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90 anos na defesa da vida, da família e da fé.

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Published by Revista O Lutador, 2019-04-05 20:36:57

REVISTA O LUTADOR 3906 NOVEMBRO 2018

90 anos na defesa da vida, da família e da fé.

Keywords: Revista O Lutador,Jornal O Lutador,Revista católica O Lutador,Revista Católica,90 anos

Religião [ A juventude e o pluralismo religioso

[ O Lutador e a questão racial [ Romper a corrente do ódio

ANO LXXXIX / Nº 3906
NOVEMBRO / 2018
olutador.org.br

Em defesa da vida,
R$9,90 da família e da fé



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Igreja Hoje [ Carta ao Povo de Deus... Espaço do Leitor [ Escreva, envie seu e-mail, comente

ANO LXXXIV / Nº 3905 Parabéns aos aniversariantes
OUTUBRO / 2018 do mês de novembro!
olutador.org.br
Em novembro, celebramos a Festa de Cristo Rei
juPoomvreamfé e o dia dos leigos. Parabéns aos assinantes, em
sua maioria leigos e leigas de nossas comuni-
R$ 9,90 dades, que fazem aniversário neste mês! Lem-
bramos que, no dia 25 deste mês, será celebra-
[ Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos! da uma missa especial em ação de graças pelos
[ Juventude construindo uma cultura de paz 90 anos de O Lutador e na intenção de nossos
assinantes, também lutadores, e de seus fami-
Ó Trindade Santa, vós que sois a fonte liares, de modo especial para os doentes e aca-
de toda santidade, nós vos louvamos mados. O celebrante do dia 25/10/2018 será o
por vosso servo o Pe. Júlio Maria De Lombaerde, Pe. João Lúcio Gomes Benfica, SDN. Deus aben-
que, assemelhando-se ao Cristo Eucarístico, çoe a todos os nossos assinantes.
cuidou do vosso rebanho com amor,
zelo e doação. E, deixando-se guiar pelo [Caso seu nome não apareça na lista, entre em
Espírito Santo, assim como a Virgem Maria,
testemunhou a ternura missionária da Igreja. contato com nosso setor de assinaturas:
Concedei-me, ó Trindade Santa, pela intercessão Fone: 0800-940-2377
do Pe. Júlio Maria, a graça que vos suplico E-mail: assinaturas@olutador.org.br
[pedir a graça]. E, se for de Vossa santa vontade,
dai que Pe. Júlio Maria alcance a honra Dia 01 - ÂNGELA INES FERREIRA / CLARICE DOS SANTOS LINS CALDAS / HARRY CORREA / MARIA IMACULADA
CONCEIÇÃO APARECIDA RODRIGUES / MARIA SOLANGE FARIA SCHERER / TEREZINHA F. DE CAMPOS
dos altares, para Vossa glória E SILVA. Dia 02 - JOSIMARY DE MOURA SANTOS / MARIA APARECIDA GAUDERETO DE ABREU / MARIA
e para o bem de tantas almas. APARECIDA VIEIRA MALACCO / MARIA APARECIDA VIEIRA MALACCO. Dia 03 - CARMELIO DE MOURA
Por Cristo, Nosso Senhor Amém. CARVALHO / DOM JOSÉ EDSON SANTANA OLIVEIRA / HERMES PIRES LEAO NETO / JOSÉ ANTÔNIO PULPIN /
MARIA IRIS DO VALLE RODRIGUES / PAULO SOARES DOS SANTOS / RUBENS SOARES OLIVEIRA /
WALTER ZIGELLI. Dia 04 - CARLOS FERNANDES D´ÁVILA / JOSÉ ANTÔNIO SOARES / JOSÉ DE
OLIVEIRA / OLGA SELMA DE FARIA SOUZA / OLGA SELMA DE FARIA SOUZA / REGINALDO CASSIM.
Dia 05 - BENEDITO SOUZA DIAS / LUCY ESTEVES PFALTZGRAF / LUIZA DA SILVA PEREIRA / SALETE BETTIO SANCHES.
Dia06-ANTÔNIOAMERICORAVACCI/BENTOBULLEMEDEIROSFERREIRA/LUIZGONZAGANUNES-EMMEMORIA
/ MARIA APARECIDA DA SILVA / MARIA APARECIDA GAROTTI MARQUES / MARIA HELOISA PEREIRA DE LIMA.
Dia 07 - CAROLINA FRANCISCA CONSTANTINO LUIZ / EDUARDO FERRER SANTIAGO / JOSÉ FRANCISCO ALVES /
SALVADOR PEDROSO / SONIA TAMEIRAO DE ARAUJO FERREIRA. Dia 08 - ALTINA LÚCIA CAETANO GUIMARAES
MELLO / ANTÔNIO LOPES FILHO / ELENICE MARIA SOUSA / LEDA FERNANDES PEREIRA / VICENTE LIBERAL .
Dia 09 - CLÉA BARBOSA MARQUES DAS ALELUIAS / MARIA JOSÉ PACHECO MORETE / RICARDO GOMES VIEIRA
/ WALTER JOSÉ MALUF. Dia 10 - JOSÉ TIMOTEO SA / CLAUDIA MIFFARREG / MANOEL MOREIRA DE ABREU
NETO / MARGARIDA ZELIA MACIEL DE ARRUDA E SÁ / MARIA DAS GRACAS ALVES DE OLIVEIRA / MARIA DE
LOURDES CASTRO. Dia 11 - GERALDA DE SOUZA COSTA / GLORIA FERNANDES FRANCA E FAMILIA / ILDA DIAS
DE ARAÚJO MONTEIRO / JOICE RODRIGUES MATIAS / JORGE GUEDES DE CARVALHO / PE. JOSÉ FLORENTINO
CORREIA DE MELO. Dia 12 MARIA FRANCIMEIRE DE MOURA EVANGELISTA / SÔNIA RAQUEL DE ASSIS COELHO.
Dia 13 - ANISIA KORBES / JOSÉ MARIA LIBORIO CAMINO SARASCHO / MARIA ABADIA PORTELA / NENIR ARAUJO
FERREIRA / NILZA MOREIRA RODRIGUES / ORDALIA DAMASCENO DE ABREU / PADRE RUBENS DA SILVA DALMAZO.
Dia 14 – ACELINO TEIXEIRA DE OLIVEIRA-EM MEMORIA / EVERTON CALICIO / PADRE MARCIO LUCIANO
MARTINS DE SOUZA / THIERS FERNANDES LOBO / WALTER GOMES COELHO. Dia 15 – ANTÔNIO JOSÉ RIBERIO
/ LUCIANO CORREIA - EMM / RUBENS ROLIN MARQUES. Dia 16 – CECI AVELAR SENDAS / GERALDO QUIDIGNO
/ HELENA MARIA DE JESUS / LORENA F. DE OLIVEIRA MACHADO / MATOSINHO SERAFIM DA SILVA / ODARIL
JOSÉ DA ROSA / PE. HENRIQUE ALVES DE OLIVEIRA FILHO. Dia 17 – ANDERSON BRAGA HORTA / BELKIS ADAS /
GILSON FERREIRA MAIA / ILMA MARIA CHAVES / MARIO JOSÉ RODRIGUES / MAURO LOPES DUARTE / MELANIA
CASTILHO. Dia 18 – MARINHO VICENTE DE ALMEIDA / VICENTE FERREIRA - EMM. Dia 19 – ANA BIAGIONI /
ELIAS JOSÉ NASCIF - EM MEMORIA / LINO GENTIL PARREIRA / MARIA ALTINA RIBEIRO VAZ DE MELO / MARIA
DO SOCORRO BARBOSA DA SILVA / MONSENHOR ANTÔNIO SEVERO ALVES / THEREZINHA DE JESUS ANDRETTI
FERREIRA. Dia 20 – BRUNA DE SOUSA BARROS CARVALHO / CLAUDIO JOSÉ AARÃO RANGEL / CLOVIS SIEROTA /
DOM FREI DIAMANTINO P.DE CARVALHO / JOSÉ F. GONCALVES / LICINIO ARTUR LIMA BAPTISTA / VANDA VIDAL
FONSECA. Dia 21 LAURA SANTOS CHAGAS (EM MEMORIA). / LOURDES ZANIRATTI / MOACYR DO NASCIMENTO
GRAVEL / TEREZINHA MARIA DE JESUS SILVA. Dia 22 – CELIA IZIDORIO PEREIRA LOPES / JOSÉ MARIA SANT
ANA / LIVIA LISBOA BOTELHO LUZ / OSWALDO PIRES DE REZENDE / RAIMUNDO NONATO FERNANDES
LOPES - EMM. Dia 23 - DIMAS CLEMENTE DOS REIS / ELZA SANTANA DOS SANTOS / LIZIANE CARLA OTONI
/ MARIA DO SOCORRO EXPEDITA GOMES / VICENCIA MARIA DE LIMA. Dia 24 – LIONDRE ALVES DE ASSIS.
Dia25–REVISTAOLUTADOR(90ANOS)/JOAQUIMBATISTADOSSANTOS/SOLANGEMARIADASILVATOMEARAUJO
/ WILSON FERREIRA - TUIM. Dia 26 – CELSO E MARIUCIA - EMM / GERALDA CELIA DE OLIVEIRA / LUIZA DE MARILAC
REIS VERCIANE / MARIA ESTRELA GIRAO / PE. AUGUSTO ANTÔNIO DA SILVA / SEBASTIAO BARBOSA RESENDE.
Dia 27 – ANA CECILIA DE MELO OLIVEIRA / DANILO ROBERTO AMBROSIO BATISTA / LAURO GUEDES OTONI /
LUDY LOURENCO / OVIDIO ARANTES DE MELO / PE. JULIAN QUINTERO CELIS / REINALDO DE LIMA SOARES /
ROSA MARIA DE SOUZA. Dia 28 – CASSIA KELLY LEOCARDIO / CICERO LEONARDO R.DA SILVA - EMM / GILBERTO
CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE FILHO / PAULO ROBERTO DE MORAIS / TEREZA MARIA DE A. CAMILO.
Dia 29 – CARLOS MORONI / DANILO AUGUSTO BELLINI / FERNANDA MARTINS DA SILVA / JORGE NEPOMUCENO
DE BRITTO / MARIA ESTELA DE CARVALHO GABINO / PAULO ROBERTO LEITE. Dia 30 - ADAIR JOSÉ DE ALMEIDA
/ AILA MARIA SANTOS LIMA / HAGER MANOCCHIO FILHO / RAIMUNDO NONATO DE LIMA MARTINS.

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Nossa Igreja ainda mais santa NOTURNO

No domingo, 14 de outubro, o Papa Fran- Romero: grande mártir Nas tuas mãos de Pai, minha alma dorme
cisco canonizou 7 novos santos e santas da América Latina Enquanto a terra treme e o mar se agita,
da Igreja: Paulo VI, Oscar Arnulfo Rome- E se da multidão se eleva a grita,
ro Galdámez, Francisco Spinelli, Vicente A Igreja da América Latina também ga- Meu coração descansa em paz enorme...
Romano, Maria Catarina Kasper, Nazária nhará mais um santo. Na realidade, para
Inácia de Santa Teresa de Jesus e Núncio o povo Oscar Romero já é considerado Nas tuas mãos de Pai, minha alma dorme,
Sulprizio. santo desde o seu martírio, em 24 de Pois tua Providência é infinita
março de 1980. Ele é o primeiro santo de E, quando a fé num coração habita,
Entre eles, estão dois grandes ho- El Salvador, país localizado na América Não permite que a dúvida o deforme.
mens da história da Igreja: Paulo VI e Os- Central com pouco mais de 6 milhões de
car Romero. habitantes. Nas tuas mãos de Pai, minha alma sonha
E, mesmo na borrasca mais medonha,
Paulo VI: o“Papa da modernidade” A ação pastoral do bispo visava ao Deixa que a Luz divina guie e informe,
entendimento mútuo entre os salvadore-
Paulo VI conduziu a Igreja entre 1963 e nhos. Criticava duramente tanto a inércia Na suavidade de seu calmo brilho,
1978. Ele foi o primeiro pontífice a viajar do governo, as interferências estrangeiras, Os passos que precisa dar um filho,
de avião. Em seu papado, visitou os cinco como as injustiças praticadas pelos grupos E em tuas mãos de Pai, minha alma dorme...
continentes, fato que lhe concedeu o ape- “revolucionários”. O Arcebispo Dom Oscar
lido de “Papa Peregrino”. Foi o primeiro Arnulfo Romero foi fiel à Igreja e pagou ANTÔNIO CARLOS SANTINI
Papa a visitar a Terra Santa, em 1964. Lá, com a vida o preço de ser discípulo de (Minduri, MG, 24/02/2017)
encontrou-se com o patriarca ortodoxo Cristo. O seu nome foi incluído na relação
Atenágoras I. dos 1015 salvadorenhos que foram assas-
sinados, em 1980.
“Se todo bispo, todo pároco e todo
cristão tivessem feito, em proporção, o Nas palavras do Papa Francisco, por
que ele realizou como animação e renova- ocasião de sua beatificação, “Romero con-
ção, a Igreja estaria hoje muito mais adian- vida-nos ao bom senso e à reflexão, ao
tada em seu caminho”, afirmou o Arcebis- respeito pela vida e à concórdia. É neces-
po Romeo Panciroli, ex-diretor da Sala de sário renunciar à violência da espada, do
Imprensa do Vaticano sobre Paulo VI. ódio, e viver a violência do amor, que nos
deixou Cristo pregado numa cruz, aquela
Entre suas Encíclicas, destacam-se a que cada um deve fazer a si mesmo para
Humanae Vitae, sobre a regulação da na- vencer os próprios egoísmos e a fim de
talidade, e a Populorum progressio, sobre que não haja desigualdades tão cruéis
o desenvolvimento dos povos. Entre as entre nós. Ele soube ver e experimentou
Exortações Apostólicas, ganhou ênfase a na sua própria carne o egoísmo que se
Evangelii Nuntiandi, sobre a evangeliza- insinua em quantos não querem ceder o
ção, lançada em 8 de dezembro de 1975. que é seu para alcançar os outros. E, com
um coração de pai, preocupou-se com as
Chamado por Papa Francisco de o maiorias pobres, pedindo aos poderosos
“Papa da modernidade”, Paulo VI ficou que transformassem as armas em foices
conhecido por sua abertura ao diálogo, para o trabalho”.
aproximando-se da Igreja Anglicana e de
diversos líderes das Igrejas Ortodoxas do Fonte: franciscanos.org.br
Oriente.

[ Expediente Editorial

O LUTADOR é uma publicação mensal Em defesa da vida, da família e da fé
do Instituto dos Missionários
Sacramentinos de Nossa Senhora O LUTADOR, em seu nascimento, a 25 de novembro de 1928, recebeu a alcunha de
“Bonus miles Christi”, o bom soldado de Cristo. Era uma época de grandes emba-
O Lutador tes com as forças contrárias à Igreja Católica, e essa oposição era formada pelo tri-
ISSN 97719-83-42920-0 pé: maçons, espíritas e protestantes. Vestindo a “camisa” de seu tempo, o Jornal
O Lutador nasceu e cresceu no clima da apologética. Acreditava-se mais no con-
Fundador fronto que no diálogo.
Pe. Júlio Maria De Lombaerde O Concílio Vaticano II, grande divisor de águas na caminhada da Igreja,
superou a estreita visão da cristandade medieval e abriu-se para um diálogo com
Superior Geral o mundo moderno, com as ciências, com outros cristãos, assumindo uma postu-
Pe. José Raimundo da Costa, sdn ra mais ecumênica e dialogal. O Lutador, aos poucos também foi-se abrindo, su-
perando a postura apologética. Em seu desenvolvimento assumiu a defesa da fé,
Diretor-Editor aprimorando o debate teológico em torno das grandes questões da Igreja.
Ir. Denilson Mariano da Silva, sdn É preciso dizer que seu grande amor à Igreja por vezes o fez pecar, por ex-
cesso. Talvez, em certos momentos, tenha pensado tanto com a cabeça em Roma,
Jornalista Responsável que não foi capaz de ver as sementes do Evangelho que frutificavam na Igreja latino
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn (MG086063P) -americana, na defesa dos pobres e excluídos. Mas, se assumiu certas posturas, tal-
vez equivocadas, foi por excesso de zelo e por grande amor à Igreja e à sua doutrina.
Redatores e Noticiaristas Em nossos dias, O Lutador segue seu caminho. Procura ser uma luz pa-
Pe. Marcos A. Alencar Duarte, sdn ra iluminar a caminhada de nossas comunidades e de nossas famílias. Fomenta
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn a defesa da vida em sintonia com a Igreja, pela ação consciente, comprometida e
Frt. Matheus R. Garbazza, sdn testemunhadora de tantos leigos e leigas que levam a sério seu batismo e o segui-
Frei Patrício Sciadini, ocd, Frei Vanildo Zugno, mento a Jesus Cristo. Agora, no formato de Revista, procura ser uma ferramenta
Dom Paulo M. Peixoto, Antônio Carlos Santini de evangelização nas mãos do povo de Deus.
e Dom Edson Oriolo Em sua longa trajetória através dos tempos, O Lutador aprendeu a obser-
var os rumos da história. E, com pesar, vê que na multidão dos que se dizem cren-
Colaboradores tes, quer católicos ou protestantes, poucos trazem consigo traços de verdadeiro
Vários cristão. Apesar de grande prática religiosa com cultos, missas, celebrações, shows e
programas religiosos no rádio e na TV, a grande maioria corre apenas atrás de uma
Revisão bênção, uma cura, um milagre ou ainda um retorno financeiro. A religião parece
Antônio Carlos Santini reduzida a um “toma lá, dá cá”. “Se o Senhor me der o que eu desejo, eu faço esse
sacrifício...” ou “faço essa oferta, porque o Senhor é obrigado a dar muito mais...”
Projeto gráfico e Diagramação No entanto, o coração está longe. A sua fé não se traduz em obras, em
Valdinei do Carmo gestos de misericórdia. Uma religião mais de casca, apenas um verniz de católi-
co ou evangélico, mas que não assume, na vida, as atitudes de opções de Jesus. Is-
Assinaturas e Expedição to se estende também para os mais entendidos e estudados, pois a contradição
Maurilson Teixeira de Oliveira não se resume aos leigos. O contratestemunho atinge também o clero e os pasto-
res, em seus vários escalões. Alguns parecem optar mais por seus privilégios pes-
Impressão e Acabamento soais sob a alegação de defesa de uma aparente ortodoxia. Assemelham-se mais
Gráfica e Editora O Lutador, Certificada FSC®, ao levita ou ao sacerdote que deixam o caído à beira da estrada... Jesus nos chama
Praça, Pe. Júlio Maria, 01 - Planalto a ser bons samaritanos.
31730-748 - Belo Horizonte, MG - Brasil Nos anos 60 e 70, muitos católicos disseram ter dado um passo a mais em
sua conversão: trocaram a arma de fogo pela Bíblia. Isso foi fundamental para a
Telefax diminuição da violência. Hoje, vemos católicos e evangélicos apostando na força
[31] 3439-8000 | 3490-3100 das armas e da violência. O ódio está mais forte que o amor, a intolerância impede a
prática da misericórdia. Fazem um caminho contrário ao de Jesus nos Evangelhos.
Site Certo de que é pelos frutos que se conhece a árvore, O Lutador segue sua
olutador.org.br - facebook.com/revistaolutador luta em defesa da vida, da família e da fé, em todas as circunstâncias. Conscientes
de que hoje não basta ser um “bonus miles Christi”, precisamos ser bons samari-
Redação tamos como Cristo, em nossa cidade, no Brasil e no mundo. Afinal, como o Papa
redator@olutador.org.br Francisco nos recorda, “a misericórdia é a chave do Reino”.
E isso é pra começo de conversa, nestes 90 anos.]
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Edição n. 1 de O Lutador

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[Sumário olutador • R E VIS TA MENSAL • AN O L X X XIX • Nº 39 0 6 • N OVEMB RO • 2018 •

[ 90 anos:

O Lutador
e a questão
familiar

6

[ A juventude [ O Lutador e a questão racial 8
e o pluralismo [ Cristo e seu Reino: festa de Cristo Rei 10
[ Amoris Laetitia: heresia ou manipulação? 11
religioso [ Game of Cristo 12
13 [ E sem parábolas nada lhes falava 14
[ Romper a corrente do ódio 16
[ ADCE [ A vida dos leigos no início do cristianismo 18
Caxias do Sul: [ Novos caminhos para a Igreja na Amazônia 20
80° Encontro [ Assembleia de Unificação de Critérios 22
de Reflexão 48 [ Nossa revista O Lutador 23
[ Relações fraternas 24
[ Espiritualidade da apresentação das ofertas 25
[ 90 anos a caminho de um século 26
[ Vermebile e Fitafuso 27
[ O Missionário que veio de longe 30
[ Roteiros Pastorais 31
[ Celular na escola? 43
[ De que Brasil nós precisamos? 44
[ Nossa missão é no mundo e com alegria! 46
[ Cristo Rei: reconciliação e paz 47

Capa [ Era 25 de novembro de 1928, quando se iniciou o percurso deste

90 Anos:
O Lutador e a família

“O P E . S E B A S T I ÃO S A N T´A NA S I LVA , S D N *

LUTADOR se- Reforçando ainda mais os objeti- çados contra elas. A defesa da Igreja
rá um jornal di- vos de O LUTADOR, nosso Fundador e da Fé católicas, assumida pelo Pe.
ferente dos de- foi enfático: “Ele quer ser o eco dos Júlio Maria através de O LUTADOR,
mais, pois terá ensinamentos do Divino Mestre, ins- resultava, consequentemente, na de-
truindo os católicos, mostrando-lhes fesa das famílias.
uma orientação bem definida: ge- o caminho do bem, tornando públi-
cos os embustes do erro e as artima- Uma das formas de resumir a his-
nuinamente católico, militante, de- nhas dos inimigos de nossa fé. Este tória de nosso jornal é dizer que, em
é todo um programa que procurare- suas nove décadas de serviço à Igre-
fenderá com brio e lhaneza os inte- mos executar com dignidade”. ja, a vida de O LUTADOR é uma his-
tória de serviço às famílias.
resses da religião que são os interes- Pe. Júlio, O Lutador e a família
Direta ou indiretamente, este pro- O resultado foi que a defesa co-
ses de Deus, da pátria e da família” – grama de ação de O LUTADOR sem- rajosa da fé católica e dos princípios
pre teve como foco as famílias católi- propostos pela Igreja fez com que O
pontuou o Pe. Júlio Maria, no Edito- cas. Tanto no sentido de sua informa- LUTADOR ganhasse grande respal-
ção e instrução, quanto de sua defesa do das autoridades eclesiásticas e se
rial da primeira edição do Jornal que diante dos numerosos ataques lan- espalhasse, com muita rapidez, pelo
Brasil afora, tornando-se leitura obri-
se transformou na Revista O LUTA- [ 6 • olutador [ novembro ] 2018 gatória em boa parcela das famílias

