AUTOBIOGRAFIA DE DARCY CHIMELLO
ABERTURA
Sempre tive vontade de escrever algo sobre minha família, não para o orgulho pessoal, mas
sim para eternizar a luta pela sobrevivência, porque sem ela não temos vitória. Para ficar para
aos meus filhos e netos que a nossa luta não foi em vão.
Se pudesse retornar ao passado, começaria tudo novamente.
O que agora foi escrito, mostra sucintamente o aperto, trabalho, luta, choro e alegria, doença
e saúde, que quando iniciamos a caminhada, eu e a Lula, nunca saberíamos doravante o que
haveríamos de passar.
O tempo se foi muito rápido, melhor dizendo rapidíssimo, pois a maior parte ficou no passado.
A letra pode contar algo, mas o viver é incontável.
O amor sempre esteve presente nesta caminhada, pois a luta não foi só minha, foi de ambos e
por fim dos filhos. Com a ajuda do nosso Criador, chegamos até aqui, sempre deixando um
rastro luminoso de honestidade e confiança.
Outubro de 2020
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Filho de imigrantes italianos que chegaram ao Brasil em 1906, dia 02 de janeiro, vindos da localidade de
Thiena, norte da Itália, que após diversos locais percorridos no Estado de São Paulo, vim ao mundo no dia 26
de setembro de 1934. Daí para cá uma longa caminhada. Minha vida transcorreu-se de maneira difícil, pobre,
criado sob a disciplina italiana; tive uma infância como todo garoto pobre. Nasci na localidade de Perus S.P.;
tive mais cinco irmãos: Adelina, Antônio, Diomar (Ricardo), Laurentina e Carlos. De Perus, minha família
mudou-se para o interior do Estado de São Paulo e fomos parar no distrito de Botafogo município de
Bebedouro, situada na extinta Estrada de Ferro São Paulo Goiás. Ali vivi a minha infância e juventude. Fui
para a escola aos sete anos de idade, usando um uniforme amarelo, calça curta e suspensório de pano ,
descalço; época em que havia eclodido a segunda guerra mundial (1941), havia falta de alimentos,
combustível, nossa iluminação era feita com querosene na lamparina, muito embora nunca tivéssemos a
iluminação elétrica. Os alimentos, como farinha, açúcar, óleo e outros foram racionados e só poderíamos
adquiri-los em pequenas porções mensais, controlados por um cartão de consumo pois não era permitido a
aquisição do mesmo produto dentro do mesmo mês. A falta de combustível gasolina, foi substituída pelo uso
do gás de carvão. Para os meninos da época tornou-se divertimento, porque os veículos quando passavam
pela nossa localidade, e que se defrontavam com um a pequena subida, não tinham força necessária, e então
era divertimento para nós ajudar a empurra-los. Nesta época eu estava muito longe das consequências
desastrosas de uma guerra. Gostava de ouvir as marchas de guerra pelo rádio que era do vizinho. Mal sabia
eu que para terminar uma guerra foi necessário a destruição em massa, através de artefatos inventados e
construídos pelos homens, muita gente pereceu no período de mais ou menos 6 anos e culminou com as
duas explosões das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que até hoje sofrem as consequências das
radiações emanadas com efeito colateral.
Um grande susto:
Uma noite em que todas as luzes, quer fossem elétricas, lampiões, lamparinas, ou mesmo fogueira, deveriam
ser apagadas logo ao escurecer do dia. Segundo informações, a cidade não deveria ser localizada à noite
pelas luzes, para evitar um ataque aéreo.
Numa noite de luar muito clara, me lembro bem, a cidade estava em silêncio, haja visto que o relógio da
Igreja havia anunciado vinte e duas horas, ecoando dez batidas, e, nesta hora a cidade dormia.
Fomos acordados inesperadamente, por um ronco de motor de avião, sobrevoando Botafogo; mais silêncio
ainda; só se ouvia o barulho do avião dando voltas sobre nós e os cães latimdo.
A cidade era pequena, um Distrito de Bebedouro, não havia mais do que uma centena de casas. Diante
daquela angustia, sempre havia o mais corajoso e saiu para ver o que estava acontecendo, porque não se
ouviu nenhuma explosão de bombas. Foi meu irmão Ricardo, sob o protesto da nossa mãe.
Ele contou que o avião era um “ Teco-Teco”, monomotor, como denominavam; voava de cabeça para baixo,
rodava e voltava ao normal, cruzando pelos altos a cidade.
No dia seguinte, logo a notícia correu por todos os cantos e foi também para a cidade de Bebedouro, capital
do município, onde ficava o Aeroclube da cidade, para saber se havia tido algum ataque aéreo na noite
anterior em Botafogo. Tudo ficou esclarecido quando souberam o que tinha acontecido. Um Capitão do
exército, considerado meio louco, quis dar um susto em seu amigo que morava em Botafogo. Aproveitando a
noite linda de luar, muito clara.
Quase matou de susto todos os moradores da cidade. Foi assunto para comentários durante dias.
Meu irmão Ricardo, tinha habilidades no desenho a mão livre, então colocou num papel o avião dando voltas
de cabeça para baixo sobre a cidade e passando em voo rasante, em determinadas casas. Foi algo
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impressionante e inesquecível. Loucura.
Guerra nunca mais, assim espero!
Montado em meu “cavalo” (cabo de vassoura amarrado com barbante) corria pelo quintal da casa e pela rua,
quando a minha mãe Hermínia deixava.
Meu Pai José foi acometido de uma doença pulmonar e teve que deixar a família para tratamento em São
Paulo, mais especificamente em Campos do Jordão, onde havia maiores recursos para tratamento daquele
tipo de doença. Minha mãe e meus irmãos mais velhos é que mantinham a casa. Uns trabalhavam na roça
outros em casa de família e assim completei o quarto ano do primeiro grau no Grupo Escolar Cel. João
Manoel, em Botafogo. Lembro-me, ainda quando no primeiro ano de escola escrevi uma carta ao meu pai, à
luz de uma lamparina, ditada pela minha mãe.
Ainda na escola para que entrasse mais uns trocadinhos, minha mãe fazia pastéis e eu ia vendê-los na estação
do trem, que passava por Botafogo duas vezes ao dia, às 9,00 horas e às 19,00 horas, às vezes, ia-se um
pastelzinho sem ser pago, porque o trem havia dado a partida.
Fui crescendo e já com os meus onze anos de idade, comecei a trabalhar numa farmácia, lavando vidros, pois
os medicamentos eram feitos usando as formulas do farmacêutico e embalados na própria farmácia nos
vidros que eu lavava. A farmácia pertencia ao Sr. Waldemar Freire Veras, político, falante, festeiro e
besteirento. Esta farmácia ficava bem próxima da igreja matriz, onde eram feitas as festas da padroeira do
local. Jardim enfeitado, banda de música, bandeirinhas de papel espalhadas pela praça, ao som de um
amplificador que substituía a banda. Quinze dias de festa, no mínimo, se ajuntavam os catireiros, cantadores,
tocadores de viola, vindos de outras localidades. Havia barraquinha de pipoca, paçoquinha de amendoim,
pratos frios e quentes e toda a guloseima. As famílias preparavam suas prendas, para serem leiloadas lá no
coreto ao lado na praça. Eu via as pessoas rematando aquelas prendas, cheirosas, deliciosas. Fazendeiros da
região doavam seus animais, para serem vendidos. Ao final a renda da festa era para a paróquia.
