The words you are searching are inside this book. To get more targeted content, please make full-text search by clicking here.
Discover the best professional documents and content resources in AnyFlip Document Base.
Search
Published by Smart Support, 2021-11-08 15:39:58

Revista da AMRIGS 65-1

Revista AMRIGS V65 n1

MANEJO DE DOR CRÔNICA ASSOCIADA À DEPRESSÃO Schons e Cerveira

2011;41(4):873-86. vida. Rev Psiq Clín. 2011;38(4):126-9
11. Moussavi S, Chatterji S, Verdes E, Tandon A, Pa- tel V, Ustun B. De- 23. Ministério da Saúde. Depressão: causas, sintomas, tratamentos,

pression, chronic diseases, and decrements in health: results from diagnóstico e prevenção. Disponível em: http://www.saude.gov.br/
the World Health Surveys. Lancet. 2011;370(9590):851-8. saude-de-a-z/saude-mental/depressao. Acessado em: agosto 2019.
12. Quevedo J, Silva AG. Depressão teoria e clínica. Versão impressa 24. Júnior JJS, Nicholas MK, Pimenta CAM, Asghari. Preditores biopsi-
desta obra: Artmed, 2013; (2):29-39. cossociais de dor, incapacidade e depressão em pacientes brasileiros
13. World Health Organization (WHO). Depression and Other Common com dor crônica. Rev Dor. São Paulo, 2012 abr-jun;13(2):111-8
Mental Disorders Global Health Estimates, 2017. Disponível em: 25. Abelha L. Depressão, uma questão de saúde pública. Cad. Saúde
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO- Colet., 2014, Rio de Janeiro, 22 (3): 223
-MSD-MER-2017.2-eng.pdf;jsessionid=8F6ABF0E4EBEE11E- 26. Marcus M, Yasamy MT, Ommeren M, Chisholm D, Saxena S. WHO
0833024D5EF8D4FF?sequence=1 Acessado em: agosto 2019. Department of Mental Health and Substance Abuse; 2012. Dispo-
14. Goldenberg DL. The interface of pain and mood disturbances nível em: http://www.who.int/mental_health/management/de-
in the rheumatic diseases. Seminars in arthritis and rheumatism. pression/who_paper_depression_wfmh_2012. pdf ?ua=1
2010;40(1):15-31. 27. Montini FT. Prevalência e avaliação da dor crônica nos cadastrados
15. Arora V, Chopra K. Possible involvement of oxido-nitrosative da Unidade Básica de Saúde Jardim Palmira, Guarulhos/SP. Science
stress induced neuro-inflammatory cascade and monoaminergic in Health. v. 3, n. 2, p. 74-86, maio-ago, 2012
pathway: underpinning the correlation between nociceptive and de- 28. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da
pressive behaviour in a rodent model. Journal of affective disorders. dor crônica. Brasília: O Ministério; 2012.
2013;151(3):1041-52. 29. Carvalho RT, Parsons HA. Manual de Cuidados Paliativos ANCP.
16. Ball HA, Siribaddana SH, Sumathipala A, Kovas Y, Glozier N, Rijs- 2ª edição, 2012. Disponível em: http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-
dijk F, et al. Genetic and environmental contributions to the overlap -content/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.
between psychological, fatigue and somatic symptoms: a twin study pdf#page=113 Acessado em: setembro 2019.
in Sri Lanka. Twin research and human genetics : the official journal 30. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso
of the International Society for Twin Studies. 2014;14(1):53-63. eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução:
17. Pereira IR. Depressão na dor crónica: a importância da intervenção Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.] ; revisão técnica: Aristides
multidisciplinar. Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Volpato Cordioli ... [et al.]. - 5. ed. - Dados eletrônicos. - Porto Ale-
Artigo de Revisão Bibliográfica. 2014. gre : Artmed, 2014. Disponível em: http://www.clinicajorgejaber.
18. Mika J, Zychowska M, Makuch W, Rojewska E, Przewlocka B. Neu- com.br/2015/estudo_supervisionado/dsm.pdf Acessado em: ou-
ronal and immunological basis of action of antidepressants in chro- tubro 2019.
nic pain - clinical and experimental studies. Pharmacological reports 31. Duncan et al. Medicina Ambulatorial - Condutas de Atenção Primá-
: PR. 2013;65(6):1611-21. ria Baseada em Evidências - Duncan. Artmed, 2012.
19. Muller N. The role of anti-inflammatory treatment in psychiatric  Endereço para correspondência
disorders. Psychiatria Danubina. 2013;25(3):292-8. Michelle da Silva Schons
20. Oliveira MAS, Fernandes RSC, Daher SS. Impacto do exercício na Avenida João Salomoni, 987/Torre A/Apto 403
dor crônica. Rev Bras Med Esporte - Vol. 20, N o 3 - Mai/Jun, 2014 91740-830 – Porto Alegre/RS. – Brasil
21. Silva CR. A relação entre dor crônica e depressão: causa ou conse-  (51) 99334-8921
quência? Monografia apresentada como requisito para conclusão do  [email protected]
curso de Psicologia do UniCEUB - Centro Universitário de Brasília. Recebido: 14/3/2020 – Aprovado: 3/5/2020
Brasília -DF. Junho 2016.
22. Castro MMC, et al. Comorbidade de sintomas ansiosos e depressi-
vos em pacientes com dor crônica e o impacto sobre a qualidade de

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 145-149, jan.-mar. 2021 149

ARTIGO DE REVISÃO

Teleconsulta: contribuições para a discussão da implementação
no Brasil, a partir de uma revisão integrativa

Teleconsultation: contributions to the discussion of implementation in Brazil,
based on an integrative review

Marcos Aurélio Maeyama1, Daniela Laranja Gomes Rodrigues2, Gisele Silvestre Belber3, Cícero Raimundo da Silva4

RESUMO
A teleconsulta foi o centro das discussões da publicação da resolução CFM 2227/2018, que regulamentava, entre outras, a sua utiliza-
ção. Em virtude de protestos das entidades de classe, a resolução foi revogada para permitir uma maior discussão. Nesse sentido, este
trabalho teve como objetivo realizar uma revisão integrativa de literatura sobre o tema “teleconsulta”, para contribuir nas discussões
sobre sua possível regulamentação. Foram consultadas as bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde e do National Health Service,
e foram incluídos no estudo 57 artigos, sendo que, destes, 30 foram utilizados na composição do trabalho. Após leitura exaustiva dos
artigos, foram elencadas cinco categorias sobre o tema: eficácia, satisfação, custo, acesso e segurança. Os estudos demonstram eficácia
semelhante ao atendimento presencial; alto índice de satisfação pelos usuários da teleconsulta; limitação de comparação relacionada
ao custo do atendimento presencial; melhoria do acesso, principalmente relacionada ao encurtamento de distâncias; e pouca discussão
quanto à segurança na proteção de dados. De forma geral, os estudos indicaram importância do uso da teleconsulta para melhoria
da atenção à saúde. Porém, seu uso parece estar condicionado a algumas condições e situações, o que implica que outros estudos e
discussões sejam realizados no âmbito nacional.
UNITERMOS: Teleconsulta, telemedicina, Sistema Único de Saúde, tecnologia em saúde
ABSTRACT
Teleconsultation was the center of the discussions on the publication of resolution CFM 2227/2018, which regulated, among other things, its use. Due
to protests from professional groups, the resolution was revoked to allow for further discussion. In this sense, this work aimed to carry out an integrative
literature review on the topic “teleconsultation”, to contribute to discussions on its possible regulation. The databases of Biblioteca Virtual em Saúde and the
National Health Service were consulted, and 57 articles were included in the study, of which 30 were used for this review. After an exhaustive reading of
the articles, five categories were listed on the topic: effectiveness, satisfaction, cost, access and security. Studies demonstrate similar efficacy to face-to-face care;
high level of satisfaction among teleconsultation users; limitation of comparison related to the cost of face-to-face care; improved access, mainly related to
shortening distances; and little discussion about security in data protection. Overall, the studies indicated the importance of using teleconsultation to improve
health care. However, its use seems to be conditioned to some conditions and situations, which implies that other studies and discussions should be carried out
at the national level.
KEYWORDS: Teleconsultation, telemedicine, Brazilian National Health System, technology in health

1 Doutorado em Saúde Coletiva (Professor do curso de Medicina da Universidade do Vale do Itajaí – Univali)
2 Residência em Neurologia (Médica do Setor de Responsabilidade Social do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.)
3 Master em Pesquisa Clínica (Enfermeira do Setor de Responsabilidade Social do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.)
4 Graduação em Medicina (Médico da Unidade de Pronto Atendimento de Caçador/RS)

150 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

INTRODUÇÃO O argumento utilizado pelas entidades de classe e pelos
As tecnologias de comunicação vêm sendo empregadas próprios conselhos regionais foi pela falta de debate sobre
o texto da norma e a falta de clareza, assim como o curto
há muitos anos na medicina. É possível encontrar referên- espaço de tempo para implementação das medidas neces-
cias à telemedicina na literatura de 1950, em artigo publica- sárias ao seu cumprimento (9).
do que descrevia a transmissão de imagens radiológicas por
telefone (1). A partir da década de 1990, houve um cres- Até que uma nova norma seja editada, a Telemedici-
cimento desse ramo, motivado pelo desenvolvimento de na permanecerá sujeita aos termos da Resolução CFM nº
novas tecnologias de comunicação e diminuição dos custos 1.643/2002. A resolução vigente define a Telemedicina
para utilização de equipamentos necessários (2). como o exercício da Medicina, através da utilização de meto-
dologias interativas de comunicação audiovisual e de dados,
A telemedicina não é uma atividade exclusivamente com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em saúde
médica, e sim a sinergia entre profissionais de saúde e de (10). Ainda que a resolução já apontasse a importância de
tecnologia, para o desenvolvimento de atividades multipro- infraestrutura tecnológica apropriada e o cumprimento das
fissionais que envolvem gestão e planejamento, pesquisa e normas técnicas pertinentes à guarda, manuseio, transmissão
desenvolvimento de conceitos e soluções em educação, as- de dados, confidencialidade, privacidade e garantia do sigilo
sistência e pesquisa científica em saúde, além de aspectos profissional (10), existem aspectos importantes que não são
éticos e legais. Portanto, mais que um conjunto de atividades abordados, principalmente pelo grande avanço da tecnologia
multiprofissionais, é uma área de atuação interdisciplinar (3). nos últimos anos, deixando lacunas na regulamentação do
uso de equipamentos e softwares, o que pode colocar tanto
A telemedicina facilita a equidade no acesso aos serviços o profissional quanto os pacientes em risco.
assistenciais, independentemente da localização geográfica;
reduz tempo de espera (tanto na realização do diagnósti- A maior crítica das entidades de classe quanto à Resolu-
co, como no tratamento), evitando problemas derivados ção CFM nº 2227/18 foi com relação à regulamentação da
maiores; possibilita realizar consultas remotas desde aten- teleconsulta como modalidade de exercício da telemedici-
ção primária ao hospital de referência, reduzindo o número na, prática até então proibida no Brasil (9).
de encaminhamentos e enriquecendo a formação e compe-
tência profissional; viabiliza a continuidade assistencial e a A teleconsulta pode ser entendida como consulta médi-
atenção centrada em torno do paciente; aplica conceitos de ca remota, mediada por tecnologias, com médico e pacien-
globalidade às organizações sanitárias, dando lugar a novos te localizados em diferentes espaços geográficos (8). Ela
ambientes de trabalho em rede (4). pode ocorrer por serviços seguros de telefonia, videocon-
ferência, chat, e-mail, mensagens instantâneas e aplicativos
As tecnologias, ferramentas e serviços de telessaúde es- para dispositivos móveis (11).
tão se tornando um importante componente do sistema
de saúde. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos Existem dois meios distintos de fazer a teleconsulta,
estima que mais de 60% de todas as instituições de saúde podendo ela ser via protocolos assíncronos (armazena-
e 40 a 50% de todos os hospitais nos Estados Unidos uti- mento e envio) ou síncronos. A teleconsulta síncrona é a
lizam, atualmente, algum tipo de serviço de telessaúde (5). que mais se aproxima das consultas face a face e permite
que profissionais interajam com pacientes utilizando áudio
No Brasil, as experiências efetivas de telemedicina e teles- e/ou vídeo em tempo real. Também é possível utilizar soft-
saúde tiveram início na década de 1990. A título de exemplo, wares de compartilhamento de dados para controlar remo-
no ano de 1994, começaram as operações da TELECAR- tamente aplicativos de um computador e seus derivados,
DIO®, empresa especializada em realizar eletrocardiogra- como tablets ou smartphones (12).
mas a distância, e a empresa de serviços Interclínicas passou
a oferecer um serviço de aconselhamento por telefone (6). Entretanto, como qualquer nova abordagem, a teleconsulta
deve comprovar que possui embasamento científico e que a
Em termos mais abrangentes, a primeira grande inicia- relação custo-eficácia é comparável às abordagens tradicionais,
tiva ocorrida no Brasil foi o lançamento, em 2007, do Pro- antes de ser adotada como rotina nos serviços de saúde (13).
grama Telessaúde Brasil, posteriormente redefinido como
Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, por meio da Assim, motivado pelas discussões que movimentaram
Portaria nº 2.546/GM/MS/2011, a qual define como ativi- a classe médica sobre o tema teleconsulta nos últimos me-
dades de Telessaúde o telediagnóstico, a teleconsultoria, a ses, este trabalho tem por objetivo realizar uma revisão de
tele-educação e a segunda opinião formativa (7). literatura sobre seu uso, potenciais benefícios e possíveis
limitações desta modalidade de atendimento e contribuir
A Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) com o processo de discussão/regulamentação no Brasil.
nº 2.227/18, publicada em fevereiro de 2019, objetivava
atualizar a regulamentação vigente da prática da telemedi- MÉTODOS
cina no Brasil (8). Contudo, após a sua publicação e lança- O presente estudo caracteriza-se como uma revisão in-
mento oficial, ocorrido no II Fórum de Telemedicina do
Conselho Federal de Medicina, em 07 de fevereiro de 2019, tegrativa de literatura, uma modalidade de produção cien-
um grande movimento de resistência por entidades de clas- tífica, a qual inclui análise de pesquisas relevantes que dão
ses (9) motivou sua revogação temporária.

