The words you are searching are inside this book. To get more targeted content, please make full-text search by clicking here.

Microbiologia Medica e Imunologia 10a Edição_booksmedicos.org

Discover the best professional documents and content resources in AnyFlip Document Base.
Search
Published by Marvin's Underground Latino USA, 2018-08-10 11:55:52

Microbiologia Medica e Imunologia 10a Edição_booksmedicos.org

Microbiologia Medica e Imunologia 10a Edição_booksmedicos.org

488 Warren Levinson

Características – Cocos gram-positivos em cadeias. Cata- nectomia predispõe à sépsis. Fratura craniana com extravasa-
lase-negativos. mento nasal de liquor predispõe à meningite.

Hábitat e transmissão – O hábitat é o cólon humano; a Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo-
uretra e o trato genital feminino podem ser colonizados. ração de Gram. Colônias alfa-hemolíticas em ágar sangue.
Pode atingir a corrente sanguínea durante procedimentos Crescimento inibido por bile e optoquina. Ocorre reação
envolvendo os tratos gastrintestinal (GI) ou geniturinário. de Quellung (intumescimento da cápsula com antissoro
Pode infectar outros sítios, por exemplo, ocasionando en- tipo-específico). Testes sorológicos para a detecção de anti-
docardite. corpos não são úteis. O teste de aglutinação do látex para
antígenos capsulares no liquor pode ser diagnóstico.
Patogênese – Não foram identificadas exotoxinas ou fatores
de virulência. Tratamento – Penicilina G. A resistência de baixo nível e de
alto nível é causada por modificações em proteínas de liga-
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo- ção da penicilina. Não há produção de β-lactamase.
ração de Gram e cultura. Colônias alfa-, beta– ou não he-
molíticas em ágar sangue. Cresce em NaCl 6,5% e hidrolisa Prevenção – Duas vacinas são disponíveis. A utilizada em
esculina na presença de 40% de bile. Testes sorológicos não adultos contém polissacarídeos capsulares dos 23 sorotipos
são úteis. que causam bacteriemia com maior frequência. A outra,
utilizada principalmente em crianças com idade inferior a
Tratamento – Penicilina ou vancomicina e um aminogli- dois anos, contém polissacarídeos capsulares de sete soroti-
cosídeo, como gentamicina, são bactericidas. O organismo pos associados a uma proteína carreadora (toxoide diftéri-
é resistente a cada fármaco administrado isoladamente, em- co). Penicilina oral é utilizada em crianças imunocompro-
bora, quando administrados em conjunto, exibam efeito si- metidas.
nérgico. O aminoglicosídeo administrado de forma isolada
é ineficaz, uma vez que não é capaz de penetrar. A penicilina Estreptococos do grupo Viridans
ou vancomicina enfraquecem a parede celular, permitindo (p. ex., S. sanguis, S. mutans)
a penetração do aminoglicosídeo. Enterococos resistentes à
vancomicina (VRE) são importantes causas de infecções no- Doenças – Endocardite é a mais importante. Ocorre tam-
socomiais (hospitalares). Linezolida pode ser utilizada para o bém abscesso cerebral, especialmente em infecções mistas
tratamento de VRE. com anaeróbios da cavidade oral. S. mutans está implicado
na cárie dental.
Prevenção – Penicilina e gentamicina devem ser adminis-
tradas em pacientes com danos em válvulas cardíacas antes Características – Cocos gram-positivos em cadeias. Al-
de procedimentos no trato intestinal ou urinário. Não há fa-hemolíticos. Catalase-negativos. Resistentes à bile e opto-
vacina disponível. quina, contrariamente aos pneumococos, que são sensíveis.

Streptococcus pneumoniae (Pneumococos) Hábitat e transmissão – O hábitat é a orofaringe humana.
O organismo penetra na corrente sanguínea durante proce-
Doenças – As doenças mais comuns são pneumonia e me- dimentos odontológicos.
ningite em adultos, e otite média e sinusite em crianças.
Patogênese – A bacteriemia decorrente de procedimentos
Características – Cocos gram-positivos em forma de “lan- odontológicos dissemina o organismo para válvulas cardíacas
ça”, arranjados em pares (diplococos) ou cadeias curtas. Al- danificadas. O organismo mantém-se protegido das defesas
fa-hemolítico. Catalase-negativo. Sensível à bile e optoquina, do hospedeiro no interior das vegetações. Não se conhecem
diferentemente de estreptococos viridantes, que são resisten- toxinas. O glicocálix composto por polissacarídeos intensifi-
tes. Cápsula polissacarídica proeminente. 85 sorotipos, com ca a adesão às válvulas cardíacas.
base na antigenicidade da cápsula polissacarídica. É uma das
três bactérias piogênicas capsuladas clássicas (Neisseria me- Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
ningitidis e Haemophilus influenzae são as outras duas). ção de Gram e cultura. Colônias alfa-hemolíticas em ágar
sangue. O crescimento não é inibido por bile ou optoquina,
Hábitat e transmissão – O hábitat é o trato respiratório contrariamente ao que ocorre em relação aos pneumococos.
superior humano. A transmissão ocorre por gotículas respi- Os estreptococos viridantes são classificados em espécies por
ratórias. meio de testes bioquímicos variados. Testes sorológicos não
são úteis.
Patogênese – Induz resposta inflamatória. Não há exotoxi-
nas conhecidas. A cápsula polissacarídica retarda a fagocito- Tratamento – Penicilina G com ou sem um aminoglico-
se. Anticorpos antipolissacarídicos opsonizam o organismo e sídeo.
conferem imunidade tipo-específica. A IgA protease degrada
a IgA secretória na mucosa respiratória, permitindo a colo- Prevenção – Penicilina para prevenir a endocardite em pa-
nização. Infecção respiratória viral predispõe à pneumonia cientes com válvulas cardíacas danificadas ou prostéticas que
pneumocóccica por danificar o elevador mucociliar; a esple- são submetidos a procedimentos odontológicos.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 489

COCOS GRAMNEGATIVOS CAPÍTULO 16 maltose, diferentemente dos meningococos. Testes sorológi-
cos não são úteis.
Neisseria meningitidis (Meningococo)
Tratamento – Ceftriaxona para casos não complicados.
Doenças – Meningite e meningococcemia. Adição de tetraciclina para uretrite causada por Chlamydia
trachomatis. A resistência de alto nível à penicilina é causada
Características – Diplococos gram-negativos em forma de pela penicilinase codificada por um plasmídeo. A resistência
“rim ou feijão”. Oxidase-positivos. Grande cápsula polissa- de baixo nível à penicilina é causada por permeabilidade re-
carídica. Uma das três bactérias piogênicas capsuladas clás- duzida e proteínas de ligação modificadas.
sicas (Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae são
as outras duas). Prevenção – Não há fármaco ou vacina. Preservativos ofe-
recem proteção. São recomendados a identificação e o tra-
Hábitat e transmissão – Seu hábitat é o trato respiratório tamento de contatos para interromper a transmissão, bem
superior humano; a transmissão ocorre via gotículas respi- como o tratamento ocular de recém-nascidos com pomada
ratórias. de eritromicina ou com nitrato de prata para prevenir a con-
juntivite.
Patogênese – Após a colonização do trato respiratório su-
perior, o organismo atinge as meninges através da corrente BACILOS GRAMPOSITIVOS CAPÍTULO 17
sanguínea. A endotoxina da parede celular causa os sintomas
de choque séptico observados na meningococcemia. Não Bacillus anthracis
há exotoxina conhecida; ocorre produção de IgA protease.
A cápsula é antifagocitária. A deficiência de componentes Doença – Antraz.
tardios do complemento predispõe a infecções meningocóc-
cicas recorrentes. Características – Bacilos aeróbios, gram-positivos, forma-
dores de esporos. Cápsula composta por poli-D-glutamato.
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora- B. anthracis é o único organismo de importância médica que
ção de Gram e cultura. Colônias oxidase-positivas em ágar apresenta cápsula composta por aminoácidos em vez de po-
chocolate. Fermenta maltose, diferentemente dos gonoco- lissacarídeos.
cos. Testes sorológicos não são úteis.
Hábitat e transmissão – O hábitat é o solo. A transmissão
Tratamento – Penicilina G (não há resistência significati- ocorre pelo contato com animais infectados ou inalação dos
va). esporos presentes no pelo e na lã de animais.

Prevenção – A vacina contém o polissacarídeo capsular Patogênese – A toxina do antraz consiste em três proteí-
das linhagens A, C, Y e W-135. Uma forma da vacina con- nas: fator de edema, que consiste em uma adenilato ciclase;
tém os polissacarídeos acoplados a uma proteína carreadora fator letal, que mata as células por inibir uma proteína de
(toxoide diftérico), enquanto outra contém apenas os polis- transdução de sinal envolvida na divisão celular; e antígeno
sacarídeos. Rifampina ou ciprofloxacina são administradas protetor, que medeia a entrada dos outros dois componentes
aos contatos próximos para reduzir a taxa de portadores na célula. A cápsula é antifagocitária.
orofaríngeos.
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
Neisseria gonorrhoeae (Gonococo) ção de Gram e o cultivo aeróbio em ágar sangue. B. anthracis
é imóvel, contrariamente a outras espécies de Bacillus. Um
Doença – Gonorreia. Também conjuntivite neonatal e aumento no título de anticorpos no teste indireto de hema-
doença pélvica inflamatória. glutinação é diagnóstico.

Características – Diplococos gram-negativos em forma de Tratamento – Penicilina G (não há resistência significati-
“rim ou feijão”. Oxidase-positivos. Cápsula insignificante. va).

Hábitat e transmissão – O hábitat é o trato genital huma- Prevenção – A vacina consistindo em antígenos protetores
no. A transmissão em adultos ocorre pelo contato sexual. A é administrada a indivíduos em ocupações de alto risco.
transmissão a neonatos ocorre durante o parto.
Bacillus cereus
Patogênese – O organismo invade as membranas mucosas
e causa inflamação. Endotoxina presente, porém mais fraca Doença – Intoxicação alimentar.
do que a do meningococo; portanto, quando ocorre bactere-
mia, a doença é menos severa. Não foram identificadas exo- Características – Bacilo aeróbio, gram-positivo, formador
toxinas. IgA protease e fímbrias são fatores de virulência. de esporos.

Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora- Hábitat e transmissão – O hábitat são grãos, como o ar-
ção de Gram e cultura. Organismo visível intracelularmente roz. Os esporos sobrevivem à fervura durante a preparação
em neutrófilos do exsudato uretral. Colônias oxidase-posi- do arroz, germinando, então, quando o arroz é mantido em
tivas em meio Thayer-Martin. Gonococos não fermentam temperaturas mornas.

ERRNVPHGLFRV RUJ

490 Warren Levinson

Patogênese – São produzidas duas enterotoxinas: uma atua quada do alimento durante o processo de conserva permite
como a toxina colérica, isto é, há aumento de AMP cíclico a sobrevivência dos esporos. Os esporos germinam em am-
no interior de enterócitos; a outra atua como a enterotoxina biente anaeróbio e produzem a toxina. A toxina é termolábil;
estafilocóccica, isto é, é um superantígeno. portanto, alimentos ingeridos sem cocção adequada estão
geralmente implicados.
Diagnóstico laboratorial – Não é realizado.
Diagnóstico laboratorial – Presença da toxina no soro ou
Tratamento – Apenas sintomático. nas fezes do paciente, ou, ainda, no alimento. A detecção da
toxina envolve testes sorológicos com a antitoxina ou a pro-
Prevenção – Não há vacina. dução da doença em camundongos. Testes sorológicos para a
detecção de anticorpos no paciente não são úteis.
Clostridium tetani
Tratamento – Antitoxinas contra tipos A, B e E produzidas
Doença – Tétano. em cavalos. Suporte respiratório pode ser necessário.

Características – Bacilos anaeróbios, gram-positivos, for- Prevenção – Adoção de técnicas apropriadas de preservação
madores de esporos. O esporo localiza-se em uma extremi- de alimentos, cocção de todos os alimentos de envasamento
dade (“esporo terminal”) de modo que o organismo se asse- doméstico e descarte de latas estufadas.
melha a uma “raquete de tênis”.
Clostridium perfringens
Hábitat e transmissão – O hábitat é o solo. O organismo
penetra através de rupturas traumáticas da pele. Doenças – Gangrena gasosa (mionecrose) e intoxicação ali-
mentar.
Patogênese – Os esporos germinam em condições anaeró-
bias no ferimento. O organismo produz exotoxina, que blo- Características – Bacilos anaeróbios, gram-positivos, for-
queia a liberação de neutrotransmissores inibitórios (glicina madores de esporos.
e GABA) por neurônios espinais. Os neurônios excitatórios
não sofrem oposição, resultando em extremo espasmo mus- Hábitat e transmissão – O hábitat é o solo e cólon hu-
cular (tétano, paralisia espástica). “Trismo” e “riso sardônico” mano. A mionecrose resulta da contaminação de ferimentos
são dois exemplos de espasmos musculares. A toxina tetânica com solo ou fezes. A intoxicação alimentar é ocasionada pela
(tetanospasmina) é uma protease que cliva proteínas envol- ingestão de alimentos contaminados.
vidas na liberação de neurotransmissores.
Patogênese – A gangrena gasosa em ferimentos é causada
Diagnóstico laboratorial – Principalmente um diagnóstico pela germinação de esporos em condições anaeróbias e pro-
clínico. O organismo é raramente isolado. Testes sorológicos dução de vários fatores citotóxicos, especialmente toxina alfa,
não são úteis. uma lecitinase que cliva membranas celulares. O gás no teci-
do (CO2 e H2) é produzido pelo metabolismo anaeróbio do
Tratamento – Globulinas humanas hiperimunes para neu- organismo. A intoxicação alimentar é causada pela produção
tralizar a toxina; também pode-se citar penicilina G e fár- da enterotoxina no interior do intestino. A enterotoxina atua
macos espasmolíticos (p. ex., Valium). Não há resistência como um superantígeno, similar àquela de S. aureus.
significativa à penicilina.
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo-
Prevenção – Vacina com o toxoide (o toxoide consiste na ração de Gram e cultura anaeróbia. Os esporos geralmen-
toxina tratada com formaldeído), geralmente administrada te não são visualizados em espécimes clínicos; o organismo
a crianças em combinação com o toxoide diftérico e a va- encontra-se em crescimento e não há restrição de nutrientes.
cina contra coqueluche (DTaP). Quando o paciente sofreu A produção de lecitinase é detectada em ágar gema de ovo e
ferimento e não foi imunizado, administrar globulina hi- identificada pela inibição enzimática por antissoro específi-
perimune e toxoide (imunização passiva-ativa). Debridar o co. Testes sorológicos não são úteis.
ferimento. Administrar reforços do toxoide tetânico a cada
10 anos. Tratamento – Penicilina G e debridação do ferimento na
gangrena gasosa (não há resistência significativa à penicili-
Clostridium botulinum na). Na ocorrência de intoxicação alimentar, é necessário
apenas tratamento sintomático.
Doença – Botulismo.
Prevenção – Extensa debridação do ferimento e adminis-
Características – Bacilos anaeróbios, gram-positivos, for- tração de penicilina reduzem a probabilidade de gangrena
madores de esporos. gasosa. Não há vacina.

Hábitat e transmissão – O hábitat é o solo. O organismo e Clostridium difficile
a toxina botulínica são transmitidos pela ingestão de alimen-
tos conservados inadequadamente. Doença – Colite pseudomembranosa.

Patogênese – A toxina botulínica é uma protease que cliva Características – Bacilos anaeróbios, gram-positivos, for-
as proteínas envolvidas na liberação de acetilcolina na junção madores de esporos.
mioneural, causando paralisia flácida. A esterilização inade-

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 491

Hábitat e transmissão – O hábitat é o cólon humano. A Características – Bacilos gram-positivos pequenos. Orga-
transmissão ocorre por via fecal-oral. nismo aeróbio, não formador de esporo.

Patogênese – Antibióticos suprimem a microbiota normal Hábitat e transmissão – O organismo coloniza os tratos
do cólon, permitindo maior crescimento de C. difficile e pro- GI e genital feminino; na natureza, encontra-se amplamente
dução de grandes quantidades de exotoxinas. As exotoxinas disseminado nos animais, nas plantas e no solo. A transmis-
A e B inibem GTPases, causando a inibição da transdução são ocorre através da placenta ou por contato durante o par-
de sinal e a despolimerização de filamentos de actina, o que to. Surtos de sépsis em neonatos e gastrenterite na população
leva à apoptose e morte de enterócitos. As pseudomembra- geral são relacionados à ingestão de produtos lácteos não
nas observadas no cólon são o resultado visível da morte de pasteurizados, por exemplo, queijos.
enterócitos.
Patogênese – A listeriolisina é uma exotoxina que degrada
Diagnóstico laboratorial – Exotoxina nas fezes detectada membranas celulares. A redução da imunidade mediada por
pelo efeito citopático em células em cultura. Identificação células, assim como a imaturidade imunológica de neonatos,
pela neutralização do efeito citopático com anticorpos. A predispõem à doença. Patógeno intracelular que se desloca
exotoxina pode também ser detectada nas fezes pelo uso de de uma célula a outra via “foguetes de actina”.
um teste de ELISA.
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
Tratamento – Metronidazol. A vancomicina, embora efeti- ção de Gram e cultura. Colônias beta-hemolíticas pequenas
va, não deve ser utilizada, uma vez que pode selecionar ente- em ágar sangue. Motilidade em cambalhotas. Testes soroló-
rococos resistentes à vancomicina. gicos não são úteis.

Prevenção – Não há vacina ou fármaco disponíveis. Tratamento – Ampicilina com ou sem gentamicina.

Corynebacterium diphtheriae Prevenção – Gestantes e pacientes imunocomprometidos
não devem ingerir produtos lácteos não pasteurizados ou
Doenças – Difteria. vegetais crus. Trimetoprim-sulfametoxazol, administrado a
pacientes imunocomprometidos para prevenir a pneumonia
Características – Bacilos gram-positivos em formato de por Pneumocystis, pode também prevenir a listeriose. Não há
clava, arranjados em forma de V ou L. Os grânulos coram-se vacina disponível.
metacromaticamente. Organismo aeróbio, não formador de
esporos. BACILOS GRAMNEGATIVOS RELACIONADOS
AO TRATO INTESTINAL CAPÍTULO 18
Hábitat e transmissão – O hábitat é a garganta humana. A
transmissão ocorre pelo contato com gotículas respiratórias. Escherichia coli

Patogênese – O organismo secreta uma exotoxina que inibe Doenças – Infecção do trato urinário (ITU), sépsis, menin-
a síntese proteica adicionando ADP-ribose ao fator de elon- gite neonatal e “diarreia do viajante” são as mais comuns.
gação 2 (EF-2). A toxina possui dois componentes: a subu-
nidade A, que apresenta a atividade de ADP-ribosilação, e a Características – Bacilos gram-negativos facultativos; fer-
subunidade B, que liga a toxina aos receptores da superfície mentam lactose.
celular. A pseudomembrana observada na garganta é causada
pela morte de células epiteliais da mucosa. Hábitat e transmissão – O hábitat é o cólon humano, co-
lonizando a vagina e a uretra. A partir da uretra, ascende a
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora- causa ITU. É adquirida durante o parto na meningite neo-
ção de Gram e cultura. Colônias negras em placa de telurito. natal, e por via fecal-oral na diarreia.
Determinar a produção de toxina com teste de precipitina
ou pela doença produzida em animais de laboratório. Testes Patogênese – A endotoxina da parede celular causa choque
sorológicos não são úteis. séptico. São produzidas duas enterotoxinas. A toxina termo-
lábil (LT) estimula a adenilato ciclase pela ADP-ribosilação.
Tratamento – A antitoxina produzida em cavalos neutraliza O aumento de AMP cíclico causa efluxo de íons cloreto e
a toxina. Penicilina G mata o organismo. Não há resistência água, resultando em diarreia. A toxina termoestável (ST)
significativa à penicilina. causa diarreia, possivelmente pela estimulação de guanilato
ciclase. Os fatores de virulência incluem fímbrias para adesão
Prevenção – Vacina com toxoide (o toxoide é a toxina tra- às superfícies mucosas e uma cápsula que impede a fagocito-
tada com formaldeído), geralmente administrada às crianças se. A verotoxina (toxina do tipo Shiga) é uma enterotoxina
em combinação com o toxoide tetânico e vacina contra co- produzida por linhagens de E. coli do sorotipo O157:H7.
queluche (DTaP). Ela causa diarreia sanguinolenta e síndrome hemolítica-urê-
mica associadas à ingestão de carne malcozida. A verotoxina
Listeria monocytogenes inibe a síntese proteica por remover uma adenina do rRNA
28S de ribossomos humanos.
Doenças – Meningite e sépsis em recém-nascidos e adultos
imunocomprometidos. Gastrenterite.

ERRNVPHGLFRV RUJ

492 Warren Levinson

Fatores predisponentes de ITU em mulheres incluem a lactose em ágar EAM ou MacConkey. Em ágar TSI, exibe
proximidade do ânus à vagina e à uretra, assim como a exis- superfície alcalina e base ácida, sem presença de gás e forma-
tencia de uretra curta, o que leva à colonização da uretra e da ção de pequena quantidade de H2S. Reações bioquímicas e
vagina pela microbiota fecal. Anomalias, por exemplo, estrei- sorológicas são utilizadas para identificar as espécies. A iden-
tamentos, valvas e cálculos, também são predisponentes. Ca- tidade pode ser determinada com o uso de antissoros conhe-
teteres urinários de longa duração e linhas intravenosas pre- cidos contra os antígenos O, H e Vi, no teste de aglutinação.
dispõem a ITU e sépsis, respectivamente. A colonização da O teste de Widal detecta a aglutinação de anticorpos contra
vagina leva à meningite neonatal adquirida durante o parto. antígenos O e H no soro do paciente, embora seu uso seja
limitado.
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
ção de Gram e cultura. Colônias fermentadoras de lactose em Tratamento – Ceftriaxona é o farmaco mais efetivo. Ampi-
ágar EAM ou MacConkey. Brilho verde em ágar EAM. Em cilina e trimetoprim-sulfametoxazol podem ser utilizados em
ágar TSI, exibe superfície ácida e base ácida, sem presença de pacientes que não exibem doença severa. A resistência a clo-
H2S. Diferenciar de outros organismos lactose-positivos por ranfenicol e ampicilina é mediada por enzimas de acetilação
reações bioquímicas. Em estudos epidemiológicos, classificar codificadas por plasmídeo e β-lactamase, respectivamente.
o organismo de acordo com antígenos O e H, utilizando-se
antissoros conhecidos. Testes sorológicos para anticorpos no Prevenção – Medidas de saúde pública, por exemplo,
soro do paciente não são úteis. descarte de esgotos, cloração dos suprimentos de água, co-
proculturas em manipuladores de alimentos, e lavagem das
Tratamento – Ampicilina ou sulfonamidas para infecções mãos antes da manipulação de alimentos. Duas vacinas são
do trato urinário. Cefalosporinas de terceira geração para comumente utilizadas; uma vacina contém o polissacarídeo
meningite e sépsis. A re-hidratação é efetiva na diarreia do capsular Vi purificado como imunógeno, enquanto a outra
viajante, e trimetoprim-sulfametoxazol pode reduzir a dura- contém S. typhi viva atenuada como imunógeno.
ção dos sintomas. Resistência antibiótica mediada por enzi-
mas codificadas por plasmídeos, por exemplo, β-lactamase, Salmonella enteritidis (também conhecida
e enzimas modificadoras de aminoglicosídeos. como Salmonella enterica)

Prevenção – A prevenção de ITU envolve a limitação na Doenças – Enterocolite. Ocasionalmente, sépsis com abs-
frequência e duração da cateterização urinária. A prevenção cessos metastáticos.
de sépsis envolve a rápida remoção ou alteração de sítios de
linhas intravenosas. A diarreia do viajante pode ser preveni- Características – Bacilos gram-negativos facultativos. Não
da pela ingestão apenas de alimentos cozidos e água fervida, fermenta lactose. Produz H2S. Móvel, contrariamente a Shi-
em determinados países. O uso profilático de doxiciclina ou gella. Mais de 1.500 sorotipos.
Pepto-Bismol pode prevenir a diarreia do viajante. Não há
vacina que previna qualquer das doenças causas por E. coli. Hábitat e transmissão – O hábitat é o trato intestinal de
humanos e animais, por exemplo, galinhas e animais de cria-
Salmonella typhi ção. A transmissão ocorre pela via fecal-oral.

Doença – Febre tifoide. Patogênese – O organismo invade a mucosa do intestino
grosso e delgado. Pode atingir a corrente sanguínea, causan-
Características – Bacilos gram-negativos facultativos. Não do sépsis. A dose infectante é de pelo menos 105 organismos,
fermenta lactose. Produz H2S. muito superior à dose infectante de Shigella. A dose infectan-
te é alta porque o organismo é inativado pelo ácido gástrico.
Hábitat e transmissão – O hábitat consiste apenas no có- Endotoxina na parede celular; ausência de exotoxina. Fatores
lon humano, contrariamente a outras salmonelas, que são predisponentes incluem diminuição da acidez gástrica por
também encontradas no cólon de animais. A transmissão antiácidos ou gastrectomia. A anemia falciforme predispõe à
ocorre pela via fecal-oral. osteomielite por Salmonella.

Patogênese – Infecta as células do sistema reticuloendote- Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo-
lial, especialmente no fígado e no baço. A endotoxina da pa- ração de Gram e cultura. Colônias não fermentadoras de
rede celular causa febre. A cápsula (antígeno Vi) é um fator lactose em ágar EAM ou MacConkey. Em ágar TSI, exibe
de virulência. Não são conhecidas exotoxinas. A diminuição superfície alcalina e base ácida, com presença de gás e H2S.
do ácido gástrico, resultante da ingestão de antiácidos ou da Reações bioquímicas e sorológicas são utilizadas para identi-
gastrectomia, predispõe a infecções por Salmonella. Estado ficar as espécies. É possível identificar o organismo pelo uso
de portador crônico estabelecido na vesícula biliar. A excre- de antissoros conhecidos em um ensaio de aglutinação. O
ção do organismo na bile resulta na disseminação fecal-oral teste de Widal detecta anticorpos contra antígenos O e H do
a terceiros. organismo no soro do paciente, porém seu uso é limitado.

Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo- Tratamento – Antibióticos geralmente não são recomenda-
ração de Gram e cultura. Colônias não fermentadoras de dos para enterocolite não complicada. Ceftriaxona ou outros

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 493

fármacos são utilizados para sépsis, dependendo de testes de Patogênese – Intensa diarreia aquosa causada pela enteroto-
sensibilidade. A resistência à ampicilina e ao cloranfenicol é xina que ativa a adenilato ciclase, adicionando ADP-ribose à
mediada por β-lactamases codificadas por plasmídeos e enzi- proteína G estimulatória. O aumento de AMP cíclico causa
mas de acetilação, respectivamente. efluxo de íons cloreto e água. A toxina possui dois compo-
nentes: a subunidade A, que apresenta atividade de ADP-ri-
Prevenção – Medidas de saúde pública, por exemplo, des- bosilação; e a subunidade B, que liga toxina a receptores da
carte de esgotos, cloração dos suprimentos de água, copro- superfície celular. O organismo produz mucinase, que inten-
culturas em manipuladores de alimentos e lavagem das mãos sifica a ligação à mucosa intestinal. O papel da endotoxina é
antes da manipulação de alimentos. Não ingerir ovos ou car- incerto. A dose infectante é alta (>107 organismos). O estado
nes crus. Não há vacina disponível. de portador é raro.

Espécies de Shigella Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
(p. ex., S. dysenteriae, S. sonnei) ção de Gram e cultura. (Durante epidemias, culturas não são
necessárias.) A aglutinação do isolado com antissoros conhe-
Doença – Enterocolite (disenteria). cidos confirma a identificação.

Características – Bacilos gram-negativos facultativos. Não Tratamento – O tratamento de escolha consiste na repo-
fermenta lactose. Imóvel, contrariamente a Salmonella. sição de fluidos e eletrólitos. A tetraciclina não é necessária,
porém reduz a duração e minimiza o estado de portador.
Hábitat e transmissão – O hábitat consiste apenas no cólon
humano; diferentemente de Salmonella, não há portadores Prevenção – Medidas de saúde pública, por exemplo,
animais de Shigella. A transmissão ocorre por via fecal-oral. descarte de esgotos, cloração dos suprimentos de água, co-
proculturas em manipuladores de alimentos, e lavagem das
Patogênese – Invade a mucosa do íleo e do cólon, mas não mãos antes da manipulação de alimentos. A vacina contendo
penetra além, sendo a sépsis, portanto, rara. Endotoxina na células mortas exibe eficácia limitada. A tetraciclina é utiliza-
parede celular. A dose infectante é muito inferior (1-10 orga- da para contatos próximos.
nismos) do que de Salmonella. A dose infectante de Shigella é
baixa, uma vez que o organismo é resistente ao ácido gástri- Vibrio parahaemolyticus
co. Surtos de shigelose ocorrem em crianças em instituições
mentais e creches. Não há estado de portador crônico. Bacilo gram-negativo em forma de vírgula encontrado em
águas marinhas mornas. Causa diarreia aquosa. Adquirido
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo- pela ingestão de moluscos marinhos crus contaminados.
ração de Gram e cultura. Colônias não fermentadoras de Ocorreram surtos em cruzeiros pelo Caribe. A diarreia é me-
lactose em ágar EAM ou MacConkey. Em ágar TSI, exibe diada pela enterotoxina similar à toxina colérica.
superfície alcalina e base ácida, sem presença de gás ou H2S.
Identificação por reações bioquímicas ou por sorologia com Vibrio vulnificus
anticorpo anti-O em teste de aglutinação. Testes sorológicos
para anticorpos no soro do paciente não são realizados. Bacilo gram-negativo em forma de vírgula encontrado em
águas marinhas mornas. Causa celulite e sépsis de risco à
Tratamento – Na maioria dos casos, apenas reposição de vida, com bolhas hemorrágicas. Adquirido por trauma à
fluidos e eletrólitos. Em casos severos, ciprofloxacina. A re- pele, especialmente em manipuladores de moluscos mari-
sistência é mediada por enzimas codificadas por plasmídeo, nhos, ou pela ingestão de moluscos marinhos, especialmente
por exemplo, β-lactamase, que degrada a ampicilina, e uma em pacientes imunocomprometidos ou com dano hepático.
pteroato sintetase mutante, que reduz a sensibilidade a sul-
fonamidas. Campylobacter jejuni

Prevenção – Medidas de saúde pública, por exemplo, Doença – Enterocolite.
descarte de esgotos, cloração dos suprimentos de água, co-
proculturas em manipuladores de alimentos, e lavagem das Características – Bacilos-gram negativos em forma de vír-
mãos antes da manipulação de alimentos. Fármacos profilá- gula. Microaerofílico. Bom crescimento a 42ºC.
ticos não são utilizados. Não há vacina disponível.
Hábitat e transmissão – O hábitat são as fezes humanas e
Vibrio cholerae de animais. A transmissão ocorre pela via fecal-oral.

