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Published by Lucas Bocatto, 2021-11-25 20:15:59

Mariana Camargo de Palma - A VIDA DE VIA- FANFIC 2021

Mariana Camargo










2º série A



















Autora do livro original:


R.J. Palacio

Dedico esse trabalho aos meus familiares,



meus professores e ao meu colégio que



esteviveram presentes durante a minha



trajetória.

Primeiro capítulo








Já faz 7 anos que Auggie nasceu. Mas não vou

começar falando dele, como sempre acontece. Eu me


chamo Olivia, mas geralmente me chamam de Via, é


como eu sou conhecida por todas as pessoas mais


próximas a mim. Nasci em Nova York, mas logo me


mudei pro Brasil, então não me lembro de quase

nada do pequeno período que estive lá. Minha vida


inteira eu morei em São Paulo, tudo o que eu


aprendi e vivi foi aqui, então não me considero


americana. Eu estudo em uma escola bilíngue, o


nome é Aubrick e ela é uma das mais caras da

minha cidade por ser muito boa. Gosto de estudar lá,


tenho amigos e sinto que posso ser exatamente


como eu sou com todo mundo, mesmo sendo um


colégio grande.

Eu tenho dezesseis anos e por nove anos fui filha


única. Meus pais sempre me deram tudo de melhor,


sempre cuidaram extremamente bem de mim, mas


isso mudou um pouco quando o meu irmão Auggie


nasceu.


Desde o dia que meus pais descobriram a

gravidez, tudo começou a girar em torno disso.

Ainda mais no meio da gravidez, quando


descobriram que meu irmão ia nascer com a


síndrome de Treacher Collins. Apesar deles terem

me deixado um pouco de lado por conta disso, eu


sempre estive feliz com o nascimento do Auggie e


sempre quis cuidar dele junto com os meus pais.


Por um tempo, não poder conversar com os


meus pais sobre algumas coisas e eles darem toda

a atenção pro outro filho foi um problema que me


incomodava muito, mas o que sempre me deixa


confortável é saber que eu tenho minha melhor


amiga, que sempre me ouviu, e sempre me ajudou


a resolver meus problemas.

Segundo capítulo






Desde o primeiro dia em que entrei na escola a

Miranda esteve do meu lado em todos os momentos


mais e menos importantes da minha vida. Tudo o que


meus pais não sabem sobre mim e meus problemas, é


ela que sabe.


Todos os dias depois da aula nós vamos para a


casa dela para fazermos alguma coisa juntas, ou até

mesmo nada. Tem dias que, por mais que tenhamos


mil e um trabalhos para a escola, deitamos e


curtimos a paz que é de estarmos juntas.


A Miranda é como uma irmã pra mim, mas quase

nunca brigamos, ou melhor, nunca brigamos, só


discordamos, e logo começamos a nos zoar por conta


da opinião da outra, mas nunca nada vira motivo de


briga séria. Aliás, não sei como ia ser se ficássemos


brigadas pelo menos por um dia.


Hoje foi um dia diferente pra mim mal podia

esperar para encontrar a Miranda no final da aula e


irmos para a casa dela pra eu contar tudo o que


tinha acontecido. Antes que vocês se perguntem, eu e


ela, por uma decisão infeliz da diretora, não ficamos

na mesma sala este ano.

Passaram-se as horas e eu fui para o portão de saída


esperar ela para seguirmos para a casa da mesma.

Durante o caminho ela não parava de falar, mas


eu não estava ouvindo nada, só conseguia pensar no


que tinha acontecido mais cedo, minha cabeça não


conseguia parar de pensar, e cada vez que pensava,


as borboletas no estômago se mexiam mais.

Chegamos lá e ela percebeu que eu estava aérea e


logo perguntou:


- Vocẽ está aí?


- Estou sim, kkkkkk - disse rindo, por não estar


entendendo a pergunta.

- Vocẽ ouviu alguma coisa que eu disse? - Miranda


perguntou.


- Si...Sim, claro! - eu respondi com vergonha de


falar que não prestei atenção em nada.


- Sério? - perguntou ela de novo, desconfiada.

