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Volume 66 - Edição N°2 - ABR. - JUN. 2022

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Volume 66 - Edição N°2 - ABR. - JUN. 2022

Volume 66 - Edição N°2 - ABR. - JUN. 2022

INFORMAÇÕES DA INTERNET TRAZIDAS NA CONSULTA MÉDICA: “UMA FACA DE DOIS GUMES Scholze et al.

médico estaria em posição de auxiliar o paciente a “editar” The Impact of Health Information on the Internet on the Physi-
informações digitais, condições biopsicossociais e vivên- cian-Patient Relationship. Arch Intern Med. 2003; (163)14: 1727-34.
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O presente estudo limitou-se a um grupo de informan- 12. Sun Y, Zhang Y, Gwizdka J, Trace CB. Consumer Evaluation of the
tes-chave, abordados com entrevistas, de forma transversal, Quality of Online Health Information: Systematic Literature Re-
trazendo o olhar médico sobre o tema. Novas pesquisas view of Relevant Criteria and Indicators
poderiam ampliar o universo de sujeitos de pesquisa, tra- J Med Internet Res. 2019;21(5):e12522. Disponível em: https://
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métodos como a avaliação de consultas gravadas em vídeo, 13. Ferreira G, Traeger AC, Machado G, OKeeffe M, Maher CG. Cre-
exigindo mais tempo e recursos, contribuiriam, em muito, dibility, Accuracy, and Comprehensiveness of Internet-Based Infor-
ao permitir observar diretamente as formas pelas quais os mation About Low Back Pain: A Systematic Review J Med Internet
médicos lidam na prática com esse tipo de situação. Res. 2019;21(5):e13357. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.
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Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 613-619, abr.-jun. 2022 619

| ARTIGO ESPECIAL |

Cuidados paliativos no Brasil e no mundo:
uma revisão narrativa

Palliative care in Brazil and in the world: a narrative review

Theodora Turkot Antunes Pereira1, Lucas Emanuel da Silva Ferrari2, Vinicius Miguel Tavares3
Jair de Freitas Junior4, Carolina Marafon Bayer5, Tatiana Lorena da Luz Kaestner6

RESUMO
Os cuidados paliativos (CP) são medidas que proporcionam melhora da qualidade de vida pela abordagem biopsicossocial em doentes
com prognóstico limitado. Este trabalho objetiva revisar o conhecimento atual sobre o assunto, ampliar e disseminar tais ideais para a
sociedade, em especial aos profissionais de saúde. Em 1990, a Organização Mundial da Saúde publicou a primeira definição de Cuida-
dos Paliativos. Nesse contexto, o Brasil fundou a Academia Nacional de Cuidados Paliativos, com a institucionalização desse cuidado
e regularização de normas. Apesar disso, ainda é grande o desconhecimento do público e até mesmo do sistema judiciário sobre o
assunto. Há poucos documentos oficiais e leis que orientem o paliativismo no país. Estudos demonstram que, muitas vezes, no mo-
mento da tomada de decisão terapêutica, o paciente já não tem condições de se expressar corretamente. Diálogos tardios e de baixa
qualidade prejudicam o nível de entendimento sobre a enfermidade e seu prognóstico, relacionando-se à escolha por medidas fúteis
que causam sofrimento e não alteraram o curso da doença. Nesse contexto, surgem as Diretivas Antecipadas de Vontade, com o intui-
to de o indivíduo manifestar quais intervenções admite ser submetido caso esteja incapacitado. Espera-se que, futuramente, conversas
sobre a morte sejam realizadas de modo mais aberto e livre de preconceitos para que o paciente possa ter o maior benefício possível
dos confortos oferecidos no fim de vida, como analgesia, orientação espiritual, presença de familiares e outras medidas de suporte.
UNITERMOS: Cuidados Paliativos, Medidas Terapêuticas, Comunicação em Saúde

ABSTRACT
Palliative care (PC) are measures that provide improved quality of life through the biopsychosocial approach in patients with a limited prognosis. This work
aims to review the current knowledge on the subject to expand and disseminate these ideals to society, especially among health professionals. In 1990, the
World Health Organization (WHO) published the first definition of Palliative Care. In this context, Brazil founded the National Academy of Palliative
Care (Academia Nacional de Cuidados Paliativos [ANCP]), institutionalizing this care and regularizing norms. Despite this, the ignorance of the public
and even of the judicial system on the subject is still great. There are few official documents and laws that guide palliative care in the country. Studies show that
frequently, at the moment of therapeutic decision-making, the patients are no longer able to express themselves correctly. Late and low-quality dialogues impair
the level of understanding about the disease and its prognosis, related to the choice of futile measures that cause suffering and do not change the course of the
disease. In this context, Advance Directives of Will emerge, aiming at individual manifestation regarding which interventions patients accept submitting to
in the case of incapacitation. Hopefully, in the future, conversations regarding death will be more open and free of prejudice so that the patient can benefit as
much as possible from the comforts offered at the end of life, such as analgesia, spiritual guidance, the presence of family members, and other support measures.
KEYWORDS: Palliative care; therapeutic measures; health communication

1 Acadêmica (Curso de Medicina da Universidade Positivo) / [email protected]
2 Acadêmico (Curso de Medicina da Universidade Positivo)
3 Acadêmico (Curso de Medicina da Universidade Positivo)
4 Acadêmico (Curso de Medicina da Universidade Positivo)
5 Acadêmica (Curso de Medicina da Universidade Positivo)
6 Mestre em Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná Clínica (PUC-PR) e Médica da Família e Comunidade.

620 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 620-628, abr.-jun. 2022

CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL E NO MUNDO: UMA REVISÃO NARRATIVA Pereira et al.

INTRODUÇÃO Tabela 1: Escala de performance de Karnofsky
 
Na atualidade, observamos o envelhecimento progressivo Fonte: Manual de Cuidados Paliativos, 2009

da população, o aumento da expectativa de vida e, consequen- Tabela 2: Escala de Performance Paliativa
temente, uma maior prevalência de neoplasias e outras doen-
ças crônicas. Simultaneamente, ocorrem avanços tecnológicos
que aperfeiçoam a terapêutica existente, possibilitando  que
doenças mortais sejam curadas ou que se transformem em
doenças crônicas passíveis de tratamento e cuja qualidade de
vida seja mantida, gerando longevidade. Todavia, apesar dos
esforços dos pesquisadores e do conhecimento adquirido, a
morte continua sendo uma certeza, ameaçando o ideal de cura
e preservação da vida, para o qual nós, profissionais da saúde
e futuros médicos, somos treinados.

Nossos pacientes diagnosticados com enfermidades
sem cura acumulam-se nos hospitais, recebendo assistên-
cia inadequada, na maioria das vezes, focada na improvável
cura através de métodos invasivos e de alta complexidade
tecnológica. Essas abordagens, ditas fúteis, costumam ge-
rar sofrimento, não priorizam o tratamento dos sintomas
mais prevalentes, como a dor, e não melhoram o prognós-
tico do doente.  

Sendo assim, não se trata de irmos contra a tecnolo-
gia, mas sim sobre a necessidade de refletirmos nossas con-
dutas, diante da finitude da vida e da fragilidade humana, a
fim de atingirmos um equilíbrio e proporcionar dignidade
aos nossos pacientes. Como uma alternativa capaz de solu-
cionar e amenizar essa limitação do cuidado ativo com os
doentes, o Cuidado Paliativo insere-se e visa à qualidade de
vida dos pacientes e de seus familiares diante de enfermida-
des adversas, de prognóstico negativo e sem cura.

Por fim, este trabalho tem como objetivo revisar o co-
nhecimento atual acerca do Cuidado Paliativo e almeja am-
pliar e disseminar tais ideais para a sociedade como um
todo, em especial os profissionais de saúde. 

 
CUIDADOS PALIATIVOS 

CUIDADOS PALIATIVOS NO MUNDO 

Ainda não há um consenso sobre o surgimento do ter- Fonte: Manual de Cuidados Paliativos, 2009
mo e a definição de Cuidados Paliativos (CP). Dois fatores
que propiciaram o início das discussões sobre o assunto Desde a Idade Média, a “boa morte” era considerada
foram o aumento da expectativa de vida da população e a aquela em que o doente conseguia antecipar e dispor de
substituição da prevalência de doenças infectocontagiosas tempo para organizar seus assuntos sociais e espirituais e
pelas crônicas, fazendo surgir novos questionamentos so- que, no fim, ocorria junto dos familiares e amigos (3). 
bre o envelhecimento e cuidado (1). 
Historicamente, o CP pode ser confundido com o ter-
O cuidado paliativo representa o amparo terapêutico mo Hospice, que foram locais criados no século V. Durante
a pacientes sem fins curativos. A palavra “paliativa” vem os séculos que se seguiram, várias instituições semelhantes
do latim palliun, que significa manto, proteção para aqueles
que a medicina curativa não contempla. De acordo com o
Manual dos Cuidados Paliativos, a origem do termo está
associada a “hospice”, que, historicamente, foram abrigos
beneficentes mantidos por religiosos cristãos,  com a fun-
ção de acolher viajantes e andarilhos enfermos (2). 

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 620-628, abr.-jun. 2022 621

CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL E NO MUNDO: UMA REVISÃO NARRATIVA Pereira et al.

Tabela 3: Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton Tabela 5: Escala de Prognóstico Paliativo

Fonte: da Rosa Monteiro, 2010 Fonte: Manual de Cuidados Paliativos, 2009

Tabela 4: Escala Visual Analógica de Dor Tabela 6: Escala de Ramsey para avaliação do nível de sedação

Fonte: Bottega, 2010

surgiram, até que no século XIX foram agregadas caracterís- Fonte: Namigar, 2017
ticas hospitalares. Em 1967, Dame Cicely Saunders, conside-
rada a fundadora do Movimento Hospice Moderno, fundou losofia e natureza. Com o desenvolver de novas tecnologias,
o St.  Christopher’s  Hospice, objetivando o cuidado de fim de surgiu o médico cientificista com foco na ciência exata, des-
vida e pesquisas relacionadas ao tema. Além desse feito, a prezando a ideia de analisar o paciente como um todo, difi-
médica relatou que a origem do cuidado paliativo moderno cultando sua relação com ele. No final do século XX, surgiu
remete ao estudo feito por Robert Twycross nos anos 1970, então a necessidade de resgatar essa comunicação e visão
o qual comparou pacientes tratados com esquemas regulares
de analgesia e outros apenas com doses esporádicas (4).  

Em 1982, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ini-
ciou a criação de uma diretriz universal sobre os cuidados
paliativos e suas políticas para alívio dos sintomas mais pre-
valentes e, oito anos depois, publicou a primeira definição
de Cuidados Paliativos (4). 

No início dos tempos, a medicina ocidental era, em sua
essência, humanística, tendo como base os princípios da fi-

622 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 620-628, abr.-jun. 2022

CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL E NO MUNDO: UMA REVISÃO NARRATIVA Pereira et al.

Tabela 7: Escala de Zarit

Fonte: Ferreira, 2010

psicossocial, uma vez que somente a ciência não conseguia mia Nacional de Cuidados Paliativos (1990), que se iniciou
suprir as necessidades e satisfação da população (5).  a institucionalização desse cuidado e consequente regulari-
zação de normas, critérios de qualidade e regularização do
Os antigos tratados de ética médica do século XIX incen- profissional paliativista. Apesar disso, ainda é grande a falta
tivavam a ocultação da verdade por parte do médico e sua de conhecimento por parte do público e até mesmo do sis-
equipe, com o objetivo de não causar danos aos pacientes. tema judiciário, o qual ainda não regularizou na forma de lei
Um século depois, as orientações voltaram-se à honestidade as atividades relacionadas ao cuidado paliativo (9). 
e boa comunicação, com o enfoque no direito do doente em
conhecer sua doença e prognóstico, assim como participar Prova desse desconhecimento foi observada pelo Atlas
ativamente das decisões a serem tomadas (6). Oficial publicado pela Associação Latino-Americana de
Cuidados Paliativos (ALACP), que analisa a qualidade e
CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL   implantação dos CPs na América do Sul (10). Segundo a
Não há registros seguros sobre qual teria sido o primei- ALACP, o Brasil necessita de maiores discussões sobre o
ro hospice no Brasil, porém registros datados de 1944 apon- tema, formação de profissionais capacitados, políticas es-
tam que o primeiro local construído para tal finalidade teria pecíficas e uma organização que abranja os cuidados palia-
sido na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Penha, fun- tivos em sua totalidade, sendo o Brasil um dos 80 nações
dado pelo então diretor do Serviço Nacional de Cancero- classificadas como nível 3 – países onde a oferta de cuida-
logia, Mário Kroeff, o Asilo da Penha. Nesse local, pacientes dos paliativos é localizada e está em processo de integrar o
que não possuíam poder aquisitivo para um tratamento de cuidado paliativo ao Sistema de Saúde (11). 
câncer avançado e que não conseguiam vagas em hospitais
gerais, eram assistidos e acompanhados (7). Após a criação Como dito anteriormente, temos poucos documentos
desse primeiro estabelecimento, pouco foi feito no Brasil oficiais e leis que orientem o desenvolvimento de novas
e apenas em meados da década de 1980, foi reacendida a políticas e aprimoramento dos cuidados paliativos no terri-
discussão e os avanços dos cuidados paliativos. tório brasileiro. Apesar disso, existem algumas resoluções e
Porto Alegre e São Paulo seguiram o mesmo padrão de- portarias que visam regulamentar o CP no SUS. A mais an-
senvolvido por Mario Kroeff  e, guiados pela Dra. Miriam tiga  data  de 03 de janeiro de 2002 e instituiu o Programa
Martelete (Porto Alegre) e Dr. Antônio Carlos Camargo Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos. Entre
de Andrade (São Paulo), criaram seus respectivos Serviços os objetivos dessa portaria, destacam-se a estimulação do
de Dor dentro dos hospitais e, futuramente, os Serviços de desenvolvimento de uma rede assistencial descentralizada,
Cuidados Paliativos (8). Somente com a fundação da Acade- hierarquizada e regionalizada, a organização e filtração das
informações e conhecimentos relevantes no que diz respeito
ao CP, e a criação do Grupo Técnico Assessor do Programa

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CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL E NO MUNDO: UMA REVISÃO NARRATIVA Pereira et al.

Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos. Infor- CONCEITOS DE CUIDADOS
mações como a epidemiologia da dor no país, recursos assis- PALIATIVOS E DADOS 
tenciais disponíveis na época, pesquisas, avanços tecnológi-
cos e aspectos éticos foram contemplados nessa publicação, Os cuidados paliativos são definidos como medidas e
sendo apenas após ela que o Programa Nacional de Cuida- princípios holísticos ativos e multidisciplinares, envolvendo
dos Paliativos foi implementado no SUS, sob a perspectiva os pacientes e seus familiares que enfrentam problemas de-
de prover equipes multidisciplinares para atendimento de correntes de uma doença grave com prognóstico limitado
pacientes com necessidade de cuidado paliativo (12)(7). e que não mais responde às medidas curativas, procurando
proporcionar melhora da qualidade de vida por meio da
Essa primeira portaria fez com que todo um movimen- abordagem biopsicossocial (10,11). 
to se iniciasse no país, levando a subsequentes publicações
de normativas que visavam viabilizar o conceito, melhorar Entre essas medidas, incluem-se a prevenção, identificação
a apresentação e tornar possível esse tipo de cuidado no precoce, cuidado integral, manejo de sintomas angustiantes e
Brasil. A primeira ação resultante dessa iniciativa foi a reso- do sofrimento psicológico, afirmação da vida com o reconhe-
lução da ANVISA. Tal resolução definiu que não é necessá- cimento de que a morte é um processo natural, não buscando
ria notificação de receita “A” para dispensar medicamentos antecipá-la nem adiá-la; integração de aspectos psicológicos e
à base de endorfina, metadona e codeína para os pacientes espirituais como parte dos cuidados ao paciente; oferecimento
cadastrados no Programa Nacional de Assistência à Dor e de suporte ao paciente – para que viva ativamente o quanto
Cuidados Paliativos desde que estes sejam distribuídos por possível até a morte – e à sua família, permitindo que tenha
um Centro de Alta Complexidade Oncológico, Centros de condições de cuidar do paciente até o fim; melhorar a qualida-
Referência em Dor Crônica ou Comissões de Assistência de de vida e influenciar positivamente o curso da doença. Esse
Farmacêutica das Secretarias Estaduais de Saúde (13) (8). processo deve ser iniciado o quanto antes, juntamente com
outras medidas de prolongamento de vida, quando cabíveis,
Ainda em 2002, mais três portarias foram publicadas. como a quimioterapia e radioterapia, incluindo todas as in-
A primeira, Portaria nº 1.319 GM/MS, é de 23 de julho de vestigações necessárias para melhor compreender e controlar
2002 e criou no sistema público os Centros de Referência situações clínicas estressantes (12,13). 
em Tratamento de Dor Crônica. A Portaria nº 472 SAS/
MS, publicada no dia seguinte (24 de julho), estabelece as Comumente, CP é associado ao câncer, porém pode ser
normas para cadastramento desses centros recém-criados atribuído a qualquer situação de terminalidade. Essa asso-
e, em 4 de novembro, a Portaria nº 859 SAS/MS aprovou ciação muito se deve à estatística de que 70% dos pacientes
o protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o uso de oncológicos irão ser encaminhados aos CP em sua termi-
opiáceos no tratamento de dor crônica. Por quatro anos, nalidade. Para atender a toda essa estimativa, existem 7.000
essa foi a base de atuação dos cuidados paliativos no Brasil, serviços de CP em mais de 90 países, porém no Brasil, ape-
tendo como principal ponto negativo o grande enfoque so- nas 40 centros são especializados nessa área. A relação de
mente em dor crônica, deixando as outras abordagens do serviços à população é uma das piores da América Latina
CP marginalizadas. As coisas só mudaram de rumo em 12 (1:13.315.000), a melhor relação Latina ficou com a Costa
de dezembro de 2006 com a Portaria nº 3.150 MS/GM, a Rica (1:166.000) (14,15). 
qual revogou o então vigente Programa Nacional de Assis-
tência à Dor e instituiu a Câmara Técnica em Controle da Dor e Em um estudo realizado por Agarwal e Epstein, foram
Cuidados Paliativos, composta por profissionais capacitados analisados dados do Health and Retirement Study, de Silveira et al,
de diversas áreas da medicina, com o intuito de estruturar e os quais demonstram que, muitas vezes, no momento em que
reerguer a discussão dos CPs no Brasil. Desde então, pou- o paciente precisava tomar uma decisão sobre conduta, ele já
co foi discutido e feito para aprimorar os CPs no país. não tinha condições de se expressar corretamente. Em con-
trapartida, os pacientes que obtiveram informações corretas,
Entre as atuais leis vigentes, destacam-se três. A Por- no momento ideal receberam os cuidados condizentes com
taria nº 874 GM/MS, de 17 de maio de 2013, criou o suas vontades, porque puderam fazer esta opção em tempo
Programa Nacional de Prevenção e Controle do Câncer adequado. Os autores exemplificam, com base em resultados
(PNPCC), o qual atribui aos hospitais de alta complexida- do estudo Cancer Care Outcomes Research and Surveillance (Can-
de em cuidado oncológico garantir o cuidado paliativo na CORS), em que 69% dos pacientes com câncer de pulmão
própria instituição ou em outros estabelecimentos da rede em estágio IV e 81% dos pacientes com câncer colorretal no
de atenção à saúde (RAS) de forma integrativa. A Porta- mesmo estágio acreditavam que a quimioterapia teria função
ria nº 483, de 1º de abril de 2014, que remodelou a Rede curativa, e que esses pacientes são muito mais propensos a
de Atenção à Saúde das Pessoas com Dor Crônica e sua relação sofrerem com medidas agressivas nos últimos momentos de
com o SUS, definindo diretrizes para organizar as linhas de suas vidas (16,17). 
cuidado. A última, Portaria n.º 963 GM/MS, de 27 de maio
de 2013, redefiniu a atenção domiciliar ofertada pelo SUS, Diálogos tardios, normalmente durante os últimos três
incluindo cuidados paliativos como critérios de elegibilida- meses de vida, estão relacionados a uma maior probabili-
de para admissão dos pacientes em uma das modalidades dade na escolha de cuidados agressivos, uma vez que o pa-
desse programa (9). ciente e seus cuidadores têm menos tempo para pensar de

624 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 620-628, abr.-jun. 2022

CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL E NO MUNDO: UMA REVISÃO NARRATIVA Pereira et al.

acordo com seus valores e preferências. Pacientes que são A estratégia adotada deve identificar possíveis barreiras
informados do real prognóstico mais precocemente con- comunicativas (escolaridade, estado de ânimo, ideias pre-
seguem expor seus desejos e têm mais chances de optar concebidas e motivações) e adotar medidas de boa comu-
por medidas menos agressivas, com 92,7% deles desejando nicação, sendo elas a empatia, interação mútua, certificação
cuidados limitados (16).  que as informações trocadas foram compreendidas, capaci-
dade de ouvir e incentivar o paciente, disponibilizar-se, ser
Outra pesquisa realizada nos Estados Unidos concluiu sincero e transparente (23). 
que pacientes que participaram de discussões sobre o fim de
vida estavam mais propensos a aceitar a terminalidade de sua Em casos em que surgem barreiras de comunicação,
doença (52,9%, comparado a 28,7% dos que não discutiram as chances de surgirem desentendimentos, falsas expecta-
o assunto), decidir por medidas de alívio de dor e conforto tivas e omissões aumentam, causando  sério  prejuízo nas
(85,4%, comparado a 70%). Apresentaram números muito decisões de fim de vida e possível aplicação de medidas
menores em relação a medidas invasivas: receber ventilação agressivas, como intubação, ressuscitação cardiopulmonar,
mecânica (1,6%, comparado a 11%) e receber ressuscitação cateteres centrais, cirurgias, hemodiálise, entre outros (24).
cardiopulmonar (0,8%, comparado a 6,7%) (18).  Por outro lado, quando os pacientes estão munidos de in-
formações corretas, a probabilidade de receberem tais me-
Cuidadores e familiares de pacientes que receberam me- didas diminui substancialmente (16). 
didas agressivas apresentam maior risco de desenvolverem
depressão, prolongamento de luto e arrependimentos (18). Essas medidas extenuantes prolongadoras de vida po-
Ademais, discussões entre os cuidadores e a equipe médi- dem ser designadas de cuidado fútil, definido como inter-
ca realizadas no ambiente de cuidado intensivo mostram venções que falham em restaurar a saúde, curar o enfermo
melhora na comunicação entre as duas partes, diminuem o e produzir benefício significativo para o paciente. Envolve
tempo de internamento e os níveis de estresse, ansiedade e condição clínica irreversível associada a prolongamento do
depressão (19). No entanto, estudos indicam que o nível de tempo de vida devido a manobras agressivas, extensão do
entendimento da gravidade da doença e de seu prognósti- sofrimento, internações em UTI, ocupação de leito e uso
co por parte do doente e seus familiares no momento do de tecnologia de alto custo (25). 
internamento é baixa (20). 
Nesse cenário, onde novas tecnologias atraem a atenção
Todos os anos, mais de 100 milhões de pessoas, entre e, por vezes, roubam espaço das medidas humanizadas e
pacientes, cuidadores e familiares, necessitarão de cuidados comunicação médico-paciente, fica evidente a importância
paliativos, porém menos de 8% terão acesso a esse serviço, da discussão e pesquisa sobre a qualidade do diálogo e suas
segundo Palliative Care Allience World (21). Mesmo reco- barreiras e sobre o consequente tratamento realizado (24). 
nhecendo a importância deste serviço, a sua indicação, na
prática, é subestimada.  Decidir quando é o momento certo para se iniciarem
as discussões sobre a terminalidade tem grande impacto na
Aproximadamente 52% dos óbitos registrados entre escolha do plano de ação quando a doença estiver próxima
2000 e 2011 tinham indicação para cuidados paliativos, ao seu desfecho. Diálogos difíceis e tardios acabam mol-
conforme estudo realizado no México. Um outro estudo dando as decisões com base em expectativas não realistas
latino-americano revelou que 66% dos pacientes admiti- quanto ao quadro clínico e geram aumento de custo tanto
dos na emergência apresentavam, no mínimo, um critério para o paciente quanto para o hospital (16). As despesas
para receber esse suporte por doença avançada, sendo que em saúde de pacientes que passaram por uma abordagem
81% destes morreram em um período inferior a 1 ano (22). precoce em  relação  aos cuidados paliativos foram 35,7%
Moritz et al. mostraram que os doentes foram classificados menores, comparadas aos que não tiveram acesso inicial
como terminais em 40% dos casos em uma UTI de hospi- a esse tipo de tratamento (26). Estudos mostram que essa
tal universitário, sendo que a limitação de medidas (ventila- redução se inicia 24 a 48 horas após a consulta com o médi-
ção mecânica e ressuscitação cardiopulmonar) foi iniciada co paliativista, reforçando que a redução de gastos se deu,
apenas após 8,7 dias de internamento (1).  provavelmente, às recomendações da equipe de cuidados
paliativos (27). 
Os cuidados paliativos permitem trazer ao paciente que
experimenta o estágio avançado de uma doença crônica DIRETIVA ANTECIPADA
melhora na qualidade de vida, melhor aceitação da doença Questões que envolvam a vida e a morte sempre foram
tanto por parte do próprio paciente quanto por parte dos
familiares, bem como possibilita melhor entendimento por temas que geram debates e cuidadosas análises por diver-
parte da equipe do conceito e da importância do contro- sos profissionais, envolvendo juristas, médicos, biólogos,
le dos sintomas e do estreito laço na relação médico-pa- filósofos, entre outros. Nesse contexto, uma grande polê-
ciente e equipe-paciente. De fato, um estudo de New En- mica gira em torno da aceitação ou recusa a um tratamento
gland que comparou dois grupos de pacientes terminais médico, sobretudo em casos em que essa escolha envolva
– um com visitas do paliativista ao leito e o outro sem – um risco de vida. Sendo assim, surge uma discussão sobre
revelou um aumento da expectativa de vida naqueles pa- quais são os limites da autonomia do paciente em relação
cientes que receberam visita de médico paliativista, de 2,7
meses, em média (22). 

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 620-628, abr.-jun. 2022 625

CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL E NO MUNDO: UMA REVISÃO NARRATIVA Pereira et al.

a escolhas de tratamento. Surgem também as diretivas an- desacordo com os preceitos ditados pelo Código de Ética
tecipadas de vontade (DAV), com o intuito de um indiví- Médica (29). 
duo poder manifestar, por escrito ou por intermédio de
um representante, a quais intervenções médicas ele admite Apesar de no Brasil inexistir regramento sobre a matéria,
ser submetido em caso de se encontrar incapacitado para e de serem relativamente tímidos os estudos sobre ela rea-
prestar seu consentimento (28).   lizados, a declaração de vontade encontra apoio no art. 5º,
inc. III, que proíbe o tratamento desumano ou degradante,
As DAVs tiveram sua origem há pouco mais de qua- e também do Código Civil, o qual impede a conduta médica
tro décadas, quando o advogado e ativista norte-ameri- contrária à vontade do paciente (32). Na esfera estadual, já
cano  Luis  Kutner  propôs o testamento vital (living will). existem leis que permitem a recusa, como o caso de São Pau-
Como forma de promover esse direito, em 1991 o Con- lo, pela Lei nº 10.241, de 17 de março de 1999 (33). 
gresso dos Estados Unidos aprovou o Patient Self  Determi-
nation  Act  (PSDA), o qual determina que hospitais e ins- ESCALAS  
tituições de longa permanência tenham que desenvolver A prática dos cuidados paliativos tem como pilar o trata-
diretrizes escritas em relação às DAVs e treinar os profis-
sionais de saúde sobre a questão, os quais terão o dever de mento integral do paciente. Uma vez que cada paciente sen-
perguntar e informar aos pacientes sobre esse direito. Em te a doença de maneira diferente, é necessário individualizar
meio a algumas críticas, essa medida foi amplamente acei- cada cuidado para que as diversas necessidades sejam supridas.
ta, tanto por pacientes, médicos, bioeticistas, quanto pelos Nesse contexto, surgiram então escalas que avaliam a intensi-
gestores, e, atualmente, cerca de 70% dos idosos dos EUA dade de sintomas, a qualidade de vida global, a necessidade de
formalizaram uma DAV (29).   intervenções e a avaliação de sua eficácia, entre outras (34). 

