‒ É bonita, mas ainda não sei se é homo ou hétero.
‒ E isso importa?
‒ Aqui na galeria, não, mas para levar para casa, sim.
‒ E você acha que vale a pena levar para casa?
‒ Creio que sim, mas não tenho certeza que tenho um bom lugar para ela em na minha casa.
Vanessa encerrou o jogo com um xeque-mate:
‒ Se for do seu agrado, podemos ir pra a minha.
Touché!
‒ Acho que poderia ser uma boa.
E foi. Vanessa era muito carinhosa, não teve pressa nenhuma, no carro seguiram falando
amenidades, sem nada que indicasse o que poderia vir a acontecer. Morava no Paraíso, num
edifício discreto que não deixava supor que ali havia um apartamento tão grande e decorado com
tanta elegância. O salão era surpreendentemente amplo, o que deixou Nádia surpresa:
‒ É enorme!
‒ Gostou? Eram dois apartamentos, que reformei e transformei em um só. Sente-se e fique à
vontade um instante, volto logo e lhe mostro o resto, se for do seu interesse. Aquela porta é a do
banheiro social.
Nádia não se sentou; preferiu olhar os inúmeros quadros que cobriam as paredes e as esculturas
em estantes, aparadores e pedestais. O salão devia ter mais de 30 m2, e, de mobília, apenas um
enorme sofá, diante do qual havia uma mesa baixa com alguns livros de arte, de frente para um
janela de vidro que permitia ver o que ela imaginou serem as luzes do Paraíso até o Jabaquara,
uma cômoda veneziana à esquerda e, à direita, uma escrivaninha alta, que ela logo soube que
fora transformada em bar. Se ainda pairasse alguma dúvida sobre as preferências sexuais de
Vanessa, a arte a esclarecia. Afora uma parede coberta de desenhos geométricos, por toda parte,
quadros figurativos, todos com figuras femininas, a maior parte nuas e, em alguns quadros,
mulheres enlaçadas. As esculturas todas eram de torsos, corpos e cabeças de mulheres, exceto
uma estranha peça oblonga em madeira entalhada. Nádia só viu a capa do primeiro livro da pilha
sobre a mesinha: Lesbos' Love.
‒ O que você toma?, disse Vanessa voltando, já sem o casaco do tailleur, e com uma saia longa
de seda vermelha, com duas imensas fendas laterais, em estilo de Xangai.
‒ Não sei. O que você tem?
‒ Peça, meu amor. Tenho um pouco de quase tudo.
‒ O que você vai tomar?
‒ Se estivesse sozinha, tomaria um puro malt. Mas, em sua companhia, acompanho-a em sua
preferência.
‒ Por acaso tem um prosecco?
‒ Não, desculpe, mas tenho bons champanhes, já na temperatura ideal. Com ou sem morangos?
‒ Nunca tomei champanhe com morangos.
‒ Então, começamos a cerimônia com o champanhe puro, comme il faut. Deixamos os morangos
para outra forma de degustação.
Vanessa desapareceu pruns instantes e voltou com uma bandeja com um balde de gelo, já com a
garrafa dentro, que depositou na mesinha em frente ao sofá. Foi até à escrivaninha alta, de onde
voltou com duas taças altas, bem modernas. Nádia achou o champanha muito seco para o seu
gosto. Nunca havia tomado um bom millésime. Vanessa sentou-se ao seu lado.
‒ Fale-me sobre você.
‒ Nossa! Um interrogatório numa sala tão linda...
‒ Nada disso, quero apenas conhecê-la melhor; gostaria de saber do que gosta, do que gosta de
fazer, do que gosta que lhe façam.
Isso era uma das coisas que sugeriam a Nádia a preferência sexual de Vanessa, essa coisa
forme, direto, coisa de homem, em sua cabecinha. Vanessa já estava no controle.
‒ Pelo que vi em suas paredes e seus aparadores, gosto de coisas parecidas às que você gosta.
‒ Ótimo! Acho que vamos nos entender bem
Vanessa tomou mais um gole, pousou sua taça na mesinha, aproximou seu rosto do de Nádia,
depositou um beijinho em seus lábios, recuou o rosto uns dez centímetros e ficou olhando
fixamente nos olhos de Nádia. Como que hipnotizada, esta retribui o beijinho, recuou e abriu um
sorriso. Vanessa se reaproximou, colou seus lábios nos de Nádia, inclinou ligeiramente a cabeça,
sugou-lhe os lábios, afrouxou a pressão, entreabriu seu lábios e, com a pontinha da língua
percorreu o contorno externo da boca de Nádia. Recuou novamente e disse:
‒ Estamos com as bocas um pouco secas, não acha?
Sem esperar pela resposta, pegou sua taça, encostou-a na de Nádia, tomou um gole, pousou a
taça, inclinou-se novamente em sua direção e beijou-a. Habilmente, fez que ela entre abrisse os
lábios e transferiu champanha de sua boca para a de Nádia que, surpresa, mal tivera tempo que
engolir o de sua própria taça, e disse:
‒ Assim é bem melhor.
‒ Sou uma péssima anfitriã. Eu já vesti uma roupa mais confortável e deixei- aí, sem atenção.
‒ Imagine! Estou ótima, ainda mais depois desa forma de tomar champanhe.
‒ Tem certeza que não quer conhecer o resto do apê e se pôr mais à vontade?
Nádia seguiu-a cada qual com sua taça cheia. Vanessa mostrou-lhe a cozinha gourmet, muito
design, parecia daquelas que só serve para tirar foto e Nádia perguntou:
‒ Você cozinha?
‒ Dizem que muito bem. Se você se comportar, um dia eu a convido para comer meu suflê de
goiabada. Dizem que é ótimo.
O apartamento tinha ainda um banheiro social, um escritório e mais dois quartos. O de Vanessa
era deslumbrante; entrava-se nele por um closet com guarda-roupas dos dois lados, com portas
deslizantes de espelho; causava um efeito impressionante. Em outra porta, chegava-se ao quarto,
com uma cama imensa e mais adiante, sem parede nenhuma uma banheira circular com jacuzzi
envolta por um jardinzinho bem cuidado. A um lado do jardinzinho, uma ducha, atrás de um porta
de vidro transparente e outras porta que ocultava o vaso sanitário e o bidê.
‒ Que maravilha de quarto! Isto é uma suíte imperial!
‒ E o melhor de tudo, é que você está aqui comigo.
Vanessa abraçou-a e começou a lhe beijar o pescoço. Abaixou as alças da regata de Nádia,
sempre beijando-lhe o pescoço e os ombros, enfiou as mãos por baixo da blusa, nas costas, e
soltou o fecho do sutiã.
‒ Não quer ficar mais à vontade.
‒ Quero, mas preciso ir ao banheiro.
Era verdade, mas, sobretudo, ela sentia que já estava toda molhada, e não sabia e que estado
estava sua calcinha. Depois de usar o bidê para se lavar, saiu do banheiro só de calcinha, com os
mamilos denunciando seu estado de excitação e encontrou Vanessa na cama, sem a colcha e
vestindo uma camisola com um decote quase quase até à cintura. Havia deixado apenas uma
iluminação indireta e, de algum lugar, saía a voz rouca de Billie Holliday. Na mesinha de
cabeceira, uma travessa de morangos. Nádia deitou-se ao seu lado e num instante foi coberta de
beijos e pelo corpo de Vanessa. Era surpreendente para Nádia receber beijos tão carinhosos e
delicados, ao mesmo tempo que Vanessa a imobilizava com seu corpo. Esta abaixou as alças de
sua camisola, expondo dois seios opulentos, que dirigiu à boca de Nádia. Enquanto Nádia os
beijava e sugava, Vanessa percorria seus flancos com as mãos e ergueu-se momentaneamente
para tirar a calcinha de Nádia. Apesar da pequena toalate que acabara de fazer, ela estava
novamente encharcada.
‒ Meu amor, disse Vanessa. você é deliciosa. Como não a encontrei antes?
Deslizou para baixo, detendo-se no seios de Nádia, bem menores que o seus, mas com os
mamilos igualmente eretos, beijou, lambeu, mordiscou sua barriginha até chegar ao seu baixo
ventre. Aspirou seu aroma e disse, afastando suas coxas:
‒ Ah, a fragância das deusas!
O sexo de Nádia nunca havia sido tratado daquela forma. Beijos, lambidas, rápidas, lentas,
verticais, horizontais, circulares, evitando o tempo todo seu clitóris. Nádia não aguentava mais,
agarrou a cabeça de Vanessa com as mãos e tratou de dirigir sua boca para seu clitóris. Inútil.
Vanessa lhe dizia apenas:
‒ Calma, temos a noite toda...
E continuava a tantalizá-la com a língua no arredores do clitóris, que já não tinha como ficar mais
ereto e projetado para fora, sem jamais tocá-lo. Nádia chegara ao seu limite. Aspirando o ar entre
os dentes, implorou:
‒ Chupa meu grelo, por favor. Não aguento mais!
‒ Isso qualquer uma ou qualquer um pode fazer. Quero que você goze de um jeito que só comigo
você vai poder gozar.
Deitou-se sobre ela, encaixou entre suas coxas, colou seu sexo ao de Nádia, que sentia que
aquela mulher era realmente diferente de todas outras: algo rígido pressionava seu clitóris e nem
foi preciso Vanessa se esfregar nela por muito tempo; num instante ela explodiu num orgasmo
intenso como nunca tivera. Ficou um longo tempo com Vanessa deitada sobre ela, ambas
sentindo suas seivas misturadas, até que Vanessa rolou para o lado. Pegou a mão de Nádia e a
apoiou em seu sexo melado e ainda parcialmente inchado; nele se sobressaía, já perdendo a
ereção, o maior clitóris que ela já tocara. Ficou tentada a se erguer para ver aquele prodígio que
lhe dera tanto prazer, mas estava lassa, e pensou que não faltaria outra oportunidade de vê-lo e
de conhecê-lo melhor.
o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o
Agora, teriam um fim-de-semana inteiro só para elas. Sexta-feira era feriado nacional e Vanessa a
havia convidado para passar o fim-de-semana prolongado com ela, em sua casa de Campos de
Jordão. Para escapar do tráfego intenso, iriam na quinta-feira pela manhã e voltariam na segunda
depois do almoço. Quatro dias inteiros! Uma verdadeira lua-de-mel.
AULAS PARTICULARES
Dinorah Rios
Quando a nova professora entrou, Maria Alice pensou que seu coração fosse parar. Aquilo não
era uma professora, era um anjo. Magra, mas não muito, esbelta, mas não alta, parecia deslizar
carregando apoiada no quadril a pilha de diários de classe e alguns livros. Seus cabelos
castanhos escaparam de louros, e os enormes olhos eram verdes. Porém, o que mais chamou
sua atenção foi o primeiro botão da blusa de bordado inglês desabotoado deixando quase
adivinhar o vale que deveria se espremer entre os seios que forçavam a blusa.
Maria Alice se felicitou por se sentar na primeira fileira e ficou imaginando se algum dia teria seios
tão evidentes quanto os da nova professor. "Adelaide, é o meu nome", disse numa voz segura e
firme, "meu nome é Maria Adelaide, mas podem me chamar apenas de Dona Adelaide".
Maria Alice, apesar de ser das mais altas da classe e das mais velhas, não era das mais
desenvolvidas. Tivera suas primeiras regras fazia seis meses, ainda não estava bem regulada, e
vivia profundos conflitos com seu corpo que não parecia mais de menina, mas que ainda não era
de mulher. Os ralos pelos lá embaixo a incomodavam menos que aqueles arremedos de seios
que custavam a crescer. Dois carocinhos, mais pareciam furúnculos em formação, que ela
ocultava sob os primeiros sutiãs de bojo forrado e acolchoado que sua mãe lhe comprara para
disfarçar sua "deficiência". Em sua classe, quase toda as colegas já tinhas as regras regulares e
seios evidentes, muitas tinham namorado sério e uma, do ano anterior, até deixara a escola
depois que engravidara. Para ela, o vestiário das aulas de educação física era impiedoso,
revelando características suas que preferia não mostrar, mas, tinha a vantagem de lhe permitir
olhar disfarçadamente o corpo das colegas, interessada sobretudo em seios, quase sempre semi-
ocultos pelos sutiãs. Não era muito, mais adivinhação do que constatação, mas isso a deixava
com o coração saindo pela boca.
Como seria ver Dona Adelaide sem blusa. no vestiário? A cotovelada de sua vizinha de carteira
interrompeu seu devaneio. "Ela perguntou o seu nome", disse baixinho. Envergonhada, disse seu
nome, num fio de voz. Ficou se odiando. "Deve achar que eu sou uma idiota", mas ela podia
pensar o que quisesse, tinha o corpo mais lindo que Maria Alice já vira. É verdade que naquela
cidadezinha de interior não havia muita mulheres notáveis, mas aquela parecia saída de uma
revista. E passou o resto da aula nas nuvens.
