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Published by Atelier Online, 2022-08-11 18:52:40

Serviços de Caracterização, Tecnológica e Funcional de Materiais Naturais e Secundários de Morada Nova de Minas Associados à Cadeia Produtiva do Gás e ao Desenvolvimento Local e Regional

RELATÓRIO PARCIAL 17/05/2021
CONTRATO VERSATIL-FUSP
ORDEM DE SERVIÇO 005347

ESTÁGIO ATUAL DOS TÓPICOS DO CONTRATO



1) Título da Chamada:

Proposta de Serviços de Caracterização Tecnológica e Funcional de Materiais Naturais
e Secundários de Morada Nova de Minas associados à Cadeia Produtiva do Gás e ao
Desenvolvimento Local e Regional

2) Período Máximo de Execução: 75 dias

3) Escopo – Entregas Mínimas - Premissas

Considerando que o escopo dessa chamada de serviços se insere na atual fase do
Projeto GASBRAS, liderado pela UFMG INCT Acqua, que contempla o
desenvolvimento de uma arquitetura preliminar para a implantação de um poço piloto
de shale gas em Morada Nova de Minas, e as iniciativas compensatórias e de contra-
partida de desenvolvimento e sustentabilidade local e regional, o termo de referencia
estabelece as seguintes atividades/entregas mínimas a estarem presentes nas
propostas a serem submetidas:



CAPÍTULOS



1) a - caracterização, descrição e avaliação geotécnica, tecnológica e funcional das
rochas na região potencial para o poço piloto voltadas para análise de restrições na
construção de estradas, implantação do poço piloto, perfuração e unidades associadas,
e aplicação dos materiais descartados e acumulados; b – investigação, análise logística
e simulação dos resíduos da operação da planta piloto e sua aplicação local; c –
investigação de potenciais cadeias produtivas e APLs locais e regionais derivados do
projeto piloto.

Estágio: Amostragem feita em Morada Nova de Minas e equipe selecionada e
contratada



2) caracterização, descrição e avaliação iconográfica, tecnológica e funcional de
matérias primas secundárias no contexto de economia circular;

Estágio atual: concluída. Relatório do Capítulo abaixo



3) caracterização, descrição e avaliação iconográfica, tecnológica, funcional de
matériais que compõem e definem a paisagem;

Estágio Atual: 1a visita a Morada Nova Realizada

4) elaboração de catálogo integrador das informações e conceitos desenvolvidos;

Estágio atual: aguardando finalização dos demais capítulos



5) análise de normas de segurança e controle sóci0-ambiental para o gás que infliuam
nas análises anteriores;

Estágio atual: Normas já adquiridas na ABNT aguardando entrega



6) desenvolver formas de divulgação dos resultados acima nos seminários
programadas para maio em Morada Nova de Minas;

Estágio atual: no período de 24 a 28 de maio será realizada a Semana As Muitas
Moradas



7) Coordenar e viabilizar a logística para a participação dos membros da equipe
GABRAS nos estudos acima;

Estágio atual: no período de 24 a 28 de maio será realizada a Semana As Muitas
Moradas



8) Converter os resultados dos estudos acima em esculturas artesanais aplicadas na
mobilização do evento de maio;

Estágio atual: já programado para a semana de 24 a 28 de maio



9) produção de palestras, teasers e vídeos curtos associados;

Estágio atual: em desenvolvimento



10) Compilação dos resultados em cadernos temáticos e inserção nas mídias da Rede
Gasbras MG.

Estágio atual: em desenvolvimento



Premissas a serem levadas em consideração nas análises e metodologias:

a) os levantamentos e estudos devem estar associados à implantação do poço piloto e
prioridades de fomento de desenvolvimento local;

b) contextualizar as novas econômicas: verde, circular, novas energias, entre inúeras
outras a serem definidas em alcance local

c) conceitos integradores circulares na apresentação dos resultados

d) estabelecer integração, capilaridade e cooperação da equipe dedicada da
contratada com toda a equipe da Rede GASBRAS MG



CAPÍTULO 2 - A GERAÇÃO DE RESIDUOS NO CONTEXTO DE ECONOMIA
CIRCULAR


1 OBJETIVO


Caracterização, descrição, avaliação tecnológica e funcional de matérias primas
secundárias no contexto de economia circular encontradas nas atividades econômicas da

cidade de Morada Nova de Minas-MG.

2 METODOLOGIA APLICADA



Para o trabalho de levantamento sobre de materiais/resíduos disponíveis na cidade de
Morada Nova com potencial de transformação em matérias primas secundárias, aconteceu
de forma presencial e por razões estratégicas definiu-se que tais materiais seriam
investigados a partir dos resíduos gerados pós processamento dos pescados, queima do
eucalipto para produção de carvão e os resíduos sólidos domiciliares da cidade.




3 INTRODUÇÃO – MATÉRIA PRIMA SECUNDÁRIA E O SETOR



Para melhor entendimento do conceito de matéria prima secundária é importante
conhecer um pouco sobre sua origem, então podemos começar explicando a
diferença entre lixo, rejeito e resíduo, fonte de inspiração, pesquisa e
desenvolvimento da matéria prima secundária.

O lixo por exemplo é tudo aquilo que não se quer mais e é jogado fora. Já o resíduo
é aquilo que não serve para você, mas para outros pode se tornar matéria-prima
de um novo produto ou processo. O rejeito é um tipo específico de resíduo, onde
foram esgotados todas as possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem. Lixo,
resíduo e rejeito são palavras normalmente usadas como sinônimos. Porém
existem diferenças entre elas e saber entendê-las, pode mudar a visão do como
aproveitar o que sobra dos processos e atividades organizacionais.

O termo lixo no âmbito técnico não é utilizado e com todo conhecimento e
tecnologia disponíveis hoje, grande parte do que é gerado em processos
produtivos afins pode ser de alguma forma reaproveitado ou reciclado, sendo
considerado como resíduo e, quando isso não é possível, considera-se como
rejeito.

Resíduo então é tudo aquilo que pode ser reutilizado e reciclado e, para isto, este
material precisa ser separado por tipo, o que permite a sua destinação para outros
fins. Podem ser encontrados nas formas sólida (resíduos sólidos), líquida
(efluentes) e gasosa (gases e vapores).
Segundo a ABNT, NBR 10.004:2004, resíduos sólidos são aqueles que “resultam de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações
de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água,
ou exijam para isso soluções, técnica e economicamente, inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível. ”

O rejeito é um tipo específico de resíduo, onde quando todas as possibilidades de
reaproveitamento ou reciclagem já tiverem sido esgotadas e não houver solução
final para o item ou parte dele e, portanto, as únicas destinações plausíveis são
encaminhá-lo para um aterro sanitário licenciado ambientalmente ou incineração,
que devem ser feitas de modo que não prejudique o meio ambiente.

Após entendermos a diferença entre, lixo, resíduo e rejeito podemos concluir que
“matéria prima secundária” então são todos os materiais oriundos da produção
primária (agricultura, pecuária, extração mineral, vegetal e animal entre outros),
processados ou transformadas em matéria prima para a produção de bens de
consumo ou mesmo máquinas.

Esse setor da economia é bastante abrangente, agrega indústria de todos os tipos,
como frigoríficos, lacticínios, fábricas de roupas, calçados e alimentos em geral,
além de construções que vão desde as mais simples até as mais complexas.

Devido à exigência do mercado e a efetiva concorrência que vigora em nível global,
o setor industrial ou setor secundário tem se tornado um dos mais importantes
seguimentos produtivos. A busca por mercado e por atingir um número cada vez
maior de consumidores e, automaticamente, expandir suas atuações, promove
uma necessidade de fazer uso de um arsenal tecnológico que venha obter melhor

qualidade dos produtos, diminuição dos custos, utilizando materiais de fácil
reciclagem e que não provoquem tantos impactos ao ambiente.

O setor secundário também exerce uma função social, pois gera empregos nas
indústrias e nos seguimentos de revenda e distribuição dos produtos, além de
disponibilizar uma série de objetos que atualmente são tidos como indispensáveis
para a humanidade (habitação, alimentos, vestuário e alguns nem tanto
necessários como capas de celulares, artigos de decoração entre muitos outros) e,
desse modo, gera uma série de facilidades para a vida das pessoas.



4 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU)

4.1 Caracterização

De acordo com a norma NBR.10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas -
ABNT, Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs), vulgarmente denominados como lixo
urbano, são resultantes da atividade doméstica e comercial dos centros urbanos.

A composição varia de população para população, dependendo da situação
socioeconômica e das condições e hábitos de vida de cada um. Esses resíduos
podem ser classificados das seguintes maneiras:

• Matéria orgânica: restos de comida;
• Papel e papelão: jornais, revistas, caixas e embalagens;
• Plásticos: garrafas, garrafões, frascos, embalagens;
• Vidro: garrafas, frascos, copos;
• Metais: latas;
• Outros: roupas, óleos de motor, resíduos de eletrodomésticos.

Para garantir a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como
proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de
instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos
resíduos sólidos e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos foi criada
no ano de 2010. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS - Lei nº 12.305/10).

Na prática a PNRS prevê, a elaboração de Planos de Resíduos Sólidos diferentes
para cada esfera administrativa do governo. Ou seja, existe a previsão de um Plano
de Resíduos Sólidos da União, planos estaduais, planos regionais, intermunicipais e
municipais.

Fonte: Lixão a céu aberto - Imagem Arnaldo Vieira


Com isso, é preciso ter em mente que os Planos de Resíduos Sólidos se diferenciam
e muito da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O Plano é um documento
estratégico que visa alcançar determinadas metas, considerando sua área de
abrangência, sendo posterior à PNRS. Esta última se trata do documento/lei base e
norteador para a definição dos planos, oferecendo os instrumentos, mas não
decidindo as estratégias e metas a serem alcançadas.

