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Published by Danni G, 2019-03-28 18:19:52

Revista Nova Família Nº 02

Revista Nova Família Nº 02

S entado na confortável poltrona de uma das salas do Templo Mórmon de Campinas,
em São Paulo, Carlos Wizard Martins, o fundador de uma das mais conhecidas redes
de escolas de ensino de línguas no Brasil, a rede Wizard, e hoje principal executivo
da rede de lojas de produtos naturais Mundo Verde, ouve atento a primeira pergunta
do repórter.
Antes de responder, Martins inclina-se, pega o gravador que repousava sobre a mesa
de centro e olha nos olhos do repórter. Nesse clima, calmo e pausado, sem pressa, co-
meçou a entrevista com o executivo que parece estar acima dos modismos da alta ad-
ministração, pelo menos no que se refere ao tempo que destina ao trabalho e à família.

Revista Nova Família: O senhor minha família, procurando fazer o tudo é simples, mas muito impor-
é um empresário muito bem su- que eles querem. E os domingos, tante para criar um ambiente de
cedido e, naturalmente, muito eu dedico às atividades da Igre- respeito mútuo, de tolerância. Digo
ocupado. Como concilia tantas ja. Meus pais receberam a Igreja isso porque muitos pais assumem
atividades com suas relações fa- de Jesus Cristo dos Últimos Dias um papel de “chefes” dentro da fa-
miliares? quando eu tinha 12 anos. E desde mília. E esse papel não existe mais.
aquela época eu sigo os seus en- O que existe hoje é o diálogo.
Carlos Wizard Martins: Vou contar sinamentos. Tudo isso contribuiu
uma história. Certa vez eu parei o para alcançar o equilíbrio entre a Revista Nova Família: É possível
carro em um posto de gasolina. vida profissional e a convivência nos dias de hoje, em uma socie-
O rapaz que veio me atender fez familiar. dade tecnológica e constante-
uma pergunta incomum. Quis sa- mente conectada, manter a con-
ber se eu era religioso e depois o Revista Nova Família: Sua traje- vivência familiar?
que, para mim, significava religião. tória está ligada ao encontro de
Respondi, inspirado naquele am- sua família com a igreja. Portan- Carlos Wizard Martins: A tecnolo-
biente de carros, que ter uma fé, to, a influência familiar foi impor- gia nos oferece muitas facilidades,
uma crença,é uma direção e um tante para que o senhor seguis- muitos benefícios, muita como-
freio. Uma direção porque nos dá se seu caminho. Como o senhor didade. Mas, ao mesmo tempo, é
um norte, um caminho para seguir, influencia a formação dos seus um grande desafio no que se re-
e um freio porque nos protege filhos? fere a manter o convívio familiar
de perigos, de coisas ruins. Então, saudável. Não é raro ver pessoas
respondendo especificamente a Carlos Wizard Martins: É impor- sentadas ao redor de uma mesa
sua pergunta: quando você tem tante citar isso. Nós temos uma onde cada uma está falando com
uma visão mais ampla da vida, série de atividades obrigatórias e pessoas do outro lado do mundo,
como na história que contei, fica metódicas em nossa família. São mas não entre elas. Ouvi uma frase
mais fácil conciliar as atividades coisas simples que todos podem que acho verdadeira. A tecnologia
da empresa e a família. Com essa fazer. Por exemplo: as noites de aproxima quem está longe e afas-
visão,adotei alguns princípios bási- segunda-feira são sempre dedi- ta quem está próximo. Da mesma
cos como evitar almoços de negó- cadas a uma reunião familiar, um maneira, com a tecnologia nós nos
cios a não ser que seja uma emer- momento no qual pais e filhos es- comunicamos muito mais, mas fa-
gência. Dessa forma, eu consigo tão juntos para tratar dos assuntos lamos muito menos. É por isso que,
estar com a minha família todos da família e orar. Todos os dias, an- em casa, nós adotamos um hábito
os dias. Eu também evito qualquer tes de deitar também lemos uma que acho bastante saudável. Che-
compromisso aos sábados por- escritura, para irmos dormir com gou lá pelas 23 horas, quando va-
que dedico eles ao convívio com aquela direção em mente. Isso mos dormir,peço aos meus filhos

Especial 51

Especial

que deixem os celulares comigo, na ma- com ele pelo interior do Paraná, e muitas
nhã seguinte, os devolvo. Caso contrário, vezes, ao parar em frente à mercearia, ele
podem passar a noite nas mensagens, ficava no caminhão e dizia: “Meu filho, vai
joguinhos etc. Confesso que não foi fácil lá na mercearia, vê se o dono está preci-
adotar esse hábito, houve muita recla- sando de alguma coisa; se estiver, você
mação, muita choradeira, mas hoje é um vem aqui no caminhão, pega, entrega,
comportamento natural em nossa família. cobra e traz o dinheiro para aqui para o
pai”. Eu acho que desde aquela época eu
Revista Nova Família: Nesse caso, a fa- estava sendo treinado por ele. Treinando
mília tem a função de ser o freio a que a não ter medo, ter iniciativa, enfrentar o
o senhor se referiu anteriormente?É ela desconhecido, eventualmente fazer uma
que impede os exageros? negociação etc. Da mesma forma, eu
sempre procurei passar aos meus filhos
Carlos Wizard Martins: Eu acredito que conceitos de empreendedorismo. Eu nun-
é necessário transmitir ao filho a sua ca- ca dei mesada para os meus filhos. Sem-
pacidade de fazer escolhas, ensinar os pre que diziam estar precisando de “um
princípios corretos e alertar para as con- dinheirinho para isso ou aquilo”, eu lhes
sequências das más escolhas. Isso porque dava um “trabalhinho”. Assim, entende-
nós não vamos poder controlar as ativida- ram a necessidade do trabalho. Quando
des dos filhos 24 horas por dia. Ensinando mais “trabalhinhos”, mais “dinheirinhos”.
os princípios que consideramos corretos,
eles não vão se basear apenas nas influ- Revista Nova Família: O senhor acredita
ências externas. Vão fazer as escolhas que o hábito de dar mesada aos filhos é
levando em conta também os princípios prejudicial?
que receberam dos pais.
Carlos Wizard Martins: Não. Eu acredito
Revista Nova Família: O senhor é um em- que cada pai deve decidir isso de acordo
preendedor. Educou seus filhos, ou vem com suas convicções e condições. Mas te-
educando no caso dos mais jovens, para nho um grande temor. Imagine um pai que
serem empreendedores também? dá mesada aos seus filhos e que, por qual-
quer motivo, como a perda do emprego,
Carlos Wizard Martins: Eu acredito que fui por exemplo, não possa mais fazer isso.
Geralmente, nesse momento, o filho se re-
preparado pelo meu pai, pois desde mui- volta contra o pai como se ele fosse o cul-
pado por aquela situação. Ele passa a co-
Q to jovem ele me colocou na ativa. Quanto brar o pai, quando, na realidade, o pai não
tinha 13, 14 anos eu viajava de caminhão deve nada a ele. Ele é que deve tudo ao pai.

uem é Carlos Wizard Martins Revista Nova Família: Se o senhor tives-
se que dar um conselho aos pais, ape-
Filho de uma costureira e de um motorista de caminhão, Carlos nas um, qual seria?

Wizard Martins, aos 12 anos, conheceu missionários americanos e, Carlos Wizard Martins: Gaste menos di-
nheiro e mais tempo com os seus filhos.
aos 17, foi morar nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, começou Eu aprendi que dar dinheiro, um presente,
para um filho é fácil. Difícil é dar tempo a
a dar aulas de inglês e construiu um grande grupo de ensino, a ele, gastar tempo conversando, fazendo
uma caminhada.
partir das escolas de idiomas Wizard. O grupo foi recentemente

vendido por quase dois bilhões de reais e o empresário dedica-se,

agora à rede de lojas Mundo Verde, comprada por ele também

recentemente. É casado com Vânia Pimentel e tem seis filhos.

Uma curiosidade: ele acrescentou o Wizard ao seu nome de ba-

tismo: Carlos Martins.

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Especial 53

cotidiano

lzf . shutterstock

MULHER AO VOLANTE,
PERIGO CONSTANTE!
#SÓQUENÃO

Domingos Crescente

Você pode pensar que nada é mais antigo do, levar crianças à escola, ao médico, ao
e machista que essa frase. Mas, a verdade dentista. Ou fazer tudo isso e ainda ir para
é que ela ainda está na boca de muitos o trabalho.
homens, apesar de não fazer – ou pelo Para tudo, lá está a necessidade de pegar
menos não fazer mais – o menor senti- no volante e enfrentar trânsito das gran-
do. Para a mulher moderna, dirigir é um des cidades. E elas, precisamos admitir, o
imperativo do dia a dia, quer ela trabalhe fazem com a paciência, atenção e a graça,
fora de casa ou não. Ir ao supermerca- que, cá entre nós, nenhum homem tem.

54 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br

Nada nas estatísticas do DPVAT – o seguro obrigatório que pagamos todos os anos
– mostra que a frase ao lado seja verdadeira. A não ser a última parte, que nas redes
sociais significa “só que não”, uma negação categórica e definitiva da frase anterior

Homens causam mais Seguro com vanta- tempo, detectaram estas carac-
acidentes gens só para elas terísticas e o gosto das mulheres
pelos automóveis. E já projetam e
As estatísticas oficiais mostram É por estas e outras razões que até constroem carros pensando nas
que, no ano passado, 60% das in- mesmo o seguro dos carros dirigi- características femininas.
denizações do DPVAT por envol- dos por mulheres são mais baratos
vimento em acidentes de trânsito do que os de carros dirigidos por Decisão de compra
foram pagas aos motoristas do homens. Conforme os estrategis-
sexo masculino. tas das seguradoras, as mulheres Bem... se os números já estavam
tendem a ser mais cuidadosas favoráveis às mulheres no quesito
Sim, sempre se pode argumentar ao dirigir, mostram maior cuidado habilidade para dirigir, na hora de
que existem mais homens mo- com o veículo, levando-o a todas comprar um carro ou moto, as mu-
toristas do que mulheres, o que as revisões programadas, não be- lheres são absolutas. E para isso
explicaria o maior número de in- bem antes de dirigir e, no caso de nem é necessário fazer pesquisa.
cidentes com o sexo masculino. envolverem-se em algum aciden- Basta olhar as concessionárias e
Porém, deve-se lembrar de que o te, o mesmo é sempre mais leve e ver como elas opinam, debatem e
número de mulheres que dirigem menos grave do que os acidentes decidem não apenas a compra do
aumenta a cada dia e as porcenta- que têm homens como protago- seu carro, mas também a compra
gens não se alteram muito. nistas. Portanto, representam um do carro do filho, do tio, do marido.
risco menor para as seguradoras.
Uma pesquisa publicada em 2012 Conforme comentam vendedo-
pelas revistas Exame e Quatro E isso significa muito. Assim, além res das concessionárias e lojas
Rodas concluiu que, ao contrá- do desconto no preço pago para multimarcas, as mulheres estão
rio do que pensam muitas men- o seguro – em consequência das cada vez mais exigentes quanto
tes masculinas, as mulheres diri- tendências expostas acima – mui- aos itens de conforto e segurança,
gem melhor do que os homens. tas seguradoras já oferecem paco- número de equipamentos, cores
A afirmativa veio de um estudo tes promocionais especificamente e modelos. E são imbatíveis na
encomendado por uma locado- dirigidos ao público feminino. negociação. Elas são mais aten-
ra britânica de veículos. O estudo tas aos detalhes da programação
entrevistou mais de 700 pessoas e Entre estes serviços já se somam financeira, preços, condições de
constatou que 57% dos súditos da descontos em clínicas de estética pagamento etc.
Rainha Elizabeth II já se envolve- e academias de ginástica ou mes-
ram em um ou mais acidentes de mo o fornecimento do serviço de Assim, o mundo automobilístico
trânsito, enquanto o mesmo ocor- “motorista amigo”, que consiste em é mais uma reserva masculina
reu com 43% das súditas de Sua enviar um motorista pago pela se- que sucumbe às qualidades das
Majestade. Outro dado interes- guradora para ajudar a mulher nos mulheres, com seu bom senso,
sante do estudo é que, quando se casos em que ela não possa dirigir maior paciência no trânsito, menor
analisa a faixa acima dos 65 anos ou ainda o envio de um profissio- impulsividade, além, é claro, do
de idades, o índice de acidentes nal para acompanhá-la à delega- charme e beleza que todos nós,
com as mulheres cai para 30%. cia em caso de furto ou roubo. As homens, amamos. Ao volante ou
montadoras também, já há algum fora dele.