- Pra falar a verdade, eu não prestei não, quero te


contar o que aconteceu hoje de manhã, e não paro de


pensar nisso! - disse eu empolgadíssima para contar.


- Pode falar, Via! - disse desanimada

Não percebi na hora como ela estava e continuei


falando:

- Hoje mais cedo, o Jack, da minha sala sabe?

Então, ele veio falar comigo, foi super simpático e


disse para marcarmos de sair algum dia, ou até


para estudarmos juntos. Vocẽ sabe que eu sempre


tive uma quedinha por ele né?

- Quedinha? Vocẽ sempre babou por ele, Olívia! -


disse ela tirando sarro da minha cara.


- Mentira! - eu respondi envergonhada


Depois disso, a mãe de Miranda chegou e a


conversa não acabou, eu tive que ir embora pois a


Miranda ia para o médico, na hora não me liguei

que ela não tinha me falado de nenhum médico,


diferente das outras vezes que ela sempre me


avisava dos compromissos e vice-versa.

Terceiro capítulo








Eu fiquei assustada e vi meus pais se



divertindo com o meu irmão na sala, então decidi



não atrapalhar, além do mais, eles nem tinham



me visto. Na hora, fiquei triste e decidi ligar pra



Miranda já que ela sempre me escuta quando eu



preciso. Geralmente, a gente faz ligação por vídeo



e não tem um dia que não fazemos uma dessas,



mesmo que mais cedo estivéssemos juntas na casa



uma da outra.



Ela não me atendeu, o que foi estranho, mas na



hora eu não pensei e não me preocupei muito se



havia acontecido alguma coisa com ela. Decidi me



distrair com a única



outra coisa que me faz ficar bem: escrever cartas.

Peguei meu caderno onde escrevo todas



elas, que fica na cômoda do lado da minha


cama, junto com os meus porta retratos e



abajour, e comecei a escrever.









“Olá, estou escrevendo uma carta pra alguém que eu não


sei quem é, até porque só eu tenho acesso a esse caderno.



Eu queria desabafar com a minha melhor amiga mas eu



não sei onde ela está e porque não me atende. Não posso


conversar com os meus pais porque eles só pensam em



cuidar do meu irmão. Eu tô gostando de um menino desde os



meus 12 anos,.Minha mãe e meu pai nem fazem ideia se eu já


beijei ou não, (ok, eu nunca beijei), mas quando acontecer, com



certeza eles não vão saber, pois eu não sei como confiar



neles…..”

Ouvi baterem na porta, fechei o caderno



rapidamente e gritei:



- ENTRA!



Minha mãe entrou e me deu oi, atrás dela veio



Auggie pedindo pra brincar com ele com os seus



bonecos do Star Wars.



Eu fui. , Até porque não culpo o Auggie pela



falta de atenção dos meus pais, e me divirto com o



meu irmão nessas brincadeiras. Fomos ao quarto



dele que é do lado do meu e bem grande inclusive,



e também do jeitinho dele, cheio de bonecos e



desenhos do Star Wars.



Quando vi, já tinha se passado horas e



anoiteceu, nós cansamos de brincar. e Auggie já



estava com fome e foi falar com a minha mãe. Eu



fui tomar um banho, mas antes fui ver se a



Miranda tinha me ligado ou mandado mensagem,


e nada.

Liguei de novo. Não atendeu e eu fiquei meio


chateada por ela não me avisar nada.


Entrei no banho e logo depois deitei e dormi. Eu



tenho o costume de dormir cedo, porque além de eu


sentir muito sono, eu tenho que acordar cedo


sozinha. A, e além do mais eu vou a pé pra escola, e



eu com sono sou insuportável, então prefiro dormir


mais cedo e acordar bem cedinho pra conseguir


fazer minhas coisas.


Como eu e Miranda não nos falamos para irmos



juntas à escola, eu não passei na casa dela e fui


direto para a escola. Quando cheguei no portão da


escola dei de cara com o Jack saindo do carro, ele



me olhou e deu um sorriso, mas uma menina logo já


veio falar com ele e saíram juntos. Mas eu fiquei lá,


que nem boba, sorrindo por nada.