DOR. Era 25 de novembro de 1928,

há 90 anos, quando se iniciou o per-

curso deste veículo de comunicação

que deu significativa parcela de co-

laboração na construção da história

da Igreja no Brasil.

e veículo de comunicação...

católicas, sobretudo nas regiões Sul nhecesse o rico magistério dos Pa- Que tal um presente das famílias?
e Sudeste do país. pas que conduziram a Igreja após
sua morte em 1944 (Pio XII, João Será que O LUTADOR merece um pre-
Pe. Júlio Maria, homem de Deus XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João sente por ocasião de seus 90 anos? Que
O Servo de Deus Pe. Júlio Maria de Paulo II, Bento XVI e Francisco), ele tal, por exemplo, presentear uma família
Lombaerde [1878–1944], cujo pro- estaria vibrando diante de tantas amiga com a assinatura de nossa Revis-
cesso de beatificação está em cur- propostas e se somando aos esfor- ta? Que tal divulgá-la entre os parentes,
so, foi um homem de seu tempo, vi- ços que se fazem por todos os can- amigos e agentes de pastorais?
veu o contexto eclesial de sua época. tos do mundo em favor da evange-
Ao chegar a Manhumirim, em mar- lização família. O Servo de Deus Pe. Júlio Maria De
ço de 1928, assumiu com entusias- Lombaerde, nós missionários sacramen-
mo a Paróquia. Além da fundação Assumam conosco esta bandeira! tinos e toda a equipe que trabalha na
de duas Congregações – Missioná- Pe. Júlio Maria se faz presente ho- produção da Revista O LUTADOR agra-
rios Sacramentinos de Nossa Senho- je através de O LUTADOR e de seus decemos de coração a todos vocês que,
ra e Irmãs Sacramentinas de Nossa continuadores. A bandeira, por ele solidariamente, nos estão ajudando no
Senhora. – iniciou várias obras so- levantada em 1928 e conduzida até desafio de fazer com que este meio de
ciais e educativas. Face aos grandes sua morte em fins de 1944, vem pas- evangelização chegue a outras famílias.
ataques à Igreja, sua atividade como sando de mão em mão e cumprindo
teólogo, escritor e polemista ganhou sua missão histórica. Ainda não nos deu o seu presente?
destaque nacional. Que tal você e sua família fazerem O LU-
Ao celebrar TADOR chegar também a, pelo menos,
O renomado historiador e teó- seus 90 anos, mais duas famílias católicas ou às mãos
logo Frater Henrique Crisitiano de olhando com gratidão de outros agentes de pastorais de sua pa-
Matos, após ler cuidadosamente 63 o longo caminho róquia? Podemos aguardar seu presen-
obras do Pe. Júlio Maria, concluiu: percorrido, encarando te? Obrigado, por nos ajudar!
com muita fé os desafios
“O Servo de Deus apresenta-se co- presentes, e assumindo Com estima, Pe. Sant’Ana!
mo uma pessoa inteiramente consa- com muita coragem
grada a Deus, sendo a razão derradeira e esperança a construção
de sua vida. Nele vemos, igualmente, de “um outro mundo
uma dedicação integral ao Evange- possível” para todas
lho que vive e propaga com seu tes- as famílias – O LUTADOR
temunho de vida, sua pregação e es- renova o compromisso
critos. Possui uma viva inteligência de continuar levando
e, ao mesmo tempo, um espírito de aos lares do Brasil
luta e força de vontade, que lhe pro- a Boa Nova
porcionam uma dedicação total ao do Divino Mestre.
apostolado como ‘Missionário do
Reino’” (Antologia, p. 41). Nós, missionários sacramentinos,
herdamos a missão de sinalizar pa-
Pe. Júlio Maria, o Papa e a família ra o mundo a fisionomia de nosso
Na mesma obra, Frater Henrique Fundador. Apesar dos avanços tec-
mostrou que Pe. Júlio Maria mani- nológicos e dos novos meios de co-
festou uma incondicional submissão municação, a revista O LUTADOR
à Igreja. “Seria uma grande injustiça continua sendo uma das preciosas
julgar a relevância de sua atividade ferramentas para levarmos adiante
apenas pelos seus escritos apologé- o projeto que foi-se tornando reali-
ticos. Na realidade, o que nos dá una dade no coração, nas mãos e com a
segura ‘chave de leitura’ da obra ju- pena do Pe. Júlio Maria, a partir de
limariana é o zelo apostólico e a au- 25 de novembro de 1928. Nós, mis-
tenticidade missionária do Servo de sionários sacramentinos, contamos
Deus.” (Antologia, p. 37.) com vocês, amigos leitores!]

Se o Pe. Júlio Maria vivesse hoje, olutador [ novembro ] 2018 • 7 ]
após o Vaticano II, após as Conferên-
cias do CELAM (Medellín, Puebla,
Santo Domingo e Aparecida), se co-

Capa [ Em sua trajetória, “O Lutador” não deixou de lado seu papel de
espaço de discussão para o encontro de diversas ideias, mantendo

TR AVIS KNOLL*

O Lutadoreaquestão

NA COMEMORAÇÃO DOS Em sintonia com o caminhar
90 ANOS de “O Lutador”, da sociedade, “O Lutador” avançou.
gostaria de destacar um dos A partir do ano dois mil, (2000-2010)
debates mais importante no
qual ele tem participado e como sua criou uma nova seção destinada
atuação aponta as oportunidades e à cidadania. Saiu do debate
as armadilhas potenciais deste pe- intelectual, às vezes estéril,
riódico católico de longa data. Como
escrevi em “O Lutador: mais que um e começou incorporar as vozes
jornal”, em 2014, o jornal (que é ago- das comunidades excluídas
ra revista) sempre tomou um posi- a nível nacional e local.
cionamento moderado com respei-
to aos desafios sociais e políticos que gros” hipotéticos (21-27/02 de 1988, como “tão anticristã e tão detestá-
enfrentava. Algumas vezes abriu-se p.2). Diante da campanha dos movi- vel quanto a ideologização da ‘aria-
para novas tendências sociais. Em mentos negros para buscar reverter nidade’ ou da ‘branquitude’”. (26/08-
outras, seus colaboradores aponta- a noção de “embranquecimento” da 01/09, 1990,2.)
ram equivalências que distorciam - raça, defendendo “que se declare a
muitas vezes sem querer - princípios negritude sem pseudônimos” no Cen- É preciso dizer que essas postu-
católicos de justiça. so de 1990, o jornal apontou a atitu- ras não se justificam. E isso, não tan-
de do Movimento Negro, da época, to porque pretendiam tratar a todos
Limites de visão com o devido respeito, mas porque
Tomemos como exemplo o longo [ 8 • olutador [ novembro ] 2018
tratamento da questão racial neste
jornal. Embora a identificação racial
não seja exatamente binária (negros
e brancos), nota-se, claramente, uma
discriminação baseada em fissões so-
ciais em torno da cor da pele e tra-
ços característicos da raça. Desde os
anos 50 e 60, sociólogos, antropólo-
gos e historiadores já confirmaram
que o conceito social da raça contri-
buiu para as desigualdades sociais.
Contudo, no momento exato em que
grupos começaram chamar atenção
para as experiências comuns de ne-
gros e pardos no Brasil – reunindo
-os em uma única categoria políti-
ca, “negro” – na época, o editor de
“O Lutador”, resistiu.

A partir da Campanha da Frater-
nidade de 1988, quando a maioria da
Igreja estava procurando o perdão
pelo pecado da escravidão, o jornal
preocupou-se com os “racistas ne-

mediador e fórum,
a sua visão católica...

racial

compara a mobilização legítima de ticas). Estes autores também ajuda- Um grande exemplo de combi-
um grupo oprimido para se libertar ram a equilibrar a visão do jornal, na nar o zelo missionário com o desejo
com uma atitude discriminatória da época, e asseguraram a continuidade de preservar a sua própria cultura é
parte de um grupo opressor que fa- de matérias com este enfoque. Maria Felix dos Santos Ribeiro. Ela
zia aumentar as exclusões sociais. Na é uma missionária na comunidade,
Bíblia, Deus indica a necessidade de Havia matérias que comentavam – inspirada primeiramente pelo V
superar os esquemas de dominação. e informavam sobre os acontecimen- Congresso Missionário Latino-A-
Deus advertiu ao povo que, ao liber- tos da Campanha acima menciona- mericano, acontecido em julho de
tar um servo que trabalhava em Is- da e os debates mais gerais, como o 1995, em Belo Horizonte. Atualmen-
rael, “não o deixarás partir com as de ajudar os missionários a não ape- te organiza – com dez outros leigos
mãos vazias quando o despedires” nas conhecer e observar outras cul- – uma missa afro na Paróquia São
(Dt 15,13), mas doem “uma parte dos turas, mas aprender com elas e jun- Bernardo para todo dia 20 de no-
bens com, que o Senhor, teu Deus, to a elas caminhar. Em sua trajetó- vembro. Ela está colaborando com
te cumulou [ênfase minha] (15,14)”. ria, “O Lutador” não deixou de lado os Missionários Sacramentinos pa-
Quanto mais a indenização para uma seu papel de mediador e fórum, es- ra formatar as missas afro para ce-
escravidão injusta de quatro séculos? paço de discussão para o encontro lebrações mais frequentes. O nas-
de diversas ideias, mantendo a sua cimento da Pastoral do Negro nes-
Um espaço de debates visão católica. sa paróquia já fez uma série de co-
nexões governamentais. Uma das
Por equilibrado que fosse o então re- Colocar o Evangelho na prática mais fortes é com o Centro Cultural
dator deste jornal, por mais de duas Em sintonia com o caminhar da so- São Bernardo, situado algumas ruas
décadas, Pe. Paschoal Rangel não con- ciedade, “O Lutador” avançou. A par- abaixo da sede da paróquia.
seguiu alargar o seu modo de ver a tir do ano dois mil, (2000-2010) criou
questão. Mas, apesar de sua postura uma nova seção destinada à cidada- Por ocasião de seus 90 anos, “O
pessoal, é notório o fato de que sem- nia. Saiu do debate intelectual, às ve- Lutador” deveria continuar a abra-
pre se mostrou disponível para publi- zes estéril, e começou incorporar as çar a longa tradição de diálogo e de-
car argumentos inteligentes, mesmo vozes das comunidades excluídas a bate combinada com uma crescen-
aqueles com os quais divergia. Prova nível nacional e local. Convidou um te autorreflexão. Precisa atrair escri-
isso o caso de um embate com o Frei mineiro, Dom José Maria Pires, o pri- tores e comentaristas que saiam dos
David Raimundo dos Santos, em 1989. meiro negro assumido do Episcopa- livros e de suas armadilhas poten-
Por ocasião do I Encontro de Bispos do brasileiro e, portanto, um gigante ciais, para irem às ruas e encontrar
e Padres Negros, apesar de chamar na questão racial e na teologia como leigos que estão – ou possam estar -
algumas ideias do documento – en- um todo, para contribuir nas suas pá- colocando o Evangelho na prática.]
viado pelo David – de “ressentidas” ginas. Também começou a destacar
e prestes a gerar ideias “racistas”, ele organizações e comunidades locais * Doutorando
publicou o documento final daque- que lutavam para melhorar as peri- em História pela
le Congresso em sua íntegra (30/4- ferias e as injustiças sociais. Universidade Duke, EUA.
06/05, 1989, p. 7). E-mail: travis.knoll@duke.edu
olutador [ novembro ] 2018 • 9 ]
Autores como Pe. Antônio Gon-
çalves, Dom Antônio Afonso de Mi-
randa e Pe. José Estevam de Paiva es-
creveram sobre a dívida social que a
sociedade, como um todo, teve com
o negro e a necessidade de restitui-
ção (especialmente para com a mu-
lher negra e as trabalhadoras domés-

Igreja Hoje [ Uma vida nova em Cristo...

FÁBIO CRISTIANO RABELO*

Cristo e seu Reino:
festa de Cristo Rei

NAS últimas semanas do ano, “Meu Reino não é deste mundo” Deus pode ser alcançada pelas pró-
a Igreja celebra a realeza Este reino messiânico do Cristo em prias forças humanas, dispensando a
de Cristo a partir do mis- muito difere do exercício do poder ação divina no processo salvífico do
tério da encarnação. En- no nosso mundo. A opressão dos fra- estabelecimento do Reino de Cristo.
cerra-se o ano litúrgico com a cele- cos e o desrespeito pelos mais pobres
bração da solenidade de Cristo, Rei e desamparados são características Um reino de paz
do Universo e inicia-se o tempo do fortes de nossa civilização. E a Igreja, Para nós, cristãos, o anúncio do Rei-
Advento, no qual refletimos sobre por pertencer também a esta reali- no de Deus torna-se tarefa e esperan-
o advento do seu Reino que não te- dade, manifestando-se como o Rei- ça na promessa do Pai. Tarefa, por-
rá fim, conforme a anunciação do no de Deus em mistério, caiu mui- que devemos continuar a missão de
anjo a Maria, narrada no Evange- tas vezes na tentação de ser como o Jesus no mundo de hoje. Esperança
lho de Lucas. resto do mundo em vez de anunciar sempre viva, pois a justiça definiti-
uma vida nova em Cristo. va cabe a Deus. Ele estabelecerá a
Porém, quando falamos em “rei- justiça a partir da oferta de nossas
no”, não existe muita clareza do que Esta tentação esteve presente no vidas com todos os nossos esforços
se trata. O modelo de regime políti- seio eclesial desde suas origens, pro- de anúncio e construção do Reino de
co da monarquia dos tempos de Je- pagando a ilusão de que o Reino de Deus. Este dia maravilhoso para os
sus não é mais vivenciado. Este fato Deus já se realizava neste mundo. E pequenos que acolhem a Palavra de
torna difícil a compreensão da men- muitos caíram nesta armadilha ao Deus e terrível para os que oprimem
sagem do Reino de Deus. reproduzirem no interior da Igreja as os semelhantes será a hora em que
estruturas injustas do mundo do pe- o poder de Deus se manifestará em
Para o povo judeu, naqueles tem- cado, levando a Igreja a ser, em algu- sua plenitude.
pos, o rei era uma pessoa ungida por mas situações, desacreditada.
Deus para cuidar do povo como um O verdadeiro poder
pastor cuida das ovelhas. Deveria pro- O agravamento das situações in- que vem de Deus
teger os fracos e garantir os direitos justas, muitas vezes perpetradas pe- é aquele que abre mão
dos desamparados. Este é o papel que los próprios cristãos, levou inume- de toda dominação
Jesus se propõe a cumprir como Cris- ráveis pensadores a considerar que em nome do amor.
to, o rei ungido por Deus. uma situação semelhante ao Reino de
É a capacidade de dar a vida por amor.
[ 10 • olutador [ novembro ] 2018 O Reino de Deus é um reino de paz,
pois nele todos se importam com o
bem comum e buscam a realização
da justiça para todos. E havendo jus-
tiça, a paz se instala. Deste Reino, que
é verdadeira democracia, todos são
chamados a participar.

A opção é nossa. Cristãos, seja-
mos o povo régio de Deus e a assem-
bleia santa que ajuda a conduzir a
humanidade a um mundo de verda-
deira paz e amor pelo poder do Es-
pírito Santo.]

* Mestre em teologia - FAJE BH

Igreja Hoje [ Um problema metodológico...

NA edição de 25 de setem- Amoris Laetitia:
bro de 2017, o jornal ita-
liano “Avvenire” publicou heresia ou manipulação?
uma entrevista concedida
a Luciano Moia, onde o teólogo Giu- O jornal “Avvenire” entrevistou o teólogo Mons. Giuseppe Lorizio
seppe Lorizio contesta as acusações a respeito das acusações de heresia contra o Papa Francisco.
de heresia contra o Papa Francisco.
Na ocasião, a mídia dava destaque a Giuseppe Lorizio não mede as pala- ça que, ao contrário, é um fato dinâ-
um documento assinado por 62 es- vras ao ver no documento de acusa- mico, que devemos sempre invocar
tudiosos, que pretendem identificar ção um “problema de honestidade e que não provém de nossos méri-
nada menos que sete heresias no tex- intelectual e de incompetência teo- tos, mas do dom de Deus.”
to da Exortação apostólica “Amoris lógica”. De um lado, o citar entre as-
Laetitia” [19/03/2016]. pas frases que Francisco jamais disse Eminentemente pastoral, a “Amoris
nem escreveu; de outro, uma livre e Laetitia” oferece uma visão do amor
Os tópicos “denunciados” dizem discutível interpretação da mensa- como fundamento do matrimônio
respeito ao matrimônio, à vida mo- gem do Papa e da “Amoris Laetitia” – que vai além de um instrumento nor-
ral e a recepção dos sacramentos. Se- afirma Lorizio. Um problema meto- mativo. Enfim, estamos diante de um
gundo os acusadores, Francisco se dológico que dá pouca credibilidade confronto entre um grupo de teólo-
afasta da Tradição e do Magistério. a todo o resto da denúncia. gos e o Magistério da Igreja. “A Exor-
Lorizio, porém, observa que a “Amo- tação pós-sinodal tem a qualidade de
ris Laetitia” acolhe 87% do texto das Lorizio ainda comenta que o do- magistério ordinário e, por isso mes-
duas Relatio Synodi e não é fruto de cumento demonstra, a respeito da mo, deve ser acolhida como tal; não
uma invenção pessoal do Papa, mas justificação, uma visão automática é a posição de uma escola teológica.
resulta de um itinerário sinodal que e estática da graça divina, que mere- É a expressão de uma caminhada da
envolveu mais de 300 bispos, cardeais ceria o título de pré-conciliar. “Gra- Igreja.” (ACS)]
e teólogos.
olutador [ novembro ] 2018 • 11 ]
E mais: antes da redação final da
Exortação, fora realizadas duas con-
sultas em âmbito mundial, quando
as dioceses dos cinco continentes ti-
veram a oportunidade de expressar
seus pareceres, expectativas e espe-
ranças. Para Lorizio, as sete “propo-
sições heréticas” não representam
de modo algum aquilo que o Papa
escreveu na Exortaçã pós-sinodal,
mesmo que o documento as apre-
sente entre aspas.

Afirma o teólogo: “Parecem ci-
tações, mas não o são. Trata-se, an-
tes, de uma claudicante síntese nor-
mativa que representa exatamente
o oposto daquilo que Francisco – e
com ele dois Sínodos mundiais dos
bispos – diz querer evitar, isto é, a lista
de permissões e de proibições”. Para
ele, o documento acusador é “uma
espécie de explicitação legalista das
considerações pastorais” expressas
na Exortação pós-sinodal.

Docente de TeologiaFundamental
na Universidade Lateranense, mem-
bro da Comissão nacional para estu-
dos de Teologia e Ciências Religio-
sas na Comunidade Europeia, Mons.

Religião [ Chegar à luz...

WAGNER DIAS FERREIRA* so que vivia em meio às Muitas pessoas seguem vivendo
sepulturas, e que mesmo suas vidas indo a missas e cultos re-
NESTES TEMPOS contem- que tentassem lhe impin- ligiosos e, na maior parte das vezes,
porâneos do Game of Thro- gir correntes, ele as que- escolhendo as atitudes de Jesus que
nes, em que se multiplicam brava e fugia. irão imitar. Assim, ninguém quer esta
os filmes de zumbi, parece do Jesus garimpeiro que vai fundo ao
razoável lembrar uma boa história No diálogo com o Mes- coração humano e descobre a luz di-
das Escrituras. Todo cristão que se tre, este homem reconhe- vina, desvenda seus entraves e permi-
preze já ouviu que, ao chegar à ou- ce que Jesus era o Filho de te que ela se manifeste na superfície
tra margem do mar da Galileia, Je- Deus, o que muita gente para brilhar. Essa é difícil. Ela levaria o
sus encontrou um homem posses- que estava o tempo todo cristão a lugares como as ruas cheias
com o Cristo ainda não ti- de pessoas usuárias de crack, bebe-
nha reconhecido. E atento dores problema, preguiçosos contu-
ao ser humano espiritual mazes, criminosos, ou ainda a luga-
importantíssimo que es- res onde há pessoas com orientações
tava por trás de toda aque- sexuais diversas e prostitutas e toda
la manifestação de loucu- sorte de boas pessoas para as quais
ra, Jesus expulsa a legião olhamos e vemos apenas demônios.
de demônios, mostrando
que tudo aquilo não tinha Nós que olhamos é que preci-
valor, lança-os em porcos samos, como Jesus, garimpar e en-
imundos e os porcos em xergar o que há de humano e espiri-
um abismo. O homem que tualmente luminoso nestas pessoas.
resta após a expulsão da-
quelas manifestações re- Trabalhar com Direitos Humanos,
prováveis é exaltado por combater a reforma trabalhista, reco-
Jesus como Seu mensa- nhecer o golpe, constitucional, mas
geiro importantíssimo. um golpe, defender pessoas presas,
querendo sua libertação para mais
Esta passagem das Es- uma chance na vida. Lutar, combater
crituras, que está no livro o bom combate, incansavelmente, até
de Marcos, capítulo 5, mos- chegar à luz daquele ser humano lá
tra claramente que para no fundo de suas entranhas é a ver-
alcançar a natureza hu- dadeira imitação do Cristo. Aquele
mana é preciso ir além das Cristo que viu a luz espiritual em um
superficialidades. louco que habitava as sepulturas.]

A primeira impressão *Advogado e Membro da Comissão
não pode ser a que fica. Não de Direitos Humanos da OAB/MG
pode haver nada que seja Rua Bahia, Nº 1148, sala 1010,
duradouro em um primeiro Bairro de Lourdes - Belo Horizonte, MG.
olhar. A primeira impres- Fone 31 92180090 / 31 3657 0090
são e o primeiro olhar de- Blog: http://www.wagnerdiasferreiraadvogado.
vem, inexoravelmente, ir blogspot.com.br/ 
para o abismo.
E tudo
Garimpar é uma pala- que se encontra
vra que deve estar sempre
presente no vocabulário na superfície
das relações humanas. Todo encontro deste ser humano
entre dois entes humanos deve estar
guiado pelo desejo de garimpar a luz que se garimpa
espiritual que dá sentido real e vivo à e que não tem
existência daquela outra pessoa. E tu- nenhum valor
do que se encontra na superfície deste deve ser
ser humano que se garimpa e que não
tem nenhum valor deve ser imediata- imediatamente
mente lançado aos porcos e ao abismo. lançado aos
porcos e ao
[ 12 • olutador [ novembro ] 2018 abismo

Religião [ A igualdade humana...

A juventude e o pluralismo religioso

O Sínodo dos Jovens põe em realce
a capacidade de convivência entre jovens
de diferentes tradições religiosas.