Cotidiano 55

direito

PENSÃO ALIMENTÍCIA:
DEVER DE QUEM PAGA

E DIREITO DE QUEM
RECEBE

Nazir Mir Junior

Os bens jurídicos protegidos pelo nosso Ordenamento têm uma valoração hierárquica.
Posicionam-se no topo desta hierarquia a vida e a dignidade da pessoa, pois, sem as
mesmas, qualquer outro direito torna-se irrelevante. Daí o seu amparo constitucional.

O instituto dos Alimentos decorre, naturalmente, do
direito à vida e do direito à dignidade. Ensina-nos
a Professora Maria Helena Diniz que “o fundamento
desta obrigação de prestar alimentos é o princípio da
preservação da dignidade da pessoa humana (CF, art.
1º, III) e o da solidariedade social e familiar (CF, art. 3º),
pois vem a ser um dever personalíssimo, devido pelo
alimentante, em razão de parentesco, vínculo conjugal
ou convivencial que o liga ao alimentando [...]”.
O fundamento da obrigação alimentícia, assim,
reside na proteção do direito à vida. Sua medida,
entretanto, afirma-se pelo direito à dignidade.

foto ao lado . SiwaBudda . shutterstock

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57

direito

Conceito sim, é uma ordem de preferência, vez que
o próprio Código Civil determina que a
O nosso Código Civil não define o que é obrigação alimentar recaia, principalmen-
te, sobre os ascendentes - pais, avós etc.
alimentos, apenas estipula a obrigação ali- (artigo 1.696) e, na falta de ascendentes,
aos descendentes - filhos, netos etc. (arti-
mentícia em seu artigo 1.694: go 1.697), respeitada a ordem de sucessão
(dos parentes mais próximos aos mais dis-
“...Art. 1.694. tantes). Na falta destes, recai a obrigação
Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros sobre os irmãos (artigo 1.697).
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
para viver de modo compatível com a sua condição Critérios para a fixação
social, inclusive para atender às necessidades de sua dos alimentos
educação...”
Os critérios para se fixar o valor da pensão
A definição do que é alimentos coube, alimentícia são determinados pelo Código
Civil no parágrafo 1º de seu artigo 1.694:
assim, à Doutrina. O eminente Professor
“... Art. 1.694. (...)
Silvio de Salvo Venosa, ensina que “ali- § 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
mentos, na linguagem jurídica, possuem obrigada...”

significado bem mais amplo do que o Ensina a Doutrina que a fixação do valor
da Pensão Alimentícia deve obedecer ao
sentido comum. Compreendendo, (sic) binômio capacidade (de quem paga) e ne-
cessidade (de quem recebe).
além da alimentação, também o que for
Entendemos, nesse contexto, que a ca-
necessário para moradia, vestuário, assis- pacidade se coloca na condição de que,
ao prestar os alimentos, o alimentante não
tência médica e instrução”. Pensão sofra desfalque do necessário para o seu
próprio sustento. Necessidade, ao seu tur-
Alimentícia, propriamente dita, é a quantia no, pode ser entendida como o necessá-
rio para que o alimentando supra as suas
fixada por decisão judicial a ser paga pelo necessidades básicas para uma vida dig-
na: alimento, vestuário, moradia, saúde e
responsável (alimentante) para garantir o instrução.

atendimento das necessidades daquele Deve haver, assim, uma proporcionalidade
entre a capacidade e a necessidade. Em
que a recebe (alimentando). outras palavras, não se pode exigir alimen-
tos além das necessidades do alimentan-
Quem pode receber do, mesmo que o alimentante goze de
pensão alimentícia elevado poder econômico. De outra via, o
alimentante não será compelido a prestá-
O Código Civil nos mostra que qualquer -los com sacrifício próprio ou de sua fa-
parente, bem como os cônjuges ou com- mília, pelo fato do alimentando apresentar
panheiros, pode requerer alimentos uns necessidades maiores.
aos outros. Devem, para tanto, fazer prova
cabal e idônea de que não têm condição
de prover seu sustento através de seu tra-
balho. Sua pretensão se satisfaz, senão de
forma espontânea, através da via judicial
adequada (Ação de Alimentos).

Quem deve arcar com
as prestações da verba
alimentar

A leitura do artigo 1.694 do Código Civil

já derruba um mito que há sobre os ali-

mentos: a prestação das verbas alimentí-

cias não é obrigação apenas dos pais para

com os filhos ou entre os cônjuges, esten-

de-se a todos os parentes. O que existe,

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Katy Spichal . shutterstock

Conseqüências do Exoneração da
Inadimplemento de obrigação alimentar
Pensão Alimentícia
A regra é que haverá exoneração do en-
Nossa Constituição Federal determina, cargo alimentar quando o alimentando,
em seu artigo 5º, LXII, que “não haverá pri- deles, não mais necessitar, ou ainda, o
são civil por dívida, salvo a do responsável alimentante não mais os puder prover por
pelo inadimplemento voluntário e inescu- alterações em suas possibilidades super-
sável de obrigação alimentícia e a do de- venientes à sentença que os fixou.
positário infiel” (g.n.).
Se decorrente do poder familiar, todavia,
O procedimento da prisão civil pelo a obrigação alimentar se extingue com a
inadimplemento da verba alimentar é re- maioridade civil do alimentando, pela ex-
gulado pelo artigo 733 do Código de Pro- tinção do próprio poder familiar (art. 1635,
cesso Civil. Neste caso, a prisão poderá III do Código Civil).
ser de até três meses.
Necessário destacar, de outra via, os casos
O cumprimento dessa pena de prisão, em que, mesmo com o advento da maio-
contudo, não exime o devedor do paga- ridade civil, a pensão deve ser prestada
mento das prestações vencidas; nem, em virtude do filho continuar a estudar.O
tampouco, das que irão vencer. Código Civil, nesta questão, não traz qual-
quer alteração. Ensina Silvio Rodrigues
Importante ressaltar que o Alimentante se que “ao se estabelecer expressamen-
sujeita à prisão tão somente pelas parce- te que a pensão deve ser fixada ‘inclusi-
las vencidas dos últimos três meses. As ve para atender às necessidades de sua
parcelas mais antigas deverão ser cobra- educação’ (art.. 1694), fácil será sustentar
das mediante execução simples, sujeita à a subsistência da obrigação mesmo após
penhora de bens. Neste caso, poderá ser alcançada a capacidade civil aos 18 anos,
penhorado qualquer bem, sem nenhuma quando destinado o valor para mantença
exceção, inclusive o seu único imóvel. do filho estudante”.

Direito 59

AçÃO SOCIAL

O LADO BOM
DAS COISAS

Thiago Assunção

Fazer o bem, não importa a quem, é mais fácil do que se pensa

N em todos os seres humanos são deveria ser mais que uma obrigação e que
atendidos pelos direitos descritos procuram fazer ao máximo o que sugere o
na constituição, como o direito a ditado “fazer o bem, não importa a quem”.

saúde e a moradia. De acordo com Do projeto para o gesto
as religiões e suas filosofias espirituais,
a caridade é um dever do homem já que Foi através de um projeto da faculdade
Deus está presente neste simples gesto, que o arquiteto Victor Fioravanti decidiu
portanto, quem assim o fizer prestará um ajudar um asilo. “O meu interesse come-
grande serviço a si mesmo pois é através çou porque fiz meu TCC (trabalho de con-
da caridade que se encontra o caminho clusão de curso) com o tema de centro
para a paz interior. de convivência do idoso. Como eu gostei
da forma como eles eram tratados, decidi

Enquanto alguns seguem essa obrigação ajudar quem me ajudou a passar na facul-

a risca através de doutrinas religiosas para dade. Esse período coincidiu com o fale-

justificar o nome de Deus em suas ações, cimento da minha avó. Falei com a minha

outros se filiam a ONGs ou entidades so- namorada e decidimos nos juntar ajudar

ciais para justificar o mesmo. No entanto, outras avós”, comenta.

existem pessoas que fazem esse gesto Mas esse gesto solidário não veio de um
independente de religião ou entidade so- caso isolado. Desde pequenos, suas mães
cial, tornando essa atividade como uma faziam uma ação semelhante. “Nossas
obrigação que não depende da bênção de mães sempre pegavam sacolinhas de na-
um espaço físico para tornar-se realidade. tal para ajudar crianças carentes, mas nós

São pessoas que sensibilizam-se com só acompanhávamos a ação delas, nun-
as dificuldades do próximo, que não se ca tínhamos participado das entregas dos
conformam em adquirir bens materiais presentes”, explica a produtora cultural,
sem ter a chance de ter como retribuir Carina Nunes, namorada do Victor.

seus ganhos com quem não tem o que Através das redes sociais e do famoso

vestir. Podem ser chamados de “entes boca a boca, eles conseguem divulgar

iluminados” ou pessoas de bom coração, para amigos para ajudar na arrecadação

mas são na verdade seres humanos que que fazem para as doações de final de ano.

gostam de fazer o bem para outros, que “É muito emocionante. Eles ficam felizes,

sabem que ajudar os mais necessitados uns conversam bastante, outros brincam.