As crianças iam ao catecismo, aos domingos, e durante o ano todo, e a cada comparecimento ganhava-se os
"Bons Pontos"; valia 1, 2, 5, e 10 pontos, e assim juntava-se para o final do ano.
Eram oferecidos brinquedos, os melhores valiam mais pontos e os piores, menos pontos, e eu ficava
esperando até que os meus "Bons Pontos" juntados podiam adquirir alguma coisa. Na farmácia, a D. Ninica,
esposa do Sr. Waldemar, produzia uma ração para as, galinhas que tinha no quintal, muito bonitas,
vermelhas, poedeiras da raça Rhodes, uma das quais morreu após tomar uma vacina, cujo principal
ingrediente para a ração, era o sangue do boi. Eu todas as sestas feiras ia até o Matadouro de boi e o
funcionário aparava o sangue do animal, que estava sendo sacrificado, em um balde. Eu fazia um percurso de
mais ou menos 800 metros até a farmácia. No percurso, não notei que o balde estava furado e no trajeto
deixou um fio de sangue no solo conforme eu andava. Passados uns 10 minutos, chegam 5 pessoas,
desesperadas, com as mãos na cabeça, entraram na farmácia e queriam saber quem tinha se machucado
tanto com tanto sangue derramado pela rua. O dono da farmácia, não sabia do que estava acontecendo, e
saiu na calcada olhando aquela desgraça, junto com as pessoas. Lá no fundo do quintal foi que percebi que o
balde estava furado e ouvindo o alvoroço lá na frente, porque eu também não sabia da presença das pessoas,
corri para fora e assim foi esclarecido o grande acontecimento de que o balde de sangue estava furado. Que
alivio.
Lembro-me de uma vez, em que ganhei um paletó azul, uma calça branca curta, pois até então ainda usava
calças curtas com suspensório de pano feito pela mamãe. Pela primeira vez, então, um sapato, pois se usava
“Alpargatas Roda” (um calçado de sola de cordas e de lona.
Aquele dia foi um dia de vitória; as meninas me olhavam de modo diferente. Assim passeávamos em grupo.
Os meninos passeavam ao redor do jardim defronte à Igreja, em sentido contrário ao das meninas e assim os
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rapazes e as moças. A cada volta aguardava com expectativa a olhada dela. Coisas de criança.
Um dia pela manhã eu ainda estava como ajudante na farmácia fui correndo à estação do trem para pegar o
jornal “Diário da Noite” e isso eu fazia todos os dias, pois o farmacêutico não passava um só dia sem ler o
jornal. Ele o lia não só as manchetes, mas todo o jornal.
Naquele dia foi um dia muito especial, que guardo na memória ainda hoje. O rádio, através da famosa Rádio
Nacional do Rio de Janeiro noticiou pelo programa “Repórter Esso” na edição extraordinária, e o rádio entre
ruídos, estáticas, informava o final da 2a guerra em 1945.
Com aquele contentamento, aguardando as notícias pelo jornal, que sempre trazia detalhes, as pessoas
saíram pelas ruas vibrando com a notícia. Eu que acabara de pegar o tão esperado jornal e bem seguro em
minha mão, vinha batendo o mesmo em minha perna, correndo e batendo e qual foi a minha surpresa ao
entregar o jornal ao meu patrão, o jornal estava em frangalhos. Levei uma ladainha, fiquei muito triste.
Porém, ainda pude ver estampada na primeira página, uma só palavra em letras grossas:
P A Z!!! Nunca me esqueço disso.
Continuando a vida, ainda naquela farmácia, fui aprender a aplicar injeções. A esposa do farmacêutico, Dona
Ninica, como a chamavam, preparava uma solução contendo ácido fênico, para vacinar as galinhas para que
estas não ficassem doentes. Fui eu, então convidado para aprender a manejar a seringa, e, lá vai em seguida
a galinha morreu. Ela sofria do coração, disse Dona Ninica! Eu tremi. Algum tempo depois eu estava apto a
desenvolver este trabalho e não me esqueço do primeiro dinheirinho que ganhei, quando apareceu a
penicilina que se conservava em geladeira e era aplicada no doente a cada 3 horas, grande descoberta,
salvaram muitas vidas.
Meu divertimento era ir às fazendas jogar bola. Jogava também sob a luz de iluminação pública do poste, na
areia na rua, porem quando batiam 9 horas no relógio da igreja, tinha que estar em casa, senão o castigo
vinha. Não me arrependo disso, mamãe estava me ensinando a ser responsável.
Com os pés descalços e calças curtas, andava pelo cafezal, com um estilingue no pescoço e os bolsos cheios
de bolotas feitas de barro secadas ao sol, aproveitando o perfume exalado pelas flores do cafezal;
procurando alguma ave para ser abatida. (hoje penso bem diferente).
A S A Í D A
Aos 15 anos de idade, o Sr. Waldemar planejou mudar-se para a Capital e com ele trazer também a farmácia.
Foi acertado com os meus pais que eu iria também para São Paulo. Embarcamos via férrea e a mudança foi
via rodoviária. Doze horas ouvindo o estatelar das rodas do trem a noite toda. Quando o dia amanheceu
estava na Capital de São Paulo; parecia mentira que aquele menino pobre agora estava pisando no solo da
cidade grande. Não sabia nem andar, parecia que eu estava flutuando, vendo construções altas, movimento
de pessoas, confesso que me senti um pouco tonto. Olhei para o chão e vi tudo preto, e pensei: Aqui
passaram muitos carros e o chão ficou preto dos pneus. Eu não conhecia o asfalto, eu não conhecia o odor de
monóxido de carbono, eu não conhecia o odor dos rios poluídos.
O filho do Sr. Waldemar, Darcy, alugou um taxi que nos transportou até a Praça Clovis Bevilacqua, onde
somente ali é que tinha condução para o Bairro da Penha e depois outra condução, uma jardineira de cor
amarela, que nos levaria até a residência final. (Tudo isto em 1950).
Chegamos enfim. Rua N.S. Mãe dos Homens no. 75, Guarulhos, um local que se denominava “Chácara Santa
Terezinha”. O nome da rua era de rua, porem para mim que estava acostumado no interior era uma estrada,
pois não havia casas nos lados, somente mato.
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O primeiro dia passou despercebido, pois ainda tinha na cabeça o ruído da viagem e muito sono; nunca tinha
ficado uma noite sem dormir.
Nos dias que se sucederam tive um pouco de tempo para meditar naqueles que ficaram distantes. Saudades
das coisas e lembranças que jamais voltariam.
Agradeço aos meus pais a educação que me deram, não só a mim, mas também aos meus irmãos e irmãs.
Aprendemos a viver com o que ganhamos honestamente, trabalhando e procurando se manter.
Uma das coisas que herdei, com muito orgulho, transferi aos meus filhos; é o caráter reto, irrepreensível.