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021 151

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

suporte para a tomada de decisão sobre determinado tema, Eficácia
possibilitando a síntese do estado do conhecimento (14). A eficácia da teleconsulta é um dos pontos-chave no
estudo da viabilidade da teleconsulta, uma vez que, sem ela,
Diferentemente da revisão sistemática, que busca de for- os demais elementos se tornam menos relevantes.
ma rigorosa, em bases de dados específicas, todas as pesqui- Além disso, existem fatores operacionais que permeiam
sas ou estudos experimentais relacionados ao tema, a revisão a teleconsulta, os quais podem interferir na capacidade
integrativa permite a inclusão de literatura teórica e empírica diagnóstica como, por exemplo, conectividade, resolução
que colabore para a melhor compreensão do fenômeno (15). de imagem e limitação do exame físico, este último elemen-
tar na condução da consulta médica tradicional.
A variedade na composição da amostra da revisão inte- Nesse sentido, Ohta et al. (18) realizaram um estudo
grativa em conjunção com a multiplicidade de finalidades comparando a precisão de diagnóstico de 3 médicos genera-
deste método proporcionam como resultado um quadro listas em consultas tradicionais versus videoconferência. Fo-
completo de conceitos complexos, de teorias ou problemas ram analisados 97 pacientes durante um ano. Os resultados
relativos ao assunto abordado (16). da pesquisa indicaram um alto grau de congruência entre os
diagnósticos em ambos os métodos. Foi observado um alto
A busca pelas publicações foi realizada no portal Bi- número de concordância de diagnóstico entre os métodos.
blioteca Virtual em Saúde e foi empregado para a busca Ainda, a porcentagem de diagnósticos corretos foi de 80,4%
o descritor “Teleconsulta”. Como filtro, foram utilizados para o teleconsultas e de 80,5% para consultas tradicionais.
artigos disponíveis completos, do tipo: revisões sistemá- Wijngaart et al. (19) e D’Onofrio et al. (20), em suas pes-
ticas avaliadas; estudo de coorte; relatos de casos; estudo quisas, concluíram que o uso de monitoramento via ques-
de casos e controles; avaliação econômica em saúde e ava- tionário online e dispositivos de monitoramento eletrônico
liação de tecnologias em saúde. Todos foram publicados diminuem significativamente a necessidade de consultas
entre 2014 e 2019. Foram encontrados 83 resultados entre presenciais no seguimento de doenças crônicas.
as bases de dados LILACS, PUBMED, MEDLINE. Como Os resultados do estudo de Wijngaart et al. (19)  apon-
forma complementar, foi acessada a base de dados da Na- taram que o seguimento de 210 crianças com asma, entre
tional Health Services (NHS), devido à sua importância na 6 e 16 anos, pela clínica de asma virtual (VAC), por meio
prestação de serviços públicos na saúde e por já utilizar de preenchimento semanal de questionário via e-mail, di-
a teleconsulta como modalidade de prestação de serviços, minuiu pela metade a necessidade de consultas presenciais
e foram encontrados 93 artigos que tratavam sobre o as- agendadas quando comparadas ao grupo que não utilizou
sunto, inclusive utilizados para justificar a implantação da o seguimento virtual, durante as 16 semanas de estudo.
telemedicina nos serviços do NHS. Outros 3 documentos Além disso, os resultados no controle da asma foram sig-
oficiais foram obtidos por meio de busca direcionada e fo- nificativamente melhores para o grupo tratado pela VAC
ram utilizados na etapa de estudo. entre crianças, quando comparados às crianças jovens tra-
tadas pelo seguimento tradicional. Também não foram ob-
Ao total, 179 artigos foram encontrados sobre o assunto. servadas diferenças em relação ao número de exacerbações
Para eleição dos artigos, foi feita leitura dos resumos e foram da doença, internações ou emergências. E, ainda, o número
incluídos aqueles cujo tema de discussão, de fato, estivesse vol- de dias livre de sintomas foi significativamente maior entre
tado para a teleconsulta. Isso se justifica, pois a nomenclatura o grupo acompanhado pela VAC.
internacional, por vezes, utiliza(va) o termo teleconsulta, em No estudo de D’Onofrio et al. (20), foi feito controle de
referência às atividades de telediagnóstico, teleconsultoria, e pacientes com problemas cardíacos via atendimento pre-
até tele-educação, os quais se diferem conceitualmente, sendo sencial (grupo controle) e atendimento via telefone e uso
que estes foram excluídos do estudo. No total, foram incluí- de equipamento eletrônico (grupo de estudo). Foram 130
dos no estudo 57 artigos, que foram lidos na íntegra e compu- pacientes que receberam consulta tradicional na clínica e
seram a etapa de análise de conteúdo temático. 66 pacientes que reportaram peso, pressão sanguínea e fre-
quência cardíaca através de monitoramento por dispositivo
Os artigos incluídos sofreram leitura exaustiva e análise eletrônico (não especificado no estudo) conectado a um te-
crítica, e foram separadas unidades de registro, que, poste- lefone, que receberam ligações programadas para ajuste de
riormente, foram organizadas em categorias (17). Ao final, dose dos β-bloqueadores durante seis meses. Observou-se
30 artigos foram utilizados para composição da organiza- que o número de pacientes que atingiram a dose máxima
ção deste trabalho. efetiva (desejada) foi significativamente maior no grupo de
estudo, o que trouxe maior eficácia no tratamento.
RESULTADOS Entretanto, em outro estudo utilizando monitoramento
Na revisão de literatura, é possível observar uma varie- eletrônico de pressão arterial, Mendelson et al. (21) compara-
ram 107 pacientes com alto risco cardiovascular ou em trata-
dade muito grande de questões a serem exploradas acerca mento secundário. Tanto o grupo controle quanto o grupo
dos benefícios e limitações da teleconsulta. Porém, após a
etapa de análise de conteúdo, foram elencadas cinco cate-
gorias, as quais podem ajudar nas discussões sobre a pos-
sibilidade de implantação da modalidade no Brasil, sendo:
eficácia, satisfação, custo, acesso e segurança.

152 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

de estudo receberam consulta presencial em 4 semanas e em Satisfação
4 meses, sendo que o grupo de estudo enviava os valores Este item deve ser levado em consideração, uma vez
de pressão arterial diariamente via smartphone. Ao fim do que pode ser fundamental em princípios básicos da medici-
estudo, não encontraram benefícios na adição de aparelho na como a adesão a tratamentos, seguimento a longo prazo
eletrônico (equipamento automático eletrônico validado – como, por exemplo, em doenças crônicas, e por interferir
Omron 705CP; Omron Corp., Tokyo, Japão), associado a diretamente na relação médico-paciente, haja vista que na
um smartphone para o controle de pressão arterial em pa- modalidade de teleconsulta existe a barreira da distância
cientes com risco cardiovascular aumentado, bem como não entre ambos.
apresentou melhora no risco cardiovascular. Além disso, a satisfação pode sofrer alterações devido à
qualidade de conexão e facilidade de manuseio de softwa-
Ainda sobre seguimentos de doenças crônicas, Davis res específicos, bem como, em algumas ocasiões, manuseio
et al. (22) acompanharam pacientes com Doença Pulmo- de equipamentos para mensurar determinadas variáveis
nar Obstrutiva Crônica (DPOC) ou Insuficiência Cardíaca que, na consulta tradicional, geralmente seria realizado pelo
(ICC) após evento agudo durante 90 dias, via equipamento médico ou profissional de saúde.
de monitorização de oximetria, frequência cardíaca e peso Com o objetivo de avaliar a satisfação do serviço de
(conectado à linha telefônica ou conexão sem fio), além de telemedicina em reumatologia oferecido para moradores
dispositivo com questionário de sintomas. Como resultado, de uma cidade rural da Austrália (Mt Isa), comparado a ou-
nos pacientes com DPOC, houve uma redução de 37% na tras modalidades, Poulsen et al. (24) aplicaram questionários
procura pelo serviço de emergência (SE) nos primeiros 30 de 20 perguntas com 5 respostas possíveis, com escalas de
dias, comparado ao grupo controle. Já após 180 dias, ocor- “fortemente discordo” até “concordo fortemente” em 107
reu um equilíbrio entre os grupos e não foi observada dife- pacientes, sendo que, destes, 49 utilizavam a telemedicina,
rença significativa na procura por SE. Entretanto, nos pa- 46 a consulta presencial em Tonwnsville (cidade centro de
cientes com ICC, nos primeiros 30 dias, houve um aumento referência terciária), localizada a 900 km de distância, e 12
de 75% na procura por SE comparado ao grupo controle. utilizaram a consulta presencial em Mt Isa (atendimento
Já após 180 dias, ocorreu uma mudança drástica no padrão presencial do especialista que viajava para atender os pa-
da procura por SE e foi observada uma redução de 46% cientes). Os resultados demonstraram que não houve dife-
em comparação ao grupo controle. Quando comparadas as rença significativa entre os 3 grupos. Analisando os dados
taxas de reinternação nos primeiros 30 dias, tanto pacien- específicos do grupo da teleconsulta, quando questionados
tes com DPOC quanto ICC, que foram monitorados com o se este modelo estava economizando tempo ou dinheiro,
equipamento eletrônico, tiveram redução de 50%. Após 180 85,7% e 89,3% responderam “concordo” ou “concordo
dias, as reinternações se mantiveram menores no grupo mo- fortemente”, respectivamente. Quando perguntado se eles
nitorado, porém sem diferença significativa estatisticamente prefeririam viajar para Townsville (900 km) para consulta
entre os grupos. É importante pontuar que, neste estudo, os presencial, em vez de usar a teleconsulta, 63% dos pacien-
pacientes receberam visitas domiciliares no início e ao fim tes responderam “discordo” ou “discordo fortemente”.
do estudo, além de acesso via telefone quando necessário. Quase 90% considerou que estava recebendo cuidado sa-
tisfatório através da teleconsulta, e ainda, quando foi dada
Na área da cirurgia vascular, Nordheim et al. (23) rea- a opção de receber uma consulta presencial em Mt Isa, em
lizaram uma revisão sistemática visando a comparar o se- vez de teleconsulta, menos de um terço respondeu que
guimento de pacientes com úlceras em antepé, oriundas concorda ou concorda fortemente.
de neuropatia, via consulta tradicional e via teleconsulta Na comparação de teleconsultas via Skype® com con-
(vídeo ou fotos digitais). Foram encontrados valores es- sulta presencial em pacientes da cirurgia vascular, Lin et al.
tatisticamente semelhantes para tempo de cicatrização de (25) encontraram em seu estudo que 91% dos 55 entre-
antepé, sendo 43,2 dias para o grupo da teleconsulta contra vistados recomendariam a teleconsulta a um amigo ou co-
45,5 dias para o seguimento tradicional, em um total de lega. Além disso, todos consideraram a teleconsulta mais
140 pacientes avaliados. Também não houve diferença para conveniente do que a consulta tradicional, de acordo com
duração, localização, tamanho, gravidade e número de úlce- resposta ao questionário realizado.
ras curadas entre os grupos. No entanto, o estudo contou Em outro estudo com pacientes pós-cirúrgicos, obser-
com um número amostral pequeno para o grupo que so- vou-se que 76% dos pacientes que tiveram colecistectomias
freu a intervenção via teleconsulta (total de 20) contra 120 laparoscópicas não complicadas ou correção de hérnias
do grupo controle, e a força das evidências foi classificada preferiram realizar seus seguimentos através de consultas
como baixa. on-line, em vez de ir ao consultório pessoalmente (26).
No estudo já relatado de Davis et al. (22) sobre o acom-
Vale ressaltar que nos estudos citados anteriormente to- panhamento de pacientes com DPOC ou insuficiência
das as comparações entre grupo de seguimento tradicional cardíaca em seguimento, após evento agudo, eles relataram
e grupo que recebeu algum modelo de teleconsulta, seja fácil manuseio do equipamento eletrônico utilizado e se
via videoconferência, e-mail, telefone ou dispositivo ele-
trônico, a consulta tradicional sempre esteve presente em
ambos os grupos, ainda que com uma frequência menor
quando comparados com os grupos controle.

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021 153

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

sentiram satisfeitos com o tratamento via teleconsultas por para Teleconsulta, o resultado diminuiu para 92%, indican-
telefone ao fim do estudo. do que o QSP pode levar a uma superestimação da satis-
fação. Porém, ainda assim, os resultados de satisfação são
Em estudo de pacientes em ventilação mecânica, com muito satisfatórios.
acompanhamento em casa via teleconferência, quando a
visita domiciliar não era possível, nenhuma família repor- Custo
tou dificuldades em utilizar o software. Além disso, 11 das A questão financeira é um fator determinante na viabi-
14 famílias dos pacientes do estudo se sentiram mais con- lidade da implementação de tecnologias como a telecon-
fiantes com o tratamento, bem como identificaram uma sulta, principalmente quando se fala em políticas públicas.
maior cobertura clínica da equipe (27). Fatores como a diminuição da distância percorrida, gastos
com equipamentos eletrônicos, conexão com internet e
Para comparação de consulta presencial com telecon- treinamento de profissional capacitado devem ser coloca-
sultas, e ainda em relação ao tipo de tecnologia de comu- dos na balança, juntos com o objetivo final, que é cobrir
nicação utilizada, o uso de videoconferência feita por um toda a população com o serviço de saúde.
cirurgião vascular certificado, através do software Skype Na busca pela compreensão do impacto da aplicação
for Business® (Microsoft, Redmond, Wash) para interação de programas de teleconsulta, Yang et al. (32) realizaram
paciente-provedor, teve bons resultados quanto à satisfa- uma revisão retrospectiva do programa de Telemedicina
ção de pacientes no acompanhamento pós-cirúrgico da ci- de cuidados críticos pediátricos na Universidade da Cali-
rurgia vascular (25). fórnia e no Hospital Davis Children, oferecidos para os
departamentos de emergência (DE) de regiões rurais, com
Pflugeisen e Mou (28) compararam, entre janeiro de o objetivo de avaliar economicamente o programa. Após a
2013 e junho de 2015, a satisfação de 378 gestantes de baixo implantação da telemedicina, os médicos dos DEs rurais
risco que receberam um terço de suas consultas pré-natais foram encorajados a usar a teleconsulta para pacientes pe-
em videoconferência, com 795 gestantes que receberam diátricos que se apresentavam na categoria de triagem mais
consultas presenciais com seu médico/parteira. Todas as grave. O médico assistente do Departamento de Emergên-
participantes do grupo de estudo já haviam realizado pelo cia tinha autoridade para decidir se um paciente necessita-
menos uma teleconsulta antes de ter iniciado no programa. ria de uma consulta de emergência via videoconferência ou
Como resultado, o estudo apresentou, de modo geral, satis- telefone. Videoconferências consistiram em comunicações
fação significativamente maior no grupo “cuidado virtual”, audiovisuais ao vivo, interativas e de alta qualidade entre
mesmo estas tendo que manusear um doppler portátil e o médico e a enfermeira dos DEs, o paciente pediátrico e
um manguito para mensurar a pressão arterial.  Outro fato seus pais, e o médico pediatra do Hospital Infantil, e por
interessante é de que os resultados mostraram que primi- telefone, o áudio entre o médico assistente e o pediatra.
gestas tenderam a escolher significativamente menos tra- Foi analisado o custo operacional da telemedicina através
tamento virtual, quando comparadas com mulheres que já da obtenção de custos de manutenção e suporte técnico e
eram mães, o que pode indicar uma insegurança. taxas de transferências de pacientes. Foram incluídas 135
crianças presentes em 8 DEs que receberam teleconsulta,
Outro estudo que demonstrou limitação do uso da te- sendo 71 via videoconferência e 64 via telefone. Do total,
leconsulta em relação à satisfação dos usuários foi feito em 61% das crianças atendidas via videoconferência e 88% das
pacientes para tratamento de transtorno de estresse pós- atendidas via telefone foram transferidas para um hospital
-traumático, em que 83,3% do grupo que havia recebido de referência. Com base nesses dados, a eficácia das tele-
o tratamento via teleconsulta acreditava que o tratamento consultas foi de 31% (sem necessidade de transferência).
não era tão efetivo quanto o tradicional (29). Os dados levantados indicaram, ainda, que a videoconfe-
rência foi economicamente mais efetiva quando compara-
Quanto à satisfação dos profissionais de saúde, em um da com as teleconsultas via telefone. Como dado adicio-
estudo para acompanhamento de pacientes vítimas de aci- nal, a pesquisa demonstrou que a cada dólar investido no
dente vascular cerebral em relação à disfagia e deglutição, programa de teleconsulta, houve um retorno de US$ 1.96,
demonstrou-se um desconforto inicial da equipe médica incluindo custos de transferências e dos serviços.
com a utilização do equipamento, porém houve rápida Na utilização da teleconsulta como um minimizador de
adaptação com a dinâmica das teleconsultas (30). custo via encurtamento de distâncias, bem como otimização
de tempo, o estudo de Poulsen et al. (24) comparou pacientes
No mesmo sentido, no estudo de Davis et al. (22) tam- do serviço de reumatologia de uma região rural da Austrália
bém houve relatos de fácil manuseio do equipamento ele- quanto à distância percorrida por consulta. A comparação
trônico e satisfação com o tratamento via teleconsultas pe- foi realizada entre um primeiro grupo que recebia telecon-
los profissionais de saúde. sultas em Mt Isa, um segundo grupo selecionado por aque-
les que necessitavam de mais de 3 horas de viagem para re-
Quando abordamos o tema satisfação e uso de escalas
para mensurá-la, torna-se importante ressaltar a validade e
neutralidade dessas escalas, para evitar que estas exerçam
efeito super ou subestimativo nos resultados. O estudo de
Masino e Lam (31) utilizou o questionário de satisfação
do paciente (QSP) da Rede de Telemedicina de Ontário
em 154 pessoas e encontrou 97% de satisfação. Contudo,
quando utilizou outras 3 escalas de satisfação diferentes

