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Previdência: Direito a ter direitos!

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Published by Revista O Lutador, 2019-04-05 16:50:04

REVISTA O LUTADOR 3911 ABRIL 2019

Previdência: Direito a ter direitos!

Keywords: Revista O Lutador,Revista Católica O Lutador,Jornal O Lutador,Revista Católica

Religião [ Somos todos irmãos!

ANO XC / Nº 3911
ABRIL / 2019

olutador.org.br

PREVIDÊNCIA:
R$9,90 Direito a ter direitos!

[ Um fermento evangelizador [ Indignação não é ódio

ROBERTO CARLOS EM DETALHES

Depoimentos, curiosidades, histórias e canções de uma das referências
da música brasileira: o Rei Roberto Carlos!

Todo sábado, às 19h30, apresentado pelo jornalista José Maria Valadares.

americabh.com.br radioamericaam750 (31) 3209-0750 App: Rede Catedral

ARTE, CULTURA E
ESPIRITUALIDADE
EM UM SÓ LUGAR!

O Bispo Auxiliar da Arquidiocese
de BH, Dom Vicente Ferreira,
espera por você na emissora da
Padroeira de Minas Gerais.

Domingo, às 10h30, na TV Horizonte
ou pelo aplicativo “Rede Catedral”.

CULTURA

tvhorizonte.com.br tvhorizonteoficial (31) 3469-2549 Dom Vicente de Paula Ferreira,
Bispo Auxiliar da Arquidiocese
de Belo Horizonte

App: Rede Catedral

Espaço do Leitor [ Escreva, envie seu e-mail, comente

Aniversariantes
do mês de abril de 2019

O ano segue com o rápido passar dos dias. E nós
continuamos a acreditar na vida e na família.
Por isso rendemos graças a Deus por todos os
assinantes de O LUTADOR que aniversariam
neste mês de abril. Deus os abençoe sempre e
que a presença do Espírito Santo seja a luz a ilu-
minar a vida de cada um de vocês.

Lembramos que no dia 25 deste mês será
celebrada uma missa especial na intenção de
nossos assinantes, também lutadores, e de
seus familiares, de modo especial para os doen-
tes e acamados. O Celebrante do dia 25/04/2019
será o Pe. João Lúcio Gomes Benfica, SDN. Deus

abençoe a todos os nossos assinantes.
[Caso seu nome não apareça na lista, entre

em contato com nosso setor de assinaturas:
Fone: 0800-940-2377
E-mail: [email protected]]

Ó Trindade Santa, vós que sois a fonte Dia 01 - ISMAEL FERREIRA / JANE FERNANDES ARRUDA / JANUACELES MARIA DE RESENDE NEVES / JOSE EDME QUINTAO /
de toda santidade, nós vos louvamos LENIR DAMATA FIGUEIREDO / MARCIO BARBOSA / MARLENE SOARES DIAS ALVES / PADRE EUDO CASTRO DO NASCIMENTO - EMM
por vosso servo o Pe. Júlio Maria De Lombaerde, / PADRE JAYME AGUIAR COSTA / YOLANDA PINHEIRO BARBOSA. / Dia 02 - CLAUDIO LOT / DIVA BORGES ANTUNES / FRANCISCO
que, assemelhando-se ao Cristo Eucarístico, CELESTINO DE SOUZA / FRANCISCO DE PAULA DE MELO / HERMES BARROS MARTINS FILHO / ISAURA CARMEM DE ANDRADE
cuidou do vosso rebanho com amor, MELO / MARIA ADALGISA PARREIRA GROSMANN / MARIA APARECIDA ROSA / MARIA NICOLAU DO CARMO LIMA / ONDINA TEIXEIRA
zelo e doação. E, deixando-se guiar pelo DIAS BERCHOL / SUVENIL FRANCISCO VIEIRA. Dia 03 - EDITH NUNES G. LEITE / ELIO DE MORAES BEZERRA / JOAO BATISTA
Espírito Santo, assim como a Virgem Maria, HENRIQUE / JOSE ALVES NETO / MARCIA MALVINA PELISSAN SAVARO / RITA CELIA LEITE BOTELHO / SINVAL PEREIRA GOMES.
testemunhou a ternura missionária da Igreja. / Dia 04 - ANTONIO VITTI / GERALDO GONCALVES DA SILVA / JANETE MACEDO LEAL PELUCIO. Dia 05 - ANNA MARIA VENTURA
Concedei-me, ó Trindade Santa, pela intercessão CHEDID / EDNA MARIA LAZARINI BARBOSA / GERALDO MAGELA S. FREIRE / IRENE MARIA PONTES / MAGGY E EURIPEDES DE
do Pe. Júlio Maria, a graça que vos suplico CAMARGO / MARIA DELFINA ROSA / MARIA GERALDA DA COSTA / MARIA TEREZA LIMA REIS. / Dia 06 - CENELITA RODRIGUES
[pedir a graça]. E, se for de Vossa santa vontade, DE MACEDO / ELISA MARIA RIBEIRO PEIXOTO / GILDA MARIA PEREIRA / LEDA MORAES MALACHIAS / LUIS CLAUDIO LANDRE
dai que Pe. Júlio Maria alcance a honra LOT / MONSENHOR ANTONIO ROCHA. Dia 07 - JGILBERTO SAMPAIO TORRES (EM MEMORIA) / LUIZ ANTONIO CAMOTTI / MARIA
DAS DORES SILVA DE MELO / ODESIO LUIZ LUNZ. Dia 08 - ARY GONCALVES NOGUEIRA / CAROLINE GONCALVES FERREIRA /
dos altares, para Vossa glória DYRLENE RODRIGUES DE FELIPO / EURIPEDES MENDES DOS SANTOS / JOAO BATISTA DA CRUZ / MARTA MANOELA RAMOS /
e para o bem de tantas almas. SALVADOR BASTOS FERNANDES / SONIA MARTINS. Dia 09 - DR. RENE FADEL NOGUEIRA / JOAO NATAL FILHO / JOSE DA SILVA
Por Cristo, Nosso Senhor Amém. ANANIAS / MARCIA BEATRIZ MARIANI DE OLIVEIRA / MARIA DA CRUZ CAMPOS / MARIA HELENA M. M. DE SOUZA. Dia 10 - KARLA
WIRLANIA SILVA NASCIMENTO / MARIA LUCIA MARQUES / MARIA SANTA CAVALIERI CEGLIAS. Dia 11 - DOM RICARDO GUERRINO
BRUSATI / JOSE FERREIRA BAIAO / MARIO SANTANA / RENATO BASTOS GUIMARAES E ESTER / WANDERSON DE ABREU JUNIOR.
Dia 12 - ANA SANGLARD FURTADO / JOAO KOVALHUK FILHO / MARIA ANGELINA CAFE LIMA / MARIA DE FATIMA DINIZ BASTOS RIBAS
/ MARIA DE LURDES CATERINGER. Dia 13 - ARMANDO LIMONETE / HELIMAR ALVES ALIPIO LEANDRO / MARILENE DE SOUSA NERES
ROCHA. Dia 14 – ARNALDO BAIA LOBATO / ELDINE OLIVEIRA SILVA / FERNANDO GUILHERME MARTINS / IVANETE VALLI BEVILAQUA.
Dia 15 – FABRICIO GANTUR DO AMARAL / MARIA ANGELA E EDUARDO GUENKA / MARIA MARILAC DE OLIVEIRA / MARLENE VENTURA
TRINDADE / VANDER OLIVEIRA SOBRAL. Dia 16 – GILDA SODRE VILELA MENDES / JOAQUIM CABRAL NETO / PAULO ROBERTO
SANTANA / SIZENANDO ALVES C.NETO - EM MEMORIA / SONIA LUIZA DE OLIVEIRA CABRAL. Dia 17 – ANGELA SOARES COSTA
ARMOND / ANSELMO JOSE SAITER / GERALDO MONTEIRO REZENDE / MATEUS KUBISZESKI / MOACIR MEDEIROS DINIZ / MARCIA
CRISTINA DINIZ. / Dia 18 – ARARI DOS SANTOS AMORIM / JOAO DIAS SIQUEIRA JUNIOR / MARIA CHRISTINA CASELLI DE MENEZES
/ MARIA DE LOURDES MENDONCA / MARIA RITA FERREIRA GONCALVES / VALDELICE FREITAS BRITO. Dia 19 – ADIR NOGUEIRA DA
GAMA / JORGE AGNAIR LOPES DA SILVA/MONICA SUELI GOMES / JOSE DA RESSUREICAO BARBOSA / JOSE ROBERTO ESPINDOLA
FILGUEIRAS / MARIA APARECIDA ARAMUNI DE CARVALHO / ROSANGELA AP. BOLONHEZI CAMPOS / TEREZINHA COSTA AMORIM.
Dia 20 – JOSE AUGUSTO MARIANO / JOSE CARLOS CECILIO / JUPIRA JOSE DE SOUZA / PADRE MARIO PEIRA/PAROQUIA
SENHORA SANTANA / VIVIANE MONTEIRO MUCIDA. Dia 21 - JOAO BATISTA SILVA / JONAS PILGER DOBROVOSKI / JOSE ANSELMO
CARLOS / ANA ANTONIA DA SILVA CARLOS / MARIA ESTHER DIAS MALTA / MARIA STELLA C. DE GOES / MOREIRA LOPES / PADRE
JOSE BATISTA / SOLANGE ROSSI. Dia 22 – ALTAIR CORDEIRO COSTA / LUIZ MARIO LEITE / MARLENE RUBIO CARMONA / NEUZA
BATISTA / SALVADOR JOSE NARCISO BERGO FILHO. Dia 23 - BENEDITO FELISBERTO DA CRUZ / LUIZA HARUE KAMIMURA /
MARIA HELENA GOMES. Dia 24 – MARCORELIO FORTINI DE ANDRADE / MARIA DA CONCEICAO BRAGA NOGUEIRA / MONSENHOR
JOSE HUGO GOULART E SILVA / SAULO SOARES MONTEIRO DE CARVALHO. Dia 25 – DOMINGOS SAVIO RABELO / HERMINIA
MARIA PALUDETTO DUQUE / HONORINA FRANCISCA PEIXOTO SILVA/ GENILTON DA SILVA(MARINO) / MARIA CELESTE BARRETO
SADEMBERG / NAZARENO DE AQUINO ARAUJO / NELSON RODRIGUES RAMOS / PEDRO GIMENEZ NETO/ HERMINIA / ROBERTO
PAIVA LOPES E MARIA APARECIDA. Dia 26 – ANA MARIA RODRIGUES DE OLIVEIRA CARMIATTO / EVELINY S SOBRAL BINDA /
MARCOS ANTONIO VIEIRA / MARIA DAS DORES LOPES SANTOS / MARIA ROSA MARTINS / MARLENE FARIA DE MEDEIROS NOGUEIRA
/ PE. JOSE ANTONIO DE OLIVEIRA / ROSANI DO CARMO FERREIRA. Dia 27 – ANGELO CANDIDO VIEIRA / DIACONO POLICARPO
RODRIGUES FILHO / MARIA DE ANDRADE NOGUEIRA CHAGAS / RUTH PIRES MAZZEO. Dia 28 – DARILIO SALLES / JOAO BATISTA
DE MAGALHAES CASTILHO / MARCO AURELIO DE OLIVEIRA / MARIA JOSE SOARES STARLING / MAURICIO TASCA / NILCEA GOMES
COSTA / VALBUZA E FAMILIA / VALERIA MARIA VIDIGAL FELIPE. Dia 29 – CARLOS ALBERTO MACHADO / CONSUELO AMORMINO
/ FRINEA DULCE RIBEIRO COCCO / IZABEL CRISTINA SOUZA RAMOS / MANOEL RIBEIRO FILHO / MARIA DA CONCEIÇÃO LUCAS
/ MARIA DA GLORIA MACIEL ROSA / MARIO AFONSO MOREIRA. Dia 30 – JOSE GORGULHO PEREIRA / WILMA DA GLORIA CEZAR.

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MOBON: 40 anos a serviço da Evangelização

Um poema escrito por Maria Ra- Dos Pioneiros ao Mobon*
poso Freitas, uma leiga da paró-
quia Nossa Senhora do Ampa- Vou contar para vocês, uma história de verdade!
ro, de Chalé, retoma a trajetória Começada com os pioneiros, homens de boa vontade.
do Movimento da Boa Nova, o Em nossa região, eles foram os primeiros,
MOBON. Ela é agente da Pasto- Levando o Evangelho a todos os companheiros.
ral da Saúde, ministra da Pala- Mons. Raul, Pe. Léssio, Alípio e João Resende,
vra e animadora dos Grupos de Falam de um jeito simples, que o povo compreende.
Reflexão da paróquia; atua há
mais de 50 anos trabalhando na A missão é de paz, diz o profeta Isaías. (Is 52,7)
evangelização como discípula Entra no cenário Pe Geraldo Silva,
missionária de Jesus. Intitula- Amigo do povo simples, pioneiros preparou
do “Os pioneiros”, o poema cita Pra enfrentar protestante, que a Nossa Senhora atacou.
personagens importantes pa- Tirou da humilhação, os católicos de fé,
ra o processo de evangelização Defendeu a Virgem Mãe e também a São José.
na Diocese de Caratinga, como Criou o apostolado dos Pioneiros do Evangelho!
Mons. Raul Motta, Pe. Léssio, Conquistou o povo simples e também o nosso clero.
Alípio, João Resende, além dos Os pioneiros afiados sabiam os textos de cor.
bispos que passaram pela dioce- Pe. Geraldo pedia calma, pra desatar este nó!
se, entre outros padres e leigos.
Maria Raposo Freitas Nasce o ecumenismo, Frei Carlos Mesters nos ajuda
Uma visão maior da Bíblia, com as Semanas Bíblicas
Pra nós foi apresentada! Foi assim dividida:
Evangelização, conversão, apostolado, vivência de comunidade.
Irmão ajudando irmão, mesmo sendo os “separados”.
Os debates foram grandes. Grande foi o aprendizado!

Essa equipe missionária começou com os cursinhos
Chamados: “Curso de Base” da “História da Salvação”.
E aí apareceram: o Alípio e o João,
Preparação de Semana Santa, Campanha da Fraternidade,
Curso de canto e encontros pra todos, de qualquer idade.
E devagar, atingiu o social, compromisso político apareceu
Na palavra do papa Paulo VI: Que a palavra praticada
É a maior caridade que o povo já viveu!

João Resende, Dom Corrêa, Alípio Jacintho E junto com Pe. Léssio fizemos a sede do MOBON
– abril de 1989 – 10 anos de construção da casa do MOBON Que já tem 40 anos de amor a Jesus Cristo!
E achando pouco, hoje forma eletricista.
Na casa do MOBON tem energia solar
que ajuda a natureza seus recursos preservar.

E a Bíblia traz no fim, pelo Apocalipse, a solução
Vamos fazer acontecer nossa história de salvação!
João Resende nos acende com parábolas deste tempo
“Paca, tatu, cutia, não”, e viver sempre atento!
O Alípio chega e resolve com seu jeito de falar
É preciso que cada leigo ocupe o seu lugar.
São Paulo assim falou: Ai de mim se eu não anunciar.
Somos também enviados: Ide ao mundo Evangelizar! (Mt 28,19)

João Resende e Alípio Marianos duplicou

Pioneiros do Evangelho esses dois é que formou!

E assim ajuntaram homens pobres, ricos, simples,

[analfabetos, bacharel.

E por isso temos certeza De nossos nomes no céu.

E agora vou encerrando minha literatura de cordel.

* Por ser longo, foram feitos cortes e pequenas adaptações.
O texto integral encontra-se em: http://www.diocesecaratinga.org.br/
poema-escrito-por-leiga-de-chale-relembra-a-trajetoria-do-mobon/

[ Expediente [ Editorial

O LUTADOR é uma publicação mensal Direito a ter direitos
do Instituto dos Missionários
Sacramentinos de Nossa Senhora "EU quero o direito de ser criança e ter esperança de um mundo melhor.” Mui-
tos talvez ainda se lembrem do refrão desta música do Pe. Zezinho, SCJ. Ela
olutador volta à tona quando a violência ronda nossas mentes, casas, ruas, parques,
ISSN 97719-83-42920-0 escolas... No momento em que este editorial foi escrito, as redes sociais e a
TV exploravam o fato ocorrido em Suzano, SP. Dois jovens entraram arma-
Fundador dos em uma escola, fizeram várias vítimas fatais, deixaram outros feridos
Pe. Júlio Maria De Lombaerde e depois se mataram. Copiaram o que tem havido de pior nos Estados Uni-
dos: a sede de matar... Tiraram o direito de ser criança, de ter esperança, o
Superior Geral direito de um mundo melhor...
Pe. José Raimundo da Costa, sdn A violência cresce assustadoramente... Ela, que de certo modo já ha-
bita o ser humano, precisa ser trabalhada e canalizada para que não nos
Diretor-Editor domine. Em nossos dias, infelizmente, ela é alimentada, cada vez mais,
Ir. Denilson Mariano da Silva, sdn por uma apologia ao uso das armas e da força, como se fosse solução para
os problemas. Essa apologia à violência ocupa exaustivamente as redes so-
Jornalista Responsável ciais, é veiculada nas músicas, nos programas e filmes da TV, nos jogos de
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn (MG086063P) videogames em suas formas mais variadas. O virtual e o real e misturam,
destroem vidas, arrasam sonhos, espalham o caos na sociedade... Mas na
Redatores e Noticiaristas vida real, não há replay, não há como voltar atrás... vem a morte, a dor, o
Pe. Marcos A. Alencar Duarte, sdn choro, a agonia, o desespero...
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn O crescimento da violência se verifica nas ruas, com a intolerância
Frt. Matheus R. Garbazza, sdn e a discriminação de raça, de cor, de religião e também sexual... Ela ain-
Frei Patrício Sciadini, ocd, Frei Vanildo Zugno, da se apresenta de forma institucionalizada por meio dos subempregos e
Dom Paulo M. Peixoto, Antônio Carlos Santini dos baixos salários, da falta de oportunidade para o estudo, pela violência
e Dom Edson Oriolo no lar, pelo feminicídio, pela ação de pedófilos com o abuso de crianças e
adolescentes, pelo trabalho escravo e o tráfico de órgãos...
Colaboradores A vida é ameaçada pelo avanço da mineração e suas barragens ho-
Vários micidas, pelo uso indiscriminado e exagerado de agrotóxicos, pela devas-
tação das matas, florestas e rios... A vida humana e a vida do planeta pa-
Redação decem uma situação de constante ameaça. Estamos perdendo o direito à
[email protected] vida, o direito à liberdade, o direito de ser criança, o direito de ser gente...
Estamos perdendo o direito a ter direitos.
Correspondência O direito à vida é o direito humano mais fundamental. Mas para
Comentários sobre o conteúdo de olutador, garantir esse direito primeiro e fundamental, dependemos de que seja re-
sugestões e críticas: [email protected] conhecido o direito à saúde, à educação, à moradia, à liberdade, ao traba-
Cartas: Praça Padre Júlio Maria, 01 / Planalto lho, ao lazer e, entre outros, o direito à previdência social, que expressa o
CEP 31730-748 / Belo Horizonte, MG / Brasil direito a uma velhice com dignidade.
Diante disso, na qualidade de cristãos, de seguidores de Jesus, não
Assinaturas e Expedição podemos fechar os olhos, muito menos cruzar os braços. Somos chama-
Maurilson Teixeira de Oliveira dos a nos colocar do lado da defesa e da proteção da vida de todas as pes-
soas, a começar pelas mais ameaçadas. Também nós viemos ao mundo
Assinaturas para que “todos tenham vida em abundância” (cf. Jo 10,10). Devemos tra-
R$ 80,00 / Brasil - www.olutador.org.br balhar para implementar uma cultura da paz, a tal ponto que a paz venha
[email protected] a ser o nosso jeito de ser e de viver. Também nós somos bem-aventurados
0800-940-2377 - De 2ª a 6ª das 7 às 19 horas se nos tornamos promotores da paz, pois nisto se manifesta que somos fi-
lhos e filhas de Deus (cf. Mt 5,9).
Outros países Nossa prática eclesial, como a participação na missa e nos sacra-
R$ 80,00 + Porte mentos, nossos atos devocionais, como as orações, a reza do terço, os en-
contros de louvor, entre outros, visam a sustentar a nossa fé para nos co-
Edições anteriores locarmos, de fato, a serviço da vida e da paz.
Tel.: 0800-940-2377 Assuma sempre a defesa da vida, a defesa dos pequenos, dos pobres
e sofredores, como nos aponta o Evangelho. Busque agir na justiça e no di-
Site reito de forma solidária e humana na busca da promoção da paz. É a so-
revista.olutador.org.br lidariedade humana, nascida da fé, que testemunha nosso seguimento a
facebook.com/revistaolutador Jesus (cf. Mt 25,31-45).
O tempo quaresmal nos convida a uma mudança de vida, a uma
Projeto gráfico e diagramação verdadeira conversão. Lutar para garantir o direito a ter direitos, isso é si-
Valdinei do Carmo / Orgânica Editorial nal de conversão e de paz. E é só pra começo de conversa.]
Revisão
Antônio Carlos Santini [DENILSON MARIANO

Impressão e Acabamento
Gráfica e Editora O Lutador, Certificada – FSC®
Praça, Pe. Júlio Maria, 01 / Planalto
31730-748 / Belo Horizonte, MG / Brasil
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[31] 3439-8000 / 3490-3100

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|S U M Á R I O OLUTADOR • REVISTA MENSAL • ANO XC • Nº 3911 • ABRIL • 2019 •

10 Martírio:
uma nova
realidade?

14Interpretar 6A Reforma 8 Um fermento
a Lei da Previdência evangelizador
de Deus e o “direito
a ter direitos” 18 Celebrar
26Mercado a beleza da fé
de crianças 12Somos
todos 20 Jovens na Via-Sacra
irmãos! 22 EMM: A descoberta

16Somos de uma nova família...
Igreja do SIM 23 Peregrinação: Pe.
à Vida e
à Família Júlio Maria e suas obras
24 A responsabilidade
47O ecocídio 25 Três critérios para
de 25 de
janeiro a música litúrgica
de 2019 27 Indignação

não é ódio
28 Crônica

30 Lutar com Deus

31 Roteiros Pastorais
44 Amazônia: uma

colonização
“neoliberal”
46 A situação do laicato
48 Um robô está de olho
no seu emprego!

Capa [ A Constituição Federal estabelece que a Previdência não é um “favor”

PE. RODRIGO FERREIRA DA COSTA, SDN da e mantida pelo sistema econômi-
Missionário Sacramentino, Paróquia São Bernardo, BH co que elaboramos para nós mesmos;
as instituições e os conceitos que fa-
A Reforma da zem parte desse sistema; as políticas
Previdência e o que seguimos”. Portanto, a promessa
“direito a ter direitos” do governo de economizar R$ 1,072 tri-
lhão com a reforma da Previdência, não
pode “cegar” os nossos olhos diante de
tantos rostos que ficarão à margem e
que serão empurrados à miséria.

As pessoas estão vivendo mais...
Graças aos progressos da medicina, as
pessoas estão vivendo mais tempo. Po-
rém, isso não significa que a socieda-
de se abriu à vida! Enquanto o núme-
ro de idosos se multiplica, a exclusão
também cresce. Os idosos, que são a
riqueza de uma família e da socieda-
de, tornam-se muitas vezes um “far-
do” difícil de ser suportado. “Enquan-

“A essência dos Direitos Humanos
é o direito a ter direitos.”

DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA SO- HANNAH ARENDT to somos jovens, em geral, ignoramos
CIAL. Dívida Pública. Reces- a velhice, como se fosse uma doença,
são. Ajuste fiscal. Reforma Crescimento econômico uma doença da qual queremos ficar
da Previdência etc. São con- e o desenvolvimento integral longe. Depois, quando envelhecemos,
ceitos pouco comuns no dia A população brasileira já viveu em outros especialmente se somos pobres, se so-
-a-dia da maioria da popula- tempos essa falsa promessa de cresci- mos doentes ou sozinhos, experimen-
ção brasileira. Porém, são os grandes mento econômico desvinculado do de- tamos as falhas de uma sociedade pro-
“demônios” que aterrorizam os pobres senvolvimento integral dos povos. “O gramada sobre a eficiência que, con-
e ameaçam seus direitos. bolo cresceu”, uns poucos comeram e sequentemente, desconsidera os ido-
Nesse breve diálogo de que te con- ficaram saciados, mas o drama da de- sos.” (Papa Francisco).
vido a participar, não pretendo me po- sigualdade entre quem muito tem e na-
sicionar a favor ou contra a Reforma da da tem, entre quem descarta e quem é Embalados pela cultura do consu-
Previdência, pois as leis existem para descartado, permaneceu. Recordando mo e da maximização do lucro, aque-
serem adaptadas e aperfeiçoadas ao São Paulo VI, o Papa Francisco lembra: les que não produzem nem consomem
seu tempo. O que é inaceitável é fazer “Só o caminho de integração entre os são “descartados”. Assim, a sabedoria
tais reformas sem um amplo debate povos permite futuro de paz. A Igreja dos idosos, os anos de trabalho, a me-
popular, sem levar em conta a vida e a está convicta de que o desenvolvimen- mória histórica que eles guardam não
necessidade dos mais pobres, pois “o to integral é a via do bem que a família são levados em conta. Como nos recor-
sistema da Previdência Social possui humana é chamada a percorrer. Desen- da o Papa Francisco, “esta cultura pen-
uma matriz ética. Ele é criado para a volvimento integral é integrar no de- sa que os idosos não só não produzem,
proteção social de pessoas que, por vá- senvolvimento a economia, as finan- mas chegam a ser um peso: em síntese,
rios motivos, ficam expostas à vulne- ças, trabalho, cultura, vida familiar, re- qual é o resultado de um pensamento
rabilidade social (idade, enfermidades, ligião. É como uma orquestra que toca como este? Eles devem ser descarta-
acidentes, maternidades...), particular- bem se os seus diversos instrumentos dos. É feio ver os idosos descartados, é
mente os mais pobres. Nenhuma so- estiverem bem afinados e se seguem
lução para equilibrar um possível dé- uma pauta partilhada entre todos”.
ficit pode prescindir de valores ético-
sociais e solidários”. (CNBB) A Previdên- Neste sentido, buscar “solucionar o
cia, portanto, não pode ser reduzida a problema” da Previdência olhando ape-
uma questão puramente econômica. nas para o viés econômico é escolher o
Haja vista que o crescimento econômi- caminho da exclusão social. É fazer os
co nem sempre vem acompanhado de pobres pagarem uma conta que não é
justiça social e de desenvolvimento in- deles. Muhammad Yunus, economista
tegral dos povos. ganhador do Prêmio Nobel da Paz em
2006, afirma: “Acredito que podemos
criar um mundo sem pobreza, porque
ela não é criada pelos pobres. Ela é cria-

[6 OLUTADOR [ ABRIL 2019

ou um “privilégio”, é um direito...

algo desagradável, é pecado! Não se ou- ção, à educação, à cultura, ao esporte, to Social dos brasileiros e brasileiras.
sa dizer isso abertamente, mas se faz ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à li- Não é um “favor” ou um “privilégio”
concretamente! É horrível este acostu- berdade, à dignidade, ao respeito e à concedido por este ou aquele governo.
mar-se à cultura do descartável. E nós convivência familiar e comunitária”. É direito. Sendo um direito conquista-
estamos acostumados a descartar as (Estatuto do Idoso, art. 3) Os idosos têm do a duras penas e com intensa parti-
pessoas. Queremos remover o nosso direito a ter direitos. cipação popular, qualquer reforma que
grande medo da debilidade e da fraque- ameace tais Direitos Sociais precisa ser
za; mas, agindo deste modo, aumen- O direito a ter direitos acompanhada de um vigoroso debate
tamos nos idosos a angústia de serem “A essência dos Direitos Humanos é o que envolva toda a sociedade.
mal suportados e até abandonados”. direito a ter direitos.” Esta frase que a
filósofa Hannah Arendt cunhou, ao fa- A exigência de uma fé profética...
Com a ideologia do progresso pre- lar dos direitos humanos e civis, con- A fé cristã, encarnada na história, nos
sente em nossa sociedade, criou-se uma tinua ressoando em nossos ouvidos, desafia a não permanecermos indife-
rejeição a tudo aquilo que possa eviden- principalmente nos momentos em que rentes e insensíveis diante do grito dos
ciar-se como limite, fracasso etc. Por os nossos direitos fundamentais são pobres e indefesos. As vozes das mino-
isso, a velhice e a morte são negadas ameaçados. No Brasil, ainda carrega- rias que gritam no “deserto” de nossa
e escondidas. O homem econômico da mos uma “velha” ideia de que os benefí- sociedade precisam ecoar em nossas
sociedade de mercado é visado tão so- cios sociais concedidos pelo Estado são Igrejas. Como nos recorda o Documen-
mente como um sujeito/objeto de pos- “favores”, e não direito dos cidadãos. to de Puebla (N. 28), “vemos, à luz da fé,
sibilidade de lucro. Nega-se todo tipo Isso talvez explique o pouco interesse como um escândalo e uma contradição
de fracasso que possa parecer derrota. em participarmos do debate acerca das com o ser cristão, a brecha crescente
Políticas Públicas e de exigirmos do Po- entre ricos e pobres. O luxo de alguns
A velhice, por exemplo, é vista co-
mo um peso para a família, para o Es-

tado, além de ser um contrassenso para der Público a transparência e o cum- poucos converte-se em insulto contra
a ideologia da eterna juventude. O que primento dos seus deveres. a miséria das grandes massas. Isto é
está em jogo, em última instância, é a contrário ao plano do Criador e à honra
nova antropologia que busca afastar do Nota-se que, por não compreender- que lhe é devida. Nesta angústia e dor,
convívio social tudo aquilo que possa mos as políticas públicas como direito a Igreja discerne uma situação de peca-
nos lembrar que somos seres finitos. dos cidadãos e dever do Estado, a par- do social, cuja gravidade é maior quan-
“A invisibilidade dos velhos é a ponta ticipação popular nos debates como a to se dá em países que se dizem católi-
do iceberg da profunda crise espiritual Reforma da Previdência seja quase ig- cos e que têm a capacidade de mudar”.
que atinge a nossa civilização. A raiz da norada pelas autoridades e pouco exi-
nossa crise está no desejo de superar gida pela população. Porém, nenhuma Neste sentido, a exortação do profe-
a condição humana pela acumulação democracia é forte sem uma legítima e ta Jeremias, que fala em nome de Deus,
ilimitada de riqueza, que causa a des- verdadeira participação popular. continua atual em nossos dias: “Procu-
truição do meio ambiente e a exclusão rai emendar seriamente vossa condu-
social de uma grande parte da popula- Nesse sentido, “o debate sobre a ta, vossa maneira de agir, defenden-
ção mundial.” (Jung Mo Sung) Reforma da Previdência não pode ficar do ativamente o direito na vida social,
restrito a uma disputa ideológico-par- não exploreis o migrante, o órfão e a
A longevidade é uma graça. “Os tidária, sujeito à influência de grupos viúva [...]. Então poderei morar con-
cabelos brancos são coroa de honra; a dos mais diversos interesses. Quando vosco neste lugar”. (Jr 7,6-7). A prática
gente os acha nos caminhos da justi- isso acontece, quem perde sempre é da justiça é, pois, condição para Deus
ça.” (Pr 16, 31) Por isso, “é obrigação da a verdade. O diálogo sincero e funda- morar conosco. Por isso, precisamos
família, da comunidade, da sociedade mentado entre governo e sociedade de- nos sentir desafiados pela nossa fé a
e do Poder Público assegurar ao idoso, ve ser buscado até à exaustão”. (CNBB) não nos calarmos diante das injusti-
com absoluta prioridade, a efetivação ças, porque o grito dos oprimidos toca
do direito à vida, à saúde, à alimenta- Neste sentido, a Constituição Fe- o coração de Deus.]
deral de 1988 (art. 6º) é clara ao estabe-
lecer que a Previdência seja um Direi-

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]7

DENILSON MARIANO DA SILVA Igreja Hoje [ O Mobon visa a ajudar na formação
da fé e uma maior consciência de sua

Um
fermento
CF em Simonésia, MG, março de 2019 - 90 participantes

evangelizador
Por ocasião dos 40 anos do MOBON (11/03/1979)FUNÇÃOdo fermento não
CF em Lajinha, MG, 2019 - 60 participantes
é aparecer, mas fazer a
massa crescer. Na ver- CF em Manhuaçu, MG, 2019 - P. Bom Pastor - 170 participantes
dade, ele aparece quando
não se mistura de verda- CF em São Francisco do Glória, MG – 2019 - 100 participantes

Ade na massa, assim dei- do na pesquisa do Léssio Cardoso
que nos primeiros 10 anos de ativi- em 2009. Porém, o fator mais de-
dade da Casa do Mobon, havia uma terminante ainda não é este.
média de 66 cursos por ano. Depois, O fermento se espalha mais
esta cifra cai pela metade entre 1989 Chama a atenção o aumento dos
a 1998, passando para uma média cursos realizados fora da Casa do
de 30 cursos por ano. Outra que- Mobon. Embora seja muito difícil
mensurar esses dados, pois não há
xa gosto ruim. Quando da acontece entre 1999 e 2008, com muitos registros destes cursos, al-
guns levantamentos feitos revelam
bem misturado, desaparece deixan- uma média de 18 cursos por ano. que houve um significativo cresci-
mento dos cursos realizados nas
do apenas seu efeito: a massa toda Com a ajuda de Ângela Castelani, paróquias, descentralizando o tra-
balho e favorecendo a sua expan-
crescida. O trabalho do Movimento ex-funcionária da Casa do Mobon, são. Ou seja, o trabalho do MOBON
espalha-se muito além dos cursos
da Boa Nova - MOBON - tem a mis- foi feito neste final de 2018 um no-

são de fermentar a Igreja com a Pa- vo levantamento, colhendo dados

lavra de Deus. Através de cursos e dos cadernos de registro dos parti-

encontros, o Mobon visa a ajudar cipantes na casa de cursos do MO-

na formação dos leigos para uma BON. Estes dados complementam

maior vivência da fé e uma maior a pesquisa citada acima e apontam

consciência de sua missão na Igre- que, nesta última década, de 2009

ja e na sociedade. a 2018, a média de cursos realiza-

dos na Casa ficou ainda mais bai-

Para melhor entender xa, cerca de 9 a 10 cursos por ano.

Por ocasião da celebração dos 40 anos No entanto, alguns detalhes têm

da Casa do Mobon, inaugurada a 11 de ser observados. No primeiro pe-

de março de 1979, faz-se necessário ríodo, de 1979 a 1988, a média de

retomar a memória de sua trajetó- participantes em cada curso era de

ria neste período. Em um número 45 pessoas, subindo para 39 na se-

especial da “Revista Diretrizes” (nº gunda década e para 89 na terceira,

809 – fev/2009), órgão oficial de co- chegando a 108 pessoas, em média,

municação da Diocese de Caratin- nestes últimos dez anos. Ou seja,

ga, MG, o então seminarista Léssio diminui o número de cursos, mas

Lima Cardoso fez uma análise na aumentou a quantidade de pessoas

qual apontava a diminuição dos cur- que deles participavam. Isto revela

sos realizados na Casa do Mobon, que a queda do número de cursos

em Dom Cavati, MG. Ele alertava não significa uma queda igual ao

para “a queda da casa” (p. 34-35). A número de participantes. Ela exis-

partir dos dados levantados nesta te, mas não é tão gritante. Este da-

matéria de 2009, pode-se concluir do, no entanto, não foi contempla-
[8 OLUTADOR [ ABRIL 2019

dos leigos para uma maior vivência
missão na Igreja e na sociedade...

Confira o que apuramos dos cur- 2018, essa média sobe para 45 cur- Sem querer aparecer
sos da Campanha da Fraternidade, sos por ano em outras paróquias da
do Natal e do Mês da Bíblia, reali- Diocese de Caratinga e alguns em Numericamente isso ainda é ain-
zados nas duas últimas décadas: outras dioceses. Aqui não levamos da pouco, mas há de se levar em
de 1999 a 2008, temos uma média em conta os trabalhos realizados conta que se trata de um trabalho
de 40 cursos por ano, realizados no Estado do Mato Grosso, pois lá sem respaldo na mídia televisiva
fora da Casa do Mobon; de 2009 a os encontros realizam-se, anual- e sem a influência direta das rá-
mente, em uma casa de encontros. dios locais. Um trabalho tipo fer-
CF em Santa Margarida, MG – 2019 - 179 participantes mento, quase um corpo a corpo, no
Acreditamos que a média apro- qual um líder vai animando outros
CF em Matozinhos, MG - 2019 - 100 participantes ximada de participantes nestes en- pela força da Palavra de Deus, mas
contros seja de 65 pessoas. Neste sempre caminhando em sintonia
CF em Manhuaçu, MG – 2019 - P. São Lourenço - 70 participantes sentido, há menor visibilidade do com a Igreja do Brasil.
trabalho, mas maior capilaridade
que acontecem na Casa do Mobon. do mesmo, ramificando-se nas vá- Os dois momentos fortes de es-
Antes mesmo da proposta do Papa rias paróquias. Se multiplicarmos o tudo são a Campanha da Frater-
Francisco, antecipam-se os passos número de cursos destes últimos 10 nidade e o Mês da Bíblia, ambos
de uma Igreja “em saída”, em cons- propostos pela CNBB para todo o
tante estado de missão. ❝ país. Trata-se de buscar ajudar os
Por ocasião cristãos a caminharem como Igre-
É interessante perceber que ao da celebração ja e com a Igreja, assumindo uma
período da diminuição dos cursos dos 40 anos da presença ativa e comprometida na
na Casa do Mobon corresponde um Casa do Mobon, comunidade em que vivem e cele-
aumento dos cursos nas paróquias inaugurada a 11 bram sua fé. A liderança forma-
e dioceses vizinhas. A fonte destes de março de 1979, da pelos cursos do Mobon e sus-
dados vem das anotações nas agen- faz-se necessário tentada na caminhada dos Gru-
das do João Resende e também das retomar a memória pos de Reflexão tem-se mostrado
minhas agendas de cursos. Nelas, de sua trajetória muito ativa no compromisso com
além dos cursos trabalhados por neste período. a comunidade e na abertura para
nós, figuram os cursos aplicados ❞ o compromisso com a defesa da
por outros leigos que ajudam nos vida, seguindo sempre as orien-
estudos com as lideranças. anos pela média de participantes, tações da Igreja e buscando as fer-
teremos um envolvimento direto ramentas sociais para a constru-
de quase 3 mil pessoas por ano, fora ção de uma sociedade mais justa
da Casa do Mobon. Se levarmos em e solidária para todos.
conta que a liderança que participa
desses encontros é chamada a re- Um destaque que começa a ga-
passar os conteúdos estudados, po- nhar maior força em nossos tem-
demos fazer a seguinte projeção: se pos, e que exige maior atenção e
nos trabalhos de repasse cada par- pesquisa, é o fato de os leigos e lei-
ticipante atingir pelo menos outras gas estarem assumindo mais dire-
15 pessoas, chega-se à média apro- tamente o repasse dos cursos para
ximada de 45 mil pessoas por ano, a liderança. Há um grupo de 20 lei-
podendo acrescentar outras 15 mil gos e leigas das Dioceses de Cara-
com a média dos que participam di- tinga e Governador Valadares que
retamente na Casa do Mobon. Um têm assumido com responsabili-
fermento do Evangelho favorecen- dade e compromisso a tarefa de re-
do o crescimento das comunidades. passe dos cursos para as lideran-
ças nas paróquias. Talvez esteja aí
ABRIL 2019 [ OLUTADOR]9 “a hora dos leigos”, as sementes
de futuro para este trabalho: lei-
gos evangelizando leigos, acordan-
do a força do batismo, fermentan-
do uma Igreja de discípulos mis-
sionários: “sal da terra e luz do
mundo” (cf. Mt 5,13-14).]

Igreja Hoje [ Obviamente não basta o sofrimento

A definição clássica dos Martírio: uma
mártires, o centro de tudo
é o testemunho de fé que nova realidade?
vai até a morte. Segundo
o Catecismo da Igreja Ca- Nos tempos atuais, a Igreja reconhece
um novo tipo de mártir: aquele
Ntólica, “o mártir dá teste- que aceita arriscar sua vida
munho de Cristo, morto para cuidar dos outros.
e ressuscitado, ao qual está unido
pela caridade. Dá testemunho da rada ou morta por motivos religio- justifica o martírio. No livro dos Atos
verdade da fé e da doutrina cristã. sos quando defendiam doutrinas dos Apóstolos, vemos Paulo fugir
Enfrenta a morte num ato de for- e comportamentos heréticos. Ob- da morte (cf. At 9,23-25; 14,6) ou ser
taleza”. (CIC, 2473) viamente não basta o sofrimento desviado pelo Espírito Santo de uma
e a morte para fazer um mártir. No situação de risco (cf. At 16,7).
O novo critério critério de Santo Agostinho, “causa
Desde o início da Igreja, as primei- non poena martyrem facit”: não é o Há alguns anos, o Santo Padre
ras gerações cristãs registraram sofrimento que faz o mártir, mas a criou uma comissão no Vaticano en-
cuidadosamente as “Atas” dos seus causa. A simples imprudência não carregada de estabelecer uma lista
mártires. Exemplo disto é o conhe- dos mártires do Séc. XX. Uma das
cido “Martirológio Romano”. Hoje [10 OLUTADOR [ ABRIL 2019
em dia, porém, novos critérios se
impõem para a definição do mar-
tírio. Um exemplo palpável é o dos
numerosos leigos e religiosos, pro-
fissionais da saúde, que morreram
recentemente enquanto cuidavam
dos enfermos que contraíram o ter-
rível vírus Ebola, em Uganda e no
Congo. Eles deram sua vida amo-
rosamente por amor ao próximo.

O novo critério não agrada a todo
mundo. Quando a Igreja canonizou
Dom Óscar Romero, vitimado por
defender os direitos e a liberdade
do povo dominado por um governo
ditatorial, houve quem discordasse,
alegando que os motivos do assassi-
nato haviam sido de ordem “política”.

Dom Armand Veilleux, da aba-
dia cisterciense de Notre Dame de
Scourmont, na diocese de Tornai,
Bélgica, observa que, por este prisma,
os cristãos não teriam o monopólio
do martírio. “Numerosas pessoas de
outra fé, ou que nem se considera-
vam religiosas, morrem a cada dia
de morte violenta por terem defen-
dido os mesmos valores que estão no
coração da fé cristã.” E cita o exem-
plo de muitos imãs muçulmanos da
Argélia, que foram assassinados por
não concordarem com os atos de vio-
lência de grupos revolucionários.

Por outro lado, ao longo dos anos,
muita gente foi perseguida, tortu-

e a morte para fazer um mártir...

principais celebrações do Jubileu crime contra a humanidade, contra exatamente por serem vistos como
foi consagrada exatamente a estes a imagem de Deus que existe em toda uma ameaça ao Império Romano e
mártires. Desde então, percebe-se pessoa humana. E tais crimes não sua religião de Estado. Assassina-
que a Congregação para as Causas devem ser esquecidos em nossas be- da aos 73 anos de idade, Ir. Dorothy
dos Santos ampliou o conceito de las cerimônias em torno da memó- chegou ao Brasil em 1970 e se dedi-
martírio, até então reservado ex- ria dos mártires. Acima de tudo, não cou a atividades pastorais na Ama-
clusivamente para aqueles que ha- devemos dar aos carrascos e tortura- zônia. Ela cooperava com a popu-
viam morrido “in odium fidei”, isto dores a impressão de que eles podem lação pobre da região em projetos
é, em decorrência do ódio contra a continuar a agir impunemente”. de reflorestamento e de geração de
fé. Tal definição já não correspon- A Palavra se faz vida emprego. Um de seus princípios era
de à nova realidade. Não parece razoável atribuir a moti- a não violência. Acabou atraindo o
vações “políticas” a morte daqueles ódio de fazendeiros da região que
Para Dom Armand Veilleux, “a que defendem os mais pobres, co- se diziam donos das terras que es-
reflexão sobre as novas formas de mo fazia a Ir. Dorothy Stang, pois a tavam incluídas no projeto.
martírio conhecidas por nossa épo- imensa maioria dos primeiros már-
ca nos leva a uma reflexão ulterior. tires do cristianismo perdeu a vida Já o Arcebispo de San Salvador,
É que a cada vez que alguém sofre o capital de El Salvador, na Améri-
martírio, outra pessoa comete um ABRIL 2019 [ OLUTADOR]11 ca Central, Dom Óscar Romero, foi
assassinado friamente enquanto
celebrava a missa, em 24 de mar-
ço de 1980, exatamente por defen-
der os pobres.

“Tenho sido frequentemente
ameaçado de morte – dizia ele. De-
vo dizer-lhes que como cristão não
creio na morte sem ressurreição. Se
me matam, ressuscitarei no meu
povo salvadorenho. Digo isso sem
orgulho, com a maior humildade…
Como pastor, estou obrigado a dar a
vida por quem amo, que são todos os
salvadorenhos, como também aque-
les que vão me matar. Se chegarem
a cumprir as ameaças, desde agora
ofereço a Deus meu sangue pela re-
denção e ressurreição de El Salvador”.

No dia 14 de outubro de 2018, du-
rante a canonização de vários san-
tos, o Papa Francisco dizia em sua
homilia: “É significativo que, junta-
mente com ele [Paulo VI] e demais
santos e santas hodiernos, tenha-
mos Dom Óscar Romero, que deixou
as seguranças do mundo, incluindo
a própria incolumidade, para con-
sumir a vida – como pede o Evange-
lho – junto dos pobres e do seu povo,
com o coração fascinado por Jesus
e pelos irmãos. [...] Todos estes San-
tos, em diferentes contextos, tra-
duziram na vida a Palavra de hoje:
sem tibieza, nem cálculos, com o
ardor de arriscar e deixar tudo. Ir-
mãos e irmãs, que o Senhor nos aju-
de a imitar os seus exemplos!” (ACS)]

Religião [ A LIBERDADE É UM DIREITO DE TODA A

Somostodos irmãos!

Da recente viagem apostólica do Papa aos Emirados Árabes Unidos,

recebemos um notável documento em prol da paz mundial e da convivência comum.

EAssinam o texto o Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb.
M SEU PREFÁCIO, o texto afirma que Em nome da liberdade, que Deus mamento de sangue inocente e acabar
“a fé leva o crente a ver no outro deu a todos os seres humanos, crian- com as guerras, os conflitos, a degra-
um irmão que se deve apoiar e do-os livres e enobrecendo-os com ela. dação ambiental e o declínio cultural
amar. Da fé em Deus, que criou o e moral que o mundo vive atualmente.
Em nome da justiça e da miseri-

universo, as criaturas e todos os córdia, fundamentos da prosperidade Dirigimo-nos aos intelectuais, aos

seres humanos – iguais pela Sua Mise- e pilares da fé. filósofos, aos homens de religião, aos

ricórdia –, o crente é chamado a expres- Em nome de todas as pessoas de artistas, aos operadores dos mass-me-

sar esta fraternidade humana, salva- boa vontade, presentes em todos os can- dia e aos homens de cultura em todo o

guardando a criação e todo o universo tos da terra. mundo, para que redescubram os valo-

e apoiando todas as pessoas, especial-

mente as mais necessitadas e pobres”.

Transcrevemos, a seguir, uma par-

te do documento.