A expressão usada nos EUA –  living will – pode ser Desde os tempos mais remotos, o ser humano expressa
traduzida de diversas maneiras, como, por exemplo, testa- a vontade de prever o futuro e as consequências de suas
mento vital. Porém, a palavra “testamento” gera uma am- ações. Essa vontade encontra apoio no surgimento dessas
biguidade, pois ela remete a uma manifestação antecipada escalas, avaliando a relação de sinais e sintomas apresenta-
que tem sua eficácia apenas após a morte da pessoa que a dos pelos pacientes com o possível impacto que causarão
fez. No Brasil, o primeiro artigo publicado sobre esse tema na qualidade da vida do doente (35). 
foi em 1993, por Joaquim Clotet, onde o autor utilizou a
denominação “manifestação explícita da própria vontade” Dentro de um quadro com prognóstico limitado, é im-
para discutir sobre a lei norte-americana estabelecida em portante avaliar a situação funcional do paciente e fazer fre-
1991 (30). O termo aprovado pelo Conselho Federal de quentemente uma curva evolutiva da doença (35). Existem
Medicina (CFM), por meio da Resolução 1995/12, é o das algumas escalas para medir performance, mas a mais utili-
DAVs entendidas como um conjunto de desejos manifesta- zada é a Escala de Performance Status de Karnofsky. Ela
dos previamente pelo paciente, sobre cuidados e tratamen- pontua a performance do paciente de 10 a 100, sendo 100
tos que deseja ou não receber quando estiver incapacitado sem limitações e 10 para pessoas com alto risco de morte.
de expressar sua livre e autônoma vontade. Essa resolução Com base na literatura feita sobre a escala, foi determinado
reconhece o direito de o paciente recusar tratamentos ditos que pacientes com escore menor que 70 são elegíveis para
fúteis, ou seja, aqueles que visam apenas ao prolongamento CP precoce, e igual ou abaixo de 50 o CP é altamente reco-
da vida, sem garantia de qualidade (31).   mendado (36). Em 1996, essa escala foi atualizada e adap-
tada aos cuidados paliativos, recebendo o nome de Escala
As DAVs são formadas por duas partes: a declaração de Performance Paliativa.  
prévia de vontade do paciente terminal e o mandato du-
radouro. A primeira refere-se ao documento em que o pa- Para a avaliação dos sintomas mais prevalentes nos pa-
ciente registra, de acordo com sua vontade, quais tratamen- cientes em cuidados paliativos, surgiu a Escala de Avaliação
tos deseja ou não ser submetido em caso de enfermidade de Sintomas de Edmonton, criada em 1991, no Hospital
incurável. O segundo é um documento de nomeação, no Geral de Edmonton. É um instrumento que detecta e mo-
qual o paciente indica um ou mais procuradores que te- nitora os sintomas para que o cuidado seja individualiza-
nham a capacidade de identificar sua vontade quando ele do. Apresenta uma lista de nove sintomas frequentemente
estiver incapacitado. Sendo assim, as DAVs representam o encontrados nos pacientes paliativos e um décimo, de li-
direito à liberdade do paciente, uma vez que ele tem o po- vre escolha para o paciente, que pode ser graduado de 1 a
der de tomar decisões pessoais, isentas de interferências, 10, dependendo da intensidade sentida. O preenchimento
seja dos médicos, familiares ou da instituição (31).  pode ser feito tanto pelo paciente quanto pela família ou
equipe de saúde (34,37).
Segundo a resolução do CFM, o registro de uma DAV
pode ser feito pelo médico, na ficha médica ou no prontuá- A dor é uma das principais causas de sofrimento nos pa-
rio do paciente, desde que autorizado por este. Por conta cientes em cuidados paliativos, comprometendo de maneira
da fé pública do médico, testemunhas e assinaturas não são intensa a qualidade de vida. Diferentes modos de avaliação
exigidas. Vale ressaltar que a resolução defende o médico se da dor foram criados para avaliar esta sensação subjetiva,
este deixar de levar em consideração as DAVs em caso de como a Escala de Descritores Verbais Individuais, Teoria

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CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL E NO MUNDO: UMA REVISÃO NARRATIVA Pereira et al.

da Detecção do Sinal, Questionário McGill de avaliação da também deve oferecer uma abordagem precoce e indivi-
dor, e a escala de categoria numérica/verbal e visual analó- dualizada, de maneira a respeitar os desejos do paciente em
gica. Nesse contexto, surgiu a Escala Visual Analógica de relação às suas preferências de fim de vida. Espera-se que,
Dor, para que os pacientes, mesmo com impossibilidade de futuramente, conversas abordando temas relacionados à
fala, possam expressar o nível de dor sentido (38).   morte sejam realizadas de modo mais aberto e livre de pre-
conceitos para que o paciente possa ter o maior benefício
No Brasil, a Palliative  Prognostic  Score é considerada a possível dos confortos oferecidos no fim de vida, como
melhor ferramenta para avaliação de prognóstico dos pa- analgesia, orientação espiritual, presença de familiares e ou-
cientes paliativos. Após analisar questões laboratoriais e tras medidas de suporte.
clínicas, a escala é capaz de estimar a sobrevida em 30 dias.
Avalia dispneia, anorexia, estimativa clínica, Índice de Kar- REFERÊNCIAS
nofsky, leucócitos totais por mm3 e porcentagem de lin-
fócitos. A soma dos pontos obtidos mostra, em forma de 1. Mazutti SRG, Nascimento AdF, Fumis RRL. Limitação de suporte
porcentagem, a probabilidade de sobreviver 30 dias (35).  avançado de vida em pacientes admitidos em unidade de terapia
intensiva com cuidados paliativos integrados. Revista Brasileira de
A sedação no final da vida é uma das possibilidades para Terapia Intensiva. 2016;28(3):294-300. 
diminuir o sofrimento e garantir a segurança do doente.
Apesar dessas vantagens, ela aumenta o tempo de ventila- 2. Hermes HR, Lamarca ICA. Cuidados paliativos: uma abordagem a
ção mecânica e permanência dentro da Unidade de Terapia partir das categorias profissionais de saúde. Ciência & Saúde Coleti-
Intensiva. Por isso, para diminuir as complicações causadas va. 2013;18:2577-88. 
por ela, é necessário saber o nível de sedação em que o pa-
ciente se encontra, a fim de que os princípios do CP sejam 3. Del Río MI, Palma A. Cuidados paliativos: historia y desarrollo. Bo-
mantidos e se evite ao máximo o sofrimento. Nesse con- letín escuela de medicina uc, Pontificia universidad católica de Chile.
texto, surgiram escalas como a Escala de Ramsey, a mais 2007;32(1):16-22. 
utilizada atualmente (39,40).
4. Carvalho RTd, Parsons HA. Manual de cuidados paliativos ANCP. 
A Escala de Zarit, referente à sobrecarga do cuidador de Manual de cuidados paliativos ANCP2012. p. 590-. 
paciente paliativo, é uma ferramenta de extrema importân-
cia, pois grande parte dos cuidadores apresenta sobrecarga 5. do Nascimento Júnior PG, de Macêdo Guimarães TM. A relação
emocional, física e psicossocial. Essa escala foi validada em médico-paciente e seus aspectos psicodinâmicos. Revista Bioética.
diversos países, variadas doenças e também em diferentes 2009;11(1). 
locais, como internamento e em domicílio. O questionário
é preenchido pelo próprio cuidador. Os resultados classifi- 6. Geovanini F, Braz M. Conflitos éticos na comunicação de más notí-
cam a sobrecarga do cuidador em ausência de sobrecarga, cias em oncologia. Revista bioética. 2013;21(3):455-62. 
sobrecarga moderada, sobrecarga moderada a severa, e so-
brecarga severa (41).  7. Saúde Md. PORTARIA Nº 19, DE 03 DE JANEIRO DE 2002.
2002. 
CONCLUSÃO
Cuidados paliativos ainda são uma modalidade de trata- 8. Anvisa. Resolução DC/ANVISA nº 202 de 18/07/2002. 2002. 
9. Ugarte OA. Contexto normativo dos cuidados paliativos no SUS.
mento que precisa ser mais difundida pelos profissionais da
saúde. Durante a formação acadêmica, o médico é, muitas 2014. 
vezes, ensinado a utilizar medidas invasivas para prolon- 10. Bastos BR, da Fonseca ACG, da Silva Pereira AK, de Souza LdC.
gar uma vida já em sofrimento. A ideia do paliativismo visa
empregar uma abordagem que priorize o conforto do pa- Formação dos profissionais de saúde na comunicação de más notí-
ciente no fim da vida, sem o emprego de procedimentos cias em cuidados paliativos oncológicos. Revista Brasileira de Can-
e condutas que, embora possam aparentar uma chance de cerologia. 2016;62(3):263-6. 
cura, não trarão benefícios ao paciente a longo prazo. Essa 11. Evangelista CB, Lopes MEL, Costa SFGd, Batista PSdS, Batista
ideia exige que tanto o paciente quanto os familiares te- JBV, Oliveira AMdM. Cuidados paliativos e espiritualidade: revi-
nham o conhecimento necessário para que possam partici- são integrativa da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem.
par da tomada de decisões e condutas que serão realizadas 2016;69(3):591-601. 
no fim da vida. Cabe ao médico ser capaz de transmitir esse 12. Radbruch L, De Lima L, Knaul F, Wenk R, Ali Z, Bhatnaghar S, et
conhecimento de forma clara e sem julgamentos, abordan- al. Redefining Palliative Care-a New Consensus-based Definition.
do questões físicas, psíquicas e espirituais, de modo que Journal of Pain and Symptom Management. 2020. 
todos os profissionais, familiares e pacientes envolvidos no 13. Pimenta CAM MD, Cruz DALM. . Dor e cuidados paliativos: enfer-
caso possam ter essa autonomia.  magem, medicina e psicologia. . 2006. 
14. Nickel L, Oliari LP, Vesco SNPD, Padilha MI. Grupos de pesquisa
Além de comunicar as informações necessárias para em cuidados paliativos: a realidade brasileira de 1994 a 2014. Escola
que o paciente esteja ciente de seu quadro, a equipe médica Anna Nery. 2016;20(1):70-6. 
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80.420-120 – Curitiba/PR – Brasil
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34. da Rosa Monteiro D, Kruse MHL, de Abreu Almeida M. Ava-

628 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 620-628, abr.-jun. 2022

| ARTIGO ESPECIAL |

As principais causas de cegueira no idoso no Brasil
e como prevenir: uma revisão de literatura

The main causes of blindness in the elderly in Brazil and how to prevent it:
a literature review

Carla Sofia Mendivil Suarez1, Gabriele Winter Santana2, Júlia Vianna Tozzi3, Paulo Roberto Cardoso Consoni4

RESUMO
O número de pessoas cegas no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), é de aproximadamente 45 milhões,
sendo que 80% dessas têm mais de 50 anos. Concomitantemente ao aumento da expectativa de vida, há um número crescente de
idosos portadores de doenças crônicas que podem levar à cegueira. Algumas complicações oftalmológicas são, principalmente, devido
ao próprio processo de envelhecimento. A cegueira é uma condição caracterizada pela perda da habilidade de enxergar, mesmo com
a melhor correção, como uso de óculos ou de lente de contato. A cegueira no idoso é adquirida especialmente em virtude de doenças
crônicas. Com o aumento da expectativa de vida no Brasil, sendo de 76 anos em 2017, segundo o IBGE, e com tendência a aumentar
a cada ano essa expectativa de vida, é esperado que aumente também o número de idosos cegos se não houver mudanças efetivas
que visem à prevenção da cegueira. As quatro principais causas de cegueira nos idosos são: degeneração macular relacionada à idade,
catarata senil, glaucoma e retinopatia diabética. Com um diagnóstico precoce e tratamento adequado da patologia ocular, devido a
visitas periódicas ao oftalmologista, muitos casos de cegueira podem ser evitados ou adiados.
UNITERMOS: Cegueira, Idosos, Brasil

ABSTRACT
The number of blind people in the world, according to data from the World Health Organization (WHO), is approximately 45 million, 80% of whom are
over 50 years old. Along with the increase in life expectancy, there is a growing number of elders with chronic diseases that can lead to blindness. Some eye
complications are mainly due to the aging process itself. Blindness is a condition characterized by loss of sight, even with the best correction, such as wearing
glasses or contact lenses. Blindness in the elderly is acquired overall as a result of chronic diseases. The increasing life expectancy in Brazil, 76 years old in
the 2017 census from the Brazilian National Institute of Geography and Statistics (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica [IBGE)], alongside a
tendency to increase this life expectancy every year, the number of blind elderly is expected to increase as well, if there are no effective changes aimed at prevent-
ing blindness. The four main causes of blindness in the elderly are age-related macular degeneration, senile cataract, glaucoma, and diabetic retinopathy. With
early diagnosis and adequate treatment of ocular pathology, due to periodic visits to the ophthalmologist, many cases of blindness can be avoided or postponed.
KEYWORDS: Blindness; elderly; Brazil

1 Acadêmica do Curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) / [email protected] 629
2 Acadêmica do Curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)
3 Acadêmica do Curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)
4 Professor de Geriatria/Gerontologia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 629-632, abr.-jun. 2022

AS PRINCIPAIS CAUSAS DE CEGUEIRA NO IDOSO NO BRASIL E COMO A PREVENIR: UMA REVISÃO DE LITERATURA Suarez et al.