No geral, a PNRS é composta por 17 diferentes instrumentos, dos quais podemos
eleger como mais relevantes:

• Logística reversa e coleta Seletiva


A logística reversa tem por objetivo retornar as embalagens pós consumo para
o início da cadeia produtiva (fornecedores). As diretrizes definidas na Logística
Reversa servem justamente para a sua aplicação, a qual depende de outro
instrumento: coleta seletiva. Sem este último, a logística reversa das
embalagens e demais instrumentos não teriam sucesso em sua concretização.

• Incentivo ao desenvolvimento das cooperativas



Incentivo à criação e desenvolvimento de cooperativas, é outro instrumento
muito importante para o desenvolvimento da reciclagem no Brasil, isso porque
são elas as responsáveis, em grande parte e até o momento, pela reciclagem de
resíduos no país. Além dessa questão mais operacional, deve-se considerar o
caráter marginal e social que configura a realidade das cooperativas no Brasil.
Em grande parte, são pessoas invisibilizadas pela sociedade e que não recebem
reconhecimento pelo serviço ambiental prestado. Por esse motivo, um plano
de gestão de lixo que leve em consideração a base da reciclagem no Brasil, as
cooperativas, deve executar ações que estruturem e deem melhores condições
ao desenvolvimento dos cooperados. Desta forma é possível criar um mercado
de reciclagem justo para todos envolvidos;

• Acordo setorial e termo de compromisso



Os acordos setoriais são firmados entre o Poder Público e a iniciativa privada,
para alcançar engajamento em conjunto e reduzir potenciais custos envolvidos.
Assim como os Termos de compromisso, que atuam de forma a garantir ações
dos atores em conjunto, este pode ser executado na falta de um acordo
setorial que abranja a região geográfica em questão.

4.2 Descrição

O desenvolvimento econômico, o crescimento populacional, a urbanização e a
revolução tecnológica vêm sendo acompanhados por alterações no estilo de vida e
nos modos de produção e consumo da população. Como decorrência direta desses
processos, vem ocorrendo um aumento na produção de resíduos sólidos, tanto em
quantidade como em diversidade, principalmente nos grandes centros urbanos.
Além do acréscimo na quantidade, os resíduos produzidos atualmente passaram a
abrigar em sua composição elementos sintéticos e perigosos aos ecossistemas e à
saúde humana, em virtude das novas tecnologias incorporadas ao cotidiano4,5.

Diariamente, são coletadas no Brasil entre 180 e 250 mil toneladas de resíduos
sólidos urbanos. A imprecisão nessa estimativa se deve a diferentes metodologias
empregadas nos levantamentos realizados e às dificuldades inerentes a essa
avaliação. Apesar das grandes diferenças regionais, a produção de resíduos tem
crescido em todas as regiões e estados brasileiros.

Entretanto, boa parte dos resíduos produzidos atualmente não possui destinação
sanitária e ambientalmente adequada. Embora tenha havido progresso nos últimos
vinte anos, os resíduos ainda são depositados em vazadouros a céu aberto, os
chamados lixões, em mais da metade dos municípios brasileiros (Tabela 1). O
percentual de municípios que utilizam aterros controlados, onde os resíduos são
apenas cobertos por terra, manteve-se praticamente inalterado entre 2000 e 2008,
e houve aumento na destinação para os aterros sanitários, que utilizam tecnologia
específica de modo a minimizar os impactos ambientais e os danos ou riscos à
saúde humana.

Tabela 1. Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos,

Brasil – 1989/2008


Destino Final (%)



Ano Vazadouro a Aterro Aterro

céu aberto Controlado Sanitário

1989 88,2 9,6 1,1

2000 72,3 22,3 17,3

2008 50,8 22,5 27,7

Fonte: IBGE

Entre 2000 e 2008, aumentou significativamente a participação dos aterros
sanitários e houve pequena diminuição da disposição de resíduos em lixões. Isso se
deve ao fato de um grande percentual desses resíduos ser produzido em apenas
alguns grandes centros urbanos, os quais contam geralmente com locais
adequados para disposição final.

O manejo adequado dos resíduos é uma importante estratégia de preservação do
meio ambiente, assim como de promoção e proteção da saúde. Uma vez
acondicionados em aterros, os resíduos sólidos podem comprometer a qualidade

do solo, da água e do ar, por serem fontes de compostos orgânicos voláteis,
pesticidas, solventes e metais pesados, entre outros.
A decomposição da matéria orgânica presente no lixo resulta na formação de um
líquido de cor escura, o chorume, que pode contaminar o solo e as águas
superficiais ou subterrâneas pela contaminação do lençol freático. Pode ocorrer
também a formação de gases tóxicos, asfixiantes e explosivos que se acumulam no
subsolo ou são lançados na atmosfera.
Os locais de armazenamento e de disposição final tornam-se ambientes propícios
para a proliferação de vetores e de outros agentes transmissores de doenças. Pode
haver também a emissão de partículas e outros poluentes atmosféricos,
diretamente pela queima de lixo ao ar livre ou pela incineração de dejetos sem o
uso de equipamentos de controle adequados. De modo geral, os impactos dessa
degradação estendem-se para além das áreas de disposição final dos resíduos,
afetando toda a população.

Fonte: Aterro Sanitário / Lixão - Imagem Arnaldo Vieira

Além desses impactos mais imediatos no ambiente, a disposição de resíduos

sólidos pode contribuir de maneira significativa com o processo de mudanças
climáticas. A decomposição anaeróbica da matéria orgânica presente nos resíduos
gera grandes quantidades de GEE (Gases de Efeito Estufa), principalmente o
metano (CH4), segundo gás em importância dentre os considerados responsáveis
pelo aquecimento global. O potencial de emissão de metano aumenta com a
melhora das condições de controle dos aterros e da profundidade dos lixões.


4.3 Avaliação Tecnológica

Se por um lado o desenvolvimento das cidades e das empresas promove um
crescimento saudável da economia de um país, por outro é responsável por uma
geração expressiva de lixo, que muitas vezes não é descartado corretamente e
pode, no futuro, afetar negativamente a população e o meio ambiente. Para evitar
que isso aconteça, uma das alternativas é o investimento maciço — por parte das

organizações, dos governos e das próprias pessoas — em “reciclagem”, um
componente essencial da gestão de resíduos moderna.
Fonte: Galpão de reciclagem – Imagem Arnaldo Vieira

Para entendermos melhor o impacto da relação entre população e geração de
resíduos sólidos urbanos, a tabela 2 apresentada abaixo demonstra de forma
objetiva uma estimativa da composição gravimétrica de todo o RSU coletado no
Brasil no ano de 2008.

Tabela 2. Estimativa da composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos coletados no

B r a s i l e m 2008 Participação (%) Quantidade (ton/dia)
Resíduo

Material reciclável 31,9 58.527,40

Metais 2,9 5.293,50

Aço 2,3 4.213,70

Alumínio 0,6 1.079,00

Papel, papelão e tetrapack 13,1 23.997,40

Plástico total 13,5 24.847,90

Plástico filme 8,9 16.399,60

Plástico rígido 4,6 8.448,30

Vidro 2,4 4.388,60

Matéria orgânica 51,4 94.335,10

Outros 16,7 30.61890

Total 100,0 183.481,50

Fonte: Elaborado a partir IBGE-2010



Mas afinal, o que é a reciclagem?

Em termos gerais, a reciclagem é o processo de reaproveitamento de materiais
descartados de forma a reintroduzi-los no ciclo produtivo. Composta por um
conjunto de técnicas diversas, que variam de acordo com o tipo de resíduo a ser
recuperado, é uma das maneiras mais vantajosas de se tratar rejeitos sólidos, tanto
da perspectiva da natureza quanto do ponto de vista da sociedade. Além disso,
nesse processo existem grandes vantagens, dentre elas podemos citar:

• Redução no consumo de matérias-primas;
• Economia de energia elétrica e água;
• Diminuição do volume total de lixo; e
• Geração de vagas emprego para milhares de pessoas.

A regulamentação das atividades de reciclagem no Brasil começou a ganhar forma

em 2010 com a implementação da já citada lei nº 12.305, que prevê sobretudo a
redução da geração de resíduos e propõe a adoção de hábitos de consumo
sustentáveis, além de incentivar reutilização de rejeitos quando possível ou o seu
descarte adequado quando necessário. Para iniciar a implantação deste processo é
importante que municípios atentem-se para as seguintes ações:

A. Separação do lixo a ser descartado

Todo processo de reciclagem começa com a realização de uma coleta seletiva,
isto é, a separação do lixo a ser descartado por tipo de material. Esta primeira
etapa é importante, não só para facilitar as seguintes, mas também para
baratear e viabilizar o sistema como um todo. Vale frisar que, segundo o
Ministério do Meio Ambiente, a implantação da coleta seletiva é obrigação da
prefeitura de cada município brasileiro e todas as metas referentes a ela fazem
parte do conteúdo mínimo dos Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
das cidades. Dentre as metas estabelecidas, está previsto ainda o incentivo à
criação e desenvolvimento de cooperativas/associações de catadores de
materiais recicláveis para onde todo material proveniente da coleta seletiva
deve ser destinado.

B. Comece pelos resíduos recicláveis secos

A PNRS estabelece que todos os resíduos sejam separados no mínimo em
recicláveis secos e rejeitos antes de serem destinadas ás
cooperativas/associações. Os secos são compostos basicamente por metais,
papel e papelão, diferentes tipos de plástico e vidro e têm seu processo de
reciclagem melhor difundido e facilitado pelo poder público. Os rejeitos, ao
contrário dos primeiros, não podem ser reaproveitados de nenhuma maneira e
são representados principalmente pelos resíduos de banheiro, como fraldas
descartáveis, absorventes e hastes flexíveis (“cotonetes”).