Conviver como irmãos Em nome de Deus e de tudo isto, Al res da paz, da justiça, do bem, da bele-
-Azhar al-Sharif – com os muçulmanos za, da fraternidade humana e da con-
Em nome de Deus, que criou todos os do Oriente e do Ocidente - juntamente vivência comum, para confirmar a im-
seres humanos iguais nos direitos, nos com a Igreja Católica – com os católi- portância destes valores como âncora
deveres e na dignidade e os chamou a cos do Oriente e do Ocidente – declara- de salvação para todos e procurar di-
conviver entre si como irmãos, a po- mos adotar a cultura do diálogo como fundi-los por toda a parte. [...]
voar a terra e a espalhar sobre ela os caminho; a colaboração comum como
valores do bem, da caridade e da paz. conduta; o conhecimento mútuo como Nós, embora reconhecendo os pas-
método e critério. sos positivos que a nossa civilização mo-
Em nome da alma humana ino- derna tem feito nos campos da ciência,
cente, que Deus proibiu de matar, afir- Compromisso com a paz da tecnologia, da medicina, da indús-
mando que qualquer um que mate uma Nós – crentes em Deus, no encontro final tria e do bem-estar, particularmente
pessoa é como se tivesse morto toda a com Ele e no Seu Julgamento –, a partir nos países desenvolvidos, ressaltamos
humanidade, e quem quer que salve da nossa responsabilidade religiosa e que, juntamente com tais progressos
uma pessoa é como se tivesse salvo to- moral e através deste Documento, ro- históricos, grandes e apreciados, se ve-
da a humanidade. gamos a nós mesmos e aos líderes do rifica uma deterioração da ética, que
mundo inteiro, aos artífices da políti- condiciona a atividade internacional,
Em nome dos pobres, dos miserá- ca internacional e da economia mun- e um enfraquecimento dos valores es-
veis, dos necessitados e dos margina- dial, para se comprometer seriamente pirituais e do sentido de responsabili-
lizados, a quem Deus ordenou socorrer na difusão da tolerância, da convivên- dade. Tudo isto contribui para dissemi-
como um dever exigido a todos os ho- cia e da paz; para intervir, o mais breve nar uma sensação geral de frustração,
mens e de modo particular às pessoas possível, a fim de se impedir o derra- solidão e desespero, levando muitos a
com recursos e abastadas. cair na voragem do extremismo ateu
[12 OLUTADOR [ ABRIL 2019
Em nome dos órfãos, das viúvas,
dos refugiados e dos exilados das suas
casas e dos seus países; de todas as ví-
timas das guerras, das perseguições e
das injustiças; dos fracos, de quantos vi-
vem no medo, dos prisioneiros de guer-
ra e dos torturados em qualquer par-
te do mundo, sem distinção alguma.

Em nome dos povos que perderam
a segurança, a paz e a convivência co-
mum, tornando-se vítimas das destrui-
ções, das ruínas e das guerras.

Em nome da «fraternidade huma-
na», que abraça todos os homens, une
-os e torna-os iguais.

Em nome desta fraternidade dila-
cerada pelas políticas de integralismo
e divisão e pelos sistemas de lucro des-
mesurado e pelas tendências ideológi-
cas odiosas, que manipulam as ações
e os destinos dos homens.

A PESSOA...

e agnóstico ou então no integralismo Liberdade, justiça e diálogo das mais altas virtudes morais que as
religioso, no extremismo e no funda- Este Documento, de acordo com os Do- religiões solicitam; significa também
mentalismo cego, arrastando assim cumentos Internacionais anteriores que evitar as discussões inúteis.
outras pessoas a render-se a formas destacaram a importância do papel das
de dependência e autodestruição in- religiões na construção da paz mun- - A proteção dos locais de culto – tem-
dividual e coletiva. [...] dial, atesta quanto segue: plos, igrejas e mesquitas – é um dever
garantido pelas religiões, pelos valores
Família e religião - A forte convicção de que os ver- humanos, pelas leis e pelas convenções
Afirmamos igualmente que as graves dadeiros ensinamentos das religiões internacionais. Qualquer tentativa de
crises políticas, a injustiça e a falta de convidam a permanecer ancorados atacar locais de culto ou de os ameaçar
uma distribuição equitativa dos recursos aos valores da paz; apoiar os valores através de atentados, explosões ou de-
naturais – dos quais beneficia apenas do conhecimento mútuo, da frater- molições é um desvio dos ensinamen-
uma minoria de ricos, em detrimento nidade humana e da convivência co- tos das religiões, bem como uma clara
da maioria dos povos da terra – gera- mum; restabelecer a sabedoria, a jus- violação do direito internacional. [...]
ram, e continuam a fazê-lo, enormes tiça e a caridade e despertar o sentido
quantidades de doentes, necessitados da religiosidade entre os jovens, pa- - O conceito de cidadania baseia-se
e mortos, causando crises letais de que ra defender as novas gerações a par- na igualdade dos direitos e dos deveres,
são vítimas vários países, não obstante tir do domínio do pensamento mate- sob cuja sombra todos gozam da justi-
as riquezas naturais e os recursos das rialista, do perigo das políticas da avi- ça. Por isso, é necessário empenhar-se
gerações jovens que os caracterizam. A dez do lucro desmesurado e da indi- por estabelecer nas nossas sociedades
respeito de tais crises que fazem mor- ferença baseadas na lei da força e não o conceito de cidadania plena e renun-
rer à fome milhões de crianças, já redu- na força da lei. ciar ao uso discriminatório do termo
zidas a esqueletos humanos por causa minorias, que traz consigo as sementes
da pobreza e da fome, reina um inacei- - A liberdade é um direito de de se sentir isolado e da inferioridade;
tável silêncio internacional. toda a pessoa: cada um goza da isto prepara o terreno para as hostilida-
liberdade de credo, de pensa- des e a discórdia e subtrai as conquis-
A propósito, é evidente quão essen- mento, de expressão e de ação. tas e os direitos religiosos e civis de al-
cial seja a família, como núcleo funda- O pluralismo e as diversidades guns cidadãos, discriminando-os. [...]
mental da sociedade e da humanida- de religião, de cor, de sexo, de
de, para dar à luz filhos, criá-los, edu- raça e de língua fazem parte Oriente e Ocidente se abraçam
cá-los, proporcionar-lhes uma moral daquele sábio desígnio divino Al-Azhar e a Igreja Católica pedem que
sólida e a proteção familiar. Atacar a com que Deus criou os seres este Documento se torne objeto de pes-
instituição familiar, desprezando-a ou humanos. Esta Sabedoria di- quisa e reflexão em todas as escolas,
duvidando da importância de seu pa- vina é a origem donde deriva o nas universidades e nos institutos de
pel, constitui um dos males mais pe- direito à liberdade de credo e à educação e formação, a fim de contri-
rigosos do nosso tempo. liberdade de ser diferente. Por buir para criar novas gerações que le-
isso, condena-se o fato de for- vem o bem e a paz e defendam por to-
Atestamos também a importân- çar as pessoas a aderir a uma do o lado o direito dos oprimidos e dos
cia do despertar do sentido religioso e determinada religião ou a cer- marginalizados.
da necessidade de o reanimar nos co- ta cultura, bem como de impor
rações das novas gerações, através de um estilo de civilização que os Ao concluir, almejamos que esta
uma educação sadia e da adesão aos outros não aceitam. Declaração:
valores morais e aos justos ensina-
mentos religiosos, para enfrentarem - A justiça baseada na misericórdia - seja um convite à reconciliação
as tendências individualistas, egoís- é o caminho a percorrer para se alcan- e à fraternidade entre todos os cren-
tas, conflituais, o radicalismo e o ex- çar uma vida digna, a que tem direito tes, mais ainda, entre os crentes e os
tremismo cego em todas as suas for- todo o ser humano. não-crentes, e entre todas as pessoas
mas e manifestações. de boa vontade;
- O diálogo, a compreensão, a difu-
O primeiro e mais importante ob- são da cultura da tolerância, da aceita- - seja um apelo a toda a consciên-
jetivo das religiões é o de crer em Deus, ção do outro e da convivência entre os cia viva, que repudia a violência aber-
honrá-Lo e chamar todos os homens a seres humanos contribuiriam signifi- rante e o extremismo cego; um apelo
acreditarem que este universo depen- cativamente para a redução de muitos a quem ama os valores da tolerância
de de um Deus que o governa: é o Cria- problemas econômicos, sociais, polí- e da fraternidade, promovidos e enco-
dor que nos moldou com a Sua Sabe- ticos e ambientais que afligem grande rajados pelas religiões;
doria divina e nos concedeu o dom da parte do género humano.
vida para o guardarmos. Um dom que - seja um testemunho da grandeza
ninguém tem o direito de tirar, amea- - O diálogo entre crentes signifi- da fé em Deus, que une os corações di-
çar ou manipular a seu bel-prazer; pe- ca encontrar-se no espaço enorme dos vididos e eleva a alma humana;
lo contrário, todos devem preservar es- valores espirituais, humanos e sociais
te dom da vida desde o seu início até à comuns, e investir isto na propagação - seja um símbolo do abraço entre
sua morte natural. Por isso, condena- o Oriente e o Ocidente, entre o Norte e
mos todas as práticas que ameaçam a ABRIL 2019 [ OLUTADOR]13 o Sul e entre todos aqueles que acredi-
vida, como os genocídios, os atos ter- tam que Deus nos criou para nos co-
roristas, os deslocamentos forçados, o nhecermos, cooperarmos entre nós e
tráfico de órgãos humanos, o aborto e vivermos como irmãos que se amam.
a eutanásia e as políticas que apoiam
tudo isto. [...] Isto é o que esperamos e tentare-
mos realizar a fim de alcançar uma
paz universal de que gozem todos os
homens nesta vida.]

Abu Dabhi,
4 de fevereiro de 2019.

FREI CARLOS MESTERS, OFM Bíblia [ Mateus tenta ajudar os dois grupos a

❝ OEVANGELHO DE MATEUS ções erradas que se fechavam na
O evangelista mostra como Jesus inter- prisão da letra, mas reafirma ca-
pretava e explicava a Lei tegoricamente o objetivo último
vai mostrar de Deus. Por cinco vezes da lei: alcançar a justiça maior que
às comunidades ele repetiu a frase: “Anti- é o Amor.
gamente foi dito, eu, po-
como elas rém, lhes digo!” (Mt 5,21.27.33.38.43). Nas comunidades para as quais
devem praticar Na opinião de alguns fariseus, Je- Mateus escreve o seu Evangelho,
sus estava acabando com a lei. Mas havia opiniões diferentes frente à
era exatamente o contrário. Ele di- Lei de Moisés. Para alguns, ela não
zia: “Não pensem que vim acabar tinha mais sentido. Para outros, ela
com a Lei e os Profetas. Não vim devia ser observada até nos míni-
acabar, mas sim, dar-lhes pleno mos detalhes. Por isso, havia mui-
tos conflitos e brigas. Uns chama-

a justiça. cumprimento”. (Mt 5,17.) Frente à vam os outros de imbecil e de idiota.
Lei de Moisés, Jesus tem uma ati- Mateus tenta ajudar os dois grupos
❞ tude de ruptura e de continuida- a entenderem melhor o verdadeiro

aInLteeripdreetDar eusde. Ele rompe com as interpreta- sentidodaLei,etrazalgunsconse-
[1/3]

[14 OLUTADOR [ ABRIL 2019

entenderem melhor o verdadeiro sentido da Lei...

lhos de Jesus para ajudar a enfren- pois desta chave geral sobre a justi- te quinto mandamento, não basta
tar e superar os conflitos que sur- ça maior, Mateus traz cinco exem- evitar o assassinato. É preciso ar-
gem dentro da família e dentro da plos bem concretos de como prati- rancar de dentro de si tudo aquilo
comunidade. car a Lei, de tal maneira que a sua que, de uma ou de outra maneira,
observância leve à prática perfeita possa levar ao assassinato, como por
Mateus 5,20: do amor. No primeiro exemplo do exemplo, raiva, ódio, xingamento,
A justiça de vocês deve Evangelho de hoje, Jesus revela o desejo de vingança, exploração etc.
ser maior que a justiça que Deus queria quando entregou “Todo aquele que fica com raiva do
dos fariseus a Moisés o quinto mandamento: seu irmão, se torna réu perante o
Este primeiro versículo dá a cha- “Não Matarás!” tribunal.” Ou seja, quem fica com
ve geral de tudo que segue no con- Mateus 5,21-22: raiva do irmão já merece o mesmo
junto de Mt 5,20-48. O evangelista Não Matar castigo de condenação pelo tribu-
vai mostrar às comunidades como “Vocês ouviram o que foi dito aos nal que, na antiga lei, era reserva-
elas devem praticar a justiça maior, antigos: ‘Não mate! Quem matar do para o assassino!
que supera a justiça dos escribas e será condenado pelo tribunal’”. (Ex
dos fariseus e que levará à obser- 20,13.) Para observar plenamente es- E Jesus vai mais longe ainda. Ele
vância plena da lei. Em seguida, de- quer arrancar a raiz do assassina-
ABRIL 2019 [ OLUTADOR]15 to: “Quem diz ao seu irmão: ‘imbe-
cil’, se torna réu perante o Sinédrio;
e quem chama o irmão de ‘idiota’,
merece o fogo da geena”. Com ou-
tras palavras, eu só observei ple-
namente o mandamento Não Ma-
tar se consegui tirar de dentro do
meu coração qualquer sentimen-
to de raiva que leva a insultar o ir-
mão. Ou seja, se cheguei à perfei-
ção do amor.

Mateus 5,23-24:
O culto perfeito
que Deus quer
“Portanto, se você for até o altar pa-
ra levar a sua oferta, e aí se lem-
brar de que o seu irmão tem al-
guma coisa contra você, deixe a
oferta aí diante do altar, e vá pri-
meiro fazer as pazes com seu ir-
mão; depois, volte para apresen-
tar a oferta.” Para poder ser acei-
to por Deus e estar unido a ele, é
preciso estar reconciliado com o
irmão, com a irmã.

Antes da destruição do Tem-
plo do ano 70, quando os cristãos
ainda participavam das roma-
rias a Jerusalém para fazer suas
ofertas no altar do Templo, eles
sempre se lembravam desta fra-
se de Jesus. Agora, nos anos 80,
no momento em que Mateus es-
creve, o Templo e o Altar já não
existiam. A própria comunida-
de passou ser o Templo e o Altar
de Deus (cf. 1Cor 3,16).]

Família [ Na defesa da vida humana, desde sua concepção à sua morte

PE. SEBASTIÃO SANT’ANA, SDN*

OCÊ, LEITOR, deve lembrar-se de
que a legalização do aborto vol-
tou ao debate nacional, sobre-
tudo com a Audiência Pública
convocada pela ministra Ro-
sa Weber e realizada no Su-

Vpremo Tribunal Federal, em
agosto de 2018. Recorda-se
de que Dom Ricardo Hoepers, Bispo de
Rio Grande, RS, e Pe. José Eduardo de
Oliveira, da Diocese de Osasco, SP,
apresentaram, de maneira bri-
lhante, corajosa e bem funda-
mentada, a posição da CNBB
naquela audiência, no dia
6 de agosto?

Através da Campanha
da Fraternidade 2019, a
Igreja está convidando
as famílias, as pastorais
e movimentos sociais,
as associações diver-
sas etc., a assumirem,
através de Políticas Pú-
blicas, a defesa da vi-
da humana, sobretu-
do dos mais frágeis e
vulneráveis.

A Pastoral Fami-
liar – por meio dos
Encontros de For-
mação nos diver-
sos Regionais e tam-
bém do IX Simpósio e
da XI Peregrinação Na-
cional em Aparecida, em
maio próximo – tem como
foco a valorização e a de-
fesa da VIDA.

O direito à vida é o mais
fundamental dos direitos

Na Audiência do STF, percebeu-se a bem

montada estratégia dos abortistas para apre-

sentar a Igreja como expressão do fundamen-

talismo e do obscurantismo anticientífico. - Onde está o fanatismo re- - Atentar contra a vida de
um ser humano inocente é cri-
Mas Dom Ricardo foi enfático: “Diante dis- ligioso, em acreditar que todo me ou não?”

so é estranho, mas querem nos desqualifi- atentado contra a vida huma- “Assim que é concebido,
um homem é um homem”
car como fanáticos e fundamentalistas re- na é crime? Dom Ricardo mostrou que a CNBB
“reitera sua posição em defesa da
ligiosos impondo sobre o Estado Laico uma - Onde está o fundamen- vida humana com toda a sua in-

visão religiosa”. E questionou: talismo religioso em dizer que

– “Onde está o fundamentalismo religio- queremos políticas públicas que

so em aderir aos dados da ciência que com- atendam à saúde das mães e

provam o início da vida desde a concepção? dos filhos?
[16 OLUTADOR [ ABRIL 2019

natural, é precioso o argumento de alguém que merece todo o respeito...

tegralidade (dado científico), dignidade ❝
(Art. 1º da Const.) e inviolabilidade (Art. Através
5º), desde a sua concepção até a mor- da Campanha da
te natural”. “O direito à vida é o mais Fraternidade 2019,
fundamental dos direitos e, por isso, a Igreja está convidando
mais do que qualquer outro, deve ser as famílias, as pastorais
protegido”, enfatizou Dom Hoepers. e movimentos sociais,
a assumirem, através
É sabedoria conjugar ciência e de Políticas Públicas,
fé. De fato, o iluminismo raciona- a defesa da vida
lista e reducionista pretendeu des- humana.
montar a aliança entre razão e fé.
Mas os realmente sábios não pen- ❞ Nova presidência
savam assim. É de Albert Einsten a e Comissão
convicção: “Quem julga haver con- “Em família, defendemos a Vida” “Vida e Família”
flito entre religião e ciência não en- A Comissão Episcopal Pastoral para
tende nem de uma e nem de ou- a Vida e a Família da Conferência O tema central da 57ª Assembleia
tra”. Pascal e Pasteur provavam a Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB Geral da CNBB (1º a 10/05/19), em
existência de Deus e confessavam confirmou a realização do IX Sim- Aparecida, será a aprovação das Di-
ter recobrado, pela ciência, uma fé pósio e da XI Peregrinação Nacio- retrizes Gerais da Ação Evangeliza-
mais robusta e amadurecida. nal da Pastoral Familiar, que acon- dora da Igreja no Brasil para o pe-
tecerão nos dias 25 e 26 de maio, no ríodo de 2019 a 2023.
Na defesa da vida humana, Santuário Nacional de Aparecida.
desde sua concepção à sua morte Outro objetivo é a eleição da nova
natural, é precioso o argumento de Segundo o assessor nacional da presidência da CNBB e de algumas
alguém que merece todo o respeito Comissão, Pe. Jorge Alves Filho, o Comissões Episcopais Pastorais. O
nos meios científicos, Prof. Jerôme tema do duplo evento – Em família, mandato de quatro anos (2015/2019)
Lejeune, pai da Genética Moderna: defendemos a vida – nos coloca em está chegando ao fim, inclusive para
“Assim que é concebido, um homem sintonia com a Campanha da Fra- o bispo de Osasco, SP, e presidente
é um homem”. ternidade de 2019 (Políticas Públi- Comissão Episcopal Pastoral para
cas), com os 25 anos da Campanha a Vida e a Família, Dom João Bos-
“Valorização da VIDA” da Fraternidade de 1994 (“A famí- co Barbosa de Sousa.
é o convite do Leste 2 lia como vai?”) e com os aprofun-
No Encontro de Formação do Regio- damentos em âmbito nacional so- O assessor nacional, Pe. Jor-
nal Leste 2 (Espírito Santo e Minas bre os valores da vida e da família. ge, também vem anunciando sua
Gerais), os representantes das dioce- despedida da Comissão Vida e Fa-
ses mineiras e capixabas puderam Pe. Jorge confirma a presença de mília. É grande o legado que ele
aprofundar vários aspectos na abor- Dom Ricardo Hoepers, a quem nos re- e Dom João Bosco nos deixam. A
dagem do tema central: “Valorização ferimos acima; o bispo de Rio Grande, Pastoral Familiar cresceu e se or-
da Vida”. O evento foi realizado de 15 RS, será um dos principais conferen- ganizou melhor. Nosso obrigado
a 17 de março, na PUCMINAS, Campus cistas do IX Simpósio, que se iniciará a Deus, aos dois e à sua equipe de
São Gabriel, em Belo Horizonte. Três às 7h30 de 25 de maio, no Centro de trabalho pelo legado!]
conferências revitalizaram o tema: Eventos Pe. Vitor Coelho de Almeida.

– “Os desafios da Família fren- ABRIL 2019 [ OLUTADOR]17
te ao comportamento suicida e de
automutilação”, abordado pela Pro-
fessora e Doutora Nadja Cristiane
Lappan Botti, da UESJ;

– “O cuidado centrado na pes-
soa”, com o Professor Doutor Ale-
xandre Ernesto Silva – UFSJ;

– “Defesa da vida: olhares teoló-
gicos e Políticas Públicas para pro-
moção da Família”, com o Pe. Fili-
pe Gouvêa (Arq. de Belo Horizonte),
que aprofundou o tema.

DOM EDSON ORIOLO* Catequese [ A grande mis

Celebrar
a beleza

da fé

NOS ÚLTIMOS ANOS, é co- tendo uma grande preocupação com Frente a “Celebrações – Espetáculo”,
mum encontrar nas dio- o belo, principalmente em relação as paróquias são chamadas a viven-
ceses, paróquias e comu- às suas crenças. Desse modo, mui- ciar o belo nas celebrações do Misté-
nidades pessoas que bus- tas vezes, a grande preocupação dos rio pascal, nos seguintes aspectos do
cam celebrações alegres, fiéis com o embelezamento das ce- Mistério: a memória salvífica, o mo-
festivas com muitos sím- lebrações deixa de lado a beleza do mento da graça, a alegria da esperan-
bolos e ornamentos boni- conteúdo doutrinal a ser aprofun- ça. Como nos ensina o Papa Francisco:
tos. Preocupações que privilegiam a dado e vivido. uma ideia, um sentimento e uma ima-
beleza externa das celebrações com gem (cf. Evangelium Gaudium, 157)
encenações religiosas dramáticas É preciso resgatar o verdadeiro
e teatralização da fé, esquecendo o sentido da beleza, como nos fala o
aspecto da interioridade do misté- Papa Bento XVI em muitas de suas
rio celebrado. obras e em diversos contextos: “A
Apesar de nossa cultura ser tec- beleza, antes de tudo, é coerência:
nologicamente sofisticada, ela car- coerência da criação, da revelação,
rega alguns traços primitivos em da tradição e coerência também do
certas expressões religiosas que apa- homem receptor da obra divina”.
recem na forma simbólica, alegó- “A beleza cristã não é superficial.
rica e, por que não dizer, mágica. Inclui a cruz do Filho encarnado
Mas as paróquias vivem uma rea- e com ela a verdade sobre a dor.”
lidade de estetização generalizada, “Uma beleza não aberta a Deus re-
cujos objetos adquirem constante- clui o homem nele próprio e é capaz
mente uma funcionalidade primá- de levá-lo ao desespero ou a um es-
ria de embelezamento. piritualismo sem estreita relação
A estratégia da globalização in- com Deus.” “Os que creem devem
fluencia a necessidade da estetiza- mostrar a beleza de sua fé em au-
ção do cotidiano; as pessoas acabam tênticas cerimônias, sobretudo em
sua liturgia.”

[18 OLUTADOR [ ABRIL 2019

são da Igreja é evangelizar e levar a Boa Notícia...