A partir daí cartas iam e cartas vinham e uma vez ao ano eu ia visitá-los.
Após 3anos de trabalho, deixei a farmácia e fui morar com a minha irmã mais velha que naquela época ela
estava morando no Bairro da Lapa, juntamente com o seu esposo, Vicente. Minha decisão foi em
consequência de ter me enamorado de uma jovem, atualmente eu já completara 19 anos, uma jovem que
balançou o meu coração. Convicto daquilo que estava fazendo, solicitei o meu desligamento da farmácia para
procurar melhores condições salariais, pois onde eu estava não tinha nenhum salário. Foi então, que consegui
trabalho na Filial da Drogasil, recém-inaugurada.
N A M O R O
Um dia na chácara apareceu um senhor acompanhado de uma garotinha, lembro-me ainda hoje, a qual tinha
os cabelos negros, moreninha, franjinha na testa, olhos vivos, pequenininha. Ela estava doente e seu pai a
levou para ser medicada pelo farmacêutico. Entraram na casa e eu fiquei do lado de fora, cavando uma parte
do pequeno riacho que por ali passava para fazer uma rampa para criação de rãs. Passados alguns minutos
eles saíram e foram embora. Muito embora tenha sido a primeira vez que tinha visto a Francisquinha, não
senti nenhuma atração, pois era apenas uma menininha. (foto como a vi 1ª vez)
Eu na Farmácia (Rua Dom Pedro 2º n04 – GUARULHOS)
Eu passava diariamente em frente à sua casa, em minha bicicleta, para ir ao trabalho e assim eu a via
praticamente todos os dias. O seu pai, Sr. Casemiro tinha comprado uma vendinha próxima ao local onde
morávamos. Eu fiquei incumbido de buscar o pão e o leite todos os dias e assim foi passando o tempo.
Ela me contou depois de casados que todas as vezes que me via acontecia algo com o coração dela,
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balançava muito. Segundo ela eu era feio, sardento, cabelo esticado para trás, mas bonitinho. Ela já estava
com 16 anos de idade e um dia eu a vi com olhos diferentes. Agora uma mocinha me chamou a atenção e um
dia quando me dirigia ao trabalho de bicicleta e olhei passando e acompanhando-a. Apenas olhando…
Começou então a sua ida e vinda para sempre passar defronte à farmácia, para não chamar muito a atenção
ela passava na outra calçada da rua. Nossos olhares se cruzavam e cada vez que isso acontecia, diz ela que
ficava muito feliz e eu também. Interessante o início de nosso namoro foi somente olhares, por algum tempo.
Os olhares foram se intensificando e quando ela passava em frente à farmácia, e acontecia que eu não a via
por algum motivo, os garotinhos auxiliares vinham me avisar que a Francisquinha tinha passado.
Eu ficava com o coração ardendo de alegria, só pelo fato de ter olhado para ela. (o que é o amor).
Da casa onde ela morava até o centro de Guarulhos era uma distância considerável.
Um dia eu a vi passar com a sua sobrinha e seu irmão de volta à sua casa e notei que estavam levando uma
sacola pesada. Peguei o carro da farmácia um “Morris Tem 1946” e fui atrás deles. Quando os alcancei ofereci
uma carona, porém a resposta foi não, não ficava bem uma moça, na época, pegar carona. Segundo me
contou depois, o desejo dela era entrar no carro, o seu coração parecia que ia sair pela boca e eu também
tremia, apertava meu pé contra o pedal do freio do carro. Por fim ela aceitou, pois estava acompanhada de
seus familiares. Sentou-se no banco de trás. Percorridos alguns metros, pois a velocidade naquele dia não era
mais que 10 km por hora; eu queria que o trajeto fosse o mais demorado possível.
A conversa girou em torno de uma namorada que eu tinha, mas que já havia terminado. Ela, muito viva e
inteligente como era e é, disse que conhecia a garota e falaria com ela para que voltasse a namorar comigo.
Eu sabia que ela não a conhecia.
Eu respondi que não gostava daquela menina. Contou-me depois que aquela resposta abriu uma grande
esperança em seu coração. Um pequeno silêncio, então ajustei o espelho retrovisor interno do carro de
maneira que eu visse os seus olhos, e falei: é de você que eu gosto! Notei que o seu rosto ficou rubro,
olhando para baixo, sem jeito, eu perguntei se podia encontrar com ela na próxima quinta-feira, porque
naquele tempo o namoro era na terça, quinta e domingo, somente. Deixei-a na porta da sua casa, ela saiu
correndo e foi para o seu quarto chorar, de tanta felicidade. Naquela noite não dormiu e o mesmo aconteceu
comigo. Nosso primeiro encontro, radiantes de contentamento, peguei em suas mãos, porém eu ainda não
havia falado com o pai dela pedindo em namoro.
No dia seguinte de manhã cedo, fui até onde o Sr. Casemiro trabalhava, queria o aval do chefe da família, sem
jeito e com muita vergonha criei coragem e falei a respeito de minhas intenções com a Francisquinha. Para
nossa alegria ele concordou e não deixou passar em branco e disse: Eu não gosto de namoro comprido.
Concordei e despedindo saí.
A alegria foi completada, após conversarmos sobre o que eu havia falado com o pai dela, o horário já tinha se
esgotado, até 8 da noite, e então para despedirmos aconteceu nosso primeiro beijo.
Aconteceu que após o nosso beijo, ela saiu correndo para dentro da casa e eu fiquei olhando, e depois fui
embora.
Nosso namoro foi sempre com muito respeito e nunca tive a intenção de tê-la sexualmente antes do
casamento. A princípio nos encontrávamos três vezes por semana. Depois fui morar muito longe e só
podíamos nos encontrar a cada 20 ou 30 dias. Nossa condição social era a mesma, eu não tinha nada e ela
também. Mas tínhamos um grande amor que Deus nos deu para sermos felizes.
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O E N L A C E M A T R I M O N I A L
Preparativos, trabalho, distância não eram empecilho para que tudo fosse resolvido, eu correndo de um lado
e ela do outro: sapato, vestido do civil e do religioso, buque da noiva, quanta coisa, porém eram feitas com
todo o coração.
As 9,00 h da manhã do dia 23 de junho de 1955, entramos no Cartório de Registro Civil de Guarulhos,
juntamente com os padrinhos, Jorge e Zulmira. Recebemos o certificado pelas mãos do Oficial e dizíamos um
para o outro: você é meu esposo e você é minha esposa, quanta felicidade.
Legalmente já éramos casados, mas ainda faltavam as bênçãos do Céu. O ponto culminante da união de duas
pessoas que se amavam muito.
Era 25 de junho de 1955, a cerimônia estava marcada para as 18,00h. Eu cheguei à igreja meia hora antes.
Havia outros casamentos naquele dia e eu aguardando. Quando me foi chamado o nome eu tremi.
Ansioso, feliz como nunca, entro defronte o altar, o padre muito velhinho, cabelos brancos, também
aguardava.Ouve-se uma voz: A noiva já está aí. E eu pensei: ela veio!!A marcha nupcial começa a ser ouvida,
ao som de um disco de vinil de 12 polegadas, momentos de expectativa.