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Katy Spichal . shutterstock

Mas todos agradecem muito e acho que lestra ligada a espiritualidade kardecista,
é isso que faz a gente querer voltar todo Eliude achou que já estava na hora dela
ano”, explica Carina. “Eu saio de lá com o assumir essa responsabilidade. Sem estar
coração cheio de sensações, sempre pen- ligada a religião, ela começou a convidar
sando na próxima entrega. Em 2014, levei as amigas para fazer o mesmo que ela em
meus primos pequenos para verem como escolas na região do Itaim Paulista, bairro
é, e, a resposta deles foi: “Posso vir ano que em que mora.
vem mais uma vez?”, acrescenta Victor.
Desde então, todos os anos ela reúne as
Este é o segundo ano dessa ação que, em amigas que ficam responsáveis por ir atrás
tão pouco tempo, já resultou em algumas de padrinhos para “adotar” as crianças,
boas lembranças para carregar na memó- sempre no período de festas natalinas.
ria. “Teve uma senhora que nos emocio- “Gostaria de poder fazer mais vezes, no
nou muito, mas não foi contando sua his- dia das crianças e em outras datas, mas
tória e sim nos abraçando e dizendo que por condições financeiras centralizo ape-
como não tinha nada pra nos oferecer, ela nas no Natal”. Por ano, ela chega a atender
apenas poderia pedir a Deus que abenço- cerca de 200 crianças carentes, procu-
asse muito a gente”, finaliza Carina. rando essas crianças em escolas e outros
centros de caridade.
Dos bastidores para
a direção Há quem diga que a humanidade ruma a
um destino sem saída, mas existem pes-
Outra pessoa que desenvolve o mesmo soas que mostram que através de boas
gesto há 26 anos é a professora aposen- ações é possível manter a crença no ser
tada Eliude dos Santos, que começou humano, para que através das oportunida-
esse projeto ajudando uma amiga, que des, ele possa encontrar meios de rever-
ajudava as crianças carentes da rua onde ter todas as expectativas e tornar-se uma
morava, na zona leste da cidade de São pessoa digna, honesta e acima de tudo
Paulo. “Quando fui convidada para ajudar caridosa, para que nunca se esqueça de
minha amiga, fiquei pensando ‘porque onde veio e lembre-se sempre de ajudar
ajudar crianças tão distantes se tem pes- o próximo, mostrando que esse gesto faz
soas que precisam perto da minha casa?”, bem para alma, para o coração.
comenta. Depois de participar de uma pa-

Ação Social 61

trabalho

BeautyBlowFlow . shutterstock

H á um ano a professora de sociologia Bruna Giorjiani de Arruda, 29 anos enfrentou o
que descreveu como sendo um dos piores momentos de sua vida. Aprovada em se-
gundo lugar em um concurso da rede estadual de ensino e convocada na primeira
chamada, ela não pode assumir o cargo. “Ao passar pela perícia médica, apresen-
tei todos os meus exames. Ao sair da consulta, em uma conversa informal com uma das
atendentes, ela me questionou se eu estava nervosa por conta do meu peso. Não hora não
entendi muito bem. Cinco dias depois, saiu minha negação. Eu não estava apta”, conta Bru-
na. O motivo da recusa, Bruna tinha obesidade mórbida. “O meu Índice de Massa Corporal
(IMC) estava em 40,4, sendo até 39 obesidade grau III, e acima dos 40, obesidade mórbida. 
Fiquei com uma mágoa, com uma raiva que nem consigo descrever.  Eu era apta para exer-
cer a função, até porque já dava aulas na rede estadual há sete anos e meus exames não
apresentavam nenhuma alteração, minha saúde estava em dia, pois faço acompanhamento
médico anual”, relata. Indignada com a situação, Bruna decidiu lutar pela vaga a qual tinha
direito, mobilizou a imprensa, redes socais e depois de várias viagens a São Paulo e quatro
quilos a menos foi aprovada.

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MERCADO DE TRABALHO
E O PESO DO
PRECONCEITO

Luciana Brunca

Mara Lúcia Madureira, psicóloga espe- suas consequências. A realidade é ainda
cialista em psicoterapia clínica cognitivo- mais dura, já que sabemos que existem
-comportamental e dependência química, várias outras discriminações, ainda nos
ressalta que o excesso de peso e a obe- dias atuais, contra negros, mulheres, de-
sidade tem se tornado em muitas empre- ficientes.  Orgulhamo-nos tanto de nossa
sas motivo de assédio moral, rejeição no racionalidade, mas no entanto, frente ao
processo seletivo e causa demissional. mercado de trabalho ou a valorização so-
“É inconcebível desqualificar o profissio- cial, não nos apegamos na inteligência, na
nal por estar acima do peso ou ser obeso. competência ou nas qualidades. Mas sim,
Tratá-lo como incapaz ou desleixado, jul- em aspectos físicos, vazios de referência e
gar seu trabalho inferior e questionar sua importância”, afirma Bruna.
competência técnica por tais razões, são
expressões de crueldade. Um tipo de vio-
lência que visa humilhar e desestabilizar
emocionalmente o profissional”, ressalta.

A professora de sociologia ressalta que Arquivo pessoal
decidiu dar notoriedade ao caso, primei-
ro porque queria a vaga a qual tinha direi- Bruna Giorjiani de Arruda
to e também, alertar a sociedade como
um todo de que é preciso tratar pessoas Uma pessoa que tem o Índice de Massa Corporal
como pessoas e não como coisas. “O sis- (IMC)  maior que 25, e a circunferência abdominal
tema econômico em que vivemos não nos maior que 80 (mulheres) e maior que 92 (homens) já  é
barra por se preocupar com nossa saúde considerada com excesso de peso
e querer nos forçar a emagrecer. Esse
sistema nos observa apenas enquanto
coisas, máquinas que não podem adoe-
cer senão diminuem a produção. Como
socióloga eu discuto diariamente nas mi-
nhas aulas, vários tipos de preconceito e

Trabalho 63

trabalho

belecidos pela sociedade, seria a melhor
escolha”, ressalta. Ela afirma que mesmo
depois de ser modelo, os comentários
preconceituosos continuam. “Mas hoje
já não me fazem mal como antes.   Acho
que os empresários deveriam pensar
unicamente no profissionalismo do can-
didato, não se ele é gordo, magro, negro,
branco, alto, baixo para definir o seu po-
tencial e sua competência”, afirma Evelise.

Victor Fotografias Mara Lúcia reconhece que o excesso de
peso e a obesidade são uma preocupa-
Evelize Nascimento ção crescente em todo o mundo e que no
Brasil são gastos cerca de R$ 500 bilhões
“O que precisa ser mudado, são as punições. Sabemos por ano pelo Sistema Único de Saúde
que nunca iremos acabar com todo o preconceito, mas (SUS) com intervenções cirúrgicas e trata-
mentos para doenças causadas pelo peso.
creio que se as leis fossem mais severas, ao menos Mas afirma que a estética não pode estar
teríamos mais respeito” acima da ética das empresas, das quali-
Evelise Nascimento ficações, competências e comprometi-
mento com o trabalho dos colaboradores.
Cansada de viver situações constrangedo- “Não são as pessoas com excesso de peso
ras no dia a dia, de risadinhas de canto de que precisam provar que são capazes tan-
boca e piadas sem graça, a modelo e Miss to ou mais que os magros para conseguir
Brasil Plus Size de São José do Rio Preto ou manter-se no emprego. Mas os líderes
Evelise Nascimento, 25 anos, conta que das empresas devem assegurar os prin-
já recorreu a dietas milagrosas para ema- cípios básicos de convivência, resguardar
grecer, mas todas sem sucesso. “Quando todo trabalhador de atentado contra sua
chego em um local e as pessoas ficam me dignidade, combater e repudiar toda for-
olhando, é aquele pensamento que sem- ma de discriminação, violação ou desres-
pre me vem a mente “gordo não pode peito a dignidade humana.” A obesidade
trabalhar e ter uma vida social normal?”. já é considerada epidemia do século pela
É muito difícil enfrentar essa situação que Organização Mundial de Saúde (OMS).
ocorre com muita frequência”, afirma.

Após lutar anos contra a balança, e que- Arquivo pessoal
rer ser magra, sem muito sucesso, Eveli-
se decidiu dar a volta por cima, e há dois Mara Lúcia Madureira
anos, depois de uma indicação de uma
amiga e cliente do salão que trabalha-
va como manicure, ela participou de um
concurso de beleza plus-size e ficou entre
as dez gordinhas mais bonitas do Brasil.
“E foi depois desse concurso que deci-
di que iria investir nessa carreira. E que
me aceitar, me amar e me achar bonita
mesmo estando fora dos padrões esta-

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ilustração . MR.Silaphop Pongsai . shutterstock OS RISCOS DA ObESIDADE

Muito se fala em excesso de peso e os riscos que causa para a saúde tanto do ho-
mem como da mulher. Dados estatísticos revelam que mais de 50% da população
brasileira adulta sofre desse mal. Para o presidente do departamento de Obesidade
da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Mário Kedhi Carra,
essa situação é muito preocupante.  “É necessário a criação de políticas públicas para
estimular o consumo de verduras, legumes, frutas, ou seja, uma alimentação equili-
brada e saudável.  Campanhas de incentivo, publicidade, na  verdade isso tem que
começar na escola, com as crianças, são elas que vão levar esses conhecimentos aos
pais e cobrar deles. Os adultos já não assimilam mais essas informações,  na maioria
dos casos estão muito acostumados a comer errado”, disse.

Carra ressalta que o excesso de peso torna a pessoa mais propensa a desenvolver
doenças como diabetes, colesterol, alteração da pressão arterial, entre outras. “Com
certeza trata-se de um ser humano muito mais suscetível a doenças e por consequ-
ência, até um pouco discriminado no mercado de trabalho, porque o empregador
olha e imagina que deverá ser um funcionário que terá mais problemas de saúde,
e que vai faltar muito mais do trabalho, por exemplo.” O conceito de alimentação
saudável, não determina que deva se abolir carne, peixe, ovos, por exemplo, mais
sim consumir com moderação esses alimentos e introduzir cinco porções diárias de
frutas, legumes, verduras e hortaliças. “É preciso ter muito cuidado e evitar gordura,
frituras e açúcar. O excesso de peso é sim uma preocupação crescente, é preciso
haver uma união de forças para combater esse mal”, enfatizou o presidente do de-
partamento de Obesidade da SBEM.

pRECONCEItO E DISCRIMINAçãO gERAM
‘MOVIMENtO CONtRA A gORDOFObIA’

Cansada de ouvir comentários maldosos, piadinhas sem graça e até de ser discrimi-
nada a modelo e Miss Brasil Plus Size São José do Rio Preto e região Evelise Nas-
cimento, decidiu criar um movimento contra a gordofobia. “O #ShiuProSeuPrecon-
ceito surgiu, realmente quando eu e outras modelos fomos fazer uma campanha
em Brasília, e diante de uma situação preconceituosa que vivemos no hotel em que
estávamos hospedadas, fomos para a frente do Congresso Nacional e nos fotogra-
famos apenas de calcinha. As imagens rodaram as redes sociais e ganharam muita
repercussão, e diante disso, decidimos criar um movimento para denunciar essas
atitudes discriminatórias”, explica. Atualmente ela e a Miss Brasil Plus Size Baixada
Santista, Flávia Soares, lideram um grupo de mulheres que relatam suas histórias e
trocam experiências.  “Através desses contatos, nos motivamos umas com as his-
tórias das outras e superamos os traumas e aprendemos a nos aceitar e nos amar
como somos. Uso minhas redes sociais para me comunicar com elas, mostrando
que podem sim ser bonitas, independente do peso e aproveito e posto dicas de rou-
pas, modelos, cores, sapatos, maquiagem e outras coisas”, disse Evelise.  Mesmo
com toda a repercussão do movimento, e o aumento a cada dia de seguidores, o
que a Evelise e todas as pessoas que sofrem com o preconceito e a discriminação
desejam é que sejam criadas leis mais severas para punir quem cometer esses atos.