Para exemplificar a importância da reciclagem na transformação dos resíduos
sólidos em matérias primas secundárias e disponibilizá-las novamente ao ciclo
produtivo, podemos citar como os mais conhecidos os seguintes materiais:

C. Latinhas de alumínio

Entre os secos, as latinhas de alumínio são as campeãs de reciclagem no Brasil.
Em 2016, 98,14% delas foram reaproveitadas no país, enquanto a média
mundial é de 75%. Dois anos antes, em 2014, foram vendidas quase 300 mil
toneladas de latinhas e outras 289,5 mil foram recicladas. Todo esse sucesso
acontece principalmente porque o alumínio pode ser reciclado infinitamente e
mantém quase a mesma qualidade do material primário. Além disso, sua coleta
e compactação são muito fáceis e a quantidade de latinhas é abundante em
todo o território nacional, sem interrupções sazonais.


D. Papel e Papelão

No setor de papel e papelão, diferentemente do que acontece nos demais, os
fabricantes também acabam atuando como recicladores, integrando um
sistema de comércio de aparas já bem estabelecido há tempos. Atualmente,
segundo dados de 2016 do SNIF (Sistema Nacional de Informações Florestais), o
Brasil aparece entre os maiores recicladores de papéis do mundo, recuperando
cerca de 60% daquilo que é consumido internamente. Grande parte deste
trabalho de reciclagem ainda é feito informalmente: de acordo com o relatório

anual (2013-2014) da ANAP (Associação Nacional dos Aparistas de Papel), as
cooperativas e catadores respondem por cerca de 20% do volume entregue aos

chamados aparistas.

E. Plásticos
No grupo dos plásticos, a garrafa PET é o material que mais se destaca.
Segundo a Abipet (Associação Brasileira da Indústria do PET), o sistema
brasileiro de reciclagem do PET é um dos mais desenvolvidos do mundo e
promove uma grande variedade de aplicações para o material reciclado,
criando uma demanda constante e garantida. De acordo com o 10º Censo da
Reciclagem do PET no Brasil realizado pela associação em 2016, 28,6% das
empresas que compõem a indústria recicladora utilizam o PET para produzir
resinas insaturadas e alquídicas; 25,7% o transformam em produtos têxteis e
novas embalagens; o restante é dividido entre lâminas e chapas, fitas adesivas
e outros.

4.4 Avaliação Funcional
Segundo dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais), de 2018, cada brasileiro produz por dia cerca de 1,039 Kg de
lixo. Grande parte deste montante tem como destino os aterros sanitários, já que
apenas 22% das cidades brasileiras têm coleta seletiva, de acordo com pesquisa
realizada pelo Cempre (Compromisso Empresarial pela Reciclagem).
Se consideramos essa média de geração (1,039 kg/hab/dia) e multiplicarmos pela
população de uma cidade semelhante a “Morada Nova de Minas” que possui
aproximadamente 10.000 habitantes, chegaremos a seguinte conclusão:
Geração de RSU

1,390 kg/hab. dia

10.390 kg/dia

O total de 10.390 kg/dia de RSU gerado pela população, se multiplicado por 22
dias úteis de coleta realizada na cidade, alcançaremos um volume de 228.580
kg/mês.
Aprofundando um pouco mais no assunto, porém agora adotando a pesquisa do
IPEA-2012, onde a matéria orgânica representou 51,4% do lixo diário, e apenas
31,9% era composto de recicláveis, encontraremos o seguinte volume de material
passível de transformação em matéria prima secundária:

228.580 kg/mês






72.917,02

Todo kg/mês esse montante (72.917,02 kg)) de materiais


recicláveis gerados pelos munícipes da cidade como Morada Nova de Minas por
exemplo é composto por alumínio, plásticos, papel, aço, metais e vidro e
poderiam ao invés de serem descartados diretamente no aterro na cidade trazer
benefícios, tais como:

• Gerar trabalho e renda para catadores que inclusive o fazem clandestinamente
no local;

• Evitar a degradação e a contaminação do solo e lenço freático;
• Contribuir para redução da exploração desenfreada das matérias primas

virgens na natureza;
• Aumentar a vida útil do aterro sanitário;

Para demonstrar como deveria funcionar o processo de coleta seletiva,
segregação/separação de recicláveis dos resíduos sólidos urbanos gerados em
uma cidade, visando o reaproveitamento dos recicláveis e também a destinação
dos rejeitos, foi elaborado o seguinte fluxograma.

Domicílios




RSU





Líquido/ Sólido

Orgânico



Coleta Coleta

Domiciliar Seletiva

Cooperativa





Rejeito Reciclável





Aterro Indústria
Sanitário Transformação





Compostagem Gás Mat. Prima
metano Secundária





Mercado Indústria
Bens de Consumo

5 RESÍDUO ORGÂNICO INDUSTRIAL – FRIGORÍFICOS/GRAXARIAS

5.1 Caracterização

Resíduos orgânicos são resíduos provenientes de inúmeras fontes, como
matadouros, curtumes, fábricas de tintas, de papel, plásticos etc., que são
liberados no ambiente, na maioria das vezes, sem nenhum tratamento. Podemos
citar como exemplos de lixo orgânico: restos de alimentos orgânicos (carnes,
vegetais, frutos, cascas de ovos), papel, madeira, ossos, sementes, etc.
5.2 Descrição
A preservação do meio ambiente tem se tornado cada vez mais importante a ser
discutida, e com essa pauta surge um dos maiores problemas para a humanidade:
que destinação dar para o lixo?
O lixo doméstico é apenas uma pequena parte de todo o lixo produzido, e boa
parte dele pode ser reciclada, já o lixo industrial corresponde a boa fração do lixo
produzido. Uma sociedade moderna necessita de indústrias para suas diversas
atividades, de produção de energia a produção de bens. Logo, as atividades
industriais são necessárias e não podem ser paralisadas, o que gera uma discussão
na qual se debate qual o destino deve ser dado para os diversos tipos de lixo
industrial.
O que é o lixo ou resíduo industrial?
O lixo ou resíduo industrial é aquele material gerado pelos processos de produção
das indústrias metalúrgicas, alimentícias e químicas que têm seus lixos bem
diferenciados entre si, o que causa a necessidade de tratamentos especiais para
cada tipo. Por exemplo, em uma indústria alimentícia, o refugo, pode ser vendido
para fábricas de ração animal, enquanto metalúrgicas e de plásticos, vendem seus
refugos para serem reciclados por empresas especializadas. Já nas indústrias
químicas, geralmente, é precisam tratar seus rejeitos, o que pode requerer altos
investimentos.
Alguns exemplos de lixo industrial que podemos citar são:
• Produtos químicos;
• Borracha;
• Plásticos;
• Madeira;
• Papel;
• Cinzas;
• Gases;
• E óleos.

Nos processos das indústrias são usadas matérias-primas, como ferro, água e
madeira, no entanto, esses processos produzem os restos da produção, lixo
industrial, e esses restos podem ser inofensivos ou tóxicos, tanto para saúde
humana quanto para o meio ambiente.
Quais os tipos de lixo/resíduo industrial?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), regula resíduos através da
norma NBR 10.004, onde são classificados os tipos de resíduos conforme as suas
reações.
A. Perigosos: Classe 1 – Contaminantes e tóxicos

Alguns desses lixos/resíduos industriais da Classe 1 – Contaminantes e tóxicos,
podemos citar os metais, cianureto, pesticidas, solventes e amianto. Os quais
podem causar sérios riscos à saúde de quem for exposto. Devem ser tratados e
destinados a instalações próprias para este fim. Aterros industriais são uma
opção, devem ser impermeabilizados por mantas, e contar com várias camadas
de proteção, de modo a evitar que hajam vazamentos que irão causar a
contaminação do solo e corpos d’água próximos. Alguns exemplos de lixo
classe 1 são borras de tinta, óleos lubrificantes, papéis e graxas.
B. Não inertes: Classe 2 – Possivelmente contaminantes

A classe 2, por terem potenciais de contaminação, isto é podem vir a ser
perigosos para a saúde humana ou do ambiente, recebem o mesmo
tratamento dos lixos de classe 1, sendo destinados a aterros impermeáveis
para evitar possíveis contaminações. Alguns exemplos de lixo classe 2 são
fibras de vidro, resíduos provenientes de limpeza de caldeiras e lodos
provenientes de filtros.

C. Inertes: Classe 3 – Não contaminantes

Estes são os que não irão contaminar a água do ambiente em que são
despejados, tornando-a imprópria. Muitos dessa categoria são recicláveis, e
não se degradam facilmente quando dispostos no solo. Como exemplos de
lixo classe 3 podemos citar restos de madeira, sucata de ferro e aço.
Então, como descartar o lixo industrial?
O descarte do lixo líquido diretamente em rios e mares é um dos mais comuns
destinos dados aos lixos industriais.
Enquanto os sólidos são amontoados em depósitos e os gasosos são liberados
livremente pelas chaminés. Esses métodos são extremamente problemáticos,
dado que parte desse lixo é tóxico e não biodegradável. Esse tipo de descarte é
feito por indústrias que não sabem como lidar com o seu lixo industrial, e acaba o
eliminando no meio ambiente, mesmo sabendo que não será absorvido.

Também se fazem aterros, que quando não forem apropriadamente
impermeabilizados podem ameaçar os ciclos naturais. Além de poluir o ambiente,
já que agentes contaminantes perigosos podem vazar e contaminar animais, solo,
águas e lençóis freáticos, além de pôr em risco a saúde pública.