154 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

ceber consulta tradicional em centro terciário (Townsville), ligações futuras, com duração total de 5,4 horas por pacien-
e um terceiro grupo que era preenchido por pacientes que te. Os custos relacionados a termos médicos apresentaram
recebiam consultas presenciais por especialista que viajava para o tratamento tradicional e tratamento por telefone
trimestralmente do centro terciário para Mt Isa. Os resulta- aproximadamente US$ 387 e US$ 252, respectivamente.
dos dos questionários apontaram que o grupo da teleconsul- Entretanto, quando adicionados os custos não médicos,
ta viajou cerca de 3 km por consulta, e o grupo que recebeu como tempo de viagem e custos de viagem, a diferença
consulta presencial em Townsville (centro de referência) via- ficou mais evidente, sendo US$ 762 para a presencial versus
jou uma média de 354 km para a consulta. US$ 358 para a teleconsulta. O mais importante é que não
houve diferença na eficácia do tratamento entre ambos os
Em uma análise semelhante, Canon et al. (33) compa- grupos de acordo com o estudo.
raram o custo de viagem entre teleconsulta (videocon-
ferência) e consulta presencial em pacientes pediátricos Acesso
em pós-operatório. Participaram do estudo 61 pacientes, Entre os possíveis benefícios da teleconsulta, encon-
sendo que 10 escolheram a teleconsulta, e 51 preferiram tra-se o acesso à saúde de pessoas que residem em áreas
se deslocar até o local da consulta. Ao final do estudo, foi remotas ou onde não haja o serviço necessário.
possível concluir que os pacientes que usaram teleconsul- Seguindo esse raciocínio, em estudo realizado por Sa-
tas pouparam cerca de US$ 88 por consulta e 2,6 horas besan et al. (36) na Austrália, país com extensão territorial
do seu tempo. semelhante, foi observado entre 2009 e 2011 que algumas
mudanças estruturais e políticas beneficiaram pacientes
Nesse sentido, Casavant et al. (27) acompanharam 14 oncológicos, que recebiam tratamento via videoconferên-
pacientes em ventilação mecânica, em casa, via teleconfe- cia, de cidade rural localizada a 900 km do centro especiali-
rência, e após 9 meses de estudo, foram realizadas 27 vi- zado mais próximo. Medidas como a contratação de médi-
deoconferências, e concluíram que as teleconsultas subs- co em meio-período, bem como coordenador de cuidados
tituíram um total de 23 consultas clínicas presenciais, 3 oncológicos e equipe de enfermagem para a cidade, aliado
visitas de emergência e 1 internação hospitalar. Ao final ao uso de teleconsulta, possibilitaram, para alguns tipos de
do estudo, nenhuma família reportou aumento no custo tumores, que a primeira consulta fosse feita a distância, e
da internet mensal, ou qualquer outro gasto relacionado à mudanças de tratamento farmacológico fossem realizadas
conexão com a rede para as consultas. Ainda que o estudo sem necessidade de visita ao centro, com melhora signifi-
não traga dados sobre o custeio do serviço de teleconsul- cativa no tempo de atendimento. Além disso, todas as 17
ta e custos evitados com a não utilização dos serviços, os consultas de emergência foram atendidas em menos de 24
dados sugerem uma economia global com a utilização da horas pela equipe local, com auxílio do centro especializa-
teleconsulta. do via videoconferência, o que diminuiu significativamente
o número de transferências de pacientes para o centro es-
Bagayoko et al. (34) realizaram estudo com o objetivo pecializado. Ao final, as mudanças efetuadas fizeram com
de avaliar o impacto da telessaúde no diagnóstico e segui- que o atendimento feito pelo centro especializado se tor-
mento em obstetrícia e cardiologia para suporte de atendi- nasse semelhante para quem residia na área rural e para
mento em centros de saúde localizados em áreas remotas quem residia na cidade onde o centro está localizado.
de Mali, que não apresentavam especialista no local. Como Nesta linha, Ivey et al. (37) utilizaram a teleconsulta para
resultados, foi observado que a ultrassonografia e o eletro- atender gestantes de alto risco em áreas de acesso limita-
cardiograma não foram úteis em apenas 1 caso e pouco do. No total, 156 gestantes participaram do estudo, e 350
úteis em 15 casos, tendo sido úteis em 199 de 215 (96%). O consultas foram realizadas. Foi observado que, para quem
diagnóstico inicial feito pelo médico foi modificado após optasse por fazer uma consulta presencial, morando em
a utilização do exame ou opinião do especialista em 73 de área rural, seria necessário percorrer até 449 km contra 114
103 casos. Ainda, o tratamento proposto foi modificado km se a escolha fosse o centro de telemedicina. Ao fim do
após exame ou opinião do especialista de forma parcial ou estudo, concluiu-se que a distância percorrida por consul-
total em 96,2% dos casos. Foram comparados custos re- ta, para gestantes que moravam em áreas rurais, foi 75%
lacionados a transporte, visita médica, exames e custo de menor do que as que escolheram a consulta tradicional. E
vida. Houve diferença significativa nos gastos relacionados ainda que o trabalho não traga tal informação, no caso de
entre os dois cenários (local versus regional). A economia gestação de alto risco, os grandes deslocamentos podem
variou de US$ 25 a US$ 70 por consulta. aumentar o risco de uma intercorrência, o que acaba sendo
minorado pela teleconsulta.
Coperus et al. (35) fizeram uma avaliação econômica de Ainda sobre o aumento do acesso a pacientes de áreas
um programa de teleconsulta por meio de ensaio clínico remotas, Bagayoko et al. (34) observaram que o treinamento
randomizado, envolvendo 147 pacientes com osteoartrite. de médicos para realização de exames de imagem (ultras-
O tratamento presencial envolveu 7 sessões de terapia em sonografia e eletrocardiograma) em pacientes obstétricos e
grupo durante 6 semanas, com uma duração total de 21,5
horas, e compreendia uma equipe multiprofissional. Já o
grupo que realizou o tratamento por telefone participou,
primeiramente, de 2 sessões de terapia presenciais com o
mesmo grupo e foram posteriormente monitorados por 4

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021 155

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

cardiológicos, bem como a instalação de equipamentos para Agências regulamentadoras e os gestores de programas
realização de exames conectados à internet em hospitais de devem permanecer informados sobre o avanço das tecno-
áreas remotas e a possibilidade de consultoria com especia- logias para as questões de segurança serem garantidas. Po-
lista localizado em centro de referência proporcionaram o líticas e estratégias apropriadas podem ser desenvolvidas,
aumento no número de atendimentos em até 35% durante implementadas e mantidas.
o período de intervenção (março de 2012 a março de 2013).
Resultados de um estudo nos EUA mostraram que ape-
Neste sentido, Canon et al. (33) compararam custo de nas uma das 71 aplicações comerciais (apps) foi revisada
viagem entre teleconsulta (videoconferência) e consulta especificamente, indicando que o aplicativo foi compatível
presencial em 61 pacientes pediátricos em pós-operatório. com a Health Insurance Portability and Accountability Act  (38).
A distância média percorrida pelo grupo de atendimento
presencial para o hospital foi de 330 km contra 35 km até a Sem incentivos adicionais, parece improvável que os
clínica de teleconsulta, o que facilitou o acesso dos pacientes. desenvolvedores incluam recursos de segurança adequados
e provavelmente mais caros, voluntariamente. Um adicio-
Outros pontos que devem ser considerados quando abor- nal à complexidade é que os padrões universais não foram
damos o acesso à saúde estão relacionados com o engajamen- estabelecidos em todos os países, pois os atuais marcos
to dos pacientes no tratamento, assim como a facilidade de regulatórios e agências cabíveis ​a​os aplicativos de saúde
comunicação como o profissional de saúde, seja para ajustes diferem em todo o mundo (38). Por exemplo, recentemen-
ou dúvidas. No estudo de Hernandez-Tejada et al. (29), já ci- te, a US Food and Drug Administration forneceu diretrizes e
tado anteriormente, para tratamento para transtorno de es- procedimentos necessários para regulamentar aplicativos,
tresse pós-traumático, tanto por consultas convencionais em incluindo aqueles para indivíduos com diabetes (38). Na
consultório quanto via telemedicina, a taxa de abandono foi União Europeia (UE), a regulamentação dos aplicativos
bastante significativa para os dois grupos, sendo que foi ob- relacionados à saúde está sendo controlada diretamente
servado que o grupo da teleconsulta permaneceu mais tempo pelos conselhos reguladores (38).
em tratamento (média de 5 sessões contra 3 do grupo de con-
sultas presenciais, para um tratamento mínimo de pelo menos Diretrizes consistentes e regulamentos governamentais
8 sessões). Entre os motivos para a desistência, o grupo de são importantes para atingir um nível apropriado de se-
consultas presenciais reportou, em grande quantidade, proble- gurança da tecnologia distal e de informações pessoais de
mas com transporte, estacionamento e, comparado ao grupo saúde em todo o mundo (38).
da telemedicina, o dobro em proporção de problemas com o
trabalho (por exemplo, sentir-se muito cansado para realizar Ainda sobre segurança, no Brasil, em 2016, foi lança-
terapias após a jornada de trabalho). da uma atualização do Manual de Certificação para Sis-
temas de Registro Eletrônico em Saúde (S-RES), o qual
Segurança regulamenta o uso, a proteção e a guarda de informações
Dispositivos móveis e sistemas que acessam, transmi- de pacientes. Os requisitos de segurança de um S-RES são
tem ou armazenam registros de saúde aumentam preocu- fundamentais para garantir a privacidade, confidencialida-
pações com segurança e privacidade, incluindo autentica- de e integridade da informação identificada em saúde. Uma
ção limitada de usuários e criptografia de dados. O uso de das principais motivações do CFM ao participar deste pro-
sistemas Wi-Fi não seguros e ausência de sistemas antivírus cesso de certificação foi o de garantir o sigilo profissional,
e de firewall também levantam questões que preocupam a ou seja, que o acesso à informação identificada só possa
implantação dos recursos da Telemedicina. A transmissão ser feito por pessoas autorizadas.  O Manual acaba delimi-
e o armazenamento de dados podem colocar em risco as tando a segurança para a telemedicina de modo geral. Aos
informações pessoais caso a segurança necessária e devidas interessados em eliminar o registro das informações em
precauções não forem implementadas. papel, é obrigatória a conformidade ao Nível de Garantia
Atualmente, a maioria dos desenvolvedores de sistema de Segurança 2 (NGS2), que contempla obrigatoriamente
não explica adequadamente suas políticas de segurança. Se- o uso de certificação digital (39).
gundo a OMS (2010), citado por Duke et al. (38), as políticas
de segurança devem ser projetadas e implementadas para O Processo de Certificação SBIS-CFM classifica os
salvaguardar, de forma razoável, as informações de saúde S-RES, do ponto de vista de segurança da informação, em
pessoal durante todo o tempo de vida útil das informações. dois Níveis de Garantia de Segurança: NGS1 – categoria
Recursos como proteção por senha, logins de rede, sincro- aplicável aos S-RES que não pretendem eliminar a impres-
nização de arquivos do dispositivo, e os sistemas de backup são dos registros em papel. Assim, mantém-se a necessidade
e recuperação devem ser avaliados e salvaguardados ade- de impressão e aposição manuscrita da assinatura; NGS2 –
quadamente. Os protocolos de segurança devem ser bem categoria constituída por S-RES que viabilizam a eliminação
definidos como política padrão (38). A inclusão de recursos do papel nos processos de registros de saúde. Para isso, espe-
antivírus e de firewall para evitar perda ou corrupção de cifica a utilização de certificados digitais ICP-Brasil para os
dados também é vital. processos de assinatura e autenticação (39).

Para atingir o NGS2, é necessário que o S-RES atenda
aos requisitos já descritos para o NGS1 e apresente ainda
total conformidade com os requisitos especificados para o
Nível de Garantia 2 (39).

156 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

Entretanto, de forma contraditória ao próprio Manual e recurso economizados, também podem ser fatores que fa-
de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em voreçam a satisfação. Mesmo o estudo que traz insatisfação
Saúde, em 2017, o CFM publicou parecer (14/2017) auto- demonstrou que o tempo de permanência em tratamento
rizando aplicativos como WhatsApp® e plataformas simi- via teleconsulta foi maior que a modalidade presencial, o que
lares a serem utilizados para comunicação entre médicos pode indicar um viés da qualidade do serviço ofertado, inde-
e seus pacientes, bem como entre médicos e médicos em pendentementea da modalidade.
caráter privativo para enviar dados ou tirar dúvidas com 
colegas, com a ressalva de que todas as informações passa- Os estudos de custo relacionados à teleconsulta com-
das têm absoluto caráter confidencial e não podem circular parados com a consulta presencial são escassos na literatu-
em grupos recreativos, mesmo que composto apenas por ra, e os disponíveis apenas levam em consideração alguns
médicos, ressaltando a vedação explícita em substituir as estudos de deslocamento e custos médicos, o que limita
consultas presenciais e aquelas para complementação diag- um maior detalhamento que subsidie a tomada de deci-
nóstica ou evolutiva a critério do médico por quaisquer das são, especialmente quanto ao uso público de recurso. Uma
plataformas existentes ou que venham a existir. Acontece análise necessária seria quanto à diferença financeira ge-
que esses aplicativos não possuem NGS2 (40). rada pelo investimento em teleconsulta, desde a parte de
infraestrutura até o treinamento de profissionais para o
Uma possível correção viria a ocorrer com a publicação apoio a distância, em comparação com a necessidade de
da Resolução CFM nº 2227/18, a qual ratifica a necessida- atendimento presencial e de internações que as pesquisas
de dos sistemas eletrônicos para comunicação, transmissão revelam, e, ainda, os custos sociais devido às complicações
e guarda de informações utilizarem NGS2 (8). dos problemas que a melhoria de acesso pela ferramenta
virtual pode evitar. O fato é que o conjunto de aspectos
  como diminuição da quantidade de consultas presenciais,
DISCUSSÃO menor quantidade de internação, menores gastos em des-
locamentos, menores custos sociais por complicações das
Os estudos internacionais incluídos na revisão demons- doenças sugerem que a implantação da teleconsulta pode
tram elevada eficácia no uso da teleconsulta, porém, sem- diminuir gastos globais na assistência à saúde. Porém, para
pre foram descritos a partir de casos ou patologias espe- tomada de decisão, o estudo global de custos deve consi-
cíficas, e assim, é difícil predizer que ela o será para todos derar tanto as questões financeiras, de assistência, quanto
os casos e condições. Ainda em relação à especificidade sociais, devendo haver equilíbrio entre elas para que haja
dos casos, as experiências relatam, em geral, o seguimento sustentabilidade da ação.
de patologias específicas, o que supõe que o começo do
acompanhamento virtual já tenha sido iniciado a partir de Nos estudos apresentados na revisão, a questão do
um diagnóstico já determinado. Isso diminui a limitação da acesso esteve intimamente relacionada com o encurtamen-
dificuldade de realização de exame físico, essencial prin- to de distâncias, o que, efetivamente, melhorou o acesso
cipalmente na etapa diagnóstica, e isso pode ser um fator aos programas de saúde propostos. Além disso, em locais
limitante para uso da teleconsulta em casos que ainda não onde não havia presença anterior de serviço de referência,
possuem diagnóstico fechado. Nesse sentido, outra ques- com a teleconsulta, o acesso, mesmo que virtual, se tornou
tão importante a ser destacada é que a teleconsulta nos es- mais rápido tanto para os casos agudos quanto eletivos.
tudos descritos sempre vem acompanhada de consulta pre- Em alguns casos, houve aumento da quantidade de atendi-
sencial em algum momento, podendo ser mais ou menos mentos após a implantação da teleconsulta, o que também
frequente, o que também não caracteriza uma regra para representa uma melhoria no acesso. Outras questões, que
todos os casos, no que diz respeito ao tempo necessário a partir do acesso pela teleconsulta também se mostraram
para retorno em consulta presencial. Outro fator limitante importantes, foram, por exemplo, evitar deslocamentos
das pesquisas incluídas no estudo é que muitas delas apre- desnecessários e assim também diminuir os riscos durante
sentaram um número amostral relativamente pequeno, o o deslocamento dos pacientes.
que diminui o intervalo de confiança, extremamente neces-
sário quando se mede eficácia, indicando a necessidade de E, por fim, nas questões de segurança para uso da tele-
outros estudos serem realizados. consulta, ainda que a literatura internacional traga algumas
contribuições, no Brasil, elas estão sujeitas às mesmas regras
A maioria dos estudos demonstrou alto índice de satisfação que já vigoram em relação à Lei Geral de Proteção de Dados
pelos usuários no uso da teleconsulta. Ainda que as pesquisas Pessoais, publicada em 2018 (41), as quais valem para qual-
não relatem os principais motivos da satisfação, algumas coi- quer tipo de transmissão, comunicação, manuseio e guarda
sas podem ser levadas em consideração para tais percentuais. de dados, incluindo as formas manuais e informatizadas. O
O uso da tecnologia na vida diária das pessoas, inclusive como desafio não está apenas no plano da teleconsulta, mas em
forma de comunicação, está cada vez mais universalizado, o todos os processos que envolvem a prática em saúde. Para
que facilita a aceitação do uso da tecnologia na relação médi- tanto, o nível de segurança exigido para os sistemas informa-
co-paciente. A desnecessidade de deslocamento, ou mesmo a tizados deve seguir o Nível de Garantia de Segurança 2, que,
necessidade de um deslocamento menor, e, com isso, tempo além de garantia de proteção de inviolabilidade, exige certi-
ficação digital, garantindo autenticidade na comunicação a

