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Published by Revista O Lutador, 2020-02-08 16:44:15

REVISTA OLUTADOR 3915 AGOSTO 2019

A fé busca entendimento

Keywords: REvista O Lutador,Revista Católica,Jornal O Lutador,O Lutador

Missão [ Mais um missionário para a Igreja

ANO XC / Nº 3915
AGOSTO / 2019
olutador.org.br

A Fé busca
R$9,90 entendimento

[ Quem ama caminha na luz [ Silêncio: um espaço interior



Patrícia Diou, Síria Caixeta
e Acir Antão nas manhãs
da TV Horizonte!

VARIEDADES

INFORMAÇÃO, DIVERSÃO E ESPIRITUALIDADE

De segunda a sexta:
Manhã da Piedade, das 10h às 11h30
Agora é com Acir Antão, das 11h30 às 12h

tvhorizonte.com.br tvhorizonteoficial (31) 3469-2549 App: Rede Catedral

Religião [ Humanidade: descendentes do amor de Deus Espaço do Leitor [ Escreva, envie seu e-mail, comente

ANO XC / Nº 3914 Aniversariantes
JULHO / 2019 do mês de agosto de 2019

olut dor.org.br O mês de agosto vem marcado, entre outras questões,
pela dimensão vocacional, pelo convite que Deus faz
Sejamos a todos nós de estarmos a serviço da vida, da famí-
R$9,90 mais solidários lia e da fé. Chamado que vem desde o nosso batismo.
Nossos parabéns a todos que levam a sério o chama-
[ Para que n’Ele nossos povos tenham vida do de Deus e seguem com alegria em sua vocação fa-
miliar, religiosa ou presbiteral. Recordando as pala-
Ó Trindade Santa, vós que sois a fonte vras do Pe. Demerval A. Botelho, SDN, “Vocação acer-
de toda santidade, nós vos louvamos tada, futuro feliz!”
por vosso servo o Pe. Júlio Maria De Lombaerde,
que, assemelhando-se ao Cristo Eucarístico, Segue nosso abraço e nosso carinho a todos os
cuidou do vosso rebanho com amor, aniversariantes que são assinantes ou familiares
zelo e doação. E, deixando-se guiar pelo de assinantes de nossa Revista O LUTADOR. Deus
Espírito Santo, assim como a Virgem Maria, abençoe e ilumine a cada um de vocês. Lembramos
testemunhou a ternura missionária da Igreja. que, no dia 25 deste mês, será celebrada uma mis-
Concedei-me, ó Trindade Santa, pela intercessão sa especial na intenção de nossos assinantes, tam-
do Pe. Júlio Maria, a graça que vos suplico bém lutadores, e de seus familiares, de modo espe-
[pedir a graça]. E, se for de Vossa santa vontade, cial para os doentes e acamados. O Celebrante do
dai que Pe. Júlio Maria alcance a honra dia 25/08/2019 será o Pe. João Lúcio Gomes Benfica,
SDN. Deus abençoe a todos os nossos assinantes.
dos altares, para Vossa glória
e para o bem de tantas almas. [Caso seu nome não apareça na lista, entre em con-
Por Cristo, Nosso Senhor Amém. tato com nosso setor de assinaturas: Fone: 0800-940-2377
E-mail: [email protected]]

Dia 1º - DR. FRANCISCO LEONCIO CERQUEIRA / LEONCIO CIRINO VIEIRA / MARCIO PANTOJA PACHECO / MARIA GORETI
VIANA DE OLIVEIRA. / Dia 02 - NILTON FURTADO DE SIQUEIRA / PAULA MORATO BAHIA / SOLANGE CROCOMO FORNASIERI.
Dia 03 - ROMEU BARCONI / SELMA KLEIN. / Dia 04 - ADRIANA DAROS / ALEXSANDRO FERREIRA MARTINS / GILBERTO
BORGES GRIPP / JAMYR MENDES VICENTE / JOSE ROBERTO SILVEIRA BARROS / ROBERTO CARLOS (CARLOS HERMANO)
/ RONIE LOUZADA LAINE. Dia 05 - EURO DOMINGOS TEIXEIRA / JOSE AUGUSTO DA FONSECA BARBOSA / MARIA DAS
DORES DE FARIA / MARIA ENI GUILARDUCCI / MARILDA DE OLIVEIRA / WANDA PEREIRA LINO / YENNE NOGUEIRA ANTONINI.
Dia 06 - CARLINDO ROSA LOURES / CELIO GUIDO BOOS / COSME ALVES DE JESUS / EDINA MOREIRA DE SOUZA BEZERRA /
ELMO MOLICA / ERICA HELENA SA ALVES SILVA MARTINS / GERALDA RIBEIRO DE JESUS SOUZA / HELIO MOLICA / MARLENE
MAGALHAES / MIGUEL ARCANJO DE AVILA / NERLI ALVES DOS SANTOS FARIA. Dia 07 - ELIDA ABJAUDE BORGES VAZ
DE MELO / FREI MARIO ROHDE / HOMERO SIMOES ROSA FILHO / JANOZI VIEIRA DO S. FILHO- EMM / LAZARO DA SILVA
DUTRA JUNIOR / PADRE JOSE GONCALVES DOS REIS. Dia 08 - ANTONIO DE OLIVEIRA REIS / JOSE ANANIAS ARRUDA
/ MARIA ELIZA RAMALHO SILVA / PADRE JAVÉ DOMINGOS SILVA. Dia 09 - APARECIDA GALDINO / FERNANDO VERSIANI
DOS ANJOS / LOURDES MARIA DE ASSIS NOGUEIRA / MARIA ANGELICA LOBATO DE FREITAS / MARIA DAS MERCES
PEREIRA / SEBASTIAO ANTONIO LOVO. Dia 10 - GECY ALVES PEREIRA ASSUMPCAO / NILDA DE OLIVEIRA FERREIRA.
Dia 11 - CEZAR BEDUSCHI / DOM PEDRO FEDALTO / FRANKLIN BATISTA TORMIN / ITAMAR MOTTA MAYRINK / LOURDES
JACINTHA DA COSTA. / Dia 12 - AILE MENDONCA MENDES / ANA IRIS GALVAO AMARAL. Dia 13 - AMILSON DA CUNHA
MENESES / ANA LUCIA FERREIRA DE QUEIROZ / CARLOS ALBERTO SILVA NINA - EMM / EDILTON JOSE FAVA / GILSON
CARNEIRO / PATRICIA (ESPOSA) - EMM / GUILHERME EUGENIO BETOLINE / JOAO BATISTA ARAUJO OLIVEIRA / JOSE
PAULO DA COSTA / LUCIO HENRIQUE V.SILVEIRA / MARIA DO ROSARIO GOMES (CONVIVER) / PADRE NELSON LUIS SOUZA
/ PAULO PEREIRA DA SILVA. / Dia 14 – CLELIA FONSECA SILVA/ GERALDO (ESPOSO) / JOSE CARLOS / LERY DOS SANTOS
/ MARIA PAES MESSIAS / RITA DE CASSIA PEREIRA REZENDE. / Dia 15 – EDIR SEVILHA DA SILVA / JOSE DALDEGAN NETO
/ MARCOS BALCKAU DE MORAES -EMM / SANDOVAL LOPES DE ARAUJO. Dia 16 – ILIDIO FERNANDES ANTUNES / JAIR
PAULINO / MARIA DA PENHA CREMASCO RODRIGUES / MARIA TEREZA RIBEIRO. Dia 17 – MIRIAM RAUEN LOPES MARQUES.
Dia 18 – AGNES DE CARVALHO LOYOLA / AGOSTINHO ALVES PRADO FILHO / ALDEMIR GRACELI / ANTONIO ROCHA ABELHA
/ GILCA MOREIRA COSTA BARBOSA / GILDETE SILVA SANTOS / HELENA MARIA DE MELO CAMPOS / MARIA ELSA MARTINS
MEDEIROS. Dia 19 – ANTONIO VICENTE DE OLIVEIRA / CARLOS JORDAO LUCCAS / JOSE PLINIO DE OLIVEIRA SANTOS /
MARIA DALVA F. ALMEIDA / MARIA IGNEZ FARIA FIDELIS / MARIA TEREZINHA WILLRICH. Dia 20 – EBER ASSIS DOS SANTOS
/ HENRIQUE F. CARVALHO NETO / IRMA MARCIA MARIA LOBO LEITE / JOSE APARECIDO LOUSADA. Dia 21 – DEOLINDA
DANTAS DE ABREU / JOAQUIM CARVALHO DA SILVA / MARGARIDA MARIA DE OLIVEIRA CORREIA. Dia 22 – ANTONIO CARLOS
SINOCHIO / BARTOLOMEU FAGUNDES PEREIRA / DIONELE MARIA PAZZINI MASSOTE / JOAQUIM SAMUEL CASTILHO / MARIA
RITA DO NASCIMENTO SANTIAGO / RICARDO ABRAO SIUF / WASHINGTON TAVARES DA SILVA. Dia 23 – AURELI CAIRES
BONFIM / MARIA CELESTE JACKUES PENIDO / MARIA DO CARMO ESTEVES / VANDERLEY EDUARDO COTA. Dia 24 – DIACONO
EUDES OLIVEIRA / GERALDO ELIAS DE OLIVEIRA / JAYME RODRIGUES NOGUEIRA / LUZIA BASTOS LOPES / MADALENA
TEREZINHA DE SANTANA BRAGA / MARIANA APARECIDA MACHADO. Dia 25 – AUGUSTO MARTINS DA ROCHA FILHO / CARLOS
AGOSTINHO TISO / CARLOS ROBERTO CAMPOS / CASSIA MARIA SOARES PASCOAL / FLORIANO DE OLIVEIRA BARROS
/ GEIZA METZKER ANDRADE / GILBERTO CAFE / INEMA LEITE PINTO / LUIZ CARLOS DA MOTA LOPES / RUBENS FONTES.
Dia 26 – IOLE MAGALHAES / JOSE FRANCISCO GONCALVES / JOSE MARIA ROCHA / MARCO ANTONIO BENGLA MESTRE
/ MURILO MONTEIRO GONZAGA / OLYRIO IZOTON / TERESINHA LINO DE LACERDA / TEREZINHA DE JESUS COSTA VAL /
THEREZINHA DE JESUS LOPES DE SOUZA / VAGNER ALVES RIBEIRO. Dia 27 – CELIA OLIVA NASCIF / CLAUDIO PEREIRA
DA SILVA / JOSE MIRANDA DE MORAIS / MARIA RAIMUNDA RIBEIRO DA COSTA. Dia 28 – CLELIA MAGALHAES / IVANILSON
LUIZ DOS SANTOS / MARIA DAS GRACAS ROCHA CASTRO / MARY GERALDA MIRANDA SOARES. Dia 29 – JAIDER ESTEVAN
DE MOURA / MARINA DOS SANTOS / ZULMIRA RODRIGUES DE SOUSA SILVA. Dia 30 – ANTONIO ROCCO LIBONATI / EMILIA
NOUVINDA LAMUNIER / INACIA GUIMARAES DE MORAES / JACOB MAXIMO / LAERCIO ANTONIO ROSSETO / LUIZ ANTONIO
BIAGE / LUIZ ANTONIO MARTINS / SABRINE TATIANE SOARES / VALDOMIRO CAREZIA. Dia 31 – CLEBER RANGEL ZANETTI
/ DR.JULIO MACIEL PEREIRA / IRONDINA DEBONI / JOSE RAIMUNDO DE OLIVEIRA / PADRE RAIMUNDO NONATO COSTA.

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O nosso tempo e a misericórdia Novidade: Caderno para jovens

ELÍLIO JÚNIOR ANO XLVIII / N 236 / MANHUMIRIM, MG / JULHO / 2019

SEMENtE

CADERNO PARA JOVENS

ONOSSO TEMPO, que alguns co a pouco absorvendo o conteúdo CristoVIVE
chamam de pós-moderno, ensinado pelo Nazareno. CrisEtNotREVENJItOVORSEVEENOSS
está, de uma maneira geral,
mais sensível às coisas do amor e Foi o Ocidente a reconhecer fi- JOVENS
do afeto, da dignidade do homem losófica e legalmente a igual dig-
e da misericórdia, da empatia e do nidade de todos os homens. Hoje, A partir da edição nº 3914 da Revista
perdão. É claro, existem retroces- se os pensadores da moda não con- O Lutador, de julho 2019, passamos a
sos também e muita maldade na seguem ver um fundamento ina- veicular o encarte SEMENTE: Cader-
prática dos homens, mas hoje não balável para o sentido da vida, ao no para jovens. A mudança aconte-
aceitamos, por exemplo, que um menos ninguém nega que todos os ceu fomentada pela alternância na
homem seja considerado escravo homens merecem respeito e amor. periodicidade de nosso Caderno de
por natureza ou que uma mulher O respeito e o amor prevalecem so- Cidadania que, por decisão da direto-
deva suportar calada os maus tra- bre a teoria do fundamento. É o que ria, deixou de ser mensal. Tendo em
tos do marido. Gianni Vattimo quis dizer quando vista a necessária inclusão das juven-
inverteu o antigo ditado - “Platão tudes, optamos por incluir na Revista
Na Antiguidade, valeu em mui- é amigo, mas mais amiga é a ver- O Lutador esse novo encarte. Além de
tos povos a “Lei do Talião”, que, com dade” - afirmando: “Platão é mais enfocar as juventudes com matérias
todo seu rigor, era já um dispositivo amigo do que a verdade”. e reportagens afins, ele traz consigo,
para reduzir a crueldade da vingança em cada edição, duas sugestões para
ou por fim à sua desproporção: “De A Igreja, por sua vez, depositá- reuniões de grupos de jovens. É uma
quem te tirou um olho, tu deves tirar ria dos ensinamentos de Jesus, dá forma de auxiliar a caminhada da
somente um olho, não mais”. Mas especial ênfase à misericórdia. Ela juventude no Brasil. Queremos ou-
o Talião era frio, rigidamente justo. sabe que não existiria uma miseri- vir sua opinião. Escreva-nos, dê sua
córdia sem justiça, mas sabe tam- sugestão. Sigamos buscando crescer
Um ponto de inflexão é alcan- bém que a misericórdia é muito mais juntos em sintonia com as juventudes.
çado com a mensagem de Jesus, bela. Para a Igreja, o discurso sobre
seja pelo seu conteúdo, seja pelo a dignidade, o amor e a misericór- Da redação.
impacto que exerceu na história do dia tem um fundamento no Deus
Ocidente. Jesus pregava a superio- que se fez pobre para nos enrique- f] Recomenda Revista O Lutador
ridade da misericórdia e ordenou cer. Os cristãos que se recusam a re- Não tenho a revista, pois ainda não
amar os inimigos. Os povos que a conhecer que nossos tempos estão tenho condições para assinar. Eu
Igreja batizava nem sempre esta- dando um passo adiante neste que- acompanho as notícias pelo Face-
vam à altura da nova moral. Mas as sito colocam-se fora da nova cons- book e a reflexão é muito boa, mara-
sociedades ocidentais foram pou- ciência que aflora na humanidade. vilhosa. É muito bom o trabalho de
vocês, principalmente a parte das
reflexões do Evangelho do dia, que
nos ajudam a estar em sintonia com
a palavra de Deus. Meus parabéns a
toda a equipe. Eu particularmente
recomendo e indico para todos que
gostam de estar sintonia como Eu!

PATRÍCIA DIAS – LAJINHA, MG

[ Expediente [ Editorial

O LUTADOR é uma publicação mensal A fé busca a compreensão
do Instituto dos Missionários
Sacramentinos de Nossa Senhora QUANDO SE TRATA DAS QUESTÕES DE FÉ, estamos em um campo muito im-
portante, no entanto ainda cheio de incompreensões. Há quem pense
olutador que a fé se opõe à razão e, neste caso, seria coisa de pessoas mais simples,
ISSN 97719-83-42920-0 pouco instruídas ou que não chegaram a um conhecimento sólido. Al-
guns mais ousados talvez digam que, ao chegar a uma razão mais eleva-
Fundador da, pode-se abrir mão da fé. A fé corresponderia a um conhecimento não
Pe. Júlio Maria De Lombaerde crítico, não sustentável pela razão. Neste caso a fé seria inferior à razão.
Por outro lado, há quem defenda que, quando a razão não dá con-
Superior Geral ta de apresentar justificativas a determinada coisa, ou seja, quando há
Pe. José Raimundo da Costa, sdn um limite para a ciência, então se apela para fé. A fé teria explicação para
aquilo que ultrapassa a ciência e, neste caso, a fé seria superior à razão.
Diretor-Editor Em nossos dias, vivemos um tempo de muitas polarizações. Ca-
Ir. Denilson Mariano da Silva, sdn da um se julga dono da verdade, neste clima de muitas palavras e pou-
ca capacidade de escuta, fica ainda mais difícil avançar em um diálogo
Jornalista Responsável maduro e fecundo.
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn (MG086063P) Há um ditado latino, de Santo Anselmo, que diz: “fides quaerens
intellectum”: a fé busca a intelecção, isto é, a fé busca a compreensão, o
Redatores e Noticiaristas entendimento. Essa busca se dá tanto na direção do objeto da fé, ou seja,
Pe. Marcos A. Alencar Duarte, sdn daquilo que envolve as questões de fé: Deus, Jesus Cristo, Igreja, religião
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn etc. Tudo quanto também diz respeito ao próprio ato de crer: o que leva
Frt. Matheus R. Garbazza, sdn a pessoa a crer? Por que a fé está presente no modo de ser das pessoas?
Frei Patrício Sciadini, ocd, Frei Vanildo Zugno, Que força é essa que nos leva a ir para além da ciência?
Dom Paulo M. Peixoto, Antônio Carlos Santini Santo Anselmo buscou aproximar a visão cristã da fé, enraizada
e Dom Edson Oriolo nas primeiras comunidades cristãs, e os questionamentos próprios da
filosofia grega. Em outras palavras, já nos primeiros séculos da história
Colaboradores do cristianismo, buscava uma aproximação entre razão e fé. Mais tar-
Vários de, entre outros, Santo Agostinho dialoga com o pensamento de Platão;
depois Santo Tomás de Aquino dialoga com a Filosofia de Aristóteles e
Redação alarga ainda mais essa reflexão entre razão e fé.
[email protected] Mais recentemente João Paulo II elaborou a encíclica “Fides et Ra-
tio” [1998] para reforçar a ligação entre razão e fé: “A fé e a razão (fides et
Correspondência ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano
Comentários sobre o conteúdo de olutador, se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no co-
sugestões e críticas: [email protected] ração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise,
Cartas: Praça Padre Júlio Maria, 01 / Planalto de conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar
CEP 31730-748 / Belo Horizonte, MG / Brasil também à verdade plena sobre si próprio”. (Nº 1)
Fé e razão se complementam, somos constantemente convoca-
Assinaturas e Expedição dos a dar a razão de nossa esperança (cf. 1Pd 3,15). Para isso é fundamen-
Maurilson Teixeira de Oliveira tal a capacidade de diálogo, a capacidade de escuta da Palavra de Deus,
de escuta dos ensinamentos da Igreja, de escuta da Teologia. Também
Assinaturas a escuta dos avanços da ciência, das novas descobertas e sobretudo de
R$ 80,00 / Brasil - www.olutador.org.br escuta do Espírito de Deus, que sopra onde quer e que age na Igreja e na
[email protected] Sociedade. Espírito que fala por meio da voz da fé e nas entrelinhas sa-
0800-940-2377 - De 2ª a 6ª das 7 às 19 horas dias da ciência.
Que Deus nos conceda um espírito aberto e sempre vigilante pa-
Outros países ra captarmos o que Senhor diz a nós, à nossa Igreja e à nossa sociedade
R$ 80,00 + Porte por meio de seu Espírito. Que busquemos sempre as razões de nossa fé,
as razões da nossa esperança, e que nossa fé nos leve à verdadeira sabe-
Edições anteriores doria, que se desdobra em ações, decisões e atitudes responsáveis, ma-
Tel.: 0800-940-2377 duras, comprometidas com a vida.
A articulação entre fé e razão nos permite crescer sempre mais
Site na compreensão do mistério de Deus e da vida humana. Porém, o fecha-
revista.olutador.org.br mento, quer por força da fé, quer pela estreiteza da razão, nos sufoca e
facebook.com/revistaolutador nos impede de caminhar na direção da verdade que liberta (cf. Jo 8,32).
E isso é pra começo de conversa.]
Projeto gráfico e diagramação
Valdinei do Carmo / Orgânica Editorial [DENILSON MARIANO

Revisão
Antônio Carlos Santini

Impressão e Acabamento
Gráfica e Editora O Lutador, Certificada – FSC®
Praça, Pe. Júlio Maria, 01 / Planalto
31730-748 / Belo Horizonte, MG / Brasil
olutador.org.br

Telefax
[31] 3439-8000 / 3490-3100

Tiragem desta edição
3.200 exemplares
Foto de capa
Mabel Amber – Pixabay

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necessariamente,
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|S U M Á R I O OLUTADOR • REVISTA MENSAL • ANO XC • Nº 3915 • AGOSTO • 2019 •

6Teologia:
um cultivo
necessário

16Papa 8Educação: 10Mensagem
Francisco: uma questão do Papa
como vai de amor Francisco
a família? ao mundo
12 A mãe judia
23É tempo de 18Algumas de Jesus de Nazaré
Jubileu em “dicas” para
Manhumirim o uso da 14 Quem ama
Bíblia caminha na luz
44União na catequese
Europeia 20 “Christus Vivit”
prepara-se 27Rumo e n’Ele vale a pena
para banir ao ser jovem!
plástico abismo
descartável 22 Alta fertilidade não é
48Tradição o produto da ignorância
e crise
24 O que dá medo não
é a palavra do profeta

25 Liturgia: realidade
simbólico-sacramental

26 Amar a vida
30 Silêncio:

um espaço interior
31 Roteiros Pastorais
43 ADCE/MG

no Corpus Christi
em Belo Horizonte
46 O laicato na Igreja
e no mundo
47 Mais um missionário
para a Igreja

DENILSON MARIANO Capa [ O PAPEL DA TEOLOGIA NÃO É DERRUBAR AS

E VEZ EM QUANDO, em nossas Teologia:

Dcomunidades, encontramos um cultivo
pessoas que dizem ter medo necessário
da teologia. Têm medo de que
a teologia possa abalar a sua
fé. Outros desconfiam dos teólogos
sob a alegação de que eles não acre-
ditam em milagres e desmistificam
a fé. Por outro lado há quem aposte
toda a sua fé na doutrina e no Ca-
tecismo da Igreja e deixe a Palavra
de Deus em segundo plano. Ao que
parece, não há clareza, falta enten-
dimento, e o preconceito leva a um
clima de reservas e insegurança.
Por sua vez, essa falta de seguran-
ça leva as pessoas a se agarrarem
a meias verdades, e isso as impede
de progredir. Aliás, progredir é al-
go que Jesus assumiu em sua vida
e algo que todos nós devemos bus-
car: “E Jesus crescia em sabedoria,
em estatura e graça, diante de Deus
e dos homens”. (Lc 2,52.)