A porta central da entrada da igreja abre-se lentamente, e eu olhando contra a luz, via uma silhueta que com
o caminhar ia se tornando branca, toda branca, então pude distinguir aquele sorriso inconfundível, minha
noiva.
Aquela menininha que vi na chácara aos 12 anos de idade, com os cabelos caindo na testa, como franja,
aquela menina que eu sempre via quando ia buscar pão e leite, aquela menina que também sempre via a
caminho da escola, aquela menina que eu olhei para trás para apreciar um momento, quando passei por ela
de bicicleta, aquela menina que eu esperava passar defronte a farmácia, sim, aquela menina, hoje está
entrando na igreja para se casar comigo, com os passos lentos, deslizava pelo corredor, todo enfeitado de
flores, como uma rainha, os olhares eram para a noiva, porém o meu olhar e o dela não se desviava para lado
nenhum.
Ao chegar próximo do altar eu desci e a beijei ternamente, conduzindo-a para a concretização do maior
acontecimento da minha vida e da vida dela, tenho certeza.agradeço à minha irmã Adelina (Nenê) por ter me
hospedado por 3 meses antes do meu casamento, dando-me todo o apoio para a realização do grande
acontecimento.
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F O R M A Ç Ã O DO L A R
Nossa primeira morada foi a Rua Araçatuba, no Bairro da Lapa. Um lar pobre, porém, muito feliz, pois agora
eu viveria junto com a pessoa que sempre sonhei.
A responsabilidade começou cedo para ambos e isto foi motivo para que esmerássemos ainda mais para
tornar aquele pedacinho de casa um ambiente acolhedor e que ainda é até hoje. Aos poucos fomos
adquirindo bens de uso, como o primeiro Rádio; a primeira enceradeira, a máquina de costura e assim foram
sendo colocadas na nossa vida as alegrias que a nova tecnologia apresentava. Nunca a minha esposa exigiu
de mim mais do que aquilo que nossas posses podiam.
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ANGUSTIOSO PERÍODO
Nesta época eu havia sido promovido para o cargo de subgerente da Filial da Drogasil, onde trabalhava.
Também mudamos de casa, agora para a Rua Ponta Porá. Também na Lapa. Agora com um salário melhor,
poderíamos viver com menos preocupação no sustento. Minha querida esposa anuncia que está grávida.
Alvoroço total, pois eu ainda não queria filhos. A notícia, fez brilhar ainda mais o nosso amor e a nossa
alegria.
O nascimento do nosso primeiro filho foi tudo dentro da normalidade, no dia 9 de outubro de 1956.
Aproximadamente um ano depois, um dia eu estava brincando com o menino na cama, era um domingo e eu
estava de folga, coloquei o despertador para acionar a campainha, para chamar a atenção do José Ulisses,
mostrando-lhe a novidade, pois havia acabado de comprar o despertador. O ruído da campainha não fez
qualquer efeito nele. Tornei a colocar o despertador em funcionamento, por trás dele e mesmo assim não foi
vista qualquer reação.
Chamei a minha esposa e contei-lhe o ocorrido. A reação dela: --”Imagina” eu chamo e ele atende, acorda
com barulho.
Daí para diante, os testes continuaram para ver se realmente o menino não ouvia. Para nossa tristeza a
realidade havia chegado. Primeiro filho, um homenzinho, surdo--esta palavra doía em nosso coração. Parecia
que tudo estava acabado. A notícia se espalhou entre nossos vizinhos e parentes e ninguém acreditava no
que estávamos falando.
Levamos a um médico em Campinas, especialista neurológico.
O médico colocou o José Ulisses de costas para ele, dentro do consultório e o chamou pelo nome.
O menino atendeu o chamado do médico e olhou para trás. O médico disse que ele era normal e que não
havia surdez.
Percebemos depois, que o Ulisses, com um ano e meio de idade já estava desenvolvendo outro sentido, o da
percepção, e dentro da sala fechada do médico ele percebeu através do seu corpo o chamado do médico e
assim olhou para trás naquele dia.
Na corrida com especialistas, chegamos ao neuro- cirurgião Dr. Lefebvre e que após exames e audiometria,
chegou à conclusão de que nosso filho era um deficiente auditivo.
Antes da nossa consulta com este médico, um casal que entrou antes de nós, na saída, com um filho de mais
ou menos cinco ou seis anos, também surdo e que não respeitava os pais a ponto de agredi-los fisicamente,
atirando-se ao solo, com muitos gritos não atendia aos apelos da sua mãe.
A providência Divina fez com que o Dr. se consternasse com a situação. E chamando minha esposa deu
orientação de como nós deveríamos criar nosso filho, para que ele não viesse a ser também um garoto
agressivo, criá-lo normalmente, sem “aqueles coitadinhos”, quando merecesse carinho dar carinho, porem se
merecesse a varinha dar a varinha. E assim foi feito. Agradeço à minha querida esposa, pela sabedoria,
lucidez e paciência, na educação não só do José Ulisses, bem como de todos os nossos filhos. Lutadora nas
coisas do nosso lar, extrovertida, faz amizade com facilidade. Porém a sua maior virtude foi a de ser mãe e
esposa. Luta por seus filhos até hoje.
Trabalhei na Drogasil – Nova Farmasil da Lapa no período de 1953 a 1ºNovembro de 1957, como balconista e
a partir daí fui promovido para função de Subgerente da filial, cujo período terminou em 1962, com a minha
demissão.
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Em 1961, no dia 09 de fevereiro, nasceu o nosso segundo filho, e recebeu o nome de William Tadeu
Chimello.
Na gravidez, minha esposa ficou apreensiva e falava: E se o menino vier com o mesmo problema do nosso
primeiro filho, o que vamos fazer?
Já com alguma experiência, eu dizia que o criaríamos, do mesmo modo que estávamos fazendo com o
Ulisses.
DECEPÇÃO
A minha demissão do trabalho foi em consequência de ter sido convidado para montar uma farmácia em
Guarulhos. Elaboramos todos os planos, tudo pronto, contrato de locação do imóvel em mãos, solicitei a
minha demissão do trabalho na Drogasil, e fui tratar do nosso novo negócio. Nesta época, então, começaram
a surgir comentários sobre o novo governo, foi então que tivemos a revolução constitucional, o comércio
fechou, também as fábricas de medicamentos pararam suas atividades. A ressecção chegou rapidamente, os
preços subiram quaduplicadamente, inclusive medicamentos, paramos com o projeto.
Agora sem o emprego fixo e sem dinheiro para as novas atividades, passamos por momentos difíceis.
Vendemos nossa casa no Jardim Regina e com o dinheiro da venda, compramos um terreno, ou melhor, a
metade de um terreno, na Rua Monsenhor Aristides Silveira Leite, Jardim Bebedouro em Guarulhos.
Meu cunhado, Elizio, que seria o meu sócio na farmácia, possuía um barzinho, e vendo a minha situação,
ofereceu-me para tomar conta do bar. Assim de subgerente de uma filial da Drogasil, fui parar num bar.