A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) estabelece meios de descarte que
causem danos, destruição ou morte à animais e vegetação dos locais de descarte,
como crimes ambientais. Sendo necessário a aplicação de meios de descarte mais
corretos. Enquanto o descarte correto, como dito anteriormente, depende da sua
classe, isto é, se são perigosos, não inertes ou inertes.

Como base no tipo de lixo industrial, existem diversos métodos para que sejam
descartados com o mínimo de contaminação:

A. Coprocessamento

O Coprocessamento transforma os resíduos em combustíveis para fornos
industriais cimentícios, de modo que não gera gases poluentes, onde a alta
temperatura da chama, o tempo de residência dos gases, turbulência no
interior do forno e outros parâmetros da produção de cimento são superiores
aos que são exigidos para a destruição segura dos resíduos perigosos;


B. Incineração

Indicado para lixo de classe 1, a incineração é um método eficiente para
descartar resíduos corrosivos, reativos, tóxicos, inflamáveis ou patogênicos. As
temperaturas para por este método variam de 900 °C a 1250 °C, tendo seu
tempo de residência controlado, para que permita a quebra orgânica do
resíduo, reduzindo o volume e risco de contaminação do material;


C. Aterramento



A secretaria municipal de cada cidade prescreve as normas para o descarte em
aterro do lixo industrial, ela destina uma área própria para o descarte de lixo
industrial. É necessário que o aterramento seja feito de forma a ser
impermeável, de modo a não contaminar o ambiente. Também é um método
utilizado para lixos classe 1.

D. Beneficiamento de resíduos

Este método destrói, de forma térmica, os elementos com capacidade
contaminante, como óleos e resíduos sólidos. Passando por métodos de
segregação e secagem, o material restante pode até ser como matéria prima
de outras indústrias. Materiais como gases, que são mais difíceis de ser
trabalhados, passam por tratamentos durante o processo de separação do
óleo, passando então por um pós-queimado que tem como função eliminar
esses gases.

5.3 Avaliação Tecnológica

O número de empreendimentos dedicados ao processamento dos produtos da
piscicultura vem aumentando de forma expressiva nos últimos anos. Estes
englobam frigoríficos com registro no SIF (Serviço de Inspeção Federal), SIE’s
(Serviço de Inspeção Estadual) ou nos SIM’s (Serviço de Inspeção Municipal), além
de inúmeras pequenas unidades de processamento de pescado dentro das
próprias pisciculturas, que não contam com uma inspeção sanitária no abate e no
processamento.

Qualquer que seja o porte ou situação de registro destes frigoríficos, todos eles
enfrentam um desafio em comum: “Como promover o aproveitamento integral do
pescado cultivado, uma vez que o aproveitamento ou não dos subprodutos e
resíduos do processamento traz importantes consequências econômicas e
ambientais? ”

No momento há informações e equipamentos disponíveis para a implementação
de processos que possibilitem a transformação dos diversos resíduos e
subprodutos das indústrias de pescado em farinhas, ensilados, carne
mecanicamente separada (CMS) ou a polpa de pescado, empanados e embutidos,
couro, dentre outros produtos. Não obstante, a implementação destes processos
exige considerável investimento em equipamentos, em tecnologia, em
implementação de processos e controles necessários para obtenção de
certificação sanitária e licenciamento ambiental, limitando assim sua utilização aos
frigoríficos de maior porte.


Os resíduos do processamento do pescado

As cabeças, escamas, peles, vísceras e carcaças (esqueleto com carne aderida) são
os principais resíduos do processamento de pescado (Tabela 3). Dependendo da
espécie de peixe processada e do produto final obtido pelo frigorífico, estes
resíduos podem representar algo entre 8-16% (no caso do pescado eviscerado) e
60 a 72% (na produção de filés sem pele).

Tabela 3 – Percentual dos diferentes tipos de resíduos em relação ao pescado inteiro

e em relação à tilápia



Resíduo Em geral (%) Tilápia (%)

Vísceras 8 – 16 8 – 12
Pele limpa 2 – 6 3 – 4

Escamas 2- 4 2 – 3


Cabeça 12 - 25 14 – 18
Esqueleto com carne aderida 30 - 35 28 - 30

• O aproveitamento dos resíduos do processamento do pescado


A. Produção de farinha e óleo:

A produção de farinha e óleo para uso na alimentação animal tem sido a
forma mais tradicional de aproveitamento dos resíduos do processamento
de pescado (cabeças, vísceras, sobras da filetagem, entre outros). No
processo de produção de farinhas, os resíduos são submetidos a um
cozimento, seguido de prensagem para remoção do óleo, secagem,
moagem e ensacamento.



Em média, são necessários cerca de 4 a 6kg de resíduos para a obtenção de
1kg de farinha de peixe. Este percentual depende do grau de umidade da
matéria-prima utilizada no processo. O alto investimento em
equipamentos e instalações e a inexistência de equipamentos destinados a
pequenas produções restringem a produção de farinhas aos
empreendimentos com grande volume de processamento. Fabricantes de
equipamentos e processadores indicam que o volume mínimo de produção
que justifique o investimento na produção de farinha de peixe seria ao
redor de 4.000 – 5.000 kg/dia. Apesar de alguns frigoríficos de pescado no
Brasil contarem com suas próprias fábricas de farinha de peixe, o mais
comum é a existência de produtores de farinha especializados que
recolhem os resíduos do processamento de diversos frigoríficos.

O óleo de peixe também é extraído neste processo, a torta da farinha é
misturada, centrifugado a uma temperatura de 80ºC, obtendo-se óleo
bruto, que pode ainda passar por um processo de refino para obtenção de
um óleo clarificado e inodoro. Este processo pode ser observado na
representação abaixo:

O fluxo abaixo representa o processo de fabricação da farinha e do óleo de peixe.


Pre-limpeza Farinha de Prensagem e Utilizado na alimentação
Degomagem peixe centrifugação animal (balanceamento de
Neutralização Refino
Óleo bruto rações)
Lavagem
Secagem
Branqueamento

Filtração

Óleo Utilizado na alimentação humana
clarificado e outros

B. Surimi

A polpa (CMS – carne mecanicamente separada) – Após o processo de
filetagem, uma considerável quantidade de carne ainda permanece
aderida ao esqueleto do peixe. Além disso, ainda sobram as aparas
provenientes da toalete feita nos filés.
Este material pode ser processado com o auxílio de uma despolpadora, de
forma a separar a polpa dos ossos. A polpa de pescado pode ser usada
diretamente na produção de embutidos (salsichas e lingüiças) e diversos
tipos de empanados de alto valor agregado. A polpa também pode passar
por uma sequência de lavagens e prensagens, obtendo-se o surimi.
O surimi é usado como matéria–prima básica na elaboração de produtos
como os hambúrgueres, diversos tipos de empanados, kani-kama, entre
outros. Existe também a possibilidade de se comercializar a polpa
diretamente, quando elaborada a partir de carcaças lavadas. Esse produto
pode ser utilizado diretamente como ingrediente na merenda escolar, em

cozinhas industriais e até nas refeições domésticas

• Outras possibilidades para o aproveitamento dos resíduos do processamento
do pescado

A. Silagem de peixe:

Outra alternativa para transformação dos resíduos é o processo de
ensilagem, que consiste na promoção da hidrólise (decomposição
enzimática) e preservação dos resíduos através da redução do pH do
material com a adição de ácidos (silagem química) ou através da
fermentação láctica promovida por bactérias (principalmente os

Lactobacillus) incorporadas ao material ensilado (silagem biológica). O
investimento para a produção de ensilados não é tão elevado, o que
possibilita a adoção desta tecnologia tanto pelos grandes, como pelos
pequenos processadores.

No Brasil, diversos processadores de pescado partiram para a produção de
silagem como alternativa para se livrar dos resíduos do processamento. No
entanto, muitos não conseguiram dar destino ao material produzido,
ficando com grandes quantidades de produtos armazenadas na
propriedade.

A silagem de peixe pode ser transformada em fertilizantes e pode ser
aplicada em áreas com culturas agrícolas. No entanto, a aplicação rotineira
de grandes quantidades do material exige a disponibilidade de
equipamentos especiais e mão-de-obra. A transformação da silagem em
fertilizante para comércio em lojas de jardinagem é uma opção muito
atrativa e com boas margens de lucro. No entanto, para escoar grandes
quantidades de material de forma rotineira através desse mercado,
demanda um grande esforço de venda e distribuição, principalmente se o
processamento estiver distante dos grandes centros de consumo. Uma
alternativa interessante e capaz de dar conta de reutilizar toda a silagem
produzida é a incorporação da mesma nas rações usadas na própria
piscicultura. O material ensilado também pode ser usado em rações para
gatos e mesmo na alimentação de outros animais (suínos e aves).

B. Compostagem:

A compostagem de resíduos animais está sendo aplicada com sucesso em
várias partes do mundo e deverá ser o principal processo para a disposição
de animais mortos durante a criação. Um número crescente de granjas de
aves e criadouros de suínos vem empregando esse processo no Brasil e já
existem exemplos de algumas pisciculturas que utilizam essa forma de
disposição de animais mortos.

A compostagem é um processo naturalmente controlado, pelo qual
microrganismos benéficos (bactérias e fungos) transformam os resíduos
orgânicos em produtos finais estáveis, com baixo risco ambiental e
sanitário. A compostagem de resíduos animais consiste em misturar em
porções equilibradas quatro elementos:

• Maravalha ou palha de cereais, que servirá de substrato para
fermentação e se transformará em fonte de carbono;

• Cama de aviário, leite fermentado ou outro inoculo, como fonte de
microrganismos redutores, nitrogênio e oxigênio;

• Resíduo animal, que é o material a sofrer a decomposição, se
transformando em fonte de nitrogênio;

• Água, que será o catalisador da reação.

