Sapo-de-Floresta.
Família: Bufonidae. Nome Popular: Sapo.
Tamanho: 7,0 cm, o macho. Família: Bufonidae.
Ocorrência: Serra do Mar e litoral das regiões Tamanho: 4,0 cm a 8,0 cm
Sul e Sudeste. Ocorrência: Distribuição geográfica bastante ampla,
Características: Ao contrário do sapo comum compreendendo a América Central (Panamá) e quase to-
(B. icterius), esta espécie não é encontrada em dos os países da América do Sul, com exceção do Chile e
áreas urbanas, mas pode aparecer em zonas ru- Equador. Está presente em quase todo o Brasil.
rais e embaixo de postes de luz, próximo a áre- Características: Apresenta coloração mais escura e gran-
as florestadas. Esta espécie é considerada mais de número de glândulas. É uma espécie associada a
arisca e tem sido vítima do desmatamento por formações abertas e é altamente sedentária. De hábitos
destruição de hábitat. Na época de reprodução terrestre e noturno, sai à noite para se alimentar, perma-
ela se dirige aos lagos e se torna alvo fácil de necendo durante o dia em buracos escavados na areia.
seus predadores, principalmente morcegos. Estratégias Reprodutivas: Apresenta padrão de reprodu-
Estratégias Reprodutivas: A desova é bem pare- ção explosivo, associado às chuvas mais fortes, em lagos per-
cida com a de Bufo ictericus, a diferença é que o manentes ou temporários. O tempo de desenvolvimento da
cordão de gel é único e não duplo. Os girinos são larva é de 30 dias.
pequenos, quase negros e se mantém agrupados.
FELIPE FRANCO CURCIO
DANTE PAVAN
Guia de Animais Brasileiros - 15
Ordem anura
Bufonidae
Chaunus ictericus Spix, 1824 Chaunus schneideri Werner, 1894
Nome Popular: Sapo comum ou Sapo-cururu Nome Popular: Sapo-boi ou Sapo-cururu.
Família: Bufonidae. Família: Bufonidae.
Tamanho: 13 cm, o macho e 15 cm, a fêmea. Tamanho: 18,0 cm a 21,0cm.
Ocorrência: Floresta Atlântica do Sudeste e Sul do Brasil, Ocorrência: É encontrada principalmente nos Estados
na província de Misiones na Argentina e leste do Para- da Bahia, Pernambuco, Mato Grosso, Goiás e Região
guai. Foi encontrado também, recentemente, um exem- Sul. Apresenta ampla distribuição na América do Sul.
plar no cerrado de Goiás. Características: É uma das espécies mais comuns de sapo.
Características: Há evidente dimorfismo sexual, sendo a Possui duas glândulas atrás dos olhos, que liberam toxinas
fêmea maior e de coloração pardo-amarelada, com grande (bufotoxinas). Essas glândulas, quando espremidas, causam
mancha negra no dorso, dividida por uma faixa clara longi- irritações cutâneas na pele de pessoas sensíveis e é comum
tudinal, enquanto o macho é de coloração esverdeada. Em acontecer de cães, ao abocanharem esses animais, morderem
ambos os sexos, a glândula de veneno atrás dos olhos é bem a glândula e sofrerem sérias complicações no sistema nervoso
pronunciada, correspondendo a mais de 30% do compri- e circulatório após a ingestão da toxina. Durante o dia, abri-
mento do corpo. É uma espécie de hábitos noturnos, habita gam-se sob pedras e troncos de madeira, montes de tijolos
florestas altas ou campos e é bastante comum, frequente- ou mesmo interior de calhas e canaletas. São muito comuns
mente encontrada em áreas urbanas próximas a fontes de na área urbana, onde há abundância de alimento (insetos em
luz artificiais, onde há muitos insetos. postes de luz).
Estratégias Reprodutivas: Desova em partes rasas de Estratégias Reprodutivas: O macho vocaliza somente no
lagoas temporárias ou permanentes, de fraca correnteza, período noturno, na proximidade de corpos d’água, como
em área aberta. Os ovos ficam protegidos num cordão açudes, rios, riachos e lagoas. O amplexo pode durar até 40
duplo de gel, com alguns metros de comprimento, e em horas e, o acasalamento, até 10 horas. Na cidade, em locais
geral ancorados na vegetação submersa. Os ovos são, em com muito lixo, é comum observar esses animais abraçados
média, escuros, assim como os girinos, que se alimentam a pedaços de madeira, em uma nítida confusão do macho
de matéria em suspensão ou na superfície de rochas e em relação à fêmea. Os ovos são depositados diretamente na
plantas submersas. superfície da água em cordões de gel.
DANTE PAVAN
16 - Guia de Animais Brasileiros FELIPE FRANCO CURCIO
Ordem anura
Centrolenidae
Dendrophryniscus brevipollicatus Hyalinobatrachium eurygnathum
Jiménez de la Espada, 1871 “1870” A. Lutz, 1925
Centrolenidae
Nome Popular: Sapinho arborícola de polegar curto. Nome Popular: Rã-de-vidro.
Família: Bufonidae. Família: Centrolenidae.
Tamanho: Cerca de 30 cm.. Tamanho: Cerca de 2 cm.
Ocorrência: Estado do Rio de Janeiro e nordeste de Ocorrência: Sudeste do Brasil, com registro recente
São Paulo. na Bahia.
Características: Apresenta as costas de coloração cinza- Características: Esta espécie apresenta uma coloração
-dourado, com um desenho em forma de “X”. Os braços esverdeada transparente, sendo o ventre especialmente
e pernas têm listras escuras e os dedos, pontas dilatadas. hialino e por isso o nome vulgar. Habita arbustos das
De hábitos exclusivamente florestais, são terrestres, pro- margens de córregos e ribeirões das matas de encosta.
vavelmente diurnos e podem descansar em folhas duran- Esta espécie vem sofrendo uma forte diminuição popula-
te a noite. Sua conservação depende da preservação de cional nas áreas altas do Sudeste, mesmo nas que aparen-
florestas e das espécies de bromélias, de quem depende temente não sofreram alta ação antrópica. Em algumas
para o sucesso reprodutivo. localidades, há muito tempo não é encontrada, como na
Estratégias Reprodutivas: Sua vocalização é constituída de Serra do Japi (região de Jundiaí, SP), onde não há ocor-
pios aleatórios. Desova em florestas alagadas e cria suas lar- rência há 20 anos.
vas dentro de bromélias. Estruturas Reprodutivas: Deposita seus ovos em folhas
pendentes sobre a água de córregos no interior da floresta,
onde as larvas caem e costumam se enterrar no fundo.