Uma substancial mudança, moramos com o meu sogro e minha sogra por algum tempo. Uma coisa não
mudou em nossa vida, o amor que me uniu à minha esposa e ela a mim, jamais acabou e isso foi o que me
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deu forças para enfrentar qualquer trabalho, qualquer obstáculo que porventura viesse.
O trabalho era difícil, das 5,00 h às 24,00 h. Em minha mente, sempre pensando em dar algo melhor para a
minha família, pois, minha esposa sempre entendeu nossa situação e jamais exigiu algo que não pudesse dar.
Nessa época meus pais vieram morar em Guarulhos, junto conosco. Com muito esforço conseguimos
construir nossa humilde casinha. Era um quarto, sala, cozinha e banheiro. Ainda sem revestimento externo
passamos para a nova casa, junto com nossos dois filhos. Pequena, simples pobre, mas ali dentro havia algo
que jamais seria destruído; o amor.
UMA LUZ NO CAMINHO
Agradeço a Deus pela companheira que me deu. O tempo passou; o que eu ganhava apenas dava para
sobreviver. Sonhava dar o melhor para a minha esposa e meus filhos. Muito embora num lar simples, a
limpeza reinava e as crianças sempre bem arrumadinhas. A mamãe sempre as orientando para o bom
comportamento, No início de 1964, mudei de emprego e de profissão. Com a ajuda de uma parente fui
trabalhar em uma companhia de Seguros, The Home Ins. Co., em São Paulo. Ansiosos por mudar de vida, fui
correndo para a primeira entrevista. A chefe do Departamento Pessoal não queria me contratar pois, o meu
último emprego registrado era como subgerente e a vaga naquela ocasião era para selar recibos de apólices.
Implorei, contei o que havia acontecido comigo e que eu necessitava daquele emprego e que eu faria tudo
para não a decepcionar, após, mais ou menos uma hora de conversa, ela tomou o telefone e ligou para o meu
antigo emprego na Drogasil. Eu estava apreensivo, não suportava mais ver as pessoas embriagadas, me sentia
como que culpado de as pessoas serem viciadas no alcoolismo. Quantas vezes eu negava a venda de bebidas
alcoólicas, ao ver que as pessoas estavam passando dos limites. Queria mudar de vida; aquele tipo de
trabalho não era para mim.
Um dia, eu, em pé, dentro do balcão, senti dentro do meu calçado, algo molhado e quente. Olhei e eis que
havia rompido um vazo sanguíneo, porque eu tinha uma úlcera varicosa aberta já fazia algum tempo. Fui
socorrido e então submetido a uma intervenção cirúrgica extraindo as varizes.
Agora mais do que nunca precisava daquele emprego, pois eu ia trabalhar sentado. A minha preocupação era
de que a nova firma não aceitasse a mudança de cargo e salário na Carteira Profissional.
Quando desligou o telefone disse-me: “ Em toda a minha vida, cuidando de pessoas, jamais ouvi tão boas
referências”. Um alívio me fez sentar ao fundo da cadeira, podia respirar melhor. Assim eu pude observar em
minha frente, o visto de OK. Está empregado.
Por isso sempre, até os dias de hoje, procurei colocar na mente de nossos filhos, que por onde eles
passassem, deveriam deixar um rastro luminoso. Fiz todo o empenho de corpo e alma na nova função e já
agora com novas funções pude ter um subemprego em minha casa. Comecei a aprender o desenho
arquitetônico e me especializei em confeccionar plantas para seguro e de construção civil. Isto ajudou à
minha promoção para o departamento de engenharia da companhia. Algum tempo depois, fiz um curso de
Técnico de Rádio e TV, por frequência na Escola Marconi, com duração de um ano. Montei uma oficina de
consertos em minha casa e trabalhava dia e noite para a manutenção da minha família.
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O tempo não para e no dia 30 de agosto de 1966 e 18 de agosto de 1968, nascem respectivamente, duas joias
preciosas: Sandra Luzia e Silvia Luiza.
Era o ano de 1967, mais especificamente dia 23 de janeiro, às 9 horas e 30 minutos da manhã.
Tomei o ônibus do centro de S.Paulo, para o Bairro da Lapa. Meu destino era a Rua Duílio. Quando cruzou
com esta rua, não acionei a campainha, por que estava muito próximo ao ponto, então resolvi descer no
outro.
Saltei do ônibus, um senhor de mais ou menos 65 anos de idade; cabelos grisalhos e barba branca curta,
estava afiando facas, nestes esmeris movidos a pedal, dei às costas e comecei a caminhar subindo a Rua
Fáustolo, quando ouvi:
- Ei moço, moço! Virei-me e deparei com o velhinho de faca em punho, e com um sinal para que eu fosse até
ele estendendo-me a mão, com o olhar fixo em mim.
Adiantei-me e perguntei já de mãos dadas:
- Como vai o senhor?
- Eu vou muito bem, respondeu categórico! E continuou...
- Eu quero lhe desejar que o senhor seja muito feliz por tudo de bom que me fez.
- Mas eu não fiz nada para o senhor!
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- Quero que o senhor seja mais feliz do que sou e que Deus lhe dê muita saúde e que salve sua alma.
Confuso e sem saber o que dizer ou fazer, apenas ia agradecendo o que me desejava. Parecia que me
conhecia à muito tempo, mas eu nunca o tinha visto antes, ou talvez tinha visto e não me lembrava.
Desejou-me com tamanha boa vontade, para que eu gozasse da maior felicidade possível; passou o dedo na
língua, colocou a mão no bolso do paletó e.... tome isto é para você!
Deu-me um folheto onde estava descrito parte da vida de Jesus Cristo. Eu retribuí tudo aquilo agradecendo
sempre.
Voltei para o meu trabalho, convicto que eu era mais feliz do que era. Pensativo, tendo em mente uma forma
de agradecer toda aquela gentileza, qual seria o melhor lugar para fazê-lo. Achei !!
Numa hora de folga, no período do almoço, fui até a Praça as Sé, entrei na Catedral de São Paulo, porque,
para mim, era o ponto culminante para tal agradecimento, e ali pedi a Deus para que aquele senhor fosse tão
ou mais feliz do que eu sou e que também ele tivesse um lugar no céu, Foi a primeira vez que tive contato
com a Palavra de Deus escrita naquele pequeno pedaço de papel onde se lia: “ Dom inefável. ”, que o tenho
guardado até hoje.
Dentre os fregueses que eu tinha, na oficina de consertos de TV na minha casa, apareceu um outro, indicado
por um parente. O conserto do aparelho que ele trazia era simples e eu pude faze-lo de imediato. Na hora do
acerto de contas ele me perguntou qual era o defeito e eu respondi que havia queimado determinada peça.
Colocou a mão direita na testa e exclamou: “Minha nossa” eu não tenho dinheiro para pagar! “Quanto vai
ficar o conserto?
Eu surpreso, disse o preço.
- Quanto mesmo o senhor falou?
- Repeti o valor.
- Mas tem certeza mesmo!
- Sim, respondi.
Então contou-me que o mesmo conserto havia sido feito por outra pessoa, há alguns dias atrás e o custo foi
muitas vezes mais daquele que eu dera.
