The words you are searching are inside this book. To get more targeted content, please make full-text search by clicking here.

Revista de Cultura e Gastronomia com foco no público de Pará de Minas (MG)

Discover the best professional documents and content resources in AnyFlip Document Base.
Search
Published by TODAVOZ EDITORA, 2021-11-23 15:31:13

Cultura & Gastronomia

Revista de Cultura e Gastronomia com foco no público de Pará de Minas (MG)

Keywords: Pará de Minas,cultura,gastronomia,cinema,artes plásticas,Beatriz Valdez

REVISTA - ano 1 - nº 0 - MG p mará deinas

HOMENAGEM A UM
PARÁ-MINENSE ILUSTRE

Caro leitor,

Construindo Fátima Peres
Editora
juntos

C omo jornalista, há anos sonho com xe até aqui foi a minha origem. Sou pará-
a possibilidade de editar uma revista -minense (MG) e, apesar de ter saído de
que traz em suas páginas o que tem de Pará de Minas ainda criança, Pará de Mi-
mais interessante no campo da cultura e nas nunca saiu de mim.
da gastronomia. Dois temas que, juntos e É evidente que a cidade já não é
misturados, são extremamente prazerosos mais a mesma. Está cada vez maior, mais
para a maioria das pessoas. vibrante, cosmopolita, moderna. Portanto,
Quem ama uma boa leitura, com acredito que, com todos os colaboradores
certeza, também se delicia com um pra- que abraçaram este projeto de revista, po-
to bem feito, com todo cuidado, paixão e deremos levar aos leitores, informações,
sensibilidade. dicas, artigos, sugestões, contos e crôni-
Em diversos livros, literários ou cas, em que Pará de Minas é ponto de
não, ficção ou não, a culinária está presen- partida e de chegada: notícias dela para
te, permeando a vida das personagens en- mundo; e do mundo para ela.
tre uma história e outra. Neste primeiro número, gostaria
Assim como os livros e a gastrono- de agradecer a confiança de pessoas como
mia, a música, as artes plásticas, a dança Ricardo Ribeiro, Terezinha Pereira, Maria
e o cinema também nos encantam e nos Fernanda, José Roberto, Malluh Praxedes,
transportam para um êxtase de satisfação Lisyanne Marinho, Alex Coelho e todos
e alegria. que, de uma forma ou outra, nos brinda-
Depois de anos atuando no jorna- ram com sua preciosa colaboração.
lismo econômico e na Comunicação Em- Estamos construindo uma histó-
presarial, editar Cultura e Gastronomia ria, juntos, e que seja longa, frutífera e de
- Pará de Minas (MG) é para mim o prê- muitos capítulos felizes e saborosos. Espe-
mio que buscava conquistar fazendo o que ro contar com mais e mais colaboradores
mais gosto. Confesso aqui, a minha melhor que amam as artes, as letras, os aromas,
realização profissional. os sons e os sabores de uma vida com mais
E o principal motivo que me trou- cultura. Boa leitura!

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - n.01 - Out. 2021 3

COM A PALAVRA / Presidente da ALPM

SOBRE O DIA

da Academia de Letras
de Pará de Minas

A Academia de Letras de Pará de Minas foi agraciada com um valo-
roso reconhecimento institucional: o Projeto de Lei Ordinária nº 151/2.021,
de autoria da Vereadora Irene Melo Franco. No dia 3 de novembro de 2021
foi votado e aprovado por unanimidade e resultante de articulação promo-
vida pela Acadêmica Conceição Cruz. Por este dispositivo legal, no dia 20 de
setembro, será comemorado, todo ano, o “Dia da Academia de Letras de
Pará de Minas”. Esta data integrará o calendário cultural oficial da cidade.
Para maior alegria, este é também o dia de aniversário da instituição, fun-
dada no ano de 1997.

A partir deste evento histórico, a proporcionar novos horizontes
para iniciativas em prol da cidade e da Academia, obraremos com grandes
esforços para fazer jus a esta honrosa homenagem. Continuaremos atuando
para atender as prerrogativas sob as quais se estabelece a fundação de uma
Academia de Letras.

Responsabilidade é termo que alicerça e retrata a vontade de agir,
bem como o nível de consciência em relação ao nosso papel. Reafirmaremos
a disposição de manter a tradição de cidade que cultiva suas raízes, traba-
lhando para trazer à luz novas escritoras e escritores. Lançando o olhar para
fora, percebemos nos conterrâneos, imensa vontade de interagir e compar-
tilhar o que a Arte Literária proporciona. Em contrapartida, nos dedicare-
mos, ainda mais, ao substancial trabalho de promover a LEITURA onde quer
que possa ser acolhida, para garantir a perpetuação de nossos sonhos, valo-
res e virtudes.

Valmir José Costa Diniz
Presidente da Academia de Letras de Pará de Minas

4 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

SUMÁRIO

Expediente

Revista Cultura e Gastronomia-
Pará de Minas é uma publicação
da Todavoz Editora.

CAPA: Alex Coelho 06
PUBLISHER E JORNALISTA
RESPONSÁVEL: A Academia de Letras de Pará de Minas (ALPM)
Fátima Peres está de casa nova. Desde setembro de 2021, a
Reg.Profissional: entidade passou a ocupar o andar superior do
MG 03731JP Centro Literário Pedro Nestor.
E-MAIL:
fatimaperes@todavozeditora. 14
com.br
COLABORADORES: A arte dos bonecos
Malluh Praxedes
Maria Fernanda Melgaço O mundo do “Era uma vez” do criador de bone-
Ricardo Ribeiro cos e “sobrevivente”, Geraldo Phonteboa.
Terezinha Pereira
FOTOS: Todavoz Editora, 20
arquivos pessoais dos auto-
res e Pixabay. Gastronomia
PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO:
Todavoz Editora LTDA. A saborosa história da gastronomia
CONTATO: brasileira e dicas de harmonizaçao
contato@todavozeditora. para as festas de final de ano.
com.br
Comercial: (31) 3879-7422 26 - Cinema
(31) 99821-6566 30 - Música
INSTAGRAM: 32 - Crônica
todavoz_editora
SITE:
www.culturaegastronomia.com
www.todavozeditora.com.br
* Todos os artigos/textos as-
sinados são de inteira respon-
sabilidade de seus autores.

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 5

ESPAÇO ALPM / Nova sede

O presidente da Academia de Letras de Pará de Minas (ALPM), Valmir José, o prefeito de Pará de Minas (MG), Elias Diniz, acadêmicos e várias autorida-
des estavam presentes nesse momento importante para a instituição das Letras paraminenses. Nas fotos da página seguinte, detalhes da nova sede

ACADEMIA DE LETRAS,

agora, no Centro Literário Pedro Nestor

Em noite de festa e comemoração, a Academia de Letras de Pará
de Minas (ALPM) inaugurou em 20 setembro de 2021, sua nova sede.
Após vários anos de reivindicações junto ao poder público da cidade, a
nova sede passa a funcionar no segundo piso do Centro Literário Pedro
Nestor, que foi totalmente restaurado e tombado pelo Patrimônio Público
Municipal. O espaço da ALPM conta com uma antesssala de recepção, um
amplo salão, onde serão realizadas as reuniões e eventos, varandas, cozi-
nha, elevador social e dois banheiros totalizando em torno de 70 metros
quadrados de área. O presidente da ALPM, Valmir José, a acadêmica Car-
mélia Cândida e o prefeito de Pará de Minas (MG), Elias Diniz decerraram,
a placa comemorativa.