FELIPE FRANCO CURCIO
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 17
Ordem anura
Centrolenidae
Hyalinobatrachium uranoscopum Muller, 1924
Nome Popular: Rã-de-vidro. Características: Apresenta um padrão reticulado no dorso e focinho espatu-
Família: Centrolenidae. lado. Recebe o nome vulgar por sua transparência esverdeada, que possibilita
Tamanho: 1,98 cm a 2,48 cm, o ma- a camuflagem entre as folhas da vegetação. Sua vocalização é frequentemente
cho e 2,25 cm a 2,58 cm, a fêmea. ouvida no período da noite, nas margens dos rios, e ocorre em áreas de floresta
Ocorrência: Áreas de floresta primária.Como são intolerantes à poluição, já não há registros de ocorrência
atlântica ombrófila mista dos Es- em muitos locais.
tados de Santa Catarina até o Rio Estratégias Reprodutivas: A reprodução ocorre em rios com mais de 1 metro de
de Janeiro e região da Serra do largura. Desova cerca de 50 ovos sobre folhas largas da vegetação às margens dos
Mar. Ocorre também no nordeste rios; assim, ao eclodirem, os girinos caem diretamente na água. Os girinos apresen-
da Argentina. tam olhos bem pequenos e costumam se enterrar um pouco na areia, entre as folhas
mortas do fundo dos córregos e dos ribeirões, onde ocorre a metamorfose.
FELIPE FRANCO CURCIO
18 - Guia de Animais Brasileiros
Ordem anura
Hylidae
Aparasphenodon brunoi Miranda-Ribeiro, 1920
Hylidae Características: De coloração olivácea ou parda, com algumas manchas escuras bordeadas
de branco e membros com listras escuras, esta espécie apresenta a pele lisa na parte dorsal
Nome Popular: Perereca-de- e um pouco granulosa na parte ventral. Ela pertence a um grupo de pererecas de cabeça
capacete. dura, provavelmente relacionada ao hábito de se esconder em buracos de plantas. Usa esse
Família: Hylidae. “capacete” para tampar a entrada do buraco e se proteger dos possíveis predadores e insetos
Tamanho: 3 cm a 7 cm. hematófagos. É encontrada, em estado de dormência, mais frequentemente em algumas
Ocorrência: Região costeira do sul espécies de bromélias, onde ocupa a parte inferior, num tubo formado por folhas novas.
da Bahia até o norte de São Paulo, Nesse estado, pode-se retirar o animal do buraco e manuseá-lo, sem que acorde, a não ser
compreendendo todo o Estado do que seja exposto à luz. De hábitos noturnos, sua cor pode se alterar ao sair do buraco.
Rio de Janeiro e Espírito Santo, Estratégias Reprodutivas: A postura dos ovos ocorre em água parada de poças e
entrando em uma estreita faixa de brejos, onde os girinos se desenvolvem até a metamorfose.
Minas Gerais.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 19
Ordem anura
Hylidae
Aplastodiscus albosignatus A.Lutz & B.Lutz, 1938
Nome popular: Rã-flautinha. Características: Seu nome popular vem da vocalização que se assemelha ao
Família: Hylidae. som de uma nota de flauta. Os machos costumam vocalizar no alto das árvores,
Tamanho: 3,9 cm a 4,65 cm, o ma- taquaras e arbustos, sempre às margens da água, dificultando a visualização do
cho. animal. São características pela cor verde na superfície dorsal do corpo e pela
Ocorrência: Floresta Atlântica do íris de duas cores distintas. Sensíveis a alterações ambientais, sofrem com o des-
Estados de Santa Catarina , Paraná, matamento de matas ciliares (ao redor dos corpos d’água) e a poluição dos rios.
região Sudeste e Bahia. Atualmente há poucos lugares onde podem ser encontradas.
Estratégias Reprodutivas: Os ovos são depositados em tocas subterrâneas
inundadas, escavadas pelo macho, próximas à água.
FELIPE FRANCO CURCIO
20 - Guia de Animais Brasileiros
Aplastodiscus arildae Cruz & Peixoto, 1987 “1985”
Nome popular: Perereca. Características: De coloração geral esverdeada, apresenta o dorso verde com
Família: Hylidae. muitos pontos brancos e alguns marrons. Os ossos também são verdes. Esta
Tamanho: 3,5 cm a 4,5 cm. espécie tem hábitos noturnos e habita áreas florestais.
Ocorrência: Distribuição restrita Estratégias Reprodutivas: A reprodução ocorre às margens dos riachos de
às Serras da Mantiqueira e do Mar, montanhas e os ovos são depositados em ninhos aquáticos subterrâneos, esca-
em altitudes entre 800 e 1500 m. vados pelos machos.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 21
Ordem anura
Hylidae
Aplastodiscus perviridis A. Lutz in B. Lutz, 1950
Nome popular: Perereca verde e Características: Apresenta a parte dorsal de tons esverdeados variados, podendo ser
perereca-de-olho-vermelho. escuros, amarelados e às vezes até amarronzados. O ventre é branco-esverdeado e a íris
Família: Hylidae. 2/3 vermelha e 1/3 branca, com margem superior azul. De movimentos lentos, habita
Tamanho: 3,9 cm a 4,6 cm, o ma- áreas abertas com vegetação arbustiva e não florestas fechadas, onde utiliza córregos e
cho e 4,3 cm a 4,7 cm, a fêmea. áreas de banhados. A vocalização é simples, de notas agudas, semelhante a um miado
Ocorrência: É encontrada em re- de filhote de gato, e começa no entardecer, estendendo-se até depois da meia-noite.
giões montanhosas do Sul e Su- Estratégias Reprodutivas: Vocalizam a vários metros da água, em gramíneas e ar-
deste e na província de Misiones, bustos. Os ovos grandes e esbranquiçados são depositados, presumivelmente, sobre
na Argentina. Abrange também folhas na superfície de poças de águas limpas ou riachos de correnteza fraca. Os
parte da região central do Brasil. girinos são grandes e se caracterizam pela musculatura da cauda clara, em contraste
com o restante do corpo e com as nadadeiras caudais, que apresentam coloração
mais escura, além da linha mediana escura na cauda. Os girinos se alimentam de
detritos do fundo do corpo d’água.