Ao toque da campainha, Dona Adelaide tentou reunir seu material, mas a pilha que fizera desabou
e se espalhou pelo chão. Diversas alunas acorreram para ajudá-la, mas ela disse "Maria Alice,
você se incomoda de me dar uma mãozinha?". Com aquela voz, aquele olhar e aquele perfume,
ela poderia pedir o que quisesse. A partir daquele incidente, Maria Alice passou tacitamente a ser
a assistente de Dona Adelaide. "A queridinha da professora", para algumas; "Uma puxa-saca",
para as mais invejosas.
Na sexta-feira, a aula de Dona Adelaide foi a última do período e, no final ela perguntou a Maria
Alice se poderia ajudá-la a levar o material até sua casa. "Moro aqui bem pertinho, se isso não a
tirar de seu caminho e não a atrasar para voltar para casa." Mesmo que tivesse que dar a volta na
cidade, ela poderia.
No caminho, Dona Adelaide perguntou generalidades sobre a cidade, nova para ela, e sobre
Maria Alice, com quem morava, do que gostava, se tinha muitas amigas, namorado. A casa de
Dona Adelaide ficava em seu caminho, mas era pena que tão perto da escola. Convidou-a para
entrar ofereceu-lhe um suco, um refrigerante, talvez. "Não, obrigada, não quero nada, não." Ao
transferir a pilha do material que carregara, quase a deixou cair e Dona Adelaide, no afã de
agarrá-la acabou abraçando Maria Alice pela cintura. Ambas riram, mas Dona Adelaide muito
mais à vontade que sua nova aluna favorita.
Até sua casa, Maria Alice flutuou no aroma de Dona Adelaide. "Aposto que ninguém neste fim-de-
mundo usa esse perfume". Durante o banho, Maria Alice inspecionou seu corpo e uma vez mais
se envergonhou dele. "Como seria ver Dona Adelaide tomando banho?" Um arrepio percorreu seu
corpo ela sentiu uma vertigem, mas não conseguia imaginar. Como de hábito, deixou a água
escorrer por seu corpo, enquanto acariciava as partes que aprendera que lhe causavam uma
sensação esquisita, porém muito gostosa. À noite, já na cama, repassou os acontecimentos da
semana e os do dia em sua imaginação e acariciou-se pensando em Dona Adelaide. A sensação
esquisita, porém muito gostosa foi mais intensa, foi aumentando, aumentando e ela parou
achando que iria passar mal.
O caminho a duas das sextas-feiras tornou-se uma rotina e Maria Alice já se permitia aceitar um
suco ou um refrigerante. Nos banhos diários, Maria Alice tinha a impressão que seus pelinhos e
seus esboços de seios cresciam cada vez mais rapidamente. Maria Alice estava crescida do que
percebia.
Numa tórrida tarde de sexta-feira, para alegria de todas as alunas, Dona Adelaide anunciou o fim
da aula um pouco mais cedo do que o normal, por estar sentindo um ligeiro mal-estar. Maria Alice
a acompanhou e ela pediu que esperasse um pouquinho, pois realmente não se sentia bem e iria
tomar uma ducha. "Deve ser o calor daqui, com o qual não estou acostumada. Pode esperar um
pouco para eu ver se vou precisar de alguma coisa?".
Maria Alice sentou-se no sofá da sala, transpirando profusamente, com o coração batendo forte
na garganta, seca como o ar que ela aspirava com dificuldade, enquanto Dona Adelaide foi para o
quarto, onde entrou sem fechar a porta. Maria Alice achou que estava tendo alucinações, quando
viu, num lampejo, pela porta do quarto, Dona Adelaide passar nua para o banheiro, que ficava
dentro do quarto. Ouviu o barulho da água da ducha caindo, o que indicava qzue também a porta
do banheiro estava aberta. Pensou em ir embora. Mas Dona Adelaide pedira que esperasse,
poderia precisar dela, e se ela passasse mal no chuveiro e a chamasse? Como ir até lá com ela
nua? E se não atendesse a seu chamado e ela morresse? Saber que ela estava nua a poucos
metros dela, fora de seu campo de visão, porém sem nenhuma porta fechada entre elas, deu-lhe
vertigens e um calorão diferente pelo corpo. "Vou embora ou fico?" perdida nesses pensamentos
não percebeu que o barulho do chuveiro cessara e que Dona Adelaide surgiu diante dela vestindo
apenas um negligé transparente o suficiente para revelar que não vestia nada por baixo. Seus
seios, melhor, seus peitões, balançavam livres, e a mancha escura em seu baixo ventre
praticamente na altira de seus olhos, cegou-a. Desviou o olhos e balbuciou: "Se a senhora não
precisar mais de mim, vou-me embora."
"Preciso; já melhorei com o banho, mas espere um pouco mais para eu ter certeza de que estou
bem. O que você prefere, suco ou refrigerante?" Que perfume era aquele, sabonete, desodorante,
talco, fragrância do paraíso, que a invadia? O que fosse, tonteou Maria Alice, que mal conseguiu
pronunciar: "Quero anda não, 'brigada." "Mas que menina mais arisca! Deixe-me agradecê-la por
sua ajuda. Venha, me dê um abraço." Deu-lhe a mão para ajudá-la a se levantar e envolveu-a em
seus braços. Maria Alice sentiu sua respiração em seu pescoço e um arrepio fulgurante descer até
seu sexo. "Nossa, como você está suada! Pudera, com esse calor... Não quer aproveitar e tomar
uma ducha rápida?" "Só se a senhora tomar comigo", Maria Alice pensou, mas jamais ousaria
dizer. Ainda abraçadas, Dona Adelaide disse que que estava muito grata pela atenção e pelo
carinho com que a tratava e que gostaria de recompensá-la. Maria Alice sentia as penas
bambearem cada vez mais e o calor em seu ventre parecia que ia explodir. Dona Adelaide beijou
de leve seu pescoço e Maria Alice sentiu-se suja, pegajosa e teve a impressão que fizera xixi e
que molhara a calcinha. Os beijos continuavam, Dona Adelaide levou as mãos que estavam nas
costas e tomou seu rosto delicadamente entre elas, pousou um leve beijo em seus lábios e disse
"Tenho tantas coisas para lhe ensinar, mas não pode ser na classe, tem que ser em aulas
particulares. Você quer aprender?" Maria Alice estava muda. "Acho que é melhor você ir para
casa hoje. Outro dia eu começo suas aulas particulares."
Ao chegar em casa, contou para a mãe que a professora passara mal e que tivera que
acompanhá-la. A mãe disse que faria uma rosca e que no dia seguinte elas passariam para ver se
ela estava bem, se precisava de algo e levar a rosca. O que seriam as aulas particulares? O que
quer que fosse, seria só para ela, exclusividade absoluta. Só isso já a deixava enlevada, mas,
certamente aulas particulares não deveriam incluir. Matutando sobre, achou que o tempo havia
parado, que a massa não crescia, que o forno nunca fora tão lento, tanto rondou pela cozinha que
a mãe lhe disse para tirar o cavalinho da chuva, que tinha muito que fazer e que só depois do
almoço daria para levar a rosca. "E se ela não estiver passando bem, precisando de alguma
coisa? Ela mora sozinha e acho que nem empregada tem." "Então passe lá agora para ver como
ela está, e de tarde leva a rosca, assim também faço uma visitinha e fico conhecendo a 'fessora."
Mais que depressa Maria Alice achou a idéia excelente e, alegando que estava muito suada,
tomou uma ducha, durante a qual admirou-se como os biquinhos de seus seios se empinaram ao
contato com a água e voltou a sentir a sensação de que fizera xixi se querer e sem perceber. Ao
se vestir, lembrou-se que durante o abraço do dia anterior não pudera sentir melhor o contato dos
seios de Dona Adelaide devido ao forro de seu sutiãzinho, que usava mais por decoro, pois seus
peitinhos nascentes se sustentavam sozinhos e não precisavam daquele apetrecho,
particularmente incômodo sob aquela temperatura tórrida. Ninguém iria saber que ela não estava
de sutiã, se colocasse uma blusa folgada. E, se Dona Adelaide a abraçasse novamente como no
dia anterior, ela poderia sentir melhor sem os enchimentos e forros desnecessários.
Contendo-se para não correr - não queria chegar suada - Maria Alice pedia em preces a todos os
anjos, santos e almas do Paraíso para que Dona Adelaide estivesse sumariamente vestida,
exatamente como no dia anterior.
Não estava. Saia longa com uma estampa indiana e uma camisa branca solta de tecido fino o
suficiente para deixar evidente que estava sutiã. "Vim ver como a senhora está, se precisa de
alguma coisa. Minha mãe só pode vir de tarde." "Estou bem, mas preciso que você entre." Só
depois de fechar a porta abraçou-a e disse: "Menina querida, que bom que veio. Você não sabe o
bem que me faz." O perfume era o mesmo do dia anterior, os beijos no pescoço também, o
beijinho nos lábios, idem. Olhando-a bem nos olhos disse"Acho que foi apenas um choque de
calor. Não estou acostumada. E você, pronta para sua primeira aula particular?" Maria Alice
apenas assentiu com a cabeça.
A professora tomou-a pela mão e levou-a até o sofá, onde se sentou em diagonal ao seu lado. "Já
lhe disseram que você é muito bonita? Deve ter muito pretendentes." Maria Alice apenas sentiu
uma onda de fogo cobrir seu rosto. Dona Adelaide acariciou seus cabelos ainda úmidos e disse,
gostaria de lhe ensinar uma porção de coisas gostosas, coisas que não se ensinam na escola,
coisa que não se ensinam com palavras, mas fazendo. Se você não gostar de alguma delas, é só
dizer que eu paro a aula." Maria Alice apenas semicerrou os olhos e sentiu a aproximação e um
beijo no rosto, outro, depois outro, mais outro, cada vez mais perto da boca, até as bocas se
encontraram e ela sentiu as mãos de Dona Adelaide em seus ombros. A boca pressionou a sua e
sentiu que algo entreabria seu lábios, algo quente, úmido, que se movimentava lentamente e
penetrava em sua boca, sentiu seus lábios serem encobertos pelos de Dona Adelaide que
deslizava as mãos em direção a seus seios. Então, um beijo e língua era isso!? Percebeu que os
botões de sua blusa estavam sendo desabotoados e, quando Dona Adelaide a puxou para junto
de si, se deu conta de que ela já havia desabotoado os seus e que estavam peito contra peito. Ela
nem sabia o que era melhor, os beijos ou o contato pele a pele. Dona Adelaide interrompeu o
beijo para dizer-lhe que a primeira lição consistia em aprender em respirar enquanto se beija.
"Gostou?" "Muito!" "Então, vamos ver se consegue respirar para que o beijo dure mais. A segunda
lição, é que o beijo deve ser hermeticamente vedado, não deve entrar ar, as bocas se colam, o
que se troca é o afeto e a umidade."
Quando a boca de Dona Adelaide envolveu um de seus mamilos, Maria Alice achou que
definitivamente fizera xixi e começou a se movimentar, incomodada. Dona Adelaide disse que a
terceira lição ensinava que se deveria retribuir tudo de bom que se recebia, ergueu-se puxando a
pela mão: "No quarto ficaremos mais à vontade."
Sem lhe dar tempo de se abotoar, deitou-a na cama, abriu sua camisa e exclamou: "Você é mais
linda do que eu imaginava. Seus peitinhos são um sonho. Você é uma delícia". Debruçou-se
sobre ela e Maria Alice tentou pôr em prática as lições até então aprendidas, quando sentiu a mão
de Dona Adelaide subindo por baixo de sua saia. Entrou em pânico. "Ela vai perceber que fiz xixi
na calça!" Dona Adelaide interpretou sua inquietação como temor natural diante da situação, que
ela acreditava fosse novidade, e tratou de acalmá-la. "Calma, não vai acontecer nada de mal. Vai
ser gostoso. Melhor do que quando você mesma se toca. Você se toca, não?" "É que... tenho
vergonha de falar... acho que.. acho que... fiz xixi na calcinha... sinto que ela... está... molhada..."
E desviou o rosto envergonhada. "Não tem nenhum problema, mas acho que sua quarta lição vai
lhe ensinar que isso não é xixi, é excitação, uma umidade que indica que o corpo da mulher está
gostando do que está acontecendo. Eu também estou assim, quer ver?" Sem esperar pela
resposta, levantou-se e tirou a saia sob a qual não havia nenhuma outra peça de roupa e despiu
também a blusa.