Aquele cliente nos contou depois que pensou o seguinte: Esse senhor precisa conhecer o evangelho de Jesus
Cristo; ele não pode viver nas trevas espirituais.
Passados alguns dias, iniciou em Guarulhos uma série de conferências dirigidas pelo pastor Joel Sarli, sobre o
estudo da Bíblia. Foi-nos feito um convite para assistirmos as reuniões. Eu disse à minha esposa para que ela
fosse com eles e eu ficaria em casa, pois tinha muito serviço na oficina. Como era de nosso costume sairmos
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sempre juntos, aquele dia não fomos. Ficamos comentando o convite: Reunião de crentes, Bíblia, nunca
pensamos nisso; esses crentes não têm o que fazer.
Já havia uma amizade entre nossas famílias e no dia seguinte lá estava o Sr. Stela, batendo na porta de casa:
-Como é, vamos hoje? Vai ser muito bom, vem um conjunto masculino cantar!
Novamente minha esposa descartou a nossa ida apresentado algumas desculpas. Naquela época Deus já
estava trabalhando conosco e nós não sabíamos. O fato de me preocupar que estava “longe” da família, já
era um trabalho do Espírito Santo.
Alguns dias depois, cheguei em casa do trabalho e comentei com a Lula (apelido de minha esposa), que não
queria mais trabalhar com os consertos de televisão, pois já havia me cansado e estava preocupado porque
estava “distante” da família e queria me dedicar mais à esposa e filhos. Isto alguns dias antes de começarmos
a frequentar as reuniões evangelísticas. Mal sabia que Deus estava nos preparando para frequentar as
reuniões para termos mais conhecimento da Sua palavra. Para nossa surpresa, dois dias depois a oficina
estava vendida. Novamente ouvimos no portão o chamado do Sr. Stela, esposa, filhos e outras pessoas
dentro da Kombi. -Minha esposa falou: Meu bem! Hoje eu vou assistir a reunião, mas você tem que ir junto!
Após alguma conversa, pela primeira vez, a Lula saiu sem o Lulo (assim ela me chama até hoje), e eu fiquei
em casa tomando conta das crianças. Quando ela retornou contou-me maravilhada das coisas que tinha visto
e ouvido. Querido, você precisa ver como é bonito, eu não sabia que era assim!
-Mas e as crianças? Perguntei como desculpa! Nesta época já estamos com quatro filhos e o batalhão poderia
provocar algum tumulto. O senhor Stela imediatamente disse: não se preocupe com as crianças pois tem uma
sala especial para elas e tem pessoas exclusivamente para estar cuidando delas.
Eu pensei, bem não tem jeito mesmo. Então resolvi que na próxima reunião eu iria.
No dia seguinte lá estava o sr. Stela, com a sua Kombi cheia
-Está muito cheia, eu fico para não incomodar os demais.
Nada disso, respondeu Stela, com um sorriso de satisfação! Aqui cabe sempre mais um!
E lá fomos nós!
Eu nunca havia ouvido falar em Adventistas do Sétimo dia. Eu nunca havia estado com uma Bíblia nas mãos.
Eu nunca havia participado de reuniões desta natureza.
Chegando ao local, começamos a sair da Kombi, um a um, eu meio sem jeito, fomos entrando no salão e
recepcionados por diversos jovens. Quando chegamos já havia algumas pessoas e começada a reunião, o
salão estava lotado, umas trezentas pessoas. Daí para frente, não perdi nenhuma reunião.
Em 1.970, 84 pessoas desceram às águas batismais, proveniente daquela série de conferências.
Nós não participamos daquele batismo, pois minha esposa foi acometida de uma desidratação e precisou ser
hospitalizada. Como sempre fizemos tudo sempre juntos, esperei.
Em 07-03-1.971, descemos às águas batismais na Igreja ASD central de Guarulhos, eu, esposa e dois filhos:
Ulisses e William.
Agradeço muito o Sr. Stela porque todas as vezes que eu o encontrava ele dizia: -Oro pela sua família todos
os dias. Que privilégio!
“ Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado. “ Marcos 16:16
NOVA VIDA
A experiência, agora, em uma nova vida entrando para a espiritual, não obstante o nosso comportamento e
diretrizes com relação ao nosso proceder, não mudou uma vez que a nossa vida sempre foi de respeito e
temor ao nosso Criador.
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Mudou sim, com relação ao conhecimento das Escrituras Sagradas, que, até então, nunca havíamos aberto o
Sagrado Livro.
Daí para frente nossos filhos foram instruídos sob outro prisma com relação à Igreja. Grande benefício
recebemos por criar nossos filhos aos cuidados de Deus, em uma igreja cuja verdade está alicerçada na Bíblia.
Imediatamente após o nosso Batismo iniciamos o nosso trabalho, abraçando a causa com todo empenho em
participar dos Estudos Bíblicos em domicílios, levando a palavra de Deus a muitas pessoas.
Fui convidado a fazer parte da Fundação da primeira Escola de Recuperação de Alcoólatras e Fumantes na
Igreja Central de Guarulhos. O assunto foi parar na Câmara Municipal e mencionado em uma das reuniões
daquela Entidade. Recebemos a notificação do evento por meio do seu oficio número 376/73-AL.
O que me incentivou mais ainda a participar da Escola foi que numa noite ao chegar à Igreja, pois o programa
tinha início às 19 h todas as quartas feiras, deparei com uma pessoa deitada na sarjeta toda molhada, era
uma senhora. Com a ajuda de alguns irmãos que já estavam lá, colocamos aquela senhora no local das aulas,
ela não conseguia ficar nem sentada pela ação do álcool em seu organismo.
Percebemos que em seus braços havia sinais de queimadura, pois, depois viemos a saber que ela mesma
colocava fogo em seus braços após insuflação de álcool. Estava completamente fora de si.
Naquela noite permaneceu ali sem qualquer reação. Por diversas semanas sempre a mesma coisa; depois
desapareceu. Foi localizada e novo convite foi feito. Espontaneamente apareceu.
Com o decorrer do tempo sua fisionomia começou a se modificar pelo poder de Deus e as orações em seu
favor.
Nesta ocasião precisei mudar de domicilio, fomos para a Capital de São Paulo, tendo em vista o estudo dos
filhos, bem como a facilidade para ir ao trabalho. Ficamos muitos anos sem retornar à igreja mãe, porém fui
convidado a participar como um dos oradores da Semana da Família Cristã naquela Igreja cujo período foi de
23 a 30 de maio de 1992.
Como de costume sempre existe o louvor cantado pela congregação e também feito individualmente. Na
noite em que eu estava participando como orador, uma irmã da igreja foi até a frente da congregação de
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deixou destilar entre seus lábios a sua voz de louvor e agradecimento ao osso Criador.
Após a reunião qual foi a minha surpresa em saber que aquela irmã que participou naquela noite e em outra
tinha participado, era senão, àquela que estava preza aos vícios, à degradação, maltrapilha, jogada na sarjeta,
toda molhada e que colocava fogo em seus braços e que um dia a misericórdia de Deus veio bater ao seu
coração. Deus nos chama em qualquer circunstância onde estamos, não importa como estamos. É somente
ouvir seu chamado, Sua Voz. Que mudança! Que transformação! Agora como serva do Senhor.