A mistura destes elementos de forma equilibrada proporciona uma relação
ideal de carbono e nitrogênio (C:N) de 23:1 – aceita-se níveis de 15:1 a 35:1
– e umidade de 55% (com extremos aceitáveis de até 60%). Quando esta
combinação de condições e elementos ocorre de maneira adequada, há
uma elevação da temperatura acima de 60oC. A temperatura alcançada
por este tipo de fermentação, combinada ao tempo de exposição ao calor,
garante a destruição dos patógenos que possam estar presentes na
compostagem e impede a proliferação de insetos e a invasão por
predadores. Neste ambiente de alta temperatura, o resíduo animal é
decomposto através de uma fermentação aeróbica, resultando na
produção de água, dióxido de carbono, carbono e nitrogênio, com mínima
liberação de odor. A compostagem pode ser feita ao ar livre em terreiros
(formando leiras ou montes) ou estruturas especificamente construídas

para tanto.

O produto da compostagem pode ser vendido como fertilizante. Alguns
frigoríficos de pescado no Brasil já começaram a utilizar este método de
disposição dos resíduos do processamento. Mais informações sobre o
processo de compostagem de resíduos animais podem ser obtidas no
artigo de Zanella (Compostagem: Alternativa ecológica. Revista Avicultura
Industrial – No 1067 – Julho/1999 – Edição especial).

C. Preparo de rações:

Muitos produtores tomaram a iniciativa de investir no processamento da
produção própria e, também, de parte da produção de terceiros como
saída para a expansão dos seus negócios e mercados e para melhorar as
margens de lucro.

A produção de rações granuladas a partir dos resíduos frescos do
processamento ou da silagem requer o investimento em alguns
equipamentos. São necessários um triturador ou moedor para os resíduos,
um misturador horizontal e uma máquina formatadora de peletes. Uma
máquina de moer carne de boa potência e com jogo duplo ou triplo de
facas pode servir tanto para triturar os resíduos como para granular a
ração. Como os resíduos possuem alta umidade estes devem ser

previamente misturados a outros ingredientes mais secos, por exemplo, os
farelos vegetais (farelo de soja, farelo de trigo e farelo de arroz), dentre
muitas outras opções de ingredientes.
A mistura também deve receber suplementação vitamínica e mineral. No
caso particular da vitamina C, deve ser utilizada uma fonte estável à
oxidação (ácido ascórbico monofosfato). A massa a ser granulada no
moedor de carne deve ter umidade próxima de 30% (capaz de ser
modelada pressionando o material entre os dedos). Isso facilita o processo
de formação dos peletes.
A ração úmida deve ser fornecida aos peixes no dia. Caso seja necessário
armazenar por dois ou mais dias, os peletes devem ser secados ao sol. Se a
ração tiver que ser armazenada por um período mais prolongado (por
exemplo, mais de uma semana), além da secagem pode ser necessária
adição de antioxidante e antifúngico para evitar a deterioração do produto
e perda do seu valor nutritivo.
Onde houver possibilidade, a ração também pode ser armazenada em
câmara fria, aumentando assim o prazo para a sua utilização. O produtor
deve estar ciente da possibilidade de transmissão de agentes patogênicos
através da ração elaborada com os resíduos frescos sem tratamento. Isso
pode ser minimizado com o uso da silagem ácida. Para a produção da
silagem ácida é necessário investimento adicional em recipientes para
armazenamento do produto, além de um misturador para manter o
produto homogêneo durante o processo. Também é preciso comprar os
ácidos a serem utilizados no processo.
O aproveitamento dos resíduos frescos ou da silagem para o preparo de
rações para uso na produção é uma alternativa capaz de dar destino a todo
o volume de resíduo produzido caso não haja outra destinação. Por
exemplo, a cada 1.000kg de peixe produzido e processado, são gerados
cerca de 650kg de resíduos frescos ou praticamente a mesma quantidade
de silagem. Como os pellets produzidos afundam na água, o produtor deve
fornecer simultaneamente em cada refeição cerca de 10% de ração
extrusada (flutuante), que servirá como um indicativo do consumo,
evitando assim desperdício de ração no fundo dos viveiros. No caso de
tanques-rede, é necessário utilizar contendores de ração ou mesmo
alimentadores de demanda (acionados pelos próprios peixes). Nesse caso a
formulação tem de ser nutricionalmente completa.

5.4 Avaliação Funcional
No município de Morada Nova de Minas, existem três fabricantes de farinha e
óleo de peixe, são conhecidos como “Graxarias, juntas coletam sem custo 98% de
todo o resíduo gerado no processamento da tilápia dos mais de trinta frigoríficos
da cidade. Os resíduos não adequados à alimentação humana tais como vísceras,

escamas e o esqueleto, incluindo a cabeça são coletados e através de
equipamentos é realizada a extração do óleo e produção da farinha. Após o
processamento são gerados dois novos resíduos, os sólidos e o líquido o qual
podemos denominar “Água Residual” que representa 70/80% do total.

Água Residual é o resultado do grande consumo de água, nas indústrias
processadoras de pescado, deriva das etapas de higienização. Como a qualidade
da matéria prima e a saúde do consumidor são prioridades, consome-se muita
água para a limpeza e sanitização das ferramentas e utensílios empregados no
processo industrial. Em decorrência desse elevado dispêndio, geram-se resíduos
sólidos e líquidos caracterizados pelas concentrações de matéria orgânica, íons e
microrganismos. Ademais, o tratamento destes efluentes faz-se necessários, antes
que ocorra o retorno direto do material em corpos hídricos.
Apesar da importância do tratamento destes afluentes, em Morada Nova de
Minas todo esse resíduo liquido e também o sólido após serem sedimentados são
captados/coletados e ainda despejados no aterro sanitário municipal sem nenhum
tipo de tratamento. Como o material residual gerado nas três Graxarias não é
quantificado, é quase impossível precisar quanto está sendo despejado no aterro
sanitário da cidade todos os meses, por outro lado se consideramos o montante
informado por uma destas Graxarias, que seu resíduo liquido chega a 8 ton., e o
sólido a 2 ton/mês, e utilizarmos esses mesmos valores para as outras duas
fábricas, chegaremos a um número aproximando de 30 tons de resíduos
depositados mensalmente no aterro sanitário, podendo causar a contaminação do
solo, lençol freático e danos à saúde humana.
O material residual resultante do processamento pode ainda conter um grande
teor de matéria prima orgânica, íons e microrganismos. Devido a essa composição
há sim a necessidade de tratamento antes do retorno do efluente aos corpos
hídricos ou ao meio ambiente. Deste modo, práticas sustentáveis de
gerenciamento de resíduos, tais como o reuso destes na agricultura e produção de
biogás, mostram-se adicionais ao tratamento e alternativas ao lançamento deste
material nos diferentes ecossistemas.

Os tratamentos para o aproveitamento destes materiais passam a ser, a
reutilização ou reuso e a reciclagem. Nesse quesito, a reutilização consiste no
aproveitamento do efluente, quando este é eliminado nas etapas industrias e não
sofre transformações físico-químicas. A reciclagem por sua vez, refere-se ao
aproveitamento do material, após este sofrer uma descaracterização física ou
química. A partir desta modificação, fabricam-se novas matérias primas.
Quando a reutilização ou reciclagem não são possíveis ou viáveis a recuperação na
qual o material reutilizável ou não reciclável é convertido em energia em forma de
gás, mostra-se a alternativa mais pertinente para o caso de Morada Nova de
Minas. Devido à síntese destes gases, que podem ser utilizados no interior das
próprias Graxarias, ocorre menor dependência energética. Além disso, se o
processo de recuperação for a digestão anaeróbica ocorre ainda a produção de

biogás, que é de energia renovável, e de adubos orgânicos que podem ser
empregados na agricultura.

A digestão anaeróbia é um processo fermentativo em que matéria orgânica
complexa é degradada a compostos mais simples. A degradação ocorre através da
ação de diversos grupos de micro-organismos que interagem simultaneamente,
até a formação dos produtos finais, metano e gás carbônico. Na ausência de
oxigênio ou de agentes oxidantes fortes como o sulfato, nitrato e enxofre, a
degradação anaeróbia da matéria orgânica até a formação de metano, envolve
três etapas: hidrólise e fermentação, aceto gênese e metano gênese.

Na primeira etapa, a matéria orgânica complexa como poli carboidratos, proteínas
e lipídeos é hidrolisada e fermentada por bactérias hidro líticas fermentativas a
compostos orgânicos simples como aminoácidos, açúcares, ácidos graxos e
álcoois. Na segunda etapa, os produtos metabólicos do primeiro grupo são então
convertidos a acetado e hidrogênio pelas bactérias aceto gênicas sintrofias
associadas às bactérias utilizadoras de hidrogênio. E na terceira etapa, bactérias
metano gênicas convertem acetato, formiato, hidrogênio, etc., a metano e dióxido
de carbono.