Um olho no retrovisor, outro para frente Congresso da SOTER como Jesus faz teologia tendo um
É importante ter bem claro que teo- olho no retrovisor e outro voltado
logia não é propriamente uma ciên- Tradição, para aquilo que já foi anun- para frente: “Vocês ouviram o que
cia sobre Deus. Ora, uma ciência de ciado, descoberto e ensinado sobre foi dito: ‘Olho por olho, dente por
Deus só é possível a Ele mesmo, e as questões da fé. O olhar para frente dente!’ Eu, porém, lhes digo: não se
nós não temos acesso a ela. Melhor se dá na busca de responder aos de- vinguem de quem faz mal a vocês!”
entendido, teologia é o que nós pen- safios da nossa realidade. Quem di- Ou ainda: “Vocês ouviram o que foi
samos e refletimos à luz de Deus. rige um carro com segurança sem- dito: ‘Ame o seu próximo e odeie a
Trata-se da busca sincera de com- pre está atento em olhar o retrovi- seu inimigo!’ Eu, porém, lhes digo:
preensão das coisas que Deus revela sor, mas mantém seus olhos aten- amem os seus inimigos...” (Mt 5,38.43.)
a nós, seus filhos e filhas. É por esse tos à estrada à sua frente. Quando
motivo que tudo o que diz respeito olhamos para Jesus, vemos que ele Jesus traz consigo a Lei, a Tradi-
ao ser humano interessa à Igreja e constantemente articula essas duas ção, mas a corrige naquilo que lhe
é olhado por ela a partir da luz de atitudes, ou seja, ele faz esse movi- faltava em amor. Jesus busca ele-
Deus, da luz das Escrituras. É por mento de olhar para trás e busca var a lei à sua plenitude: o amor. A
isso que a Teologia é tão importante responder às realidades à sua frente. luz de Deus levava Jesus a reler a
para a Igreja e para todos os cristãos. Tradição com os óculos do Amor e,
Por exemplo, diante da Lei que assim, ele a levava à plenitude. O
A teologia tem sempre um olhar oprimia o povo, Jesus faz dela (da Novo Testamento está cheio des-
para trás e outro para frente. O olhar tradição) uma nova leitura, tendo
para trás, no retrovisor, é o retorno à como regra maior o amor. Vejamos

[6 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

VERDADES DA FÉ. SUA TAREFA É IR AO ENCONTRO DO MISTÉRIO DE DEUS...

tas atitudes de Jesus. Isto é o sufi- velar-se em nossa humanidade, Deus política, e passam a dominar tam-
ciente para deixar claro que Jesus se revela pequeno, pobre, sofredor. bém a religião. Através dos tempos,
é a chave de compreensão de toda Deus se revela limitado, frágil. Deus tudo isso foi acrescentando à práti-
as Escrituras e de toda a Tradição. se revela como puro amor, pura en- ca da fé cristã outras tintas, outras
trega, pura doação... Fonte de vida e cores e formatos que se distancia-
Limpar “os olhos” da mina de esperança para todos (cf. Jo 10,10). ram do projeto original de Jesus.
A Tradição da Igreja não é como um
baú fechado, cheio de coisas velhas Redescobrir os traços mais originais Por isso a teologia tem feito um
que precisariam apenas ser recu- Muitas vezes, não nos damos con- esforço de “limpar os olhos da mi-
peradas. A Tradição não é como um ta disso. As ideias de Deus que che- na”, de recuperar a “pintura origi-
relicário antigo, que basta limpar e gam a nós chegam carregadas de nária” dos Evangelhos e da Tradi-
dar-lhe um novo lustro. A Tradição marcas culturais, históricas, che- ção cristã. O nome que recebeu esta
é como uma fonte de água viva que gam revestidas de atitudes que não iniciativa foi: “Teologia decolonial”.
se renova sempre e à qual voltamos conferem com o Jesus dos Evange- Trata-se da busca de pensar e refle-
para saciar a sede e seguir nossa lhos. Outras coisas se misturam à tir sobre a fé cristã, superando os
jornada. A fonte é antiga e sempre fonte, alteram suas propriedades e traços de dominação ou de coloni-
esteve aí, no entanto, à medida que lhe roubam as suas características zação que foram impostos à Igreja
limpamos os olhos da mina, bro- e aos povos. Ela quer ajudar-nos a
ta uma água nova. A fonte é velha, A Tradição é como nos aproximar mais do projeto do
mas a água é sempre nova. Pode- uma fonte de água viva amor primeiro que Jesus nos revelou.
mos dizer que esta é a tarefa dos que se renova sempre
teólogos: limpar constantemen- Neste sentido, aconteceu em Be-
te “os olhos” da mina por meio da e à qual voltamos lo Horizonte, MG, um importante
qual Deus nos revela seus mistérios. para saciar a sede congresso de Teologia, o 32º Congres-
e seguir nossa jornada. so Internacional da SOTER – Socie-
O papel da teologia não é derru- dade de Teologia e Ciências da Reli-
bar as verdades da fé. Sua tarefa é mais originais. Por isso, embora não gião. Durante quatro dias, pensado-
ir ao encontro do Mistério de Deus. seja uma prática nova, hoje em dia res cristãos, teólogos, cientistas da
E mistério não é o que não pode ser a Teologia tem usado a palavra “de- religião, estudantes de pós-gradua-
conhecido. Mistério não é o limite colonial” para identificar melhor o ção e pesquisadores de áreas afins,
para o conhecimento, mas é o ili- que de fato procede do Evangelho, tanto em nível nacional como inter-
mitado, o que não se esgota. Deus é distinguir o que de fato pertence à nacional, se reuniram para apro-
Aquele que, por mais que o conhe- sadia Tradição cristã, daquilo que fundar a reflexão teológica diante
çamos, não se deixa esgotar. Deus foi acrescentado depois. da realidade de hoje. Este encon-
é uma fonte inesgotável: por mais tro aconteceu de 9 a 12 de julho de
que bebamos de sua água, não se- Talvez uma outra imagem nos 2019 – no Teatro da PUC Minas-BH.
remos capazes de beber tudo. Deus ajude. Algumas igrejas antigas ti- O Tema do encontro foi: “Decolo-
é maior que nós, ele nos ultrapas- nham belas pinturas e cores mui- nialidade e práticas emancipató-
sa, mas uma coisa é certa, nós po- to originais. Depois, com o passar rias. Novas perspectivas para a área
demos conhecê-lo sempre mais... do tempo, foram sendo aplicadas de Ciências da Religião e Teologia”.
outras tintas, outras cores, outros
E mais bonito ainda é nos dar desenhos, bem diferentes das pin- O objetivo era buscar luzes e ins-
conta de que Deus quis fazer-se hu- turas originais. Algo semelhante piração para caminhar na direção
mano, plenamente humano. Deus parece acontecer na Igreja: o que de uma reflexão madura e compro-
se encarnou em nossa humanida- foi ensinado por Jesus, o que foi a metida com a vida do povo, que o
de. Assim como a água que jorra da experiência de conviver com Ele, a leve a emancipar-se, a libertar-se
mina gera vida por onde passa, Je- prática de fé das primeiras comu- de tudo o que nos impede de beber
sus, expressão do Amor do Pai, assu- nidades cristã nos primeiros sécu- a água viva que Jesus nos serve no
me a nossa humanidade e se torna los da Igreja, foi sendo revestido por Evangelho, e a recuperar os traços
uma fonte de água viva (cf. Jo 4,14). outras cores e outros contornos que mais originais da fé cristã.
não eram os do Evangelho. Eram
Jesus assume a nossa condição traços e modos de agir mais próxi- Por tudo isso, a Teologia é não
limitada para nos ensinar que é pos- mos dos reis e imperadores, daque- apenas útil, mas extremamente ne-
sível amar, é possível viver como ele les que dominavam a sociedade e a cessária para nos ajudar a apro-
viveu. A Teologia deve nos ajudar a ximar-nos de Deus e dos irmãos,
compreender que Jesus era “tão hu- AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]7 numa caminhada de fé madura,
mano, que só podia ser Deus”. Ao re- responsável e comprometida com
a defesa da vida.]

Educação [ Faz-se necessário, portanto, um pacto

SER HUMANO é um ser em EDUCAÇÃO:
construção. Aprende,
cresce, descobre o mun- uma questão de amor
do dos adultos e as suas ao mundo
engrenagens. Adapta-
se ao meio, transforma PE. RODRIGO FERREIRA DA COSTA, SDN*
as estruturas, cria o no-
vo, aliena-se e se liber- na história precisa se sentir inter- vivos os sonhos dos alunos por uma
pelada diante da realidade da edu- vida melhor.
Ota. Faz ciência, tecnolo- cação de nossas crianças, “porque
gia, amigos, poesia, can- delas é o Reino dos Céus” (Mt 19,14). Em nosso país está em pauta
ção, religião... Humaniza-se na re- a chamada “escola sem partido”,
lação. Pensa e reflete acerca de sua Ensinar é um ato político escola sem reflexão, sem pensa-
própria existência. Escuta a Pala- A escola brasileira é um retrato fi- mento crítico, escola que transmite
vra Deus, mas também ousa falar dedigno de nossa sociedade. Basta conhecimentos diversos, mas que
com Deus e sobre Deus... olhar a maldita chaga da desigual- não forma a pessoa para viver e con-
Somos os únicos no mundo que dade social refletida em nossas es- viver com outro em sociedade. Na
nos perguntamos acerca do senti- colas, não somente na arquitetu- verdade, engana-se quem prega e
do da vida, pois temos consciência ra ou na falta de escolas em nossas defende esse modelo educacional,
da nossa existência e sabemos da periferias e regiões mais afastadas pois o ato de ensinar é extremamen-
nossa responsabilidade, anterior a dos grandes centros, mas também te político. É que “ninguém nasce
toda liberdade, perante o mundo e na falta de investimento nos alu- odiando outra pessoa pela cor de
as pessoas. “Na verdade, diferen- nos e nos professores, nas péssi- sua pele, por sua origem ou ain-
temente dos outros animais, que mas condições de transporte, na da por sua religião. Para odiar, as
são apenas inacabados, mas não incapacidade da escola de manter pessoas precisam aprender, e se
são históricos, os homens se sabem podem aprender a odiar, podem
inacabados. Têm a consciência de [8 OLUTADOR [ AGOSTO 2019
sua inconclusão. Aí se encontram
as raízes da educação mesma, co-
mo manifestação exclusivamen-
te humana. Isto é, na inconclusão
dos homens e na consciência que
dela têm.” (Paulo Freire)
Falar de educação é acreditar na
capacidade de humanização do ser
humano, porque a função da escola
não é “doutrinar” as crianças, nem
mesmo dizer o que elas devem fa-
zer, o caminho que devem seguir,
mas mostrar-lhes o mundo. Como
afirma Hannah Arendt, “educar é
acolher as crianças em um mundo
que existe antes de seu nascimento,
mas que será renovado pelas novas
gerações. Mostrar-lhes o mundo”.
Esta tarefa tão bonita, mas ao mes-
mo tempo tão exigente, não pode ser
delegada somente às escolas. To-
dos os adultos somos responsáveis
pela educação das crianças. É uma
questão de amor ao mundo. Por is-
so a arte de educar também diz res-
peito à Igreja. Mesmo sendo uma
tarefa primeiramente da família
e do Estado, a nossa fé encarnada

pelo Brasil por meio da educação...

ser ensinadas a amar”. (Nelson sas crianças. “A educação é o pon- do e vendo as suas ações em favor
Mandela) to em que decidimos se amamos o dos outros, bem como aprendiam
mundo o bastante para assumir- fazendo, participando ativamente
É interessante perceber, no dis- mos a responsabilidade por ele e, da missão do seu Mestre.
curso dos defensores da “escola sem com tal gesto, salvá-lo da ruína que
partido”, o viés ideológico que se seria inevitável não fosse a reno- Nota-se que a pedagogia de Je-
quer incutir nas escolas; desde o vação e a vinda dos novos jovens.” sus levava em conta a vida dos seus
modo de vestir, de cortar o cabelo, Pois “a educação é, também, onde “educandos”, ou seja, Jesus se preo-
de se comportar perante as autori- decidimos se amamos nossas crian- cupava em formar o coração dos
dades... Isso também não é tomar ças o bastante para não expulsá-las seus discípulos, a fim de que aque-
partido? Percebe-se que por trás do de nosso mundo e abandoná-las a les simples pescadores pudessem
discurso de uma “escola sem ideo- seus próprios recursos, e tampou- compreender o mistério do Reino
logias”, existe a ideologia da unifor- co arrancar de suas mãos a opor- revelado em Sua pessoa e fossem
mização que não respeita as dife- tunidade de empreender alguma anunciadores dessa Boa Nova pa-
renças, que aniquila a criatividade coisa nova e imprevista para nós, ra o mundo. Para Jesus, não basta
e a arte de pensar. preparando-as em vez disso com saber quem é Deus e quais são os
antecedência para a tarefa de reno- seus decretos. Ele quer que o seu
Penso que a presença das reli- var um mundo comum”. (Hannah discípulo expresse na vida o Deus
giões nas escolas não é apenas legí- Arendt) Por isso, não compreende- em que este acredita.
tima, mas necessária para a forma- mos quando o governo diz “que o Bra-
ção integral do ser humano. Como sil gasta muito com educação”, pois Inspirados na pedagogia de Jesus,
enfatiza Edgar Morin, “a transdisci- nosso sistema educacional também
plinaridade é o que possibilita, atra- tudo o que se faz pela edu- precisa compreender que as crian-
vés das disciplinas, a transmissão cação é um investimento, ças que chegam às nossas escolas
de uma visão de mundo mais com- e não uma despesa. vêm de realidades totalmente di-
plexa”. Porém, “abrir” as portas das versas, elas não são uma folha em
escolas para as religiões, não pode É a garantia de um futuro mais hu- branco. Por isso, o conhecimento,
ser sinônimo de doutrinação, alie- manizado, com cidadãos mais li- a história de vida e até mesmo os
nação, violência... Nem tampouco vres e conscientes de suas respon- dramas e traumas que cada crian-
negação da pluralidade humana, sabilidades. ça traz precisam ser tratados com
pois isso significaria fechar a “ja- muito respeito, se de fato queremos
nela” do futuro para a novidade tra- Educar com uma pedagogia formar gente com sensibilidade e
zida pelas novas gerações. inspirada no Senhor comprometimento ético. Do con-
A carta de São Paulo aos efésios con- trário, vamos ignorar a curiosida-
Amor ao mundo e às crianças vida os pais a educar seus filhos de das crianças, matar sonhos, ne-
A escola é o lugar do cuidado da alma. inspirados na pedagogia de Jesus: gar oportunidades, fomentar into-
Como diz o provérbio latino, “mens “E vós, pais, não provoqueis revol- lerância e violência.
sana in corpore sano” [uma mente ta nos vossos filhos; antes, edu-
sã num corpo são]. A antropologia cai-os com uma pedagogia inspi- Faz-se necessário, portanto, um
cristã também nos ensina que “a rada no Senhor”. (Ef 6,4.) O modo pacto pelo Brasil por meio da educa-
pessoa humana é simultaneamen- de Jesus ensinar diz muito para a ção. Não dá mais para tratarmos a
te corpórea e espiritual”. (Afonso nossa educação, pois sua pedago- escola como uma organização iso-
García Rubio) Deste modo, não po- gia não estava pautada em dou- lada, nem tampouco nos conten-
demos reduzir a educação à mera trinas ou teorias. Nem tampouco tarmos com as migalhas que caem
transmissão de conhecimentos e num catálogo de regras e leis des- da mesa da economia de mercado.
à formação de mão de obra, pois a vinculadas da vida dos seus discí- Como na família a prioridade é o
escola precisa ser espaço de cons- pulos. Seus ensinamentos partiam bem-estar dos filhos, na sociedade
trução do saber/sabor, de aprender sempre do cotidiano da vida do po- a educação também deve ser a prio-
a aprender, de crescer na sabedoria vo e do mistério de Deus escondido ridade de todos os governos. É um
de amar. Como afirma Edgar Mo- em nós. A partir de palavras e ges- ato de responsabilidade pelo futuro
rin, “o professor possui uma mis- tos, Jesus ensinava com toda au- das novas gerações. Uma prova de
são social, e tanto a opinião públi- toridade que recebera no Pai, e os amor a nossa pátria amada Brasil!]
ca como o cidadão precisam ter a seus discípulos aprendiam ouvin-
consciência dessa missão”. *Licenciado em Filosofia, bacharel em
AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]9 Teologia, com especialização em formação
Na verdade, a educação é prova para Seminários e Casa de Formação. Mora
do nosso amor ao mundo e às nos- atualmente na paróquia São Bernardo, em
Belo Horizonte, MG

Igreja Hoje [ Assim, a nossa missão radica-se na

tos e no amor fraterno, impele-nos
até aos confins da terra (cf. Mq 5,3;
Mt 28,19; At 1,8; Rm 10,18). Uma Igre-
ja em saída até aos extremos con-
fins requer constante e permanen-
te conversão missionária. Quan-
tos santos, quantas mulheres e ho-
mens de fé nos dão testemunho,
mostrando como possível e prati-
cável esta abertura ilimitada, esta
saída misericordiosa ditada pelo
impulso urgente do amor e da sua
lógica intrínseca de dom, sacrifí-
cio e gratuidade (cf. 2Cor 5,14-21)!

Sê homem de Deus, que anun-
cia Deus (cf. Carta ap. Maximum il-
lud): este mandato toca-nos de per-

Q UERIDOS IRMÃOS E IRMÃS, BATIZADOS E ENVIADOS: A IGREJA DE CRISTO EM MISSÃO NO MUNDO
Pedi a toda a Igreja que vives-
se um tempo extraordinário MENSAGEM
de missionariedade no mês
de outubro de 2019, para comemo- DO PAPA FRANCISCO
rar o centenário da promulgação
da Carta apostólica Maximum il- para o Dia Mundial das Missões,
lud, do Papa Bento XV (30/11/1919). A 20 de outubro de 2019
clarividência profética da sua pro-
posta apostólica confirmou-me co- mente este dom, e gratuitamente to. Eu sou sempre uma missão; tu
mo é importante, ainda hoje, reno- o partilhamos (cf. Mt 10,8), sem ex- és sempre uma missão; cada ba-
var o compromisso missionário da cluir ninguém. Deus quer que todos tizada e batizado é uma missão.
Igreja, potenciar evangelicamente os homens sejam salvos, chegan- Quem ama, põe-se em movimen-
a sua missão de anunciar e levar ao do ao conhecimento da verdade e to, sente-se impelido para fora de
mundo a salvação de Jesus Cristo, à experiência da sua misericórdia si mesmo: é atraído e atrai; dá-se
morto e ressuscitado. por meio da Igreja, sacramento uni- ao outro e tece relações que geram
versal da salvação (cf. 1Tm 2,4; 3,15; vida. Para o amor de Deus, ninguém
O título desta mensagem – «ba- Const. Lumen Gentium, 48). é inútil nem insignificante. Cada
tizados e enviados: a Igreja de Cristo um de nós é uma missão no mun-
em missão no mundo» – é o mes- A Igreja está em missão no mun- do, porque fruto do amor de Deus.
mo do Outubro Missionário. A ce- do: a fé em Jesus Cristo dá-nos a Ainda que meu pai e minha mãe
lebração deste mês ajudar-nos-á, justa dimensão de todas as coisas, traíssem o amor com a mentira, o
em primeiro lugar, a reencontrar o fazendo-nos ver o mundo com os ódio e a infidelidade, Deus nunca
sentido missionário da nossa ade- olhos e o coração de Deus; a espe- se subtrai ao dom da vida e, desde
são de fé a Jesus Cristo, fé recebida rança abre-nos aos horizontes eter- sempre, deu como destino a cada
como dom gratuito no Batismo. O nos da vida divina, de que verdadei- um dos seus filhos a própria vida
ato, pelo qual somos feitos filhos de ramente participamos; a caridade, divina e eterna (cf. Ef 1,3-6).
Deus, sempre é eclesial, nunca indi- que antegozamos nos sacramen-
vidual: da comunhão com Deus, Pai
e Filho e Espírito Santo, nasce uma [10 OLUTADOR [ AGOSTO 2019
vida nova partilhada com muitos
outros irmãos e irmãs. E esta vi-
da divina não é um produto para
vender – não fazemos proselitis-
mo –, mas uma riqueza para dar,
comunicar, anunciar: eis o senti-
do da missão. Recebemos gratuita-

paternidade de Deus e na maternidade da Igreja...

Esta vida é-nos comunicada O destino universal da salvação, necessária também para aquelas
no Batismo, que nos dá a fé em Je- oferecida por Deus em Jesus Cristo, terras e seus habitantes. Um reno-
sus Cristo, vencedor do pecado e da levou Bento XV a exigir a superação vado Pentecostes abra de par em par
morte, regenera à imagem e seme- de todo o fechamento nacionalista as portas da Igreja, a fim de que ne-
lhança de Deus e insere no Corpo e etnocêntrico, de toda a mistura do nhuma cultura permaneça fechada
de Cristo, que é a Igreja. Por conse- anúncio do Evangelho com os inte- em si mesma e nenhum povo fique
guinte, neste sentido, o Batismo é resses econômicos e militares das isolado, mas se abra à comunhão
verdadeiramente necessário para potências coloniais. Na sua Carta universal da fé. Que ninguém fi-
a salvação, pois garante-nos que apostólica Maximum illud, o Papa que fechado em si mesmo, na au-
somos filhos e filhas, sempre e em lembrava que a universalidade divi- torreferencialidade da sua própria
toda parte: jamais seremos órfãos, na da missão da Igreja exige o aban- pertença étnica e religiosa. A Pás-
estrangeiros ou escravos na casa do dono duma pertença exclusivista à coa de Jesus rompe os limites es-
Pai. Aquilo que, no cristão, é realida- própria pátria e à própria etnia. A treitos de mundos, religiões e cul-
de sacramental – com a sua pleni- abertura da cultura e da comuni- turas, chamando-os a crescer no
tude na Eucaristia –, permanece vo- dade à novidade salvífica de Jesus respeito pela dignidade do homem
cação e destino para todo o homem Cristo requer a superação de toda a e da mulher, rumo a uma conver-
e mulher à espera de conversão e indevida introversão étnica e ecle- são cada vez mais plena à Verdade
salvação. Com efeito, o Batismo é do Senhor Ressuscitado, que dá a
promessa realizada do dom divino, A Igreja verdadeira vida a todos.[...]
que torna o ser humano filho no Fi- está em missão
lho. Somos filhos dos nossos pais no mundo: a fé em Gostaria de concluir com uma
naturais, mas, no Batismo, é-nos Jesus Cristo dá-nos breve palavra sobre as Pontifícias
dada a paternidade primordial e a a justa dimensão Obras Missionárias, que a Carta apos-
verdadeira maternidade: não pode de todas as coisas, tólica Maximum illud já apresenta-
ter Deus como Pai quem não tem a fazendo-nos ver o va como instrumentos missioná-
Igreja como mãe (cf. São Cipriano, mundo com os olhos rios. De fato, como uma rede glo-
A unidade da Igreja, 4). e o coração de Deus. bal que apoia o Papa no seu com-
promisso missionário, prestam o
Assim, a nossa missão radica-se sial. Também hoje, a Igreja conti- seu serviço à universalidade ecle-
na paternidade de Deus e na mater- nua a necessitar de homens e mu- sial mediante a oração, alma da
nidade da Igreja, porque é ineren- lheres que, em virtude do seu Batis- missão, e a caridade dos cristãos
te ao Batismo o envio expresso por mo, respondam generosamente à espalhados pelo mundo inteiro. A
Jesus no mandato pascal: como o chamada para sair da sua própria oferta deles ajuda o Papa na evan-
Pai me enviou, também eu vos en- casa, da sua família, da sua pátria, gelização das Igrejas particulares
vio a vós, cheios de Espírito Santo da sua própria língua, da sua Igre- (Obra da Propagação da Fé), na for-
para a reconciliação do mundo (cf. ja local. São enviados aos gentios, mação do clero local (Obra de São
Jo 20,19-23; Mt 28,16-20). Este envio ao mundo ainda não transfigurado Pedro Apóstolo), na educação duma
incumbe ao cristão, para que a nin- pelos sacramentos de Jesus Cristo consciência missionária das crian-
guém falte o anúncio da sua voca- e da sua Igreja santa. [...] ças de todo o mundo (Obra da San-
ção a filho adotivo, a certeza da sua ta Infância) e na formação missio-
dignidade pessoal e do valor intrín- A coincidência providencial do nária da fé dos cristãos (Pontifícia
seco de cada vida humana desde a Mês Missionário Extraordinário com União Missionária). Ao renovar o
concepção até à sua morte natural. a celebração do Sínodo Especial so- meu apoio a estas Obras, espero que
bre as Igrejas na Amazônia leva-me o Mês Missionário Extraordinário
O secularismo difuso, quando a assinalar como a missão, que nos de outubro de 2019 contribua para
se torna rejeição positiva e cultu- foi confiada por Jesus com o dom a renovação do seu serviço missio-
ral da paternidade ativa de Deus na do seu Espírito, ainda seja atual e nário ao meu ministério.
nossa história, impede toda e qual-
quer fraternidade universal autên- AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]11 Aos missionários e às missio-
tica, que se manifesta no respeito nárias e a todos aqueles que de al-
mútuo pela vida de cada um. Sem gum modo participam, em virtude
o Deus de Jesus Cristo, toda a dife- do seu Batismo, na missão da Igreja,
rença fica reduzida a ameaça in- de coração envio a minha bênção.
fernal, tornando impossível qual-
quer aceitação fraterna e unidade Vaticano, 9 de junho – Solenida-
fecunda do gênero humano. de de Pentecostes – de 2019.]