Eu ouvi alguém gritando meu nome de longe


mas achei que não fosse nada, e entrei logo em


seguida.

Não tinha visto a Miranda ainda, o que era



estranho, porque ela era a primeira pessoa que



eu via no dia. Estava sentindo falta de ter alguém



pra conversar assim que eu acordava.



Chegou o final do dia, e o Jack hoje não falou



comigo. Saí da escola meio desanimada, minha



única amiga que eu sei que sempre está aqui



comigo, hoje, não estava. O menino que eu gosto,



falou comigo um dia e depois não mais.



Decidi passar na casa da Mi para conversar



com a mesma e saber ver o porque ela tinha



faltado.Em 14 anos que estudamos juntas, ela



nunca tinha faltado sem me avisar. Até porque,


quando ela faltava, eu também faltava.




Passei pela mesma rua de sempre, e como de


costume estava vazia.

Cheguei e toquei a campainha, ela me atendeu


com uma cara de mal humorada, não olhou no meu



olho, algo estava diferente. Miranda estava branca,



pálida, eu não entendi o motivo. Mas entrei mesmo



assim…

Quarto capítulo








Segunda novamente, e dessa vez eu sabia que



ia ser diferente. E não de um jeito bom. Só pensava



como eu ia me virar sozinha na escola sem a Mi.



Da última vez que eu vi a Miranda, não foi



como das outras vezes. Assim que eu entrei na



casa dela, ela saiu andando e logo subiu pro



quarto, sem falar nada. Nós estávamos sozinhas



na casa imensa dela. Eu segui reto até a escada e



fui atrás dela. Entrei no quarto e ela estava no



banheiro, trancada. Sentei na cama, e esperei.



Ela saiu de lá e parecia estar fraca, bem fraca,



de cabeça baixa. Mas assim que ela apareceu, eu



perguntei séria:



- Pensa em me responder quando no whats?



Ontem eu estava precisando desabafar

- Como sempre… - no meio do que eu estava



dizendo e disse sussurrando, mas consegui



escutar.



- O quê? - fingi não escutar.



- Nada… - Miranda respondeu e logo disse


desanimada - Pode continuar falando Via.



Eu continuei:



- Vocẽ sumiu e não me falou nada



- É que… - tentou falar.



- Meus pais de novo não me deram atenção e só



ficaram com o Auggie, prestando atenção no que



ele fazia e deixava de fazer. - Continuei falando,



sem perceber.



- Então… - Nanda tentou de novo.



- Hoje também, o Jack nem olhou pra mim e eu



só precisava de voc… - fui interrompida por ela.



DÁ PRA VOCÊ PARAR UM POUCO DE FALAR SÓ



EM VOCÊ? - Ela gritou como nunca tinha visto.

Eu parei de falar e fiquei quieta com uma



expressão sem graça. Ficou um clima horrível no



quarto e ela abaixou a cabeça novamente,



respirando bem fundo, fazendo com que eu



conseguisse ouvir a respiração.



- Mas, Mi porque você não foi pra escola? E



porque não me avisou que não ia? Eu fiquei sozinha




lá, esperando que nem tonta. - com expressão de


braveza na cara, mas calma.



- Você tá falando sério? - Ela levantou a cabeça,



e parecia não acreditar que eu estava perguntando



aquilo, mudando de expressão na mesma hora.



- Sim? Porque eu não estaria? - eu perguntei de



volta, sem entender.



- Você percebeu, que desde a hora que você



chegou aqui, só falou no que aconteceu com você e


não perguntou, e nem se quer por um segundo você




perguntou e se importou como eu estava?

E por pelo menos UM segundo, eu achei que


você fosse se perguntar porque de eu estar com



essa aparência, porque eu tenho certeza que



você percebeu a minha aparência, mesmo não


dando importância. - ela disse com voz de quem



estava prestes a chorar.


- Ah, para de drama vai MI… - eu disse,



achando que não era sério.



- Caramba Olívia, parece que vocẽ não


consegue se importar com as pessoas, na



realidade só consegue se importar com você



mesma. - a expressão da mesma passou de


triste para brava e se segurou pra não falar



besteira


- Porque você tá falando isso Miranda? Não



estou te entendendo. - eu perguntei pra ela, bem



confusa.