FELIPE FRANCO CURCIO
22 - Guia de Animais Brasileiros
Bokermannohyla circumdata Cope, 1871.
Nome popular: Perereca-com- Características: De coloração geral parda ou bege, podendo variar bastante,
-anéis-nas-coxas. apresenta faixas irregulares transversais no dorso e anéis escuros nas coxas. Os
Família: Hylidae. flancos são de cor roxo-violeta e a pupila transversal, elíptica e de coloração
Ocorrência: Ocorre em todos os amarelada-metálica. O corpo é robusto, as pernas são alongadas e a cabeça de
Estados da Região Sudeste. formato oval. São espécies de floresta montanhosa, vivendo na vegetação pró-
Tamanho: 5,5 cm a 7,0 cm. xima a cursos d’água. A vocalização é forte e se assemelha a gargalhadas, como
um gemido fraco.
Estratégias Reprodutivas: Os ovos são metade de cor creme, metade de colo-
ração escura e são depositados em córregos, onde se desenvolverão os girinos.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 23
Ordem anura
Hylidae
Bokermannohyla hylax Heyer, 1985
Nome popular: Perereca-do-riacho. Características: Apresenta o dorso pardo de dia e avermelhado durante a noite,
Família: Hylidae. e íris de coloração dourada. De hábitos florestais, não é encontrada em áreas
Tamanho: 5,5 cm a 6,1 cm, o ma- abertas. Costuma permanecer no solo ou então na vegetação baixa da floresta,
cho e 6 cm a 6,3 cm, a fêmea. próxima a corpos d’água.
Ocorrência: Estados da Bahia, Estratégias Reprodutivas: Os machos costumam vocalizar do solo, em locais
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná variados, desde bromélias até beira de cavidades, próximos a correntes de água,
e Santa Catarina. onde se reproduzem. A desova ocorre em pequenas poças, próximas aos rios e
riachos no meio da floresta. Durante as enxurradas, os girinos são arrastados até
o leito dos rios. Não toleram águas poluídas.
FELIPE FRANCO CURCIO
24 - Guia de Animais Brasileiros
Corythomantis greeningi Boulenger, 1896
Nome popular: Jia-de-banheiro. Características: Apresenta uma cabeça chata e extremamente dura, coberta por es-
Família: Hylidae. pinhos e glândulas de veneno, em forma de protuberâncias, como verrugas escuras,
Tamanho: 10 cm a 15cm, com os maiores que as presentes no corpo. Com uma pele lisa e úmida, ela deve seu nome
membros esticados. vulgar à frequencia com a qual é encontrada na parede de banheiros. Esta espécie
Ocorrência: Espécie exclusiva apresenta uma estratégia bastante curiosa de sobrevivência no ambiente seco em
da Caatinga, é encontrada nessa que habita: quando chega a estiagem, ela se abriga em um buraco de árvore e fecha
formação desde o norte de Minas a abertura com a cabeça dura, podendo permanecer por meses e até anos, prati-
Gerais até o Maranhão. camente sem perder água, até que a chuva volte. Passa os dias imóvel e, durante a
noite, só se move para abocanhar algum inseto que passar, para logo depois voltar ao
estado de dormência. As glândulas de veneno na cabeça podem estar relacionadas
com a proteção do animal no buraco, contra predadores que o possam morder.
Estratégias Reprodutivas: reproduz-se em corpos de água temporários de
áreas abertas.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 25
Ordem anura
Hylidae
Dendropsophus microps Peter, 1872
Nome Popular: Perereca. Características: Apresenta o dorso castanho, alaranjado, bege ou castanho-a-
Família: Hylidae. vermelhado, em um padrão semelhante ao encontrado em cascas de árvore ou
Tamanho: 2,1 cm a 2,5cm, o ma- liquens. O ventre é branco e as partes anteriores da perna e pé, vermelhas ou
cho e 2,8 cm a 3,2cm, a fêmea. laranja. Possui uma área clara sob o olho e o tímpano. Habita a área florestal e
Ocorrência: Área de floresta atlân- é frequentemente encontrada nas bordas.
tica do Sul e Sudeste, além de uma Estratégias Reprodutivas: O acasalamento ocorre no período do verão, em peque-
porção sul do Estado da Bahia. nos corpos de água parada, onde vocalizam, geralmente na vegetação vertical, como
o junco. Durante a noite, ao vocalizar, os machos mudam de cor, tornando-se uni-
formemente amarelos. A desova tem formato irregular, superfície negra e é formada
por cerca de 300 a 500 ovos pequenos. Os girinos são de coloração castanho-escura,
com duas estrias largas, laterais e brancas.
FELIPE FRANCO CURCIO
26 - Guia de Animais Brasileiros
Dendropsophus anceps A. Lutz, 1929
Nome Popular: Perereca coral. Características: De costas amarronzadas e ventre vermelho, apresenta as coxas
Família: Hylidae. de coloração vermelha com listras escuras, conferindo-lhe o nome vulgar de
Ocorrência: Há registro nos Esta- coral, em referência a cobra de mesmo nome. É uma espécie mais robusta,
dos do Rio de Janeiro, Minas Ge- com o tronco curto e as pernas longas. Vive em locais baixos, entre montanhas,
rais, Espírito Santo e sul da Bahia. mesmo sob sol forte. Em terrários demonstra uma tendência a se enterrar. A
Tamanho: 3,5 cm a 3,7 cm , o ma- vocalização é alta, de ritmo rápido e bem característica.