Deitada, Maria Alice estava fascinada com aquele triângulo escuro que tinha diante dos olhos,
uma visão tão tantalizadora que ela até se esqueceu de erguer os olhos para os seio, que tanto a
atraíam. Dona Adelaide tomou a mão de Maria Alice e conduziu-a para o alto de suas coxas.
"Não tema. É muito gostoso." Pela primeira vez Maria Alice via uma boceta adulta em sua
plenitude, coberta de pelos. No espelho, tinha visto sua fenda entre as coxas se cobrir
progressivamente, primeiro, de uma penugem, depois, de pelos delicados e escassos. Ma aquilo
lhe pareceu uma floresta, na qual Dona Adelaide introduziu seus dedos e a fez sentir a umidade
pegajosa. "Não é xixi, isso é o mel de Vênus; é sinal de excitação, de que estou gostando do que
estamos fazendo." Nua, deitou-se ao lado de Maria Alice e, delicadamente, puxou para cima a
barra de sua saia e tocou em sua calcinha. "Está mesmo molhadinha. E aposto que não é de xixi,
mas de excitação." Sem anunciar, introduziu o dedo pela lateral da calcinha e tocou onde nunca
ninguém, além de Maria Alice, havia tocado. "Que delícia! Toda meladinha, toda excitadinha! Você
é uma excelente aluna, e a mais linda que já tive. Mas você não está seguindo a terceira lição; eu
já tirei toda a roupa, e você, não."
Soltou o fecho e o zíper da saia de Maria Alice e tirou-a pelos pés. Soergueu-a e tirou a blusa.
Ajoelhou-se, cavalgando suas coxas e lentamente puxou sua calcinha pernas abaixo, tirando-a.
"Agora estamos iguais, mas você é muito mais bonita que eu." Inclinou-se e depositou um beijo
em cada mamilo, que pareciam querer saltar para fora, um no umbigo e deslizou a boca até seu
sexo. Estirou-se ao longo de suas pernas, que começou delicadamente a afastar uma da outra.
Maria Alice esboçou uma resistência, logo superada pelos elogios e pela incitação da mestra.
"Que maravilha! Intocada por homem! Você tem uma jóia entre as pernas. Vou lhe ensinar como
tirar dela o máximo do prazer. É não era mesmo xixi; Vênus a abençoou com seu mel em
abundância". Maria Alice não podia crer que ela a estava beijando bem naquele lugar. E um beijo
exatamente como o que recebera na boca! Começo com o contato dos lábios, uma pressão cada
vez mais imperiosa, e sentiu que algo a entreabria, algo quente, úmido, que se movimentava
lentamente e penetrava nela, sentiu sua bocetinha ser engolida inteira pela boca de Dona
Adelaide, após o que começou um rápido movimento no botãozinho que tocava no banho, uma
vaga imensa de calor tomar conta de seu corpo e Maria Alice perdeu a noção do que estava
acontecendo.
Quando deu por si, sentia uma lassidão generalizada, parecia que tinha uma poça entre as coxas,
o corpo flutuava. Dona Adelaide estava semi-deitada aos seu lado, apoiada num dos cotovelos e
acariciava seu rosto. "Você é um amor, meu amorzinho! Aluna inteligente: aprende rápido e sem
esforço. Só tem que praticar um pouco mais. Mas, por hoje, infelizmente chegamos ao final da
aula."
No caminho de casa, as pernas em geléia, a entrepernas da calcinha encharcada, Maria Alice se
perguntava se daria certo dizer à sua mãe que a professora estava ótima, que não precisava ir
visitá-la hoje; ela iria sozinha entregar a rosca. Se funcionasse, talvez ela pudesse ter mais uma
aula particular. E para mostrar como era aluna aplicada, iria novamente sem sutiã. E sem
calcinha.
SURPRESA
Alice Pétain
A festa ia ser chata. Não faltaria mulher, porém todas acasaladas, as hétero com os seus e as
homo com a suas. Um saco. Todas liam os mesmo livros, assistiam aos mesmos filmes,
frequentavam os mesmos restaurantes e, quando pulavam a cerca, umas pulavam as cercas das
outras e vice-versa. Promiscuidade total aparentemente às escondidas; mais cedo ou mais tarde
tudo se sabia. A mentira tem pernas curtas, abertas ou fechadas. Horror!
Havia algum tempo que Cíntia ansiava por novidade. Longe dela querer retornar ao time das
hétero, mas,... sabia que no mundo há mais mulheres que homens? Não no seu. Apenas uma de
cada vez. Quatro, no total de sua história, e uma delas durou apenas uma semana, as outras,
anos. Ela acabava se acomodando, sempre foram as outras que terminavam. Ela se enchia, se
aborrecia, acabava deprimida, emburrada, não conseguia ocultar seu tédio, mas nunca tomara a
iniciativa de um rompimento; sempre fora ela quem levara o pé na bunda.
Não importa. O tempo estava bom, a chácara era linda, a piscina muito agradável, o churrasco
sempre no ponto. O negócio era aproveitar, relaxar, embora nem sempre fosse para gozar.
Escolheu seu biquíni mais cavado, pois, já que não rolaria nada, fazia questão de deixar homens
e mulheres babando, e não apenas pela boca.
Como ele esperava. Os mesmos papos, as mesmas novidades antigas, as mesmas piadas
repetidas pela internet. Algumas mulheres continuavam muito atraentes, mas não davam
nenhuma abertura. Ainda bem, porque qualquer coisa que rolasse naquele grupo logo viraria de
domínio público, e Lucy era um monstro de ciúme. Qualquer olhada para o lado e ela já estava
fiscalizando, escaneando o ambiente. Não falava nada, mas criava um clima insuportável. Isso era
algo que a aborrecia e entediava, mais que o sexo requentado servido mutuamente noite sim,
noite não. Depois de dois anos juntas, cada qual havia aprendido os pontos sensíveis, a pressão
favorita, o ritmo adequado de cada uma. A sequência dos gestos, as posições faziam parte do
DNA delas enquanto casal. Lucy não gostava de mudanças, o mesmo perfume, as mesmas velas
acesas, a mesma imutabilidade. Nenhuma novidade entre elas, o que dirá com alguém de fora.
Nem mesmo nenhum brinquedinho erótico, indispensável para quase todos os casais
homossexuais como elas. Chato, muito chato.
Ela previra bem. O tempo estava ótimo, os jardins gloriosos, a ponta do pé na piscina indicou
água na temperatura ideal, os aperitivos e os coqueteis, apetitosos. Vamos aproveitar o domingo.
"Já foi até as cocheiras?", perguntou Fábio, o dono da chácara, "A Estrela pariu esta semana;
uma éguinha." "Que legal! Vamos ver, Lucy? Podemos ir ver, Fábio?" Lucy recudou dizendo que
detestava o cheiro de cavalos, mas Fábio disse: "Claro que sim, mas não posso acompanhá-la, e
é bom que você não vá sozinha, pois os animais estão muito excitados. A Ventania está no cio e o
Bandido está impossível. Quer ir também, Lucy? Vou ver se o filho do caseiro pode acompanhá-
la".
Não podia, mas a filha, sim. Uma coloninha loirinha, miúda, parecia ter uns 14 anos, mas disse ter
18, acabara de concluir o ensino médio. Não, não tinha namorado. Não tinha tempo para essas
bobagens. "Homem só pensa em aproveitar da gente. Só pensa naquilo."
A potrinha era um gracinha, pampa, como a mãe. Era impressionante como um bichinho com
menos de 48 hs podia ser tão ágil; estava numa baia maior que as demais, com a mãe. Nas
outras baias, uma certa agitação: Ventania, no cio, rodava de um lado para o outro, Bandido e os
outros macho mais jovens, inquietos, do outro lado do corredor central da estrebaria. O garanhão
erguia a cabeça, encolhia os beiços e as aspirava o ar, captando os aromas exalados pelo vulva
inchada e babenta de Ventania. Ambos pareciam protestar pelo adiamento do prazer que lhes era
devido. Da barriga de Bandido pendia um apêndice enorme, manchado de branco e preto, que
deixou Cíntia impressionada. "Nossa! O pinto dele é gigantesco!" "Isso é só metade, e ainda tá
meio mole. Quando pusé ele para cobri a Ventania, o pinto vai crescê mais e ficá empinado.
Coitada dela, que vai tê que aguentá tudinho", explicou Izildinha" "Mas, ela deve gostar, não?"
"Num sei. Ela só fica parada; é ele que trepa nela, mete e fica pondo e tirando." "Você já viu?" "De
certo, um monte de vez. Sempre tem cobertura aqui. mas é só Bandido que cobre. O Seu Fábio
diz que ele é um dos mió garanhão que tem. Num nega fogo e pega na primeira. No tempo do
Campeão, o garanhão que foi aposentado, tinha vez em que ele não acertava o buraco e o
veterinário tinha que dá uma mãozinha, he, he, he, de verdade!, tinha que pegá no pinto dele e
encaixá no buraco das éguas; daí em diante ele fazia sozinho."
A situação, a aula de reprodução equina, a presença de Izildinha e, sobretudo, a visão da vulva de
Ventania, que se contraía ritmicamente, mexeram com Cíntia. "O que você pensa quando assiste
a isso?" "Fico com pena da égua. Quando elas não tão no cio e fica soltas no pasto, elas vive
fazendo carinho uma no pescoço e na cabeça da outra, parece cafuné; às vezes até se beija.
Gosto mais disso." "O que você acha de uma mulher fazer carinho em outra." "Ah, eu tinha uma
colega que fazia umas coisa bem gostosa." O silêncio de Izildinha e seu rosto subitamente
escarlate indicavam que naquele mato havia coelho - ou um lebrezinha. "E vocês se beijavam?"
"Tenho vergonha de falá dessas coisa..." "Pois eu gosto muito de carinho entre mulheres. Prefiro
receber carinho de uma mulher que de um homem. E também prefiro beijar uma mulher a beijar
um homem."
Estavam paradas junto à baia de Ventania, que não se aquietava nem por um segundo. Cíntia
tocou de leve as pontas do cabelos de Izildinha, presos num rabo de cavalo, finos como cabelo de
milho. "Era assim as carícias de vocês na escola?" "Ah, começava assim. De vez em quando a
gente passeava uma com a mão na cintura da outra pelo jardim da escola..." "Assim?", e Cíntia a
enlaçou pela cintura. A outra ficou imóvel e deu um sorrisinho sem jeito. Cíntia aproximou os
lábios do rosto de Izildinha e a beijou. "Era assim que vocês faziam?" "Era." "E porque você não
faz também em mim." Izildinha, que era mais baixa, ergueu-se nas pontas dos pés e retribuiu seu
beijo. "Não tem nenhuma baia desocupada?", perguntou Cíntia. "Tem umas, lá no fundo do
estábulo, perto da outra saída. Por que?" "Vamos para lá que lhe mostro outros carinhos mais
interessantes." O brilho no olhar e a presteza de Izildinha deram a Cíntia a sensação de que o
churrasco seria melhor do ela supunha.
Sim, Izildinha gostava de carinhos, gostava de ser beijada, não sabia beijar muito bem, mas dava
para o gasto. Cíntia já se sentia inchada e umedecida. "Não tem perigo de alguém vir aqui, tratar
dos animais?" "Nesta hora, não. E, se alguém entrá pela porta da frente, a gente pode sair por
esta que ninguém vê." Izildinha estava afogueada e Cíntia foi em frente. Desabotoou sua blusa e
descobriu que ela estava sem sutiã. Dois peitinhos miúdos, como a dona, mas com mamilos
atrevidos, que receberam de bom grado a boca de Cíntia. Quando esta soltou seus seios 46 do
sutiã do biquíni, Izildinha exclamou: "Oh!" e também caiu de boca neles. Cíntia tomou a mão da
menina e a trouxe por baixo de sua saída de banho até tocar a calcinha do biquíni, que ela afastou
e as duas constataram que ela babava com a vulva de Ventania. Izildinha parecia não saber o que
fazer dali em diante, desfrutando dos seios generosos de Cíntia. Ela se aproveitou para erguer a
saia de Izildinha e encontrar uma fenda já em estado avançado de umidade.
"Espere um pouco. Deite-se aqui", disse Cíntia apontado um monte de feno no fundo da baia.
"Sem a calcinha fica mais gostoso", e, num gesto rápido baixou a calcinha de Izildinha, que
rapidamente a tirou pelos pés e se deitou. Cíntia ergueu-lhe a saia e extasiou-se com o montículo
mal coberto de penugem loura, de onde sobressaía uma linguinha e uma fenda por onde escorria
seu licor. Sem se deter em aspirar o aroma, como Bandido, beijou, lambeu, mordiscou e chupou
tudo o que lhe cabia na boca, até que Izildinha de uma espécie de soluço engasgado, retesou as
pernas e inundou sua boca.