6 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

N o dia em que a cidade de pode estar presente neste belo
Pará de Minas (MG) com- momento. Sua frágil saúde a im-
pletava 162 anos de existência, a possibilitou de participar da inau-
prefeitura do município devolveu guração. Mas as homenagens não
ao povo paraminense o Centro Li- faltaram.
terário Pedro Nestor, um prédio O Centro Literário irá abri-
histórico que foi totalmente res- gar no primeiro piso uma acade-
taurado após mais de uma década mia de dança, e no segundo, a Aca-
de espera. demia de Letras de Pará de Minas
Localizado na rua Benedi- (ALPM) onde irá acontecer diver-
to Valadares 183, bem no centro sos eventos, não só literários, mas
da cidade, o Centro Literário já exposições de arte, performances
foi palco de diversos eventos cul- artísticas, feiras de livros, encon-
turais e de muita história de vida tros culturais, entre outras ativida-
e até hoje ainda está presente na des.
memória de centenas de pessoas. Durante o evento de inau-
Construído em 1902, tem como guração, foram feitas várias home-
patrono, o então desembargador, nagens relembrando os tempos
Pedro Nestor, que dá nome ao pré- áureos do Centro Literário, entre
dio. elas, uma apresentação de dança,
A acadêmica Adélia Sales, música e poesia recitada pela aca-
filha de Pedro Nestor, tinha como dêmica Carmélia Cândida. O pre-
sonho que o local fosse restaura- feito de Pará de Minas, Elias Diniz
do e devolvido para a população disse que estava muito feliz de en-
paraminense de acordo com a sua tregar aos cidadãos do município
origem, ou seja, como Centro Lite- uma obra de grande importância e
rário. Foram muitas lutas até a sua que só viria valorizar ainda mais a
concretização. Porém, Adélia não
cidade.

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 7

Da esquerda para direita, foto 1: presidente da
ALPM, Valmir José; foto 2: acadêmicos; foto 3:
Ângela Xavier e José Roberto; foto 4: Fátima
Péres e Diva Diniz (esposa do prefeito de Pará
de Minas); foto 5: Carmélia Cândida; foto 6:
prefeito Elias Diniz e Pedro Gonzaga; foto 7:
José Roberto e Malluh Praxedes, foto 8: Lígia
Muniz e foto 9: secretária de Cultura, Andréia
Xavier Paulino.

8 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

Por que o escritor escreve?

Por que o escritor escreve? Carmélia Cândida
Por que amamos as palavras?
Ora! O que significa escrever? ressignificar

Não são perguntas fáceis
Já vou logo dizendo
Isso de porquês é coisa chata

A gente escreve porque escreve
Não tem muita explicação
Ainda assim, cada um tem sua razão

Para o Phonteboa, escrever é uma necessidade A B
Para a Malluh, escrever é orgânico Escritor C
Para o Simeone, escrever é a, é b, é c
É ir ao x, ao y e ao zê
Para a Regina, é o dom de dizer o que não suporta se calar
Para o José Roberto, abrir uma porta para alguém entrar
Já eu? Eu escrevo para me ressignificar
E é assim, cada um terá os seus motivos

A Fátima terá os dela, o Pedro, a Ângela
E assim por diante
Até o Elias (Diniz), se vier a escrever
Também terá os seus porquês

Para escrever, a Deia Miranda, que nasceu rebelde a horários,
Não gosta de obedecer aos ponteiros
Acha que que se ficar obedecendo, obedecendo... não vai sobrar tempo para a poesia.
O Valmir diz “somos escritores por amor à arte da escrita”
E diz mais: a linguagem é que dá ritmo às ações humanas

E por que amamos as palavras? palavras
Não. Não amamos as palavras simplesmente!
Amamos os significados, os arranjos, as construções X cultura
Porque palavras são só palavras
Vazias não servem pra nada
E aí vem a Lígia e diz:
A palavra diz muito mais que seu significado
Que o seu contexto ou a falta dele

E nós, literatos de uma academia de letras,
Somos mesmo imortais?
É o que dizem... Sei lá... Que assim seja!
Mas o que somos, o que somos mesmo,
É apaixonados por literatura, pela arte e pela cultura

E é por isso que estamos aqui, Y
Celebrando este momento!
Com muita alegria e com todo sentimento escrita Z

E este Centro Literário? Significado
Literário, prestem atenção nesta palavra
Botem reparo!
Estamos aqui, vivendo um retorno,
Ao início. Um momento histórico!
Que emoção! O que podemos dizer?
Que estamos muito felizes
Só temos a comemorar e a agradecer!
Aos que batalharam antes
Aos que batalharam agora
Muito obrigada!

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 9

RESENHAS / Terezinha Pereira

FAÇA-SE a noite!

Divulgação:https://www.editorape- Faça-se a noite! é título te, o canário que sabe abrir a porta
nalux.com.br/loja/faca-se-a-noite do livro e do último conto do livro da gaiola.
de estreia de Neusa de Oliveira “Faça-se a noite, para que
Terezinha Pereira é escritora e Sousa* como narradora. Faça-se a o homem possa descansar de si
coordenadora de grupos de leitura noite!, lindamente ilustrado pela mesmo.” Fim.
artista plástica Lisianny Marinho, O lançamento de Faça-se
é uma coletânea com 17 textos a noite! foi realizado no dia 9 de
curtos, bem elaborados, leves, po- novembro, na Casa de Cultura de
rém profundos, que aparentam o Pará de Minas (MG). O livro pode
desenrolar da vida de mulheres, ser adquirido no site da Editora Pe-
de homens, de gente de tempo de nalux e em livrarias virtuais.
hoje, de tempos passados. Ora dia
claro, ora dia escuro... *Neusa de Oliveira Sousa nasceu
O leitor depara com ga- em 1964, em Sítio Novo (MG), e
tas borralheiras resignadas com o reside em Pará de Minas (MG),
cantinho do fogão e também com desde 1966. É graduada em Letras
mulheres sabedoras de seu lugar pela Faculdade de Pará de Minas-
na claridade do mundo. Algumas -FAPAM, com especialização em
dessas até desconfiam das delícias Língua Portuguesa pela PUC-MG.
do “final feliz”. (Haverá?) Participa do “Contoadas” e do “Ler
Mulheres enganadas por para tecer”, projetos que incenti-
homens, seja marido, seja pai. Mu- vam a leitura e a escrita. Em 2016,
lheres caladas desde a infância, até recebeu medalha com o poema
mesmo, por outras mulheres que “Ararinha Azul”, em primeiro lugar,
foram caladas desde o sempre. no Concurso Literário realizado
Homem que passa a vida à espe- pela Academia Feminina de Letras.
ra de uma jabuticabeira vingar e
dar frutos para tomar uma decisão Título: Faça-se a noite!
na vida. Homem que prefere virar Edição: 1ª ed.
copos e copos de bebida ao invés Editora Penalux
de desatar sua vida de então viúvo ISBN: 978 65 5862 154 6
infeliz. Moço cordeiro que se torna Publicação: agosto de 2021
valentão armado. Menino coroi- Número de páginas: 70
nha que acaba virando advogado. Autora: Neusa de Oliveira Sousa
Um pequinês com um entregador Ilustração: Lisianny Marinho
de gás, a mulher vestida de noiva
que aparece aos andantes da noi-