Trabalho 65

Finanças

Planejamento e economizando para o futuro angiolina . shutterstock

EDUCAÇÃO
FINANCEIRA SE
APRENDE EM CASA

Michele Vitor

Lidar com dinheiro é uma tarefa extremamente
difícil para muitas pessoas, por esse motivo, o ideal
é que os pais ensinem os filhos desde pequenos
a adquirir noções da vida financeira. Especialista
dá dicas para reorganizar as finanças e educar os
filhos em planejamento financeiro.

66 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br

C omo diz o clássico samba de Pauli- Além disso, outros problemas podem ser
nho da Viola ‘Dinheiro na mão é ven- notados no comportamento dos endivida-
daval...’ E, várias pessoas se enrolam dos, como o aumento do constrangimen-
em meio a dívidas, devido a facilidade to diante dos colegas, insônia e desenvol-
de crédito e a falta de planejamento. As- vimento de fobias, reduzindo o contato
sim, muitas pessoas se perdem em meio social e a capacidade de concentração.
a tantas contas, fazendo até mesmo com E, nesses casos, pode acabar dificultando
que os gastos sejam maiores do que o o desenvolvimento pessoal e profissional
próprio salário. também. A sensação de incapacidade e
impotência com o acumulo de despesas
Segundo pesquisa do Serviço de Prote- pode limitar o desempenho e resultar, até
ção ao Crédito (SPC), em outubro, havia mesmo, em casos de depressão.
mais de 55 milhões de pessoas com o
nome negativado nos órgãos de proteção Quem se encontra nessa situação neces-
ao crédito. O número representa um au- sita reorganizar as finanças para evitar pro-
mento de um milhão de pessoas em rela- blemas maiores. Além disso, reequilibrar
ção ao mês anterior. as finanças reflete também como con-
tribuição para a educação financeira das
Nesse cenário, a chamada classe C (ou novas gerações, para que os filhos não
nova classe média) é a que mais sofre. passem, ou evitem ao máximo, passar por
De acordo com pesquisa da Nielsen, com problemas semelhantes.
uma renda média de R$ 2.924 por mês, a
classe C gasta mensalmente mais ou me- O planejamento
nos 15% a mais que o salário. financeiro da família

E, nesse começo de ano, quem não fizer Segundo Vicente Sevilha, CEO da Sevilha
um bom planejamento pode se enrolar Contabilidade, o planejamento financeiro
ainda mais, pois é nesse período que vá- deve ser utilizado pelas famílias sempre,
rias contas precisam ser pagas. Os três havendo ou não endividamento exage-
primeiros meses do ano chegam acom- rado. “Naturalmente, quando existem dí-
panhados de IPTU, IPVA, rematrícula es- vidas o planejamento é vital. Famílias en-
tudantil e material escolar, além de gastos dividadas devem dar o primeiro passo e
com viagens de férias e compras parcela- admitir que possuem dificuldades finan-
das feitas no Natal. ceiras. Dessa forma, será mais fácil cortar
despesas incompatíveis com o momento
Quando não há planejamento e a pessoa financeiro vivido” comenta.
se vê em meio a um desequilíbrio finan-
ceiro, até mesmo a saúde física e mental
pode ser afetada.

Segundo levantamento realizado em 2012
pela Universidade de Nottingham, na In-
glaterra, pessoas endividadas podem
apresentar um grande risco de perder o
controle sobre o efeito da ansiedade e
do estresse.

Finanças 67

Finanças

Para o especialista, depois de feitos os Preparando os filhos
gastos, é necessário avaliar estratégias para lidar com dinheiro
para aumentar o rendimento familiar, e
por fim, negociar dívidas com condições Ensinar os filhos desde pequenos a lidar
de pagamento que caibam no orçamen- com dinheiro pode ser a melhor estratégia
to da família. “Nesses casos, os filhos não para que se tornem adultos capazes de
precisam participar de todo esse projeto, ter uma vida financeira saudável.
mas devem ser comunicados e esclareci-
dos a respeito dos cortes que os afetem Segundo Sevilha, existem certos concei-
diretamente. Vale ressaltar que os pais tos matemáticos envolvidos com a ques-
não devem se sentir mal ao dizer aos fi- tão financeira como o fato de uma crian-
lhos que precisam cortar esse ou aquele ça só ser capaz de compreender o valor
gasto”, afirma Sevilha. do dinheiro a partir dos seis ou sete anos
de idade.

De acordo com Sevilha, a reorganização “A partir dessa idade começa a ser possí-
financeira pode ser feita a partir do estudo vel que a criança tenha um relacionamen-
dos três tipos de gastos que toda família to mais direto com finanças, podendo, por
tem. Segundo ele, existem as despesas exemplo, ela mesma pagar e receber o
essenciais para a sobrevivência, como a troco por um produto que comprou. Os
alimentação; depois dessas aparecem as pais devem procurar fazer desta expe-
importantes, mas não essenciais, como o riência algo prático e útil, evitando asso-
estudo de um segundo idioma ou cursos ciar compras à sensação de prazer, mas
em geral; e o terceiro tipo engloba as de- sim ao conceito de necessidade. A cada
sejáveis, que podem ser exemplificadas experiência desse tipo é importante refor-
como um carro para cada membro da fa- çar que compramos porque precisamos e
mília ou uma viagem especial. não porque nos dá prazer”, explica.

“Na hora da redução de gastos deve-se “É importante reforçar que compramos porque
começar pelas despesas desejáveis e cor- precisamos e não porque nos dá prazer”
tar até o fim. Em seguida, é preciso passar
para as despesas importantes e avaliar. Mesmo assim, antes dessa idade já é pos-
Dependendo do tamanho do problema sível trabalhar com os filhos os conceitos
financeiro pode ser necessário cortar tudo não matemáticos que irão ajudar na cons-
ou parte dessas despesas. Por último, é ciência financeira para o futuro, como por
preciso avaliar as despesas necessárias e exemplo, conceitos de valor, de troca e de
tentar reduzir ao máximo”, explica Sevilha. utilidade das coisas e objetos.

Para o especialista, os filhos devem sem- “O diálogo sempre será um instrumento
pre compreender a realidade financeira muito importante na educação financeira.
da família, mas não devem participar dire- E, qualquer oportunidade de diálogo deve
tamente do planejamento financeiro. “Nor- ser bem aproveitada para ajudar as crian-
malmente, eles ainda não apresentam ças a perceberem que o dinheiro é algo útil,
maturidade para encarar essa situação e mas que serve a um propósito claro: aten-
podem sofrer pressões para as quais ain- der as necessidades”, comenta Vicente.
da não estão prontos”, explica.

68 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br

O especialista afirma ainda que é importante explorar Para o especialista, o momento de introdução da me-
junto com os filhos o universo da satisfação de ne- sada é também a hora de apresentar aos filhos o con-
cessidades dissociada do dinheiro, como passeios e ceito de poupança e economia.
caminhadas que não exigem desembolso financeiro,
mas também geram satisfação. “A construção desses Segundo ele, estabelecer com os filhos um objetivo
cenários ajuda a criança a perceber que nem toda sa- de longo prazo que exija poupança é o melhor cami-
tisfação vem do dinheiro e que a utilidade do dinheiro nho para esse aprendizado. Por exemplo, se o filho
não é promover felicidade, mas sim satisfazer as ne- quer comprar um joguinho de vídeo game que custa
cessidades”, afirma. R$ 200 é preciso ensinar que ele deverá guardar R$
20 por mês para conseguir comprar o jogo em um pra-
Segundo Sevilha, mais importante do que o dialogo é o zo de dez meses. “Esse diálogo e o acompanhamento
exemplo. “Os pais devem se comportar em relação ao mensal dessa reserva criará no filho a capacidade de
dinheiro de maneira coerente com esse discurso”, diz. entender a utilidade da poupança”, explica Sevilha.

Como introduzir o “É importante que o objetivo seja atingível em um pra-
dinheiro na vida das crianças zo menor do que um ano e que os pais incentivem
permanentemente os filhos na poupança”, completa.
A mesada é uma das alternativas para inserir o dinhei-
ro na vida dos filhos. No entanto, para Vicente Sevilha, Outra alternativa para a introdução do dinheiro na vida
antes dos sete anos de idade essa prática não é uma da criança, mas que deve ser aplicada com cautela, é
boa opção, justamente por estar fora do período em a relação de troca. “É uma opção válida, porém é pre-
que as crianças passam a ter maior discernimento so- ciso muito cuidado. Algumas tarefas que os filhos fa-
bre o conceito de dinheiro. zem devem ser feitas pela consciência do dever, que
depois se converte em consciência de cidadania e não
Para ele, depois dessa idade é possível começar a uti- em troca de benefícios ou remunerações”, comenta.
lizar esse recurso da mesada, mas sempre mediante
a supervisão dos pais. Segundo Sevilha, ensinar uma criança que ela deve
recolher a sujeira do cachorro para receber uma re-
“Vale ressaltar que a mesada não deve representar muneração, por exemplo, pode criar um adulto que
um custo adicional para o orçamento familiar e deve deixa a cidade suja. “Essa tarefa deve ser apresentada
ser suficiente para atender as necessidades da crian- a criança como parte de seus deveres, independente
ça naquela idade. Por exemplo, se a criança compra de receber algo em troca”, diz.
lanche na cantina da escola, a mesada deve ser sufi-
ciente para essa despesa durante o mês”, explica. A troca de tarefas por dinheiro só deve acontecer na
medida em que as tarefas não sejam parte da cons-
Naturalmente, com o crescimento dos filhos as ne- ciência do dever. “Por exemplo, se a família paga al-
cessidades mudam a aumentam e a mesada deve guém para lavar o carro, pode ser uma oportunidade
acompanhar isso. “A mesada deve conter uma parce- oferecer à criança que lave o carro e receba por isso.
la descomprometida dos gastos, por exemplo, 10% a Mas, se a família não tem o hábito de pagar a lavagem
mais do que será gasto com os lanches na cantina da do carro e esse serviço é feito pelo próprio pai, por
escola. Esse valor poderá ser utilizado para qualquer exemplo, não é oportuno remunerar o filho nessa ati-
despesa da criança, mas sempre, com a supervisão vidade. É preciso ensinar que ele deve ter a consciên-
dos pais que precisam saber como o filho está utili- cia de ajudar o pai sem esperar algo em troca”, conclui.
zando o dinheiro”, afirma Sevilha.