OS JOVENS que cresceram Para Bignardi, as novas gerações quanto à tolerância e sempre vi nos
no convívio com membros são bem mais livres que a gerações meus companheiros de turma pes-
de outras denominações re- de seus pais defronte do fato religio- soas como eu, e jamais disse: ‘Odeio
ligiosas, graças à boa vizinhança ou à so, que assume para cada jovem uma aquele que é de outra religião’. Eram
participação em escolas que reuniam dimensão com a qual pode confron- crianças como eu, que brincavam co-
diferentes credos, são mais abertos a tar-se de modo mais espontâneo, já migo e simplesmente cresceram em
um relacionamento pacífico e natu- que se manifesta em um contexto de uma família onde se praticava uma
ral. O fenômeno crescente das migra- amizade de partilha de vida. Natu- religião diferente❞.
ções contribui igualmente para isso. ralmente, tais encontros ampliam os
horizontes e levam a refletir. Algumas pessoas, porém, mos-
Matéria do jornal italiano “Avvenire” tram-se um tanto céticas diante da
[12/09/2018], assinada por Paola Uma jovem situação e se preocupam com a for-
Bignardi, observa que a escola, os italiana testemunha: mação de uma espécie de sincretis-
campos de futebol e o tempo do recreio mo confuso, onde todas as religiões
oferecem contínuas ocasiões para a ❝Eu fui uma pessoa pareceriam a mesma coisa, ainda
convivência entre jovens que professam muito afortunada que cada crente considere a sua re-
religiões diferentes do cristianismo, porque, em minha ligião como “ortodoxa, certa, com
estendendo pontes para a diversidade sala de aula, seus próprios textos sagrados”. Co-
cultural e religiosa. desde o primário, mo aquele jovem que dizia ter cria-
sempre tive do um “mix”, um coquetel religioso
No encontro com o “diferente”, é a sorte de ter pessoal com o qual conseguia viver
impossível não ter curiosidade, in- ao lado pessoas “sua” fé. Deste modo – dizia ele – es-
teresse, desconfiança ou admiração. tou em paz comigo mesmo e con-
No fundo, são as amizades que esten- de outras religiões. servei das diferentes religiões aqui-
dem pontes entre os jovens, sobretudo lo que me interessava.
na escola, onde os intercâmbios não Assim, desde pequena, desde meus
têm como elemento central a identi- cinco anos, eu me aproximei delas e Na visão de Paola Bignardi, “a
dade religiosa, mas a relação, o cole- comecei a conhecer religiões diferen- atual situação de pluralismo con-
guismo, a experiência dos estudos. tes da minha. Isto me ajudou muito tribui para despertar de novo em
muitos jovens a questão religiosa:
a complexidade dos questionamen-
tos, as inquietudes, as expectativas
que eles conservam dentro de si mes-
mos, talvez sem ter pena consciência
disso. Mesmo aqueles que se decla-
ram cristãos e praticantes, que têm
familiaridade com as respostas do
cristianismo às grandes perguntas
humanas, quando são levados a re-
fletir sobre a experiência religiosa
em termos universais manifestam
duvidas e inquietações”.

O tema oferece muitas provoca-
ções para a sociedade, mas é óbvio
que, em tempos de tantos conflitos,
as religiões têm a obrigação indecli-
nável de semear a paz. (ACS)]

olutador [ novembro ] 2018 • 13 ]

Bíblia [ Se alguém tem ouvidos...

“E sem ODENILSON MARIANO DA SILVA
parábolas PAPA FRANCISCO
nadfaallhaveas.”
recomendou uma es-
(Mt 13,34) pecial atenção com
a prática da homilia
[ 14 • olutador [ novembro ] 2018 nas missas, e nos-
sa catequese pre-
cisa encontrar sempre um meio de
falar ao coração das pessoas. Sem
dúvida, é valioso retomar a práti-
ca de Jesus bem expressa nos Evan-
gelhos, sobretudo no Evangelho de
Mateus, que dedica todo um capí-
tulo às parábolas. Para isso vale a
penar ler a Carta do Papa sobre a
“Alegria do Evangelho” (Evangelii
Gaudium, 135-159).

Um veículo privilegiado te para a aplicação da linguagem pa- deixar conduzir. Acrescente-se ain-
de comunicação rabólica na pastoral, pois o que atin- da a dificuldades de muitos ouvin-
ge o coração tem mais força para en- tes quando a linguagem lhes é pouco
Para falar dos mistérios mais profun- raizar e produzir mais frutos. O que acessível, cheia de termos cujo signi-
dos do Reino, Jesus preferiu falar por atinge só o intelecto, a cabeça, cor- ficado lhes escapa, dificultando até
meio de parábolas. No lugar de ex- re o risco de ser roubado ou abafa- o simples entendimento do que es-
plicações, Jesus contava parábolas, do por outras coisas. Uma vez tocado tá sendo dito.
e sua forma indireta de falar conver- em seu interior, a parábola acompa-
tia-se numa forma bem mais direta nhará o ouvinte com sua provocação Se as palavras e atitudes de Jesus
de interpelar, de provocar seus ou- que lhe é própria. E havendo abertu- são normativas para a Igreja, sua for-
vintes e interlocutores. A linguagem ra, acontecerá a compreensão do seu ma parabólica de tratar o conteúdo
parabólica é um veículo privilegiado sentido. E ainda lhe permitirá novas de seu anúncio também deveria ser
de comunicação. Ela consegue che- aplicações desta parábola segundo normativa para a prática das homi-
gar aonde, muitas vezes, o discurso novas situações que lhe aparecerem lias, para a catequese, para os cur-
direto não chega. Jesus percebeu is- (na catequese, na homilética etc.). A sos de formação hoje. Esse jeito de
to, percebeu o poder de atração e de partir daí, poderá também tirar no- Jesus não poderia passar desperce-
provocação das parábolas e as ele- vas conclusões de acordo com a rea- bido como notadamente se vê. As-
geu como sua forma privilegiada de lidade ou a situação vivida. sim, o recriar esta prática parabólica
falar ao povo (cf. Mt 13,34). de Jesus, que é diferente e superior
A parábola tem o poder de tirar ao simples imitar, aparece como um
A palavra parábola nos vem do as pessoas da passividade sem lhes imperativo aos atuais “semeadores
grego e é entendida como “compara- negar a liberdade. da palavra”. A linguagem parabóli-
ção”. Mas trata-se antes de uma his- ca aparece não como um mero re-
tória baseada na experiência de vida Este método de falar através curso didático-ilustrativo, opcional,
dos ouvintes, e que aparentemente de parábolas revela que Jesus mas como uma necessidade a toda
nada tem a ver com os interlocuto- não se preocupa em dar uma a prática querigmática da Igreja. Is-
res. Em geral, a parábola possui um resposta pronta, mas quer to não significa excluir o discurso di-
desfecho de tal forma inusitado, que deixar a provocação que leva reto, mas significa não o absolutizar,
surpreende os envolvidos no diálogo a uma nova descoberta e a nem o tomar como sendo mais uni-
e também na leitura, exigindo deles uma nova atitude de vida. versal que a linguagem parabólica,
uma tomada de decisão. Deste modo, há o despertar pois o enraizamento na vida, que é
para um olhar mais profundo próprio das parábolas, atinge mais
Jesus anuncia os mistérios do Rei- sobre todas as coisas. diretamente a vida das pessoas e, as-
no através de parábolas, usando de sim, fecundará melhor a prática pas-
comparações tiradas da vida e da na- Leva também ao desenvolvimento toral. Só nos resta concluir como o
tureza. Na parábola, seus elementos já do senso crítico, pois ajuda a pessoa próprio Jesus: “Se alguém tem ouvi-
não significam a si mesmos, querem a olhar para além das aparências. Faz dos, ouça”. (Mt 13,9.)]
expressar outra “coisa”, outro sentido acordar a consciência adormecida e
que ultrapassa o que é narrado. Tu- desperta para uma mudança de vida. Para refletir
do se torna indicação de outra reali- O que podemos fazer
dade. Assim, na Parábola do Semea- A linguagem parabólica oferece para desenvolver o método
dor (cf. Mt 3,3-9), a sorte da semente um “horizonte de compreensão” mais de falar com parábolas?
nos diferentes terrenos faz referên- familiar. Elas refletem diretamente a
cia a outro campo de sentido que ul- vida prática, as coisas do dia a dia. As- Para exercitar
trapassa o que está dito nas palavras sim, a linguagem simbólica penetra Leia o capítulo 13
da parábola. As parábolas são uma melhor no interior das pessoas, e ali do Evangelho
metalinguagem. Ou seja, é uma lin- fica gravada, o que não ocorre com a de Mateus
guagem que fala de uma realidade mesma facilidade diante de um dis- e procure tirar suas
para poder dizer outra coisa, ainda curso direto. A explicação mais racio- próprias conclusões
mais profunda. nal, mesmo bem elaborada, acaba das parábolas,
atingindo mais a inteligência que o aproximando-as
O poder das parábolas coração. Mexe com a cabeça, mas não de realidades
atinge o centro de decisão da pessoa. concretas
A linguagem parabólica tem o poder Diante do discurso direto, é mais co- de sua vida.
de criar autonomia através de novas mum a pessoa encontrar argumentos
aplicações, como se vê na explica- para rebater a argumentação sem se
ção da Parábola do Semeador (cf. Mt
13,36-50). Está aí um dado importan- olutador [ novembro ] 2018 • 15 ]

Família [ Amor e perdão...

Romper DIFUNDIU-SE amplamen-
a corrente te – em revistas, livros e
sites – um contundente
do ódio relato atribuído a uma jo-
vem religiosa cognomi-
com a liberdade nada Irmã Lucy Vertrusc, grávida, de-
do amor e a força pois de barbaramente violentada por
soldados sérvios. Naquele pavoroso
do perdão contexto da guerra da Bósnia [1992-
1995], semelhante infortúnio era im-
PE. VINÍCIUS AUGUSTO TEIXEIRA, C.M. posto a muitas mulheres. A carta de
Lucy, endereçada à Superiora Geral
de sua Congregação, tinha como fina-
lidade manifestar seus sentimentos
e resoluções frente ao fatídico acon-
tecimento e à sua imprevista condi-
ção de mãe.
O conteúdo é, a um só tempo,
impactante e comovente. Mas não
passa de uma primorosa compo-
sição literária. A autoria é de um
presbítero italiano, Padre Alfredo
Contran [+2007], que se notabili-
zou por seu talento jornalístico. O
texto em questão foi redigido em
1993, com o intuito de denunciar
as atrocidades da guerra, ressaltar
o valor da dignidade humana e es-
timular a prática do perdão. Por sua
originalidade, a “carta imaginária”
foi traduzida em várias línguas e es-
palhou-se rapidamente pelo mun-
do. Aos leitores, resultava quase im-
possível colocar em dúvida o rea-
lismo e a veracidade daquele tes-
temunho. Pouco depois, o autor se
sentiu no dever de afirmar publi-
camente, em entrevista ao presti-
gioso Corriere della Sera [3|04|94],
tratar-se de uma bem intenciona-
da ficção. Tarde demais! O texto já
não lhe pertencia. Aqui no Brasil,
por exemplo, Dom Luciano Men-
des de Almeida, de saudosa memó-
ria [+2006], em sua coluna semanal
na Folha de São Paulo (2|3|96), dis-
correu com emoção sobre a carta
de Lucy Vertrusc, dando por certa
sua autenticidade histórica:
“Fiquei impressionado com a car-
ta que Lucy Vertrusc, religiosa vio-
lentada por milicianos sérvios, es-
creveu à superiora de sua Congrega-
ção. Dificilmente, poderia imaginar

[ 16 • olutador [ novembro ] 2018

a brutalidade a que foram submeti- morrer mártir. Só não sabia que se- minha história é a sua, e minha resig-
das muitas jovens na Bósnia, vítimas ria desta maneira. Encontro-me ago- nação, sustentada pela fé, poderá ser-
indefesas de uma das agressões mais ra em uma angustiante obscuridade vir, senão de exemplo, ao menos de
tristes de nosso século [...]. No meio interior. Destruíram meu projeto de confronto para suas reações morais.
de tantos padecimentos, encontra- vida, que eu considerava definitivo,
mos não só cenas de covardia que e traçaram, inesperadamente, outro Tudo passou, Madre, mas agora
atestam a força do mal, mas gestos que ainda não consegui descobrir. tudo começa. Em seu telefonema, de-
de generosidade e fé que nos como- pois de dizer-me palavras de conso-
vem até as lágrimas. A carta da reli- Escrevo-lhe, Madre, não para lo, às quais lhe agradecerei por toda a
giosa Lucy Vertrusc revela a profun- receber seu conforto, mas para que vida, a senhora me fez uma pergunta:
didade do drama que viveu e, mais me ajude a dar graças a Deus por ter- ‘O que você fará da vida que lhe foi
ainda, de seu amor de mulher, capaz me associado a milhares de minhas imposta no ventre?’. Senti que sua voz
de aceitar a maternidade com cora- compatriotas ofendidas, bem como tremia ao fazer-me esta pergunta, à
gem e abandono em Deus”. a aceitar a maternidade não deseja- qual eu não podia responder de ime-
da. Minha humilhação se soma a de diato, não porque não tivesse refletido
A contundência do relato, a fluên- tantas outras, e só posso oferecê-la sobre a escolha que devia fazer, mas
cia do estilo e a riqueza de detalhes pela expiação dos pecados cometi- porque não podia perturbar minha
fizeram daquela peça literária uma dos pelos estupradores anônimos e decisão com outros eventuais projetos.
importante e eloquente referência na pela paz entre as duas etnias opostas,
defesa da vida desde a concepção, na aceitando a desonra sofrida e entre- Já tomei minha decisão: se sou
luta contra a ideologia e a prática do gando-a à piedade de Deus. mãe, o menino será meu e de nin-
aborto e na afirmação da grandeza guém mais. Poderia confiá-lo a outras
moral do perdão. De fato, na carta, Não se assombre se lhe peço par- pessoas, mas ele tem direito a meu
o perdão aparece, particularmente tilhar comigo uma graça que pode- amor de mãe, ainda que não tenha si-
no último parágrafo, como “a úni- ria parecer absurda. Chorei nestes do desejado ou querido. Não se pode
ca grandeza que honra o ser huma- meses todas as minhas lágrimas por arrancar uma planta de suas raízes.
no”, um recurso indispensável pa- meus dois irmãos, assassinados pelos
ra quebrar “a corrente do ódio” com mesmos agressores que estão aterro- O grão
a liberdade do amor, revertendo as rizando nossas cidades. Pensei que já que caiu na terra
consequências do mal perpetrado. não poderia sofrer muito mais: nun- tem necessidade
Por fim, deixemos que o texto fale ca acreditei que a dor poderia alcan-
por si mesmo. çar tais dimensões. de crescer ali.

“SOU LUCYVERTRUSC, À porta de nosso convento, cha- Realizarei minha vida religiosa, mas
uma das religiosas vio- mam cada dia centenas de criaturas de outro modo. Não peço nada à Con-
lentadas pelas milícias famintas, com o desespero em seus gregação, que já me deu tudo. Sou
sérvias. Escrevo-lhe so- olhos. Na semana passada, uma jo- grata pela comunhão de minhas Ir-
bre o que me aconteceu, a mim e às vem de dezoito anos me disse: ‘Feliz mãs e por suas atenções, sobretudo
Irmãs Tatiana e Sendria. Permita-me é você que escolheu um lugar onde por não me terem incomodado com
que não lhe dê detalhes. Foi uma ex- a milícia não pode entrar’. E acres- perguntas indiscretas.
periência atroz, que não se pode co- centou: ‘Você não sabe o que é a de-
municar senão a Deus, a cuja von- sonra’. Pensei calmamente e vi que se Irei embora com meu filho. Ain-
tade me entreguei quando a ele me tratava mesmo da dor de meu povo. da não sei para onde. Mas Deus, que
consagrei pelos três votos. E quase senti vergonha por não es- conhece meu coração, indicará o ca-
tar inserida em sua realidade. Ago- minho que deverei seguir para cum-
Meu drama não é só a humilhação ra, sou uma delas – uma de tantas prir sua vontade. Serei pobre, reto-
que sofri como mulher, nem a ofensa mulheres anônimas de minha terra marei o velho avental e porei os ta-
irreparável à minha opção existencial – com o corpo destroçado e a alma mancos que usam as mulheres nos
e vocacional, mas também a dificulda- invadida. O Senhor me admitiu ao dias de trabalho. Irei com minha mãe
de de inserir este acontecimento na fé mistério da vergonha. E mais: a esta colher resina dos pinheiros de nos-
que deposito em Deus, a quem conti- sua irmã, concedeu-lhe o privilégio sos grandes bosques.
nuo considerando meu único Esposo. de compreender até o mais fundo a
força diabólica do mal. Farei tudo o que puder para rom-
Poucos dias antes do ocorrido, eu per a cadeia do ódio que destrói nos-
tinha lido os “Diálogos das Carmeli- Sei que, de hoje em diante, as pa- sos países. Ao filho que espero, ensi-
tas”, de Bernanos, e me veio esponta- lavras de força e consolo que tirarei narei somente a amar. Ao meu lado,
neamente pedir ao Senhor a graça de de meu pobre coração serão de ver- meu filho, nascido da violência, será
dade acreditadas pelo povo, porque testemunha de que a única grandeza
que honra a pessoa é a do perdão”.]
olutador [ novembro ] 2018 • 17 ]

Catequese [ O leigo na vida da Igreja é um tema que foi retomado com

no Ainvíciidoaddoocsrilsetiiagnoissmo

APESAR de costumeira- FELIPE KOLLER* 1Laikós
mente não receber uma A palavra “leigo” – de origem gre-
descrição melhor do que Era nas conversas ga “laikós”, vem da palavra “laós”,
“o leigo é aquele que não do dia-a-dia, que significa “povo” – ela não apare-
é padre nem religioso”, é nas cidades ce no Novo Testamento. Seu primei-
da vida leiga que a Igreja é principal- e nos campos, ro registro em contexto cristão está
mente composta. O ministério orde- que o nome na carta de Clemente aos Coríntios,
nado, como sabemos, não é um fim de Jesus era no final do século I.
em si mesmo. Bispos, padres e diá- anunciado
conos estão a serviço do crescimen- 2Eles anunciam,
to na fé, na esperança e no amor da- lizadora da Igreja, assumindo servi- ensinam e participam
quela multidão de homens e mulhe- ços pastorais. Mas é claro que leigos e leigas
res que fecundam com o Espírito de estão presentes na Igreja nascente:
Deus a vida do mundo. Desde o Concílio, leigos têm len- eles participam da eleição de Matias
tamente assumido postos na Cúria para a vaga que surgiu entre os do-
O protagonismo do leigo na vida Romana e nas dioceses. São mais nu- ze apóstolos com a morte de Judas
da Igreja é um tema que foi retomado merosas – mas ainda tímidas – as bea- (cf. At 1,23), bem como da escolha
com mais força em tempos recentes tificações e canonizações de leigos. dos sete primeiros diáconos (cf. At
pelo Concílio Vaticano II, sobretudo Os leigos passaram a poder estudar 6,1-6). Anunciam o Evangelho, até
nas constituições Lumen Gentium e teologia e lecionar nessa área. Mas aproveitando as dispersões que as
Gaudium et Spes e no decreto Apos- como vivia o laicato nos primórdios perseguições ocasionam (cf. At 8,4;
tolicam Actuositatem. Por “vida da da Igreja?Confira aqui sete fatos so- 11,19), e assumem ministérios co-
Igreja”, entenda-se tanto a sua par- bre como era a vida dos leigos nos mo o de didáscalos (mestre, doutor),
ticipação na sociedade realizada a primeiros séculos do cristianismo. como o casal Áquila e Priscila, que
partir do Evangelho e, assim, como dá uma formação mais aprofundada
presença de Cristo no mundo, quan- [ 18 • olutador [ novembro ] 2018 da fé a Apolo (cf. At 18,26). Didaska-
to a sua colaboração, ao lado de clé-
rigos e religiosos, na missão evange-

mais força em tempos recentes... Livros
indicados
lia é, na verdade, o “dom de ensinar” cristã, se converteram do paganis-
(cf. Rm 12,7) mo para o cristianismo. Convertidos, DE: HENRIQUE CRISTIANO JOSÉ MATOS
puseram suas inteligências a serviço
3“Já enchemos tudo” da defesa e da promoção da fé cristã. 3 Volumes
– participação RICAMENTE ILUSTRADOS
da vida social 6Pregadores
Estava claríssimo que a missão evan- do Evangelho Pedidos
gelizadora da Igreja era responsabili- Até o século III, não era raro ver
dade tanto dos ministros ordenados leigos pregando em público nas as- 0800-940-2377
quanto dos leigos. Era nas conversas sembleias, de forma oficial. “Onde olutador.org.br
do dia-a-dia, nas cidades e nos cam- se encontram homens em condição
pos, que o nome de Jesus era anun- de ajudar os irmãos, eles são con-
ciado. Tertuliano, no final do século vidados pelos santos bispos a pre-
II, louvava diante dos pagãos os fru- gar para o povo”, escrevem Teoctisto
tos do testemunho cristão no meio de Cesareia e Alexandre de Jerusa-
do mundo:“Nós somos de ontem e já lém, bispos, em uma carta defen-
enchemos tudo que é vosso: cidades, dendo o ministério de Orígenes co-
ilhas, fortalezas, prefeituras, aldeias, mo pregador, na qual citam outros
os próprios campos, tribos, decúrias, diversos casos. A epístola é repro-
palácio, senado, fórum; deixamos- duzida por Eusébio em sua Histó-
vos apenas os templos…” ria Eclesiástica.

