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Published by TODAVOZ EDITORA, 2022-05-20 18:17:39

CULTURA&GASTRONOMIA 2

CULTURA&GASTRONOMIA 2

A arte de encantar
e adoçar a vida

Confeiteira de “mão cheia”,
Jacqueline Marinho de Souza

encanta crianças e adultos
com seus delicados docinhos

Página 20

DANÇA:
ferramenta cultural
que transforma e sociabiliza

Página 11

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CULTURA&GASTRONOMIA-Pará de Minas?

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A Todavoz Editora produz revistas e veículos customizados para o
mundo empresarial e afins, além da edição de livros e o que couber

na imaginação de quem precisa contar suas histórias.
Essa é a nossa expertise.

[email protected] / (31) 9 9821-6566

Caro leitor,

Fátima Peres
Editora

UMA DOCE
edição

Antes de mais nada, gostaria também.
de registrar aqui que esta é a terceira
edição da revista Cultura&Gastrono- Outra informação importan-
mia - Pará de Minas, apesar de cons-
tar na capa como o segundo número. te que destacamos em nossa revista é
Então explico: a primeira edição foi to-
talmente digital. Nós a identificamos a criação de uma instituição em nível
como a edição de número “0” e está
inteiramente disponível no site: www. estadual de Academias de Letras do in-
culturaegastronomia.com. A segunda
circulou com o número 1 na capa (fev./ terior de Minas Gerais que tem como
mar) pois a consideramos como a pri-
meira revista impressa. objetivo o fortalecimento dessas insti-
A atual edição traz como capa,
matéria que fala sobre o fazer artístico tuições. Para estabelecer as metas e es-
de uma confeiteira de Pará de Minas
que tem o dom de fazer coisas belas. tatuto foi realizado em abril deste ano,
Jaqueline Marinho de Souza há mais de
10 anos vem se especializando, a cada na cidade de Araxá (MG), o 1º Encon-
dia, em produzir e criar doces que imi-
tam personagens de histórias infantis tro de Academias do Interior de Minas
para as festas da criançada. São pe-
queninas e verdadeiras obras de arte. Gerais, reunindo representantes de 12
Nessa reportagem, Jaqueline conta um
pouco de sua trajetória como doceira, entidades.
um trabalho que vem conquistando
não só os pequeninos, mas adultos Trazemos também nesta edi-

ção, uma conversa entre o artista plás-

tico Oro Marinho e a escritora Terezi-

nha Pereira, um artigo da psicóloga e

escritora, Andréa Moreira, uma peque-

na história da importância da região de

Bourdeaux para o mundo dos vinhos,

resenha, dicas de livros e muito mais.

Desfrutem da leitura de Cultura&Gas-

tronomia - Pará de Minas. Espero que

gostem e sintam vontade de saborear

novas edições.



Boa leitura!

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 3

COM A PALAVRA

Valmir José Costa Diniz 2022: NOVA AURORA
que se anuncia
Presidente da Academia de
Letras de Pará de Minas O Brasil vive, resignado, tempos sombrios para a Arte e Cultura

nacionais, fruto de uma escalada de desmonte institucional que visa nos alijar
dos sagrados escaninhos da democracia. Nos parece que os tempos de chum-
bo foram há anos, senão décadas. Os que não viveram esta fase não conse-
guem vislumbrar tal época como tragédia ocasionada por equívocos históricos
e ideológicos que marcaram uma geração. Em se falando de estado de direito,
e não de “sítio”, a liberdade de opinião e de livre manifestação ombreiam os
mais elevados valores que a dignidade humana pode almejar, e alcançar.
Éramos felizes. Nossa imaginação escoava leve e solta por entre espa-
ços mentais que abrigavam devaneios poetizados pelas nossas crenças várias,
entre elas, a de que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. De fato,
almas se engrandeceram na luta pelo direito de criar... e compartilhar.
– Censura não. Diriam os mais exaltados ante a tentativa de calar a
alma daqueles cuja razão de viver é... a Arte.
Simbolicamente, nos remetendo aos detratores da Liberdade, o faze-
mos com triste nostalgia, porque são lembranças indesejáveis. Fizemos um
pacto com a racionalidade, com a liberdade e com a dignidade. Não aceitamos
retroceder, cedendo espaço para intenções amorais contra as manifestações
artísticas.
O ser humano insiste em viver. Teima em vencer os minutos, dias e ho-
ras, meses e anos, enfim. E quer ser feliz. Melancolias e angústias são detalhes.
O coturno dos algozes são fatos. Estes se insurgem contra as possibilidades de
brandura em nossas vidas. Querem matar, por inanição, a poesia de protesto,
a música de crítica inteligente, a “live” que desmonta narrativas incongruen-
tes, a voz que se potencializa na garganta de quem tem o que cantar e falar
pelos que não podem fazê-lo.
A esperança é que surjam luzes que ofusquem iniciativas dos que querem o
retrocesso, tentando trazer sombras quando se quer luminosidade.
– Esperemos pela aurora, dizem os otimistas de plantão.
Eu repito e reforço:
– Esperemos, e que saibamos fazê-lo, com o peito pleno de ares pró-
prios de quem aspira a Liberdade.
A Liberdade nunca é tardia. Ela existe em função da geração que luta
por ela e pelas gerações vindouras, que terão motivos para honrar seus ante-
cessores. E lembremos que muitos morreram por ela.
Ao longo do tempo, cativos de toda ordem foram libertos por bravos e heroicos
brasileiros e brasileiras. Todos que tentaram calar a voz da razão ficaram pelo
caminho, chamuscados pela história. O ano de 2022 se esvai, lenta e passiva-
mente castigado pelas vozes da incoerência; tentam nos vencer pelo cansaço.
Quem aprendeu a valorizar sua cidadania não dorme. Ao final vamos derrotar
os que marcham odiosamente em direção à concretização da opressão pela
imposição de seus funestos ideários. Breve, rufarão os tambores da Liberdade.
O dia de elegermos os condutores do destino do Brasil que queremos se apro-
xima.
– Censura... não. Liberdade, com responsabilidade e fervor, sim!!!

4 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

SUMÁRIO

Expediente

Revista Cultura e Gastronomia-Pará
de Minas é uma publicação da
Todavoz Editora.

A earatdeodçeareancvaidnatar 20

Confeiteira de “mão cheia”, Confeitaria
Jacqueline Marinho de Souza
A arte de Jaqueline de Souza que encanta
encanta crianças e adultos crianças e adultos. A confeiteira de Pará de
com seus delicados docinhos Minas faz docinhos para festas há mais de 10
anos e, a cada dia, se especializa nesta atividade.
Página 20
DANÇA: 11
ferramenta cultural
que transforma e sociabiliza Dança
Página 11
Sandi Cristina transforma a dança em poderoso
CAPA: Alex Coelho instrumento de sociabilização.

PUBLISHER 14
E EDITORA RESPONSÁVEL:
Fátima Peres Artes Plásticas
Reg.Profissional: MG 03731JP
E-MAIL: Num bate-papo com a escritora
fatimaperes@todavozeditora. Terezinha Pereira, Oro Marinho
com.br conta um pouco de sua produção
artística.
COLABORADORES:
Andréa Moreira 08 - Resenhas
Conceição Cruz 24 - Terapia gastronômica
Fernando José Moreira 26 - Vinhos
Terezinha Pereira

FOTOS: Todavoz Editora,
arquivos pessoais dos autores
e Pixabay.

PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO:
Todavoz Editora LTDA.
R. Dom Lúcio Antunes, 977/301
Belo Horizonte (MG)
(31) 3879-7422

CONTATO COMERCIAL:
joaquim.moreira@todavozedi-
tora.com.br
Comercial: (31) 9 9829-9616

INSTAGRAM:
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SITE:
www.culturaegastronomia.com
* Todos os artigos/textos assinados
são de inteira responsabilidade de
seus autores.

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 5

ACADEMIAS DE LETRAS do interior
promovem encontro em Araxá

A raxá (MG) foi palco do Primeiro Encontro de Acade-

mias de Letras do Interior de Minas Gerais, realizado em abril
deste ano. Realizado na Pousada Dona Beja, estiveram presen-
tes representantes das Academias de Arcos, Araxá, Bom Des-
pacho, Divinópolis, Formiga, Ibiá, Itaúna, Lagoa da Prata, Nova
Lima, Pitangui, Ribeirão das Neves, São Gotardo e Uberaba.
A Academia de Letras de Pará de Minas (ALPM) tam-
bém foi convidada a participar, porém, por motivo de trabalho
e reformas da atual sede da ALPM, o presidente Valmir José

6 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

não pode comparecer ao evento. Mas vem participando efe-
tivamente do grupo de WhatsApp que foi criado, bem como a
secretária Fátima Peres, onde se mantêm informados dos des-
dobramentos deste encontro que teve como objetivo a criação
de uma nova entidade que reunisse somente essas instituições.
O evento organizado pelo presidente da Academia Ara-
xaense de Letras, Luiz Humberto França, incluiu na programa-
ção debates, palestras e a participação por vídeo do presidente
da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares.
De acordo com Flávio Ramos, presidente da Academia
Divinopolitana, a proposta é dar voz aos escritores do interior e
promover um desenvolvimento integrado entre as academias.
“O momento nos exige ainda mais união. Temos grandes desa-
fios a serem vencidos nos contextos internos e, também, nos
trabalhos com as comunidades em que estamos integrados.
Queremos que as academias sejam cada vez mais referência
para a sociedade, como bússolas que apontam para os cami-
nhos do conhecimento, da arte, do livre pensar e da unidade
literária”, diz.
Nesta primeira reunião presencial foi criada uma comis-
são que irá apresentar a médio prazo um formato de entidade,
com estatuto, proposta de nomes, operacionalização e outras
definições para avaliação do grupo. Os membros dessa comis-
são são: Humberto França (Araxá) como coordenador Coorde-
nador; Flávio Ramos (Divinópolis) como Secretário; João Sabino
(Uberaba) como membro; Mauro Morais (Ribeirão das Neves)
como membro e Sônia Martins (Ibiá), também como membro.

Representantes das
Academias de Letras que
participaram do encontro
em Araxá (MG)

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 7

RESENHAS / Terezinha Pereira

Matemática,
ARQUITETURA e ARTE

Terezinha Pereira é escritora e E sse belo livro de Oro Marinho é resultado de sua dis-
coordenadora de grupos de leitura
sertação de mestrado ao Programa de pós-graduação em Ensi-
no de Ciências e Matemática da PUC-Minas que ele defendeu
em dezembro de 2018. Ao percorrer o texto de Oro Marinho,
o leitor percebe que o autor usou de seus conhecimentos de
uma vida inteira para elaborar uma rica pesquisa relacionada
à cúpula de uma das maiores edificações góticas do mundo: a
Catedral de Santa Maria del Fiore em Florença, na Itália. Como
professor de Matemática, Álgebra Linear, Geometria Analítica e
Cálculo Diferencial, Ciências Exatas, além de estudioso e profes-
sor de desenho e pintura e também professor de língua italia-
na, Oro direcionou um olhar acurado para a cúpula da famosa
igreja e tentativa desvendar os segredos da arte e engenharia
de Filippo Brunelleschi (1377-1446) que desde a primeira vista
o encantaram.
Amauri Carlos Ferreira, professor de Filosofia da PUC
Minas e do Intituto São Tomás de Aquino (ISTA), ao apresentar
o livro, diz que “A leitura do livro de Orozimbo convida o leitor a
percorrer com o olhar a pintura realizada na ocasião de sua es-
crita, como se o escritor e o artista permitissem o saborear de
uma obra de arte, compreendendo-a dentro de um contexto,
sua expressão sagrada, seu lugar no tempo e, principalmente,
a extensão de si para a percepção do mundo. Uma experiência
que aguça os sentidos, amplia o olhar, faz reverberar no corpo
o tempo circular de uma obra em sua existência.”
A professora, doutora da PUC Minas, Elenice de Souza
Lodron Zuin, termina o prefácio do livro a dizer:” Este livro não
só intenta apontar os passos de Brunelleschi para a edificação
de uma das grandes joias da arquitetura mundial, mas se dese-
nha uma condução que nos leva a percorrer o cenário toscano
daquela época, com os seus muitos encantamentos; sua ordem
política e seu espaço geográfico que igualmente se fazem pre-

8 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

sentes nessa narrativa”.
Ler Brunelleschi e a
cúpula da catedral de Santa
Maria del Fiore é caminhar
pela história da arte das mais
belas cidades italianas e pelas
ruas e monumentos de Flo-
rença em toda sua exuberân-
cia, além de poder admirar e
compreender a grandeza dos
trabalhos de criação e edifica-
ção de tais maravilhas.

Onde encontrar o livro:
integra a Coleção História da
Editora Fino Traço Editora
Com ao autor: pelo telefone (37) 3232-3574 ou no site:
https://www.finotracoeditora.com.br/BRUNESLESCHI/

DADOS DO LIVRO:
ISBN: 9786589011569
Título: Brunelleschi e a cúpula da catedral de Santa Maria del Fiore:
matemática, arquitetura e arte
Autor: Orozimbo Marinho de Almeida
1ª edição/ 2021
Nº de páginas: 128
Belo Horizonte, MG. Fino Traço Editora
Ilustrações: pinturas de Oro Marinho e fotografia de
Adriana Marinho de Almeida Couto e outros.

12 LIÇÕES:
O que aprendi com o câncer de mama

Renata Teixeira da Sil- dessas publicações foi mantida
va transborda sentimentos em no livro impresso e também o
“12 lições - O que aprendi com o uso de sinais usados na comu-
câncer de mama”. O livro é o re- nicação virtual, como por exem-
sultado de uma junção de textos plo # , @, explica a autora.*
que ela publicou nas redes so- Antes de iniciar a narra-
ciais Instagram e Facebook, du- tiva de sua história vivida com o
rante o tempo em que passou câncer, Renata “grita” PRECISA-
por sessões de quimioterapia, MOS CONVERSAR SOBRE ISSO!
de 08 de maio a 05 de setembro Conversar sobre câncer não é
de 2019. A linguagem original nada fácil, não é mesmo, indago