Finanças 69

Saúde

TRANSTORNOS
ALIMENTARES E

SEUS PERIGOS

Denise Paciornick

Os padrões de beleza seguidos na atualidade, onde as mulheres
exibem corpos definidos ou muito magros, podem trazer à tona
um problema muito grave que pode levar à morte, e atinge

especialmente os jovens.

E stamos falando dos Transtornos A obsessão pela magreza toma propor-
Alimentares (TA), que compre- ções cada vez mais perigosas, e de tem-
ende qualquer padrão de com- pos em tempos, surgem novas modas

portamento alimentar que causa que acabam tirando a vida de milhares de

prejuízos à saúde. Geralmente, estas dis- pessoas que morrem tentando encontrar

funções aparecem na infância e na ado- o corpo perfeito. De acordo com dados da

lescência. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e

Não é raro ouvirmos notícias com casos de Metabologia, 90% dos casos acontecem
meninas e meninos que sofreram bullying com mulheres, mas nos últimos anos,
na escola, desenvolveram um Transtorno houve um aumento significativo dos trans-
Alimentar, e, em um número considerável, tornos no público masculino. No Brasil, a
encontraram a morte prematuramente. O Anorexia ocorre, em 40% das situações, na
problema não se restringe a um grupo, adolescência. Aproximadamente, 22% das
pode acontecer com jovens e adultos, in- mulheres entre 15 e 25 anos, possuem al-
dependente de sexo e classe social. gum sintoma destes distúrbios. Um estu-
do, realizado em 2011, com adolescentes

de 14 a 19 anos, no sul do Brasil, apontou

que 15,95% das adolescentes apresenta-

vam algum sinal de Anorexia.

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ilustração . Elena Nayashkova . shutterstock

Os transtornos normalmente acontecem Geralmente, o paciente com este trans-
devido à distorção da imagem própria, torno não percebe o problema, pois acha
e de acordo com alguns estudos, certas normal querer controlar a alimentação, e
mulheres estão insatisfeitas com o próprio isso, apesar de amigos e familiares insis-
corpo, mesmo que aos olhos dos outros, tirem em dizer que está magro/a demais
estejam em ótima forma. Essa auto-ima- e que deve se alimentar melhor, o/a pa-
gem distorcida é muito comum, mas não ciente nega a informação e se preocupa
costuma ser tão grave a ponto de ser a em como emagrecer ainda mais. Além
única causa para o desenvolvimento da disso, na maioria das vezes, se recusam a
Anorexia Nervosa. procurar um especialista.

O índice de mortalidade por Anorexia Ner- Existem vários sites, comunidades e blogs
vosa atinge entre 15% e 20% dos casos. na internet que apresentam informações
Eles estão associados a complicações sobre os grupos pró-annas, forma “cari-
clínicas ou a suicídios, pois a depressão nhosa” de chamar a pessoa com Anorexia.
pode manifestar-se no decorrer dessa do- Estes grupos mantêm informações sobre
ença. A grande verdade é que a Anorexia como agir em caso de fome, como enga-
é uma doença psicológica e é a que mais nar os pais e outras dicas que preocupam
mata no mundo todo. médicos e familiares.

Saúde 71

Saúde

Fernanda Fahel é um exemplo de supe- seus pais decidiram que era hora de bus-
ração da Anorexia. Aos 12 anos, enquanto car ajuda especializada. Quando iniciou
comprava roupas, ouviu a dura frase de seu tratamento, ela não queria ser ajudada,
seu pai “Você está parecendo um balão”. pois achava que daquele jeito estava bem,
Depois disso, passou a seguir várias die- mesmo sofrendo, passando mal diversas
tas e a fazer exercícios em casa. Quando vezes e sabendo que muitas pessoas ao
perdeu um pouco de peso, já havia se seu redor estavam tristes e preocupadas
tornado um vício. Nessa época, ela ainda com o que estava acontecendo com ela.
não fazia ideia de que poderia ser o início
de uma Anorexia ou Bulimia. Mas ela co- Fernanda decidiu melhorar de verdade,
meçou a emagrecer cada vez mais, não no entanto, quando viu uma amiga na
comia e sempre vomitava quando a for- mesma situação que ela que veio pedir
çavam a comer. Enquanto isso, seus pais conselhos sobre como emagrecer mais.
acabavam a elogiando porque ela tinha Foi aí que ela se deu conta do que estava
emagrecido. Ela acreditava estar fazendo acontecendo, e percebeu que não podia
a coisa certa. servir de exemplo para que outras pesso-
as ficassem anoréxicas.
Talvez, a verdadeira razão por Fernanda
ter desenvolvido transtornos alimentares Ela colocou na cabeça que precisava ser
tenha sido a busca pela aceitação de seus vista como uma pessoa que superou estes
pais. Ambos são atletas e sempre preza- problemas. A partir deste momento, Fer-
ram pela boa saúde. Em sua cabeça, foi nanda passou a levar a sério o tratamento
fixada a ideia de que ele só a amariam se que consistiu em um tratamento multi-
fosse magra. Hoje ela consegue ver que disciplinar com nutricionista, psicólogo e
isso não é verdade, que eles se impor- psiquiatra. Precisou tomar suplementos
tam muito mais com a beleza que vem de para ganhar peso e seguir uma dieta, além
dentro. Além disso, ela acabou sofrendo de tomar remédios antidepressivos que a
muito com bullying na escola, por sempre ajudaram muito. Atualmente, ela não pre-
ser “diferente”. cisa tomar mais nenhum tipo de remédio.

Até os 13 anos, Fernanda morou no Japão Hoje, ela consegue perceber os riscos que
e frequentou as escolas de lá, as crianças correu, e, com a intenção de alertar de
a zombavam por ser alta demais, por ser forma geral as pessoas como pais e a so-
gordinha, por ter cabelos ondulados, por ciedade sobre os perigos, Fernanda criou
ter olhos maiores que os deles, etc. En- um blog que tem o objetivo de chamar a
tretanto, na verdade o que a fez definhar, atenção para os perigos dos Transtornos
fazendo com que ela fosse diagnosticada Alimentares. Ela acredita que Anorexia e
com Anorexia Nervosa, foi seu trabalho Bulimia, assim como outros distúrbios, são
como modelo. De acordo com ela, o mun- doenças psicológicas graves e precisam
do da moda é muito cruel, e ela era cha- ser acompanhadas rigorosamente.
mada de cabide humano. Ela diz que não
vê nada de humano nisso e que não se Fernanda possui um blog, chamado
importam com a saúde das modelos, mas Despedida de Ana e Mia, onde com-
que felizmente, conseguiu se livrar deste partilha seus depoimentos e a histó-
problema. ria de outras pessoas que passaram
pela mesma situação:
A família percebeu cedo as mudanças na www.despedidadeanaemia.com
alimentação de Fernanda, e ela conta que
sua mãe sofreu muito, pois se sentia im-
potente por não conseguir ajuda-la. Então

72 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br

73

Saúde

HÁBITO ALIMENTAR
OU REGIME?

Há alguns anos, em uma primeira Karen Sternfeld
consulta com uma paciente, ela
me contava sobre como havia lida- Como tudo, a nossa dieta alimentar pre-
do com uma condição crônica nos cisa ser um estilo de vida inserido no nos-
últimos anos. Em seu relato, me contava so cotidiano. Não devemos escolher uma
sobre as diferentes dietas que diferentes fruta ao invés de uma coxinha por que
nutricionistas haviam passado e como estamos de dieta, mas sim por que nos-
cada uma ajudou ou não com seu pro- so paladar e organismo pede e deseja a
blema. Eu perguntei quais novos hábitos fruta. Em seu livro “12 Steps to Raw Foo-
ela havia incorporado em seu dia a dia, e ds” Victoria Boutenko, professora adjunta
a resposta, para minha surpresa, foi ne- da Universidade de Oregon, desenvolve
nhum. Não havia nenhum mistério do por um paralelo entre drogas aditivas como a
que ela nunca havia conseguido resolver cocaína ou álcool e nossa predileção pela
seu problema. comida processada.

Vivemos na era da informação, a mídia Victoria usa a mesma proposta de orga-
sempre “vendendo” uma nova dieta mi- nizações como NA e AA para conseguir
lagrosa, contamos calorias, os alimentos vencer o nosso vicio com relação ao ali-
que, assim como num conto de fadas, ora mento processado. Ela argumenta que
são vilões, ora são os príncipes encanta- somos adictos a comidas comuns como
dos. E, nesse mar de informações e de- pão, leite, carne, sal e açúcar. Em particu-
sinformações ficamos tentando milhares lar, Victoria fala muito sobre a dependên-
de regimes e dietas distintas. O resultado? cia que muitos têm do açúcar: “pesquisas
Em primeiro lugar o famoso efeito sanfo- indicam que os receptores do gosto doce
na, que além de frustrante, traz males a em nossa boca estão ligados diretamente
saúde como o enfraquecimento do siste- a áreas do cérebro que liberam opióides
ma imunológico, doenças coronarianas, endógenos – substancias produzidas na-
hipertensão, aumento do colesterol, entre turalmente pelo nosso corpo que indu-
outros. Fazer dieta não funciona, não faz zem a sensação de prazer e bem estar. O
bem à saúde, é como correr uma ma- sabor doce é suficiente para ativar áreas
ratona uma vez por mês e não exercitar de prazer no cérebro”. Em outras palavras,
regulamente. o sentimento de prazer associado ao con-
sumo do açúcar faz com que tais alimen-
tos sejam altamente aditivos.