- Eu estou com câncer, e nem por um segundo



sequer você me perguntou o que eu fiz ontem. -



disse ela abaixando a cabeça e chorando.



- E... eu - comecei a falar mas logo fui



interrompida por ela.


- Ontem foi a minha primeira sessão de



quimioterapia Via… Eu descobri faz dois meses.



- Mi, eu não sei o que dizer - respondi



desolada.



- Não precisa falar nada, Olivia - disse,



respirando fundo - E, hoje, eu fui sim na escola,



mas você tava prestando muita atenção no Jack



entrando na escola e não ouviu meus gritos.



- Mas…. Mir - eu tentei falar mas comecei a



chorar.



- Via, eu preciso descansar agora, estou



tomando muito remédio e estou muito fraca. Acho



melhor você ir agora e depois nós conversamos.

Depois disso não falei mais nada, levantei da



cama deixando ela amassada onde sentei, sai do



quarto e desci aquelas escadas imensas. Na minha



cabeça, parecia que aquilo não acabava mais, não


conseguia parar de pensar no que ela tinha me




falado.


Fui pra casa andando, e não conseguia parar de



chorar, meu chão caiu. Minha melhor amiga está



com uma doença gravíssima e ela não sabe se pode



contar comigo.

Quinto capítulo









Depois que cheguei em casa sexta-feira, sabendo



do que estava acontecendo com a Mi, eu deitei e



não me levantei mais.



Pela primeira vez em muito tempo, meus pais



me deram atenção. Até porque o Auggie estava



na casa de Christopher. Meu pai e minha mãe se


preocuparam e foram até mim ver o que tinha




acontecido.


No começo, confesso que estava meio grossa



pelo simples fato de eles quererem saber da



minha vida só porque meu irmão não estava



perto, depois que ele voltasse, tudo voltaria ao



normal: Eles brincando e cuidando do Auggie 24



horas por dia, eu trancada no sótão ou no quarto,



passando despercebida na casa.



Enquanto eu dormia, jogada no meio da



cama, na manhã de sábado, os dois entraram no

silenciosos, fazendo com que eu não acordasse, e


logo sentaram na cama, um de cada lado. Acordei



assustada por ver os dois me olhando enquanto eu


dormia, e levantei pulando da cama. Os dois


caíram na gargalhada pela minha cara e segundos



depois eu comecei a rir junto. Depois de rir tudo o


que eu tinha para rir, lembrei do que tinha ficado


sabendo no dia anterior e caí no choro. E quando eu


digo choro, é de não conseguir parar de soluçar.



Dessa vez os dois se assustaram por não


estarem entendendo nada. Começaram a me


perguntar o que havia acontecido



desesperadamente:


- Via, minha filha, o que aconteceu? - perguntou



minha mãe



- Porque você tá chorando assim Via?



- O que podemos fazer?



- Fizeram alguma coisa pra você meu amor?



Eram tantas perguntas que eu nem sei quem



estava perguntando o que.

Eu tentei me acalmar, mesmo não conseguindo


tanto, mas me acalmei para conseguir explicar o



mínimo:



- Eu sou uma péssima amiga, eu só penso em


mim e isso tudo é culpa de vocês!!! - eu disse



colocando minha cabeça no travesseiro,


abafando o som e chorando cada vez mais



- Nossa culpa? - meu pai perguntou confuso.



- SIM - gritei.


- Mas por que, filha? - meu pai perguntou



novamente enquanto minha mãe não conseguia


falar nada .



- Vocês só ligam pro meu irmão, não sabem



nem metade da minha vida, não sabem do que eu


gosto. Não se importam com a hora que vou



chegar, não sabem se eu já beijei ou não.



- Via.. - minha mãe tentou falar


- Desde pequena tinha que parar de brincar do



que eu estava brincando pra não atrapalhar

o Auggie, tudo pelo Auggie né? - continuei falando


em tom alto.



- A única pessoa que me conhece de verdade é



a Miranda e agora eu to perdendo ela! Isso é



culpa de vocês. Saiam daqui!