cho e 3,9 cm a 4,2 cm, a fêmea. Estratégias Reprodutivas: As fêmeas são um pouco maiores e os machos apre-
sentam um saco vocal grande e hialino. Os ovos são metade de cor creme e me-
tade de coloração escura, com cerca de 1mm de diâmetro. Eles são depositados
em poças mais profundas, onde os girinos se desenvolvem.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 27
Ordem anura
Hylidae
Dendropsophus bipunctatus Spix, 1824
Nome Popular: Pererequinha-de- Características: Considerada uma das pererecas mais bonitas da família, apre-
-face-aureolada. senta nas laterais da cabeça um aureólado branco e, por isso, o nome vulgar. Ela
Família: Hylidae. tem o ventre amarelo, o dorso um pouco alaranjado e as coxas de um vermelho
Tamanho: De 1,9 cm a 2,5 cm, intenso. A cabeça é pequena e o focinho, curto. O fundo da íris apresenta a
o macho e de 2,4 cm a 2,7 cm, mesma coloração das costas, com um padrão parecido com veias escuras que
a fêmea. não chegam a atingir a periferia do olho. Durante o dia, esta espécie pode ser
Ocorrência: Ampla distribuição no encontrada em árvores sobre a água.
litoral sudeste e nordeste do Brasil. Estratégias Reprodutivas: A vocalização é bastante forte, similar ao som de gri-
los, em um padrão parecido ao código Morse, com notas longas seguidas de cur-
tas. Os machos parecem cantar ao mesmo tempo, durante a noite, e podem ser
ouvidos a longas distâncias. Reproduzem-se na superfície de brejos em baixadas
e os girinos são alongados, apresentando uma membrana caudal avermelhada.
MIGUEL TRAFAUT
28 - Guia de Animais Brasileiros
Dendropsophus decipiens A. Lutz, 1925
Nome Popular: Pererequinha. Características: Apresenta um desenho claro em forma de triângulo, emoldura-
Família: Hylidae. do por uma faixa branco-amarelada desde a cabeça, mais especificamente entre
Tamanho: De 1,5 cm a 1,8 cm, os olhos, até toda a parte dorsal. É uma espécie arborícola, que habita diversos
o macho e de 1,8 cm a 2,1 cm, tipos de locais – inclusive áreas abertas – e é encontrada normalmente próxima
a fêmea. a corpos d’à água. A vocalização se caracteriza pela voz aguda e irregular, soando
Ocorrência: Ampla distribuição como um apito.
no Sudeste e Nordeste, desde a Estratégias Reprodutivas: Deposita os ovos em folhas pendentes sobre poças
região de São Luís do Maranhão de água, dentro de massas gelatinosa de onde os girinos, ao atingir um certo
até o sul da Ilha do Cardoso, em grau de desenvolvimento, caem diretamente na água. Esse processo é permiti-
São Paulo. do graças à hidratação da massa gelatinosa, pela umidade do ar, que facilita o
desprendimento das larvas.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 29
Ordem anura
Hylidae
Dendropsophus elegans Wied-Neuwied, 1824
Nome Popular: Perereca-de- Características: Recebe o nome popular por causa do desenho nas costas, que
moldura. se parece a uma moldura branca, faixa esta que também recobre as tíbias. Du-
Família: Hylidae. rante o dia, apresenta uma coloração mais escura, deixando a moldura bastante
Tamanho: De 2,0 cm a 2,7 cm, visível, ao contrário do período noturno, quando o animal adquire uma cor
o macho e de 2,9 cm a 3,6 cm, mais parda. Habita florestas primárias, secundárias e bordas de mata. Essa espé-
a fêmea. cie pode ser encontrada em áreas abertas e costuma viver na vegetação próxima
Ocorrência: Região de floresta a pequenos corpos d’água, de águas mais paradas, temporários ou permanentes.
atlântica, desde o norte do Estado Estratégias Reprodutivas: O período de reprodução é curto, sendo restrito à
do Rio Grande do Norte até o sul época chuvosa. O macho vocaliza na vegetação de brejos, com um canto de notas
do Paraná. pulsadas. Deposita seus ovos de cor creme-claro na vegetação sobre a água, onde as
larvas, de face ventral branco-amarelada e dorso escuro, ao sair dos ovos, caem e se
desenvolvem na água.
FELIPE FRANCO CURCIO
30 - Guia de Animais Brasileiros
Dendropsophus nanus Boulenger, 1889
Nome Popular: Perereca. Características: De hábitos arborícolas, ocorre em vegetação herbácea próxima
Família: Hylidae. a corpos de água. É uma espécie pouco especializada e habita vários tipos de
Tamanho: 1,9 cm a 2,2 cm, o ma- ambientes, desde florestas tropicais úmidas, até áreas de cerrado ou então muito
cho e 2,0 a 2,1cm, a fêmea. perturbadas. Por isso não é considerada ameaçada de extinção, já que, além de
Ocorrência: No Brasil todo, além se adaptar bem a distúrbios antrópicos, apresenta vasta distribuição territorial.
de outros países do América do Estratégias Reprodutivas: Reproduzem-se em lagoas temporárias e são encontra-
Sul, como a Argentina, Bolívia, das na época de reprodução, às dezenas, nos galhos finos de gramíneas, em vegeta-
Paraguai e Uruguai. ção semicoberta pela água.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 31
Ordem anura
Hylidae
Hypsiboas albomarginatus Spix, 1824
Nome Popular: Perereca-araponga. Características: De coloração verde durante o dia, e à noite, de um tom mais
Família: Hylidae. amarelado com pintas escuras, apresenta hábitos noturnos e vive nas copas das
Tamanho: 4,4 cm a 5,5 cm, o ma- árvores. Tem a parte posterior e interna das coxas, a região inguinal e os pés, de
cho e 5,3 cm a 6,1cm, a fêmea. cor laranja, assim como as mãos, em menor grau. O olho é acinzentado, a pupi-
Ocorrência: Áreas de floresta atlân- la horizontal e a região oral interna é azulada ou azul-esverdeada. Durante o dia,
tica desde o Estado de Santa Catari- dorme geralmente na posição vertical, grudada na parte interna das folhas de
na até o Rio Grande do Norte. árvores, protegendo-se de predadores diurnos, sobretudo, as aves. Os machos
vocalizam na vegetação baixa, na margem de brejos, nos períodos de chuva.