10 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

A FUGA DA SEREIRA

O quê? A Sereia fugiu? Ela da Academia de Letras de Pará de A escritora Carmélia Cândida, o presidente da
fugiu e ainda levou consigo o Boto Minas. Academia de Letras de Pará de Minas (ALPM),
Rosa para o País do Xenenén-Butu- ** Michel Salazar é natural de Pará Valmir José e convidada
crê. Ohhhh! Mas, por quê?!? de Minas (MG), começou cedo sua
Uma história deliciosa. O jornada pelas artes plásticas. Des- https://tinyurl.com/Carmelia-Candida
vento escuta a fala da Tartaruga taca-se por usar variadas técnicas- Divulgação:
e sopra que a Sereia fugiu. As nu- como pintura a óleo, acrílica, aque- https://www.youtube.com/watch?v=PgA-
vens repetem a voz do vento. As rela, giz, lápis de cor, entre outras. P650AtUE
estrelinhas piscam cintilando o Administrador do Espaço “Galeria
acontecido. Assim, o mundo todo de Arte Michel Salazar”, em Pará
fica sabendo da fuga da Sereia. Os de Minas, divide seu tempo entre
homens, então, ficaram na maior a Arte e o Design.
tristeza. Não podiam mais ouvir
o canto da Sereia! O mundo todo Título: A fuga da Sereia
quer saber onde fica o tal do País Edição: 1ª ed.
de nome esquisito que ninguém Edição da Autora
conhecia. Coitada da Tartaruga! Ano de publicação: 2020
Passou por um penoso interroga- Número de páginas: 26
tório. Autor: Carmélia Cândida
Entre nessa história, des- Ilustração: Michel Salazar
cubra porque a Tartaruga espalhou
a notícia da fuga da Sereia. Será
que a Sereia foi encontrada?
O livro A fuga da Sereia,
primeiro livro infantil de Carmélia
Cândida*, teve seu lançamento
no dia 21 de setembro, na Casa
de Cultura, em Pará de Minas. A
ilustração ficou por conta de Mi-
chel Salazar**. Pode ser adquirido
direto com a autora ou na Loreto
Bookstore.

*Carmélia Cândida é natural de
Pará de Minas (MG). Licenciada
em Letras pela Faculdade de Pará
de Minas-FAPAM, pós-graduada
em Alfabetização e Letramento,
em Língua Portuguesa e em Comu-
nicação e Oratória. Redatora, escri-
tora, atriz, contadora de histórias.
Autora do livro, O azul dos olhos
dela (2012), participante de diver-
sas coletâneas literárias. Membro

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 11

LIVROS / Sugestão de leitura

3 Primas - Crônicas e Memórias Letras da Quarentena - escrita de mulheres
Autoras: Ângela Xavier, Malluh Praxedes, Organizadoras: Terezinha Pereira e Maria
Tita de Lima e Silva de Fátima Moreira Peres
Editora: Todavoz / 2020 Editora: Todavoz / 2020
Nº de páginas: 200 Nº de páginas: 86
Onde encontrar: [email protected] Onde encontrar:
[email protected]
12 Lições - O que aprendi com o
câncer de mama
Autora: Renata Teixeira da Silva
Editora: Todavoz / 2021
Nº de páginas: 54
Onde encontrar: [email protected]

Desertos em Flor
Autor: Geraldo Phonteboa
Editora: Edição do autor
Nº de páginas: 60
Onde encontrar: [email protected]

Um ninho coberto de penas
Autor: José Roberto Pereira
Editora: Páginas / 2019
Nº de páginas: 36
Onde encontrar: [email protected]

12 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

MULHER / Violência e literatura

TEXTO DE PARÁ-MINENSE

é publicado em revista acadêmica

Maria Fernanda Melgaço reflete sobre o tema
“Violência e autoria feminina” em livro da chilena Diamela Eltit.

Texto foi publicada pela revista Mulheres em Letras

A revista Mulheres em rudes como o estrupo, a tortura, a
subtração de um filho, entre tantas
Letras, publicação do Grupo de outras.
Pesquisa que recebe o mesmo O texto bem estruturado
nome, com cadastro no diretório e forte, mostra que a literatura de
do CNPq e Faculdade de Letras autoria feminina naquele país tem
(FALE) da Universidade Federal de sido importante para que as atuais
Minas Gerais (UFMG), em sua edi- e futuras gerações não se esque-
ção de número 17 traz 13 textos çam que suas antecessoras sofre-
selecionados sobre a questão da ram e lutaram muito para que as
violência e autoria feminina. Entre mulheres conquistassem seu espa-
eles, o da escritora paraminense ço na sociedade. Lutas que as bra-
e estudante de História (UFMG), sileiras também vêm travando há
Maria Fernanda Melgaço. Em par- tempos e que se assemelham em
ceria com outros dois estudantes grande parte às daquelas mulheres
da universidade (Elisa Cândida chilenas.
A. de Sales e Rafael de Azevedo), Os historiadores relatam:
aborda a questão no livro Jamais “a narradora vive a morte um pou-
o Fogo Nunca, da escritora chilena co mais a cada dia, em vida, até
Diamela Eltit. que um feminicídio torna a expe-
De acordo com os estu- riência concreta. Esse assassina-
dantes, o livro tem como pano de to tenta apagar aquela que busca
fundo, “os diferentes substratos rememorar, porém, “Ela” mesma
temporais, cruzados e conecta- acaba se tornando uma memória”.
dos, das memórias e lutas contra E continuam: “Ainda haverá uma
a ditadura de Pinochet”. Por meio geração futura que há de questio-
de duas personagens que denomi- nar essa memória dos crimes das
nam como “Ela” e “Ele” revela as ditaduras, seja essa uma memória
diversas formas de violências so- sobre a violência sistêmica que as
fridas naqueles tempos sombrios mulheres sofrem”. Questionamen-
do Chile. Principalmente aquelas tos que a autora chilena faz, com
que são praticadas na personagem maestria por meio de suas perso-
“Ela”, que vão desde o preconceito nagens.
por ser mulher até as formas mais

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 13

O MUNDO DO

ERA UMA VEZ...

Geraldo Phonteboa é um curioso, como ele mesmo se autodenomina. Usa um
dom nato e a criatividade para dar vida aos bonecos que confecciona como se fossem
seus próprios filhos. Leva a todo canto um mundo de magia em forma de histórias e
movimentos: o mundo do era uma vez... Que adora um desafio e que gosta de
aprender sempre. Uma pessoa que não tem medo de arriscar e errar... Gosta de
experimentar e fazer, mas, principalmente, faz o que gosta. Profissionalmente é profes-
sor. Mineiro de Piedade dos Gerais, criado em Crucilândia (MG) e residente em Itaúna
(MG) desde a década de 1970. Casado com Cíntia Santos e pai de três filhos, Pedro
Israel, Rosa Virgínia (in memoriam) e Hannah Sophia. Membro da Academia de Letras
de Pará de Minas (2008), fundador e membro da Academia Itaunense de Letras – AILE
(2015). Cidadão honorário de Pará de Minas (2008) e de Itaúna (2009). E agora, brasi-
leiro sobrevivente!