Eles tentaram falar alguma coisa, mas eu saí



correndo pro banheiro e tranquei a porta. Ouvi



eles fechando a porta do meu quarto e uma



conversa bem baixinha, não consegui entender o



que estavam falando, entrei no banho pra me



acalmar. Tomei um remédio pra dormir e só



acordei às 3 horas da manhã de segunda.

Sexto capítulo






Passou uma semana desde a última vez que eu


falei com a Miranda, e aconteceu muita coisa desde

aquele dia. Depois de ter conversado com os meus


pais, dormi e acordei às 3 horas da manhã,


morrendo de fome. Eu desci devagar, na ponta do


pé tentando não fazer barulho, e é nessas horas que


eu agradeço pelo piso da minha casa ser de carpete.

Fiz um pão com ovo e um na chapa. Subi de novo e


liguei minha televisão para ver minha série,


“atypical”.


Eu e a Miranda sempre assistimos essa série


juntas, então sempre conversávamos enquanto

assistimos sobre o que estava acontecendo. Eu


esqueci do que tinha acontecido, e quase mandei


mensagem pra ela. Na hora que eu lembrei,


desliguei o celular e fui procurar outra coisa no


Netflix.

Gosto muito de novelas, então coloquei uma


malhação antiga pra assistir. Quando deu 5:00 da


manhã, decidi me adiantar e tomar um banho pra


ir pra escola, já que minha aula começa às 7:00.

Tomei banho, escolhi a roupa e arrumei meu


quarto. Quando deu 6:40 sai de casa e fiz o mesmo


caminho de sempre. Passei em frente a casa da Mi,

mas diferente dos outros dias, segui em frente.


Cheguei na escola e fui para minha sala. Sentei em


uma carteira que estava em dupla, mas não tinha


ninguém ao meu lado.

Minha primeira aula ia ser de história,


imaginei que iriamos fazer algum trabalho de


dupla, já que a sala já estava arrumada daquele


jeito. Estava sem dupla, pois todos já estavam


sentados com seus pares. Mas o que eu não tinha


percebido, é que o Jack ainda não tinha chegado, e

logo fui falar pra professora que eu não tinha com


quem fazer o trabalho.


- Professora, eu estou sem dupla…


- Lúcia, eu cheguei atrasado, posso entrar? - O



Jack perguntou logo em seguida atrás de mim.


- Resolvido, Olivia, já tem uma dupla - disse a




professora depois de ouvir o que o Jack falou. - e


Jack, pode entrar, sente - se com a Via para



fazerem o trabalho.

Eu fui para minha carteira sem saber o que falar,



não sabia o que estava sentindo, não sabia se era



muita felicidade ou muita vergonha. Ele sentou ao



meu lado, e começou a puxar assunto. Eu estava



meio em choque, então não conseguia continuar


com a conversa, e cortava ele sem querer.



Ele desistiu e começamos a fazer o trabalho. A



partir daí, eu fiquei mais relaxada e começamos a



conversar normalmente.



- Onde você mora mesmo? - ele perguntou pra



mim.



- Ali perto de um parque cheio de árvores, sabe?



Dois quarteirões de distância daqui. É uma casa



grande, branca. - eu respondi, especificando bem.



-Eu sei bem, moro na sua rua - ele disse - só



perguntei pra ver se era você a menina que



aumenta o som no último. - disse dando risada.



- Quê? - eu perguntei sem entender -

Não sabia que você morava na minha rua. Onde


você mora?


- Ali do outro lado da rua, me mudei



recentemente pra lá. Minha casa é bem na frente


da sua, - ele parou de rir e respondeu.


- Meu deus! Que vergonha! - falei baixinho,



mas ainda em um tom que desse pra ele ouvir .


- Vergonha do quê? - ele perguntou sem



entender.


- Você ouve tudo o que eu escuto - eu respondi


dando risada


- Não precisa ficar com vergonha, eu curto as



músicas - ele disse com um sorriso de canto.


- Depois disso, fiquei quieta e continuei com o



trabalho.