74 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br

ilustração. markovka . shutterstock Então como mudar nossos hábitos alimentares de forma inteligente e dura-
doura? Dos 12 passos sugeridos por Victoria Boutenko, selecionei os 7 abai-
xo que considero de maior importância.

n Tomar consciência do problema. Talvez o passo mais difícil de todos, sem
admitir e identificar que temos um problema torna-se impossível de resolve-lo.

n Alimentar seu corpo com opções nutritivas para eliminar desejos por alimen-
tos “vazios”, evitando bobagens como pão, biscoitos, etc.

n Adquirir conhecimentos para alimentar-se de forma saudável em casa. Não
podemos depender de restaurantes ou de terceiros para comer bem. Precisa-
mos saber preparar minimamente uma refeição por conta própria.

n Ter amor próprio independentemente do que você comer. O processo de
mudança de hábitos alimentares é longo, podendo durar anos. É muito comum
em um momento de stress recorrer-se a uma “comida de conforto”. Não se jul-
gue nem se maltrate por isso, apenas retome seu caminho em busca de uma
vida mais saudável.

n Obtenha apoio. Encontre pessoas que também estão na mesma busca que
você. Se organize da melhor forma possível, tenha sempre opções de comida
em casa prontas para beliscar, compre frutas e vegetais frescos e baratos, uma
dica é “pegar” o resto da feira, como por exemplo as folhas de vegetais como ce-
noura, rabanete, beterraba. Essas, além de grátis, são altamente nutritivas e uma
ótima opção para usar em sopas ou bater com frutas na criação de saborosas
opções alimentares.

n Abraçando novos hábitos saudáveis. Uma vez adptada em uma rotina de
alimentação saudável, outros bons hábitos de saúde naturalmente decorrem,
como por exemplo, a vontade de exercício físico, ou aproveitar seu tempo livre
desfrutando atividades ao ar livre.

n Ganhando clareza. Uma dieta alimentar saudável proporciona a habilidade de
ter mais clareza sobre a vida, ter a capacidade de ver as coisas como elas são
e não como gostaríamos que fossem. Esse talvez seja o melhor presente que
ganhamos ao adotar um estilo saudável de vida.

Não caia mais na fantasia dos regimes e dietas malucas por ai. Abrace um
novo estilo de vida para toda a família que mudara a sua vida e a dos seus
entes queridos. Quanto mais processada a comida mais distante dela você
deve ficar. Esqueça todos os diets e lights e busque sempre comidas como
a nossa Mãe Natureza nos deu, de forma simples e integral. Opte também,
de forma geral, por alimentos crus aos cozidos, lembre-se que o ato de cozi-
nhar é uma forma de processar o alimento. Com muita calma, conhecimento
e perseverança, somos todos capazes de mudar nossas vidas para melhor e
de forma jamais antes imaginada.

Saúde 75

TEcnologia

Conectando
a família
sem fio

Fernando Sousa

A cena é típica, daquelas que volta e meia aparecem em novelas e séries
de TV: a família está fazendo uma refeição à mesa. Porém, ninguém fala
com ninguém, sequer olham uns para os outros. Entre uma garfada e outra,
estão absortos em mensagens de WhatsApp e postagens de Facebook,
exibidos em smartphones com telas cada vez mais potentes. Você deve
estar imaginando que este é um comportamento típico dos adolescentes,
não? Para mim, tendo a crer que esse hábito está se expandindo, tanto
entre os mais novos (crianças), como entre os mais velhos (adultos e a

Uaté idosos).
m primeiro indício é que os telefones celulares e os smartphones já dominam
os lares quando o assunto é navegar na Web. De acordo com 14ª edição da
pesquisa F/Radar, recém divulgada pela agência F/Nazca, 52% dos entrevista-
dos afirmaram que celulares e smartphones eram o principal dispositivo utilizado
para acessar a Internet dentro de casa. Suplantaram os tradicionais computadores de
mesa (42%) e notebooks (40%) – tablets aparecem com apenas 12% (para minha surpre-
sa, pois imaginava que já teriam maior participação).
Uma das conclusões do estudo é que o brasileiro não abre mão de mobilidade, nem
mesmo dentro de casa, e que um dos principais motivadores, adivinhe só! - são as redes
sociais. De qualquer forma, custo a acreditar que este crescimento seja puxado exclu-
sivamente pelo comportamento dos adolescentes. É mais provável que aquela cena
descrita no começo deste artigo tenha a participação cada vez maior tanto de adultos
como de crianças.

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Charles Taylor . shutterstock

Na era digital, o desafio é dosar o uso da tecnologia pelos filhos. Dubova . shutterstock

Uso cada vez mais precoce Longe de mim achar que as novas tecno-
logias devem ser tratadas como bichos de
No caso dos jovens que ainda não che- sete cabeças, entretanto, alguns números
garam à adolescência, há um outro es- da mesma pesquisa eram ainda mais pre-
tudo que dá indícios do comportamento ocupantes. Por exemplo, segundo o es-
relacionado com a adoção precoce de tudo, 86% dos pais acreditavam que seus
telefones celulares e outros dispositivos filhos estavam seguros enquanto estavam
do gênero. De acordo com a CTIA, uma acessando a Internet, e 92% deles acre-
organização internacional que representa ditavam saber o que as crianças faziam
a indústria de comunicação sem fio, 56% online – inclusive, 22% provendo disposi-
das crianças entre 8 e 12 anos já eram do- tivos móveis para seus filhos apenas para
nas dos seus próprios telefones celulares, mantê-los ocupados. Outro dado curioso:
sendo que anteriormente, a idade média os adolescentes norte-americanos envia-
em que eles ganhavam o primeiro era de vam, em média, 60 mensagens de texto
12 anos de idade. Os dados são do mer- por dia – no caso das meninas, essa média
cado norte-americano, onde os compor- subia para 100! Imagine hoje com aplicati-
tamentos ligados à tecnologia costumam vos como WhatsApp, nos quais sequer há
chegar (bem) antes, mas detalhe: são nú- cobrança pelas mensagens enviadas.
meros de 2013! Eu acredito (e imagino que
você, leitor, também) que hoje tais coisas
devem estar acontecendo cada vez mais
cedo, possivelmente, também no Brasil.

Tecnologia 77

TEcnologia

Dicas para pais Reo . shutterstock

A CTIA mantém um braço para justamen- • Determine a quantidade de ligações,
te promover o uso saudável das novas
tecnologias sem fio. Justamente com os mensagens de texto e tráfego de dados
números acima, a entidade forneceu al- que seus filhos podem consumir mensal-
gumas dicas para os pais tanto para aju- mente, ou, pelo menos monitore tais in-
dar no convívio familiar como para man- formações para identificar eventuais usos
ter as crianças seguras durante o uso de excessivos;
smartphones, tablets e outros dispositivos.
Confira: • Aprenda a utilizar os recursos existentes

• Escreva as regras de uso das tecnolo- em smartphones e tablets que possam
ajudá-lo a monitorar como as crianças
gias sem fio por parte da família clara- usam tais aparelhos;
mente estabelecendo as “conseqüências”
caso elas não sejam obedecidas. Lembre- • Antes de baixar um aplicativo ou adquirir
-se que as normas devem variar conforme
a idade – uma criança de 11 anos de idade um game, verifique a classificação etária
e um adolescente de 14 anos já têm men- do produto;
talidades bem diferentes. Imprima e cole
a folha com as regras em ponto central da E uma dica final: ensine pelo exemplo.
casa, até porque elas devem valer para to- Lembra da cena descrita no começo des-
dos os integrantes da família; te artigo? Pois bem, se você vive teclando
ao celular durante as atividades familiares,
• Sobretudo no caso das crianças mais dificilmente vai convencer o seu filho a agir
de forma diferente. Isso vale tanto para
novas, utilize ferramentas para filtragem refeições como para outros momentos,
de conteúdo e restrição do acesso a ga- como nas idas ao parque. Cito isto porque
mes, aplicativos e sites impróprios para já me peguei fazendo isso, sob protestos
a idade. Alguns provedores de acesso e de meu filho de dois anos da idade. Ele
serviços oferecem tais ferramentas; mesmo pegou o celular e o guardou no
bolso da minha bermuda.

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religião

O batismo e
as religiões

Sylvio Montenegro

Celebrar a iniciação de alguém a algo é uma prática que, com
certeza, precede os registros históricos. Mesmo quando o
conhecimento humano ainda era apenas repassado de gerações
a gerações de forma oral e não escrita (a Pré-história), algum
tipo de ritual deveria ser utilizado para marcar a purificação,
entronização, e/ou, ainda, a passagem de alguém a um nível
de conhecimento ou de vivência superior. Essa dedução se
dá apenas pela observação da índole humana (muito apegada
a esse tipo de “marcas” ao longo de sua existência) uma vez
que, como é sabido, da Pré-história não temos registros. Várias
crenças religiosas se utilizam dessa forma de iniciação, conhecida
como “batismo”. Vamos tratar de alguns desses rituais.liberdade
individual de culto: “Devo eu ou não, influenciar a vida espiritual
de minha família e, em especial, a de meus filhos?”

Da forma como o conhecemos largamen- forma geral, mas também “aspergir” (bor-
te no Brasil, um país de fortes origens cris- rifar, respingar) e lavar. Alguns a traduzem
tãs, o batismo é uma prática de diversas também como “efusão” (derramar).
igrejas e confissões baseadas no Cristia-
nismo, uma das três maiores religiões do Segundo o Dicionário Informal,“a forma
planeta (as outras são o Judaísmo e o como foi usada tanto por Jesus quanto
Islamismo). pelos apóstolos, deixa claro esse conceito.
Primeiro porque o batismo corresponderia
A palavra “batismo”, que para muitos re- uma realidade plena do ritual de purifica-
presentaria apenas esse processo de ção feita já então pelos sacerdotes levitas,
iniciação de um membro a uma determi- desde os tempos de Moisés. A diferença
nada crença religiosa, vem do grego “bap- é que, como rito de purificação, o batismo
tizo” e não significa apenas “imergir” (mer- anteriormente era repetitivo, simbólico e
gulhar, entrar em, afundar, penetrar em, temporário”. Com Jesus, para os cristãos,
adentrar em), como se acredita de uma se tornou único, verdadeiro e permanente.

Religião 79

O início de uma vida religiosa maxriesgo . shutterstock

Mas é bom que se diga que num artigo Já no Islamismo, a primeira coisa que uma
como este, na Revista Nova Família, es- criança ao nascer deve ouvir é o nome
taremos longe de “fechar questão” so- de Deus. Então, o pai diz o Azan no ouvi-
bre o assunto. Até porque, para que isso do da criança. O Azan é um culto islâmico
ocorresse, seria necessária uma minucio- que precede as orações religiosas. Além
sa comparação teológica entre o Antigo disso, ainda na primeira semana de vida,
Testamento (que acima de tudo significa o bebê tem seus cabelos raspados e seu
um tempo histórico em que está em vigor peso, em prata, deve ser doado aos mais
uma Aliança (Testamento) estabelecida necessitados. A criança recebe seu nome
por Deus em Abraão e depois renovada, durante o momento do Azan e a família,
entre Deus e o povo israelita) e o Novo posteriormente, oferece o akkik; um ban-
Testamento (a Nova Aliança formada en- quete normalmente servido com carneiro
tão entre Deus e seu filho Jesus). como prato principal, já que ele é um ani-
mal simbólico na história de Abraão.
Como fazem
judeus e islamitas O batizado cristão