Cíntia mal lhe deu tempo para se recobrar, ergueu a saída de banho, afastou sua calcinha e lhe
disse : "Agora é sua vez." Izildinha, ainda meio bamba, postou-se entre suas coxas e imitou Cíntia
o melhor que pode, até que ela: "Isso... aí mesmo... não pare... não pare... agora... vou gozar..." e
foi sua vez de inundar a boca de Izildinha com seus sucos.
Cíntia puxou Izildinha para cima, com a cabeça apoiada em sei peito, e ficou um tempo beijando
seus cabelos e alisando seu rosto.
"Eu num sabia que era tão gostoso. Num dá prá repetir?" "Agora não. Tenho que voltar. Já faz
tempo que vim para cá e podem vir atrás de mim. Vista sua calcinha e espere que eu saia
primeiro. Você pode sair pela porta dos fundos? Depois do churrasco, todos vão tirar uma soneca,
e virei visitar novamente a eguinha. Quer vir comigo?" "Ô, se quero, vô ficá só esperano!"
Cíntia ajeitou as duas peças do biquíni, a saída de banho, cuidando de não deixar nenhuma
palhinha denunciadora, e caminhou lentamente até à piscina. Estavam encerrando os aperitivos, a
maioria já estava prá lá de alta, e o coraçãozinho de galinha e o salsichão com farinha
começavam a circular. Para quem gostava de carne (de vaca, ora...) mal passada, a picanha já
estava no ponto. Quando o assador deu um talho na picanha, para Cíntia ver se aprovava o
ponto, e da fenda rosada escorreu seu suco, ele não pode conter um sorriso e disse: "Para mim,
esse é o ponto ideal, rosada e com o suco escorrendo."
Sentou-se para comer, ao lado de Lucy e outras amigas, torcendo para que todos bebessem um
pouco mais e fossem se esticar nas inúmeras redes do varandão, ao mesmo tempo que matutava
em como criar mais oportunidades de voltar àquela chácara, logo. Definitivamente iria se tornar fã
de tudo o que tivesse ligação com cavalos, da criação ao hipismo. Se necessário, aprenderia até a
jogar polo. Ela nunca vira uma jogadora de polo, mas, afinal, em tempos de liberação sexual tudo
deveria ser permitido. Cavalos podiam ser um bom tema para fotografia. Ela tinha acabado de
ganhar de Lucy uma nova câmara digital, que nem aprendera a manejar ainda. Iria aprender logo,
com a ajuda de Estrela e sua filha, de Ventania, de Bandido... e de Izildinha.
Fábio aproximou-se e perguntou: "O que achou da visita ao berçário?" "Adorei. Foi ótimo... ela é
um amor, um encanto, tão novinha e já tão espertinha.". Como pensava mais na lebrezinha do
que na eguinha, temeu dar uma enorme bandeira e emendou:
"A eguinha já tem nome?"
"Ainda não?"
"Posso ser a madrinha e escolher seu nome?"
"Pode. Qual será"
"Surpresa!"
O FESTIM DE GALATEA
Anita Cavalcanti
Depois de Eloá, o dilúvio. O terremoto, o maremoto, o tsunami. Anita ficara no vazio, pendurada
no pincel. Eloá levara com ela tudo o que havia de bom, a alegria de viver, as cores, os plano para
o futuro. Depressão é isso. Anita não ficara sozinha, ficara com a depressão. A fossa, a dor-de-
cotovelo.
E aquele antigo plano das duas de irem para um ashram na Índia? Era agora ou nunca. Chutaria
o pau da barraca. Iria sozinha.
II
Pondicherry era uma cidadezinha agradável. E pitoresca, com suas placas de rua em francês, em
pleno territória hindu. Em francês, só as placas. Não achou ninguém que entendesse uma só
palavra de francês. Mesmo assim, conseguiu chegar ao mundialmente famoso ashram da cidade,
onde havia feito uma reserva.
Um mês sem falar nada, com ninguém. Talvez nem desse mesmo. Fora os monges mais idosos,
todos ali pareciam estrangeiros. Silêncio e muita meditação. Horas concentrada em seu hara, no
vazio absoluto. Era melhor do que a dor de pensar em Eloá. Ou, em sua ausência. Ela esperava
ouvir sutras e mais sutras, mas, ao invés, horas e horas de yoga. Novidades, como levantar e
deitar cedo, dormir cedo sozinha nma esteira, comida frugal e escassa, trabalho pesado. Por mais
que se esforçasse, não conseguia sentir a Divina Presença, a Luz nem a Força. Jamais atingiria o
Nirvana!
Depois de um mês, silêncio aliviado. Poderia caminhar em grupos de três ou quatro. E falar pouco
e em vez baixa. Para isso seu precário inglês bastava. Dos poucos com quem conversou, ligou-se
mais a Vijay, um chef tamil, que havia trabalhado na Alemanha. Aprendera novas técnicas da
cozinha molecular, que pretendia aplicar para extrair extratos sublimados de especiarias e
condimentos de sua terra. Sentira-se culpado quando sua família, bem como a maioria de seus
conhecidos que ficaram para trás, foram dizimados na guerra de seu país, enquanto ele estava no
conforto possível de uma Europa para refugiados. Sem família (talvez tivesse sido isso que a
fizera sentir-se próxima dele), decidira retornar e reconquistar seu chão. Mas, nada parecia
funcionar. Sentiu que era necessário um estágio num ashram para examinar e aceitar seu karma
Ficar em paz com os mortos e tentar viver sem conflitos com os vivos. E foi para Pondicherry
Quando deixaram o ashram, antes de retornarem cada qual para sua casa, ele quis mostrar-lhe
lugares especiais de Pondicherry, os templos de Kali e o de Ganesh, e insistiu para que ela desse
um pulo a Khajuraho. E, se quisesse, passasse por Gale, no sul do Sri Lanka, onde ele era o chef
de cozinha de um conceituado hotel cinco estrelas.
Vijay lhe parecera assexuado. Também, pudera, a vida no ashram era um verdadeiro breviário
contra a luxúria. Desde o início da adolescência, ela nunca havia passado tanto tempo sem
nenhuma atividade sexual, nem mesmo uma siriricazinha. Mas, depois de ver a maior suruba de
pedra do mundo no templo Kandaria Mahadeva, seu kama deu sinais de querer despertar. Ela
lamentou que Vijay não fosse do sexo que a atraía.
Devia estar ainda estar deprimida, pois achou o Sri Lanka um saco. Os homens eram muito mais
sensuais que as mulheres, e saiu de lá tão casta como chegou. Entusiasmo, mesmo, apenas com
a cozinha de Vijay. A melhor combinação de técnicas ocidentais com ingredientes e condimentos
orientais. Nada dessa babaquice de comida fusion, afogada em capim-limão. Literalmente, um
prato cheio para trouxas e ingênuos. Vijay, não. Ele pesquisava a fundo para conseguir extrair o
purusha dos condimentos. Empregava sofisticadas técnicas laboratoriais e da moderna cozinha
molecular, para trabalhar os principais condimentos do Oriente, particularmente aqueles
considerados afrodisíacos pelo Aiurveda. Mas, para ele, o kama era parte essencial e normal da
natureza, e não parecia ver nisso nem um tiquinho de sacanagem.
Ela acreditava nos poderes atômicos dos preparados de Vijay. Porém, no estado que se ainda sde
encontrava não quis testar nenhum deles.
III
Sua maior preocupação era com a alfândega. Se conseguiria passar com todos aqueles
frasquinhos de extrato de condimentos. Quase todos eram encontrados no Brasil, mas não em
sua forma de extrato sublimado. O que significava que jamais teriam as mesmas propriedades e
efeitos.
Havia distribuído seu pequeno estoque por toda a bagagem. E meio a roupas, dentro de sapatos,
em tubos e fracos vazios de cosméticos, misturado com as roupas sujas, em bolsos de casacos.
Nos recantos de sacolas e mochilas. Caso fosse selecionada para a inspeção de bagagem, havia
preparado um longo e comovente discurso sobre uma hipotética doença sua e os benefícios
exclusivos e específicos da medicina aiurvédica. Como se isso tivesse algum valor para um
burocrata imbecil da Anvisa. Que certamente seria convocado pelo agente alfandegário.
Dependendo do tom da conversa, poderia deixar no ar sua disposição, sem que parecesse
suborno, de doar uma contribuição para a Caixa dos Funcionários do Aeroporto. Se nada disso
funcionasse, teria uma crise de nervos, uma grande crise histérica. Ttremores, abalos musculares,
um fio de baba, quase uma convulsão. Chamariam o pessoal da Saúde. Seria levada para o
Posto Médico. Na confusão, esperava se safar com todos os frascos de condimentos. Perda de
tempo e de adrenalina. Passou direto. Sem inspeção de bagagem.
IV
Ela a havia notado em algumas ocasiões, mas nunca havia passado pela caixa onde ela atendia.
Como ainda não se dispusera a procurar emprego, tinha muito tempo livre. Foi ao supermercado
no meio da tarde. Havia menos gente. Encheu um carrinho com ítens diversos, para demorar no
caixa. Ficou rodando à toa até que a caixa dela estivesse sem ninguém. Maíra, informava o
crachá. Em treinamento.
Morena clara. Cabelos cacheados (certamente alisados antes). Olhos esverdeados, magrinha,
seios pequenos, algumas sardas. Lindinha. lindinha. O resto, o balcão escondia. Novinha, mas
devia ser "de maior", se trabalhava ali.
Depois do que sofrera, não dava para perder tempo.
- Crédito, respondeu, e emendou: - Você é muito bonita. nunca pensou em ser modelo?
- Ah, pensar a gente pensa, mas nem sei por onde começar.
- Pode começar fazendo uns testes, um book.
- E como se faz isso?
- Trabalho como produtora. Tenho contatos. Se quiser, posso marcar.
Os olho e as narinas se dilataram. O verde se acentuou e a respiração se acelerou. Bom sinal.
- Pense nisso. Venho sempre aqui. Fique com meu cartão. Pense. Se quiser, me ligue. Vou ficar
esperando.
V
Efetivamente, tinha contatos com fotógrafos. Já fotografara com alguns deles. Mas, o melhor era
que tinha contato com uma fotógrafa. Era bom definir o gênero.
Explicou o plano a Muriel, que concordou imediatamente. A sororidade estava em marcha. Ela
produziria e Muriel clicaria. Depois... Depois, veria.
Três dias depois, Maíra ligou.
- Dona Anita, aqui é a Maíra do supermercado. A senhora falou para eu ligar se quisesse fazer um
teste para modelo.
- Sim..., silêncio prolongado... - e você está disposta?
- Tô.
- Que bom. Estamos justamente começando a fazer uns testes para o lançamento de uma
coleção de lingerie. Você... tem problema em posar de calcinha e sutiã?
- De calcinha e sutiã?... Precisa ficar pelada?
- Não, não. Só de calcinha e sutiã. Talvez, só de calcinha, mas de costas.
Silêncio.
- É melhor você pensar e me ligar depois.
- Não precisa, eu topo.
- Não perguntei, mas você é maior de idade, não é?
- Sou sim; fiz dezoito no mês passado.
- Então, pode ser na próxima quinta-feira? Não vai estar menstruada? A que horas você sai do
trabalho?
- Não, só daqui a duas semanas; sou bem regulada. Saio às cinco.
- Ótimo. Tem como anotar o endereço? Não é muito longe, acho que dá para estar lá antes das
seis. Se quiser, tome um táxi. Peça um recibo que o estúdio reembolsa. Assim você chega mais
cedo.
- Vai até que hora? Tenho que avisar em casa.
- Termina antes das nove. Talvez lá pelas oito e meia.
VI
Maíra chegou às cinco e meia e apresentou o recibo do taxi. Muriel estava às voltas como
equipamento, luzes, rebatedores, câmaras etc, e Anita a acompanhou até o vestiário.
Não antes de acertar as contas. Não misturava negócios com prazer. Gostava de fazer negócios
com prazer.
- Aqui está o dinheiro do táxi. Durante os testes, nós pagamos cem reais por hora de sessão.
Depois, se for aprovada e fotografar para alguma campanha, será bem mais. Depende do produto
e da campanha.
Ela era magrinha. Cor da pele, cabelos, seios pequenos e quadris largos revelavam suas origens
africanas. Olhos verdes e sardas indicavam que por suas origens africanas havia passado algum
europeu loiro. Trigueirinha gostosinha, decidiu Anita, mas nada de especial.
- Por enquanto, tire a roupa e pendure naqueles cabides. Fique apenas de calcinha e sutiã e vista
aquele penhoar. Vai ter que lavar bem o rosto para fazer a maquiage.
Anita saiu, deixando-a à vontade. Ao voltar ela estava como devia. Regina cuidou da maquilage
sumária e arrumou-lhe os cabelos. Anita acompanhou-a até o set, ajudou-a a despir o penhoar,
enquanto Muriel falava com ela para deixá-la à vontade. Ela engrenou sem maiores dificuldades e
as primeiras fotos foram feitas.