INTRODUÇÃO anos em países desenvolvidos (3). Com o aumento da ex-
A visão é um sentido humano extremamente impor- pectativa de vida, as doenças crônicas devem ser ativamen-
te acompanhadas, pois o indivíduo portador permanecerá
tante, tanto para a comunicação com o ambiente externo, mais anos com a doença, o que irá desencadear uma varie-
como também para uma maior independência em relação dade de comorbidades. A visão pode ser afetada ampla-
às atividades da vida diária. A Organização Mundial da mente por várias doenças com o aumento da idade, o que
Saúde (OMS) divulgou um relatório em que foi constatado gera a necessidade de um acompanhamento regular com o
que 2,2 bilhões de pessoas têm uma deficiência visual ou médico oftalmologista, tanto para prevenir como para tra-
cegueira no mundo, e que pelo menos 1 bilhão dessas pes- tar as doenças oculares (2). Oito de dez casos de perda de
soas têm uma deficiência visual que poderia ter sido evitada visão podem ser evitados, conforme dados da OMS, com
ou que ainda não recebeu o tratamento adequado para sua diagnóstico precoce devido a visitas periódicas ao oftalmo-
correção. Com o aumento da expectativa de vida, não ape- logista (3). Países subdesenvolvidos apresentam maiores
nas no Brasil, mas em todo o mundo, aumentará significa- porcentagens de indivíduos cegos do que países desen-
tivamente o número de pessoas com problemas oculares e volvidos, tanto pelo acesso a melhores sistemas de saúde,
deficiência visual, já que a prevalência dessas comorbidades como pela maior facilidade de conseguir o tratamento ade-
aumenta com a idade (1). quado para cada patologia visual (4). A OMS divulgou um
relatório, em outubro de 2019, em que foi constatado que
A visão pode ser afetada amplamente por várias doen- mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com defi-
ças com o aumento da idade, o que gera a necessidade de ciência visual por não receberem os cuidados necessários
um acompanhamento regular com o médico oftalmologis- para patologias como o glaucoma e a catarata. No censo
ta, tanto para prevenir como para tratar as doenças ocula- de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
res (2). Por isso a importância de um exame oftalmológico (IBGE), no Brasil existiam mais de 6,5 milhões de pessoas
e das consultas periódicas ao oftalmologista ser amplamen- com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões
te difundidos na saúde brasileira, para um melhor desfecho com baixa visão (5).
da saúde ocular da população idosa. Através da revisão bi-
bliográfica, este estudo busca contribuir para uma maior Definição de cegueira
atenção a esta importante patologia e procura elucidar as A cegueira é definida na Classificação Internacional de
principais causas de cegueira em idosos no Brasil, assim Doenças (CID) como a acuidade visual menor que 0,05
como identificar possíveis formas de prevenção para dimi- (10/200) no melhor olho com a melhor correção ou campo
nuir seu impacto na população geriátrica brasileira. visual menor do que 10º (categorias 3, 4 e 5 do CID 10)
(6). Ainda, a cegueira pode ser classificada como congênita,
MÉTODOS adquirida ou hereditária. A cegueira congênita é devido a al-
O presente estudo foi delineado sob a forma de uma terações na vida intrauterina ou no nascimento; a adquirida é
em virtude de causas orgânicas ou acidentais; e a hereditária,
revisão de literatura a respeito das principais causas de ce- devido a anomalias genéticas (5). A cegueira no idoso, prin-
gueira nos idosos no Brasil e a importância da sua preven- cipalmente, é a adquirida devido a doenças crônicas. Essa
ção. A pesquisa virtual dos materiais foi feita com busca de patologia visual causa um impacto negativo na qualidade de
artigos disponíveis nas bases de dados Pubmed, Scielo e vida do idoso, visto que o torna mais vulnerável a quedas e
Biblioteca Virtual em Saúde, priorizando os artigos publi- ao desenvolvimento de depressão. Além disso, o deficiente
cados entre 2009 e 2020. Foram incluídos na pesquisa tra- visual pode vir a necessitar da ajuda de familiares e, em al-
balhos com os seguintes descritores: “cegueira” e “idosos”, guns casos, de serviços comunitários de apoio (2).
acrescida de “Brasil”. Todos os artigos que abrangeram o Principais causas de cegueira no idoso
tema foram avaliados pelo seu resumo, e aqueles conside- As quatro principais causas de cegueira nos idosos são:
rados adequados foram explorados na sua íntegra. As de- catarata senil, degeneração macular relacionada à idade
mais publicações encontradas não preencheram o critério (DMRI), glaucoma e retinopatia diabética (RD) (2).
de significância para utilização e, portanto, foram excluídas. A maior parte das causas de cegueira está relacionada
ao envelhecimento. A catarata senil, mesmo não sendo
REVISÃO DE LITERATURA  uma das principais causas de cegueira nos países desenvol-
vidos, globalmente é a principal causa, sendo responsável
Epidemiologia por aproximadamente metade dos casos. O glaucoma é a
Existem no mundo aproximadamente 45 milhões de segunda causa global de cegueira, seguido de degeneração
pessoas cegas, sendo que dessas 80% têm mais de 50 anos, macular relacionada à idade. A retinopatia diabética tem
segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). uma incidência menor, de 4-5% dos casos de cegueira, mas
É considerada uma pessoa idosa aquela com mais de 60
anos em países subdesenvolvidos e aquela com mais de 65

630 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 629-632, abr.-jun. 2022

AS PRINCIPAIS CAUSAS DE CEGUEIRA NO IDOSO NO BRASIL E COMO A PREVENIR: UMA REVISÃO DE LITERATURA Suarez et al.

que vem aumentando devido à epidemia de obesidade que ao extravasamento de soro e sangue, ocasionando uma
se vive nos dias atuais. Em países desenvolvidos, com o perda irreversível dos fotorreceptores adjacentes. Logo,
aumento da expectativa de vida e o melhor acesso a atendi- há uma diminuição da visão, em geral mais rapidamente
mento especializado, é mais frequente a DMRA e é nesses do que na forma seca. Nesta, ocorre uma lesão progres-
países a principal causa de cegueira, mas globalmente é a siva do epitélio pigmentar da retina, das membranas de
terceira causa (4). Com o aumento da expectativa de vida Bruch e coriocapilar, o que leva a uma atrofia secundária
no Brasil, sendo de 76 anos em 2017, segundo o IBGE, dos fotorreceptores e uma perda gradativa da visão (11).
e com tendência a aumentar a cada ano, é esperado que São diversos os tratamentos para DMRI, desde medicações
aumente também o número de idosos cegos se não houver até cirúrgicos, mas ainda não há um tratamento ideal. A
mudanças efetivas que visem à prevenção da cegueira. terapia fotodinâmica e a terapia antiangiogênica reduzem
o risco de perda de visão; fotocoagulação a laser, remoção
A catarata senil corresponde a aproximadamente 48% cirúrgica da membrana e termoterapiatranspupilar bene-
das causas de cegueira no mundo, sendo a principal causa ficiam um pequeno grupo de pacientes. Recentemente, a
de cegueira no Brasil. É uma doença que causa opacidade ingesta combinada de vitamina C, beta-caroteno, vitamina
no cristalino, o que dificulta a entrada de raios luminosos E, zinco e cobre se mostrou relevante para a prevenção de
e reduz a capacidade visual, podendo causar perda total ou DMRI e para o tratamento da forma exsudativa (11). São
parcial da visão (2). Existem três classificações para a cata- necessários mais investimentos na área de pesquisa para
rata: congênita (presente ao nascimento), secundária (cau- uma maior elucidação dessa patologia e, assim, identificar
sada por diversos fatores, tanto oculares como sistêmicos) medidas efetivas para sua prevenção. É uma das causas de
e a senil (causada por alterações bioquímicas relacionadas cegueira em que um diagnóstico precoce e tratamento ade-
ao envelhecimento). Em torno de 85% das cataratas são quado não modificam a história natural da doença, em que
senis; nestes casos, não é considerada uma doença, mas um o desfecho, muitas vezes, é a cegueira.
processo normal de envelhecimento (7). A catarata senil é
um problema de saúde pública em virtude de sua alta pre- O glaucoma é uma das principais causas de cegueira no
valência. É a principal causa de cegueira curável no mundo, Brasil e no mundo. Sua prevalência e incidência tendem a au-
sendo que o tratamento para recuperação da capacidade vi- mentar significativamente no futuro, principalmente devido
sual na catarata senil é a cirurgia, sendo a intervenção mais ao aumento da população e ao seu envelhecimento (13). A
custo-efetiva de reabilitação visual em idosos (2). Países de- pressão intraocular (PIO) acima de 21 mmHg é o principal
senvolvidos realizam mais cirurgias de catarata do que paí- fator de risco para o glaucoma, e sua redução é o único meio
ses em desenvolvimento. A OMS afirma que, para eliminar efetivo de tratamento. É uma neuropatia que leva à morte de
a cegueira devido à catarata, devem-se fazer pelo menos células ganglionares da retina, ou seja, há dano ao nervo óp-
3.000 cirurgias de catarata a cada 1 milhão de habitantes tico, com perda de campo visual, especialmente o periférico
por ano em determinada região ou país (8). São realiza- (14). O glaucoma é considerado uma doença multifatorial,
dos mutirões de cirurgias de catarata no Brasil, assim como sendo que idosos, indivíduos da raça negra e portadores de
projetos, como o Projeto Catarata, que determina mais in- diabetes melittus são grupos populacionais com elevado risco
vestimento do governo no SUS para realização de cirurgias de desenvolver esta patologia (2). O tratamento do glaucoma
de catarata. No entanto, ainda há longas filas de espera para pode ser feito através do controle adequado da PI por meio
realização de cirurgia de catarata no SUS, e mesmo com os de medicamentos (colírios), laser ou cirurgia (15). Para que
projetos existentes, o Brasil não consegue fazer o número o paciente portador de glaucoma tenha alterações visuais,
de cirurgias de catarata necessárias para compensar o surgi- é necessário o comprometimento de pelo menos 50% da
mento de novos casos (9). A taxa de prevalência de catarata camada de fibras nervosas da retina, mas as alterações na
nos idosos é alta e, com o aumento da expectativa de vida, fundoscopia e na medida de pressão intraocular já são perce-
haverá taxas ainda maiores no futuro (10). A catarata não bidas precocemente no exame oftalmológico. Quanto mais
pode ser prevenida pois é um processo do envelhecimento, precoce o diagnóstico, maiores são as probabilidades de o
mas a cirurgia da catarata recupera a visão da grande maio- indivíduo manter a visão (14). São alguns fatores relaciona-
ria dos pacientes operados, prevenindo a cegueira (11). dos à baixa adesão ao tratamento: falta de informação sobre
a doença, dificuldade de administração do tratamento e falta
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é a de recursos para comprar a medicação (16). As alterações
principal causa de cegueira irreversível em adultos em paí- decorrentes da evolução do glaucoma não são reversíveis,
ses desenvolvidos e a terceira causa global. É uma doença mas um tratamento adequado associado a um diagnóstico
degenerativa da área central da retina, associada à perda precoce podem prevenir a cegueira (14).
visual central. A patogênese e os fatores de risco da DMRI
ainda não foram bem estabelecidos, mas há um significa- A retinopatia diabética (RD) é o conjunto de alterações
tivo fator genético (12). A DMRI pode-se apresentar de vasculares da retina que pode acontecer em pacientes porta-
duas formas: “não exsudativa” (ou seca) e a forma “ex- dores de diabetes tipo 1 e tipo 2. É responsável por aproxima-
sudativa” (ou neovascular). Na forma neovascular, ocor- damente 5% dos casos de cegueira no mundo (2). Os estágios
re o aparecimento de uma membrana neovascular sub- progressivos da retinopatia diabética podem ser reconhecidos
-retiniana, que altera a anatomia macular e acaba levando clinicamente: a fase inicial é a retinopatia de fundo, depois

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 629-632, abr.-jun. 2022 631

AS PRINCIPAIS CAUSAS DE CEGUEIRA NO IDOSO NO BRASIL E COMO A PREVENIR: UMA REVISÃO DE LITERATURA Suarez et al.

