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Published by pedrolimansa, 2022-01-05 09:52:58

Livro 50

Livro 50

5027/06/13

Acabei de ganhar este livro de meu pai. Ele disse que isso é um diário e que ele
serve para eu escrever o que eu quiser aqui. Meu avô disse que eu deveria
escrever o que acontecesse no dia para que, em um futuro, quando eu já

estiver grandinho, eu possa ler isto aqui e lembrar de tudo o que aconteceu.
Meu avó disse que eu só poderia escrever quando a minha letra estivesse boa, por

isso só estou escrevendo agora, depois de 5 semanas.
A minha letra melhorou bastante neste tempo. Meu avô disse que era um grande

avanço para mim, por isso eu fiquei muito feliz.

5027/06/14

Ainda estou me acostumando a escrever aqui. Não tenho muita ordem,
nem disciplina, mas meu avó me disse que amanhã ele vai vir aqui de

novo e vai me ensinar e escrever aqui direito. Feliz

5027/06/15

Meu avô ficou um tempo aqui em casa e me ensinou a como
escrever aqui. Gostei muito da presença dele aqui, fora que eu ouvi
ele conversando com meu pai e meu tio sobre um "serviço" que eles
estavam pensando em pegar. Eles estavam conversando na sala e eu
estava ouvindo eles falando. Eles falaram que pagaria bem, mas

ficariam muito tempo longe de casa.

5027/06/16

Ouvi eles conversando sobre o "serviço" de novo, mas desta vez eu estava
com eles, do lado de meu pai, brincando no chão da sala. Eles disseram
que deveriam ir para o Norte e achar um lago no meio da floresta, depois
do reino dos elfos e construir uma grande torre em uma ilha que tinha lá.
Meu avô disse que era um trabalho que ele tinha arrumando de um mago

que vivia na cidade e que ele pagaria muito bem pelo serviço.
Meu pai, Odoniran, e meu tio, Barbosa, não estavam gostando da ideia
do trabalho de ter de passar tanto tempo longe na família. Até eu estava
pedindo na minha cabeça que meu papai não fosse pois, ele teria que ficar
anos fora de casa, mas quando eles ouviram o quanto o mago pagaria

eles mudaram de ideia na hora.
Eu perguntei para o papai porque e ele disse que com esse dinheiro ele
poderia comprar quantos brinquedos eu quisesse para o resto da minha
vida. Mesmo assim não gostei da ideia, por isso pedia para que eu fosse

junto.

5027/06/27

Ficamos muitos dias arrumando as coisas para partirmos. Minha
mãe não quis me deixar ir, mas meu pai disse que seria bom para
mim por que assim eu poderia aprender mais sobre a profissão dele.
Meu pai é carpinteiro, por isso ele me faz tanto brinquedos. Meu

tio, Barbosa é ferreiro, assim como meu avô, Agenor.
Estamos no primeiro dia de viagem até o lago. Perguntei quanto
tempo demoraria e meu pai disse que muito. Não gosto de esperar
muito, minha mãe diz que eu sou ansioso, mas pelos menos eu

tenho alguma coisa para fazer, como escrever no meu diário.

5027/06/27

Arranjamos um lugar para descansar depois de um dia de viagem.
Montamos um acampamento na beira do rio Winnmar, já fora da ilha.
Já sinto falta da mamãe, mas meu avô sempre me faz esquecer de ter

saudade quando ele conta suas histórias.
Ele contou a história de quando era jovem e estava preso no topo de uma
montanha, sem comida e abrigo. Ele contou que lutou contra três lobos,

matou quatro deles nos dentes e derrotou um yeti no soco.
Todos sempre riem quando ele conta essas história, mas eu gosto.

5027/06/28

Ficamos mais um dia inteiro viajando e nada do lago, mas
passamos por uma belíssima montanha que fez meu avô contar outra
história. Ele disse que quando era criança tinha se perdido dos pais

e resolveu subir a montanha para procurar eles. Depois de ter
lutado contra dois ursos e ter espantado eles ele chegou em um lugar
onde haviam vários dragões com corpo de gente que ficavam rezando
o dia inteiro. Eles tinham dado comida e roupa para o meu avô e

depois tinham voado com ele até a casa dele e levaram eles em
poucos minutos.

Todos riram, de novo, mas eu gostei de mais.

5027/06/29

Finalmente chagamos no lago. Ele é bem grande mesmo e tem até uma
pequena ilha perto da margem.

Descansamos um pouco ali, ao redor de uma fogueira que meu tio fez.