14 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

C&G: Conte-nos um pouco da sua Horizonte. Seis meses depois já es- A boneca Emengarda na página anterior
história com a arte dos bonecos. tava em Belo Horizonte fazendo no e abaixo, João e vovó Benta, que são
Phonte: Minha história com a arte curso de bonequeiro com o grupo os fantoches do livro Olívio e, claro,
dos bonecos foi acidental. Em julho “Pigmalião escultura que mexe”. o próprio Olívio (1,20cm de altura)
de 2015, em um fim de semana, fo- No curso fiz meu primeiro boneco:
mos passear em Mariana, eu, mi- “O Carlinhos” (Carlos Drummond
nha esposa e minha filha. A ideia de Andrade” e aí não parei mais...
era passar um fim de semana. Nada
programado, um fim de semana C&G: Quem te influenciou?
qualquer. Chegamos na sexta-feira Phonte: Minha maior influência
e fomos direto ao hotel. Deixamos foi, sem dúvida, Eduardo Félix.
nossas coisas e fomos fazer um Acho que a atenção que ele deu
tour pela cidade. Era por volta das a mim, à minha família, foi fun-
14h. Ao chegarmos na praça prin- damental. O meu encanto com os
cipal estava lá montado uma ten- bonecos já nasceu ali e se solidifi-
da e já acontecendo um Festival cou de vez. Adoro criar não só bo-
de Bonecos. Naquele dia voltamos necos, mas também os autômatos
para o hotel às 23h. Tínhamos as- (objetos e mecanismo mecânicos
sistido naquele dia 10 espetáculos feitos em madeira e papel).
de bonecos. E o mesmo ocorreu no
sábado e no domingo. Vários espe-
táculos, com bonecos de manipu-
lação direta, bonecos de vara, lam-
be-lambe, mamulengo. Ao todo
assistimos mais de 25 espetáculos.
Todos gratuitos. Mas no sábado à
noite é que veio o encantamento.
Fomos visitar o atelier do bone-
queiro Catin Nardi – Companhia
Navegantes, que naquela época
era em Mariana. Nesse atelier co-
nheci um pouco do processo de
confecção dos bonecos. Assistimos
mais três espetáculos do grupo
“Pigmalião escultura que mexe”.
Depois do espetáculo fomos con-
versar com os artistas. Conheci en-
tão Eduardo Félix, um jovem artista
plástico, fundador do grupo “Pig-
malião” e, para minha surpresa,
meu conterrâneo (de Crucilândia,
embora eu seja natural de Piedade
dos Gerais/MG, fui criado em Cru-
cilândia/MG). Ele conhecia toda
minha família, primos, etc. E neste
bate-papo, Eduardo me convidou
para fazer um curso de confecção
de bonecos em seu atelier em Belo

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 15

C&G: Há quantos anos é contador seu projeto, arquitetura, elabo-
de histórias com bonecos? ração do personagem, confecção
Phonte: A contação de história e manipulação. Fiz dois bonecos
veio depois deste primeiro contato com o projeto do Giramundo e da
com os bonecos, em 2015. Minha Cia de Teatro Origens de Belo Hori-
esposa, por tocar violão e ter ha- zonte/MG (Barreiro); nesses proje-
bilidade para lidar com as crianças tos somente a confecção conforme
da educação infantil, tornou-se mi- o indicado.
nha parceira. Em 2017, criamos o
grupo de contação de história “Pó C&G: Quantos já criou e confec-
de angú” (outro jeito de se chamar cionou?
o fubá). Criamos, então, o Olívio - o Phonte: Confeccionei dois bonecos
Livro Mágico onde de dentro saem para o Giramundo, e três bonecos
as histórias mágicas do mundo para a Cia de Teatro Origens. Além
do ‘faz de contas’. De dentro dele desses, bonecos de criação minha
saem os bonecos de luva (fanto- são, o “Balthazar”, a “Emengarda”
ches) que contam as histórias do e o Islâmico “Mustafá Amim”. E
livro. Claro que o Baltazar, o pri- tem também o boneco “Zé Tampi-
meiro boneco que foi criado por nha” feito com tampas de garrafas
mim, é quem faz a apresentação PET. Fora esses bonecos tem o João
do “Olívio”. e a vovó Benta, que são os fanto-
ches do Olívio e, claro, o próprio
C&G: Cria e confecciona seus pró- Olívio (1,20m de altura). E agora
prios bonecos? nasceu o “Diego”, o violinista e já
Phonte: Sim. Os bonecos que faço está a caminho o roqueiro “Rober-
são todos criados por mim, desde to”.

16 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

C&G: É professor de que curso? lancei os livros Manhãs, Terra seca,
Phonte: Mas meu ganha pão é Rosas e História de Nossa Senhora
professor de História da Rede Pú- de Itaúna. Um observação: os livros
blica Municipal de Itaúna (MG) e Cor rente do Cor Ação, Desertos em
Professor de Filosofia e História da Flor, Dona Joanna... e os minilivros
Educação nos cursos superiores, são de produção independente e
atualmente lecionando no curso confeccionados a mão, com tira-
de Pedagogia da FANS – Faculdade gem pequena e sob encomenda.
de Nova Serrana (MG). Em todo este período participei
de inúmeras coletâneas, tanto em
C&G: Escritor desde quando? Itaúna, quanto em Pará de Minas.
Phonte: Já a aventura na escrita Além dos artigos científicos da vida
é outra história. Minha primeira acadêmica universitária.
publicação ocorreu na PUC-Minas
quando estava no 5º período de C&G: Qual é a sua relação com
Filosofia – 1987. Nessa época, foi Pará de Minas?
lançado o filme Sociedade dos Po- Phonte: Minha relação com Pará
etas Mortos. Quando nós o discutí- de Minas teve início em setem-
amos na faculdade, entre os estu- bro de 1999, quando fui para a
dantes dos cursos de Comunicação Faculdade de Pará de Minas (FA-
e Filosofia surgiu um movimento PAM) para substitui uma profes-
que denominamos de “Sociedade sora – Eliane Medina – que saiu
dos Poetas vivos” e fizemos então de licença maternidade. E lá fiquei
um concurso de poesia na PUC- lecionando nos cursos de História,
-Minas. Foi aí que lancei os meus Geografia, Letras, Pedagogia e Ad-
primeiros poemas, em um livro ar- ministração até 2016. Neste perío-
tesanal chamado Rasgando pensa- do criei e desenvolvi com os alunos
mentos. Publicação pequena. Nes- dos cursos de História e Geografia,
se concurso fui premiado com uma
bolsa de seis meses na faculdade.
Depois escrevi mais alguns ver-
sos para os jornais de Itaúna. Mas
nada de livros, apenas publicações
em algumas coletâneas.