Estratégias Reprodutivas: O canto do macho é semelhante ao canto de uma
araponga. A fêmea é maior que o macho e ambos apresentam a mesma colo-
ração. Reproduzem-se próximos à água e o casal mantém-se amplectado até o
fim da desova. Após o amplexo, que dura em média 4 horas e meia, a fêmea vai
para a superfície da água com o macho nas costas, afasta a vegetação e desova
em poucos minutos. Logo depois, o casal se separa, e os ovos antes aglomerados
se dispersam, tomando uma forma circular na água.
FELIPE FRANCO CURCIO
32 - Guia de Animais Brasileiros
(YPSIBOASBISCHOFÚ"OULENGER
Nome Popular: Perereca. Características: De coloração dorsal alaranjada, apresenta faixas escuras longitudi-
Família: Hylidae. nais ao longo da lateral do corpo, superfície posterior da coxa violácea com manchas
Tamanho: 40 mm a 65 mm. escura, e a parte externa da tíbia com uma faixa esverdeada. Na região do focinho
Ocorrência: Toda a região há uma “máscara” verde. De hábitos noturnos, arborícolas, de movimentos lentos e
Sudeste e sul. tolerante a alterações ambientais, esta espécie pode ser encontrada nas margens de
corpos d’água, de bordas e no interior de florestas, geralmente em regiões elevadas.
Estratégias Reprodutivas: Reproduz-se durante o ano todo e é uma das poucas
espécies que se reproduzem durante o inverno. Utiliza lagoas temporárias ou per-
manentes com águas calmas, onde deposita os ovos na superfície, sobre uma pelí-
cula de gel.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 33
Ordem anura
Hylidae
Hypsiboas faber Wied-Neuwied, 1821
Nome Popular: Sapo Martelo Características: Recebe esse nome vulgar por sua vocalização característica, que
ou Sapo Ferreiro. é similar ao barulho de batidas. É uma perereca de grande porte, de coloração
Família: Hylidae. bege, mas que pode se apresentar muito clara quando exposta ao sol e marrom-
Tamanho: 7,5 cm para os ma- -escura no período noturno.Vocaliza sobre a vegetação baixa próxima à poças de
chos; as fêmeas podem ultrapassar água. Os ovos são brancos na parte inferior e escuros na parte superior exposta
os 10, 5 cm. à luz do sol. Essa adaptação protege os embriões dos raios solares.
Ocorrência: Ocorre em todo Estratégias Reprodutivas: O macho escava um buraco de aproximadamente
o Brasil. 30 cm de diâmetro, próximo a corpos de água, formando assim uma poça,
onde os ovos serão depositados. Os ovos ficam grudados em uma fina película
de gel sobre a água da poça para não afundar; caso a película se rompa, os ovos
ficam submersos e os embriões morrem por falta de oxigenação. Por isso, é de
fundamental importância, nesta espécie, o isolamento do ninho da lagoa, pois
os embriões são muito sensíveis a perturbações mecânicas na água.
DANTE PAVAN
34 - Guia de Animais Brasileiros
Hypsiboas pardalis (Spix, 1824)
Nome Popular: Rã. Características: De dorso cinza-esverdeado, esta espécie costuma ser encon-
Família: Hylidae. trada no chão ou na vegetação de áreas abertas próximas a corpos d’água. É
Tamanho: 5,9 cm a 6,8 cm , o ma- bastante tolerante a distúrbios ambientais e pode ser encontrada em ambientes
cho e 6,6 cm a 7,6 cm, a fêmea. com alto grau de alteração.
Ocorrência: Leste do Brasil, ocorre Estratégias Reprodutivas: Vocalizam à noite e parecem ficar inativos durante o
nos Estados de São Paulo, Rio de dia. Constróem ninhos de argila e a larva se desenvolve na água.
Janeiro, Espírito Santo e região leste
de Minas Gerais.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 35
Ordem anura
Hylidae
Hypsiboas prasinus BURMEISTER, 1856
Nome Popular: Perereca. Características: O dorso é verde-claro, variando para o amarelo ou castanho. Exibe
Família: Hylidae. estrias longitudinais castanho-escuras margeadas superiormente de branco na parte
Tamanho: de 4,0 cm a 5,0 cm. interna das coxas e, sobre a abertura cloacal, desde a narina até a cintura. Habita
Ocorrência: Regiões de floresta áreas abertas com vegetação arbustiva baixa.
atlântica, no planalto de Santa Estratégias Reprodutivas: Reproduzem-se durante o ano todo, inclusive durante o
Catarina, no Rio Grande do Sul, inverno mais rigoroso. Para desovar, utilizam porções permanentes de água parada e
no Paraná e, provavelmente, em os ovos são depositados sobre uma película de gel na superfície, aderida e escondida
São Paulo e no Rio de Janeiro. na vegetação às margens da lagoa.
FELIPE FRANCO CURCIO
36 - Guia de Animais Brasileiros
Hypsiboas raniceps Cope, 1862
Nome Popular: Perereca- Características: É uma espécie arborícola, de porte médio e hábitos noturnos,
de-bananeira. que costuma se proteger nas folhagens durante o dia. À noite, principalmente
Família: Hylidae. durante o período de chuvas, vocaliza na vegetação. É encontrada comumente
Tamanho: 4,0 cm a 6,4 cm, o ma- em arbustos próximos a locais alagadiços temporário, e utiliza as bainhas de
cho e 5,0 cm a 7,7 cm, a fêmea. bananeiras como abrigo; e por isso, o nome popular.
Ocorrência: Desde o norte da re- Estratégias Reprodutivas: Os machos costumam iniciar a vocalização no ho-
gião neotropical do Brasil, na hiléia, rário próximo ao pôr-do-sol. Eles não procuram ativamente pela fêmea e sim
cerrado, caatinga, floresta atlântica demarcam e defendem o seu território à espera dela; por isso, entre seus tipos
e araucária e ainda nas savanas da de cantos, há o de anúncio e o territorial. Quando encontram um local para
Guiana, atingindo depois a Argen- vocalizar, caso percebam a presença de outro macho, emitem o canto territorial
tina e Paraguai. e então saem para persegui-lo.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 37
Ordem anura
Hylidae
Hypsiboas semilineatus Spix, 1824
Nome Popular: Perereca. Características: Vocaliza nas margens de brejos e habita clareiras e
Família: Hylidae. bordas da mata. Esta espécie apresenta um pequeno apêndice nos
Ocorrência: Ampla distribuição no calcanhares e sua vocalização pode ser comparada ao som de pés
Nordeste e Sudeste. humanos atolando na lama ou, às vezes, com o latido de um cão.
