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Published by manomesquita.jm, 2021-12-23 12:43:38

Era uma vez...

Era uma vez...

Por iniciativa da Rainha D.Amélia foi inaugurado em 23 de maio de 1905 o Museu dos Coches
Reaes. O local escolhido para expor as viaturas da Casa Real que estavam guardadas nas
cocheiras de diversos palácios foi o antigo Picadeiro Real.

Em 2015, foi inaugurado um novo edifício para dar a conhecer diferentes modelos, as suas
principais características e a sua evolução desde o Século XVI até ao inicio do Século XX.



1- COCHE DE FILIPE II

Há muito, muito tempo entre 1580 e 1640 Portugal foi governado por três reis espanhóis todos
de nome Filipe. Assim, este período ficou conhecido por «Domínio Filipino».

Os reis nesta altura preferiam andar a cavalo enquanto as damas da Corte viajavam sentadas em
almofadas, no chão de carroções.

No século XV aparece na Hungria um novo modelo de transporte chamado Coche muito mais
bonito e confortável do que os carroções.

Em 1619, o rei Filipe II de Portugal e III de Espanha quis conhecer o reino de Portugal. Para esta
longa viagem mandou construir um coche que era puxado por seis cavalos.

A viagem entre Madrid e Lisboa demorou mais de dois meses. O rei Filipe II ia parando em várias
vilas e cidades onde era recebido com entusiasmo pela população.

Como o coche era suspenso por correias balançava muito e o rei enjoava. Por isso existem
debaixo das almofadas dos bancos uns buracos para o rei poder vomitar sem sujar tudo.

A 29 de junho de 1619 Filipe II chega finalmente a Lisboa onde a população o recebe com
grandes festejos no Terreiro do Paço.

2 - COCHES DA EMBAIXADA

No século XVIII, em 1706, D. João V torna-se rei de Portugal. Nesta altura descobrem-se no Brasil
grandes riquezas em ouro e pedras preciosas que vão permitir mostrar a importância do Reino
de Portugal.

D. João V durante o seu longo reinado mandou construir palácios, igrejas e conventos e fez ainda
várias melhorias na cidade de Lisboa e arredores.

D. João V para cumprir uma promessa pelo nascimento da sua primeira filha, Maria Bárbara,
ofereceu aos frades franciscanos um grande convento que foi construído em Mafra.

O rei queria que a cidade de Lisboa tivesse um Cardeal Patriarca. Por isso mandou fazer em
Roma várias coches para o seu Embaixador, o Marquês de Fontes, visitar o Papa.

No dia 8 de julho de 1716 realizou-se o grande cortejo. Como era feriado havia muitas pessoas
nas ruas e nas janelas que admiravam os coches que levavam o Embaixador e a sua comitiva até
ao Palácio do Papa.

Estes coches causaram grande sensação em Roma pela sua grande riqueza. Então D. João V
mandou que os trouxessem de barco para Lisboa para ele também os poder admirar. Foi assim
que chegaram até nós o Coche do Embaixador, o Coche dos Oceanos e o Coche da Coroação de
Lisboa.



3 - COCHE DA MESA

O rei D. João V de Portugal e o rei Filipe V de Espanha decidem casar os seus filhos para manter a
Paz entre os dois reinos.
O príncipe D. José de Portugal vai casar com a princesa Mariana Vitória de Espanha e a princesa
D. Maria Bárbara de Portugal

O local escolhido para se realizar esta cerimónia foi próximo da fronteira entre Elvas e Badajoz.
De Lisboa partiu um grande cortejo com mais de 100 coches e berlindas, de que fazia parte um
coche com uma mesa, e de Madrid partiu também um cortejo com a Corte espanhola.

Após uma longa viagem a Corte portuguesa chegou finalmente à fronteira. Ao mesmo tempo do
outro lado chegava a Corte espanhola vinda de Madrid.

Para a Troca das Princesas foi construída uma ponte sobre o rio Caia e em cima dela um palácio
de madeira ricamente decorado. Este palácio tinha três salas: duas mais pequenas para cada um
dos reinos e uma maior central onde iria decorrer a cerimónia.

A Corte regressa a Lisboa e desembarca no Cais de Belém onde os príncipes recém casados
foram recebidos com grandes festejos. O cortejo passou por ruas que estavam ricamente
decoradas e ao chegar ao Terreiro do Paço ouviram-se salvas e do Castelo de S. Jorge foi
lançado um deslumbrante fogo-de-artifício.



4 - LITEIRAS E CADEIRINHAS

A Liteira é um meio de transporte sem rodas utilizada na Europa desde o tempo dos romanos.
Por ser muito prática continuou a ser utilizada até ao século XIX em locais onde não havia boas
estradas.