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 9

ONDE COMPRAR: eu? Em seguida, ela faz menção zado, gratidão, fé, esperança:
Loja Brinquelê: R. Benedito Valada- ao autocuidado. Registra seus “Cadê aquela outra eu?” Cadê
res, 474 - Pará de Minas (MG) votos de cuidados consigo mes- aquele monte de versões de
Loreto Bookstore - Shopping Fabri- ma de maneira muito especial: mim que condensei, compilei,
ka Mall: R. Ricardo Marinho, 650, “Eu, Renata, prometo ser fiel a adaptei e usei (professora, coor-
Loja 28, Pará de Minas (MG) mim e aos meus valores. Pro- denadora de projetos, advoga-
Site: www.todavozeditora.com.br meto me amar e me respeitar, da, praticante disso ou daquilo)?
***** na alegria e na tristeza, na saúde (p.31) Quando nos percebemos
DADOS DO LIVRO: e na doença, na riqueza e na po- longe de papéis sociais e entre-
Título: 12 lições – O que aprendi breza, por todos os dias da mi- gues à nossa essência, é que
com o câncer de mama nha vida!” temos a real noção de quem so-
Autora: Renata Teixeira da Silva Trechos e comentários: mos (de verdade)? p.31
ISBN: 9786586104042 “Sinto que cada informação Fotografias de vários
Edição: 1ª ed. compartilhada seguirá viagem momentos de dor, de tristeza,
Editora: Todavoz, Belo Horizonte (cumprirá sua sina) auxiliando de procedimentos médicos, de
Publicação: 2021 outras pessoas, trazendo um cabelos curtinhos e de alegria e
Número de páginas: 52 afago de carinho e esperança esperança ilustram belamente
Fotografia: Letícia Nogueira dos durante a caminhada por ter- as 12 lições que Renata Teixeira
Anjos, arquivo pessoal da autora. renos, muitas vezes áridos; so- da Silva passa aos leitores.
prando aos ouvidos um alento * Sobre que o uso das
que transporta para uma reali- hashtag no texto impresso: po-
dade paralela repleta de amo- sitivo, uma vez que a autora quis
rosidade, colaboratividade, SO- evidenciar diversos conceitos
RORIDADE.” (p.36). Com isso, o muito comuns ou necessários
leitor entende que “12 lições” é de serem usados quando se fala
um livro concebido na intenção da doença: #façaautoexame;
de ajudar pessoas que passam #câncerdemama; #vivinhada-
por um tratamento difícil ou que silva; #vencendoocâncer; #limi-
tenham parentes ou amigos na tes; #havidaapósavermelhinha;
mesma situação. Vejo também #suavidaemsuasmãos; #minha-
que é um livro de interrogações cura; #zeroglamour; #unidaspe-
sobre a vida, sobre ser na vida lacura; #crioterapia; #gratidão;
além de discorrer sobre cons- #fé.
cientização, aceitação, aprendi-

SOBRE A AUTORA:
Renata Teixeira da Silva é Doutoranda em Didática das Línguas- Língua Portugue-
sa, pela Universidade Nova de Lisboa, Mestra em Gestão e Avaliação da Educação
Pública pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); licenciada em Letras pela
Faculdade de Pará de Minas-FAPAM e bacharela em Direito pela Universidade de
Itaúna (UIT). Professora, advogada, revisora e escritora. Ocupa a cadeira número
03 da Academia de Letras de Pará de Minas. Tem capítulos de livros, artigos, crô-
nicas e poemas publicados em revistas, periódicos acadêmicos e literário e em
jornais. Publica no blog de sua autoria: Pó, poeira e poesia...
https://popoeirapoesia.blogspot.com/
Veicula dicas de língua portuguesa no perfil “Português, Etc e Tal”
https://www.facebook.com/portuguesetcetal
https://www.instagram.com/explore/tags/portugu%C3%AAsetcetal/
https://www.youtube.com/watch?v=FfroZDO5fgE

10 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

ENTREVISTA / Sandi Cristina

DANÇA, ferramenta cultural
que transforma e sociabiliza

A coreógrafa e professora de dança, Sandi Cristina da

Silva Garcia é uma apaixonada pela profissão que exerce. Atu-
almente é a coordenadora e responsável pela Academia Muni-
cipal de Dança Juliana Grassi inaugurada em 2021, no primeiro
andar do Centro Literário Pedro Nestor. O espaço oferece aulas
gratuitas de dança para a população de Pará de Minas. Sandi
está sempre postando um pouco de seu trabalho nas redes so-
ciais e incentiva crianças e adultos a dar o “primeiro passo”.

Por Fátima Peres
Fotos: divulgação

Desde quando é professora anos.
de dança? Quais são os tipos de dança?
Sandi: Danço desde pequena, Sandi:Atualmente temos bal-
porém comecei a dar aulas let e street dance, mas já esta-
com 15 anos. Já são 15 anos mos planejando a chegada de
de experiência. novas modalidades ainda esse
ano como, forró, contemporâ-
Como se sente como respon- nea, dança para idosos, entre
sável pela escola de Dança outros.
Juliana Grassi?
Sandi: Assumi essa grande Qual a função social da dan-
responsabilidade e é uma ça?
honra exercer a Coordena- Sandi: A dança traz uma car-
ção da academia, e idealizada ga de sociabilidade, promove
pela nossa Secretária de Cul- a integração entre as pessoas,
tura, Andréia Paulino. Hoje independentemente de sua
a academia é o meu melhor cor, idade ou nível social. Faz
lugar do Mundo pois a dança com que as pessoas exerçam
se torna acessível a todos que de maneira mais livre seu di-
tem interesse. Foi a realização reito de expressão, de ideias,
de um sonho para o cenário vontades e sentimentos. Con-
da dança na cidade. sidero a dança como uma po-
tente ferramenta cultural na
Você ensina para quais fai- transformação da sociedade.
xas-etárias?
Sandi: A academia recebe As meninas que se apresen-
desde crianças a partir de 5 taram no teatro de Pará de

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 11

Foto: divulgação

12 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

Minas no dia 8 de março, em ca. Mas, aos poucos, vem sen-
comemoração ao Dia Interna- do aceita, notada e reconheci-
cional da Mulher são suas alu- da.
nas?
Sandi: as meninas que se apre- Qual o perfil dos seus alunos?
sentaram nesse dia compõem Sandi: um pouco complicado
o grupo de danças urbanas cha- traçar um perfil, pois a dança
mado “Avalon Urban Dance”. urbana abraça a diversidade
Ele existe há 14 anos na cidade literalmente. Trabalho com to-
e representa meu coração. São das as idades sendo crianças,
anos e momentos inesquecí- adolescentes, adultos e idosos.
veis dedicados a ele. Atualmen- Me dedico às crianças e adoles-
te temos 60 integrantes de 11 a centes em especial, pois essa
31 anos. No dia 8, foi apresen- geração necessita de um cuida-
tada a coreografia SòRAH de do atento e individual para seu
minha autoria no evento “Re- desenvolvimento pessoal, sur-
flexivamente”. Essa coreografia ge a carência do contato afetivo
foi especialmente criada para o e a dança vem transformando
dia internacional da Mulher, re- isso.
latando a sororidade, desafios ,
e o poder feminino. A dança levanta a autoestima
das pessoas?
Você tem a sua própria escola Sandi: sim, pessoas que dan-
de dança? çam se conhecem melhor ga-
Sandi: atualmente não tenho, nhando autoconfiança e con-
mas meu grupo está sediado seguem também se posicionar,
no espaço Home Fit, no Bairro buscando seu amor próprio.
Dom Bosco, em Pará de Minas. Uma pessoa que se ama tem a
estima elevada.
Existe algum preconceito em
relação a esse tipo de arte? Ou O que mais você acha impor-
aceitam bem. tante falar sobre a dança?
Sandi: sempre existiu na socie- Sandi: a dança traz oportuni-
dade a identidade dos corpos, dade de experienciar quem
a ideia de que algumas práticas somos e o que somos atra-
são para homens e outras para vés dos movimentos. Isso nos
mulheres. Pensamentos cul- permite enxergar o mundo e
turais impositivos sobre como a nós mesmos por outra pers-
homens e mulheres devem se pectiva. Dançar é ter uma ex-
comportar, ou qual é o lugar do periência relaxante, ao mesmo
homem e o lugar da mulher na tempo potente, nos acalma e
sociedade, e como influencia- nos move. Esses movimentos
ram claramente a dança como são o que realmente somos.
prática social da cultura huma- Essa descoberta nos motiva, a
na. Já nas danças urbanas isso cada dia, sermos uma pessoa
fica mais contundente por ser melhor. A dica que dou para
um movimento cultural nasci- as pessoas é: dance, dance em
do na rua, em bairros periféri- qualquer lugar, ouça sua músi-
cos. Portando, dando a ela uma ca preferida, pois tenho certeza
conotação banal por não ser que vai ser um dos melhores
considerada por muitos como encontros com quem você é,
uma dança profissional e técni- na sua plenitude.