Tamanho: Cerca de 4,3 cm. Estratégias Reprodutivas: Desovam, provavelmente, na super-
fície da água. Os girinos são de coloração escura e costumam se
agregar, sendo, por isso, de fácil visualização.
FELIPE FRANCO CURCIO
38 - Guia de Animais Brasileiros
)TAPOTIHYLALANGSDORFÚI$UMÁRIL"IBRON
Nome Popular: Perereca-da-mata, Características: Apresenta uma coloração verde-musgo, com manchas acinzenta-
Perereca-líquen. das e uma faixa verde nas costas, lembrando o padrão de coloração de casca de
Família: Hylidae. árvore com líquens. Esta espécie exibe discos adesivos nos dedos, de coloração ver-
Tamanho: Cerca de 7cm, o macho de-azulado e os olhos dourados, rajados de preto. São de hábitos noturnos e se
e 9 cm, a fêmea. reproduzem nas estações chuvosas. Sua vocalização se assemelha ao som de batidas
Ocorrência: Áreas de floresta de pedaços de pau.
atlântica, desde o sul da Bahia até Estratégias Reprodutivas: Vocaliza sobre galhos de árvores no interior das matas e
Santa Catarina. Alguns registros restingas, próximo a corpos d’água. Durante a época de reprodução e após chuvas
isolados foram feitos no Estado do fortes, o canto se torna mais intenso e pode ser ouvido também durante o dia. A
Rio Grande do Sul. É encontrada vocalização se assemelha a batidas de castanholas. Os ovos são depositados direta-
também no nordeste da Argentina mente na água, envolvidos por um gel e lá permanecem até que nasçam os girinos.
e centro e sul do Paraguai.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 39
Ordem anura
Hylidae
Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882
Nome Popular: Perereca-olho- Ocorrência: Desde Sergipe até São Paulo, na região leste do País, principalmente
de-gato e Perereca-da-folhagem. na área de floresta atlântica.
Família: Hylidae. Características: De forma robusta, caracteriza-se por possuir manchas amarelas
Tamanho: 5,5 cm a 7,5 cm contornadas de azul nas laterais do corpo e das pernas. É encontrada sobre a ve-
getação, próximo a corpos d’água, costumando habitar regiões altas, com altitudes
acima de 1.000 m.
Estratégias Reprodutivas: Os ovos são depositados dentro de funis de folhas do-
bradas pelas próprias rãs, pendentes sobre poças de água ou porções de água pa-
radasem curvas de rios; assim, os girinos caem após a eclosão, completando seu
desenvolvimento.
FELIPE FRANCO CURCIO
40 - Guia de Animais Brasileiros
Pseudis bolbodactyla A. Lutz, 1925
Nome Popular: Perereca. Características: Quase totalmente de hábitos
Família: Hylidae. aquáticos, é encontrada em lagos e corpos d’água
Tamanho: Cerca de 3,5 cm. do cerrado e da caatinga, geralmente flutuando na
Ocorrência: Encontrada nos superfície da água.
Estados de Minas Gerais, sul Estratégias Reprodutivas: Reproduz-se na água.
de Goiás, Bahia e extremo norte Os girinos de tamanho enorme são maiores que o
do Espírito Santo. animal adulto.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 41
Ordem anura
Hylidae
Scinax alter B. Lutz, 1973
Nome Popular: Perereca. Ocorrência: Região litorânea do Brasil, desde o Estado da Bahia até o
Família: Hylidae. Rio Grande do Sul.
Tamanho: Cerca de 2,7 cm. Características: Apresenta o dorso castanho-claro com duas faixas
laterais mais escuras, de margens claras. É encontrada na vegetação de
áreas abertas, incluindo gramados e pastos, próximo a lagos de águas
calmas, de onde emite seu canto lastimoso.
Estratégias Reprodutivas: A reprodução ocorre em brejos, onde é feita
a desova e o desenvolvimento dos girinos.
FELIPE FRANCO CURCIO
42 - Guia de Animais Brasileiros
Scinax perpusillus Lutz & Lutz, 1939
Nome Popular: Pererequinha- Características: São pererecas de coloração acinzentada, com machas
das-bromélias. mais escuras e estão sempre associadas a bromélias; não há registros da
Família : Hylidae. espécie fora da área florestal. Habitam florestas de encosta, restingas
Tamanho: Cerca de 2cm. ou paredões rochosos, onde há bromélias capazes de reter a água da
Ocorrência: Pode ser encontrada chuva, de onde emitem sua vocalização aguda e fraca.
em áreas da baixada litorânea, Estratégias Reprodutivas: São os machos que escolhem as bromélias,
serras e planaltos dos Estados do estabelecendo um comportamento territorial. A desova ocorre na água
Espírito Santo, Rio de Janeiro acumulada entre as folhas da bromélia, onde os girinos se desenvolvem
e São Paulo. e completam sua metamorfose.
FELIPE FRANCO CURCIO - Scinax perpusillus A. Lutz & B. Lutz, 1939
Nome Popular: Pererequinha-das-bromélias.
Família : Hylidae.
Tamanho: Cerca de 2cm.
Ocorrência: Pode ser encontrada em áreas da baixada litorânea,
serras e planalto dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e
São Paulo.
Características: São pererecas de coloração acinzentada, com
machas mais escuras e estão sempre associadas a bromélias, sen-
do que não há registros da espécie fora da área florestal. Habi-
tam florestas de encosta, restingas ou paredões rochosos, onde
há bromélias capazes de reter a água da chuva, de onde emitem
sua vocalização aguda e fraca.
Estratégias Reprodutivas: São os machos que escolhem as bro-
mélias, estabelecendo um comportamento territorial. A desova
ocorre na água acumulada entre as folhas da bromélia, onde os
girinos se desenvolvem e completam sua metamorfose.
Guia de Animais Brasileiros - 43
Ordem anura
Hylidae
Trachycephalus mesophaeus Hensel, 1867
Nome Popular: Perereca-dourada Ocorrência: Na região leste do Brasil, desde o sudeste de Pernambuco até o Rio Grande
ou Perereca-grande-com-moldura. do Sul, incluindo o leste e centro de Minas Gerais.