Doença – Cólera. Patogênese – Invade a mucosa do cólon, mas nele não pe-
netra; portanto, a sépsis raramente ocorre. Não há enteroto-
Características – Bacilos gram-negativos em forma de vír- xina conhecida.
gula. Oxidase-positivos, o que os distingue das Enterobac-
teriaceae. Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
ção de Gram e cultura em ágar especial, por exemplo, ágar
Hábitat e transmissão – O hábitat é o cólon humano. A Skirrow, a 42ºC, em atmosfera com alto teor de CO2 e baixo
transmissão ocorre por via fecal-oral. teor de O2. Testes sorológicos não são úteis.

ERRNVPHGLFRV RUJ

494 Warren Levinson

Tratamento – Geralmente apenas tratamento sintomático; Prevenção – Não há vacina ou fármaco disponíveis. Cate-
eritromicina para doença severa. teres urinários e intravenosos devem ser rapidamente remo-
vidos.
Prevenção – Medidas de saúde pública, por exemplo, des-
carte de esgotos, cloração dos suprimentos de água, copro- Enterobacter cloacae
culturas em manipuladores de alimentos e lavagem das mãos
antes da manipulação de alimentos. Não há vacina nem fár- Bacilo gram-negativo entérico, similar a K. pneumoniae.
macos disponíveis. Causa pneumonia hospitalar, ITU e sépsis. Altamente resis-
tente a antibióticos.
Helicobacter pylori
Serratia marcescens
Doença – Gastrite e úlcera péptica. Fator de risco para car-
cinoma gástrico. Bacilo gram-negativo entérico, similar a K. pneumoniae.
Causa pneumonia hospitalar, ITU e sépsis. Colônias de pig-
Características – Bacilo gram-negativo curvo. mentação vermelha. Altamente resistente a antibióticos.

Hábitat e transmissão – O hábitat é o estômago humano. Espécies de Proteus
A transmissão ocorre por ingestão. (p. ex., P. vulgaris, P. mirabilis)

Patogênese – Os organismos sintetizam urease, que gera Doenças – ITU e sépsis.
amônia, danificando a mucosa gástrica. A amônia também
neutraliza o pH ácido do estômago, permitindo que o orga- Características – Bacilos gram-negativos facultativos. Não
nismo viva na mucosa gástrica. fermentadores de lactose. Altamente móveis. Produzem ure-
ase, assim como espécies de Morganella e Providencia (ver a
Diagnóstico laboratorial – Coloração de Gram e cultura. seguir). Antígenos de linhagens OX de P. vulgaris reagem de
Urease-positivo. Testes sorológicos para anticorpos e o teste forma cruzada com diversas riquétsias.
do “hálito de ureia” são úteis.
Hábitat e transmissão – O hábitat é o cólon humano e
Tratamento – Amoxicilina, metronidazol e bismuto (Pep- o meio ambiente (solo e água). A transmissão ao trato uri-
to-Bismol). nário ocorre pela disseminação ascendente da microbiota
fecal.
Prevenção – Não há vacina ou fármaco disponíveis.
Patogênese – A endotoxina causa febre e choque associados
Klebsiella pneumoniae à sépsis. Não há exotoxinas conhecidas. A urease é um fator
de virulência, uma vez que degrada a ureia, produzindo amô-
Doenças – Pneumonia, ITU, e sépsis. nia, a qual eleva o pH. Isto leva à formação de cálculos de
“estruvita”, que podem obstruir o fluxo urinário, danificar o
Características – Bacilos gram-negativos facultativos, com epitélio urinário, e atuar como foco de infecções recorrentes
grande cápsula polissacarídica. por capturarem as bactérias no interior do cálculo. O orga-
nismo é altamente móvel, o que pode facilitar sua entrada na
Hábitat e transmissão – O hábitat consiste nos tratos res- bexiga. Fatores predisponentes são a colonização da vagina,
piratório superior e intestinal de humanos. O organismo é os cateteres urinários e as anomalias do trato urinário, como
transmitido aos pulmões pela aspiração a partir do trato res- estreitamentos, valvas e cálculos.
piratório superior e pela inalação de gotículas respiratórias. É
transmitido ao trato urinário pela disseminação ascendente Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo-
da microbiota fecal. ração de Gram e cultura. Efeito “expansivo” (disseminante)
em placa de ágar sangue, como consequência da motilidade
Patogênese – A endotoxina causa febre e choque associados ativa do organismo. Colônias não fermentadoras de lactose
à sépsis. Não há exotoxina conhecida. O organismo possui em ágar EAM ou MacConkey. Em ágar TSI, exibe superfície
cápsula grande, que impede a fagocitose. Doença pulmonar alcalina e base ácida, com H2S. O organismo produz urea-
crônica predispõe à pneumonia; a cateterização predispõe a se, ao contrário de Salmonella, que pode mostrar-se similar
ITU. em ágar TSI. Testes sorológicos não são úteis. P. mirabilis é
indol-negativo, enquanto P. vulgaris, M. morganii e espécies
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora- de Providencia são indol-positivos.
ção de Gram e cultura. Colônias mucoides características são
uma consequência da cápsula polissacarídica abundante do Tratamento – Trimetoprim-sulfametoxazol ou ampicilina
organismo. Colônias fermentadoras de lactose em ágar Mac- são frequentemente utilizados em ITUs não complicadas,
Conkey. Diferenciado de Enterobacter e Serratia por reações embora uma cefalosporina de terceira geração deva ser ad-
bioquímicas. ministrada em infecções severas. A espécie indol-negativa P.
mirabilis exibe maior probabilidade de sensibilidade a antibi-
Tratamento – Cefalosporinas isoladamente ou com ami-
noglicosídeos, mas testes de sensibilidade aos antibióticos
devem ser realizados. A resistência é mediada por enzimas
codificadas por plasmídeos.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 495

óticos, como a ampicilina, do que as espécies indol-positivas. mum. Penicilina antipseudomonas e aminoglicosídeos são
A sensibilidade a antibióticos deve ser testada. A resistência é frequentemente utilizados. A resistência é mediada por uma
mediada por enzimas codificadas por plasmídeo. variedade de enzimas codificadas por plasmídeos, por exem-
plo, β-lactamases e enzimas de acetilação.
Prevenção – Não há vacinas nem fármacos disponíveis. A
rápida remoção de cateteres urinários auxilia na prevenção Prevenção – Desinfecção de equipamentos hospitalares re-
de infecções do trato urinário. lacionados à água, lavagem das mãos e rápida remoção de
cateteres urinários e intravenosos. Não há vacina.
Morganella morganii
Burkholderia cepacia
Bacilo gram-negativo entérico, similar a espécies de Proteus. Bacilo gram-negativo, similar a P. aeruginosa. Importante
Causa ITUs e sépsis. Altamente móvel e produz urease. In- causa de infecções crônicas em pacientes com fibrose cística.
dol-positivo e mais resistente a antibióticos que P. mirabilis. Anteriormente denominado Pseudomonas cepacia.

Providencia rettgeri Stenotrophomonas maltophilia
Bacilo gram-negativo, similar a P. aeruginosa. Importante
Bacilo gram-negativo entérico, similar a espécies de Proteus. causa de infecções crônicas em pacientes com fibrose cística,
Causa ITUs e sépsis. Altamente móvel e produz urease. In- anteriormente denominado Pseudomonas maltophilia.
dol-positivo e mais resistente a antibióticos que P. mirabilis.
Bacteroides fragilis
Pseudomonas aeruginosa
Doenças – Sépsis, peritonite e abscesso abdominal.
Doenças – Infecções de ferimentos, ITU, pneumonia e sép-
sis. Uma das causas mais importantes de infecções hospita- Características – Bacilos gram-negativos anaeróbios.
lares, especialmente em pacientes queimados e aqueles com
fibrose cística. Causa endocardite em usuários de fármacos Hábitat e transmissão – O hábitat é o cólon humano,
injetáveis. onde corresponde ao anaeróbio predominante. A transmis-
são ocorre pela disseminação à corrente sanguínea ou peritô-
Características – Bacilos aeróbios gram-negativos. Não fer- nio a partir do cólon.
menta lactose. Produz o pigmento piocianina (azul-esverde-
ado). Oxidase-positivo, o que que o distingue de membros Patogênese – O lipopolissacarídeo da parede celular é qui-
da família Enterobacteriaceae. micamente distinto e menos potente que uma endotoxina
típica. Não são conhecidas exotoxinas. A cápsula é antifago-
Hábitat e transmissão – O hábitat consiste em fontes am- citária. Fatores predisponentes incluem cirurgia intestinal e
bientais de água, por exemplo, em respiradores hospitalares ferimentos abdominais penetrantes.
e umidificadores. Também desenvolve-se na pele, no trato
respiratório superior e no cólon de aproximadamente 10% Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
dos indivíduos. A transmissão ocorre via aerossóis aquosos, ção de Gram e cultura anaeróbia. Identificação baseada em
aspiração e contaminação fecal. reações bioquímicas e cromatografia gasosa. Testes sorológi-
cos não são úteis.
Patogênese – A endotoxina é responsável por febre e cho-
que associados à sépsis. Produz exotoxina A, que atua como Tratamento – Metronidazol, clindamicina e cefoxitina são
a toxina diftérica (inativa EF-2). As fímbrias e a cápsula são eficazes. Os abscessos devem ser drenados cirurgicamente. A
fatores de virulência que medeiam a adesão e inibem a fago- resistência à penicilina G, algumas cefalosporinas e amino-
citose, respectivamente. Linhagens produtoras de glicocálix glicosídeos é comum. A β-lactamase codificada por plasmí-
predominam nas infecções crônicas em pacientes com fibro- deo medeia a resistência à penicilina.
se cística. Linhagens com sistemas de secreção de tipo III
são mais virulentas do que aquelas que não apresentam tal Prevenção – Em cirurgias intestinais, a administração pré-
característica. Queimaduras severas e neutropenia são im- -operatória de cefoxitina pode reduzir a frequência de infec-
portantes fatores predisponentes. ções pós-operatórias. Não há vacina disponível.

Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo- Prevotella melaninogenica
ração de Gram e cultura. Colônias não fermentadoras de Bacilo anaeróbio gram-negativo, similar a B. fragilis. Mem-
lactose em ágar EAM ou MacConkey. Em ágar TSI, exibe bro da microbiota normal, encontrado principalmente aci-
superfície alcalina e base alcalina, uma vez que os açúcares ma do diafragma (p. ex., cavidade oral), contrariamente a B.
não são fermentados. Oxidase-positivo. Testes sorológicos fragilis, encontrado abaixo (p. ex., cólon). Frequentemente
não são úteis. envolvido em abscessos cerebrais e pulmonares. Anterior-
mente denominado Bacteroides melaninogenicus.
Tratamento – Os antibióticos devem ser escolhidos com
base na sensibilidade ao antibiótico, pois a resistência é co-

ERRNVPHGLFRV RUJ

496 Warren Levinson

BACILOS GRAMNEGATIVOS RELACIONADOS trada de linfócitos nos tecidos, resultando na retenção de
AO TRATO RESPIRATÓRIO CAPÍTULO 19 grandes números no sangue. A inibição dos receptores de
quimiocinas ocorre porque a toxina pertussis ADP-ribosila
Haemophilus influenzae a proteína G inibitória, impedindo a transdução de sinal
no interior da célula. Além disso, há produção de adenilato
Doenças – Sinusite, otite média e pneumonia são comuns. ciclase extracelular, podendo-se inibir a morte por fagóci-
A epiglotite é incomum; contudo, H. influenzae é a causa tos. A citotoxina traqueal danifica o epitélio ciliado do trato
mais importante. H. influenzae correspondia à principal cau- respiratório.
sa de meningite, embora a vacina tenha reduzido significati-
vamente o número de casos. Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
ção de Gram e cultura em ágar Bordet-Gengou. Identifica-
Características – Bacilos gram-negativos (cocobacilares) ção por reações bioquímicas e aglutinação em lâmina com
pequenos. Para o crescimento requer fatores X (heme) e V antissoros conhecidos. Testes de PCR, se disponíveis, são
(NAD). Dos seis tipos de polissacarídeo capsular, o tipo b sensíveis e específicos. Testes sorológicos para anticorpos no
é responsável por 95% das doenças invasivas. A cápsula do soro do paciente não são úteis.
tipo b consiste em polirribitol fosfato.
Tratamento – Eritromicina.
Hábitat e transmissão – O hábitat é o trato respiratório
superior. A transmissão ocorre por gotículas respiratórias. Prevenção – A vacina acelular contendo o toxoide pertussis
e quatro outras proteínas purificadas é recomendada, em vez
Patogênese – A cápsula polissacarídica é o principal deter- da vacina morta, que contém organismos completos. Geral-
minante da virulência. Linhagens acapsuladas (“não tipá- mente administrada a crianças em combinação com os to-
veis”) causam infecções de mucosa, mas não infecções in- xoides diftérico e tetânico (DTaP).
vasivas. A IgA protease é produzida. A maioria dos casos de
meningite ocorre em crianças com idade inferior a dois anos, Legionella pneumophila
uma vez que houve redução dos anticorpos maternos e a res-
posta imune da criança aos polissacarídeos capsulares pode Doença – Doença dos legionários (pneumonia “atípica”).
ser inadequada. Não foram identificadas exotoxinas.
Características – Bacilos gram-negativos, mas que se co-
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora- ram fracamente pela coloração de Gram padrão. Requerem
ção de Gram e cultura em ágar chocolate. O crescimento maior concentração de ferro e cisteína para crescimento em
requer fatores X e V. Determinar o sorotipo pelo uso de an- cultura.
tissoro em vários testes, por exemplo, aglutinação do látex.
O antígeno capsular pode ser detectado no soro ou liquor. Hábitat e transmissão – O hábitat consiste em fontes am-
Testes sorológicos para anticorpos no soro do paciente não bientais de água. A transmissão ocorre via aerossóis a partir
são úteis. de fontes de água. A transmissão interpessoal não ocorre.

Tratamento – Ceftriaxona é o tratamento de escolha para Patogênese – Além da endotoxina, não são conhecidas
meningite. Aproximadamente 25% das linhagens produzem toxinas, enzimas ou fatores de virulência. Fatores predispo-
β-lactamase. nentes incluem idade acima de 55 anos, hábito de fumar
e elevado consumo de álcool. Pacientes imunossuprimidos,
Prevenção – A vacina contendo o polissacarídeo capsular por exemplo, receptores de transplante renal, são altamente
do tipo b conjugado ao toxoide diftérico ou outra proteína suscetíveis. O organismo replica-se intracelularmente; por-
é administrada entre os 2 e 18 meses de idade. Rifampina tanto, a imunidade mediada por células é uma importante
pode prevenir a meningite em contatos próximos. defesa do hospedeiro. O fumo danifica macrófagos alveola-
res, justificando o fato de ocorrer, neste caso, predisposição
Bordetella pertussis à pneumonia.

Doença – Coqueluche (pertussis). Diagnóstico laboratorial – Microscopia de espécimes co-
rados pela impregnação por prata ou anticorpos fluorescen-
Características – Bacilos gram-negativos pequenos. tes. Cultura em ágar carvão-extrato de levedura contendo
maiores quantidades de ferro e cisteína. O antígeno urinário
Hábitat e transmissão – O hábitat é o trato respiratório fornece rápido diagnóstico. O diagnóstico pode ser realizado
humano. A transmissão ocorre por gotículas respiratórias. sorologicamente pela detecção de um aumento no título de
anticorpos no soro do paciente.
Patogênese – A toxina pertussis estimula a adenilato cicla-
se pela adição de ADP-ribose a uma proteína G inibitória. Tratamento – Azitromicina ou eritromicina. A rifampina
A toxina possui dois componentes: a subunidade A, que pode ser adicionada em casos severos.
apresenta atividade de ADP-ribosilação, e a subunidade B,
que liga a toxina a receptores da superfície celular. A toxina Prevenção – Não há vacina nem fármacos profiláticos dis-
pertussis causa linfocitose no sangue por inibir receptores poníveis.
de quimiocinas. A inibição desses receptores impede a en-

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 497

BACILOS GRAMNEGATIVOS ASSOCIADOS Patogênese – Dissemina-se rapidamente pela pele e pelo
A FONTES ANIMAIS ORGANISMOS tecido subcutâneo. Não há exotoxinas.
ZOONÓTICOS CAPÍTULO 20
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
Espécies de Brucella (p. ex., B. ção de Gram e cultura.
abortus, B. suis, B. melitensis)
Tratamento – Penicilina G.
Doença – Brucelose (febre ondulante).
Prevenção – Ampicilina deve ser administrada a indivíduos
Características – Bacilos gram-negativos pequenos. que sofreram mordedura de gato. Não há vacina.

Hábitat e transmissão – Os reservatórios são os animais de Yersinia pestis
criação. A transmissão ocorre por leite e queijo não pasteuri-
zados ou contato direto com o animal infectado. Doença – Peste bubônica e pneumônica.

Patogênese – Os organismos localizam-se em células reticu- Características – Bacilos gram-negativos pequenos que
loendoteliais, especialmente no fígado e no baço. Capaz de exibem coloração bipolar (“alfinete de segurança”). Um dos
sobreviver e replicar-se intracelularmente. Não há exotoxi- organismos mais virulentos, isto é, ID50 muito baixa.
nas. Fatores predisponentes incluem o consumo de laticínios Hábitat e transmissão – O reservatório consiste em roedo-
não pasteurizados e o trabalho em abatedouros. res silvestres, por exemplo, ratos, cães silvestres e esquilos. A
transmissão ocorre pela picada de pulgas.
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
ção de Gram e cultura em placa de ágar sangue. Identificação Patogênese – Os fatores de virulência incluem endotoxina,
por reações bioquímicas e pela aglutinação com antissoro co- exotoxina, dois antígenos (V e W) e um antígeno do envelope
nhecido. O diagnóstico pode ser realizado sorologicamente (capsular) que protege contra a fagocitose. As proteínas V e W
pela detecção de anticorpos no soro do paciente. permitem o crescimento do organismo no interior das células.
O bubão consiste em um linfonodo intumescido e inflamado,
Tratamento – Tetraciclina e rifampina. geralmente localizado na região da picada da pulga.

Prevenção – Pasteurização do leite; vacinação do gado. Não Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à co-
há vacina humana. loração de Gram. Outros corantes, por exemplo, Wayson,
exibem mais nitidamente o típico aspecto de “alfinete de
Francisella tularensis segurança”. As culturas são perigosas e devem ser realizadas
somente em laboratórios que dispõem de equipamentos es-
Doença – Tularemia. pecializados. O organismo é identificado por imunofluores-
cência e o diagnóstico pode ser realizado por testes sorológi-
Características – Bacilos gram-negativos pequenos. cos que detectam anticorpos no soro do paciente.

Hábitat e transmissão – O reservatório consiste em várias Tratamento – Estreptomicina isoladamente ou em combi-
espécies de animais silvestres, especialmente coelhos, cervos nação com tetraciclina. Isolamento por 72 horas.
e roedores. A transmissão ocorre por carrapatos (p. ex., Der-
macentor), aerossóis, contato e ingestão. Prevenção – Controle da população de roedores e evitar
contato com roedores mortos. A vacina morta é disponível
Patogênese – Os organismo localiza-se em células reticulo- para indivíduos em ocupações de alto risco. Contatos próxi-
endoteliais. Não há exotoxinas. mos devem receber tetraciclina.

Diagnóstico laboratorial – A cultura é raramente realizada, MICOBACTÉRIAS CAPÍTULO 21
uma vez que são necessários meios especiais e há alto risco
de infecção dos profissionais do laboratório. O diagnóstico Mycobacterium tuberculosis
é geralmente realizado por testes sorológicos que detectam
anticorpos no soro do paciente. Doença – Tuberculose.

Tratamento – Estreptomicina. Característica – Bacilos aeróbios acidorresistentes. Alto
teor lipídico na parede celular, impedindo que os corantes
Prevenção – Vacina viva atenuada para indivíduos que utilizados na coloração de Gram corem o organismo. Os li-
exercem ocupações de alto risco. Proteção contra picadas de pídeos incluem ácidos micólicos e cera D. O crescimento é
carrapato. muito lento, requerendo a presença de fármacos por longos
períodos (meses). Produz catalase, necessária à ativação da
Pasteurella multocida isoniazida ao fármaco ativo.

Doença – Infecção de ferimentos, por exemplo, celulite. Hábitat e transmissão – O hábitat consiste nos pulmões
humanos. A transmissão ocorre via gotículas respiratórias
Características – Bacilos gram-negativos pequenos. produzidas durante a tosse.

Hábitat e transmissão – O reservatório é a cavidade oral de
diversos animais, especialmente gatos e cães. A transmissão
ocorre pela mordedura do animal.

ERRNVPHGLFRV RUJ

498 Warren Levinson

Patogênese – Granulomas e caseificação mediados pela cialmente em pacientes imunocomprometidos,
imunidade celular, isto é, macrófagos e células T CD4-posi- como aqueles com AIDS. É altamente resistente a
tivas (hipersensibilidade tardia). O fator corda (micolato de antibióticos.
trealose) está correlacionado à virulência. Não há exotoxinas 2. Mycobacterium kansasii também causa doença si-
ou endotoxina. A imunossupressão aumenta o risco de reati- milar à tuberculose, embora seja menos resistente a
vação e disseminação. antibióticos que MAC.
3. Mycobacterium marinum causa “granuloma da pis-
Diagnóstico laboratorial – Bacilos acidorresistentes ob- cina ou granuloma do aquário”, lesão cutânea no
servados pela coloração de Ziehl-Neelsen (ou Kinyoun). sítio de abrasão adquirida em piscina ou aquário.
Colônia de crescimento lento (3-6 semanas) em meio de 4. Mycobacterium scrofulaceum causa escrófula, que se
Löwenstein-Jensen. Os organismos produzem niacina e são manifesta por linfonodos cervicais intumescidos e
catalase-positivos. Testes sorológicos para anticorpos no soro não sensíveis (adenite cervical).
do paciente não são úteis.
O mais importante organismo de crescimento rápido é o
Teste cutâneo – O teste cutâneo de PPD é positivo quando complexo Mycobacterium fortuitum-chelonei, responsável por
surge uma induração medindo 10 mm ou mais, 48 horas infecções de articulações prostéticas e de cateteres de longa
após inoculação. A induração é causada por uma resposta duração. Também causa infecções cutâneas e de tecidos moles
de hipersensibilidade tardia. O teste cutâneo positivo indica no sítio de ferimentos puntiformes. Os organismos são geral-
que o indivíduo foi infectado, mas não necessariamente que mente resistentes à maioria dos farmacos antituberculínicos.
apresente tuberculose.
Mycobacterium leprae
Tratamento – Terapia de longo prazo (6-9 meses) com três
fármacos, isoniazida, rifampina e pirazinamida. Um quarto Doença – Hanseníase.
fármaco, etambutol, é utilizado em casos severos (p. ex., me-
ningite), em pacientes imunocomprometidos (p. ex., aqueles Características – Bacilos aeróbios, acidorresistentes. Não
com AIDS), e quando a possibilidade de organismos resisten- podem ser cultivados in vitro. Crescimento ótimo em tempe-
tes à isoniazida for alta, como no sudeste asiático. A maioria ratura inferior à corporal, de modo que as lesões localizam-se
dos pacientes torna-se não infectante após duas semanas de em regiões menos quentes do corpo, como pele, nariz e ner-
terapia adequada. O tratamento de infecções latentes (assin- vos superficiais.
tomáticas) consiste na administração de isoniazida por 6-9
meses. Linhagens resistentes a múltiplos fármacos (MDR) Hábitat e transmissão – Os humanos são o reservatório.
emergiram e requerem outras combinações de fármacos. São também encontrados em tatus, embora não exista certe-
za de que tatus são uma fonte de infecções humanas. O me-
Prevenção – A vacina BCG contendo Mycobacterium bo- canismo de transmissão mais importante é provavelmente
vis vivos atenuados pode prevenir ou limitar a gravidade da a secreção nasal de pacientes com a forma lepromatosa. Pa-
doença, embora não previna a infecção por M. tuberculosis. cientes com a forma lepromatosa exibem maior probabilida-
A vacina é raramente utilizada nos Estados Unidos, mas é de de de transmissão do que aqueles com a forma tuberculoide,
amplo uso em regiões da Europa e Ásia. uma vez que apresentam maior número de organismos que
aqueles com lepra tuberculoide. É geralmente necessária a
Micobactérias atípicas exposição prolongada.

Estas micobactérias são denominadas atípicas porque dife- Patogênese – As lesões geralmente ocorrem nas regiões me-
rem de M. tuberculosis de várias maneiras. A diferença mais nos quentes do corpo, por exemplo, pele e nervos periféricos.
importante é o fato de as atípicas serem encontradas no meio Na lepra tuberculoide, as lesões destrutivas são decorrentes
ambiente, enquanto M. tuberculosis é encontrado apenas em da resposta aos organismos mediada por células. Os danos
humanos. As atípicas são também denominadas “Micobac- aos dedos devem-se a queimaduras e outros traumas, uma
térias outras que M. tuberculosis”, ou MOTTS. vez que o dano aos nervos causa perda de sensibilidade. Na
lepra lepromatosa, a resposta mediada por células contra M.
As atípicas são subdivididas em organismos de cres- leprae é perdida e grandes números de organismos surgem
cimento lento e de crescimento rápido, dependendo se as nas lesões e sangue. Não são conhecidas toxinas ou fatores
colônias são formadas em mais ou menos do que sete dias. de virulência.
(A produção de pigmentos pelos organismos de crescimento
lento não é relevante neste momento.) Diagnóstico laboratorial – Bacilos acidorresistentes são
abundantes na lepra lepromatosa, mas poucos são observa-
Importantes organismos de crescimento lento são os se- dos na forma tuberculoide. Culturas e testes sorológicos não
guintes: são realizados. O teste cutâneo de lepromina é positivo na
forma tuberculoide, mas não na forma lepromatosa.
1. O complexo Mycobacterium avium-intracellulare
(MAC) causa doença similar à tuberculose, espe-

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 499

Tratamento – Dapsona e rifampina para a forma tubercu- MICOPLASMAS CAPÍTULO 23
loide. Clofazamina é adicionada a tal regime para a forma
lepromatosa, ou quando o organismo é resistente à dapsona. Mycoplasma pneumoniae
O tratamento perdura por, pelo menos, dois anos.
Doença – Pneumonia “atípica”.
Prevenção – Dapsona para contatos familiares próximos.
Não há vacina disponível. Características – Menores organismos de vida livre. Não
visualizados em esfregaço submetido à coloração de Gram,
ACTINOMICETOS CAPÍTULO 22 uma vez que não possuem parede celular; portanto, os co-
rantes não são retidos. São as únicas bactérias que apresen-
Actinomyces israelii tam colesterol na membrana celular. Podem ser cultivadas
in vitro.
Doença – Actinomicose (abscessos com fístulas de drena-
gem). Hábitat e transmissão – O hábitat é o trato respiratório
humano. A transmissão ocorre por gotículas respiratórias.
Características – Bacilos gram-positivos anaeróbios, fila-
mentosos e ramificados. Patogênese – Não são produzidas exotoxinas. Não há en-
dotoxina em virtude da ausência de parede celular. Produz
Hábitat e transmissão – O hábitat é a cavidade oral huma- peróxido de hidrogênio, que pode danificar o trato respira-
na, especialmente nos sulcos anaeróbios ao redor dos dentes. tório.
A transmissão ao interior de tecidos ocorre durante doença
ou trauma dentais. Os organismos são também aspirados até Diagnóstico laboratorial – A coloração de Gram não é útil.
os pulmões, causando actinomicose torácica. O uso prolon- Pode ser cultivado em meios bacteriológicos especiais; con-
gado de dispositivo intrauterino (DIU) predispõe à actino- tudo, o crescimento demanda pelo menos 10 dias, período
micose pélvica. muito longo para ser clinicamente útil. O teste de aglutina-
ção a frio positivo é uma evidência presuntiva. O teste de
Patogênese – Não há toxinas ou fatores de virulência co- fixação do complemento para anticorpos contra Mycoplasma
nhecidos. O organismo forma fístulas de drenagem que se pneumoniae é mais específico.
abrem na pele e contêm “grânulos de enxofre”, os quais
consistem em massas de filamentos bacterianos entrelaça- Tratamento – Eritromicina ou tetraciclina.
dos.
Prevenção – Não há vacina nem fármaco disponíveis.
Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colora-
ção de Gram e cultura anaeróbia em placa de ágar sangue. ESPIROQUETAS CAPÍTULO 24
“Grânulos de enxofre” são visualizados no pus. Não há testes
sorológicos. Treponema pallidum

Tratamento – Penicilina G e drenagem cirúrgica. Doença – Sífilis.