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021 157

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

distância (41). A grande dificuldade não está na regulamen- Ainda que o estudo possa trazer contribuições na dis-
tação, mas no seu cumprimento e fiscalização, e, como dito, cussão nacional sobre a teleconsulta, esta revisão apresenta
não restrito à teleconsulta, o que deve ser motivo de grande limitações e possíveis vieses de concepção por parte dos
preocupação por parte dos órgãos fiscalizadores. pesquisadores, e neste sentido, é imperativo que outras pes-
quisas em território brasileiro, principalmente as empíricas,
CONCLUSÃO sejam feitas considerando a eficácia, a satisfação, os custos,
Segundo a literatura, a teleconsulta tem se apresenta- o acesso e a segurança da teleconsulta, para que as decisões
sejam tomadas com base na melhor evidência científica.
do como modalidade importante no processo de atenção à
saúde. Porém, seu uso parece estar condicionado a algumas REFERÊNCIAS
condições e situações, e de forma conjunta e alternada à
consulta presencial. 1. Demiris G. Integrations of telemedicine in graduate medical infor-
matics education. Journal American Medical Inform Association.
A primeira questão de decisão quanto à implantação ou 2003; 10(4): p. 310-4.
não da teleconsulta, sem dúvida alguma, diz respeito à efi-
cácia e não a questões mercadológicas ou corporativistas. 2. Wootton R. Recent advances: telemedicine. BJM. 2001; 323(7312):
Comprovada a eficácia, as possibilidades de uso devem ser 557-60.
mediadas pelas necessidades da população, especialmente
quanto à melhoria do acesso e de melhoria do cuidado, e 3. Maldonado JMSV, Marques AB, Cruz A. Telemedicina: desafios à
mais importante, o que representaria uma melhoria signifi- sua difusão no Brasil. Cadernos de Saúde Pública. 2016; 32(2): 1-12.
cativa nos indicadores de morbimortalidade.
4. Organización Panamericana de la Salud. Marco de Implementación
A desassistência tem piorado muito os indicadores de de un Servicio de Telemedicina. Washington (DC): OPS, 2016.
morbimortalidade da população brasileira. O que pode
justificar a regulamentação e uso da teleconsulta no Bra- 5. Tuckson RV, Edmunds M, Hodgkins ML. Telehealth. The New En-
sil são os dados apresentados pelo estudo de Demografia gland Journal of Medicine. 2017; 377(16): 1585-1592.
Médica (42), realizado pelo Conselho Federal de Medicina,
o qual demonstra grande irregularidade de distribuição de 6. El Khouri SG. Telemedicina: análise da sua evolução no Brasil. [Dis-
profissionais médicos, principalmente especialistas, com sertação]. [São Paulo]: Universidade de São Paulo, 2003. 239p.
grande concentração nas regiões Sul e Sudeste (70% do
total), e ainda nestes, nos grandes centros urbanos, ficando 7. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria GM/MS nº 2.546, de 27 de
boa parte dos municípios menores com cobertura limitada, Outubro de 2011. Redefine e amplia o Programa Telessaúde Brasil,
cujo problema não tem resolução a curto prazo. que passa a ser denominado Programa Nacional Telessaúde Brasil
Redes (Telessaúde Brasil Redes). Brasília: MS, 2011.
Aliado a isso, a transição demográfica e epidemiológica
da população faz com que a carga das doenças crônicas 8. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM n. 2227/2018. Defi-
se torne maior (43), e, assim, a necessidade de acompa- ne e disciplina a telemedicina como forma de prestação de serviços
nhamento médico, seja de generalistas ou especialistas, se médicos mediados por tecnologia. Brasília: CFM, 2018.
torna maior, o que agrava a situação dos que já possuem
dificuldade de acesso. 9. Conselho Federal de Medicina. II Fórum de Telemedicina do Con-
selho Federal de Medicina - 07 de fevereiro de 2019. Brasília: CFM,
Desse modo, o que se torna mais importante na questão 2019.
da regulamentação das possibilidades não é a definição de
área remota trazida pela resolução do CFM nº 2227/18 (já 10. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM n. 1643/2002. De-
revogada), mas sim situações em que a teleconsulta pode fine e disciplina a prestação de serviços através da Telemedicina.
trazer melhorias de acesso, como já mencionado, e nesse Brasília: CFM, 2002.
sentido, algumas especialidades podem ter maior destaque.
Comprovada a eficácia, a definição de área remota é pura 11. Schmitz CAA, Gonçalves MR, Umpierre ACS, et al. Teleconsulta:
reserva de mercado. nova fronteira da interação entre médicos e pacientes. Revista Brasi-
leira de Medicina da Família e Comunidade. 2017; 12(39): 1-7.
O que ainda justificaria a implantação da teleconsulta no
Brasil são as dimensões continentais do país, em que as dis- 12. Ferrari DV, Alvarez GR, Bernardez-Braga PDC Verificação da pró-
tâncias de centros de referências são demasiadamente gran- tese auditiva realizada face a face e via teleconsulta: medidas repeti-
des, o que nem com uma melhor distribuição de profissio- das. Revista Cefac, 2011; 14(6): 1061-71.
nais resolveria o problema dos grandes deslocamentos.
13. Vuvkovic I, Dilberovic F, Kapur E, et al. The principles of teleme-
No entanto, também vale a ressalva que a simples in- dicine in practice. Bosn Journal basic medicine Science. 2003; 3(4):
corporação de tecnologia não soluciona problemas de falta 54-60.
de oferta de serviços, o que, historicamente, também tem
ocorrido nos serviços públicos de saúde, principalmente na 14. Polit DF, Beck CT. Using research in evidence-based nursing prac-
Atenção Especializada e Hospitalar. tice. In: Polit DF, Beck CT (editors). Essentials of nursing research.
Methods, appraisal and utilization. Philadelphia (USA): Lippincott
Williams & Wilkins, 2006.

15. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e
como fazer. Einstein. 2010; 8(1): 102-106.

16. Broome ME. Integrative literature reviews for the development of
concepts. In: Rodgers BL, Knafl KA (editors). Concept develop-
ment in nursing: foundations, techniques and applications. Philadel-
phia (USA): W.B Saunders Company, 2000. p. 231-250.

17. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em
saúde. 11. ed. São Paulo: Hucitec, 2008.

18. Ohta M, Ohira Y, Uehara T, et al. How Accurate Are First Visit
Diagnoses Using Synchronous Video Visits with Physicians. Tele-
medicine and e-Health. 2017; 23(2): 119-129.

19. Wijngaart LSV, Roukema J, Boehmer ALM, et al. A virtual asthma
clinic for children: fewer routine outpatient visits, same asthma con-
trol. European Respiratory Journal. 2017; 50: 1700471.

20. Donofrio A, Palmisano P, Rapacciuolo A, et al. Effectiveness of a
management program for outpatient clinic or remote titration of
beta-blockers in CRT patients: The Restore study. International
Journal of Cardiology. 2017; 236(jun): 290-295.

21. Mendelson M, Vivodtzev I, Tamisier R, et al. CPAP Treatment
Supported by Telemedicine Does Not Improve Blood Pressure in

158 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021

TELECONSULTA: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO NO BRASIL, A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA Maeyama et al.

High Cardiovascular Risk OSA Patients: A Randomized, Controlled of a study in four district hospitals in Mali. BMC Health Services
Trial. Sleep. 2014; 37(11): 1863-1870. Research. 2014; 14(suppl 1): S9
22. Davis C, Bender M, Smith T, et al. Feasibility and Acute Care Utili- 35. Cuperus N, Van Den Hout WB, Hoogeboom FH, et al. Cost-Utility
zation Outcomes of a Post-Acute Transitional Telemonitoring Pro- and Cost-Effectiveness analyses of face-to-face versus telephone-
gram for Underserved Chronic Disease Patients. Telemedicine and -based nonpharmacologic Multidisciplinary treatments for patients
e-Health. 2015; 21(9): 705-713. with generalized osteoarthritis. Arthritis Care & Research. 2016;
23. Nordheim LV, Haavind MT, Iversen MM. Effect of telemedicine 68(4): 502-510.
follow-up care of leg and foot ulcers: a systematic review. BMC 36. Sabesan S, Roberts LJ, Aiken P, et al.Timely access to specialist me-
Health Service Res. 2014; 6(14): 565. dical oncology services closer to home for rural patients: Experien-
24. Poulsen KA, Millen CM, Lakshman UI, et al. Satisfaction with rural ce from the Townsville Teleoncology Model. Australian Journal of
rheumatology telemedicine service. International journal of rheu- Rural Health. 2014; 22(4): 156-159.
matic diseases. 2015; 18(3): 304-314. 37. Ivey TL, Hughes D, Dajani NK, et al. Antenatal management of
25. Lin JC, Crutchfield JM, Zurawski DK, et al. Implementation of a at-risk pregnancies from a distance. Australian and New Zealand
virtual vascular clinic with point-of-care ultrasound in an integrated Journal of Obstetrics and Gynaecology. 2014; 55(1): 87-89.
health care system. Journal Vascular Surgery. 2018; 68(1): 213-218. 38. Duke DC, Barry S, Wagner DV, et al. Distal technologies and type
26. Broman KK, Oyefule OO, Phillips SE, et al. Postoperative care 1 diabetes management. Lancet Diabetes Endocrinol. 2018; 6(2):
using a secure online patient portal: changing the (inter)face of ge- 143-156.
neral surgery. Journal of American College Surgery. 2015; 221(6): 39. Sociedade Brasileira de Informática em Saúde; Conselho Federal de
1057-66. Medicina. Manual de Certificação para Sistemas de Registro Ele-
27. Casavant DW, Mcmanus ML, Parsons SK, et al. Trial of telemedici- trônico em Saúde: Certificação 2016. Silva ML, Virgínio Júnior LA
ne for patients on home ventilator support: feasibility, confidence in (editores). São Paulo: SBIS / Brasília: CFM, 2016.
clinical management and use in medical decision-making. Journal of 40. Conselho Federal de Medicina. Parecer CFM 14/2017. Uso do
Telemedicine and Telecare. 2014; 20(8): 441-449. Whatsapp em ambiente hospitalar. Brasília: CFM, 2017.
28. Pflugeisen BM, Mou J.  Patient Satisfaction with Virtual Obstetric 41. Presidência da República (Brasil). Lei n. 13.709, de 14 de agosto de
Care. Maternal and Child Health Journal. 2017; 21(7): 1544-1551. 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei n.
29. Hernandez-Tejada MA, Zoller JS, Ruggiero KJ, et al. Early Treat- 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marcos Civil da Internet). Brasília:
ment Withdrawal from Evidence-Based Psychotherapy for PTSD: Presidência da República, 2018.
Telemedicine and in-Person Parameters. The International Journal 42. Schefer M. Demografia Médica no Brasil 2018. Coordenação de
of Psychiatry in Medicine. 2014; 48(1): 33-55. Mário Scheffer. São Paulo: Departamento de Medicina Preventiva
30. Morrell K, Hyers M, Stuchiner T, et al. Telehealth Stroke Dysphagia da Faculdade de Medicina da USP/Conselho Regional de Medicina
Evaluation Is Safe and Effective. Cerebrovascular Diseases. 2017; do Estado de São Paulo/Conselho Federal de Medicina, 2018.
44(4): 225-231. 43. Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária
31. Masino C, Lam TCM. Choice of Rating Scale Labels: Implication for à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da fa-
Minimizing Patient Satisfaction Response Ceiling Effect in Telemedi- mília. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2012.
cine Surveys. Telemedicine and e-Health. 2014; 20(12): 150-155.  Endereço para correspondência
32. Yang NH, Dharmar M, Yoo BK, et al. Economic Evaluation of Marcos Aurélio Maeyama
Pediatric Telemedicine Consultations to Rural Emergency Depart- Rua Maçarico, 74
ments. Medical Decision Making. 2015; 35(6): 773-783. 88.338-580 – Balneário Camboriú/SC – Brasil
33. Canon S, Shera A, Patel A, et al. A pilot study of telemedicine for  (47) 3341-7778
post-operative urological care in children. Journal of Telemedicine  [email protected]
and Telecare. 2014; 20(8): 427-430. Recebido: 3/4/2020 – Aprovado: 3/5/2020
34. Bagayoko C, Traoré D, Thevoz L, et al. A. Medical and economic
benefits of telehealth in low- and middle-income countries: results

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 150-159, jan.-mar. 2021 159

ARTIGO DE REVISÃO

Alimentação em bebês com o refluxo gastroesofágico:
uma revisão integrativa

Feeding in babies with gastroesophageal reflux: an integrative review

Aline Gonçalves Cozer1, Tatiana Vargas de Castro Perilo2, Eveline Franco da Silva3

RESUMO
Introdução: O refluxo gastroesofágico é uma condição, na maioria das vezes, fisiológica que causa grande repercussão nos consul-
tórios pediátricos. A Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até seis meses de idade. Apesar
disso, os bebês com refluxo são majoritariamente alimentados por fórmulas artificiais e muitos têm a alimentação sólida introduzida
precocemente. A principal medida de tratamento é alteração na dieta materna, durante aleitamento materno exclusivo, e do bebê ali-
mentado por fórmulas artificiais ou alimentos sólidos. Objetivos: Caracterizar os diferentes tipos de dieta oferecidos aos bebês com
refluxo gastroesofágico e identificar qual a dieta mais adequada para essas crianças. Métodos: Foi realizada uma revisão bibliográfica
integrativa com base no banco de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), contemplando artigos publicados no período
de 2008 a 2018. Para composição da estratégia de busca, foram utilizadas as palavras-chave: refluxo gastroesofágico, amamentação,
fenômenos fisiológicos da nutrição do lactente, em português e inglês. Resultados: Foram encontrados 104 artigos e excluídos 95
trabalhos, que não faziam referência ao tema proposto e aos critérios de inclusão. Atendeu aos critérios de inclusão um total de nove
estudos, sendo oito artigos da base PubMed e um artigo da base BVS. Conclusão: A maior parte dos bebês com refluxo gastroeso-
fágico é desmamado precocemente e alimentado por fórmulas espessadas. Os estudos mostram a superioridade e efeito protetor do
leite materno em lactentes com refluxo gastroesofágico. A introdução precoce de alimentos sólidos não melhora a condição clínica
de bebês com refluxo gastroesofágico.
UNITERMOS: Refluxo gastroesofágico, aleitamento materno, fenômenos fisiológicos da nutrição do lactente
ABSTRACT
Introduction: Gastroesophageal reflux is a most often physiological condition that causes great repercussions in pediatric clinics. The World Health Orga-
nization recommends exclusive breastfeeding up to six months of age, although babies with reflux are mostly fed artificial formulas and many have solid food
introduced early. The main treatment measure is changes in the maternal diet, during exclusive breastfeeding, and in the baby fed with artificial formulas or solid
foods. Objectives: To characterize the different types of diet offered to babies with gastroesophageal reflux and identify the most suitable diet for these children.
Methodology: An integrative literature review was carried out based on the PubMed database and the Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), covering articles
published from 2008 to 2018. The search strategy included the following keywords (in Portuguese and English): gastroesophageal reflux, breastfeeding, physi-
ological phenomena of infant nutrition. Results: 104 articles were found and 95 works were excluded, which did not refer to the proposed theme and the inclusion
criteria. A total of nine studies met the inclusion criteria, eight articles from the PubMed database and one article from the BVS database. Conclusion: Most
babies with gastroesophageal reflux are weaned early and fed with thickened formula. Studies show the superiority and protective effect of breast milk in infants
with gastroesophageal reflux. Early introduction of solid foods does not improve the clinical condition of babies with gastroesophageal reflux.
KEYWORDS: Gastroesophageal reflux, breastfeeding, infant nutritional physiological phenomena

1 Doutora em Ciências Biológicas – Fisiologia (Bacharel em Biomedicina )
2 Doutora em Engenharia Mecânica – UFMG (Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Cuidado Materno-Infantil do Instituto Mame Bem)
3 Mestre em Enfermagem (Aluna de Doutorado PPGGO - UFRGS)

160 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 160-165, jan.-mar. 2021

ALIMENTAÇÃO EM BEBÊS COM O REFLUXO GASTROESOFÁGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Cozer et al.

