The words you are searching are inside this book. To get more targeted content, please make full-text search by clicking here.
Discover the best professional documents and content resources in AnyFlip Document Base.
Search
Published by susana.paula, 2022-04-03 03:47:48

Dia Mundial da Árvore, da Poesia e da Água

Agrupamento de Escolas de Colmeias

DIA MUNDIAL DA ÁRVORES, DA POESIA E DA ÁGUA

A poesia no meio das Árvores! A frase serviu de inspiração para a
comemoração do Dia Mundial da Árvore e o Dia Mundial da Poesia, a 21
de março!

As professoras de Ciências Naturais organizaram uma exposição com
exemplares verdadeiros de diferentes árvores que deram mais vida ao
átrio da escola sede, e dinamizaram atividades lúdico-pedagógicas
relacionadas com a iniciativa.

Porque conhecer é importante para conservar, na exposição era possível
fazer a identificação das espécies expostas, através do seu nome
científico e nome vulgar, em português e ucraniano. Desta forma foi
possível envolver alunas ucranianas recém-chegadas à nossa escola.

A exposição foi enriquecida por poemas alusivos à temática das árvores,
sendo que cada turma teve a oportunidade de fazer a leitura de um
poema.

Assinalou-se, ainda, o Dia Mundial da Água (22 de março), através da
apresentação da Carta Europeia da Água, e da fonte interativa que não só
embelezou a exposição, como visou salientar a importância deste recurso
para os seres vivos.

Pretendeu-se, também, sensibilizar a comunidade educativa para a
importância da preservação das árvores para a manutenção do equilíbrio
ecológico.

As prof. de Ciências Naturais

(Catarina Guedes e Susana Ferreira)

DIA MUNDIAL DA ÁRVORE, DA POESIA E DA ÁGUA

Escola Básica de Colmeias

Como um vento na floresta

Como um vento na floresta.
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.

E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.

E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento:
Sou ninguém, temo ser bom.

Fernando Pessoa

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Árvore Verde

Árvore verde,
Meu pensamento
Em ti se perde.
Ver é dormir
Neste momento.

Que bom não ser
'Stando” acordado!
Também em mim enverdecer
Em folhas dado!

Tremulamente
Sentir no corpo
Brisa na alma!
Não ser quem sente,
Mas tem a calma.

Eu tinha um sonho
Que me encantava.
Se a manhã vinha,
Como eu a odiava!

Volvia a noite,
E o sonho a mim.
Era o meu lar,
Minha alma afim.

Depois perdi-o.
Lembro ? Quem dera!
Se eu nunca soube
O que ele era.

Fernando Pessoa

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022


Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Pablo Neruda

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Passamos e Agitamo-nos Debalde

Antes de nós nos mesmos arvoredos
Passou o vento, quando havia vento,
E as folhas não falavam
De outro modo do que hoje.

Passamos e agitamo-nos debalde.
Não fazemos mais ruído no que existe
Do que as folhas das árvores
Ou os passos do vento.

Tentemos pois com abandono assíduo
Entregar nosso esforço à Natureza
E não querer mais vida
Que a das árvores verdes.

Inutilmente parecemos grandes.
Salvo nós nada pelo mundo fora
Nos saúda a grandeza
Nem sem querer nos serve.

Se aqui, à beira-mar, o meu indício
Na areia o mar com ondas três o apaga,
Que fará na alta praia
Em que o mar é o Tempo?

Ricardo Reis

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Era uma árvore
Era uma árvore no passeio
e fosse tempo claro ou feio,
havia uma paz de agasalho
dependurada em cada galho.

E foi vivendo. Viver gasta
músculo e flama de ginasta,
quanto mais uma arvorezinha
meio garota-de-sombrinha.

Carlos Drummond de Andrade

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Como um vento na floresta

Como um vento na floresta.
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.

E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.

E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento:
Sou ninguém, temo ser bom.