C&G: Quantos livros? Na página anterior, Mustafá Amim,
Phonte: Bom, vamos lá. O primeiro aguardando o acabamento e ao lado,
foi 1987, Rasgando pensamentos; o boneco já pronto.
em 2008, Fragmentos da História
de Pará de Minas – 2009; em 2010,
Cor rente do Cor Ação; em 2015,
Pétalas; em 2018, Desertos em Flor
e Dona Joanna Francisca de Assis:
mulher, professora e divorciada
no final do século XIX (dissertação
de mestrado). A partir de 2019,
desenvolvi a técnica de minilivros
(3 cm x 4 cm) e nesta modalidade

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 17

o projeto “Acervo Documental Me- ruptos de história. E deste trabalho
sopotâmia Mineira” que foi a base nasceu o livro Fragmentos da His-
da organização do Acervo Docu- tória de Pará de Minas, o que me
mental do Arquivo Público e Histó- levou à Academia de Letras de Pará
rico Municipal. Deste projeto pas- de Minas. Entre os anos de 2008 e
samos a escrever semanalmente 2011 fui diretor da FAPAM. Deixei de
para o jornal de Diário de Pará de trabalhar em Pará de Minas no ano
Minas, onde falávamos das histó- de 2016, mas tenho lá bons ami-
rias encontradas nos documentos gos e uma família na Academia de
do Acervo documental. Letras de Pará de Minas.
Foram cinco anos ininter-

Balthazar é um dos bonecos mais queridos das
crianças e jovens e está sempre presente em
apresentações nas escolas

18 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

A ARTE

que vem de berço

L isianny Andrea Mari- e materiais, como pintura a óleo, Lisianny em seu atelier em Pará de Minas.
acrílica, têmpera, spray e desenhos Acima, um dos quadros da artista
nho de Sousa ou Lisianny Marinho em nanquim, caneta pôsca e pas-
– nome artístico – é nascida em tel. Contatos: (37) 99137-6633
Pará de Minas (MG) no dia 23 de Graduada em Administra- [email protected]
abril, onde reside atualmente. Aos ção em Sistemas de Informação
seis anos sua mãe, Iria Marinho pela UNA (Belo Horizonte), Lisianny
de Sousa fez questão de introdu- trabalhou 35 anos em empresas do
zi-la no mundo das artes: dese- meio corporativo, como a Fundição
nho e pintura, quando pintou seu Batista e o Banco Real. Mas a pai-
primeiro quadro com tinta a óleo. xão pelas artes ficou pulsando em
Logo em seguida, na adolescência, seu coração por todos esses anos.
teve aulas com Oro Marinho e, na Em paralelo, fez cursos, como o de
juventude, com outros professores Curadoria e Processo Criativo.
na Escola Guignard. Desde 2016, vem parti-
“Por anos fiquei focada cipando de exposições, coletivas
na minha carreira corporativa. Os e individuais em diversas cidades
desenhos e a pintura, segundo ela, de Minas Gerais como Tiradentes,
eram realizados como forma de Ouro Preto e Belo Horizonte, só
lazer”, lembra a artista. Em 2015, para citar algumas. Atualmente faz
conta, resolveu voltar a pintar e parte do Conselho Diretor da TVI
atuar profissionalmente como de Pará de Minas, como curadora
artista plástica, desenvolvendo e diretora presidente em 2021.
trabalhos com diversas técnicas

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 19

UMA HISTÓRIA SABOROSA...

Para entender a gastronomia brasileira é preciso conhecer um pouquinho
da história do país. É de amplo conhecimento que o Brasil é um ‘caldeirão étnico e
cultural’ e, que, da miscigenação de muitos povos, muita coisa boa resultou de tudo
isso, dentre elas, a rica gastronomia nacional.

18 Cultura e Gastronomia nº 0 - Nov. 2021
20 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

D esde os povos indígenas já poderia ser considerada peculiar, por seu

conhecimento do potencial de uso da flora e da fauna nativas, bem antes da che-
gada dos europeus, que só se daria no século XVI. A contribuição dos povos nati-
vos, por si só, já presentearia os mais finos e exigentes paladares pois, por exem-
plo, do uso da mandioca, de diversos tipos de peixes e frutos 100% brasileiros,
surgiriam ingredientes para pratos que até hoje encantam.
Com a chegada dos portugueses, vieram se somar à alquimia de sabores
outros ingredientes como o toucinho, as carnes secas, os peixes salgados, a bata-
ta, o tomate, molhos e a farinha de trigo. Ainda no final do século XVI chegariam
os primeiros escravos africanos trazidos pelos portugueses e com eles a impor-
tante influência que hoje está presente em pratos como o vatapá, o acarajé, e
ingredientes como o uso do dendê e várias pimentas, por exemplo.
Pelo interior do Brasil, a partir do século XVII, principalmente onde é
hoje o estado de Minas Gerais, por causa do ciclo do ouro, houve um movimento
grande de migração e crescimento populacional na província, tornando o ofício
do tropeiro fundamental. Eram eles que faziam o comércio de animais (mulas e
cavalos), vestuário, ferramentas e de alimentos, principalmente o charque (carne
seca). Um dos pratos populares mais conhecidos de Minas nasceu da alimenta-
ção desses pioneiros: o feijão tropeiro. A cozinha mineira se tornaria a partir da
riqueza e do desenvolvimento promovidos pelo ouro e o diamante, uma das mais
diversas do país que ia se formando, com destaque também para os queijos, os
doces, a aguardente, cujas técnicas, para a sua produção, foram trazidas da Euro-
pa.
No final do século XIX e no início do Século XX ocorre o período de maior
imigração da história do país. A abolição da escravatura incentivou os governos
de então a abrirem as fronteiras para a mão de obra estrangeira, principalmente
europeia – milhares de italianos, alemães, portugueses, espanhóis e poloneses
vieram para o Brasil – e, também libaneses e japoneses.

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 21

Além da bagagem cultural dos imigrantes, a
expansão do comércio internacional a partir do Sé-
culo XIX, favoreceu a importação de produtos como
conservas, vinhos, cervejas, chás, queijos, novas
frutas, chocolates, licores, entre outros, ganhando
escala.
Dessa forma as culinárias, francesa e inglesa
começaram também a influenciar nossa gastrono-
mia. Vão surgir, neste período, as confeitarias, as
sorveterias, além dos requintados restaurantes ita-
lianos e franceses. Hoje já são centenas, milhares
de restaurantes especializados em pratos típicos de
seus países, misturados aos infindáveis sabores de
uma culinária trans-multi-internacional.
Assim, foi formada a culinária culinária brasileira e seu DNA, múltipla, internacional, considerada uma
das mais variadas e diversificadas do mundo e sempre aberta a experimentar e incluir novos sabores.

Neste final de ano crie harmonia

e surpreenda seus convidados

Há quase dois anos sem poder encontrar com amigos e parentes queridos para comemorarem
juntos as festas de final de ano, chegou o momento tão esperado de milhares de brasileiros: o Natal e
o Ano Novo. Mas é claro que a pandemia ainda está longe de acabar definitivamente. Portanto, todos
os cuidados e protocolos devem ser seguidos. O que não impede de compartilhar com as pessoas mais
próximas, em locais seguros, os pratos e bebidas que você pode combinar no melhor estilo de um gran-
de chef de cozinha.