INTRODUÇÃO pergunta: “Quais as formas de alimentação indicadas para
bebês com refluxo gastroesofágico?”
O refluxo gastroesofágico (RGE) é uma condição fi-
siológica que pode atingir até 85% dos bebês saudáveis. A revisão foi estruturada seguindo as seguintes etapas:
A incidência é maior nos primeiros meses de vida, mas 1. I dentificação do tema e seleção da questão de pesqui-
pode se estender até 12 meses  (1). O RGE compreende
o relaxamento do esfíncter gastroesofágico e, assim, o re- sa: estabelecimento dos termos de busca.
torno involuntário do conteúdo gástrico para o esôfago, 2. D efinição dos critérios para inclusão e exclusão de
causando regurgitações ou vômitos (2). Apesar de não ge-
rar consequências maiores aos bebês, as regurgitações e os estudos – definição das informações a serem extraí-
vômitos preocupam os pais e são uma das principais quei- das dos estudos selecionados.
xas nos consultórios médicos  (3). Na doença do refluxo 3. A nálise crítica dos dados incluídos, análise dos resul-
gastroesofágico (DRGE), o retorno do conteúdo gástrico tados e categorização dos estudos; apresentação da
está associado com sintomas que podem piorar a qualidade revisão/síntese do conhecimento.
de vida dos bebês. Entre eles, podemos citar: irritabilidade,  
dificuldade na alimentação e de ganho de peso, problemas CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
respiratórios, distúrbios no sono, vômitos frequentes (4,5).  
Definiram-se, como fonte de busca, as bases de da-
A amamentação é padrão ouro na alimentação de bebês dos: BVS e PubMED. Neste trabalho, foram utilizados
e, segundo orientações do Ministério da Saúde e da Organi- os seguintes descritores: “Refluxo Gastroesofágico” OR
zação Mundial da Saúde, deve ser mantida exclusivamente até “Gastroesophageal reflux”, “Aleitamento Materno” OR
6 meses de vida e continuada até 2 anos ou mais, em associa- “Breastfeeding” e “Fenômenos fisiológicos da nutrição do
ção à alimentação complementar. Apesar disso, no mundo, as lactente” OR “Infant Nutritional Physiological Phenome-
taxas de aleitamento materno exclusivo ainda são baixas e é na” (este último descritor tem como definição segundo os
questão de saúde pública melhorá-las (6). A maioria dos bebês Descritores em Ciências da Saúde – DECS – alimentação
diagnosticados com RGE é desmamado precocemente e, no complementar). Com os descritos selecionados, foram fei-
lugar do leite materno, são oferecidas fórmulas lácteas espe- tas as seguintes estratégias de busca: utilizando o conector
ciais e, em alguns casos, a introdução precoce de alimentos booleano AND. “Refluxo Gastroesofágico AND Aleita-
sólidos (7). É importante entender as diferenças entre os ti- mento Materno” e “Refluxo Gastroesofágico AND Fenô-
pos de alimentação e suas consequências para o RGE e, desta menos fisiológicos da nutrição do lactente”, e repetida a
forma, nortear melhor as decisões de profissionais de saúde busca com as respectivas expressões em inglês.
e famílias. A linha de frente para o tratamento do RGE é a Para seleção dos estudos desta revisão integrativa, fo-
modificação no estilo de vida que compreende alterações nos ram definidos os critérios de inclusão: somente artigos com
modos de alimentação dos bebês e mudanças posturais (8). resumo disponível e publicados nos últimos dez anos, os
quais contivessem informações sobre os tipos de alimenta-
Diante disso, questiona-se: Existe um tipo de alimentação ção em bebês e crianças e refluxo gastroesofágico. Assim,
mais segura? Existem evidências científicas para o uso de es- excluíram-se teses e dissertações, produções científicas sem
pessantes e/ou realização de um desmame precoce? Algum resumo nas bases de dados e as repetições presentes nas
método de alimentação diminui os sintomas do RGE? bases de dados distintas. A busca pelas produções foi con-
duzida nos meses de outubro e novembro de 2018.
Em vista disso, o presente estudo teve como objetivo Dos textos completos obtidos, foram excluídos os
caracterizar os diferentes tipos de dieta oferecidos aos be- que não se relacionavam diretamente ao tema. Todos os
bês com refluxo gastroesofágico e identificar qual a dieta artigos relacionados foram incluídos no levantamen­to.
mais adequada para essas crianças. Após a busca, foi realizada seleção manual por referên-
cias entre os artigos selecionados, a fim de complemen-
  tar a pesquisa (9,11).
MÉTODOS
ANÁLISE DOS DADOS
O presente estudo traz uma pesquisa bibliográfica na Foram identificadas 104 publicações nas bases de dados,
perspectiva de uma revisão integrativa da literatura. Este sendo esses divididos em 82 da base bibliográfica PubMed
método de pesquisa permite uma melhor utilização das e 22 da base BVS. Após análise minuciosa, 09 artigos aten-
evidências na prática clínica dos profissionais de saúde, deram aos critérios estabelecidos, constituindo-se a amos-
pois sintetiza os conhecimentos em determinada área, de tra do estudo. Oito estudos foram encontrados na base
maneira sistemática e ordenada (9,10). de dados da PubMEd e 1 da base de dados BVS (MED-
LINE). Os demais foram excluídos por não fazerem alusão
  ao tema.
ESTRATÉGIA DE PESQUISA Para análise e posterior síntese dos artigos selecionados,
foi construído um quadro sinóptico, o qual contemplou os
Realizou-se uma revisão integrativa da literatura na-
cional e internacional, que buscou responder à seguinte

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 160-165, jan.-mar. 2021 161

ALIMENTAÇÃO EM BEBÊS COM O REFLUXO GASTROESOFÁGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Cozer et al.

aspectos considerados pertinentes: título, ano de publica- tar (7). Mark, 2015 (13), afirma não existirem evidências
ção, objetivo, principais resultados, forma de alimentação. em que o desmame melhore a condição clínica do lacten-
te com RGE e nem em qualquer outro sintoma gastroin-
Os dados utilizados neste estudo foram devidamente testinal  (5). Outro ponto importante é que não existem
referenciados com a identificação de seus autores e demais diferenças significativas no aumento do RGE entre o leite
fontes de pesquisa, respeitando a ética em relação ao uso do materno no peito e o leite materno ordenhado ofereci-
conteúdo e de citação de textos das bibliografias consultadas. do na mamadeira (14). Apesar disso, Chen (7) observou
que a amamentação é superior a todos os outros tipos ali-
  mentares quando observado o aumento do refluxo. Para
RESULTADOS E DISCUSSÃO bebês em aleitamento materno exclusivo, sugere-se, além
da alteração na dieta materna, a diminuição dos intervalos
  entre as mamadas para tentar reduzir o volume ingeri-
Foram encontrados nove estudos que atenderam aos do e, assim, diminuir o RGE  (4). A Sociedade Brasilei-
critérios de inclusão desta pesquisa (Figura 1). As publica- ra de Pediatria (SBP) sugere, também, diminuir o tempo
ções encontradas se concentraram entre os anos de 2013 e de sucção não nutritiva nesses bebês (1). As orientações
2017, sendo quase a totalidade dos estudos (88,8%) publi- para lactentes em aleitamento materno exclusivo podem
cada nos anos de 2015 a 2017. interferir na continuidade do aleitamento. Além disso, a
A manifestação clínica do RGE é diferente da DRGE, redução da sucção não nutritiva no peito possivelmen-
mas o diagnóstico diferencial é difícil, e por isso, a nomen- te acarretaria o uso de bicos artificiais. Estipular tempos,
clatura utilizada nos artigos se confunde, e o termo refluxo quantidades e tipos de sucção para as famílias pode causar
gastroesofágico é utilizado com maior frequência. Neste confusão, mudanças no padrão de produção láctea mater-
estudo, a fim de uniformizar o texto, utilizaremos o termo na e até mesmo o desmame precoce.
refluxo gastroesofágico (RGE).
Analisando os artigos que passaram nos critérios de se- A orientação para bebês em aleitamento misto ou em
leção, identificamos quatro tipos principais de alimentação uso integral de fórmulas é a modificação da fórmula lác-
que entraram em estudos sobre RGE: aleitamento materno tea utilizada. São recomendadas as fórmulas extensamente
exclusivo, fórmula láctea, fórmula láctea mais espessantes hidrolisadas e (4) Fórmulas AntiRefluxo (fórmulas previa-
e alimentos sólidos. Importante salientar que os bebês que mente espessadas) (1). Além de modificar a fórmula ofere-
possuem RGE podem ser chamados também de “vomita- cida, também se sugere aumento da frequência e diminui-
dores felizes”. Seus episódios de regurgitação são inócuos ção dos volumes nas mamadas (5).
e diminuem em número e volume a partir dos 6 meses,
cessando espontaneamente próximo aos 12 meses. Nesses A maior parte dos estudos que aborda a dieta com
casos, não há necessidade de tratamento e é importante fórmulas artificiais e o RGE destaca a adição de espessan-
que o profissional de saúde oriente e apoie os familiares tes  (2),  como carboidratos digeríveis à base de arroz, mi-
para diminuir o estresse e insegurança, melhorando a rela- lho, batata ou com carboidratos não digeríveis (alfarroba/
ção dos pais com o bebê (1). jataí)  (1). O uso de espessantes nas fórmulas é feito com
Para os lactentes que apresentam RGE, a primeira abor- frequência por ser considerado de fácil prescrição (15). Os
dagem de tratamento é a alteração na dieta (8,12). O tra- dados sobre a utilização de espessantes alimentares na ali-
tamento não farmacológico deve ser priorizado até os 18 mentação de bebês a termo são conflituosos. Alguns autores
meses de idade (8). sugerem cautela na utilização por acreditarem que não exis-
Poucos estudos abordam com profundidade a relação tam ainda dados suficientes sobre possíveis problemas na
entre aleitamento materno e RGE. A principal orientação saúde que possam ser gerados a partir dessa prescrição (4).
para bebês que estão em aleitamento materno exclusivo
é alteração da dieta materna. As lactantes devem eliminar A fórmula espessada parece não ter efeito na diminui-
leite e derivados, além de ovos, por um período que pode ção do RGE, porém reduz os episódios de regurgitações e
variar de 2 a 4 semanas (4). A restrição desses alimentos é vômitos. Kwok (15), em revisão para Cochrane, sugere que
utilizada para excluir a hipótese de que o RGE seja causado as evidências são moderadas quanto ao uso de espessantes,
pela alergia alimentar, pois aproximadamente 40% dos be- mas que o uso deve ser considerado, pois a diminuição dos
bês com RGE são alérgicos à proteína do leite de vaca (7). episódios de regurgitação parece ter muita relevância clínica
Quando comparado com qualquer outro tipo de ali- para os cuidadores. Além disso, o uso de espessantes nor-
mento (incluindo o leite materno ordenhado na mama- malmente melhora o ganho de peso/dia dos lactentes (2).
deira), o aleitamento materno exclusivo direto do peito
tem efeito de proteção quanto ao desenvolvimento do A prática de antecipar a introdução de alimentos sóli-
RGE (7). Apesar disso, os bebês que possuem RGE são dos em crianças com RGE é comum pelos profissionais de
majoritariamente alimentados por fórmula. O apareci- saúde. Nos primeiros 5 meses de vida, crianças com refluxo
mento de vômitos e regurgitações é o responsável pela receberam mais alimentos sólidos do que as que não apre-
alteração da dieta dos lactentes. Em 50% dos casos após sentavam essa condição clínica  (7). Chen, 2017, mostrou
o diagnóstico de refluxo, as mães pararam de amamen- que, além de não melhorar o RGE, a introdução precoce
de alimentos sólidos ainda pode gerar efeitos colaterais nos
lactentes. Estudo mostra melhora do RGE com a introdu-

162 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 160-165, jan.-mar. 2021

ALIMENTAÇÃO EM BEBÊS COM O REFLUXO GASTROESOFÁGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Cozer et al.

Figura 1: Quadro sinóptico dos estudos que integram a revisão da literatura realizada.

Títulos Objetivo Resultados Forma de
Ano alimentação

Association Between Associar medidas de -Independentemente do tipo de dieta, a prevalência do refluxo Aleitamento
Infant Feeding  Modes repetição de modos de foi maior no terceiro mês de vida. materno
and Gastroesophageal alimentação e refluxo - O aleitamento materno exclusivo diminui, enquanto que a Fórmulas lácteas
Reflux: A Repeated na infância. alimentação por fórmulas aumenta a partir dos 2 meses de vida. Alimentos sólidos
Measurement - Quando comparado com qualquer outro tipo de alimentação
Analysis of the Infant (incluindo leite materno ordenhado na mamadeira), a
Feeding Practices Study amamentação foi protetora em relação ao aparecimento de
II refluxo no mês seguinte.
  - A introdução de alimentos sólidos não protegeu contra o
2017 refluxo.
- Quando analisada associação reversa, as mães pararam de
amamentar no primeiro mês após o diagnóstico do refluxo.
- Os bebês com refluxo são mais alimentados com fórmulas e
recebem mais alimentos sólidos antes dos 6 meses do que as
crianças que não têm o RGE.

Gastroesophageal Revisar os principais - Linha de frente para tratamento do refluxo são as Aleitamento
Reflux Regurgitation in aspectos do refluxo modificações no estilo de vida dos pacientes (alteração postural materno
the Infant Population gastroesofágico e dieta). Fórmula láctea
  - Manejo não farmacológico deve ser priorizado até os 18
2017 meses de idade.
- Salienta a importância da educação parental para diferenciar a
doença do refluxo do gastroesofágico.
- Em bebês com refluxo alimentados por fórmulas, deve-se
ter o cuidado de alterar o tipo de fórmula ofertada e, também,
oferecer menor volume com maior frequência.

Feed thickener for Avaliar o uso de - O uso de espessantes alimentares em bebês com refluxo é Fórmula láctea
infants up to six months espessantes por utilizado com frequência por ser considerado de fácil prescrição.
of age with gastro- bebês de até 6 No entanto, as evidências ainda são conflituosas.
oesophageal reflux meses com refluxo - Os bebês incluídos no estudo são majoritariamente
  gastroesofágico em alimentados por fórmulas.
2017 termos de redução - Existem evidências moderadas de que o uso de espessantes
de: sinais e sintomas deva ser considerado, pois os dois episódios a menos de
do refluxo, episódios regurgitações por dia parecem ter significância clínica para os
de refluxo, evidência cuidadores.
histológica de
esofagite.

Signs  and  symptoms  Analisar o - A amamentação deve ser mantida exclusivamente. Aleitamento
associated  with  desenvolvimento - Nenhum sinal ou sintoma gastrointestinal deve ser visto como materno
digestive  tract e a prevalência de motivo para a interrupção do aleitamento. Fórmula láctea
Development sinais e sintomas - Para bebês que não estão em aleitamento materno exclusivo,
  gastrointestinais com as fórmulas com espessantes podem reduzir o volume e a
2016 o desenvolvimento do frequência das regurgitações, diminuindo a ansiedade dos 
trato gastrointestinal, pais. Porém, o tempo de exposição do esôfago ao ácido
Reflux Incidence among e avaliar as medidas gástrico não diminui.
Exclusively Breast Milk propostas para
Fed Infants: Differences reduzir seus impactos - O presente estudo não encontrou diferenças significativas Aleitamento
of Feeding at Breast negativos. entre os bebês que tomaram leite materno ordenhado e aqueles materno
versus Pumped Milk amamentados no peito em relação ao aumento do refluxo.
  Entender se a forma
2016 de oferecer o leite
materno (peito
ou ordenhado) é
associada com uma
maior incidência de
refluxo em bebês
saudáveis, a termo
e amamentados
exclusivamente
nas idades de 2 a 6
meses.

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 160-165, jan.-mar. 2021 163

ALIMENTAÇÃO EM BEBÊS COM O REFLUXO GASTROESOFÁGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Cozer et al.

Figura 1: Continuação

Títulos Objetivo Resultados Forma de
Ano alimentação
Descrever diversos
Neonatal Nutrition aspectos nutricionais - Aleitamento materno deve ser a fonte primária de nutrição Aleitamento
  do recém-nascido. para a maioria dos bebês. materno
2015 - Para os bebês que não podem ser amamentados, as Fórmulas lácteas
fórmulas lácteas são clinicamente equivalentes e garantem o
crescimento adequado.
-Fórmulas de soja e outras fórmulas especializadas devem ser
reservadas para circunstâncias particulares e não devem ser
usadas rotineiramente.
- Refluxo Gastroesofágico ocorre na maior parte dos bebês e
não necessita intervenção.
- A doença do refluxo gastroesofágico ocorre em uma pequena
parcela dos bebês. 

Clinical Practice Diferenciar entre os - Alterações na dieta são as primeiras medidas a serem Aleitamento
Guidelines for the bebês com refluxo tomadas em bebês com refluxo. materno
Management of gastroesofágico - Bebês em aleitamento exclusivo – alteração na dieta materna Fórmulas lácteas
Gastroesophageal aqueles que precisam e diminuir tempo entre as mamadas para tentar reduzir o
Reflux and de tratamento volume ingerido.
Gastroesophageal conservador daqueles - Bebês em uso de fórmula: modificação da fórmula utilizada
Reflux Disease: Birth to que precisam (fórmulas hidrolisadas ou baseadas em aminoácidos) e
1 Year of Age de tratamento acréscimo de espessantes.
  especializado. - Sobre o uso de espessantes, salienta que pouco se sabe
2015 sobre eficácia e possíveis efeitos adversos.

Infant and toddler Avaliar os bebês em Não existem evidências que interromper o aleitamento seja Aleitamento
nutrition aleitamento materno benéfico (melhore a condição) de crianças com refluxo materno
  e discutir as principais gastroesofágico. Alimentos sólidos
2015 questões comuns a - Os sólidos devem ser iniciados aos 6 meses, sempre
essa população, como respeitando os sinais de prontidão dos bebês.
regurgitações, vômitos
e hábito intestinal

Gastroesophageal Detalhar melhor - 42-58% dos bebês com refluxo também apresentam alergia à Aleitamento
Reflux Disease in sintomas e tratamento proteína do leite de vaca. materno
Neonates and Infants para o refluxo - Uso de espessantes em fórmulas lácteas diminui episódios de Fórmulas lácteas
  gastroesofágico. vômitos, mas não o refluxo.
2013 - Uso de espessantes aumenta o ganho de peso/dia dos bebês.

ção de alimentos aos seis meses, porém nessa idade coincide É importante salientar a necessidade de mais estudos
também o aprendizado de sentar e, assim, com essa mudan- comparando bebês com RGE em aleitamento materno ex-
ça postural, a gravidade ajudaria a reduzir o refluxo (16). clusivo e bebês alimentados por fórmulas. Os profissionais
de saúde precisam de mais informações sobre essa temáti-
  ca, a fim de conduzir da melhor maneira a alimentação de
CONCLUSÃO bebês nos primeiros meses de vida.