FRANCISCO

A mãe judia
de Jesus de Nazaré

MARIA CLARA BINGEMER MUITAS VEZES nos perguntamos,
aqueles que praticamos a
fé cristã e ainda mais os
que a estudamos nos cur-
sos de Teologia, por que a
enorme importância dada a Maria,
mãe de Jesus, dentro do Cristianis-
mo. As razões para essa perplexida-
de são muitas: a pouca quantidade
de textos evangélicos que a men-
cionam, as afirmativas da exege-
se mais rigorosa de que esses mes-
mos textos não estão próximos ou
afinados aos mais antigos e, por-
tanto, não podem ser remetidos ao

Religião [ Deus enviou seu Filho nascido de mulher...

Jesus Histórico, já havendo recebi- zoável imaginar que os israelitas te- tas coisas. Como, por exemplo, a se-
do grande influência interpretativa riam tido fácil acesso, por exemplo, veridade na punição do adultério,
das primeiras comunidades cris- a virgens babilônias, jamais tocadas que representaria um perigo, uma
tãs. Acrescente-se o fato de alguns por homens. Ademais, as situações vez que poderia gerar filhos não ju-
evangelhos pouco ou nada mencio- de estupros de mulheres eram mui- deus, já que não se sabia quem era
narem Maria, ficando sua presen- to frequentes naquelas sociedades. o parceiro sexual da mulher sur-
ça explícita no texto restrita apenas Isso tornava ainda mais problemá- preendida em adultério. Mas tam-
a Mateus e Lucas. tica a identificação da criança. Em bém traz uma firmeza positiva em
sendo assim, a Corte Mosaica optou relação aos filhos legítimos das ju-
Por que, então, essa presença pelo óbvio, a saber, a decisão pela dias. E gera um respeito imenso pe-
pequena, menor quantitativamen- matrilinearidade, como única so- lo lugar da mãe na sociedade.
te nos textos revelados, foi-se im- lução possível que asseguraria que
pondo de maneira tão impressio- a criança era, de fato, israelita. Es- Na mulher mãe está a fonte da
nante, a ponto de hoje, no Catoli- sas crianças, juntamente com suas vida e da vida consagrada a Deus,
cismo e na Ortodoxia, ou seja, na mães, foram despedidas pelos ju- na pertença ao povo e na aliança ir-
maior parte do mundo cristão, ter deus, e retornaram para seus lares revogável com Deus. Em seu ven-
uma posição tão central não ape- na Babilônia. tre repousa o segredo da Aliança. E
nas na revelação cristã, mas em por isso esse ventre que gera e dá à
tudo que se tornou o cristianismo Na mulher mãe luz, esses peitos que amamentam
histórico, a posteriori dessa mes- está a fonte os filhos do povo, serão louvados e
ma revelação? cantados em todos os tons pelo po-
da vida e da vida vo de Israel. Como em Lc 11,27: “Bem
Parece-nos que a razão deve ser consagrada a Deus, -aventurado o ventre que te trouxe
buscada não tanto no Cristianismo, e os peitos que te amamentaram!”
e sim no Judaísmo, que foi o ber- na pertença
ço do próprio Cristianismo. Após a ao povo e na aliança É verdade que os evangelhos, já
volta do exílio da Babilônia, quan- irrevogável com Deus. escritos quando a comunidade cris-
do o povo eleito, sob a guia de Es- Em seu ventre repousa tã rompia com a exclusividade da
dras, deu a si mesmo a reforma da o segredo da Aliança. conexão com a sinagoga e acolhia
Lei mosaica, fixando assim defini- em seu seio gentios de todas as pro-
tivamente as bases de sua fé mo- Tal matrilinearidade, enquanto cedências do mundo antigo, mos-
noteísta, várias questões práticas identificação positiva de identida- tram Jesus insistindo que muito
para a identidade do povo tiveram de, pode ser fundamentada na To- mais bem-aventurados que os que
que ser firmemente estabelecidas. E rá por diversos ângulos. E foi o que saem do ventre de uma mãe judia,
uma delas foi um maior rigor quan- a Corte Mosaica decidiu fazer para como ele, são os que ouvem a Pala-
to à pertença ao povo. E isso estava sustentar sua deliberação. A funda- vra de Deus e a põem em prática.
ligado à linhagem e aos pais bio- mentação ocorre a partir de Dt 7,3- No entanto, a comunidade cristã
lógicos daqueles que nascessem e 4: “Não se casem com pessoas de lá. igualmente viu que Maria, a mãe
pretendessem integrar o conjunto Não deem suas filhas aos filhos de- do Mestre, entrava nas duas cate-
do povo de Israel. las, nem tomem as filhas delas para gorias. Judia fiel, levou no ventre
os seus filhos, pois elas desviariam e amamentou ao peito o filho que
Consideraram então os que, re- seus filhos de seguir-me para servir depois falaria às multidões, faria
unidos em Assembleia, tomavam a outros deuses e, por causa disso, milagres e anunciaria a todos o Rei-
decisões sobre o futuro de seu po- a ira do Senhor se acenderia contra no de Deus. Porém, não menos foi
vo, que os filhos nascidos de estran- vocês e rapidamente os destruiria”. aquela que viveu plenamente a obe-
geiras que não se haviam unido a diência, que significa ouvir a Pala-
Deus em aliança não seriam con- Toda essa raiz histórica da im- vra de Deus e colocá-la em prática.
tados entre os filhos de Israel. portância da mãe judia para a iden-
tidade do povo de Israel explica mui- Mãe judia do homem Jesus, a
A razão da Corte Mosaica é sim- Igreja proclama Maria igualmente
ples de entender. É sempre possível AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]13 “Theotokos”, ou seja, mãe de Deus.
ter certeza da mãe de uma crian- E é Paulo que proclama com força,
ça. Já o pai, naquele momento, se- em sua Carta aos Gálatas, que por
ria muito difícil de determinar em ela chegou a plenitude dos tempos.
caso de dúvida. “Na plenitude dos tempos Deus en-
viou seu Filho nascido de mulher”.]
Além disso, Israel estava em si-
tuação vulnerável no exílio, como Fonte: Dom Total
uma nação em servidão. Não é ra-

Bíblia [ Não basta apontar para a luz, como os

WILSON CABRAL & DENILSON MARIANO

CONTINUAMOS nossa reflexão Quem ama
sobre a 1ª Carta de João, con-
caminha na luz
forme proposta da CNBB para Mês da Bíblia 2019 [2/3

o Mês da Bíblia. A carta nos apon- Ele andou. O conhecimento de Jesus de está nas trevas. João afirma que
deve levar a viver como Ele viveu. anda na luz quem ama o seu irmão.
ta a condição fundamental para Não basta apontar para a luz, como Este é o maior critério da verdade.
os gnósticos faziam; o importante é
sabermos se estamos, ou não, caminhar na luz, ser luz “capaz de Amar como Jesus amou
acender outras luzes”, como Jesus. Na língua grega, em que foi escrito
caminhando na luz: a vivência o Novo Testamento, havia três pa-
3Nas trevas. Quem diz que está na lavras para significar o amor. Eros,
dos mandamentos. Sobretudo o luz, mas odeia o irmão, na verda- que é o amor erótico, sexual; filia,
que é o amor amizade, fraterno, e
mandamento do amor. [14 OLUTADOR [ AGOSTO 2019 ágape, que é o amor mais sublime,
comprometido, levado às últimas
Os gnósticos consequências. Na 1João, só apare-
No tempo em que a 1João foi escri- ce o amor ágape, o amor mais subli-
ta, havia um grupo que queria viver me. Ali aparece 19 vezes o substanti-
a fé apegando-se ao conhecimento vo “amor”, e 28 vezes o verbo “amar”.
racional, agarrados às “verdades da Isto nos leva a concluir que João não
fé”, que seriam reveladas apenas se refere ao amor-sentimento, des-
para os escolhidos. Era o grupo dos comprometido, líquido, passagei-
gnósticos, que se espalhou por to- ro. João nos revela o jeito de Jesus
das as comunidades dos primeiros amar: um amor verdadeiro, firme,
séculos. Eles pensavam que a alma disposto a se doar pelos irmãos. O
vinha de Deus e devia ser salva. O jeito de Jesus deve ser o nosso jeito
corpo era desprezado e suas ações de amar. Amar como Jesus amou...
eram “coisa do mundo”. Para eles
era muito difícil entender que Je- Na contramão do caminho de
sus se encarnara de verdade e que o luz, que é o amor, está o ódio, o ca-
amor e a vivência cristã deveriam minho das trevas. Ódio e ressenti-
manifestar-se através de ações de mento cegam, geram violência, so-
acolhida, misericórdia e solidarie- frimento e morte. Fazem mal para
dade em favor dos irmãos e irmãs de o corpo e para alma, nos tornam
dentro e de fora das comunidades. doentes, sem gosto de viver. Só o
amor cura e nos leva à comunhão
As ações revelam se somos de Deus e à alegria completa.
A Carta de João afirma que a obe-
diência aos mandamentos reve- João anuncia que é chegada a
la se nós conhecemos, ou não, a última hora. Para os cristãos das
Deus. Não são as ideias, mas nos- primeiras comunidades, a vinda
sas ações que revelam se nós so-
mos de Deus. Daí, o autor apresen-

1ta três tipos de comportamento:
O mentiroso. Aquele que diz co-
nhecer a Deus, mas não guarda
seus mandamentos. Quem conhece
a Deus caminha de acordo com os
ensinamentos de Deus. Obediên-
cia não é seguir ordens cegamente,
mas caminhar na luz, andar nos
caminhos de Deus.

2Faz de conta. Quem diz que perma-
nece em Deus, deve andar como

gnósticos faziam; o importante é caminhar na luz, ser luz...

definitiva de Jesus estava próxi- dade dos ensinamentos que lhes fo- Lançamento
ma. Eles viviam nessa expectati- ram transmitidos (cf. 1Jo 1,1-2). Es- para o Mês
va e nessa esperança. Jesus havia sa firmeza da fé se dá pela acolhida da Bíblia 2019
anunciado que o Reino de Deus ha- do projeto de vida de Jesus através
via chegado, mas ainda não esta- do Espírito Santo. Os anticristos, Neste ano a Conferência Nacio-
va plenamente realizado. Para os aqueles que dividiam a comunida- nal dos Bispos do Brasil – CNBB
primeiros cristãos, a ressurreição de, negavam a encarnação de Jesus – nos convida à leitura e ao estudo
– ou seja a glorificação de Jesus no e, com ela, negavam também a sua da 1ª Carta de João com o tema: “Pa-
pensamento joanino – tinha sido Paixão e a sua morte na cruz. João ra que n’Ele nossos povos tenham vi-
a entronização de Jesus junto de deixa claro que é necessário crer da”. O lema é “Nós amamos porque
Deus Pai. Daí, o que faltava era Ele que Jesus se encarnou na história, Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,19).
vir para manifestar definitivamen- e devemos permanecer na comu- O amor é resumo da Boa Nova de Je-
te seu reinado sobre o mundo. E is- nhão com o Filho para estar com o sus e, de fato, ocupa um espaço cen-
so seria logo em breve. Pai e para alcançar a Vida Eterna. tral na 1ª Carta de João. Para quem se
coloca no seguimento de Jesus, ela é
Cuidado com os anticristos Cristãos e anticristos presentes um convite especial para permane-
na comunidade na mesma comunidade. Como sa- cer no amor de Deus
Um dos sinais desse final dos tem- ber se estamos certos? A certeza, se-
pos seria o surgimento de anticris- gundo a 1João, vem da própria un- Didaticamente, usa comparações
tos – pessoas que se anunciavam ção. Por ela (Batismo / Crisma) re- esclarecedoras, que ajudam a com-
como messias e salvador, mas na cebemos o Espírito Santo. Somente preender o seu conteúdo. A 1ª João
direção contrária à proposta de vi- por Ele e com Ele temos condições alterna algumas reflexões e ensina-
da de Jesus. Em alguns casos, como de superar os problemas internos mentos sobre a vivência das comu-
no Apocalipse, esses “falsos Cris- e externos da comunidade. O Es- nidades e, logo em seguida, faz exor-
tos” seriam como a Besta-fera (cf. pírito Santo nos leva a agir como tações, convites à conversão, à mu-
Ap 13; 2Ts 2,3-8). Mas, naquele mo- Jesus: próximos dos necessitados, dança de vida e a assumir a missão
mento da história, os autores cris- solidários com os sofredores, pra- cristã. Não deixe de motivar seu gru-
tãos perceberam que dentro da co- ticantes do verdadeiro amor. po e sua comunidade para a reflexão
munidade de fé havia pessoas que deste mês da Bíblia 2019.
agiam como o Anticristo. E por que Quem se distancia deste modo
eles eram chamados de anticris- de ser e de agir de Jesus, não é mo- Adquira e ajude sua comunidade
tos? Ora, quem recebeu a unção (o vido pelo Espírito Santo. Esta cer- a vivenciar com intensidade o Mês da
Batismo / a Crisma) é chamado de teza não nos é dada por um acon- Bíblia. “Desconhecer a Escritura é des-
cristão, que significa: outro Cristo. tecimento mágico ou intimista; o conhecer Jesus Cristo!” (S. Jerônimo)
Assim, aqueles membros da comu- Espírito Santo age em nós na me-
nidade que causavam divisões en- dida em que nos abrimos para aco- FORMATO: 11X15CM, 32P.
tre os cristãos passaram a ser tra- lher a Palavra de Deus, o anúncio de
tados de anticristos. nossos pastores, o testemunho dos Apenas: R$ 2,00 + Porte
mártires, e pela prática da carida-
Naquele tempo, no modo de pen- de. É assim que o Espírito Santo age PEDIDOS
sar de muitas pessoas, as divisões em nós e em nossas comunidades. 0800-940-2377
na comunidade seriam um sinal olutador.org.br
do fim dos tempos. Os anticristos A proposta da Carta de João nos [email protected]
eram pessoas saídas do meio da co- motiva permanecer em Jesus. Is-
munidade. E João, profeticamen- to significa perseverar na partici-
te, não teve dúvidas ao afirmar que pação da comunidade, nos Sacra-
eles “não eram dos nossos” (1Jo 2,19). mentos, nos Grupos de Reflexão, na
Mas somente o juízo, no final dos leitura orante da Palavra de Deus,
tempos, dirá quem permaneceu, no cuidado com os mais pobres...
ou não, fiel a Deus (cf. 1Cor 11,19). Isto é permanecer em Deus. Desse
modo não seremos confundidos,
O importante é que, nas comu- não seremos anticristos.
nidades, permaneciam aqueles que
eram fiéis: os verdadeiros cristãos. Para aprofundamento:
A unção recebida ao entrar na co- - Em relação à violência e à questão
munidade devia confirmar a ver- das armas, estamos sendo filhos da
luz ou filhos das trevas? Por quê?]

AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]15

Família [ NÃO CAIAMOS NA ARMADILHA DE NOS

R CLÁUDIO RODRIGUES & MARIA DO ROSÁRIO SILVA*
PE. SEBASTIÃO SANT’ANA SILVA, SDN

PAPA FRANCISCO:

como vai a família?

AONUdeclarou 1994 como Ano ma da Semana Nacional da Fa- danças antropológico-culturais in-
Internacional da Família. mília de 2019. fluenciam todos os aspectos da vida
São João Paulo II assumiu e requerem abordagem analítica e
a proposta, quis também O Papa Francisco – que convocou diversificada”. Hoje há uma “reali-
que a Igreja celebrasse o dois Sínodos sobre a Família (2014 dade doméstica com mais espaço
Ano da Família. Fez mais: e 2015) e nos brindou com a Exor- de liberdade, com uma distribuição
publicou a “Carta às Famí- tação pós-sinodal “Amoris Laetitia” equitativa de encargos, responsabi-
lias” e realizou o I Encontro Mundial (sobre o amor na família) –, vai nos lidades e tarefas; valoriza-se mais
das Famílias (Roma, 8 e 9/10/1994). ajudar a responder, com este pre- a comunicação entre os esposos”.
Em profunda sintonia, no Brasil, o cioso documento, à grande ques-
tema da Campanha da Fraternida- tão: como vai a família hoje? Francisco constata, porém, um
de de 1994 foi “A família, como vai?” crescente individualismo que des-
Fiéis a Cristo, virtua os laços familiares. As ten-
Ao celebrarmos os 25 anos des- olhar a realidade da família sões causadas pela cultura indivi-
ses marcantes eventos familia- No capítulo II da “Amoris Laetitia” dualista exagerada de posse e frui-
res, a Comissão Episcopal Vida e (nn. 31 a 57), o Papa aborda a reali- ção geram, no seio das famílias, di-
Família da CNBB e a Pastoral Fa- dade e os desafios das famílias em nâmicas de impaciência e agressi-
miliar propuseram retomarmos toda a sua complexidade, com suas vidade. “Quando não há objetivos
“A família, como vai?” como te- luzes e sombras. Alerta que “as mu- nobres e disciplina pessoal, dege-

[16 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

CONSUMIRMOS EM LAMENTAÇÕES AUTODEFENSIVAS...

nera numa incapacidade de se dar Francisco vos, aos adolescentes e jovens deso-
generosamente” – adverte o Papa. constata rientados. Alerta para a difusão da
um crescente pornografia, para a comercialização
O Papa nos convida individualismo do corpo e a prostituição forçada. Se-
a uma salutar autocrítica que desvirtua parações e divórcios que trazem sé-
Francisco lembra que, como cris- os laços familiares. rias consequências para os adultos,
tãos, não podemos renunciar a pro- As tensões os filhos e a sociedade. A toxicodepen-
por o matrimônio, para não con- causadas dência, o alcoolismo, os jogos de azar.
tradizer a sensibilidade atual, para pela cultura A mentalidade antinatalista e a difi-
estar na moda, ou por sentimen- individualista culdade de educar e transmitir a fé.
tos de inferioridade face ao desca- exagerada de posse
labro moral e humano; estaríamos e fruição geram, no Francisco aborda o desemprego,
privando o mundo dos valores que seio das famílias, a falta de habitação digna, os filhos
podemos e devemos oferecer. Não dinâmicas de nascidos fora do matrimônio, a explo-
basta uma denúncia retórica dos impaciência ração sexual de crianças, o fenômeno
males atuais. Nem mesmo querer e agressividade. dos “meninos de rua”. Pede-nos uma
impor normas pela força da autori- postura samaritana diante dos mi-
dade. Precisamos, sim, apresentar torais nos ataques ao mundo deca- grantes e refugiados, das sociedades
as razões e os motivos para se op- dente. Muitos não sentem a mensa- feridas pela guerra, pelo terrorismo
tar pelo matrimônio e a família, de gem da Igreja sobre o matrimônio e e pelo crime organizado. Refere-se
modo que as pessoas estejam mais a família como um reflexo da pre- também à violência contra a mulher
bem preparadas para responder à gação e das atitudes de Jesus, que e à “ideologia de gênero” que esva-
graça que Deus lhes oferece. propunha um ideal exigente e não zia a dimensão humana da família.
perdia jamais a proximidade com-
O Papa sugere muita humildade, passiva às pessoas frágeis como a Papa conclui sua análise
realismo e uma salutar autocrítica. samaritana ou a mulher adúltera. com ação de graças e esperança:
Isto porque muitas vezes apresen- “Dou graças a Deus porque muitas
tamos de tal maneira o matrimô- Desafios que pedem famílias, que estão bem longe de
nio, que o seu fim unitivo, o convite atitudes pastorais samaritanas se considerarem perfeitas, vivem
a crescer no amor e o ideal de aju- O Papa fala da rapidez com que as no amor, realizam a sua vocação
da mútua, foi ofuscado pela ênfa- pessoas passam de uma relação afe- e continuam para diante embora
se quase exclusiva no dever da pro- tiva para outra. Mostra que jovens são caiam muitas vezes ao longo do ca-
criação. Falta-nos acompanhar me- impelidos a não formarem uma fa- minho. Partindo das reflexões sino-
lhor os jovens casais nos primeiros mília. Pede atenção aos idosos aban- dais, não se chega a um estereótipo
anos de matrimônio. donados, às crianças órfãs de pais vi- da família ideal, mas um interpe-
lante mosaico formado por muitas
Testemunho de casais AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]17 realidades diferentes, cheias de ale-
abre portas a uma pastoral positiva grias, dramas e sonhos. As realida-
“Durante muito tempo pensamos des que nos preocupam são desa-
que, com a simples insistência em fios. Não caiamos na armadilha de
questões doutrinais, bioéticas e mo- nos consumirmos em lamentações
rais, sem motivar a abertura à graça, autodefensivas, em vez de suscitar
já apoiávamos suficientemente as uma criatividade missionária. Em
famílias, consolidávamos o vínculo todas as situações, a Igreja sente a
dos esposos e enchíamos de sentido necessidade de dizer uma palavra
as suas vidas compartilhadas. [...] So- de verdade e de esperança. [...] Os
mos chamados a formar as consciên- grandes valores do matrimônio e
cias, não a pretender substituí-las.” da família cristã correspondem à
busca que atravessa a existência hu-
Segundo Francisco, o testemu- mana. Se constatamos muitas difi-
nho dos casais cristãos abre a porta culdades, estas são um apelo para
a uma pastoral positiva, acolhedo- libertar em nós as energias da es-
ra, que torna possível um aprofun- perança, traduzindo-as em sonhos
damento gradual das exigências do proféticos, ações transformadoras
Evangelho. Não podemos agir na de- e imaginação da caridade.” (AL 57).]
fensiva, gastando as energias pas-

EQUIPE DO CATEQUESE HOJE Catequese [ Usar cartazes, desenhos, expressão

Algumas “dicas”

para o uso da Bíblia
na catequese [2

INFÂNCIA: PELOS 7-8 ANOS

a) Características da idade: fase
marcante no desenvolvimento
humano; ainda muito concen-
trada no seu “eu”; sente enor-
me necessidade de estima, de
amor; aberta à contemplação, à
admiração; gosta de ouvir o si-
lêncio; aprecia símbolos, a ex-
pressão corporal, os bichos, tu-
do o que é vida; gosta de saber
fazer as coisas, de rir e brincar,
de aprender e decorar.

b) Quanto à imagem de Deus: preva-
lece a imagem do Deus grande,
forte, que tudo sabe e pode, jus-
to, santo, bom; do Deus da cria-
ção e dos milagres.

c) Quanto à Bíblia: A criança está Conte histórias de enredo história terminará com a vitó-
na fase de alfabetização, uma curto, mantendo a tensão até ria do bem.
boa ocasião para apresentar-lhe o fim, narrativas simples, dis-
a Bíblia como livro bonito, im- tinguindo claramente entre o Cuidado com os aspectos cho-
portante, que os homens apre- bem e o mal. Evitar preconcei- cantes da mentalidade infantil:
ciam mais que qualquer outro. tos a respeito de pessoas e tipos. histórias como a de Herodes (ma-
Pode-se contar como é que ela O sofrimento e o mal podem e tança de bebês), de Caim (que mata
apareceu na vida do povo, co- devem ser abordados, mas de o irmão), os pormenores da Pai-
mo ela continua sendo impor- modo a inspirar confiança; a xão de Jesus e outros textos seme-
tante para as pessoas aprende- lhantes, que são traumatizantes
rem a resolver seus problemas. [18 OLUTADOR [ AGOSTO 2019
Usar cartazes, desenhos, expres-
são corporal. Deixe que as crian-
ças vejam, toquem, perguntem,
deem palpite, façam.

corporal. Deixe que as crianças vejam, toquem, perguntem, deem palpite...