progride para a fase pré-proliferativa e, por fim, para a fase sa. BEPA, Bol. epidemiol. paul. [Internet]. 2011  Jan;  8(85): 23-28.
proliferativa, quando podem ocorrer complicações, como he- Available from: http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?scrip-
morragia vítrea e descolamento tracional da retina, os quais t=sci_arttext&pid=S1806-42722011000100003&lng=pt. 
levam à cegueira (17).  A incidência da RD é relacionada ao 3. Sociedade Brasileira de Oftalmologia: Dia mundial da visão alerta
tempo de doença e ao controle metabólico do paciente diabé- para prevenção e a importância da detecção precoce da cegueira no
tico, que é o principal fator de risco. Há duas formas de inter- mundo [internet]. Rio de Janeiro; 2016. [Acesso em: 16 jun. 2019].
venção terapêutica: o estrito controle glicêmico e a cirurgia a Disponível em: http://www.sboportal.org.br/links.aspx?id=25. 
laser, que possibilitam obter uma redução significativa de sua 4. Resnikoff S, Pascolini D, EtyaAle D, Kocur I, Pararajasegaram R,
incidência, garantindo uma melhor qualidade de vida e me- Pokharel GP  et al.  Global data on visual impairment in the year
nor risco de cegueira. A evolução da RD é lenta e tem várias 2002. Bulletin of World Health Organization. 2004; 82:844-51 
etapas; com um tratamento adequado da patologia de base e 5. Oliveira DG, Shimano SN, Salomão AE, Pereira K. Avaliação do
um acompanhamento regular com oftalmologista, a cegueira perfil socioeconômico, formação profissional e estado de saúde
pode ser amplamente evitada quando resultante da RD (18). de pessoas com deficiência visual. Rev Bras Oftalmol.  [Internet].
2017;  76( 5 ). Available  from: http://www.scielo.br/scielo.php?s-
Prevenção cript=sci_arttext&pid=S0034-72802017000500255&lng=en.  
Ao longo dos anos, houve avanços tanto no tratamento 6. Ministério da Saúde: Portaria 3.128, de 24 de dezembro de 2008 [inter-
como no diagnóstico das patologias oculares, mas a cegueira net]. 2008. [Acesso em: 16 jun. 2019]. Disponível em: http://bvsms.
ainda atinge um número elevado de pessoas. Isso está dire- saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt3128_24_12_2008.html. 
tamente relacionado ao aumento da expectativa de vida da 7. Almança ACD, Jardim SP, Duarte SRMP. Epidemiological profi-
população brasileira, o que possibilita aumento do índice das le of the patient undergoing cataract surgery. Rev Bras Oftalmol
doenças crônico-degenerativas, como a hipertensão arterial, [Internet]. 2018;77(5). Available from: http://www.gnresearch.org/
o diabetes e o infarto; logo, há um maior risco de doenças doi/10.5935/0034-7280.20180055 
oculares e, portanto, de cegueira (5). A prevenção da ce- 8. Foster A. Vision 2020: the cataract challenge. Jorn Community Eye
gueira é uma prioridade da saúde pública no Brasil. Uma Health [Internet]. 2000;34(13):17-19. 
maior expectativa de vida, mudanças comportamentais e a 9. Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF de. Dificuldades de aces-
urbanização progressiva contribuíram para um aumento de so ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata
algumas causas de cegueira, como, por exemplo, por RD e nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol. 2011
DMRI (19). Mesmo com as campanhas nacionais, como o Oct;74(5):323-5. 
Projeto Catarata e Veja Bem Brasil, a realidade das condições 10. Romani Flávio Antônio. Prevalência de transtornos oculares na po-
visuais da população brasileira, especialmente dos idosos, pulação de idosos residentes na cidade de Veranópolis, RS, Brasil.
está distante das condições ideais, e muito ainda tem que ser Arq. Bras. Oftalmol.  [Internet]. 2005  Oct [cited  2020  May  14] ; 
feito para que se atinja o estágio ideal de assistência médica. 68( 5 ): 649-655. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?s-
Investimentos no SUS na área de oftalmologia são necessá- cript=sci_arttext&pid=S0004-27492005000500015&lng=en.   ht-
rios para prevenir inúmeros casos de cegueira (20).  tps://doi.org/10.1590/S0004-27492005000500015. 
11. Nehemy MB. Degeneração macular relacionada à idade: novas pers-
CONCLUSÃO pectivas. Arq Bras Oftalmol. 2006 Dec;69(6):955-8. 
A cegueira, na maioria dos casos, pode ser evitada nos ido- 12. Amaro MH, Amaro FAH, Roller AB, Motta CT, Motta MM dos S.
Tratamento da degeneração macular relacionada à idade com neo-
sos. Das quatro principais causas de cegueira nessa faixa etária, vascularização de coróide extrafoveal: análise de uma série de casos
é possível prevenir a cegueira em três delas. Conforme esta re- e revisão de literatura. Ver Bras.oftalmol. 2011 Aug;70(4):261-7. 
visão de literatura, o diagnóstico precoce e o tratamento ade- 13. Guedes RAP, Guedes VMP, Chaoubah A. Cost-effectiveness in
quado das patologias oculares podem evitar ou adiar muitos glaucoma. Concepts, results and current perspective. Rev Bras Of-
casos de cegueira. São necessários maiores investimentos na talmol [Internet]. 2016;75. Available from: http://www.gnresearch.
área da saúde no Brasil para um acesso mais amplo da popu- org/doi/10.5935/0034-7280.20160068 
lação ao médico oftalmologista e, com isso, realizar melhores 14. Gonçalves MR, Guedes M de MR, Chaves MAPD, Pereira CC de L,
rastreamento, seguimento e tratamento de patologias oculares. Otton R. Análise dos fatores de risco e epidemiologia em campanha
Com uma melhor saúde ocular, a população de idosos apre- de prevenção da cegueira pelo glaucoma em João Pessoa, Paraíba.
sentará uma melhora na qualidade de vida.  Ver Bras Oftalmol. 2013 Dec;72(6):396-9. 
15. Vieira AAP, Guedes RAP, Vieira R de CPA, Guedes VMP. Patient’s per-
  ception on glaucoma and different types of treatment (medical versus
REFERÊNCIAS surgical treatment). Rev Bras Oftalmol [Internet]. 2015;74(4). Available
from: http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/0034-7280.20150048 
1. Organização Mundial da Saúde lança primeiro relatório mundial 16. Silva LR, Paula JS de, Rocha EM, Rodrigues M de LV. Fatores re-
sobre visão [Internet]. ONU Brasil. 2019 [citado 2020 maio 13]. lacionados à fidelidade ao tratamento do glaucoma: opiniões de
Available from: https://nacoesunidas.org/organizacao-mundial-da- pacientes de um hospital universitário. Arq Bras Oftalmol. 2010
-saude-lanca-primeiro-relatorio-mundial-sobre-visao/  Apr;73(2):116-9. 
17. Corrêa ZM da S, Eagle R Jr. Pathological features of diabetic retino-
2. Medina NH, Muñoz EH. Atenção à saúde ocular da pessoa ido- pathy. Arq Bras Oftalmol. 2005 May;68(3):410-4. 
18. Bosco A, Lerário AC, Soriano D, Santos RF dos, Massote P, Galvão
D, et al. Retinopatia diabética. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2005
Apr;49(2):217-27. 
19. Salomão SR, Cinoto RW, Berezovsky A, Araujo-Filho A, Mitsuhiro
MRKH, Mendieta L, et al. Prevalence and causes of vision impair-
ment and blindness in older adults in Brazil: the Sao Paulo Eye Stu-
dy. Ophthalmic Epidemiol. 2008 May;15(3):167-75. 
20. Romani FA. Prevalência de transtornos oculares na população de
idosos residentes na cidade de Veranópolis, RS, Brasil. Arq Bras Of-
talmol. 2005 Oct;68(5):649-55.
 Endereço para correspondência
Carla Sofia Mendivil Suarez
Rua Ferreira Viana, 853/604
90.670-100 – Porto Alegre/RS – Brasil
 (51) 98189-8668
[email protected]
Recebido: 10/4/2021 – Aprovado: 31/5/2021

632 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 629-632, abr.-jun. 2022

| ARTIGO ESPECIAL |

Cirurgia Plástica reparadora e a melhora na qualidade de vida
no seguimento de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica

Reconstruction plastic surgery and the improvement in quality of life in the follow-up
of patients undergoing bariatric surgery

Leonardo Oliveira da Silva1, Vanessa Gaissler2, Eduardo Hubner de Souza3

RESUMO
Introdução: A pandemia de obesidade trouxe consigo a ascensão da cirurgia bariátrica, a qual é o método mais efetivo para redução
de comorbidades e diminuição do peso em pacientes com alto índice de massa corporal. A redução abrupta de peso em muitos casos
afeta o contorno corporal dos pacientes, interferindo diretamente na qualidade de vida e autoestima do paciente. Esses resultados
têm alavancado as cirurgias plásticas reparadoras pós-bariátricas. Métodos: Os artigos selecionados encontravam-se disponíveis no
PubMed, SCOPUS e no National Center for Biotechnology Information’s (NCBI). Conclusão: Posto isso, a cirurgia plástica coloca-se hoje
não como um complemento e sim como parte do tratamento do paciente com obesidade.
UNITERMOS: Obesidade, Qualidade de vida, Pós-bariátrica, Pós-cirurgia bariátrica, Contorno corporal

ABSTRACT
Introduction: The obesity pandemic has caused the rise of bariatric surgery, the most effective method for reducing comorbidities and decreasing weight in
patients with high body mass index. Abrupt weight reduction frequently affects the body contour of patients, interfering directly with the quality of life and
self-esteem. These results have leveraged post-bariatric reconstructive plastic surgery. Methods: The selected articles were available in PubMed, SCOPUS,
and National Center for Biotechnology Information (NCBI). Conclusion: that said, plastic surgery is today placed not as a complement but as part of
the treatment of the patient with obesity.
KEYWORDS: Obesity; quality of life; after bariatric; after plastic surgery; body contouring

1 Médico pela Universidade Luterana do Brasil / [email protected]
2 Médica Especialista em Cirurgia Plástica pelo Hospital Ernesto Dornelles
3 Mestre em saúde de coletiva pela Universidade Luterana do Brasil e professor da cadeira de cirurgia geral da Universidade Luterana do Brasil -

ULBRA

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 633-638, abr.-jun. 2022 633

CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA E A MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA NO SEGUIMENTO DE PACIENTES SUBMETIDOS... Silva et al.

INTRODUÇÃO após a cirurgia bariátrica, tem um período em que ocorre
A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracteriza a um aumento da QV, logo após os índices estabilizam-se e,
posteriormente, caem. Os pacientes que realizam a cirurgia
obesidade como um problema de saúde pública, devido plástica continuam a aumentar sua qualidade de vida, a qual
à sua alta prevalência e à sua relação com outras doenças se consolidará após um período sem apresentar reduções
metabólicas. Esta patologia está associada às chamadas nas taxas de QV, como ocorre quando é realizado apenas o
doenças crônicas não transmissíveis, as quais compreen- procedimento gástrico (6,7).
dem doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2, neo-
plasias caracteristicamente malignas, esteato hepatite não REVISÃO DE LITERATURA
alcoólica e gota. As comorbidades citadas aumentam de
forma proporcional ao Índice de Massa Corporal (IMC) Aumento das cirurgias plásticas reparadoras
(1). A cirurgia bariátrica tem sido a escolha para o tra- A pandemia de obesidade fez com que, nas últimas dé-
tamento de pacientes obesos, visto que os tratamentos cadas, houvesse um significativo aumento no número de
não cirúrgicos para pacientes com índice de massa corpo- cirurgias bariátricas ao redor do mundo. No Brasil, o nú-
ral >35 kg/m² e com outras doenças associadas não têm mero de cirurgias bariátricas aumentou 338% entre os anos
apresentado perda de peso adequada e melhora efetiva de 2018 e 2019  por dois fatores: o aumento do número de
das comorbidades (2). obesos obedecendo a uma tendência mundial e a resolução
do Conselho Federal de Medicina que, em  2016, aumentou
As cirurgias bariátricas requerem um amplo acompa- o número de comorbidades que preconizam a cirurgia de
nhamento do paciente por diversas áreas da saúde, por se redução de peso. Proporcionalmente a isso, ocorreu a as-
tratar de um procedimento que, muitas vezes, leva a gran- censão da cirurgia plástica de contorno corporal no país. O
des mudanças no estilo de vida que são essenciais para re- perfil epidemiológico na literatura para esses procedimen-
sultados satisfatórios. Este seguimento do paciente faz par- tos tem como preponderância pacientes do sexo feminino,
te do trabalho multidisciplinar, incluindo a cirurgia plástica sendo as cirurgias abdominais as mais realizadas, tornando-
reparadora, desenvolvido pelo sistema público de saúde -as um procedimento em uma região-chave para a melhora
brasileiro, o que coloca o Brasil hoje como segundo país de sintomas dos indivíduos (8). 
no mundo em número de bariátricas, estando atrás apenas Das regiões brasileiras, os estados do Sul foram os que
dos Estados Unidos (3).  Após a cirurgia bariátrica, muitos mais operaram (9). Entre os anos de 2010 e 2016 na re-
pacientes acabam apresentando uma perda ponderal maci- gião metropolitana de Porto Alegre, ocorreram 178,4 in-
ça de seu peso, configurando uma nova imagem física que ternações por ano para execução de gastroplastias, número
nem sempre é conveniente. Não raro, pacientes, após uma 40,1% maior do que o observado entre 2008 e 2010 (10).
cirurgia de sucesso, evidenciam índices de uma pessoa obe- Esses índices evidenciam o aumento do número de cirur-
sa devido à flacidez cutânea e à ptose do tecido em diversas gias plásticas remodeladoras na região.
partes do corpo (4).  A perda ponderal maciça de peso gera um tecido exce-
dente, o qual, geralmente, se apresenta de forma assimé-
A cirurgia plástica tem crescido nos últimos anos como trica pelas regiões do corpo, podendo variar na sua quan-
alternativa para a correção e remodelação corporal, através tidade. Assim, muitos tipos diferentes de procedimentos
das dermolipectomias ou pexias dos tecidos. As cirurgias de cirurgia de contorno corporal estão disponíveis para
de contorno corporal são um recurso que está dentro do os pacientes. As cirurgias mais procuradas são as que têm
programa de tratamento de obesidade oferecido pelo siste- enfoque nas regiões central e inferior do corpo e incluem
ma público de saúde.  Os dismorfismos corporais possuem paniculectomia e abdominoplastia,  técnicas de remoção da
implicações médicas como a dificuldade na deambulação, gordura excedente, que criam um contorno corporal mais
surgimento de áreas de intertrigo, os quais podem  ocasio- adequado; e elevadores da parte inferior do corpo, cinto,
nar o surgimento de feridas, úlceras, dermatites e até infec- lipectomias e coxas tanto na parte medial quanto na lateral
ções de pele e mudando, assim, o modo como o paciente (11). Em contrapartida às disfunções resultantes da perda
se relaciona com o ambiente e a sociedade. O indivíduo abrupta de peso, a cirurgia plástica reparadora surge como
não conseguirá realizar suas atividades físicas, e por vezes solução efetiva para estes pacientes e é capaz de acarretar
laborais, apresentando dificuldades para higiene das áreas em alterações positivas na qualidade de vida dos mesmos,
de sobras de tecidos e problemas para ter relações sexuais. mudando o conceito da cirurgia de contorno corporal ser
Assim, o indivíduo coloca-se em uma zona psicológica de apenas por motivo estético, o que justifica o fato pelo qual 
transição, por seu corpo estar entre um padrão obeso e 88% dos pacientes desejam realizar a cirurgia de remodela-
eumórfico e, consequentemente a esses fatores, desenvol- mento, sendo que quanto mais peso é perdido, maior esse
ve-se uma redução na sua qualidade de vida (5). desejo (12).