1A memória salvífica (uma ideia) mãos, dançar “mantras”, gritar vi- 3A alegria da esperança
A grande missão da Igreja é evan- vas, aplaudir e balançar lenços ou (uma imagem)
gelizar e levar a Boa Notícia. Na era bandeirinhas. O presbítero passa A celebração do Mistério Pascal se
da estetização da fé, as homilias a ter uma função análoga à de um dá através de um conjunto de ações
estão perdendo sua relevância pa- animador de auditório. simbólicas, pois expressa o grande
ra dramatizações. As celebrações mistério da esperança cristã. Gestos,
do Mistério Pascal estão virando Mas, na contramão de tudo isso, palavras e ações visam à atualização
programas de auditórios. O impor- o que os fiéis necessitam é de boas da memória de Jesus, cuja presença
tante é bater palmas, estender as e preparadas homilias com argu- se faz sacramento. Por isso, o uso de
mentos convincentes. Uma boa ho- símbolos não se faz somente pelo
milia tem começo [despertar curio- gosto de novidade, mas pela sua ca-
sidade], meio [explicar a Palavra de pacidade de expressar o que é essen-
Deus] e fim [apontar para o misté- cial ao que se celebra ritualmente.
rio celebrado]. Supõe preparar bem
para falar o essencial. O segredo Uma liturgia sacramental deve
de uma boa homilia que transfor- ser tecida de sinais e símbolos que
me os corações é uma longa ado- expressam as dimensões da fé e da
ração diante do Santíssimo, con- esperança, que são por ela alimen-
forme afirmou Ivan Cardeal Dias, tadas. Temos infinidades de sinais e
Arcebispo de Bombaim (Índia), em símbolos que poderiam ser mais va-
sua intervenção durante o Sínodo lorizados, dentro de uma criatividade
em outubro de 2007. A meditação mais adequada aos anseios dos par-
pessoal é essencial para que a as- ticipantes e ao caráter específico das
sembleia seja tocada pela palavra. celebrações que se realizam: água e
unção, pão e vinho partilhados; dar
2O momento da graça a paz e sentar-se à mesa; ajoelhar e
(um sentimento) impor as mãos; caminhar e cantar.
As celebrações sacramentais são
ações de Cristo Sacerdote para a vi- Os livros litúrgicos (missal, lecio-
da de seu corpo, a Igreja. São ações nários: dominical, semanal e santo-
cuja eficácia, em título e grau, trans- ral, evangeliário) prescrevem o es-
mite a graça como nenhuma ou- sencial, mas deixam espaço para
tra ação da Igreja. É a gratuidade da criatividade. Os espaços celebrativos
graça que lhe dá o caráter festivo (altar, ambão, credência, presbitério,
que se expressa por palavras, ges- sacrário), os objetos litúrgicos (cálice,
tos, ações simbólicas, ritos... Sinais âmbula, castiçal, candelabro, cruz,
sensíveis! (cf. SC 7). O conjunto das velas, ostensório) e as vestes talares
celebrações litúrgicas está em ín- (túnica, casula, estola, dalmática,
tima relação com a Eucaristia. Es- véu umeral) dão o caráter sagrado.
ta com os ritos iniciais e os ritos fi-
nais, que emolduram a proclama- Mas é fundamental a interiori-
ção da Palavra e a partilha do pão dade a ser buscada pelos momen-
eucarístico. A Palavra e a memó- tos de silêncio. Guarde-se em seu
ria de Jesus pelo pão e vinho cons- devido tempo um silêncio sagrado
tituem uma sequência lógica e teo- (cf. Sacrosanctum Concilium, 30), e
lógica, um só ato de culto (cf. SC 56). como parte da celebração, deve-se
observar o silêncio sagrado (cf. Ins-
A beleza das celebrações sacra- trução Geral do Missal Romano, 23).
mentais com seus sinais e símbo-
los, com suas palavras e gestos, com Finalmente, a memória salvífi-
seus cânticos e música, as suas ima- ca vivida como momento da graça
gens e cores, eleva-nos a uma ver- seja motivo de grande alegria neste
dadeira comunicação com o trans- momento da história. Em sintonia
cendente. Com dizia Simone Weil: com o desejo dos padres concilia-
a beleza está para as coisas como a res, “sejam expressas as razões da
santidade está para a alma. nossa esperança”. (1Pd 3,15.)]

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]19 * Bispo Auxiliar de Belo Horizonte

Juventude [ A Campanha da Fraternidade 2019

FRT. DIONE AFONSO, SDN*

Aproxima-se a nossa pe- prolonga-se nos jovens com rostos nossos jovens. Este sinal, nós ve-
regrinação, nossa subida franzidos que perderam a capaci- mos na pessoa de Maria, que sou-
ao Calvário, assumindo dade de sonhar, criar e inventar be acolher as dores do Filho. Com
com Jesus as dores e sofri- o amanhã e ‘passam à aposenta- Maria aprendemos a dar hospeda-
mentos de tantos irmãos doria’ com o dissabor da resigna- gem a quem perdeu seu lar; com
e irmãs que, hoje, vivem ção e do conformismo, uma das Maria queremos ser aquela Igreja
sua Via-Crúcis no dia a drogas mais consumidas no nos- que promova a cultura do encon-
dia de suas vidas. A Via- so tempo; prolonga-se na dor es- tro e que possa acolher, proteger,
Sacra de Jesus prolonga- condida e indignada de quantos, promover e integrar tantos jovens
se hoje na vida de tantos em vez de solidariedade por parte que perderam suas raízes e o ca-
jovens, homens e mulhe- duma sociedade repleta de abun- minho da vida.
res que, afogados numa dância, encontram rejeição, sofri-
espiral de morte são ar- mento e miséria, e além disso aca- Como Maria, que esteve com
rastados pelo álcool, pelas bam assinalados e tratados como seu Filho até o final, nos compro-
drogas, suicídios, prosti- portadores e responsáveis de todo metemos a devolver a esperança da
tuição, exploração e pelo o mal social”. vida àqueles que vivem uma eter-
tráfico humano. na Via-Crúcis. “Temos a coragem

JOVENS NA

Mãe, “eis aí o teu Filho!” (Jo 19,26) Assumir o compromisso de ca- de permanecer ao pé da cruz, co-
A Via-Crúcis com os jovens é um minhar com Jesus significa que nós mo Maria? – nos questiona o Papa.
dos pontos altos da celebração na estamos dispostos a estar não so- Contemplemos Maria, mulher for-
Jornada Mundial da Juventude. Na mente junto d’Ele, mas estamos nos te. Dela queremos aprender a ficar
edição deste ano, o Papa Francis- comprometendo com cada chão que de pé junto da cruz. [...] Ela soube
co dirige a todos nós palavras fir- Ele pisa. O Papa nos alerta que ca- acompanhar o sofrimento de seu
mes, cobrando atitudes mais con- minhar com Jesus é uma grande Filho, vosso Filho, ó Pai, apoiá-lo
cretas e condizentes com o Evan- alegria para cada um de nós, pois com o olhar e protegê-lo com o co-
gelho que anunciamos. Atitudes estando próximo d’Ele poderemos ração. Que dor sofreu! Mas não a
que revelam nosso compromis- penetrar em seu coração e conhe- abateu. Foi a mulher forte do ‘sim’,
so com nossa missão batismal e cer o seu íntimo; porém, caminhar que apoia e acompanha, protege e
compromisso com tantos jovens com Jesus “é um grande risco, por- abraça. É a grande guardiã da es-
que sobem sua Via-Crúcis, todos que, em Jesus, as suas palavras, os perança”.
os dias, e vivem um Calvário por seus gestos, as suas ações contras-
falta de emprego, falta de quali- tam com o espírito do mundo, a Filho, “eis aí a tua Mãe!” A es-
dade de vida, falta de oportuni- ambição humana, as propostas du- perança da ressurreição é o raiar
dades para estudar, falta de for- ma cultura do descarte e da falta de um novo dia, um novo tempo
mação profissional para um tra- de amor”. pelo qual tantos jovens clamam a
balho digno e honesto. nós. E o Papa conclui dirigindo a
Filho, “eis aí a tua Mãe!” (Jo 19,27) Deus uma prece, contando com o
Nas palavras do Papa Francis- Mesmo diante de tantos sinais de nosso apoio e coragem na missão
co, a “Via-Crúcis de Jesus prolon- morte entre nossos irmãos, na su- de acompanhar os jovens de nossa
ga-se no grito sufocado das crian- bida para o Calvário ainda nos en- sociedade: “Pai – e o Papa olha pa-
ças impedidas de nascer e de tan- contramos com cristãos que se com- ra o céu –, também nós queremos
tas outras a quem se nega o direito prometem a participar com fé firme ser uma Igreja que apoia e acom-
de ter uma infância, uma família, e corajosa e não cruzam os braços panha, que sabe dizer: ‘estou aqui,
uma instrução; nas crianças que diante da dor e do sofrimento de na vida e nas cruzes de tantos cris-
não podem jogar, cantar, sonhar; tos que caminham ao nosso lado’”.
[20 OLUTADOR [ ABRIL 2019

cobra de nós maior participação e presença cristã...

❝ Tudo isso revela entre nós sinais
Assumir o compromisso do Reino de Deus.
de caminhar com Jesus significa
que nós estamos dispostos O Texto-Base da CF-2019 destaca
a estar não somente junto d’Ele, em alguns números a importância
mas estamos nos comprometendo do protagonismo dos jovens na ela-
com cada chão que Ele pisa. boração e realização das Políticas
❞ Públicas. Pede dos jovens “maior
estímulo e apoio na participação
VIA-SACRA das Políticas Públicas. Formação
e conhecimento aos setores juve-
Os jovens na CF-2019 capazes de gerar fraternidade, dig- nis da sociedade para que eles pos-
A Campanha da Fraternidade 2019 nidade humana e solidariedade. sam se aproximar das ações que
cobra de nós maior participação Nossos jovens gritam por Políti- favoreçam sua participação nes-
e presença cristã ativa junto aos cas Públicas que proporcionem a ses campos”. O Texto-Base ainda
órgãos da sociedade, lutando por eles caminhos de vida plena, co- nos pede “um maior apoio aos se-
Políticas Públicas que garantam mo o incentivo ao esporte, lazer, tores juvenis para que as Políticas
o bem comum como bem de to- educação de qualidade, oportuni- Públicas possam fornecer a eles
dos. Políticas Públicas que sejam dade de trabalho digno e cultura. maior engajamento e apoio ao en-
sino superior e ao primeiro empre-
go no mercado de trabalho”. (TB,
2019, nº 97-98.)

Para rezar e discutir em grupo
Nossa prática celebrativa nos tem
ajudado a identificar esses cris-
tos na vida de tantos jovens que
ainda hoje sobem sua Via-Crúcis
e são crucificados pela falta de Po-
líticas Públicas? Quais serão nos-
sas ações concretas para mudar es-
sa situação?]

* Religioso Sacramentino,
estudante de comunicação
na PUC-Minas

Encontro Matrimonial [ Valores...

PE. JACOB, MSF

EMM: A descoberta
de uma nova família...

Regional Leste 1 – Rio de Janeiro, Niterói e Nova Iguaçu

A partir do FDS, percebemos valores com que, à medida que os vivenciamos, nos transformamos...

Márcio Gadelha e Évora Bessa o que aprendi no FDS, para a nossa Paulo e Belinha
Arquidiocese do Rio de Janeiro vida de casal (o diálogo, a escuta, a Arquidiocese do RJ
decisão de amar), e também com
todos que de mim se aproximam.

Se eu tivesse que colocar, em
duas palavras, o meu sentimen-
to pelo FDS, essas palavras seriam:
gratidão e alegria.

Albino e Raquel
Arquidiocese do Rio de Janeiro

Participar do Fim de Semana - FDS Para nós, o FDS foi uma das melho- Para nós, o FDS foi uma experiên-
- do Encontro Matrimonial Mun- res experiências que já tivemos em cia maravilhosa. Achávamos que
dial, a princípio, surgiu como uma nossas vidas. Foram momentos de vivíamos bem, mas depois perce-
oportunidade de um engajamento muito aprendizado para o nosso ca- bemos que vivíamos numa paz ba-
na igreja e a formação de uma no- samento. Descobrimos o quanto é rata. Não discutíamos, mas guar-
va família de amigos aqui no Rio importante o diálogo, na vida do dávamos mágoas e ressentimen-
de Janeiro, porque éramos novos casal. Hoje nos sentimos encora- tos dentro de nós.
na cidade. jados e temos mais liberdade pa-
ra falar coisas de que não faláva- No FDS, aprendemos a dialo-
Fui ao FDS sem muitas expecta- mos antes. O FDS para nós foi um gar sobre o nosso relacionamento.
tivas, já que eu já havia participado momento de muita reflexão, saí- Nossa convivência com nossos fi-
de um Encontro de Casais e Semi- mos com a certeza de que Deus es- lhos, família e amigos mudou mui-
nário na Shalom, em nossa cidade tá presente em nossas vidas e que to. Aprendemos a aceitar as pessoas
natal, Fortaleza, e minha ideia era Ele cuida do nosso relacionamen- com seus limites. Descobrimos que
de que o Encontro poderia ser repe- to. Aprendemos a dialogar e, hoje, Amar não é um sentimento, é uma
titivo em algumas coisas. a alegria toma conta de nós como Decisão. Decidimos Amar, não só
quem ganha um presente muito um ao outro, mas aos demais, res-
O FDS me surpreendeu! Depa- desejado. peitando as diferenças. Descubram
rei-me com momentos totalmen- em sua cidade o casal responsável
te diferentes do que eu imaginava, [22 OLUTADOR [ ABRIL 2019 pelo Pré-encontro do EMM - Encon-
apesar do encontro estar pautado tro Matrimonial Mundial e vivam
em simplicidade. a experiência de um FDS - Fim de
Semana.]
Ter participado desse momen-
to trouxe-me um horizonte infinito Encontro
de possibilidades e uma esperan- Matrimonial
ça inebriante, para a nossa vida. A Mundial
cada momento, a cada texto, a ca-
da gesto... meus olhos brilhavam, http://www.encontromatrimonial.com.br
pois, via em cada um deles o inte-
resse genuíno de nos fazer sentir Facebook-@encontromatrimonialmundialbrasil
emoção nas pequenas coisas.
E-mail - [email protected]
Hoje, falo com muita emoção
desse momento a todos a que tenho
oportunidade. E procuro exercitar

Família Julimariana [ Compartilhar...

IR. MARIA DO SOCORRO LAURENTINO, FCIM

Organizar peregrinação é assumir,
viver uma experiência diferente.
Ampliar a fé, o conhecimento, ten-
do contato com ambientes percorri-
dos por outras pessoas. O peregrino
sabe que o foco do seu trajeto não é
o turismo convencional, mas uma
experiência de autoconhecimento e
realização pessoal. Peregrinar não é
apenas caminhar até um determi-
nado lugar, por curiosidade ou sim-
plesmente conhecer coisas novas,
mas realizar uma missão por algo
maior que nos move e nos motiva.

Peregrinar: um ato de fé Peregrinação:

A devoção e a fé atraem diversas Pe.Júlio Maria e suas obras
pessoas para peregrinar até inúme-
ros destinos religiosos ao redor do “Nunca seremos grandes, nunca seremos elevados,
mundo. A peregrinação é pratica- nunca seremos santos se não caminharmos para um ideal.”
da desde os tempos mais remotos,
em quase todas as culturas e reli- (SERVO DE DEUS PE. JÚLIO MARIA)
giões. É o ato de realizar uma jor-
nada individual ou em grupos de vés da arquitetura deixada em vá- truiu, no seu ideal de vida, no seu
pessoas, até um destino considera- rios pontos da cidade, fruto de seu carisma, nos seus sonhos. E sobre-
do sagrado, quer seja uma cidade, dinamismo e da sua visão social, tudo na vida daqueles e daquelas que
um templo ou mesmo um trajeto. atendendo às necessidades da Igre- carregam seus princípios, seu ideal
ja e do povo. e dos que se aproximam dele com
Com estas convicções, Cordima- um fervor devocional muito forte.
rianas e Missionários/as do Caris- Em busca de um santo
ma escolheram organizar uma pe- Lá fomos nós a Manhumirim! Vi- E assim reafirmamos que o obje-
regrinação em volta da pessoa do venciamos momentos de contem- tivo da nossa peregrinação foi atin-
querido Fundador, o Servo de Deus plação, de admiração e de Fé. Fi- gido. Bebemos na fonte daquele que,
Pe. Júlio Maria De Lombaerde, na camos também conhecendo um em sua vida, sua missão e seus fei-
festa do seu aniversário, 8 e 9 de ja- pouco mais da história de Vida do tos, soube buscar a honra e a gló-
neiro de 2019. Nossos objetivos: am- Servo de Deus Padre Júlio Maria De ria do Criador.
pliar a nossa devoção e conhecer Lombaerde, e refletindo o quanto
ainda mais a história de um mis- a confiança em Deus, a coragem Relembrando
sionário que viveu uma vida de san- de assumir a missão, a determi- O Processo de Canonização do PJM
tidade; contemplar suas relíquias nação e a misericórdia de Deus po- requer intensa divulgação para tor-
deixadas no Santuário do Bom Je- dem transformar a pessoa e modi- ná-lo mais conhecido. Romarias e
sus; seu túmulo, contendo os res- ficar o mundo! peregrinações atraem muito as pes-
tos mortais; o memorial, riquíssi- soas. E de acordo com o nosso inte-
mo em relíquias de 1º, 2º e 3º graus. Podemos proclamar que não só resse pela divulgação ou por mais co-
encontramos os restos mortais de nhecimento desse Homem de Deus,
Outros objetivos: penetrar no seu uma pessoa que parecia ter mor- colaboramos para a agilização do
quarto, com aquela simplicidade, rido, mas ficou muito claro que ele processo que depende das graças de
revelando o seu espírito de pobre- continua vivo nas obras que cons- Deus e do nosso empenho.]
za, do qual era possuidor. A capela
da Visão Sacramentina, a qual faz ABRIL 2019 [ OLUTADOR]23
a gente sonhar com muitas voca-
ções para os dias de hoje. E que be-
leza! Contemplar suas obras atra-

DOM PAULO MENDE PEIXOTO* Espiritualidade [ Amai-vos...


O verdadeiro
amor significa
entrega generosa
e livre


que é constituído sagrado. O mais atingido é a pessoa
humana, porque não está sendo vista como imagem
e semelhança do Criador. Parece que valorizamos os
animais de estimação com maior afinidade do que
aos seres humanos. Os valores não podem ser toma-
dos de forma irreal e confusa.

Está visível na sociedade hodierna uma práti-
ca de amor sem responsabilidade e sem compromis-
so. O verdadeiro amor significa entrega generosa e li-
vre. Foi justamente o que aconteceu com Jesus Cristo,
terminando sua vida com a morte na cruz, mas reali-
zando um ato de muita responsabilidade, tendo como

A RESPONSABILIDADE

ARESPONSABILIDADE É UMA ATITUDE EXIGENTE, objetivo a salvação da humanidade. Não ama quem
que significa assumir as consequências do com- agride a vida alheia.
portamento próprio ou de outra pessoa. A ação
responsável constrói história e se fundamen- O apóstolo Paulo vê no amor um ato de respon-
sabilidade. Ele diz que tudo que a pessoa faz tem que

ta no processo de libertação. Ela, assumida por agen- ser feito com caridade, mas fundamentada na justiça

te vocacionado para fazer o bem, leva em conta o va- (1Cor 13,1-13). O ódio, a vingança, o egoísmo, as rixas, as

lor real de tudo que contribui para valorizar a vida das injustiças etc., são situações concretas de falta de amor.

pessoas que estão ao seu redor. É necessário ter consciência precisa de que sem a prá-

Estamos assistindo a uma situação muito preo- tica do amor as pessoas não chegam a lugar nenhum.

cupante no mundo, especialmente no cenário brasi- Não podemos colocar barreiras para que as pes-

leiro, fruto de atitudes totalmente irresponsáveis. A soas se libertem das maldades. O Papa Francisco fa-

violência que atinge as mulheres é uma dessas rea- la de “construir pontes”, sem fronteiras de libertação,

lidades, mas também aos vulneráveis de todo tipo, para ajudar a quem tem necessidades essenciais para

que causa na população perplexidade e muita inse- conseguir uma vida feliz. Somente o encontro com o

gurança, porque a vida humana está sendo ameaça- outro será capaz de levar a um encontro pessoal com

da de muitas formas. Deus. Mas tudo passa pelo crivo da responsabilidade

Existe uma profanação generalizada e até im- e do amor sincero.]

piedosa dos ambientes, das consciências e de tudo *Arcebispo de Uberaba, MG

[24 OLUTADOR [ ABRIL 2019

Liturgia [ Critérios...

FRT. MATHEUS R. GARBAZZA, SDN Três critérios para a
música litúrgica
NO MÊS DE MARÇO, dedicamos
estas linhas ao venerável “Gló- cos dizem uma coisa, mas a letra e/ 3Harmonia com a Liturgia da Palavra
ria”, um hino de grande rele- ou a melodia que os acompanham A tradição da Igreja sempre valo-
vância no contexto da cele- passam outra mensagem. Aí a qua- rizou muito a Sagrada Escritura co-
bração eucarística. A partir lidade da comunicação litúrgica fica mo fonte da música litúrgica. Basta
dele, relembramos que os hinos in- comprometida, criando ruídos que observar, por exemplo, que muito do
tegrantes do chamado “Ordinário da impedem o pleno exercício da vida que temos de repertório para o can-
Missa” - partes fixas - devem ser exe- espiritual. to gregoriano são pequenos trechos
cutados conforme a letra que cons- de livros bíblicos. A mesma lógica é
ta do Missal. 2Adequação ao tempo litúrgico aplicada pelo Missal Romano para as
Também é de suma importância antífonas de entrada e de comunhão.
Lancemos nossa atenção, agora, que os hinos escolhidos situem bem
aos cânticos acompanham determi- a assembleia no espírito do tem- Sempre que possível, portanto,
nados ritos. Na liturgia da missa, são po litúrgico em questão. Tudo deve é bom harmonizar o hino escolhido
sobretudo os de entrada, apresenta- concorrer para tonar ainda mais para o momento celebrativo com a
ção das oferendas, comunhão e final. incisivos os apelos próprios daque- Liturgia da Palavra daquela celebra-
Para estas ocasiões (e outras que pos- le período do ano litúrgico ou da ção – sobretudo o Evangelho dos do-
sam surgir segundo a necessidade) festa celebrada. Penso, sobretudo, mingos e festas. Assim a celebração
não há uma letra prevista. Será pre- no poder da melodia: introspectiva fica mais viva, mais sintonizada e
ciso recorrer ao repertório litúrgico na Quaresma, jubilosa na Páscoa, significativa. Um exemplo digno de
que a comunidade tem à disposição. contemplativa no Advento e assim menção são alguns dos hinos pro-
por diante. postos pelo Hinário da CNBB para o
Esse é um trabalho que não de- Tempo Comum, que possuem opções
veria comportar improvisações. Ca- Faz muito mal para a espiritua- diversas para o refrão, inspiradas no
da música escolhida para a celebra- lidade litúrgica que a equipe de mú- Evangelho do dia. É uma excelente
ção tem sua importância e ajuda a sica recorra a determinados “cânti- maneira de fazer a Palavra de Deus
compor o conjunto da “obra de ar- cos-curinga”, que geralmente estão ser mais meditada e interiorizada.
te” que deve ser a liturgia. Portanto, catalogados numa mesma seção dos
as equipes responsáveis devem reu- hinários das comunidades. Não que Para refletir
nir-se com alguma antecedência, não sejam errados em si, é claro. Mas pas-
apenas para ensaiar a parte técnica, sar o ano inteiro com o mesmo canto 1Os cânticos executados em nossas
mas também para pensar com cui- de entrada, por exemplo, certamen- celebrações ajudam a rezar e a me-
dado e carinho cada escolha. te não ajuda a viver com fruto cada ditar a Palavra?
tempo do ano litúrgico. É importan-
Como um modo de auxiliar tal te lembrar, nesse caso, que tais tem- 2Nossas equipes de música se es-
processo, oferecemos aqui três crité- pos têm sobretudo a função de nos meram em escolher os hinos pa-
rios simples e básicos para a seleção fazer meditar os mistérios de Cristo ra a celebração? Ou ainda prevalece
dos cânticos. É certo que devem ser e da nossa Salvação. o improviso?
enriquecidos com outros que a for-
mação litúrgico-musical da comu- ABRIL 2019 [ OLUTADOR]25
nidade vai adquirindo com o tempo.

1Adequação ao momento celebrativo
A primeira coisa que deve ser obser-
vada é se a letra do hino em questão
se adequa ao momento para o qual
está sendo pensado. Por exemplo, se
o escolhido para acompanhar a pro-
cissão de entrada serve para “dar iní-
cio à celebração e favorecer a união
dos fiéis reunidos”, conforme pede
a Instrução Geral do Missal Roma-
no (nº 47).