Os lactentes com RGE são majoritariamente alimenta- REFERÊNCIAS
dos com fórmulas lácteas. Sobre o uso de espessantes, não
está clara a segurança clínica de seu uso, mas indica-se por 1. Pediatria SB de. Documento Científico Regurgitação do lactente
ter relevância para os cuidadores. (Refluxo Gastroesofágico Fisiológico ) e Doença do Refluxo Gas-
troesofágico em Pediatria. 2017;1-16.
Dentro da nossa revisão, encontramos o leite materno
como peça fundamental na proteção contra o aparecimen- 2. Czinn SJ, Blanchard S. Gastroesophageal Reflux Disease in Neona-
to de refluxo gastroesofágico. Apesar desse efeito protetor, tes and Infants. 2013;19-27.
mães de bebês com refluxo estão mais propensas a des-
mamar seus filhos. E a introdução precoce de alimentos 3. Denne SC. Neonatal Nutrition Infant nutrition Breastfeeding In-
sólidos não tende a melhorar o RGE. fant formula Gastroesophageal reflux. Pediatr Clin NA [Internet].
2015;62(2):427-38. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.
pcl.2014.11.006

164 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 160-165, jan.-mar. 2021

ALIMENTAÇÃO EM BEBÊS COM O REFLUXO GASTROESOFÁGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Cozer et al.

4. Papachrisanthou MM. Clinical Practice Guidelines for the Mana- 12. AAP. s AAP Releases Guideline for the Management of Gastroeso-
gement of Gastroesophageal Reflux and Gastroesophageal Reflux phageal reflux in children. Pract Guidel. 2014;89(5).
Disease: Birth to 1 Year of Age. 2015;1-7.
13. Marks K. Infant and toddler nutrition. 2015;44(12):886-9.
5. Morais MB De. Signs and symptoms associated with digestive tract 14. Yourkavitch J, Zadrozny S, Flax VL. Reflux Incidence among Ex-
development. J Pediatr (Rio J) [Internet]. 2016;92(3):S46-56. Availa-
ble from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.02.008 clusively Breast Milk Fed Infants : Differences of Feeding at Breast
versus Pumped Milk. 2016.
6. WHO. GUIDELINE : Protecting, promoting and supporting breast- 15. Kwok TC, Ojha S, Dorling J. Feed thickener for infants up to six
feeding in facilities providing maternity and newborn services. 2017. months of age with gastro-oesophageal reflux. Cochrane Database
Syst Rev. 2017;2017(12).
7. Chen P, Soto-ramírez N, Zhang H, Karmaus W. Association Bet- 16. Hadders-Algra M. Typical and atypical development of reaching and
ween Infant Feeding Modes and Gastroesophageal Reflux : A Re- postural control in infancy.  Dev Med Child Neurol. 2013;55(SU-
peated Measurement Analysis of the Infant Feeding Practices Study PPL.4):5-8.
II. 2017.  Endereço para correspondência
Eveline Franco da Silva
8. Ferguson TD. Gastroesophageal Reflux Regurgitation in the Infant Rua Feijó Júnior, 975/202
Population. Crit Care Nurs Clin NA [Internet]. 2018;30(1):167-77. 95.034-160 – Caxias do Sul/RS – Brasil
Available from: https://doi.org/10.1016/j.cnc.2017.10.015  (51) 9993-4311
[email protected]
9. Souza MT De, Dias M, Carvalho R De. Revisão Integrativa: o que é Recebido: 13/5/2020 – Aprovado: 26/7/2020
e como fazer. 2010;8:102-6.

10. Dal K, Mendes S, Cristina R, Pereira DC, Galvão CM. Revisão In-
tegrativa: Método de pesquisa para a incorporação de evidências na
saúde e na enfermagem. 2008;17(4):758-64.

11. Soares CB, Akiko L, Hoga K, Peduzzi M, Sangaleti C, Rachel D, et
al. Revisão integrativa: conceitos e métodos utilizados na enferma-
gem. 2014;48(2):335-45.

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 160-165, jan.-mar. 2021 165

ARTIGO DE REVISÃO

Covid-19 e as implicações na saúde mental de idosos durante o
isolamento social: uma revisão da literatura

Covid-19 and its implications on the mental health of elderly people during
social isolation: a literature review

Gabriel Fiorio Grando1, Laura Bettoni Delatorre2, Juliano Peixoto Bastos3

RESUMO
Introdução: Explorar as alterações na saúde mental de idosos em isolamento social durante a pandemia da Covid-19. Métodos: Por pes-
quisa no PubMed usando as palavras “COVID-19” e “older people” ou “suicide” ou “isolation” ou “focus on older people” ou “social
disconnection” ou “care needs” ou “pandemic”, dez publicações foram selecionadas com base nos critérios: apresentar as palavras “old’
e “elder” ou suas conjugações no título, ser publicada a partir de 2019 e relatar alterações na saúde mental de idosos durante o isolamento
social. Ainda, selecionaram-se três referências e mais dois artigos por pesquisa livre. Resultados: Com a intenção de reduzir taxas de
infectados, adotou-se o isolamento social. Contudo, um ambiente pandêmico coloca os idosos em risco de depressão, esquizofrenia e an-
siedade com consequente vulnerabilidade ao suicídio. Ademais, a pandemia pode levar à exacerbação de fobias e a transtornos obsessivos
compulsivos em idosos; são comuns alguns sintomas como medo de contrair a infecção e compulsão por lavar as mãos. Assim, é preciso
reconhecer que a população idosa, que previamente não havia reportado distúrbios mentais, pode estar afetada pelos requerimentos so-
ciais, visto o sentimento de desconexão da sociedade e perda de oportunidades usuais. Conclusão: Os riscos do isolamento social exigem
elementos para prevenção de alterações na saúde mental de idosos. Promover acesso à informação acurada, reduzir o sentimento de iso-
lamento através da tecnologia e da telemedicina são elementos para garantir a saúde no amplo aspecto semântico. Todos, especialmente
psiquiatras, devem estar preparados para lidar com a incidência de doenças mentais causadas pela pandemia
UNITERMOS: Covid-19, idosos, isolamento social, depressão, suicídio

ABSTRACT
Introduction: To explore the changes in the mental health of elderly people in social isolation during the COVID-19 pandemic. Method: From a search
in PubMed using the words “COVID-19” and “older people” or “suicide” or “isolation” or “focus on older people” or “social disconnection” or “care needs”
or “pandemic”, ten publications were selected based on the following criteria: to include the words “old” and “elder” or their combinations in the title, to be
published from 2019 onwards, and to report changes in the mental health of the elderly during social isolation. In addition, three references and two more
articles were selected by free search. Results: In order to reduce the rates of infected people, social isolation was adopted. However, a pandemic environment
puts the elderly at risk of depression, schizophrenia and anxiety, with consequent vulnerability to suicide. Moreover, the pandemic can lead to exacerbation
of phobias and obsessive-compulsive disorders in the elderly; some symptoms such as fear of contracting the infection and compulsion to wash hands are com-
mon. So, it must be recognized that older adults who had not previously reported mental disorders may be affected by social requirements, with a feeling of
disconnection from society and loss of usual opportunities. Conclusion: The risks of social isolation require elements to prevent changes in the mental health
of the elderly. Promoting access to accurate information, reducing the feeling of isolation through technology and telemedicine are elements to ensure health in
the broad semantic aspect. Everyone, especially psychiatrists, must be prepared to deal with the incidence of mental illnesses caused by the pandemic.
Keywords: Covid-19, older people, social isolation, depression, suicide

1 Estudante de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra)
2 Estudante de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
3 Mestre em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

166 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 166-168, jan.-mar. 2021

COVID-19 E AS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE MENTAL DE IDOSOS DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL: UMA REVISÃO DA LITERATURA Grando et al.

INTRODUÇÃO com a incerteza sobre os assuntos relacionados à doença
O propósito do vigente trabalho é uma revisão da lite- e com a perda do sentimento de liberdade. Desse modo,
são comuns relatos de raiva e de suicídio após a imposição
ratura de publicações científicas que exploram as alterações do isolamento social (7).  Ademais, é notório que a pande-
na saúde mental de idosos em isolamento social durante a mia pode levar a uma exacerbação de fobias, transtornos
pandemia da Covid-19. Assim, efetuou-se uma pesquisa na de ansiedade e transtorno obsessivo compulsivo. Em ido-
plataforma PubMed usando as palavras “COVID-19” e “older sos, são comuns alguns sintomas, como: medo de contrair
people” ou “suicide” ou “isolation” ou “focus on older people” ou “so- a infecção, medo da morte, medo de ser necessária uma
cial disconnection” ou “care needs” ou “pandemic”. As publicações separação da família, insônia, pesadelos, sintomas de ansie-
foram consideradas com base nos critérios: apresentar as pa- dade generalizada, compulsão por lavar as mãos, sintomas
lavras “old” e “elder” e suas possíveis conjugações no título, de estresse pós-traumático. Além disso, pode ocorrer exal-
ter sido publicada a partir de 2019 e relatar alterações na saú- tação de doenças crônicas já existentes, como: problemas
de mental de idosos durante o isolamento social relacionado cardíacos (angina), hipertensão e diabetes (7). No decorrer
à pandemia. Desse modo, dez publicações atenderam aos do pico da pandemia na China, muitos idosos ficaram sem
critérios de seleção da revisão. Ademais, foram selecionados receber serviços médicos necessários para suas doenças
três artigos de referência de um dos dez pré-selecionados e crônicas preexistentes em razão de os serviços de rotina
mais dois artigos por pesquisa livre, cumprindo, novamente, sofrerem cancelamentos em muitos hospitais chineses.
os critérios de seleção. Por fim, a revisão da literatura totali- Além disso, suspensão de transporte público e medo de
zou em quinze publicações científicas. contrair a infecção pela Covid-19 aumentaram a angústia e
a ansiedade dos idosos, de modo a recair sobre sua saúde
RESULTADOS mental (8). À vista disso, o discurso discriminante etário
Com a intenção de reduzir as taxas de infectados pela também parece implicar que a perda de uma vida idosa
não é tão importante como a de outras faixas etárias, o que
Covid-19 e consequente sobrecarga de leitos hospitalares, afeta de forma deletéria a saúde mental da população idosa
governos adotaram políticas como o isolamento social e (5). Ademais, durante a quarentena, também se deve ter
quarentena. Em razão da vulnerabilidade de idosos a casos atenção voltada aos idosos portadores de deficiência.. Para
graves da doença, eles, principalmente, foram alertados a eles, usar máscara e luvas de proteção pode ser uma práti-
ficar em casa. Ao mesmo tempo em que ocorre a exorbi- ca desafiadora, visto que aqueles com limitações sensoriais
tância dos leitos hospitalares devido a altas taxas de infec- podem ter sua capacidade de comunicação reduzida. O uso
ção pela Covid-19, a sobrecarga do sentimento de solidão de luvas de proteção por idosos que possuem deficiência
em razão do isolamento social tem mostrado declínio de visual e usam o tato para habilidades como ler, comuni-
cognição e alterações na saúde mental da população ido- car-se e identificar o que o cerca pode ser dificultado (9).
sa.  Contudo, um ambiente pandêmico de distanciamento A população idosa é a mais suscetível a casos graves da
social coloca os idosos em alto risco de depressão e ansie- infecção pela Covid-19 e aos efeitos adversos relacionados
dade com consequente vulnerabilidade ao suicídio, em ra- ao isolamento social. Para pacientes acima de 50 anos, o
zão de um elevado sentimento de desconexão da socieda- risco do desenvolvimento de um caso grave à infecção por
de, distância física e perda de oportunidades usuais (1). Tais Covid-19 aumenta gradativamente, além de que, para 27%
mudanças aumentam os níveis de cortisol causando piora dos infectados acima dos 65 anos, ocorrem as apresenta-
na qualidade do sono, do peso corporal e do sistema imune ções mais severas da infecção por Covid-19. Ainda, duran-
(2).   Esses efeitos pró-inflamatórios podem suscetibilizar te a pandemia o Hospital de Pessoas Orientais Xuzhou,
ainda mais a infecção dessa população pela Covid-19 (3). na China, relatou um aumento de 25% na incidência de
As relações sociais são imprescindíveis para o bem-estar e esquizofrenia, sendo que a faixa etária de 50 a 64 anos foi a
para a saúde, especialmente para as pessoas idosas. A pri- mais atingida. O hospital analisou dados ambulatoriais do
vação de atividades usuais envolvidas no contexto de iso- mês de janeiro de 2020 comparados com dados de 2017
lamento social concebe um aumento dos fatores de risco a 2019. Os resultados confirmaram a prévia observação e
para doenças mentais em idosos (4). Assim, é preciso reco- sugeriram um aumento incomum de casos novos de esqui-
nhecer que a população idosa, que previamente não tinha zofrenia em um curto período de tempo (10). Tais dados
reportado sentimento de solidão, pode estar afetada pelos evidenciaram que os efeitos adversos do isolamento po-
requerimentos de isolamento social, visto a supressão do dem, principalmente, ser atribuídos à população mais velha
contato social que ocorria durante as compras no mercado, (11). Embora solidão e depressão resultem ou coexistam
da participação em grupos da comunidade e outras ativida- com o isolamento social, elas representam apenas a ponta
des de rotina (5). O isolamento social é fortemente ligado do iceberg. A redução da estimulação cognitiva, pelo con-
à depressão, à ansiedade e ao declínio cognitivo, além de texto do distanciamento social, pode estar relacionada com
reduzir fatores de resiliência como a autovalorização (6). sintomas de demência (12). De forma que o isolamento
É extremamente traumático para os idosos conviverem social está associado a um risco maior de 50% de os in-
divíduos desenvolverem demência, aproximadamente 30%

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 166-168, jan.-mar. 2021 167

COVID-19 E AS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE MENTAL DE IDOSOS DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL: UMA REVISÃO DA LITERATURA Grando et al.

de chances de evolução de doença coronariana e uma pro- REFERÊNCIAS
babilidade de mais de 26% nas causas gerais de morte (4).
1. Wand, A., Zhong, B. L., Chiu, H., Draper, B., & De Leo, D. (2020).
  COVID-19: the implications for suicide in older adults. Interna-
CONCLUSÃO tional psychogeriatrics, 1-6. Advance online publication. https://doi.
org/10.1017/S1041610220000770
Embora idosos estejam muito suscetíveis à infecção
por Covid-19, seus cuidados mentais não devem ser es- 2. Santini, Z. I., Jose, P. E., York Cornwell, E., Koyanagi, A., Nielsen,
quecidos. É essencial saber que os desafios do isolamento L., Hinrichsen, C., Meilstrup, C., Madsen, K. R., & Koushede, V.
social são fatores de risco para a saúde mental de idosos (2020). Social disconnectedness, perceived isolation, and symptoms
(12). A prevalência dos riscos do isolamento social durante of depression and anxiety among older Americans (NSHAP): a lon-
a pandemia exige elementos para prevenção de alterações gitudinal mediation analysis. The Lancet. Public health, 5(1), e62-e70.
na saúde mental, além da redução da vulnerabilidade ao https://doi.org/10.1016/S2468-2667(19)30230-0
suicídio. Promover acesso à informação acurada, redu-
zir o sentimento de isolamento através da tecnologia e o 3. Jawaid A. (2020). Protecting older adults during social dis-
desenvolvimento da telemedicina são elementos comuns tancing.  Science (New York, N.Y.),  368(6487), 145. https://doi.
para garantir a saúde no seu amplo aspecto semântico aos org/10.1126/science.abb7885
idosos (1). Portanto, para que esses casos de depressão e
de ansiedade possam ser diminuídos, é indubitável que os 4. Donovan N. J. (2020). Timely Insights Into the Treatment of Social
familiares e cuidadores de idosos promovam sensações de Disconnection in Lonely, Homebound Older Adults. The American
segurança (tanto psicológica quanto física) e redução de journal of geriatric psychiatry : official journal of the American Association for
emoções desagradáveis relacionadas aos medos (7). Assim, Geriatric Psychiatry, S1064-7481(20)30286-4. Advance online publica-
significativas conversas ao telefone, que garantam a saúde tion. https://doi.org/10.1016/j.jagp.2020.04.002
mental, física e social, além de questionamentos se os ido-
sos sabem como pedir ajuda caso necessitem, tornam-se 5. Brooke, J., & Jackson, D. (2020). Older people and COVID-19:
imprescindíveis. Membros da família, amigos, comunidades Isolation, risk and ageism. Journal of clinical nursing, 29(13-14), 2044-
e enfermeiras locais podem desenvolver redes de comuni- 2046. https://doi.org/10.1111/jocn.15274
cação a distância para assegurar que cada idoso tenha um
significativo contato social (5). Agora, mais do que nunca, 6. Webb L. (2020). Covid-19 lockdown: a perfect storm for older
é importante que seja assegurada a efetiva promoção de peoples mental health. Journal of psychiatric and mental health nursing,
saúde e bem-estar aos idosos (13). Entretanto, deve-se ater 10.1111/jpm.12644. Advance online publication. https://doi.
às possíveis dificuldades encontradas pela população idosa org/10.1111/jpm.12644
ao substituir o contato pessoal pelas tecnologias. A perda
da audição, cognição prejudicada e a não familiaridade com 7. Girdhar R, Srivastava V & Sethi S. (2020). Managing mental health
as novas formas de comunicação podem comprometer a issues among elderly during COVID-19 pandemic. Journal of Ge-
habilidade de uso efetiva dessas modalidades (12). Ainda riatric Care and Research, 7(1): 32-35. 
não se encontrou evidência da efetividade da videochama-
da em reduzir o isolamento social, e os resultados foram 8. Yang, Y., Li, W., Zhang, Q., Zhang, L., Cheung, T., & Xiang, Y. T.
incertos na redução de sintomas depressivos (14), de forma (2020). Mental health services for older adults in China during the
que devem ser buscadas alternativas individuais para alívio COVID-19 outbreak. The lancet. Psychiatry,  7(4), e19. https://doi.
das alterações mentais aos idosos. A infecção por Covid-19 org/10.1016/S2215-0366(20)30079-1
é dita por ser mais letal aos idosos, dados como esse suge-
rem que essas pessoas podem estar mentalmente sensíveis 9. Petretto, D. R., & Pili, R. (2020). Ageing and COVID-19: What is
à pandemia, demonstrando um sinal de alarme, tendo em the Role for Elderly People?. Geriatrics (Basel, Switzerland), 5(2), E25.
vista os sérios acometimentos das funções sociais desses https://doi.org/10.3390/geriatrics5020025
pacientes. Todos, especialmente psiquiatras, devem estar
preparados para lidar com o risco emergente de doenças 10. Hu W, Su L, Qiao J, Zhu J, Zhou Yi. (2020). COVID-19 ou-
mentais causadas pela pandemia da Covid-19 (Hu et al., tbreak increased risk of schizophrenia in aged adults. [China
2020). Por fim, os desafios enfrentados com a população Xiv:202003.00003]. DOI: 10.12074/202003.00003.
idosa não são novos, pois já existem há anos. O que ocor-
re na atualidade é a necessidade de conscientização e es- 11. Armitage, R., & Nellums, L. B. (2020). COVID-19 and the conse-
forços para que aconteça uma melhoria na saúde mental quences of isolating the elderly. The Lancet. Public health, 5(5), e256.
do idoso. Sendo assim, necessita-se que redes de atenção https://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30061-X
psicossociais ajam com uma maior eficácia, salientando a
importância do idoso e relatando que esse será um período 12. Steinman, M. A., Perry, L., & Perissinotto, C. M. (2020). Meeting
passageiro (15). the Care Needs of Older Adults Isolated at Home During the
COVID-19 Pandemic. JAMA internal medicine, 10.1001/jamain-
ternmed.2020.1661. Advance online publication. https://doi.
org/10.1001/jamainternmed.2020.1661