Prevenção – Não há vacina nem fármacos disponíveis. Características – Espiroquetas. Não visualizados em esfre-
gaço submetido à coloração de Gram, uma vez que o orga-
Nocardia asteroides nismo é muito delgado. Não são cultivados in vitro.

Doença – Nocardiose (especialmente abscessos pulmonares Hábitat e transmissão – O hábitat consiste no trato genital
e cerebrais). humano. A transmissão ocorre por contato sexual e da mãe
para o feto através da placenta.
Características – Bacilos gram-positivos aeróbios, filamen-
tosos e ramificados. Fracamente acidorresistentes. Patogênese – O organismo multiplica-se no sítio de inocu-
lação e então dissemina-se amplamente através da corrente
Hábitat e transmissão – O hábitat é o solo. A transmissão sanguínea. Diversas propriedades da sífilis são atribuídas ao
ocorre via partículas transmitidas pelo ar, as quais são inala- envolvimento de vasos sanguíneos, causando vasculite. Le-
das até os pulmões. sões primárias (cancro) e secundárias curam-se espontanea-
mente. Lesões terciárias consistem em gomas (granulomas
Patogênese – Não há toxinas ou fatores de virulência co- nos ossos, nos músculos e na pele), aortite ou inflamação do
nhecidos. Imunossupressão e câncer predispõem à infec- sistema nervoso central. Não há toxinas ou fatores de viru-
ção. lência conhecidos.

Diagnóstico laboratorial – Esfregaço submetido à colo- Diagnóstico laboratorial – Visualizados por microscopia
ração de Gram e coloração de Ziehl-Neelsen modificada. de campo escuro ou imunofluorescência. Importantes testes
Cultura aeróbia em placa de ágar sangue. Não há testes so- sorológicos: o teste de VDRL (ou RPR) é não treponêmi-
rológicos. co (inespecífico) e utilizado para varredura; FTA-ABS é o
teste específico mais utilizado para Treponema pallidum. O
Tratamento – Sulfonamidas. antígeno do teste de VDRL consiste em cardiolipina de co-

Prevenção – Não há vacina nem fármacos disponíveis.

ERRNVPHGLFRV RUJ

500 Warren Levinson

ração bovino; o antígeno em FTA-ABS consiste em T. palli- animal. Nos Estados Unidos, a transmissão ocorre principal-
dum mortos. VDRL declina com o tratamento, enquanto mente pela urina de cães, animais de criação e ratos.
FTA-ABS mantém-se positivo permanentemente.
Patogênese – Há duas fases: uma fase bacteriêmica inicial
Tratamento – A penicilina é efetiva no tratamento de todos e uma fase imunopatológica posterior, com meningite. Não
os estágios da sífilis. Na sífilis primária e secundária, admi- há toxinas ou fatores de virulência conhecidos.
nistrar penicilina G benzatina (uma preparação de depósito)
porque T. pallidum cresce lentamente, de modo que o fár- Diagnóstico laboratorial – Microscopia de campo escuro e
maco deve estar presente por longo período. Não há resis- cultura in vitro são disponíveis, embora geralmente não rea-
tência. lizadas. O diagnóstico é geralmente realizado por testes soro-
lógicos para a detecção de anticorpos no soro do paciente.
Prevenção – Penicilina benzatina administrada aos conta-
tos. Não há vacina disponível. Tratamento – Penicilina G. Não há resistência significativa
a antibióticos.
Borrelia burgdorferi
Prevenção – Doxiciclina é eficaz para exposição de curto
Doença – Doença de Lyme. prazo. Vacinação de animais de criação e animais de estima-
ção. Controle de ratos.
Características – Espiroquetas. A coloração de Gram não é
útil. Podem ser cultivados in vitro, embora o procedimento Borrelia recurrentis
não seja geralmente realizado. Causa febre recorrente. Transmitido pelo piolho corporal
humano. O organismo é bem conhecido por suas rápidas
Hábitat e transmissão – O principal reservatório é o ca- modificações antigênicas, responsáveis pela natureza recor-
mundongo-da-pata-branca. A transmissão ocorre pela pi- rente da doença. As modificações antigênicas são decorrentes
cada por carrapatos Ixodes, especialmente em três regiões de rearranjos programados do DNA bacteriano que codifica
dos Estados Unidos: Nordeste (p. ex., Connecticut), Cen- proteínas de superfície.
tro-Oeste (p. ex., Wisconsin) e Costa Oeste (p. ex., Cali-
fórnia). Oitenta por cento dos casos ocorrem nos seguintes CLAMÍDIAS CAPÍTULO 25
estados do Nordeste: Connecticut, Nova York e Nova Jersey.
O diminuto estágio ninfal do carrapato Ixodes (carrapato do Chlamydia trachomatis
cervo) corresponde ao vetor mais comum. O carrapato deve
alimentar-se por um período de pelo menos 24 horas para Doenças – Uretrite não gonocóccica, cervicite, conjuntivi-
transmitir uma dose infectante de B. burgdorferi. te de inclusão, linfogranuloma venéreo e tracoma. Também
pneumonia em bebês.
Patogênese – O organismo invade a pele, causando uma
erupção denominada eritema migrans. Em seguida, disse- Características – Parasitas intracelulares obrigatórios. Não
mina-se pela corrente sanguínea e envolve principalmente visualizado em esfregaço submetido à coloração de Gram.
o coração, as articulações e o sistema nervoso central. Não Apresenta-se extracelularmente como corpo elementar inati-
foram identificadas toxinas ou fatores de virulência. vo, e, intracelularmente, como corpo reticulado que se divi-
de e é metabolicamente ativo.
Diagnóstico laboratorial – O diagnóstico é em geral rea-
lizado sorologicamente, isto é, pela detecção de anticorpos Hábitat e transmissão – O hábitat consiste no trato geni-
IgM. O teste sorológico positivo deve ser confirmado por tal humano e nos olhos. A transmissão ocorre por contato
uma análise de Western blot. sexual e durante a passagem do neonato pelo canal de parto.
No tracoma, a transmissão ocorre principalmente pelo con-
Tratamento – Doxiciclina nos estágios precoces; penicilina tato mão-olho.
G em estágios tardios.
Patogênese – Não há toxinas ou fatores de virulência co-
Prevenção – Havia disponibilidade de vacina contendo nhecidos.
a proteína da membrana externa do organismo, mas esta
deixou de ser comercializada. Evitar a picada de carrapato. Diagnóstico laboratorial – Inclusões citoplasmáticas visua-
Doxiciclina ou amoxicilina podem ser administradas a indi- lizadas em esfregaço submetido à coloração de Giemsa ou co-
víduos picados por carrapatos em regiões endêmicas. loração com anticorpos fluorescentes. Inclusões citoplasmáti-
cas contendo glicogênio podem ser visualizadas com iodo. Os
Leptospira interrogans organismos crescem em cultura celular e ovos embrionados,
embora estes não sejam frequentemente utilizados. Ensaios de
Doença – Leptospirose. PCR e ELISA, utilizando urina do paciente, são disponíveis.

Características – Espiroquetas, que podem ser visualizados Tratamento – Uma tetraciclina (como doxiciclina) ou um
por microscopia de campo escuro, mas não por microscopia macrolídeo (como azitromicina).
de campo claro. Podem ser cultivados in vitro.
Prevenção – A eritromicina é efetiva em mães infectadas
Hábitat e transmissão – O hábitat consiste em animais para prevenir a doença neonatal. Não há vacina disponível.
domésticos e silvestres. A transmissão ocorre pela urina do

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 501

Chlamydia pneumoniae Prevenção – Uso de vestimentas protetoras e rápida remo-
ção dos carrapatos. A tetraciclina é efetiva em indivíduos ex-
Doença – Pneumonia atípica. postos. Não há vacina disponível.
Características – As mesmas de C. trachomatis.
Hábitat e transmissão – O hábitat é o trato respiratório Rickettsia prowazekii
humano. A transmissão ocorre via aerossol respiratório.
Doença – Tifo.
Patogênese – Não há toxinas ou fatores de virulência co-
nhecidos. Características – As mesmas de R. rickettsii.

Diagnóstico laboratorial – Testes sorológicos para anticor- Hábitat e transmissão – Os humanos são o reservatório
pos no soro do paciente. e a transmissão ocorre pela picada do piolho corporal hu-
mano.
Tratamento – Uma tetraciclina, como doxiciclina.
Prevenção – Não há vacina ou fármaco disponíveis. Patogênese – Não há toxinas ou fatores de virulência co-
nhecidos.
Chlamydia psittaci
Diagnóstico laboratorial – Testes sorológicos para anticor-
Doença – Psitacose. pos no soro do paciente.
Características – As mesmas de C. trachomatis.
Tratamento – Uma tetraciclina, como doxiciclina.
Hábitat e transmissão – O hábitat consiste nas aves psi-
tacinas e outras. A transmissão ocorre por aerossóis de fezes Prevenção – Uma vacina morta é utilizada em militares,
ressecadas de aves. embora não se encontre disponível para uso em civis.

Patogênese – Não há toxinas ou fatores de virulência co- Coxiella burnetii
nhecidos.
Doença – Febre Q.
Diagnóstico laboratorial – O diagnóstico é geralmente
realizado por meio de testes para anticorpos no soro do pa- Características – Parasitas intracelulares obrigatórios. Não
ciente. Inclusões citoplasmáticas observadas pela coloração são visualizados adequadamente em esfregaço submetido à
de Giemsa ou anticorpos fluorescentes. O organismo pode coloração de Gram.
ser isolado a partir do escarro, embora este procedimento
seja raramente realizado. Hábitat e transmissão – O hábitat consiste em animais do-
mésticos de criação. A transmissão ocorre pela inalação de
Tratamento – Tetraciclina. aerossóis de urina, fezes, líquido amniótico ou tecido placen-
Prevenção – Não há vacina ou fármacos disponíveis. tário. São as únicas riquétsias não transmitidas a humanos
por um artrópode.
RIQUÉTSIAS CAPÍTULO 26
Patogênese – Não há toxinas ou fatores de virulência co-
Rickettsia rickettsii nhecidos.

Doença – Febre maculosa das Montanhas Rochosas. Diagnóstico laboratorial – O diagnóstico é geralmente
Características – Parasitas intracelulares obrigatórios. Não realizado por testes sorológicos. O teste de Weil-Felix é ne-
são visualizados adequadamente em esfregaço submetido à gativo. Coloração e cultura são realizadas de forma rara.
coloração de Gram. Os antígenos reagem de forma cruzada
com linhagens OX e Proteus vulgaris (reação de Weil-Felix). Tratamento – Tetraciclina.

Hábitat e transmissão – Carrapatos Dermacentor (do cão) Prevenção – Vacina morta para indivíduos em ocupações
são tanto o vetor como o principal reservatório. A transmis- de alto risco. Não há fármaco disponível.
são ocorre pela picada do carrapato. Cães e roedores podem
também ser reservatórios. PATÓGENOS BACTERIANOS DE MENOR
IMPORTÂNCIA CAPÍTULO 27
Patogênese – O organismo invade o revestimento endote-
lial de capilares, causando vasculite. Não foram identificadas Somente os principais patógenos bacterianos de menor im-
toxinas ou fatores de virulência. portância estão resumidos nesta seção.

Diagnóstico laboratorial – O diagnóstico é realizado pela Bartonella henselae
detecção de anticorpos em testes sorológicos, como teste de Bacilo gram-negativo. Causa febre da arranhadura do gato
ELISA. O teste de Weil-Felix não é mais utilizado. Colora- em indivíduos imunocompetentes, e angiomatose bacilar em
ção e cultura são raramente realizadas. pacientes imunocomprometidos, especialmente com AIDS.
Encontrado na microbiota normal da cavidade oral de gatos.
Tratamento – Tetraciclina. Transmitido aos humanos pela mordedura ou arranhadura
por gatos, ou de um gato a outro pelas pulgas.

ERRNVPHGLFRV RUJ

502 Warren Levinson

Ehrlichia chaffeensis Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo
Membro da família das riquétsias. Causa erlichiose monocí- icosaédrico e DNA linear de fita dupla. Não há polimerase
tica humana. Transmitida do cão reservatório aos humanos no vírion. Um sorotipo; reage de forma cruzada com HSV-2.
por carrapatos, especialmente Dermacentor, o carrapato dos Não há antígeno específico do grupo herpes.
cães. Endêmico nos estados do Sul, por exemplo, Arkansas.
Forma mórulas no citoplasma de monócitos. (A mórula é Transmissão – Pela saliva ou pelo contato direto com os
um corpo de inclusão em forma de “amora”, composto por vírus da vesícula.
diversas células de E. chaffeensis.)
Patogênese – As lesões vesiculares iniciais ocorrem na boca
Fusobacterium nucleatum ou face. O vírus então desloca-se pelo axônio e torna-se la-
Bacilo gram-negativo anaeróbio, com extremidades afiladas. tente nos gânglios sensoriais (trigeminais). Ocorrem recor-
Membro da microbiota humana normal da cavidade oral, do rências na pele inervada pelo nervo sensorial afetado, sendo
cólon e do trato genital feminino. Causa abscessos cerebrais, induzidas por febre, luz solar, estresse, etc.. A disseminação a
pulmonares, abdominais e pélvicos, tipicamente em combi- órgãos internos ocorre em pacientes com imunidade media-
nação com outras bactérias anaeróbias e facultativas. da por células reduzida, com consequências de risco à vida. A
encefalite por HSV-1 afeta com frequência o lobo temporal.
Gardnerella vaginalis
Bacilo facultativo gram-variável. Envolvido na vaginose bac- Diagnóstico laboratorial – O vírus causa efeito citopático
teriana, juntamente com espécies de Mobiluncus, que são or- (ECP) em cultura celular. Ele é identificado pelo teste de
ganismos anaeróbios. São observadas “células indicadoras”, neutralização com anticorpos ou anticorpos fluorescentes. O
que consistem em células do epitélio vaginal recobertas por esfregaço de Tzanck de células da base da vesícula revela cé-
células de G. vaginalis. Teste das aminas “teste whiff ” positi- lulas gigantes multinucleadas com inclusões intranucleares.
vo observado na vaginose bacteriana. Estas células gigantes não são específicas de HSV-1; são tam-
bém observadas nas lesões vesiculares causadas por HSV-2 e
Haemophilus ducreyi por vírus varicela-zoster. Um aumento no título de anticor-
Bacilo gram-negativo pequeno. Causa cancroide. Doença pos pode ser utilizado para o diagnóstico de infecção primá-
sexualmente transmitida, com úlceras dolorosas nos genitais ria, mas não de recorrências. A encefalite por HSV pode ser
(contrariamente à sífilis, que é indolor). O crescimento em diagnosticada pelo uso de um ensaio de PCR que detecta
cultura requer fator X (heme), mas não fator V (contraria- DNA de HSV-1 no liquor.
mente a H. influenzae, que requer ambos).
Tratamento – Aciclovir para encefalite e doença dissemina-
Moraxella catarrhalis da. Aciclovir não tem efeito sobre o estado latente do vírus.
Cocobacilo gram-negativo pequeno, similar aos cocos do gê- Trifluorotimidina para ceratite. Infecções primárias e recor-
nero Neisseria. Causa otite média e sinusite, principalmente rências localizadas são autolimitantes.
em crianças. Também causa bronquite e pneumonia, princi-
palmente em idosos com doença pulmonar obstrutiva crôni- Prevenção – Recorrências podem ser prevenidas evitando-se
ca. Encontrado apenas em humanos, sendo transmitido por o agente incitador específico, como luz solar intensa. Aciclo-
aerossol respiratório. vir pode reduzir as recorrências. Não há vacina disponível.

Yersinia enterocolitica Vírus do herpes simples do tipo 2
Bacilos gram-negativos. Causa enterocolite similar àquela
causada por Shigella e Salmonella. Também causa adenite Doenças – Herpes genital, meningite asséptica e infecção
mesentérica, que pode se assemelhar à apendicite. Encontra- neonatal.
do em animais domésticos, sendo transmitido aos humanos
pela contaminação fecal de alimentos. Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo
icosaédrico e DNA linear de fita dupla. Não há polimerase
■ RESUMOS DE VÍRUS DE IMPORTÂNCIA no vírion. Um sorotipo; reage de forma cruzada com HSV-1.
MÉDICA Não há antígeno específico do grupo herpes.

VÍRUS DE DNA ENVELOPADOS CAPÍTULO 37 Transmissão – Contato sexual em adultos, e pela passagem
através do canal de parto em neonatos.
Vírus do herpes simples tipo 1
Doenças – Herpes labial (vesículas febris), ceratite, encefalite. Patogênese – Lesões vesiculares iniciais ocorrem nos geni-
tais. O vírus desloca-se então pelo axônio e torna-se latente
em células de gânglios sensoriais (lombares ou sacros). As
recorrências são menos severas que a infecção primária. As
infecções por HSV-2 em neonatos podem ser de risco à vida,
uma vez que os neonatos apresentam imunidade mediada
por células reduzida. A eliminação assintomática de HSV-2
no trato genital feminino é um importante fator contribuin-
te para infecções neonatais.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 503

Diagnóstico laboratorial – O vírus causa ECP em cultura bebês. Mononucleose em receptores de transfusão. Pneumo-
celular. Identificação por meio de teste de neutralização por nia e hepatite em pacientes imunocomprometidos. Retinite
anticorpos ou com anticorpos fluorescentes. O esfregaço de e enterite, especialmente em pacientes com AIDS.
Tzanck revela células gigantes multinucleadas, porém não é
específico para HSV-2. Um aumento no título de anticorpos Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo
pode ser utilizado para o diagnóstico de uma infecção pri- icosaédrico e DNA linear de fita dupla. Não há polimerase
mária, mas não de recorrências. no vírion. Um sorotipo.

Tratamento – Aciclovir é útil no tratamento de infecções Hábitat e transmissão – O vírus é encontrado em diversos
genitais primárias e recorrentes, assim como de infecções ne- fluidos corporais humanos, incluindo sangue, saliva, sêmen,
onatais. Não é eficaz para o estado latente. muco cervical, leite materno e urina. O vírus é transmitido
por esses fluidos, através da placenta, ou por transplante de
Prevenção – A doença primária pode ser prevenida evitan- órgãos.
do-se a exposição às lesões vesiculares. As recorrências podem
ser reduzidas pela administração de aciclovir oral a longo Patogênese – A infecção inicial geralmente ocorre na oro-
prazo. A infecção neonatal pode ser prevenida realizando-se faringe. Em infecções fetais, o vírus dissemina-se a vários ór-
cesariana quando a mãe apresenta lesões vesiculares visíveis gãos, por exemplo, sistema nervoso central e rins. Em adul-
no canal de parto. Não há vacina. tos, os linfócitos são frequentemente envolvidos. Um estado
latente ocorre em leucócitos. A infecção disseminada em pa-
Vírus varicela-zoster cientes imunocomprometidos pode resultar de uma infecção
primária ou da reativação de uma infecção latente.
Doenças – Varicela (catapora) em crianças e zoster (cobrei-
ro) em adultos. Diagnóstico laboratorial – O vírus causa ECP em cultura
celular e pode ser identificado pelo teste com anticorpos flu-
Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo orescentes. São observadas inclusões nucleares em “olho de
icosaédrico e DNA linear de fita dupla. Não há polimerase coruja”. Um aumento de quatro vezes ou mais no título de
no vírion. Um sorotipo. anticorpos no soro da fase de convalescência é diagnóstico.

Transmissão – A varicela é transmitida principalmente por Tratamento – Ganciclovir é benéfico no tratamento de
gotículas respiratórias. Não há transmissão de zoster; este é pneumonia e retinite. Aciclovir é ineficaz.
causado por uma reativação de vírus latentes.
Prevenção – Não há vacina disponível. Ganciclovir supri-
Patogênese – A infecção inicial ocorre na orofaringe. Dis- me a retinite. Não realizar transfusão de sangue positivo para
semina-se pela corrente sanguínea aos órgãos internos, como anticorpos contra CMV em recém-nascidos ou pacientes
fígado, e, então, para a pele. Após o episódio agudo de vari- imunocomprometidos negativos para anticorpos.
cela, o vírus permanece latente nos gânglios sensoriais, po-
dendo ser reativado após anos e causar zoster, especialmente Vírus Epstein-Barr
em indivíduos mais idosos e imunocomprometidos.
Doenças – Mononucleose infecciosa; associado ao linfoma
Diagnóstico laboratorial – O vírus causa ECP em cultura de Burkitt em crianças do leste da África.
celular e pode ser identificado pelo teste com anticorpos flu-
orescentes. Células gigantes multinucleadas são observadas Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo
em esfregaços da base da vesícula. Inclusões intranucleares icosaédrico e DNA linear de fita dupla. Não há polimerase
são observadas em células infectadas. Um aumento de qua- no vírion. Um sorotipo.
tro vezes ou mais no título de anticorpos no soro da fase de
convalescência é diagnóstico. Transmissão – O vírus é encontrado na orofaringe humana
e nos linfócitos B. Transmitido principalmente pela saliva.
Tratamento – Não há indicação de terapia antiviral para
varicela ou zoster em pacientes imunocompetentes. Em Patogênese – A infecção é iniciada no epitélio da faringe,
pacientes imunocomprometidos, aciclovir pode prevenir a dissemina-se para os linfonodos cervicais, então desloca-se
disseminação. pela corrente sanguínea, atingindo o fígado e o baço. EBV
estabelece a latência em linfócitos B.
Prevenção – As vacinas contra varicela e contra zoster con-
têm vírus varicela-zoster vivos atenuados. Pacientes imuno- Diagnóstico laboratorial – O vírus é raramente isolado.
comprometidos expostos ao vírus devem receber imunização Ocorre linfocitose, incluindo linfócitos atípicos. O teste
passiva com imunoglobulina contra varicela-zoster (VZIG) para anticorpos heterofílicos é tipicamente positivo (teste de
e aciclovir para prevenir a doença disseminada. Monospot). O anticorpo heterofílico aglutina hemácias de
carneiro ou cavalo. Um aumento significativo de anticorpos
Citomegalovírus EBV-específicos contra o antígeno do capsídeo viral é diag-
nóstico.
Doenças – Causa mais comum de anomalias congênitas
nos Estados Unidos. Doença de inclusão citomegálica em Tratamento – Não há fármaco efetivo disponível.

Prevenção – Não há fármaco nem vacina.

ERRNVPHGLFRV RUJ

504 Warren Levinson

Herpesvírus 8 humano Características – Vírus não envelopado com nucleocapsí-
Causa sarcoma de Kaposi, especialmente em pacientes com deo icosaédrico e DNA linear de fita dupla. Não há polime-
AIDS. Transmitido sexualmente. O diagnóstico é realizado rase no vírion. Há 41 sorotipos, alguns associados a doenças
pelo exame patológico da biópsia da lesão. São observadas específicas.
células fusiformes e hemácias extravasadas. Lesões de cor
púrpura devem-se a agrupamentos de hemácias. Não há tra- Transmissão – Principalmente por gotículas respiratórias;
tamento antiviral específico ou vacina. transmissão iatrogênica na doença ocular; transmissão fe-
cal-oral com linhagens entéricas.
Vírus da varíola
Patogênese – O vírus infecta preferencialmente o epitélio
Doença – Varíola. A varíola foi erradicada pelo uso da vaci- do trato respiratório e dos olhos. Após a infecção aguda,
na. O último caso conhecido ocorreu na Somália em 1977. uma produção em pequena escala de vírus, sem sintomas,
pode ocorrer na faringe.
Características – Os poxvírus são os maiores vírus. Vírus
envelopado com DNA linear de fita dupla. RNA polimerase Diagnóstico laboratorial – O vírus causa ECP em cultu-
DNA-dependente no vírion. Um tipo sorológico. ra celular e pode ser identificado por testes com anticorpos
fluorescentes ou de fixação do complemento. O aumento
Transmissão – Por gotículas respiratórias ou contato direto no título de anticorpos no soro da fase de convalescência é
com vírus das lesões cutâneas. diagnóstico.

Patogênese – O vírus infecta as células mucosas do trato Tratamento – Nenhum.
respiratório superior, dissemina-se, então, aos linfonodos lo-
cais e, por viremia, ao fígado e ao baço, e, posteriormente, à Prevenção – A vacina viva contra tipos 3, 4 e 7 é utilizada
pele. As lesões cutâneas progridem na seguinte ordem: má- em militares para prevenir a pneumonia.
cula, pápula, vesícula, pústula e crosta.
Papilomavírus humano
Diagnóstico laboratorial – O vírus é identificado pelo
ECP em cultura celular ou por “pústulas” em membrana Doenças – Papilomas (verrugas), condilomas acuminados
corioalantoica. A microscopia eletrônica revela partículas tí- (verrugas genitais), associados ao carcinoma de cérvix e pê-
picas; inclusões citoplasmáticas observadas ao microscópio nis.
óptico. Antígenos virais no fluido vesical podem ser detecta-
dos por testes de precipitina. Um aumento de quatro vezes Características – Vírus não envelopado com nucleocapsí-
ou mais no título de anticorpos do soro na fase de convales- deo icosaédrico e DNA circular de fita dupla. Não há poli-
cência é diagnóstico. merase no vírion. Há, pelo menos, 60 tipos, determinados
pela sequência do DNA, e não pela antigenicidade. Vários
Tratamento – Nenhum. tipos infectam o epitélio e causam papilomas em sítios cor-
póreos específicos.
Prevenção – A vacina contém vírus da vaccínia vivos ate-
nuados. A vacina não é mais utilizada, exceto por militares, Transmissão – Contato direto com lesões cutâneas ou ge-
uma vez que a doença foi erradicada. nitais.

Vírus do molusco contagioso Patogênese – Dois genes virais precoces, E6 e E7, codifi-
Causa molusco contagioso. São observadas lesões cutâneas cam proteínas que inibem a atividade das proteínas codifica-
papulares róseas com um centro umbilicado. Lesões geral- das por genes supressores de tumor, por exemplo, o gene p53
mente na face, especialmente ao redor dos olhos. Transmiti- e o gene do retinoblastoma, respectivamente.
do por contato direto. O diagnóstico é realizado clinicamen-
te, não envolvendo-se laboratório. Não há terapia antiviral Diagnóstico laboratorial – O diagnóstico é realizado clini-
estabelecida ou vacina. Cidofovir pode ser útil no tratamen- camente a partir da observação de cilócitos nas lesões. Teste
to de lesões extensas que ocorrem em pacientes imunocom- de hibridização de DNA são disponíveis. Isolamento do ví-
prometidos. rus e testes sorológicos não são realizados.

VÍRUS DE DNA NÃO ENVELOPADOS Tratamento – Podofilina ou nitrogênio líquido são mais co-
CAPÍTULO 38 mumente utilizados. Alfa interferon é também disponível.

Adenovírus Prevenção – Não há fármaco ou vacina.

Doenças – Doença do trato respiratório superior e inferior, Parvovírus B 19
especialmente faringite e pneumonia. Linhagens entéricas
causam diarreia. Algumas linhagens causam sarcomas em Doenças – Síndrome da bochecha esbofeteada (eritema in-
determinados animais, mas não em humanos. feccioso), anemia aplásica, artrite e hidropsia fetal.

Características – Vírus não envelopado de simetria icosaé-
drica e genoma de DNA de fita simples. O vírion não con-
tém polimerase. Há um sorotipo.

Transmissão – Gotículas respiratórias e transplacentárias.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 505

Patogênese – O vírus infecta preferencialmente eritroblas- mões. Amantadina, rimantadina, zanamivir ou oseltamivir
tos, causando anemia aplástica em pacientes com anemias podem ser utilizadas como profilaxia em indivíduos não
hereditárias; complexos imunes causam eritema e artrite. O imunizados que foram expostos.
vírus pode infectar o feto e causar anemia severa, levando
à insuficiência cardíaca congestiva e ao edema (hidropsia Vírus do sarampo
fetal).
Doença – Sarampo. A panencefalite esclerosante subaguda
Diagnóstico laboratorial – Testes sorológicos. é uma complicação tardia rara.