Cuidado com os aspectos chocantes da mentalidade infantil:
histórias como a de Herodes (matança de bebês),
de Caim (que mata o irmão), os pormenores
da Paixão de Jesus e outros textos semelhantes,
que são traumatizantes nesta idade. Enfim, narrativas bíblicas
que impressionam negativamente a criança e amedrontam
podem provocar antipatia pela Bíblia durante longos anos.

nesta idade. Enfim, narrativas bí- coisas concretas (não está mais ças. Por enquanto, fala-se de Deus
blicas que impressionam nega- ligada à linguagem poética, len- criador sem usar esses textos.
tivamente a criança e amedron- das e fábulas).
tam podem provocar antipatia Os relatos de milagres e as pa-
pela Bíblia durante longos anos. b) Quanto à Bíblia: tempo favorá- rábolas de Jesus, ao contrário do
vel para boas informações sobre que em geral se pensa, não são os
d) Sugestão de texto o livro: como foi escrito, quando, mais indicados. A criança pode
- Histórias de Abraão, Zaqueu; por quem, para quê, diversida- ficar com uma imagem deturpa-
principalmente falemos de Je- de dos escritos; informações so- da de Jesus, como se ele fosse um
sus, amigo dos pobres e peque- bre o povo, a terra, os costumes. mágico, parecido com os dos de-
nos, de suas atitudes, de sua ora- É tempo de familiarizar-se com senhos da televisão. Os livros de
ção, de seus amigos. nomes e lugares da Bíblia; tem- catequese mais atualizados não
po de manusear a Bíblia: saber usam essas narrativas.
- Textos contemplativos: fra- encontrar livro, capítulo e versí-
ses dos salmos e dos Evangelhos culo. Agora, mais que o desenho, PRÉ-ADOLESCÊNCIA:
que exprimem alegria, louvor, serão apreciadas a montagem e PELOS 11-12 ANOS
agradecimento, confiança. Um a colagem de figuras; a expres-
salmo inteiro será cansativo de- são corporal será substituída pela a) Características: o mundo infantil
mais, por isso devemos escolher encenação - não mera repetição começa a desmoronar-se: ques-
as frases mais falantes. do texto, mas a sua atualização. tionam tudo; surge a consciência
das próprias limitações; há uma
- Textos sapienciais: dois exce- c) Sugestão de textos: deverão ser nova volta para o próprio “eu”; é
lentes repertórios são o Livro dos concretos, movimentados. Boa a época dos grupos solidários; da
Provérbios e o Eclesiástico (não ocasião para aprofundar a vida imitação dos adultos. Devido a
confundir com Eclesiastes, que adulta de Jesus. Nos Atos, encon- uma série de fatores, principal-
é muito pesado para essa idade). traremos bons textos sobre co- mente os meios de comunicação
munidades primitivas. social, esta fase tem começado
FINAL DA INFÂNCIA: antes dos 11 anos.
PELOS 9-10 ANOS Fala-se de Deus criador, da sua
grandeza, conforme a Bíblia nos b) Textos bíblicos: numa linha mais
a) características: viva, ativa; in- fala, mas sem usar a linguagem refletida, tomem-se as figuras de
teressa-se por aventuras, via- simbólica própria do Gênesis 1 e Jesus, Jeremias. Ainda não é tem-
gens, ação; gosta de ler, de estu- 2. Esses textos são difíceis para po para anjos e demônios, lendas
dar, de aprender; está mais so- essa idade. Eles exigem uma boa e insistência em milagres, para
cializada, o que lha dá mais se- formação do catequista também. não reforçar a mentalidade má-
gurança; quer saber os porquês - Mas são textos para serem usados gica, própria da idade.]
se o fato aconteceu mesmo; quer com os jovens e não com crian-

AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]19

FRT. DIONE AFONSO, SDN* Juventude [ É preciso apontar caminhos seguros

“SEÉSJOVEM em idade, mas “Christus Vivit”
te sentes frágil, cansado
ou desiludido, pede a Je- e n’Elevaleapena
sus que te renove. Com
Ele, não se extingue a es- ser jovem!
perança. E o mesmo po-
des fazer, se te sentires cos. E quando se trata de mulheres, não que respeitam, amam e cui-
imerso nos vícios, em maus hábi- estas situações de marginalização dam dos jovens.” (CV, 79.)
tos, no egoísmo ou na comodidade tornam-se duplamente dolorosas
morbosa. Cheio de vida, Jesus quer e difíceis”. (CV, 74.) Visitar os jovens de Emaús
ajudar-te para que valha a pena ser No caminho de volta para casa,
jovem. Assim, não privarás o mun- A preocupação do Papa não pa- os jovens de Emaús se abrem
do daquela contribuição que só tu ra por aí! Os jovens desse “agora” com Jesus e Ele, compadecido da
– único e irrepetível, como és – lhe também sofrem diante de uma in- tristeza deles, se põe a caminhar
podes dar.” (CV, 109.) Ainda temos dústria do descartável, dos estereó- junto deles. No caminho, Jesus se
muito que refletir da Exortação do revela no anúncio da Palavra. Na
Papa sobre a juventude, mas, antes É preciso andar junto do Palavra Jesus se faz presente. Na
do último artigo dessa sequência, jovem. O Papa nos convida Palavra Jesus se faz caminho. Na
nesta edição falaremos um pouco a ser a luz da Ressurreição, Palavra Jesus se faz alimento. Na
do momento da decisão. Não dei- a única capaz de ofertar uma Palavra Jesus se faz jovem. Portanto,
xe de buscar os artigos das edições eterna novidade a cada jovem. começando desde a revelação de
anteriores (maio – junho – julho). Deus a Moisés, passando por toda
tipos que os moldam como se fos- a profecia bíblica, pelos caminhos
Escutar para acompanhar sem plásticos. São manipulados, dos Profetas, “Jesus explicava para
Se é complicado ouvir nossos jo- não importando com o que pensam, os discípulos todas as passagens que
vens com seus lamentos mistura- só com o que rendem na roda do ca- falavam d’Ele” (cf. Lc 24,27).
dos aos sonhos e às suas esperan- pitalismo exclusivista. “A cultura
ças, torna-se mais embaraçoso ter atual promove um modelo de pes- Quando um jovem retorna, tris-
que acompanhá-los dando luz e es- soa estreitamente associado à ima- te, decepcionado para sua casa, Je-
perança em seus caminhos tortuo- gem do jovem. Sente-se belo quem sus nos convida a não o abando-
sos e por vezes imprevisíveis. Re- se apresenta jovem, quem realiza nar no momento mais difícil da vi-
fletir sobre “o agora de Deus”, que tratamentos para cancelar as mar- da dele. A caminhada de volta pa-
significa colocar os nossos jovens cas do tempo. Os corpos jovens são ra Emaús é marcada pela indeci-
no centro de nossas preocupações constantemente usados na publi- são, pela falta de compreensão...
pastorais, é desafiador. cidade comercial. O modelo de be- Quantos jovens, hoje, em nossas
leza é um modelo juvenil, mas es- comunidades, retornam para suas
Nossas preocupações pastorais tejamos atentos, porque isto não é casas confusos, chateados, tristes,
devem, na coragem e na abertu- um elogio para os jovens. Significa necessitando de uma companhia,
ra, estar prontas para ouvir tudo o apenas que os adultos querem rou- precisando da comunidade para es-
que eles têm a nos dizer. Entre as bar a juventude para si mesmos, e clarecer suas dúvidas e angústias,
várias situações em que encontra- e a comunidade, fechada em suas
mos os jovens de hoje, deparamos [20 OLUTADOR [ AGOSTO 2019 ideologias, não enxerga que é preci-
com um número assustador daque- so caminhar junto deles, sobretudo
les “que padecem formas de mar-
ginalização e exclusão social, por
razões religiosas, étnicas ou econô-
micas. Lembramos a difícil situa-
ção de adolescentes e jovens que fi-
cam grávidas e a praga do aborto,
bem como a propagação do SIDA/
HIV, as várias formas de dependên-
cia (drogas, jogos de azar, pornogra-
fia etc.) e a situação dos meninos e
adolescentes de rua que carecem de
casa, família e recursos econômi-

e pautados na ética cristã e nos valores do ser humano...

nessa volta para Emaús? É preci- surreição, a única capaz de ofertar entre vida privada e vida pública. O
so sair de Jerusalém e visitar com uma eterna novidade a cada jovem Papa faz um alerta: “expor-te ao ris-
mais frequência os nossos jovens que vive uma eterna escuridão e dias co de te fechares em ti mesmo, do
que vivem na noite de Emaús, cujos marcados pela dolorosa via-crúcis isolamento ou do prazer vazio. Mas
“olhos ainda não se abriram” por- a que são empurrados a cada nas- não esqueças a existência de jovens
que não tiveram quem partisse o cer do sol. E, quando são criticados que, também nestas áreas, são cria-
Pão e anunciasse a Palavra. por suas facilidades em manusear tivos e às vezes geniais”. (CV, 104.)
o mundo digital, lidamos com o ris-
É preciso andar junto do jovem. O co da alta exposição e da confusão Ser esperança para o jovem
Papa nos convida a ser a luz da Res- Há um caminho. Toda via-crúcis é
AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]21 marcada pela certeza da ressurrei-
ção, pela vida nova. “Não deixes que
te roubem a esperança e a alegria,
que te narcotizem para te usar co-
mo escravo dos seus interesses. Ou-
sa ser mais, porque o teu ser é mais
importante do que qualquer outra
coisa; não precisas de ter nem de
parecer. Podes chegar a ser aquilo
que Deus, teu Criador, sabe que tu
és, se reconheceres o muito a que
estás chamado.” (CV, 107.) Na Pala-
vra, os jovens percebem que há um
caminho novo a percorrer.

Deus é conosco e conta com ca-
da um de nós. Reconhece nossa his-
tória, nosso caminho e sempre ca-
minha conosco. Deus sabe e reco-
nhece que não somos como má-
quinas. “A sua memória, querido
jovem, não é um HD que grava e
armazena todos os nossos dados;
a sua memória é um coração ter-
no e rico de compaixão, que se ale-
gra em eliminar definitivamente
todos os nossos vestígios de mal.”
(CV, 115.) O caminho que Jesus faz
com os dois jovens é o mesmo que
cada comunidade é convidada a fa-
zer com os jovens de hoje. Quando o
caminho é feito junto deles, a Pala-
vra anunciada e partilhada reacen-
de uma nova chama no coração de
cada um. E em forma de prece eles
dirão: “Fica conosco, Senhor, pois já
é tarde e a noite já vem”. (Lc 24,29.)

Para rezar e discutir em grupo
Nossas comunidades têm identifi-
cado a necessidade de ir até os jo-
vens de Emaús? O que podemos fa-
zer para melhorar?]

* Graduando em Jornalismo
pela PUC-Minas / [email protected]

Fertilidade [ Experiências...

Alta fertilidade
não é o produto da ignorância

CHRISTINE ROUSSELLE “Simplesmente não há evidên- mento em sua pré-adolescência não
cia para dizer que de repente o país vai ajudar em sua situação. Em vez
AIDEIA de que as taxas de ferti- vai simplesmente explodir econo- disso, ela sugeriu que mais esforços
lidade elevadas são uma bar- micamente se as taxas de fertili- sejam concentrados contra as nor-
reira para o sucesso econômi- dade sobem para dois ou três filhos mas culturais que aprovam tais situa-
co é um mito contemporâneo, por casal.” ções. Para ela, estamos diante de “uma
afirma a professora de economia da época de contracepção barata e am-
Universidade Católica da América, A Nigéria, o país da África com o plamente disponível”, em que é fácil
mãe de oito filhos, Dr. Catherine Paku- mais alto PIB, tem a 12ª taxa de fer- para as pessoas escolher o tamanho
lak, em resposta ao comentário do tilidade mais alta do mundo, com de suas famílias, por isso as pessoas
Presidente francês Emanuel Macron uma TFR de 5.07. A África do Sul, que estão optando por ter menos filhos.
em um evento da Fundação Gates. tem o segundo maior PIB do Conti-
nente, tem uma taxa de fertilidade Pakulak lamentou o declínio das
Macron sugeriu que mulheres muito baixa, de 2.29. [...] taxas de fertilidade em outras partes
instruídas não optariam por ter um do mundo, mencionando especial-
grande número de crianças se ti- A pesquisadora expressou a preo- mente a Europa. Enquanto a França
vessem uma escolha. Pakulak acha cupação de que este ponto de vista apresenta a TFR mais alta da Europa
que o comentário foi parcialmente corrente possa ser usado para for- (1,96), esta ainda fica abaixo da taxa
fora de contexto, e mesmo tentan- çar a contracepção em mulheres de substituição do nível de popula-
do dar o benefício da dúvida a Ma- africanas, independentemente de ção, que seria de 2.1. Isto é motivo de
cron, ainda avaliou que o comentá- elas estarem pedindo isso. “Eu acho preocupação para Pakulak, adver-
rio era “ridículo”. que isso é falso, porque outros paí- tindo que as baixas taxas de nata-
ses têm crescido rapidamente com lidade seriam desastrosas para os
A pesquisa acadêmica da Dr. uma TFR no mesmo nível em que programas sociais do continente.
Pakulak centra-se, em parte, sobre estão os países africanos.”
os efeitos da fertilidade no desen- Ela também se diz preocupada
volvimento econômico. “Alta ferti- Os grupos conservadores não se com a mentalidade de que criança é
lidade não é o produto da ignorân- opõem à disponibilidade da contra- um sinal de problemas maiores. “As
cia”, disse ela. Os comentários de cepção, disse ela; eles são contrários pessoas não têm filhos para salvar
Macron evidenciam um preconcei- a um tipo de política agressiva que seus países do inverno demográfico,”
to comum na cultura contemporâ- desperdiça tempo e dinheiro que po- ela disse. “Elas têm filhos por causa
nea, em uma atitude que prevalece deriam ser aplicados em outros pro- de uma atitude ligada ao significado
tanto na África como nos Estados gramas de desenvolvimento. e ao sentido da vida, e àquilo que sig-
Unidos. Mulheres como ela mesma, nifica viver uma boa vida humana.”]
que escolheu ter muitos filhos, en- Além disso, a Dr. Pakulak disse
frentam uma reação pejorativa de que fornecer contracepção para as Fonte: Catholic Herald
outras pessoas sobre suas decisões meninas que foram forçadas ao casa-
de terem muitos filhos. [...]
[22 OLUTADOR [ AGOSTO 2019
“Não há provas de que países
não podem crescer rapidamente,
ou constantemente, com altos ní-
veis de fertilidade”, explicou ela. E
alguns estudos têm apontado que a
fertilidade africana na verdade não
é especialmente alta em relação ao
seu rendimento. Em todo o Conti-
nente, a taxa de fertilidade média
não se eleva há sete, oito ou nove
anos, ela disse. Na realidade, a taxa
de fertilidade total (TFR) em toda a
África aproxima-se da taxa média
do mundo, “na faixa quatro”.

Família Julimariana [ Acontecimento religioso...

PE. MARCOS ANTÔNIO A. DUARTE, SDN A imagem e bênção do Bom Jesus
A cada celebração, logo no início é
É tempo de feita a motivação para acolher a ima-
Jubileu em gem do Bom Jesus. É um momento
Manhumirim sublime, quando os olhares se vol-
tam para o Crucificado, muitos fi-
OJUBILEU do Bom Jesus em mando os fiéis às celebrações. Os se- cam emocionados, choram e ficam
Manhumirim, MG, é um te horários de missas permanecem durante toda a celebração a contem-
acontecimento religioso bem concorridos, o adro do Santuá- plar o Bom Jesus em sua Cruz, ex-
que já está na memória rio sempre movimentado com pes- pressão de seu amor, perdão e mise-
dos fiéis católicos da Zo- soas chegam e saem... ricórdia para com todo humanidade.
na da Mata mineira. Nem precisa
de tanta divulgação, o Bom Jesus por A Paróquia do Bom Jesus é a gran- Singular é a bênção do Bom Jesus.
si só já convoca, desperta e anima de anfitriã deste evento religioso. Du- O povo todo fica comprimido junto ao
as famílias a fazerem sua peregri- rante alguns meses, toda a comu- sacerdote, perto do Bom Jesus, pedin-
nação ao Santuário. nidade se preparou com reuniões, do suas copiosas bênçãos para suas
encontros, celebrações e formação famílias, recomendando a saúde de
De 7 a 14 de setembro de cada de equipes de trabalho. Todos que- seus parentes, pedindo emprego, paz,
ano, a cidade fica diferente: popula- rem servir aos que chegam para a proteção - são tantos os rogos que so-
ção mais otimista, rostos mais sor- casa do Bom Jesus. Há o despertar bem ao Bom Jesus nesse momento.
ridentes, corações receptivos, uma de novas lideranças que despontam Enquanto isso se canta: “Bom Jesus
acolhida especial aos romeiros que movidas pela doação e pelo desejo desta terra querida, extensão do teu
chegam... É bacana ver as pessoas de servir os irmãos peregrinos. Es- reino de amor! Nós viemos pedir tuas
se encontrando, amigos que não se te é um pouco do clima do Jubileu bênçãos. Ouve a nossa oração, ó Senhor!”
viam há algum tempo se alegram do Bom Jesus de Manhumirim. Te-
e partilham a vida. A população de mos dois momentos que são ápices Visita ao túmulo
Manhumirim cresce, os hotéis e as de expressão da piedade religiosa do do Servo de Deus Pe. Júlio Maria
casas de família ficam lotadas. As nosso povo: a entrada da imagem Às vezes, confundimos o Pe. Júlio Ma-
ruas ficam cheias de pessoas subin- e bênção do Bom Jesus e a visita ao ria como o fundador do Jubileu, uma
do e descendo ao ritmo do repicar túmulo do Servo de Deus Pe. Júlio vez que as grandes construções desta
dos sinos da torre do Santuário, cha- Maria De Lombaerde. cidade foram edificadas por este san-
to homem. O Servo de Deus, durante
AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]23 16 anos, foi o grande gestor, divulga-
dor e mestre espiritual do Jubileu.

Ele acolhia a todos, celebrava, atendia
as confissões, pregava belos sermões
e fazia de tudo para que a devoção ao
Bom Jesus se espalhasse cada vez mais.

Então, para os devotos do Bom Je-
sus, vindo ao Jubileu, depois da visita à
imagem do Bom Jesus, a próxima pa-
rada é sem dúvida junto ao túmulo do
Pe. Júlio Maria, aos pés de Nossa Se-
nhora de Lourdes. Os romeiros tocam
o túmulo, relembram sua história, fa-
zem suas preces antes de voltarem pa-
ra suas casas com a certeza da inter-
cessão sacerdotal do Pe. Júlio Maria.
É assim que vivemos este tempo de fé,
este kairós nas terras do Bom Jesus. É
uma festa que começa sempre em se-
tembro e não tem mais fim, pois senti-
mos sempre a companhia do Bom Je-
sus em nossas vidas e o apoio do Servo
de Deus Pe. Júlio Maria De Lombaerde.

Venha conhecer nosso Jubileu!
Visite o Santuário do Bom Jesus e
conheça a história do Servo de Deus
Pe. Júlio Maria.]

Espiritualidade [ Assumir a missão...