Posto isso, a cirurgia plástica reconstrutiva se faz ne-
cessária e, para que os benefícios dessas cirurgias possam
ser, de fato, medidos, o fator qualidade de vida (QV) é o
recurso mais utilizado para a análise dos efeitos positivos
dos procedimentos remodeladores. Sabe-se que o paciente,

634 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 633-638, abr.-jun. 2022

CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA E A MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA NO SEGUIMENTO DE PACIENTES SUBMETIDOS... Silva et al.

Avaliação do paciente e cirurgias remodeladoras presença de alguma cicatriz transversal abdominal, criando
Ainda não está bem definido como deve ser conduzido uma fixação em que este avental ficará sustentado, poden-
o paciente pós-bariátrico para evitar o excesso de pele, uma do a sobra de pele encobrir a região púbica. O remodela-
vez que inúmeras complicações podem ocorrer e afetar seu mento abdominal passa por dois procedimentos principais:
cotidiano. De acordo com alguns estudos, a incidência de a paniculectomia e a abdominoplastia. A decisão de qual o
excesso de pele nos pacientes pós-bariátricos é considerada melhor procedimento para se realizar é baseada no grau da
alarmante, chegando a taxas de 96% (13).  incapacidade que a deformidade causa e qual a região com
A autoconfiança do paciente e seu conforto após a maiores sobras de pele. A paniculectomia não abrange ab-
grande perda de peso podem ser retomados através de ci- dome superior nem corrige diástase do reto. A abdomino-
rurgias de remodelamento corporal. A cirurgia plástica re- plastia, por outro lado, aborda o abdome em sua totalidade
paradora deve ocorrer após o paciente alcançar um período e tem em sua técnica a plicatura do reto abdominal (18).
de estabilidade do seu peso, o que, em média, leva de 12 a
18 meses, podendo alcançar até 2 anos após a realização da As mamas em mulheres que tiveram perda maciça de
cirurgia bariátrica (14). peso geralmente tornam-se ptóticas, com pele inelástica
O paciente candidato à cirurgia reparadora deve ser e, devido à severa deflação, apresentam uma alteração da
avaliado criteriosamente, visto que os efeitos da cirurgia posição do complexo aréolo mamilar (CAP). Nessas pa-
bariátrica podem prejudicar seu estado nutricional, elevan- cientes, é adequada a realização de uma mastopexia com
do o risco de complicações em cirurgias, tendo em vista redução do diâmetro do CAP e transposição para uma
que está diretamente relacionado com o retardamento do posição que respeite mais a anatomia do indivíduo. Quan-
processo de cicatrização do indivíduo. A avaliação passa do for necessário associar a mastopexia ao implante ma-
também por uma análise psicológica do paciente, na qual mário, é preciso atentar-se ao tamanho da prótese, pois
sempre deve ser explicado que, por mais bem-sucedida que implantes maiores podem dificultar a perfusão do retalho
seja a cirurgia, o paciente não terá o corpo igual ao de um areolar e sua cicatrização. É preferível que sejam realiza-
indivíduo que nunca foi obeso (15).   dos dois tempos cirúrgicos quando o tamanho das próte-
Devido ainda ao baixo acesso às cirurgias de contorno ses for considerado grande. No homem, o objetivo não
corporal dos pacientes, por serem vistas, equivocadamen- é ter uma mama bem definida e modelada, assim a mas-
te, como procedimentos mais estéticos que funcionais, é topexia não é a principal escolha para corrigir a deflação
necessário que os pacientes sejam classificados por grau nesses pacientes, a melhor opção é retirar o excesso de
de deformidade, limitação nas atividades diárias, limitação pele pela técnica do T invertido, transpondo o CAP tam-
na sexualidade  e as consequências na vida social e mental bém para uma posição mais anatômica, ou realizar uma
do paciente, para que, assim, haja uma priorização de trata- incisão no sulco inframamilar, planejando a colocação de
mento conforme a gravidade dos casos (16). um enxerto de CAP em uma região anatomicamente mais
A psicoeducação do paciente é importante desde a pri- aceita no tórax do paciente (19).
meira consulta com o cirurgião bariátrico, principalmente
com aqueles em que há uma perspectiva de perda de peso A braquioplastia é peça-chave no remodelamento cor-
maior que 20 kg, posto que, naquele momento, o paciente poral da paciente, influindo diretamente na sua autoestima,
cria falsas expectativas acerca do corpo que almeja, com- uma vez que o excesso de pele na região a leva a ter dificul-
parando-se com pessoas que nunca foram obesas e nem dades para encontrar roupas que sirvam ou escondam a de-
submetidas a cirurgias (17). formidade aparente. Mesmo a área apresentando exagerada
A lipoaspiração é um procedimento que envolve a re- sobra de pele, é necessária cautela na hora de sua retirada,
moção de adipócitos por meio de cânulas inseridas atra- haja vista que cirurgias de remoção mais agressivas podem
vés de pequenas incisões na pele do paciente. No proce- resultar em cicatrizes hipertróficas que podem gerar des-
dimento, geralmente, utilizam-se lidocaína, que diminui conforto aos pacientes (14). Em pacientes com perda ma-
a necessidade de anestésico geral, e epinefrina, a qual ciça, é preferível que seja usada braquioplastia assistida por
reduz a perda de sangue na área lipoaspirada. Pacientes lipoaspiração, uma vez que ele possui uma taxa menor de
com perdas assimétricas de gordura beneficiam-se des- complicações e uma recuperação mais rápida do que a téc-
sa técnica, e a avaliação novamente deve basear-se no nica usual. Pacientes com perda maciça que fizeram a bra-
índice de massa corporal do paciente. Sendo assim, pa- quiplastia assistida expressaram um alto grau de satisfação
cientes com valores superiores a 30 kg/m² apresentam em 81,8% dos casos  e 18,2% um bom grau de satisfação
melhores resultados com a associação da lipoaspiração após 4 meses de acompanhamento (20).
com procedimentos excisionais de pele (18). 
A região abdominal é o local onde ocorrem as maio- Assim como abdome inferior em avental, o excesso de
res assimetrias e remodelação no indivíduo pós-bariátrico. pele após grande perda de peso na região da coxa é um ele-
A perda maciça de peso pode suscitar o chamado pannus mento que influi diretamente na sexualidade do indivíduo
abdominal ou avental, que podem ser exacerbados com a e, consequentemente, na qualidade de vida. A cruroplastia
é um procedimento parecido com a braquioplastia em sua
técnica, porém envolve um cuidado maior, visto que a re-
gião apresenta maiores complicações relacionadas à deis-
cência de ferida operatória e linfedema (14).

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CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA E A MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA NO SEGUIMENTO DE PACIENTES SUBMETIDOS... Silva et al.

Mudança na qualidade de vida do paciente de educar o indivíduo e ajudar a vislumbrar um pós-opera-
A qualidade de vida dos pacientes pós-bariátricos tende tório mais realista para as peculiaridades de seu caso, com,
a melhorar logo após a cirurgia, sustentando-se à medida muitas vezes, cicatrizes extensas e a necessidade de fazer
que o paciente mantém a perda de peso e nutre a esperança outra intervenção em um segundo tempo cirúrgico (30,31).
que sua pele retraia-se proporcionalmente à perda de peso
(21). Nas mulheres, é descrito o momento da estabilização É imprescindível que os pacientes passem por avalia-
como sendo um marco da consolidação da melhora das ções psiquiátricas previamente com o intuito de triar um
comorbidades da paciente e início da piora psicológica e di- possível transtorno dismórfico corporal (TDC), posto que
minuição da qualidade de vida (QV), ao passo que as pers- o aumento da insatisfação com a imagem corporal apre-
pectivas de corpo ideal aumentam consideravelmente (22). senta-se como uma característica comum de pacientes sub-
A literatura coloca como um momento-chave para a metidos à cirurgia estética. Diversos estudos descobriram
qualidade de vida do paciente o momento em que este es- que entre 7% e 16% dos pacientes atendem aos critérios
tabiliza seu peso e a expectativa de imagem corporal al- diagnósticos para TDC (23). 
cançada não é atingida, sendo colocado como o principal
motivo psicológico para a redução da QV nesses pacientes O procedimento mais realizado pós-bariátrico é a abdo-
(23). Recentemente, a cirurgia plástica após a cirurgia meta- minoplastia (26). Confirmando esta tendência, um estudo
bólica começou a ser vista não como um procedimento es- transversal identificou uma melhora significativa no modo
tético, mas sim como um adjuvante. Já é sabido que pacien- como a pessoa tratava sua imagem corporal e, seguindo a
tes após elevada queda no IMC e peso tendem a ter como mesma tendência, a maioria dos outros domínios da qua-
relação direta grandes excessos de pele, má distribuição da lidade de vida também mostrou diferenças significativas.
perda de gordura e flacidez cutânea (24,25).  Por exemplo, os pacientes, após a abdominoplastia, relata-
Após as cirurgias de contorno corporal foi identificado ram autoestima significativamente melhor, uma vida sexual
um aumento na qualidade de vida dos pacientes em diver- mais satisfatória e um melhor desempenho no trabalho,
sos domínios, sendo estas medidas realizadas principal- em comparação com pacientes que tinham um alto grau
mente por estudos longitudinais e transversais (26).  de  insatisfação com a região abdominal, mas não fizeram
A qualidade de vida manifesta-se através de diversas abdominoplastia (30).
instâncias, e as que sofrem maior incremento qualitativo
na vida dos pacientes são o domínio social, pois o paciente Além da psicoeducação do paciente e o diagnóstico de
consegue novamente usar roupas que antes expunham de- TDC, o profissional no momento da avaliação do paciente
formidades de seu corpo, e o domínio funcional, em que deve atentar-se para as possíveis complicações decorrentes
pode retornar ao trabalho, uma vez que, devido a algumas do procedimento, as quais, em geral, são a deiscência de
limitações já citadas, teve de abandonar o emprego. Assim ferida operatória e a formação de seroma. Foi verificado
como as questões sociais, o domínio da sexualidade do pa- que a taxa de incidência de complicações entre pacientes
ciente  é afetado positivamente (17).  fumantes é 3 vezes maior do que entre pacientes não fu-
Desfechos positivos na qualidade de vida já foram en- mantes (35,71% vs 10,94%) (32). As propriedades do ta-
contrados em pacientes que realizaram apenas um proce- baco têm efeitos prejudiciais nos processos de cicatrização
dimento e foram devidamente orientados pela equipe mul- de feridas, seja pelo aumento da viscosidade do sangue e
tidisciplinar (27). redução da atividade fibrinolítica ou pelo aumento da lesão
A cirurgia plástica pós-bariátrica tem efeito positivo endotelial e vasoconstrição, elevando o risco de isquemia
sobre a qualidade de vida do paciente e, em seguimento e a consequente necrose das feridas (33).
a isso, uma melhora no controle de peso, comparado ao
paciente pós-bariátrica que não realizou o seguimento com A maior parte dos estudos realizados até agora avalia
o procedimento de contorno corporal. Apesar de não ha- apenas a qualidade de vida do paciente de modo sistêmico
ver resultados significativos a respeito, acredita-se que, em ou a satisfação do paciente após a cirurgia, não permitindo
razão do melhor controle de peso, o paciente que realizou que seja quantificado o real valor do incremento da QV de
cirurgia plástica mantém os benefícios da cirurgia metabó- cada cirurgia no paciente que faz mais de um procedimen-
lica com relação às comorbidades prévias (28).  to. Outro ponto a ser discutido é que as avaliações ocor-
Há um consenso na literatura prévia que o sucesso da rem, por vezes,  após muito tempo da cirurgia, fazendo
cirurgia de contorno corporal passa não apenas pela ade- com que haja um viés de memória (34).  
quada indicação, mas também pela psicoeducação do pa-
ciente, que deve começar no momento em que é definida Avaliações de qualidade de vida (QV) podem ser feitas
a conduta da cirurgia redutora de peso (17,26,29). Um pre- através do questionário WHOQOL-bref, o qual é validado
ditor de insucesso nas cirurgias plásticas reparadoras são para língua portuguesa e é um tipo de avaliação que não im-
as elevadas expectativas que os pacientes criam sobre os põe ao entrevistado um ônus, sendo um questionário útil
resultados finais. Cabe à equipe multidisciplinar a função para pesquisas em ambientes e em ensaios clínicos. Análises
de consistência interna, validade discriminante e validade de
construto por meio da análise fatorial confirmatória indicam
que o WHOQOL-BREF possui propriedades psicométricas
significativas e alto coeficiente de confiabilidade, o que traz
à pesquisa resultados com maior validade. O questionário
WHOQOL-BREF é considerado uma avaliação sólida e que

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CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA E A MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA NO SEGUIMENTO DE PACIENTES SUBMETIDOS... Silva et al.