D icas interessantes e de fácil
realização quem dá é um
dos sócios da “Bodega”, casa es-
pecializada em vinhos, em Pará de
Minas (MG), o empresário Fernan-
do José Moreira. Segundo ele, a
harmonização não é só para espe-
cialistas e, com um mínimo de co-
nhecimento, a pessoa consegue fa-
zer tudo isso. A primeira coisa que
ela precisa reconhecer, segundo
ele, é o que está dentro da garrafa
e os ingredientes que serão usados
para compor o prato, ou seja, qual
o tipo de vinho e o que ela espera
dele.
Fernando José explica que

22 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

Cultura e Gastronomia em Pará de Minas nº 0 - Nov. 2021 23

existem dois princípios básicos da paladar de comidas gordurosas e
harmonização (ou combinação, quanto mais tânico (uva tannat) o
como quiser chamar). vinho mais combina com proteínas
A primeira é a combinação (carbenet sauvignon, malbec). Eles
por semelhança e a segunda por combinam bem com carnes ver-
contraste. “Quando a harmoniza- melhas (steak, churrasco).
ção for por semelhança você pega “O malbec clássico da Ar-
um vinho encorpado e um prato gentina vai harmonizar muito bem
também encorpado, um vinho de com churrasco (a bebida se adapta
médio corpo com um prato mais de acordo e paralelamente com o
leve, um vinho rústico (que é um desenvolvimento da cultura gas-
vinho mais fechado, com cheiros tronômica local). Igual a cachaça
mais terrosos), com pratos rústicos, que harmoniza com torresmo e
como o funghi, por exemplo”, diz o não com queijo, por exemplo (no
empresário. Já os vinhos brancos Brasil). A culinária então vai se
são os coringas para harmonização moldando e vice-versa. E, por úl-
e servem para quase todos os tipos timo, os vinhos brancos (um char-
de comida. Quanto aos rosés, vão donnay) com uma tilápia”, finaliza
muito bem com comida japonesa Moreira.
ou com um salmão. O casal, Celina e Dr. José
Se a harmonização for por Lopes Pereira (foto abaixo), sem-
contraste aí já é o extremo oposto, pre fizeram parte de uma Confraria
ou seja, uma comida mais adocica- de Vinhos em Pará de Minas (MG).
da com vinho bem seco e o contrá- Assim como o proprietário da “Bo-
rio também, um vinho mais doce dega”, conhecem bem os segredos
com uma comida bem mais salga- da boa harmonização. Veja o menu
da, lembrando que a acidez é um servido e publicado, logo abaixo,
dos principais componentes para a de um dos encontros da Confraria
harmonização, pois ela vai limpar o realizado na residência do casal.

MENU BEBIDAS
Água mineral

Vinho português:
“Monte da Pata”
Vinho Chileno:
“Convento Viejo”
MENU ALMOÇO

ENTRADA
Mix de Caprese com
vegetais grelhados
Tapenade de azeitonas

PRATO PRINCIPAL
Fraldinha na brasa com
suflê de brócolis com

Robata de vegetais
grelhados

SOBREMESA
Panacotta de baunilha
com salada de frutas

vermelhas

24 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

RECEITA DO CHEF / Ricardo Ribeiro

Arroz natalino Há  mais de 15 anos atu-
ando na alta gastronomia
INGREDIENTES: em Minas Gerais, Ricardo
1 quilo de arroz pré-cozido atualmente é chef execu-
¼ de pimentão vermelho picado em cubos tivo no “Taste Vin”, o mais
¼ de pimentão amarelo picado em cubos premiado restaurante da
½ cebola roxa finamente fatiada capital mineira dos últimos
120 gramas de damascos picados em 6 partes anos. A dica do chef para
120 gramas de nozes quebradas grosseiramente as festas de final de ano é
120 gramas de azeitonas portuguesas sem caroço bem simples e de fácil exe-
Salsinha a gosto cução. Acompanha bem
Hortelã a gosto qualquer tipo de carne, vi-
1 dente de alho picado nho branco, espumante ou
3 colheres de sopa de azeite cerveja do tipo lager.
Sal a gosto
MODO DE FAZER:
Pré-aqueça o azeite e doure o alho e a cebola. Depois coloque os de-
mais ingredientes, menos a salsinha e o hortelã. Cozinhe o arroz até
chegar no ponto desejado. Finalize com as ervas e um fio de azeite.

Por trás das premiações mundiais de azeite

Assim como as categorias de vinho, chocolate, café, dentre outras, o azeite de oliva também possui
inúmeros concursos ao redor do mundo, que têm como objetivo promovê-lo e disseminar a riqueza de sabor e
aroma desse ingrediente milenar e versátil na gastronomia.

O s prêmios da categoria acompanhar as segmentações exis- conhecido pelos brasileiros, o azei-
tentes em nível de sabor e aroma te Gallo.
de azeite envolvem processos bas- dentro do universo dos azeites. O Minas Gerais também
tante rigorosos e têm como intuito concurso internacional de azeites já começa a produzir excelentes
valorizar os melhores do mundo, extravirgens pelo qual se outorga o azeites, porém em pequena esca-
bem como ajudar na tomada de “Prémio de Qualidade do Conselho la e algumas marcas, dependendo
decisão do consumidor e dos chefs. Olivícola Mario Solinas”, em home- das safras das oliveiras, podem ser
Cada concurso possui suas etapas nagem ao professor italiano Mario encontrados em supermercados
e particularidades, mas de manei- Solinas é um dos mais importantes gourmet como o Verdemar, em
ra geral, cada amostra de azeite promotores da análise sensorial Belo Horizonte, por exemplo.
enviada pelas marcas participantes do azeite virgem. Reconhece os
é testada por um júri de especialis- azeites do tipo extravirgem com as
tas e avaliada pelo seu sabor e aro- melhores características em qua-
ma por meio do processo de prova. tro categorias: frutado verde - in-
Esse júri avalia as características tenso/ médio/ leve e frutado ma-
sensoriais de cada amostra, de duro. Existem outros concursos,
acordo com a categoria indicada, entre eles, o também reconhecido
e ganha aqueles que estiverem de internacionalmente, “New York In-
acordo com as exigências de cada ternational Olive Oil Competition”.
uma. Uma das marcas que vem sendo
As categorias variam con- premiada por esses concursos é o
forme o concurso, mas costumam

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 25

Jornalista: Fátima Peres / Fotos: Dani Andrade

LONGE DE CASA,

dentro de mim

O documentário Longe de Casa, dentro de Mim, que
teve a sua pré-estreia em 2021, é um recorte sobre a vida da
artista angolana Maria Beatriz Valdez Carreiro (foto ao lado),
refugiada da guerra civil angolana no Brasil.

“Nas ruas, o barulho das bombas fazia
meu coração acelerar. Pessoas fugindo, muita
gente carregando o que podiam. Ninguém olha-
va para trás, só seguia em frente”, lembra Bea-
triz Valdez. Aos 80 anos de idade, a artista conta
em detalhes a história que mudou completa-
mente sua vida a partir de 1975 quando Angola,
na África Ocidental, foi palco de uma guerra ci-
vil. Ainda jovem, aos 35 anos, ela, o marido e as
três filhas se viram obrigados a deixar tudo para
trás e fugir da morte eminente. A família partiu
no último avião disponibilizado pelo governo
brasileiro, na época, para trazer os refugiados.
É esse o ponto de partida da narrativa do filme
Longe de Casa, Dentro de Mim, dirigido por José
Roberto Pereira e produzido pela CMK PLAY. O
documentário é um recorte dessa trajetória da
artista, parte dele gravado em Pará de Minas
(MG). O filme tem uma hora de duração e se
passa em Angola, no Continente Africano, e no
Brasil. Ele sugere, também, uma reflexão sobre
a contribuição dos refugiados para a formação
da arte e da cultura brasileira.