Sétimo capítulo







Depois daquele trabalho semana passada eu e

Jack fomos à escola juntos todos os dias,

combinados de nos encontrarmos dez minutos

antes do horário que iríamos pra escola pra não

nos atrasarmos. Ele vem na porta da minha casa

pra eu não ter que atravessar (eu admito que fico

boba e com frio na barriga toda vez que o vejo).


Amanhã já é segunda e estou ansiosa para

vê-lo aqui de novo.

Vocês até podem pensar que eu não estou nem

preocupada com Miranda, mas não é verdade.

Pensar no que eu vou fazer com o Jack me distrai

e não me deixa pensar na falta que ela está me

fazendo.


Semana passada, eu não a Vi na escola a

semana inteira. Mas ela está passando por um

momento difícil e não sei se posso ajudar.

Dormi enquanto pensava se passava na casa

da Mi ou não. Acordei quando eram 5:50 da

manhã, e fiquei olhando para o teto pensando no

sonho que eu tive com a Miranda. Estava com a


roupa do dia anterior, jogada no meio da cama.

Lembrei que não tomei banho antes de ir dormir e

estava com a sensação que estava suja, então

rolei até o final da cama e caí no baú que

fica ali na frente. Fiquei ali por uns cinco minutos


cochilando e lembrei que tinha que tomar banho,

saí correndo rápido e fui pro meu box.


Entrei debaixo do chuveiro e deixei a água


cair no meu ombro e na minha cabeça, mas eu


ainda não conseguia parar de pensar no sonho


com a Mi… Eu saí do banho mais relaxada e


decidida em ir falar com ela na casa dela.

Me troquei, coloquei uma calça preta larga


uma daquelas no estilo skatista, e um moletom


preto com um camuflado no meio. Peguei minha


mochila e saí de casa em direção a casa da

Miranda. Andei mais rápido do que o normal


para conseguir pegar a Mi antes dela sair para a


escola.

Oitavo capítulo





Cheguei na casa da Miranda a tempo e

toquei a campainha, a mãe dela atendeu, o que

me fez estranhar um pouco, já que estava


acostumada com a Mi me atendendo. A tia Silvia

abriu a porta com uma cara abatida e não disse

nada. Eu entrei e estava um silêncio. o que

também era estranho, pois a casa sempre

estava com visita, geralmente as amigas da Tia

Silvia. Quando não eram as visitas era a música

que as duas colocavam para escutarem juntas.


A relação das duas sempre me chamou

atenção para um lado muito positivo, tendo

como base a minha relação com os meus pais. O

pai da Mi morreu muito cedo, em um acidente de

carro, ela era bem pequena então não tem

muitas lembranças dele. Mas as duas sempre

foram muito sozinhas, mas muito unidas.


Aquela casa estava diferente, com um ar triste,

muito parecido com o olhar da Tia Silvia. Fiquei

preocupada pois nunca tinha visto ela daquele

jeito, a mãe da Miranda sempre me tratou como

uma segunda filha, pelo fato da gente estar

sempre juntas, sempre me tratou muito bem.

Pensando nisso tudo, tinha passado uns cinco


minutos e ela ainda não tinha aberto a boca,


então eu perguntei:

- Tia, o que tá acontecendo, por que você está


assim? Cadê a Mi?


- Via, eu não tenho boas notícias… - parou de


falar e começou a chorar.

- Tia o que tá acontecendo? Me conta, por


favor!


- Olivia, minha filha foi internada essa noite,


ela está entre a vida e a morte.


Quando ela falou isso eu caí no chão, não


tinha reação, eu não sabia o que fazer, eu estava

sentindo um misto de coisas. Me sentia culpada,


arrependida, e tudo o que se pode imaginar. Só


me perguntava o porque eu fui tão egoísta o


tempo todo.

Ela me ajudou a levantar e me acalmou, me


deu um copo d'água, me levou até a cozinha para


eu sentar e me contou o que tinha acontecido


depois que fui embora aquele dia em que eu e Mia


brigamos.

Depois que eu fui embora, Mia esperou um


tempo para conversar com a Miranda e perguntar


o que tinha acontecido para eu ter ido embora


daquele jeito. A Tia Silvia me disse que a Miranda

me chamou de egoísta e falou que não queria mais


papo comigo, mas quando baixaram os nervos ela


chorou muito porque já estava sentindo minha


falta, mesmo não conseguindo assumir.