13. Baker, E., & Clark, L. L. (2020). Biopsychopharmacosocial approa-
ch to assess impact of social distancing and isolation on mental
health in older adults. British journal of community nursing, 25(5), 231-
238. https://doi.org/10.12968/bjcn.2020.25.5.231

14. Noone, C., McSharry, J., Smalle, M., Burns, A., Dwan, K., Devane,
D., & Morrissey, E. C. (2020). Video calls for reducing social isolation
and loneliness in older people: a rapid review. The Cochrane database of
systematic reviews, 5, CD013632. https://doi.org/10.1002/14651858.
CD013632

15. Morrow-Howell, N., Galucia, N., & Swinford, E. (2020). Recovering
from the COVID-19 Pandemic: A Focus on Older Adults. Journal of
aging & social policy, 1-10. Advance online publication. https://doi.or
g/10.1080/08959420.2020.1759758

 Endereço para correspondência
Gabriel Fiorio Grando
Rua Jardim Cristofel, 155
90.510-030 – Porto Alegre/RS – Brasil
 (54) 98409-8688
[email protected]
Recebido: 1/6/2020 1 – Aprovado: 26/7/2020

168 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 166-168, jan.-mar. 2021

INSTRUÇÕES REDATORIAIS

Revista da Associação Médica do Rio Grande do Sul

A. SUBMISSÃO ON-LINE ser clicado para editar o título e a legenda de cada imagem
A submissão deverá ser feita através do endereço na submetida.

internet: http://www.revistadaamrigs.org.br 3º Passo: Cadastrar coautor(es)
Quando entrar neste link, o sistema irá pedir seu nome Cadastre cada coautor informando nome completo, car-
go e titulação obrigatoriamente. O CPF poderá ser informa-
de usuário e senha, caso já esteja cadastrado. Caso con- do posteriormente. A ordem dos coautores pode ser altera-
trário, clique no botão “Quero me cadastrar” e faça seu da facilmente usando as “setas” exibidas na tela.
cadastro. Ou, ainda, caso tenha esquecido sua senha, use o 4 º Passo: Informar título e palavras-chave
mecanismo para lembrar sua senha, que gerará automatica- Informe o título do trabalho em português e inglês e
mente um e-mail contendo a mesma. as Palavras-chave (Português) e Keywords (Inglês), 2 a 6
palavras-chave pertinentes. ESTAS PALAVRAS DEVE-
O(s) autor(es) deve(m) manter uma cópia de todo o RÃO ESTAR CONTIDAS NO DECS E NO MESH
material enviado para publicação, pois os editores não se (em todas as telas no SGP).
responsabilizam pelo extravio do material. 5º Passo: Informar resumo e comentários
O resumo deverá obrigatoriamente conter no máximo
O processo de submissão é composto por oito passos, 250 palavras, que é o limite máximo aceito pelo sistema.
listados abaixo: O excedente será cortado automaticamente pelo mesmo.
O autor deverá preencher os campos: instituição, nome e
1. Informar classificação endereço para correspondência, suporte financeiro (deverá
2. Envio de imagens para o seu artigo ser provida qualquer informação sobre concessões ou ou-
3. Cadastrar coautores tro apoio financeiro) e a carta ao editor (opcional). O Abs-
4. Informar título e palavras-chave tract será redigido pelo tradutor com base no resumo.
5. Informar resumo e comentários 6º Passo: Montar manuscrito
6. Montar manuscrito Nesta tela é exibido um simulador do Word com todas as
7. Transferência de copyright (cessão de direitos) funcionalidades de formatação de texto necessárias. Para in-
serir seu texto neste campo, simplesmente selecione todo seu
e Declaração de conflitos de interesse trabalho e copie e cole no campo de montagem do manuscri-
8. Aprovação do(s) autor(es) to. Somente selecione textos e tabelas, pois as imagens já deve-
Os autores devem submeter eletronicamente manuscri- rão ter sido enviadas no 1º passo e serão inseridas no final do
tos preparados no Microsoft Word ou similar, pois no pas- trabalho, automaticamente. Importante: Nunca coloque nes-
so “Montar manuscrito” será exibida uma tela que simula o te campo os nomes de autores, coautores ou qualquer outra
Word, onde é possível “copiar e colar” de qualquer editor informação que possa identificar onde o trabalho foi realizado.
de texto, inclusive as tabelas. O texto deverá ser digitado Tal exigência se deve ao fato de o processo de revisão trans-
em espaço duplo, sendo que as margens não devem ser correr sem o conhecimento destes dados pelo(s) revisor(es).
definidas, pois o sistema SGP as definirá automaticamente. A não observância deste detalhe fará com que o trabalho seja
Regras para imagens e gráficos estão descritas abaixo. devolvido como FORA DE PADRÃO para correções.
Submissão on-line passo a passo: 7º Passo: Copyright (Cessão de direitos) e Declara-
1º Passo: Informar classificação ção de conflitos de interesse
Escolha uma das quatro opções: Artigo Original, Arti- Neste passo é exibida a tela com o termo de Copyright
go de Revisão, Relato de Caso ou Carta ao Editor. e outra com a Declaração de conflitos de interesse, que
2º Passo: Envio de imagens para o seu artigo devem ser impressas para que o autor colha as assinaturas
As imagens deverão obrigatoriamente estar em forma- e informe os dados dele e de cada coautor. A revisão do
to JPG. O sistema envia grupos de até cinco imagens por artigo será feita por pares, sendo avaliado potencial con-
vez. Para submeter mais de cinco imagens, basta clicar no flito de interesse que impossibilite a mesma, baseado em
botão “Enviar mais imagens”. Logo após, serão exibidas
miniaturas das imagens, onde há um ícone ( ) que deverá

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): xx-xx, jan.-mar. 2021 169

INSTRUÇÕES REDATORIAIS

relação comercial, familiar, científica, institucional ou qual- ção os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido
quer outra com o autor ou coautores e com o conteúdo do um número de identificação em um dos Registros de En-
trabalho. Em caso de material já publicado ou em caso de saios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela
material que possa identificar o paciente, imprima os for- OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site
mulários adequados e colha as assinaturas e dados confor- do ICMJE (http://www.icmje.org). O número de identifi-
me indicado. O SGP oferece a opção de impressão destes cação deverá ser informado no final do resumo.
termos clicando nos links apropriados.
Regras do artigo:
8º Passo (último passo): Aprovação do autor O artigo pode ser enviado nas seguintes línguas: portu-
Este é o último passo para completar a submissão do guês, espanhol e inglês (sempre com resumo na língua em
artigo. Nesta tela o autor terá a opção de visualizar seu que foi escrito). O tamanho do artigo completo não deverá
trabalho no sistema e também pode salvar uma versão exceder 24 páginas (laudas do Word) para artigos originais e
em PDF de seu trabalho recém-submetido. Importante: de revisão, 15 páginas para relatos de caso e artigos de opi-
O autor deverá clicar no link “ APROVAR MANUS- nião e 2 páginas para as cartas ao editor. As margens não pre-
CRITO” para que seu trabalho seja encaminhado à Secreta- cisam ser definidas, pois o sistema SGP as definirá. A seleção
ria da Revista da AMRIGS para conferência e confirmação. baseia-se no princípio da avaliação pelos pares (peer review).
Procedimentos após a submissão (Notificações via Os trabalhos são encaminhados aos editores associados que
e-mail) selecionarão os relatores de reconhecida competência na te-
Ao terminar a submissão de seu trabalho, será gerado mática abordada. Os trabalhos publicados são propriedades
um e-mail informando se a submissão foi efetuada corre- da Revista, sendo vedadas a reprodução total ou parcial e a
tamente. Quando o trabalho for recebido e conferido, será tradução para outros idiomas sem a autorização da mesma.
gerado outro e-mail informando se o mesmo está dentro Os trabalhos deverão ser acompanhados da Declaração de
dos padrões solicitados. Caso o artigo esteja “fora de pa- transferência dos direitos autorais e Declaração de conflitos
drão” o autor será avisado por e-mail e poderá corrigi-lo de interesses assinadas pelos autores. Os conceitos emitidos
entrando no site http://www.revistadaamrigs.org.br/sgp/ nos trabalhos são de responsabilidade exclusiva dos autores.
O autor que submeteu o trabalho poderá acompanhar Conteúdo do artigo:
a sua tramitação a qualquer momento pelo SGP da revista, – Título do artigo: em português e inglês, curtos e
através do código de fluxo gerado automaticamente pelo objetivos; nome dos autores com titulação mais importante
SGP ou, ainda, pelo título de seu trabalho. de cada um; instituição à qual o trabalho está vinculado;
Como o sistema gera e-mails automaticamente, con- nome, endereço, telefone, e-mail e fax do autor responsá-
forme seu artigo estiver tramitando é imprescindível que vel pela correspondência; se o trabalho foi apresentado em
o autor DESABILITE OS FILTROS DE SPAM em seus congresso, especificar nome do evento, data e cidade; fonte
provedores ou que CONFIGURE SUAS CONTAS DE de suporte ou financiamento se houver e se há alguma es-
E-MAIL PARA ACEITAR qualquer mensagem do domí- pécie de conflito de interesses.
nio REVISTADAAMRIGS.ORG.BR. – Resumo: O resumo dos artigos originais deve ser es-
truturado, isto é, apresentando as seguintes seções: a) Intro-
B.REGRAS PARAREDAÇÃO DOSARTIGOS dução (com objetivo); b) Métodos; c) Resultados; d) Conclu-
A Revista da AMRIGS (ISSN 0102-2105) aceita para sões. O resumo deve ter no máximo 250 palavras. O resumo
dos artigos de revisão não deve ser estruturado, porém, deve
publicação artigos da comunidade científica nacional e in- incluir Introdução (com objetivos), Síntese dos dados e Con-
ternacional. Publica regularmente artigos originais de pes- clusões. Para relatos de caso, o resumo também não deve
quisa clínica e experimental, artigos de revisão sistemática ser estruturado, contudo, deve incluir Introdução, o Relato
de literatura, meta-análises, artigos de opinião, relatos de resumido e Conclusões. Abaixo do resumo, fornecer dois a
caso e cartas ao editor. A Revista da AMRIGS apoia as seis descritores em português e inglês, selecionados da lista
políticas para registro de ensaios clínicos da Organização de “Descritores em Ciências da Saúde” da BIREME, dispo-
Mundial de Saúde (OMS) e do International Committee of nível no site http://decs.bvs.br. O Abstract será redigido
Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a impor- pelo tradutor com base no resumo.
tância dessas iniciativas para o registro e divulgação inter- – Artigos Originais: a) Introdução (com objetivo); b)
nacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso Métodos; c) Resultados; d) Discussão; e) Conclusões; f) Re-
aberto. Sendo assim, somente serão aceitos para publica- ferências Bibliográficas. As informações contidas em tabelas
e figuras não devem ser repetidas no texto. Estudos envol-

170 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): xx-xx, jan.-mar. 2021

INSTRUÇÕES REDATORIAIS

vendo seres humanos e animais devem fazer referência ao – Livros: Sobrenome do(s) Autor(es) e Iniciais. Título
número do protocolo de aprovação pelo Comitê de Ética do Livro. nº da edição. Cidade: Editora; ano. Ex: Corrêa da
em Pesquisa da instituição à qual está vinculada a pesquisa. Silva, LC. Condutas em Pneumologia. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Artigos originais são definidos como relatórios de trabalho Revinter; 2001.
de pesquisa científica com contribuições significativas e váli-
das. Os leitores devem extrair de um artigo geral conclusões – Capítulos de Livros: Sobrenome do(s) Autor(es) do
objetivas que vão ao encontro dos objetivos propostos. capítulo e Iniciais. Nome do capítulo. In: Sobrenome do(s)
Autor(es) do Livro e Iniciais. Título do Livro. Número da
Artigos de Revisão da Literatura: Deverão ser feitos a edição. Cidade: Editora; ano, página inicial – página final.
convite do Editor e conter na sua estrutura os seguintes itens: Ex: Silveira TR, Krebs S, Vieira SMG. Fibrose Cística. In
a) Introdução; b) Revisão de literatura; c) Comentários finais; Gayotto LC e Strauss EO. Hepatologia, 1ª ed. São Paulo:
e) Referências Bibliográficas. Artigos de revisão devem abran- Ed. Rocca; 2000, 353-364.
ger a literatura existente e atual sobre um tópico específico.
A revisão deve identificar, confrontar e discutir as diferenças – Material eletrônico: Para artigos na íntegra retirados
de interpretação ou opinião. da internet, seguir as regras prévias, acrescentando no final
“disponível em: endereço do site” e data do acesso.
Relato de Caso: a) Introdução; b) Relato de caso;
c) Discussão; d) Comentários finais; e) Referências Biblio- Abreviaturas e unidades: A revista reconhece o Siste-
gráficas. Relatos de caso deverão apresentar características ma Internacional (SI) de unidades. As abreviaturas devem
inusitadas ou cientificamente relevantes. ser usadas apenas para palavras muito frequentes no texto.

Cartas ao Editor: Devem expressar de forma sucinta a Tabelas e gráficos: Cada tabela deve ser apresentada
opinião do autor sobre diferentes assuntos de interesse mé- com números arábicos, por ordem de aparecimento no
dico/profissional, com um número máximo de 350 pala- texto, em página separada com um título sucinto, porém
vras (aproximadamente uma página e meia de texto) e com explicativo, não sublinhando ou desenhando linhas dentro
número de referências bibliográficas não superiores a 10. das tabelas. Quando houver tabelas com grande número de
dados, preferir os gráficos (em preto e branco). Se houver
Artigos de Opinião: Deverão ser feitos a convite do abreviaturas, providenciar um texto explicativo na borda
Editor. inferior da tabela ou gráfico.