permite de forma universal avaliar a qualidade de vida dos de dois questionários avaliando a qualidade de vida do pa-
pacientes, conforme refletido por seus quatro domínios: físi- ciente como um todo e a melhora referente a cada proce-
co, psicológico, social e ambiental (35). dimento individualmente. Desse modo, podemos eliminar
o viés de memória que os pacientes possuem em estudos
O Body-Q surge como alternativa para a medida da transversais e conseguiremos saber realmente o efeito de
qualidade de vida, sendo composto por quatro domínios cada procedimento no indivíduo.
(satisfação com o abdome, vida sexual, autoestima e vida
social e sintomas físicos) e 20 itens no total. Ele pode ser REFERÊNCIAS
usado para quantificar a melhora em pacientes pós-bariá-
tricos, incluindo procedimentos não invasivos ou minima- 1. de Oliveira ML, Santos LMP, da Silva EN. Direct healthcare cost
mente invasivos, lipectomia assistida por sucção, abdomi- of obesity in brazil: an application of the cost-of-illness method
noplastia, lipoabdominoplastia e levantamento da parte from the perspective of the public health system in 2011. PLoS
inferior do corpo e para fornecer uma abordagem baseada One. 2015 Apr 1;10(4):e0121160.
em evidências para a prática padrão (36).
2. Picot J, Jones J, Colquitt JL, Loveman E, Clegg AJ. Weight loss sur-
Torna-se evidente, por conseguinte, o incremento na gery for mild to moderate obesity: a systematic review and econo-
qualidade de vida dos pacientes com deformidades, resul- mic evaluation. Obes Surg. 2012 Sep;22(9):1496-506.
tantes da perda ponderal maciça de peso que fizeram ci-
rurgia do contorno corporal após sua estagnação do peso.  3. Chaim EA, Pareja JC, Gestic MA, Utrini MP, Cazzo E. Preope-
rative multidisciplinary program for bariatric surgery: a proposal
Hoje, a cirurgia plástica após não deve ser considerada for the Brazilian Public Health System. Arq Gastroenterol. 2017
como um procedimento meramente estético, mas sim par- Jan;54(1):70-4.
te do tratamento para a obesidade, tendo em vista que tem
efeitos positivos também na manutenção da perda de peso 4. Orpheu Simone Cristina, Coltro Pedro Soler, Scopel Gean Paulo,
e melhora aspectos funcionais do cotidiano do paciente. Saito Fábio Lopes, Ferreira Marcus Castro. Cirurgia do contorno
Destarte, os financiadores em saúde, sejam governamen- corporal no paciente após perda ponderal maciça: experiência de
tais, sejam de planos de saúde, devem aderir a essas cirur- três anos em hospital público secundário. Rev. Assoc. Med. Bras. 
gias como um componente integral do cuidado total do [Internet]. 2009  [citado  2020  Out  17] ;  55(4): 427-433. Dispo-
paciente obeso (37).  nível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0104-42302009000400018&lng=pt.  https://doi.org/10.1590/
CONCLUSÃO S0104-42302009000400018.
A cirurgia plástica pós-bariátrica tem se mostrado
5. Gilmartin J, Long A, Soldin M. Identity transformation and a
como complemento importante para a integralidade do changed lifestyle following dramatic weight loss and body-con-
tratamento cirúrgico da obesidade, refletindo em uma po- touring surgery: An exploratory study. J Health Psychol. 2015
pulação com uma melhor qualidade de vida e mais disposta Oct;20(10):1318-27. doi: 10.1177/1359105313511838. Epub 2013
a realizar suas atividades diárias. É importante que, desde Dec 1. PMID: 24296742.
o início do processo, a equipe multidisciplinar oriente o
paciente com relação ao seu corpo e ajude a projetá-lo de 6. Song P, Patel NB, Gunther S, Li C-S, Liu Y, Lee CYG, et al. Body
um modo mais próximo com a realidade. Além disso, as Image & Quality of Life: Changes With Gastric Bypass and Body
cirurgias de contorno corporal contribuem para uma nova Contouring. Ann Plast Surg. 2016 May;76 Suppl 3:S216-21.
perda de peso e a manutenção da motivação do paciente
em ter hábitos mais saudáveis, resultando na continuidade 7. Poulsen L, Klassen A, Rose M, Roessler KK, Juhl CB, Støving RK,
do tratamento metabólico do cliente, posto que se acredita et al. Patient-Reported Outcomes in Weight Loss and Body Contou-
em nova redução das comorbidades. Portanto, faz-se indis- ring Surgery: A Cross-Sectional Analysis Using the BODY-Q. Plast
pensável quantificar a efetividade dessa fase do tratamen- Reconstr Surg. 2017 Sep;140(3):491-500.
to, verificando qual qualidade de vida que estes pacientes
possuem e quais cirurgias remodeladoras possuem maior 8. Donnabella A, Neffa L, Barros BB, Santos FP. Abdominoplasty
efetividade, propiciando bases para as estratégias a serem after bariatric surgery: experience in 315 cases. Rev. Bras. Cir.
adotadas no Sistema Único de Saúde.  Plást.2016;31(4):510-515

Novos estudos podem contribuir para o planejamento 9. Kelles SMB, Diniz M de FHS, Machado CJ, Barreto SM. The profile
e a optimização da dinâmica do serviço conforme a efeti- of patients undergoing bariatric surgery in the Brazilian Unified Na-
vidade do procedimento. Assim, é recomendado que, em tional Health System: a systematic review. Cad Saude Publica. 2015
futuros estudos, seja realizada uma coorte medindo a qua- Aug;31(8):1587-601.
lidade de vida do paciente desde a decisão pela cirurgia ba-
riátrica, aplicando novamente após o procedimento, após a 10. Carvalho AS, Rosa RS. Cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema
estabilização do peso e, por último, após o procedimento Único de Saúde em residentes da Região Metropolitana de Porto
de contorno corporal, sendo este último com a aplicação Alegre, Rio Grande do Sul, 2010-2016*. Epidemiol. Serv. Saúde [in-
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entrando no site http://www.revistadaamrigs.org.br/sgp/ nos trabalhos são de responsabilidade exclusiva dos autores.
O autor que submeteu o trabalho poderá acompanhar Conteúdo do artigo:
a sua tramitação a qualquer momento pelo SGP da revista, – Título do artigo: em português e inglês, curtos e
através do código de fluxo gerado automaticamente pelo objetivos; nome dos autores com titulação mais importante
SGP ou, ainda, pelo título de seu trabalho. de cada um; instituição à qual o trabalho está vinculado;
Como o sistema gera e-mails automaticamente, con- nome, endereço, telefone, e-mail e fax do autor responsá-
forme seu artigo estiver tramitando é imprescindível que vel pela correspondência; se o trabalho foi apresentado em
o autor DESABILITE OS FILTROS DE SPAM em seus congresso, especificar nome do evento, data e cidade; fonte
provedores ou que CONFIGURE SUAS CONTAS DE de suporte ou financiamento se houver e se há alguma es-
E-MAIL PARA ACEITAR qualquer mensagem do domí- pécie de conflito de interesses.
nio REVISTADAAMRIGS.ORG.BR. – Resumo: O resumo dos artigos originais deve ser es-
truturado, isto é, apresentando as seguintes seções: a) Intro-
B.REGRAS PARAREDAÇÃO DOSARTIGOS dução (com objetivo); b) Métodos; c) Resultados; d) Conclu-
A Revista da AMRIGS (ISSN 0102-2105) aceita para sões. O resumo deve ter no máximo 250 palavras. O resumo
dos artigos de revisão não deve ser estruturado, porém, deve
publicação artigos da comunidade científica nacional e in- incluir Introdução (com objetivos), Síntese dos dados e Con-
ternacional. Publica regularmente artigos originais de pes- clusões. Para relatos de caso, o resumo também não deve
quisa clínica e experimental, artigos de revisão sistemática ser estruturado, contudo, deve incluir Introdução, o Relato
de literatura, meta-análises, artigos de opinião, relatos de resumido e Conclusões. Abaixo do resumo, fornecer dois a
caso e cartas ao editor. A Revista da AMRIGS apoia as seis descritores em português e inglês, selecionados da lista
políticas para registro de ensaios clínicos da Organização de “Descritores em Ciências da Saúde” da BIREME, dispo-
Mundial de Saúde (OMS) e do International Committee of nível no site http://decs.bvs.br. O Abstract será redigido
Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a impor- pelo tradutor com base no resumo.
tância dessas iniciativas para o registro e divulgação inter- – Artigos Originais: a) Introdução (com objetivo); b)
nacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso Métodos; c) Resultados; d) Discussão; e) Conclusões; f) Re-
aberto. Sendo assim, somente serão aceitos para publica- ferências Bibliográficas. As informações contidas em tabelas
e figuras não devem ser repetidas no texto. Estudos envol-

640 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 639-646, abr.-jun. 2022

INSTRUÇÕES REDATORIAIS

vendo seres humanos e animais devem fazer referência ao – Livros: Sobrenome do(s) Autor(es) e Iniciais. Título
número do protocolo de aprovação pelo Comitê de Ética do Livro. nº da edição. Cidade: Editora; ano. Ex: Corrêa da
em Pesquisa da instituição à qual está vinculada a pesquisa. Silva, LC. Condutas em Pneumologia. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Artigos originais são definidos como relatórios de trabalho Revinter; 2001.
de pesquisa científica com contribuições significativas e váli-
das. Os leitores devem extrair de um artigo geral conclusões – Capítulos de Livros: Sobrenome do(s) Autor(es) do
objetivas que vão ao encontro dos objetivos propostos. capítulo e Iniciais. Nome do capítulo. In: Sobrenome do(s)
Autor(es) do Livro e Iniciais. Título do Livro. Número da
Artigos de Revisão da Literatura: Deverão ser feitos a edição. Cidade: Editora; ano, página inicial – página final.
convite do Editor e conter na sua estrutura os seguintes itens: Ex: Silveira TR, Krebs S, Vieira SMG. Fibrose Cística. In
a) Introdução; b) Revisão de literatura; c) Comentários finais; Gayotto LC e Strauss EO. Hepatologia, 1ª ed. São Paulo:
e) Referências Bibliográficas. Artigos de revisão devem abran- Ed. Rocca; 2000, 353-364.
ger a literatura existente e atual sobre um tópico específico.
A revisão deve identificar, confrontar e discutir as diferenças – Material eletrônico: Para artigos na íntegra retirados
de interpretação ou opinião. da internet, seguir as regras prévias, acrescentando no final
“disponível em: endereço do site” e data do acesso.
Relato de Caso: a) Introdução; b) Relato de caso;
c) Discussão; d) Comentários finais; e) Referências Biblio- Abreviaturas e unidades: A revista reconhece o Siste-
gráficas. Relatos de caso deverão apresentar características ma Internacional (SI) de unidades. As abreviaturas devem
inusitadas ou cientificamente relevantes. ser usadas apenas para palavras muito frequentes no texto.

Cartas ao Editor: Devem expressar de forma sucinta a Tabelas e gráficos: Cada tabela deve ser apresentada
opinião do autor sobre diferentes assuntos de interesse mé- com números arábicos, por ordem de aparecimento no
dico/profissional, com um número máximo de 350 pala- texto, em página separada com um título sucinto, porém
vras (aproximadamente uma página e meia de texto) e com explicativo, não sublinhando ou desenhando linhas dentro
número de referências bibliográficas não superiores a 10. das tabelas. Quando houver tabelas com grande número de
dados, preferir os gráficos (em preto e branco). Se houver
Artigos de Opinião: Deverão ser feitos a convite do abreviaturas, providenciar um texto explicativo na borda
Editor. inferior da tabela ou gráfico.

Referências bibliográficas: As referências devem Ilustrações: Enviar as imagens e legendas conforme
ser apresentadas em ordem de aparecimento no texto instruções de envio do Sistema de Gestão de Publicações
e identificadas no texto em numerais arábicos entre (SGP) no site www.revistadaamrigs.org.br. Até um total de
parênteses. As abreviaturas dos periódicos devem ser 8 figuras será publicado sem custos para os autores; fotos
baseadas no “Uniform Requirements for Manuscripts coloridas serão publicadas dependendo de decisão do Edi-
Submitted to Biomedical Journals”, disponível pelo tor e seu custo poderá ser por conta do autor. As imagens
site http://www.icmje.org. Todos os autores deverão deverão ser enviadas em 300dpi, em formato JPG sem
ser incluídos quando houver até seis; quando houver compactação. As tabelas deverão ser colocadas no final do
sete ou mais, os primeiros seis devem ser listados se- artigo e coladas juntamente com o conteúdo no respectivo
guidos de ‘et al.’ para os subsequentes. Serão aceitas passo. Os gráficos deverão ser convertidos em formato de
no máximo 30 referências para artigos originais, 60 imagem jpg.
para artigos de revisão e 15 para relatos de casos.
Se forem usadas fotografias de pessoas, os sujeitos não
Exemplos: devem ser identificáveis ou suas fotografias devem estar
– Periódicos: Sobrenome do(s) Autor(es) e Iniciais. acompanhadas de consentimento escrito para publicação
Título do Artigo. Abreviaturas do Periódico, ano, volume (ver a seção de Proteção dos Direitos de Privacidade dos
(edição): página inicial – página final. Ex: Prolla JC, Dietz Pacientes). Se uma figura já foi publicada, agradecer à fon-
J, da Costa LA. Geographical differences in esophageal te original e enviar a autorização escrita do detentor dos
neop­ lasm mortality in Rio Grande do Sul. Rev Assoc Med direitos autorais para reproduzir o material. A autorização
Bras. 1993;39(4):217-20. é requerida, seja do autor ou da companhia editora, com
– Teses: Sobrenome do Autor e Iniciais. Título da Tese. exceção de documentos de domínio público.
Cidade, ano, página (Tese de Mestrado ou Doutorado –
Nome da Faculdade). Ex: Barros SGS. Detecção de lesões Legenda das ilustrações: Quando símbolos, setas,
precursoras em indivíduos sob risco para o carcinoma epi- números ou letras forem usados para identificar as partes
dermoide do esôfago. Tese de doutorado (1992). Porto de uma ilustração, identificar e explicar cada uma claramen-
Alegre, UFRGS. te na legenda. Explicar a escala interna e identificar o méto-
do de coloração utilizado nas microfotografias.