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 13

ORO MARINHO:
Uma pessoa não é a mesm

1144 CuCltuulrtaurea&GaGsatsrtornoonmomiaia- P-aPraárádedeMMiniansas- n- ºn.002- N- oMv.a2io0/2Ju1nho 2022

ma após apreciar uma obra de arte

O artista plástico e nard e mais tarde frequentou
o atelier de Robson Neves na
professor pará-minense, Oro década de 1990. “Mas deixo
Marinho mora em Belo Ho- claro que sou um pintor de
rizonte, mas durante a pan- finais de semana, pois minha
demia acabou se transferin- profissão primeira sempre foi
do para Pará de Minas. E de o magistério. Até o final de
onde passou a dar suas aulas 2020, quando me aposentei,
on line na PUC Minas. Mas, fui professor de Matemática.
segundo ele, num futuro Desde 2021 tem se
bem próximo pretende ficar dedicado com mais constân-
entre Belo Horizonte e Pará cia à pintura. Seu atelier sem-
de Minas. “Talvez, de sexta a pre foi em Pará de Minas e,
segunda-feira aqui no Pará”, recentemente, foi reaberto
conta. ao público. “Não vivo de mi-
Oro estudou pintura nha arte, mas sinto-me mui-
com o artista plástico Rai- to realizado com tudo aquilo
mundo Costa no final da dé- que faço”, afirma Oro Mari-
cada de 1960, na Escola Guig- nho. Numa conversa com a
escritora Terezinha Pereira,
ele conta um pouco de seu
fazer artístico.

Cultura&GCausltturoranoemGiaas-trPoanroámdieaM- Pinaarsá-dne.0M2in- aMsa-inoº/J0un-hNoo2v.0220221 1155

Na primeira foto acima, Oro Marinho. O que o artista brasileiro O que representou para você
Nesta página, ao lado e na seguinte, precisa saber como artista estudar língua estrangeira e
as obras do artista. no Brasil? arte em terras estrangeiras?
Oro: Ele deve se preparar Oro: A importância de con-
para percorrer uma longa viver, in loco, com nativos
estrada, seguindo seus pro- de uma língua que você está
pósitos, estudando, pratican- se dedicando, é uma experi-
do, se desenvolvendo. Esse ência muito rica, indescrití-
preparo consta também de vel, fecunda e maravilhosa.
buscar novas técnicas para Faz bem para seu cérebro,
posteriormente se dedicar aumenta sua autoconfian-
àquela ou àquelas com as ça, você fica mais fluente
quais tem maior afinidade. na língua, além de conviver
Penso que a pessoa já nasce com a cultura do povo. Já na
com o talento para a arte; adolescência me interessava
para desenvolvê-lo utiliza-se por outras culturas; acredito
a técnica. E isto não depende que uma forma de chegar até
do país. Vale para qualquer elas, estando de longe, seria
um. Especificamente aqui no através do estudo da língua.
Brasil, apesar da arte brasilei- Surgida a oportunidade de
ra estar em franco reconhe- colocar em prática o que ha-
cimento no exterior, é muito via estudado aqui, parti para
difícil viver exclusivamente a ação, estudando italiano
de sua produção artística. em Florença, francês em Tou-
Talvez por ser considerada louse e russo em São Peters-
supérflua, desnecessária; não burgo.
ser de primeira necessidade.
A falta de cultura também tem Você morou um tempo em
sua responsabilidade nesta jo- São Petersburgo, na Rússia,
gada. para estudar a língua russa.
Você teve oportunidade de
Para você, qual a maior fun- estudar também pintura e
ção do artista na sociedade? desenho naquele país?
Oro: O artista desenvolve Oro: Infelizmente não, por
várias funções na socieda- falta de tempo, mas vi muita
de, seja no desenvolvimento arte espalhada por todos os
intelectual, na formação de cantos e museus. Dediquei-
opinião, na inclusão social, me ao aprimoramento da
na educação etc. Ele leva o língua. Quando fui para São
espectador a ver o mundo Petersburgo já tinha uma boa
de outra forma. Uma pessoa base da estrutura gramatical
não é a mesma após apreciar da língua russa e um bom vo-
uma obra de arte. Sem arte e cabulário.
cultura não há crescimento.
O artista é capaz de desper- O Museu Estatal Hermitage,
tar o entendimento, a emo- São Petersburgo, é conside-
ção e a imaginação de forma rado um dos museus de arte
significativa. mais importantes do mundo.

16 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

Qual a emoção de poder co- invasão. O ser humano está
nhecer de perto a obra de ar- regredindo à medida que a
tistas russos famosos como técnica avança a passos lar-
Kandinsky e outros? gos. É lamentável!
Oro: A emoção começa ao
chegar na grande praça que Seu livro “Brunelleschi e a
abriga o museu. O próprio cúpula da catedral de San-
museu já é uma obra de arte. ta Maria del Fiore” é resul-
Os russos o tratam por “Pi- tado de sua dissertação de
ter”. É indescritível a emoção mestrado profissional no
de apreciar as obras lá expos- Programa de Pós-graduação
tas. Além de artistas russos em Ensino de Ciências e Ma-
como Kandinsky, podem ser temática da Pontifícia Uni-
admiradas obras de Leonar- versidade Católica de Minas
do da Vinci, Rafael, El Greco, Gerais. Percebe-se que você
Matisse, para citar apenas utilizou de seus conhecimen-
pinturas. tos de uma vida inteira para
desenvolver sua pesquisa
De acordo com o que você e escrever sua dissertação:
pôde observar na sua convi- matemática, arquitetura, ar-
vência com o povo russo há tes plásticas, língua estran-
alguns anos, na cidade natal geira, viagens a Florença.
de Vladimir Putin, qual o seu Fale um pouco de sua pes-
pensamento sobre o conflito quisa.
entre Rússia e Ucrânia? Oro: Você tem razão ao afir-
Oro: Sou indiscutivelmente mar que coloquei meus co-
pela paz. A guerra desper- nhecimentos adquiridos ao
ta paixões, desnorteia. Há longo da vida para desen-
muitas motivações para essa volver minha pesquisa. Se-
guerra, mas no fundo trata- gundo Viktor Frankl no livro
-se de um processo de rede- “Em busca de sentido” – “no
finição da ordem social. Está passado nada fica irreme-
se decidindo quem vai man- diavelmente perdido, mas
dar no mundo nas próximas ao contrário, tudo é irre-
décadas e como esse mando versivelmente estocado. As
será exercido. Com a queda pessoas tendem a ver ape-
do muro de Berlin, os Estados nas os campos desnudos da
Unidos passaram a comandar transitoriedade, mas igno-
tudo com o apoio da União ram e esquecem os celeiros
Europeia. Washington deseja repletos do passado em que
eliminar o número dois em mantêm guardada a colheita
capacidade militar. Moscou das suas vidas”. Na prática,
age para não desaparecer. A minha pesquisa se iniciou em
invasão da Ucrânia é um ges- 2016 quando decidi fazer um
to vigoroso de autodefesa. mestrado que me trouxesse
Mas, nada justifica a guerra. prazer, satisfação e não uma
Só tenho a lastimar e repro- obrigação de apresentar um
var a falta de respeito pela resultado, e me sentir “alivia-