- Agora, vamos trocar as peças, disse Anita venha comigo.
Levou-a de volta ao vestiário e deu-lhe um conjunto de calcinha e sutiã.
- Troque sua calcinha sutiã por este conjunto. Vamos ver se o tamanho está bom.
- ... Na sua frente?
- O que tem de mais? Tenho peito e xoxota como você. Está bem, fico de costas. Se precisar de
ajuda, avise.
- Pronto.
Bem melhor, com calcinha e sutiã combinando. O tamanho estava adequado. Depois de algumas
trocas e fotos, à sós no vestiário, Maíra perguntou:
- Como estou indo?
- Muito bem. O problema é que seus pelos são muito escuros. Seu quadril é largo e, com as
calcinhas mais transparentes, os pelos marcam.
- Mas eu depilei bíquini, para vir aqui.
- Está bem, mas não é isso. Fica evidente que sua xoxota está com pelos. As manequins de
lingerie depilam tudo.
- Tudo? Como assim?
- Com cera. A xoxota fica lisinha, em nenhum pelinho.
- Nossa, deve doer muito!
- Dói um pouco, mas fica melhor e dura mais tempo do que se raspar com barbeador.
- Nunca ouvi falar. Como se faz isso?
- Qualquer salão de beleza bom faz isso.
- Vige! Tem que ficar peladona na frente de alguém?
- E daí? Quem faz isso é profissional. É como ir ao ginecologista. E o médico ainda enfia os dedos
lá dentro. Se precisa, precisa.
- E é homem quem faz isso? Morro de vergonha.
- Para homem, em salão de beleza, você pode mostrar a xoxota o quanto quiser, que a única
emoção que ele vai sentir é inveja. Mas, em geral, quem faz esse tipo de depilação é mulher.
Olhe, para não ser radical, você poderia começar com uma depilação total com gilete, mesmo. Vai
ver como fica diferente. Se der certo, na próxima você tenta a cera.
- Não é perigoso se cortar?
- É. E melhor que alguém a depile. Se quiser, posso ajudar.
- Não sei... tenho vergonha.
- Deixe de ser boba. No mundo das modelos não há lugar para vergonha. É só um teste, e estou
cansada de fazer isso em candidatas a modelo, como você.
- E faz aqui mesmo?
- Temos tudo de que se precisa. Você tira a calcinha, se deita naquela maca e eu cuido do resto.
Visivelmente embaraçada, Maíra obedeceu. O rubor em sua face era evidente. Anita cobriu seu
púbis com uma toalha quente úmida, "para amaciar e facilitar da depilação" e foi preparar creme
barbeador. Na passagem colocou umas dessas coisas chamadas de "música relaxante", cantos
de baleias, ruídos de ondas e de água escorrendo, sons new age, essas bobagens.
- Fique tranquila; feche os olhos e ouça apenas a música. Vou começar das beiradas para o
centro, mas ainda não vou depilar os lábios. Se sentir algum incômodo, avise.
Esguichou a espuma desde uns 10 centímetros abaixo do umbigo até o alto das coxas e
massageou toda a região delicadamente:
- Ajuda a amolecer os pelos.
Maíra respirava tranquilamente. Quem começou a ficar incomodada foi Anita. Debruçada sobre o
sexo de Maíra estava ficando zonza com o ruído sibilante da lâmina cortando os pelos íntimos e o
delicioso aroma que ela exalava, que permaneceu no ar sobrepujando o do creme de barbear.
Maíra devia estar excitada, aquele cheiro era inconfundível.
- Tudo bem?, perguntou Anita, recobrando o controle da situação.
- Tudo bem, só um pouco de cosquinha.
- É assim mesmo. Talvez fique mais intensa; avise, se incomodar.
Aquela nunca fora uma da fantasias de Anita. Mas ela estava achando muito excitante desnudar a
pele daquela maneira. O creme branco desaparecia e surgia a pele morena nua, mais nua
impossível, pressagiando o que ainda estava por vir. Apenas os lábios continuavam cobertos de
pelos encaracolados.
- A primeira etapa terminou, disse removendo com uma toalha úmida o creme restante.
Continuamos?
- Pode.
- Então, agora abra bem as coxas e dobre os joelhos.
Anita notou um leve tremor em sua mão. A posição de Maíra era de sonho. Prontinha para o
embate. Mas Anita não misturava negócios com prazer.
- Vou precisar afastar os lábios um pouquinho. Tudo bem?
A voz de Maíra sensivelmente mais rouca:
- Tudo bem.
Anita manipulava o aparelho com extremo cuidado. Passadas longas. A favor do crescimento dos
pelos. Não escanhoava, para evitar cortes e ferimentos. Não importava se não ficasse perfeito. À
medida que o creme era removido, junto com os pelos, o sexo de Maíra surgia em sua nudez
plena, abaulado, inchado, de um moreno arroxeado. Anita teve a impressão de perceber uma
lágrima de Eros brilhando na fenda entreaberta. Mais um pouco, escorreria. Contendo-se com
dificuldade, disse.
- Está quase acabando. Puxa, sua xoxota é linda, de proporções perfeitas. Seu namorado deve
adorar...
- Num tenho namorado.
- Mas, já teve.
- Uns dois ou três, mas foi só namorinho.
- E o que eles acharam da sua xoxota?
- Nada. Eles bem que tentaram passar a mão, mas eu não deixei. Homem só quer se aproveitar
da gente.
- Quer dizer... que você é virgem?
- ...Sou.
- Coisa rara, na sua idade. Pronto, ficou uma beleza.
- Dá um friozinho... geladinho.
- Vou passar uma loção que vai dar um calorão. Depois continuamos com as provas. Agora não
vai aparecer sombra nenhuma.
VII
Segunda de manhã. Anita no supermercado.
- As fotos ficaram muito boas (e, abaixando a voz), principalmente depois da depilação. Me ligue
depois das cinco.
Ao telefone, explicou que as fotos estavam excelentes. O cliente queria uma modelo mais
conhecida, mas elas estavam tentando convencê-lo a apostar em Maíra. Teriam que esperar uma
semana, mais ou menos, pela decisão.
- Entretanto, tenho outra coisa a lhe propor. Precisamos conversar.
Combinaram que no dia seguinte Anita a apanharia na saída no trabalho.
VIII
Acomodaram-se numa mesinha ao canto. Ao abrigo de olhos e ouvidos indiscretos. Anita abriu
uma revista e colocou-a diante de Maíra.
- Sabe o que é isso?
- Nossa! Que coisa mais esquisita! A moça está pelada?
- Isso é um jantar cerimonial japonês.
A moça era de uma brancura imaculada. De olhos fechados, parecia nua, coberta de sushis e
sashimis, com adereços de legumes entre eles. Ao seu redor, um círculo de homens. Japoneses
sérios. Todos de terno escuro.
- Eles vão comer a moça?
- Acho que não. Ela é apenas uma bandeja humana, sobre a qual a comida é servida. Ela fica
imóvel. Eles comem e vão-se embora. E ela ganha um bom dinheiro.
- Que nojo!
- Que nada. É uma cerimônia erótico-gastronômica. É claro que eles gostariam de comê-la, mas
de outro jeito. Comem a comida com os pauzinhos e depois vão comer suas esposas com outro
tipo de pau.
- Acho nojento.
- Sabe quanto ela ganha por hora para fazer isso? Mais de quinhentos reais.
- Nossa! É quase o que eu ganho num mês.
- Não gostaria de ganhar isso também?
- Desse jeito, não. Acho nojento e morreria de vergonha dos homens.
- O que quero lhe propor é diferente. Tenho um grupo de amigas que admiram o corpo feminino.
E que gostam muto de comidas exóticas. Eu preparo comidas exóticas. Gostaria de contratá-la
para trabalhar como bandeja humana. Como ainda é um teste, pago quatrocentos reais por hora.
Para facilitar, faremos um teste só você e eu. Já a vi nua e você não deve mais ter vergonha de
mim. Se der certo, combinaremos um jantar para umas seis ou oito amigas. São todas de
confiança e não haverá homem nenhum.
Anita parou, ofegante, e tomou um gole do seu Cosmopolitan. Maíra, olhando para a foto da
revista, sorveu lentamente sua cerveja, Tinha muito que aprender em matéria de bebidas. E da
vida.
- Ela está pelada, por baixo dessa comida?
- Pelada e depilada. Onde já se viu misturar comida com pelos?
IX
Se seus cálculos estivessem corretos, com oito mulheres por jantar, a quinhentos reais por
cabeça, fora as bebidas. Descontando os que prometera a Maíra, o que sobrava compensava
amplamente os insumos e seu tempo na preparação. Até daria para voltar ao Sri Lanka em busca
de mais extratos de condimentos de Vijay.
O exotismo dos pratos, o inusitado da apresentação e (sobretudo) a promessa do efeito
afrodisíaco criariam inevitavelmente um alta expectativa. E uma fila de espera. A comunidade
lésbica era inestimável. Se saísse como planejado, ela nem precisaria encontrar um novo
emprego. Poderia até abrir uma empresa e contratar Maíra com exclusividade. Pensar em eventos
customizados. Para um casal apenas. Apenas para casais. Para facilitar encontros. O céu era o
limite.
X
No sábado era a folga de Maíra e ela chegou no apê de Anita às quatro horas. Esta passou um
longo tempo explicando como a coisa funcionaria. Ela prepararia os quitutes, empregando um
pouco ds condimentos que trouxera do Sri Lanka, e os colocaria sobre o corpo de Maíra. Como a
maioria dos doces e salgados era de cremes ou pastas, não seriam usados nem talheres nem
ohashi. Eles passariam diretamente do corpo de Maíra para a boca das comensais. Nos testes, a
de Anita.
Naquele contexto, Anita não necessitava nenhum afrodisíaco. Desde a sessão de depilação, só
pensava em como levar Maíra para a cama. Conseguir o que nenhum namoradinhos conseguira.
Fazer a xoxota dela babar sem subterfúgios de creme de barba e barbeador. Substituir Eloá?
Porém, para que Maíra fizesse bem o que Anita esperava que ela afizesse, os afodisíacocs teiam
que funcionar. Anita faria com que ela provasse todos os serviços.
Ela preparara na sala uma longa mesa baixa, coberta por um colchonete, um plástico branco e,
sobre tudo, um lenço de linho branco. Sua avó nunca imaginaria para quê uma peça de seu
enxoval seria empregada. Para ficar no clima, Anita vestira uma das túnicas multicoloridas que
trouxera da índia. Sem nada por baixo.
O cardápio estava pronto e os comes pré-preparados. Alguns dos serviços tinham que ser
finalizados na hora. Mas estava quase tudo pronto, como o cardápio:
Caipirinha em geleia com jagra e água de rosas
Musselina de ostra com cravo
Paté de fîgado de ganso com canela
Espuma de côco com funcho
Sorbet de pitanga com marsala e cardamomo
Baba de moça com açafrão
XI
Anita acompanhou Maíra até a banheira que já estava preparada. Sabão de côco, sem perfumes,
para evitar interferências odoríferas. Supervisionou o banho e notou que os pelos começavam a
crescer. Mas, não disse nada. Quando o negócio fosse começar para valer, a depilação a cera
seria imprescindível.
Ajudou-a a enxugar-se minuciosamente. Estava impressionado com a seriedade e a calma de
Maíra. Parecia que fazia aquilo todos os dias.
Deitou-a na mesa. Cobriu-lhe o sexo com uma concha de vieira. Os seios pequenos, com meias
cascas de tangerina. Seriam descobertos apenas no momento de "servir".
Voltou da cozinha com cubinhos de Caipirinha em geleia com jagra e água de rosas, que dispôs
em carreiras, ao longo das coxas de Maíra, que exclamou:
- É geladinho!
Colocou um cubinho na boca de Maíra e colheu duas das coxas de Maíra com a própria boca.
Regozijou-se com o resultado. Trouxera também a terrina com a Musselina de ostra com cravo.
Depositou uma colherada na testa e outra na boca de Maíra. Lambeu delicadamente a da testa.
Degustando e acalmando Maíra. Um pouco salgada; a essência do cravo atenuava o sabor mas
anestesiava um pouco a língua. Não lhe pareceu boa ideia abrir o ágape com cravo.
Fez o trou normand com outro cubinho de geleia de caipirinha.
Em seguida, o que para ela deveria ser a piéce de résistence gastronômica, o Paté de fîgado de
ganso com canela. Deu a porção de Maíra na boca e ouviu:
- Hum, é muito bom!