Num pequeno paralelo com as duas ou- Já no Cristianismo, doutrina criada por
tras grandes religiões mundiais, no Ju- Paulo de Tarso (o convertido de Damas-
daísmo, quando nasce uma menina, ela co), através das interpretações das pala-
é levada a uma sinagoga e recebe um vras de Jesus de Nazaré, há muitas con-
nome perante o Torá, o livro sagrado dos cordâncias e discordâncias (de conteúdo
judeus. No caso dos meninos, ele recebe e forma) as diversas confissões que se
seu nome durante a circuncisão, diante de intitulam cristãs.
outros dez homens. A iniciação religiosa
propriamente dita se dá aos 13 anos (me- É praticamente impossível que haja um
ninos) na bar-mitzvá, ou aos 12 anos (me- texto explicativo completo e isento para
ninas) no bat-mitzvá. Nas duas cerimônias se fazer essa análise de forma minuciosa
os “batizados” devem demonstrar a entre- e independente. Para cada denominação
ga à nova fé lendo trechos do Torá e oran- (e são incontáveis) existem explicações e
do em hebraico. contra explicações a respeito, todas fa-

80 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br

zendo analises particulares umas das outras, sempre, A forma da participação da água também varia entre
é claro, sob sua própria ótica particular. as denominações: a imersão, a aspersão e a efusão
são utilizadas de forma muito particular de cada uma
O arrependimento é condição essencial para o ba- delas. Todas com explicações (baseadas em interpre-
tismo em praticamente todas elas. Mas quando se tações) dos textos evangélicos e também do Antigo
pensa em batismo como regeneração e forma de Testamento.
concessão de vida espiritual, igrejas tradicionais dis-
cordam disso, como a Presbiteriana, a Batista, as Outras crenças importantes
Cristãs Congregacionais e as Testemunhas de Jeová. entre os brasileiros
Dentro de outras nem existe consenso a respeito: Co-
munhão Anglicana, Metodista e Assembleia de Deus No Brasil, três outras crenças religiosas são também
são algumas das principais. bastante disseminadas:

O batismo de crianças é outro ponto de profunda re- No Espiritismo, (doutrina filosófica com aspectos cien-
flexão entre os cristãos. Enquanto igrejas tradicionais tíficos e consequências morais, conforme ela mesma
como a Católica Apostólica Romana, a Ortodoxa, a se define) codificado, em meados do século XIX, por
Luterana, a Metodista e a Comunhão Anglicana (na Allan Kardec (codinome do ilustre professor francês
maioria das sub-denominações) o praticam, outras Denizard Hippolyte-Léon Rivail – nome que consta de
também não menos tradicionais não concordam. seu auto de nascimento), apesar de se auto intitular
como uma doutrina cristã, não adota nenhum tipo de
A alegação é que, sendo um ato de arrependimen- batismo.
to, não haveria sentido em imaginar que um recém-
-nascido ou ainda uma criança em idade muito pueril Já no Candomblé, a criança é batizada num ritual
tivesse algo do que se arrepender (ou mesmo condi- conhecido como ekomojade. Nele, o pai de santo é
ção de analisar isso), bem como de pecados a serem consultado para saber qual o orixá (divindade) do bati-
perdoados. zado, e então, é escolhido um nome religioso africano
para a criança.Ela também é banhada em vários líqui-
Em alguns casos, como a Católica Apostólica Romana dos. Os orixás são fixados apenas após longo isola-
(maioria absoluta dos cristãos brasileiros), o batismo mento e purificação, antes da pessoa ser apresentada
deve ser confirmado quando o jovem já estiver em a comunidade.
condição de entender o processo. Isso se dá através
também de dois outros sacramentos: a Primeira Eu- A Umbanda, religião sincrética, que reúne elemen-
caristia (antiga Primeira Comunhão) e a Crisma. tos tanto do Cristianismo quanto do Espiritismo e do
Candomblé, tem uma variedade enorme de formas
Em passado não muito distante, o padrão do batismo de batismo, mas todas elas partem do princípio do
também foi muito discutido: algumas confissões não batizado cristão que freqüentemente é realizado na
concordavam com a evocação da Trindade (Pai, Filho natureza, com especial predileção de seus crentes às
e Espírito Santo), fazendo isso apenas em nome do cachoeiras e quedas d’água.
“Senhor Jesus”. Hoje em dia, apenas os Pentecostais
do Nome do Senhor Jesus continuam com essa práti-
ca. No entanto, vale ressaltar que os mórmons, adep-
tos da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias, apesar
de evocarem os três elementos da Trindade, não a
aceitam conforme discutida no Concílio de Nicéia,
em 325 d.C., a não ser apenas como Divindade. Já
as Testemunhas de Jeová, pouco antes do batismo,
confirmam a crença em Jeová, em nome de Jesus.
No momento exato do batismo nada é dito.

Religião 81

Roteiro de Viagem REGIÃO SUL
MARCELINO RAMOS/RS
Denise Paciornick hptBqgmrOeioiuuiosastaelrm,cléinieuih,udnensmnaaáéoc,ibashrcpR,iciíeeotoedmpiusaroutsidncocaroGatehusdeddtrasÁoauaae.slsrngh,aMApdeuotosaoecrarbspodedrmoesmcTogotqepseoãaluSlnrtiuseenmtuu,rtnaorlaáaaainnprRishdtsectoeaaaiaessqdsmss.lduu,aaoceíeedszos,,emeoptréfliooefneulociraincncaendovdacldoaieemlaznvaassaaoeedoionpssadolcaoladovntcimieoosavsaálpiciiUgtrinizanienrtaagnncuesos-o--,
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REGIÃO SUDESTE
PARQUE CACHOEIRA DAS ANDORINHAS / MG

REGIÃO NORTE pzaDRslpttttedOieneauaieszaeiniesrn,ramxnmidcPatzdptAaibeoaei,ranaas:sclséieartvPesmVeqopeõns,saenoesécrusnJdceaosoeeuaomP,nmrseaantCdiaefqatotuomrM,aararurrcvilaaqsiacaCaaGostiçhmiucõdNvisosõeo.aabenoeeomslcsláOcsNsii,o,ioh,rvu,lsmégeaaaivapeéeteacs,mpauáadsi,blmrportIigaoAlmqnneMroiahsuhacensuaapaissldiaAebtssaínsoaoednqpavdr,qrldeaosoupeieopulsonezapeaGCqsrhaPosuativutaaesnioiaseêecraspvhssldsdoa,mre,eamapniaimCicrstpseviossaa,atrte,oufróldiotarrpniaina,,oscco’voeAánoanurareicsçelgaelcrnsoannatssoorutmotroscsspeara.n,,e,cem,rCnanaduPjiOatutaravnoiloinmesecpvbsués,iosietucalamcsptvprrotiírtrisacanianaapsduosaasiarió.-si,s.e-,a--o,
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REGIÃO NORDESTE
PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA/PI

UndJgimaeamolspdaRSéoaradesDtriaamràisnaautasndpe.tdsraroeSapCsçNuaeaõartopevrnscaiiamvrçdtaiãôoaoro,çnaNiJã,dooqoosorãusdceomeueflCesdtiticuooeearsvtabeanaiurmos,aPbaBpsiiireldraéeneuii-tjvírhoee,oirdeseéstnoaótodsrPreePimicaoaouosusrmtí.qmivueudaençoCiNsõcoeíarmspcoaniilooeiis-s-l
Noanetclasunuóaprltsgtaierugsilcerecíogacrosfsrhliiãacdaeacosma,,osemacpeveomxarlleppóiesasgiosetnuinetacecçmuotoarp.eeandldssaçitonãvueíeodhcraoigpsemdarassaaer,vmascou.o.ronPAaCcdsaseornemprqtsuaerupuaniesmveçaosaõalgtbevresrpienmiasdgs,ieeasnccatosofgmoímaetudmibnooveasevltseaaeutzrrríafiqiglasonuidmraeoaas-o-
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Facebook: https://www.facebook.com/serradacapivara 

Lazer & Viagem 83

lazer & Viagem

Férias, momento de trilhar um caminho em família.
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Uma família, um
aeroporto,

vários destinos!

Daniela Viek

Entre chegadas e partidas, olhares e despedidas, uma lágrima, um sorriso, uma
história por trás de cada mala, de cada passaporte carimbado, de cada passageiro.
Um sonho, uma expectativa, um horário de chegada, corações ansiosos pelos
vôos que farão se reencontrarem após 10 anos de distanciamento.

Marília (27) foi morar na Nova Zelândia quando tinha gresso ao Brasil. A duração? 30 dias. O planejamento?
apenas 17 anos através de um intercâmbio. Seu irmão 1 ano conversando pela internet, definindo roteiros,
Miguel (30), vive no Canadá desde os 20 quando a compartilhando fotos, levantando custos e sonhando
matriz da empresa que trabalha como engenheiro o com cada detalhe, e agora o que todos mais queriam
chamou para atuar nas terras canadenses e de lá não era embarcarem juntos no mochilão que marcaria
regressou desde então. Os pais Joaquim e Mariana, suas vidas, pais e filhos juntos, depois de tanto tempo
conhecidos como “Sr. e Sra. da Silva”, sempre viveram vivendo essa aventura.
no Brasil e estavam prestes a embarcar em sua pri-
meira aventura internacional, mas com único objetivo, E o que acontece agora então, você me pergunta?
reunir a família nesta jornada. Bem, os vôos internacionais chegam, eles se reencon-
tram, partem para a tão sonhada e planejada viagem
O ponto de encontro: Aeroporto Internacional de Gua- em família, seu Joaquim vive intensamente cada se-
rulhos (GRU), o destino: Mochilão pela América do Sul. gundo, chegando a derramar lágrimas ao ver as pai-
Mochilão? Sr e Sra Silva (60)? Sim Senhor! Uma expe- sagens que durante sua vida só via por fotos ou na tv e
riência que, segundo Seu Joaquim, que economizou que passou anos almejando vê-las, mas sempre adiou
cada centavo durante muito tempo para emplacar e antes que o tarde fosse nunca, vibrou cada dia em
neste projeto, seria a experiência ideal para vivenciar cada país, intensamente por ter conseguido, desafiou-
a cultura de vários países, contato com a natureza e -se e à sua família e todos cumpriram juntos a missão.
permitir à família uma rica troca de emoções e desco-
bertas. E tem idade ideal para isso? Era um sonho que Para concluir: Marília e Miguel são personagens fic-
tinha desde jovem, mas sempre o engavetou devido tícios, assim como a Sra. da Silva, e quanto ao seu
à carreira, casa, filhos e tantas outras desculpas que o Joaquim, bem, ele pode ser eu, você, seu pai, vizi-
“impediram” de realizá-lo. nho..., qualquer um de nós, que troca nossos sonhos
por desculpas, muitas vezes..., mas, que um dia acor-
A espera parece interminável no aeroporto, todos da e vê que ainda não é tarde (esperamos que não
combinaram de se encontrar na manhã de terça (27 seja mesmo) para realizá-los. Ahh e a viagem, sim ela
de março) quando os vôos chegariam e a partida para aconteceu, espero que você tenha viajado comigo
o Peru, primeiro país da trip, estava previsto para o fim nesta narrativa e que possa quem sabe vivenciar a sua,
do dia. O tour englobaria 6 países, respectivamente: em cada linha, plano, milha, país, sozinho ou com seu
Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina, Chile, e por fim, re- cônjuge, filhos, família inteira..., esse é o meu desejo.

foto ao lado . PhotonCatcher . shutterstock ilustração . Studio DMM Photography, Designs & Art . shutterstock

Lazer & Viagem 85

Rock and Wasp . shutterstockopinião

FAMÍLIAS,
CONTEMPORANEIDADE,

PRECONCEITO,
ADOÇÃO!