Tratamento – Nenhum. Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo
helicoidal e um segmento de RNA de fita simples de polari-
Prevenção – Não há fármaco ou vacina. dade negativa. RNA polimerase presente no vírion. Apresen-
ta um único sorotipo.
VÍRUS DE RNA ENVELOPADOS CAPÍTULO 39
Transmissão – Gotículas respiratórias.
Influenzavírus
Patogênese – O sítio inicial da infecção é o trato respira-
Doença – Gripe. Influenzavírus A é a principal causa de tório superior. O vírus dissemina-se aos linfonodos locais e,
epidemias mundiais (pandemias). em seguida, a outros órgãos através da corrente sanguínea,
incluindo a pele. Pneumonia de células gigantes e encefalite
Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo podem ocorrer. A erupção maculopapular deve-se ao ataque
helicoidal e RNA de fita simples, segmentado, de polarida- imune mediado por células das células T citotóxicas sobre as
de negativa. RNA polimerase presente no vírion. Os dois células endoteliais vasculares da pele infectadas pelos vírus.
principais antígenos são a hemaglutinina (HA) e a neurami-
nidase (NA) em espículas superficiais distintas. A alteração Diagnóstico laboratorial – O vírus raramente é isolado.
antigênica nessas proteínas, como resultado do rearranjo de Testes sorológicos são utilizados quando necessário.
segmentos de RNA, é responsável pelas epidemias de gripe
causadas por influenzavírus A. Influenzavírus A de animais Tratamento – Não há terapia antiviral disponível.
são fontes dos novos segmentos de RNA. A deriva antigênica
decorrente de mutações também contribui. O vírus apresen- Prevenção – A vacina contém vírus vivos atenuados. Geral-
ta diversos sorotipos em virtude dessas alterações e derivas mente administrada em combinação com as vacinas contra
antigênicas. A antigenicidade da proteína interna do nucle- caxumba e rubéola.
ocapsídeo determina se o vírus corresponde a um influenza-
vírus A, B ou C. Vírus da caxumba

Transmissão – Gotículas respiratórias. Doença – Caxumba. A esterilidade decorrente de orquite
bilateral é uma complicação rara.
Patogênese – A infecção é limitada principalmente ao
epitélio do trato respiratório. Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo
helicoidal e um segmento de RNA de fita simples de polari-
Diagnóstico laboratorial – O vírus cresce em cultura celu- dade negativa. RNA polimerase presente no vírion. Apresen-
lar e em ovos embrionados, podendo ser detectado por he- ta um único sorotipo.
madsorção ou hemaglutinação. É identificado pela inibição
da hemaglutinação ou por fixação do complemento. Um Transmissão – Gotículas respiratórias.
aumento de quatro vezes ou mais no título de anticorpos no
soro da fase de convalescência é diagnóstico. Patogênese – O sítio inicial da infecção é o trato respirató-
rio superior. O vírus dissemina-se aos linfonodos locais e, em
Tratamento – Amantadina ou rimantadina podem ser uti- seguida, a outros órgãos através da corrente sanguínea, espe-
lizadas. Os inibidores da neuraminidase, zanamivir e oselta- cialmente glândulas parótidas, testículos, ovários, meninges
mivir, são também disponíveis. e pâncreas.

Prevenção – Há duas vacinas disponíveis: uma vacina mor- Diagnóstico laboratorial – O vírus pode ser isolado em
ta (de subunidades) contendo HA e NA, e uma contendo cultura celular e detectado por hemadsorção. O diagnóstico
um mutante vivo e termossensível de influenzavírus. A vaci- também pode ser realizado sorologicamente.
na viva replica-se nas passagens nasais menos quentes, onde
induz a IgA secretória, mas não no trato respiratório infe- Tratamento – Não há terapia antiviral disponível.
rior mais quente. Ambas as vacinas contêm as linhagens de
influenzavírus A e B atualmente responsáveis pela doença. Prevenção – A vacina contém vírus vivos atenuados, sen-
A vacina morta não consiste em um imunógeno adequado, do geralmente administrada em combinação com as vacinas
devendo ser administrada anualmente. É recomendada para contra sarampo e rubéola.
indivíduos com idade acima de 65 anos e para aqueles com
doenças crônicas, especialmente envolvendo coração e pul- Vírus da rubéola

Doença – Rubéola. A síndrome da rubéola congênita é ca-
racterizada por malformações congênitas, que afetam especial-
mente os sistemas cardiovascular e nervoso central, e por pro-

ERRNVPHGLFRV RUJ

506 Warren Levinson

longada excreção de vírus. A incidência de rubéola congênita Vírus sincicial respiratório
foi reduzida significativamente pelo amplo uso da vacina.
Doenças – A causa mais importante de bronquiolite e
Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo pneumonia em bebês. Também causa otite média em crian-
icosaédrico e um segmento de RNA de fita simples de pola- ças maiores.
ridade positiva. Não há polimerase no vírion. Apresenta um
único sorotipo. Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo
helicoidal e um segmento de RNA de fita simples de pola-
Transmissão – Por gotículas respiratórias e da mãe para o ridade negativa. RNA polimerase presente no vírion. Dife-
feto, através da placenta. rentemente dos outros paramixovírus, apresenta apenas uma
proteína de fusão em suas espículas superficiais. Não apre-
Patogênese – O sítio inicial da infecção é a nasofaringe, a senta hemaglutinina. Possui um único sorotipo.
partir de onde se dissemina aos linfonodos locais. Em segui-
da, dissemina-se para a pele através da corrente sanguínea. Transmissão – Gotículas respiratórias.
A erupção é atribuída à replicação viral e ao dano imune.
Durante a infecção materna, o vírus replica-se na placen- Patogênese – A infecção envolve principalmente o trato
ta e dissemina-se ao tecido fetal. Quando ocorre infecção respiratório inferior de bebês, sem disseminação sistêmica. A
durante o primeiro trimestre, a frequência de malformações resposta imune contribui provavelmente para a patogênese.
congênitas é mais alta.
Diagnóstico laboratorial – Um imunoensaio com enzimas
Diagnóstico laboratorial – O crescimento viral em cultu- (teste rápido para antígenos) detecta antígenos de RVS em
ra celular é detectado pela interferência com a formação de secreções respiratórias. Isolamento em cultura celular. Célu-
placa por vírus coxsackie; o vírus da rubéola não causa ECP. las gigantes multinucleadas visíveis. A imunofluorescência é
Para determinar se uma mulher adulta é imune, utiliza-se utilizada para a identificação. A sorologia não é útil para o
um único espécime de soro para detectar anticorpos IgG diagnóstico em bebês.
pelo teste de inibição da hemaglutinação. Para detectar se
houve infecção recente, podem ser utilizados um único es- Tratamento – Ribavirin em aerossol para bebês muito
pécime de soro para a detecção de anticorpos IgM, ou um doentes.
conjunto de soros da fase aguda e da fase convalescência para
anticorpos IgG. Prevenção – A imunização passiva com palivizumab (an-
ticorpo monoclonal) ou imunoglobulinas em bebês que fo-
Tratamento – Não há terapia antiviral disponível. ram expostos é efetiva. A lavagem das mãos e o uso de luvas
podem prevenir surtos nosocomiais em berçários.
Prevenção – A vacina contém vírus vivos atenuados. Geral-
mente administrada em combinação com as vacinas contra Coronavírus
sarampo e catapora.
Doença – Resfriado comum e SARS (síndrome respiratória
Vírus da parainfluenza severa aguda).

Doença – Bronquiolite em bebês, crupe em crianças peque- Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo
nas e resfriado comum em adultos. helicoidal e um segmento de RNA de fita simples de polari-
dade positiva. Não há RNA polimerase no vírion. Existem
Características – Vírus envelopado com nucleocapsídeo dois sorotipos.
helicoidal e um segmento de RNA de fita simples de polari-
dade negativa. RNA polimerase presente no vírion. Diferen- Transmissão – Gotículas respiratórias. Coronavírus de ani-
temente dos influenzavírus, a antigenicidade da hemagluti- mais podem ser a fonte da infecção humana.
nina e neuraminidase é estável. Existem quatro sorotipos.
Patogênese – A infecção é tipicamente limitada às células
Transmissão – Gotículas respiratórias. mucosas do trato respiratório. Pelo menos 50% das infec-
ções são assintomáticas. A imunidade é de curta duração,
Patogênese – Infecção e morte do epitélio respiratório, sem ocorrendo a reinfecção.
disseminação sistêmica do vírus. Células gigantes multinu-
cleadas geradas pela proteína de fusão viral são caracterís- Diagnóstico laboratorial – O diagnóstico é principalmen-
ticas. te clínico. Testes com anticorpos e de PCR são disponíveis,
embora não sejam realizados com frequência.
Diagnóstico laboratorial – O isolamento do vírus em cul-
tura celular é detectado por hemadsorção. A imunofluores- Tratamento – Nenhum.
cência é utilizada na identificação. Um aumento de quatro
vezes ou mais no título de anticorpos pode ser utilizado para Prevenção – Não há vacina ou fármaco disponível.
o diagnóstico.
Vírus da raiva
Tratamento – Nenhum.
Doença – Raiva. (A raiva é uma encefalite.)
Prevenção – Não há vacina ou fármaco disponíveis.
Características – Vírus envelopado em forma de projétil,
com nucleocapsídeo helicoidal e um segmento de RNA de

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 507

fita simples de polaridade negativa. RNA polimerase presen- mRNA, sendo traduzido em um grande polipeptídeo, o qual
te no vírion. O vírus apresenta um único sorotipo. é clivado pela protease codificada pelo vírus, originando pro-
teínas virais funcionais. Não há polimerase no vírion. Exis-
Transmissão – Os principais reservatórios são animais sil- tem três sorotipos.
vestres, como gambás, guaxinins e morcegos. A transmissão
aos humanos ocorre geralmente por mordedura de animal, Transmissão – Pela via fecal-oral. Os humanos são o reser-
embora o vírus seja também transmitido por aerossóis de vatório natural.
saliva de morcego. Nos Estados Unidos, os cães estão en-
volvidos com pouca frequência, uma vez que a imunização Patogênese – O vírus replica-se na faringe e no trato GI.
canina é comum; nos países em desenvolvimento, contudo, Pode disseminar-se para os linfonodos locais e, então, para
estão frequentemente envolvidos. o sistema nervoso central através da corrente sanguínea. A
maioria das infecções é assintomática ou muito branda. A
Patogênese – O receptor viral é o receptor de acetilcolina. meningite asséptica é mais frequente que a poliomielite pa-
A replicação do vírus ocorre no sítio da mordedura, seguida ralítica. A paralisia resulta da morte de neurônios motores,
pelo transporte axonal ascendente pelo nervo até o sistema especialmente de células do corno anterior da medula. A pa-
nervoso central. Após replicar-se no cérebro, o vírus migra togênese da síndrome pós-poliomielite é desconhecida.
perifericamente até as glândulas salivares, onde atinge a sa-
liva. Quando o animal encontra-se em estado de agitação Diagnóstico laboratorial – A recuperação do vírus a par-
como resultado da encefalite, os vírus presentes na saliva po- tir do liquor indica infecção do sistema nervoso central. O
dem ser transmitidos pela mordedura. isolamento do vírus nas fezes indica infecção, mas não ne-
cessariamente doença. Este pode ser encontrado no trato GI
Diagnóstico laboratorial – O tecido pode ser corado com de portadores assintomáticos. O vírus pode ser detectado em
anticorpos fluorescentes ou com diversos corantes para de- cultura celular pelo ECP e identificado pela neutralização
tecção de inclusões citoplasmáticas, denominadas corpúscu- com antissoro tipo-específico. Um aumento significativo no
los de Negri. O vírus pode ser cultivado em cultura celular, título de anticorpos no soro da fase de convalescência tam-
porém o processo demanda muito tempo para ser útil na bém é diagnóstico.
decisão a respeito de um indivíduo dever receber a vacina
ou não. O teste sorológico é útil apenas para realizar o diag- Tratamento – Não há terapia antiviral disponível.
nóstico no paciente clinicamente enfermo. Anticorpos não
são formados com rapidez suficiente para decidir-se quanto Prevenção – A doença pode ser prevenida com a vacina ina-
à imunização ou não do indivíduo que sofreu mordedura. O tivada (Salk) e com a vacina viva atenuada (Sabin); ambas
teste sorológico é também utilizado para avaliar a resposta de induzem anticorpos humorais que neutralizam os vírus na
anticorpos à vacina administrada àqueles em ocupações de corrente sanguínea. Contudo, apenas a vacina oral induz
alto risco antes da exposição. IgA intestinal, que interrompe a cadeia de transmissão por
impedir a infecção do trato GI. Por essa razão, e por indu-
Tratamento – Não há terapia antiviral disponível. zir imunidade de maior duração e ser administrada por via
oral, em vez de injetável, a vacina Sabin tem sido preferida
Prevenção – A prevenção pré-exposição à raiva consiste há vários anos. Todavia, relata-se ocorrência de alguns casos
apenas na vacina. A prevenção pós-exposição consiste em (1) de pólio paralítica associada à vacina, causados por polioví-
lavagem do ferimento, (2) administração de imunoglobu- rus da vacina, os quais reverteram à virulência. Diante disso,
linas contra raiva (imunização passiva), principalmente no recomenda-se atualmente o uso da vacina morta nos Estados
ferimento e (3) administração da vacina inativada (imuni- Unidos.
zação ativa), produzida em cultura de células humanas. A
decisão quanto à administração de soro imune e da vacina Vírus coxsackie
depende das circunstâncias. A prevenção da raiva em cães e
gatos mediante o uso de uma vacina morta reduziu significa- Doenças – Meningite asséptica, herpangina, pleurodinia,
tivamente os casos de raiva humana. miocardite e pericardite são as mais comuns. Além disso, o
vírus coxsackie B4 pode causar diabetes juvenil, dado o qua-
VÍRUS DE RNA NÃO ENVELOPADOS dro que causa em camundongos.
CAPÍTULO 40
Características – Nucleocapsídeo nu, com RNA de fita
Poliovírus simples de polaridade positiva. Não há polimerase no vírion.
Os vírus dos grupos A e B são definidos por sua patogenici-
Doenças – Poliomielite paralítica e meningite asséptica. A dade diferente em camundongos. Existem múltiplos soroti-
poliomielite foi erradicada no hemisfério ocidental e em vá- pos em cada grupo.
rios outros países.
Transmissão – Via fecal-oral.
Características – Nucleocapsídeo nu, com RNA de fita
simples de polaridade positiva. O RNA genômico atua como Patogênese – O sítio de infecção inicial é a orofaringe, mas
o principal sítio é trato GI. O vírus dissemina-se a vários
órgãos pela corrente sanguínea.

ERRNVPHGLFRV RUJ

508 Warren Levinson

Diagnóstico laboratorial – O vírus pode ser detectado pelo Características – Capsídeo nu de camada dupla, com 10
ECP em cultura celular e identificado por neutralização. Um ou 11 segmentos de RNA de fita dupla. RNA polimerase
aumento significativo do título de anticorpos no soro da fase presente no vírion. O rotavírus é resistente ao ácido gástrico
de convalescência é diagnóstico. e, portanto, pode atingir o intestino delgado. Há, pelo me-
nos, seis sorotipos.
Tratamento – Não há terapia antiviral disponível.
Transmissão – O rotavírus é transmitido pela via fe-
Prevenção – Não há vacina disponível. cal-oral.

Rinovírus Patogênese – A infecção por rotavírus é limitada ao trato
GI, especialmente intestino delgado.
Doença – Resfriado comum.
Diagnóstico laboratorial – Detecção de rotavírus nas fezes
Características – Vírus de nucleocapsídeo nu, com RNA por ELISA. O isolamento do vírus não é realizado a partir de
de fita simples de polaridade positiva. Não há polimerase no espécimes clínicos.
vírion. Existem mais de 100 sorotipos, fato que explica por
que o resfriado é tão comum. Os rinovírus são destruídos Tratamento – Não há fármaco antiviral disponível.
pelo ácido gástrico e, portanto, não se replicam no trato GI,
contrariamente a outros picornavírus, como poliovírus, vírus Prevenção – Uma vacina viva contendo cinco linhagens de
coxsackie e echovírus, que são resistentes ao ácido gástrico. rotavírus está disponível.

Transmissão – Gotículas em aerossol e contato mão-nariz. VÍRUS DA HEPATITE CAPÍTULO 41

Patogênese – A infecção é limitada à mucosa do trato res- Vírus da Hepatite A
piratório superior e conjuntivas. O vírus exibe melhor repli-
cação nas temperaturas baixas do nariz que a 37oC, o que Doença – Hepatite A.
explica sua incapacidade de infectar o trato respiratório in-
ferior. Características – Vírus de nucleocapsídeo nu, com RNA
de fita simples de polaridade positiva. Não há polimerase no
Diagnóstico laboratorial – Testes laboratoriais são pouco vírion. O vírus apresenta um único sorotipo.
utilizados clinicamente. O vírus pode ser recuperado a partir
do nariz ou lavados de garganta por cultivo em cultura celu- Transmissão – Via fecal-oral. Contrariamente a HBV e
lar. Testes sorológicos não são úteis. HCV, a transmissão de HAV pelo sangue é incomum, uma
vez que a viremia é de curta duração e de baixo título.
Tratamento – Não há terapia antiviral disponível.
Patogênese – O vírus replica-se no trato GI e dissemina-se,
Prevenção – Não há vacina disponível, uma vez que exis- então, para o fígado durante um curto período virêmico. O
tem vários sorotipos. vírus não é citopático para hepatócitos. O dano hepatocelu-
lar é causado pelo ataque imune de células T citotóxicas.
Vírus norwalk (Norovírus)
Diagnóstico laboratorial – O teste mais útil para diagnos-
Doenças – Gastrenterite (diarreia aquosa). ticar a infecção aguda consiste na detecção de anticorpos
IgM. O isolamento do vírus a partir de espécimes clínicos
Características – Vírus não envelopado, com nucleocapsí- não é realizado.
deo icosaédrico e um segmento de RNA de fita simples de
polaridade positiva. Não há polimerase no vírion. O número Tratamento – Não há fármaco antiviral disponível.
de sorotipos é incerto.
Prevenção – A vacina contém vírus mortos. A administra-
Transmissão – Via fecal-oral. ção de imunoglobulinas durante o período de incubação
pode mitigar a doença.
Patogênese – A infecção é tipicamente limitada às células
mucosas do trato intestinal. Várias infecções são assintomáti- Vírus da Hepatite B
cas. A imunidade é de curta duração e ocorrem reinfecções.
Doenças – Hepatite B; implicado como causa de carcino-
Diagnóstico laboratorial – O diagnóstico é principalmen- ma hepatocelular.
te clínico. Um teste de PCR está disponível, embora não seja
realizado com frequência. Características – Vírus envelopado com DNA de fita dupla
circular incompleto; isto é, em uma das fitas há uma porção
Tratamento – Não há fármacos antivirais disponíveis. Tra- ausente de aproximadamente um terço e a outra fita é “cor-
tar a diarreia com fluidos e eletrólitos. tada” (não ligada covalentemente). DNA polimerase presen-
te no vírion. A polimerase codificada por HBV atua como
Prevenção – Não há vacina ou farmacos disponíveis. uma transcriptase reversa, utilizando o mRNA viral como
molde para a síntese de DNA genômico progênie. Há três
Rotavírus antígenos importantes: o antígeno de superfície, o antígeno

Doenças – Rotavírus causa gastrenterite (diarreia), especial-
mente em crianças pequenas.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 509

cerne e o antígeno e. No soro do paciente, predominam bas- estado de portador crônico predispõe à hepatite crônica e ao
tonetes longos e formas esféricas compostos unicamente por carcinoma hepatocelular.
HBsAg. HBV apresenta um sorotipo com base no antígeno
de superfície. Diagnóstico laboratorial – Testes sorológicos detectam an-
ticorpos contra HCV. Um ensaio de PCR para a “carga viral”
Transmissão – Transmitido pelo sangue, durante o nasci- pode ser utilizado para avaliar a presença de infecção ativa.
mento, e por relação sexual.
Tratamento – Interferon alfa e ribavirim mitigam a hepati-
Patogênese – O dano hepatocelular deve-se ao ataque imu- te crônica, porém não erradicam o estado de portador.
ne por células T (CD8) citotóxicas. Complexos antígeno-an-
ticorpo causam artrite, erupção e glomerulonefrite. Aproxi- Prevenção – A hepatite pós-transfusão pode ser prevenida
madamente 5% das infecções por HBV resultam em estado pela detecção de anticorpos no sangue doado. Não há vacina
de portador crônico. Hepatite crônica, cirrose e carcinoma e globulinas hiperimunes não são disponíveis.
hepatocelular podem ocorrer. O carcinoma hepatocelular
pode estar relacionado à integração de parte do DNA viral Vírus da Hepatite D
no DNA do hepatócito.
Doença – Hepatite D (hepatite delta).
Diagnóstico laboratorial – HBV não foi cultivado em cul-
tura celular. Três testes sorológicos são comumente utiliza- Características – Vírus defectivo que utiliza o antígeno de
dos: antígeno de superfície (HBsAg), anticorpo de superfície superfície do vírus da hepatite B como sua proteína de enve-
(HBsAb) e anticorpo cerne (HBcAb). A detecção de HBsAg lope. HDV pode replicar-se apenas em células já infectadas
por mais de seis meses indica estado de portador crônico. A por HBV, isto é, HBV corresponde a um vírus auxiliar para
presença de antígenos e é indicativa de presença de portador HDV. O genoma consiste em um segmento de RNA circular
crônico que está produzindo vírus infecciosos. A presença de de fita simples de polaridade negativa. HDV apresenta um
antígenos e consiste em um importante indicador de trans- sorotipo (uma vez que HBV apresenta um único sorotipo).
missibilidade. Um indivíduo infectado por HBV, que não
apresenta antígenos HBs ou anticorpos HBs detectáveis, é Transmissão – Transmitido pelo sangue, sexualmente, e da
referido como apresentando-se na fase de “janela”. O diag- mãe para o filho.
nóstico desse paciente é realizado a partir da detecção de an-
ticorpos cerne de HB. Ver, no Capítulo 41, uma discussão Patogênese – O dano hepatocelular é provavelmente cau-
sobre os resultados desses testes. sado por células T citotóxicas. Hepatite crônica e estado de
portador crônico ocorrem.
Tratamento – Interferon alfa e lamivudina, um inibidor da
transcriptase reversa, podem reduzir a inflamação associada à Diagnóstico laboratorial – Testes sorológicos detectam an-
hepatite B crônica, porém não curam o estado de portador. tígenos delta ou anticorpos contra antígenos delta.

Prevenção – Há três abordagens principais: (1) a vacina que Tratamento – Interferon alfa mitiga os sintomas, mas não
contém HBsAg como imunógeno, (2) globulinas séricas hi- erradica o estado de portador.
perimunes obtidas de doadores com altos títulos de HBsAb
e (3) orientação dos portadores crônicos quanto às precau- Prevenção – A prevenção de infecção por HBV pelo uso
ções. da vacina contra HBV e de globulinas contra hiperimunes
HBV também previne a infecção por HDV.
Vírus da Hepatite C
Vírus da Hepatite E
Doenças – Hepatite C; associado ao carcinoma hepatocelu- Membro da família calicivírus. Causa surtos de hepatite,
lar. HCV é o patógeno transmitido pelo sangue mais preva- principalmente nos países em desenvolvimento. Similar ao
lente nos Estados Unidos. vírus da hepatite A nos seguintes aspectos: transmitido pela
via fecal-oral, não há estado de portador crônico, não ocorre
Características – Vírus envelopado, com um segmento de cirrose e não ocorre carcinoma hepatocelular. Não há terapia
RNA de fita simples de polaridade positiva. Não há polime- antiviral ou vacina.
rase no vírion. HCV apresenta múltiplos sorotipos.
ARBOVÍRUS CAPÍTULO 42
Transmissão – A transmissão ocorre principalmente pelo
sangue. Transmissão sexual e transmissão da mãe ao filho Todos os arbovírus são transmitidos por artrópodes (arthro-
provavelmente também ocorrem. pod-borne), como mosquitos e carrapatos, do animal silves-
tre reservatório aos humanos.
Patogênese – O dano hepatocelular é provavelmente causa-
do por células T citotóxicas. A replicação de HCV por si não Vírus da encefalite equina do leste
mata as células, isto é, não causa efeito citopático. Mais de Membro da família togavírus. Causa encefalite ao longo da
50% das infecções resulta no estado de portador crônico. O Costa Leste dos Estados Unidos. A encefalite é severa, porém
incomum. Transmitido a humanos (e cavalos) por mosqui-
tos a partir de pequenas aves silvestres, como pardais. Hu-

ERRNVPHGLFRV RUJ

510 Warren Levinson

manos e cavalos são hospedeiros “beco sem saída”, uma vez descartado. A infecção por HTLV é endêmica em certas re-
que a viremia é baixa. Não há terapia antiviral ou vacina para giões geográficas, isto é, a região caribenha, incluindo o sul
humanos. da Flórida, o leste da América do Sul, o oeste da África e o
sul do Japão.
Vírus da encefalite equina ocidental, vírus da
encefalite de St. Louis, vírus da encefalite da Patogênese – HTLV induz a transformação maligna de
Califórnia e vírus do Nilo Ocidental linfócitos T CD4-positivos por ativar a síntese de IL-2, con-
A transmissão destes vírus da encefalite é similar, isto é, são forme descrito anteriormente. Também causa mielopatia as-
transmitidos aos humanos por mosquitos a partir de peque- sociada a HTLV (HAM), uma doença desmielinizante do
nas aves silvestres. Entretanto, eles diferem em detalhes, isto cérebro e da medula espinal, causada por uma reação cruza-
é, pertencem a famílias virais distintas e causam doenças em da autoimune na qual a resposta imune contra HTLV dani-
diferentes regiões geográficas. Favor consultar no Capítulo fica os neurônios, ou por células T citotóxicas que matam os
42 o texto com informações específicas. neurônios infectados por HTLV.

Vírus da febre amarela Diagnóstico laboratorial – Detecção de anticorpos an-
Membro da família flavivírus. Causa febre amarela nas re- ti-HTLV no soro do paciente, empregando-se o teste de
giões tropicais da África e América do Sul. A febre amarela ELISA. O ensaio de Western blot é utilizado para conformar
“silvestre” é transmitida de macacos aos humanos por mos- um resultado positivo de ELISA. O ensaio de PCR pode
quitos. A febre amarela “urbana” é transmitida entre huma- detectar a presença de RNA ou DNA de HTLV no interior
nos por mosquitos Aedes, isto é, os humanos são o reserva- de células infectadas.
tório da forma urbana. Os humanos não são hospedeiros
“beco sem saída”, uma vez que a viremia é alta. Não há te- Tratamento e prevenção – Não há tratamento antiviral es-
rapia antiviral, embora exista uma vacina viva atenuada para pecífico para a infecção por HTLV e não há fármaco anti-
humanos. viral para curar infecções latentes por HTLV. Não há vacina
contra HTLV. Medidas preventivas incluem descarte do san-
Vírus da dengue gue doado quando apresentar anticorpos anti-HTLV, uso de
Membro da família flavivírus. Causa dengue na região do preservativos para prevenir a transmissão sexual e orientação
Caribe e em outras áreas tropicais. Transmitido por mos- às mulheres com anticorpos contra HTLV para evitarem a
quitos Aedes de um humano a outro. Suspeita-se haver um amamentação.
macaco reservatório. Episódios subsequentes podem resultar
em dengue hemorrágica, uma complicação de risco à vida. Papilomavírus humano
Não há terapia antiviral ou vacina para humanos. Ver resumo na seção sobre Vírus de DNA Não Envelopados
(página 504).
VÍRUS TUMORAIS CAPÍTULO 43
VÍRUS LENTOS E PRÍONS CAPÍTULO 44
Vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV)
Vírus JC
Doenças – Leucemia/linfoma de células T do adulto e mie- Membro da família papovavírus. Causa leucoencefalopatia
lopatia associada a HTLV (também conhecida como parapa- multifocal progressiva (LMP). A infecção pelo vírus JC é
resia espástica tropical ou mielopatia progressiva crônica). amplamente distribuída, mas a LMP ocorre apenas em pa-
cientes imunocomprometidos, como aqueles com AIDS. In-
Características – HTLV é membro da família retrovírus. variavelmente fatal. Não há terapia antiviral e vacina.
Causa transformação maligna de células T CD4-positivas
(contrariamente ao HIV, que mata tais células). HTLV pos- Príons
sui três genes estruturais comuns a todos os retrovírus, isto é,
gag, pol e env, e dois genes regulatórios, tax e rex. A proteína Doenças – Doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD), CJD va-
Tax é necessária à transformação maligna. Ela ativa a síntese riante e kuru. São encefalopatias espongiformes transmissí-
de IL-2 (um fator de crescimento de células T) e do receptor veis. Existe uma forma hereditária de CJD denominada sín-
de IL-2. A IL-2 promove o rápido crescimento de células T, drome de Gerstmann-Sträussler-Scheinker (GSS).
predispondo à transformação maligna.
Características – Príons são compostos apenas por pro-
Transmissão – HTLV é transmitido principalmente pelo teínas. Não apresentam ácido nucleico detectável e são al-
uso de fármacos injetáveis, sexualmente e pela amamen- tamente resistentes à luz UV, ao formaldeído e ao calor.
tação. A transmissão por sangue doado foi reduzida signi- São codificados por um gene celular. A forma patogênica
ficativamente nos Estados Unidos, uma vez que o sangue aumenta em quantidade ao induzir mudanças conforma-
doado que apresenta anticorpos contra HTLV acaba sendo cionais da forma normal. A conformação normal ocorre
em alfa-hélice; a anormal é em folha beta-pregueada. Na
síndrome GSS, uma mutação aumenta a probabilidade de