Fernando Pessoa

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Árvores

São plátanos palmeiras castanheiros
jacarandás amendoeiras e até as
oliveiras que
quando a noite cai na infância formam uma
cortina escura na estrada frente à casa
árvores apagando os dias que a memória
avidamente esconde

no corpo do seu gémeo Penetra inutilmente
na terra essa raiz do branco plátano
adolescente
e o campo do tempo onde as palmeiras eram
pilares do corpo nu símbolo de
si mesmo, à luz
do dia fixo, já se estende

na húmida manhã dos castanheiros
Esquecimento que tudo enfim possuis
e geras
a ofuscante luz igual à da
memória, do tempo como ela
filho, construtor da ausência,
em vão te invoco Tu

que mudas a roxa amendoeira
em brancas flores do jacarandá
entrega a minha vida às árvores
que foram na manhã e no crepúsculo
no meio-dia e na noite, palavra
clara que traz o dia em si fechado

Gastão Cruz

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Certeza

Sereno, o parque espera
Mostra os braços cortados,
E sonha a Primavera
Com seus olhos gelados.

É um mundo que há-de vir
Naquela fé dormente;
Um sonho que há-de abrir
Em ninhos e sementes.

Basta que um novo Sol
Desça do velho céu,
E diga ao rouxinol
Que a vida não morreu.

Miguel Torga

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Árvore, cujo pomo, belo e brando

Árvore, cujo pomo, belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza, de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;

nunca da ira e do vento, que arrancando
os troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de ar te seja extinta
a cor, que está teu fruito debuxando.

Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
a meu contentamento, e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,

se não te celebrar como mereces,
cantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.

Luís Vaz de Camões

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Metafísica

Todas as árvores apaziguam

o espírito. Debaixo do pinheiro bravo

a sombra torna metafísica

a silhueta de tronco e copa.

Em volta da ameixoeira temporã

vespas ensinam aos meus ouvidos

louvores. As oliveiras não se movem

mas as formas da essência desenham-se

cada dia com o vento.

Na sombra os frémitos

acalentam o pensamento

até ao não pensar. Depois

até sentir a vacuidade

no halo das flores que o envolve.

Sob as oliveiras, por fim,

que não se movem contorcendo-se,

concebe o não conceber.

Fiama Hasse Pais Brandão

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Horas mortas…

Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

Florbela Espanca

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Eu e ela

Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;

Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados.
Na sombra dos arbustos, que abraçados,
Beijarão meigamente a tua trança.

Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más ideias,
Esquecendo para sempre as nossas ceias,
E a loucura dos vinhos atrevidos.

Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão para além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.

Outras vezes buscando distração,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiros,
Formando unicamente um coração.

Beatos ou pagãos, vida à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavalheiro de Flaublas...

Cesário Verde

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Cada árvore é um ser para ser em nós

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-a
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa
sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua
atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa
respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo
com os deuses

António Ramos Rosa

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Os pássaros nascem na ponta das árvores

Os pássaros nascem na ponta das árvores

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros

Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores

Os pássaros começam onde as árvores acabam

Os pássaros fazem cantar as árvores

Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam

movimentam-se

deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao

reino animal

Como pássaros poisam as folhas na terra

quando o outono desce veladamente sobre os campos

Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores

mas deixo essa forma de dizer ao romancista

é complicada e não se dá bem na poesia

não foi ainda isolada da filosofia

Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros

Quem é que lá os pendura nos ramos?

De quem é a mão a inúmera mão?

Eu passo e muda-se-me o coração.