2262 CCuullttuurraaeeGGaassttrroonnoommiiaannºº00--NNoovv..22002211
26 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

Direção:

José Roberto Pereira

Pesquisa e Roteiro:

Carmélia Cândida
José Roberto Pereira

Narração:

Beatriz Valdez
Carmélia Cândida
Guto Aeraphe
José Roberto Pereira

Direção de fotografia:

Guto Aeraphe

Assistente de direção:

Dani Andrade

Edição e finalização:

Guto Aeraphe

Apoio técnico:

Welinton Rodrigues

Trilha sonora original:

Ricardo Rodrigues
Bell Black

Patrocínio:

Cuidar Assistência

Cultura e Gastronomia nº 0 - Nov. 2021 273
Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 27

P ara Beatriz, participar toda a história dela, transformá-la
em texto e roteirizar o filme. É
do documentário foi uma oportu- uma história como tantas outras
nidade de relembrar sua história e de refugiados que vieram para o
mostrar como a arte pode mudar Brasil na década de 1970”, conta
não só a vida do artista, mas de Carmélia Cândida.
toda uma comunidade. “Estava A gravação do documen-
tudo meio adormecido e, de re- tário foi feita enquanto Beatriz
pente, tudo está de volta. É como Valdez pintava seu maior mural,
se tivesse vivido novamente aque- que recebeu o nome de “Refugia-
la situação. É uma emoção muito dos”, homenagem àqueles que
grande quando a gente relembra vieram de todas as partes do mun-
pequenos episódios que pareciam do e ajudaram a construir as bases
estar quietinhos e arrumados, mas da arte, da cultura e da história
não, eles vêm de novo. Dá muita brasileira. “Eu e Beatriz somos
emoção ver minha história aqui amigos. Ela sempre me contava as
representada”, disse a artista em histórias de como veio para o Bra-
um dos intervalos da gravação do sil e eu ficava fascinado com isso.
filme. A partir daí, surgiu a oportunida-
A história contada no de de ela pintar um mural para
documentário é resultado de mais homenagear os refugiados e assim
de dez horas de entrevistas que reunimos os profissionais para
os roteiristas Carmélia Cândida e esse documentário que conta não
José Roberto Pereira fizeram com só a história dela, mas também
Beatriz. Uma ideia que está em de outras pessoas que precisaram
preparação desde maio de 2020. vir para o Brasil”, disse o diretor e
“Foram três entrevistas na casa da roteirista José Roberto Pereira.
Beatriz, um sítio cheio de verde, Para o diretor de fotografia,
sempre em um fim de tarde, uma
delícia! Foi muito prazeroso ouvir

Imagem: OpenClipart-Vectors

28 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

Guto Aeraphe, fazer fotografia de em uma explosão de cores”, diz
uma cena pintada é interessante Guto Aeraphe.
porque as luzes e sombras são O filme Longe de Casa,
pontos importantes. “A gente se Dentro de Mim, contou com o
inspira muito nas pinturas. Fazer a patrocínio da Cuidar Assistência.
luz para uma pintura muda muito Segundo Janaína Lopes Medina,
e por isso foi bem diferente do executiva da Cuidar Assistência
que eu estou acostumado. O José “esta é uma oportunidade que as
Roberto queria que a gente fizesse empresas têm de retribuir a con-
algo que passasse o sentimento e fiança da comunidade. Vale a pena
o drama da guerra. O filme come- investir na cultura. É importante o
ça em preto e branco e termina empresário ter esse olhar para o
que a comunidade produz e assim
estar sempre atento a inserir sua
empresa junto a arte e a cultura
da nossa gente”, afirma Janaína.

Na primeira foto acima, da esquerda para
a direita, o diretor do filme, José Roberto
e Beatriz Valdez passam as cenas. Na
segunda e terceira fotos Beatriz em sua
função de artista. E, na foto ao lado, a
atuação da refugiada em uma das cenas

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 29

SONORIDADES / Maria Fernanda Melgaço

PLURIVERSO MUSICAL

a música e o contato com as diferenças

Escritora e graduanda de História na Quando vamos assistir a uma que se constrói nas interações de-
Universidade Federal de Minas Gerais las é um pluriverso. Somos plurais
orquestra ou banda de música, e, portanto, toda unidade é criada.
múltiplas são as combinações que O pluriverso é como um campo de
tornam a apresentação musical forças em que cada partícula e suas
possível. Dentro de um só grupo, características atua sobre e é afe-
existe uma quantidade enorme tada por outras partículas. Dessa
de instrumentos, timbres, sonori- forma, para o autor, trabalhar com
dades. Em cada apresentação, há o universalismo iluminista pressu-
uma variedade de ritmos e gêne- põe adotar um padrão de huma-
ros musicais. Mesmo entre instru- nidade que, diga-se de passagem,
mentos iguais, a interpretação de não existe. Isso, por sua vez, reduz
cada músico transparece no som. todas as experiências de vida a um
Para além do que é próprio da ins- bloco de seres humanos que se
trumentação, podemos pensar na pretende homogêneo, como se to-
pluralidade de corpo/corporalida- dos não estivessem marcados por
des e vivências que dividem um atravessamentos.
mesmo palco. Os grupos costu- Visualmente, assim como
mam ser heterogêneos em idade, trabalham Marsha Forest e Evelyn
classe social, identificação étnico- Lusthaus sobre a educação inclu-
-racial, identificação de gênero, en- siva, um grupo musical pode ser
tre outros. Nesse sentido, a refle- comparado a um caleidoscópio. O
xão que buscarei desenvolver em caleidoscópio é um brinquedo in-
breves linhas daqui em diante se fantil, uma espécie de luneta, que
refere a como o pluriverso musical tem, em uma das extremidades,
é inclusivo e, por natureza, forma- peças que se movimentam forman-
do pela diferença. do diferentes imagens, as quais
Antes de mais nada, en- podem ser vistas ao posicionar um
tão, é necessário apresentar como dos olhos na extremidade oposta.
o pluriverso está sendo aqui pen- Em um caleidoscópio, cada peça
sado, apesar de a palavra não ser retirada torna as imagens menos
de difícil compreensão. Segundo complexas e reduz o número de
o antropólogo francês Bruno La- arranjos/combinações possíveis.
tour, o pluriverso é aquilo que se Da mesma forma, a multiplicida-
forma a partir dos contatos entre de de instrumentos, sons, ritmos e
diferentes. Embora a universali- corpos em um grupo musical per-
dade tenha se tornado um ideal mite que esse grupo se (re)arranje
para quem vive o pós-Iluminismo, de diferentes maneiras. É o que dá
Latour trabalha com a ideia de que cor, forma e dinamicidade ao gru-
sendo a diferença uma realidade, o