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 639-646, abr.-jun. 2022 641

INSTRUÇÕES REDATORIAIS

Declaração de conflitos de interesse: Além da de- √ Texto do manuscrito.
claração no Sistema de Gestão de Publicações, os autores √ Agradecimentos.
devem informar no final do artigo a existência ou não de √ Referências bibliográficas.
conflitos de interesses. √ Tabelas e gráficos.
√ Ilustrações (fotos e desenhos).
Provas: Os autores receberão as provas gráficas para √ Legendas das ilustrações.
revisão antes da publicação. Apenas modificações mínimas √ Declaração por escrito de todos os autores que o mate-
serão aceitas nesta fase, para correção de erros de impres- rial não foi publicado em outros locais, permissão por escrito
são (05 dias úteis para revisar). para reproduzir fotos/figuras/gráficos/tabelas ou qualquer
material já publicado ou declaração por escrito do paciente
Check List em casos de fotografias que permitam a sua identificação.
√ Título em português e inglês. √ Declaração por escrito sobre a “Transferência dos Direi-
√ Nome e titulação dos autores. tos Autorais” e sobre a “Declaração de Conflitos de Interesse”.
√ Instituição. √ Autorização da Comissão de Ética para estudos em
√ Endereço para correspondência. humanos ou animais.
√ Apresentação em congresso; fonte de financiamento.
√ Resumo e palavras-chave.

fluxograma da submissão

Artigo recebido Revisão pelo editor Recusado
e revisado pelo editor Sugestões

Revisor 1 de modificações
Revisor 2

Reavaliação Recusado
Aceito para publicação

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WRITING INSTRUCTIONS

Journal of the Medical Association of Rio Grande do Sul – AMRIGS

A. ONLINE SUBMISSION ton. Soon, miniatures of the images will be displayed. There
Submission must be done through the following World is an icon ( ) which should be clicked to edit the title and
legend for each submitted image.
Wide Web address: http://www.revistadaamrigs.org.br/sgp/
As you enter the website, type in your username and Step 3: Register Co-author(s)
Register each co-author by adding his/her full name,
password, if you have already registered. If you have not position and highest degree. The CPF can be added later.
registered, click on the “I Want to Register” link to register. The order of co-authors can be easily changed by using the
If you forgot your password, use the recover password fea- “arrows” shown on the screen.
ture, and the system will automatically email the password Step 4: Inform Title and Keywords
to you. Add the paper’s title, in Portuguese and in English, as
well as 2 to 6 relevant keywords (in English and Portuguese).
Authors should keep a copy of all the material uploaded THESE WORDS MUST BE INCLUDED IN THE DECS
for publication, as the Editors will not be held responsible AND MESH (on all screens of the SGP).
for any lost material. Step 5: Provide Abstract and Comments
The Summary can contain up to 250 words, which is the
The submission process has 8 steps, listed below: maximum limit accepted by the system. Additional words
1. 1. Inform Classification will automatically be deleted by the system. The author
2. Upload Images for Your Article should fill out the fields: Institution, Mailing Author and
3. Register Co-author(s) Address, Financial Support (any information about grants
4. Inform Title and Keywords or any other financial supports must be provided) and a Let-
5. Provide Summary and Comments ter to the Editor (optional). An Abstract will be written by
6. Assemble the Manuscript the Translator from the Summary.
7. Transfer Copyrights and Declare Conflicts of Step 6: Assemble the Manuscript
This screen shows the Microsoft Word simulator with
Interest all the necessary functionalities of text formatting. To in-
8. Approval by Author(s) sert your text into this field, simply select all your work
The authors must electronically submit their manu- then copy and paste it onto the “Assemble” field of the
scripts prepared in Microsoft Word or similar text proces- manuscript. Select only texts and tables, as the images were
sor, because at the step “Assemble the Manuscript” there already uploaded in Step 1 and will be inserted at the end
will be a screen that simulates Microsoft Word, where it of the submission automatically. Important: Never place
is possible to “copy and paste” from any text processor, in this field the name of authors, co-authors, or any other
including the tables. The text must be double spaced, and information that might identify where the work was con-
the margins need not be defined as the SGP system will ducted. This requirement is because the process of review
define them automatically. Rules for images and graphs are occurs without the reviewer’s knowledge of this data.
described below. Non-compliance with this requirement will lead to the ar-
Online submission step by step ticle being refused as NONSTANDARD and returned for
Step 1: Inform Classification corrections.
Choose from four options: Original Article, Review Ar- Step 7: Transfer Copyright and Declare Conflicts
ticle or Case Report, Letter do Editor. of Interest
Step 2: Upload Images for Your Article At this step, the screen shows the terms of Copyright
The images may be submitted only in .JPG format. The and Declaration of Conflicts of Interest. Print both pages,
system uploads groups of up to 5 images at a time. To submit fill in the requested information, and have this document
more than 5 images, just click on the “Send more images” but- signed by both the author and co-author(s). The article will
be peer reviewed, and any conflicts of interest that might

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 639-646, abr.-jun. 2022 643

WRITING INSTRUCTIONS

preclude such review will be evaluated based on commer- dissemination of information on clinical trials, in open ac-
cial, family, scientific, institutional or any other type of rela- cess. Therefore, publication will be granted only to articles
tions with the author or co-author(s) or with the content on clinical research that have received an identification num-
of the article. If the material was previously published or ber in one of the Registers of Clinical Trials validated by
if it might potentially identify the patient, print the appro- the criteria established by the WHO and ICMJE, whose ad-
priate forms and gather the signatures and information as dresses can be found at the ICMJE website (http://www.
indicated. The SGP system offers an option for printing icmje.org). The identification number must be provided at
these forms by clicking on the appropriate links. the end of the summary.

Step 8 (last step): Approval by Author(s) Article Rules
This is the last step to complete the submission of the Articles can be submitted in the following languages:
article. On this screen the author can see his/her work in the Portuguese, Spanish and English (always with a summary in
system and also can save a copy of it as a .PDF file. Impor- the language in which it was originally written). The length
tant: The author must click on the “ APPROVE MAN- of the complete article must not exceed 24 pages (one page
USCRIPT” link so that his/her work is forwarded to the = 230 words) for original and literature review articles, 15
Revista da AMRIGS Office for checking and confirmation. pages for case reports and opinion articles, and 2 pages
Post-submission Procedures for letters to the editor. The margins need not be defined,
(email notifications) as the SGP system will automatically define them. The se-
Upon completion of the article submission, an email lection process is based on the principle of peer review.
will be sent to you informing if the submission was effec- The works are forwarded to a team of Associate Editors,
tively performed. When the article is received and checked, who will select reviewers with acknowledged skill in the
another email will be sent informing if the submission subject. The published works are propriety of the journal
complies with the required standards. If the article is con- and cannot be totally or partially reproduced or translated
sidered “Nonstandard” the author will be notified by email into other languages without permission. The works must
and will be able to revise it at the website http://www.re- be accompanied by forms of Transfer of Copyright and
vistadaamrigs.org.br/sgp/ Declaration of Conflicts of Interest duly signed by the au-
The author who submitted the work will be able to thors. The authors are solely responsible for the concepts
check the submission status at any time through the jour- expressed in their articles.
nal’s SGP, using the flow code automatically generated by Article Content
the system or by using the title of the article. – Article Title: Titles should be brief and objective and
Since the system generates emails automatically as your provided in English and Portuguese, followed by authors’
article proceeds in the publication process, it is crucial that names and highest academic degrees; institution to which
the authors DISABLE THEIR SPAM FILTERS in their the work is linked; name, address, telephone, email and fax
respective Internet providers or SET THEIR EMAIL number of the author in charge of correspondence; if the
CLIENTS TO RECEIVE any incoming message from the work was presented in a congress, specify the event, date
REVISTADAAMRIGS.ORG.BR domain. and city; supporting or financing institution, if any, and any
kind of conflict of interests.
B. RULES FOR ARTICLE WRITING – Abstract: The abstract of original articles must be
The Revista da AMRIGS (ISSN 0102-2105) accepts ar- well structured, i.e. it must contain the following sections:
a) Introduction with aims, b) Methods, c) Results, and d)
ticles from the national and international scientific commu- Conclusions. The summary can have 250 words at most.
nity for publication. It regularly publishes original articles of The summary of review articles need not be structured
clinical and experimental research, systematic reviews of the but it must contain an introduction with aims, data synthe-
literature, meta-analyses, opinion articles, case reports, and sis and conclusions. For case reports the summary need
letters to the Editor. The Revista da AMRIGS supports the not be structured either, but it must have an introduction,
policies for registration of clinical trials of the World Health the brief report and conclusions. Below the summary, 2-6
Organization (WHO) and of the International Committee keywords must be provided in English and Portuguese,
of Medical Journal Editors (ICMJE), recognizing the impor- selected from BIREME’s list of Descritores em Ciências da
tance of these initiatives for registration and international Saúde, available at http://decs.bvs.br.
– Original Articles: a) introduction (with aims); b)
methods; c) results; d) discussion; e) conclusions; and f)

644 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (2): 639-646, abr.-jun. 2022

WRITING INSTRUCTIONS

bibliographical references. The information shown in ta- – Books: Author(s) Surname and Initials. Book Title.
bles and figures should not be repeated in the text. Studies City, year of edition. City: Publishing House; year. Ex.:
involving humans and animals must report the number of Corrêa da Silva, LC. Condutas em Pneumologia. 1a ed. Rio
the approval protocol of the Ethical Research Commit- de Janeiro: Revinter; 2001.
tee of the institution to which the work is linked. Original
articles are defined as reports of scientific research with – Book Chapters: Surname and Initials of the author of
significant and valid contributions. An original article must the chapter; Chapter name. In: Surname and Initials of the
allow its readers to draw objective conclusions that meet Author(s) of the book. Book Title. Edition number. City:
the proposed aims. Publishing house; year, initial page–final page. Ex.: Silveira
TR, Krebs S, Vieira SMG. Fibrose Cística. In Gayotto LC
Literature Review Articles: These should be provid- e Strauss EO. Hepatologia, 1a ed. São Paulo: Ed. Rocca;
ed by invitation by the Editor and must be structured with 2000, 353-364.
the following items: a) introduction; b) literature review; c)
final comments; and d) bibliographical references. Review – Online Material: For articles entirely drawn from the
articles must address the existing, current literature on a Internet, follow the previous rules and add at the end:
given topic. The review must identify, confront and discuss “available at ‘website address’ and the access date.
the differences in interpretation or opinion.
Abbreviations and units: The Revista da AMRIGS rec-
Case Reports: a) introduction; b) case report; c) dis- ognizes the International System (IS) of Units. Abbrevia-
cussion; d) final comments; and e) bibliographical refer- tions must be used only for words that are very frequently
ences. Case reports are expected to present unusual or sci- used in the text.
entifically relevant findings.
Tables and graphs: Each table must be numbered us-
Letters to the Editor: Letters to the Editor are meant ing Arabic numerals and presented in the same order as
to succinctly express the author’s opinion on various sub- they appear in the text, on a separate page, with a brief but
jects of medical/professional interest. They should be no explanatory title, which should be neither underlined nor
longer than 350 words (about a page and a half of text) setting lines within the tables. For tables with large quanti-
and have no more than 10 bibliographical references. ties of data, prefer the graphs (in black and white). If there
are abbreviations, provide an explanatory text at the bot-
Opinion Articles: These should be provided on invita- tom of the table or graph.
tion by the Editor.
Illustrations: Upload the images and legends according
Bibliographical References: References must fol- to the uploading rules of the Sistema de Gestão de Publica-
low the order of appearance in the text and be noted ções (SGP) described at www.revistadaamrigs.org.br. Up to
in the text with Arabic numerals in parenthesis. The 8 figures will be published at no cost for the authors; color
abbreviations of the journals must be according to the photographs will be published at the Editor’s discretion and
Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to their cost may be charged from the author. The images must
Biomedical Journals, available at http://www.icmje. be sent at a resolution of 300dpi, in JPG format and uncom-
org. All of the authors must be included if there are pressed. The tables must be placed at the end of the article
no more than 6 authors; if there are 7 or more authors and pasted together with the content at the respective step.
the first 6 must be listed and followed by ‘et al.’ for the Graphs must be converted to images in the JPG format.
subsequent ones. A maximum of 30 references will
be accepted for original articles, 60 for review articles, If photographs of people are used, the subjects should
and 15 for case reports. not be identifiable or else their photographs must be ac-
companied by written consent for publication (See section
Examples: on Protection of Patient Privacy Rights). If the picture has
– Journals: Author(s) Surname and Initials. Article Title. already been published, thank the original source and send
Journal Abbreviation, year, volume: initial page–final page. written authorization by the owner of the copyrights to re-
Ex.: Prolla JC, Dietz J, da Costa LA. Geographical differ- produce it. Authorization is required, either from the author
ences in esophageal neoplasm mortality in Rio Grande do or from the publishing house, except for documents in pub-
Sul. Rev Assoc Med Bras. 1993; 39(4):217-20 lic domain.
– Theses: Author Surname and Initials. Thesis Title.
City, year, page (Master or Doctoral thesis – Name of Legends for illustrations: When symbols, arrows, nu-
School). Ex.: Barros SGS. Detecção de lesões precursoras merals or letters are used to indicate parts of an illustra-
em indivíduos sob risco para o carcinoma epidermoide do tion, identify and explain each clearly in the legend. Show
esôfago. Doctoral thesis (1992). Porto Alegre, UFRGS. the internal scale and indicate the staining method used in
the microphotographs.

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WRITING INSTRUCTIONS

Declaration of conflicts of interest: Besides the dec- √ Manuscript text.
laration in the Publication Management System (SGP), the √ Acknowledgements.
authors must inform at the end of the article the existence √ Bibliographical references.
of any conflicts of interest. √ Tables and graphs.
√ Illustrations (photographs and drawings).
Proofs: The authors will receive the graphical proofs √ Legends for illustrations.
for proofreading before publication. Only minor modifica- √ Declaration in writing by all authors that the material was
tions will be accepted at this stage, for correction of print- not published elsewhere, written permission to reproduce pho-
ing errors (5 days for proofreading). tos/figures/graphs/tables of any previously published mate-
rial, or declaration in writing by the patients in cases of photo-
Check List graphs where they might be identified.
√ Title in Portuguese and English. √ Declaration in writing about “Transfer of Copy-
√ Author(s)name and degrees. rights” and “Declaration of Conflicts of Interest”.
√ Institution. √ Authorization of the Ethical Committee for studies
√ Mailing address. in humans or animals.
√ Presentation in congress; financial support.
√ Summary and keywords.

Submission flowchart

Editor Editor’s review Rejected
reception/review Revaluation Author’s revision
Acepted
Referee 1 Rejected
Referee 2

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