6.0 RESÍDUOS DA PRODUÇÃO DO CARVÃO VEGETAL


6.1 Caracterização

Carvão vegetal é o produto sólido obtido por meio da carbonização da madeira,
cujas características dependem das técnicas utilizadas para sua obtenção e o uso
para o qual se destina. O rendimento do carvão vegetal gira em torno de 25 a 35%,
com base na madeira seca. Segundo Brito & Barrichelo (1981), os principais tipos
de carvão são:

A. Carvão para uso doméstico: não deve ser muito duro, deve ser facilmente
inflamável e emitir o mínimo de fumaça. Sua composição química não tem
importância fundamental e pode ser obtido a baixa temperaturas (350 a
400ºC);


B. Carvão metalúrgico: utilizado na redução de minérios de ferro em alto-forno,
fundição, etc. A preparação deste carvão necessita de melhores técnicas em
que a carbonização deve ser conduzida a elevadas temperaturas (mínimo de
650 ºC) com grande tempo de duração. Deve ser denso, pouco friável e ter
uma boa resistência, além de apresentar baixa taxa de materiais voláteis e
cinzas. O carvão deve ter no mínimo 80% de carbono;



C. Carvão para gasogênio: O carvão não deve ser muito friável, sua densidade
aparente não deve ultrapassar 0,3 g/cm³ e deve ter um teor de carbono de
75%;

D. Carvão ativo: usado para descoloração de produtos alimentares, desinfecção,
purificação de solventes, etc. O carvão deve ser leve e ter grande porosidade.
Para aumentar o poder absorvente, podem ser realizados pré-tratamentos na
madeira utilizada;



E. Carvão para a indústria química: as exigências variam segundo o uso do
carvão, mas de modo geral, exige-se evidentemente boa pureza ligada a uma
boa reatividade química;



F. Outros usos: carvão para a indústria de cimento (produto pulverizado e com
boa inflamabilidade).


A produção de carvão vegetal no Brasil está vinculada intimamente com a
produção de ferro-gusa; essa situação acontece em poucos lugares no mundo,
pois a maioria dos países substituiu o carvão vegetal pelo mineral. Trata-se de uma
atividade de grande importância econômica para o país, que direta ou
indiretamente, envolve um grande número de trabalhadores (Pimenta et al.,
2006). A utilização de carvão vegetal na siderurgia pode representar um ganho
para o meio ambiente se sua produção vier de florestas plantadas e respeitar os
direitos trabalhistas dos carvoeiros. Infelizmente, não é essa situação que ocorre
em todo o Brasil.

Uma característica da produção de carvão vegetal é sua baixa eficiência, além de
diversos tipos de técnicas, variando desde os métodos mais simples e baratos aos
mais eficientes (Rosillo-Calle et al, 2005). Apesar de esse produto requerer baixo
investimento, permanece disperso, pouco desenvolvido e com poucos incentivos
por parte das autoridades e também dos próprios proprietários das carvoarias.

O carvão vegetal apresenta-se como uma possibilidade de fonte de renda para
trabalhadores de baixa renda nas zonas rural e urbana, porque essas pessoas
podem entrar no mercado de trabalho oferecendo apenas sua mão-de-obra
(Pinheiro e Sampaio, 2008). Os aspectos sociais da produção de carvão vegetal são
muito distintos no Brasil; em alguns lugares existem sindicatos organizados para
assegurar que os direitos trabalhistas dos carvoeiros sejam cumpridos e locais sem
a menor infraestrutura para o trabalho e moradia dos carvoeiros.


6.2 Descrição

Segundo a Sociedade Brasileira de Silvicultura (2006), o Brasil é um dos maiores
produtores de carvão vegetal, respondendo por cerca de 1/3 da produção
mundial. O setor industrial caracteriza-se como o principal consumidor de carvão
vegetal, sendo responsável pelo consumo de 89% das 10,5 milhões de toneladas
carvão vegetal produzidos no ano de 2007 (BEN, 2008). Para a redução do minério
de ferro em uma siderúrgica, é necessária a utilização de uma fonte de carbono,
encontrada no carvão mineral ou carvão vegetal. O carvão mineral é um
combustível de origem fóssil e, portanto, altamente poluidor. Desta forma a

utilização de um combustível renovável como o carvão vegetal é viável do ponto
de vista ambiental. O grande problema é a origem deste carvão vegetal, que deve
ser proveniente de florestas plantadas, pois a utilização de mata nativa torna sua
produção insustentável.

Como pode ser visto na tabela 4 abaixo, a origem do carvão vegetal consumido no
Brasil foi, 49% proveniente de origem nativa e 51 % proveniente de florestas
plantadas, em 2006.


Tabela 4:: Origem do carvão vegetal consumido no Brasil

Ano Origem Nativa % Orig. Flor. Plantadas % Total

1990 24.355 66,0 12,547 34,0 36.902

1991 17.876 57,7 13.102 42,3 30.978

1992 17.826 61,1 11.351 38,9 29.177

1993 17.923 56,5 13.77 43,5 31.700

1994 15.180 46,0 17.820 54,0 33.000

1995 14.920 48,0 16.164 52,0 31.084

1996 7.800 30,0 18.200 70,0 26.000

1997 5.800 25,0 17.800 75,0 23.600

1998 8.600 32,6 17.800 67,4 26.400

1999 8.070 30,0 18.380 70,0 26.900

2000 7.500 29,5 17.900 70,5 25.400

2001 9.115 34,8 17.105 65,2 26.220

2002 9.793 36,5 17.027 63,5 26.820

2003 12.216 41,8 16.986 58,2 29.202

2004 19.490 52,2 17.430 47,8 36.920

2005 18.862 49,6 19.188 50,4 38.051

2006 17.189 49,0 17.936 51,0 35.125

Unidade: 1.000 mdc / Fonte: AMS (2007)




Um estudo realizado pela FAO (2007), mostra na tabela 5, os países com maiores
plantações florestais na época eram a China e Índia. O Brasil encontra-se na 7ª
posição, com 5,24 milhões de hectares plantados, correspondente a 0,6 % da área
territorial do país.

Tabela 5. Países com mais plantações vegetais

País Área Territorial Plantações Florestais % % em relação ao

(mil ha) (mil ha) (2/1) total de
(1) (2) plantações

1º China 932.743 45.083 4,8 23,5

2º Índia 297.319 32.578 11,0 17,0

3º Rússia 1.688.851 17.340 1,0 9,0

4º EUA 915.895 16.238 1,8 8,5

5º Japão 37.652 10.682 28,0 5,6

6º Indonésia 181.157 9.871 5,0 5,1

7º Brasil 845.651 5.242 0,6 2,7

8º Tailândia 51.089 4.920 9,6 2,6

9º Ucrânia 57.935 4.425 7,6 2,3

10º Irã 162.201 2.284 1,4 1,2

Outros 7.893.497 43.312 0,6 22,6

Total 13.963.900 186.733 1,4 100

Fonte: FAO (2007)

Já em 2017 as áreas plantadas no Brasil saltaram para 9,85 milhões de hectares,
sendo 75,2% de eucalipto e 20,6% de pinus, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
A concentração está nas regiões Sul e Sudeste, que respondem, respectivamente,
por 36,1% e 25,4% do valor da produção total, impulsionadas pelo setor de
florestas plantadas. O líder entre os estados é o Paraná, com R$ 3,7 bilhões de
valor de produção, seguido por Minas Gerais, com R$ 3,3 bilhões, e Santa
Catarina, com R$ 1,8 bilhão. Do total de áreas plantadas, 41,9% do eucalipto estão
na Região Sudeste e 87,7% do pinus ficam na Região Sul.
6.3 Avaliação Tecnológica
A produtividade média ponderada de carvão vegetal de matas nativas
no Brasil é de 1 m³ para um hectare de mata desmatada. Quando se considera o
carvão vegetal proveniente de florestas de eucalipto, atinge-se a produtividade
anual de 44,8 m³/ha e as florestas de pinus atingem 30 m³/ha (SBS, 2007). Além de
maior produtividade, as florestas plantadas oferecem benefícios ambientais como
conservação da mata nativa, regulação de recursos hídricos, sequestro de dióxido
de carbono, recuperação de áreas degradadas, etc.
A utilização da biomassa para a geração de energia é um tema que tem
apresentado muita relevância principalmente por se tratar de um combustível
renovável, perante às perspectivas de esgotamento das reservas mundiais de
combustíveis fósseis e das pressões da sociedade por soluções ambientais para o
problema das emissões de gases poluentes e das mudanças climáticas.
Dentre as fontes de biomassa utilizadas, a biomassa florestal apresenta grande
destaque e pode ser diferenciada em três principais grupos: o material advindo da
colheita florestal (ou resíduo da colheita), os resíduos gerados devido ao
processamento da madeira e a madeira oriunda de florestas energéticas. O
resíduo da colheita florestal é formado por galhos, folhas, uma porção das cascas
e parte da madeira que não é aproveitada, como as ponteiras (madeira com
diâmetro inferior ao comercial). No caso da produção de carvão vegetal, os
resíduos sólidos gerados durante a transformação da madeira são os atiços, os
finos e as cascas soltas. Atualmente, no Brasil, os resíduos da colheita florestal, nas
empresas produtoras de carvão vegetal, são deixados no campo onde ocorre a
ciclagem dos nutrientes.
Essa prática vem sendo realizada principalmente porque ainda são incipientes os
estudos a respeito do aproveitamento desse resíduo, que abordem a sua
quantificação, qualificação e a metodologia mais adequada para sua coleta. Além
disso, a utilização de toda a biomassa para a geração de energia pode acarretar
em problemas de sustentabilidade de produção dos sítios, pois no caso da retirada
dos resíduos da colheita, se a remoção de nutrientes for superior às entradas de
nutrientes no talhão, o balanço nutricional do sistema solo-planta será negativo,
reduzindo o potencial produtivo da área.

Dessa forma, os nutrientes exportados deverão ser repostos pela adição de
adubos químicos ou orgânicos (DEDECEK e BELLOTE, 2008). Os resíduos
lignocelulósicos são combustíveis e podem ser utilizados diretamente na condição
em que se encontram ou podem ser transformados por processos mecânicos em
partículas menores como cavacos ou serragem, ou ainda adensados na forma de
briquetes e pellets.