- Porque ela não veio falar comigo na escola,


tia? - eu perguntei, enquanto ela pegava um pedaço


de bolo pra eu comer.


- Depois daquele dia, a Miranda não foi mais à


escola Via… - ela disse enquanto abaixava a cabeça


com um tom de voz triste. - Ela estava cada vez

mais fraca, e depois da discussão de vocês ela só


piorou.


- Mas onde ela está? Cadê ela, tia?


- Ela está internada já faz 40 dias, Olivia, não

consegue andar por conta da fraqueza e não pode


ser levada para o quarto pois está em fase de risco.


O câncer dela não melhora, está cada vez pior e eu


não sei o que faço. Se eu perder minha família, vou


ficar sozinha, eu não sirvo pra isso. - disse ela

desesperada e chorando.


- Calma, espera, não vai acontecer nada com


ela não tia, me deixa ir vê-la no hospital, por


favor.

- Eu não sei se é muito bom pra vocês isso, Via.


- ela disse exitando


- Tia Silvia, por favor, me deixe ver ela. Eu juro


que eu não vou prejudicá-la, talvez eu possa até

ajudar. - eu implorei com as mãos cruzadas e


quase chorando com medo de ela não deixar.


No final ela aceitou me levar para visitar a


Miranda. Passou uns cinco minutos e foi pegar o


carro. Chegando lá a Mi estava acordada e fez


uma cara de surpresa e confusão, como ela

sempre fazia quando não entendia algo. Eu sentei


e começamos a conversar….

Nono capítulo









Começamos a conversar e ela me disse tudo o

que estava passando na cabeça dela.


- Via, eu sinto sua falta, já fazem duas


semanas que não nos falamos e eu piorei depois


da nossa discussão. Você não tem culpa de não


desconfiar da minha doença, você não tinha como


saber, eu só fiquei brava porque você sempre

falava somente da sua vida, e na minha cabeça


você não sabia nada da minha. - disse a Mi


chorando.


- Eu sei Mi, me perdoa por isso, eu não sei mais


o que fazer durante o dia sem você. Minha rotina

era você, meus dias ficaram 200% melhores com


você. O que melhorou meus dias mesmo foi o


Jack… - na hora que falei o nome dele parei de


falar e logo em seguida pedi desculpa - Desculpa,


desculpa, estamos aqui para falar de você. Como


você está?

E nós conversamos por horas e horas… Até que

chegou a enfermeira e disse que ela tinha que


descansar pois estava chegando a hora da


cirurgia.

Décimo capítulo







Depois que eu fiz as pazes com minha melhor

amiga e nós duas conversamos, sendo que dessa

vez eu ouvi mais do que falei, eu lembrei de que

tinha marcado de ir para a escola junto com Jack

mas acabei esquecendo com tudo o que tinha


acontecido, então fui olhar o celular, onde

tinham milhares de mensagens do mesmo

perguntando onde eu estava. Quando vi tudo

aquilo de mensagem sai correndo desesperada

para tentar encontrar o Jack. Estava quase na


hora de acabar a aula, então decidi esperar meu

crush… digo amigo, na porta da escola

Quando cheguei, tinha acabado de tocar o

sinal, e logo vi o Jack saindo. Ao tentar falar com

ele, fui ignorada, sendo brasileira, não desisti e

fui atrás, até que consegui parar na frente dele.


- Jack, PARA! Deixa eu explicar.


- Olivia, você me deixou esperando que nem



bobo, quase me atrasei pra aula e você nem aí.


- Para de ser egoísta, meu! Você nem sabe o


que aconteceu e tá se importando porque se


atrasou

5 minutos. Só pra você saber, mesmo que não



faça diferença na sua vida, minha melhor



amiga está internada com câncer no hospital e



fazia mais de



um mês que nós não nos falávamos, porque eu


só sabia pensar e falar sobre você. Por causa



disso eu e ela brigamos. - eu disse chorando,



abaixando a cabeça.