Família: Hylidae. Características: Apresenta a íris de cor dourada em alguns casos e bronze, em outros,
Tamanho: 5,2 cm a 8,5 cm, o ma- com um padrão de desenho similar a veias, desde a periferia até o centro dos olhos. A
cho e 6,1 cm a 10,0 cm, a fêmea. cor geral do corpo é bege, com o dorso marrom, bordeado de branco ou bege-claro, for-
mando a “moldura” do seu nome popular. Vive em bromélias ou bananeiras, nas bordas
e clareiras de mata, e pode sofrer predação de cobras arborícolas.
Estratégias Reprodutivas: Há dois tipos de vocalização: um em que o macho emite
do seu refúgio, durante o fim da tarde de primavera ou verão, e semelhante ao zurro de
asno, e outro de reprodução, próximo à poças de água, parecido mais com o timbre das
galinhas. Apresenta reprodução explosiva, e a desova ocorre na superfície de poças de
água recentes, após chuvas fortes, onde os girinos, de coloração escura ou negra, com-
pletam a metamorfose. Utiliza as poças do meio e bordas da floresta, onde os ovos são
deixados flutuando na água.
FELIPE FRANCO CURCIO
44 - Guia de Animais Brasileiros
Trachycephalus venulosus Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925)
Laurenti, 1768
Nome Popular: Perereca-do-cerrado. Nome Popular: Perereca-de-banheiro ou Raspa-cuia.
Família: Hylidae. Família: Hylidae.
Tamanho: Cerca de 6 cm. Tamanho: 3,7 cm a 4,7 cm, o macho e 4,2 cm a 4,8 cm,
Ocorrência: Ampla distribuição nas Américas e no Brasil, a fêmea.
está presente desde o Amazonas até o sul do Paraná. Ocorrência: Amplamente distribuída pelas regiões Sul e
Características: É uma espécie bastante flexível e comum, Sudeste, além de também poder ser encontrada no leste da
de hábitos arborícolas, podendo ser encontrada em bordas Argentina, Paraguai e Bolívia.
de florestas, locais abertos ou bastante alterados, como plan- Características: O dorso é castanho-escuro ou castanho-a-
tações ou florestas secundárias. Ela secreta uma substância cizentado, com duas manchas interoculares pouco distintas,
que, em contato com o ar, forma uma espécie de cola, que e padrão variável de linhas escuras e manchas. Apresenta o
se desenvolve como uma película protetora na superfície ventre esbranquiçado, manchado de escuro, e as partes in-
corpórea. Pode ser vista em casas de cidades, sob postes de ternas das coxas e da cintura de cor amarela intensa e pre-
luz, atraída pelos insetos rodeantes, e também perto de dre- ta. Espécie de hábitos noturnos e de áreas abertas, bastante
nos de água. adaptada a ambientes antropizados, é comumente encon-
Estratégias Reprodutivas: O período reprodutivo é no trada em banheiros, ralos e instalações hidráulicas. Fora do
início da estação chuvosa, isto é, apresenta reprodução ex- período de reprodução, pode ser encontrada sobre árvores;
plosiva, após chuva forte. Os machos vocalizam para atrair já na época de acasalamento, é encontrada próxima a corpos
a fêmea, durante o período noturno, enquanto flutuam nos de água parada, como lagoas, açudes e banhados.
corpos d’água. A ovoposição é feita em poças e os ovos são Estratégias Reprodutivas: O período de desova é durante
envoltos por uma massa gelatinosa sobre a água, onde os a primavera e o verão, ocorrendo sobre a vegetação aquática.
girinos se desenvolvem. Vocalizam no solo; seu coaxar é semelhante a um ruído de ras-
pagem, após chuvas fortes. A desova contém cerca de 1500 a
2000 ovos pequenos e escuros. Os girinos apresentam nadadei-
ras altas, corpo transparente e esbranquiçado; alimentam-se de
detritos do fundo do lago ou de matérias em suspensão.
FELIPE FRANCO CURCIO
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 45
Ordem anura
Leptodactilidae
Ceratophrys aurita Raddi, 1823
Leptodactilidae Características: Caracteriza-se pelo grande porte e pelos apêndices palpebrais, de colo-
rido variável. Pode ter o dorso verde ou amarelo intensos, com ornamentos simétricos
Nome Popular: Intanha, sapo-boi. de coloração marrom-escura. Apresenta a cabeça ossificada, assim como placas na parte
Família: Leptodactilidae. dorsal do tronco. É uma espécie estritamente florestal, tendo o hábito de se enterrar
Tamanho: Cerca de 10cm. parcialmente no chão da mata. Por isso é difícil de ser visualizada. Há registros de ob-
Ocorrência: Ampla distribuição servações nos quais o animal, espreitando-se no chão da mata para atrair suas presas,
pela costa brasileira, desde o es- mantém os artelhos levantados e em movimento, para simular o corpo de um verme.
tado da Bahia até o Rio Grande Sua alimentação inclui pequenos vertebrados, como aves, anfíbios e mamíferos. É uma
do Sul, passando por parte de espécie de comportamento agressivo; quando se assusta, grita e investe para morder.
Minas Gerais. Estratégias Reprodutivas: Reproduz-se em poças de água, após chuvas fortes, em sin-
cronia com espécies de reprodução explosiva, cujas larvas servirão de alimento para seus
girinos, exclusivamente carnívoros. Sua vocalização é semelhante ao grasnar de gansos.
FELIPE FRANCO CURCIO
46 - Guia de Animais Brasileiros
Eleutherodactylus binotatus Spix, 1824
Nome Popular: Rã-do-chão-da- Ocorrência: Ocorre em área de floresta atlântica, desde o Estado da Bahia até
-mata-com-duas-pintas-nas-costas. o Rio Grande do Sul.
Família: Leptodactilidae. Características: Apresenta coloração variável com padrões de bege, cinzento ou
Tamanho: 4,5 cm a 6,5cm. pardo e, também, frequentemente, um par de pequenos pontos negros no meio
do dorso, próximos à região sacral.Outra característica desta espécie é a pre-
sença do primeiro dedo maior que o segundo. Estritamente florestal, pode ser
encontrada em atividade também na serrapilheira, durante o período diurno.