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 511

ocorrer modificação conformacional para a forma em folha lizado pela detecção de anticorpos por ELISA como teste
beta-pregueada. de varredura e por Western blot como teste confirmatório.
Determina-se a “carga viral”, isto é, a quantidade de RNA
Transmissão – Na maioria dos casos de CJD, o mecanis- de HIV no plasma, utilizando-se ensaios de PCR. Uma car-
mo de transmissão é desconhecido. A CJD foi transmitida ga viral elevada indica uma progressão mais rápida a AIDS
por extratos pituitários, eletrodos cerebrais e transplantes de que uma carga viral baixa. Ensaios de PCR podem também
córnea. Kuru foi transmitido pela ingestão ou inoculação de detectar RNA viral em células infectadas, sendo útil para
tecido cerebral humano. A CJD variante é provavelmente detectar infecções precoces antes de os anticorpos serem de-
transmitida pela ingestão de tecido cerebral de vaca em ali- tectáveis.
mentos malcozidos.
Tratamento – Análogos nucleosídicos, como zidovudina
Patogênese – Ocorre agregação de filamentos priônicos (AZT), lamivudina (3TC), estavudina (d4T), didanosina
no interior de neurônios; vacúolos no interior de neurônios (ddI) e zalcitabina (ddC), inibem a replicação de HIV por
causam alterações espongiformes no cérebro; não ocorre in- inibirem a transcriptase reversa. Inibidores não nucleosídi-
flamação ou resposta imune. cos da transcriptase reversa, como nevirapina e efavirenz,
são também utilizados. Inibidores de protease, por exemplo,
Diagnóstico laboratorial – A biópsia cerebral revela alte- indinavir, ritonavir e saquinavir, impedem a clivagem de po-
rações espongiformes. Não há testes sorológicos. Príons não lipeptídeos precursores. A terapia antirretroviral altamente
podem ser cultivados em cultura. ativa (HAART) consiste em dois inibidores nucleosídicos e
um inibidor de protease. Ocorre melhora clínica, mas o ví-
Tratamento – Nenhum. rus persiste. O tratamento da infecção oportunista depende
do organismo.
Prevenção – Não há fármaco ou vacina disponíveis.
Prevenção – Varredura do sangue antes de transfusões para
VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA detectar a presença de anticorpos. Prática de “sexo seguro”,
CAPÍTULO 45 incluindo o uso de preservativos. AZT, com ou sem um ini-
bidor de protease, deve ser administrado a mães infectadas
Doença – Síndrome da imunodeficiência adquirida por HIV e a seus recém-nascidos. Zidovudina (AZT), lami-
(AIDS). vudina (3TC) e um inibidor de protease devem ser adminis-
trados após um ferimento com agulha. Não há vacina.
Características – Vírus envelopados com duas cópias (di-
ploide) do genoma de RNA de fita simples de polaridade PATÓGENOS VIRAIS DE MENOR IMPORTÂNCIA
positiva. A DNA polimerase RNA-dependente (transcripta- CAPÍTULO 46
se reversa) sintetiza uma cópia de DNA do genoma, que se
integra ao DNA da célula hospedeira. Polipeptídeos precur- Somente os principais patógenos virais de menor importân-
sores devem ser clivados pela protease codificada pelo vírus cia estão resumidos nesta seção.
para produzir proteínas virais funcionais. O gene tat codifica
uma proteína que ativa a transcrição viral. A antigenicidade Vírus Ebola
da proteína gp120 modifica-se rapidamente havendo, por-
tanto, vários sorotipos. Membro da família flavivírus. Causa febre hemorrágica
Ebola, que apresenta taxa de mortalidade muito alta. O
Transmissão – Transferência de fluidos corporais, por reservatório animal e o mecanismo de transmissão aos hu-
exemplo, sangue e sêmen. Também ocorre transmissão manos são desconhecidos. A transmissão inter-humanos, es-
transplacentária e perinatal. pecialmente em ambientes hospitalares, ocorre pelo sangue
e por outros fluidos corporais. O diagnóstico geralmente é
Patogênese – São necessários dois receptores para a pene- clínico, embora haja testes sorológicos disponíveis. Na mi-
tração do HIV nas células. Um receptor é a proteína CD4, croscopia eletrônica, observam-se vírus longos, similares a
encontrada principalmente em células T auxiliares. O HIV “fios”. O cultivo do vírus é altamente perigoso, devendo ser
infecta e mata células T auxiliares, predispondo a infecções realizado apenas em laboratórios especiais. Não há terapia
oportunistas. Outras células apresentando proteínas CD4 na antiviral nem vacina.
superfície, por exemplo, astrócitos, são também infectadas.
O outro receptor de HIV é um receptor de quimiocinas, Hantavírus (Vírus Sin Nombre)
como CCR5. A proteína NEF é um importante fator de vi-
rulência. Ela reduz a síntese de proteínas, MHC de classe I, Membro da família buniavírus. Causa a síndrome pulmonar
reduzindo, assim, a capacidade de células T citotóxicas ma- por hantavírus. O vírus Sin Nombre (SNV) é um robovírus,
tarem células infectadas por HIV. As células T citotóxicas isto é, é transmitido por roedores (rodent-borne). Camun-
são a principal defesa do hospedeiro contra o HIV. dongos do cervo são o reservatório, e o vírus é adquirido pela
inalação de urina e fezes ressecadas. O diagnóstico é reali-
Diagnóstico laboratorial – HIV pode ser isolado do san-
gue ou sêmen, porém este procedimento não se encontra
disponível rotineiramente. O diagnóstico é geralmente rea-

ERRNVPHGLFRV RUJ

512 Warren Levinson

zado pela detecção de RNA viral no tecido pulmonar ou por Sporothrix schenckii
testes sorológicos. Não há terapia antiviral ou vacina.
Doença – Esporotricose.
Vírus da encefalite japonesa
Membro da família flavivírus. Causa surtos de encefalite Características – Exibe dimorfismo térmico. Bolor no solo,
em países asiáticos. Transmitido aos humanos por mosqui- levedura na temperatura corpórea de 37oC. O hábitat o solo
tos, a partir dos hospedeiros reservatórios, das aves e dos ou a vegetação.
porcos. Não há terapia antiviral. Uma vacina inativada é
disponível. Transmissão – Os esporos penetram na pele através de feri-
mentos puntiformes causados por espinhos de rosas ou ou-
■ RESUMO DE FUNGOS DE IMPORTÂNCIA tros objetos pontiagudos.
MÉDICA
Patogênese – Abscesso local ou úlcera com nódulos ao lon-
FUNGOS QUE CAUSAM MICOSES CUTÂNEAS E go da circulação linfática.
SUBCUTÂNEAS CAPÍTULO 48
Diagnóstico laboratorial – Leveduras em forma de cha-
Dermatófitos (por exemplo, espécies de ruto, apresentando brotamentos, são visualizadas no pus. A
Trichophyton, Microsporum, Epidermophyton) cultura em ágar Sabouraud exibe morfologia típica.

Doenças – Dermatofitoses, por exemplo, tinea capitis, ti- Teste cutâneo – Nenhum.
nea cruris e tinea pedis.
Tratamento – Itraconazol.
Características – Estes fungos são bolores que utilizam a
queratina como fonte nutricional. Não são dimórficos. O Prevenção – A pele deve ser protegida durante atividades
hábitat da maioria dos dermatófitos responsáveis por doen- de jardinagem.
ças humanas é a pele humana, com exceção de Microsporum
canis, que também infecta cães e gatos. FUNGOS QUE CAUSAM MICOSES SISTÊMICAS
CAPÍTULO 49
Transmissão – Contato direto com descamações cutâneas.
Histoplasma capsulatum
Patogênese – Estes fungos crescem apenas na camada su-
perficial queratinizada da pele, não invadindo o tecido Doença – Histoplasmose.
subjacente. As lesões decorrem da resposta inflamatória aos
fungos. A frequência das infecções é favorecida pela umida- Características – Exibe dimorfismo térmico, isto é, uma le-
de e pelo calor, por exemplo, no interior dos calçados. Uma vedura à temperatura corpórea e um bolor no solo à tempe-
importante defesa do hospedeiro é conferida pelos ácidos ratura ambiente. O bolor cresce preferencialmente em solo
graxos produzidos por glândulas sebáceas. A reação “id” é enriquecido com excrementos de aves. Endêmico nas regiões
uma resposta de hipersensibilidade em uma região da pele, dos vales dos rios Ohio e Mississippi.
por exemplo, dedos, à presença do organismo em outra loca-
lização, por exemplo pés. Transmissão – Inalação de esporos assexuados (microconí-
dios) transmitidos pelo ar.
Diagnóstico laboratorial – Raspados de pele devem ser
examinados microscopicamente em uma preparação tratada Patogênese – Os microconídios penetram nos pulmões e
com KOH para a detecção de hifas. O organismo é identi- diferenciam-se em células de levedura. As células de levedura
ficado pelo aspecto de seu micélio e seus esporos assexuados são ingeridas por macrófagos alveolares e multiplicam-se em
em ágar Sabouraud. Testes sorológicos não são úteis. seu interior. Uma resposta imune é montada e formam-se
granulomas. A maioria das infecções é contida neste nível,
Teste cutâneo – O antígeno tricofitina pode ser utilizado embora a supressão da imunidade mediada por células possa
para determinar a competência da imunidade mediada por levar à doença disseminada
células do paciente, não sendo utilizado para o diagnóstico
de tínea. Diagnóstico laboratorial – Escarro ou tecidos podem ser
examinados microscopicamente e cultivados em ágar Sabou-
Tratamento – Agentes tópicos, como miconazol, clotri- raud. São observadas leveduras no interior de macrófagos. A
mazol ou tolnaftato, são utilizados. O ácido undecilênico é presença de clamidósporos tuberculados em cultura a 25oC
eficaz contra tinea pedis. Griseofulvina é o tratamento de é diagnóstica. Um aumento no título de anticorpos é útil
escolha para tinea unguium e tinea capitis. no diagnóstico; todavia, ocorre reação cruzada com outros
fungos (p. ex., Coccidioides).
Prevenção – A pele deve ser mantida seca e fresca.
Teste cutâneo – Histoplasmina, um extrato micelial, é o
antígeno. Útil para determinar a incidência de infecção com
finalidades epidemiológicas. Um resultado positivo indica
apenas que houve uma infecção; não pode ser utilizado para
diagnóstico de doença ativa. Uma vez que o teste cutâneo

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 513

pode induzir anticorpos, inicialmente devem ser realizados formação de granulomas. A disseminação é rara, porém,
testes sorológicos. quando ocorre, envolve mais comumente a pele e os ossos.

Tratamento – Anfotericina B para doença disseminada; Diagnóstico laboratorial – Exame microscópico de escar-
itraconazol para doença pulmonar. ro ou lesões cutâneas para observação de leveduras com um
brotamento de base larga. Também cultura em ágar Sabou-
Prevenção – Não há vacina disponível. Itraconazol pode ser raud. Testes sorológicos não são úteis.
utilizado para a supressão crônica em pacientes com AIDS.
Teste cutâneo – De pouco valor.
Coccidioides immitis
Tratamento – Itraconazol é o fármaco de escolha.
Doença – Coccidioidomicose.
Prevenção – Não há vacina ou fármaco profilático dispo-
Características – Exibe dimorfismo térmico. No corpo, a níveis.
37oC, forma esférulas contendo endósporos. A 25oC, quer
no solo quer em ágar no laboratório, desenvolve-se como Paracoccidioides brasiliensis
bolor. As células nas extremidades das hifas desenvolvem-se
em esporos assexuados (artrósporos). O hábitat natural é o Doença – Paracoccidioidomicose.
solo de regiões áridas, por exemplo, vale de São Joaquim na
Califórnia e regiões do Arizona e Novo México. Características – Exibe dimorfismo térmico. Bolor no solo,
levedura no corpo, a 37oC. A forma em levedura apresenta
Transmissão – Inalação de artrósporos transmitidos pelo ar. múltiplos brotamentos (assemelha-se a um timão de navio).

Patogênese – Os artrósporos diferenciam-se em esférulas nos Transmissão – Inalação de conídios transmitidos pelo ar.
pulmões. As esférulas rompem-se, liberando endósporos que
formam novas esférulas, disseminando, assim, a infecção pelo Patogênese – Conídios inalados diferenciam-se em levedu-
corpo. Na maioria dos indivíduos, uma resposta imune me- ras nos pulmões. Podem disseminar-se a vários órgãos.
diada por células contém a infecção, embora indivíduos imu-
nocomprometidos exibam alto risco de doença disseminada. Diagnóstico laboratorial – Leveduras com múltiplos bro-
tamentos visualizados no pus ou em tecidos. A cultura em
Diagnóstico laboratorial – O escarro ou tecido devem ser ágar Sabouraud revela morfologia típica.
examinados microscopicamente para detecção de esférulas e
cultivados em ágar Sabouraud. Um aumento de anticorpos Teste cutâneo – Não é útil.
IgM (empregando o teste de precipitina) indica infecção re-
cente. Um título crescente de anticorpos IgG (utilizando o Tratamento – Itraconazol.
teste de fixação do complemento) indica disseminação; um
título decrescente indica uma resposta à terapia. Prevenção – Não há vacina ou fármacos profiláticos dispo-
níveis.
Teste cutâneo – Coccidioidina, um extrato micelial, ou es-
ferulina, um extrato de esférulas, são os antígenos. Útil para FUNGOS QUE CAUSAM MICOSES
determinar se o paciente foi infectado. Um teste positivo in- OPORTUNISTAS CAPÍTULO 50
dica infecção prévia, mas não necessariamente doença ativa.
Candida albicans
Tratamento – Anfotericina B ou itraconazol para doença
disseminada; cetoconazol para doença pulmonar limitada. Doenças – Monilíase, candidíase disseminada e candidíase
mucocutânea crônica.
Prevenção – Não há vacina ou fármaco profilático dispo-
níveis. Características – Candida albicans é uma levedura quando
encontra-se como membro da microbiota normal de mem-
Blastomyces dermatitidis branas mucosas, mas forma pseudo-hifas e hifas quando
invade os tecidos. A levedura produz tubos germinativos
Doença – Blastomicose. quando incubada em soro a 37oC. Não exibe dimorfismo
térmico.
Características – Exibe dimorfismo térmico. Bolor no solo,
levedura na temperatura corpórea de 37oC. A forma em leve- Transmissão – Membro da microbiota normal da pele, das
dura apresenta um único brotamento de base larga e parede membranas mucosas e do trato GI. Não ocorre transmissão
espessa e refringente. O hábitat natural é o solo rico (p. ex., interpessoal.
próximo a barragens de castores), especialmente na região
centro-oeste dos Estados Unidos. Patogênese – Patógeno oportunista. Fatores predisponentes
incluem imunidade mediada por células diminuída, altera-
Transmissão – Inalação de esporos (conídios) transmitidos ções de pele e membranas mucosas, supressão da microbiota
pelo ar. normal e presença de corpos estranhos. A monilíase é mais
comum em bebês, pacientes imunossuprimidos e indivíduos
Patogênese – Os conídios inalados diferenciam-se em le- submetidos à terapia antibiótica. Lesões cutâneas ocorrem
veduras, que inicialmente causam abscessos, seguidos pela frequentemente na pele danificada pela umidade. Infecções
disseminadas, como endocardite e endoftalmite, ocorrem

ERRNVPHGLFRV RUJ

514 Warren Levinson

em pacientes imunossuprimidos e usuários de fármacos inje- Características – Bolor com hifas septadas que se ramifi-
táveis. A candidíase mucocutânea crônica ocorre em crianças cam em um ângulo em forma de V (ramificação de pequeno
com um defeito de células T na imunidade contra Candida. ângulo). Não é dimórfico. O hábitat é o solo.

Diagnóstico laboratorial – O exame microscópico do teci- Transmissão – Inalação de esporos (conídios) transmitidos
do revela leveduras e pseudo-hifas. Quando apenas leveduras pelo ar.
são encontradas, a colonização é sugerida. A levedura é gram-
-positiva. Forma colônias de leveduras em ágar Sabouraud. A Patogênese – Patógeno oportunista. Em pacientes imuno-
formação de tubos germinativos e a produção de clamidós- compremetidos, ocorre doença invasiva. O organismo in-
poros distinguem Candida albicans de virtualmente todas as vade os vasos sanguíneos, causando trombose e infartação.
demais espécies de Candida. Testes sorológicos não são úteis. Um indivíduo apresentando uma cavidade pulmonar, por
exemplo, consequente da tuberculose, pode desenvolver
Teste cutâneo – Utilizado para determinar a competência uma “bola fúngica” (aspergiloma). Um indivíduo alérgico,
da imunidade mediada por células, e não para o diagnóstico por exemplo, com asma, pode desenvolver aspergilose bron-
de doença por cândidas. copulmonar alérgica mediada por anticorpos IgE.

Tratamento – A doença de pele e das membranas mucosas Diagnóstico laboratorial – Hifas septadas invadindo o
pode ser tratada com agentes antifúngicos orais ou tópicos, tecido são visíveis microscopicamente. A invasão distingue
como nistatina ou miconazol. A doença disseminada requer a doença da colonização. Forma um micélio característico
anfotericina B. A candidíase mucocutânea crônica é tratável quando cultivado em ágar Sabouraud. Observam-se cadeias
com cetoconazol. radiais de conídios a partir de um pedúnculo central. Testes
sorológicos detectam precipitinas IgG em pacientes com as-
Prevenção – Fatores predisponentes devem ser reduzidos pergilomas e anticorpos IgE em pacientes com aspergilose
ou eliminados. A monilíase oral pode ser prevenida com broncopulmonar alérgica.
pastilhas de clotrimazol ou com nistatina por “gargarejo e
deglutição”. Não há vacina. Teste cutâneo – Nenhum disponível.

Cryptococcus neoformans Tratamento – Anfotericina B para aspergilose invasiva. Al-
gumas lesões (p. ex., bolas fúngicas), podem ser removidas
Doença – Criptococose, especialmente meningite cripto- cirurgicamente. A terapia com esteroides é recomendada
cóccica. para aspergilose broncopulmonar alérgica.

Características – Levedura com ampla cápsula. Não apre- Prevenção – Não há vacina ou fármacos profiláticos dispo-
senta dimorfismo. O hábitat é o solo, especialmente quando níveis.
enriquecido com excrementos de pombos.
Espécies de Mucor e Rhizopus
Transmissão – Inalação de células de levedura transmitidas
pelo ar. Doença – Mucormicose.

Patogênese – Os organismos causam síndrome similar à gripe Características – Bolores com hifas não septadas que tipica-
ou pneumonia. Disseminam-se até as meninges através da cor- mente se ramificam em um ângulo de 90 graus (ramificação
rente sanguínea. A imunidade mediada por células diminuída de grande ângulo). Não são dimórficos. O hábitat é o solo.
predispõe à doença severa, embora alguns casos de meningite
criptocóccica ocorram em indivíduos imunocompetentes. Transmissão – Inalação de esporos transmitidos pelo ar.

Diagnóstico laboratorial – Visualização de leveduras cap- Patogênese – Patógenos oportunistas. Causam doença
suladas em preparações de liquor com tinta Nanquim. A principalmente em pacientes com cetoacidose diabética e em
cultura de escarro ou liquor em ágar Sabouraud produz co- leucêmicos. Os sinus e tecidos adjacentes são tipicamente
lônias de leveduras. O teste de aglutinação do látex detecta o envolvidos. As hifas invadem a mucosa e progridem para o
antígeno polissacarídico capsular no liquor. tecido subjacente e vasos, levando à necrose e infartação.

Teste cutâneo – Não disponível. Diagnóstico laboratorial – Exame microscópico de tecidos
para detectar a presença de hifas não septadas que se rami-
Tratamento – Anfotericina B e flucitosina para meningite. ficam em grandes ângulos. Forma um micélio característico
quando cultivado em ágar Sabouraud. São observados espo-
Prevenção – A meningite criptocóccica pode ser prevenida ros contidos no interior de um saco denominado esporân-
em pacientes com AIDS pelo uso de fluconazol oral. Não gio. Testes sorológicos não são disponíveis.
há vacina.
Teste cutâneo – Nenhum.
Aspergillus fumigatus
Tratamento – Anfotericina B e debridação cirúrgica.
Doenças – Aspergilose invasiva é a principal doença. Asper-
gilose broncopulmonar alérgica e aspergiloma (bolas fúngi- Prevenção – Não há vacina ou fármaco profilático disponí-
cas) são também importantes. veis. O controle de doença subjacente, por exemplo, diabe-
tes, tende a prevenir a mucormicose.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 515

Pneumocystis carinii Tratamento – Metronidazol.
Embora existam evidências moleculares de que Pneumocystis Prevenção – Purificação da água. Lavagem das mãos.
carinii seja um fungo, neste livro, ele é descrito na seção so-
bre protozoários que causam infecções no sangue e nos teci- Cryptosporidium parvum
dos (ver página 366).
Doença – Criptosporidiose, especialmente diarreia.
■ RESUMOS DE PARASITAS DE Características – Protozoário intestinal. Ciclo de vida:
IMPORTÂNCIA MÉDICA oócitos liberam esporozoítos, os quais formam trofozoítos.
Após a formação de esquizontes e merozoítos, são produzi-
PROTOZOÁRIOS QUE CAUSAM INFECÇÕES dos microgametas e macrogametas, que se unem e formam
INTESTINAIS E UROGENITAIS CAPÍTULO 51 um zigoto e, em seguida, um oócito.

Entamoeba histolytica Transmissão e epidemiologia – Cistos transmitidos pela
via fecal-oral. Reservatório humano e animal. Ocorre em
Doenças – Disenteria amebiana e abscesso hepático. escala mundial.
Características – Protozoário intestinal. Ameba móvel (tro-
fozoíto); forma cistos com quatro núcleos. Ciclo de vida: os Patogênese – Trofozoítos aderem-se à parede do intestino
humanos ingerem os cistos, que formam trofozoítos no in- delgado, porém não a invadem.
testino delgado. Os trofozoítos deslocam-se para o cólon e
multiplicam-se. São formados cistos no cólon, que são eli- Diagnóstico laboratorial – Oócitos visíveis nas fezes pela
minados nas fezes. coloração acidorresistente.

Transmissão e epidemiologia – Cistos transmitidos pela Tratamento – Não há terapia efetiva; contudo, a paromo-
via fecal-oral. Reservatório humano. Ocorre em escala mun- micina pode reduzir os sintomas.
dial, especialmente nos trópicos.
Prevenção – Nenhuma.
Patogênese – Os trofozoítos invadem o epitélio do cólon e
produzem uma úlcera em forma de frasco. Podem dissemi- Trichomonas vaginalis
nar-se para o fígado e causar abscessos amebianos.
Doença – Tricomoníase.
Diagnóstico laboratorial – Trofozoítos ou cistos visíveis Características – Protozoário urogenital. Trofozoítos flage-
nas fezes. O teste sorológico (teste indireto de hemaglutina- lados piriformes. Não há cistos ou outras formas.
ção) é positivo na doença invasiva (p. ex., fígado).
Transmissão e epidemiologia – Transmitido sexualmente.
Tratamento – Metronidazol ou tinidazol para doença sin- Reservatório humano. Ocorre em escala mundial.
tomática. Iodoquinol ou paromomicina para portadores as-
sintomáticos de cistos. Patogênese – Trofozoítos aderem-se à parede vaginal, cau-
sando inflamação e secreção.
Prevenção – Descarte apropriado de dejetos humanos. Pu-
rificação da água. Lavagem das mãos. Diagnóstico laboratorial – Trofozoítos visíveis em secre-
ções.
Giardia lamblia
Tratamento – Metronidazol para ambos os parceiros se-
Doença – Giardíase, especialmente diarreia. xuais.
Características – Protozoário intestinal. Trofozoíto flage-
lado piriforme, forma cistos com quatro núcleos. Ciclo de Prevenção – O uso de preservativos limita a transmissão.
vida: os humanos ingerem os cistos, que formam trofozoítos
no duodeno. Os trofozoítos encistam e são eliminados nas PROTOZOÁRIOS QUE CAUSAM INFECÇÕES NO
fezes. SANGUE E NOS TECIDOS CAPÍTULO 52

Transmissão e epidemiologia – Transmissão de cistos pela Espécies de Plasmodium (P. vivax, P. ovale, P.
via fecal-oral. Reservatório humano e animal. Ocorre em es- malariae e P. falciparum)
cala mundial.
Doença – Malária.
Patogênese – Os trofozoítos aderem-se à parede, mas não Características – Protozoário que infecta hemácias e teci-
a invadem. Interferem com a absorção de gorduras e pro- dos, por exemplo, fígado, rins e cérebro. Ciclo de vida: o
teínas. ciclo sexual consiste em gametogonia (produção de gametas)
em humanos e esporogonia (produção de esporozoítos) em
Diagnóstico laboratorial – Trofozoítos ou cistos visíveis mosquitos; o ciclo assexual (esquizogonia) ocorre em huma-
nas fezes. Quando necessário, o teste do cordão é realizado. nos. Os esporozoítos na saliva do mosquito Anopheles fêmea
penetram na corrente sanguínea humana e rapidamente
invadem os hepatócitos (fase exoeritrocítica). Neste local,
multiplicam-se e formam merozoítos (Plasmodium vivax e

ERRNVPHGLFRV RUJ

516 Warren Levinson

Plasmodium ovale formam também hipnozoítos, uma forma de gato. Também transmitido pela passagem transplacentá-
latente). Os merozoítos deixam os hepatócitos e infectam as ria de trofozoítos da mãe ao feto. A infecção do feto ocorre
hemácias (fase eritrocítica). Neste local, formam esquizontes apenas quando a mãe é infectada pela primeira vez durante a
que liberam mais merozoítos, os quais infectam outras he- gestação, isto é, ela não possui anticorpos protetores. O gato
mácias, em um padrão sincronizado (três dias para Plasmo- é o hospedeiro definitivo; humanos e outros mamíferos são
dium malariae; dois dias para os demais). Alguns merozoítos hospedeiros intermediários. Ocorre em escala mundial.
tornam-se gametócitos machos e fêmeas que, quando inge-
ridos pelo mosquito Anopheles fêmea, liberam gametas ma- Patogênese – Os trofozoítos infectam vários órgãos, espe-
chos e fêmeas, os quais se unem e produzem um zigoto, que cialmente cérebro, olhos e fígado. Os cistos persistem nos
forma um oocisto contendo vários esporozoítos, os quais são tecidos, aumentam de tamanho e causam sintomas. Doença
liberados e migram para as glândulas salivares. severa em pacientes com deficiência da imunidade mediada
por células, p. ex., encefalite em pacientes com AIDS.
Transmissão e epidemiologia – Transmissão por mosqui-
tos Anopheles fêmeas. Ocorre principalmente nas regiões tro- Diagnóstico laboratorial – Testes sorológicos para anti-
picais da Ásia, África e América Latina. corpos IgM e IgG são geralmente realizados. Trofozoítos ou
cistos visíveis em tecidos.
Patogênese – Os merozoítos destroem as hemácias, resul-
tando em anemia. O padrão cíclico de febre deve-se à libe- Tratamento – Sulfadiazina e pirimetamina para doença
ração periódica de merozoítos. Plasmodium falciparum pode congênita ou disseminada.
infectar hemácias de todas as idades, causando agregados de
hemácias que ocluem os capilares. Isso pode causar anóxia Prevenção – A carne deve ser cozida. Gestantes não devem
de tecidos, especialmente no cérebro (malária cerebral) e nos manipular gatos, recipientes de dejetos dos gatos ou carne
rins (febre negra). Hipnozoítos podem causar recorrências. crua.

Diagnóstico laboratorial – Organismos visíveis em esfre- Pneumocystis carinii
gaço de sangue. O esfregaço espesso é utilizado para detectar
a presença do organismo e o esfregaço delgado, para a espe- Doença – Pneumonia.
ciação.
Características – Patógeno respiratório. Em 1988 foi reclas-
Tratamento – Cloroquina, quando sensíveis. Para P. falci- sificado como levedura com base em evidências moleculares,
parum resistentes à cloroquina, utilizar mefloquina ou qui- contudo, em termos médicos, exibe várias características de
nino e doxiciclina. Primaquina para hipnozoítos de P. vivax protozoários. O ciclo de vida é incerto.
e P. ovale. Em casos severos, utilizar quinidina parenteral ou
quinino. Transmissão e epidemiologia – Transmitido por inalação.
Os humanos são o reservatório. Ocorre mundialmente. A
Prevenção – Cloroquina em regiões onde os organismos maioria das infecções é assintomática.
são sensíveis. Mefloquina ou doxiciclina em regiões com alto
risco de resistência à cloroquina. Primaquina para prevenir Patogênese – Organismos nos alvéolos causam inflamação.
recorrências. Proteção contra picadas. Controle de mosqui- A imunossupressão predispõe à doença.
tos com o uso de inseticidas e drenagem da água de áreas de
procriação. Diagnóstico laboratorial – Organismos visíveis no tecido
pulmonar ou fluido de lavagem submetidos à coloração com
Toxoplasma gondii prata.

Doença – Toxoplasmose, incluindo toxoplasmose congênita. Tratamento – Trimetoprim-sulfametoxazol, pentamidina.

Características – Protozoários de tecidos. Ciclo de vida: Prevenção – Trimetoprim-sulfametoxazol ou pentamidina
cistos nas fezes de gatos ou na carne são ingeridos por hu- em aerossol para pacientes imunossuprimidos.
manos e diferenciam-se no intestino em formas que inva-
dem a parede intestinal. Infectam macrófagos e formam Trypanosoma cruzi
trofozoítos (taquizoítos) que se multiplicam rapidamente,
matam as células e infectam outras células. Cistos conten- Doença – Doença de Chagas.
do bradizoítos são formados posteriormente. O gato in-
gere cistos na carne crua e os bradizoítos excistam, mul- Características – Protozoário do sangue e tecidos. Ciclo de
tiplicam-se e formam gametócitos machos e fêmeas, que vida: os tripomastigotas no sangue do hospedeiro reservató-
se fundem e formam oócitos no intestino do gato, sendo rio são ingeridos pelo inseto reduvídeo (barbeiro) e formam
excretados nas fezes. epimastigotas e então tripomastigotas no intestino. Quando
o inseto pica, ele defeca e as fezes contendo tripomastigotas
Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão contaminam o ferimento. Os organismos penetram no san-
de cistos em carne crua e alimentos contaminados por fezes gue e formam amastigotas no interior das células os quais,
então, tornam-se tripomastigotas.

Transmissão e epidemiologia – Transmitido por insetos
reduvídeos. Humanos e diversos animais são reservatórios.
Ocorre na América Latina rural.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 517

Patogênese – Amastigotas matam as células, especialmente Patogênese – Amastigotas matam células reticuloendote-
do músculo cardíaco, levando à miocardite. Também ocorre liais, especialmente no fígado, no baço e na medula óssea.
dano neuronal levando a megacólon e megaesôfago.
Diagnóstico laboratorial – Amastigotas visíveis em esfre-
Diagnóstico laboratorial – Tripomastigotas visíveis no gaço de medula óssea. Testes sorológicos são úteis. O teste
sangue, embora biópsia de medula óssea, cultura in vitro, xe- cutâneo indica infecção prévia.
nodiagnóstico ou testes sorológicos possam ser requeridos.
Tratamento – Estibogluconato de sódio.
Tratamento – Nifurtimox ou benznidazol para doença agu-
da. Não há fármaco efetivo para doença crônica. Prevenção – Proteção contra picadas. Controle de insetos.