É importante tomar cuidado com
esse item para não criar um descom-
passo entre o rito e o cântico. Quan-
do isso acontece, os gestos simbóli-

ANTÔNIO CARLOS SANTINI Atualidade [ Mercados obscuros...

No sistema capitalista, qual- hormônios sexuais, era preservada tiva de sucesso ou de lucro a partir
quer coisa pode ser usada sua voz aguda. Em geral, eram crian- do desempenho das crianças e dos
como mercadoria. Até gente. ças órfãs, ou mesmo de famílias po- adolescentes. Sem excluir a explo-
O historiador Daniel Rops bres impelidas ao extremo recurso ração em nome do Estado e do sen-

registra que no século XVII, por razões financeiras. Foi neces- timento nacionalista.

em Paris, crianças eram compra- sário que o Papa Leão XIII proibisse O lamentável incêndio na con-

das ou raptadas por profissionais tardiamente, em 1902, a inclusão centração do Clube de Regatas Fla-

da mendicância. O processo podia de “castrati” nos corais das igrejas. mengo, no Rio de Janeiro, com 10

incluir fraturas intencionais nos Dizem que os tempos muda- adolescentes mortos e 3 feridos, de-

membros dos pequenos indefesos, ram. Talvez não. O noticiário re- veria servir para uma reflexão so-

para estimular a piedade do público. cente chama nossa atenção para bre nossa neutralidade – ou seria

Nos áureos tempos de Mozart, os as crianças que são precocemen- indiferença? – diante da exploração

corais incluíam as vozes dos “cas- te separadas de suas famílias por de menores no campo do esporte.

trati”, homens cantores de extensão apresentarem dotes excepcionais Não há inocentes no caso. De fato,

vocal semelhante à voz feminina, no mundo dos esportes, desde a gi- há muita gente envolvida no mer-

por terem sido submetidos à castra- nástica até o futebol. No fundo, o cado de crianças. Federações, clu-

ção antes da adolescência. Sem os mesmo ranço capitalista: a perspec- bes, dirigentes, empresários e, na-

turalmente, famílias. Todos veem

como natural que um garoto de 16

anos seja literalmente “comprado”

pelo Barcelona ou pelo Real Madrid.

É assim o planeta do capital.

O próprio sistema perverte nos-

sos olhares. Logo que se manifesta

um dom especial na criança, ouve-

se o tilintar de uma registradora:

dinheiro à vista! Isso pode dar lucro!

Claro, existe até quem assegure que

é “para o bem da criança”. Mesmo

o miniatleta pensa nos futuros ga-

nhos e, amorosamente, na possí-

vel ajuda à família pobre. Pena que

sejam tão raros os que chegam ao

pódio e aos gordos contratos, en-

quanto uma multidão de sonhos é

excretada do sistema...

O desastre humano não se limita

ao futebol. Multiplicam-se “olhei-

ros” por toda parte. Passeiam pe-

Mercado las universidades os “headhunters”
– expressão inglesa que significa
“caçador de cabeças” – os quais se-
lecionam os melhores estudantes,
a serem aproveitados nos princi-

de crianças pais centros de pesquisa do primei-
ro mundo. Também os cérebros es-
tão incluídos no mercado.

Enquanto isso, os pequenos con-
tinuam explorados e pressionados

a ser gente de sucesso. Filhos são

menos amados por não correspon-

derem às expectativas dos pais. Ex-

pectativas de destaque, de sucesso
e, naturalmente, de lucro...]

[26 OLUTADOR [ ABRIL 2019

CARLOS RAMALHETE Atualidade [ Reflexão...

Indignação sas inauditas um ou dois anos an-
NÃO É ÓDIO tes – é movida por ódio àquele que
ODISCURSO politicamente Devemos estaria supostamente sendo prote-
correto descobriu um ra- ser capazes gido. Desta forma, o cavalheirismo
ciocínio falacioso que, na de defender básico de oferecer um casaco para
estrita medida do seu con- aquilo que temos que se cubra uma moça seminua
trole da mídia, pode cen- por caro, assim vagando pelas ruas da cidade com
surar previamente qualquer ma- como devem os seios de fora e toda borrocada de
nifestação conservadora. O meca- poder defender tinta torna-se um ato de ódio con-
nismo é o seguinte: lança-se uma suas ideias os tra a mulher e contra a dignidade
campanha dizendo que o mar é ga- que querem feminina. A indignação com a as-
soso e o céu é líquido, homens de sunção de que a inteligência é in-
saiote são mulheres, maconha é modificar versamente proporcional à mela-
remédio, o absurdo que for. Ven- radicalmente nina que justifica as cotas univer-
de-se em seguida esta campanha a sociedade. sitárias torna-se, num verdadeiro
como sendo em prol de supostos golpe de judô contra as evidências
direitos de alguém. Num salto lógico ainda mais e a lógica, uma forma de racismo,
arriscado, verdadeiro twist carpa- e dos piores: um racismo movido
Assim o racismo evidente de co- do da argumentação, presume-se por ódio a outra “raça”.
tas universitárias torna-se “prote- então que qualquer reação de in-
ção do negro”, o ataque à honradez dignação em função dos absurdos Assim ficam todos pisando em
feminina perpetrado pelas “mar- sendo pregados – normalmente coi- ovos, com medo de ofender e ser acu-
chas das vadias” e demais ocasiões sado de “discurso de ódio”, discur-
de depreciação pública da dignida- so este que – próximo passo – me-
de feminina torna-se, de alguma receria censura prévia, e não teria
maneira mágica, na cabecinha direito de expressão. E isto em uma
de quem as inventa, uma manei- sociedade que lutou para se livrar
ra de, paradoxalmente, aumentar da censura dos governos militares,
esta mesma dignidade feminina, em uma sociedade em que vicejam
e por aí vai. discursos verdadeiramente de ódio,
como os apelos à luta de classes
dos partidos de extrema-esquerda.

É no confronto que as ideias se
burilam e a verdade sobressai aci-
ma do lixo. Calar a voz do adversá-
rio é sempre um truque sujo, e no
mais das vezes ineficaz a médio e
longo prazo. Ao contrário, devemos
ser capazes de defender aquilo que
temos por caro, assim como devem
poder defender suas ideias os que
querem modificar radicalmente a
sociedade. Mas para que isto seja
possível, é necessário que haja de-
bate, que nenhuma ideia seja con-
siderada “discurso de ódio” por ra-
zões transversas. Mesmo o discur-
so de ódio verdadeiro acaba por se
mostrar tão imbecil que ninguém
com QI normal o adota. O racismo
real é apanágio de boçais.

Precisamos de mais luz nos de-
bates políticos, não de censura li-
minar.]

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]27

Crônica [ Maria

ANTES eu não tivesse ido! CURSO GRÁTIS
Mas, não conseguia pa-
rar de pensar na tragédia Nova esfregada - Não, moço, eu quero é vela...
de Brumadinho. Meu co- de mãos... uma lim- Ele se abaixou para brincar com
ração não se aquietava. pada de garganta minha neta:
- O que posso fazer por eles? Só prenunciava a pro- - Sua vó não sabe comprar ve-
posso rezar! Vou acender uma ve- sa fiada... las, petite fleur...
la... Meu Deus, não sobrou um to- (Deus meu, só pode ser brinca-
quinho de vela. Vou ter que arran- - Não, estou aqui deira! Ainda esbanja um francês,
jar uma... fazendo um favor será de onde saiu essa peça?)
para meu primo... Minha neta aproveitou a dei-
Olho mil gavetas, encontro ve- Eles foram a um ve- xa e quis tirar uma dúvida, naque-
las antigas de Primeira Eucaris- lório, os funcioná- la hora desesperadora para a avó:
tia dos filhos, uma vela vermelha, rios estão em ho- - Vovó, quem pôs pavio na mandioca?
não sei pra quê... Mil velas de ani- rário de almoço e Perdi uns minutos com uma cri-
versários antigos e já esfareladas os outros dois estão se de riso que me pegou de surpresa.
no tempo... fazendo entrega... - Quem, vó, quem pôs o pavio
Não me custa nada... dentro da mandioca?
E Brumadinho? Tenho de acen- - Depois a vovó te conta, agora
der uma vela, senão nem vou dar (Sobrou pra estamos com pressa...
conta de fazer o almoço hoje! E lim- mim! A carne vai
pava os olhos e suspirava: que hor- queimar, a máqui-
ror, Deus meu! na vai ficar rodan-
do, Deus meu, que
- Vamos ao armazém com a vo- rapaz mais chato!
vó, meu bem? Logo hoje que a Va-
ni não veio traba-
Minha neta correu comigo. lhar...)
Olhei em volta, o pessoal que
me atende sempre não aparecia. - Moço, vê as ve-
Apareceu um moço, vindo lá de las pra mim, estou
dentro... com um pouquinho
- O que a senhora deseja? de pressa...
Um rapaz (acho a palavra desu-
sada, mas dava certinho com o tipo - A senhora deseja vela gros-
do moço, todo prestativo. Reparei sa, ou fina?
bem... Camisa de mangas compri-
das, muito bem passada, dobrada - Das comuns...
até o meio do braço, mãos finas, ca- - De que tamanho?
belo muito bem penteado, sapatos Caí das nuvens...
brilhantes de graxa... Pensei: o que - Das comuns - repeti...
será que um moço alinhado assim Ele limpou a garganta de novo
está fazendo aqui?)... e prosseguiu... (Prosseguiu é a cara
- Em que posso servi-la? dele!) E voltou animadíssimo! E eu,
- Eu estou querendo velas... com o dinheiro na mão, doidinha
O rapaz se levantou, esfregou as pra voltar pra casa... mas...
mãos, numa alegria antecipada... - A senhora sabe, há velas e ve-
- A senhora é a primeira fregue- las, por isso estou perguntando. Há
sa que atendo... Com todo o prazer! velas de embarcações...
Fiquei desconfiada, dei uma ajei- (Nossa! Pedro Álvares Cabral
tada na minha roupa de todo dia, deve ter esquecido esta múmia
pensei que entrara no lugar erra- aqui!)
do, passei a mão nos cabelos, um
completo mal-estar. [28 OLUTADOR [ ABRIL 2019
- Você está trabalhando aqui?

Apertei a mãozinha dela, vi- - Ele estuda em Paris, veio pas- HUMOR
rei de costas para sufocar o ri- sar férias aqui. Trabalha na Em-
so... Ela entendeu, mas o rapaz baixada do Brasil lá na França, OTORRINO LISBOETA
continuou: acho que é isso mesmo, ele é um - Ó Juquim, de que te queixas?
crânio! Gostou da prosa dele? Ele
- Há velas do verbo velar...an- é cultíssimo! - Dotoire Manuel, tenho sem-
tigamente, havia velas para vi- pre um zumbido nos ouvidos e
giar os namorados... (Percebi a cara de satisfação não me canso de tiraire cera das
do rapaz que esfregava as mãos orelhas. Que será?
(Meu Deus, vou desmaiar , nem na maior alegria...)
que seja de mentirinha, é o úni- - Não é nada, ó pá! Tens uma
co recurso de fazer esse aborre- - A noiva dele é de lá, veio colmeia na cabeça... E logo esta-
cido fechar a boca...) conhecer Minas Gerais e o in- rás a vendeire o mel...
terior...
- Moço, por favor, me dê as ve- DESCOBERTA
las, estou com pressa... Desculpa, - Sim, vamos nos casar em - Só agora, quando me aposen-
mas estou mesmo com pressa... breve... Aproveitei férias do tra- tei, eu descobri o lado bom da
balho na França... fábrica...
- Sabe, minha senhora, tenho
curso de ceromancia, e é um as- Antes que ele complicasse - E qual é o lado?
sunto que aprecio muito... já que mais, implorei: - O lado de fora!
a senhora falou em velas...
- Quero velas! Desculpa, es- TRADIÇÃO DE FAMÍLIA
- Curso de quê? tou com pressa... O menininho pergunta para sua
(Graças a Deus, chegou mais namoradinha:
um freguês e ele vai se esquecer A dona do armazém foi rápi-
do tal curso...) da. Peguei o maço de velas e, já - Quer se casar comigo?
- Como eu ia dizendo, há vá- no passeio, ouvi o rapaz se expli- Ela responde:
rios significados para a cor da cando, voltando às origens mi- - Não posso...
chama da vela, sua direção, sua neiras... - Por quê?
intenção, seu oráculo... - Na minha família a gente
Minha neta já estava fufucan- - Ah, se a senhora tivesse fa- se casa entre nós mesmos. Meu
do as prateleiras. Eu não sabia lado vela de rezar, eu entende- avô se casou com a minha avó,
pra onde olhar... ria na hora. meu tio se casou com a minha
- Para com isso! tia, e meu pai se casou com a mi-
O moço me olhou surpreso... Zuni pra casa, puxando mi- nha mãe.
- A SENHORA ESTÁ FALANDO nha neta pela mão. Antes de tu-
COMIGO?!!! do, desliguei a carne e fui acen- A HORA É AGORA
- Não... Nãão... Estou falando der velas, rezar pelas vítimas de Um velho estava andando na rua
com minha neta, para ela parar Brumadinho... Rezei com fervor quando viu dois garotos brigando.
de mexer nas coisas... e ofereci a Deus o Curso Grátis Imediatamente foi separá-los e
- Deixa a criança...Vou só ter- que fiz, sem querer, curso de ce- disse ao mais garoto velho:
minar nosso assunto e vou aten- romancia...
der aquele senhor... - Que horror! Você não tem
(Nosso assunto, vírgula, seu Imagino que valeu! Minha in- vergonha de bater em alguém
assunto, pensei...) tenção foi essa... Deus seja lou- menor que você?
- Só pra terminar, há velas de vado.
motor de carro, velas de filtro, que O garoto respondeu:
eu penso que é o que a senhora - Vovó, o quê que aquele mo- - E o senhor está querendo que
está querendo... ço bonito falou pra mim? eu espere ele crescer?
- Oi, D. Branca, ainda bem que
meu primo ficou aqui pra gente E, antes que começasse ou-
ir ao velório de um conhecido... tra conversa comprida, respon-
Lembra-se dele? di pra minha neta:
(Balbuciei umas palavras en-
groladas e...) - Ah, ele falou que foi um
anjo que pôs o pavio na man-
dioca...

- Ah, só ele que sabe disso! To-
da vez que pergunto, o povo co-
meça a rir e...

Pode? Não sei se pode, mas
com a Maria acontece cada uma!]

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]29

Páginas que
não passam [ Deus...

Lutar com Deus prejuízo do qual a gente se consola
sem dificuldade quando ele é com-
GUÉRRIC DʼIGNY* tra forma, o anjo não lhe teria dito: pensado por tão grande benefício!
“Por que me perguntas meu nome?
DIANTE DE DEUS, o patriarca Ja- Ele é misterioso!” E o próprio Jacó Irmão, tu não tens a impressão
có não foi um desses violentos teria declarado: “Eu vi o Senhor fa- de lutar com o anjo ou, melhor di-
de que nos fala o Cristo? Luta- ce a face?” (Gn 32,30.) zendo, de lutar com o próprio Deus
dor intrépido, ele se mostrou quando, a cada dia, ele se interpõe a
“forte contra Deus e o venceu” (Gn Salutar violência que lhe arran- teus desejos mais ardentes? Gritas
32,29), como atesta a Escritura. Ele cou a bênção! Feliz luta em que Deus para ele, e ele não te escuta! Que-
lutou com Deus até o amanhecer; se dobrou diante do homem, onde res aproximar-te dele, e ele te rejei-
ele segurou com força e obstinação o vencido faz ao vencedor o dom da ta! Decides alguma coisa, e ele faz
aquele que lhe pedia para soltá-lo: graça de uma bênção e o honrou com acontecer o contrário! Assim, em
“Eu não te soltarei, diz ele, até que um nome mais santo! Que importa quase todos os teus planos, ele te
me tenhas abençoado!” (Gn 32,26.) se, tocando-lhe a coxa, ele deixou combate com mão pesada.
manco o seu adversário? Prejuízo
Eu afirmo que ele lutou com corporal que se suporta facilmente, Ó Senhor, clemência disfarçada,
Deus, pois Deus se encontrava no que simulas a dureza, com quanta
anjo com quem ele lutava. De ou- [30 OLUTADOR [ ABRIL 2019 ternura tu combates por aquele a
quem combates! Gostas de “escondê
-lo em teu coração” (Jó 10,13), “eu bem
sei que amas aqueles que te amam”.
(Pr 8,17.) Sem limites é “a abundân-
cia da bondade que reservas para
aqueles que te temem”. (Sl 31,20.)

Então, irmão, não te desespe-
res; age corajosamente, tu que co-
meçaste a lutar com Deus! Para di-
zer a verdade, ele aprecia que lhe
faças violência; ele deseja que tu
o venças. Mesmo quando está ir-
ritado e estende o braço para gol-
pear, ele procura, como ele mesmo
confessa, um homem semelhante
a Moisés que saiba resistir a ele. E
se não o encontra, ele se lamenta
e diz: “Não há ninguém para se er-
guer e me deter!” (Is 64,6 Vulgata.)

Não há perigo para vós, irmãos.
Não existe risco quando ele se mos-
tra forte contra vós, ele que, por vós,
quis fazer-se fraco até a morte!]

* GUÉRRIC D’IGNY [1078-1157] nasceu em Tour-
nai, Bélgica. Entrou para a abadia de Claraval
em 1125, onde foi formado por São Bernardo.
Este o enviou para a abadia de Igny, perto de
Reims, onde se tornou abade em 1138. Dele
foram conservados 54 sermões sobre o ano
litúrgico, excelente amostra da produção cis-
terciense, refletindo o fervor que animava as
primeiras comunidades da Ordem de Citeaux.
Entre os discípulos de São Bernardo, ele tal-
vez seja o mais próximo em sua maneira de
interiorizar os mistérios de Cristo em uma re-
lação pessoal com Jesus. O trecho acima foi
extraído do 2º sermão para a Natividade de
São João Batista.

Roteiros Pastorais

Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33
Dinâmica para Grupo de Jovens 33
Catequese 34 • Homilética 36

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]31

Leitura Orante [ Nossas condutas e práticas...

“Não reta, honesta e respeitosa dos direi- direito. Pessoas que levem a sério a
distorcerás tos de cada um. Palavra de Deus. Verdadeiros cris-
tãos que queiram fazer a diferença,
o direito!” Somente uma sociedade basea- sendo um fermento da justiça, uma
da na justiça e no direito será capaz luz que desmancha as tramas da cor-
(Ex 23,6) de evitar que os mais fracos se tor- rupção e da violência, e um sal que
nem escravos dos mais fortes. Por tempera a sociedade com a vida que
Invocação à Trindade isso o povo devia manter viva a me- brota do evangelho (cf. Mt 5,13-14).
e Oração ao Divino mória do que lhe tinha acontecido
Espírito Santo no Egito, para que, ao entrar na Ter- Todos (cantando): O sal e a luz sou eu,
ra Prometida, não recriasse a mes- / sou o povo do Senhor. (bis)
A. SITUANDO O TEXTO ma situação de opressão.
O Livro do Êxodo relata a libertação - O que mais chamou a sua aten-
do povo de Deus das mãos do Faraó Todos (cantando): Pelo direito e a justi- ção no texto bíblico e no comentá-
do Egito. Deus ouve o clamor de seu ça libertados, / Povos, nações de tan- rio acima?
povo sofrido, desperta lideranças e tas raças e culturas. / Por tua gra-
conduz o povo para fora da escra- ça, ó Senhor, ressuscitados, / Somos D. O QUE O TEXTO
vidão. Para que o povo não volte a em Cristo, hoje, novas criaturas. (Re- NOS FAZ DIZER A DEUS
ser escravo, Deus faz com ele uma frão CF 2019) (preces e orações)
Aliança e aponta leis, normas, que 1. Senhor, que esta CF possa produ-
são capazes de transformar a rela- L. 2: A Campanha da Fraternidade zir os frutos necessários, ajudando
ção entre as pessoas. deste ano volta-se para a questão a superar o calvário de sofrimen-
das Políticas Públicas. Ela quer nos tos que atinge a tantas pessoas de-
É transformando as relações en- ajudar a compreender e a partici- sassistidas pelas políticas públicas.
tre nós e com a sociedade que pode- par mais ativamente destas polí- Rezemos:
mos alacançar uma vida nova, uma ticas, que favorecem a todos, prin- Todos: Senhor, ajudai-nos a viver co-
sociedade mais justa e humana pa- cipalmente aos mais necessitados. mo verdadeiros irmãos!
ra todos. Vamos ouvir o Senhor que Daí a necessidade de entendermos 2. Senhor, fazei de nós, leigos e leigas,
vem nos falar. bem o que vem a ser Política Públi- pessoas conscientes e comprome-
ca e buscar superar os preconceitos tidas, capazes de desdobrar a fé em
Todos (cantando): Fala, Senhor! Fala, que levam as pessoas a se fecharem, ações concretas a serviço da vida e
Senhor! / Palavras de Fraternidade. a tudo o diz respeito à política, por da esperança para todos. Rezemos:
/ Fala, Senhor! Fala, Senhor! / És luz entender como coisa suja, como cor- 3. Senhor, ajudai-nos a estimular a
da humanidade. rupção e desvios. participação em políticas públicas,
à luz da Palavra de Deus e da Doutri-
B. O QUE O TEXTO DIZ EM SI A Palavra Política finca suas raí- na Social da Igreja, para fortalecer
Ler na Bíblia: Êxodo 23,1-9. zes em um termo grego e se refere à a cidadania e o bem comum, sinais
Chave de leitura: “pólis”, ao lugar de tomar decisoes de fraternidade, rezemos:
1. O que o texto recomenda não fazer? em função do bem comum. Por isso
2. No texto, o que acontece com quem Política diz respeito a tudo na vida (Outras preces espontâneas...)
aceita suborno? da sociedade. Ela está na arte, nas
3. O que este texto tem a dizer para relações de trabalho, no preço dos E. O QUE O TEXTO
a prática política de hoje? alimentos, nas questões da mora- SUGERE PARA O MUNDO, HOJE
dia, do estudo, do transporte, do la- Quem se interessa pela política tem
C. O QUE O TEXTO DIZ PARA NÓS zer, nas empresas, nos clubes, nas buscado o bem comum ou os privi-
L. 1: Para recuperar a fraternidade, é associações, na religião etc. légios particulares? Por quê?
preciso agir com justiça. O texto aci-
ma diz respeito à questão da justiça Todos (cantando): Pelo direito e a jus- F. TAREFA CONCRETA
nos tribunais, onde, às vezes, a lei é tiça libertados... (Refrão CF 2019) Descobrir as iniciativas, já desen-
torcida a favor dos mais fortes e em volvidas em nossa comunidade, na
prejuízo dos mais fracos e pobres. O L. 3: A Política Pública é um espaço linha das políticas públicas.
texto procura indicar uma conduta de participação para a busca e a ga-
rantia dos direitos. É preciso que es- Encerramento:
se espaço seja ocupado por pessoas Pai-Nosso, Ave-Maria e pedido de
honestas, sérias, que agem a favor bênção a Deus.]
do bem, que busquem a justiça e o

[32 OLUTADOR [ ABRIL 2019

Tudo em Família [ 64 – Pensar juntos...

Salvem as crianças!