Ruy Belo

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

O pinhal do rei

Catedral verde e sussurrante, aonde Pinhal de heroicas árvores tão belas,
A luz se ameiga e se esconde Foi do teu corpo e da tua alma também
E aonde, ecoando a cantar, Que nasceram as nossas caravelas
Se alonga e se prolonga a longa voz do mar: Ansiosas de todo o Além;
Ditoso o «Lavrador» que a seu contento Foste tu que lhes deste a tua carne em flor
Por suas mãos semeou este jardim; E sobre os mares andaste navegando,
Ditoso o Poeta que lançou ao vento Rodeando a terra e olhando os novos astros,
Esta canção sem fim ... Ó gótico Pinhal navegador,
Em naus erguida levando
Ai flores, ai flores do Pinhal florido, Tua alma em flor na ponta alta dos mastros!...
Que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal florido, Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
Rei Dom Dinis, bom poeta e mau marido, Que vedes no mar?
Lá vêm as velidas bailar e cantar. Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
Que grande saudade, que longo gemido
Encantado jardim da minha infância, Ondeia nos rames, suspira no ar!
Aonde a minh'alma aprendeu Na sussurrante e verde catedral
A música do Longe e o ritmo da distância, Oiço rezar a alma de Portugal:
Que a tua voz marítima lhe deu; Ela aí vem, dorida, e nos seus olhos
Místico órgão cujo além se esfuma Sonâmbulos de surda ansiedade,
No além do Oceano, e onde a maresia No roxo da tardinha,
Ameiga e dissolve em bruma, Abre a flor da Saudade;
E em penumbras de nave, a luz do dia. Ela aí vem, sozinha,
Por este fundos claustros gemem Dorida do naufrágio e dos escolhos,
Os ais do Velho do Restelo ... Viúva de seus bens
Mas tu debruças-te no mar e, ao vê-lo, E pálida de amor,
Teus velhos troncos de saudosos fremem. Arribada de todos os aléns
De este mundo de dor;
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado, Ela aí vem, sozinha,
Que vedes no mar? E reza a ladainha
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado, Na sussurrante catedral aonde
São as caravelas, teu corpo cortado, Toda se espalha e esconde,
É lo verde pino no mar a boiar. E aonde, ecoando a cantar,
Se alonga e se prolonga a longa voz do mar…

Afonso Lopes Vieira

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

Poema das árvores
As árvores crescem sós. E a sós florescem.

Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores

António Gedeão

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

As árvores e os livros

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas
lombadas.
E são histórias de reis, histórias de
fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.
As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas
temperadas».
É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou
azinheiras.
Para começar a construir uma
biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

Jorge Sousa Braga

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

A árvore

Tão bela e elegante
És tu árvore querida,
Abrigando passarinhos,
em ninhos cheios de vida!

Nos dá flores e frutos
Madeira e sombra no calor,
Por isso, árvore querida,
Por ti temos um grande amor.

Graça Batituci

DIA DA ÁRVORE E DA POESIA

Escola Básica de Colmeias
21.março.2022

CARTA EUROPEIA DA ÁGUA

(Proclamada pelo Conselho da Europa, em Estrasburgo, no dia 6 de Maio de 1968)

1. Não há vida sem água. A água é um bem precioso indispensável a
todas as atividades humanas.

2. Os recursos de águas doces não são inesgotáveis. É indispensável
preservá-los, administrá-los e, se possível, aumentá-los.

3. Alterar a qualidade da água é prejudicar a vida do Homem e dos
outros seres vivos que dela dependem.

4. A qualidade da água deve ser mantida a níveis adaptados à
utilização a que está prevista e deve, designadamente, satisfazer as
exigências da saúde pública.

5. Quando a água, depois de utilizada, volta ao meio natural, não deve
comprometer as utilizações ulteriores que dela se farão, quer
públicas, quer privadas.

6. A manutenção de uma cobertura florestal adequada, de
preferência florestal, é essencial para a conservação dos recursos
de água.

7. Os recursos aquíferos devem ser inventariados.

8. A boa gestão da água deve ser objeto de um plano promulgado
pelas autoridades competentes.

9. A salvaguarda da água implica um esforço crescente de
investigação, formação de especialistas e de informação pública.

10. A água é um património comum, cujo valor dever ser reconhecido
por todos. Cada um tem o dever de a economizar e de a utilizar
com cuidado.

11. A gestão dos recursos de água deve inscrever-se no quadro da
bacia natural, de preferência a ser inserida no das fronteiras
administrativas e políticas.

12. A água não tem fronteiras. É um recurso comum que necessita de
uma cooperação internacional.










Click to View FlipBook Version