Referências bibliográficas: As referências devem Ilustrações: Enviar as imagens e legendas conforme
ser apresentadas em ordem de aparecimento no texto instruções de envio do Sistema de Gestão de Publicações
e identificadas no texto em numerais arábicos entre (SGP) no site www.revistadaamrigs.org.br. Até um total de
parênteses. As abreviaturas dos periódicos devem ser 8 figuras será publicado sem custos para os autores; fotos
baseadas no “Uniform Requirements for Manuscripts coloridas serão publicadas dependendo de decisão do Edi-
Submitted to Biomedical Journals”, disponível pelo tor e seu custo poderá ser por conta do autor. As imagens
site http://www.icmje.org. Todos os autores deverão deverão ser enviadas em 300dpi, em formato JPG sem
ser incluídos quando houver até seis; quando houver compactação. As tabelas deverão ser colocadas no final do
sete ou mais, os primeiros seis devem ser listados se- artigo e coladas juntamente com o conteúdo no respectivo
guidos de ‘et al.’ para os subsequentes. Serão aceitas passo. Os gráficos deverão ser convertidos em formato de
no máximo 30 referências para artigos originais, 60 imagem jpg.
para artigos de revisão e 15 para relatos de casos.
Se forem usadas fotografias de pessoas, os sujeitos não
Exemplos: devem ser identificáveis ou suas fotografias devem estar
– Periódicos: Sobrenome do(s) Autor(es) e Iniciais. acompanhadas de consentimento escrito para publicação
Título do Artigo. Abreviaturas do Periódico, ano, volume (ver a seção de Proteção dos Direitos de Privacidade dos
(edição): página inicial – página final. Ex: Prolla JC, Dietz Pacientes). Se uma figura já foi publicada, agradecer à fon-
J, da Costa LA. Geographical differences in esophageal te original e enviar a autorização escrita do detentor dos
neop­ lasm mortality in Rio Grande do Sul. Rev Assoc Med direitos autorais para reproduzir o material. A autorização
Bras. 1993;39(4):217-20. é requerida, seja do autor ou da companhia editora, com
– Teses: Sobrenome do Autor e Iniciais. Título da Tese. exceção de documentos de domínio público.
Cidade, ano, página (Tese de Mestrado ou Doutorado –
Nome da Faculdade). Ex: Barros SGS. Detecção de lesões Legenda das ilustrações: Quando símbolos, setas,
precursoras em indivíduos sob risco para o carcinoma epi- números ou letras forem usados para identificar as partes
dermoide do esôfago. Tese de doutorado (1992). Porto de uma ilustração, identificar e explicar cada uma claramen-
Alegre, UFRGS. te na legenda. Explicar a escala interna e identificar o méto-
do de coloração utilizado nas microfotografias.

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): xx-xx, jan.-mar. 2021 171

INSTRUÇÕES REDATORIAIS

Declaração de conflitos de interesse: Além da de- √ Texto do manuscrito.
claração no Sistema de Gestão de Publicações, os autores √ Agradecimentos.
devem informar no final do artigo a existência ou não de √ Referências bibliográficas.
conflitos de interesses. √ Tabelas e gráficos.
√ Ilustrações (fotos e desenhos).
Provas: Os autores receberão as provas gráficas para √ Legendas das ilustrações.
revisão antes da publicação. Apenas modificações mínimas √ Declaração por escrito de todos os autores que o mate-
serão aceitas nesta fase, para correção de erros de impres- rial não foi publicado em outros locais, permissão por escrito
são (05 dias úteis para revisar). para reproduzir fotos/figuras/gráficos/tabelas ou qualquer
material já publicado ou declaração por escrito do paciente
Check List em casos de fotografias que permitam a sua identificação.
√ Título em português e inglês. √ Declaração por escrito sobre a “Transferência dos Direi-
√ Nome e titulação dos autores. tos Autorais” e sobre a “Declaração de Conflitos de Interesse”.
√ Instituição. √ Autorização da Comissão de Ética para estudos em
√ Endereço para correspondência. humanos ou animais.
√ Apresentação em congresso; fonte de financiamento.
√ Resumo e palavras-chave.

fluxograma da submissão

Artigo recebido Revisão pelo editor Recusado
e revisado pelo editor Sugestões

Revisor 1 de modificações
Revisor 2

Reavaliação Recusado
Aceito para publicação

172 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): xx-xx, jan.-mar. 2021

WRITING INSTRUCTIONS

Journal of the Medical Association of Rio Grande do Sul – AMRIGS

A. ONLINE SUBMISSION ton. Soon, miniatures of the images will be displayed. There
Submission must be done through the following World is an icon ( ) which should be clicked to edit the title and
legend for each submitted image.
Wide Web address: http://www.revistadaamrigs.org.br/sgp/
As you enter the website, type in your username and Step 3: Register Co-author(s)
Register each co-author by adding his/her full name,
password, if you have already registered. If you have not position and highest degree. The CPF can be added later.
registered, click on the “I Want to Register” link to register. The order of co-authors can be easily changed by using the
If you forgot your password, use the recover password fea- “arrows” shown on the screen.
ture, and the system will automatically email the password Step 4: Inform Title and Keywords
to you. Add the paper’s title, in Portuguese and in English, as
well as 2 to 6 relevant keywords (in English and Portuguese).
Authors should keep a copy of all the material uploaded THESE WORDS MUST BE INCLUDED IN THE DECS
for publication, as the Editors will not be held responsible AND MESH (on all screens of the SGP).
for any lost material. Step 5: Provide Abstract and Comments
The Summary can contain up to 250 words, which is the
The submission process has 8 steps, listed below: maximum limit accepted by the system. Additional words
1. 1. Inform Classification will automatically be deleted by the system. The author
2. Upload Images for Your Article should fill out the fields: Institution, Mailing Author and
3. Register Co-author(s) Address, Financial Support (any information about grants
4. Inform Title and Keywords or any other financial supports must be provided) and a Let-
5. Provide Summary and Comments ter to the Editor (optional). An Abstract will be written by
6. Assemble the Manuscript the Translator from the Summary.
7. Transfer Copyrights and Declare Conflicts of Step 6: Assemble the Manuscript
This screen shows the Microsoft Word simulator with
Interest all the necessary functionalities of text formatting. To in-
8. Approval by Author(s) sert your text into this field, simply select all your work
The authors must electronically submit their manu- then copy and paste it onto the “Assemble” field of the
scripts prepared in Microsoft Word or similar text proces- manuscript. Select only texts and tables, as the images were
sor, because at the step “Assemble the Manuscript” there already uploaded in Step 1 and will be inserted at the end
will be a screen that simulates Microsoft Word, where it of the submission automatically. Important: Never place
is possible to “copy and paste” from any text processor, in this field the name of authors, co-authors, or any other
including the tables. The text must be double spaced, and information that might identify where the work was con-
the margins need not be defined as the SGP system will ducted. This requirement is because the process of review
define them automatically. Rules for images and graphs are occurs without the reviewer’s knowledge of this data.
described below. Non-compliance with this requirement will lead to the ar-
Online submission step by step ticle being refused as NONSTANDARD and returned for
Step 1: Inform Classification corrections.
Choose from four options: Original Article, Review Ar- Step 7: Transfer Copyright and Declare Conflicts
ticle or Case Report, Letter do Editor. of Interest
Step 2: Upload Images for Your Article At this step, the screen shows the terms of Copyright
The images may be submitted only in .JPG format. The and Declaration of Conflicts of Interest. Print both pages,
system uploads groups of up to 5 images at a time. To submit fill in the requested information, and have this document
more than 5 images, just click on the “Send more images” but- signed by both the author and co-author(s). The article will
be peer reviewed, and any conflicts of interest that might

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 169-176, jan.-mar. 2021 173

WRITING INSTRUCTIONS

preclude such review will be evaluated based on commer- dissemination of information on clinical trials, in open ac-
cial, family, scientific, institutional or any other type of rela- cess. Therefore, publication will be granted only to articles
tions with the author or co-author(s) or with the content on clinical research that have received an identification num-
of the article. If the material was previously published or ber in one of the Registers of Clinical Trials validated by
if it might potentially identify the patient, print the appro- the criteria established by the WHO and ICMJE, whose ad-
priate forms and gather the signatures and information as dresses can be found at the ICMJE website (http://www.
indicated. The SGP system offers an option for printing icmje.org). The identification number must be provided at
these forms by clicking on the appropriate links. the end of the summary.

Step 8 (last step): Approval by Author(s) Article Rules
This is the last step to complete the submission of the Articles can be submitted in the following languages:
article. On this screen the author can see his/her work in the Portuguese, Spanish and English (always with a summary in
system and also can save a copy of it as a .PDF file. Impor- the language in which it was originally written). The length
tant: The author must click on the “ APPROVE MAN- of the complete article must not exceed 24 pages (one page
USCRIPT” link so that his/her work is forwarded to the = 230 words) for original and literature review articles, 15
Revista da AMRIGS Office for checking and confirmation. pages for case reports and opinion articles, and 2 pages
Post-submission Procedures for letters to the editor. The margins need not be defined,
(email notifications) as the SGP system will automatically define them. The se-
Upon completion of the article submission, an email lection process is based on the principle of peer review.
will be sent to you informing if the submission was effec- The works are forwarded to a team of Associate Editors,
tively performed. When the article is received and checked, who will select reviewers with acknowledged skill in the
another email will be sent informing if the submission subject. The published works are propriety of the journal
complies with the required standards. If the article is con- and cannot be totally or partially reproduced or translated
sidered “Nonstandard” the author will be notified by email into other languages without permission. The works must
and will be able to revise it at the website http://www.re- be accompanied by forms of Transfer of Copyright and
vistadaamrigs.org.br/sgp/ Declaration of Conflicts of Interest duly signed by the au-
The author who submitted the work will be able to thors. The authors are solely responsible for the concepts
check the submission status at any time through the jour- expressed in their articles.
nal’s SGP, using the flow code automatically generated by Article Content
the system or by using the title of the article. – Article Title: Titles should be brief and objective and
Since the system generates emails automatically as your provided in English and Portuguese, followed by authors’
article proceeds in the publication process, it is crucial that names and highest academic degrees; institution to which
the authors DISABLE THEIR SPAM FILTERS in their the work is linked; name, address, telephone, email and fax
respective Internet providers or SET THEIR EMAIL number of the author in charge of correspondence; if the
CLIENTS TO RECEIVE any incoming message from the work was presented in a congress, specify the event, date
REVISTADAAMRIGS.ORG.BR domain. and city; supporting or financing institution, if any, and any
kind of conflict of interests.
B. RULES FOR ARTICLE WRITING – Abstract: The abstract of original articles must be
The Revista da AMRIGS (ISSN 0102-2105) accepts ar- well structured, i.e. it must contain the following sections:
a) Introduction with aims, b) Methods, c) Results, and d)
ticles from the national and international scientific commu- Conclusions. The summary can have 250 words at most.
nity for publication. It regularly publishes original articles of The summary of review articles need not be structured
clinical and experimental research, systematic reviews of the but it must contain an introduction with aims, data synthe-
literature, meta-analyses, opinion articles, case reports, and sis and conclusions. For case reports the summary need
letters to the Editor. The Revista da AMRIGS supports the not be structured either, but it must have an introduction,
policies for registration of clinical trials of the World Health the brief report and conclusions. Below the summary, 2-6
Organization (WHO) and of the International Committee keywords must be provided in English and Portuguese,
of Medical Journal Editors (ICMJE), recognizing the impor- selected from BIREME’s list of Descritores em Ciências da
tance of these initiatives for registration and international Saúde, available at http://decs.bvs.br.
– Original Articles: a) introduction (with aims); b)
methods; c) results; d) discussion; e) conclusions; and f)

174 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 169-176, jan.-mar. 2021

WRITING INSTRUCTIONS

bibliographical references. The information shown in ta- – Books: Author(s) Surname and Initials. Book Title.
bles and figures should not be repeated in the text. Studies City, year of edition. City: Publishing House; year. Ex.:
involving humans and animals must report the number of Corrêa da Silva, LC. Condutas em Pneumologia. 1a ed. Rio
the approval protocol of the Ethical Research Commit- de Janeiro: Revinter; 2001.
tee of the institution to which the work is linked. Original
articles are defined as reports of scientific research with – Book Chapters: Surname and Initials of the author of
significant and valid contributions. An original article must the chapter; Chapter name. In: Surname and Initials of the
allow its readers to draw objective conclusions that meet Author(s) of the book. Book Title. Edition number. City:
the proposed aims. Publishing house; year, initial page–final page. Ex.: Silveira
TR, Krebs S, Vieira SMG. Fibrose Cística. In Gayotto LC
Literature Review Articles: These should be provid- e Strauss EO. Hepatologia, 1a ed. São Paulo: Ed. Rocca;
ed by invitation by the Editor and must be structured with 2000, 353-364.
the following items: a) introduction; b) literature review; c)
final comments; and d) bibliographical references. Review – Online Material: For articles entirely drawn from the
articles must address the existing, current literature on a Internet, follow the previous rules and add at the end:
given topic. The review must identify, confront and discuss “available at ‘website address’ and the access date.
the differences in interpretation or opinion.
Abbreviations and units: The Revista da AMRIGS rec-
Case Reports: a) introduction; b) case report; c) dis- ognizes the International System (IS) of Units. Abbrevia-
cussion; d) final comments; and e) bibliographical refer- tions must be used only for words that are very frequently
ences. Case reports are expected to present unusual or sci- used in the text.
entifically relevant findings.
Tables and graphs: Each table must be numbered us-
Letters to the Editor: Letters to the Editor are meant ing Arabic numerals and presented in the same order as
to succinctly express the author’s opinion on various sub- they appear in the text, on a separate page, with a brief but
jects of medical/professional interest. They should be no explanatory title, which should be neither underlined nor
longer than 350 words (about a page and a half of text) setting lines within the tables. For tables with large quanti-
and have no more than 10 bibliographical references. ties of data, prefer the graphs (in black and white). If there
are abbreviations, provide an explanatory text at the bot-
Opinion Articles: These should be provided on invita- tom of the table or graph.
tion by the Editor.
Illustrations: Upload the images and legends according
Bibliographical References: References must fol- to the uploading rules of the Sistema de Gestão de Publica-
low the order of appearance in the text and be noted ções (SGP) described at www.revistadaamrigs.org.br. Up to
in the text with Arabic numerals in parenthesis. The 8 figures will be published at no cost for the authors; color
abbreviations of the journals must be according to the photographs will be published at the Editor’s discretion and
Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to their cost may be charged from the author. The images must
Biomedical Journals, available at http://www.icmje. be sent at a resolution of 300dpi, in JPG format and uncom-
org. All of the authors must be included if there are pressed. The tables must be placed at the end of the article
no more than 6 authors; if there are 7 or more authors and pasted together with the content at the respective step.
the first 6 must be listed and followed by ‘et al.’ for the Graphs must be converted to images in the JPG format.
subsequent ones. A maximum of 30 references will
be accepted for original articles, 60 for review articles, If photographs of people are used, the subjects should
and 15 for case reports. not be identifiable or else their photographs must be ac-
companied by written consent for publication (See section
Examples: on Protection of Patient Privacy Rights). If the picture has
– Journals: Author(s) Surname and Initials. Article Title. already been published, thank the original source and send
Journal Abbreviation, year, volume: initial page–final page. written authorization by the owner of the copyrights to re-
Ex.: Prolla JC, Dietz J, da Costa LA. Geographical differ- produce it. Authorization is required, either from the author
ences in esophageal neoplasm mortality in Rio Grande do or from the publishing house, except for documents in pub-
Sul. Rev Assoc Med Bras. 1993; 39(4):217-20 lic domain.
– Theses: Author Surname and Initials. Thesis Title.
City, year, page (Master or Doctoral thesis – Name of Legends for illustrations: When symbols, arrows, nu-
School). Ex.: Barros SGS. Detecção de lesões precursoras merals or letters are used to indicate parts of an illustra-
em indivíduos sob risco para o carcinoma epidermoide do tion, identify and explain each clearly in the legend. Show
esôfago. Doctoral thesis (1992). Porto Alegre, UFRGS. the internal scale and indicate the staining method used in
the microphotographs.

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 169-176, jan.-mar. 2021 175

WRITING INSTRUCTIONS

Declaration of conflicts of interest: Besides the dec- √ Manuscript text.
laration in the Publication Management System (SGP), the √ Acknowledgements.
authors must inform at the end of the article the existence √ Bibliographical references.
of any conflicts of interest. √ Tables and graphs.
√ Illustrations (photographs and drawings).
Proofs: The authors will receive the graphical proofs √ Legends for illustrations.
for proofreading before publication. Only minor modifica- √ Declaration in writing by all authors that the material was
tions will be accepted at this stage, for correction of print- not published elsewhere, written permission to reproduce pho-
ing errors (5 days for proofreading). tos/figures/graphs/tables of any previously published mate-
rial, or declaration in writing by the patients in cases of photo-
Check List graphs where they might be identified.
√ Title in Portuguese and English. √ Declaration in writing about “Transfer of Copy-
√ Author(s)name and degrees. rights” and “Declaration of Conflicts of Interest”.
√ Institution. √ Authorization of the Ethical Committee for studies
√ Mailing address. in humans or animals.
√ Presentation in congress; financial support.
√ Summary and keywords.

Submission flowchart

Editor Editor’s review Rejected
reception/review Revaluation Author’s revision
Acepted
Referee 1 Rejected
Referee 2

176 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 65 (1): 169-176, jan.-mar. 2021


Click to View FlipBook Version