Colocou uma colherada em cada covinha logo acima das clavículas e, enquanto as lambia -
deliciosas! - respirava bem junto ao pescoço de Maíra. Seria difícil saber o que dependia dos
extratos afrodisíacos e o quê da situação. Poderia ficar naquilo durante horas. Como fora se
esquecer do Sauternes? Começava a sentir um calorzinho auspicioso no baixo ventre.
Foi à cozinha e voltou com a bomba de ar comprimido. Depois de outro cubinho de caipirinha,
removeu a cascas de tangerina dos seios. Pressionou a válvula da bomba e a bela espuma
branca de côco com funcho começou a cobrir os seios da base para a o cume. Os mamilos
estavam eretos antes que as grandes auréolas arroxeadas desaparecesses sob a neve de côco.
Anita lambeu a espuma alternadamente em cada seio. De baixo para cima. Terminou lambendo,
chupando e desnudando os mamilos enrijecidos. Pelo frio da espuma ou pelo calor da língua de
Anita?
O peito de Maíra oscilava cada vez mais rapidamente para cima e para baixo. Sua respiração
estava acelerada. Quem sabe, outros processo fisiológicos também?
Nova jornada à cozinha e voltou com o sorbet de pitanga com marsala e cardamomo. Anunciou,
antes de colocá-lo sobre o umbigo:
- É gelado.
- Ui, é mesmo.
Na verdade, era uma delícia. Uma feliz combinação de ingredientes. Maíra concordou. Anita
lambeu tudo até raspar o fundo da vasilha umbilical. Maíra disse que fazia cócegas.
- É ruim?
- Não, gostoso.
Ao apanhar com os lábios mais uma geleia de caipirinha na coxa Maíra, Anita sentiu que o calor
entre suas próprias coxas havia aumentado muito. Seu sexo estava inchado e úmido. Maíra
arfava. A caminho da cozinha para apanhar a Baba de moça com açafrão, para o grand finale,
seu corpo era percorrido por descargas elétricas. Da periferia para o seu centro amoroso de seu
corpo. Arrepios, coriscos, relâmpagos. Os extratos dos condimentos já estavam em plena ação.
Ajoelhou-se, trôpega, com a compoteira ao lado de Maíra e removeu a concha que cobria seu
sexo. Maíra tentava permanecer imóvel, como fora orientada a fazer. Mas todos seus músculos se
contraíam involuntariamente, provocando-lhe pequenos deslocamentos sinuosos, viperinos.
Sentia ondas de calor da cabeça aos pés, dos pés à cabeça. Arrepios que se concentravam em
seu sexo.
Anita ficou admirando aquele sexo em sua plenitude, que o movimento dos quadris fazia subir e
descer. Abaulado, grandes lábios polpudos, quase entreabertos, a linguinha dos pequenos
projetando-se para fora. Lá no alto, coroando tudo, um botãozinho petulante parecia pedir seus
quinze minutos de atenção. As lágrimas de Eros escorriam abundantes. Mas Anita não misturava.
negócios com prazer. Com grande esforço e um delicado guardanapo, enxugou o licor do amor.
Aspirou o guardanapo e teve uma vertigem. Vijay era um gênio. Escolhera os condimentos certos.
Ela escolhera a baixela certa. Sentia cãibras no ventre. Seu sexo estava preste a explodir.
Com uma espátula de marfim, ungiu aquela jóia, até então intocada, com a emulsão. O
botãozinho perdera sua discrição e seu pudor. Exibia-se altaneiro e guloso acima da Baba de
moça. A cada carícia da espátula, um gemido contido de Maíra, um arquear de seus quadris,
coxas mais abertas, joelhos dobrados.
Anita deslocou-se para os pés de Maíra e começou a lamber o doce de baixo para cima, de fora
para dentro. Tratava de controlar e conter sua gula. Tratava de controlar e conter seu tesão.
Ofegante, María soergueu o tronco e apertou a cabeça de Anita contra sua boceta. Anita
abocanhou o clitóris que não pedia outra coisa. Maíra emitiu um longo e rouco uivo. Anita ficou
ainda alguns momentos rolando o carocinho da fruta sem caroço com a língua. Subitamente, num
salto, atirou-se sobre Maíra. Ventre no ventre, sexo encaixado no sexo, clitóris esgrimindo-se
mutuamente, não aguentou muito mais. Seu canto de Afrodite suplantou o de Maíra e o das
cítaras e tablas que rodavam no toca-CD.
Depois de sabe-se lá quanto tempo, Anita deslizou para baixo e foi acabar de comer o doce que
não terminara. Como mignardise, lambeu ainda toda a baba não metafórica da legítima moça
desmaiada de pernas abertas, para seu deleite. Criara mais um prato: a babaca babada.
XII
Faltavam pequenos ajustes para o negócio entrar em fase operacional. Maíra estava disposta a
mais alguns testes. Disposta e muito interessada. Anita estava pensando também em cobrar mais
de quinhentos reais por cabeça. Valia.
MASSAGEM TAILANDESA
AUTORA
Mercê de seu excelente desempenho no exercício anterior, Herbert foi promovido a comptroller da
empresa, o que significava que teria que ser transferido. Ankara e Bangkok eram as duas
possibilidades. Ele preferia Ankara, mais perto das grandes cidades europeias de que tanto
gostava, mas deu Bangkok, onde havia estado uma vez apenas de passagem, para uma rápida
reunião de negócios. Ficara com a impressão de uma cidade suja e de trânsito caótico, mas, as
coisas poderiam ter mudado.
A empresa cuidou de sua transferência e, desde sua chegada ao Sheraton, onde fora
provisoriamente instalado na business tower, depois de recebido por uma housemaid e um butler,
que lhe mostraram toda as amenidades de sua suíte e se despediram com um significativo:
‒ Se precisar de qualquer coisa, estamos aqui para serví-lo. Qualquer coisa...
Tanto uma quanto o outro pareciam duas bonequinhas, aliás como todos os demais funcionários
do esplêndido hotel. Pareciam todos irmãos, mesma estatura (baixinhos todos e todas, quer
dizer), mesmo corte de cabelo, mesmo uniforme, mesma delicadeza, mesmos olhares enviesados
e sugestivos, pareciam flutuar ou andar sobre rodinhas.
Sua secretária na empresa (parecia irmã dos funcionários do hotel) cuidou dele como se fosse
uma mistura de mãe, irmã, enfermeira e anjo da guarda. Nunca havia tido uma secretária com
aquela dedicação. Comentou sobre isso com seu novo supervisor, um alemão cujos cabelos
passavam da cor do pudim de leite para o a do creme chantili, que lhe disse:
‒ Aproveite, as tailandesas e as cingalesas são as últimas mulheres que restam na face da terra
criadas para servir e dar prazer aos homens. Tome cuidado para não misturar negócios com
prazer.
Antes que ele tivesse tido tempo de desfrutar o suficiente da "qualquer coisa" que o pessoal do
hotel pudesse lhe proporcionar, foi transferido para sua nova residência, uma bela casa térrea no
mais puro estilo tailandês, atendido por uma cozinheira e uma governanta, ambas quase
bilingues, ou seja, seu inglês era o suficiente para se entenderem sobre o básico, e que residiam
nuns aposentos nos fundo da casa. De qualquer forma, ele apenas tomaria o café-da-manhã em
casa e voltaria após o expediente, cruzando minimamente com as duas.
Ao final do primeiro dia da nova casa, chegando exausto do escritório, ainda afetado pelo jet-lag,
Nam, a governanta, notando seu ar de cansaço, perguntou-lhe se não queria que ela lhe fizesse
uma massagem para relaxar, antes do jantar. Por que não? Afinal, a Tailândia era famosa por
suas massagens.
Nam preparou seu banho, e quando ele saiu da imensa banheira e entrou no quarto ainda
vestindo um roupão de banho felpudo, Nam o esperava ao lado de um tatami colocado no chão,
pronta para a massagem. A luminosidade era fraca, proveniente das treliças das paredes
divisórias do quarto e de velas perfumadas espalhadas pelo quarto. Ela estende-lhe um quimono
de delicado algodão branco, semelhante ao que ela vestira substituindo seu, enquanto ele se
banhava, e nem se preocupou em desviar o olhar enquanto ele trocava de roupa.
Ela assinalou para que ele se deitasse no tatami e ele perguntou:
‒ De barriga ou de costas?
‒ É melhor se deitar de barriga para cima, primeiro.
Começou por pegar seus pés e fazer uma série de lentos movimentos circulares, apertando-os
como massa de pão, flexionando-os, em seguida erguendo suas pernas e coxas juntas, flexionado
as pernas de encontro as coxas e, finalmente, forçado suas coxas , uma de cada vez sobre seu
tronco. Com esse movimentos, tanto o o quimono dele quanto o dela se deslocaram, mas, como
ela não demonstrasse a menor preocupação com isso, ele tampouco. Aparentemente não portava
nada por baixo do quimono e ele entrevia seus seios pequenos, nos quais se destacavam dois
mamilos muito escuros e desproporcionalmente grandes. Enquanto de entregava àquela
agradável manipulação ficou imaginando como terminaria aquela massagem, porém, ela indicou
que a parte das pernas havia terminado, que ele despisse o quimono e se deitasse de barriga
para baixo.
Sentiu então suas pequenas mãos espalhar uma generosa porção de um óleo perfumado que
estava numa tigela ali ao lado e começar uma massagem que impressionava pela delicada força
insuspeitada daquela mãozinhas. Sem a visão dos mamilos a interferir com seu espírito, foi
afundando num torpor e deve ter adormecido quando a ouviu dizer que havia acabado e que o
jantar estava servido.
Levantou-se ainda zonzo, vestiu uma roupa leve e foi jantar. Nam apresentou-lhe Aom, a
cozinheira, que lhe serviu um mai-tai, como aperitivo e uma tom yum koong, uma sopa de
camarão picante, tradicional prato de boas vindas, antes de outras iguarias, tanto da cozinha local
como alguns pratos ocidentais. 'Deste jeito, se não me cuido, vou acabar engordando' pensou.
As duas ficaram ao seu lado, servindo-o, atentas aos seus mínimos gestos, antecipando-se às
suas intenções. Sem outro assunto, ele perguntou a Nam onde aprendera a fazer uma massagem
tão relaxante.
‒ Na escola. Há muitas escolas públicas de massagem. São controladas pelo Ministério da
Saúde, e a maioria das moças faz algum curso nessas escolas. A Aom também tem diploma de
massagista. Sabe, como muitas são massagistas diplomadas, o mercado é concorrido e
acabamos tendo outra ocupação para sobreviver. Essa massagem que lhe fiz é uma leve, apenas
uma aquecimento para abrir o apetite. Se quiser, antes de se deitar podemos lhe fazer uma que
lhe dará sonhos maravilhosos.
Após o jantar, Nam mostrou-lhe como havia acomodado toda a sua roupa nos roupeiros,
perguntou-lhe se estava a contento, se queria que a organizasse de outra forma, e disse que não
tocara no papéis nem em nada de escritório. Enfim, uma governanta de primeira. Mostrou-lhe, em
seguida, o home theatre e a coleção bem atualizada de DVDs.
Ele colocou os papéis mais urgentes em ordem, deu uma zapeada pelos canais internacionais e
notou Nam atenta para a massagem noturna. O mai tai e a tom yum koong (soube depois que era
tida como afrodisíaca) deixaram-no no ponto. Por que não?
Entendeu melhor a fama de excelentes massagistas que as tailandesas têm. Ela começou pelas
costas com ele despido. Da nuca aos calcanhares, ela massageou todo o seu corpo e ele estava
quase adormecido, quando ela lhe pediu que se virasse. Ela não pareceu se importar com a semi-
ereção que já estava evidente, e recomeçou pela testa, desta feita com mais delicadeza do que a
que empregara nas costas. Ela massageou seus flancos, evitando a barriga, certamente devido
ao fato de ter acabado de jantar e, ao chegar perto de seu sexo, seu pênis ficou mais
entusiasmado. Sem demonstrar nenhuma preocupação com o fato, ela tomou sua bolsa escrotal
delicadamente nas mãos, ele sentiu um choque subir até sua nuca, ela colocou um lenço sobre
seu pênis, empalmou a haste rígida e, em poucos movimentos fez com que ele gozasse
copiosamente. Naquela noite, dormiu profundamente.
Passou a levar uma vida de rotina: do trabalho para casa, de casa para o trabalho, do trabalho
para csa (ou melhor, para a massagem de Nam). Querendo variar, numa das vezes em que ela
colocou o lenço sobre seu pênis, Herbert passou a mão por baixo do quimono de Nam, subiu por
suas coxas até chegar ao seu sexo. Ela fez um leve um movimento de fechar as coxas, mas
relaxou e, seguida. Estava sem calcinha, porém seca. Ele achou estranho, pois a situação lhe
parecia muito excitante e julgava que, para ela, também. Contudo isso não o impediu de gozar,
como sempre, mas não voltou a bolinar Nam durante as massagens.