4Introdução 7Participação
do termo “Trindade” na eleição dos bispos
no vocabulário teológico É só no decorrer dos séculos III
O teólogo africano Tertuliano [+220], e IV que começam a aparecer escri-
aliás, era um dos grandes escritores tos que criam certa distância entre
da Igreja dos primeiros séculos – foi ministros ordenados e leigos, como
ele quem registrou pela primeira vez a Didascália e as Constituições Apos-
o termo “Trindade” e quem fez a mais tólicas. Há uma função da qual os lei-
antiga exposição formal sobre a teo- gos participam que, porém, é man-
logia trinitária. E era um leigo. tida religiosamente ainda por muito
tempo: a eleição dos bispos. A pra-
5Apologetas xe é considerar a participação de to-
– defensores da fé do o povo cristão na escolha do seu
O filósofo e mártir Justino [+165] bispo como uma regra indispensá-
também era leigo, bem como Minú- vel. Tanto é assim que Santo Agos-
cio Félix, Lactâncio e outros escrito- tinho – uma exceção, pois foi apon-
res cristãos. Outro personagem fun- tado como bispo pelo seu anteces-
damental da Igreja dos primeiros sé- sor, Valério –, bem como o primaz da
culos, Orígenes [+ 254], já era um teó- Numídia, Megalio de Calama, que
logo renomado e estava na ativa há presidiu sua ordenação, se descul-
mais de vinte anos quando foi orde- param posteriormente pela eleição
nado presbítero. episcopal realizada sem a participa-
A palavra “apologética” vem do grego ção do povo.]
“apologia”, que significa dar uma de-
fesa. Ou seja, apologética significa a * Teólogo, com mestrado
defesa da fé, no caso, defesa da fé cris- pela Pontifícia Universidade Católica
tã. Os Apologistas eram homens cul- do Paraná. É catequista há 12 anos
tos que, impressionados pelo Evan- e prega em retiros de jovens.
gelho ou pelo testemunho da vida Pela Editora Apostolado
da Divina Misericórdia,
lançou uma série de livros infantis.
Fonte: Blog Youcat

olutador [ novembro ] 2018 • 19 ]

Juventude [ É grande a insistência do Papa Francisco com o tema da

FRT. DIONE AFONSO, SDN*

Novos
caminhos
para a Igreja
na Amazônia
Jovens assumem
compromisso com os bispos
REUNIDOS na sede do Re-
gional Norte I, em Manaus A Pastoral da Juventude está pre- sonhamos que, na construção des-
-AM, os bispos de toda a sente na Amazônia, às margens do ses novos caminhos para a Igreja, o
Amazônia ouviram, com Rio Negro, que após unir-se ao Rio rosto eclesial na Amazônia seja tam-
Solimões, passa a chamar-se Rio bém um rosto jovem.

muita estima, as juventudes Amazonas [rio/mar], que por sua A Pastoral
da Juventude
de toda a região norte. Eles se mani- imensidão interliga todos os cantos e seus caminhos
Em janeiro de 2015, a PJ de todo o
festaram através de uma carta envia- da nossa imensa Amazônia, assim Brasil teve o 11° Encontro Nacional
da Pastoral da Juventude - ENPJ, re-
da pelos coordenadores nacionais da como queremos estar interligados a fletindo que “no encontro das águas
partilhamos a vida, o pão e a utopia”,
Pastoral da Juventude de todo o “Nor- vocês, bispos, no coração de nossa sob a iluminação bíblica: “Mestre on-
de moras? Vinde e vede!” (Jo 1,38-39.)
tão” – Norte I: AM e RR; Norte II: PA e imensa Amazônia.

AP e Noroeste: AC, RO e o sul do AM. “Tudo está interligado.” (LS, 16).

O que se destaca na carta é a reafir- É grande a insistência do Papa Fran-

mação do compromisso com a vida cisco com o tema da ecologia e com

da região e dos povos que nela resi- a Igreja na Amazônia. As juventudes

dem, além da disposição na efetivação querem fazer parte deste trabalho, e

e vivência do Sínodo da Amazônia.

O Sínodo da Amazônia

O Sínodo representa um momento de
extrema importância para a ação de
toda a juventude amazonense, uma
vez que tem um olhar especial para a
defesa da vida dos povos originários
e tradicionais, além de contribuir pa-
ra inspirar um trabalho em conjunto.
“Ser Igreja significa ser Povo de Deus”
(EG, 114), encarnado “nos povos da
terra” (EG, 115) e em suas culturas. Diz
o Papa Francisco: “Nós, que não ha-
bitamos nestas terras, precisamos da
vossa sabedoria e dos vossos conhe-
cimentos para podermos penetrar,
sem o destruir, o tesouro que encerra
esta região, ouvindo ressoar as pala-
vras do Senhor a Moisés: ‘Tira as tuas
sandálias dos pés, porque o lugar em
que estás é uma terra santa’ (Ex 3,5)”.

[ 20 • olutador [ novembro ] 2018

ecologia e com a Igreja na Amazônia...

Neste encontro fomos agraciados com abraça, acolhe e se faz REDE ECLE- Livro
uma mensagem do Papa Francisco, SIAL PAN-AMAZÔNICA, para jun- indicado
que em um trecho nos diz: “Joguem a tos somarmos no clamor dos po-
vida por grandes ideais. Apostem em vos da Amazônia e, em especial, da DE: HENRIQUE CRISTIANO JOSÉ MATOS
grandes ideais, em coisas grandes; não juventude amazônida que sofre e
fomos escolhidos pelo Senhor para é exterminada pelos grandes pro- Volume único que reúne os doze tex-
coisinhas pequenas, mas para coisas jetos. A PJ do Brasil e, em especial, tos introdutórios da trilogia Cami-
grandes!” “Chiquinho”, como cari- dos regionais Noroeste, Norte I e nhando pela História da Igreja (Ed.
nhosamente o chamamos, falou ain- Norte II, que compõem a Amazô- O Lutador, 1995-1996). Destina-se a
da que somos profetas da esperança. nia, estão se colocando a serviço da leigos e leigas que desejam conhe-
escuta dos povos e das Juventudes cer mais de perto a bimilenar traje-
Com essas provocações, retor- da Amazônia. tória do Povo de Deus, Comunida-
namos às nossas bases ainda mais de de Fé à qual pertencem de pleno
convictos de que deveríamos nos Muitos passos já formam da- direito em virtude de seu batismo.
empenhar na evangelização da ju- dos para avançarmos, um deles foi O livro prima pela didática no que
ventude e na defesa da vida e de nos- o Ofício Divino da Amazônia, que diz respeito à linguagem, ao uso da
sas identidades como povo/caboclo floresceu do Regional Norte I, para imagem e dos mapas. Uma atuali-
amazônida. ajudar no canto, na reza, e em uma zada bibliografia facilita consulta
espiritualidade que esteja em sin- mais ampla e profunda dos diversos
O Sínodo tonia com a fauna, a flora e os rios temas da História do Cristianismo.
representa da Amazônia. Outro passo foi o pac-
um momento to do Estreito de Óbidos, onde a PJ R$ 25,00 + Porte
de extrema do Regional Norte II assumiu como Pedidos
importância prioridade a REPAM e o Sínodo da
para a ação Amazônia. O Noroeste tem realiza- 0800-940-2377
de toda dos seus momentos formativos nes- olutador.org.br
a juventude sa mesma tônica. É preciso expan-
amazonense dir esse rosto amazônida, indígena
e ribeirinho de Jesus.
No início de 2018, a PJ realizou o
12º ENPJ na cidade de Rio Branco, com Contem conosco para que jun-
o tema: “TXAI: Da seiva da vida à fes- tos possamos encontrar novos cami-
ta do bem viver”. Este foi o momento nhos para a Igreja na Amazônia e para
em que reafirmamos nossos pés na uma ecologia integral. Contem com
luta em defesa da vida das Mulheres e nossas orações também, assim co-
também na construção de uma Civi- mo temos rezado pelo nosso amado
lização do Amor que floresce a partir Papa Francisco.
da vida dos povos tradicionais e ori-
ginários. O TXAI é uma saudação do TXAI!
povo Huni-kuin que significa: “Mais
que amigos, mais que irmãos, a me- Coordenações Regionais da Pas-
tade de mim que habita em você.” A toral da Juventude – Norte I, Norte II
partir do TXAI somos enviados jun- e Noroeste.
tos e em ciranda para cuidarmos de
nosso chão, cheio de vida e história. Abraçam e acolhem a propos-
ta da REPAM e do Sínodo da Ama-
A juventude afirma seu zônia na luta pela vida dos povos
compromisso com a evangelização a Pastoral da Juventude dos Regio-
Nesta carta queremos afirmar que a nais Norte I, Norte II e Noroeste e
Pastoral da Juventude da Amazônia seus/suas respectivos [as] Secretá-
rios [as] Regionais e Coordenado-
res [as] Nacionais.]

* Missionário Sacramentino
presente na Área Missionária
Tarumã - Manaus, AM
dafonsohp@outlook.com

olutador [ novembro ] 2018 • 21 ]

Encontro Matrimonial [ Este é um chamado...

Assembleia de Unificação
de Critérios – AUC 2018

Aconteceu no Brasil... ra unitária servi-lo ainda melhor, na AUC LESTE II – Brasília
Missão que Ele com tanto amor nos AUC SUL III \ SUL IV – Joinville
Em 2018, todos os servidores de Fim confiou neste tempo. AUC SUL I – Jundiaí
De Semana do Encontro Matrimonial AUC SUL II – Londrina
Mundial foram convidados a partici- Assim como os apóstolos de seu AUC NORDESTE II – Salvador
par das AUC’s - Assembleia de Unifi- tempo foram chamados e receberam, AUC NORDESTE IV – Teresina
cação de Critérios, onde nos foi apre- através do Espírito Santo, dons diver- AUC NORTE – MANAUS
sentada a unificação em nosso ser- sos para dar testemunho do amor de
vir. A unificação é uma maneira de Jesus, da mesma maneira, neste mo-
nos colocarmos a serviço de nossa mento, vocês e nós, fomos escolhi-
missão, de uma forma única e fra- dos por Ele, para anunciar a Boa No-
terna, gerando assim um sentimen- va neste mundo. Estamos convenci-
to de confiança em nós. dos de que somos instrumentos do
seu Espírito Santo, que nos dota de
As AUC’s tiveram como objetivo capacidade, sabedoria e força para
esclarecer dúvidas, motivar as dioce- realizar esta missão. O mesmo Deus
ses e regionais e fortalecer a unida- continua a nos chamar pelos nossos
de da família EMM. Esses objetivos nomes, para colaborar em seu dese-
foram alcançados com êxito, o que jo mais profundo de que o homem
pode ser visto nos diversos compar- venha a viver a plenitude da felicida-
tilhamentos de casais e sacerdotes de. Ele, sendo todo-poderoso e ca-
divulgados através das redes sociais. paz de cumprir essa missão sozinho,
quer dialogar e contar conosco, tor-
Foi um momento de grande uni- nando-nos participantes desse gran-
dade, fraternidade, crescimento e co- de sonho.
nhecimento em nossa missionarie-
dade, para nos fortalecermos e tam- Desde o dia em que vivemos o
bém fortalecer o Encontro Matrimo- nosso FDS e depois compartilhamos
nial Mundial-Brasil. nossa vida com a força de nossos sa-
cramentos (matrimônio e sacerdó-
Nossas Assembleias foram re- cio), entramos em um permanente
gidas pelo tema: “Há diversidade dinamismo da missão: levar o evan-
de dons, mas um só Espirito” (1Cor gelho do amor ao desconhecido. Dis-
12,4) e pelo lema: “Mais conhecer, postos a dar a vida aos outros, mui-
para mais amar e servir” (Santo Iná- tas vezes com medo de perder a nos-
cio de Loyola). Através da EEN, nos sa, no que diz respeito a tempo – re-
foi dirigida uma carta de amor, que cursos financeiros e nossa própria
foi de grande incentivo à participa- família.
ção da grande maioria dos servido-
res de FDS em todo o Brasil. Este é um chamado para sermos
testemunhas até os confins da terra.
Queridos Casais Para que possamos ser verdadeiros
e Sacerdotes Servidores testemunhos do amor de Deus, pre-
do Encontro Matrimonial Brasil cisamos “mais conhecer para mais
amar e servir”, e é por isso que esta-
Nossos sentimentos são de muita mos aqui. Que a Trindade Santa e
alegria e gratidão ao nosso Pai Cria- a Virgem Maria nos acompanhem
dor, que nos reúne nesta Assembleia nestes dias de comunhão fraterna.
de Unificação de Critérios. Neste fim
de semana, teremos a oportunidade Amamos vocês.
de nos conhecer mais intimamente e Pe. Nivaldo, Marco Antonio e
fortalecer os nossos laços de unida- Maria José]
de, para depois, com mais conheci-
mentos, podermos de uma manei- Equipe Eclesial Nacional EMM - Brasil

[ 22 • olutador [ novembro ] 2018

Família Julimariana [ O Lutador: a mensageira de paz e luz...

PE. JÚLIO MARIA (ADAPTAÇÃO)

NossarevistaO Lutador
PELA PRIMEIRAVEZ, em tí-
mido voo, a nossa modesta A nossa E agora, pode ir desempenhar
Revista vai suavemente pou- modesta sua tarefa de consolar, de instruir e
sar na remansosa romaria da Revista vai de fortalecer as pessoas na fé e na
família brasileira, a fim de gorjear os suavemente prática dos deveres cotidianos. Fa-
louvores de Nossa Mãe Santíssima. pousar na rá como o cavalheiro da lenda me-
remansosa dieval: jazia este, ao lado de um re-
Ela será mensal e substituirá o romaria gato e por muitas feridas fugia-lhe
nosso tradicional Jornal, no intuito da família a vida, quando, perto de si, reparou
de mais frequentemente, e por um brasileira uma florzinha ressequida que pare-
preço módico, estar ao alcance dos cia morrer à falta de uma gota que a
mais pobres. Impresso em nossa Grá- Enfim, a Revista será mensagei- refrescasse. Movido de compaixão,
fica, não sofrerá dos defeitos da im- ra de paz e de luz, de instrução e de o cavalheiro lançou mão do capa-
pressão em papel jornal de que vi- recreio, de piedade para com Deus cete, estendeu o braço e hauriu um
nha eivado nosso O Lutador. e para com o próximo. pouco de água do marulhante cór-
rego. Regou a pendida flor que, num
Será piedosa e porfiará por edifi- ápice, renasceu e retomou suas co-
car as almas ao contato das virtudes res vivazes. E, satisfeito desta últi-
de Maria, cuja vida nazarena será es- ma obra de caridade, o bom do ca-
tudada à luz da devoção e da história. valheiro adormeceu mansamente
na paz do Senhor.
Será instrutiva e proporcionará aos
espíritos, que facilmente vacilam dian- Se um copo de água dado a um
te da objeção antirreligiosa, respostas pobre, se umas gotas de orvalho da-
às inteligências dos que dispõem de das a uma flor têm o seu mérito,
pouco tempo para estudos de fôlego. a Revista O Lutador, esperançada
de operar algum bem, tem a certe-
Será noticiosa e dará um tran- za de não ficar sem méritos dian-
sunto dos fatos que mais interessa- te de Deus.]
rem à vida paroquial, assim como os
relatórios de diversos grupos e mo-
vimentos eclesiais.

Será leve e jocosa e conterá ane-
dotas pilhéricas, que façam passar
hilariantes aragens de bom humor
sobre os rostos anuviados pelas tris-
tes contingências desta, às vezes, tão
penosa existência.

Será poética e dará às Musas Cris-
tãs direito de cidade para que, nas
cordas de suas liras, a poesia singela
possa dedilhar as loas dessa Rainha
da Harmonia que os anjos acolhe-
ram, no dia da Assunção, ao mavio-
so ressoar de mil cânticos.

Será a Revista algo enciclopédi-
co, algo romeiro e, audazmente, per-
correrá os diversos países a fim de
notar, sobre o seu caminho, os acon-
tecimentos mundiais que merecem
ocupar a atenção dos nossos leitores.

Será litúrgica e anunciará os gran-
des momentos e acontecimentos da
Igreja.

olutador [ novembro ] 2018 • 23 ]

DOM PAULO MENDES PEIXOTO* Espiritualidade [ Amor fecundo...

OSENTIDO verdadeiro da dom, é uma grande bênção. O aspec- capacidade de doação e de encon-
vida humana está funda- to social próprio de todo ser huma- tros com laços bem concretos. É jus-
mentado na capacidade de no habilita as pessoas para uma con- tamente desse clima livre e conscien-
relacionamento realiza- vivência e um relacionamento feliz te que as pessoas conseguem expe-
do pelas pessoas no contexto de sua e fraterno. rimentar, “na pele” a verdadeira feli-
vida cotidiana. Muito mais quando cidade. Significa um amor fecundo,
cada indivíduo tem consciência de Essa relação fraterna na convivên- aquele que consegue superar todo
que a sua existência, além de ser um cia se eterniza na relação com Deus, tipo de egoísmo e individualismo.
fazendo com que o amor provoque
A vida humana, quando é assu-
mida com responsabilidade e admi-

nistrada com bons relacionamentos,

consegue proporcionar inúmeras si-

Relações tuações maravilhosas de alegria e se-
fraternas renidade. É muito bom viver, mas vi-
ver construindo sempre esperança,
vida nova com dignidade e a pessoa
sendo bem vista pelos de seu tempo.
Os maus relacionamentos desauto-
rizam uma vida feliz e saudável.

Na história das comunidades nós
encontramos pessoas que foram mo-
delos de convivência. O exemplo da

vida de Jesus Cristo foi marcante. Pa-

ra ele todos eram valorizados como

pessoas. Não fazia distinção entre os
pobres e os ricos, apesar de chamar a
atenção dos ricos e de ter um carinho
todo especial e comprometedor com

os pobres, os deficientes e os aban-

donados de seu tempo.
Devemos entender a boa con-

vivência, as relações fraternas, que
normalmente deixam marcas para a
posteridade, como fruto da hones-

tidade em relação ao outro. Faltan-

do essa prática as pessoas ficam in-
seguras e com o futuro ameaçado.
Na dimensão de Brasil, o país vive a
grave crise da insegurança, da des-
confiança, porque a violência está

presente em todos os ambientes da

sociedade.
Nas relações humanas e na con-

vivência comunitária, que deve ex-
pressar também uma relação com
Deus, é improdutivo fazer acepção e

separar as pessoas. É o que vemos na

Carta de São Tiago, quando ele cita
textos bíblicos falando que Deus não
age dessa forma, com discriminação
(cf. Dt 10,17; Rm 2,11). O encontro
com Deus dá sentido à nossa vida e
aos nossos valores fundamentais.]

*Arcebispo de Uberaba, MG

[ 24 • olutador [ novembro ] 2018

Liturgia [ O Senhor pede-nos pouco...

FRT. M ATHEUS R . GARBAZZA , SDN

Espiritualidade
da apresentação das ofertas

TENHO lido as catequeses do o pão e o vinho, a grande oferta para a ra receber Aquele que se oferece a si
Papa Francisco sobre a Santa Missa! Portanto, nos sinais do pão e do mesmo a nós na Eucaristia.”
Missa, oferecidas na Praça de vinho, o povo fiel põe a própria ofer-
São Pedro entre 8 de novem- ta nas mãos do sacerdote, que a colo- “Amigos e parentes,
bro de 2017 e 4 de abril de 2018. Como ca no altar.”1 os vivos e defuntos
é próprio do estilo do Papa, são textos em torno a vossa Mesa
curtos e práticos, apresentados de mo- “O pão vai converter-se estamos sempre juntos.”
do sintético e condensando o essen- na Carne de Jesus “Ninguém é esquecido. E se eu tiver
cial do ensinamento católico sobre a uma pessoa, parentes, amigos, que es-
celebração eucarística. e o vinho será o Sangue que tão em necessidade ou passaram des-
derramou na Cruz.” te mundo para o outro, posso nomeá
As palavras do Papa sobre a apre- -los neste momento.”2
sentação das ofertas, que popularmen- “O Senhor [...] pede-nos estas obla- “A voz do sacerdote, que é a nossa voz,
te chamamos pelo nome menos preci- ções simbólicas que depois se tor- vos dá a hóstia viva
so de ofertório, chamaram-me muito narão o seu Corpo e o seu Sangue. que somos todos nós.”
a atenção. Não apenas apresentam a E não vos esqueçais: há o altar, que “É tudo isto que exprime também a ora-
doutrina da Igreja, como formam um é Cristo, mas sempre em referência ção do ofertório. Nela, o sacerdote pede
verdadeiro caminho de espirituali- ao primeiro altar, que é a Cruz; e ao a Deus que aceite os dons que a Igreja
dade para viver aquele gesto ritual. altar, que é Cristo, levamos o pou- lhe oferece, invocando o fruto do ad-
co dos nossos dons, o pão e o vi- mirável intercâmbio entre a nossa po-
Imediatamente me veio à mente nho, que depois se tornarão muito: breza e a sua riqueza. No pão e no vinho
um antigo hino, que alhures ainda se o próprio Jesus que se oferece a nós!” apresentamos-lhe a oblação da nos-
canta para acompanhar o rito. Pode- sa vida, a fim de que seja transforma-
mos fazer um belo paralelo entre ele “Senhor vos damos tudo, da pelo Espírito Santo no sacrifício de
(em itálico) e a catequese do Roma- nosso pesar e gozo, Cristo, tornando-se com Ele uma única
no Pontífice (entre aspas), para nos oferenda espiritual agradável ao Pai.”
ajudar a perceber com clareza a pro- nossa alegria e dores,
fundidade desse momento. Vejamos: trabalhos e repouso.” ***
“Sem dúvida, a nossa oferta é pou-
“Senhor, vos ofertamos ca coisa, mas Cristo tem necessidade Que beleza! Sobre o altar, o sacrifício
em súplice oblação deste pouco. O Senhor pede-nos pou- de Cristo e o dom da nossa vida se tor-
co e dá-nos muito. Pede-nos pouco. nam agradáveis a Deus. Assim mesmo:
o cálice com vinho e na patena o pão.” Na vida diária, pede-nos a boa vonta- no cotidiano, com as fadigas e alegrias
“Na preparação dos dons levam-se ao de; pede-nos um coração aberto; pe- próprias da nossa existência. Tudo is-
altar o pão e o vinho, ou seja, os elemen- de-nos a vontade de ser melhores, pa- so é entregue nas mãos do Pai para que
tos que Cristo tomou nas suas mãos. redunde em salvação para toda a hu-
[...] O povo de Deus que leva a oferta, 1. FRANCISCO, Papa. Catequese do dia 28 de feve- manidade. Que belo perceber as deli-
reiro de 2018. (Salvo indicação em contrário, os ou- cadezas de Deus para conosco, sobre-
tros textos foram retirados desta mesma catequese). tudo na hora da Missa!

olutador [ novembro ] 2018 • 25 ] E terminamos com a bela exorta-
ção do Papa Francisco: “A espiritualida-
de da doação de si, que este momento
da Missa nos ensina, possa iluminar os
nossos dias, os relacionamentos com
os outros, aquilo que levamos a cabo e
os sofrimentos que encontramos, aju-
dando-nos a construir a cidade terre-
na à luz do Evangelho”.]

2. FRANCISCO, Papa. Catequese do dia 7 de
março de 2018.

ANTÔNIO CARLOS SANTINI Atualidade [ extensão da ação missionária...