FREI PATRÍCIO SCIADINI, OCD

não édOaoquppeadroálamfevertdaao
SEMPRE que falo dos profetas,
me vem à cabeça um exem- res de cabeça e muito sofrimento. eles corajosamente. Aconteceu is-
plo “patriciano” meio bobo, Mas não pode fazer menos e dizer to com todos, com o próprio Jesus,
mas que dá a idéia de quem não. Deus chama os seus profetas que diz: “Deste-me um corpo e, ao
é o profeta. O profeta é como o ma- e os “empurra” docemente deserto entrar no mundo, eu disse: ‘eis-me
ribondo: mexeu, ele pica, e não me- afora, e os obriga docemente a di- aqui para fazer a tua vontade!’” As
xeu, também pica. zer sim ao chamado. Deus insiste palavras dos profetas podem ser até
e é exigente. duras, exigentes, mas o que mais
A vida é que dá medo questiona é o silêncio do profeta e
O que dá medo não são as palavras A nós não serve dar desculpa a sua vida. É o que hoje devemos re-
do profeta. Qualquer um pode di- esfarrapada, porque ele não aceita descobrir no nosso dia a dia.
zê-las e tudo termina por aí. Mas é desculpa. Moisés tentou livrar-se
a vida dos profetas que mexe com de ser profeta, encontrou até uma Os santos
a gente e nos perturba no mais ín- boa desculpa: “Sou gago, tenho a Os santos não foram diferentes. João
timo de nós mesmos. Até Herodes língua pesada. O meu irmão é bom da Cruz perturbava mais quando
gostava de ouvir falar a João Batis- falador, manda a ele ou quem qui- estava no cárcere de Toledo do que
ta, mas ficava perturbado pela sua ser, mas eu não posso”. E Deus lhe quando estava livre. A sua manei-
vida, pela sua maneira de se com- dirá: “O teu irmão bom falador se- ra de agir, de ser, a sua penitência e
portar. As palavras de Jesus podem rá a tua boca, e tu serás a sua pa- oração eram um espinho constante
ser ditas por muitas pessoas, mas lavra. Vai!” na alma dos que não queriam viver
quando nós tentamos compreen- com seriedade a vida religiosa. O
der Jesus, vemos que não há divór- E Moisés que mais às vezes me mete em crise
cio entre a palavra e a vida. Há uma se viu obrigado não são as palavras do Papa Francis-
coerência impressionante. É esta a assumir a missão co, mas sim a sua maneira de agir,
coerência que nos dá medo. de ser profeta, simples, pobre, afável, humilde, que
me faz ver que eu não sou assim.
Hoje em dia vivemos num mun- de dizer
do em que surgem por aí muitos só o que Deus Quando nós não somos capa-
que se dizem “profetas”, fazem pro- mandava que zes de viver o Evangelho, muitas ve-
messas bonitas que seduzem e nos ele dissesse. zes o que fazemos? Criticamos os
fazem esperar um mundo melhor, que o vivem... São armas dos que
uma sociedade onde o amor reine O profeta Jeremias também en- não são profetas e não querem se
soberano. Mas, na verdade, quando controu uma boa desculpa: “Sou uma converter. Quem deseja converter-
olhamos a vida deles mais de perto, criança, não sei falar!” E Deus re- se e vê que não é profeta, sofre por
não com as lentes para ampliar, ve- solveu logo o problema: “Não di- não ser capaz de viver a palavra de
mos que não é assim. O que dizem gas sou uma criança. Deverás di- Deus. Não são as palavras dos pro-
e o que fazem não nos convence. zer aquilo que eu te mando dizer!” fetas que perturbam e fazem mal,
Mesmo a Virgem Maria tentou dar mas a vida e a coerência dos profe-
Profeta é o escolhido uma desculpa, mas não teve jeito, tas é que nos fazem mal... Um mal
Profeta antes de tudo nunca esco- Deus lhe respondeu com clareza. bom, e se o sabemos aceitar, nos
lhe ser profeta, é escolhido e tenta dará uma vida mais conforme o
recusar esta missão, porque sabe Os profetas sentem-se pobres, Evangelho de Jesus.]
que lhe vai comportar muitas do- a força de Deus os invade e aí vão

[24 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

Liturgia [ Os sinais...

VIVA a liturgia com seus si-
nais sensíveis, que passam
pelo corpo, que passam pe-
los seus cinco sentidos: coi-
sas para ver, ouvir, cheirar,
apalpar, saborear... realida-
des cósmicas (água, luz, fogo, ar...)
ou realidades culturais (reunir-se,
partilhar pão e vinho, passar óleo,
queimar incenso, abraçar...).

Viva intensamente, atentamen-
te, prazerosamente, graciosamente,
saboreie, vivencie, experencie com
sua sensibilidade literalmente “à
flor da pele”.

Porém, Liturgia: realidade
não basta simbólico-sacramental
que seus sentidos
sejam atingidos, graças, incorporando-nos em Jesus, branças, conscientes ou incons-
não basta o Cristo; mãos estendidas trans- cientes, de experiências vividas; li-
que o seu corpo mitindo a força do divino Espíri- beram nossa imaginação, desper-
esteja envolvido, to, transmitido perdão, consola- tam emoções, sentimentos, nos-
que sua sensibilidade ção, benção... so desejo, mobilizam a mente e o
seja tocada. coração, despertam e alimentam
Deixe que sua Óleo fortalecendo, aliviando, con- a fé. Você se sente identificado(a),
mente acompanhe sagrando; mãos dos noivos entre- associado(a), com todo o seu ser;
cada gesto, laçadas, unindo para sempre suas faz-se o “casamento”, a união, a
registre vidas; frontes marcadas com a cruz, aliança, entre o sinal e as reali-
as sensações, corpos prostrados, encontros, pa- dades significadas vivas em seu
procure lavras, silêncio, música, cantos e íntimo mais íntimo.
compreender. danças, o tempo e o espaço, fogo
Tome consciência aceso, luzes, velas, alianças, flo- Tocando o sinal sensível, você
das emoções. res, incenso... toca o mistério e é transformado(a)
por ele. Faz-se a simbolização. Acon-
Mais: deixe que o Espírito tome As sensações suscitadas pelos tece a comunhão.]
conta de todo o seu ser, na festa da sinais sensíveis provocam lem-
comunidade, ligando os sinais sen-
síveis com as realidades de nossa AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]25
fé, o Reino anunciado e iniciado por
Jesus, o mistério de Deus revelado
em Jesus, no Espírito Santo.

Água batismal, unção crismal,
pão e vinho tomados em ação de

Atualidade [ Amar...

ANTÔNIO CARLOS SANTINI

Amar a vida
uitos anos atrás, em via- O padre, a vovó e seu Carlos nos um gesto que tão radicalmente con-
gem missionária a Ara- ensinam que a vida vale a pena. É tradiz a inclinação natural de cada
guaína, Tocantins, eu me possível encontrar sentido em pe- um à vida, atenuando ou anulando
reencontrava com o sa- quenas coisas, em breves encon- a responsabilidade subjetiva, o sui-
cerdote orionita italiano. E o ve- tros. Passar o dia inteiro na expec- cídio, sob o perfil objetivo, é um ato
lho padre me diz: tativa da visita do beija-flor (ou do gravemente imoral, porque compor-
- Agora, sou o penitenciário. pecador) é o suficiente para per- ta a recusa do amor por si mesmo e
Sabe o que é isso? severar e virar mais uma página a renúncia aos deveres de justiça e
Eu sabia. Ele estava a dizer que do antigo caderno. caridade para com o próximo, com
sua nova tarefa consistia em es- as várias comunidades de que se faz
tar o dia inteiro à disposição dos Hoje, dizem que estamos en- parte, e com a sociedade no seu con-
fiéis para a confissão auricular. O volvidos por uma cultura de mor- junto. No seu núcleo mais profundo,
que ele não disse é que já não tinha te. De fato, é tempo de eutanásia, o suicídio constitui uma rejeição da
mais condição física para ser o pá- de suicídio assistido, de aborto le- soberania absoluta de Deus sobre a
roco. Em vez de alguma lamenta- gal, de eliminação de deficientes, vida e sobre a morte, deste modo pro-
ção, ele me comunicava que sua de guerras genocidas. Mas a vida clamada na oração do antigo Sábio
nova missão de confessor era o elo resiste. Agredida pelo plástico e pe- de Israel:
que o prendia à vida e dava senti- lo ódio, a vida insiste.
do a seus últimos anos. ‘Vós, Senhor,
A velhinha presa à cadeira de Recentemente, vi o filme so- tendes
rodas encontra na gatinha malha- bre a história da médica ingle- o poder da vida
da uma razão para viver. O contato sa que, ao perceber a progressão e da morte,
físico, as mãos alisando o pelo do de uma doença que iria levá-la à e conduzis os fortes
animal, o ron-ron com que ele res- paralisia total, viajou para a Suí- à porta do Hades
ponde ao carinho, estendem uma ça e ali teve o suicídio assistido, e de lá os tirais’
ponte para a existência. mesmo consciente do extremo
Meu pai, já idoso, regava a hor- sofrimento experimentado pe- (Sb 16,13; cf. Tb 13,2)”.
ta todas as tardes. O beija-flor de los filhos.
biquinho vermelho vinha tomar Existem razões para sofrer. Existem
banho no jato da mangueira. Não Na Encíclica “Evangelium Vi- razões para viver. Pode ser a gatinha,
contente, descia escorregando so- tae”, nº 66, João Paulo II escreve: o beija-flor ou o pecador. E sempre
bre as folhas de couve molhadas, “Ora, o suicídio é sempre moral- vale a pena...]
como se fossem um tobogã. Aque- mente inaceitável, tal como o ho-
le era um encontro vespertino que micídio. A tradição da Igreja sem-
devia comover o aposentado. pre o recusou, como opção grave-
mente má. Embora certos condi-
cionalismos psicológicos, culturais
e sociais possam levar a realizar

[26 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

CARLOS SCHEID Atualidade [ Apontar para o alto...

ÃO. Não sou pessimista. Rumoao abismo

NNem profeta do caos. Ape- mo” designa algo sem fundo. Tem vários sinônimos: vora-
nas ligo a TV, passeio pe- gem, vórtice, despenhadeiro. Mas prevalece a ideia de uma
las redes sociais, ouço as queda, um mergulho vertical em relação ao fundo, o mundo
novas (tão velhas!) de Bra- inferior, infernal.
sília e de Paris, e não pos-
so ignorar o óbvio: cami- A palavra abismo permite outras conotações igualmente
nhamos para o abismo. assustadoras: desastre iminente, situação fora de controle,
Em sua raiz grega, “abis- calamidade inevitável. Em nosso caso, o abismo é o ponto de
chegada de uma sociedade que perdeu a alma.
Aqui está
a segurança Desde que a organização social passou a ser vista como
que somente simples epifenômeno dos dados econômicos, desde que o di-
nheiro, a posse e o lucro - e não o homem - se tornam a medida
a fé pode de todas as coisas, logo se percebem os reflexos na estrutura
oferecer da família, nas relações de trabalho, nos objetivos pessoais.
à humanidade
sem rumo Não precisamos de estatísticas – bastam os cinco senti-
dos – para avaliar que chegamos ao ponto de não retorno. O
que o abismo humano é o abismo desequilíbrio ambiental e o caos social o confirmam. O Esta-
divino, o abismo da divina miseri- do se mostra incapaz de reger o sistema apoiado apenas em
córdia. Mesmo ignorado pelo filó- números e teorias econômicas. Isto quer dizer que teremos,
sofo positivista, um Criador subsis- aqui e ali, pequenos e médios apocalipses, antes de algum
te nas entranhas do Cosmo – para apocalipse planetário.
não dizer que é o Cosmo a subsistir
nas entranhas de seu Criador. E o Esta é visão humana. A visão do homem material – ho-
Criador ama sua Criação. Não fica- mem “carnal”, diria o apóstolo Paulo. Neste panorama, o ho-
rá inerte diante de sua destruição. mem conta apenas com suas próprias forças... e suas próprias
fraquezas... E não existe saída.
Aqui está a segurança que so-
mente a fé pode oferecer à huma- Mas a palavra abismo pode ser invertida. Pode apontar
nidade sem rumo. Existe um abis- para o alto. Como escreveu o salmista, “abyssus abyssum in-
mo de amor cuja potência e dina- vocat” (o abismo chama pelo abismo - Sl 42,7). Muito maior
mismo superam a sífilis do capi-
tal, ira do átomo e a fome dos bu-
racos negros.

Estamos perto do fim. E no fim,
o Amor vencerá...]

AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]27

Crônica [ Maria

Quarto de costura

(Para o Ricardo – o meu BEM, lembrando o começo de nosso namoro, no ano de 1953.)

Eu tive e perdi um certo quar-
to de costura.
Eu tive e perdi uma janela,
um alpendre, um calçadão na
Avenida.

Ele era o ponto de encontro
das damas chiques da cidade.
Minha tia Helena costurava em
meio a conversas sobre cinema,
sobre livros e, sobretudo, falava-
se de moda.

Considero puro milagre minha
tia não errar as costuras mistura-
das a conversas tão animadas...

Quando vim estudar aqui,
menina ainda, não era admi-
tida nas rodas de gente gran-

[28 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

de. Ficava estudando na sala ao na hora certa”, só para ir pegá-lo: HUMOR
lado, escutando as conversas, desculpa de ganhar o sorriso do
descobrindo as coisas. moço bonito... DIÁLOGO NO PRESÍDIO
- Por que motivo você está preso?
Bendita mesa de jantar, on- Minha tia Helena fazia mara-
de eu estudava, bem em frente vilhas de roupas para as noivas. - Bem, o médico me exami-
à porta da rua! Eu sonhava, sonhava, olhando nou, olhou os exames e disse que
a prova dos vestidos longos, das só me restavam dois meses de vi-
Ouvi palmas. (Não existia camisolas compridas abertas em da. Aí eu saquei o 38 e dei-lhe três
campainha nas portas...) rendas... Eu sonhava com o mo- tiros. No tribunal, o juiz me deu
ço do Banco e, no lugar das noi- 30 anos.
Fui descalça - mesmo - atender. vas, eu me enxergava dentro de
- Diga pra sua tia que a Laura mil véus, de mil laços, com mil - 30 anos?!
não pode provar o vestido na hora saias... - Pois é... se eu não reajo a tem-
marcada – vem às quatro horas. po, tinha me lascado...
Nunca mais perdi o moço de Aos poucos, fui sendo admi-
vista. Achei-o lindo, de covinhas tida nas rodas das damas e já PARECE QUE NÃO...
no rosto, uma barba azulada na aprendia a fazer os arremates A garotinha visita a tia. Ouve o
pele clara... Só pensei que “era nas costuras... A máquina roda- priminho chorando e pergunta:
uma pena faltar-lhe um dente, va e eu sonhava, em meio às ren-
mesmo na frente!” das, bordados e fiapos de con- - O que é que ele tem?
Guardei “o segredo do encan- versas... Enquanto isso, o moço - Estão nascendo seus primei-
tamento” e, da janela do quar- passava e continuava a me dar ros dentes...
to de costura, enquanto as visi- um sorriso... - E ele não quer eles?
tas não chegavam, eu o seguia
com os olhos, na sua ida e vin- Cada freguesa, cada amiga SEM DIREITO AO VAR
da do Banco... Limpava a poei- ensinava uma coisa, emprestava A mãe teve um desmaio. Chega
ra da janela pra minha tia não um livro, ensinava uma receita o pai embriagado e o garoto vem
desconfiar... para resfriados, receitas de bo- correndo:
Ficava olhando o seu sorriso, los... E eu ia crescendo... E o na-
o seu olhar comprido lá da por- moro-de-longe também crescia... - Pai, a mãe caiu lá na área!
ta do Banco, e ele era o último a E o bebum determina:
entrar, depois de me fazer um *** - É pênalti! Caiu na área é pê-
leve cumprimento de cabeça... nalti!
Nunca um quarto de costu- Hoje passei lá na Avenida.
ra foi tão varrido, tão limpo, tão O quarto de costura está lá. Falta INVENTA OUTRA!
esfregado! Com a (im)paciência uma máquina, uma tia. No hospício, o maluco chega pa-
de quem espera um grande mo- ra o diretor da casa e pergunta:
mento, eu espetava - na mesa O moço do Banco? Lacei-o pa-
macia - cada um dos mil alfi- ra mim... - Quem é o senhor?
netinhos que achava espalhados - Eu sou o diretor do mani-
pelo chão... E, com um cuidado A falha de dentes? Não era cômio...
especial, fazia o tempo coinci- uma falha, eram os dentes se- - Ih! Cê tá lascado! Eu entrei
dir com a passagem do moço bo- parados, uma característica que aqui achando que era Napoleão e
nito: quando ele sumia na rua, me encantava sempre... até hoje não me soltaram...
eu espetava o último alfinete...
Pronto, a limpeza do quarto es- Hoje, em nossas conversas, BOM NEGÓCIO
tava terminada! Toda tarde era rimos muito... Eu falo: O sujeito vai ao analista e passa
a mesma coisa... uma hora inteira no divã, sem di-
Quantas vezes escondi meu - Não fosse a “falha” de seu zer uma palavra. Ao sair, o psi-
prato dentro do forno só para ir dente... sei não... quiatra cobra a sessão. Em dóla-
ver o moço “sem dente na fren- res. O paciente pergunta:
te” passar... Quantos tropeções, E ele confessa - rindo - que, ao
quanto papel jogado no passeio“ ver meus pés tão branquinhos, - Doutor, o senhor não está pre-
ficou preso para sempre... cisando de um sócio, não?]

Pois é.
Eu tive uma rua, um quarto de
costura, uma janela que perdi...
Mas lacei um BEM. Pelos pés...]

AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]29

PAPA BENTO XVI Páginas que não passam [ Aprender...

Silêncio: mo-nos diante do silêncio de Deus,
um espaço interior experimentamos quase um sentido
ADINÂMICA de palavra e silên- de abandono, parece-nos que Deus
cio, que caracteriza a oração ser também ricas de momentos de não ouve e não responde.
de Jesus em toda a sua exis- silêncio e de acolhimento não ver-
tência terrena, sobretudo na bal. É sempre válida a observação Mas este silêncio de Deus, como
cruz, diz respeito também à nossa de santo Agostinho: Verbo crescente, aconteceu também para Jesus, não
vida de oração, em duas direções. verba deficiunt – “Quando o Verbo marca a sua ausência. O cristão sa-
de Deus cresce, as palavras do ho- be bem que o Senhor está presen-
A primeira é a que se refere ao mem faltam”. te e escuta, mesmo na escuridão
acolhimento da Palavra de Deus. É da dor, da rejeição e da solidão. Je-
necessário o silêncio interior e ex- Os Evangelhos apresentam com sus garante aos discípulos e a cada
terior, para que tal palavra possa frequência, sobretudo nas escolhas um de nós que Deus conhece bem
ser ouvida. E este é um ponto par- decisivas, Jesus que se retira total- as nossas necessidades, em qual-
ticularmente difícil para nós, no mente sozinho num lugar afastado quer momento da nossa vida. Ele
nosso tempo. Com efeito, a nossa das multidões e dos próprios dis- ensina aos discípulos: “Nas vossas
é uma época na qual não se favo- cípulos para rezar no silêncio e vi- orações, não sejais como os gen-
rece o recolhimento; aliás, às ve- ver a sua relação filial com Deus. tios, que usam vãs repetições, por-
que pensam que, por muito falarem,
zes a impressão é de que as pes- O silêncio é capaz de escavar um es- serão atendidos. Não façais como
soas têm medo de se separar, mes- paço interior no nosso íntimo, para eles, porque o vosso Pai celeste sa-
mo por um instante, do rio de pa- ali fazer habitar Deus, para que a sua be do que necessitais, antes que vós
lavras e de imagens que marcam Palavra permaneça em nós, a fim de lho peçais” (Mt 6,7-8): um coração
e enchem os dias. [...] que o amor por Ele se arraigue na atento, silencioso e aberto é mais
nossa mente e no nosso coração, e importante que muitas palavras.
A grande tradição patrística en- anime a nossa vida. Deus conhece-nos no íntimo, mais
sina-nos que os mistérios de Cristo do que nós mesmos, e ama-nos: e
estão ligados ao silêncio, e só ne- saber isto deve ser suficiente. [...]

le é que a Palavra pode encontrar Portanto, a primeira direção: voltar Percorrendo os Evangelhos vi-
morada em nós, como aconteceu a aprender o silêncio, a abertura à mos como o Senhor é, para a nossa
em Maria, mulher inseparável da escuta, que nos abre ao próximo, à oração, interlocutor, amigo, teste-
Palavra e do silêncio. Este princí- Palavra de Deus. munha e mestre. Em Jesus revela-
pio - que sem silêncio não se sen- se a novidade do nosso diálogo com
Porém, há uma segunda im- Deus: a oração filial, que o Pai espera
dos seus filhos. E de Jesus aprende-
te, não se ouve, não se recebe uma portante relação do silêncio com mos como a oração constante nos
ajuda a interpretar a nossa vida, a
palavra - é válido sobretudo para a a oração. Com efeito, não há apenas fazer as nossas escolhas, a reconhe-
cer e a acolher a nossa vocação, a
oração pessoal, mas também para o nosso silêncio para nos dispor à descobrir os talentos que Deus nos
concedeu, a cumprir diariamente a
as nossas liturgias: para facilitar escuta da Palavra de Deus; muitas sua vontade, único caminho para
realizar a nossa existência.]
uma escuta autêntica, elas devem vezes, na nossa oração, encontra-
(Audiência de 7/03/2012)
[30 OLUTADOR [ AGOSTO 2019
BENTO XVI (Joseph Aloisius Ratzinger) nasceu
em Marktl am Inn [16/04/1927], e foi Papa da
Igreja Católica e bispo de Roma de 19/04/2005
a 28/ 02/2013, quando abdicou. Destacado
teólogo, domina pelo menos seis idiomas,
além de ler o grego antigo e o hebraico. Mem-
bro de várias academias científicas da Eu-
ropa, recebeu oito doutorados honoríficos
de diferentes universidades. Entre seus do-
cumentos de maior impacto estão as en-
cíclicas Deus Caritas Est, Spe salvi e Cari-
tas in Veritate.

Roteiros Pastorais

Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33
Dinâmica para Grupo de Jovens 33
Catequese 34 • Homilética 36

AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]31

“Rins Leitura Orante [ Estar preparado...
cingidos e
as lâmpadas 2. O que significa “ajustar o cinto” nuamente nos agarramos ao pas-
e “cingir-se”? sado e não percebemos a novi-
acesas” 3. A quem Jesus chama de feliz? dade diante de nós. Preferimos o
(Lc 12,35) 4. O que este texto tem a dizer pa- que nos dá a impressão de segu-
ra nós hoje? rança. Com isso não avançamos
Invocação à Trindade e nem crescemos. Perdemos ri-
e Oração ao Divino C. O que o texto diz para nós cas oportunidades.
Espírito Santo L.2: O Evangelho de hoje nos fa-
la em “velar”, em “estar prepara- O Evangelho quer manter viva
A. Situando o texto dos”: é um chamado a despertar. a responsabilidade do seguidor de
L.1: Constantemente Jesus convi- Estar atentos e “vigilantes” ao que Jesus. Devemos estar sempre aler-
da seus discípulos, e em exten- acontece em nosso interior e ao tas, acordados, sempre dispostos.
são a todos nós, para permane- nosso redor. Ter olhos abertos às surpresas de
cermos vigilantes. É preciso estar Deus; ouvidos atentos para escu-
sempre atentos. O Reino de Deus Um dos riscos que hoje nos tar seus passos; viver sempre em
chegou, tudo ao nosso redor co- ameaçam e esfriam nosso fervor prontidão para abrir a porta de seu
munica Deus. no seguimento de Jesus é cair nu- coração.
ma vida superficial, mecânica, ro-
Este alerta não é para gerar me- tineira, massificada... Com o pas- Cantando: Envia tua Palavra...
do ou constrangimento. Trata-se sar dos anos, os projetos, metas e
de um apelo para que possamos ideais que temos correm o risco D. O que o texto
configurar nossa vida de acordo de irem se apagando e perdemos nos faz dizer a Deus.
com os ideais do Reino. Oportuni- a capacidade de dar um sentido (preces e orações)
dade de recriar em nós as atitu- novo à nossa existência.
des de Jesus. Vamos, com calma a) Senhor Jesus, ajudai-nos a ser pes-
e atenção, ouvir o que o Senhor Cantando: Envia tua Palavra, Pa- soas que experimentam a vida co-
vem nos falar. lavra de Salvação, / que vem tra- mo crescimento constante.
Cantando: Senhor, que a tua Palavra zer esperança, aos pobres liberta-
transforme a nossa vida. / Queremos ção. (bis). Todos: Senhor, fazei-nos sempre vi-
caminhar com retidão na tua luz! gilantes!
B. O que o texto diz em si L.3: Quando alguém viaja de avião,
Ler na Bíblia: Lucas 12,32-48. recebe insistentes recomendações. b) Senhor Jesus, fazei de nós pessoas
Chave de Leitura: Elas vêm com um tom de serieda- de esperança, que sempre buscam
1. Qual a primeira recomendação de: “Vamos passar por uma tur- algo melhor, que acreditam que a
do texto? bulência! Permaneçam em seus vida é inesgotável, uma descober-
lugares!” Também nos recordam ta constante.
que a decolagem e a aterrissagem
são momentos de risco e de ins- c) Senhor Jesus, acompanhai nos-
tabilidade. Por isso é preciso estar sas famílias para que sejam lugar
preparado. do aconchego, do amor, da bonda-
de, da confiança na vida.
O aviso: “afivelem seus cintos
de segurança” corresponde ao im- (Outras preces espontâneas)
perativo: “tende os rins cingidos
e as lâmpadas acesas”, como fa- E. O que o texto
lou Jesus neste Evangelho. Signi- sugere para o mundo, hoje
fica estar preparado para realizar - O que podemos fazer para estar,
um trabalho, uma viagem, uma de fato, mais vigilantes?
missão....