Uma noite, ao jantar, Nam disse que Aom queria lhe falar. Contou que tinha uma sobrinha de 18
anos, que estava desempregada, e queria saber se ela não poderia trabalhar também para ele,
organizando a papelada que se acumulava em seu escritório. Ela não queria pagamento, apenas
a oportunidade de poder ter alguma experiência, o que poderia ajudá-la a conseguir um bom
emprego. Ela passaria a morar na casa, com Nam e Noon e ele entendeu a casa e a comida que
ela faria de graça deveriam valer mias que a experiência a ser adquirida, e concordou. Era uma
sexta-feira, e Noon, a sobrinha de Aom, deveria se mudar já no dia seguinte, em que Herbett
estaria em casa o dia todo.
Noon era outra bonequinha, e muito mais bonita do que Nam e Aom. Movia-se silenciosamente
pela casa, parecia deslizar, e não falava inglês. Herbert notou que, por toda parte onde estava
Noon, Nam estava de olho nela, e que Noon constantemente olhava de soslaio para ela, o que
algumas ideias a Herbert. À noite, durante a massagem, ele perguntou a Nam:
‒ Noon também sabe fazer massagens?
‒ Sabe, mas tem pouca experiência.
‒ Já que ela veio para cá para adquirir experiência, por que você não a convida para participar da
massagem?
Depois de responder
‒ Vou ver se ela tem interesse,
Nam ajeitou o leve quimono, que já se afrouxara, saiu e voltou num instante acompanhada de
Noon, também vestida só de quimono. Herbert pensou: "Será que também está sem calcinha?".
Postaram-se uma de cada lado de Herbert e recomeçaram a massagem pela testa. Ele notou que
ambas estavam com a respiração acelerada, o rosto afogueado e olhavam uma para a outra por
sobre seu corpo nu. Atribuiu ao fato ao que lhe parecia o inusitado da situação ‒ ao menos para
ele ‒ e seu pênis começou a demonstrar seu entusiasmo. Pela abertura dos quimonos, comparou
os seios e ficou evidente que os de Noon eram menores ainda dos que os de Nam, bom como
suas mãozinhas.
Ao chegarem aos seus flancos, sem se preocupar em dissimular, enfiou a mão por baixo do
quimono de Nam e, ao chegar ao seu sexo, notou, com surpresa e prazer, que ela estava
molhada. Ficou acariciando o sexo úmido e Nam começou a ficar ofegante. Noon não pode deixar
de perceber onde estava a mão de Herbert e ficou visivelmente perturbada, com os lábios
entreabertos. Ele não se intimidou e enfiou a outra mão por baixo do quimono de Noon, que
trancou as coxas e imobilizou sua mão. Ele permaneceu com uma mão bolinando Nam e com a
outra esperando que Noon relaxasse e abrisse as coxas. Quando atingiu seu sexo notou que ela
também estava sem calcinha. Também estava toda melada. Tentou deslizar o dedo para dentro
dela mas sentiu uma barreira interna. Virgem? Verificaria isso mais tarde, pois Noon olhava
ansiosa para Nam, que continuava a massageá-lo, demorando-se incomumente para se
aproximar de seu pênis. Aos poucos, Noon foi relaxando as pernas e arfando mais intensamente.
Herbert removeu a mão do sexo de Nam e soltou o cinto do seu quimono, abrindo-o na frente. Os
olhos de Noon estatelaram-se ao ver os seios nus de Nam. Herbert repetiu a manobra com o
quimono de Nono e foi a vez de Nam ficar de olhos e boca aberta diante do corpinho nu de Noon.
Herbert colocou uma das mãos de Noon sobre seu estômago e a de Nam sobre a de Noon. Até
ele percebeu o arrepio que percorreu as duas.
Levantou-se da cama de massagem, tomou as duas pelas mãos e levou-as até os pés de sua
imensa cama, ali ao lado. Colocou as duas frente a frente e, delicadamente, removeu seus
quimonos. Elas permaneceram imóveis. Ele colocou os braços inertes de Nam em torno do
pescoço de Noon e os desta na cintura de Nam e retirou-se para o closet adjacente. Sentou-se
num escabelo que ali havia e ficou observando de longe a cena. Por um longo momento,
nenhuma das duas se mexia, com os olhos fixados em lugar nenhum.
Lentamente, Nam estreitou o abraço, pousando seus olhos nos de Noon. Isso teve o efeito de
uma fagulha em pólvora. Noon puxou-a para junto de si e seus lábios se juntaram.
No instante seguinte, estavam as duas deitadas na cama, corpos e bocas se buscando,
encontrando, desencontrando e logo eram um emaranhado de pernas entrelaçadas. Nam ficou
por cima, encaixou uma de suas coxas entre as de Noon, que se abriram e ergueram para facilitar
o encaixe. A agitação dos corpos, verdadeiro carnemoto, foi acompanhada de suspiros
langorosos, de gemidos cada vez mais intensos e roucos até que Noon se imobilizou, enquanto
Nam continuou a se mover por mais alguns momentos até desabar flácida sobre o corpo idem de
Noon.
Por um breve instante pensou em abrir o caminho de Noon para o os prazeres do sexo, mas,
percebeu as verdadeiras inclinações das duas e abriu-lhes as portas da longa estrada do paraíso
das artes sáficas.
-o-o-o-o-o-o-
Um ano depois, mercê de seu excelente desempenho profissional, Herbert foi transferido para a
matriz da empresa em Nova Iorque e, ao negociar os reajustes em seu novo contrato, insistiu em
ser acompanhado por Nam e Noon.
30.000 pés de altitude
AUTORA
O embarque fora tranquilo. Rapidez na fila VIP do controle de passaportes e um salão de primeira
classe bem provido. Normal.
Acomodado em sua ampla poltrona, Clara teve um lampejo de lembrança de Simone que,
certamente, a estaria esperando no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Um leve arrepio de
antecipação percorreu seu corpo.
Olhou para o lado esquerdo e viu, na outra extremidade da fileira de trás, que havia, na primeira
classe, apenas ela e um senhor (que pena!), com data de validade já vencida, já sonolento,
indicando que dormiria antes mesmo da decolagem. Mas, que bom, que não haveria amolação do
barulho de crianças.
A aeromoça aproximou-se empurrando um carrinho com um balde de gelo, dentro do qual se via o
gargalo de uma garrafa champanha, taças, copos e garrafas e embalagens de diversos sucos
laranja, maçã, caju, manga, maracujá, goiaba e cranberry, e perguntou, e perguntou em português
de erres arrastados:
− Qual é sua prreferrência?
− O champagne, dependendo de qual.
− La Grande Dame, bien sûr, 2008!
Grande Dama, realmente, aquela viúva. Pioneira dos sabores femininos, não apenas produzira
um dos melhores espumantes do mundo, como emprestara seu próprio nome à versão mais
popular de seu produto e seu título à versão mais sofisticada, engarrafada apenas em anos de
safra excepcional.
A mão que lhe estendeu a taça onde borbulhava o néctar tentador tinha dedos longos e finos,
muito bem manicurada, convenientes unhas curtas, com um tom de esmalte que combinava com
o vermelho de seu uniforme. Clara serviu-se de um pequeno sortimento de amuse-bouches e
pediu ainda um copo de água.
− Se prrecisar de algo mais, é só pedirr. Estou aqui para darr-lhe o máximo prrazerr.
"Será, mesmo?" pensou Clara.
Pouco antes da partida, Nadja retornou para recolher os utensílios daquele breve e estimulante
serviço, de garrafa em punho:
− Posso serrvi-la?
− Toujours !
Champanha era mesmo a bebida por excelência das mulheres de bom gosto, e aquela até no
título homenageava as mulheres: a Grande Dame Clicquot a produzia e as grandes damas a
consumiam com prazer. Clara sorriu ao lembrar-se de seus prazeres do início da juventude, antes
de aventurar-se em desafios mais interpessoais, com rolhas de champanha das quais a plaquinha
de metal fora retirada; descobrira que seu formato de cogumelo, com a cúpula bem lubrificada,
era um excelente sex toy, muito antes antes de descobrir outros sex toys mais elaborados
comercializados e a superioridade de dedos, bocas e sexos quentes e úmidos alheios. Mas, um
inocente brinquedinho, leve e que ocupava pouco espaço na bolsa, sempre era um bom quebra-
galho.
Na taça, o fluxo ascendente das borbulhas finas convidava a imaginação a acompanhá--lo para
cima, para o alto, para os píncaros da satisfação trazida pelo líquido amarelo palha que gelava a
boca e a língua, mas aquecia o estômago e o coração e incendiava progressivamente as paixões
e outras regiões do corpo, até atenuar e eliminar o peso, como acontecia agora com o consórcio
do champanha e de decolagem.
Depois de servido o jantar e recolhida a louça, os talheres, as taças, o guardanapo e as toalhas, a
comissária veio conferir se estava tudo em ordem, se precisava de algo mais e, estendendo-lhe
um volume, disse:
− Pardon, uma corrtesia para seu conforrto.
Sob o olhar atento da comissária, Clara desfez o embrulho elegante e deparou-se com um pijama
de seda grená.
− Tornará sua viagem menos desconfortável.
Ia saindo, mas voltou-se, abaixou-se e disse baixinho:
− Sempre o uso sem nada por baixo; é muito mais sensual, mesmo desacompanhada. O
banheirro está livrre, agorra, e quiser ir se trrocar. E, se prrecisar de ajuda, terrei muito prrazer...
Ao retornar, sem ter precisado de ajuda, mas tendo seguido a sugestão de usar sem nada por
baixo, notou que sua cama já estava preparada, com impecáveis lençois brancos (pelo toque, mil
fios) um providencial travesseiro anatômico, e, dobrado, um edredão com o peso de uma nuvem
de outono.
Sobre o edredão, um catálogo de artigos vendidos em duty free, exclusivo para os bem-
aventurados passageiros da primeira classe.
A comissária acercou-se e disse como que casualmente:
− Não deixe de dar uma olhada no pequeno catálogo anexo, só para pessoas muito, muito
especiais e de gosto très raffiné.
No grande catálogo, o de sempre: perfumes, artigos de maquilagem, relógios, acessórios
masculinos e femininos, bebidas, cigarros e chocolates.
Todavia, o pequeno anexo era inusitado: um catálogo de sex toys! A caverna do Ali-Babá! Como
qualquer catálogo do gênero, tinha um pouco de tudo do genérico: vibradores, bolas tailandesas,
pinças, lubrificantes, correntes, vendas, mordaças, cordas, bonecos/bonecas infláveis, velas,
roupas (íntimas e nem tanto), bibelôs e estatuetas, guloseimas, livros de fotos e diversos outros
acessórios de usos inimagináveis.
Porém, o que o tornava particularmente excepcional, inédito mesmo, para Clara, era o design, os
materiais e as griffes.
Vibradores em plástico e silicone há por aí aos montes, mas, em metais, plebeu como o aço inox,
semi-plebeu, como o titânio, claramente nobre, como a prata, ou definitivamente nobre como o
ouro, Clara nunca havia visto. As roupas − sobretudo espartilhos, sutiãs, calcinhas e protetores de
mamilos − eram assinadas por nomes como Gaultier, Versace, Victoria Street, Paris Hilton, Saint-
Laurent, Gossard e outros nomes menos conhecidos do grande público, mas não menos criativos
e excitantes, sem falar das roupas em látex, sem costuras, particularmente notáveis (Atsuko Kudo,
por exemplo).
Clara devaneava nesse mundo de possibilidades nunca dantes navegadas, quando a comissária
aproximou-se para dizer-lhe que se quisesse algum produto de algum dos catálogos poderia pedir
até pouco antes do pouso. E acrescentou:
− Se me perrmite, tenho um prresente pessoal para a senhorra. O test drrive é porr conta da casa.
Seu único companheirro viajante nesta cabine pediu que o desperrte apenas antes do pouso.
Dorrme como um anjo tettraplégico.
Afastou-se, enquanto Clara abria o pacotinho para descobrir, selado numa embalagem de plástico
transparente com o emblema de Bluetooth, uma espécie de cone ovalado, de uns 3cm X 5 cm,
num material bem liso de cor fúcsia, ao lado de um pequeno envelope contendo lubrificante.
As luzes da cabina havia sido apagadas, restando apenas uma suave penumbra proveniente de
luzinhas no teto, que reproduziam (maravilha da tecnologia!) a posição das estrelas no exato lugar
em que voavam, em tempo real. Sob o palor da via-láctea, e com a proteção do edredão quase
sem peso, Clara decidiu-se arriscar o "test drrive".
A cortina que separava sua cabina da área de trabalho dos comissários, moveu-se, indicando que
havia alguém do outro lado, mas Clara sabia que, na primeira classe, com apenas dois
passageiros, havia apenas aquela comissária de serviço. Estaria ela do outro lado da cortina
espiando pela fresta das abas?