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 17

do” no final. Durante as aulas com eles assim que chegas-
fui colhendo informações e se em Florença para nossos
discutindo com minha orien- encontros. Resumindo, em
tadora, cheguei à conclusão dezembro de 2018 defendi
que voltaria minha pesquisa minha dissertação intitulada
para a interdisciplinarida- “A caminho da Catedral de
de, envolvendo Matemática, Santa Maria del Fiore”, que
História, Arquitetura e Arte. em 2021 se transformou no
Escolhi pesquisar sobre a cú- livro “Brunelleschi e a cúpu-
pula da Catedral de Florença la da Catedral de Santa Maria
e os impasses de sua constru- del Fiore” após algumas al-
ção porque é uma obra que terações, inclusive no título.
sempre me fascinou. Entrei Publicado pela Editora Fino
em contato com Giuseppe Traço, teve seu lançamen-
Conti, professor de matemá- to virtual em dezembro de
tica e Robeto Corazzi, arqui- 2021. Em linhas gerais a obra
teto, ambos da Universidade procura articular distintas di-
de Florença. Gentilmente me mensões temáticas: Arquite-
forneceram artigos e livros tura, Matemática, Geometria
escritos por eles sobre a ca- e Arte.
tedral e sua cúpula. Durante
o processo da escrita encon- Além de desenhar e pintar, o
trei-me com eles algumas que mais você gosta de fazer?
vezes. O que me encantou Tem algum hobby?
neste processo foi o des- Oro: Gosto muito de ler, cuidar
prendimento deles ao ceder de plantas, estar em contato com
preciosas informações, inclu- a natureza, cuidar do meu atelier,
sive me passando o telefone quando estou em BH, frequentar
particular para me comunicar teatros, concertos e cinema.

18 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

TRAVESSIAS:
arte e vida em mutação

T “ ravessias: Arte e vida em mutação é um verdadeiro Acima, obras do artista Michel Salazar
expostas na Casa de Cultura
mergulho na arte de um criador radicalmente atravessado pelo mis- de Pará de Minas (MG)
tério e pela beleza da existência. A arte de Michel Salazar reveste-se
de uma profunda dimensão mística, capaz de revelar a vibração, a
poesia e uma profusão de sentimentos contidos. Por debaixo da su-
perfície das coisas, habita um mundo mágico, munido de lirismo e
de delicadeza. Uma forte aura religiosa orna as criações deste artista
devotado”. Assim define Guilherme Diniz, curador da exposição do
artista, que está desde o dia 20 de abril na Casa de Cultura de Pará
de Minas.
Michel começou sua jornada pelas artes plásticas, em espe-
cial pela pintura a óleo, sua paixão até os dias de hoje, aos 13 anos de
idade. O artista produz obras sacras, como quadros, divinos, orató-
rios, entre outras. Algumas, produzidas em madeira, gesso e resina,
se inspiram no tradicional barroco, com peças em policromia, dou-
ramento com folhas d’ouro e esgrafiado, entre outras diversas téc-
nicas artísticas próprias. Suas obras contemplam quadros em varia-
dos estilos, como modernismo, pós-modernismo, impressionismo,
contemporâneo, clássico (renascentista e barroco), impressionista,
abstrato, “Art Nouveau” e Arte Bizantina, nos quais se destacam va-
riadas técnicas, como pintura a óleo, pintura acrílica, aquarela, entre
outras.
“Em Travessias, as obras expostas percorrem meus últimos
trajetos de vida como artista. Temos vivido momentos complicados
mundialmente e a arte vem para nos resgatar para a importância da
espiritualidade, pela busca do equilíbrio emocional e físico. Por isso
o tema central da exposição é baseado no elemento água, elemento
este que simboliza a renovação, a espiritualidade e as emoções que
fluem em torno das composições”, afirma Salazar.
Para Guilherme, renascer das cinzas, refazer os caminhos,
recriar a beleza e revitalizar nossos sonhos, estas são atitudes que a
arte, em toda a sua força imaginativa, nos impulsiona a fazer. Aí está
o sentido maior desta exposição.
A exposição vai até o dia 23 de maio e a entrada é gratuita
para todas as idades.

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 19

Fotos: divulgaçãoA arte de adoçar & ENCANTAR

J aqueline Marinho de Souza vem de uma família de artis-

tas. As cores, a estética, o cuidado ao transformar ingredientes em
belos docinhos e o amor ao que se faz, torna a confeiteira de Pará
de Minas na “fada madrinha” das festas de crianças e adultos. São
aqueles clientes que sonharam com um momento especial, não só
para registro fotográfico, mas para permanecer na memória, no pa-
ladar e no coração de quem as desejou fazê-las e de quem teve o
privilégio de participar deste dia inesquecível.

20 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

Proprietária da Alfajor decorados para um batizado.
e Cia, Jaqueline começou o seu A confeiteira lembra que tinha
negócio de doces decorativos há poucas forminhas, quase nada,
sete anos quando sua filha che- e que começou a inventar. “Deu
gou em casa com um alfajor na certo e depois disso, essa ami-
mão – doce muito conhecido e ga foi me indicando e surgindo
popular no país vizinho, a Argen- vários pedidos e novos temas.
tina – e perguntou se ela conse- Mas alguns eu tive que rejeitar
guiria fazer igual. Nessa época, a fazer, pois ainda não tinha ma-
Jaqueline fazia apenas doces terial e nem noção de como de-
simples, tradicionais por enco- veria ser feito”, afirma.
menda. Ela conta que tentou Por esse motivo, Jaque-
fazer o melhor alfajor possível e line passou a procurar cursos
que os filhos – Daniela, Vinícius para fazer e o primeiro deles foi
e Gabriela –, adoraram. na “Maria Chocolate”, em Belo
Mas recorda que o al- Horizonte (MG). Depois disso,
fajor não tinha nada de decora- não parou mais de se aperfei-
ção. Foi então que teve a ideia çoar e focou o seu negócio em
de olhar tudo a respeito pela in- modelagem para doce infantil.
ternet e como poderia decorar “Mas acabo fazendo doces para
para que fosse ainda mais atra- todas as idades”, ressalta. Atu-
tivo. “Comprei uma pasta ame- almente faz parte de um grupo
ricana e comecei a testar para fechado de confeiteiras onde a
ver se daria certo”, comenta. Se- confeiteira chefe – Lorena – dá
gundo ela, certo dia uma amiga aulas e ajuda a tirar dúvidas de
a pediu que criasse alguns doces quem participa dele. De acordo

Jaqueline de Souza reproduz com
maestria personagens dos desenhos e
da imaginação de quem contrata seus

serviços de confeiteira.
Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 21

com Jaqueline, não é fácil entrar para esse gru-
po e quem já está nele foi por mérito.
Ela conta que desde que começou a
trabalhar com doces decorados já fez mais
de duas mil festas e que entre os temas mais
solicitados estão, as fazendinhas, galinha pin-
tadinha, safari, circo e batizados e que, nor-
malmente são as mães que escolhem quando
a criança tem até um ano de idade. “A partir
dos dois aninhos, são as próprias crianças que
escolhem. Tenho que assistir aos desenhos
animados, buscar informações e materiais a
respeito dos personagens e conversar com as
próprias crianças para saber qual é a expecta-
tiva delas. Não é só sentar e fazer. Existe todo
um processo para que tudo fique o mais per-
feito possível”, comenta a confeiteira.
Jaqueline faz questão de dizer que co-
loca muito amor em tudo que faz e tudo que
faz é porque gosta e que se sente feliz em ver
as pessoas postarem fotos das festas, das me-
sas de docinhos e marcarem a Alfajor nas re-
des sociais. “É o que mais me motiva a aperfei-
çoar, cada vez mais, e a fazer doces ainda mais
lindos e perfeitos”, finaliza.