L.4: As advertências são necessá- F. Tarefa concreta
rias, porque facilmente nos fe- Desenvolver ou reforçar algum tra-
chamos em nosso modo habitual balho na linha da promoção voca-
de viver, caímos na acomodação cional em nossa paróquia.
e na falta de atenção àquilo que
acontece ao nosso redor. Conti- Pai-Nosso, Ave-Maria e pedido
de bênção a Deus.]
[32 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

Tudo em Família [ 68 – Amar...

Amor além da medida?

1. Coisas que acontecem 2. Pensando juntos nasceu, vi que ele era diferente. O Lu-
A notícia saiu no portal G1, em 12/06/2019. Vale a pena refletir sobre o que acon- cas, como já tinha convivido com o
Kézia e Lucas foram namorados aos teceu. Aos poucos, Kézia começou a tio, também percebeu. Ao ver o bebê,
15 e 17 anos, respectivamente. Os dois aceitar a aproximação dele e o amor ele se afeiçoou ainda mais”.
se conheceram através de amigos entre os dois começou a renascer.
em comum e em seis meses come- 3. Para uma reunião
çaram a namorar. Porém, um ano “Ele não saía do meu lado. Me de casais
depois se separaram e começaram acompanhava para ir ao médico, me Como você avalia a atitude de Lucas?
a namorar outras pessoas. Depois levava para passear, porque tinha
de terminar o namoro, Kézia vol- medo que eu entrasse em depres- Que faria você no lugar dele?
tou a conversar pela Internet com são. Quando percebemos, nós está-
Lucas, que também estava solteiro. vamos apaixonados de novo. Com 8 Conhece outros casos em que uma si-
Mas a jovem nem imaginava que meses de gravidez, ele me pediu em tuação de sofrimento abre oportuni-
estava grávida. namoro”, diz ela. dades para o crescimento no amor?

Com o nascimento de João Mi- “Tinha medo de aceitar, estando A busca pelo “filho perfeito” pode le-
guel, uma criança com síndrome de grávida de outra pessoa, mas ele não var à recusa do “filho real”. Que pen-
Down, Kézia se surpreendeu ao ver se importava.” “Quando minha bol- sa você sobre isso?
que Lucas ficou ainda mais próxi- sa estourou, ele foi comigo no hospi-
mo e descobriu que o rapaz sempre tal, ficou ao meu lado e se apresen- Como você vê a relação entre amor e
pensara em adotar uma criança Do- tou no hospital como pai da crian- perdão na vida de família?]
wn, após ter um tio nessa condição. ça. Foi um momento único da nos-
sa relação. E quando o João Miguel

Empatia e conhecimento — Dinâmicas para Grupo de Jovens [ 68

Objetivo: Avaliar a vida em grupo. Por mais que esta dinâmica seja en-
graçada de executar, tem um teor mais forte e uma reflexão importante.

Materiais: Para essa dinâmica, você não irá precisar de materiais, de-
verá somente dividir o grupo em duplas, preferencialmente de pes-
soas que não se conhecem.

Dinâmica: Pedir que as duplas conversem entre si e contem um pouco
de si para o outros (explicar seus gostos, seus desejos de futuro, sobre
a família, sobre a importância da religião, o que faz para se divertir,
além de se apresentar falando nome, idade, estado civil etc.). Depois
de dar um tempo para conversarem, cada membro da dupla terá que
se apresentar, mas como se fosse o outro, falando sobre os gostos da
pessoa de sua dupla. Por exemplo, se Maria irá apresentar João, ela
terá que falar: “Eu sou João, tenho tantos anos, gosto de fazer isso…

Observações: É uma dinâmica muito engraçada, que gera muitas ri-
sadas, e faz refletir como colocar-se no lugar do outro é difícil, mas
necessário. O organizador pode introduzir um discurso sobre empa-
tia e a importância desse sentimento.]

AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]33

Roteiros para catequese [ 3 encontros seguindo os evangelhos dos

1. e) O que acontece quando a mulher 2.
A ovelha perde uma moeda de valor? Ser fiel
que se f) O que acontece quando ela en-
desgarrou contra esta moeda? Objetivo: Perceber que a honestida-
de deve começar pelas pequenas
Objetivo: Mostrar que Jesus vai atrás Para refletir coisas da vida.
do pecador. No tempo de Jesus, havia grupos Material: Bíblia (colocar numa mesa
Material: Bíblia: uma folha de papel de pessoas tidas como pecadoras: com toalhas, flores e velas).
pardo e lápis colorido ou canetinha prostitutas, jogadores, cobradores
para cada participante. de impostos, pastores etc. Também 1. VER (a realidade)
eram pecadores os que não podiam Dinâmica: Contar a seguinte piada:
1. VER (a realidade) pagar o dízimo e os que não obser- “Joãozinho, na escola”:
Dinâmica: O (a) catequista motiva to- vavam o repouso do Sábado. E Jesus
dos os participantes a desenharem veio para que todos tenham vida, - Professora...
no papel, colocando no centro do cír- inclusive os pecadores. Jesus en- - Que é, Joãozinho?
culo o seu próprio pé. Em seguida, contra-se com eles, recebe-os afe- - Eu queria falar uma coisa mui-
conversar sobre o que pensam. (To- tuosamente e perdoa-lhes os pe- to importante do meu pai...
dos são iguais? Todos estão na mes- cados. Jesus veio buscar e salvar o - E o que tem seu pai?
ma direção? Caminham muito ou que estava perdido, se preocupava - Sei não... Ele disse que, se eu
pouco? Porque precisam caminhar? com os marginalizados. tirar zero de novo, “alguém” vai le-
Para onde vão? O que vão fazer?) var uma surra e eu não queria as-
Isso não entrava na cabeça dos sustar a senhora...
Experiência de Vida: O catequista con- que se julgavam “justos”: Como é que Questionar a atitude de João-
ta a história de uma criança que santo convive com gente de má fa- zinho (sinceridade, fidelidade ao
saiu de casa à procura de “uma mãe ma? Mas Jesus nos ensina que o pe- estudo, reconhecer o seu erro, des-
melhor que a sua”, porque esta ha- cado afasta as pessoas dos irmãos viar a verdade).
via gritado com ela. Mas acabou se e de Deus. Faz das pessoas ovelhas
perdendo no caminho, a noite che- desgarradas e, quando acontece o Experiência de Vida: Contar a estó-
ga, a criança não consegue voltar arrependimento e a conversão, há ria “Castor Dentuço”.
e fica só. Em casa, toda a família a volta e a acolhida de Jesus e da co-
espera por ela. O pai vai procurá munidade. Vendo o sofrimento dos seus
-la. Quando a encontra, coloca-a amiguinhos da floresta, com o ca-
nos ombros e volta depressa para Guardar no coração: lor que fazia, o Castor Dentuço re-
casa. Todos ficam felizes e alegres - “Haverá alegria entre os anjos de solveu fazer-lhes uma surpresa. Pe-
porque a criança voltou. Vamos ver Deus por um só pecador que se con- diu algumas pedrinhas do quintal
se a gente reconhece alguma coisa verte.” do Coelho Preguiçoso, palha do ga-
disto na história que Jesus contou. linheiro de D. Galinha, flores do jar-
3. CELEBRAR dim da Gatinha Cheirosa e a pá do
2. ILUMINAR (Ensinamentos de Jesus) Oração: Em silêncio, escrever uma Esquilo Dominó. Todos pergunta-
Canto: para aclamar a Palavra oração falando com Jesus sobre o ram insistindo: - “O que vai fazer?”
Leitura: Lucas 15,1-10. (Procurar ler que foi refletido hoje. Depois, as ora- Queriam saber tudo. O Castor Den-
com clareza) ções podem ser expressas no grupo. tuço quase ficou zangado: - “Espe-
Canto: Sou bom pastor, ovelhas guarda- rem até o momento exato”. Final-
Perguntar: rei. / Não tenho outro ofício, nem terei. mente, depois de alguns dias de tra-
a) Quem se aproximou de Jesus pa- / Quantas vidas eu tiver, eu lhes darei. balho incessante, o Castor Dentu-
ra escutar? ço convidou-os a irem conhecer o
b) Qual é a critica que os fariseus 4. AGIR (a realidade nos convoca “segredo”: construíra uma grande
e doutores da lei faziam a Jesus? para...) piscina, utilizando a pá, a palha, as
c) Como Jesus respondeu? Compromisso flores, as pedras e a água do rio de
d) Qual a comparação que Jesus faz Procurar ver se existe alguém que sua propriedade. Todos se alegra-
das ovelhas com as pessoas? deixou a catequese e procurar aju- ram. Daí em diante, iam ter mo-
dá-lo a voltar. mentos felizes, de união e de paz,

Final
Rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria.
Terminar o encontro com um can-
to alegre.]

[34 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

domingos 15, 22 e 29 de setembro]

graças ao amor, ao trabalho e à hu- 3. banqueteava todos os dias. Vamos
mildade do Castor Dentuço. Caminho ouvir com atenção Lc 16,19-31. Ago-
para ser ra vamos comparar:
Comentar: Dentuço foi fiel aos feliz
seus amigos e a ele próprio, conser- Lázaro não possui nada. Está co-
vando o grande segredo. Por isso con- Objetivo: Refletir e interiorizar que berto de chagas. É lambido pelos
seguiu a grande felicidade para todos. o caminho para ser feliz é ouvir e vira-latas. É faminto vive na mi-
viver a Palavra de Deus. séria. Morre e vai para o seio de
2. ILUMINAR (Ensinamentos de Jesus) Abraão. Vive feliz. Viveu na terra
Canto de aclamação: Material: Bíblia com zíper, fechada como justo. Preparou-se para a vi-
Leitura: Lucas 16, 1-13 (ler com ex- com fita adesiva e barbante. da plena.
pressão)
Perguntar: 1. VER (a realidade) O rico tem tudo. Esbanja comida,
a) Em quê devemos ser fiéis? Por quê? vive no luxo. Veste-se com roupas
b) Quais os dois senhores que não Dinâmica: Pegar uma Bíblia com mais bonitas, caras. Não soube par-
podem juntos merecer nossa fide- zíper e fechá-la com fita adesiva tilhar. Morre e vai para o inferno.
lidade? e barbante, de maneira que, para Vive em tormentos. Passa sede e
c) O que acontece com quem é fiel abri-la, se tenha bastante dificul- sofre muito. Encontrou no além o
nas pequenas coisas? dade. Celebrar a “abertura” da Bí- que preparou aqui.
Para refletir blia. Escolher um canto apropria-
Jesus quer que sejamos capazes de do: “A Bíblia é a Palavra de Deus...”, Para refletir
realizar algo para o bem da comu- ou a “Palavra de Deus...”, ou outro. Esta história é uma parábola de jus-
nidade. Isso exige de nós decisão, Abrir a Bíblia (cada um a sua, e ba- tiça. O rico teve todos os privilégios,
sinceridade e fidelidade. O acúmu- ter palma). Explicar: A Bíblia fecha- enquanto o pobre só viveu de mi-
lo exagerado de riqueza quase sem- da, empoeirada, distante da gente, galhas. Chegou a hora da recom-
pre é sinal de roubo e prejudica os não é a Palavra de Vida, mas sim, pensa. Os dois receberam recom-
outros. O que sobra para quem acu- Palavra “adormecida” que não le- pensa diferente. Por quê? A morte
mula, está faltando para os outros. va à ação transformadora. vem para o rico e para o pobre sem
diferença.
A pessoa fiel é de confiança, Jesus Cantar: Aleluia, aleluia, aleluia
confia o seu projeto do Reino de Deus (bis) (batendo palma) Para sermos recompensados
a nós, e quer que estejamos abertos à com a vida plena, é preciso viver a
partilha. O discípulo de Jesus defende Jesus vai falar, eu vou escutar Palavra de Deus que aprendemos.
e vive a verdade e a partilha. Ele é ca- e guardar no coração. (bis) (com Isto exige de nós fraternidade, amor,
paz de renunciar ao que possui para gestos). justiça... Ninguém virá do céu para
ser fiel ao projeto de vida para todos. nos lembrar ou converter. Nós te-
Guardar no coração: Experiência de Vida mos os evangelizadores (catequista,
- “Quem é fiel nas coisas pequenas Que tipo de Bíblia está no meu co- ministro, padres...) que nos anun-
também será nas grandes.” ração? A fechada ou a aberta? ciam a Palavra de Deus.

3. CELEBRAR Como usamos a Bíblia em casa? Guardar no coração:
Oração: Formar um círculo, colo- Como agimos com as pessoas - “Quero viver a Palavra de Deus!”
car a mão sobre a sua Bíblia e repe- que pedem comida, roupa...?
tir: “Querido Jesus, / quero ser fiel Desamarrar a Bíblia fechada, 3. CELEBRAR
e sincero, / quero seguir seu proje- abri-la e colocar numa mesa com
to de vida. / Fique sempre comigo toalhas flores e vela acesa. Oração: Fazer silêncio, refletindo:
com sua força, / assim eu posso se- - Como eu vivo a Palavra de Deus?
guir o caminho de justiça. / Quero 2. ILUMINAR (Ensinamentos de Jesus) Cantar cântico de interiorização.
viver a fraternidade e a partilha”.
Canto de aclamação 4. AGIR (a realidade nos convoca pa-
4. AGIR ra...)
Compromisso Leitura: Lucas 16,19-31
Lembrar de se perguntar antes de dor- O Evangelho deste Domingo apre- Compromisso
mir: “Em quê fui fiel a Jesus durante senta a parábola do pobre, chama- Cada noite, antes de dormir, ler ou
este dia? Em quê eu posso melhorar?” do Lázaro, e do homem rico que se pedir aos pais para ler um trechi-
Final nho da Bíblia. “Lendo a Bíblia todo
Terminar o encontro com um can- AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]35 dia, nossa vida vai mudar!”]
to alegre.]

Homilética [ 22•09•2019 “Nenhum empregado
pode servir

a dois senhores.”

Leituras da Semana (Lc 16,13)

25º Domingo [dia 23: Esd 1,1-6: Sl 125[126],1-2ab.2cd-3.4-5.6; Lc 8,16-18
do Tempo [dia 24: Esd 6.7-8.12b.14-20; Sl 121[122],1-2.3-4a.4b-5; Lc 8,19-21
Comum [dia 25: Esd 9,5-9; (Sl) Cânt. Tb 13,2.3-4.5.8; Lc 9,1-6
[dia 26: Ag 1,1-8; Sl 149,1-2.3-4.5-6a.9b; Lc 9,7-9
[dia 27: Ag 1,15b – 2,9; Sl 42[43],1.2.3.4; Lc 9,18-22
[dia 28: Zc 2,5-9.14-15a; (Sl) Cânt. Jr 31,10.11-12ab.13; Lc 9,43b-45

Leituras: Am 8,4-7; Sl 112[113]; universal da oração litúrgica e da via 100 sacas de trigo, ele man-
1Tm 2,1-8; Lc 16,1-13 salvação de Jesus. Paulo é o arau- dou anotar 80.
to desta novidade, como apóstolo
1. A Aliança rompida. Estamos no das nações. Importa notar que ele se privou
séc. VIII a.C., época de expansão po- apenas do que pertencia a ele, e não
lítica, lembrando os tempos de Da- Aqui são apresentados quatro ao patrão. Em sua esperteza, ele le-
vi. Economicamente, uma prospe- modos de oração: pedidos, orações, sou seu patrão? Não. Esta diferença
ridade nunca vista, luxo, bem-estar súplicas e ação de graças. Quer di- de 50 no óleo e 20 no trigo era, se-
para as classes privilegiadas. So- zer, em qualquer situação em que gundo o costume, direito dele. Era
cialmente, uma distância abissal você estiver, você pode relacionar- costume, na época, o administra-
entre ricos e pobres. Isso tudo sus- se com Deus. É claro que está ex- dor conceder empréstimos com os
tentado pela base religiosa. A reli- cluída uma situação de ira e de dis- bens do patrão. E como o adminis-
gião sustentava a corrupção. Mui- cussões (v. 8). Esta, aliás, é a novi- trador não era remunerado, ele se
ta euforia, muito aparato, mas o dade cristã. Nenhum cristão reza indenizava, aumentando, no reci-
culto era vazio. desejando o mal para alguém co- bo, a importância dos empréstimos.
mo faziam os judeus. O coração de Na realidade, ele tinha emprestado
Os comerciantes injustos e ga- quem reza deve estar aberto a to- do patrão apenas 50 barris de óleo
nanciosos enriquecem às custas da dos, sem exceção. e 80 sacas de trigo. O resto era lu-
exploração, lesando os próprios ir- cro que ele ganharia. O adminis-
mãos. O ideal da Aliança tinha de- 3. Entre Deus e o dinheiro. Estamos trador privou-se daquilo a que ti-
saparecido, nada de solidariedade na grande viagem para Jerusalém nha direito, pois, depois, de desem-
e justiça, mas apenas falsificações, (9,51-19,27), quando os discípulos pregado, ele poderia precisar deles.
roubo, fraude. Eles diminuem a me- experimentam as dificuldades,
dida, aumentam o peso, falsificam exigências e desafios para seguir É claro que, apesar de ter agi-
as balanças. Vendem até os refu- o Mestre. Jesus quer ensinar os do segundo o costume, não pode-
gos do trigo. discípulos a serem espertos nas mos deixar de dizer que seus ju-
coisas de Deus como são os ho- ros de 100% no óleo e 20% no trigo
Haverá impunidade para quem mens nas coisas do mundo (v. 5). já eram desonestos, porque exage-
comete tais crimes? Não. Javé vai A parábola trata de um adminis- rados. A sua desonestidade está no
intervir, pois quem lesa o pobre, le- trador que foi acusado de esban- anterior esbanjamento dos bens do
sa o próprio Deus. Javé se sente feri- jar os bens do patrão (v. 1). O pa- patrão. Isto foi dito no v. 1, antes de
do com as injustiças e corrupções. trão o chama para prestar con- ser narrada a parábola.
Ele jura tomar partido em favor do tas. O administrador, ameaçado
oprimido. Onde o pobre é mais le- pelo desemprego, toma uma ati- Jesus faz a aplicação aos discí-
sado hoje? tude esperta e prudente. A quem pulos (vv. 19-13). 1o - Desprendimen-
devia 100 barris de óleo, ele man- to e partilha (v. 9). Os discípulos de-
2. Salvação para todos. No capítu- dou anotar apenas 50. A quem de- vem ter a coragem de privar-se dos
lo 2º da 1Tm, temos a recomenda- seus direitos para seguir o mestre.
ção da oração litúrgica numa in- [36 OLUTADOR [ AGOSTO 2019 Devem partilhar o dinheiro injus-
tenção universal sem exclusão (vv. to. Qualquer acúmulo fere a justi-
1-8). Nossa oração se fundamenta ça do Reino. 2o - Fidelidade (vv. 10-
na vontade de Deus, que quer a sal- 12). É impossível ser fiel nas gran-
vação de todos, e que cheguem ao des coisas (as propostas do Reino),
conhecimento da verdade. A ora- se não se for fiel nas pequenas (uso
ção é, então, a sintonia com o pro- dos bens terrenos). 3o - A opção fun-
jeto de Deus. O texto ressalta bas- damental. Os discípulos têm de to-
tante o “todos”, ou seja, o caráter mar nova decisão radical: ou o ser-
viço a Deus ou o serviço às riquezas.]

26º Domingo “Agora ele encontra consolo
do Tempo
Comum Homilética [ 29•09•2019 e você é atormentado.”