Prevenção – Proteção contra picadas. Controle de insetos. Leishmania tropica, Leishmania mexicana e
Leishmania braziliensis
Trypanosoma gambiense e Trypanosoma L. tropica e L. mexicana causam leishmaniose cutânea; L.
rhodesiense braziliensis causa leishmaniose mucocutânea. L. tropica ocor-
re principalmente no Oriente Médio, Ásia e Índia, enquanto
Doença – Doença do sono (tripanossomíase africana). L. mexicana e L. braziliensis ocorrem na América Central e
do Sul. Todos são transmitidos pelo mosquito-pólvora. Roe-
Características – Protozoário do sangue e tecidos. Ciclo de dores silvestres são o principal reservatório. O diagnóstico é
vida: tripomastigotas no sangue do reservatório humano ou realizado a partir da observação de amastigotas em esfregaço
animal são ingeridos pela mosca tsé-tsé. Diferenciam-se em da lesão cutânea. O tratamento consiste em estibogluconato
epimastigotas no intestino e então em tripomastigotas me- de sódio. Não há forma específica de prevenção.
tacíclicos nas glândulas salivares. Quando a mosca pica, os
tripomastigotas penetram no sangue. Ocorre variação repe- PROTOZOÁRIOS PATÓGENOS DE MENOR
tida de antígenos de superfície, permitindo que o organismo IMPORTÂNCIA CAPÍTULO 53
evada da resposta imune.
Acanthamoeba castellanii
Transmissão e epidemiologia – Transmitido por moscas Ameba que causa meningoencefalite. Também causa ceratite
tsé-tsé. Trypanosoma gambiense possui um reservatório huma- em usuários de lentes de contato. O ciclo de vida inclui os
no e ocorre principalmente no oeste da África. Trypanosoma estágios de trofozoítos e cistos. Encontrada em lagos de água
rhodesiense possui um reservatório animal (especialmente an- doce e no solo. Transmitida por meio de traumas na pele
tílopes selvagens) e ocorre principalmente no leste da África. ou nos olhos. A doença ocorre principalmente em pacientes
imunocomprometidos. O diagnóstico é realizado pela obser-
Patogênese – Tripomastigotas infectam o cérebro, causan- vação de amebas no liquor. O tratamento com pentamidina,
do encefalite. cetoconazol ou flucitosina pode ser efetivo. Não há forma
específica de prevenção.
Diagnóstico laboratorial – Tripomastigotas visíveis no
sangue nos estágios precoces e no liquor nos estágios tardios. Naegleria fowleri
Testes sorológicos são úteis. Ameba que causa meningoencefalite. Encontrada em lagos
de água doce e no solo. O ciclo de vida inclui os estágios de
Tratamento – Suramina na doença precoce. Suramina e trofozoítos e cistos. Transmitida durante a natação ou em
melarsoprol quando há sintomas do sistema nervoso cen- mergulhos em lagos contaminados. A doença ocorre prin-
tral. cipalmente em indivíduos sadios. O diagnóstico é realizado
pela observação de amebas no liquor. O tratamento com
Prevenção – Proteção contra picadas. Controle de insetos. anfotericina B pode ser efetivo. Não há forma específica de
prevenção.
Leishmania donovani
Babesia microti
Doença – Calazar (leishmaniose visceral). Esporozoário que causa babesiose. Endêmico em roedores
ao longo da costa nordeste dos Estados Unidos. Transmiti-
Características – Protozoário do sangue e tecidos. Ciclo de do aos humanos por carrapatos Ixodes. Infectam hemácias,
vida: macrófagos humanos contendo amastigotas são ingeri- causando sua lise, resultando em anemia. Pacientes asplê-
dos pelo mosquito pólvora. Os amastigotas diferenciam-se nicos apresentam doença severa. O diagnóstico é realizado
em promastigotas no intestino da mosca e migram para a pela observação do organismo em hemácias. Tratar com uma
faringe. Durante a picada da mosca, os promastigotas pene- combinação de quinino e clindamicina. Não há forma espe-
tram em macrófagos sanguíneos e formam amastigotas. Eles cífica de transmissão.
podem infectar outras células reticuloendoteliais, especial-
mente no baço e fígado.

Transmissão e epidemiologia – Transmitido por mosqui-
tos pólvora (Phlebotomus ou Lutzomyia). Reservatório ani-
mal (principalmente cães, carnívoros pequenos e roedores)
na África, no Oriente Médio e em regiões da China. Reser-
vatório humano na Índia.

ERRNVPHGLFRV RUJ

518 Warren Levinson

Balantidium coli hospedeiros definitivos; copépodes são os primeiros hospe-
Único protozoário ciliado responsável por doença humana. deiros intermediários e o peixe, o segundo. Ocorre em escala
Causa diarreia. Adquirido por transmissão fecal-oral a partir mundial, porém é endêmico na Escandinávia, no Japão e no
de animais domésticos, especialmente porcos. O diagnóstico Centro-Norte dos Estados Unidos.
é realizado pela observação de trofozoítos ou cistos nas fezes.
Tratar com tetraciclina. Não há forma específica de prevenção. Patogênese – No intestino, a tênia causa poucos danos.

Cyclospora cayetanensis Diagnóstico laboratorial – Ovos visíveis nas fezes.
Protozoário coccídeo. Causa diarreia, especialmente em
pacientes imunocomprometidos (p. ex., AIDS). Adquirido Tratamento – Praziquantel.
por transmissão fecal-oral. Não há evidência de reservatório
animal. O diagnóstico é realizado pela observação de oóci- Prevenção – Cocção adequada de peixes. Descarte apro-
tos em fezes submetidas à coloração acidorresistente. Tratar priado de dejetos humanos.
com trimetoprim-sulfametoxazol. Não há forma específica
de prevenção. Echinococcus granulosus

Isospora belli Doenças – Doença cística hidática.
Protozoário coccídeo. Causa diarreia, especialmente em
pacientes imunocomprometidos (p. ex., AIDS). Adquirido Características – Cestódeo (tênia do cão). O escólex pos-
por transmissão fecal-oral a partir de fontes humanas ou sui quatro ventosas e um círculo duplo de ganchos. O ver-
animais. O diagnóstico é realizado pela observação de oóci- me adulto apresenta apenas três proglotes. Ciclo de vida:
tos em fezes submetidas à coloração acidorresistente. Tratar os cães são infectados quando ingerem as vísceras de car-
com trimetoprim-sulfametoxazol. Não há forma específica neiros, por exemplo, fígado, contendo cistos hidáticos. Os
de prevenção vermes adultos desenvolvem-se no intestino e os ovos são
eliminados nas fezes. Os ovos são ingeridos por carneiros
Microsporidios (e humanos) e liberam larvas hexacanto no intestino, que
Grupo de protozoários intracelulares obrigatórios e forma- migram através da corrente sanguínea a vários órgãos, espe-
dores de esporos. Duas espécies importantes são Enterocyto- cialmente fígado e cérebro. As larvas formam grandes cistos
zoon bieneusi e Septata intestinalis. Causam diarreia, especial- hidáticos uniloculares contendo diversos protoescólices e
mente em pacientes imunocomprometidos, por exemplo, cistos filhos.
AIDS. Adquiridos por transmissão fecal-oral a partir de fon-
tes humanas. O diagnóstico é realizado pela observação de Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão
esporos intracelulares nas fezes ou em espécimes de biópsia dos ovos em alimentos contaminados por fezes caninas. Os
intestinal. Tratar com albendazol. Não há forma específica cães são os principais hospedeiros definitivos; carneiros são
de prevenção hospedeiros intermediários; os humanos são hospedeiros
“beco sem saída”. Endêmico em regiões de criação de car-
CESTÓDEOS CAPÍTULO 54 neiros, por exemplo, Mediterrâneo, Oriente Médio e alguns
estados do oeste dos Estados Unidos.
Diphyllobothrium latum
Patogênese – O cisto hidático é uma lesão ocupante de es-
Doença – Difilobotríase. paço. Além disso, quando o cisto se rompe, os antígenos no
fluido podem causar anafilaxia.
Características – Cestódeo (tênia de peixes). O escólex pos-
sui dois sulcos de sucção alongados; não há ventosas circula- Diagnóstico laboratorial – Testes sorológicos, por exem-
res ou ganchos. O útero grávido forma uma roseta. Os ovos plo, hemaglutinação indireta. Exame patológico do cisto
ovais apresentam um opérculo em uma das extremidades. excisado.
Ciclo de vida: os humanos ingerem peixe malcozido conten-
do larvas esparganas. As larvas aderem-se à parede intestinal Tratamento – Albendazol ou remoção cirúrgica do cisto.
e tornam-se adultos contendo proglotes grávidas. Os ovos
são eliminados nas fezes. Na água doce, os ovos eclodem e os Prevenção – Cães não devem ser alimentados com vísceras
embriões são ingeridos por copépodes. Quando são ingeri- de carneiro.
dos por peixes de água doce, larvas são formadas no músculo
do peixe. Taenia saginata

Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão Doença – Teníase.
de peixe de água doce cru ou malcozido. Os humanos são
Características – Cestódeo (tênia do boi). O escólex apre-
senta quatro ventosas, mas sem ganchos. As proglotes grávi-
das apresentam 15-20 ramificações uterinas. Ciclo de vida:
os humanos ingerem carne bovina malcozida contendo cis-
ticercos. As larvas aderem-se à parede intestinal e tornam-se
vermes adultos com proglotes grávidas. Proglotes terminais
são liberadas, eliminadas nas fezes, e ingeridas pelo gado bo-
vino. No intestino, embriões oncosferas eclodem, penetram

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 519

nos vasos sanguíneos e migram aos músculos esqueléticos nos estados do Sudeste, principalmente em crianças. É deno-
onde se desenvolvem em cisticercos. minada tênia anã em virtude do tamanho pequeno. Também
se diferencia de outras tênias, uma vez que os ovos são dire-
Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão tamente infecciosos para humanos, sem necessidade de um
de carne bovina crua ou malcozida. Os humanos são hospe- hospedeiro animal intermediário. O diagnóstico é realizado
deiros definitivos; o gado bovino é hospedeiro intermediário. pela observação de ovos nas fezes. Tratar com praziquantel.
Ocorre em escala mundial, porém é endêmico em regiões da Não há forma específica de prevenção.
Ásia, América Latina e leste da Europa.
TREMATÓDEOS CAPÍTULO 55
Patogênese – A tênia no intestino causa poucos danos.
Contrariamente a Taenia solium, não ocorre cisticercose. Schistosoma (S. mansoni, S. japonicum,
e S. haematobium)
Diagnóstico laboratorial – Proglotes grávidas visíveis nas
fezes. Os ovos são observados com menor frequência. Doença – Esquistossomose.

Tratamento – Praziquantel. Características – Trematódeo (verme parasita do sangue). Os
adultos apresentam-se em dois sexos, porém são ligados entre si.
Prevenção – Cocção adequada da carne bovina. Descarte Os ovos são diferenciados pelas espinhas: Schistosoma mansoni
apropriado de dejetos humanos. possui uma grande espinha lateral; Schistosoma japonicum apre-
senta pequena espinha lateral; Schistosoma haematobium apre-
Taenia solium senta espinha terminal. Ciclo de vida: os humanos são infecta-
dos pela penetração de cercárias na pele. As cercárias formam
Doenças – Teníase e cisticercose. larvas que penetram nos vasos sanguíneos e são transportadas
ao fígado, onde tornam-se adultas. Os vermes realizam migra-
Características – Cestódeo (tênia do porco). O escólex ção retrógrada na veia porta, atingindo as vênulas mesentéricas
possui quatro ventosas e um círculo de ganchos. Proglotes (S. mansoni e S. japonicum) ou as vênulas da bexiga urinária (S.
grávidas apresentam 5-10 ramificações uterinas. Ciclo de haematobium). Os ovos penetram na parede do intestino ou da
vida: os humanos ingerem carne de porco malcozida con- bexiga, são excretados e eclodem na água doce. As larvas cilia-
tendo cisticercos. As larvas aderem-se à parede intestinal e das (miracídios) penetram em caramujos e multiplicam-se por
desenvolvem-se em vermes adultos com proglotes grávidas. gerações, produzindo várias cercárias de vida livre.
Proglotes terminais desprendem-se, são eliminadas nas fezes,
e ingeridas por porcos. No intestino, embriões oncosferas Transmissão e epidemiologia – Transmitidos pela penetra-
(hexacanto) penetram nos vasos sanguíneos e migram aos ção de cercárias na pele. Os humanos são hospedeiros defini-
músculos esqueléticos onde se desenvolvem em cisticercos. tivos; caramujos são hospedeiros intermediários. Endêmicos
Quando os humanos ingerem ovos de T. solium em alimen- em regiões tropicais: S. mansoni na África e América Latina,
tos contaminados por fezes humanas, as oncosferas alojam-se S. haematobium na África e no Oriente Médio, S. japonicum
nos vasos sanguíneos e disseminam-se aos órgãos (p. ex., cé- na Ásia.
rebro, olhos), onde encistam e formam cisticercos.
Patogênese – Os ovos nos tecidos induzem inflamação, gra-
Transmissão e epidemiologia – A teníase é adquirida pela nulomas, fibrose e obstrução, especialmente no fígado e no
ingestão de carne de porco crua ou malcozida. A cisticercose baço. S. mansoni causa danos ao cólon (vênulas mesentéricas
é adquirida apenas pela ingestão de ovos em alimentos ou inferiores), S. japonicum causa danos ao intestino delgado
água contaminados por fezes. Os humanos são hospedeiros (vênulas mesentéricas superiores), e S. haematobium danifica
definitivos; os porcos ou humanos são hospedeiros interme- a bexiga. O dano à bexiga predispõe ao carcinoma.
diários. Ocorre em escala mundial, porém é endêmico em
regiões da Ásia, América Latina e sul da Europa. Diagnóstico laboratorial – Ovos visíveis nas fezes ou na
urina. Ocorre eosinofilia.
Patogênese – A tênia no intestino causa poucos danos. Os
cisticercos podem expandir e causar sintomas de lesões em Tratamento – Praziquantel.
massa, especialmente no cérebro.
Prevenção – Descarte apropriado de dejetos humanos. A
Diagnóstico laboratorial – Proglotes grávidas visíveis nas natação em áreas endêmicas deve ser evitada.
fezes. Os ovos são observados com menor frequência.
Clonorchis sinensis
Tratamento – Praziquantel para vermes intestinais e para
cisticercose cerebral. Doença – Clonorquíase.

Prevenção – Cocção adequada da carne de porco. Descarte Características – Trematódeo (verme parasita do fígado).
apropriado de dejetos humanos. Ciclo de vida: os humanos ingerem peixe malcozido conten-
do larvas encistadas (metacercárias). No duodeno, vermes
Hymenolepsis nana imaturos penetram no duto biliar, tornam-se adultos e libe-
A infecção por H. nana é a teníase mais comum nos Estados
Unidos. A infecção é geralmente assintomática. Endêmica

ERRNVPHGLFRV RUJ

520 Warren Levinson

ram ovos que são eliminados nas fezes. Os ovos são ingeridos toma) ou lâminas cortantes (Necator). Os ovos são elimina-
por caramujos; os ovos eclodem e formam miracídios, que se dos nas fezes e formam larvas rabditiformes não infecciosas
multiplicam por gerações (rédias) e então produzem várias e, em seguida, larvas filariformes infecciosas.
cercárias de vida livre, por sua vez encistadas sob as escamas
de peixes e ingeridas por humanos. Transmissão e epidemiologia – Larvas filariformes no solo
penetram na pele dos pés. Os humanos são os únicos hospe-
Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão deiros. Endêmicos nos trópicos.
de peixe de água doce cru ou malcozido. Os humanos são
hospedeiros definitivos; caramujos e peixes são hospedeiros Patogênese – Anemia decorrente da perda sanguínea no
intermediários primários e secundários, respectivamente. trato GI.
Endêmico na Ásia.
Diagnóstico laboratorial – Ovos visíveis nas fezes. Ocorre
Patogênese – Inflamação do trato biliar. eosinofilia.

Diagnóstico laboratorial – Ovos visíveis nas fezes. Tratamento – Mebendazol ou pamoato de pirantel.

Tratamento – Praziquantel. Prevenção – Uso de calçados. Descarte apropriado de de-
jetos humanos.
Prevenção – Cocção adequada de peixes. Descarte apro-
priado de dejetos humanos. Ascaris lumbricoides

Paragonimus westermani Doença – Ascaridíase.

Doença – Paragonimíase. Características – Nematódeo intestinal. Ciclo de vida: os
humanos ingerem os ovos, que formam larvas no intestino.
Características – Trematódeo (verme parasita do pulmão). As larvas migram pelo sangue até os pulmões, onde pene-
Ciclo de vida: os humanos ingerem carne de caranguejo de tram nos alvéolos, ascendem pela traqueia e são deglutidas.
água doce malcozida contendo larvas encistadas (metacercá- No intestino, tornam-se adultas e depositam ovos, que são
rias). No intestino, vermes imaturos penetram na cavidade eliminados nas fezes e são embrionados, isto é, tornam-se
peritoneal, migram através do diafragma até o parênquima infectivos no solo.
pulmonar e tornam-se adultos. Os ovos atingem os bronquí-
olos e são expectorados ou deglutidos. Na água doce, os ovos Transmissão e epidemiologia – Transmitido por alimentos
eclodem e liberam miracídios que penetram nos caramujos, contaminados por solo contendo ovos. Os humanos são os
multiplicam-se por gerações (rédias) e então formam várias únicos hospedeiros. Endêmico nos trópicos.
cercárias que infectam e encistam nos caranguejos.
Patogênese – Larvas nos pulmões podem causar pneumo-
Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão nia. Uma grande quantidade de vermes pode causar obstru-
de carne de caranguejo crua ou malcozida. Os humanos são ção intestinal ou má nutrição.
hospedeiros definitivos; caramujos e caranguejos são hospe-
deiros intermediários primários e secundários, respectiva- Diagnóstico laboratorial – Ovos visíveis nas fezes. Ocorre
mente. Endêmico na Ásia e Índia. eosinofilia.

Patogênese – Inflamação e infecção bacteriana secundária Tratamento – Mebendazol ou pamoato de pirantel.
dos pulmões.
Prevenção – Descarte apropriado de dejetos humanos.
Diagnóstico laboratorial – Ovos visíveis no escarro ou fezes.
Enterobius vermicularis
Tratamento – Praziquantel.
Doença – Infecção por oxiúros.
Prevenção – Cocção adequada de caranguejos. Descarte
apropriado de dejetos humanos. Características – Nematódeo intestinal. Ciclo de vida: os
humanos ingerem ovos, que se desenvolvem em adultos no
NEMATÓDEOS CAPÍTULO 56 intestino. À noite, fêmeas migram do ânus e depositam vá-
rios ovos sobre a pele e no meio ambiente. O embrião no
1. Infecção intestinal interior do ovo torna-se uma larva infectiva em até 4 ou 6
horas. A reinfecção é comum.
Ancylostoma duodenale e Necator americanus
Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão
Doença – Infecção por ancilóstomos. dos ovos. Os humanos são os únicos hospedeiros. Ocorre em
escala mundial.
Características – Nematódeo intestinal. Ciclo de vida: as
larvas penetram na pele, atingem o sangue e migram para Patogênese – Vermes e ovos causam prurido perianal.
os pulmões. Penetram nos alvéolos, ascendem pela traqueia,
sendo, então, deglutidas. Tornam-se adultas no intestino Diagnóstico laboratorial – Ovos visíveis pela técnica de
delgado e aderem-se às paredes por meio de dentes (Ancyslos- “fita adesiva”. Vermes adultos observados nas fraldas.

Tratamento – Mebendazol ou pamoato de pirantel.

Prevenção – Nenhuma.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 521

Strongyloides stercoralis Prevenção – Cocção adequada da carne de porco.

Doença – Estrongiloidíase. Trichuris trichiura

Características – Nematódeo intestinal. Ciclo de vida: As Doença – Infecção por verme chicote.
larvas penetram na pele, atingem o sangue e migram para
os pulmões. Penetram nos alvéolos, ascendem pela traqueia Características – Nematódeo intestinal. Ciclo de vida: os
e são deglutidas. Tornam-se adultos e penetram na mucosa, humanos ingerem os ovos, que se desenvolvem em adultos
onde as fêmeas produzem ovos que eclodem no cólon em lar- no intestino. Os ovos são eliminados nas fezes e atingem o
vas rabditiformes não infecciosas, usualmente eliminadas nas solo, onde são embrionados, isto é, tornam-se infecciosos.
fezes. Ocasionalmente, larvas rabditiformes transformam-se
em formas filariformes no intestino, que podem atingir a Transmissão e epidemiologia – Transmitido por alimentos
corrente sanguínea e migrar para os pulmões (autoinfecção). ou água contaminados por solo contendo os ovos. Os huma-
As larvas não infecciosas eliminadas nas fezes formam larvas nos são os únicos hospedeiros. Ocorre em escala mundial,
filariformes infecciosas no solo. Essas larvas podem penetrar especialmente nos trópicos.
na pele ou formarem adultos. No solo, as larvas adultas po-
dem sofrer vários ciclos de vida completos. Esse ciclo de vida Patogênese – O verme no intestino geralmente causa pou-
livre pode ser interrompido quando as larvas filariformes es- cos danos.
tabelecem contato com a pele.
Diagnóstico laboratorial – Ovos visíveis nas fezes.
Transmissão e epidemiologia – Larvas filariformes no solo
penetram na pele. Endêmico nos trópicos. Tratamento – Mebendazol.

Patogênese – Efeito discreto em indivíduos imunocompe- Prevenção – Descarte apropriado de dejetos humanos.
tentes. Em indivíduos imunocomprometidos, pode ocorrer
superinfecção maciça, acompanhada por infecções bacteria- 2. Infecção de tecidos
nas secundárias.
Dracunculus medinensis
Diagnóstico laboratorial – Larvas visíveis nas fezes. Ocor-
re eosinofilia. Doenças – Dracunculíase.

Tratamento – Invermectina é o fármaco de escolha. Tai- Características – Nematódeo de tecidos. Ciclo de vida: os
bendazol é uma alternativa. humanos ingerem copépodes contendo larvas infectivas na
água potável. As larvas são liberadas no intestino, migram
Prevenção – Descarte apropriado de dejetos humanos. para a cavidade corporal, amadurecem e acasalam. A fêmea
fertilizada migra para o tecido subcutâneo e forma uma
Trichinella spiralis pápula que ulcera. Larvas móveis são liberadas na água, onde
são ingeridas por copépodes e formam larvas infecciosas.
Doença – Triquinose.
Transmissão e epidemiologia – Transmitido por copépo-
Características – Nematódeo intestinal que encista nos te- des na água potável. Os humanos são os principais hospedei-
cidos. Ciclo de vida: os humanos ingerem carne malcozida ros definitivos. Vários animais domésticos são hospedeiros
contendo larvas encistadas, que amadurecem em adultos no reservatórios. Endêmico na África tropical, no Oriente Mé-
intestino delgado. Vermes fêmeas liberam larvas que pene- dio e na Índia.
tram na corrente sanguínea e migram aos músculos esquelé-
ticos ou ao cérebro, onde encistam. Patogênese – Vermes adultos na pele causam inflamação e
ulceração.
Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão de
carne crua ou malcozida, geralmente de porco. Os hospedeiros Diagnóstico laboratorial – Não é útil.
reservatórios são principalmente porcos e ratos. Os humanos
são hospedeiros “beco sem saída”. Ocorre em escala mundial, Tratamento – Tiabendazol ou metronidazol. Extração do
porém é endêmico no leste da Europa e oeste da África. verme da úlcera cutânea.

Patogênese – As larvas encistam no interior de células de Prevenção – Purificação da água potável.
músculos estriados, denominadas “células alimentadoras”,
causando inflamação muscular. Loa loa

Diagnóstico laboratorial – Larvas encistadas visíveis na Doença – Loíase.
biópsia do músculo. Ocorre eosinofilia. Testes sorológicos
positivos. Características – Nematódeos de tecidos. Ciclo de vida: a
picada da mosca do cervo (mosca da manga) deposita larvas
Tratamento – Tiabendazol é efetivo precocemente contra infectivas, que penetram na pele e desenvolvem-se em adultos
vermes adultos. Para sintomas severos, podem ser tentados que migram subcutaneamente. As fêmeas produzem microfi-
esteroides e mebendazol. lárias, que penetram na corrente sanguínea. Elas são ingeridas
por moscas do cervo, onde são formadas larvas infectivas.

Transmissão e epidemiologia – Transmitidas pela mos-
ca-do-cervo. Os humanos são os únicos hospedeiros defini-

ERRNVPHGLFRV RUJ

522 Warren Levinson

tivos. Não há reservatório animal. Endêmico na África Cen- Tratamento – Dietilcarbamazina afeta as microfilárias. Não
tral e Ocidental. há tratamento para vermes adultos.
Prevenção – Controle de mosquitos.
Patogênese – A hipersensibilidade aos vermes adultos cau-
sa “intumescimento” na pele. Observação de verme adulto 3. Nematódeos cujas larvas causam doença
atravessando a conjuntiva ocular.
Toxocara canis
Diagnóstico laboratorial – Microfilárias visíveis em esfre- Doença – Larva migrans visceral.
gaço de sangue. Características – As larvas nematódeas causam doença.
Ciclo de vida em humanos: ovos de Toxocara são elimina-
Tratamento – Dietilcarbamazina. dos nas fezes caninas e ingeridos por humanos. Eclodem em
larvas no intestino delgado; as larvas penetram na corrente
Prevenção – Controle da mosca-do-cervo. sanguínea e migram aos órgãos, especialmente ao fígado, ao
cérebro e aos olhos, onde são encapsuladas e morrem.
Onchocerca volvulus Transmissão e epidemiologia – Transmitido pela ingestão
dos ovos em alimentos ou água contaminados por fezes ca-
Doença – Oncocercose (cegueira dos rios). ninas. Os cães são hospedeiros definitivos. Os humanos são
hospedeiro beco sem saída.
Características – Nematódeo de tecidos. Ciclo de vida: a Patogênese – Granulomas são formados ao redor das larvas
picada da mosca-negra fêmea deposita larvas no tecido sub- mortas. Granulomas na retina podem causar cegueira.
cutâneo, onde amadurecem em vermes adultos no interior Diagnóstico laboratorial – Larvas visíveis em tecidos. Tes-
de nódulos dérmicos. As fêmeas produzem microfilárias, que tes sorológicos são úteis.
migram em fluidos intersticiais e são ingeridas por moscas Tratamento – Albendazol ou mebendazol.
negras, onde as larvas infectivas são formadas. Prevenção – Os cães devem ser vermifugados.

Transmissão e epidemiologia – Transmitido por moscas Ancylostoma caninum e Ancylostoma
negras fêmeas. Os humanos são os únicos hospedeiros defi- braziliense
nitivos. Não há reservatório animal. Endêmico ao longo de As larvas filariformes de A. caninum (ancilóstomo do cão) e
rios da África Tropical e América Central. A. braziliense (ancilóstomo do gato) causam larva migrans
cutânea. As larvas no solo penetram através da pele, migram
Patogênese – Microfilárias nos olhos podem causar ceguei- pelo tecido subcutâneo, causando um eritema pruriginoso
ra (“cegueira dos rios”). Vermes adultos induzem nódulos denominado “erupção serpiginosa”. Esses organismos não
inflamatórios na pele. Observa-se uma dermatite com desca- podem completar seu ciclo de vida em humanos. O diagnós-
mação, denominada “pele de lagartixa”. Ocorre também per- tico é realizado clinicamente. Tiabendazol é efetivo.
da de tecido subcutâneo, denominada “virilha pendente”.
Anisakis simplex
Diagnóstico laboratorial – Microfilárias visíveis em bióp- As larvas de A. simplex causam anisaquíase. São ingeridas em
sia de pele, não no sangue. frutos do mar crus, como sashimi e sushi, e migram para
a submucosa do trato intestinal. A infecção aguda asseme-
Tratamento – Ivermectina afeta microfilárias, mas não ver- lha-se à apendicite. O diagnóstico não depende do laborató-
mes adultos. Suramina para vermes adultos. rio clínico. Não há terapia efetiva com fármacos. A preven-
ção consiste em não ingerir peixe cru.
Prevenção – Controle da mosca-negra e ivermectina.
■ RESUMOS DE ECTOPARASITAS DE
Wuchereria bancrofti IMPORTÂNCIA MÉDICA

Doença – Filariose. ECTOPARASITAS QUE CAUSAM DOENÇA
HUMANA CAPÍTULO 69
Características – Nematódeo de tecidos. Ciclo de vida: a pica-
da do mosquito fêmea deposita larvas infectivas que penetram 1. Piolhos
no ferimento da picada, formam adultos e produzem microfi-
lárias. Elas circulam no sangue, principalmente à noite, e são Pediculus humanus e Phthirus pubis
ingeridas por mosquitos, onde são formadas larvas infectivas. Doença – Pediculose.

Transmissão e epidemiologia – Transmitido por mosqui-
tos fêmeas de diversos gêneros, especialmente Anopheles e
Culex, dependendo da região geográfica. Os humanos são
os únicos hospedeiros definitivos. Endêmico em diversas re-
giões tropicais.

Patogênese – Vermes adultos causam inflamação que blo-
queia os vasos linfáticos (elefantíase). A infecção repetida e
crônica é requerida para que os sintomas ocorram.