90 anos a caminho
de um século
DEZ ANOS ATRÁS, em no- Pois nosso “O Lutador” passou in- comentada por nossos assinantes,
vembro de 2008, iniciei mi- cólume por esse período turbulento e, quando nos falam de uma autêntica
nha matéria neste periódico sem nenhuma interrupção, chega ao “tradição familiar” que nasceu com
com a seguinte afirmação: Séc. XXI com a mesma disposição que os avós e perdura com os netos.
“Nenhum órgão de imprensa atraves- lhe imprimiu seu Fundador, Pe. Júlio
sa 80 anos de história sem deixar sua Maria de Lombaerde. E se levarmos Nossa revista – então jornal – nas-
marca no tempo e nas pessoas que em conta o clima de pluralismo (e até ceu como extensão da ação missio-
viveram o mesmo período. Um jor- de rebeldia!) que marcou o pós-Con- nária do Pe. Júlio Maria e jamais ig-
nal não se reduz a uma ‘coisa’, mas cílio Vaticano II, cresce nossa admi- norou seu papel na caminhada da
atua como um organismo vivo que ração diante da persistência - a mes- Igreja. Ao comemorar 90 anos de
manifesta a vida e a fé de uma equi- ma virtude que São Paulo chamava existência, pedimos a Deus que ja-
pe, de um Instituto religioso e, por de hypomoné - que manifesta “O Lu- mais nos falte a assistência do Es-
extensão, da própria Igreja”. tador” em combater pela fé e animar pírito Santo para permanecermos
a esperança. Em 10 de maio de 2018, fiéis a essa missão.
Desde então, a areia do tempo falando aos membros dos Focolares,
marcou uma nova década, tempo de o Papa Francisco traduzia a palavra Com esta inspiração do alto – e,
profundas transformações na socie- hypomoné como uma forma de “apren- claro, alguma transpiração de nos-
dade humana e no planeta. Em dez der a viver as situa- sa parte – chegaremos ao centenário
anos, muitas organizações foram var- ções difíceis que a em 2028. Louvado seja Deus!]
ridas do cenário, governos ruíram e vida nos apresenta;
os mapas das nações foram alterados. com este termo, o
Mas “O Lutador” permanece vivo e apóstolo Paulo ex-
comemora 90 anos de vida. pressa a constân-
cia e a firmeza ao
E a perenidade não chega a ser fazer a vontade de
um traço de identidade para jornais Deus e a nova vida
e revistas. Desde o início do Séc. XX em Cristo”.
numerosos periódicos nasceram e
morreram. No Brasil, por exemplo, Naturalmen-
o “Correio da Manhã”, que deixou te, diante dos no-
marcas em nossa história, foi criado vos acontecimen-
em junho de 1901 e publicou sua úl- tos e mesmo das
tima página em 8 de julho de 1974, surpresas que o sé-
sufocado pelo governo militar. O culo nos traz, “O
líder dos “Diários Associados”, “O Lutador” também
Jornal”, chegou a ter uma circula- deve buscar uma
ção diária de 60 mil exemplares, e visão renovada do
foi publicado de 1919 a 1974, quan- próprio caminho,
do não resistiu à crise gerada pela sabendo acolher
morte do jornalista Assis Chateau- em suas fileiras um
briand e teve o mesmo fim da revis- leque sempre mais
ta “O Cruzeiro” e da “Rede Tupi de amplo de colabo-
Televisão”. Ainda poderíamos lem- radores. Mas sem
brar o “Diário de Notícias” (1930- nunca abrir mão
1970), a “Última Hora” (1951-1987) daquela “tradi-
e até mesmo o jornal “O Lar Cató- ção” tantas vezes
lico” (1912-1986).

[ 26 • olutador [ novembro ] 2018

SAULO SOARES Atualidade [ O centro das virtudes...

HÁALGUM TEMPO OUVI eVeFritmafeubsiole
– da interpretação conjunta
dos textos bíblicos “Façamos que ele encontra todos os dias, e vol- centro todas as virtudes, até que fi-
o homem à nossa imagem e tar a benevolência para um círculo nalmente fiquem localizadas no cír-
semelhança” e “Amai o próximo co- mais distante, para as pessoas que ele culo da fantasia, e todas as caracte-
mo a ti mesmo” - a seguinte conclu- não conhece. Desse modo, a animo- rísticas desejáveis fiquem no círculo
são: “Deus nos fez semelhantes a Ele sidade torna-se completamente real da Vontade. Somente quando alcan-
e próximos uns dos outros”. e a benevolência, em grande medi- çam a Vontade, e lá se materializam
como hábitos, é que as virtudes são
Antônio Carlos Santini escreveu da, imaginária. Não há nenhu- fatais para nós.”
interessante artigo intitulado “Admi- ma vantagem em inflamar
rar o próximo” – Jornal O Lutador – 1º o ódio que ele sente pelos alemães Quem diria, hein?! Não, amigo
a 10 de janeiro 2010 – onde faz-nos leitor, o Inferno não é passar a eter-
perceber o quanto é difícil valorizar o se, ao mesmo tempo, o pernicioso nidade procurando uma vaga para
irmão que está ao nosso lado, o “pró- hábito da caridade cresce entre ele estacionar no Centro; ou tentando
ximo mais próximo”. Preferimos ad- e a mãe, o chefe ou o homem que ele abrir saquinhos plásticos de super-
mirar o “próximo mais longe”. Ele diz: encontra no trem. Imagine seu ho- mercados. Não. E não somente com
“Exatamente por serem distantes, só mem como uma série de círculos con- rabos e chifres deveriam ser repre-
vemos a aura luminosa que a propa- cêntricos, sendo que o central é a sua sentados os demônios. Caberia acres-
ganda nos transmite ao seu respei- vontade, o seguinte o seu intelecto e centar um belo terno italiano, sapa-
to. Mesmo quando se revestem de o exterior a sua fantasia. Não adian- tos alemães, charuto cubano à boca,
graves fragilidades [...], fechamos os ta alimentar a esperança de elimi- óculos pince-nez e, ao fundo, diplo-
olhos para os seus vícios e defeitos pa- nar de todos os círculos tudo aquilo mas de graduação, pós-graduação,
ra simplesmente, ad-mirar... Já o nosso que lembre remotamente o Inimigo Mestrado e Doutorado em compor-
próximo... Pobre do nosso próximo”. (Deus), mas você deve continuar jo- tamento humano.]
gando para cada vez mais longe do
No livro “Cartas de um diabo a
seu aprendiz”, de C.S. Lewis, da Edi- olutador [ novembro ] 2018 • 27 ]
tora Martins Fontes, o autor imagina
as missivas expedidas por um diabo
adulto, Fitafuso, a seu sobrinho, Ver-
mebile, ainda um aprendiz na “ar-
te” de tentar e desviar o homem do
“Inimigo”. Entenda-se, aqui e onde
quer que seja, Deus, por inimigo dos
demônios.

Fitafuso vê o homem como seu
“paciente” – como se a bondade, o
amor e a fé fossem terríveis doen-
ças a serem curadas. Vê, também, o
“humano” como um ser composto
de círculos concêntricos.

Pois bem. Para corroborar o que
disse Santini e reafirmar que Deus nos
fez próximos para, sim, podermos nos
amar e nos ajudar, transcrevo abaixo
a técnica diabólica ensinada por Fi-
tafuso – o tio diabo - ao inexperiente
e atrapalhado Vermebile, para afas-
tar-nos do que realmente interessa:

“O que quer que você faça, sem-
pre haverá alguma benevolência, as-
sim como alguma animosidade, na
alma do seu paciente. O melhor a fa-
zer é voltar a animosidade para os se-
melhantes mais próximos, aqueles

Crônica [ Maria

EU zanzava pelo infinito em Babá de anjos
companhia de muitos outros
projetos divinos. Ajudava a palavra AMOR é compreendida em Nossa Senhora no mês de maio... Ar-
olhar os anjos-bebês, contava- qualquer canto do mundo... rematei prendas em leilões de barra-
lhes histórias, enxugava suas asinhas quinhas e vendi pipoca nas quermes-
do orvalho das nuvens... Remendava Para não morrer de saudades do ses.Vi casais de namorados encanta-
suas camisolas peraltas com agulhas infinito, fabriquei um minicéu para dos com a lua que amarrei com fitas
de ouros e linhas de prata do luar. E, continuar sendo babá de anjos... para a noite não ter fim... Dancei ci-
se o diadema de algum se estragava, randa com mil crianças. Recortei papel
pegava estrelinhas no céu e conser- De anjos rotos, com asas quebradas de seda para enfeitar as ruas quando
tava a coroa do anjinho. Às vezes, até – a maioria, sem elas – mas sempre pre- Nossa Senhora fosse passear no andor.
cantava para algum deles dormir... cisando de um anjo maior para lhes curar
Devagarinho, com dedos de algodão, feridas, para lhes carregar ao colo, para Pernoitei ao relento e vi estrelas
deitava-o numa nuvem bem fofinha lhes falar do lugar bonito de onde vim. nascendo em nebulosas, enquanto o
para que ele acordasse só quando o sol sol não acordava para eu prosseguir
acendesse a luz do infinito. E foi entre montanhas mineiras meu caminho... (meu coração ouvia a
que finquei raízes... E foi nos gerais voz do anjo sonhador: “Vai, amigo, vai
Outros anjos achavam que minhas das Minas que descobri o veio de ideias ser mensageiro de belezas na vida!”)
asas já estavam prontas para um voo brilhantes e difíceis de batear.
maior onde, por certo, eu poria mi- E eu ia!
nha cabeça avoadinha em tarefas mais Juntando sonhos, entre cascalhos Andei em embornais – na sela de
amadurecidas... Ganhei o apelido de e sujeiras, veio o primeiro diamante, burricos mansos – para chegar a roças
babá de anjos... que seria lapidado em caminhadas por e vilas. Também andei de jardineira,
penhascos e vales, atravessando pon- amarrado em cordas grossas e embru-
Descobriram que, enquanto tes e rios caudalosos. lhado em lonas para enfrentar a chuva...
houvesse anjinhos por perto, eu Parei em vendas de beira de estra-
não ousaria bater asas para outros Andei de trem de ferro, conheci das, vi homens bêbados que cuspiam
planos que precisavam ser cons- cidades grandes, serpenteei por cur- no chão, vi mulheres levando malas
truídos. vas e labirintos em trilhos perigosos. na cabeça para lavar as roupas na bei-
ra do corgo... Cantei com elas as modi-
Numa tarde gloriosa, o sol já ha- Assisti a guerras e rezei pela paz.
via chegado do trabalho, a lua já ves- Bati horas em relógios espetados nas
tira sua roupa de prata para acender torres de igrejas e catedrais... Rezei la-
as estrelas e eu já me preparava para dainhas e percorri procissões, coroei
cuidar dos menores, quando um anjo
sonhador me disse: [ 28 • olutador [ novembro ] 2018

– Vai, amigo, vai ser mensageiro
de belezas na vida!

– Vai, eu cuido dos anjinhos pra
você...Tenho certeza de que, com seus
olhos de sonhos azuis, fará muito mais
lá, do que aqui!

Então, eu nasci daquele sonho, há
noventa anos...

No voo do infinito até aqui, fui
passando por rios e matas, descobri
como vivia gente que eu não conhe-
cia, dormi em redes, cavalguei por tri-
lhas desconhecidas...

Vi crianças nascendo em panos
sujos e outras nascendo em berços ri-
cos. Vi crianças morrendo de pobre-
za e mães desesperadas para matarem
a fome dos filhos...

Rezei em altares improvisados,falei
muitas línguas diferentes, mas vi que a

nhas de amor e de tristeza. Bati roupa Agostei ipês para enfeitar a seca Livro
na pedra e me espichei nos coradou- da terra... indicado
ros de capim verde... Rezei o Ângelus
com os roceiros que tiravam o chapéu Fabriquei Natais sempre que che- [ Uma bela Obra,
com respeito. Curei calos de mãos so- gava a uma casa e o Jesusinho nascia as crônicas de 'Maria',
fridas e tomei leite no curral... fora do seu dia... publicadas em olutador ]

Rodei o Brasil todo, rompi os ares Distribuí poesias por todos os re- MARIA
e conheci outras terras... cantos: ia por asas de outros anjos que
vivem por aqui. Certo, eles não têm asas O livro de crônicas
A árvore que plantamos nas Ge- visíveis, mas são anjos, sim! de MARIA
rais cresceu e deu flores bonitas - sem
ser primavera... Procurei alcançar o coração de [Maria das Dores Caetano Guimarães].
todos para falar sobre Deus: rezando Em cada página,
rindo, cantando, contestando, fazen- a arte da cronista
do versos...
que extrai do cotidiano
Acho que segui o conselho do an- o lampejo de uma descoberta.
jo sonhador: “Vai, amigo, vai ser men-
sageiro de belezas na vida!” Em cada crônica,
o passado recuperado
Sou mesmo um anjo do infinito com o olhar da infância.
azul, não sou daqui...
Em um só volume,
– Querem a prova? as páginas saborosas
– Minhas asas nunca perderam o publicadas em O Lutador.
gosto e a força para voar, mesmo sen-
do de papel... Nunca fiquei velho nem FORMATO: 15,5x22,5cm, 320p.
enrugado, acompanho a moda e me
renovo sempre que vou começando R$ 30,00 + Porte
a ficar gagá... Pedidos
Receita?
É que também ando rodeado de 0800-940-2377
anjos que ficam na vigília para meu olutador.org.br
sonho não morrer...
Sendo das Minas Gerais, tenho
um apelido: pros de casa sou babá de
anjos. Mas minha certidão de nasci-
mento está lá no Cartório, e tem tudo
anotado direitinho:
*Pai: Júlio Maria de Lombaerde.
*Mãe: Nossa Senhora do Santís-
simo Sacramento.
*Nascimento: 25 de novembro
de 1928.
*Localidade: Manhumirim, MG.
*Nome: O LUTADOR.
Acabo de fazer noventa anos,uai!!!]

olutador [ novembro ] 2018 • 29 ]

PE . PA SCHOAL R A NGEL* Páginas que não passam [ O começo...

O Missionário
que veio de longe

OPe. Júlio Maria de Lom- nários brasileiros. Seriam missioná- as bênçãos do santo Bispo de Cara-
baerde, M.S.F., chegou a rios profundamente dispostos pa- tinga, Dom Carloto Fernandes Távo-
Manhumirim no dia 24 de ra a oração, o estudo e o trabalho (o ra. Indo para Manhumirim, Pe. Jú-
março de 1928. Passou a tripé em que ele firmaria sempre a lio Maria repetia o gesto de seu pró-
Semana Santa com o Pe. La Barrera, formação dos seus missionários), prio Fundador, o Pe. Jean Berthier,
a quem iria suceder, e tomou posse decididamente ligados à Igreja, ao que escolhera uma pequena locali-
do curato de Manhumirim no dia da Papa, à Eucaristia e a Maria. Seria dade da Holanda para lançar a obra
Páscoa, 8 de abril de 1928. uma Congregação adaptada às ne- de sua Congregação de missionários
cessidades do Brasil, feita de um também.
Ele não vinha, porém, para ser um pessoal simples, mas feita de san-
cura ou um vigário. Vinha realizar um tos, sábios (estudiosos) e trabalha- E assim começava a nossa Con-
velho “sonho”, que o acompanhava dores. Ninguém acomodado. Nin- gregação. Primeiro, a aprovação de
desde a viagem de navio que o tra- guém procurando vida mansa. A vida um “Pio Sodalício”. Mas, depois de
zia da Holanda, onde estava a casa- dos missionários, desde os tempos muitos esforços, a licença da Santa
mãe de sua Congregação (dos Mis- da primeira formação, seria auste- Sé para erigir canonicamente a Con-
sionários da Sagrada Família), para ra, sem renegar o riso, a alegria. Ale- gregação. O Decreto de Ereção Canô-
a Amazônia brasileira. Um dia, em gria do Senhor. nica se deu afinal em 25 de março de
pleno mar, de joelhos diante da pe- 1929. Nossa pequena Congregação
quena imagem de Nossa Senhora, Durante está, pois, aniversariando. Estamos
que ele trazia, ele “ouviu” que a Vir- 16 anos, com 75 anos. Para uma instituição
gem, que ele amava tanto, lhe dizia: o Pe. Júlio desse tipo, ainda é uma infância. A
“Eu te farei pai de uma grande famí- acalentou este história desses anos “infantis”, es-
lia de missionários”. Isto se lhe im- sonho, enquanto creveu-a com competência e dedi-
primiu na mente e no coração e foi- esperava, com cação o Pe. Demerval. Compete a
se arraigando mais e mais, à medida heroica obediência, nós, agora, continuar “fazendo” a
que ele conhecia o Brasil. a autorização de história.]
seus superiores
Era preciso criar uma Congrega- religiosos, que *PASCHOAL SELITTI RANGEL [1922-2010]
ção missionária brasileira, de missio- – prudentemente – nasceu em Castelo, ES, e faleceu em Belo
o puseram à prova, Horizonte, MG. Um dos primeiros discí-
para se certificar se pulos do Pe. Júlio Maria de Lombaerde,
aquele sonho era dedicou longos anos à direção do então
coisa de Deus ou jornal O Lutador. Licenciado em Filoso-
coisa dos homens. fia e bacharel em Comunicação Social,
foi também professor no seminário dos
Quando, afinal, lhe deram a licença Padres Sacramentinos de Nossa Senhora.
definitiva, ele embarcou para o Rio Como um dos fundadores da conceitua-
e, do Rio para Manhumirim, já com da revista de teologia “Atualização”, hoje
extinta, dedicou-se aos temas teológicos
[ 30 • olutador [ novembro ] 2018 e filosóficos, com uma inclinação espe-
cial para a literatura, deixando numero-
sa produção literária. Entre seus livros,
destacam-se: Teologia de Jornal; Teologia
da Libertação, juízo crítico e busca de ca-
minhos; Provérbios e Ditos Populares – a
sabedoria de nossa gente; O Romanceiro
de Henriqueta Lisboa em Madrinha Lua;
Maria, Maria.

PRaostteoirraoiss

Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33
Dinâmica para Grupo de Jovens 33 • Catequese 34

• Homilética 36

olutador [ novembro ] 2018 • 31 ]

Leitura Orante [ Celebrar...

Festa fetas que vieram antes dele, matarão espaço público. Ou então posso rea-
de todos a ele também. Por isso ele denuncia gir a partir da fé e da caridade e reco-
os Santos maldade da cidade de Jerusalém, que nhecer nele um ser humano com a
persegue e mata os enviados de Deus mesma dignidade que eu, uma cria-
Invocação à Trindade e depois constrói belos túmulos e faz tura infinitamente amada pelo Pai,
e Oração ao Divino bonitas celebrações em honra deles. uma imagem de Deus, um irmão re-
Espírito Santo dimido por Jesus Cristo. Isto é ser cris-
Jesus denuncia essa falsidade. A tão! [...] Não se trata apenas de fazer
A. Situando o texto santidade não vem de atos exterio- algumas ações boas, mas de procurar
Celebramos no dia 1º de novembro a res, de celebrações bonitas, apenas. uma mudança social: ‘para que fossem
Festa de Todos os Santos. O Evange- A santidade é fruto de uma vida de- libertadas também as gerações futuras,
lho de Lucas nos mostra Jesus enca- dicada à justiça e à verdade, levan- o objetivo proposto era claramente o
rando a grande cidade de Jerusalém. do adiante o projeto de Deus, que é restabelecimento de sistemas sociais
Embora seja a sede da casa de Deus, vida para todos. Esse foi o caminho e econômicos justos, a fim de que não
é uma cidade que ameaça os profe- trilhado por Jesus, esse é o caminho pudesse haver mais exclusão’”. (GE, 98-99.)
tas e está circundada pelas forças de para a santidade de todos os cristãos. Todos: (cantando): É missão de todos
morte. Mas Jesus tem clareza de sua nós. / Deus chama, eu quero ouvir a
missão e segue sempre adiante. Com Cantando: Santo, Santo, Santo, / Se- sua voz. (bis).
calma e atenção, vamos ouvir o que nhor Deus do Universo. / O céu e a
Senhor vem nos falar. terra proclamam / a vossa glória... – O que mais chamou a sua atenção no
L.2: O Papa Francisco nos incentiva texto bíblico e no comentário acima?
B. O que o texto diz em si? a trilhar o caminho para a santida-
Ler na Bíblia: Lucas 13,31-35. de: “Deixa que a graça do teu Batis- D. O que o texto nos faz dizer a Deus
Chave de Leitura: mo frutifique num caminho de santi- (preces e orações)
1. O que Jesus responde aos fariseus dade. Deixa que tudo esteja aberto a 1. Senhor, neste momento em que
sobre a ameaça de Herodes? Deus e, para isso, opta por ele, escolhe o Papa Francisco insiste que a Igre-
2. O que Jesus diz sobre Jerusalém? a Deus sem cessar. Não desanimes, ja seja promotora do diálogo a favor
3. O que Jesus diria sobre a situação porque tens a força do Espírito Santo da paz, ajudai-nos a reforçar este diá-
de nosso país, hoje? para tornar possível a santidade e, no logo em nossas casa, em nossas co-
fundo, esta é o fruto do Espírito Santo munidades. Rezemos:
C. O que o texto diz para nós na tua vida (cf. Gl 5,22-23). Quando Todos: Ajudai-nos a ser santos!
L.1: No texto bíblico, fica claro que Je- sentires a tentação de te enredares na 2. Senhor, fazei que nossas comunidades
sus não teme a morte. Antes, ele per- tua fragilidade, levanta os olhos pa- sejam mais frequentadoras da escola de
cebe que assim como mataram os pro- ra o Crucificado e diz-Lhe: ‘Senhor, Jesus e procurem traduzir o Evangelho
sou um miserável! Mas Vós podeis e atitudes de defesa da vida. Rezemos:
realizar o milagre de me tornar um 3. Senhor, ajudai-nos a tirar do nos-
pouco melhor’. [...] Esta santidade, a so meio as fofocas, perseguições po-
que o Senhor te chama, irá crescendo líticas, rancores, vingança que des-
com pequenos gestos”. (GE, 15-16.) troem a paz. Rezemos:
(Outras preces espontâneas)
Cantando: Quero ouvir teu apelo,
Senhor. / Ao teu chamado de amor E. O que o texto
responder. / Na alegria te quero ser- sugere para o mundo, hoje
vir / E anunciar o teu Reino de amor... – Nossa vivência de fé tem consequên-
cias sociais, ou fica só nos bons sen-
L.3: O que nos torna santos é colocar timentos? Por quê?
em prática o que Jesus viveu. Assim,
Francisco nos recorda que a santida- F. Tarefa concreta
de passa pela acolhida aos necessi- Procurar descobrir formas de apro-
tados: “Quando encontro uma pes- ximar as famílias que andam afasta-
soa a dormir ao relento, numa noite das da comunidade.
fria, posso sentir que este vulto se- Encerramento
ja um imprevisto [...], um problema Pai-Nosso, Ave-Maria e pedido de
que os políticos devem resolver e tal- bênção a Deus.]
vez até um monte de lixo que suja o

[ 32 • olutador [ novembro ] 2018

Tudo em Família [ 59 – O valor dos filhos...