(Lc 16,25b)

Leituras da Semana

[dia 30: Zc 8,1-8; Sl 101[102],16-18.19-21.29 e 22-23; Lc 9,46-50
[dia 1º: Zc 8,20-23; Sl 86[87],1-3.4-5.6-7; Lc 9,51-56
[dia 2: Ex 23,20-23; Sl 90[91],1-2.3-4.5-6.10-11; Mt 18,1-5.10
[dia 3: Ne 8,1-4a.5-6.7b-12; Sl 18[19],8.9.10.11; Lc 10,1-12
[dia 4: Br 1,15-22; Sl 78[79],1-2,3-5.8.9; Lc 10,13-16
[dia 5: Br 4,5-12.27-29; Sl 68[69],33-35.36-37; Lc 10,17-24

Leituras: Am 6,1a.4-7; como o agir honesto e reto nas re- o pobre na situação presente e na
Sl 145[146]; 1Tm 6,11-16; lações humanas; a piedade como o situação futura.
Lc 16,19-31 reto agir diante de Deus; a fé como
adesão plena não às coisas, mas à Havia um rico que vivia no es-
1. O dia do Senhor. O contexto das pessoa de Jesus; o amor como ex- banjamento de comida, bebidas
profecias de Amós é a prosperidade pressão comunitária da fé; a perse- e roupas finas e não dava o mí-
do país oriunda das conquistas de verança como a capacidade de su- nimo de atenção aos pobres. Ha-
Jeroboão II. Havia paz, bem-estar perar os conflitos internos e exter- via um pobre que vivia do outro
e segurança, mas só para os ricos. nos e, finalmente, a mansidão co- lado do mundo do rico. Mas ele
Estes viviam no luxo, em festas e mo imitação do Mestre que disse: tinha uma coisa importante, ti-
orgias, enquanto os pobres eram “Eu sou manso e humilde de cora- nha um nome. Chamava-se Lá-
deixados ao léu – ruína de José. ção”. O v. 12 insiste sobre o combate zaro, que quer dizer: “Deus aju-
da fé. A fé é uma luta perseverante da”. Apesar de não o percebermos
Os nobres da Samaria sentem- até a vitória total. O ideal cristão é com os olhos da carne, Deus es-
se seguros em suas riquezas (v.1) co- o testemunho até o martírio. On- tá do lado dos pobres e os chama
mo se fossem abençoados por Deus. de está o centro de suas atenções: pelo nome.
Sua vida ociosa, desregrada, cheia no dinheiro, no poder, no prazer?
de festa e orgias, na ostentação e O 1o pedido do rico é um dedo pa-
no luxo, é um desrespeito pelo po- 3. A grande inversão. O que diz a ra refrescar sua língua (v. 24). In-
bre, que eles desprezam. Eles não parábola sobre o presente? Diz que crível! Onde estão os tonéis de vi-
se importam com a ruína de José. a situação presente dos que não vi- nho da mesa do rico? Tudo mudou!
vem a partilha será invertida na O egoísmo dos ricos é um abismo
Eles se enganam com o “dia do outra vida. A parábola mostra um intransponível diante dos pobres,
Senhor”. Este dia não será de paz, tremendo contraste entre o rico e só superável pela conversão dos ri-
segurança e prosperidade. Ele vai cos, pois eles mesmos é que cavam
marcar o fim das festas dos boas- AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]37 este abismo.
vidas. O v. 7 é fulminante: “É por is-
so que ireis acorrentados à frente O 2o pedido do rico roga que Lázaro
dos cativos!” É a realidade do exílio desça como testemunho para os
assírio que está às portas. seus cinco irmãos, para eles não
terem o mesmo fim (v. 28). Abraão
2. O ideal cristão. Alguns já se afas- responde que basta eles ouvirem
taram da fé por causa da ânsia de a Lei e os Profetas (v. 29). Mas o ri-
dinheiro. O autor da epístola, na co só acredita em fatos extraordi-
pessoa de Paulo, recomenda a Ti- nários como a ressurreição de um
móteo afastar-se dessas coisas. Ti- morto. Será? Abraão afirma que
móteo é chamado aqui de homem quem é insensível ao apelo da Lei
de Deus, título aplicado aos profe- e dos Profetas e não é capaz de ou-
tas Elias e Eliseu. Naturalmente, vir o grito dos excluídos, não se-
isto implica na sua missão profé- rá sensível diante da ressurrei-
tica de anunciar a verdade de Je- ção de um morto. Os ricos de hoje
sus Cristo e denunciar toda a ten- são sensíveis à ressurreição de Je-
tativa de fazer da religião fonte de sus? A única chance dos ricos es-
lucro (v. 6). tá na partilha dos seus bens com
os pobres (cf. Lc 19,8 - a partilha
O ideal cristão é apontado, sin- de Zaqueu).]
teticamente, através dessas seis vir-
tudes lembradas no v. 11: a justiça,

Homilética [ 6•10•2019 “Aumenta
a nossa
fé!”

Leituras da Semana (Lc 17,5)

27º Domingo [dia 29: 1Jo 4,7-16; Sl 33[34],2-11; Jo 11,19-27
do Tempo [dia 30: Ex 33,7-11; 34,5b-9.28; Sl 102[103],6-13; Mt 13,36-43
Comum [dia 31: Ex 34,29-35; Sl 98[99],5- 7.9; Mt 13,44-46
[dia 1º: Ex 40,16-21.34-38; Sl 83[84],3.4.5.6a.8a.11; Mt 13,47-53
[dia 2: Lv 23,1.4-11.15-16.27.34b-37; Sl 80[81],3-6ab.10-11ab; Mt 13,54-58
[dia 3: Lv 25,1.8-17; Sl 66[67],2-3.5.7-8; Mt 14,1-12

Leituras: Hab 1,2-3; 2,2-4; do dom de Deus, que ele recebera falam em quantidade, mas Jesus
Sl 94[95]; 2Tm 1,6-8.13-14; por imposição das mãos de Paulo. responde em termos de qualida-
Lc 17,5-10 Nosso compromisso batismal ou de. A fé pode ser pequenina como
nosso compromisso eclesial pre- o grão de mostarda. É preciso ter
Quando Deus demora. O profeta cisa ser alimentado, incentivado, a força interior armazenada no
Habacuc vive às voltas com um pro- renovado. “Deus não nos deu um grão de mostarda, que é capaz de
blema muito moderno: a impuni- espírito de covardia, mas de força, se tornar uma grande árvore. A gra-
dade de malvados e opressores. Só de amor e de moderação”. Não te- tuidade (vv. 7-10).
que Habacuc, como profeta, pos- mos, pois razão para sermos fra-
sui uma qualidade que certamente cos e frios. A parábola mostra isto. Depois
ainda não temos. Ele vive em pro- do trabalho, o criado não vai ser
funda intimidade com Deus e Deus A segunda exortação – testa- servido pelo seu patrão. Ele vai,
lhe revela também seus segredos. mento – é não se envergonhar do sim, é preparar o jantar e servir
Dessa intimidade e desse conheci- testemunho. Timóteo deve teste- o patrão. E o patrão não lhe fica
mento de Deus nasce-lhe um agu- munhar Jesus Cristo, e assim fa- devendo obrigação nenhuma. As-
çado senso crítico: a maldade e a zendo, ele dá testemunho também sim também o cristão, depois de
opressão são contrárias ao proje- de Paulo que é prisioneiro por cau- ter cumprido todas as suas obri-
to de Deus. Aí ele se enche de uma sa de Jesus Cristo. A palavra teste- gações, deve dizer: “Somos criados
santa e justa indignação. De tudo inúteis. Fizemos apenas o que tí-
isso brota a ousadia de reclamar munho em grego implica em so- nhamos de fazer”.
de Deus e de lamentar sua falta de frimento e até mesmo na morte
intervenção. “Até quando, Senhor, (testemunho = martírio). Por is- Fé e gratuidade - eis a solução
ficarei clamando sem que me dês so “Paulo” diz: “Sofre comigo pe- para muitos problemas e crises na
atenção?” Em 2,2-4, se anuncia a lo Evangelho”. O depósito precio- comunidade. Mas por que Lucas
resposta de Javé. Através de uma so é o depósito da fé e da doutrina. diz que “somos criados inúteis”,
visão, o profeta poderá contemplar O Espírito Santo é que nos ajuda a se o criado acabou de ser útil ao
a derrota daquele cuja alma não é guardá-lo, renovando seu enten- seu patrão? Acredito que se trata
reta (v. 4), e o desaparecimento do dimento. de uma referência à salvação pe-
homem arrogante (v. 5). la fé, e não pelas obras. Quer di-
3. Servos inúteis. Na caminhada zer, o que fazemos não é útil para
Na resposta de Javé devemos cristã, muitos são os desafios. A ca- a nossa salvação. O que é útil pa-
salientar dois pontos: 1. A esperan- minho de Jerusalém (9,51-19,27). ra a nossa salvação é a fé. Quem
ça: “Se demorar, é só esperar, ela O evangelista remonta às pala- nos salva é o que Jesus fez por nós,
vem mesmo e não há de demorar” vras de Jesus para dar força à co- não o que fazemos. Nossas obras
(v. 3). O profeta foi gravar isso nu- munidade. Diante da crise de fé, é são necessárias, sim, mas como
ma tabuleta, pois a palavra de Ja- preciso pedir como os discípulos: expressão da nossa acolhida da
vé tem valor de lei. 2. Enquanto o “Aumenta-nos a fé!” Os apóstolos salvação que recebemos gratuita-
injusto perece, “o justo viverá por mente de Jesus Cristo.
sua fidelidade”. Quer dizer a justi- [38 OLUTADOR [ AGOSTO 2019
ça é fruto da fé. É Deus que nos faz Nossas obras não nos salvam,
justos através da nossa fé. E atra- mas através delas ajudamos na edi-
vés da fé possuiremos a vida. ficação do Reino de Deus, com o res-
peito mútuo, a convivência frater-
2. É preciso perseverar. O autor, da na, um mundo mais justo e mais
escola de Paulo, recorda a fé de Ti- humano. A salvação vem pela fé
móteo e o exorta a reavivar a chama na gratuidade do amor misericor-
dioso de Deus, manifestado em Je-
sus Cristo.]

Homilética [ 13•10•2019 “Jesus, Mestre,
tem compaixão

de nós!”

Leituras da Semana (Lc 17,13)

28º Domingo dia 14: Rm 1,1-7; Sl 97[98],1.2-3ab.3cd-4; Lc 11,29-32
do Tempo dia 15: Rm 1,16-25; Sl 18[19],2-3.4-5; Lc 11,37-41
Comum dia 16: Rm 2,1-11; Sl 61[62],2-3.6-7.9; Lc 11,42-46
dia 17: Rm 3,21-30; Sl 129[130],1-2.3-4.5-6; Lc 11,47-54
dia 18: 2Tm 4,10-17b; Sl 144[145],10-11.12-13ab.17-18; Lc 10,1-9
dia 19: Rm 4,13.16-18; Sl 104[105],6-7.8-9.42-43; Lc 12,8-12

Leituras: 2Rs 5,14-17; Sl 97[98]; Paulo sofre por causa do seu encontram saída através da soli-
2Tm 2,8-13; Lc 17,11-19 Evangelho a ponto de estar acor- dariedade.
rentado como malfeitor. Mas a Pa-
1. O único Deus. No tempo de Elias lavra de Deus não está algemada (v. Os dez leprosos pararam ao
e Eliseu (séc. IX a.C.), os sírios inva- 9b) Ninguém pode prendê-la. Isto longe, pois eles não podiam apro-
diam com frequência o território dá força e coragem para o apóstolo ximar-se das pessoas; deviam
de Israel. Uma vez raptaram uma suportar qualquer coisa por causa morar fora do povoado, longe do
jovem israelita, entregue ao gene- dos escolhidos. Ele quer que “tam- convívio social, com vida de um
ral sírio chamado Naamã. Ele so- bém eles alcancem a salvação que verdadeiro excluído. Os leprosos
fria de doença da pele. A jovem o está em Jesus Cristo, com a glória simbolizam, no Evangelho, todos
aconselha a procurar o profeta Eli- eterna”. aqueles que a sociedade margina-
seu na certeza de que ele podia curá liza, simbolizam todos os excluí-
-lo em nome de Javé. O hino batismal dos vv. 11-13 sa- dos de ontem e de hoje. Eles ape-
lienta a caminhada daqueles que laram para a compaixão de Jesus
Naamã reconhece que não há estão unidos a Cristo neste mun- (v. 13), que os atendeu e mandou
outro Deus na terra a não ser em do, na certeza de que continuarão -os apresentarem-se ao sacerdo-
Israel (v. 15). O profeta não aceita unidos a ele no outro. “Se negar- te, que era o encarregado de dar
nada em paga, para mostrar a gra- mos o Cristo, é claro, ele também alta aos doentes, depois de ana-
tuidade das ações de Deus. lisar e perceber a cura. O evange-
nos renegará; mas se morrermos lista salienta que ficaram cura-
O texto ensina: 1) O profeta não com ele, com ele viveremos, se so- dos enquanto caminhavam. Je-
restringe seu trabalho ao povo de frermos com ele, com ele reina- sus também caminhava para Je-
Israel, mas está a serviço de Deus remos”. Em síntese, ser cristão é rusalém. A cura, portanto, está
doador da vida para todos. 2) As perseverar, morrer, viver e reinar na caminhada do cristão, no en-
ações de Deus são totalmente gra- com Cristo. gajamento a serviço do outro na
tuitas. O povo deve viver um novo comunidade; a cura está no se-
tipo de relacionamento baseado 3. O estrangeiro agradecido. Jesus guimento de Jesus.
no serviço e na gratuidade. E de- continua sua caminhada para Je-
ve depositar plena confiança em rusalém. Passando por Samaria, Só o samaritano voltou para
Deus. 3) Para Naamã, Deus mora- dez leprosos vieram ao seu encon- dar glória a Deus e agradecer. Os
va apenas em Israel, mas Deus es- tro com esperança de serem cura- nove judeus não voltaram. Jesus
tá presente no mundo todo, obra dos (vv. 12-13). O texto diz que um fica sentido com a insensibilida-
de suas mãos. Ele é o único Deus era samaritano e insinua que os de e a falta de gratidão dos judeus.
em todo o universo. outros nove eram judeus. Judeus Esta expressão - “dar glória a Deus”
e samaritanos não combinavam, - é atribuída por Lucas aos pobres
2. Resistir na fé. Os cristãos são mas aqui eles caminhavam jun- e oprimidos, que Jesus encontra
chamados à resistência na fé, pois tos. É que a miséria e a exclusão só em seu caminho, libertando-os
também Jesus resistiu a todo o ti- da marginalidade (cf. 2,20; 5,25;
po de sofrimento e sem vacilar en- AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]39 13,13; 18,43). Todos foram curados,
frentou a morte, mas depois res- mas só ao samaritano Jesus diz:
suscitou dos mortos (v. 8). Paulo “Levante-se e vá. Sua fé o salvou”.
prega o Evangelho de Jesus morto O samaritano levantou-se como
e ressuscitado para que cada cris- um ressuscitado, como um ho-
tão possa resistir a todo tipo de so- mem curado física e espiritual-
frimento e ser capaz de enfrentar mente, e como cristão deve pros-
até mesmo a morte, se for preciso, seguir sua caminhada de fé: “Vá.
por causa de Jesus. Sua fé o salvou!”]

Homilética [ 20•10•2019 "Faça-me
justiça!"

(Lc 18,3b)

29º Domingo Leituras da Semana
do Tempo
Comum [dia 21: Rm 4,20-25; (Sl) Cânt. Lc 1,69-70.71-72.73-75; Lc 12,13-21
[dia 22: Rm 5,12.15b.17-19.20b-21; Sl 39[40],7-8a.8b-9.10.17; Lc 12,35-38
[dia 23: Rm 6,12-18; Sl 123[124],1-3.4-6.7-8; Lc 12,39-48
[dia 24: Rm 6,19-23; Sl 1,1-2.3.4.6; Lc 12,49-53
[dia 25: Rm 7,18-25a; Sl 118[119],66.68.76.77.93.94; Lc 12,54-59
[dia 26: Rm 8,1-11; Sl 23[24],1-2.3-4ab.5-6; Lc 13,1-9

Leituras: Ex 17,8-13; gradas Escrituras estão expres- midos. No caso, a Lei que prote-
Sl Sl 120[121]; 2Tm 3,14-4,2; sas com ênfase nos vv. 15b-17; elas gia as viúvas (cf. Ex 22,12-22; Dt
Lc 18,1-8 têm o poder de comunicar a sa- 24,17). Ele era um juiz parcial,
bedoria. Esta sabedoria conduz à não agia com respeito à digni-
1. Firmes na oração. Na caminha- salvação pela fé em Jesus Cristo. dade das pessoas, mas estava
da para a Terra Prometida, Deus O v. 16 afirma que a Bíblia é ins- sempre do lado dos mais fortes,
caminha com seu povo, matan- pirada por Deus, daí sua grande contra os mais pobres.
do-lhe a fome e a sede, e libertan- utilidade. Ela é útil para ensinar,
do-o de seus inimigos. O trecho apontando o projeto de Deus; pa- Do outro lado, uma viúva in-
de hoje fala da vitória contra os ra refutar e corrigir, denuncian- sistente (v. 3). Esta viúva “não lar-
amalecitas, que sempre foram do erros e desvios na realização gava o pé do juiz”, pedindo jus-
para Israel a personificação da do projeto de Deus; e para educar tiça contra seu adversário. Ha-
hostilidade e do perigo e repre- na justiça. via leis no Primeiro Testamen-
sentam os que tentam abortar to que protegiam as viúvas, mas
as promessas de Deus de terra e Paulo entrega a Timóteo sua he- não eram levadas a sério. As viú-
vida para o povo. rança espiritual, sintetizada em vas ficavam abandonadas sem
cinco imperativos: “Proclame a pa- um defensor legal. A única for-
A batalha acontece em Radi- lavra, insista no tempo oportuno ça da viúva era a perseverança,
fim. A intervenção de Deus acon- a insistência e uma grande es-
tece mediante a intercessão de e inoportuno; denuncie, ameace; perança... O juiz irresponsável,
Moisés que reza, intercede jun- exorte com toda a paciência e dou- não está mais aguentando a re-
to de Deus pela vitória. Sobe para trina”. O cristão não pode convi- clamação da viúva. Então, resol-
o alto de uma colina com a vara ver acomodado com a injustiça, ve fazer justiça à viúva.
de Deus na mão, acompanhado a alienação ou deturpação da Pa-
de Aarão e Hur. As mãos levanta- lavra de Deus. A paciência é um Jesus conclui (vv. 6-8): se o
das simbolizam a oração dian- lembrete da dedicação e perseve- juiz, que é mau, atendeu à viúva,
te de Deus. Diante do cansaço, é rança das quais deve estar imbuí- “Deus não faria justiça aos seus
preciso não desanimar, mas ser do o cristão escolhidos, que dia e noite gritam
criativo. Deus caminha conosco e por ele?” É claro que sim, e bem
nos ajuda, mas quer que a comu- 3. Rezar sem desanimar. Com es- depressa! Temos que tomar cons-
nidade toda esteja a serviço, cada ta parábola, Jesus quer mostrar ciência do poder e da bondade de
um colocando seus dons à dispo- a necessidade de rezar sempre, Deus, que protege as viúvas (Ml
sição. Todos os dons são impor- sem nunca desistir (cf. 11,9). De 3,5; Ex 22,21-22) e todos os injusti-
tantes. Qual é a sua participação um lado, um juiz iníquo que não çados (Ap 6,10). Em seguida, com
na comunidade? Quem hoje re- temia a Deus. Quer dizer, não muita fé, rezar sempre e nunca
presenta Amalec, impedindo ter- aplicava com justiça a Lei em desistir (v. 1).
ra e vida para o povo? defesa dos mais fracos e opri-
Uma pergunta desafiadora:
2. Firmes na Palavra. O v. 14 exor- [40 OLUTADOR [ AGOSTO 2019 “Mas, o Filho do Homem, quan-
ta a continuar firme nos ensina- do vier, será que vai encontrar fé
mentos. Timóteo os recebeu de sobre a terra?” Jesus quer mos-
sua avó, de sua mãe e de Paulo. trar que é difícil manter-se na luta,
Sua formação é sólida desde a in- enquanto desanimar é fácil. Con-
fância. Desde a infância Timóteo tra o desânimo, temos aí o grande
conhece as Sagradas Escrituras. exemplo da viúva.]
O valor e a importância das Sa-

Mensagens [ Poesia & Sabedoria

[ Poema para o mês de agosto

Tempos difíceis

MARILIA ABDUANI

Tempos difíceis, o pão amassado
a face do mundo, os olhos cremados

emerge das águas o fogo do medo
infinitas guerras, escudo e segredo.

A voz acuada, o arame farpado,
o amargo na boca, o beijo guardado.
As mãos desunidas, a rosa no asfalto
o grito profano, suor, sobressalto.

A cama de pregos, à míngua as flores.
Rendida, a esperança converte os amores

a rota invisível, profundo oceano
o sangue que irrompe a veia do engano.

O instinto aguçado, paredes da cela
o sonho aflorado sem porta ou janela
As mãos consumidas, tirano desejo

o fio da angústia, o cerne do beijo.

A raiva, o pranto, o grito
ecoam na noite.

Que gesto tornaria o mundo mais bonito?

“Os milagres e os sinais
são a marca da humildade
do Filho de Deus que se abaixa

ao nosso nível e no-los dá
como uma espécie de evidências
e indicações para que alcancemos

o seu mistério.
Eles refletem um dos atributos

de Deus ao mostrar,
pela mediação

de seu abaixamento
ao nosso nível,

o seu desejo de nos elevar acima
dos milagres e dos sinais.”

ANDRÉ SCRIMA

AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]41

Variedades [ Culinária & Dicas de português

[ Não Tropece na Língua

[ INCIDENTE, QUESITO, TACHAR, TAXAR

deTgaolritnaha Acidente, incidente mancha, nódoa ou, figurativamente,
Os dois substantivos têm o significa- defeito moral (mancha espiritual).
Ingredientes do de acontecimento, ocorrência ou Daí que o verbo tachar tem o senti-
evento de caráter casual, inesperado. do de “pôr mancha ou defeito em;
1/2kg de pão francês; 700ml de A palavra acidente tem outros sig- censurar, acusar de”. É um verbo que
leite (medida de uma garrafa de nificados, mas no seu sentido abs- só se emprega em sentido negativo,
cerveja); 1 lata de ervilhas; 1 xí- trato de processo ela traz a ideia ne- para indicar as más qualidades de
cara (café) de azeite; 2 tomates, gativa de sofrimento, dano, lesão: alguém ou de alguma coisa:
massa de tomate; cebolas pica-
das; pimenta-do-reino e sal, a - O ônibus escolar sofreu acidente - O deputado criticou também
gosto; 1 frango pequeno refoga- a caminho do colégio, por isso dei- a oposição, tachando-a de indeci-
do e desfiado; 2 ovos batidos; 2 xou de apanhar as crianças. sa quanto à emenda proposta pelo
colheres (chá) de fermento em presidente da República.
pó; maionese. Já a palavra incidente está relacio-
nada a uma ocorrência de que não O verbo taxar significa “cobrar tribu-
Modo de fazer resulta ferimento, dano, estrago ou tos, fixar o preço, lançar um impos-
outros fatos graves. Ou seja, quando to sobre; impor limites, fixar uma
Fazer um bom refogado com os a circunstância é apenas imprevis- quantia”. Está ligado a taxa (impos-
tomates, as cebolas, o sal, o azeite, ta, mas não apresenta consequência to, tributo).
a pimenta e a massa de tomates. de gravidade, deixa de ser acidente
Acrescentar o pão previamente para ser incidente, passando, pois, a - O governo não pretende taxar
amolecido no leite. Misturar o significar “circunstância acidental, o preço do álcool combustível.
restante dos ingredientes e la- episódio, questão acessória”:
var ao forno em tabuleiro unta- - A movimentação financeira se-
do com óleo. Depois de frio, co- - O ônibus escolar esqueceu de rá taxada novamente, dizem.
brir com maionese.] apanhar uma criança no colégio, mas
a diretora achou que o incidente não É esse o uso tradicionalmente correto.
Do livro merecia sua interferência. Todavia, os dicionários estão regis-
trando que se pode taxar de boas ou
“Cozinhando sem Mistério”, Quesito, requisito más qualidades as pessoas e as coi-
Quesito = ponto, questão, pergunta sas. Vejamos a opinião do gramático e
de Léa Raemy Rangel a ser respondida, item. linguista Celso Pedro Luft (No Mundo
& das Palavras 210, Correio do Povo, s/d):
Requisito = exigência, condição
Maria Helena M. de Noronha necessária, formalidade a ser aten- “Se a gente vai na conversa dos
Ed. O Lutador, Belo Horizonte, MG dida. dicionários – Verbos e Regimes do
Francisco Fernandes, por exemplo
Pedidos - Os quesitos mais difíceis da pro- –, tachar ‘censurar, acusar’ tanto po-
0800-940-2377 va foram elaborados por renomado de ser escrito com ch como x. Isso
livraria.olutador.org.br professor francês. era compreensível numa época de
[email protected] indisciplina ortográfica. Digamos,
- Informação correta é requisi- antes de 1943. Depois que se tomou
to para se ter opinião. a origem (etimologia) como crité-
rio para opção entre s / c, g / j, ch / x,
Houve um tempo em que quesito va- não se justificam variantes ou vaci-
lia por requisito no sentido de “con- lações. A não ser que se trate de vo-
dição”. Por exemplo, “preencher cer- cábulos de origem desconhecida ou
tos requisitos para obter emprego” discutível. Uma vez que se sabe que
podia também ser dito “preencher há um derivado de tacha e outro de
certos quesitos”, mas atualmente se taxa – onde ninguém discute ch e x
faz a distinção entre os dois termos -, a distinção entre tachar e taxar é
como acima explanado. obvia, rigorosa. [...] (“taxar de bom”
pode ser, mas não “taxar de ruim”...!).]
Tachar, taxar
Tachar deriva de tacha, substantivo Fonte: Língua Brasil
que vem do francês tache e significa

[42 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

WESLEY FIGUEIREDO* ADCE [ O bem comum...