Diagnóstico laboratorial – Microfilárias visíveis em esfre-
gaço de sangue.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Microbiologia Médica e Imunologia 523

Características – Piolhos são facilmente visualizados. P. Tratamento – Permetrina.
humanus apresenta corpo alongado, enquanto P. pubis exibe Prevenção – Tratar contatos e descartar fômites.
corpo curto, similar a um caranguejo. Lêndeas são os ovos
do piolho, frequentemente aderidas ao pedículo piloso ou 4. Carrapatos
nas vestimentas.
Transmissão e epidemiologia – Os piolhos capilares e cor- Espécies de Dermacentor
porais são transmitidos de um humano a outro por contato, Doença – Paralisia por carrapato.
especialmente com fômites como chapéus e pentes. Piolhos Características – Determinadas espécies de carrapatos pro-
pubianos são transmitidos por contato sexual. duzem uma neurotoxina.
Patogênese – O prurido é causado por uma resposta de hi- Transmissão – Carrapatos habitam em regiões de matagais
persensibilidade à saliva do piolho. e aderem-se à pele humana.
Diagnóstico laboratorial – Não envolvido. Patogênese – O carrapato fêmea requer um repasto sanguí-
Tratamento – Permetrina. neo e a toxina penetra no sítio da picada através da saliva do
Prevenção – Objetos pessoais devem ser tratados ou des- carrapato. A neurotoxina bloqueia a liberação de acetilcolina
cartados. na junção neuromuscular. Ação similar à toxina botulínica.
Diagnóstico laboratorial – Não envolvido.
2. Moscas Tratamento – A remoção do carrapato resulta na pronta
reversão da paralisia.
Dermatobia hominis Prevenção – Remoção de carrapatos; uso de vestuário pro-
tetor.
Doença – Miíase.
Características – As doenças são causadas pelas larvas de 5. Aranhas
mosca (vermes) causam a doença, e não pela moscas adul-
tas. Latrodectus mactans (aranha viúva-negra)
Transmissão – A mosca adulta deposita ovos na lesão. O Doença – Picada de aranha.
ovo eclode e forma a larva. Dermatobia deposita seus ovos Características – As aranhas viúvas-negras exibem uma
sobre o mosquito e, quando o mosquito pica, os ovos são ampulheta vermelho-alaranjada em sua superfície ventral.
depositados na pele. Patogênese – A neurotoxina causa dor nas extremidades
Patogênese – A larva induz uma resposta inflamatória. e no abdômen. Entorpecimento, febre e vômitos também
Diagnóstico laboratorial – Não envolvido. ocorrem.
Tratamento – Remoção cirúrgica da larva. Diagnóstico laboratorial – Não envolvido.
Prevenção – Limitar a exposição a moscas e mosquitos. Tratamento – Antiveneno deve ser administrado em casos
severos.
3. Ácaros
Loxosceles reclusa (aranha-reclusa-marrom)
Sarcoptes scabiei
Doença – Picada de aranha.
Doença – Escabiose. Características – As aranhas-reclusas-marrons apresentam
Características – Corpo esférico, com oito patas curtas. Ta- um padrão em forma de violino em sua superfície dorsal.
manho muito diminuto, de modo que não pode ser visuali- Patogênese – A dermotoxina é uma protease que causa le-
zado a olho nu. sões necróticas dolorosas.
Transmissão – Contato interpessoal ou com fômites como Diagnóstico laboratorial – Não envolvido.
vestimentas. Tratamento – O antiveneno não é disponível nos Estados
Patogênese – O prurido é causado por uma resposta de hi- Unidos.
persensibilidade às fezes do ácaro.
Diagnóstico laboratorial – O exame microscópico revela
ácaros e suas fezes.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Casos Clínicos

Estes casos clínicos referem-se a manifestações típicas de CASO 3
doenças infecciosas comuns. O conhecimento dos organis-
mos causais mais prováveis destes casos clínicos aprimorará Um homem de 40 anos queixa-se de diarreia aquosa e fétida
suas capacidades diagnósticas. Os casos são apresentados ocorrida nas últimas duas semanas. Ele ingeriu água não tra-
em ordem aleatória, e as características importantes do tada em um acampamento há cerca de um mês. São observa-
caso são assinaladas em negrito. dos trofozoítos flagelados piriformes nas fezes.

CASO 1 DIAGNÓSTICO: Giardíase causada por Giardia lam-
blia. Dentre os protozoários que são causas comuns de diar-
Uma mulher de 22 anos apresenta faringite severa. Os reia, Giardia e Cryptosporidium causam diarreia aquosa, e
achados do exame clínico incluem garganta inflamada, Entamoeba causa diarreia sanguinolenta. Ver, na página 359,
linfonodos cervicais intumescidos e baço aumentado. Seu informações adicionais sobre Giardia; na página 360, infor-
teste de aglutinina heterofílica (teste de Monospot) é mações adicionais sobre Cryptosporidium, e, na página 356,
positivo. informações adicionais sobre Entamoeba.

DIAGNÓSTICO: Mononucleose infecciosa causada CASO 4
por vírus Epstein-Barr. Outros vírus e bactérias, especial-
mente Streptococcus pyogenes, podem causar faringite e lin- Um homem de 35 anos, positivo para anticorpos con-
fadenopatia cervical; entretanto, baço aumentado e teste tra HIV, apresentou cefaleia e febre baixa (temperatura de
de Monospot positivo tornam a mononucleose infecciosa 38ºC) nas duas últimas semanas. Observam-se leveduras
o diagnóstico mais provável. Ver informações adicionais na com brotamento e ampla cápsula em uma preparação de
página 262. tinta Nanquim do liquor.

CASO 2 DIAGNÓSTICO: Meningite causada por Cryptococcus
neoformans. O teste de aglutinação de látex, que detecta o
Um menino de cinco anos de idade com cetoacidose diabé- antígeno polissacarídico capsular de Cryptococcus no liquor,
tica apresenta ptose na pálpebra direita, edema periorbital e é um teste mais sensível e específico que o teste com tinta
uma lesão cutânea necrótica e negra sob o olho. A biopsia da Nanquim. Ver informações adicionais na página 352. Quan-
lesão cutânea revela hifas não septadas com ramificações do bacilos acidorresistentes são observados no liquor, con-
de grande angulação. siderar Mycobacterium tuberculosis. Ver informações adicio-
nais na página 167.
DIAGNÓSTICO: Mucormicose causada por espécies
de Mucor ou Rhizopus. A cetoacidose diabética e acidose re- CASO 5
nal predispõem à mucormicose. Esporos fúngicos são inala-
dos até os sinus, resultando em lesões na face. Ver informa- Um menino de 12 anos de idade apresenta o braço dolorido,
ções adicionais na página 354. que acredita o ter lesionado durante os arremessos em um
jogo de beisebol da Liga Infantil. A dor agravou-se ao longo
de um período de duas semanas e atualmente ele apresenta
temperatura de 38ºC. O raio-X do úmero revela elevação do

ERRNVPHGLFRV RUJ

Casos Clínicos 525

periósteo. O aspirado da lesão revela cocos gram-positivos DIAGNÓSTICO: Abscesso cerebral causado por No-
em agrupamentos. cardia asteroides. N. asteroides inicialmente infecta o pulmão,
onde pode ou não causar sintomas em indivíduos imuno-
DIAGNÓSTICO: Osteomielite causada por Staphylo- competentes. A disseminação para o cérebro é comum em
coccus aureus. Este organismo é a causa mais comum de pacientes imunocomprometidos. Ver informações adicionais
osteomielite em crianças. A osteomielite em articulações na página 175.
prostéticas é frequentemente causada por Staphylococcus epi-
dermidis. Ver informações adicionais sobre estafilococos na CASO 9
página 113.
Um homem de 20 anos apresenta cefaleia e vômitos, mani-
CASO 6 festados na véspera. Atualmente, ele mostra-se confuso. Ao
exame, apresenta temperatura de 39ºC e rigidez de nuca. O
Uma mulher de 50 anos, submetida à quimioterapia via cateter liquor revela ausência de bactérias na coloração de Gram, 25
subclávio para leucemia aguda, apresenta manifestação súbita linfócitos, proteínas normais e glicose normal. A cultura do
de cegueira em seu olho direito. Sua contagem total de leucó- liquor em ágar sangue não revela colônias bacterianas.
citos é 120/μL. Nas hemoculturas, houve crescimento de leve-
duras com brotamento que formaram tubos germinativos. DIAGNÓSTICO: Meningite viral, a qual é causada
com maior frequência por vírus coxsackie. É possível iso-
DIAGNÓSTICO: Endoftalmite (infecção intraocular) lar o vírus a partir do liquor. Ver informações adicionais na
causada por Candida albicans. Uma infecção associada ao página 291.
cateter originou um êmbolo contendo o organismo, que se
deslocou através da corrente sanguínea, atingindo o globo CASO 10
ocular. C. albicans é membro da microbiota normal da pele
e penetra através de uma ruptura na pele no sítio do cateter. Um homem de 60 anos, com histórico de tuberculose, atual-
Ver informações adicionais na página 351. mente apresenta tosse produtiva com escarro sanguinolento.
O raio-X de tórax revela uma massa circular opaca no inte-
Quando a hemocultura origina colônias de cocos gram- rior de uma cavidade no lobo superior esquerdo. Na cultura
-positivos em agrupamentos e coagulase-negativos, conside- do escarro houve o crescimento de um organismo com hifas
rar Staphylococcus epidermidis, outro membro da microbiota septadas, paredes retas e paralelas. As hifas exibem ramifi-
da pele, que também é uma causa comum de infecções as- cação pouco angulosa.
sociadas a cateteres. Ver informações adicionais na página
113. DIAGNÓSTICO: “Bola fúngica” causada por Asper-
gillus fumigatus. Os esporos fúngicos são inalados até os pul-
CASO 7 mões, onde crescem no interior de uma cavidade pré-exis-
tente, causada pela infecção por Mycobacterium tuberculosis.
Um homem de 60 anos apresentou tosse não produtiva e Ver informações adicionais na página 353.
febre (temperatura de 38,5ºC) por uma semana. Ele foi sub-
metido a um transplante renal há seis semanas e apresentou CASO 11
um episódio de rejeição que exigiu aumento na administra-
ção de prednisona. Não houve resposta à eritromicina, in- Uma menina de três meses de idade apresenta diarreia aquo-
dicando Legionella e Mycoplasma como causas improváveis. sa, não sanguinolenta. A coprocultura revela apenas a micro-
No fluido de lavagem broncoalveolar, observam-se corpos biota entérica normal.
de inclusão em olho de coruja no interior do núcleo das
células infectadas. DIAGNÓSTICO: Considerar rotavírus, a causa mais
comum de diarreia em bebês. O teste de ELISA para antí-
DIAGNÓSTICO: Pneumonia por citomegalovírus. genos de rotavírus nas fezes é positivo, confirmando o diag-
Estas inclusões intranucleares são achados típicos de infec- nóstico. Ver informações adicionais na página 293.
ções por CMV. A imunossupressão predispõe a infecções
disseminadas por CMV. Ver informações adicionais na pá- CASO 12
gina 261.
Uma mulher de 30 anos apresenta uma úlcera indolor na
CASO 8 língua. Ela é positiva para anticorpos contra HIV e apresenta
contagem de CD4 de 25. Seu soro não é reativo no teste de
Uma mulher de 45 anos queixa-se de enfraquecimento cres- VDRL. A biópsia da lesão revela leveduras no interior de
cente no braço direito durante os últimos dias. Esta manhã, macrófagos.
ela sofreu convulsão generalizada. Ela concluiu recentemen-
te um curso de quimioterapia. A RM cerebral revela uma DIAGNÓSTICO: Histoplasmose disseminada, causada
lesão similar a um abscesso. A biópsia cerebral revela bacilos por Histoplasma capsulatum. Pacientes com baixa contagem
gram-positivos em filamentos longos. O organismo é fra- de CD4 exibem imunidade mediada por células severamen-
camente acidorresistente. te reduzida, predispondo à doença disseminada causada por
este fungo dimórfico. Um teste de VDRL negativo indica

ERRNVPHGLFRV RUJ

526 Warren Levinson

que a úlcera não foi causada por Treponema pallidum. Ver clara de hemólise (beta). O crescimento do organismo foi
informações adicionais na página 347. inibido por bacitracina.

CASO 13 DIAGNÓSTICO: Celulite causada por Streptococcus
pyogenes. A rápida disseminação da celulite causada por S.
Um homem de 20 anos exibe tornozelo edemaciado, rubro, pyogenes deve-se à hialuronidase (fator de disseminação) que
quente e doloroso, acompanhado de temperatura corporal degrada o ácido hialurônico do tecido subcutâneo. Glome-
de 38ºC há dois dias. Não há histórico de trauma. Obser- rulonefrite aguda (GNA) pode ocorrer após as infecções
vam-se diplococos gram-negativos no aspirado de fluido cutâneas causadas por S. pyogenes. GNA é uma doença imu-
articular. O organismo é oxidase-positivo. nológica causada por complexos antígeno-anticorpo. Ver
informações adicionais na página 118.
DIAGNÓSTICO: Artrite causada por Neisseria gonor-
rhoeae, a causa mais comum de artrite infecciosa em adul- CASO 17
tos sexualmente ativos. Testes de fermentação de açúcares
foram utilizados para identificar o organismo como N. go- Um menino de quatro anos acorda à noite em virtude de
norrhoeae. Ver informações adicionais na página 128. prurido na região anal. Observam-se ovos de vermes na pre-
paração de “fita adesiva”.
CASO 14
DIAGNÓSTICO: Infecção por oxiúros (enterobíase)
Uma mulher de 40 anos apresenta visão embaçada e fala in- causada por Enterobius vermicularis. A infecção por oxiúros
distinta. Ela está afebril. Ela é conhecida na vizinhança por é a doença causada por helmintos mais comum nos Estados
suas conservas caseiras de vegetais e frutas. Unidos. Ver informações adicionais na página 385.

DIAGNÓSTICO: Botulismo causado por Clostridium CASO 18
botulinum. A toxina botulínica causa paralisia descendente,
que se inicia nos nervos cranianos, manifestando-se inicial- Uma mulher de 25 anos apresenta mão edemaciada, infla-
mente por diplopia. A toxina é uma protease que cliva as mada e dolorosa. Ela foi mordida por um gato há cerca de
proteínas envolvidas na liberação de acetilcolina na jun- oito horas. Observam-se bacilos gram-negativos pequenos
ção neuromuscular. Tratar imediatamente com antissoro. no exsudato da lesão.
Confirmar o diagnóstico com teste de proteção em ca-
mundongos, utilizando uma amostra do alimento suspei- DIAGNÓSTICO: Celulite causada por Pasteurella mul-
to de conter a toxina. Ver informações adicionais na página tocida. O organismo é membro da microbiota oral normal
134. de gatos. Ver informações adicionais na página 166.

Botulismo de ferimentos ocorre em usuários de heroína CASO 19
(p. ex., usuários de heroína negra), especialmente por “skin
pop”. Esporos bacterianos presentes na heroína germinam Uma menina de sete anos apresenta diarreia sanguinolen-
nas condições anaeróbias do tecido cutâneo necrótico. ta e febre (temperatura de 38ºC), sem náusea ou vômitos.
Apenas colônias fermentadoras de lactose são observadas em
CASO 15 ágar EAM.

Um neonato nasceu com cabeça pequena (microcefalia), ic- DIAGNÓSTICO: Considerar Campylobacter jejuni
terícia e hepatoesplenomegalia. A urina contém células gi- ou linhagens entero-hemorrágicas de Escherichia coli (E. coli
gantes multinucleadas com inclusões intranucleares. O157:H7). Quando Campylobacter é a causa, observam-se co-
lônias em ágar Campylobacter, contendo bacilos gram-nega-
DIAGNÓSTICO: Infecção por citomegalovírus ad- tivos curvos, e as colônias no ágar EAM provavelmente sejam
quirida no útero. Citomegalovírus é a principal causa de E. coli não patogênicas. Se E. coli O157:H7 for a causa, o orga-
anomalias congênitas. Para ocorrer infecção fetal, a mãe nismo nas colônias fermentadoras de lactose no ágar EAM será
deve ser infectada pela primeira vez durante a gestação. incapaz de fermentar sorbitol. A ausência de colônias não
Desse modo, ela não possuirá anticorpos pré-existentes para fermentadoras de lactose indica que Shigella e Salmonella não
neutralizar o vírus antes de infectar a placenta e o feto. Ver são a causa. Ver informações adicionais sobre Campylobacter na
informações adicionais na página 261. página 152 e sobre E. coli O157:H7, na página 143.

CASO 16 CASO 20

Uma menina de 14 anos apresenta erupção eritematosa, do- Uma menina de 15 anos apresentou tosse não produtiva e
lorosa e de rápida disseminação na perna. A erupção apre- temperatura de 38ºC nos últimos cinco dias. Os sintomas
senta-se quente e sensível e a temperatura dela é de 38ºC. manifestaram-se gradativamente. O exame pulmonar revela
Cocos gram-positivos em cadeias foram observados em poucos estertores dispersos. O raio-X de tórax revela infiltra-
um aspirado da lesão. Na cultura do aspirado em ágar san- do disseminado no lobo inferior esquerdo, com ausência de
gue desenvolveram-se colônias circundadas por uma zona consolidação. O teste de aglutininas frias é positivo.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Casos Clínicos 527

DIAGNÓSTICO: Pneumonia atípica causada por respiratórias e cultura celular. Ver informações adicionais na
Mycoplasma pneumoniae. Este organismo é a causa mais página 279.
comum de pneumonia atípica em adolescentes e adultos
jovens. No teste de aglutininas frias, os anticorpos no soro CASO 24
do paciente aglutinam as hemácias humanas no frio (4ºC).
Estes anticorpos não reagem com Mycoplasma. Ver informa- Um homem de 34 anos exibia seu estado de saúde habitual
ções adicionais na página 177. até a noite passada, quando sentiu-se febril, apresentou ca-
lafrios e dispneia em repouso. T 39oC, PA 110/60, FC 104,
CASO 21 FR 18. Estertores difusos foram auscultados em ambas as
bases. Um novo murmúrio consistente com insuficiência de
Um homem de 45 anos sofreu fratura de crânio em um aci- tricúspide foi auscultado. Marcas de agulhas foram obser-
dente de automóvel. No dia seguinte, ele observou um flui- vadas em ambos os antebraços. Cocos gram-positivos em
do claro sendo secretado pelo nariz, mas não o informou aos agrupamentos cresceram na hemocultura.
profissionais hospitalares. No dia subsequente, ele apresen-
tou febre de 39ºC e queixou-se de cefaleia severa. Ao exame DIAGNÓSTICO: Endocardite aguda causada por Sta-
físico, foi observada rigidez de nuca. A análise do liquor re- phylococcus aureus. Esse organismo é a causa mais comum
velou 5.200 leucócitos/μL, sendo 90% neutrófilos. A colo- de endocardite aguda em usuários de fármaco injetáveis. As
ração de Gram revelou diplococos gram-positivos. válvulas do lado direito do coração estão frequentemente en-
volvidas. Ver informações adicionais na página 116.
DIAGNÓSTICO: Meningite causada por Streptococcus
pneumoniae. Pacientes com fratura de placa cribiforme, CASO 25
que eliminam liquor pelo nariz são predispostos à me-
ningite por esse organismo. Pneumococos podem colonizar Um bebê de duas semanas de idade apresentava-se hígido
a mucosa nasal e atingir o espaço subaracnoide através da ao receber alta do hospital há 10 dias, assim permanecendo
placa cribiforme fraturada. Ver informações adicionais na até a última noite, quando mostrou-se sonolento e rubori-
página 124. zado. Sua pele mostrava-se quente ao toque. Ao exame físi-
co, a estimulação do bebê foi muito difícil, mas não haviam
CASO 22 outros achados positivos. Sua temperatura era de 40ºC. A
hemocultura revelou crescimento de cocos gram-positivos
Uma menina de sete anos até três semanas atrás apresenta- em cadeias. Uma pequena zona de hemólise clara (beta)
va-se hígida, quando passou a queixar-se de estar “sempre foi observada ao redor das colônias. O teste de hidrólise de
cansada”. Ao exame, sua temperatura é de 38ºC e há sensibi- hipurato foi positivo.
lidade abaixo do joelho direito. Hemoglobinas: 10.2; conta-
gem de leucócitos: 9.600 com aumento de neutrófilos. Uma DIAGNÓSTICO: Sépsis neonatal causada por Strep-
preparação para células falciformes revela uma tendência tococcus agalactiae (estreptococos do grupo B). Estreptoco-
moderada à falcização. Bacilos gram-negativos cresceram cos do grupo B são a causa mais comum de sépsis neona-
na hemocultura. tal. Considerar Escherichia coli se forem observados bacilos
gram-negativos, ou Listeria monocytogenes se forem observa-
DIAGNÓSTICO: Osteomielite causada por espécies de dos bacilos gram-positivos. Ver informações adicionais sobre
Salmonella. A anemia falciforme predispõe à osteomielite estreptococos do grupo B, na página 118; informações adi-
causada por espécies de Salmonella. As células falciformes cionais sobre Escherichia coli na página 143, e informações
de morfologia anormal são capturadas em pequenos capila- adicionais sobre Listeria monocytogenes na página 138.
res do osso e causam microinfartações. Essas microinfarta-
ções aumentam a probabilidade de infecção por Salmonella. CASO 26
Ver informações adicionais na página 146.
Uma mulher de 70 anos foi submetida a uma substituição
CASO 23 de quadril em virtude de doença articular degenerativa se-
vera. Ela evoluiu bem até um ano após, quando uma queda
Um menino de três meses apresenta tosse persistente e respi- resultou em fratura do fêmur e foi necessária a substituição
ração ofegante severa nos últimos dois dias. Ao exame físico, da prótese. Após três semanas, fluido sanguinolento passou
sua temperatura é de 39ºC e roncos ásperos são auscultados a drenar pelo sítio da ferida. A paciente mostrou-se afebril e
bilateralmente. O raio-X do tórax revela infiltrados intersti- o exame físico não foi significativo. Após dois dias, em virtu-
ciais também bilateralmente. O diagnóstico foi realizado por de do aumento da drenagem, o ferida foi debridada, sendo
ELISA, que detectou antígenos virais nos lavados nasais. verificada a presença de pus. A coloração de Gram do pus
foi negativa, embora uma coloração acidorresistente tenha
DIAGNÓSTICO: Considerar pneumonia causada por revelado bacilos vermelhos.
vírus sincicial respiratório, a causa mais comum de pneu-
monia e bronquiolite em bebês. RSV causa células gi- DIAGNÓSTICO: Infecção de articulação prostética
gantes (sincícios), que podem ser observadas em secreções causada pelo complexo Mycobacterium fortuitum-chelonei.

ERRNVPHGLFRV RUJ

528 Warren Levinson

Considerar Staphylococcus epidermidis se forem observados sinus maxilares e o sangramento foi estancado com tampões
cocos gram-positivos em agrupamentos. Ver informações nasais. Cocos gram-positivos foram observados no sangue
adicionais sobre o complexo Mycobacterium fortuitum-che- aderido ao tampão nasal.
lonei na página 173 e informações adicionais sobre Staphylo-
coccus epidermidis, na página 117. DIAGNÓSTICO: Síndrome do choque tóxico causado
por Staphylococcus aureus. A toxina da síndrome do choque
CASO 27 tóxico é um superantígeno que estimula a liberação de
grandes quantidades de citocinas por várias células T au-
Um homem de 80 anos queixa-se de uma erupção dolorosa xiliares. Ver informações adicionais na página 114.
na fronte esquerda. A erupção é vesicular e somente em tal
região. Ele encontra-se em tratamento quimioterápico para CASO 31
leucemia. O esfregaço de material da base da vesícula revela
células gigantes multinucleadas com inclusões intranu- Uma menina de oito anos de idade apresenta erupção pru-
cleares. riginosa na região peitoral. As lesões são redondas ou ovais,
com borda inflamada e região central clara. As lesões contêm
DIAGNÓSTICO: Herpes zoster causado por vírus va- pápulas e vesículas. Observam-se hifas na preparação com
ricela-zoster. A erupção do zoster acompanha o dermátomo KOH de raspados da lesão.
do neurônio infectado latentemente. O vírus do herpes sim-
ples tipo 1 pode causar um quadro similar. A diferenciação DIAGNÓSTICO: Tinea corporis (tinha) causada por
destes vírus pode ser realizada pelo ensaio com anticorpos um dos dermatófitos, especialmente espécies de Microspo-
fluorescentes. Ver informações adicionais na página 259. rum, Trichophyton ou Epidermophyton. Os dermatófitos uti-
lizam a queratina como fonte de nutrientes, de modo que
CASO 28 as lesões são limitadas à pele. Ver informações adicionais na
página 344.
Uma mulher de 55 anos apresenta uma úlcera inflamada na
mão direita e vários nódulos sensíveis na face interna do bra- CASO 32
ço direito. Ela é uma ávida jardineira e aprecia especialmente
o cultivo de suas rosas. A biópsia da lesão revela leveduras Uma mulher de 25 anos apresenta uma erupção papular no
com brotamento. tronco, nos braços e nas palmas. Ela refere que a erupção
não é pruriginosa. O exame vaginal revela duas lesões planas,
DIAGNÓSTICO: Esporotricose causada por Sporothrix úmidas e discretamente elevadas nos lábios. O material da
schenckii. O organismo apresenta-se como bolor no solo e lesão labial examinado ao microscópio de campo escuro
como levedura no corpo, ou seja, é dimórfico. A infecção revelou espiroquetas.
ocorre quando esporos produzidos pelo bolor são introduzi-
dos na pele por um ferimento penetrante. Ver informações DIAGNÓSTICO: Sífilis secundária causada por Trepo-
adicionais na página 345. nema pallidum. A erupção nas palmas, associada às lesões
vaginais (condilomata lata), é compatível com sífilis secun-
CASO 29 dária. Os testes sorológicos, como o teste inespecífico
(VDRL) e o teste específico (FTA-ABS), foram positivos.
Um rapaz de 15 anos sofreu fratura de um dente numa Ver informações adicionais na página 178.
luta há várias semanas. Atualmente, ele apresenta uma re-
gião inflamada na pele sobre o dente fraturado, no centro CASO 33
da qual há uma fístula de drenagem. A coloração de Gram
do fluido de drenagem revela bacilos gram-positivos fila- Uma menina de cinco anos de idade queixa-se de dor de
mentosos. ouvido há dois dias. Ao exame, sua temperatura é de 39oC,
o canal externo direito contém sangue ressecado, o tímpa-
DIAGNÓSTICO: Actinomicose causada por Acti- no encontra-se perfurado e observa-se pequena quantidade
nomyces israelii. Observam-se “grânulos de enxofre” na fís- de fluido purulento. A coloração de Gram do pus revelou
tula de drenagem. Esses grânulos são partículas compostas diplococos gram-positivos. As colônias exibiram hemólise
por filamentos bacterianos entrelaçados. Ver informações verde (alfa) em ágar sangue. O crescimento foi inibido por
adicionais na página 175. optoquina.

CASO 30 DIAGNÓSTICO: Otite média causada por Strepto-
coccus pneumoniae. Considerar Haemophilus influenzae se
Uma mulher de 24 anos sofreu manifestação súbita de febre forem observados bacilos gram-negativos pequenos. Esses
alta, mialgias, vômito e diarreia. Seus sinais vitais eram T organismos colonizam a orofaringe e penetram no ouvido
40ºC, PA 70/30, FC 140, FR 30. Uma erupção similar à médio através da trompa de Eustáquio. Ver informações
queimadura solar surgiu em grande parte de seu corpo. As adicionais sobre Streptococcus pneumoniae na página 124
hemoculturas e coproculturas são negativas. Ela encontra-se e informações adicionais sobre Haemophilus influenzae na
em fase de recuperação de um procedimento cirúrgico nos página 158.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Casos Clínicos 529

CASO 34 diagnóstico pode ser confirmado por ensaios com anticorpos
fluorescentes. O paciente era fazendeiro que foi mordido
Uma mulher de 25 anos encontrava-se saudável até a súbita por um morcego cerca de um mês antes da manifestação
manifestação de febre alta (temperatura, 40ºC), acompanha- dos sintomas. Observe o longo período de incubação, que
da por várias lesões cutâneas púrpuras (equimoses, púrpura). pode ser de até seis meses. Indivíduos que sofreram morde-
As lesões são distribuídas por todo o corpo, exibem forma dura por morcego (ou qualquer animal silvestre) devem rece-
irregular e não são elevadas. Sua pressão arterial é 60/10 e ber imunização contra raiva, consistindo na vacina inativada
sua frequência cardíaca é 140. A hemocultura apresentou e imunoglobulinas contra raiva (imunização passiva-ativa).
crescimento de diplococos gram-negativos. Ver informações adicionais na página 283.

DIAGNÓSTICO: Meningococcemia causada por CASO 37
Neisseria meningitidis. A endotoxina (lipopolissacarídeo
ou LPS) do organismo desencadeia a liberação de inter- Um homem de 70 anos foi admitido no hospital após so-
leucina-1, fator de necrose tumoral e óxido nítrico por frer extensas queimaduras de terceiro grau. Após três dias,
macrófagos, responsáveis pela febre alta e pressão arterial apresentou febre e havia pus de coloração verde-azulada no
baixa. As lesões purpúricas são uma manifestação de coa- curativo. A coloração de Gram do pus revelou bacilos gram-
gulação intravascular disseminada (CID). A endotoxina -negativos.
ativa a cascata de coagulação, causando CID. O lipídeo A
é a porção tóxica do LPS. Ver informações adicionais na DIAGNÓSTICO: Infecção de ferimento (queimadu-
página 126. ra) por Pseudomonas aeruginosa. A coloração verde-azulada é
causada pela piocianina, um pigmento produzido pelo or-
CASO 35 ganismo. Ver informações adicionais na página 155.