5027/06/30

Dormimos bem ontem, mas hoje já acordei tenho que trabalhar.
Meu pai disse que primeiro teríamos que fazer uma cabana na beira

do lago para nos abrigarmos e termos aonde "morar" por um
tempo.

Perguntei quanto tempo ficaríamos ali, sem voltar para casa e ele
me disse que quando acabássemos de fazer a cabana ele me levaria
para ver a mamãe, já que ele teria que voltar para chamar mais

algumas pessoas.

5027/07/29

Acabamos de fazer a cabana. Demorou muito mais tempo do que
esperávamos por que meu avô se perdeu na floresta depois de ir no

banheiro. Ficamos quase duas semanas procurando ele
Achei que ele morreria, por isso fiquei chorando por um tempo, mas nós o
encontramos dentro de uma caverna, com as roupas rasgadas. Ele tinha

dito que foi sequestrado pela bruxa do Norte e ele queria transformar ele
em um sapo se ele não aceitasse se casar com ela.

Ele disse que tinha aceitado, mas quando pediu para voltar para a cabana
ela achou que ele queria abandonar ela e por isso jogou ele dentro da
caverna para morrer de fome.

Quando ele disse isso todos disseram que era uma historinha para ele não
dizer que caiu na caverna e ficar feio para ele. Acreditei no meu avô.

5027/07/30

Estamos quase o dia inteiro cuidando do vovô e dos machucados
dele.

Meu pai disse que não poderíamos voltar para casa com ele assim e
que deveríamos esperar ele melhorar um pouco.

5027/08/03

Papai disse que agora poderíamos voltar para casa, já que o vovô estava
um pouco melhor.

Partimos e depois de dois dias de viajem chegamos em casa.
Minha mãe me abraçou chorando e deu uma bronca muito grande no
meu pai. Ele disse que não queria que eu ficasse tanto tempo longe de casa
e meu pai disse que estava tudo bem. Eu estou gostando de ficar lá, mas

minha mãe não quer que eu fique lá.
Eles ficaram muito tempo discutindo e meu pai teve que ficar mais um dia

na cidade para chamar seus amigos.

5027/08/06

Chegamos ne cabana, depois de dois dias de viajem
Meu tio estava cortando mais algumas árvores e meu avô estava

plantando algumas coisas para comer.
Eu, me pai e mais uns 20 ou 30 amigos dele chegaram lá.
Meu pai reuniu todo mundo e dei para cada um uma tarefa. Ele
ficaria responsável por gerenciar o local, meu tio por forjar novas
ferramentas para o trabalho, junto com meu avô. Alguns dos
amigos do meu pai ficaram responsáveis por cortar madeira, pegar
pedra, minerar e outras coisas. Já eu fiquei responsável por ficar de

olho na região ao redor da cabana.

5027/08/07

Fiquei feliz por ter que vigiar o lugar, mas eu descobri que eu não posso
me afastar muito da cabana para explorar mais o lugar. Meu pai não
deixa, diz que é perigoso. Eu sei que é, mas eu quero muito explorar o
lugar. Eu vi que existem algumas árvores diferentes em certos lugares.

Quero muito ir. Meu pai é chato de mais.

5027/08/08

Enquanto estava pensando se devia desobedecer meu pai um dos
amigos dele veio até mim e perguntou por que eu estava tão

pensativo. Eu disse que queria sair, mas meu pai não deixava.
Então foi aí que ele disse que também precisava de algo na floresta
e, que eu o ajudasse, ele me ajudaria. Então eu disse que ajudaria
ele e ele me disse que se chamava Jhonnathan e que era um dos
mineiros que trabalhava para o meu pai. Ele disse que há alguns

dias atrás ele havia encontrado uma joia avermelhada em uma
mina, mas que meu pai tinha confiscado ela e não queria devolver

a ele.
Ele pediu que eu pegasse a joia dele de volta e assim ele me daria

cobertura para eu sair.
Logo que ele pediu eu já fui para a cabana de meu pai e, por
coincidência, ele não estava lá, mas a joia estava. Estava guardada
no fundo de uma gaveta do armário dele, atrás deu uma pintura da

minha mãe.
A joia dele era algo muito estranho, algum tipo de caveira estranha

que tinha duas pedras vermelhas nos olhos e estava com a boca
aberta. Fiquei com muito medo, por isso eu cobri ela com a minha

camisa e levei para o moço.
Ele me agradeceu muito e disse que me ajudaria, distrairia o meu

pai para que eu pudesse fugir.
Estou pronto. Já é de noite e o moço já distraiu o meu pai. Vou

levar o meu diário, para anotar o que ver. Desculpe papai.