Neide Coelho Boëchat

Nossas famílias já não são mais as mesmas. Aquele
tradicional modelo familiar (pai, mãe, filhos) já não impera
só. Hoje, cada vez mais, novos modelos se impõem.

A partir dos anos 70, com a revolução dos costumes,
a constituição familiar começou a apresentar os pri-
meiros sinais de mudança, com as uniões de casais
que não mais queriam um casamento nos moldes até
então afirmados, ou seja, a mulher virgem que se ca-
sava de branco com o homem amado, cercados por
uma cerimônia religiosa tradicionalmente estabeleci-
da e alimentada pela igreja e por uma festa, social-
mente esperada pela sociedade.

Sim, os tempos mudaram. Com o surgimento da pí-
lula anticoncepcional, a mulher libertou-se das im-
posições sociais por sentir-se com direito às mesmas
possibilidades pertinentes até então ao universo mas-
culino. O peso da virgindade desapareceu, e a liber-
dade de planejar o advento dos bebês abriu-lhe um
espaço mais seguro para se impor como cidadã, pro-
fissional e agente do próprio destino.

As mudanças vieram a galope. Hoje, a mulher não
precisa mais conservar a virgindade até o casamento,
aliás, o próprio casamento já não se faz mais necessá-
rio. Não que não ocorra, mas perdeu o caráter de con-
dição necessária para se constituir uma família. Talvez

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não seja exagero afirmar que a vida contemporânea nos parecem novas; por outro, não são tão novas as-
se orienta por um enorme pragmatismo, balizado por sim dadas suas proporções: são muitas as famílias
dois pontos: o desejo e o dinheiro. Assim, é explicado que assim se reorganizam e já não causam espantos,
por dois pensadores: Freud e Marx. Basta que duas furor ou desconforto. Entretanto, uma nova forma co-
pessoas desejem viver juntas e tenham condições fi- meça a se impor e a enfrentar barreiras: a dos grupos
nanceiras para que a constituição de família se torne familiares constituídos por homossexuais. A questão
uma possibilidade. Tudo muito simples – ou bem mais é complexa pelo preconceito. Femininos ou masculi-
simples que outrora. nos, são excluídos pela maioria. É doloroso ver como
muitos ainda se escondem da família e até dos mais
Com a mesma simplicidade que se casam, esses jo- íntimos. A maioria se envergonha de sua condição. A
vens se separam, e a separação é também menos violência que a eles se impõe é um escândalo. Apesar
complicada. Basta que o casal não mais se ame e a das leis, a desproteção ainda os isola – às vezes, os
relação se rompe. Os filhos já não são vistos nas es- próprios legistas e juízes são, eles mesmos, precon-
colas como diferentes dos colegas porque muitos ceituosos. Esses casais querem ter o direito de formar
passam pela mesma situação. A mulher separada não famílias, seja pelos recursos genéticos (inseminação
é malvista, pois muitas, senão a maioria, também são. artificial para mulheres homossexuais) ou por adoção.

Mulheres e homens muito jovens com filhos e sepa- Eis a questão paralela: o enorme contingente de
rados novamente se casam, têm outros filhos, e os crianças abandonadas à espera de adoção. Esse novo
filhos de um passam a conviver com os filhos do ou- modelo familiar acena para atender a essa demanda.
tros como irmãos. Antigos grupos familiares se reú- É urgente fazer valer o direito que tais pessoas têm de
nem aos novos e constituem uma grande família. Tais formar suas famílias e a oportunidade que represen-
grupos familiares, outrora vistos como escandalosos tam para a adoção dos menores sem lar e sem família.
e desrespeitosos à moral familiar, são vistos de forma
muito positiva. É preciso constatar a generosidade, a Arquivo pessoal
solidariedade e a real fraternidade entre essas crian-
ças que se tratam como irmãs, quando nem sempre
meias-irmãs são. Do mesmo modo, os pais de um se
fazem pais do outro, na ausência dos pais legítimos.
Assim, a desconstrução do modelo familiar que se
desenvolveu fortemente dos meados do século XX
para os nossos dias começa a apresentar seu lado
construtivo.

É interessante notar como se desenvolveu esse pro-
cesso. Em um primeiro momento, os indivíduos esta-
beleceram nitidamente o individualismo e o lado ego-
ísta; as famílias foram diminuindo,os idosos deixaram
de morar com os filhos para viverem sozinhos, aque-
les que não se casaram passaram a viver sós. Enfim,
todos se empenhavam em construir vidas solitárias.

Paralelamente, e, como resultado desse processo, Neide Coelho Boëchat é coordenadora
opera-se nessas pequenas famílias uma desconstru- do Curso de Filosofia do UNIFAI – Centro
ção: os casais que se separam buscam novos casa- Universitário Assunção, doutora em
mentos, novas famílias, e surge a chance de exercitar Filosofia e bacharel em Psicologia, autora
a aceitação do outro, desafio para quem privilegiava de História e escassez em Jean-Paul
o individualismo. É preciso fazer valer o altruísmo em Sartre - indicado ao Prêmio Jabuti 2012 na
detrimento do egoísmo prevalente. É um movimen- área das ciências humanas.
to demasiadamente humano dessa nova condição.
Por um lado, no contexto histórico, essas formações

Opinião 87

SEXO

AUTOESTIMA
FEMININA:

COMO COMEÇAR A TURBINÁ-LA

Cléo Francisco

E sse é um assunto que tem me chamado muita atenção nos
últimos tempos, principalmente depois que fiz uma entrevista
exclusiva com Ana Paula Padrão, em maio passado, e ela assu-

miu que durante muitos anos teve problemas com sua autoestima.

Como assim? A apresentadora admirada, jornalista reconhecida como exem-

plo de profissional, que já viajou o mundo inteiro em busca de notícias? Pois é.

Mais ainda: Pedi, na ocasião, para ela fazer uma comparação entre autoesti-
ma feminina e masculina e reproduzo aqui esse interessante trecho de nos-
sa conversa: “Definitivamente, a autoestima feminina é mais baixa, mais frágil
que a masculina, principalmente em países latinos. As meninas são criadas
para encontrarem abrigo e segurança em algum lugar. São treinadas para
serem servis e não para serem grandiosas, corajosas, desbravadoras. Já os
meninos são criados para desenvolverem esse tipo de talento em si. Elas já
saem em desvantagem”.

Sábia Ana Paula! Algumas de vocês, meninas, já se deram conta que eles
costumam se questionar menos sobre seu potencial? Parecem ter poucas
incertezas. E, mesmo que as tenham, ainda assim, tendem a se aventurar, se
jogar, explorar, ir mais além. Eles acreditam em si, que merecem o melhor,
se dão valor. Quer melhor definição para a palavra autoestima? Já nós, mu-
lheres, geralmente somos mais tímidas, medrosas, titubeamos.

88 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br

A busca pelo prazer SimmiSimons . shutterstock

Creio que entre as razões para esses com- ca. Mas, no geral, entende-se que essa Sexo 89
portamentos diferentes está a concepção, curiosidade é coisa da natureza masculi-
alimentada desde a infância, de que se- na, sempre mais aventureira e costuma-
res donos de falos são superiores aos que -se deixar para lá. Sim, facilita muito o
possuem vaginas, e portanto, podem mais. fato de que podem vê-lo e pegá-lo sem
E desde o berço. Querem exemplos? Ain- dificuldades. E “ele”, o pênis, se torna qua-
da recém-nascidos, é muito comum os se que uma entidade à parte, chamado
pais, cheios de orgulho, tirar suas fraldas também de espada, estaca e pau e ou-
e exibi-los aos amigos. É a celebração do tros nomes que têm a ver com firmeza e
pênis. E assim, claro, eles vão aprendendo agressividade.
a gostar de seus pintinhos desde cedo.
Já “elas” ganham apelidos que sugerem
Os anos se passam e o garoto começa a fragilidade como pombinha e passarinha.
explorar seu corpo. Se for visto manipu- Ou, então, animais repulsivos: aranha, pe-
lando o pênis, pode até levar uma bron- rereca e por aí vai. Meninas aprendem

SEXO

sparkstudio . shutterstock

desde cedo que não podem se sentar de qualquer sabe sobre sua região íntima? Con-
jeito em público. E ai se, de repente, a calcinha apa- versa com seu ginecologista assun-
recer depois de um gesto mais espontâneo durante tos como masturbação e desejo?
uma brincadeira! É preciso ter modos e recato! Ser Aproveito para questionar sua rela-
flagrada colocando a mão lá porque também desco- ção com suas filhas: você conversa
briu que pode ser legal, então... E assim elas crescem com elas sobre sexualidade? Se
com a ideia de que aquela zona, que não pode ser questiona sobre preconceitos que,
vista direito sem o auxílio de um espelho, é secreta sem querer, podem estar se per-
e intocável. petuando na cabeça delas? Presta
atenção em frases que ajudam a
Dependendo da relação das mulheres da família com reforçar a ideia de que é melhor ter
suas próprias genitálias e da educação sexual que pênis que vagina? Já pensou no que
tiveram, as meninas podem crescer, ainda, com a isso pode causar para as meninas no
ideia de que menstruação é sinônimo de incômodo, futuro? E na sua casa, os meninos tam-
que isso faz parte da infelicidade de ter nascido mu- bém têm obrigações domésticas? Ou só
lher. E, por ignorância com relação ao próprio corpo, elas devem limpar a casa enquanto o irmão pode
acreditar que o absorvente interno pode se perder no ficar na frente da TV ou ir brincar com os colegas?
organismo, indo parar sabe-se lá onde, entre outras
ideias erradas. As mulheres, historicamente, sempre tiveram seu
espaço restrito ao ambiente doméstico e educação
voltada para se aprimorar em cuidar do marido e dos
filhos. Mas todos – famílias, sociedades, países, a eco-
nomia mundial – ganhariam muito com mulheres que
fossem estimuladas desde cedo a acreditarem em si
e desenvolverem seu potencial. Estudar, se aperfei-
çoar, conquistar novos espaços, realizar projetos de
vida faz bem a qualquer ser humano, independente
do sexo ao qual pertença. Muita coisa já mudou, não
discuto isso. Mas estamos longe ainda de uma socie-
dade que dá a homens e mulheres os mesmos direi-
tos e oportunidades. E a gente pode ajudar a mudar
essa situação dentro de nossos próprios lares, reven-
do conceitos, atitudes e a forma como criamos nos-
sos filhos e filhas.

Por isso, pergunto: qual foi a última vez que você pe-
gou um espelho para ver sua vulva? Mês passado?
Há três meses? Em 2013? Não se lembra? O que você

90 Nova Família www.revistanovafamilia.com.br




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