As joias de Cornélia

1. Coisas que acontecem quase um bebê, estava nu, e Tibério filha alcançam êxitos!” (Jacques Le-
vestia-se simplesmente. E Cornélia clercq, em O Matrimônio Cristão.)
Cornélia Scipionis, matrona roma- declarou: – “Eis as minhas joias!”
na do século II a.C., mãe dos irmãos 3. Para uma reunião de casais
Gracos, era conhecida pela virtude e 2. Pensando juntos – Como você vê o contraste entre Cor-
força de caráter. Viúva ainda jovem, “O filho vem trazer uma nova rique- nélia e as matronas romanas?
recusou todas as propostas de casa- za ao casamento. É mesmo, muitas
mento e escolheu permanecer viúva vezes, a sua única riqueza, quando a – E que lhe parece a atitude simples
para educar os filhos. união é espiritualmente pobre. E os dessa mulher pagã, se comparada
casamentos espiritualmente pobres com as preocupações de mulheres
Pertencente à alta sociedade, Cor- são os daqueles esposos vulgares que cristãs com as roupas e a aparência?
nélia era convidada para festas ele- nada mais procuram na sua união
gantes, onde as mulheres patrícias se do que uma felicidade terra-a-terra. – Você também considera que os fi-
enfeitavam com as joias mais caras. lhos são o maior tesouro em um ca-
Ela evitava o exibicionismo, vestin- É sabido até que ponto as mães samento?
do-se simplesmente com uma túni- se mostram naturalmente orgulho-
ca. Em uma festa, foi questionada: sas dos seus filhos, e que basta elogiá – Em sua casa, os filhos são tratados
-los para que o seu rosto resplandeça no dia a dia como esse “tesouro”? Ou,
– E tu, Cornélia, onde estão as tuas de alegria. Os pais são habitualmen- ao contrário, são os defeitos deles que
joias? – perguntou uma de suas con- te mais reservados; porém, como são acabam sendo realçados pelos pais?
vivas, fazendo com que os convida- zelosos de poderem orgulhar-se dos
dos voltassem sua atenção para ela. seus filhos, ficam humilhados quan- – Na prática, como você acha que se
do os filhos não fazem por honrá-los deve valorizar os filhos?]
Cornélia mandou um escravo até e se manifestam quando um filho ou
sua casa. Pouco depois (ela morava
perto) ele voltou trazendo consigo os
dois filhos homens de Cornélia. Caio,

A impulsividade e o erro —DinâmicasparaGrupodeJovens[59

O maior desafio do jovem é entender nhar ou escrever o que quiser na fo-
que as consequências de seus atos fi- lha; eles terão 20 segundos para fa-
carão gravadas em sua história, assim zer isso;
como a dinâmica da impulsividade
e do erro. Quanto mais cedo eles pu- 4. Após passar esse tempo, peça que
deram entender que isso poderá re- amassem bastante a folha.
fletir em toda sua trajetória, melhor
será sua vida. 5. Depois que cada um amassar
bem a sua folha, diga-lhes que ago-
Recursos ra devem desamassar a folha e lim-
Folhas de sulfite; giz de cera. par tudo que riscaram ou escre-
veram, deixando a folha igual ao
Execução que era antes.
da dinâmica
1. Peça que os jovens se sentem em Conclusão
forma de círculo; O objetivo principal da dinâmica da
impulsividade e do erro é que os jo-
2. Dê uma folha de papel a cada par- vens entendam que existem situa-
ticipante e giz de cera para que eles ções em que não se pode voltar atrás;
possam usar; por isso devemos, primeiro, pensar
em nossas atitudes.]
3. Cada um deve pegar o giz de ce-
ra da cor que desejar, e riscar, dese- Fonte: demonstre.com

olutador [ novembro ] 2018 • 33 ]

Catequese / Roteiros [ 3 encontros seguindo os evangelhos dos

1. Fica claro que, de um lado, está a 2.
O pouco riqueza, a vaidade, o orgulho e a co- Estejam
com Deus biça; do outro, a pobreza, a humilda- sempre
é muito... de, o desprendimento e o sacrifício vigilantes
pessoal. De um lado. a busca dos pri-
Iniciando nosso encontro: meiros lugares; do outro, a viúva em Iniciando o encontro:
Canto de um refrão, invocação à Trin- último lugar, doando tudo que tem. Canto de um refrão, invocação à Trin-
dade, Oração ao Espírito Santo. O Reino de Deus é para todos, mas a dade, oração ao Espírito Santo.
participação nele exige solidariedade
A. Situando o texto e acolhida aos mais pobres e sofredo- A. Situando o texto
Jesus está no Templo e desaprova os res. O mundo só será de todos e para Através da linguagem de sinais, apo-
escribas ou letrados, dizendo que é todos, quando os últimos forem aco- calíptica, é anunciada a vinda do Fi-
preciso ter cuidado com eles, pois lhidos. E o gesto de maior grandeza lho do Homem. Esta vinda é salvação
gostam de passear com largas túni- não é a oferta de muito dinheiro, mas e julgamento. Salvação para os que
cas, de serem saudados nas praças o dar de si, partilhar a vida, doar-se. estão lutando pelo projeto de Deus e
públicas; gostam dos primeiros as- Cantando: Sabes, Senhor... julgamento para os que estão contra.
sentos nas sinagogas e dos melhores Com calma e atenção, vamos ouvir o
lugares nos banquetes... Mas o mais Diz o ditado popular que “o pouco com que o Senhor nos vem falar.
importante fica esquecido. Com cal- Deus é muito, e o muito sem Deus é na-
ma e atenção, vamos ouvir o que o da”. Que aprendamos a partilhar, que B. O que o texto diz em si?
Senhor nos vem falar. Deus nos abra o coração e as mãos. Que Ler na Bíblia: Marcos 13, 24-32.
sejamos mais humanos, mais acolhe-
B. O que o texto diz em si? dores, fraternos e solidários. A solidarie- Chave de Leitura:
Ler na Bíblia: Marcos 12, 38-44. dade tem força capaz de salvar o mun- 1. O que Jesus fala sobre o dia do jul-
Chave de Leitura: do, de salvar a humanidade. Coloque- gamento?
1. Por que Jesus manda ter cuidado mos o pouco que temos, o pouco que 2. Qual deve ser a atitude dos dis-
com os doutores e entendidos na Lei? sabemos, o pouco que somos a serviço cípulos?
2. O que Jesus destaca na atitude da da vida, e veremos que esta oferta será 3. O que este texto tem a dizer para
viúva pobre? grande como a oferta daquela viúva. nós, hoje?
3. O que este texto tem a dizer para
nós hoje? – O que mais nos chamou a atenção C. O que o texto diz para nós
no comentário acima? Jesus não chega a fazer previsões do
C. O que o texto diz para nós futuro, mas quer preparar seus discípu-
No texto, fica claro que a oferta da D. O que o texto nos faz dizer a Deus los, a comunidade, para uma vigilância
viúva vai na direção oposta à atitu- a) Senhor, ajudai-nos a ser mais doa- ativa. É preciso vigiar, estar preparado.
de arrogante e exploradora dos es- dos em nossa vida. Rezemos: Não é para assustar. Pelo contrário, o
cribas. Enquanto no cofre do Templo Todos: Ajudai-nos, Senhor! anúncio da intervenção salvífica de
muitos ricos depositavam muito di- b) Senhor, ajudai-nos a ser uma Igreja Deus só pode animar, encorajar e for-
nheiro, uma viúva depositou somen- mais fraterna e solidária a serviço da talecer a esperança. Jesus não marca a
te duas moedinhas, mas que era tudo vida e dos pobres. Rezemos. hora: “Quanto àquele dia ou hora, nin-
o que possuía. E Jesus conclui: “Ela guém tem conhecimento, nem os anjos
ofertou mais que todos, pois todos Outras preces espontâneas... do céu, nem mesmo o Filho. Só o Pai”.
puseram do que lhes sobrava; ela,
em sua pobreza, pôs tudo quanto ti- E. O que o texto sugere para hoje Todos: A certeza que vive em mim,
nha para viver”. – Nossa oferta está mais semelhante à dos / é que um dia, verei a Deus. / Con-
doutores da Lei ou à da viúva? Por quê? templá-lo com os olhos meus / é a fe-
Cantando: Sabes, Senhor, o que te- licidade sem fim.
mos é tão pouco pra dar, / mas este F. Tarefa concreta
pouco, nós queremos com os irmãos Descobrir os projetos sociais desen- É ainda comum ouvirmos pessoas
compartilhar. volvidos em nossa comunidade ou e pregadores dizendo que hoje está
paróquia e ver como é possível co-
laborar com eles.

Encerramento
Pai-Nosso e pedido de bênção a Deus.]

[ 34 • olutador [ novembro ] 2018

domingos 11, 18 e 25 de novembro...

acontecendo exatamente o que Jesus 3. mo sinal de vitória e de redenção
falou: guerras, pestes, terremotos, fo- Jesus, do mundo.
me etc., por isso Jesus estaria chegan- nosso Rei
do. Porém, o acento feito por Jesus no Cantando: Da nossa vida Ele é o Se-
Evangelho é uma admoestação à vi- Iniciando o encontro: nhor! (3x)
gilância quanto ao presente, quanto Canto de um refrão, invocação à Trin-
ao hoje da história. A palavra chave é dade, oração ao Espírito Santo. Jesus é a testemunha fiel da verda-
“vigiar”. Não se trata de acomodação, de, isto é, seu desígnio de salvação do
espera passiva, mas de engajamen- A. Situando o texto mundo. Veio revelar com a própria
to, atividade, exercício apostólico e Pilatos pergunta a Jesus se ele é vida o grande sacrifício da cruz, da
missionário, trabalho concreto pa- rei, e Jesus responde que seu rei- sua paixão e morte por amor, nessa
ra a realização do projeto de Deus. no não é deste mundo de injusti- mesma cruz pela qual Ele atrairá to-
Cantando: Eu vim para que todos ça, ódio, morte e dor. Ele é rei do dos ao seu coração. Tudo por amor,
tenham vida... Reino de seu Pai que, como pastor, fonte primeira de união com Deus,
guia a sua Igreja neste mundo para Ele desfaz as injustiças em liberda-
Ser vigilante é uma atitude básica pa- o reino celeste. Por isso, fazer par- de, tornando grande sacerdócio do
ra que nossa vida pessoal, familiar e te desse Reino é fazer comunhão povo santo de Deus em que cada um
social seja de fato melhor. Significa com Ele, transformar o mundo em se santifica no mundo. Ser cristão é
estar sempre atento para as escolhas que vivemos. Com calma e aten- construir o Reino de Cristo no mun-
que fazemos, para as decisões que ção, vamos ouvir o que o Senhor do através do serviço gratuito e fra-
tomamos, para o caminho que esta- nos vai falar. terno, humilde, deixando-se fazer a
mos trilhando. É como andar na noi- vontade do Pai.
te escura, mas com os faróis acesos, B. O que o texto diz em si?
com atenção redobrada. Nosso mun- – O que mais chamou a sua aten-
do, talvez mais do nunca, exige uma Ler na Bíblia: João 18,33-37. ção no texto bíblico e no comentá-
atitude de vigilância constante. O Se- rio acima?
nhor só quer nos ajudar e nos encora- Chave de Leitura:
jar. Confiança: Ele venceu o mundo, D. O que o texto
com Ele nós também venceremos. 1. O que Jesus responde a Pilatos so- nos faz dizer a Deus
bre o ser rei?
– O que mais chamou a sua atenção no a) Senhor, ajudai-nos a compreen-
texto bíblico e no comentário acima? 2. O que significa: “O meu reino não der a vossa realeza a serviço da vida
é deste mundo”? para todos. Rezemos:
D. O que o texto nos faz dizer a Deus
a) Senhor, fazei-nos sempre atentos C. O que o texto diz para nós Todos: Venha o vosso Reino, Senhor!
e vigilantes diante de cada situação Jesus Cristo é rei e pastor que nos
da vida. Rezemos: leva ao Reino de Deus, que nos ti- b) Senhor, que nós estejamos sem-
Todos: Senhor, mostrai-nos por on- ra das trevas do erro e do pecado, pre à procura de fazer a vossa von-
de seguir! que nos guia para a plena comu- tade. Rezemos
b) Senhor, que a luz da Palavra divi- nhão com o Pai pelo amor. Jesus
na ilumine os passos de nossa família nos aponta como “Caminho, Ver- (Outras preces espontâneas)
e de nossa comunidade. Rezemos. dade e Vida” (Jo 14, 6) para que
possamos imitá-lo mesmo dian- E. O que o texto sugere para hoje
(Outras preces espontâneas) te de nossas fraquezas e medos, – O que temos procurado mais: fa-
morrendo com Ele para partici- zer a nossa vontade ou a vontade de
E. O que o texto sugere para hoje parmos de sua vitória. Olhando Deus?
– Somos cristãos verdadeiramente o nosso mundo, vemos o sofri- Por quê?
vigilantes? Por quê? mento de tantos irmãos que tra-
zem consigo a cruz de Cristo, co- F. Tarefa concreta
F. Tarefa concreta Preparar bem a celebração da festa
Ver se existe alguma pessoa mais necessitada olutador [ novembro ] 2018 • 35 ] de Cristo Rei, dia do leigo.
na nossa vizinhança e procurar ajudá-la.
Encerramento: Pai-Nosso e pedi-
Encerramento do de bênção a Deus.]
Pai-Nosso e pedido de bênção a Deus.]

Homilética [ 08•12•2018 “Alegra-te,
cheia de graça!”

(Lc 1,28)

Solenidade da Imaculada Conceição
de Nossa Senhora

Leituras: Gn 3,9-15.20; Sl 97[98]; predestinação (vv. 8-10), a redenção (v. A 5ª e a 6ª bênçãos (vv.11-14) dizem
Ef 1,3-14; Lc 1,26-38 17), a recapitulação (vv. 8-10), a herança respeito aos judeus, que já tinham parte
(vv.11-12) e o Espírito Santo (vv.13-14). na herança divina e aos gentios que são
1.A descendência da mulher. A ser- incorporados ao povo de Deus e marca-
pente simboliza a autossuficiência hu- A 1ª e a 2ª bênçãos são a eleição e a dos pelo Espírito,garantia desta herança.
mana. O homem autossuficiente acha predestinação. Deus nos escolheu, an-
que não precisa dos outros nem de Deus. tes da criação do mundo, para sermos 3. A Palavra se faz carne. O anúncio
Ele se basta a si mesmo, ocupa assim o santos e sem defeitos no amor. Fomos evangélico de Gn 3,15 (1ª leitura) vai ser
lugar de Deus. No auge do seu orgulho, destinados a ser “filhos adotivos”: o Fi- plenamente revelado em Jesus Cristo.
despojado de toda a graça de Deus, o lho é sempre da mesma natureza do Pai. Também o mistério das bênçãos amo-
homem percebe que está nu, por isso se Assim é Jesus. rosas do Pai (2ª leitura) tem início com
esconde envergonhado e amedrontado. o sim da Imaculada Virgem Maria, co-
Mas nós não somos da mesma na- mo resposta anjo Gabriel. Em Jesus, o
Sua autossuficiência estraga as re- tureza de Deus. Deus é divino, nós so- Filho da Virgem Imaculada, o povo vai
lações com Deus e com o seu semelhan- mos humanos, mas Deus nos adotou ver realizadas suas esperanças. As bên-
te. Ignora a obediência e o serviço (vv. como filhos em Jesus Cristo, por isso çãos aconteceram e o Mistério do Rei-
10-11), por isso o homem acusa a mu- somos filhos adotivos. A finalidade é o no foi revelado sobre nós.
lher. A autossuficiência conduz à irres- “louvor e a glória da própria gratuida-
ponsabilidade. A mulher também não de da ação divina”. Maria não entende o que está acon-
assume sua responsabilidade e joga a tecendo, mas acolhe com o coração aber-
culpa na serpente. A 3ª bênção é a redenção, através to o mistério do amor de Deus. José não
do sangue de Cristo que nos liberta da tomará parte na gravidez de Maria, mas
Depois da maldição da autossufi- escravidão do pecado. assegurará legalmente a filiação davídica
ciência e do orgulho, fonte de todo peca- de Jesus, pois ele é descendente de Davi.
do, aparece no v. 15 o que os estudiosos A 4ª bênção é a realidade do pro-
chamam de protoevangelho – uma péro- jeto de Deus: “Fazer a unidade de to- Jesus é, assim, filho de Deus e filho
la do Segundo Testamento embutida das as coisas em Cristo, as que estão no de Maria. Não tem pai humano, apenas
no Primeiro. Uma anúncio evangélico céu, e as que estão sobre a terra”. Este é mãe. Para mostrar que para Deus nada é
antecipado: “Esta - a descendência da o mistério da vontade de Deus que, na impossível,o anjo revela a gravidez de Isa-
mulher, isto é Jesus - te ferirá a cabe- plenitude dos tempos, nos foi revelado bel,que era estéril e já estava no sexto mês.
ça e tu - a “serpente”- autossuficiência em Jesus Cristo.
humana - lhe ferirás o calcanhar”. Je- [ 36 • olutador [ novembro ] 2018 Maria diz sim.“Sim”significa crer;
sus (a descendência da mulher, Maria) crer significa confiar apesar da obscuri-
com seu mistério da encarnação, pai- dade.“É uma atitude que exige pobreza
xão, morte e ressurreição vence a ser- interior, desapego das próprias seguran-
pente, a autossuficiência humana e res- ças, liberdade para o novo e o inaudito.”
taura com sua graça a dignidade huma-
na perdida, sua imagem e semelhança No sim de Maria,nós a vemos como
com Deus, dando-lhe nova chance de modelo para todos os que creem.Ela está
habitar o paraíso perdido. É a Boa No- inteiramente a serviço da Palavra de Deus.
va do Reino. Podemos dizer a serviço da Palavra que
anuncia tempos novos,que gera uma socie-
2. Os filhos de Deus. Paulo compõe dade nova.Maria está a serviço da Palavra
um hino de louvor, composto de seis que se fez carne; está a serviço de Jesus.
bênçãos, se o prolongarmos até o ver-
sículo 14. Em síntese, o Pai nos aben- A novidade do Reino só acontece-
çoou em Cristo com a eleição (v. 4), a rá se nos colocarmos a serviço de Jesus.
Mais tarde, Maria vai nos revelar os se-
gredos do Reino: “Fazei tudo o que ele
vos disser!”(cf. Jo 2,5).]

Homilética [ 09•12•2018 “Preparai
os caminhos
do Senhor.”

Leituras da semana (Lc 3,4)

[dia 10: Is 35,1-10; Sl 84[85],9ab-14; Lc 5,17-26
[dia 11: Is 40,1-11; Sl 95[96],1-3.10ac.11-13; Mt 18,12-14
2º Domingo [dia 12: Gl 4,4-7; Sl 95[96],1-2a.2b-3.10; Lc 1,39-47
do Advento [dia 13: Is 41,13-20; Sl 144[145],1.9-13ab; Mt 11,11-15
[dia 14: Is 48,17-19; Sl 1,1-4.6; Mt 11,16-19
[dia 15: Eclo 48,1-4.9-11; Sl 79[80],2ac.3b.15-16.18-19; Mt 17,10-13

Leituras: Br 5,1-9; Sl 125[126]; 2. Deus não nos abandona. Paulo não Lucas se inicia com o caminho de Jesus
Fl 1,4-6.8-11; Lc 3,1-6 pode lembrar-se da comunidade sem (Evangelho) e continua com o caminho
agradecer a Deus. Filipos é a menina dos das comunidades (Atos dos Apóstolos).
1. Deus é fiel. Os habitantes de Judá olhos de Paulo, ela sempre correspon-
e Jerusalém foram exilados para a Ba- deu em tudo ao esforço evangelizador Lucas vai mostrar que a atividade de
bilônia.Teria Deus abandonado defi- do apóstolo e sempre o socorreu em suas Jesus se situa dentro da história, mas o
nitivamente seu povo, sua esposa, seus necessidades. É uma comunidade parti- caminho da salvação que Jesus traz não
filhos? É claro que não. Deus continua cipativa que está sempre na vida de Paulo. passa pela história oficial, que não salva,
fiel às suas promessas. O que aconteceu mas condena; não liberta, mas oprime.
foi culpa do povo.“Se houver arrependi- Paulo carrega esta comunidade den-
mento e conversão, poderão confiar no tro do seu coração. Ele reza por sua per- Os sumos sacerdotes eram Anás e
perdão divino: serão reunidos de novo severança, na certeza de que Deus não Caifás. Apesar de ter perdido o poder,
em Jerusalém, que é para sempre a ci- abandona seus filhos, continua agindo Anás continuava com grande prestígio
dade de Deus.” no coração de cada um deles. Paulo só e influência. Estas são as lideranças re-
faz um pedido: o crescimento contí- ligiosas com as quais Jesus convive e as
Quais são os sinais de esperança na nuo do amor, um amor perspicaz, sen- quais Jesus enfrenta antes da sua morte.
misericórdia do Deus libertador? sível, capaz de discernir o que é melhor Também João, o Precursor, teve que en-
para todos. frentá-las. São lideranças que oprimem
- A troca da roupa de luto pelo re- o povo, abafam a voz dos seus líderes
vestimento da glória de Deus. Mudar Paulo quer que a comunidade se e os conduzem à morte (cf. 3,20; 9,9).
de roupa é símbolo de libertação. conserve íntegra e inocente. Só assim
a comunidade aparecerá como árvore João recebe a Palavra de Deus no
- Vestir o manto da justiça, que im- frondosa repleta de frutos de justiça. deserto. O deserto relembra a passagem
plica a reabilitação do povo, sua con- Esses frutos brotam da seiva que corre da opressão egípcia para a libertação. O
versão e sua confiança na misericórdia do tronco da videira que é Jesus Cristo. povo de Deus é chamado novamente a
do Deus dos oprimidos. uma nova vida. João de fato prega um
3. Preparai o caminho! Para falar da batismo de conversão para o perdão dos
- A coroa de glória na cabeça, que missão de Jesus, São Lucas começa fa- pecados. A história oficial é uma his-
significa o restabelecimento do esplen- lando da missão de João. Quando esta tória de pecado, mesmo a história re-
dor de Jerusalém diante das nações. termina (cf. 3,20; 16,16), começa a mis- ligiosa, pois as lideranças estão a ser-
são de Jesus. A história da salvação em viço do poder e não a serviço do povo.
- Um nome para sempre, uma nova
identidade fundada na justiça e na paz. olutador [ novembro ] 2018 • 37 ] João prepara o povo para se afastar
do regime opressor e assumir uma vida
- O fato de Jerusalém já poder con- nova com aquele que está chegando. Ele
templar seus filhos voltando não mais veio exatamente para preparar os cami-
na humilhação (= a pé) como partiram, nhos de Jesus. A voz de João é um eco
mas com triunfo numa carruagem real. da voz do profeta Isaías (40,3-5). Co-
mo o profeta anunciava o fim do exílio
- O fato de Deus mandar aplai- e o início da libertação, também João
nar os caminhos para o retorno festivo anuncia o fim da “história oficial”com
de Israel, para que seu povo volte em seus caminhos tortuosos, suas monta-
segurança, guiado pela própria glória nhas de violência, opressão e crimes, vi-
de Deus. das vazias de justiça e de Deus.