Uma mulher de 40 anos encontrava-se saudável até os úl- CASO 38
timos dois dias, quando apresentou manifestação súbita de
febre, calafrios e sudorese intensa. Hoje ela se queixa de ce- Uma mulher de 65 anos relata ter sofrido vários episódios de
faleia e dor abdominal, porém sem náusea, vômitos ou diar- confusão e perda de memória durante as últimas semanas.
reia. Ela não apresenta rigidez de nuca, erupção ou estado Ao exame, ela mostra-se afebril, embora apresente marcha
mental alterado. O histórico de viagens revela que ela re- vacilante e é possível elicitar mioclonia. Nos meses seguin-
tornou há uma semana de uma longa viagem a vários países tes, sua condição deteriora e segue-se o óbito. Na autópsia,
da África Central. O esfregaço de sangue revela trofozoítos o exame microscópico do cérebro revela diversos vacúolos,
anelares no interior de hemácias. mas com ausência de corpos de inclusão virais.

DIAGNÓSTICO: Malária causada por espécies de DIAGNÓSTICO: Doença de Creutzfeldt-Jakob causa-
Plasmodium. Se forem observados gametócitos em forma da por príons. CJD é uma encefalopatia espongiforme. Os
de banana no esfregaço de sangue, considerar Plasmodium vacúolos conferem ao cérebro aspecto similar a uma esponja.
falciparum. P. falciparum é a espécie responsável pelas com- Ver informações adicionais na página 322.
plicações de risco à vida da malária, como malária cerebral.
A febre e os calafrios apresentados pelo paciente coincidem CASO 39
com a liberação de merozoítos pelas hemácias e ocorrem em
um padrão terciário ou quaternário. Ver informações adicio- Um homem de 20 anos queixa-se de vários episódios de san-
nais na página 362. gue na urina. Ele não apresenta disúria ou secreção uretral.
Ele não é sexualmente ativo. Tem um colega de faculdade
CASO 36 que nasceu e foi criado no Egito. O exame físico não revela
lesões penianas. A análise da urina revela várias hemácias,
Um homem de 35 anos é atendido no pronto-socorro com ausência de leucócitos e vários grandes ovos com espinhas
queixas de cefaleia severa e vômitos iniciados na última noi- terminais.
te. Sua temperatura é de 40ºC. Enquanto encontra-se no
PS, ele mostra-se crescentemente agressivo e sofre uma con- DIAGNÓSTICO: Esquistossomose causada por Schis-
vulsão intensa. Ele está “espumando pela boca” e não é capaz tosoma haematobium. A presença de ovos de esquistossomos
de ingerir qualquer líquido. A análise do liquor não revela nas vênulas da bexiga danificam um epitélio desse órgão e
anormalidades e não são observados organismos na colora- causam sangramento. Os ovos são excretados na urina. Ver
ção de Gram. Após dois dias, apesar das medidas de suporte, informações adicionais na página 380.
ele acabou por falecer. O exame patológico do cérebro re-
velou corpos de inclusão eosinofílicos no citoplasma de CASO 40
neurônios.
Um homem de 35 anos queixa-se de suores noturnos, ca-
DIAGNÓSTICO: Raiva (uma encefalite) causada pelo lafrios e fadiga em intervalos variáveis durante os últimos
vírus da raiva. As inclusões são corpúsculos de Negri. O dois meses. Esses episódios iniciaram enquanto ele viajava
pela América Latina. Quando questionado, informou que

ERRNVPHGLFRV RUJ

530 Warren Levinson

queijos, especialmente as variedades não pasteurizadas, são CASO 43
um de seus alimentos favoritos. Ao exame, sua temperatura
é de 39ºC e seu fígado e baço são palpáveis. Seu hematócrito Uma mulher de 30 anos queixa-se de uma sensação de quei-
é de 30% e sua contagem de leucócitos é de 5.000. A he- mação na cavidade oral e dor à deglutição. Seu histórico se-
mocultura mostrou crescimento de bacilos gram-negativos xual revela tratar-se de uma prostituta e que manteve relações
pequenos. vaginais, orais e anais com múltiplos parceiros sem proteção.
Ao exame, observam-se lesões esbranquiçadas na língua, no
DIAGNÓSTICO: Brucelose causada por espécies de palato e na faringe. Não são observadas vesículas. O teste
Brucella. Animais domésticos, como vacas e cabras, são o para anticorpos contra HIV é positivo e sua contagem CD4
principal reservatório de Brucella, sendo o organismo fre- é de 65. A coloração de Gram do material das lesões revela
quentemente transmitido por laticínios não pasteurizados. leveduras com brotamento e pseudo-hifas.
Este paciente poderia também estar acometido por febre ti-
foide causada por Salmonella typhi, contudo, S. typhi é um DIAGNÓSTICO: Monilíase causada por Candida al-
patógeno apenas de humanos, isto é, não há reservatório ani- bicans. Este organismo forma pseudo-hifas quando invade
mal. Ver informações adicionais sobre espécies de Brucella na os tecidos. A ausência de vesículas indica que seus sintomas
página 163 e informações adicionais sobre Salmonella typhi não são causados por vírus do herpes simples tipo 2. Ver in-
na página 146. formações adicionais na página 351.

CASO 41 CASO 44

Uma menina de seis anos apresenta uma erupção na face Você é médico de um campo de refugiados na África subsa-
manifestada na véspera. A erupção é eritematosa e locali- ariana, quando há ocorrência de um surto de diarreia. Gran-
zada sobre as eminências malares bilateralmente. A erup- des quantidades de fezes aquosas, não sanguinolentas, são
ção é macular; não há pápulas, vesículas ou pústulas. Alguns produzidas pelos pacientes. Bacilos gram-negativos curvos
dias antes do surgimento da erupção, ela apresentava coriza são observados na coloração de Gram das fezes.
e anorexia.
DIAGNÓSTICO: Cólera causada por Vibrio cholerae.
DIAGNÓSTICO: Síndrome da bochecha esbofete- Existem três gêneros de bacilos gram-negativos curvos: Vi-
ada causada por parvovírus B19. Este vírus também causa brio, Campylobacter e Helicobacter. Vibrio cholerae causa
anemia aplásica, uma vez que preferencialmente infecta diarreia aquosa não sanguinolenta, enquanto Campylobacter
e mata eritroblastos. Ainda, também infecta o feto causan- jejuni tipicamente causa diarreia sanguinolenta. Helicobacter
do hidropsia fetal e causa artrite mediada pelo complexo pylori causa gastrite e úlcera péptica, não diarreia.
imune, especialmente em mulheres adultas. Ver informações
adicionais na página 269. Escherichia coli enterotoxigênica causa diarreia aquo-
sa por produzir uma exotoxina que exibe o mesmo meca-
CASO 42 nismo de ação que a exotoxina produzida por V. cholerae.
Entretanto, E. coli é uma bacilo gram-negativo reto, e não
Um homem de 20 anos caiu de sua motocicleta e sofreu curvo. Se ocorresse uma surto de diarreia sanguinolenta no
uma fratura múltipla do fêmur. A fratura foi reduzida ci- campo de refugiados, Shigella dysenteriae seria a causa mais
rurgicamente e o ferimento debridado. Após quarenta e provável. Ver as seguintes páginas para informações adicio-
oito horas, ele apresentou febre (temperatura, 40ºC) e o nais: Vibrio, página 150; Campylobacter, página 152; He-
ferimento tornou-se necrótico. Foram observados crepi- licobacter, página 153; Escherichia, página 143; e Shigella,
tação e um odor fétido originado do ferimento. Anemia página 149.
acentuada e uma contagem de leucócitos de 22.800 foram
também verificadas. A coloração de Gram do exsudato CASO 45
revelou bacilos gram-positivos grandes. Colônias desen-
volveram-se em ágar sangue incubado anaeróbia, mas não Um homem de 40 anos com febre baixa e suores noturnos
aerobiamente. nas últimas quatro semanas apresenta fadiga crescente e
dispneia atualmente. Ele alega ter dificuldade para subir um
DIAGNÓSTICO: Gangrena gasosa (mionecrose) cau- lance de escadas em seu apartamento. O histórico passado
sada por Clostridium perfringens. O principal fator de viru- pertinente inclui febre reumática aos 15 anos de idade e a
lência produzido por esse organismo é uma exotoxina que extração de dois dentes do siso cerca de três semanas antes
consiste em uma lecitinase. Ela causa necrose de tecidos e do início dos sintomas. Não foi administrada quimioprofi-
lise de hemácias (causando anemia hemolítica). Os esporos laxia por ocasião das extrações. Não há histórico de uso de
do organismo localizam-se no solo e penetram no sítio do fármacos injetáveis. Sua temperatura é de 38,5ºC e um alto
ferimento. Um exsudato fétido é característico de infecções murmúrio holossistólico pode ser auscultado sobre o precór-
causadas por bactérias anaeróbias. Ver informações adicio- dio. Seu baço é palpável. Está anêmico e sua contagem de
nais na página 135. leucócitos é de 13.500. As hemoculturas apresentaram cres-
cimento de cocos gram-positivos em cadeias, que produ-

ERRNVPHGLFRV RUJ

Casos Clínicos 531

zem hemólise verde (alfa) em ágar sangue. O crescimento ingerir carne malcozida. Ver informações adicionais na pá-
não é inibido por optoquina. gina 365.

DIAGNÓSTICO: Endocardite bacteriana subaguda CASO 48
causada por um dos estreptococos do grupo viridans, como
Streptococcus sanguis. Os achados laboratoriais são também Um neonato de 10 dias apresenta diversas vesículas no couro
compatíveis com Enterococcus faecalis, porém o histórico de cabeludo e ao redor dos olhos. Apesar disso, a criança mos-
cirurgia odontológica torna os estreptococos do grupo viri- tra-se hígida, afebril e mama normalmente. Um esfregaço do
dans uma causa mais provável. A endocardite causada por E. material da base de uma vesícula submetido à coloração de
faecalis está associada à cirurgia do trato GI ou GU. Ver in- Giemsa revelou células gigantes multinucleadas com in-
formações adicionais sobre estreptococos do grupo viridans clusões intranucleares.
e E. faecalis na página 121.
DIAGNÓSTICO: Infecção neonatal causada por vírus
CASO 46 do herpes simples tipo 2. A infecção é adquirida durante a
passagem pelo canal de parto. Encefalite de risco à vida e
Uma mulher de 60 anos mostra-se assintomática, embora infecção disseminada do neonato também ocorrem. Ver in-
exiba um nódulo pulmonar observado no raio-X de tórax. O formações adicionais na página 259.
histórico passado pertinente inclui o hábito de fumar (dois
maços por dia, durante 40 anos) e exercer profissão de ar- CASO 49
queóloga, realizando escavações principalmente no Arizona e
Novo México. Diante da preocupação quanto à possibilidade Uma mulher de 40 anos acabou de sofrer uma convulsão
de o nódulo ser maligno, este foi removido cirurgicamente. intensa. Há histórico de cefaleias nas últimas semanas e um
O exame patológico revelou estruturas esféricas grandes episódio de vertigem, mas sem convulsões anteriores. Ela
(25 μ) com paredes espessas e vários esporos esféricos no mostra-se afebril. Ela é nativa de Honduras, mas reside nos
interior. Não foram observadas células malignas. Estados Unidos há cinco anos. A RM revela uma massa no
lobo parietal. A remoção cirúrgica da massa revela uma larva
DIAGNÓSTICO: Coccidioidomicose causada por no interior de um saco similar a um cisto.
Coccidioides immitis. Tais estruturas são esférulas, as quais
são patognomônicas da doença. O organismo na forma de DIAGNÓSTICO: Cisticercose causada pela larva de
bolor é encontrado no solo do sudoeste dos Estados Uni- Taenia solium. A infecção é adquirida pela ingestão de ovos
dos, sendo adquirido pela inalação de artrósporos produzi- da tênia, não pela ingestão de carne de porco malcozida. Esse
dos pelo bolor. Os artrósporos inalados formam esférulas no quadro clínico pode também ser causado por um abscesso
pulmão. C. immitis é dimórfico e forma esférulas a 37ºC. cerebral, um granuloma como um tuberculoma, ou um tu-
Ver informações adicionais na página 346. mor cerebral. Ver informações adicionais na página 374.

CASO 47 CASO 50

Uma mulher de 20 anos na trigésima semana de gestação foi Um neonato de uma semana apresenta exsudato amarela-
submetida a um exame de ultrassom que revelou um feto do nos cantos de ambos os olhos. Apesar disso, a criança
com atraso de desenvolvimento e aumento cefálico (indi- mostra-se hígida, afebril e mama normalmente. A coloração
cando hidrocefalia) e calcificações no interior do cérebro. O de Gram do exsudato não revela diplococos gram-negativos.
sangue umbilical foi cultivado e houve crescimento de tro- Um esfregaço do exsudato submetido à coloração de Giemsa
fozoítos em forma de crescente. revela uma grande inclusão citoplasmática.

DIAGNÓSTICO: Toxoplasmose causada por Toxo- DIAGNÓSTICO: Conjuntivite causada por Chlamydia
plasma gondii. A detecção de anticorpos IgM pelo teste do trachomatis. Confirmar o diagnóstico pelo teste direto com
corante de Sabin-Feldman também pode ser utilizada para o anticorpos fluorescentes. A infecção é adquirida durante a
diagnóstico. Gatos domésticos são o principal reservatório. passagem pelo canal de parto. A inclusão contém grandes
Animais de fazenda, como gado bovino, adquirem o orga- números de formas replicantes intracelulares, denomina-
nismo pela ingestão acidental de fezes felinas. Gestantes não das corpos reticulados. Ver informações adicionais na pá-
devem ser expostas aos recipientes de dejetos de gatos ou gina 185.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Resumo para Diagnóstico de
Doenças Infecciosas

Ao realizar exames, diversas questões podem ser respondi- Tabela R-2. Animais silvestres como reservatórios de or-
das com base no entendimento do significado das informa- ganismos de importância médica.
ções epidemiológicas fornecidas na descrição do caso. Para
tal, o leitor deve conhecer o reservatório do organismo, Tabela R-3. Insetos como vetores de organismos de im-
seu mecanismo de transmissão, assim como a relevância portância médica.
de fatores como viagens, ocupação, exposição a animais
de estimação, animais de fazenda ou animais silvestres. O Tabela R-4. Fontes ambientais de organismos de impor-
conhecimento sobre os micróbios que tipicamente causam tância médica.
doenças em indivíduos com imunodeficiências específicas
também será útil. Tabela R-5. Principais localizações geográficas de orga-
nismos de importância médica.
Além de ser útil para exames, essa informação será valio-
sa para a realização do diagnóstico de doenças infecciosas em Tabela R-6. Ocupações e hobbies que aumentam a expo-
sua prática clínica. sição a organismos de importância médica.

Os fatos importantes são apresentados em tabelas cujos Tabela R-7. Eventos hospitalares que predispõem à in-
nomes são listados a seguir: fecção por organismos de importância médica.

Tabela R-1. Animais de fazenda e animais domésticos Tabela R-8. Organismos que comumente causam doen-
como reservatórios de organismos de importância médica. ças em pacientes com imunodeficiências ou defesas compro-
metidas.

Tabela R-9. Fatores importantes que predispõem a in-
fecções por organismos específicos.

ERRNVPHGLFRV RUJ

Resumo para Diagnóstico de Doenças Infecciosas 533

Tabela R-1 Animais de fazenda e animais domésticos como reservatórios de organismos de importância médica

Animal Modo de transmissão Organismos importantes Doença
Gado/vacas 1. Ingestão de carne1
1. Escherichia coli Enterocolite e síndrome hemolíti-
Carneiros 2. Ingestão de produtos lácteos2 O157 ca-urêmica
Bodes
Porcos 3. Contato com peles de animais 2. Salmonella enterica Enterocolite
Aves domésticas Inalação de líquido amniótico 3. Príons CJD variante
Ingestão de produtos lácteos2 4. Taenia saginata Teníase (tênia intestinal)
(galinhas; perus) Ingestão de carne1 5. Toxoplasma gondii Toxoplasmose
Cães Ingestão de carne ou ovos1 1. Listeria monocytogenes Sépsis neonatal
2. Espécies de Brucella Brucelose
Gatos 1. Ingestão de fezes caninas 3. Mycobacterium bovis Tuberculose intestinal
2. Ingestão de urina canina Antraz
3. Mordedura por cães Bacillus anthracis
1. Ingestão de fezes felinas Febre Q
2. Mordedura/arranhadura por gatos Coxiella burnetii
Brucelose
Espécies de Brucella Teníase (tênia intestinal)3
Triquinose
1. Taenia solium
2. Trichinella spiralis Enterocolite
Enterocolite
1. Salmonella enterica
2. Campylobacter jejuni Equinococose
Larva migrans visceral
1. Echinococcus granulosus Leptospirose
2. Toxocara canis Raiva
Leptospira interrogans
Vírus da raiva Toxoplasmose
Celulite
Toxoplasma gondii Febre da arranhadura do gato; angio-
1. Pasteurella multocida
2. Bartonella henselae matose bacilar
Raiva
3. Vírus da raiva

1Crua ou malcozida.
2Não pasteurizados.
3A ingestão de ovos das fezes humanas, e não a ingestão de carne de porco, resulta em cisticercose.

Tabela R-2 Animais silvestres como reservatórios de organismos de importância médica

Animal Modo de transmissão Organismos importantes Doença

Ratos 1. Picada de pulga Yersinia pestis Peste
2. Ingestão de urina Leptospira interrogans Leptospirose
Camundongos 1. Picada de carrapato Borrelia burgdorferi Doença de Lyme
2. Inalação de aerossol das fezes Hantavírus Síndrome pulmonar por hantavírus
Morcegos, gambás, Mordedura Vírus da raiva Raiva
guaxinins e raposas
Contato Francisella tularensis Tularemia
Coelhos Inalação de aerossol Coronavírus-SARS Pneumonia
Gatos-almiscareiros,
Picada de mosquito Vírus da febre amarela Febre amarela
morcegos
Macacos Inalação de aerossol Chlamydia psittaci Psitacose
Aves
1. Aves psitacinas (p. Inalação de aerossol Influenzavírus Gripe
Inalação de aerossol Cryptococcus neoformans Meningite, pneumonia
ex., papagaios) Inalação de aerossol Histoplasma capsulatum Histoplasmose
2. Galinhas Picada de mosquito Vírus de encefalite (p. ex., vírus do Encefalite
3. Pombos
4. Estorninhos Nilo Ocidental)
5. Pardais

Cobras, tartarugas Fecal-oral Salmonella enterica Enterocolite
Peixes Ingestão de peixes1
Anisakis simplex Anisaquíase
Diphyllobothrium latum Difilobotríase

1Crus ou malcozidos.

ERRNVPHGLFRV RUJ

534 Resumo para Diagnóstico de Doenças Infecciosas

Tabela R-3 Insetos como vetores de organismos de importância médica

Insetos Organismos importantes Reservatório Doença

Carrapatos 1. Borrelia burgdorferi Camundongos Doença de Lyme
1. Ixodes (carrapato do 2. Babesia microti Camundongos Babesiose
1. Rickettsia rickettsii Roedores, cães Febre maculosa das Montanhas Rochosas
cervo) 2. Ehrlichia chaffeensis Cães Erlichiose
2. Dermacentor (carrapa- Humanos Tifo

to do cão) Humanos Malária

Piolhos Rickettsia prowazekii Humanos e macacos Febre amarela
Humanos Dengue
Mosquitos Plasmodium falciparum, P. vivax, P.ovale, Aves Encefalite
1. Anopheles P. malariae
Humanos Filariose, especialmente elefantíase
2. Aedes Vírus da febre amarela
3. Aedes Vírus da dengue Ratos Peste
4. Culex Vírus da encefalite, como vírus do Nilo
Vários animais Leishmaniose
5. Anopheles e Culex Ocidental Humanos e vários animais Doença do sono
Wuchereria bancrofti Humanos Oncocercose

Pulgas Vários animais Doença de Chagas

Pulga de rato Yersinia pestis

Moscas Leishmania donovani
1. Mosquito-pólvora Trypanosoma brucei
2. Mosca tsé-tsé Onchocerca volvulus
3. Mosca negra

Insetos reduvídeos

Barbeiro Trypanosoma cruzi

Tabela R-4 Fontes ambientais de organismos de importância médica

Fonte ambiental Organismos importantes Modo de transmissão Doença

Água 1. Legionella pneumophila Inalação de aerossol Pneumonia
2. Pseudomonas aeruginosa Inalação de aerossol ou contato direto Pneumonia, infecções de quei-

3. Mycobacterium marinum Abrasão cutânea maduras e ferimentos
4. Vibrio vulnificus Abrasão cutânea Granuloma de piscina
5. Schistosoma mansoni, S. hematobium Penetração de cercárias na pele Celulite
6. Naegleria fowleri Penetração de amebas no nariz durante Esquistossomose
Meningoencefalite
a natação

Solo 1. Clostridium tetani Esporos do solo penetram nos ferimentos Tétano

2. Clostridium botulinum Esporos do solo contaminam alimentos Botulismo

envasados inadequadamente

3. Clostridium perfringens Esporos do solo penetram nos ferimentos Gangrena gasosa

4. Bacillus anthracis Esporos do solo penetram nos ferimentos Antraz

5. Micobactérias atípicas (p. ex., M. Inalação de aerossol Doença similar à tuberculose

avium-intracellulare)

6. Nocardia asteroides Inalação de aerossol Nocardiose

7. Cryptococcus neoformans Inalação de leveduras em aerossóis asso- Meningite, pneumonia

ciados a pombos

8. Histoplasma capsulatum Inalação de esporos em aerossóis associa- Histoplasmose

dos a estorninhos

9. Coccidioides immitis Inalação de esporos em aerossóis de po- Coccidioidomicose

eira do solo

10. Sporothrix schenckii Esporos em espinhos penetram nos feri- Esporotricose

mentos

11. Ancylostoma duodenale e Necator ame- Larvas filariformes penetram na pele Ancilostomose, especialmente

ricanus anemia

12. Strongyloides stercoralis Larvas filariformes penetram na pele Estrongiloidíase

13. Ancylostoma caninum Larvas filariformes penetram na pele Larva migrans cutânea

ERRNVPHGLFRV RUJ

Resumo para Diagnóstico de Doenças Infecciosas 535

Tabela R-5 Principais localizações geográficas de organismos de importância médica

Principal localização geográfica Organismo importante Doença

Dentro dos Estados Unidos Rickettsia rickettsii Febre maculosa das Montanhas Rochosas
1. Estados do centro-sul (p. ex., Carolina do Norte e Virgínia) Borrelia burgdorferi Doença de Lyme
2. Estados do nordeste (p. ex., Connecticut, Nova York,
Histoplasma capsulatum Histoplasmose
e Nova Jersey)
3. Estados do centro-oeste nos vales dos rios Ohio e Coccidioides immitis Coccidioidomicose

Mississippi (p. ex., Missouri e Illinois)
4. Estados do sudoeste (p. ex., Califórnia e Arizona)

Fora dos Estados Unidos Espécies de Plasmodium Malária
1. Regiões tropicais da África, Ásia e América do Sul Trypanosoma cruzi Doença de Chagas
2. América Central Vírus da dengue Dengue
3. Ilhas do Caribe e da África Vírus Ebola Febre hemorrágica Ebola
4. África Ocidental Vírus da febre amarela Febre amarela
5. Regiões tropicais da África e da América do Sul Neisseria meningitidis Meningite meningocóccica
6. África subsaariana Trypanosoma brucei Doença do sono africana
7. África Central Leishmania donovani Leishmaniose visceral (calazar)
8. Oriente Médio, África e Índia Leishmania tropica Leishmaniose cutânea
9. Oriente Médio, África e Índia Leishmania braziliensis Leishmaniose muco-cutânea
10. América Central e do Sul

Tabela R-6 Ocupações e hobbies que aumentam a exposição a organismos de importância médica

Ocupação/Hobbies Fator predisponente Organismo importante Doença

Trilhas/acampamento Exposição a carrapatos Borrelia burgdorferi Doença de Lyme
Trabalhador de ranchos/fazendas Antraz
Trabalhador de redes de esgoto Ferimento na pele contaminado pelo solo Bacillus anthracis Leptospirose
Explorador de cavernas (espeleólogo) Raiva
Exposição à urina de rato Leptospira interrogans
infestadas por morcegos Histoplasmose
Explorador de cavernas (espeleólogo) Exposição a aerossol de saliva do Vírus da raiva
morcego Coccidioidomicose
ou construtor
Arqueólogo ou construtor responsável Exposição a aerossol de guano de Histoplasma capsulatum Criptococose
morcego Triquinose
por escavações no solo “Granuloma de piscina”
Criador de pombos Exposição da poeira do solo contendo Coccidioides immitis
Caçador de ursos no Alasca esporos
Trabalhadores de aquários e piscinas
Exposição a aerossol de guano de ave Cryptococcus neoformans

Ingestão de carne de urso Trichinella spiralis

Abrasão cutânea Mycobacterium marinum

ERRNVPHGLFRV RUJ

536 Resumo para Diagnóstico de Doenças Infecciosas

Tabela R-7 Eventos hospitalares que predispõem à infecção por organismos de importância médica

Evento hospitalar Organismo importante Doença

Cirurgia Staphylococcus aureus Infecção da ferida
Cateter urinário
1. Principalmente Escherichia coli, mas também outros bacilos Infecção do trato urinário
Cateter intravenoso gram-negativos entéricos (p. ex., Proteus, Serratia, e Pseudo- Infecção do trato urinário
monas)
Dispositivo prostético (p. ex.,
quadril ou válvula cardíaca) 2. Enterococcus faecalis

Terapia respiratória Staphylococcus epidermidis Infecção associada ao cateter, bacteremia
Terapia para queimaduras Candida albicans
Eletrodos intracerebrais
Lesão por agulha 1. Staphylococcus epidermidis Osteomielite ou endocardite

Berçário de prematuros 2. Mycobacterium fortuitum-cheloni Osteomielite
Pseudomonas aeruginosa Pneumonia
Pseudomonas aeruginosa Infecção da ferida
Príon Doença de Creutzfeldt-Jakob
1. HBV, HCV Hepatite B ou C
2. HIV AIDS
Vírus sincicial respiratório Bronquiolite ou pneumonia

Tabela R-8 Organismos que comumente causam doenças em pacientes com imunodeficiências ou defesas diminuídas

Imunodeficiência ou defesa diminuída Organismos

Diminuição de anticorpos (p. ex., agamaglobulinemia e Bactérias capsuladas (p. ex., Streptococcus pneumoniae, Haemophilus
deficiência de IgA) influenzae tipo b)

Redução da fagocitose (p. ex., doença granulomatosa crônica, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Aspergillus fumigatus
quimioterapia para câncer [neutropenia])
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo b, Staphylococ-
Diminuição do complemento cus aureus
1. C3b
Neisseria meningitidis
2. C678e9 (complexo de ataque à membrana)
Diminuição da imunidade mediada por células Candida albicans, Pneumocystis carinii
1. Aplasia tímica (síndrome de DiGeorge) Bactérias intracelulares (p. ex., Mycobacterium tuberculosis, MAI,1 Listeria,
2. Infecção por HIV (AIDS), corticosteroides
Salmonella)
Ruptura da superfície epitelial (p. ex., queimaduras) Fungos oportunistas (p. ex., Candida, Cryptococcus)
Esplenectomia Herpesvírus (p. ex., Vírus do herpes simples, vírus varicela-zoster, cito-
Diabetes melito
1MAI, complexo Mycobacterium avium-intracellulare. megalovírus)
Protozoários (p. ex., Toxoplasma, Cryptosporidium)
Pneumocystis
Pseudomonas aeruginosa
Streptococcus pneumoniae
Staphylococcus aureus, espécies de Mucor

ERRNVPHGLFRV RUJ

Resumo para Diagnóstico de Doenças Infecciosas 537

Tabela R-9 Fatores importantes que predispõem a infecções por organismos específicos

Fator predisponente Organismo Doença Mecanismo patogênico

Fibrose cística Pseudomonas aeruginosa Pneumonia Muco aderente aprisiona as bactérias nas
Anemia falciforme Salmonella enterica Osteomielite vias aéreas

Streptococcus pneumoniae Sépsis Hemácias de morfologia anormal blo-
queiam vasos sanguíneos dos ossos e
Uso de fármacos injetáveis Staphylococcus aureus Endocardite direita aprisionam as bactérias
Colite pseudomembranosa
Uso de antibióticos Clostridium difficile Hemácias de morfologia anormal blo-
queiam vasos sanguíneos do baço,
Aneurisma de aorta Salmonella enterica1 Infecção de enxerto vascular causando infartação deste
Staphylococcus aureus Síndrome do choque tóxico
Uso de tampão (vaginal Microbiota cutânea penetra no sangue
ou nasal) venoso no sítio da agulha

Cirurgia odontológica Estreptococos do grupo viridante Endocardite Antibióticos suprimem a microbiota
intestinal normal, permitindo o cresci-
Acidente motociclístico Clostridium perfringens Gangrena gasosa (mionecrose) mento de C. difficile

Lentes de contato Pseudomonas aeruginosa, Acantha- Ceratite Incerto
moeba castellani
O tampão bloqueia o fluxo de sangue,
permitindo o crescimento de S. aureus
e a produção de toxina

Estas bactérias são membros da micro-
biota oral normal e penetram no san-
gue no sítio da ferida cirúrgica

Esporos do solo penetram no sítio dos
ferimentos

Abrasões causadas pelas lentes pro-
piciam um sítio de entrada para os
organismos

1Especialmente S. enterica sorotipo cholera-suis e sorotipo dublin.

ERRNVPHGLFRV RUJ


Click to View FlipBook Version