Para o aproveitamento adequado dos resíduos florestais, quando utilizado sem
processo de conversão previa para obtenção de combustível (sólido ou gasoso)
com características mais homogêneas, é necessário o estudo de suas propriedades
energéticas, analisando as variáveis como umidade, densidade, granulometria,
poder calorífico e a densidade energética, devido à influência direta no custo do
kWh produzido (PINHEIRO et al., 2005; PROTÁSIO et al., 2011).

Para a produção de carvão vegetal, conforme dito anteriormente, é necessária a
aplicação de calor sobre a madeira em quantidade suficientemente controlada
para que ocorra apenas a sua degradação parcial. As variações que ocorrem nos
processos de produção ficam por conta do dimensionamento do tamanho e
capacidade de produção dos equipamentos, materiais construtivos, níveis de
controle do processo e origem do calor necessário para o aquecimento da carga
de madeira a ser convertida em carvão.

Os sistemas de produção de carvão vegetal podem ser classificados em dois
grupos, que se diferem no que diz respeito à origem do calor para o processo:

A. Sistemas com fonte interna de calor ou por combustão parcial: nestes sistemas
o calor é fornecido mediante a combustão de parte da carga destinada para a
carbonização. Neste caso, cerca de 10 a 20% do peso da carga de madeira é
“sacrificada” mediante combustão total, gerando o calor necessário para o
processo. A queima é realizada através da admissão controlada de ar no
interior do forno. É um processo predominantemente artesanal, sendo mais
difundido em países do terceiro mundo.


B. Sistemas com fonte externa de calor: nestes sistemas o calor é fornecido a
partir e uma fonte externa (aquecimento elétrico, introdução de calor na carga
pela queima externa de combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos). Neste caso
não há a queima de uma parte da carga para a geração de calor necessário ao
processo. Toda madeira é teoricamente convertida em carvão vegetal, o que
resulta em um maior rendimento do processo.

No Brasil o sistema de produção de carvão vegetal mais comumente utilizado é o
de fonte interna de calor, devido ao seu baixo custo de instalação e manutenção,
compensando, assim, a baixa produtividade alcançada. O carvão vegetal brasileiro
ainda é hoje produzido, em sua maior proporção, da mesma forma como o era há
um século. A tecnologia é primitiva, o controle operacional dos fornos de é
pequeno, e não se pratica o controle qualitativo e quantitativo da produção.
Novas tecnologias estão totalmente disponíveis, mas devido à baixa capitalização

dos produtores brasileiros e aos riscos de produção associados às tecnologias
desconhecidas, a produção de carvão no país ainda é arcaica (BRITO, 1990)

Os fornos para a produção de carvão vegetal podem ser divididos em 4 tipos
principais: forno “meia laranja” ou “rabo-quente”, forno de encosta ou de
barranco, forno colmeia ou de superfície e retortas. Os 3 primeiros tipos são
originalmente fornos com aquecimento interno por combustão controlada de
matéria-prima, entretanto, estes modelos podem ser adaptados para serem
utilizados em processos com fonte externa de calor (BARROSO, 2007).

A. Forno meia-laranja ou “rabo-quente”

É construído de tijolos, geralmente sem chaminé e com uma porta, este
modelo de forno, muito utilizado no Brasil.











Fonte: internet - Imagem de um forno meia-laranja ou “rabo-quente



• Volume médio: 20 m3;
• Ciclo total: 10 dias (240 h);
• Relação de volume: 2,5 Mst lenha1/ 1MDC2;
• Rendimento gravimétrico: 0,16 (base seca) BRITO, 1990):


(Obs. Mst” refere-se ao chamado metro estéril, onde se mede rusticamente o volume que a lenha ocupa
quando está empilhada, contando-se inclusive com os espaços vazios existentes entre as toras. 2“MDC”
refere-se a metro de carvão vegetal)



B. Forno de encosta ou de barranco

É formado por um cilindro que suporta uma abóboda, também construído com

tijolos, geralmente com 1 a 3 chaminés e uma porta.

Fonte: Internet - Imagem de um forno de encosta.



• Volume médio: 20 m3;
• Ciclo total: 10 dias (240 h);
• Relação de volume: 2,3 Mst lenha/ 1MDC;
• Rendimento gravimétrico: 0,18 (base seca) (BRITO, 1990)
C. Forno colmeia ou de superfície
Este tipo de forno geralmente é construído com tijolos, com 1 a 6 chaminés e 1

ou 2 portas.

Fonte: internet - Imagem de um forno colmeia


• Volume médio: 36 m3;
• Ciclo total: 10 dias (240 h).;
• Relação de volume: 2,25 Mst lenha/ 1MDC;
• Rendimento gravimétrico: 0,18 (base seca) - (BRITO, 1990)




D. Retorda
A retorta é atualmente a tecnologia mais eficiente na produção de carvão
vegetal. Em geral são equipamentos que utilizam a combustão externa de gases
recuperados do próprio processo para a geração de calor, melhorando assim a
eficiência de conversão. Elas são construídas, verticalmente ou
horizontalmente, em material metálico, e com dimensões que permitem
grandes produções num único equipamento. Além disso, pode-se obter carvão
de melhor e mais homogênea em função das condições mais ideais de controle
de processo (BRITO, 1990).
Modernamente, há exemplos de retortas que, individualmente, pode chegar a
produzir por ano o equivalente a 350 fornos de alvenaria do tipo colmeia, com
capacidade para 35 m3 madeira (BRITO, 1990). A abaixo apresenta um
esquema de carbonização em retorta.

Fonte: Internet - Esquema de carbonização em retorta - Fonte: BRITO,1990

Segundo Ferreira (2000), na maioria das retortas, além da recuperação e
queima dos gases do próprio processo para a geração de calor, prevê-se
também a obtenção de gases inertes, que são utilizados no resfriamento do
carvão produzido. Em muitas concepções de retortas, com a recuperação de
gases, pode-se prever também a obtenção de produtos químicos contidos nos
mesmos.

Qualitativamente, a gama de produtos que podem ser obtidos desses gases é
bastante grande. Na prática, os compostos químicos são recuperados na massa
de dois produtos líquidos básicos condensáveis: o alcatrão e o licor
pirolenhoso.


1- Forno
2- Torre de lavagem
3- Ciclone
4- Soprador
5- Filtro
6- Tambores para

coleta de alcatrão



Fonte: Internet - Esquema de uma instalação com recuperação de alcatrão Fonte: FERREIRA, 2000


• Volume: 320 m3;
• Ciclo total: 12 dias;
• Rendimento gravimétrico: 0,27 (base seca) - BRITO, 1990)

Industrialmente, há referências de sistemas de retortas onde, para cada 1 de
madeira, são obtidos:



• 380 kg de carvão vegetal;
• 100 kg de alcatrão;
• 65 kg de ácido acético;
• 25 kg de metanol.



• Outras possibilidades para o aproveitamento dos resíduos da carbonização

A. Briquetes


Em um país com as características de crescimento demográfico e
desenvolvimento do Brasil, onde os investimentos para produção de energia
não acompanharam a evolução da demanda, a discussão sobre opções de
geração adicional de energia reveste-se de singular importância. Do mesmo
modo, devido à dimensão e às grandes distâncias internas do país, o aspecto
“concentração de energia”, visando viabilizar o seu transporte, torna-se
relevante.

A briquetagem é uma forma muito eficiente para concentrara energia
disponível na biomassa. O carvoejamento de resíduos na produção de carvão
particulado fino, para posterior briquetagem, seria um ótimo processo para
ampliar a oferta de carvão vegetal, com a vantagem adicional de reduzir a
pressão de exploração sobre as florestas remanescentes. No entanto, o
carvoejamento industrial destes resíduos, na prática, inexiste no Brasil,
principalmente de forma contínua, como é tradicional em outros países, que
produzem, de longa data, os briquetes de carvão vegetal.

Acredita-se que o briquete de finos de carvão vegetal possa vir a representar
uma opção real para geração de energia no Brasil. Com isso, poderia ser
aumentado de modo significativo o papel da biomassa como fonte energética,
que, em nosso país, é reconhecida como potencialmente bastante expressiva.
A briquetagem é uma forma bastante eficiente para concentrar a energia
disponível da biomassa. 1 m3 de briquetes contém pelo menos cinco vezes
mais energia que 1 m3 de resíduos. Isso, levando-se em consideração a
densidade a granel e o poder calorífico médio desses materiais. Portanto,
devido à dimensão às grandes distâncias internas do país, o aspecto
concentração energética assume também grande importância.

A briquetagem consiste na aplicação de pressão a uma massa de partículas,
com ou sem adição de ligante, e com ou sem tratamento térmico posterior. No
caso do carvão vegetal, usa-se, geralmente, um ligante, que pode ser de várias
naturezas, porque esta é a maneira mais econômica de compactá-lo. O
processo exige bons conhecimentos sobre as forças coesivas entre os sólidos,
adesividade dos ligante, comportamento reológico do conjunto partícula-
ligante e, fundamentalmente, propriedades físicas das partículas, química de
superfície e mudanças físicas e químicas durante o processo de aquecimento.


6.3 Avaliação Funcional

Minas Gerais é o maior produtor nacional de carvão vegetal a partir de florestas
plantadas, com uma produção estimada de 3,95 milhões de toneladas. Conforme
pode ser observado no gráfico abaixo, a região norte do estado é a maior
produtora responsável por 30% da produção mineira, seguida da região Central

que também se destaca no cenário correspondendo com 24%, juntas estas regiões
somam 54% de toda a produção do Estado.