Tudo isto, porque Deus é miste- Agora está chegando um novo so-
rioso. A mensagem que tiramos de tu- berano que iniciará uma nova história
do isso é esta: a misericórdia de Deus, de justiça, de paz, de amor. Ele trará
nosso Pai, é maior que todas as crises e a salvação de Deus não apenas para o
tragédias humanas. povo judeu, mas para todos os povos.]

Relembre alguns sinais da miseri-
córdia do Pai em sua vida, na vida da
Igreja e na vida da comunidade.

Homilética [ 16•12•2018 “Virá aquele
que é mais forte

do que eu.”

Leituras da semana (Lc 3,16)

[dia 17: Gn 49,2.8-10; Sl 71[72],1-2.3-4ab.7-8.17; Mt 1,1-17
[dia 18: Jr 23,5-8; Sl 71[72],1-2.12-13.18-19; Mt 1,18-24
[dia 19: Jz 13,2-7.24-25a; Sl 70[71],3-4a.5-6ab.16-17; Lc 1,5-25
3º Domingo [dia 20: Is 7,10-14; Sl 23[24],1-6; Lc 1,26-38
do Advento [dia 21: Ct 2,8-14 ou Sf 3,14-18a; Sl 32[33],2-3.11-12.20-21; Lc 1,39-45
[dia 22: 1Sm 1,24-28; (Sl) 1Sm 2,1.4-7abcd; Lc 1,46-56

Leituras: Sf 3,14-18a; os momentos de tensão! A Deus devem aprender a partilhar, começará a vislum-
(Sl) Is 12,3-6; Fl 4,4-7; Lc 3,10-18 ser apresentadas todas as necessidades da brar a salvação.
comunidade.Toda a vida da comunidade
1.As duas alegrias. Este oráculo é men- deve transformar-se numa ação de gra- João não fala de esmola, mas de par-
sagem de otimismo, alegria e esperança ças. O importante é a paz de Deus obti- tilha. 99% dos católicos apenas sabem dar
para o pequeno e sofrido resto do povo da pela salvação em Jesus Cristo. Este é esmolas. A mesma esmola que ele dá na
que ficou em Judá. Os versículos de hoje o fundamento da alegria cristã. porta de sua casa, ele tem coragem de
são um grito de alegria e exultação, um dar na coleta da Igreja, e coisa parecida
convite para a festa.Vamos celebrar com Como vão a alegria,a paz e a oração em ele ousa dar de dízimo. No v. 11, a pro-
júbilo, dançar com alegria; aliás, o pró- nossa comunidade? Lembrem-se: o Príncipe posta da partilha.
prio Deus dança de alegria. Alegre-se, fi- da Paz já está procurando em nossos cora-
lha de Jerusalém! ções um cantinho para renascer,neste Natal. Os cobradores de impostos eram ex-
3. Que devemos fazer? Vemos a ativi- ploradores do povo, cobravam além da ta-
Mas alegrar-se por quê? Porque Javé dade evangelizadora de João. Ele prega xa estabelecida. João propõe honestidade
mudou a sentença de castigo contra vo- através da técnica do diálogo, com per- e justiça: só devem cobrar a taxa estabe-
cê, ele eliminou o inimigo que oprimia guntas e respostas. lecida. Isto serve de modo especial para
você. Ele agora está do seu lado, está no aqueles que querem ganhar a vida e en-
seu meio, ele é o seu rei. Ele mesmo vai Temos três grupos diferentes: multi- riquecer desonestamente, explorando o
governar você. Coragem! Javé é Liberta- dões, quer dizer, um grupo generalizado, povo: políticos, industriais, patrões etc.
dor. Não tenha medo! cobradores de impostos (= publicanos) e
Os soldados, a serviço do governa-
O curioso no texto é que a alegria é soldados. O fundamental é um esquema dor, ajudavam os cobradores a explorar o
bilateral.Também Javé está exultante de novo de viver, um novo modo de se re- povo com intimidações, falsas acusações
alegria. Javé agora está todo feliz por cau- lacionar com os irmãos. Por isso a per- e violência. O recado de João é que aca-
sa de você e renova seu amor por você. Ele gunta é a mesma para todos: “O que de- bem com o abuso de poder. Devem evitar
vive dias de festa e dança de alegria por vemos fazer?” a violência, falsas acusações, e ficar con-
sua causa. Deus é sempre força liberta- tentes com seu salário.
dora e motivo de alegria para nós. Será Em resposta, devemos partilhar o que
que reconhecemos e tentamos retribuir? temos.Todo cristão deve fundamentar sua No caso da violência, o texto é dire-
vida na partilha (cf. At 2,44-45), pondo to para a classe militar, que acha que sua
2. O Senhor está próximo. O v.2 re- seus bens em comum. Rico não se salva função é bater e exibir violência. A cri-
trata um problema na comunidade de Fi- porque não sabe partilhar. No dia em que minalidade diminuiria muito se os sol-
lipos. Duas senhoras distintas e piedosas [ 38 • olutador [ novembro ] 2018 dados fossem cristãos de verdade. Com
causaram certo escândalo por causa de de- relação ao abuso do poder, de modo ge-
sentendimentos.Paulo quer que elas façam ral, o texto é direto para toda a classe po-
as pazes e pede a Sízigo que dê uma força lítica e servidores públicos, que servem
a elas, afinal são “gente fina”, prestativas: mais a si que ao povo. O texto serve tam-
“Seus nomes estão no livro da vida”(v. 3). bém para os agentes de pastoral em todos
os níveis, que não descobriram ainda que
A comunidade de Filipos tem qua- o núcleo do ser cristão é estar a serviço, e
lidades e isto não vai prejudicar a alegria não ser servido.
que lhe é própria. A tônica da carta é a
alegria contagiante da comunidade. Paulo João esclarece a dúvida do povo, di-
renova o convite à alegria no Senhor. Os zendo que ele não é o Messias, mas ape-
filipenses são bons e alegres. O apóstolo nas prepara a chegada do Messias. Ele
deseja que a bondade deles seja notada mostra, com toda humildade, as carac-
por todos, sirva de propaganda para a fé. terísticas do Messias:
Vale a pena sacrificar-se e ser bom, pois
o Senhor está próximo. A comunidade - É mais forte e mais digno que João.
pode ficar sem inquietações. - Ele vai batizar com o Espírito San-
to e com fogo (alusão ao Pentecostes).
A oração seja um momento forte pa- - Ele vai exercer o julgamento, lim-
ra a busca do equilíbrio e de remédio para par a eira, recolher o trigo, limpar a palha.
Diante do anúncio de João, como vo-
cê deve preparar-se para o Natal?]

“Como posso merecer
Homilética [ 23•12•2018 que Mãe do meu
Senhor me venha
visitar?”

Leituras da semana (Lc 1,43)

dia 24: 2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16; Sl 88[89],2-5.27.29; Lc 1,67-79
dia 25: Is 9,1-6; Sl 95[96],1-3.11-13; Tt 2,11-14; Lc 2,1-14
4º Domingo dia 26: At 6,8-10; 7,54-59; Sl 30[31],3cd-4.6.8ab.16bc.17; Mt 10,17-22
do Advento
dia 27: 1Jo 1,1-4; Sl 96[97],1-2.5-6.11-12; Jo 20,2-8
dia 28: 1Jo 1,5 – 2,2; Sl 123[124],2-5.7b-8; Mt 2,13-18
dia 29: 1Jo 2,3-11; Sl 95[96],1-2a.2b-3.5b-6; Lc 2,22-35

Leituras: Mq 5,1-4a; Sl 79[80]; - Tudo aponta para o novo rei-mes- tal para fazer a sua vontade: “Aqui estou,
Hb 10,5-10; Lc 1,39-45 sias que se realiza na pessoa de Jesus. Senhor, para fazer a tua vontade”.
2.“Tu me formaste um corpo.” O tre-
1. O Deus-conosco. O profeta Miquéias cho retorna à ideia central da Carta aos É isto que acontece com Jesus. Ele
é contemporâneo do profeta Isaías. A si- Hebreus, que é apresentar Jesus como superou totalmente a lei suprimindo o
tuação política era de corrupção dos líderes; único mediador entre Deus e os ho- primeiro culto, baseado em prescrições
a situação religiosa se caracterizava pela mens. Através do seu sacrifício, ele su- legais, e estabelecendo o segundo culto,
idolatria e, socialmente, a pobreza aumen- pera a instituição cultual do Primei- fundamentado na gratuidade da sua doa-
tava. Além de tudo isso, ainda havia uma ro Testamento, supera e substitui to- ção total: “Eis-me aqui para fazer a tua
ameaça de invasão às portas de Jerusalém. dos os sacrifícios, supera e substitui vontade”. Realizando a vontade do Pai,
a instituição sacerdotal. Ele se torna Jesus nos santifica através de seu sacrifí-
Mas é provável que este oráculo se- sacrifício, altar e cordeiro. É o úni- cio na cruz realizado uma vez por todas.
ja um acréscimo posterior ao profeta. É co sacerdote mediador entre Deus e
um oráculo essencialmente voltado pa- os homens. Qual é o papel de Jesus na sua salva-
ra o Messias que deveria chegar. Ele traz ção? Você tem coragem de dizer e assu-
as marcas da pregação do futuro Messias Qual a novidade do trecho de hoje? mir esta frase: “Eis-me aqui, Senhor, pa-
com a inversão de valores estabelecidos, Ele mostra a novidade do único sacrifício ra fazer a tua vontade”?
mostrando que a salvação vem dos pe-
quenos, vem do povo das periferias, não de Jesus. Os sacrifícios antigos não agra- 3. O fruto de teu ventre. Estamos no cha-
dos grandes centros da capital. davam a Deus e não eram capazes de per- mado “Evangelho da infância”, que ocu-
doar os pecados do povo. Por isso, Deus pa os dois primeiros capítulos do Evan-
O chefe de Israel virá da humilde Be- dá um corpo para o sacrifício de expia- gelho de Lucas. A intenção não é histó-
lém,não da orgulhosa Jerusalém.Belém é a ção dos pecados. O autor cita o Sl 40,6-8, rica, mas teológica. Nosso texto fala da
cidade de Davi,rei-pastor.Isto significa que onde o salmista louva a Deus pelas suas visita de Maria a Isabel.
o chefe de Israel não terá as características intervenções libertadoras e agradece não
dos antigos opressores do povo,mas será um através de sacrifícios, que não agradam a Cheia de Deus, Maria se apressa a
rei pastor que dará a vida por suas ovelhas. Deus, mas através da disponibilidade to- servir os necessitados, nesse caso, sua pa-
olutador [ novembro ] 2018 • 39 ] renta Isabel, que estava grávida de seis me-
O v. 2 faz alusão ao oráculo messiâni- ses. Esta caridade que o Espírito de Deus
co de Is 7,14, onde se diz que uma jovem -amor provoca em Maria agita a crian-
conceberá e dará à luz um filho, e seu no- ça no seio de Isabel, e de novo o Espírito
me será Emanuel - Deus conosco. Alude Santo entra em ação e produz em Isabel
também ao retorno do povo que estava revelações maravilhosas sobre Maria. Pa-
exilado na Babilônia. Tudo isto aponta rece ser o Espírito Santo responsável por
para tempos novos para o povo de Deus. estes encontros de amor.

Quais são, em síntese, as característi- No fundo, temos o encontro de duas
cas desse novo governo e desse novo rei? mães agraciadas por Deus: Maria “mãe vir-
gem”e Isabel “mãe estéril”.Temos também
- Ele não vai governar com a força o encontro velado de dois filhos benditos:
opressora dos exércitos, nem através de o Precursor João Batista e o Salvador Jesus.
mentira e falsidade, mas com a força de
Javé, com a majestade de seu nome. As palavras inspiradas de Maria são tão
bonitas,que a Igreja as ajuntou às do anjo Ga-
- Será um governo tranquilo e segu- briel e compôs a Ave-Maria para que todas
ro, pois estenderá seu poder até às extre- as gerações,ao menos de católicos,pudessem
midades da terra. louvar a Maria (cf.48b).Maria é louvável
por ser Mãe de Nosso Senhor e,sobretudo,
- Ele próprio será a paz (shalom). Es- porque acreditou que todas estas maravi-
te shalom significa tudo de que o povo lhas que Deus prometeu iriam acontecer.]
precisa, segurança, tranquilidade e ple-
nitude de vida.

Homilética [ 25•12•2018 “Hoje nasceu
para vós
Natal do Senhor
o Salvador,
que é Cristo,

o Senhor!”

(Lc 2,11)

Leituras: Is 9,1-6; Sl 95[96]; O v. 14 testemunha a fé dos pri- dade. Foi colocado num cocho de ani-
Tt 2,11-14; Lc 2,1-14 meiros cristãos na divindade de Jesus. mais, pois não havia lugar para a famí-
Aqui temos as seguintes consequên- lia de Nazaré na casa dos parentes em
1. O reino de paz. O texto do profe- cias da afirmação central da morte de Belém.Tudo isso indica que Jesus nas-
ta faz referência aos territórios de Za- Jesus na cruz: ceu na pobreza extrema para se iden-
bulão e Neftali como um povo que an- tificar e salvar os mais marginalizados.
dava nas trevas, porque tinha sido in- - Ele quis resgatar-nos de toda ini- Além disso, a rejeição dos homens já
vadido pela Assíria. Seu anúncio é de quidade. está retroprojetada no seu nascimento.
esperança, de libertação, carregado de
alegrias messiânicas. A libertação se dá - Ele quis purificar um povo que Lucas, certamente, quer fazer alu-
em três momentos: lhe pertence. são ao abandono total com que Jesus
sozinho enfrentou a morte para a sal-
- 1º: um clarão de luz. O povo en- - Ele quer que sejamos zelosos nas vação de todos. Compare, p. ex., 2,7a:
volto nas trevas da opressão vê uma boas obras. “Ela deu à luz o seu filho primogênito,
grande luz de libertação, iluminando envolveu-o em faixas e deitou-o numa
seu caminho. As duas primeiras já foram feitas manjedoura”, e 23,53: [ José de Arima-
por Jesus Cristo em nosso favor, mas teia] “desceu o corpo da cruz, enrolou
- 2º: a paz e a alegria de libertação a terceira depende de nós que, como -o num lençol e colocou-o num túmulo
se aproximam. A alegria é comparada discípulos missionários, devemos de- escavado na rocha, onde ninguém ain-
com o momento da colheita e a parti- dicar-nos à prática da justiça e à práti- da tinha sido sepultado”.
lha dos despojos de guerra. O povo vê ca do bem. Como encaramos o aspec-
quebrada a causa da opressão, a vara Aqui é preciso observar que os ca-
das flagelações e o bastão do capataz. to da ruptura e o aspecto construtivo? minhos de Deus são diferentes dos ca-
minhos dos homens. Deus quer salvar
- 3º: o nascimento do menino-rei. 3. O sinal do Menino. Os capítulos 1 e os homens não a partir dos grandes e
Ele se reveste de um manto real, portan- 2 de Lucas são uma releitura dos acon- poderosos, mas a partir dos pequenos
to trata-se de um rei. Seus quatro nomes tecimentos da infância de Jesus à luz de e marginalizados. Deus exalta os hu-
dizem tudo, são um acúmulo de espe- sua morte e ressurreição. mildes e abate os poderosos.
rança e otimismo: Conselheiro Mara-
vilhoso, Deus Forte, Pai para sempre e O nascimento acontece em Belém, Quem anuncia a Boa Notícia do
Príncipe da Paz. O domínio do grande na cidade do rei-pastor. Maria dá à luz nascimento do Salvador? Os anjos de
rei será amplo e seu reino não terá fim. Jesus,seu filho primogênito.É bom lem- Deus. A quem? Aos pobres e margi-
Seu governo será assegurado pelo zelo brar que o primeiro filho tem prerro- nalizados pastores de Belém. Estes
de Javé dos exércitos. Um Reino com gativas especiais e, então, é chamado marginalizados são envolvidos com
todas essas características só pode rea- de “primogênito”mesmo se a mãe não a luz de Deus. A alegria deve se es-
lizar-se plenamente em Jesus Cristo. tem outros filhos. Dizer que Maria teve tender a todo o povo. Mas o Messias
outros filhos, pois do contrário não se nasce para os pastores (v. 1). Eles de-
2. A salvação em Cristo. A Carta de chamaria Jesus de primogênito, é des- vem levar esse evangelho (= boa no-
Tito recorda aos cristãos que a salvação conhecer o costume da época. tícia) a todo o povo.
foi trazida por Cristo.Traça as grandes
linhas de comportamento para a vida Jesus nasce pobre, numa pequena Qual o grande sinal de Deus? Um
particular e social e a organização das cidade da periferia, e na periferia da ci- recém-nascido envolto em faixas e dei-
Igrejas. O centro da Carta é a sã doutri- [ 40 • olutador [ novembro ] 2018 tado numa manjedoura. Jesus nasce co-
na, isto é, a vontade salvadora de Deus mo empobrecido, migrante, marginali-
e a salvação gratuita trazida por Cristo. zado. São os caminhos de Deus.
“Tudo está voltado para o esplendor da
glória de Jesus, por ocasião de sua se- Com grande alegria, uma multidão
gunda vinda”. de anjos do exército celeste dá glória a
Deus pelo seu grande desígnio de amor
pelos homens e deseja paz na terra.]

Mensagens [ OANJO do Senhor anunciou na véspera…
O coração de El Salvador marcava
Poema para novembro 24 de março e de agonia
Tu ofertavas o Pão,
Dom Pedro Casaldáliga O Corpo Vivo
Bispo de São Félix – o triturado Corpo de teu Povo:
do Araguaia, MT Seu derramado Sangue vitoriosa
(1980) – O sangue “campesino” de teu Povo em massacre
que há de tingir em vinhos e alegria a Aurora conjurada!
da ARmomérSeiãcrooa O anjo do Senhor anunciou na véspera
e o verbo se fez morte, outra vez, em tua morte.
pastor Como se faz morte, cada dia, na carne desnuda de teu Povo.
e mártir E se fez vida Nova
Em nossa velha Igreja!
Estamos outra vez em pé de Testemunho,
São Romero de América, pastor e mártir nosso!
Romero de uma Paz quase impossível, nesta Terra em guerra.
Romero em roxa flor morada
da Esperança incólume de todo Continente
Romero desta Páscoa latino-americana.
Pobre pastor glorioso,
assassinado a soldo,
a dólar
a divisa.
Como Jesus, por ordem de Império.
Pobre pastor glorioso,
abandonado
por teus próprios irmãos de Báculo e de Mesa.
(As Cúrias não podiam entender-te:
Nenhuma Sinagoga bem montada pode entender a Cristo)
Tua pobreza sim te acompanha,
em desespero fiel,
pastor e rebanho, a um tempo, de tua missão profética.
O Povo te fez santo.
A hora do teu Povo te consagrou no “Kairós”.
Os Pobres te ensinaram a ler o Evangelho.
Como um Irmão
ferido
por tanta morte irmã,
tu sabias chorar, a sós, no Horto.
Sabias ter medo, como um homem em combate.
Porém sabias dar a tua palavra,
livre,
o seu timbre de sino.
E soubeste beber
O duplo cálice
do Altar e do Povo
com essa mesma mão consagrada ao Serviço.
América Latina já te elevou à glória de Bernini
– na espuma-auréola de seus mares,
no retábulo antigo de seus Andes,
no dossel irado de todas suas florestas,
na cantiga de todos seus caminhos,
no calvário novo de todos os seus cárceres,
de todas suas trincheiras
de todos seus altares…
na ara garantida do coração insone de seus filhos!
São Romero de América, pastor e mártir nosso,
ninguém
há de calar
tua última Homilia!]

olutador [ novembro ] 2018 • 41 ]

Variedades [ Culinária & Dicas de português
[ Não Tropece na Língua

[ CONCORDÂNCIA: UM SUBSTANTIVO COM DOIS ADJETIVOS

Escalopinhos – Está certa a concordância do – Os setores leste e oeste foram os
com maçãs substantivo com os adjetivos na mais afetados em nossa cidade.
frase:...âmbito de competência dos
Ingredientes recursos especial e extraordiná- – A decisão que puniu o servidor
rio...? Desde já agradeço. deverá ser mantida graças à autonomia
½ kg de filé mignon; 4 colheres das instâncias penal e administrativa.
(sopa) de margarina; 2 maçãs (N.R. BRASÍLIA, DF)
ácidas fatiadas; ½ copo de vi- – Encontram-se fissuras nos lados
nho tinto; sal, a gosto; farinha Trata-se de mais um caso, bastante es- direito e esquerdo do edifício.
de trigo e queijo parmesão ra- pecial, de concordância nominal: te-
lado, o necessário. mos aqui um substantivo [recurso] e – As cláusulas resolutivas expressa
dois adjetivos [especial e extraordiná- e tácita operam de pleno direito.
Modo de fazer rio]. Isso em si não é nada excepcional,
pois a toda hora falamos, por exemplo: – Os filhos da embaixatriz estuda-
Cortar a carne em escalopes re- ram as línguas francesa, inglesa e alemã.
dondos, salgar e passar na fari- – jantar fino e gostoso (singular)
nha de trigo. Fritar os escalo- – pessoa amável e correta (singular) OUTRAS POSSIBILIDADES
pinhos na margarina e reservá – pessoas amáveis e corretas (plural) Na ocorrência de um substantivo e
-los em um pirex. Na gordura da – resultados negativos e positivos mais de um adjetivo, também se po-
fritura, juntar o vinho e deixar (plural). de fazer a concordância de duas ou-
ferver um pouco. Despejar es- tras maneiras:
se molho por cima dos escalo- A diferença, no caso da consulta, é que o
pinhos, cobrir com as fatias de substantivo está no plural e os dois adje- I – Substantivo no singular e repe-
maçãs, polvilhar com o queijo tivos no singular. Por que é que não se diz tição do artigo:
parmesão ralado e levar ao for- “recursos especiais e extraordinários?”
no, apenas para gratinar..] Porque desse modo se passaria a ideia – Os falsos piratas derrotaram a es-
de que todos os recursos (em discussão quadra brasileira e a argentina.
Do livro naquele momento) seriam especiais e
extraordinários, quando o que se quer – Dê o valor absoluto e o relativo
“Cozinhando sem Mistério”, transmitir é que há dois tipos de recur- dos algarismos.
so: um especial e um extraordinário.
de Léa Raemy Rangel – Eles estudaram a língua france-
& Pelas regras de concordância no- sa, a inglesa e a alemã.
minal, quando se tem um substanti-
Maria Helena M. de Noronha vo com mais de um adjetivo, tanto é II - Substantivo e adjetivos no sin-
Ed. O Lutador, Belo Horizonte, MG possível deixar os adjetivos no singu- gular:
lar quanto levá-los para o plural. Não é
Pedidos uma questão de certo ou errado dizer – Todos os conflitos devem ser re-
0800-940-2377 “os setores direitos e esquerdos” ou “os solvidos na esfera municipal e estadual.
livraria.olutador.org.br setores direito e esquerdo”, por exemplo.
Ambas as formas são gramaticalmen- – O cunho religioso e político da-
assinaturas@olutador.org.br te válidas. Mas quando se quer deixar do ao seu pronunciamento desagra-
claro, sem sombra de dúvida, que se dou a muitos.
está falando de duas coisas distintas
(ou seja, a soma de um singular mais – Assuntos envolvendo corrupção
um singular) usa-se a fórmula substan- seriam tratados no âmbito federal e es-
tivo no plural e adjetivos no singular, tadual, assegurou o senador.
ou até mesmo um adjetivo no singu-
lar e um no plural, quando for o caso, – Queriam informação sobre a sua
como abaixo se exemplifica: experiência acadêmica e profissional.