22 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

Fazendinha

Mundo Bita

Bom dia
O Sol já nasceu lá na fazendinha
Acorda o bezerro e a vaquinha

Que já cocoricou dona galinha
Levanta

Que o cavalinho já pulou da cama
Que o pintinho tirou seu pijama

E o porquinho já caiu na lama
Lá na fazendinha é manhã

Deixa de manha e vem pra cá
Que o Sol raiou e agora é hora de brincar

Composição de Chaps Melo, com todos os direitos reservados à Mr. Plot

Cultura e Gastronomia em Pará de Minas nº 0 - Nov. 2021 23

TERAPIA GASTRONÔMICA / Andréa Moreira

Cozinha TERAPIA

C ozinhar é uma espécie de alquimia. Esse pro-

cesso de escolher ingredientes cortá-los, combiná-los e
transformá-los em pratos inexplicáveis pode ser uma
ferramenta para desenvolver habilidades preciosas no
dia a dia.
Os antigos alquimistas eram os químicos da An-
tiguidade. Eles buscavam uma substância chamada "pe-
dra filosofal" para transformar chumbo em ouro. O que
não é diferente na culinária, já que essas transmutações
de substâncias combinados em processos químicos pro-
piciam o êxtase para as papilas gustativas dos apreciadores da
qualidade e do refinamento de comer bem. Daí o termo gour-
met (do francês: 'aquele que sabe degustar e apreciar vinhos e
comidas finas').
Cada vez mais as pessoas vêm descobrindo os benefí-
cios de cozinhar por prazer. Afinal, quem não tem um parente,
amigo ou conhecido “chef”?
A cozinha como forma terapêutica vem ganhando ter-
reno no mercado, pois pode relaxar, ajudar a pensar melhor e
manter o foco durante o preparo de alguma receita. Um estudo
realizado nas universidades de Otago (Nova Zelândia), Caroli-
na do Norte e Minnesota (Estados Unidos), acompanhou 658
jovens durante duas semanas onde a terapia culinária foi a téc-
nica utilizada para aliviar o estresse e melhorar atividades so-
ciais e de memória. A pesquisa constatou que a cozinha terapia
incentiva os pensamentos positivos e é um método eficaz para
melhorar os hábitos saudáveis.
A cozinha terapia é indicada para qualquer pessoa que
procure hábitos mais prazerosos. Por meio da gastronomia, é
possível promover o bem-estar e aumentar a capacidade de
planejar, organizar e estimular a capacidade de criar.
Não é à toa que a cozinha terapêutica é utilizada para
melhorar habilidades sociais, a memória e amenizar o estresse.
Estes benefícios psicológicos são estratégias que trazem bem-
-estar e felicidade.
Aprender a brincar com sabores e combinar novos ali-

24 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

mentos pode ser saudável para o corpo e para a mente. Então, Andréa Moreira é
que tal se aventurar no universo culinário e ousar reproduzir graduada em Psicologia e
ou reinventar seu prato preferido? Deixo aqui minha receitinha tem mestrado em Interven-
“secreta” para aliviar o estresse, de um pudim de queijo com ções Psicosociais em Psico-
goiabada: logia. Poeta e contista, já foi
premiada pela “L´Accade-
Pudim de queijo com goiabada mia Internacionale Il Convi-
vio”, na Itália e pela Casa de
Ingredientes: Espanha.

5 ovos
1 lata de leite condensado
1 lata leite
1 copo de requeijão
1 xícara queijo curado ralado

Modo de fazer:

Bata tudo no liquidificador
Faça uma calda com duas xícaras de goiabada diluída em água
suficiente para amolecer o doce. Espalhe numa forma de bolo
inglês. Despeje a mistura e asse em banho-maria por 50 minu-
tos em forno pré-aquecido (180 graus).

Bon appétit!

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 25

VINHOS / Fernando Moreira

Um diamante chamado BORDEAUX

L ocalizada no lito- Oceano Atlântico. Essa enor-
me quantidade de água é mui-
ral Oeste da França, a região to importante para o cultivo
de Bordeaux é um diamante de uvas na região, já que ela
no mundo dos vinhos e tem promove um clima mais ame-
como sua maior expressão no além de ter efeito termor-
as uvas Cabernet Sauvignon regulador, impedindo grandes
e Merlot. Além da vitivinicul- oscilações de temperatura.
tura, Bordeaux é uma região Além das águas, outro
super desenvolvida do ponto fator que contribui e muito
de vista econômico e cultural, para o terroir da região é o
sendo considerada, por mui- solo. Tendo como referên-
tos franceses, a nova Paris. cia o estuário de Gironde, a
Mas o que faz Bordeaux ser composição do solo da mar-
tão especial? gem esquerda e direita são
Geograficamente fa- completamente diferentes e
lando, a região conta com acabam gerando vinhos com
uma grande massa d’agua características também dife-
proveniente dos rios Garone e rentes, inclusive as uvas plan-
Dordogne, que se encontram tadas em cada lado são dis-
e formam o grande estuário tintas devido à adaptação em
de Gironde desaguando no cada microrregião.
Na margem esquerda
do estuário, temos a composi-
ção do solo bastante pedrego-
sa, um solo mais seco, que em
dias ensolarados, vai absorver
bastante calor e posterior-
mente irradiar para o vinhe-
do. Essas características são
ideais para o cultivo de uvas
com amadurecimento tardio,
que é o caso da Cabernet Sau-
vignon, sendo ela a principal
uva plantada na margem es-
querda do estuário. Existem
“Apelações de Origem” (AO)
muito renomadas nesta re-

26 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

gião, sendo algumas delas; ridade muito importante da Sommelier e proprietário do Bodega
Médoc, Haut-Médoc e Gra- região, é a classificação em re-
ves... Nessas AOs citadas, a lação às safras, o clima de Bor-
grande maioria dos vinhos deaux é bastante inconstante
são cortes, mas tendo em sua e imprevisível, sendo assim,
maior parte da composição, a existem safras excepcionais e
principal uva da região, a Ca- outras já não tão aclamadas.
bernet Sauvignon. E aí, agora que você
Atravessando o es- já sabe um pouquinho sobre
tuário e indo para a margem Bordeaux, o que acha de de-
direita, encontramos um solo gustar um exemplar produ-
bastante argiloso, que retém zido nessa terra maravilhosa
muita água, promovendo um que tanto contribui para o
ambiente húmido e um clima mundo dos vinhos? A Bodega
mais frio, ideal para o cultivo tem clássicos cortes bordale-
de uvas com amadurecimento ses e, também, varietais para
precoce, que é o caso da ou- os que preferem experimen-
tra uva emblemática de Bor- tar a uva em sua essência.
deaux, a Merlot. Algumas fa-
mosas AOs da margem direita
são; Pomerol e Saint-Émilion.
Da mesma forma que na ou-
tra margem, aqui também os
vinhos são em sua maioria
constituídos pelo corte Borda-
lês, mas agora tendo em sua
maior parte da composição a
Merlot.
Apesar da Cabernet
Sauvignon e Merlot serem as
principais uvas desta região,
outras castas também são
permitidas dentro das Apela-
ções de Origem de Bordeaux,
são elas: Cabernet Franc, Mal-
bec, Petit Verdot, Sauvignon
Blanc, Semilion, Muscadelle e
Ugni Blanc.
Uma grande caracte-
rística dos vinhos de Bordeaux
é a rusticidade, os vinhos bor-
daleses são bastante elegan-
tes e fogem um pouco daque-
la potência aromática frutada,
geralmente são de médio cor-
po e em uma grande parte da
produção tem potencial de
guarda. Uma outra peculia-