1. Coisas que acontecem de Luísa de Marillac, a fundar as Da- sumismo e a pornografia. Em mui-
mas da Caridade, que se dedicaram tas famílias, o lazer dos pais exclui
França, século XVII. Em situação de ao cuidado das crianças abandona- a presença dos filhos.
miséria, num país devastado pelas das. Entre 1638 e 1660, foram salvas
guerras, muitas mães abandonam quarenta mil crianças. 3. Para uma
seus filhos. Só em Paris, registra o reunião de casais
historiador Daniel Rops, recolhiam- 2. Pensando juntos - Em sua família, as crianças são
se todos os anos milhares de crian- Quais são os riscos para as crianças uma prioridade? Recebem a aten-
cinhas à porta das igrejas. Deixa- do Brasil no século XXI? O noticiá- ção necessária?
das nos braços de “madrastas”, que rio revela grande número de pais
as alimentavam em troca de umas desempregados. Mostra escolas em - Quanto tempo, por semana, você
moedas por ano, muitas morriam ruínas, ameaçadas por balas per- dedica à convivência com os filhos?
de fome e por falta de cuidados. didas e traficantes no portão. Traz
as imagens de hospitais com gotei- - Você acompanha de perto a vida
Pior ainda: havia as que, ven- ras e maternidades fechadas devi- de seus filhos na escola?
didas por oito ou dez soldos, caiam do à invasão de superbactérias. Pré
nas mãos de mendigos profissio- -adolescentes atraídos pelo tráfico - Suas crianças estão recebendo em
nais, que lhes quebravam braços e no papel de “aviões”. casa uma formação religiosa?
pernas para despertar a comisera-
ção e atrair esmolas. De todos es- Dentro do lar, meninos e meni- - Os filhos participam diretamente
ses abandonados, não se encontra nas “educados” pela TV, na ausência da vida dos pais? Ou são deixados
um só que viva além dos cinco anos. dos pais, e expostos a todas as ma- por conta própria?]
zelas do sistema, sem excluir o con-
Foi essa realidade que moveu
São Vicente de Paulo, com a ajuda

Dinâmica quaresmal — Dinâmicas para Grupo de Jovens [ 64

Objetivo: Reconhecer nossos erros e Mas como Deus não desiste de boa confissão, fazer um exame de
pedir perdão a Deus. nós, ele nos enviou seu Filho Jesus consciência recordando nossos pe-
Cristo com o poder de perdoar nos- cados por:
Material: Um copo (representa o nos- sos pecados e “limpar” o nosso co-
so coração); pedras pequenas (repre- ração do mal. (Com o pegador ou a - Pensamen-
sentam nossos pecados); água (re- pinça, tirar as pedras.) Jesus quer e tos: quando pen-
presenta o amor de Deus); uma ba- pode tirar do nosso coração tudo o samos mal das
cia; uma pinça ou pegador de gelo. que nos impede de ser felizes. Agora pessoas e as jul-
que saíram os pecados (pedras que gamos;
Desenvolvimento: Apresentar um co- representam mentira, inveja etc.), o
po cheio d’água dentro de uma ba- que ficou faltando? (Mostrar o copo - Palavras:
cia. Explicar que Deus nos criou no e esperar que respondam.) quando profe-
amor e para o amor. Deus nos fez rimos palavras
“cheios” de sua graça, do seu amor Pois é, como Deus nos criou pa- que ferem e ca-
de sua bondade; porém, quando nos ra estarmos sempre cheios de amor, luniam;
afastamos do amor de Deus, o pe- além de tirar os pecados, Jesus tam-
cado vai entrando em nosso cora- bém quer que sejamos felizes e quer - Ações: quan-
ção (colocar algumas pedras no copo nos encher com o seu amor, sua força. do fazemos o mal
com água) e vai ocupando o espaço de propósito;
do amor de Deus. Assim o nosso co- Música: “Conheço um coração tão
ração fica duro, brigão, cheio de má- manso, humilde e sereno...” - Omissões:
goas, violento, invejoso, mentiroso... quando deixa-
tudo isso acontece quando não sen- Exame de consciência: Lembrar mos de fazer o bem ou falar bem
timos o amor de Deus. a importância do sacramento da Re- dos outros.
conciliação (Confissão) como opor-
tunidade de voltar a de Deus, que nos Oração: Pai-Nosso, abraçados em ro-
ama incondicionalmente. Para uma da: acolhida do Amor de Deus.

Fonte: imaculadacintra.blogspot.com

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]33

Roteiros para catequese [ 3 encontros seguindo os evangelhos dos

1. Para refletir 2.
Eu também Jesus pregava nas cidades e vi- Isto
não te conde- las. Muita gente oprimida che- é o meu corpo.
no (5º Dom. gava até ele em busca de vida (Dom. Ramos)
Quaresma) plena. Onde Jesus estava, reu-
niam-se sofredores que busca- Objetivo: Auxiliar as crianças no
Objetivo: Perceber a presença e a vam libertação. Para essas pes- crescimento da fé e do amor a Je-
importância de Jesus na nossa soas, Jesus ia se revelando quem sus na Eucaristia.
vida. ele era.
Material: Bíblia, um ou dois pãezi-
Material: Bíblia, etiquetas (cartões) Há, no meio do grupo, gente nhos, cartaz, ou faixa: “Isto é o meu
com várias palavras (ver dinâ- que quer desmoralizar esse jei- corpo que é dado por vós”. Para a
mica). to de Jesus viver. Querem for- dinâmica: Separar as palavras da
çar a barra pra dizer que Jesus frase.
1. VER (a realidade) não segue a Lei. Por isso trazem
o caso dessa mulher que, segun- 1. VER (a realidade)
Dinâmica: Escrever em cartões ou do a Lei, devia ser apedrejada
etiquetas várias palavras como: até a morte. Dinâmica: O (a) catequista passa o
amor, perdão, misericórdia, pe- pão para que cada um tire o seu
cado, culpa, pedra, erro, compai- Jesus mostra que o amor é a pedaço e coma. Distribui as pala-
xão, arrependimento. Colocar den- plenitude da lei. Na verdade, to- vras, para que seja feita a monta-
tro de uma caixinha e passar de dos somos pecadores e devemos gem da frase: “Isto é o meu corpo
mão em mão. Ao sinal do (a) ca- aprender a perdoar como Jesus, co- que é dado por vós”. Com a frase
tequista, quem está com a caixa mo Deus perdoa. O perdão vence o pronta, comentar.
abre, tira um cartão e comenta so- erro, vence o ódio.
bre o assunto. Experiência de Vida: Comentar sobre
Guardar no coração: “Eu também a importância do pão, do alimento
Experiência de Vida: Comentar sobre não te condeno”. para o sustento da vida. Dialogar:
o que sentiram quando tiveram O que é a vida? (A cada sugestão de
que falar sobre os assuntos. Te- 3. CELEBRAR pergunta, deixar que as crianças
mos coragem de falar o que pen- falem.) De onde vem a vida? Para
samos? Oração: Fazer um instante de silên- que vivemos? Jesus quer que te-
cio. Depois, convidar a todos pa- nhamos vida plena, isto é, repleta
Temos facilidade ou dificuldade ra pedir perdão pelas vezes que de felicidade, amor, paz e frater-
em perdoar? magoamos ou prejudicamos uns nidade. Para que tenhamos vida,
aos outros. Terminar convidan- ele se entregou por nós. A Eucaris-
2. ILUMINAR (Ensinamentos de Jesus) do a dar um abraço em quem es- tia é o Pão da Vida. É o pão que nos
tá perto, dizendo um para o ou- dá força para amar, fazer o bem e
Canto: para aclamar a Palavra tro: “É perdoando que nós somos ser feliz.
perdoados”.
Leitura: João 8,1-11. 2. ILUMINAR (Ensinamentos de Jesus)
Cantar a oração de São Fran-
Perguntar: cisco: Senhor, fazei-me um instru- Canto de aclamação
a) O que as pessoas queriam fazer mento de vossa paz... Leitura: Lucas 22,14-22.
com a mulher?
4. AGIR (a realidade nos convoca Perguntar:
b) Qual foi a atitude de Jesus? para...) a) Quais as primeiras palavras de
Jesus à mesa com os discípulos?
c) O que Jesus disse à mulher? Compromisso
Descobrir as atividades da Se- b) O que Jesus diz ao pegar o pão?
d) O que Jesus espera de nós, hoje? mana Santa de sua comuni-
dade.

Final
Rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria.
Terminar o encontro com um can-
to alegre.]

[34 OLUTADOR [ ABRIL 2019

domingos 7, 14 e 21 de abril]

c) O que ele diz sobre o cálice? 3. c) O que ela disse aos discípulos?
Jesus
d) Para que as pessoas buscam a Ressuscitou d) O que fizeram Pedro e João ao re-
comunhão na Igreja? (Dom. Páscoa) ceberem a notícia?

Para refletir Objetivo: Motivar a fé na ressurrei- Para refletir
Jesus desejou ardentemente cele- ção de Jesus. Jesus ressuscitou. Ele está vivo, ven-
brar com seus discípulos. A Euca- ceu a morte por amor. Os dois discí-
ristia nasce desse desejo do cora- Material: Bíblia, velas, banco com pulos correram em busca de Cristo
ção de Jesus. A Eucaristia é um ges- lençol branco, caixa grande (para vivo ressuscitado, e creram naquilo
to do grande amor de Jesus por to- dinâmica), algo para partilhar (do- que aconteceu. Assim nós devemos
dos nós. Porque nos ama, ele acei- ces ou bolachas). correr ao encontro de Jesus ressus-
ta enfrentar o sofrimento, a cruz citado, que quer nos dar a vida no-
e a morte para que nós possamos 1. VER (a realidade) va. Ele quer que ressuscitemos ca-
ter mais vida. da dia, pois ressuscitar é sair de si-
Dinâmica: Sem que o grupo saiba, tuações difíceis, sair da maldade e
Jesus entrega sua vida para de- preparar uma caixa como se fos- caminhar para a luz que é Cristo. É
fender a vida. Seu corpo machuca- se um presente. (Pode-se optar por passar para uma vida melhor, ter
do e seu sangue derramado denun- outra maneira, como esconder-se paz no coração, amar a todos. Isto
ciam a violência dos maus que ex- debaixo de uma mesa com toalha acontece com a força viva do res-
ploravam o povo. Jesus é injusta- etc.) Dentro da caixa fica um parti- suscitado que está dentro de nós.
mente condenado à morte. Todos cipante. Nas vestes do participante
os que são a favor da vida, estão do há tiras de papel com as palavras: Para os cristãos que amam e
lado de Jesus. vida, paz, esperança, fé, partilha, têm fé, inicia-se com a ressurrei-
ressurreição, alegria, luz, amor etc. ção uma nova criação, uma nova
Guardar no coração: “Fazei isto em vida, nascida da morte e ressur-
memória de mim”. Motivar o grupo para abrir a cai- reição de Jesus.
xa. Quem está dentro salta fora da
3. CELEBRAR caixa com alegria e abraça a todos. Guardar no coração: “Cristo ressus-
Distribui as palavras que traz consigo. citou, venceu a morte com amor.”
Oração: (de joelhos diante do cruci-
fixo). Eis-me aqui, meu bom e do- Experiência de Vida: Dialogar com o 3. CELEBRAR
ce Jesus! Humildemente prostra- grupo sobre momentos de alegria
do em vossa presença, vos peço e e felicidade. Cada um relata o seu Oração: Todos ao redor do banco co-
suplico com todo o fervor de mi- momento de grande felicidade. Ho- berto com lençol branco, com ve-
nha alma, que vos digneis gravar je é o dia de maior alegria para os las acesas. Motivar, falando que Je-
no meu coração os mais vivos sen- cristãos: a Páscoa. Jesus ressusci- sus não está morto. O túmulo está
timentos de fé, esperança e carida- tou, venceu a morte e está vivo en- vazio. Jesus está vivo no meio do
de e de verdadeiro arrependimento tre nós! Como foi isso? povo, iluminando a vida das pes-
de meus pecados, e firme propósi- soas, dando forças para viver co-
to de emendar-me. 2. ILUMINAR (Ensinamentos de Jesus) mo cristãos. Pode-se rever os si-
nais de ressurreição nas palavras
Rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria. Canto de aclamação da dinâmica do início do encontro
Leitura: João 20,1-9. e acrescentar outros sinais.
4. AGIR
Perguntar: 4. AGIR (a realidade nos convoca para...)
Compromisso a) O que aconteceu no primeiro dia da
Participar das celebrações da Se- semana, depois da morte de Jesus? Compromisso
mana Santa e convidar também Escolher uma frase do Evangelho para
os pais e familiares a participarem. b) Quando Madalena viu o túmu- viver durante a semana em família.
lo, o que ela fez?
Final Final
Canto apropriado: “Vem, Senhor, ABRIL 2019 [ OLUTADOR]35 Encerrar o encontro com o Pai-Nos-
vem nos salvar! Com teu povo, vem so, a Ave-Maria e um canto de Pás-
caminhar!”] coa animado.]

Homilética [ 5•05•2019 “Senhor,
tu sabes tudo;
tu sabes que eu te amo.”

Leituras da Semana (Jo 21,17)

3º Domingo [dia 6: At 6,8-15: Sl 118[119],23-34.26-27.29-30; Jo 6,22-29
da Páscoa [dia 7: At 7,51 – 8,1a; Sl 30[31],3cd-4.6ac.7b.8a.17 e 21ab; Jo 6,30-35
[dia 8: At 8,1b-8; Sl 65[66],1-3a.4-5.6-7a; Jo 6,35-40
[dia 9: At 8,26-40; Sl 65[66],8-9.16-17.20; Jo 6,44-51
[dia 10: At 9,1-20; Sl 116[117],1.2; Jo 6,52-59
[dia 11: At 9,31-42; Sl 115[116B],12-13.14-15.16-17; Jo 6,60-69

Leituras: At 5,27b.32.40b-41; Sl 29[30]; céus, terra e abismos cantando louvo- des normais. De qualquer maneira, se
Ap 5,11-14; Jo 21,1-19 res ao Cordeiro imolado. essa decisão é um fato real, esta noite de
trabalho foi estéril. A “noite” simboliza
1. Obedecer antes a Deus. O texto mos- O v. 11 cita a multidão imensa de ausência de Jesus, ou do Espírito. Sem
tra a rejeição dos chefes do povo judeu. anjos, os quatro seres vivos e os vinte ele, que frutos daria a ação missionária?
Do mesmo jeito que mataram o Autor e quatro anciãos (cf. v. 8). E o v. 13 fa-
da novidade cristã, procuram matar la de todas as criaturas do céu, da ter- O “dia” ou “amanhecer” já têm co-
também seus pregadores. Os discípulos ra, debaixo da terra e do mar, quer di- notação positiva, alude à nova realida-
são levados diante do Sinédrio (= tribu- zer, todos os seres vivos. Eles cantam de inaugurada pela ressurreição. Mas
nal judeu), porque não obedeceram à um louvor ao Cordeiro imolado, a Je- no princípio os discípulos não estavam
ordem de não ensinar em nome de Je- sus morto e ressuscitado. tão firmes na fé - “não sabiam que era
sus. Além disso, eles revelam o projeto Jesus”. E Jesus manda que joguem as
assassino dos chefes dos judeus. Pedro Jesus se tornou o Senhor do uni- redes do lado direito da barca; eles jo-
e os outros apóstolos deixam um reca- verso inteiro. Então, a ele e só a ele são garam e aconteceu o milagre. Pegaram
do bem importante e claro: “É preciso feitas sete atribuições (o número 7 de- uma “multidão” de peixes. Isto indica
obedecer antes a Deus que aos homens”. ve lembrar a perfeição total). Quais são a fecundidade missionária com a obe-
essas atribuições? São o poder, a rique- diência à Palavra de Jesus e a fé na sua
Temos aqui a contraposição da ação za, a sabedoria, a força, a honra, a gló- presença na caminhada da comunidade.
de Deus diante da ação dos homens. Os ria e o louvor (v. 12).
homens mataram Jesus com a mor- Na praia, os discípulos percebem
te de cruz. Deus ressuscitou Jesus e o O v. 13 mostra que a mesma hon- sinais de amor preparados por Jesus:
exaltou, tornando-o Chefe Supremo e ra, glória e poder que pertencem ao Pai, peixes na brasa e pão. A quantidade de
Salvador. Deus quer dar ao povo opor- pertencem também ao Cordeiro para peixes (153 é a totalidade de espécies de
tunidade de se arrepender e receber o sempre. Quer dizer, Jesus é Deus. peixes para o mundo antigo) significa
perdão dos pecados. que a atividade missionária vai atingir
3. Eucaristia e missão. A menção do todos os povos. Depois que Jesus con-
Qual é a ação dos apóstolos e de nós mar de Tiberíades lembra a atividade vida os discípulos para a “Eucaristia”,
hoje? É ser, juntamente com o Espíri- missionária (pesca = pescadores de ho- ninguém mais duvida de sua presença.
to Santo, testemunhas de tudo o que mens), no meio dos pagãos (o mar re-
aconteceu com Jesus. presenta o campo de missão entre os Isto significa que, na comunhão de
gentios). A menção de sete discípulos vida com as pessoas, reconhecemos fa-
2. A vitória do Cordeiro. O Livro do Apo- indica a totalidade a partir do signifi- cilmente a presença de Jesus. A pergun-
calipse quer dar força e coragem aos cado simbólico do número 7. ta: “Eras tu, Senhor?” vai desaparecendo
discípulos, animar na perseverança e na medida que aprendemos a partilhar.
incentivar na luta, diante das persegui- A decisão de pescar pode indicar
ções e agressões do Império. Por isso ele que os discípulos ainda não assumiram Nos vv. 15 a 19, o centro da atenção
apresenta, em quase todas as suas pá- o compromisso definitivo com Jesus, é Pedro. Podemos sinteticamente per-
ginas, um canto de louvor, um canto de pois estão retornando às suas ativida- ceber que as condições para seguir a
vitória de Jesus. As comunidades, mes- Jesus se traduzem em comunhão pro-
mo em pleno sofrimento e luta e até en- [36 OLUTADOR [ ABRIL 2019 funda com Deus e solidariedade com
frentando a morte com Jesus, carregam as pessoas. Em duas palavras, amor-
a certeza da vitória e da glória com ele. serviço. Jesus pede de Pedro e de cada
um de nós, um amor incondicional ca-
Hoje temos uma solene liturgia uni- paz de dar a própria vida como Jesus o
versal, cantando a vitória de Jesus, sua fez (= estender as mãos para ser cru-
realeza e sua divindade. Essa liturgia cificado). Jesus só chama Pedro para o
começa (vv. 9-12) e termina no céu (v. seguir depois que teve a certeza do seu
14), mas o v. 13 mostra todo o universo, amor incondicional.]

Homilética [ 12•05•2019 “Eu e o Pai
somos um.”

(Jo 10,30)

4º Domingo Leituras da Semana
da Páscoa
[dia 13: At 11,1-18; Sl 41[42],2.3; 42[43],3.4; Jo 10,1-10
[dia 14: At 1,15-17.20-26; Sl 112[113],1-2.3-4.5-6.7-8; Jo 15,9-17
[dia 15: At 12,24 – 13,5a; Sl 66[67],2-3.5.6 e 8; Jo 12,44-50
[dia 16: At 13,13-25; Sl 88[89],2-3.21-22.25.27; Jo 13,16-20
[dia 17: At 13,26-33; Sl 2,6-7.8-9.10-11; Jo 14,1-6
[dia 18: At 13,44-52; Sl 97[98],1.2-3ab.3cd-4; Jo 14,7-14

Leituras: At 13,14.43-52; Sl 99[100]; que está no meio do trono (v. 17). Diante do cego que foi excluído pelos chefes.
Ap 7,9.14b-17; Jo 10,27-30 das perseguições e tribulações, o autor Eles deveriam conduzir o povo como
mostra a salvação futura já preparada pastores, mas são mercenários e la-
1. A Boa Nova aos pagãos. Em Antio- para os eleitos, os que perseveram na fé. drões. Jesus é que é o bom Pastor que
quia de Pisídia, primeira viagem mis- acolhe suas ovelhas.
sionária de Paulo, vemos a reação do João olha e vê uma grande e incon-
povo, judeus e pagãos, diante da Pala- tável multidão proveniente de todas No final, Jesus mostra que os diri-
vra anunciada (vv. 16-42). as nações, tribos, povos e línguas. Es- gentes judaicos são os verdadeiros ce-
ta multidão imensa estava totalmen- gos fechados em seu legalismo. Eles
Os Atos registram a ruptura com te excluída da salvação, mas agora vis- aprisionaram as ovelhas no Templo e
os judeus e o direcionamento da Pala- lumbra sua inclusão no Reino. É uma ali as exploram e as oprimem, mas Je-
vra de Deus aos pagãos, que ficam feli- referência aos pagãos do mundo intei- sus veio para fazer com elas um novo
zes de serem privilegiados. Vê-se uma ro que ouviram ou ouvirão a palavra e êxodo libertador.
dupla reação diante da Palavra: de um a acolheram ou acolherão.
lado os judeus, do outro lado os pagãos. No trecho de hoje, quais são as afir-
Num primeiro momento há uma rea- Os símbolos da sua vitória estão mações principais? Talvez pudéssemos
ção positiva de adesão, mas a partir do diante do trono e do Cordeiro. Estão ves- sintetizá-las na palavra “unidade”: uni-
v. 44 vemos uma reação contrária, rea- tidos de túnicas brancas. Carregam pal- dade entre pastor e suas ovelhas, e uni-
ção de inveja, de protestos e de insultos mas nas mãos (os generais romanos dade entre o Pai e o Filho. O v. 27 expressa
contra Paulo e Barnabé, expulsando-os um relacionamento bonito e profundo
do território. O que aconteceu com Je- celebravam suas vitórias com vestes entre o pastor e suas ovelhas. As ovelhas
sus acontece também com os apóstolos. brancas e palmas nas mãos). Servem ouvem e obedecem à voz do pastor. Elas
a Deus dia e noite em seu Templo. Re- o seguem. Elas têm consciência de que o
Os judeus achavam que a salvação cebem do próprio Deus uma tenda para bom pastor é caminho, verdade e vida.
era só para eles. Agora, vendo a Boa No- morar. Não sentirão mais fome, nem Por sua vez, o pastor conhece profunda-
tícia dirigida aos pagãos e a cidade to- sede, nem calor. Serão apascentados e mente o seu rebanho, conhece cada ove-
da voltando-se interessada, reagiram guiados às fontes de água da vida pelo lha pelo nome e trata a cada uma com
com inveja e violência. Paulo e Barna- próprio Cordeiro. As lágrimas dos seus carinho e ternura como se fosse única.
bé não se abalaram, mas com ousadia olhos serão enxugadas pelo próprio Deus.
e coragem mostraram para os judeus o O bom pastor não apenas cuida de
projeto de Deus (vv. 46-47): era através Diante dessa janela aberta para o futu- suas ovelhas, mas dá a vida por elas, as-
dos judeus que Deus queria chegar aos ro, as comunidades perseguidas ganham segura-lhes uma vida definitiva e lhes
pagãos, mas, diante da rejeição a Boa novo vigor para perseverar, para resistir dá a certeza de que não serão arranca-
Nova é dirigida diretamente aos pagãos. e lutar. Será que a grande massa dos ex- das por ninguém de suas mãos. Foi o
cluídos hoje tem possibilidade de ouvir Pai que entregou ao Filho este rebanho
Quando os pagãos perceberam a chance esta palavra de conforto e de esperança? e o Pai é maior do que todos. Ninguém
de salvação, quando ouviram que a Palavra é forte como o Pai para ser capaz de ti-
de Deus era para eles, encheram-se de ale- 3. O bom Pastor. Para ler Jo 10, é preci- rar de suas mãos as ovelhas.
gria, aceitaram a fé e glorificaram o Senhor so ter em mente Jo 9, onde se vê a cura
e a Palavra se difundiu por toda a região. Estar nos braços do Pai é estar nos
ABRIL 2019 [ OLUTADOR]37 braços do Filho. A força do amor do Pai
Qual é hoje o impacto da Palavra está toda no Filho, e a força do amor do
de Deus em sua vida? Filho está toda no Pai, pois na verdade
o Pai e o Filho são uma coisa só (v. 30).
2. A salvação para todos. O texto do João revela aqui o grande mistério da
Apocalipse aponta para o futuro: Vê- unidade entre o Pai e o Filho.
se no céu uma grande liturgia festiva
de louvor e adoração a Deus, que está Quais são as características dos
sentado no trono (v. 10), e ao Cordeiro, dirigentes das comunidades? São as
do mercenário ou as do Bom Pastor?]

Homilética [ 19•05•2019 “Como eu vos amei,
amai-vos uns aos outros.”