“ Em Ti confiarão os que conhecem o teu nome, porque Tu, Senhor, nunca desamparaste os que Te
buscam. Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião, anunciai entre os povos os Seus feitos “ Salmos
9:10 e 11.
Naquela semana recebi de presente, pela participação, um exemplar da Bíblia a qual tenho até hoje.
TRABALHO MISSIONÁRIO
Após mudança para São Paulo, fomos frequentar a Igreja Adventista de Casa Verde. Nesta ocasião fizemos,
eu e minha esposa, pesquisas de porta em porta e portas se abriram para propagação do Evangelho eterno
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Lembro-me de ao manter contato com moradores de uma casa fomos recebidos de braços abertos.
Oferecemos o Estudo da Palavra de Deus e aceitaram com alegria.
O dono da casa ao aceitar disse: Eu tenho espírito de contradição.
Que bom respondemos, assim o estudo fica mais interessante! Ele era professor de História.
Iniciamos o estudo pelo capítulo 2 do Livro de Daniel que estava dentro do conhecimento dele. (História).
Pasmem, chegamos ao final dos 18 estudos de doutrina e em nenhum momento foi feita qualquer
contestação. A família ficou feliz e grata por aprender coisas de que nunca foram ensinadas a eles. Não se
decidiram ao Batismo naquele momento, porém tempos depois tivemos a notícia do Falecimento do
Professor e que antes da sua morte foi mencionado os momentos que eu e minha esposa deixamos naquele
lugar.
Queremos encontra-los no Céu.
“Lance o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o achará “ Eclesiastes 11:1.
LUTA INCANSÁVEL PELOS FILHOS
Ainda lá na Rua Monsenhor Aristides Silveira Leite, em Guarulhos os filhos estudavam em escolas públicas e
depois em escola Adventista. O Ulisses, o mais velho, dada a sua deficiência auditiva procuramos um curso
profissionalizante onde minha esposa o levou na Escola Senai, em Guarulhos, para um curso profissional,
onde ele poderia ter um futuro melhor. No primeiro contato com a Direção da Escola, minha esposa
encontrou o primeiro obstáculo. Foi informada que não poderiam ter um aluno surdo porque, segundo o
Diretor, eram pessoas nervosas e brigavam com facilidade.
Minha esposa com toda a psicologia inata que Deus a havia contemplado, implorou:
- Meu filho não é assim, diretor! Ele é calmo e tem boa convivência com os colegas; eu sei o filho que estou
criando; eu me responsabilizo por ele; faz uma experiência se não der certo ficarei conformada.
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O coração do Diretor amoleceu e então ficou resolvido que faria uma experiência com ele. Caso não
correspondesse ficaria sem a escola.
Na ocasião não tínhamos outra alternativa senão o Senai.
Passados trinta dias, um recado no caderno da Escola:
--D. Francisca compareça na Escola no dia indicado!
O coração dela foi quase expulso do peito ... o que será que aconteceu?
Eu não podia acompanha-la pois trabalhava em São Paulo e só chegava à noite.
Na angustia da visita, ela foi até a escola no dia seguinte, entrou na sala do Diretor e foi convidada a se
sentar. O Diretor, começou a falar sobre o primeiro e novo aluno com deficiência auditiva.
Qual foi a alegria dela ao ouvir os maiores elogios que um aluno poderia ter. Ele era sociável, disciplinado e
atento ao aprendizado.
Minha esposa voltou renovada, a alegria era estampada em sua face. No primeiro ano de estudos teve a
primeira colocação em trabalho. Completou os quatro anos naquela Instituição de Ensino, na área de
Eletricista e no último ano já estava trabalhando numa firma de fabricação de transformadores de força.
Já jovem, o tempo não parou, conheceu uma jovem, Marcia, com a mesma deficiência, apaixonaram-se e se
casaram. Foi o primeiro filho a tomar esta decisão. Ulisses e Marcia tiveram dois filhos; Rodrigo e Rogerio.
Graças a Deus os dois nasceram perfeitos.
PREOCUPAÇÕES
Duas pessoas surdas morando sozinhas. Tudo era novidade, tanto para nós quanto para eles. Quando
chegasse alguém batendo à porta como atenderiam?
Como bom eletricista transformou o som da campainha da sua casa em visual, através de luz.
Outra preocupação, está ainda maior, foi quando anunciaram que nasceria nosso primeiro neto. Para duas
pessoas sem audição um grande problema. Quando a criança chorar à noite, como será? Perguntávamos!
A sensibilidade destas pessoas fica aumentada em outro sentido, no caso a visão e a corpórea.
Para que acordasse de manhã, escola ou trabalho, quando ainda solteiro, apenas acionávamos o interruptor
de luz do quarto onde dormia e imediatamente despertava.
A nossa preocupação foi resolvida, quando nasceu o bebê e o artifício manipulado pelo Ulisses.
Transformou um relógio de cabeceira de tal maneira, complementando com adição de um microfone sobre o
berço da criança de tal forma que quando houvesse choro era captado pelo microfone o qual acionava a
lâmpada na cabeceira da cama do casal. Assim, qualquer barulho era percebido pela claridade e então
despertavam e garantiam a segurança do bebê.
“Porque o Senhor dá a sabedoria; da Sua boca vem o conhecimento e o entendimento. ” Provérbios 2:6.
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A VIDA CONTINUA
O segundo filho, William, continuou na Escola Adventista em Guarulhos, mesmo morando em São Paulo.
Terminou o ensino primário e médio e ingressou na Faculdade de música. Cursou também o ofício de técnico
de contabilidade.
Sandra, terceira filha formou-se no magistério. Logo se enamorou de um jovem, Valdeir, cujos irmãos e sua
mãe estavam morando no exterior. Com o namoro veio o pedido de casamento e após o enlace, foram para
Genebra na Suíça.
A ida deles para fora do nosso país foi doloroso para nós, mas tínhamos a maior confiança na filha que
educamos. Após muitas lutas, venceram. Deste casamento nos deram dois netos, Wederly e Anne Caroline.
Filha querida, como os demais. Proporcionou-nos momentos maravilhosos, fazendo além de suas posses para
nos dar conforto por ocasião da nossa viagem para a Europa.
Sandra tinha e ainda tem, muita facilidade de decorar textos e aos 6 anos de idade já declamava na igreja as
poesias que a mamí ensinava. Assim como:
O bombom!
“Ganhei uns bombons gostosos, que me deu titio Heitor;
São mesmo deliciosos, de chocolate e licor. Vou come-los defronte ao espelho,
Defronte ao espelho, sim. Porque assim, como dois de cada vez.”
Nesta idade recitava o Salmo 23 na sua totalidade em cima de uma cadeira, para que os membros da igreja
pudessem ve-la, pois ainda era muito pequenina e muitas outra poesias mais. Quanta saudades !!!!
Após trinta anos de matrimônio feliz, seu esposo formado em Teologia, veio a falecer. Para nós um filho
querido, atencioso e muito cristão. Perda irreparável.