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 27

Minas no
CÉU DA BOCA

*Por Conceição Cruz

E stou aqui no meu cantinho de mundo, a cismar com

o dito “céu da boca”, porque a ideia remete a algo divino, imor-
tal!
Comecei até a rascunhar um projeto para recolher as melho-
res receitas de meus amigos, com seus segredos e delícias para
criação de um livro, ainda que virtual, recheado de fotos, de
memórias olfativas, gustativas etc. Assim, se você tem aquela
“receita dos deuses” aí, que é preparada em ocasiões especiais,
temperada com boas lembranças, amor e carinho, é dela mes-
ma que estamos precisando para um tempinho de escrita e de
preparo regado à uma boa prosa em volta de uma mesa rode-
ada de amigos!
Outro dia, recebi um vídeo (https://www.youtube.com/
watch?v=6NbmDT2R4Cc) onde Lima Duarte, ator, relembra ou-
tros tempos e fala da necessidade da cria ser vista pela vaca du-
rante a ordenha para liberação amorosa, espontânea e imedia-
ta do leite o qual finaliza com o questionamento sobre o amor
perdido em face da mecanização dos processos, da vida.
Lembrei-me de que o bebê, na fase de experienciação, nada lhe
escapa da boca e muitas pessoas adultas confundem comida
com afetividade:
_ Meu vizinho é bom! Ele gosta de receber as pessoas
com cada prato, cada qual mais delicioso!
Ou, não é boa gente:
_ na casa de fulano, não servem nem um copo de água!
E aquela conversa na roça, ao pé do fogão à lenha?
Como é aconchegante!
Geralmente, o design afetivo marcado pelo fogão e
chão vermelhos, perpetuam memórias coletivas.
Ou aquelas receitas maravilhosas, o não dito, deliciosa-
mente, presente nas receitas de família cheias de segredo?
Mineiro tem fama de falar pouco e, dada a sua característica
de ser bom amante por natureza, parece levar tão a sério isto,
até no preparo da comida, a qual é servida com esmero, talvez
como forma de demonstrar de maneira concreta e de expressar
“eu te amo!”, nas mínimas coisas, mesmo nas mais corriquei-
ras...

28 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 29

A partir daí, do amor não dito, po-

rém, expresso nas atitudes e práticas da boa

mesa, seja possível começar a vislumbrar a

ideia de paraíso ...

Mas, como os hábitos e costumes

alimentares são diferentes!

Ao alongar um pouco o conceito de

vizinhança, na Argentina, há o chunchulin,

assado preparado com intestino bovino.

É oportuno lembrar de um outro as-

pecto: comida e religiosidade – passeando

pela história do alimento, há o maná, pão

vindo dos céus; o Levítico, na Bíblia, a ensi-

nar o que se deve ou não comer; a carne de

porco proibitiva para os antigos cristãos e,

hoje, para um número expressivo de muçul-

manos etc.

O que pensar de comida e pande-

mia?

Há quem defenda que a pandemia

surgiu do hábito alimentar chinês de prepa-

ro de sopas à base de morcegos e cobras...

(https://veja.abril.com.br/saude/coronavi-

rus-pode-ter-sido-transmitido-por-sopa-de-

-morcego-e-carne-de-cobra/).

E há a estória de que o nosso deli-

cioso queijo surgiu há milênios, a partir do

transporte do leite por longas horas em

bolsa feita de estômago de animal e que re-

O acarajé é uma das delícias mais pedidas pelos hóspedes e servida pela sultou na separação do soro e da coalhada,
baiana Jeane em um dos restaurantes do resort Transamérica Ilha de apropriados para alimentação humana.
Comandatuba. Diante da diversidade, o conceito de “delí-

cia” torna-se bastante peculiar e remete ao sentimento de pertencer a determinado grupo e ou

cultura, o qual tem personalidade própria e se distingue dos demais, seja pelos hábitos e costu-

mes alimentares ou valores a

eles associados, pela memória

e forma de fazer, por exemplo.

Muita coisa já faz par-

te do imaginário popular: dá

para falar da Bahia, sem asso-

ciar ao acarajé? Se bem que,

na época da copa de 2014,

conforme consta em diferen-

tes sites, inclusive, do próprio

governo, a sua venda esteve

ameaçada por interesses di-

versos (https://www.palma-

res.gov.br/?p=23691):

30 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

*Advogada, compositora, escritora, “As recomendações da Federação Internacional de Futebol
poetisa, professora, Doutora em (Fifa), para o comércio durante a Copa do Mundo de 2014,
Ciências Jurídicas e Sociais podem comprometer a promoção de um bem brasileiro
tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti-
co Nacional (Iphan) como patrimônio imaterial, o acarajé.
Caracterizado como comércio ambulante, além de ter sua
venda permitida somente a partir de 2km do perímetro dos
estádios, o tradicional bolinho ainda terá que concorrer
com os hambúrgueres produzidos pela rede McDonald’s,
patrocinadora oficial da Fifa”.

Aqui, em Minas, terra do pão de queijo, onde há rios e
rios até de leite e de mel, como afirmado e reafirmado na melo-
dia Uai, Minas Gerais (https://www.youtube.com/watch?v=fH-
TRtzhkuJw), o produtor rural tem travado verdadeira luta para
preservar a tradição na forma artesanal de preparo do queijo,
haja vista os ditames da legislação federal e estadual, no decor-
rer dos anos:

“(...) a Lei 23.157/2018, aprovada nesta quarta-feira, vai
beneficiar aproximadamente 30 mil produtores de queijos
artesanais em todo o estado mineiro (...) Antes da normati-
zação, apenas o queijo minas artesanal de casca lavada tinha
embasamento legal para ser produzido no estado – sem per-
mitir variações do produto”.
( h t t p s : / / w w w. e m . c o m . b r / a p p / n o t i c i a / e c o n o -
mia/2020/08/19/internas_economia,1177537/nova-lei-re-
gulamenta-producao-abre-mercado-para-queijo-artesanal-
-minas.shtml )

Em contrapartida, há um movimento em nível mundial
para reconhecimento das tradições culinárias, saberes e prá-
ticas, para além das memórias locais, agregando-lhe valores,
inclusive, comercial:

A forma de preparar determinada receita pode até ser di-
ferente de um lugar para o outro. Mas os saberes e ritu-
ais praticados em volta dela, desde os primórdios, nunca
mudam. Nesse ponto está o chamado ‘trabalho de salva-
guarda’, organizado pelo Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), na garantia da preservação de processos
culinários. Estes são únicos e enraizados no seu local de
origem. Não cedem a pressões da modernidade ou a leis
de comércio, mas fazem o mercado lembrar que o sabor
especial de uma comida tem um sentido. (https://www.
folhape.com.br/sabores/conheca-os-alimentos-considera-
dos-patrimonio-historico/158585/ )

Um dia, Minas foi rica em ouro; hoje, tem a riqueza do
conhecimento, da culinária que não se esgota nas cozinhas...
Aqui, no meu cantinho mineiro de mundo, tento vislum-
brar o quanto de respeito, de entusiasmo e de amor há no pre-
paro de um alimento, especialmente, ao longo dos anos e das
tradições...
Ou se há propriamente dito um céu na boca será mes-
mo que alimento e afetividade se comunicam? Ou, quando e
onde nos perdemos?

Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022 31

GOURMET / novidades

ViticulturaSUSTENTÁVEL

Desde 1973, a CHANDON deira, reduzindo o uso de produtos
químicos, racionalizando o manejo do
se dedica exclusivamente a elaborar vinhedo e melhorando as condições
espumantes nas Serras Gaúchas de para cobertura vegetal e o aumento da
forma mais sustentável e responsável. biodiversidade. Além disso, CHANDON
Ela possui seu vinhedo próprio, em implementou um sistema de logística
Encruzilhada do Sul, considerado um reversa que permite que os resíduos
modelo em viticultura sustentável. Na sejam revertidos à indústria e reutiliza-
busca da preservação de suas terras, dos.
tornou-se a primeira vinícola brasileira Coletando o lixo, a empresa o
a receber a certificação PIUP (Produ- separa de acordo com cada categoria e
ção Integrada de Uva para Processa- o envia diretamente a fornecedores lo-
mento), de viticultura sustentável para cais que o reciclam. Hoje em dia, mais
elaboração de espumantes. de 99,34% dos resíduos gerados du-
A CHANDON conquistou rante o processo produtivo na vinícola
essa certificação colocando em práti- são reciclados e esforços constantes
ca técnicas de sustentabilidade neste são destinados à melhoria contínua
terroir único, as quais consistem em desses números.
estimular as defesas naturais da vi-

Vinícola Aliança recebe título
de melhor Chardonnay

em concurso na França

A França se rende novamen- Chardonnay foi eleito o melhor vinho
te ao Aliança Chardonnay Safra 2020. entre os brasileiros inscritos na com-
Pelo segundo ano, a Vinícola Aliança petição recebendo o título “Prêmio
é destaque no concurso Citadelles du Especial Brasil”. Além disso, o exemplar
Vin. Nesta 22ª edição, o exemplar da garantiu a medalha de ouro.
Aliança foi escolhido o melhor Char- O Aliança Chardonnay Safra
donnay entre os inscritos do mundo 2020 é elaborado na Campanha Gaú-
todo, com a distinção “Prêmio Especial cha e passa por barricas de carvalho
DUAD’s Club” e medalha de ouro. americano por três meses, conferindo
A competição reuniu um júri intensidade na coloração e no sabor.
composto por 40 avaliadores de 21 na- Uma das melhores safras produziu um
cionalidades diferentes para analisar exemplar refrescante, com paladar jo-
831 amostras de 24 países. O evento vem, tostagem leve e grande potencial
foi realizado em Bourg-sur-Gironde, aromático, que lembra notas adocica-
região de Bordeaux, na França. Na 21ª das como abacaxi em calda e tons de
edição, realizada em 2021, o Aliança defumados.

32 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

LIVROS / Sugestão de leitura

A escola com que sempre sonhei O amante imaginário
Autora: Terezinha Pereira
sem imaginar que pudesse existir
1ª Edição/2012
Autor: Rubem Alves Nº de páginas: 96
13ª Edição/2012 Pará de Minas, MG. Editora: Código

Nº de páginas: 125
Campinas, SP

Editora: Papirus

Racismo & Sociedade Ercília Nogueira Cobra
Virgindade inútil e anti-higiênica
Autor: Carlos Moore
2ª Edição/2012 Estudos e notas de
Imaculda Nascimento
Nº de páginas: 304
Belo Horizonte, MG 1ª Edição/2021
Nº de páginas: 200
Editora: Mandyala Belo Horizonte, MG. Editora Luas

O que é ser mulher

*Terezinha Pereira

– E possível chegar a uma resposta? Ou temos várias respostas a essa curta
pergunta?
– O que é ser mulher, onde? Aqui em Pará de Minas? No nordeste, no sul do pais,
no meio rural? Na França, No Canadá, em países da África, na China, no Japão, em países
islâmicos, mulçumanos? Na Ucrânia, na Rússia? No Afeganistão?
– Mais perguntas surgem: O que é ser mulher negra? Ser mulher pobre? Ser mu-
lher com deficiência? Ser mulher idosa, gorda, magra, feia, alta, baixa, trans? Ser mulher de
curso superior, ser mulher que mal sabe ler?
– A partir de qual desses lugares devo responder o que é ser mulher?
– Ser mulher hoje, em Pará de Minas, para mim, é ter uma vida diferente da
vida levada por minha avó, por minha mãe, por gerações anteriores à minha. Nesse
meio tempo ou a partir de antes do tempo de minha avó, muitas mulheres lutaram,
muitas morreram para que nós, mulheres de hoje, pudéssemos ter alguns direitos
a mais do que tiveram as mulheres em épocas passadas.
– As outras aqui a meu lado, mais jovens do que eu, “como mulheres em
Pará de Minas” puderam usufruir de mais direitos do que eu pude na minha
adolescência, na minha juventude. Sou do tempo em que uma “moça direita”
não podia sair com o namorado sem “uma vela”; estudei num colégio onde se
admitia somente pessoas do sexo feminino.
Surge outra pergunta: será que, uma mulher negra, uma mulher trans, uma
mulher com deficiência, uma mulher que ganha salário mínimo tem os mesmos
direitos do que eu aqui em Pará de Minas?
Então indago: o que é ser mulher em que lugar no mundo?
– Devemos lembrar sempre que existem amplas áreas do planeta nas quais a
condição feminina é das mais terríveis. Mas também existem lugares em que muitos
direitos já estão consolidados, mas, mesmo assim, nesses lugares ainda é difícil ser
mulher em cada meio em que está inserida.
– Então para que um “dia da mulher”? Para ganharmos flores e presentes? De ga-
nhar flores e presentes, quem não gosta?... Acaso, queremos só isso? “8 de março” é um
dia para a mulher ser feliz ou um dia para pensar? Um dia para ser iludida com mensagens
bonitas, cheias de carinho e promessas de amor, mensagens que elogiam nossa força, nos-
sa coragem e só?
– “8 de março” deve ser um dia para nós mulheres nos unirmos sabendo que em
algum lugar do mundo, milhares de mulheres estão sendo abusadas de forma psicológica
ou física, justamente por serem mulheres. Precisamos nos unir para transformarmos o fu-
turo das mais jovens e das mulheres das próximas gerações. Temos, juntas, de lutar para
que as coisas mudem profundamente. Isso depende de nós, mas também de uma série de
coisas que agem contra nós.
Termino com uma pergunta: o que todas nós, unidas podemos fazer?

* Este texto foi apresentado por Terezinha Pereira no dia 8 de março deste ano quando foi comemorado, na Casa de Cultura de
Pará de Minas, o Dia Internacional da Mulher. Porém, ele continua sendo leitura atual e pertinente, tanto para as mulheres quan-
to para os homens que querem viver em um mundo melhor.

34 Cultura&Gastronomia - Pará de Minas - n.02 - Maio/Junho 2022

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