ADCE Minas Gerais UM TAPETE de serragem e ma-
teriais reciclados ligou as Pa-
róquias Nossa Senhora da Boa
no Corpus Christi Viagem e São José, em um percurso
de mais de 1km pela Avenida Afon-
so Pena, em Belo Horizonte, durante
o dia de Corpus Christi, 26 de maio,
em Belo Horizonte quinta-feira. O tema que inspirou o
trabalho artístico neste ano foi “Eu-
caristia e Misericórdia”, um bonito
testemunho de evangelização euca-
Tapete ligou a paróquia rística por meio da arte.
No dia de Corpus Christi, igrejas
de Nossa Senhora da Boa Viagem em todo o mundo celebraram o mis-
tério da Eucaristia e o sacramento do
Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. A
à de São José, na região central da cidade celebração, uma das tradições reli-
giosas mais antigas da humanida-
de, é uma referência à Quinta-Feira
Santa, quando se deu a instituição da
Eucaristia durante a Última Ceia de
Jesus Cristo com os Apóstolos.
A Associação de Dirigentes Cristãos
de Empresas de Minas Gerais - ADCE
MG - foi responsável pela produção
de um trecho de 10 metros, com o te-
ma “A Eucaristia como alimento do
ser humano envolto no terço da mi-
sericórdia, onde a fé e a oração nos
protegerão”. Para o presidente da AD-
CE Minas, Sérgio Frade, a montagem
do tapete é um gesto importante pa-
ra a valorização da herança cultural
mineira. “Essa é uma oportunidade
para que os empresários e empreen-
dedores participarem ativamente da
vida da Igreja”, afirmou.
A ADCE é uma ONG fundada em
São Paulo em 1961, que posteriormen-
te se expandiu para várias regiões do
país, estando presente hoje em seis
estados do Brasil. Tem como objeti-
vo a formação dos líderes empresa-
riais segundo os valores do ensina-
mento social cristão, para que condu-
zam seus negócios visando à geração
de riqueza de forma sustentável e à
distribuição desta riqueza com jus-
tiça, tendo como pressupostos bási-
cos a dignidade da pessoa humana
e o bem comum.]

* Assessoria de Imprensa
(31) 3211-7532 / (31) 99147-8152

AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]43

Sociedade[ SE NÃO AGIRMOS AGORA, SE NÃO PROGREDIRMOS COM RAPIDEZ,

UniãoEuropeiaprepara-separa

Parlamento Europeu dá aval à proposta que prevê proibição de itens como
pratos e canudos de plástico e maiores esforços de reciclagem.

Medida ainda precisa ser aprovada por Estados-membros do bloco.

OPARLAMENTO EUROPEU APROVOU, composto de produtos de plástico. Plástico polui oceanos
em 24 de outubro de 2010, Os eurodeputados acrescenta- do Ártico à Antártida
uma proposta para proibir A UE recicla apenas um quarto das 25
produtos de plástico des- ram à lista da Comissão sacolas de milhões de toneladas de lixo plásti-
cartáveis, como pratos, ca- plástico leve, embalagens de polies- co que produz anualmente. Alguns
nudos, talheres e cotone- tireno usadas por redes de fast food críticos argumentam que, em vez
tes, em todos os países da e produtos feitos com plástico oxide- de banir os plásticos, as leis deve-
União Europeia - UE. gradável, que, segundo os críticos, riam focar a maneira como esses
A proposta, que recebeu amplo não se decompõem por completo. produtos são descartados.
apoio dos eurodeputados, prevê que
alguns produtos descartáveis que Os filtros de cigarros, que podem O vice-presidente da Comissão
já possuem substitutos fabricados levar mais de uma década para se Europeia, Franz Timmermans, que
com outras matérias-primas sejam decompor, também devem ser re- supervisiona os esforços para redu-
banidos a partir de 2021. Os Estados- duzidos em 50% até 2025, e em 80% zir o lixo plástico, disse que o bloco
membros da UE seriam obrigados a até 2030. Os países do bloco deverão europeu deve agir de modo mais
reciclar 90% das garrafas de plásti- também coletar equipamentos de decisivo.
co até 2025, enquanto os fabrican- pesca que poluem as praias.
tes teriam que ajudar a cobrir os “A Europa deve aceitar o fato
custos do gerenciamento do lixo. A proibição ainda precisa ser de que não podemos apenas jogar
Em maio, a Comissão Europeia negociada em conversações com a responsabilidade para outros”,
propôs a proibição de uma série de os Estados-membros. Se todos con- afirmou ele. “Esta é a primeira es-
produtos plásticos descartáveis e a cordarem, a legislação passará a tratégia em todo o mundo que le-
redução do uso de itens plásticos valer a partir de 2021. va em conta a totalidade da ques-
como embalagens de alimentos. tão do papel do plástico em nossa
Ao apresentar a proposta, o órgão “Enviamos um forte sinal à in- economia. Se não agirmos agora,
executivo da UE argumentou que dústria”, afirmou a eurodeputada se não progredirmos com rapidez,
mais de 80% do lixo nos oceanos é belga Frédérique Ries, que partici- teremos mais plástico do que pei-
pará da negociação com os países xes nos oceanos.”
do bloco. “Há apoio popular amplo e
crescente sobre essa questão”, afir- Fonte: Deutsche Welle
mou ela.

[44 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

TEREMOS MAIS PLÁSTICO DO QUE PEIXES NOS OCEANOS....

GREENPEACE E A PROTEÇÃO DOS OCEANOS gelo derrete, mais a indústria da pes- nome do lucro e de uma atividade que
ca predatória e do petróleo se bene- vai agravar as mudanças climáticas.
O Greenpeace começa uma jornada de ficiam, porque conseguem chegar a
um ano cruzando o planeta e mostran- novas regiões. Elas estão de olho no Sudoeste do Atlântico Longe da costa,
do as ameaças e as maravilhas em nos- Ártico e no lucro que podem ter ali. onde não há leis e regulação sobre ati-
sos oceanos.

vidades predatórias, navios de pesca
Uma nova aventura começou no mês Cidade Perdida No fundo do mar, uma industrial usam métodos devastado-
de abril de 2019: de navio, cruzare- complexa rede de fontes hidrotermais res e levam consigo um número ele-
mos o planeta, do Polo Norte ao Polo forma um ecossistema incrível. E que vadíssimo de seres marinhos. A região
Sul – passando pelos Corais da Ama- dá pistas sobre a origem do plane- é conhecida pelos piores casos de pes-
zônia – para expor as ameaças aos ta Terra. Só que mineradoras estão ca predatória, ilegal e sem regulação.
oceanos, confrontar pacificamente de olho, querendo explorar minérios
os vilões e defender nossos mares. A ali embaixo, colocando em risco esse Montanhas submarinas de Vema Uma
centenas de metros de profundida- local sensível, antes mesmo que te- montanha submersa nas profunde-
de, há um mundo com seres gigan- nhamos mais conhecimento sobre zas no sudeste do Atlântico, perto da
banir plástico descartávelteseincríveiseatécidadesperdidas. oecossistema.
África, é o hábitat de inúmeros ani-

Ali estão criaturas ainda mais varia- Mar dos Sargaços É no Mar dos Sarga- mais marinhos, incluindo lagostas,
das do que nas florestas tropicais. E ços que tartarugas-marinhas bebês que quase desapareceram devido à pes-
elas são donas da maior e mais longa se abrigam. Mas elas estão perdendo ca predatória nos últimos 100 anos.
cordilheira do planeta e trincheiras cada vez mais espaço para o plástico O colapso dessa espécie é um exem-
profundas – tão profundas que cabe- que nós, humanos, consumimos e des- plo do motivo por que precisamos
ria dentro delas um Monte Everest! cartamos. As tartarugas confundem o de um Acordo Global pelos Oceanos.
plástico com comida e acabam mor-
Da mudança climática e explo- rendo sufocadas. Estamos colocando Oceano Antártico A Antártida está es-
ração de petróleo em áreas sensíveis em risco a sobrevivência dessa espécie. quentando até três vezes mais do que
à poluição dos plásticos, da minera- outras regiões do planeta. Isso cau-
ção submarina e à pesca excessiva, Corais da Amazônia Esse sistema re- sa o derretimento de geleiras e, con-
as ameaças que nossos oceanos en- cifal, que foi revelado ao mundo ape- sequentemente, o aumento do nível
frentam estão ficando mais urgentes nas em 2016, foi pouco estudado e já do mar. O pinguim-imperador, por
a cada dia. Mas agora há uma espe- está ameaçado pela indústria do pe- exemplo, depende das geleiras para
rança! Lançamos a nova campanha tróleo, que quer explorar sua região. ter seus filhotes. E o krill, um minús-
Proteja os Oceanos para que pessoas Um derramamento de óleo ali pode culo camarão que é base da cadeia ali-
de todo o mundo pressionem nos- ser catastrófico, matando a vida mari- mentar das baleias, também depen-
sos governantes para criar um Tra- nha, como baleias e tartarugas, e des- de das geleiras para pôr seus ovos.]
tado Global para os Oceanos. Se for- truindo uma região linda – tudo em
mos bem-sucedidos, esse tratado vai (Fonte: Greenpeace Brasil)
abrir caminho para criarmos uma AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]45
rede de áreas de proteção marinha.

Nosso objetivo é que, até 2030,
cerca de 30% dos nossos oceanos es-
tejam protegidos e assim ajudem a
repovoar outras áreas impactadas.

O ROTEIRO DA AVENTURA
Oceano Ártico As mudanças climáti-
cas estão derretendo o Polo Norte, au-
mentando a quantidade de água on-
de antes era gelo e iceberg. Esse “no-
vo oceano” que está surgindo pres-
siona a vida marinha. Os ursos po-
lares, por exemplo, estão perdendo
seu hábitat e passando fome porque
não conseguem caçar. Quanto mais

Leigos [ Identidade que se funda...

PE. AGENOR BRIGHENTI

O laicato na Igreja e no mundo [7
A identidade
ALumen Gentium caracteri- do laicato no
za de forma clara e conci-
sa a identidade do laica- Vaticano II
to: “Os leigos são fiéis que Consequentemente, o “aposto- corrência do tríplice múnus que
pelo batismo foram incor- lado” do leigo não se remete a um todo fiel recebe no batismo. A re-
porados a Cristo, constituídos no “mandato da hierarquia”, mas ao lação, pois, entre os membros da
povo de Deus e, a seu modo, fei- “mandato de Cristo”, uma vez en- Igreja não é de superioridade ou
tos partícipes do múnus sacerdo- xertado nele pelo batismo. A mis- inferioridade, mas de complemen-
tal, profético e régio de Cristo, pelo são dos leigos não é a de “colaborar” tariedade, no serviço à causa do
que exercem sua parte na missão ou “cooperar” com o clero, mas de Reino de Deus.
de todo o povo cristão na Igreja e continuar a obra de Jesus na Igreja,
no mundo”. (LG 31.) Três aspectos numa relação de igualdade e cor- Identidade que se funda
principais da identidade do leigo responsabilidade entre todos os ba- na relação com o mundo
são mencionados pelo Concílio: a tizados. Finalmente, a identidade do laica-
relação com Cristo, com a Igreja e to, além da relação com Jesus e sua
com o mundo. É desta tríplice re- Identidade que se funda Igreja, deriva também de sua re-
lação que nasce a vocação e a mis- na relação com a Igreja lação com o mundo. Todo cristão,
são do laicato. Como o seguimento do Mestre con- pelo batismo, tem uma missão a
siste em continuar sua obra na co- realizar na Igreja e no mundo. É
Identidade que se funda munidade dos discípulos, a iden- Jesus que envia o cristão ao mun-
na relação com Jesus Cristo tidade do laicato, além de fundar- do, seja ele membro do laicato ou
Como com todos os cristãos, pelo ba- se em Cristo, também está rela- do clero. Portanto, a missão dos
tismo os leigos e leigas são enxer- cionada à Igreja. Pelo batismo, leigos no mundo, não se dá pelo
tados em Cristo. Este sacramento através de Cristo, todos os fiéis “mandato”, delegação ou envio por
da iniciação cristã incorpora o fiel são profetas, sacerdotes e reis, parte da hierarquia.
a Jesus e à sua missão - missão da no seio do Povo de Deus, que é a
Igreja, que consiste em continuar Igreja, um povo todo ele profético Frisa o Concílio Vaticano II que
sua obra, que é o Reino de Deus, por (LG 35), sacerdotal (LG 34) e régio ela se dá pelo fato de a Igreja estar
ele inaugurado e tornado presente (LG 36). Consequentemente, é o no mundo e existir para a salva-
em sua pessoa. É do batismo que sacerdócio ministerial que está ção do mundo, compromisso de
derivam todos os ministérios, in- fundado no sacerdócio comum todo batizado, incluídos os mi-
cluídos os ministérios ordenados, dos fiéis, a base laical da Igreja, nistros ordenados. Tanto o cle-
o que faz de todos os fiéis “sujeitos” e não o contrário. ro como os leigos são depositá-
na Igreja, dada a “radical igualdade rios de uma missão a ser desem-
em dignidade de todos os ministé- O leigo, numa Igreja como “co- penhada na Igreja e no mundo.
rios”, diz o Concílio. munidade de iguais”, tem uma iden- Antes do Vaticano II, tendia-se
tidade não assentada sobre o bi- a pensar que o lugar e a missão
nômio “clero-leigos”, mas sobre do clero é no interior da Igreja,
“comunidade-ministérios”, uma e o lugar e a missão dos leigos é
Igreja toda ela ministerial, em de- no mundo.]

[46 OLUTADOR [ AGOSTO 2019

FRT. DIONE AFONSO, SDN Missão [ Bons homens dispostos...

VOCAÇÃO: a fé e o discerni- Mais um
mento provocados diante
de um convite, um chama- missionário para a Igreja
do que nos impulsiona a
responder, a decidir, a escolher um
caminho para cravar nossa histó-
ria e construir nossa caminhada.
Já é comum, entre nós, trazer a te-
mática vocacional para as reflexões
no mês de agosto. Bento XVI decla-
rou o dia 4 de agosto como um dia
especial de orações pelo padre, dia
de São João Maria Vianney.

O missionário de Ars O Missionário Sacramentino você um dia perder o seu primeiro
amor, pare, e volte atrás. Pare, e vá
João Maria Vianney nasceu na Fran- A Congregação dos Missionários Sa- recordar qual foi a sua primeira mo-
ça, em 1786, e foi ordenado sacerdote cramentinos de Nossa Senhora ofer- tivação. Cultive sempre e todos os
em 1815. O bispo que o ordenou acre- ta a Deus sempre bons homens dis- dias a sua espiritualidade, é ela a sua
ditou que o seu ministério não se- postos e entusiasmados a empre- coluna dorsal” - disse Dom Vitral.
ria o do confessionário, pois acha- garem os seus dons a serviço da co-
va que sua capacidade intelectual munidade cristã reunida. Esta fa- Pe. Rafael, a Igreja se alegra com
era muito limitada para dar conse- mília gerada entre as montanhas sua presença entre nós. Lembrando
lhos. Em 1818, ele é transferido pa- de Minas Gerais e creditada sobre a o Fundador de nossa Congregação,
ra a pequenina Ars, no interior da base espiritual: Maria – Eucaristia – a prece que ele faz em sua primeira
França, uma vila alheia à religião. Missão, tem por objetivo levar a Pa- missa torna-se sempre atual para
Assim mesmo, Pe. João Maria Vian- lavra de Deus a todas as pessoas de o exercício desse ministério. O Ser-
ney, homem justo, bom, penitente boa vontade. Seguimos a vida sim- vo de Deus, Pe. Júlio Maria De Lom-
e caridoso, converteu e uniu toda a ples e a humildade e alegria das pa- baerde, assim rezou: “Ó Senhor, fa-
vila de Ars. Amado e respeitado por lavras de Jesus Cristo. Ele é o nosso zei que eu seja um instrumento dócil
todos os fiéis e pelo clero, sua fa- exemplo a seguir. A razão de a Igre- em vossas mãos para que eu possa
ma de conselheiro correu por todo ja existir é a missão. A Igreja existe operar um pouco de bem”.
o mundo cristão. Assim, ele se tor- porque a missão existe. Se não so-
nou um dos mais famosos confes- mos missionários, não somos Igreja. Querido irmão, lembre-se sempre
sores da história da Igreja. Conheci- dessa prece e, recordando mais uma
do também como o Cura d’Ars, mais No último dia 6 de julho, a Igre- vez a homilia, não se acanhe em re-
tarde, foi o pároco da cidade onde ja acolheu com júbilo e esperança o velar sua fragilidade, suas fraquezas,
morreu, em 1859. Pe. Rafael Henrique, SDN, ordenado a impotência; tenha a coragem em
em sua terra natal, Capim Branco, dizer que é fraco, porque “é na fraque-
Seguindo este exemplo, o padre MG. O ordenante, Dom Aloísio Vitral, za que Deus manifesta a sua força”,
compreende que responde a um cha- Bispo Diocesano de Sete Lagoas, MG, pois um missionário não vive para
mado de Deus, que o envia a cuidar dirigiu palavras de espiritualidade e si, ele é do povo. E o povo o espera.]
de “um povo numeroso que perten- de esperança ao neossacerdote. “Se
ce a Ele, quer dizer, ao Pai”. A Igreja * [email protected]
ordena bons homens tentando mi- AGOSTO 2019 [ OLUTADOR]47
rar-se na figura do missionário da
pequenina Ars, com a intenção de,
à semelhança de Cristo, que amou
e deu sua vida ao povo pobre, sim-
ples e marginalizado, excluído e in-
defeso, ofertar a própria vida dan-
do a essa gente dignidade, amor, e
“abrindo as portas do Reino”, para
que todos sejam acolhidos e reco-
nhecidos. Isso é o que vivifica a Igre-
ja: não é o templo, são as pessoas.

Mundo [ A crise no interior da tradição pode ser identificada em cada época...

NÃO é uma característica parti- ta a permanência desses elementos. pátria”; por mais que o imaginá-
cular de nossos tempos a dú- Este é o papel da tradição. A tradi- rio popular crie esses seres simbó-
vida sobre elementos da tra- ção nada mais é que a estrutura ga- licos, eles se dissolvem com o peso
dição. A crise, palavra que vi- rantidora da permanência de ele- da realidade. Os “salvadores da tra-
rou mantra nos dias atuais, se en- mentos que, na história, se carac- dição”, ou melhor, “os guardiões da
contra presente nas mais diferentes terizaram como importantes para moralidade” desconhecem o valor
épocas históricas. Minha intenção a subsistência da comunidade. Po- da crise na constituição das socie-
não é cantar esse mantra “estamos rém, no ato de se autoafirmar como dades, por muitas vezes ignoram os
em crise”, mas demonstrar como a sujeito da história, essa autoexpres- fatos; criam falsos heróis e vilões,
incerteza se instala no interior da são se faz em épocas distintas, e a tentam gerar no imaginário popu-
cultura e como a ação popular é a partir dessa autoafirmação racional lar uma ignorância à história. Es-
construtora de caminhos essenciais se introduz uma dúvida sobre esses ses pseudointelectuais não ajudam
para a estruturação das sociedades. elementos da tradição que pela es- em nada à população, é no mínimo
trutura da permanência se instala- ridículo tentar resguardar a tradi-
A constituição humana, utilizan- ram historicamente nas sociedades. ção da crise. O importante não são
do uma visão do Pe. Henrique de Li- Para que os elementos se atualizem os cantadores de mantras da cri-
ma Vaz, se estrutura em dois polos na realidade presente, é preciso que se, mas o caminho escolhido pela
essenciais sobre os quais o indivíduo primeiro passem pelo consenso so- população durante o afloramento
se afirma como ser de presença ou cial do hábito. das incertezas.
sujeito. Esses polos são natureza e

Tradição
e crise
A estrutura

dinâmica das

sociedades

MICHEL CARLOS DA SILVA*

cultura. A natureza ou physis, como Essa dúvida pode ser chamada de A ação popular é a geradora de
se aplica aos gregos, carrega a neces- crise. A crise no interior da tradição novos modos sociais, porém, para
sidade já dada no simples estar no pode ser identificada em cada época que possa haver uma mudança nas
mundo, e essa necessidade biológi- como, por exemplo, no personagem sociedades, essa ação deverá tornar-
ca é compartilhada com demais se- Sócrates (469 a.C.) ou na figura de Je- se costume e, depois, tradição, ou
res vivos, necessidade de nutrição e sus Cristo. O que há em comum en- seja, ser transmitida para futuras
reprodução. O polo da cultura é es- tre essas duas personalidades his- gerações que novamente duvidarão
truturado como algo propriamente tóricas é que eles foram grandes ge- desses elementos e, se for necessá-
humano, é a partir da ideia de uma radores de crises na tradição. Em- rio para sua subsistência, continua-
necessidade de se realizar e expres- bora esses personagens represen- rá sendo um elemento a ser cultiva-
sar-se como ser de presença, que sur- tem os geradores de instabilidade do. Duvidar da política, dos modelos
gem os elementos simbólicos. A cul- na cultura, a crise é propriamente econômicos, da religião é importan-
tura é o mundo simbólico no qual se gerada não por um querer particu- te para a estruturação das socieda-
manifesta toda expressão desse ser lar, mas por um questionar coleti- des que, de tempos em tempos, deve-
que se afirma como sujeito. vo que se instaura em épocas diver- rão reformular-se ou atualizar seus
sas sobre elementos éticos, religio- elementos da tradição para garantir
A cultura é o local ou a casa da sos e políticos. a estabilidade mínima da vivência
política, da economia e da religião. em comum.]
Todos esses modos simbólicos cons- No momento da expressão mais
truídos historicamente são possíveis aguda da crise aparecem os “heróis” * Postulante sacramentino residente
mediante uma estrutura que garan- e os “mitos”. Não há “salvador da na Área Missionária Tarumã - Manaus, AM

[48 OLUTADOR [ AGOSTO 2019


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