5027/08/08

Sai escondido há algumas horas. Estou sentado em uma grande
pedra que é estranhamente achatada na parte de cima, é estranho,

mas parece ser natural.
Saindo da cabana eu fui em direção àquele pequeno morro que
havia ao lado e cá estou. No pé dele existem algumas árvores com
umas escritas estranhas e alguns símbolos mais estranhos ainda
entalhados nela. Tenho certeza de que não são naturais, mas

também acho que não foram os amigos do meu pai.
Andei por mais alguma horas e achei uma caverna no meio da
floresta. Estou na frente dela agora. Ainda estou em dúvida se devo

entrar ou não para explorar. Irei.
Entrei na caverna, mas acabei me perdendo, visto que está muito
escuro. Tenho sim minha tocha, mas ela acabou apagando no meio

do caminho. Estou perdido há muito tempo aqui.
Uma mulher acabou de me encontrar. Ela tem uns adereços
estranhos pelo corpo, além de usar uma roupa muito colada no
corpo. Ela disse que se chamava Givanna e que era uma bruxa que

vivia na floresta do norte.
Ela perguntou se eu estava perdido e eu disse que sim, por isso ela

pediu para que eu fosse morar com ela por um tempo

e que quando o dia clareasse ela me levaria para o meu pai.
Eu aceitei e ela cuidou muito bem de mim. Deu-me comida e
abrigo. Lá ela disse que era Givanna, a bruxa do norte e que eu
não deveria me preocupar pois, mesmo sendo uma bruxa era não

me faria mal.

5040/02/04

Quem diria. Perdi-te há 20 anos naquele acampamento e hoje te
encontrei no mesmo lugar que deixei.

Antes de dizer onde estou o que está acontecendo agora quero
completar a história de antes.



No outro dia ela me pegou pela mão e pediu para que eu mostrasse
o caminho para a cabana.

Pelo caminho ela pediu um favor para mim. Ela pediu para que
quando eu fosse maior eu fosse encontrá-la ali para que ela me

mostrasse algo. Não entendi muito bem. Apenas concordei.
Tempos depois ela me levou para a cabana e meu pai correu para
me pegar. Ele me abraçou e me deu uma bronca. Perguntou por
onde eu andei e quando disse que passei a noite com a bruxa do
norte ele me deu outra bronca, deixou-me de castigo e deu uma

bronca no meu avô.
Depois de dar uma bronca no meu avô me pai pediu para que meu

tio me levasse de volta para casa e ele assim o fez.
Quando cheguei em casa minha mãe perguntou o por quê de eu
estar de volta e meu tio disse que eu apenas estava sentindo saudades
e que meu pai acho melhor me devolver. Depois disso ele partiu.
Minha vida continuou como antes. Ia para a escola, brincava com

meus amigos e tudo mais.
Por todo o tempo que alguém via do lago eu recebia uma mensagem

do meu pai dizendo que estava bem e que já estava terminando a

construção da torre.
Por 20 anos recebi a mesma resposta "Estou bem filho, já estou
terminando de construir a torre. Mais alguns meses devem bastar".
Após ficar recebendo a mesma resposta apenas aceitei o fato de que
meu pai jamais voltaria para casa e toquei minha vida. Triste, é

claro, mas sempre esperançoso de que estivesse errado.
Quando terminei os estudos estava com meus 19 anos e quando
procurava por um emprego conheci uma bela garota chamada

Giovana Jinx ela era branca como a neve e seus cabelos era
vermelhos como as brasas, além de sua personalidade calma e

serena que tomou meu coração por inteiro.
Por muitos anos tentei fazer com que ela sentisse por mim o mesmo
que eu sentia por ela, mas nunca consegui, até que um dia ela veio
até mim, enquanto eu trabalhava como carpinteiro perto de minha
casa e pediu para que eu a acompanhasse até a casa da avó dela,

no Norte. De prontidão aceitei o convite e em poucos minutos já
estava pronto. Ainda no mesmo dia saímos da cidade e fomos até o
Norte. Claro que eu não deixaria de me despedir de minha mãe.
Como trabalhava perto de minha casa passei para me trocar e dei

um beijo nela. Despedi-me e logo parti.
Passamos aqueles belos três dias de viagem indo pelo meio do nada.
Conversamos muito e no meio do caminho, enquanto lembrava das
histórias de meu avô e de quando era um pequena criança passando

por ali. Resolvi juntar coragem e me declarei a ela. Ela olhou
surpresa para mim e pensou por uns segundos, até responder:

"Sim".
Fiquei tão feliz com aquilo que não acreditei. Pedi para que ela
repetisse e, de fato, ela o fez. Durante todas as demais horas de

viagem fui com um sorriso de orelha a orelha.
Estávamos quase lá, mas aproveitei para dar um oi para meu pai.
Cheguei no lugar. A cabana ainda estava lá, do mesmo jeito de

antes, já a torre estava -realmente- quase pronta.
Encontrei com meu avô por lá. Já com seus 90 anos de idade,

mas inda cheio de vigor.
Ele chorou bastante quando me viu e ficou bem feliz. Perguntei onde
estava meu pai e então seu sorriso desapareceu. Ele me levou para a
beira do lago. Pediu para que eu sentasse em um dos bancos e me
disse: "Meu neto, seu pai amava muito tudo isso. Trabalhou muito,
por amor a você. Lembra-te das cartas que recebia? Sempre com os

mesmos dizeres e com a mesma letra? Pois bem, era eu. Eu, por
20 anos fiquei lhe mandando aquelas cartas, pois seu pai... seu
pai morreu pouco tempo depois que você voltou para casa. Ele teve

tempo apenas para mandar a primeira carta".
Pneumonia. Meu pai havia morrido de pneumonia. Chorei bem
baixo e senti vergonha de mim mesmo. Cheguei a sentir raiva de
meu pai pelas cartas, mas era meu avô, tentando me deixar mais

alegre.
Perguntei onde ele estava e meu avô disse que ele havia sido
enterrado ao lado da cabana, mas que havia uma homenagem a

ele, em uma pedra no topo de um morro.

Ele me levou até lá. Na mesma pedra em que fiquei quando
'fugi'. Onde sentei e pensei sobre o quão triste meu pai ficaria com

o que fiz, há 20 anos atrás.
"Perto deste lago jaz a alma do homem que tornou tudo isso

possível, graças a seu amor por sua família e filho."
Não aguentei ficar lá por muito tempo. Despedi-me de meu avô,
levei Giovanna para a carroça e fomos para a casa de sua avô.
Muito transtornado com o que havia acontecido apenas segui pelo
caminho e vi por onde ia, até que notei que cheguei em um lugar

familiar. Quando dei conta Giovanna disse: "Chegamos".
Estávamos no mesmo lugar do acampamento da dona Givanna de

20 anos atrás, mas agora as tendas haviam dado lugar às
cabanas.

Giovanna desceu da carroça e começou a chamar por sua avô
enquanto tentava entender o que se passava eis que, de uma das
cabanas, sai Givanna, EXATAMENTE do mesmo jeito que a

conheci há 20 ANOS.
Comecei a ficar quase que maluco, até Givanna dizer ao longe:

"Olá, pequenino! Há quanto tempo"
Ela se aproximou da carroça e disse para mim: "Lembras que pedi

para que viesse aqui? E então, cá está! Sei que viria, mas como
demorou pedi para que minha neta o buscasse".

Ainda mais perplexo com tudo aquilo ela continuou: "Disse que lhe
mostraria algo. Agora, venha comigo"

E então ela começou a andar para sua cabana. Apenas a segui.

Na cabana ela pediu para que eu sentasse à mesa. Ela e sua neta
sentaram a meu lado e ela começou a dizer: "Quero que você me
faça um favor. Quero que leve minha neta para o Sul e lá quero
que você fixe um acampamento e construa sua própria família, sua

própria linhagem de bruxos".
Arregalei os olhos e distante disse a ela "O quê?".
Ela então repetiu tudo e eu apenas concordei, mas antes pedi que ela
também fizesse um favor para mim. Pedi para que ela -uma

bruxa- revivesse meu pai.
Ela concluiu dizendo que até poderia fazê-lo, mas eu deveria, antes

de tudo, declarar minha servidão ao seu Deus.
Disse que aceitaria, mas apenas se ela me provasse que assim eu o

teria de volta. Ela então puxou uma faca de algum lugar e
esfaqueou sua neta, no coração. Sujou toda a mesa de sangue
tirando a vida de sua neta. Iria gritar apavorado, mas antes que
pudesse Givanna pôs suas mãos sobre o ferimento e de imediato

Giovanna voltou à vida.
"Sim". Repeti inúmeras vezes. Ela então puxou meu braço e nele

fez pôs suas mãos. Meu braço começou a arder e de repente um
símbolo nele apareceu. Quando isso aconteceu ela disse: "Hoje você

se declara servo de Arawn e a ele jura obediência, por isso seu
pedido será atendido, mas prove seu valor a ele e ele o
recompensará, Miguel".