Gráfico: Distribuição da produção de carvão a partir de florestas plantadas no estado de Minas

Gerais. Fonte: IBGE – Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, 2016


Na região Central do Estado, a cidade de Morada Nova Minas tem se destacado na
produção de carvão, somente o Grupo Alterosa que possui áreas reflorestadas na
região, produz aproximadamente 40 m³ha/ano de madeira numa área plantada de
27.023,57 há, cuja função é suprir as necessidades da própria siderurgia Alterosa
em carvão vegetal, além de possibilitar a venda do carvão excedente para outras
empresas.
Segundo informações da empresa, na cadeia produtiva do carvão que que se inicia
no plantio das mudas de eucalipto, passa pelo corte, transporte e carbonização,
praticamente não é gerado resíduos, até os pequenos pedaços de madeira e
galhos no processo do corte das madeiras são recolhidos separadamente e
também destinados a produção de carvão. As folhas e pontas (atiço) são deixados

nos talhões para decomposição e formação de matéria orgânica.

Fonte: Imagens Arnaldo Vieira - 2021


O eucalipto depois de 90 dias do corte, já seco é utilizado para a produção do
carvão, nesta etapa as cascas que se desprendem naturalmente das toras de
madeira antes da carbonização são reservadas e junto com a munha/pó de carvão

resultante da carbonização retornam as florestas de eucalipto como base para
composição da matéria prima orgânica, mas os resíduos nesta etapa são mínimos.

A empresa em uma de suas áreas plantadas na cidade de Morada Nova, dispõe de
20 grandes fornos que juntos produzem mensalmente cerca de 300 toneladas de
carvão para a siderurgia e é na fase de carregamento e transporte que é gerado o
resíduo mais expressivo da atividade, a munha e o pó do carvão, porém ele é
detectado somente no descarregamento, onde o carvão é peneirado antes de ser
utilizado nos fornos da siderúrgica, ainda segundo a empresa o montante gerado
desse material pode chegar a 10% do total de carvão produzido ou seja, 30
ton/mês, porém o destino dele ou aplicação são desconhecidos.








Fonte: Imagens Google

O processo de carbonização pode ser dividido em 4 fases, dependendo da faixa de
temperatura alcançada:

A. Até 200°C: Ocorre a secagem da madeira. O processo é endotérmico,
verificando-se a liberação de H20, traços de CO2, HCOOH, CH3COOH e glioxal;



B. 280ºC: O processo ainda é endotérmico, com a liberação de H2O, CO2,
HCOOH, CH3COOH e glioxal e um pouco de CO. Nesta etapa, destaca-se o
início da liberação de produtos com alto poder calorífico.



C. 500ºC: O processo é exotérmico e auto-sustentável. Ocorrem reações
secundar ias com os produtos da pirólise primária. Verifica-se a liberação de
CO, CH4, HCHO, CH3COOH, CH3OH, H2 e alcatrões. Forma-se o resíduo da
pirólise: o carvão vegetal;



D. Acima de 500ºC: Processo indesejado, pois a H2O e o CO2 reagem com o
carvão, produzindo CO, H2 e HCHO, e diminuindo, portanto, o rendimento.
Ocorrem também reações de pirólise dos gases efluentes da etapa anterior.

Unidade de produção de carvão vegeta III (UPIII) Fazenda Bom Jardim – Morada Nova de Minas

A maioria dos fornos opera com temperatura de carbonização entre 500 e 600ºC,
pois nesta faixa de temperatura obtêm-se um carvão vegetal de alta qualidade, ou
seja, com alta concentração de carbono e rendimento razoável.


• Aproveitamento de resíduo na carbonização


A. Extrato Pirolenhoso

No processo de carbonização da empresa, toda a fumaça proveniente da
queima é coletada e transformada em dois subprodutos “Alcatrão
destinado ao refino e o extrato pirolenhoso.

O extrato pirolenhoso (EP) é um liquido proveniente da condensação da
fumaça da queima de madeira utilizada para obtenção do carvão. É um
subproduto da atividade de carvoaria. Utilizado no Japão há milênios,
começa a ganhar espaço no Brasil. É uma substância ácida, composta
basicamente por alcatrão, ácido pirolenhoso, e óleos vegetais, os quais
contêm por volta de 200 substâncias químicas que interagem entre si. O
extrato possui uma grande gama de utilização, sendo usado como adubo,
potencializador dos efeitos dos defensivos agrícolas, inseticida e até na
culinária, inclusive vem sendo utilizado como fungicida e inseticida
biológico nas fazendas de agricultura do grupo Alterosa na região de
Morada Nova.

Cada uso depende de uma forma correta de diluição ou mistura. Ainda não
há estudos científicos suficientes para comprovar todos os seus efeitos,
muito menos ligando esses efeitos com cada substância ou grupo de
substâncias presentes no extrato. Porém, a utilização correta do ácido
pirolenhoso é, a princípio, vantajosa ao meio ambiente, pois diminui as
emissões de gases nas carvoarias, pode diminuir em até 50% a utilização de
agrotóxicos nas lavouras e aumentar a produtividade com a adubação do
solo.

B. Alcatrão vegetal

O Alcatrão Vegetal é obtido também a partir da queima do carvão vegetal
através de vários procedimentos que vão dos mais simples até os mais
complexos sistemas de destilação, apresenta-se como uma substância
espessa, algumas vezes xaroposa de cor escura que varia do castanho ao
negro, com forte odor característico.

Uma das inúmeras aplicações do Alcatrão Vegetal é que podemos utilizá-lo
como simulador de aroma de defumação. Sua utilização é muito vantajosa,
pois substitui a utilização de produtos cancerígenos que normalmente são

utilizados para este fim. O Alcatrão Vegetal pode ser utilizado na
defumação de salgados, embutidos, carnes entre outros.

O Alcatrão Vegetal pode ser aplicado em várias finalidades, entre elas: uso
veterinário, farmacêutico, indústria química, fabricação de espumas de
poliuretano. Entre seus efeitos podemos citar: antisséptico, antiparasitária,
anti-seborréico, germicida, antipruginoso, queratoplástico, protetor e
repelente de insetos.


7.0 CONCLUSÃO

Após levantamento presencial, pesquisa e avaliação sobre os três principais
resíduos gerados pelos domicílios urbanos, frigoríficos para abate da tilápia e
produção de carvão, com vistas a utilizá-los como base para transformação em
matérias primas secundários e coloca-los de volta à cadeia da economia circular,
foi possível concluir que os resíduos gerados pelas atividades acima, estão em
momentos distintos e diferentes.

Analisando caso a caso, os resíduos domiciliares talvez seja o que mais mereça
atenção, apesar da existência na cidade da coleta porta a porta nas residências,
todo o material é despejado sem nenhum tipo de tratamento no aterro sanitário
da cidade, mas que pelas características se apresenta como um lixão a céu aberto.
De acordo com que determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a prefeitura
de Morada Nova precisa implantar a “coleta seletiva” e apoiar a criação de
associação ou cooperativa” para onde o material deve ser destinado, neste local os
recicláveis são segregados, compactados quando for o caso e comercializados
posteriormente, gerando trabalho e renda para catadores. A prefeitura precisa
ainda elaborar o “Plano municipal de gestão dos resíduos sólidos e colocar fim a
operação do lixão que pela lei, está proibido.

As decisões que envolvem o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos são
fundamentalmente decisões sobre saúde pública e requerem, portanto, a
integração entre políticas econômicas, sociais e ambientais. O complexo desafio
para as grandes, médias e pequenas cidades na gestão de resíduos sólidos neste
início de século podem ser enfrentadas pela formulação de políticas públicas que
objetivem eliminar os riscos à saúde e ao ambiente, que colaborem na mitigação
das mudanças climáticas relacionadas à ação humana e, ao mesmo tempo,
garantam a inclusão social efetiva de parcelas significativas da população. Assim,
caminhando rumo a um desenvolvimento mais saudável, em uma perspectiva
socialmente justa, ambientalmente sustentável, sanitariamente correta e
economicamente solidária.

Já os resíduos gerados pelos frigoríficos que abatem e processam as tilápias em
Morada Nova diferentemente de outras regiões do estado e país, tem
praticamente 100% deste tipo material coletado pelas Graxarias onde é realizada a
extração do óleo de peixe e a fabricação da farinha de peixe. Mesmo após este

processamento que parece ser o final do ciclo do resíduo do pescado ainda são
gerados dois novos tipos de resíduos, sólido e liquido, os quais as Graxarias
também por determinação da PNRS terão que buscar junto a prefeitura local
alternativas para o melhor descarte e aproveitamento dos referidos resíduos, que
necessitam ser tratados antes de serem despejados no aterro sanitário da cidade,
um bom caminho como já mencionado, seria a compostagem.

No que diz respeito aos resíduos gerados na produção do carvão, observa-se que o
ciclo tem funcionando melhor que os demais, o eucalipto desde o plantio até o
corte produz poucos resíduos e o que é gerado é utilizado como base na
composição da matéria orgânica para a própria floresta. O modelo utilizado no
processo da carbonização realizado pelo Grupo Alterosa, se mostra como um bom
exemplo de aproveitamento de resíduo para transformação de “matéria prima
secundária”, da fumaça dois subprodutos são extraídos, o extrato pirolenhoso e o
alcatrão, ambos com utilizações variadas no mercado.

Após o trabalho de investigação sobre os resíduos gerados pelas atividades
econômicas mais expressivas e domicílios da cidade de Morada Nova, constatamos
que a atividade de produção do carvão, nos permite entender claramente que é
possível sim buscar soluções para os resíduos sólidos e líquidos, ao invés de
descarta-los de forma incorreta, causando transtornos ao meio ambiente e a saúde
humana.



Arnaldo Clemente Vieira


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