(Jo 13,34)

5º Domingo Leituras da Semana
da Páscoa
[dia 20: At 14,5-18; Sl 113b[115],1-2.3-4.15-16; Jo 14,21-26
[dia 21: At 14,19-28; Sl 144[145],10-11.12-13ab.21; Jo 14,27-31a
[dia 22: At 15,1-6; Sl 121[122],1-2.3-4a.4b-5; Jo 15,1-8
[dia 23: At 15,7-21; Sl 95[96],1-2a.2b-3.10; Jo 15,9-11
[dia 24: At 15,22-31; Sl 56[57],8-9.10-12; Jo 15,12-17
[dia 25: At 16,1-10; Sl 99[100],2.3.5; Jo 15,18-21

Leituras: At 14,21b-27; Sl 144[145]; 2. Deus está conosco. Aqui vemos a no- que, no início, foi destruído pelo pecado.
Ap 21,1-5a; Jo 13,31-33a.34-35 vidade de Deus para as comunidades Agora só haverá bênção, só haverá vida.
perseguidas. Lágrimas, luto e morte já
1. Firmes na fé. É o final da 1ª viagem não existem mais. É a vitória total, mas 3. Amar como Jesus. Os capítulos 13-17 de
missionária de Paulo e Barnabé. Na ida, vista como dom de Deus. Tudo é recria- João são “discursos de despedida”, uma
eles foram evangelizando e fundan- do, renovado. Uma nova Jerusalém des- espécie de testamento de Jesus. Os vv.
do comunidades. Agora, na volta, eles ce do céu, vestida de noiva. 31 e 32 trazem o verbo glorificar quatro
vêm confirmando a fé dos discípulos, vezes. Quando Judas sai para entregar
fazendo recomendações, exortações e João tem a visão de um novo céu, Jesus à morte, Jesus fala da glorificação.
organizando comunidades. uma nova terra. Desaparecem o primei-
ro céu e a primeira terra. O mar, como “Glorificar”, para João, está ligado a
As palavras de exortação a perma- símbolo do mal, devorador de vidas, revelar. A glória de Deus e de Jesus é a re-
necerem na fé assustam um pouco: “É também desapareceu. Agora só existe velação do seu projeto de vida para todos.
necessário entrarmos no Reino de Deus o bem, o bonito, a vida. A nova geração Isto vai acontecendo através dos sinais
por muitas tribulações” (v. 22). Jesus fa- baniu a maldição do pecado e da morte. de Jesus, a começar em Caná (Jo 2,11), e
la de “porta estreita”. As comunidades encontra sua plenitude no maior gesto
eram perseguidas externamente por O v. 2 parece uma cerimônia de ca- de amor de Deus para com os homens
judeus e pagãos, e internamente so- samento: a esposa, Jerusalém renovada que é a entrega total de seu Filho na cruz.
friam também o desejo de colocar em e santa, desce do céu ao lado do esposo
prática a novidade evangélica. Outro termo que nos leva à cruz é
– o próprio Deus. Esta simbologia ma- o “agora”, pois este tem referência di-
O v. 23 faz alusão a um mínimo trimonial é cara aos profetas e também reta com a hora (cf. 13,1) de Jesus que
de organização na comunidade. Um ocorre no Novo Testamento. A voz do se realiza na plenitude no alto do Cal-
dirigente é indispensável. A palavra trono é a grande voz do próprio Deus. Ele vário. O v. 32 faz referência à ressurrei-
“presbítero” significa mais velho; é declara uma nova aliança sob a imagem ção de Jesus operada pelo Pai
alguém mais experiente que é colo- da tenda. O namoro íntimo do tempo
cado na frente. É importante salien- do deserto é refeito. A imagem da ten- Os vv. 33-35 tratam do amor. A emoção
tar o ritual da constituição dos pres- da aqui é ampliada para todo o povo de parece levar Jesus a um carinho maior
bíteros. Tudo é feito com muita serie- Deus, e o próprio Deus habitará na mes- para com o seus discípulos, chamando
dade: com orações, jejuns, recomen- ma tenda, pois Deus se tornou íntimo do -os de “filhinhos”. O v. 33 é uma alusão
dações e com a imposição das mãos. seu povo, numa nova aliança de amor. ao caminho da cruz. É ali que a revela-
ção do amor acontece plenamente. O
O v. 27 salienta a prestação de con- Deus vem abolir toda espécie de mal: novo preceito de Jesus é o preceito do
tas que os missionários fazem à comu- as lágrimas e o choro que representam a amor. É novo porque está acima da Lei,
nidade. Eles saíram encomendados à dor, a fadiga, talvez relembrando a mal- superando-a. É expresso através de uma
graça de Deus. É Deus que os acompa- dição original; o luto, símbolo da morte, e ordem, mas Jesus quer que essa ordem
nha e age através deles com sua força até mesmo a própria morte; tudo que é mal brote do coração do discípulo do mesmo
e gratuidade do seu amor. Agora, eles será abolido. É o paraíso projetado por Deus jeito que brotou no coração do Mestre.
contam o que Deus tinha feito com eles
e através deles, e como Deus tinha aber- [38 OLUTADOR [ ABRIL 2019 No fundo, o mandamento é um jeito
to a porta da fé aos pagãos. Lucas frisa novo de viver que Jesus ensinou com sua
que é Deus o agente principal na ativi- própria vida. Jesus não pede amor para
dade apostólica e missionária. si, mas entre os discípulos o modelo é o
amor do próprio Jesus, pois “ninguém
Como encaramos as tribulações tem maior amor do que quem dá a pró-
em nossa vida como agentes da Pala- pria vida pelos amigos” (cf. 15,13). Não há
vra? Temos consciência clara de que é outro modo de sermos reconhecidos co-
Deus que trabalha em nós? mo discípulos senão através do amor.]

Homilética [ 26•05•2019 “O Espírito Santo,
que o Pai enviará
Leituras da Semana
em meu nome,
[dia 27: At 16,11-15; Sl 149,1-2.3-4.5-6a e 9b; Jo 15,26 – 16,4a vos ensinará tudo.”
[dia 28: At 16,22-34; Sl 137[138],1-2a.2bc-3.7c-8; Jo 16,5-11
[dia 29: At 17,15.22 – 18,1; Sl 148,1-2.11-14d; Jo 16,12-15 (Jo 14,26)
[dia 30: At 18,1-8; Sl 97[98],1.2-3ab.3cd-4; Jo 16,16-20
6º Domingo [dia 31: Sf 3,14-18; (Sl) Is 12,2-3.4bcd.5-6; Lc 1,39-56
da Páscoa [dia 1: At 18,23-28; Sl 46[47],2-3.8-9.10; Jo 16,23b-28

Leituras: At 15,1-2.22-29; Sl 66[67]; A cidade vislumbrada por João tem O compromisso do amor vai transfor-
Ap 21,10-14.22-23; Jo 14,23-29 o esplendor de Deus. É uma sociedade mar a sociedade. Esse compromisso do
perfeita e aberta a todos os povos (mu- amor a Jesus tem três consequências:
1. Da controvérsia à unidade. Homens ralha com 12 portas – 3 portas abertas
da Judeia, sem autorização apostólica para cada um dos quatro pontos car- - Quem ama a Jesus guarda a sua pala-
(cf. v. 24) ensinavam, em Antioquia, a deais). A perfeição é indicada pelos nú- vra e sua palavra é a palavra do Pai (v. 24).
necessidade da circuncisão para serem meros perfeitos: o 4 e o 3, e o resultado
salvos. Paulo ensinava que os pagãos, de sua multiplicação, que é 12. A perfei- - Quem ama a Jesus é amado pelo Pai.
pela fé, são chamados a fazer parte do ção da cidade é também indicada pela - Quem ama a Jesus se torna habi-
povo de Deus, e é pela fé, independen- perfeição de suas medidas e pala qua- tação de Deus.
temente das obras da Lei, que eles são lidade do material de sua constituição. As três podem ser sintetizadas em
salvos. Estes dois pontos de vista provo- uma só: quem ama a Jesus assume com
caram grande controvérsia entre eles. O Templo, lugar de encontro com ele o projeto do Pai, que é o mesmo pro-
Deus através de diversas mediações, jeto do Filho: levar a vida divina a todos,
A solução foi apelar para os apóstolos e foi substituído pelo próprio Deus e pe- principalmente, aos mais excluídos.
presbíteros de Jerusalém. As conclusões lo Cordeiro a quem o povo contempla Jesus está se despedindo de seus dis-
foram redigidas numa carta e enviadas face a face. Sol e lua também desapare- cípulos, mas a herança que deixou - seus
para Antioquia. Eis os pontos principais: ceram, pois a cidade resplandece com gestos e ensinamentos - não será esque-
a glória de Deus. cida. Em nome de Jesus ou junto com
- Fica claro que os homens da Judéia Jesus, o Pai enviará o Espírito Santo so-
que ensinavam a circuncisão, pertur- Como transformar a nós mesmos e a bre os discípulos. Sua missão não é en-
bando a comunidade, não tinham au- nossa comunidade em esposa do Cordei- sinar novidades, pois Jesus, como ple-
torização apostólica (v.24). ro? Devemos esperar tudo caindo do céu? nitude da revelação do Pai, já ensinou
Qual é a missão que Cristo nos confiou? tudo. “Ensinar e recordar tudo” signi-
- Mostra a dignidade e a confiabili- fica trazer à memória dos discípulos o
dade dos mediadores do conflito (vv. 25- 3. Dou-vos minha paz! A pergunta de sentido profundo de todas as ações e
27). Paulo e Barnabé recebem um gran- Judas - não o Iscariotes (v. 22) - implica palavras de Jesus. O Espírito substitui
de elogio, são considerados “amados” a manifestação de Jesus como Messias a presença física de Jesus. É sua pre-
e expuseram suas vidas pelo nome de glorioso só na linha política, transfor- sença espiritual junto aos discípulos. É
Nosso Senhor Jesus Cristo. Diante dos mando a sociedade através da violên- mestre e advogado (= Paráclito) para os
conflitos e novos desafios pastorais, o cia de um exército imbatível. Jesus res- discípulos. Ele os capacita no discerni-
Espírito Santo está à frente para orien- ponde apontando com a arma do amor. mento do que constrói e conduz à vida.
tar as comunidades (v. 28). Diante da tristeza e medo dos discípulos,
ABRIL 2019 [ OLUTADOR]39 Jesus lhes transmite paz (= shalom), uma
- Os apóstolos só exigem o necessá- paz que não é ausência de conflitos, mas
rio. E fica claro que, para se salvar, não uma certeza da presença de Deus na vida
são necessárias a circuncisão nem a deles, dando-lhes serenidade e coragem
prática da Lei de Moisés. até mesmo diante da morte, na convicção
de que o bem triunfa sobre o mal, a vida
2. A nova Jerusalém. Da montanha, o será restituída para todos aqueles que
anjo mostrou para João a cidade San- amam o Filho e fazem a vontade do Pai.
ta, a Jerusalém que descia do céu como Eles não precisam ficar com medo; pelo
um dom divino e vinha com a glória de contrário, podem ficar alegres, pois Jesus
Deus (vv. 10-11). Ela vinha como esposa, vai para o Pai, a quem ele se submeteu
ornada para seu esposo, que é o Cordeiro. totalmente. É preciso apenas que eles te-
nham um amor confiante, pois Jesus re-
Aqui, o texto a apresenta como puro tornará a eles através de seu Espírito Santo.
dom, como conquista do Cordeiro. Em O que significa “força transformadora do
outros lugares, sabemos que a nova so- amor”? É algo alienante ou revolucionário?]
ciedade se funda a partir do anúncio
evangélico e como resultado de sua vi-
vência na luta pela justiça e liberdade.

“Enquanto os abençoava,

VHaormieidléatdiceas [[ 2C•u0li6n•á2ria01&9 Dicas de paofartsutoguu-sêesdeles

e foi levado para o céu.”

[LeNituãraos dTarSoempaencae na Língua (Lc 24,51)

Solenidade [[dCiaO3:MAtO19R,1-E8;DSlIG67I[R68]T,2Í-T3.U4-L5OacS.6-7ab; Jo 16,29-33
da Ascensão
dd[rp[p[[[-bmgdcatomermedddddiaroauroixriaGpdcneiiiiiitaóneideslsnaaaaaisrsoaaahirgeim,ioeúeúdaids46758smooesqantess:t:::e:upuepscmsuotaAccAAAAe.upole,s.ruerEdoututtttipslOsmetoirvim2,2leo22a2sslvrcnoaiVaa5ea0082ddaeedSaudsoto,.,,m,p,lseo1o21aea12damCecv3ee6o7s0sr8riçoiDeabogr--mgsoednm-ão–22epsbv-uem3eiauio207scrçueaiu8ic2otnen;ov1dd.íoõs;tpr3li;3tutSnifeadiáaagSo,euaruS0õesl6sshrr,eielsrllmc-edr6se-miapoc6eavn3o1i1o7seeorrec07s1m1eet[oeqmO;tmê;[ddià6M2osscd6snulS-Sr[ae8epeocil8.ed1ueletil(l])oi0ícloe]vbírq,,1únn1eru,cal1e5e3e0iagx2iriu0istaisztvmm][avd9c[nrráae-o,1cl1rácpe1-:ae61sart1omu-id3oa1fMrpai]dr]tl2o.osi,ei0,emulíiprr2e4cn1e.caaau,sto.1a-0sase.o3aamii1s,i52uf.ocMn-aúsn-3qpurnaDi2bne1oi-tsdnoóusaeno2ta1eei3eiu?7oo-----s;-e.-r---l41;J59.Jo3.-7o521--72083stpmneCNvdndscs,1.a1í,69ueoomarrei-ocão2be;g-oá1srmru0ma”od;1n1Jraat,a0-aslmdJoOÉoeitnea”d2ismo.ocieúsns115esçodnonai172plav.vãanDae;s”,taã1anEip1vaoJir,sú.çdp1ofr1móointorbõiH5aaaeasaiscipte1--gnocratráas.sã7a11sooeoutet9s9svL,t,orríle2dcrselaieaoecit,0oam:rpeqamrusiqwcc-nmssruêrosul2eo“ii,,sarehãmn6saAaicpoessrosphell?uãnonoa.eãVocaánDçmoorEcodidsiaumsrceedsqiettaarogamasesooum“dpiele,ssisAdnueosoaletnempáeaeçsrdoV“qtdmembãevJdaouaeicieeroiirfearsuoecdarhigerdqcOcuodnaaeeesáucorussohpmsccmeoCsalao,eoardmpvnliaonnisérasgceatestdmddeaaldaauoriiiuoooses-------..
do Senhor elas tenhPAaUmLIcNoAnsBcEiCênHcEiRa,dSaÃOesPpAerUaLnOç,aSaP ncuãmopsreimsaenbteordeacsoEnschreitcuerrasoaqruesepéeiptoadre-
que Deus as chamou, da herança que as tJeícsuusl.aP,aorauismsoe, osmv. 4o9 qfauzarenfderoênhcáiamà puroi--
Leituras: At 1,1-11; Sl 46[47]; mtérOpcSmaeaurrleeasniletmsmaotrdsosgaóaeeeecrrslidgoiaáaraEomuasfssePinccdaanarldoeeiidfo,taotmiuo2srrtu0rpçoaíaatoa0sfuisseedi9s,ilnjrço:daoeeãia,eA?cmocarsliintAoaccdooromelampsernacavdivperonegiisaeloremúchlmadíoaspojoucpu,mrAEdauleoosátcnalsipp-aovialpíçúrsaorsadã,isrsrtaaooaa-oa
Ef 1,17-23; Lc 24,46-53 aguaErdxaisetedma exttrrêasormdiannáreiiaragrsadnederzeaddio- anpãroesgearçãqou,eohteasjtaenmoutníthuoloe oummanrtoímrioe.
pgoirduermdetíDtueulos.em favor dos que creem. própAraios,ceonqsuãaoldneeJsetseuscaésvoisctaoncosmerovao
Pão1. Ascensão e missão. Nos primeiros versí- suma oi-nsiacciaerldmoteaiqúusecaublae.nçEoxaeemdpálovsi-:
O aAuctordreoleOmrtborgaroáqfuiceoD2e0u0s 9fezpemr- da. J-esMusempriómrieaisrodlevuamseusasrdgisecníptouldoes
culos dos Atos dos Apóstolos, São Lucas faz
referência à obra de Jesus e sua instrução mCriistteou, msaorstmraanidúos-csue lparsóxoiummo einprúessceun-
ltaesnanovisdbaidbalisôcnoimmuonsi,diasdtoesé.,Enleoos rneos--
árabeaos discípulos, após a Páscoa, durante 40 msuescsitoouutdítouslmosodrteolsiverfoês-leo oasbsreanstiamr à-
csp“d1uoraºmae): sAd[u.si.raml.]eesict.tnr)aEaoNnimNsoossosivcnubéoiaúubTsslrec,ieósoudtunlaaatimrçmoiãnemoonis:cot/oiBdba,aoild,sbéeoelimfuôXasnlaIaaXiisr--.
dias. Este número quer indicar a pleni- mdao“sas(caepnóssãoo”pdreimJeesuirsoaeolsecméuesnntoã,oqeume amtéilBíceitaâsnia, depois ergue as mãos e os
tude dos ensinamentos de Jesus. Depois, étecrommosmdaeiúsusbcuidlaa,, omsadseemmaitservmocoásbdue- aben-çPooae(svi.a50co);me epnleqtuaadnetoCorus zabeeSnoçuosaa-
lgolosrpifoicdaeçmãos. er escritos com minús- va, d-isCtaonmcoiofua-zseerdeulmesae epriazzealeevmadodaeoz
IngredientesJesus pede que aguardem a promessa cula, salvo nos nomes próprios ne- cméuin(vu.t5o1s). O v. 52 fala que os discípulos
stntaaeorpCvaraom-L-otuCACsaactonórraJndioasensitrrtgaaatueioçmstmõuaCeldiieéçsvimmaãielnorcmtdeoeomvedenEelgtlsaeertçaaeuõndmdedoeseptdsaeoeolxiesbtSgorvareodinaloo--.
do 1Pkagi ddeeefnarviinarh-alhdeestoriEgsop;í2rittaobSlaen-to. le contidos, tudo em grifo): O Senhor Prim-eDirisocTuessstõaems eenmtot:oLrvno9,d22o-s2d4.irAelii-,
teOss(d3i0sgcí)pduelofsearmindeanetostdãoe pprãeoso; s1 às do Paço de Ninães ou O senhor do pa- Atoasrãfuonledvaamnteonutaasims nãoosBermasidlireção ao
ço de Ninães, Menino de engenho ou
ideicaosldheeurm(chmáe)ssdieanaiçsúmcoapro; l1ítciocolhdeerres- Menino de Engenho, Árvore e Tambor
tau(rsaoçbãoredma reesaale)zadeemólIesora;e2l,ceoqpuoersem ou Árvore e tambor.”
sabdeer sáegjáucah;e1gcooulahheorra(c. hJeásu) sdreesspaoln. de
O Acordo, entretanto, não men- povo e o abençoou. Havendo assim rea-
que isto compete ao Pai. A eles cabe o tes- ciona nada sobre as partículas (em- lizadAoúoltsiamcariofípcçioãopseeloripaeecsacdroev, enr toroduo
temunho em Jerusalém, na Judeia toda,
na Samaria e até os confins da terra. Para bora nos três exemplos elas estejam onatíTtuenlodcaodma Rmeauinúisãcou. lDaisanoutecdaoixqau-eavltia:,

Modo de fazertestemunharaverdadesobreJesus,osdis- em minúscula) caso se prefira escre- o pov-oMgrEiMtouÓdReIAaSleDgrEiaUeMtodSoAsRsGeEpNroTsO-
ver o título com as iniciais maiúscu-
cípuMloissrteucreabrertãoodaofsoroçsaidnogErsepdíriietonS-an- las. Reza a lei ortográfica de 1943 que a DtrEarMamILÍcCoImASo rosto em terra.
to etmesPeenftaezceosrtoest.eAssstiemdcaobmoolionEhspaí.rito inicial de cada palavra do título, à ex- A- tAraVvIéRsGdEeMsseEpOaCraIGleAloNpOercebemos
atuQouueamnJdesouse,sattauastaumbibré,mdnivaisduairIgareja. ceção das partículas monossilábicas,
utvmcooimnlimocncmssaassauoNo.n.oãarmbCaJoucPseniasvordassbooue,pueiaemv,arsoaJveaaoaepbaodmmoslseriosouecrieceestrdmeánuenn.i,gnvlPcssttooiuacãacaeauníreoadaproat,tao.auuroiJigsQnaelstEoomossruhvsrsuloahaapoeoscJboínzsàoenérso,.nsideettdlruCstiooiloeinsenfonseSp,velhhrjuaaaoeluaaoapnad--nódrottosiaoe--. deve ser grafada com letra maiúscu- a int-eOnçEãVoANdGeELLuHcaOsSdEeGUveNrDJOesSuÃsOcJoOmÃOo
Eletsirnoãotedsetveemdafibcoalrinolhhaa.nAdsospiamra o la. Partícula, em gramática, é “pala-
céuq,upoeias abgoolraascuombierç, aasasmarisesmão dfoelre-s, a vra invariável que tem função gra- levScooiundsmmsaadU.oDieEmoeSslsuaisavsece.reodéDorbidesossloseeteteererramveteracamateççibãgpõpeooremles:sedtno(qiaaslaunecaactatoonbodmêdtêonoamusçoCnãitsacoíhtardãdutsaoae-,
misnsoãobedma Igqrueejan. tJeespuosrn, aãopreostxairmá am-ais matical, mas que não é facilmente daoesvHeesbtirbeuulsa: rJ,esduescéoonScuumrsooSeatcce.)rdnoãtoe
fisidcaammeenntetec,om7 meleins,umtoass.suDaepixreasren- classJeifsiucsaédao únnuimcoaSdenahsopraqruteesredaolidziosu- dqueve,edmerarparmesaenndtoasreoupsoanntgoufei,neanl.trEosu-
ça cmonatiisn3uamaitnrauvtéossd, oseEsppríerfiteoriSraonto. ocuprsooje”to(ddioc.PAaiu, préolriios)s.oNoePsasiecoclaoscou, etso- tneoastaéntpuoádreiosdear cuosmaduon,hmãoadseafipneintiavas
cdraesvaes-csoei:sMasedmebóariixaosddoes usemusSpaérsg. eVnotcoê cqoumanDdeouso(ctéítuu),lopocroinsstoémtemumumvaebrêbno-,
pão crocante.] dteemMciolíncisacsiê. Enctiaamclbaérma d, apomraejxeesmtapdeloe: oçãuospeljean, aqumaenndteo ecfoincafzig. ura uma ora-
sobe--raPOnorieaasçdiaãe oNCooamsossopMlSeetonaçhdooesrCJreusuzseCSroisutsoa? ção.OTvo.m52er-esgeisctoramooreetxoermnopdloosddeisscsía-
Do livro2. Cristo glorificado. Nas comunidades 3. O -OteOmpErpovoabnldeagmeIlgahroeéjSaqe.ugNeuonhfdiánoapSlaãdloeaJvsourãaaoss epxucloesçãpoaroa tJíetruulsoadléemu.mO aEvraendgaeçlãhoo ddee
ianpvaarirçiõáevse,iJseseucsoambrbeinaamçõenesteddeopsasretuís- vLuesctaisbucolamre: ça no Templo (com Zaca-
fmpdieerurmÉan“fneCeiMdzçsoaaoaazd,draiodeiannaseaihs.HmmLPuaeéoaaolandervfRdneéaemaa,osae&mtMosmacesaav.ymadsmfaRehpliaMaNrnanervhogsiitraseeaaotdnlmnéaatrmhebdiaéoeaem”aas, çcedaosas-- cduislcaíspudleosmparisa qdueeuemlesaesnítlaenbdaa, mcomquoe StrsoeiasAanbBsd)eoEiOOeslTLcHithedeíIpODmroamuMAmrplRiocElneoosCMma,meOlnosCMotcuOaaoTvNaAvneaaTnmnAtmEetNdpiMmgolTcouPaoIp.OGiOnoDdRUtrvaeiÂâI.nudDN5nsue3AEe..adDCOomioEzNnm.eq]ÃãnuOoae-
“ecstoanvtarsae, rpeaarliaz,ansodborteu,ddoeosqduee,aascEesrccrai-, ascensão de Jesus e a vinda do Espírito
parEada. OféL. Auptaadroerc,eBrealmo Haolgruiznosnteen, sMinGan- ptuerlaos”.faElavtéamdesmobareiselseí.lAasbEasc:r“idtuurraasnjá-
do um Deus distante das comunidades, tfael,acvoanmsodaensteeu, ssoefgruimndeno,toc,omnfoorrtemeer”e.sE- Santo, vai começar o temFpoontde:aLínIgguraeBjraas.]il
[40 OLUTADOR [ ABRIL 2019
pdianteautrseeaslrsanim,vrdfi0roeoaadr8adçiráapei0rseaui,nP0.amdoasoe-s,alm9cudadoitt4eimnradsaa0sdovçoa-éosõssos2erebsd.3n;oeeetr7rieaJdgn7neas.tidbiaudessras,nd.pãeoos-

aOssteinxtaotudaraCsa@rtoalauotsaEdfoérs.ioorsga.gbrrade-
ce a Deus pelas virtudes da fé e do amor

Mensagens [ Sabedoria & Poesia

[ Poema para o mês de abril

É urgente o amor

EUGÉNIO ANDRADE

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.