Após seu discurso fiquei lá por mais alguns dias, aprendendo os
rituais religiosos e tudo o que fosse necessário.

Quando estava prestes a sair fomos paradas por Givanna que me
disse: "Miguel, faça o que eu te disse que Arawn lhe dará o que
você deseja. Vá para o Sul, firme sua família e seu nome por lá,

mas não se esqueça do ritual de consagração".
Dias de viagem nos acometeram. Fui para o Sul, mas antes passei

na casa de minha mãe. Disse que iria me mudar, mas não
comentei nada sobre meu pai. Como uma mãe preocupada ela
chorou bastante até me deixar ir. Até que com os olhos vermelhos de

tanto chorar ela se despediu de mim.
Chegando na floresta arrumamos um lugar bem aconchegante, em
uma clareira, para nos abrigarmos. Ergui uma tenda e logo em

seguida fiz o ritual. Consagrei a mim e a minha linhagem a
Arawn, marcando o chão com sangue de cabrito, formando o
símbolo do norte e dele ouvi a voz de Arawn, dizendo: "Miguel!
Tu te consagras e consagra tua linhagem hoje a mim, e quer me
pedir que traga teu pai dos mortos. Posso satisfazê-lo, mas desejo

algo em troca!"
Rapidamente perguntei o que ele queria, e ele me respondeu:
"Quero que dê, de corpo e de alma um de sua linhagem. Um que
vá me servir e carregar a minha chaga para este mundo!"

Pensei bem e logo disse: "Assim seja, meu Deus!"
A voz sessou por um tempo, até voltar dizendo: "Volte para onde
seu pai fora enterrado daqui a 27 dias que ele não mais pertencerá

a morte!", apenas para sessar novamente.
Entendi o que deveria ser feito e assim o fiz.

5040/02/04

E isso foi o que aconteceu neste meio tempo. Ou pelo menos o que eu
achei importante para escrever aqui.

Estou deveras ansioso, pois é amanhã que, segundo Arawn, meu
pai voltará. Já estou aqui no lago, a espera dele. A torre já está

pronta e não há mais ninguém aqui.
Espero que meu pai volte, pelo menos que seja por alguns dias.

5040/02/05

Estou tão ansioso que mal consegui dormir. O Sol acabou de nascer
e a vista daqui é linda. Sua luz passando por entre as frestas das
árvores. O canto dos pássaros. A brisa da manhã. Tudo é tão belo.

Meu pai está vivo. Não consigo acreditar. Estamos dentro da
cabana, almoçando. Ele está sentado à mesa, como se nada tivesse

acontecido, como se ele não tivesse morrido.
Suas roupas, seu visual, seu hálito, seu porte. Tudo, absolutamente

tudo está igual. Ainda não consigo acreditar.
Quanta saudade eu senti de você, meu pai.
Ficarei um tempo sem escrever aqui. Desta vez, pelo menos, vou
avisar. Vou aproveitar meu pai mais um pouco. Talvez conversar

com ele sobre o que há do outro lado.

























































5119/12/31

Um dia. Falta apenas 1 dia para meu centenário. Como um mortal fico feliz
de ter chegado a esta marca. Poderia ter sido imortal, e ainda posso, mas

prefiro seguir a natureza. Sei o que há do outro lado. Sei o que me
espera.

Já estou tão debilitado que não posso escrever. Quem escreve é minha
mulher, Giovanna. Apenas digo o que quero que seja escrito e ela escreve.

Não vejo como está, mas espero que ela tenha uma letra melhor do que a
minha.

Tudo o que sei sobre Arawn e seus rituais está escrito aqui, nas páginas
anteriores, por isso que creio que este livro possa ser usado para maus
fins à frente, por isso guardar-te-ei, velho amigo, em um lugar especial.
Serás guardado na mesma torre que viu ser construída.
Espero que um dia dia alguém de minha linhagem encontre este diário e
veja como tudo começou e quem começou.

Depois de me consagrar a Arawn minha linhagem cresceu bastante e hoje
somos conhecidos como: "Os Bruxos do Sul".

Que Arawn abençoe minha linhagem e quem estiver lendo este diário.
Do ano de 5119 após a construção de Timris escrevo esta mensagem,
desejando que o futuro seja tão grandioso quanto o presente para minha

linhagem.

Assinado por: Miguel Heren




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