30 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

po, surpreendendo ao expectador. a música à audição, o que é uma Maria Fernanda como solista de flauta em
Daqui em diante, quero compreensão bastante limitadora uma de suas apresentações
comentar um pouco sobre uma de o que a música pode ser. Em
certa pecinha desse caleidoscópio 2018, tive a oportunidade de assis-
que diz da minha vivência enquan- tir à Evelyn Glennie, uma percus-
to membro da Banda de Música sionista surda mundialmente re-
Lira Santa Cecília (BMLSC) e de conhecida por suas performances.
outras pessoas em outros grupos A Evelyn sabe sentir a música por
musicais. Mais especificamente, a outros caminhos que não a audi-
ideia é apresentar como a defici- ção. Ela diz que o seu corpo é como
ência pode e deve estar presente um grande ouvido, o qual permite
nos palcos, tornando grupos mais que ela faça música sentindo as vi-
complexos e nos fazendo sentir brações em diferentes partes (pés,
dimensões da experiência musical pernas, braços…). Para isso, ela se
que costumamos ignorar. apresenta descalça e veste roupas
Sou musicista antes de ter leves, a fim de que consiga tocar o
me tornado uma pessoa com defi- som. Touch the Sound que, inclusi-
ciência (PcD). Faço aulas de piano ve, é o nome de um documentário
desde os meus cinco anos, ou seja, sobre a percussionista (deixo aqui
desde os longínquos anos de 2005. como recomendação)!
Em 2007, tive minha primeira per- Como o propósito é que
da visual em decorrência de uma seja um texto breve, então, vou
doença degenerativa genética. A parando por aqui, mas, ainda com
perda da visão, por sua vez, não muita coisa a dizer! Antes de en-
me impediu de continuar meus cerrar, só queria enfatizar que tan-
estudos de piano, porém, foi ne- to fazer quanto ouvir música são
cessário inventar outras formas de experiências sensoriais que nunca
fazer música. Desde então, passei se reduzirão a apenas um sentido e
a decorar todas as partituras que devemos explorar isso. Além disso,
toco, o que, embora seja desa- lembro a todos que cada peça de
fiador a quem se apega ao papel, um caleidoscópio/grupo musical
permite que eu desenvolva meu deixa tudo mais colorido, mais di-
“ouvido”, como dizem os músicos, nâmico, mais bonito, mais inclusi-
e minha memória. Na BMLSC, em vo. E é assim que o pluriverso mu-
que ingressei em 2011, a experi- sical deve ser composto: a partir de
ência é similar. Desprender-me da diferenças que se (re)arranjem.
partitura me permite ouvir o grupo
com maior atenção, além de que
as adversidades do ambiente (lu-
minosidade fraca ou oscilante) e
movimentações no geral não atra-
palhem em nada minha interpreta-
ção. Não são só flores. Muitas ve-
zes, tenho dúvidas sobre a divisão
rítmica e me vicio em interpreta-
ções que divergem da partitura e,
portanto, do grupo. Ainda assim,
tenho certeza de que o grupo e eu
nos arranjamos de formas lindas.
Contudo, existem outras
PcD que conseguem viver e fazer
música, mas que são vistas como
“incapazes”. O estereótipo de que
pessoas surdas não ouvem músi-
ca é um exemplo disso. Enquanto
ouvintes, acabamos por reduzir

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 31

CRÔNICA-CARTA / Malluh Praxedes

MINHA QUERIDA

Pará de Minas,

Escritora e membro da Academia de D evo escrever-te para agradecer a cada dia a luz que recebi
Letras de Pará de Minas (cadeira n 19)
quando vim ao mundo, num frio mês de junho.
Em minha casa me esperava uma família enorme, papai e ma-
mãe, e cinco irmãos: Miminha, Mamata, Uth, Yeyé e Lolola... A casa era
cheia de música e de priminhos que brincavam por todo o quintal, com
cachorro correndo atrás da gente.
Você ainda era pequena e os poucos vizinhos eram amigos pra
vida inteira. E ainda somos. No quintal tinha pé de chuchu, tinha um pé de
mamão que a gente cortava pra ver descer o leite e muita goiaba verme-
lha que eu amava – e hoje não gosto mais – e que a gente cobria pra que
os passarinhos não viessem provar... Tinha a Nega da Sopa, a Maria de
Igaratinga, a Sebastiana, a Lúcia que casou com o Geraldo sapateiro, a
Bárbara de Itaúna, as irmãs Marlene, Marli e muitas outras irmãs delas...
Ali fiz amigos que estou amando até hoje. Convivo com os que posso e
os outros fico olhando na janela do coração – nas fotos que vejo vez por
outra – mas que não posso me esquecer jamais. Lembrei-me agora do Gil-
son e do Gessy, primos da Guini do Ivan Leitão, que moravam em Curitiba
e que vinham passar as férias em Pará de Minas.
Como eram divertidos os carnavais no Centro Literário – que será
restaurado agora, pra valer! – no Patafufo e no Automóvel Clube. A gente

32 Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021

sonhava com o Teninho, o Ró, o Flávio, o Chico do Pio, o Bá Varella, o Ri-
cardo Marinho, eram todos lindos e divertidos e pulávamos carnaval com
os amigos mais chegados: o Carlinhos, o João Milton, o Ziwu, o Chiquinho,
o Renato, o Eduardo e o Marco Rodrigo – primo do Peninha, que se ves-
tiam de pijama – o Zé Lino e o Fulô, o Boulanger, o Osmar, nossa, nem me
lembro mais, a gente ficava rodando no salão e alguém jogava confete e
serpentina e a gente ficava ali sonhando que quarta-feira não chegaria
nunca, nunca...
Um dia eu te deixei, Pará de Minas, mas foi por uma causa nobre
– você ainda não tinha faculdade e meus pais, preocupados, trouxeram
todos os filhos para estudarem em Belo Horizonte...
Mas, se você pensa que te esqueci, ledo engado, querida. Você é
a coisa mais fofa do mundo, a delícia que me faz dormir melhor, comer
feliz e agradecer diariamente por ter me dado vida.
Pelo teu aniversário, parabéns. E que nós, seus filhos, tenhamos
sempre um abraço pra te dar.

Com carinho e amor,
Malluh Praxedes

Cultura e Gastronomia - Pará de Minas - nº 0 - Nov. 2021 33

PS: No dia 20 de setembro de 2021, no 162º aniversá-
rio de Pará de Minas, tive o privilégio de ver o Centro
Literário Pedro Nestor reinaugurado, com o que há de
mais moderno para que seja perpetuada a casa de tan-
tos encantos.

PS2: Nas minhas memórias mais remotas, o CLPN era
um clube de leitura – no segundo andar ficava a Biblio-
teca do Centro, no térreo tinha uma sala de leitura –
frequentado basicamente por homens que devoravam
jornais e revistas da época, a secretaria, os toaletes e
um salão de baile com um palco e seis sacadas ornadas
por cortinas de veludo.
Na Biblioteca eu ia vez por outra para buscar
e devolver livros que minhas irmãs pediam, sem antes
me orientarem para passar pela sala de leitura e ver se
seus ‘amados’ estavam por lá. Eu ia, religiosamente, e
voltada para casa descrevendo quem estava por ali.
Numa das idas, duas professoras Elza Mendes e
Marilda Coutinho me convidaram para desfilar em uma
festa beneficente de uma escola primária. Na hora me
pediram para mostrar se eu sabia desfilar. E eu soube:
minha irmã Sylminha era uma colunista social que en-
saiava as meninas que queriam concorrer ao título de
Rainha dos Estudantes e outros desfiles daqueles dias.
Passado tanto tempo olha eu ali, como acadê-
mica, participando da inauguração da sede da Acade-
mia de Letras de Pará de Minas, justamente no lugar
em que era a Biblioteca... Mal sabia que aquela menina
que carregava livros pra lá e pra cá iria se tornar escri-
tora! Muito obrigada Pará de Minas, por me dar tantas
alegrias!

Malluh Praxedes

34 Cultura e Gastronomia - nº 0 - Nov. 2021

todavoz

editora

Produção de revistas e veículos customizados para o mundo
empresarial e afins, além da edição de livros e o que couber na imagi-

nação de quem precisa contar suas histórias.
Essa é a nossa expertise.

[email protected] / (31) 3879-7422

Av. Professor Melo Cançado, 107
Fone: (37) 9 9948-0641

Vinhos: rótulos selecionados
do mundo todo;
Cervejas especiais;
Cardápio enxuto e perfeito
para você harmonizar
com sua bebida
favorita.

WINE BAR
Quinta a sábado,
das 17 às 23 horas


Click to View FlipBook Version