No século XVIII os reis mandaram fazer Liteiras muito bonitas e bem decoradas.
A caixa tinha lugar para dois passageiros e era carregada por duas mulas, uma à frente e outra
atrás conduzidas por lacaios.

Um outro transporte sem rodas é a Cadeirinha que só tem lugar para um passageiro.
Era utilizada para percorrer pequenas distâncias e transportada por dois ou quatro homens,
conforme o peso do passageiro.

As cadeirinhas eram as preferidas das rainhas, princesas e senhoras da nobreza. Quando duas
amigas se encontravam na rua pediam aos lacaios para pararem e pousarem as cadeirinhas para
elas conversarem.

Algumas Cadeirinhas eram também utilizadas nas Freguesias da cidade de Lisboa para
transportar pessoas doentes.

Havia Cadeirinhas que eram utilizadas no interior dos Palácios pelas rainhas e as senhoras da
nobreza mais velhas que já tinham dificuldade em caminhar nos corredores muito compridos.

5 - CORTEJO DE GALA

Os Cortejos de Gala eram frequentes na Corte para assinalar datas festivas. No século XIX a
família Real e a Nobreza utilizavam carruagens nas Coroações, nas Entradas Públicas, nos
casamentos, nos batizados e em cerimónias religiosas.

O pequeno príncipe D. Carlos admirava muito estes cortejos e sonhava ter a sua própria
carruagem. Foi então que teve a grande surpresa quando recebeu do seu avô o Rei Vittorio
Emanuel II de Itália um presente de aniversário muito especial…

…um carrinho de criança feito à semelhança das carruagens dos reis mas que era puxado por
póneis. O príncipe D. Carlos, a partir de então, divertia-se a passear na sua nova carruagem
acompanhado pelo pajem que segurava as rédeas.

As viaturas, assim como outros bens da coroa, eram herdadas passando de geração em geração.
Em 1821 o rei D. João VI tinha encomendado em Londres a Carruagem da Coroa. Em 1889 para a
coroação de D. Carlos esta carruagem foi restaurada e foram pintados os monogramas do futuro
rei.

As carruagens são veículos mais cómodos e mais rápidos porque foram introduzidas inovações.
A caixa suspensa de molas em aço em forma de C torna-se mais leve, tem lanternas nos quatro
cantos e o banco do cocheiro muito alto para facilitar a condução.

5 - VIATURAS URBANAS

No século XIX as viaturas mudam muito. Deixam de ser douradas, passam a ter uma cor escura e
tornam-se mais leves e confortáveis. Em Sintra, quando a Rainha D. Amélia passeava gostava de
ser ela própria a conduzir a sua viatura, que era uma Vitória.

A Rainha também tinha uma viatura para percursos mais longos. D. Amélia ia de Sintra a Queluz
numa Caleça puxada por 4 cavalos e conduzida por um cocheiro.

Nos dias mais frios o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia preferiam ir de Clarence à igreja ou a
outros locais. Esta viatura tem uma caixa fechada com duas portas e muitas janelas.

No dia 1 de fevereiro de 1908 quando a Família Real estava a passar de Landau no Terreiro do
Paço foi vítima de um atentado que matou o Rei D. Carlos e o Príncipe Herdeiro D. Luís Filipe.
A Rainha Amélia, muito corajosa, pôs-se em pé para tentar proteger a sua família.

A 5 de outubro de 1910 acaba a Monarquia em Portugal e algumas das viaturas da Família Real
passaram a ser utilizadas pelos Presidentes da República. Por cima dos brasões reais que
estavam nas portinholas foram pintadas esferas armilares, símbolos da República.

7– Mala Posta

Durante muitos séculos havia Mensageiros que iam a cavalo, de terra em terra, entregar as
cartas e mensagens dos Reis, da nobreza e do clero. Como o povo não sabia ler os Mensageiros
liam em voz alta os avisos que traziam.

Em finais do século XVIII aparece um novo tipo de viatura, muito robusta, que era utlizada em
longas viagens. A Mala Posta foi criada para transportar o correio num compartimento próprio
mas também levava pessoas e bagagens.

Como as viagens duravam vários dias as Malas Postas tinham que parar ao longo do percurso em
várias Estações de Muda. Nessas Estações os cavalos que já estavam muito cansados eram
mudados por outros enquanto os viajantes aproveitavam para comer e descansar.

A Mala Posta foi o primeiro transporte coletivo entre vilas e cidades. Havia passageiros que
podiam viajar com mais conforto no interior. Os viajantes com menos dinheiro iam no tejadilho,
ao ar livre, juntamente com as bagagens.


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