- Nossa, Olivia! eu sinto muito… - disse o



Jack, pegando no meu rosto e acariciando, logo



depois me abraçou. - Eu não sabia de nada disso,



não podia imaginar.



- Eu vim correndo assim que Miranda voltou



a dormir no hospital, quando eu vi suas



mensagens fiquei desesperada e saí de lá,



parecia que eu tinha rodinhas no meu pé. - eu



disse dando risada

- Desculpe, Via, não tinha o direito de ficar



bravo com você, eu fui egoísta mesmo. - ele disse,



após dar um beijinho no canto da minha boca.



- Eu entendo você, tá tudo bem, eu já fui muito



egoísta também, principalmente com a Mi, foi esse


um dos maiores motivos para eu ir hoje lá, além da




saudade que eu estava dela.


Depois disso, eu e Jack fomos lá para a minha



casa, andamos o tempo todo de mãos dadas.



Quando chegamos em casa, meus pais estavam na



sala e ficaram felizes de me verem com ele. Logo



falaram pra irmos para o quarto que iriam levar



um lanche para nós em alguns minutos,



consentimos e subimos, bastante envergonhados.



Quando chegamos lá, sentamos um de frente



para o outro na minha cama, ficamos nos



encarando, sendo que as vezes desviamos os



olhares,

ele passou a mão no meu rosto e logo em seguida



nos beijamos, o que nunca tinha acontecido, mas


foi tão, mas tão bom, que ali foi o momento em



que me vi mais apaixonada ainda.



Minha mãe bateu na porta, dizendo que


estava com o lanche, ela entrou e conversou um



pouco com Jack, que inclusive amou a sogra rs…



Enquanto estávamos comendo, ele falou


muito rápido:



- Quernamorarcomigo? - falou e escondeu a


cara no travesseiro.



- OI? - eu gritei.



Jack respirou fundo, tirou a cabeça do


travesseiro, tomou coragem e perguntou de novo,



só que agora, com um espaço de tempo.


- OLIVIA - não me perguntem porque, mas ele



deu ênfase desse jeito no meu nome - a senhorita



gostaria de namorar comigo?

- enquanto ele estava fazendo a pergunta, pegava



na minha mão e ficava com a cara vermelha,



equivalente a um pimentão.



- SIMMMMMMMMMMMM! - eu disse gritando



histericamente, fazendo com que ele se assustasse


um pouco, mas não no nível de fazê-lo se




arrepender de ter feito o pedido que ele tinha


acabado de fazer.



Depois disso, ele me abraçou muito forte e me



deu um beijo fofo, passando a mão no meu rosto,



ao mesmo tempo.

Um tempo depois….







Depois daquele dia, que eu e Jack começamos



a namorar, parece que tudo melhorou, até


minha relação com meus pais.



Miranda voltou pra casa, o tumor do



câncer foi completamente retirado, parece


até um milagre, mas aconteceu, No dia em



que ela voltou para a casa, eu contei pra ela


que eu estava namorando e nós pulamos de



felicidade juntas, até porque, ela também


estava quase ali para começar a namorar.



Nesse tempo que nós não estávamos nos



falando, ela conheceu um menino, ele já tem


18 anos, mas é muito responsável, carinhoso,



enfim, tudo o que a Miranda queria e gostava.


O nome dele é Lucca, uma gracinha, os dois



fazem um casal muito fofo

e além do mais, ele e o Jack se dão muito bem, o


que me deixa mais feliz ainda, na verdade, nós




quatro nos damos muito bem, o que é ótimo não é


mesmo?



Hoje inclusive, marcamos de ir ao cinema,



tipo, rolê de casal, Jack vai passar aqui de carro,



(sim, ele tem carro, é emancipado, então já pode



dirigir), e depois vamos passar na casa da Mia



para buscar ela e o Lucca.

Essa obra foi inspirada no livro




Extraordinário, mas nessa versão




a história se concentrou apenas




em contar sobre a vida da Olivia,



irmã de Auggie, protagonista do




livro de inspiração.




Dessa vez, situações da vida de




uma adolescente, que é carente de




seus pais, são contadas pela




protagonista.


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