É urgente o amor, é urgente
permanecer.

[ Palavra de sabedoria
“Deus está mais próximo
de quem o procura na noite
do que daquele que se instala

confortavelmente
na ilusão de o ter encontrado

de uma vez por todas.”

DOM CLAUDE RAULT
Bispo do Saara marroquino

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]41

Variedades [ Culinária & Dicas de português

[ Não Tropece na Língua

[ COMO REDIGIR TÍTULOS

áPraãboe - Gostaria de ouvir comentários so- se as últimas três podem ser escritas
bre o uso de iniciais maiúsculas ou em minúsculas, por que “de acordo
Ingredientes minúsculas em títulos de livros, arti- com” não poderia? E ainda há o ca-
gos etc. O Vocabulário Ortográfico in- so dos artigos: monossilábicos mas
1kg de farinha de trigo; 2 table- dica que se deve usar inicial maiús- não invariáveis, são todavia consi-
tes (30g) de fermento de pão; 1 cula em todos os termos (excetuando derados partículas. Desse modo, o li-
colher (chá) de açúcar; 1 colher artigos, preposições etc.), entretanto vro de D. H. Lawrence “A Virgem e o
(sobremesa) de óleo; 2 copos tenho ouvido opiniões de que apenas Cigano” ficaria “A Virgem e O Ciga-
de água; 1 colher (chá) de sal. o primeiro termo deve levar a inicial no”, mas assim nunca se escreveu.
maiúscula. Como se escreveria, por
Modo de fazer exemplo, ao se referir à obra: Memó- É evidente que há uma dificuldade
rias de um Sargento de Milícias ou Me- prática no reconhecimento das par-
Misturar todos os ingredien- mórias de um sargento de milícias? tículas. Então, qual a solução quando
tes e fazer o teste da bolinha. não se sabe reconhecer o que é par-
Quando esta subir, dividir a PAULINA BECHER, SÃO PAULO, SP tícula, ou mesmo quando há mui-
massa em montinhos. Colo- tas delas no título? A melhor opção
car novamente outra bolinha Existem três maneiras de redi- é a segunda oferecida pelo Acordo
no copo de água. Quando ela gir um título. Ortográfico 2009: escrever apenas a
subir, abrir cada montinho primeira letra inicial com maiús-
com o rolo e, outra vez, repe- O Acordo Ortográfico 2009 per- cula e as demais em minúsculas, a
tir o teste da bolinha. Assim mite usar maiúsculas ou minúscu- não ser que haja no título um nome
que a bola subir, assar em for- las nos bibliônimos, isto é, nos no- próprio, o qual neste caso conserva
no bem quente por, aproxima- mes ou títulos de livros e obras im- sua inicial maiúscula. Exemplos:
damente, 7 minutos. Deixar pressas. Eis sua redação: Base XIX.
mais 3 minutos, se preferir o “1º) A letra minúscula inicial é usa- - Memórias de um sargento de
pão crocante.] da: [...] c) Nos bibliónimos/bibliôni- milícias
mos (após o primeiro elemento, que
Do livro é com maiúscula, os demais vocábu- - Poesia completa de Cruz e Sousa
los podem ser escritos com minús- - Como fazer uma pizza em dez
“Cozinhando sem Mistério”, cula, salvo nos nomes próprios ne- minutos
le contidos, tudo em grifo): O Senhor - Anotações e revelações sobre o
de Léa Raemy Rangel do Paço de Ninães ou O senhor do pa- novo Código Civil
& ço de Ninães, Menino de engenho ou - Constituição do Estado de San-
Menino de Engenho, Árvore e Tambor ta Catarina
Maria Helena M. de Noronha ou Árvore e tambor.” - Discussões em torno dos direi-
Ed. O Lutador, Belo Horizonte, MG tos fundamentais no Brasil
O Acordo, entretanto, não men-
Pedidos ciona nada sobre as partículas (em- A última opção seria escrever todo
0800-940-2377 bora nos três exemplos elas estejam o título com maiúsculas ou caixa-alta:
livraria.olutador.org.br em minúscula) caso se prefira escre-
ver o título com as iniciais maiúscu- - MEMÓRIAS DE UM SARGENTO
[email protected] las. Reza a lei ortográfica de 1943 que a DE MILÍCIAS
inicial de cada palavra do título, à ex-
ceção das partículas monossilábicas, - A VIRGEM E O CIGANO
deve ser grafada com letra maiúscu- - O EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
la. Partícula, em gramática, é “pala-
vra invariável que tem função gra- Uma observação: tanto os títu-
matical, mas que não é facilmente los de livros e artigos quanto os de
classificada numa das partes do dis- ensaios e dissertações (acadêmicas,
curso” (dic. Aurélio). Nesse caso, es- de vestibular, de concurso etc.) não
creve-se: Memórias de um Sargento devem apresentar o ponto final. Es-
de Milícias. E também, por exemplo: te até pode ser usado, mas apenas
quando o título contém um verbo,
- Oração aos Moços ou seja, quando configura uma ora-
- Poesia Completa de Cruz e Sousa ção. Tome-se como exemplo dessa
- O Evangelho Segundo São João exceção o título de uma redação de
O problema é que há palavras vestibular:
invariáveis e combinações de partí-
culas de mais de uma sílaba, como O homem contemporâneo não
“contra, para, sobre, desde, acerca, sabe lidar com a antiguidade.
pelo”. E até de mais sílabas: “duran-
te, consoante, segundo, conforme”. E O HOMEM CONTEMPORÂNEO NÃO
SABE LIDAR COM A ANTIGUIDADE.]
[42 OLUTADOR [ ABRIL 2019
Fonte: Língua Brasil

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Belo Horizonte, MG. nários nesses sertões, incluindo aquele episódio
Fone: (31) 3375-7076 de massacre de mártires, perto de Belém, de uma
obra capuchinha. Diria até que é uma leitura obri-
* Colégio Santa Teresinha gatória para a formação sobre catolicismo no Bra-
Rua Madre Beatriz, 135 sil. Já até recomendei para um amigo que está es-
Manhumirim, MG. crevendo sobre o assunto.” (Dr. Luiz Gustavo Villas
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Sociedade [ O solo amazônico por diversos períodos da história foi terreno para

Amazônia: uma col

SINTONIA COM O SÍNODO

MICHEL CARLOS DA SILVA* É uma história contada pelos rar os indígenas de suas aldeias e
opressores. Ao observar a história levá-los como escravos para áreas
Omodo de pensar neolibe- da Região Amazônica, percebemos de trabalho na zona colonial. Tra-
ral carrega em seu eixo que ela passa por um plano coloni- ziam os povos que moravam em
a lógica do capital e por zador de dominação. É importante diversos locais da Amazônia com
meio dela desenvolve uma acentuar que se trata de um plano, o discurso de que era para o desen-
ação destruidora. Ação que pois a situação revela com clare- volvimento, era o processo “civili-
ceifa vidas como, por exemplo, o za que não houve um “por acaso” zatório”. Com isso, recrutaram vá-
rompimento das barragens da Sa- na colonização, mas foi um plano rios povos para servirem de mão de
marco, em Mariana, MG, e da VA- para dominar. É preciso quebrar obra na empreitada dos coloniza-
LE, na cidade de Brumadinho, MG, esse mito de “civilizar”, e desco- dores, como afirma o historiador
e o avanço devastador do meio am- brir que por trás da colonização Celestino Carreta:
biente por meio do agronegócio na material existe, primeiramente,
Região Norte. um projeto de controle do povo que “O processo ‘civilizatório’ esta-
vai além do extermínio físico e se va dizimando a população local.
É importante classificar o neo- perpetua em um extermínio cultu- Os colonos necessitavam de traba-
liberalismo para além de uma ideo- ral. A forma mais brutal para aca- lhadores e pressionavam o gover-
logia ou uma política econômica e bar com uma população é proibi no, que enviava “tropas de resga-
inscrevê-lo como uma nova forma -la de falar sua língua, de cantar te”, ou ignorava se alguém o fizes-
de pensar o mundo1. Identificar a seus cânticos e de expressar seus se por conta própria. Os caçadores
razão do capitalismo contemporâ- credos religiosos. de escravos eram auxiliados por
neo é entender a dominação e ex- grupos de índios dominados por
ploração como forma de governar O projeto colonizador trouxe um eles e que iam caçar outros índios
as ações humanas e institucionais. sistema de dominação e de pobreza para entregá-los como escravos e
para os povos nativos. Assim, a es- se verem livres da própria escra-
Cultura da escravidão e extermínio cravidão foi precedida do extermí- vidão, ficando, porém, dependen-
A história da colonização no Bra- nio cultural, pelo afastamento dos tes dos dominadores, que volta-
sil, de modo especial na Amazônia indígenas das suas comunidades. vam para buscar mais índios. Es-
brasileira, remete ao período de in- Alguns autores relatam um proces- ses caçadores humanos assalta-
tenso massacre da população na- so de descimento dos povos nativos. vam as aldeias, mesmo aquelas
tiva: indígenas e ribeirinhos, e que Ele consistia no processo de reti- das missões, e levavam os índios
foi transmitida, ou seja, contada, a
partir dos dominadores. Assim, as [44 OLUTADOR [ ABRIL 2019
maiores atrocidades são inscritas
na história como feitos heroicos dos
conquistadores que tiveram a gran-
de tarefa de “civilizar”. Porém, por
detrás de toda pompa de heroísmo
e atos civilizatórios se escondem a
esterilização de uma cultura e o ex-
termínio de vários povos.

1. Como dizem Pierre Dardot e Christian La-
val em “A Nova Razão do Mundo - Ensaio so-
bre a sociedade neoliberal”. São Paulo: Boi-
tempo, 2016.

a escravização de indígenas e migrantes vindos para trabalhar no seringal...

lonização “neoliberal”

DA AMAZÔNIA

presos para o trabalho escravo em Na lógica do lucro ração sob diferentes modos sociais.
Belém e no Maranhão.” (“A His- Como exemplo, o seringueiro, que era
tória da Igreja na Amazônia Cen- Todo esse projeto de extermínio, explorado pelo seringalista, com a
tral”, 2008.) construído durante vários séculos crise, terceiriza a terra pelo modo de
por escravização dos corpos e a for- arrendamento, e o seringueiro e o
A escravidão na Amazônia foi mação de um pensamento genoci- indígena que habitavam esse lugar
organizada dentro desse projeto de da, a partir do século XX ganha for- passam a ser explorados por uma
extermínio cultural. É importante ça com a lógica neoliberal do lucro. nova forma de acúmulo monetário.
reafirmar isso, pois a ideia de “por Percebe-se que não houve uma rup-
acaso” faz do crime um acidente na O solo amazônico por diversos tura da exploração desde a coloniza-
história e retira a culpa dos tortu- períodos da história foi terreno para ção portuguesa aos dias atuais; o que
radores. Esse genocídio foi e é sus- a escravização de indígenas e mi- acontece é a sofisticação do proje-
tentado pelo processo de desuma- grantes vindos para trabalhar no to de colonização. O plano coloniza-
nização. Os diversos relatos dos co- seringal. Durante toda a saga da dor, além de exterminar milhares de
lonizadores sobre os indígenas tra- exploração deste trabalho na Ama- pessoas, introduziu na mentalidade
tam os povos nativos como pessoas zônia, podemos perceber que as di- brasileira justificativas para o geno-
que “viviam nuas”. Essa ideia da versas formas de exploração - tra- cídio indígena, como os conceitos de
nudez expressada em diversos es- balho escravo, exploração sexual, que “o índio é preguiçoso”, “o povo é
critos revela uma forma de domi- destruição ambiental... - passam atrasado”... e por isso é preciso civili-
nação pelo discurso. Indica que os por um modo de pensar (por uma zá-los e “levar o desenvolvimento”.
povos indígenas eram “despidos de racionalidade) baseado na lógica
cultura”, “despidos de humanida- do lucro que, dentro da realidade Em resumo, esses discursos, a
de” e, assim, excluídos do que eles amazônica, criou elites como os se- partir do modo de pensar neolibe-
classificavam por humanos. Esse ringalistas no período da borracha ral, ganham uma sofisticação nos
é o cerne da argumentação que for- e, depois da crise da borracha, mi- argumentos e na tecnologia para
mou a imagem do indígena para a graram para a extração de madeira. perpetuar o processo de colonização.
sociedade brasileira. Hoje isso se dá não pela Coroa Por-
O modo de pensar neoliberal tem tuguesa, mas por multinacionais
a capacidade de atualizar a explo- e pelo poder do agronegócio, sob a
tutela de um Estado que também é
governado a partir de um modo de
pensar neoliberal. Um exemplo é o
atual governo brasileiro que, guia-
do pela visão de mercado, confir-
ma e atualiza esse projeto genocida
a partir das diversas medidas que
agridem diretamente os diversos
povos amazônicos. Como a medi-
da provisória MP 870/19, que passa
para o Ministério da Agricultura a
atribuição de identificar, delimi-
tar e demarcar terras indígenas,
entregando-as às mãos do agrone-
gócio e de grandes latifundiários.]

* Postulante sacramentino residente
na Área Missionária Tarumã – Manaus, AM

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]45

AGENOR BRIGHENTI Leigos [ Ampliar os espaços...

A situação do laicato
segundo Aparecida e o Papa Francisco [3

NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, pro- ticano II, resgatando, com Apare- calismo não tem nada a ver com
porcionalmente ao gradati- cida, o Concílio e a tradição ecle- cristianismo. Quando tenho na
vo distanciamento da reno- sial libertadora latino-americana. minha frente um clericalista,
vação do Vaticano II e da tra- A Exortação Evangelii Gaudium é instintivamente me transfor-
dição eclesial latino-americana, ti- um dos documentos do magisté- mo num anticlerical”. Adverte
vemos o retorno de uma Igreja-vi- rio pontifício que melhor recolhe que “na maioria dos casos, o cle-
sibilidade e dos grandes templos, e relança as intuições básicas e os ricalismo é uma tentação muito
de eventos de massa em lugar de eixos fundamentais da renovação atual; trata-se de uma cumplici-
processos no seio de pequenas co- conciliar. O Papa reformador es- dade viciosa: o padre clericaliza o
munidades, com a volta do clerica- leigo, e o leigo lhe pede o favor de
lismo, em detrimento de um lai- tá tendo a firmeza de desautorizar o clericalizar, porque, no fundo,
cato sujeito e corresponsável. explicitamente os nostálgicos de lhe é mais cômodo”. Para o Pa-
um passado sem retorno, inclusi-
A grata surpresa de Aparecida ve cardeais. E no resgate da teolo- pa, “o fenômeno se explica, em
A Conferência de Aparecida gia do laicato oriunda do Vaticano grande parte, pela falta de ma-
(2007) desautorizou os segmen- II, tem sido um crítico contunden- turidade e de liberdade cristã em
tos da Igreja que estão “viran- te da volta do clericalismo.
do a página para trás” em re- parte do laicato”. [...]
lação à novação do Vaticano Em entrevista a um jornalista Na superação do clericalis-
II e da tradição eclesial lati- italiano, ele afirmou que “o cleri-
no-americana. Dizem os Bis- mo, em vista de uma Igreja
pos: “Tem-nos faltado cora- [46 OLUTADOR [ ABRIL 2019 toda ela ministerial, o Papa
gem, persistência e docilida- alude ao lugar e ao papel das
de à graça, para levar adiante mulheres. Falando aos Bispos
a renovação iniciada pelo Con- do CELAM no Rio de Janeiro, ad-
cílio Vaticano II, e impulsionada verte: “Não reduzamos o empe-
pelas anteriores Conferências nho das mulheres na Igreja; an-
Gerais, e para assegurar o rosto tes, pelo contrário, promova-
latino-americano e caribenho de mos o seu papel ativo na co-
nossa Igreja” (100h). Prova disso, munidade eclesial. Se a Igreja
continuam, são “algumas ten- perde as mulheres, na sua dimen-
tativas de voltar a uma eclesio- são global e real, ela corre o risco
logia e espiritualidade (e clericalis- da esterilidade”.
mo) anteriores à renovação do Va-
ticano II” (100b). O Documento ori- Na Exortação Evangelii Gau-
ginal de Aparecida nomeava tam- dium, Francisco reconhece com
bém o clericalismo, que os censores alegria como “muitas mulheres
curiais suprimiram do Documen- partilham responsabilidades pas-
to oficial, mas que o Papa Francis- torais com os presbíteros, contri-
co reintroduz de maneira contun- buem para acompanhamento de
dente na Evangelii Gaudium. pessoas, de famílias e grupos, as-
sim como enriquecem a reflexão
Francisco, o Papa reformador teológica. Entretanto, é necessá-
Oficialmente, o Papa Francisco pôs rio ampliar os espaços para uma
fim à “reforma da reforma” do Va- presença feminina mais incisiva
na Igreja”. (EG, 103.) Superar o cle-
ricalismo, em relação às mulhe-
res, equivale à Igreja despatriar-
calizar-se.]

Mundo [ Matança indiscriminada da vida...

FRT. HENRIQUE CRISTIANO JOSÉ MATOS, CMM

O ecocídio de
25 de janeiro
de 2019

N A véspera do 7º dia da Ver, deixar-se comover e agir da gravidade do ocorrido. O desas-
“Tragédia de Mariana”, O que se vê ultrapassa toda a imagi- tre poderia ter sido evitado se a ga-
na 5ª feira, dia 31 de ja- nação: uma destruição total da Na- nância não tivesse a palavra deci-
neiro, o frater Henrique tureza, engolida pela lama. Uma pro- siva nos empreendimentos de mi-
Cristiano José Matos foi funda comoção atinge o coração e o neração.
ao local do desastre. Não remove por dentro. É difícil conter
por pura curiosidade quis ir pes- as lágrimas. Estamos diante de um Escutai-me depressa, Senhor!
soalmente à área devastada, mas ecocídio (matança indiscriminada Veio à tona o que o Papa Francisco
“movido de misericórdia”, na trí- da vida) em dimensões gigantescas. escreveu na sua Encíclica Laudato
plice dinâmica desse preceito emi- A indignação nos impulsiona para Si’ (24-05-2015), sobre o “Cuidado da
nentemente evangélico: ver, dei- fazer algo, a começar pela conscien- Casa Comum” (a Terra): “Em todos
xar-se comover e agir. Em nome tização do que aconteceu de verdade, os níveis deve haver diálogo e trans-
dos Fráteres CMM e do Retiro Vi- para depois participar de ações con- parência, sobretudo em se tratando
cente de Paulo, Centro Holístico cretas a fim de aliviar os incalculáveis de grandes empreendimentos que
de Espiritualidade Católica, em sofrimentos causados pelo impacto. têm forte impacto ambiental” (nº
Igarapé, MG, quis expressar nos- 182). A validade de projetos [de mi-
sa solidariedade. Todos devem conhecer o que acon- neração] nunca pode ter como úni-
teceu de fato e tomar consciência co critério a rentabilidade”. (nº 187)

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]47 Oremos com o salmista: “Já em
mim o alento se extingue, o coração
se comprime em meu peito! Eu me
lembro das coisas passadas... Escu-
tai-me depressa, Senhor, o espíri-
to em mim desfalece!” (Sl 142,5.7).

Que Francisco de Assis, o San-
to da Ecologia, interceda por todos
os atingidos e pela própria Nature-
za devastada, e que São Vicente de
Paulo nos ensine o que é ser mise-
ricordioso segundo o espírito de Je-
sus. Que também nunca percamos
de vista que os mais vulneráveis e
sofredores (a própria mãe Terra e
todos os seres vivos) são sempre os
prediletos do Pai das Misericórdias
e Deus de toda Consolação.]

Mundo [ Mão de obra...

Cuidado!

Um robô está de olho no seu emprego!

ELES PODEM FAZER O SEU SERVIÇO E NÃO PEDEM AUMENTO

JDE SALÁRIO. PARA ONDE CAMINHA O MUNDO DO TRABALHO?
Á começa a ser sentido o im-
pacto da robótica no mer-
cado de trabalha, e trata-se
de uma tendência crescen-
te. Em um simpósio sobre robó-

tica, realizado no MIT – Institu-

to de Tecnologia de Massachus-

setts, EUA, em outubro passado,

economistas e especialistas em

indústrias deixaram claro o novo

horizonte do mercado de traba-

lho: as máquinas vão substituir

a mão de obra humana nas mais

variadas atividades.

Segundo Andrew McAfee, pes-

quisador do MIT e coautor do livro

Race against the machine [Corrida

contra as máquinas], nossos aju-

dantes digitais não só nos alcan-

çaram, como estão a nos ultra-

passar. Em certos aspectos, já são mas também causou a perda de vidos. No caso da fabricação de

superiores a nós. De fato, já anda 1.000 empregos no Vietnã. móveis, por exemplo, os países

pelas ruas da Califórnia o auto- Só para humanos africanos perderão rapidamente
móvel desenvolvido pela empresa sua vantagem comercial, o custo

Google, e as forças armadas vão Ao menos por enquanto, certas atrativo de mão de obra, em rela-

substituindo soldados de carne e áreas continuam abertas aos hu- ção aos países mais adiantados.

sangue por robôs de metal e chips. manos. É o caso dos garçons e dos O Overseas Development Ins-

Países como Coreia do Sul e profissionais que passeiam com titute incentiva os países africa-

China conseguiram aviltar a mão cães, dificilmente substituíveis nos a investirem em indústrias

de obra humana a ponto de baixa- por máquinas, assim como mé- menos suscetíveis à automação

rem consideravelmente os custos dicos e profissionais que traba- como alimentos, bebidas, roupas

de produção, mas não o suficiente lham com alta tecnologia. Igual- e metais. E recomenda que os tra-

para superar a economia possível mente, os robôs também não che- balhadores busquem habilidades

com o trabalho de máquinas e ro- garão a ser gerentes ou diretores, digitais, para que o fosso digital

bôs inteligentes. Com a vantagem mas vão ocupar a vaga de funcio- entre países ricos e pobres não se

de transportá-los com facilidade nários em centrais de atendimen- expanda mais do que atualmente.

para áreas mais seguras ou paí- to, elaborar análises financeiras Para McAfee, já não se vislum-

ses que cobram menos impostos. e assumir funções em que a cria- bra um local de trabalho sem a

A Adidas implantou duas “fá- tividade ou o improviso não são presença de pessoas. “A tecnologia

bricas velozes” em Ansbach, na tão necessários. não é ruim para a economia, pois

Alemanha, e em Atlanta, nos EUA, Segundo um relatório do Over- nos torna mais produtivos. O pro-

onde agora são produzidos sapa- seas Development Institute - ODI, blema é que não há como prever

tos em impressão 3D. Segundo o os robôs ameaçam igualmente os que ela afetará todos da mesma

relatório, o investimento resultou trabalhadores em países subde- forma. O trabalhador médio será
em 160 novos postos de trabalho, senvolvidos quanto nos desenvol- passado para trás por ela.” (ACS)]

ABRIL 2019 [ OLUTADOR]48


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