– Dê os valores absoluto e relativo Não há necessidade de dizer “os
dos algarismos. cunhos religioso e político” ou “nos âm-
bitos federal e estadual”. O substanti-
– O convênio será firmado com os vo no singular neste caso soa melhor.
governos federal e estaduais. Contudo, deve-se utilizar o plural sem-
pre que possa haver ambiguidade ou
margem a dúvidas e equívocos. Se se
dissesse, por exemplo, “derrotaram a
esquadra brasileira e argentina”, certa-
mente se poderia pensar que se falava
de uma só esquadra, formada tanto por
brasileiros como por argentinos. Não
se tratando de futebol, é até possível...]

[ 42 • olutador [ novembro ] 2018

eClasercllnouaa?-- Mundo [ Desintoxicação...

Não é de hoje que a presença timular experiências como os dita- atrás de um olho, a culpa pode es-
de celulares em sala de aula dos via tweeter. Certos alunos utili- tar no uso indevido do smartphone.
vem criando problemas em zam o celular como um meio de es-
todo o mundo. A França aca- tar ausente, mesmo estando fisica- Especialistas dizem que são ca-
ba de proibi-los. mente presentes, mas contentar-se da vez mais comuns os casos de ‘text
em dizê-lo é fazer economia de uma neck’ – ‘pescoço de texto’ em tradu-
DESDE o dia 30 de julho, o reflexão sobre o sistema educativo”. ção livre –, dores na cabeça ligadas a
Parlamento francês apro- tensões na nuca e no pescoço, cau-
vou o projeto de lei que in- Outras vozes se situam no polo sadas pelo tempo inclinado em uma
terdita a utilização de apa- oposto e aprovam a proibição. O se- posição indevida para visualizar a te-
relhos celulares durante as aulas. E as nador Stéphane Piednoir, autor do la do celular. Segundo a fisioterapeu-
razões são óbvias. Um critério básico projeto, entende que a utilização sem ta Priya Dasoju, o ‘pescoço de texto’
da transmissão de conhecimentos é normas dos celulares encoraja o bul- também pode levar a dores no bra-
o “foco”, e os celulares criam focos al- ling on-line e a exposição à porno- ço e no ombro.”
ternativos que competem com o fo- grafia, além do fechamento dos jo-
co principal em sala de aula. vens sobre si mesmos, tanto no liceu Os nervos occipitais emergem da
quanto no colégio. coluna vertebral na parte de trás do
Os liceus franceses continuam seu pescoço e se ramificam ao longo
livres para adotar, ou não, a medi- Dependência do celular de todo o seu couro cabeludo. De acor-
da, mas as escolas primárias e ma- É claro que o problema não é exclusi- do com a Dra. Myrna Cardiel, da Uni-
ternais devem observar a interdição. vamente da França e de outros países versidade de Nova Iorque, nos EUA,
É natural que o assunto cause polê- europeus. Mesmo no Brasil, já funcio- a neuralgia occipital é uma condição
mica, pois 86% dos jovens entre 12 nam clínicas para “desintoxicação” que acontece quando a base desses
e 17 anos possuem um smartphone dos celulares e da Internet em geral. nervos se tornam comprimidas ou
na França. Só cabem exceções para Alguns especialistas têm advertido danificadas.
estudantes com deficiências ou pro- para problemas neurológicos causa-
blemas de saúde. dos pelo uso intensivo dos celulares. Isso resulta em uma dor crôni-
ca muito chata, que muitas vezes dá
Também entre os educadores há Matéria publicada no site da BBC uma sensação de queimação na ca-
resistências à lei. Carla Dugault, vice News, já em junho de 2015, comenta- beça, na parte traseira ou na lateral.
-presidente da Federação dos Conse- va: “Se você sente constantes dores
lhos de Pais de Alunos, lamenta que a de cabeça, um couro cabeludo extre- Se a França cumprir a nova lei,
decisão “não comporte nenhum ob- mamente sensível ou um incômodo talvez os jovens tenham menos dor
jetivo pedagógico”. Por outro lado, a de cabeça...]
nova proibição poderá ser tempora- olutador [ novembro ] 2018 • 43 ]
riamente suspensa se os professores Fonte principal: La Croix
decidirem fazer uma “utilização pe-
dagógica” dos aparelhos com sua co-
nexão à Internet.

Para Michael Stora, psicólogo e
psicanalista, as telinhas deviam ser
aliados: “ao proibir o telefone celu-
lar, faz-se dele um inimigo da causa
educativa. Ao contrário, devia-se es-

Sociedade [ Futuro...

ROBSON RIBEIRO DE OLIVEIRA CASTRO*

De que Brasil
nós precisamos?

AO RESPONDER na mídia a sejavam para o Brasil, respondendo ção, criando espaços para produção
uma pergunta lançada em à seguinte pergunta: “De que Brasil coletiva através da expressão artís-
todos os meios de comuni- nós precisamos?”, como contraponto tica e da reflexão crítica acerca das
cação, homens e mulheres à ideia individual de pensar em um questões vivenciadas na sociedade.
se propuseram a buscar um contex- país só para si e seu grupo.
to para analisar o que era necessário A convocação para esta atividade
para “o Brasil que eu quero”. Esta fra- Axé Criança veio como um clamor para a mudan-
se iniciava o discurso de milhares de O grupo Axé Criança, oriundo da Pas- ça necessária na nossa nação. É im-
pessoas, de todos os lugares do Brasil, toral Afro-brasileira daquela comu- prescindível que as lideranças, políti-
enviando seus vídeos para responder nidade, contribui há 21 anos para que cas, religiosas e comunitárias olhem
a uma simples pergunta: “Que Brasil crianças, adolescentes, jovens e suas pelas minorias. Não existe nada que
você quer para o futuro?” famílias exerçam sua cidadania atra- se faça neste mundo sem olhar pelas
vés de atividades que valorizem a cul- minorias. Os menores, aqueles fra-
Ao tentar propor uma nova dis- tura afro-brasileira, desenvolvendo a gilizados, estão constantemente nas
cussão, um grupo da periferia de Juiz autoestima, promovendo ações que páginas da Sagrada Escritura.
de Fora, MG, convidou as novas ge- favoreçam o crescimento e capacita-
rações para expressarem o que de- Em meio a desenhos, os par-
ticipantes se preocuparam em es-

[ 44 • olutador [ novembro ] 2018

crever aquilo que têm observado na Hoje os adolescentes encaram Esta frase de Jesus é uma página
sua realidade e no contexto social aquele que é diferente com natura- que, de forma sintética e bem resumi-
vivido. O campeão nas respostas foi lidade, aceitam muito mais do que da, nos apresenta toda a mensagem
o termo “mais emprego”, possivel- os jovens, e estão dispostos a acolher do Evangelho, salientando o que ele
mente em decorrência da realida- a todos e todas com suas diferenças afirma sobre o homem e o que pede
de e dos problemas sociais que as- e situações. a ele. O texto fala de quem tem fome
solam a sua vida. ou sede, de quem precisa de roupas
Neste período tão conturbado ou de moradia, do doente, do encar-
São diversas as respostas que con- vivido nas eleições presidenciais cerado, mas não é difícil estender a
vergem para o mesmo ideal, e todas, de 2018, os adolescentes se preocu- lista a milhões de indigentes e de so-
sem exceção, desejam que o Brasil param, com seriedade, em escolher fredores que no mundo imploram,
seja um país com mais amor e que com cautela os candidatos. Um dos mesmo sem palavras, a nossa ajuda.
cultue a paz para com o nosso seme- que colaboraram para este debate
lhante. Outro ponto levantado são os afirmou que os políticos são falsos Em suma,
investimentos para a educação, base e que o atual presidente não ajuda as novas gerações,
para uma boa relação humana. Por em nada aos pobres. atentas às realidades
isso, atrelado à valorização da edu- e à diversidade,
cação, está o respeito pelo outro, um O termo “política” está presente desejam
dos pontos mais levantados. em todas as respostas. Atrelado a is- mais investimentos
so está o clamor pelo fim da corrup- na saúde e na
educação pública,
o fim da corrupção
e da hipocrisia.

Saber escolher ção, a punição para aqueles que des- Trata-se de erradicar em nossas re-
cumprem as leis e desviam verbas, e lações os sentimentos que dividem
É importante observar que entre os também a luta pela igualdade, res- e causam discórdia, como a inveja e
adolescentes há um respeito mui- peito e uma educação de qualidade. o egoísmo. Ajudar os mais necessi-
to maior do que em outras épocas, tados, como os moradores de rua e
isso é o reflexo da abertura para o Escutar as novas gerações pessoas que vivem em situação de
“novo”. As novas gerações se preo- Outro ponto levantado é a questão pobreza. Há uma esperança para o
cupam mais em lutar pelos seus di- dos problemas ambientais e o cui- Brasil: as crianças e adolescentes.
reitos e pela ascensão social, como dado com o planeta. Há um grande
disse um dos adolescentes: “o Bra- desrespeito pela criação de Deus; Esta análise nos apresenta a ne-
sil deve sair do subdesenvolvimen- nós deveríamos cuidar do mundo cessidade de rever nossas priorida-
to e ir para o grupo dos países de- que Deus nos deu, e não o devastar. des e escutar o clamor das novas ge-
senvolvidos”. O respeito e a empatia pelo próximo rações, para que possamos cumprir
passam diretamente pela formação o maior de todos os mandamentos:
Mesmo sem entender direta- político-social que a pessoa recebe; “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o
mente o que é ser subdesenvolvido assim, nesse grupo é visível o desejo seu coração, de toda a sua alma, de
e desenvolvido, ele tem em men- de ver uma mudança da realidade, todo o seu entendimento e de todas
te a necessidade de uma melhoria a atenção das autoridades e, princi- as suas forças”. O segundo é este: “Ame
para que todos tenham condições palmente, fazer valer o que prega ao o seu próximo como a si mesmo”. (Mc
de crescer, além desse mesmo jo- Evangelho: “O que fizestes a um dos 12,28-34.)
vem, futuro eleitor do nosso país, menores destes meus irmãos, a mim
defender a reforma agrária para o fizestes”. (Mt 25,40.) Cumprindo este simples manda-
propor uma igualdade em nossa mento, estamos fazendo do mundo
imensa nação. olutador [ novembro ] 2018 • 45 ] um lugar melhor para viver. Deve-
mos ter mais abertura para o próxi-
mo, escutá-lo e colocá-lo como prio-
ridade. Seja qual for, portanto, a nos-
sa posição na sociedade, não falte o
carinho pelo outro, principalmente
com relação aos mais necessitados.]

* Leigo, casado, pai da Emília
e Mestre em Teologia.
E-mail: robsonrcastro@yahoo.com.br

SÔNIA GOMES DE OLIVEIRA* Leigos [ O missionário tem que ter alegria...

Noésnsoa mmiusnsdãoo Cristo. O missionário tem que ter
e com alegria! alegria, paixão, porque o encontro
com Cristo ressuscitado precisa ir-
radiar alegria. Grande desafio pa-
ra nós, leigos e leigas, é que a Igreja
possa dar uma abertura para que o
leigo e a mulher possam ser prota-
gonistas nestas ações e participar
das decisões na Igreja.

OCRISTÃO leigo e leiga é cipantes. Momentos fortes faziam o Como anunciar
chamado a ser sal da ter- nosso coração arder, com vontade de
ra e luz do mundo, con- irradiar alegria para outras pessoas. o Evangelho nos dias de hoje?
forme este Ano Nacional
do Laicato nos tem convocado. Es- Entre os participantes, havia bis- Foram muitos questionamentos pa-
ta é a missão que Jesus nos confiou. pos, padres, diáconos, religiosas/os, ra entender as diversas realidades:
Somos convocados a testemunhar a leigos e leigas de vários países da Amé- toda a Igreja tem que ser missioná-
Boa Nova, a ir sem medo, com alegria, rica Latina. Fomos acolhidos em pa- ria e, para isto, precisamos assumir
pelo mundo, porque o nosso campo róquias e hospedados em casas de a identidade, as palavras e ações de
de atuação é o mundo. A Igreja es- famílias. Jesus; devemos olhar Jesus que ia pa-
tá no mundo, não fora dele! Por is- ra as periferias; e precisamos viven-
so precisamos ter a missão em nos- Foram dias de convivência ciar isto. “Quando tocamos no cora-
sa vida diária! fraterna, troca de ção de um pobre, aí estamos evan-
gelizando.” Jesus rompe esquemas.
O Brasil no CAM V experiências com as Outro destaque foi o profetismo na
Tive a oportunidade de represen- famílias, com outros missão, que hoje somos chamados
tar o CNLB – Conselho Nacional do idiomas, outros costumes, a retomar, o profetismo na Igreja e
Laicato no 5º Congresso Americano mas realidades muito na sociedade.
Missionário – CAM V, realizado em próximas às de nosso país.
Santa Cruz, na Bolívia, (10/15 julho Fomos enviados de três em três
de 2018). Saímos de lá com este ar- O Congresso teve início com uma para visitar as famílias, levar pa-
dor no coração, mais claro e fortale- grande celebração eucarística em lavras de apoio, conhecer a reali-
cido, de nossa missão como leigas e uma praça, em Santa Cruz de La dade das famílias. Foram dias de
leigos. O Congresso tinha como te- Sierra. Várias palestras com temas rica experiência da Igreja em Saí-
ma: “América em missão, Evangelho alusivos à missão, como a alegria da, como nos pede o Papa Fran-
é alegria”. Foram dias de verdadei- do missionário e do Evangelho: “o cisco, mas momentos desafiado-
ros Pentecostes para todos os parti- missionário não pode ter o rosto res com questionamentos sobre
de vinagre”. Devemos ter alegria de nossa atuação enquanto leigas e
anunciar o Evangelho, anunciar o leigos. Também foi momento de
apresentar propostas, como a cria-
[ 46 • olutador [ novembro ] 2018 ção de um observatório americano
para a defesa dos direitos huma-
nos com um olhar para a juventu-
de, para as crianças.

Como leigas e leigos, fomos de-
safiados a assumir a nossa missão de
batizados e missionários, sem dei-
xar que ninguém e que nada roube
a nossa alegria! Que as Igrejas sejam
capazes de olhar com mais carinho
para a juventude! Assim fica o meu
agradecimento a Deus pela oportu-
nidade de vivenciar esses dias de ri-
ca experiência.]

* Assistente Social - Conselho Nacional
do Laicato do Brasil – Regional Leste II
- Arquidiocese de Montes Claros, MG

Missão [ Assumir a missão...

PE. RENATO DUTRA BORGES, SDN

Cristo Rei:

reconciliação e paz
“Etu tweji kuzanganga mwomwo ikiye ali-
vangile kutuzangetu, xicaro.” (1Jo 4,19.)

ODOMINGO de Cristo Rei é A missão da juventude na, pa- Toda a vida de Jesus foi marcada
um dia especial em Angola, ra e como Igreja consiste em marcar pela coerência entre o falar e o viver.
porque é consagrado à juven- presença nas encruzilhadas da his- As primeiras palavras que Jesus di-
tude católica, que manifesta, aber- tória, falar uma língua acessível a to- rige aos seus discípulos após a res-
ta e solenemente, a sua fé em Cristo dos, deixando-se conduzir pela for- surreição são estas: “a paz esteja com
morto e ressuscitado. A festa ganha ça do Espírito Santo, aquele que so- vocês”. A paz não se consegue usan-
o seu verdadeiro sentido quando to- pra por toda parte, não somente nas do a força das armas, mas a força que
dos juntos exaltam Cristo como Sal- paróquias ou entre os católicos, por- brota de um coração capaz de amar
vador e Rei do Universo. Proclama- que Deus está em ação em todos os até o extremo, de dar a vida pelos ir-
se a realidade de Jesus Cristo para lugares, por entre a nossa cultura e mãos, como fez Jesus na cruz.
cada jovem reconhecer, mais uma as outras culturas e povos. O esfor-
vez, que Cristo é o caminho, a ver- ço está em fazer todo o possível para Os bispos de Angola e São Tomé
dade e a vida para todos. não nos afastarmos do grande pro- e Príncipe afirmam “A paz e a recon-
jeto de Deus de construir a civiliza- ciliação nunca são uma posse defini-
Jesus, primeiro evangelizador ção do amor. tiva, mas uma tarefa e um horizonte
Jesus é o modelo a ser seguido, co- irrenunciável que exige um trabalho
mo nos afirma o Papa Francisco: Jesus assume nunca acabado. Por isso, estamos em
“Jesus é o primeiro e o maior evan- um contínuo aprender, para reno-
gelizador. [...] Em toda a vida da em sua vida var a nossa mentalidade, despindo
Igreja, sempre se deve manifestar -a de todos aqueles males e precon-
que a iniciativa pertence a Deus, a missão que o Pai lhe ceitos que nos colocaram de costas
‘porque Ele nos amou primeiro’ viradas uns contra os outros; esta-
(1Jo 4,19) e é ‘só Deus quem faz confia, a começar mos a aprender a respeitar os direi-
crescer’ (1Cor 3,7)”. (EG, 12.) tos e a dignidade dos outros; estamos
pela sua encarnação a solidificar a unidade nacional e a
estimular o espírito patriótico; en-
e sua vida pública. fim, estamos a construir a verdadei-
ra família angolana na diversidade e
O gesto supremo beleza do seu mosaico cultural. Pa-
ra esta empresa Angola precisa de
de Deus foi o de estar todos os seus filhos e filhas, sem ex-
clusão nem discriminação de qual-
no meio de nós por meio quer natureza que seja. Continuar a
investir na reconstrução espiritual
de seu Filho Jesus, e moral de todos os angolanos, en-
quanto chave para o sucesso de to-
o qual veio ajudar-nos dos os projetos de renovação socio-
culturais em curso”.
a ser irmãos e irmãs
A reconciliação e a paz têm a ver
uns dos outros. com a sociedade na sua relação com
Cristo. Anunciar Cristo para que to-
Ser instrumentos de paz da Angola registre melhorias para ju-
Diante de uma sociedade marcada ventude, à luz do próprio Cristo, Rei
pela violência e pela dor, Deus nos do Universo.]
chama a ser instrumento de paz ali
onde nos encontrarmos. Paz que é
inquietação diante de tantos sofre-
dores. E a gritar o Evangelho com a
vida, assim como fez Jesus, para que
“todos tenham vida e vida em abun-
dância”. (Jo 10,10.)

olutador [ novembro ] 2018 • 47 ]

ADCE [ Reflexões...

WESLEY FIGUEIREDO ADCE Caxias do Sul

promoveu o 80° Encontro de Reflexão

AADCE Caxias do Sul realizou estudo, de reflexão, de trabalho, de me- mensais em que é realizada a leitura
a 80ª edição do seu Encontro ditação e de oração, com o olhar vol- do Evangelho, trazendo para os dias
de Reflexão nos dias 28, 29 e tado para a Doutrina e para seus en- de hoje as lições a serem aprendidas
30 de setembro. Com coor- sinamentos, estabelecendo critérios e aplicadas. “Quem se torna um ade-
denação de Sérgio Modelski, a ativi- de vida a serem seguidos. “Durante o ceano reflete uma transformação em
dade reuniu 75 pessoas durante o fi- Encontro nos preocupamos com o ser si e no modo como vê o mundo. A fé e
nal de semana. Este retiro é destinado humano, com os relacionamentos que a esperança são renovadas, e grande
a profissionais liberais, líderes empre- temos na comunidade, na família e no parte volta-se para o voluntariado, a
sariais, executivos, gerentes, coorde- trabalho. É um momento de autoco- fim de colaborar com sua comunida-
nadores, empresários, líderes comu- nhecimento”, afirma ele. de”, aponta Modelski.
nitários e líderes políticos. O Encon-
tro é considerado um dos eventos mais Entre os pontos debatidos es- O presidente da ADCE Caxias do
importantes da entidade. tão o mundo globalizado, Jesus Sul Gestão 2018, Gelso Luis Furlin, res-
Cristo e o reencontro com ele. Ain- salta o trabalho realizado pelos orga-
O objetivo do encontro é promover da, é explicada a Doutrina Social nizadores durante o evento, feito com
uma reflexão sobre os desafios que a Cristã e quais as características de tanta dedicação e com muito amor ao
atual realidade econômica e social im- um dirigente cristão de empresa, próximo. Ele destaca que a missão da
põe às lideranças empresariais e deba- seu papel na família e seus com- entidade é formar lideranças éticas que
ter possíveis soluções para superá-los promissos sociais e políticos. Du- atuem nas famílias, no trabalho, nas
com base na espiritualidade cristã. Para rante o Encontro, também é refor- instituições religiosas e na sociedade,
que o Encontro de Reflexão se realize, é çada a importância da caminha- com base na Doutrina Social Cristã,
necessário um grande trabalho em gru- da e da oração na vida do cristão. nossa principal guia. “A função dos lí-
po. Tudo culmina com a “Missa de En- deres é replicar estes valores e engajar
trega”, que auxilia no fortalecimento da Após o final de semana de vivência, cada vez mais lideranças, mantendo a
espiritualidade de todos os envolvidos. há atividades complementares de for- ADCE e sua missão sempre atualiza-
mação, refletindo o constante apren- das e constantes. Isso é o que nos mo-
De acordo com Modelski, fazer parte dizado que a entidade proporciona. A tiva a seguir adiante.”
desta vivência é uma maneira de levar Escola da Fé consiste em três encon-
a Doutrina Social Cristã aos empresá- tros, onde são aprofundados os temas O próximo Encontro em Caxias do
rios e às suas empresas, com o objetivo discutidos no retiro, onde são discuti- Sul será realizado em maio de 2019, pa-
de promover justiça social, colocando das maneiras de colocar em prática a ra reunir pessoas que estejam na bus-
o ser humano no centro de toda a ativi- Doutrina Social Cristã no dia a dia. Há ca do bem comum e que se tornem luz
dade empresarial. É um momento de ainda a Leitura Orante, dois encontros para sua comunidade.]

[ 48 • olutador [ novembro ] 2018


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