Cautelosa e discretamente, Clara deitada baixou as calças do pijama até abaixo dos joelhos,
rasgou uma ponta do envelope de lubrificante, espremeu uma porção na ponta de dois dedos e,
cautelosamente, para não lubrificar o edredão, levou os dedos até seu sexo, que já estava
naturalmente lubrificado; para não perder a viagem, passou o lubrificante artificial sobre seus
sucos naturais (o seguro morreu de velho) e introduziu os dois dedos na vagina.
Removeu o cone ovalado da embalagem de plástico transparente e, com a mão trêmula e
lambuzada de lubrificante, introduziu-o lentamente em seu corpo, a extremidade menor primeiro.
A grande viagem com Circe
AUTORA
O embarque fora tranquilo. Rapidez na fila VIP do controle de passaportes e um salão de primeira
classe bem provido. Normal.
Acomodada em sua ampla poltrona, Clara teve um lampejo de lembrança de Simone que,
certamente, a estaria esperando no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Um leve arrepio de
antecipação percorreu seu corpo.
Olhou para o lado esquerdo e viu, na outra extremidade da fileira de trás, que, na primeira classe,
havia apenas ela e um senhor (que pena!), com data de validade já vencida, já sonolento,
indicando que dormiria antes mesmo da decolagem. Mas, que bom, que não haveria amolação do
barulho de crianças.
A comissária aproximou-se empurrando um carrinho com um balde de gelo, dentro do qual se via
o gargalo de uma garrafa champanha, taças, copos e garrafas e embalagens de diversos sucos
laranja, maçã, caju, manga, maracujá, goiaba e cranberry, e perguntou, e perguntou em português
de erres arrastados:
− Qual é sua prreferrência?
− Champagne, dependendo de qual.
− La Grande Dame, bien sûr, 2008!
Grande Dama, realmente, aquela viúva. Pioneira dos sabores femininos, não apenas produzira
um dos melhores espumantes do mundo, como emprestara seu próprio nome à versão mais
popular de seu produto e seu título à versão mais sofisticada, engarrafada apenas em anos de
safra excepcional.
A mão que lhe estendeu a taça onde borbulhava o néctar tentador tinha dedos longos e finos,
muito bem manicurada, convenientes unhas curtas, com um tom de esmalte que combinava com
o vermelho de seu uniforme. Clara serviu-se de um pequeno sortimento de amuse-bouches e
pediu ainda um copo de água.
− Se prrecisar de algo mais, é só pedirr. Estou aqui para darr-lhe o máximo prrazerr.
"Será, mesmo?" pensou Clara.
Pouco antes da partida, Nadja retornou para recolher os utensílios daquele breve e estimulante
serviço, de garrafa em punho:
− Posso serrvi-la?
− Toujours !
Champanha era mesmo a bebida por excelência das mulheres de bom gosto, e aquela até no
título homenageava as mulheres: a Grande Dame Clicquot a produzia e as grandes damas a
consumiam com prazer. Clara sorriu ao lembrar-se de seus prazeres do início da juventude, antes
de aventurar-se em desafios mais interpessoais, com rolhas de champanha das quais a plaquinha
de metal fora retirada; descobrira que seu formato de cogumelo, com a cúpula bem lubrificada,
era um excelente sex toy, muito antes antes de descobrir outros sex toys mais elaborados
comercializados e a superioridade de dedos, bocas e sexos quentes e úmidos alheios. Mas, um
inocente brinquedinho, leve e que ocupava pouco espaço na bolsa, sempre era um bom quebra-
galho.
Na taça, o fluxo ascendente das borbulhas finas convidava a imaginação a acompanhá--lo para
cima, para o alto, para os píncaros da satisfação trazida pelo líquido amarelo palha que gelava a
boca e a língua, mas aquecia o estômago e o coração e incendiava progressivamente as paixões
e outras regiões do corpo, até atenuar e eliminar o peso, como acontecia agora com o consórcio
do champanha e de decolagem.
Depois de servido o jantar e recolhida a louça, os talheres, as taças, o guardanapo e as toalhas, a
comissária veio conferir se estava tudo em ordem, se precisava de algo mais e, estendendo-lhe
um volume, disse:
− Pardon, uma corrtesia para seu conforrto.
Sob o olhar atento da comissária, Clara desfez o embrulho elegante e deparou-se com um pijama
de seda grená.
− Tornará sua viagem menos desconfortável.
Ia saindo, mas voltou-se, abaixou-se e disse baixinho:
− Sempre o uso sem nada por baixo; é muito mais sensual, mesmo desacompanhada. O
banheirro está livrre, agorra, e quiser ir se trrocar. E, se prrecisar de ajuda, terrei muito prrazer...
Ao retornar, sem ter precisado de ajuda, mas tendo seguido a sugestão de usar sem nada por
baixo, notou que sua cama já estava preparada, com impecáveis lençois brancos (pelo toque, mil
fios) um providencial travesseiro anatômico, e, dobrado, um edredão com o peso de uma nuvem
de outono.
Sobre o edredão, um catálogo de artigos vendidos em duty free, exclusivo para os bem-
aventurados passageiros da primeira classe.
A comissária acercou-se e disse como que casualmente:
− Não deixe de dar uma olhada no pequeno catálogo anexo, só para pessoas muito, muito
especiais e de gosto très raffiné.
No grande catálogo, o de sempre: perfumes, artigos de maquilagem, relógios, acessórios
masculinos e femininos, bebidas, cigarros e chocolates.
Todavia, o pequeno anexo era inusitado: um catálogo de sex toys! A caverna do Ali-Babá! Como
qualquer catálogo do gênero, tinha um pouco de tudo do genérico: vibradores, bolas tailandesas,
pinças, lubrificantes, correntes, vendas, mordaças, cordas, bonecos/bonecas infláveis, velas,
roupas (íntimas e nem tanto), bibelôs e estatuetas, guloseimas, livros de fotos e diversos outros
acessórios de usos inimagináveis.
Porém, o que o tornava particularmente excepcional, inédito mesmo, para Clara, era o design, os
materiais e as griffes.
Vibradores em plástico e silicone há por aí aos montes, mas, em metais, plebeu como o aço inox,
semi-plebeu, como o titânio, claramente nobre, como a prata, ou definitivamente nobre como o
ouro, Clara nunca havia visto. As roupas − sobretudo espartilhos, sutiãs, calcinhas e protetores de
mamilos − eram assinadas por nomes como Gaultier, Versace, Victoria Street, Paris Hilton, Saint-
Laurent, Gossard e outros nomes menos conhecidos do grande público, mas não menos criativos
e excitantes, sem falar das roupas em látex, sem costuras, particularmente notáveis (Atsuko Kudo,
por exemplo).
Clara devaneava nesse mundo de possibilidades nunca dantes navegadas, quando a comissária
aproximou-se para dizer-lhe que se quisesse algum produto de algum dos catálogos poderia pedir
até pouco antes do pouso. E acrescentou:
− Se me perrmite, tenho um prresente pessoal para a senhorra. O test drrive é porr conta da casa.
Seu único companheirro viajante nesta cabine pediu que o desperrte apenas antes do pouso.
Dorrme como um anjo tettraplégico.
Afastou-se, enquanto Clara abria o pacotinho para descobrir, selado numa embalagem de plástico
transparente, uma espécie de cone ovalado, de uns 3cm X 5 cm, num material bem liso de cor
fúcsia, ligado a um cordãozinho enrolado, com nome (ou marca?) de Circe, ao ao lado de um
pequeno envelope contendo lubrificante.
As luzes da cabina havia sido apagadas, restando apenas uma suave penumbra proveniente de
luzinhas no teto, que reproduziam (maravilha da tecnologia!) a posição das estrelas no exato lugar
em que voavam, em tempo real. Sob o palor da via-láctea, e com a proteção do edredão quase
sem peso, Clara decidiu-se arriscar o "test drrive".
A cortina que separava sua cabina da área de trabalho dos comissários, moveu-se, indicando que
havia alguém do outro lado, mas Clara sabia que, na primeira classe, com apenas dois
passageiros, havia apenas aquela comissária de serviço. Estaria ela do outro lado da cortina
espiando pela fresta das abas?
Cautelosa e discretamente, Clara deitada baixou as calças do pijama até abaixo dos joelhos,
rasgou uma ponta do envelope de lubrificante, espremeu uma porção na ponta de dois dedos e,
cautelosamente, para não lubrificar o edredão, levou os dedos até seu sexo, que já estava
naturalmente lubrificado; para não perder a viagem, passou o lubrificante artificial sobre seus
sucos naturais (o seguro morreu de velho) e introduziu os dois dedos na vagina.
Removeu o cone ovalado da embalagem de plástico transparente e, com a mão trêmula e
lambuzada de lubrificante, quis introduzi-lo lentamente em seu corpo, a extremidade menor
primeiro, mas ele escorregou, com por si mesmo, para dentro dela.
Ficou por um momento deitada imóvel e, na penumbra, percebeu, na fresta da cortina, o braço da
comissária com o que parecia um telefone celular na mão. Tentou relaxar-se, sem conseguir
imaginar o que aconteceria a seguir. Teve a impressão de sentir um leve tremor no baixo ventre,
mas podia ser apenas do seu estado de excitação. Mas, o tremor aumentou e ela sentiu, com
desconforto, algo como que tentando mover-se dentro dela.
Não gostou nada daquilo; apesar de ter tentado diversas vezes, jamais gostara do sexo de um
homem dentro do seu. Na primeira vez julgara que a dor e a inexperiência do namorado fossem
os responsáveis, mas, repetiu a dose, com homens bem mais experientes e jamais gostara
daquela coisa dura, indelicada, contundente e iterativa dentro dela.
Com mulheres tudo fora o oposto. Talvez tivesse tido sorte com as mulheres e azar com os
homens que escolhera, mas sua preferência estava bem definida.
O tremor aumentou e pareceu pulsar, de início em baixa frequência, que se acelerou aos poucos,
acompanhado por um calor por todo o corpo, formigamento na pele, e seu sexo começou a latejar
como um pisca-pisca descontrolado. Ondas de tremores passaram a percorrer todo o seu corpo.
Involuntariamente, levou a mão ao sexo, que estava inchado, encharcado, parecendo arder em
chamas.
A vibração dentro de si cresceu e teve a sensação de grandes ondas percorrendo seu corpo da
nuca até a ponta dos pés, fazendo com que seu corpo se arqueasse, seu sexo se tornasse o pico
de um vulcão prestes a irupcionar. Sentia um prazer indescritível, imenso, dificilmente suportável.
Não sabia mais se queria se aquilo continuasse ou fosse interrompido.
A submissão sempre lhe fora um excelente estimulante, sobretudo com uma dominadora
firmemente terna como Simone, porém, ser submissa a alguém que não via, talvez a algo, não a
alguém, era uma novidade ainda mais excitante.
Ela estava totalmente à mercê das descargas elétricas − do aparelhinho dentro dela ou dela
mesma? − que provocaram vagas imensas, um maremoto que a subjugou, seus mamilos
pareciam querer saltar para fora dos seios, seu sexo, um vulcão à beira da erupção, até que,
finalmente, os espasmos ritmados se tornaram um big bang, e ela se liquefez, dissolvendo a
tensão muscular, exatamente no ritmo das vibrações provenientes de sua vagina. A grande onda
transformou-se em marolas que acariciavam suas coxas lânguidas e distendidas.
Saboreando a calma untuosa, deixou-se levar pela correnteza até uma praia deserta e luminosa,
de onde foi acordada por um suave toque da comissária no ombro.
− Com está? Prrecisa de algo?
− Não, obrigada, não preciso de nada. Já vamos pousar?
− Ainda não. Seu test drrive durrou apenas alguns minutos; a soneca durou bem mais. Esperro
que tenha sido de seu agrrado. Tome, este é o contrrole da maravilha, que pode, também, ser
sincrronizada com um celular; isso lhe permite ser contrrolada pelo celular até onde alcançar o
G4, acrescentou entregando-lhe um aparelhinho pouco maior do que um cartão de crédito, junto a
um cartão de visita.
− Imagino que haverá alguém à sua esperra. Em todo caso, tenho também um aparrelhinho igual
ao que lhe dei e, atrravés do número de telefone que está no carrtão, poderrá acionar o meu, ou
mandar uma mensagem para acionar o seu, quando quiser. Voo toda semana ao Brrasil, e
gostarria muito de encontrrá-la alguma vez.
Horas depois, descansada a restaurada, os presentes bem guardados em sua bagagem de mão,
esperando a porta se abrir para o desembarque, seu colega de viagem dorminhoco perguntou-lhe:
− Fez boa viagem?
− Nem imagina o quanto.