Estratégias Reprodutivas: A vocalização consiste de notas rápidas, em padrão
de assobio. Os ovos, relativamente grandes, são depositados em tronco caídos
em meio às folhas. O desenvolvimento é direto; as pequenas rãs nascem já me-
tamorfoseadas.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 47
Ordem anura Eleutherodactylus parvus
Leptodactilidae Girard, 1853
Eleutherodactylus guentheri Nome Popular: rãzinha-do-chão-da-mata.
Steindachner, 1864 Família: Leptodactylidae.
Ocorrência: Amplamente distribuída no Sudeste,
Nome Popular: Rã-do-chão-da-mata. nos Estados do Espírito Santo, sudoeste de Minas
Família: Leptodactilidae. Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e provavelmente
Tamanho: 2,5 cm a 4,0 cm. em outras regiões.
Ocorrência: É encontrada nas regiões Sul e Su- Tamanho:1,3 cm a 1,5 cm, o macho e 1,6 cm a
deste, desde o Espírito Santo até o Rio Grande 2,2 cm, a fêmea.
do Sul, e na província argentina de Misiones Características: Apresenta coloração dorsal parda,
,além de, presumivelmente, em áreas adjacentes laranja ou branca, com uma área negra em torno
no Paraguai. da região anal. O ventre pode ser de cor cinza com
Características: Apresenta os membros infe- branco, vermelho com branco, amarelo com preto
riores bastante longos e uma estria enegrecida ou apenas cinza. É encontrada mais facilmente em
ao longo da face externa das tíbias. A coloração florestas, sendo rara em áreas abertas, e apresenta
dorsal é variável; a mais comum é a cor parda, hábitos provavelmente terrestres.
mas pode ocorrer na cor verde também. Em ge- Estratégias Reprodutivas: Apresentam desenvol-
ral, possui uma mancha escura sobre o tímpano. vimento direto, não passando pela fase de larva. A
É uma espécie estritamente florestal, podendo deposição parece acontecer no solo.
ser encontrada movimentando-se na serrapilhei-
ra, durante o dia. Existe muita variação morfo-
lógica e também de vocalização de anúncio ao
longo da sua área de distribuição.
Estratégias Reprodutivas: Os ovos são deposi-
tados em tocas no solo e o desenvolvimento é
direto.
FELIPE FRANCO CURCIO
FELIPE FRANCO CURCIO
48 - Guia de Animais Brasileiros
Holoaden luederwaldti Miranda- Hylodes asper Muller, 1924
Ribeiro, 1920
Nome Popular: Rã. Nome Popular: Rã-da-cachoeira.
Família: Leptodactilidae. Família: Leptodactilidae.
Tamanho: 4,6 cm, a fêmea. Tamanho: Média de 4 cm, o macho e
Ocorrência: Ocorre no Estado de 4,5 cm, a fêmea.
São Paulo, sudoeste do Rio de Janeiro Ocorrência: Encontrada nos Estados
e sudeste de Minas Gerais. do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná..
Características: Apresenta coloração Características: De coloração verde-
uniformemente marrom com grânu- -oliva, mesclada com marrom-escuro
los acinzentados e ventre marrom-a- e preto. Esta espécie é ativa durante
cinzentado. É uma espécie de regiões o dia e costuma ser encontrada sobre
montanhosas. rochas e vegetação baixa, ao longo de
Estratégias Reprodutivas: Existem correntes água e rios de áreas flores-
atualmente poucas informações sobre tais da Serra do Mar.
essa espécie, mas ela apresenta, pro- Estratégias Reprodutivas: Os giri-
vavelmente, desenvolvimento direto. nos se desenvolvem em correntes de
água com fundo rochoso, onde as
águas são relativamente calmas.
FELIPE FRANCO CURCIO
FELIPE FRANCO CURCIO
Guia de Animais Brasileiros - 49
Ordem anura
Leptodactilidae
Hylodes phyllodes Heyer & Cocroft, 1986
Nome Popular: Rã. Características: Apresenta o dorso de coloração olivácea escura e marrom
Família: Leptodactilidae. -clara com faixas que variam de cobre a amarelo-ouro. De hábitos diurnos, é
Tamanho: 2,7 cm a 3,1 cm, o ma- encontrada em folhas da vegetação baixa durante a noite. Esta espécie vive em
cho e 2,9 cm a 3,5 cm, a fêmea. florestas primárias ou secundárias ao longo de correntes de água e não ocorre
Ocorrência: Há registros desde a em áreas abertas.
Serra do Mar, em São Paulo, e no Estratégias Reprodutivas: Os machos vocalizam próximos à água, sobre raí-
Rio de Janeiro e na Ilha Grande. zes, rochas ou folhas. A reprodução ocorre em correntes de água de florestas,
onde os girinos se desenvolvem. Os girinos têm o formato do corpo oval; a
musculatura do corpo e cauda são de cor creme com manchas marrons.
FELIPE FRANCO CURCIO
50 - Guia de Animais Brasileiros
Leptodactylus fuscus Schneider, 1799
Nome Popular: Rã-assobiadora, Características: Rã de porte médio, apresenta coloração cinza-oliváceo e dorso
Rã-parda. bem ornamentado, com pequenas manchas marrom-escuras. Possui adaptações
Família: Leptodactilidae. na cabeça que permitem a escavação dos ninhos na lama. Sua vocalização se
Tamanho: De 4,0 cm a 5,0 cm. parece com assobios agudos. É encontrada no solo de locais abertos ou áreas
Ocorrência: Amplamente distribu- perturbadas. Possui hábito vespertino e noturno e, durante a estação seca, a
ída na América do Sul e presente em espécie entra em dormência.
todas as regiões do Brasil. Estratégias Reprodutivas: O acasalamento ocorre dentro de uma câmara sub-
terrânea, escavada pelo macho, próximo à água. A fêmea é abraçada pelas axilas
pelo macho, enquanto ele bate vigorosamente as pernas, provocando a forma-
ção de uma espuma, que servirá de ninho para os ovos. Os primeiros estágios
do desenvolvimento ocorrem na cavidade, até que a chuva aumente, encha a
câmara e libere os girinos.
FELIPE FRANCO CURCIO Guia de Animais Brasileiros - 51