D E U S É F I E L
Contado pelo Pastor Valdeir e sua esposa Sandra. (Nossa filha)
Quando o Valdeir terminou o curso de teologia no Seminário de Collonges-Sous-Salève, na França, nós
fizemos planos de ir para os Estados Unidos para aprendermos o idioma Inglês. Nosso filho Wederly tinha 3
anos de idade e a caçula Anne Caroline tinha acabado de completar um aninho.
Oramos pedindo a Deus que fosse feita a vontade dEle. Com a confiança de que nada é impossível a Deus.
Decidimos começar pelo mais difícil: o visto. Se Deus nos ajudasse a tirar o visto, o resto seria mais fácil.
Fomos ao Consulado Americano em Lyon e por incrível que pareça, saímos de lá quatro horas depois, com o
visto de quatro anos nos Estados Unidos. Para nós foi uma prova de que Deus estava abençoando nossos
planos. Entramos em contato com um amigo de meu irmão nos EE UU, que tinha uma casa grande e alugava
quartos. Ele disse que tinha um quarto vago e que o reservaria para nós. Um outro amigo nos enviou uns
formulários da Escola de Inglês, que preenchemos e mandamos para a Escola com o cheque no valor da
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inscrição. Para nós, estava tudo certo. Tínhamos o visto, lugar para morar e escola. Retiramos do banco toda
a nossa economia e trocamos em dólares.
Algumas semanas antes de viajarmos, talvez umas três ou quatro semanas, o rapaz que ia nos alugar o
quarto, nos telefonou e disse que seus pais estavam indo visita-lo e ele precisava do quarto, quer dizer, nós
poderíamos ficar no quarto por um mês, mas depois teríamos que sair. Não nos preocupamos muito com
isso, afinal, pensamos: procuraremos outro local, quando estivermos lá.
Poucos dias depois um amigo nosso, que falava inglês, se prontificou a telefonar para a escola para se
certificar se a nossa inscrição tinha sido aceita. Para nossa surpresa a escola informou de que não havia
recebido nossos formulários, portanto não estávamos matriculados. Mais uma vez pensamos, “quando
estivermos la resolveremos isto pessoalmente”.
A viagem estava marcada para dali a duas semanas. Eu estava fazendo as malas quando notei que os dólares
não estavam no lugar onde eu tinha colocado. (Na prateleira de cima do guarda-roupa, longe do alcance das
crianças). Desfiz as malas, procurei entre as roupas, nos bolsos, em todo lugar, até no lixo…e nada... o
dinheiro tinha desaparecido.
Nesse momento compreendemos que estávamos numa situação, humanamente falando, sem saída.
Tínhamos que sair do território Frances em duas semanas porque nosso visto ia expirar e não tínhamos para
onde ir, não tínhamos dinheiro nem para voltar para o nosso próprio país. Oramos nos entregando nas mãos
de Deus e pedindo que Ele mostrasse uma saída. Logo depois o telefone tocou, era o meu cunhado que sem
saber de nada, nos sugeriu que fossemos para Londres para aprender Inglês e não para os EEUU. Explicamos
para ele a nossa situação e as coisas foram se encaixando de tal maneira que em menos de duas semanas
estávamos de viagem para Londres com a certeza de que Deus havia aberto uma porta. Compreendemos que
Deus estava nos mostrando de que não há nada impossível para Ele. Ele podia nos dar o visto, o dinheiro,
tudo..., mas já que sempre pedimos que fosse feita a vontade dEle, agora Ele estava fechando as portas em
uma direção e abrindo outra. Em Londres as coisas foram de mal a pior. Tivemos muitas dificuldades para
encontrar lugar para morar, dificuldades financeiras. Meu marido que só conseguia trabalho em restaurantes,
foi despedido de vários empregos, por causa do sábado. Várias vezes entregamos nosso último centavo no
pagamento do aluguel sem saber como pagaríamos as outras contas. Na hora certa sempre aparecia uma
solução. Deus sempre proveu as nossas necessidades. Apesar das dificuldades, nunca faltou lugar para
morarmos, comida e agasalho, Graça a Deus. Vivemos assim durante um ano e meio, a essa altura estávamos
esgotados emocionalmente, a única coisa que nos sustentava era a certeza de que Deus nos havia levado à
aquele lugar, mas não compreendíamos por que tudo dava errado. Depois de um ano e meio surgiu a
oportunidade do Valdeir trabalhar como Pastor cuidando do grupo hispano. Para nós foi uma surpresa
incrível, nunca imaginávamos começar o ministério em Londres. E foi assim que, depois de alguns meses e
algumas outras dificuldades (mas nada que fosse difícil demais para Deus resolver), começamos nosso
ministério em Londres. Os primeiros dez anos foi cuidando do grupo hispano que depois se tornou em duas
igrejas, uma hispana e outra brasileira. Durante este tempo percebemos por que Deus havia permitido que
passássemos por tanta dificuldade: muitas pessoas chegaram a Londres e passaram por situações
semelhantes e nós podíamos então contar nossa experiência e encorajá-las a ser fiéis, Deus abriu portas para
nós e faria o mesmo para elas.
Vivemos ao todo 16 anos na Inglaterra e depois fomos transferidos para trabalhar com a comunidade
brasileira na Guiana Francesa.
Esta foi uma nova etapa na nossa vida: nosso filho mais velho casou-se e continuou morando na Inglaterra;
nossa filha morou um ano conosco na Guiana e depois foi estudar no UNASP São Paulo. Em abril desse ano
(2008), a Anne Caroline contraiu um vírus que a debilitou muito, ela teve febre altíssima, infecção no fígado,
nos pulmões, na vesícula biliar, Basso aumentado e espessamento do peritônio. Ela foi internada no Hospital
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Adventista – São Paulo dia 27 de abril e na sua primeira semana de hospitalização o seu quadro clínico estava
piorando. Mantínhamos contato com o médico por telefone e estávamos muito preocupados pedindo a Deus
que cuidasse da Caroline. Soubemos que ela estava bem debilitada, inchada e bastante ictérica. Não
tínhamos recursos financeiro para ir até São Paulo e estar com nossa filha.
Dia 29 de abril de 2008, recebemos um e-mail inesperado de um amigo da França. Rivan dos Santos. O e-mail
trazia boas notícias: o dinheiro que perdemos à 19 anos atrás foi encontrado! Nós choramos de alegria.
Telefonamos para ele, pois estávamos ansiosos para saber como isso aconteceu. Tenho que esclarecer
Que quando saímos da França, o Rivan e família veio morar na casa onde nós morávamos e eles viveram lá 19
anos. Depois de tantos anos eles estavam de mudança e foram ao porão da casa e pegar o que lhes
pertencia. No porão havia um móvel de gavetas e em uma das gavetas ele e a esposa encontraram um
envelope úmido com todos os dólares. Eles se lembraram que nós havíamos perdido nosso dinheiro e por
isso enviaram o e-mail para nos informar. Agora imagine se outra pessoa, alguém que não nos conhecesse,
tivesse mudado para a casa onde morávamos…ou se o Rivan não fosse um cristão honesto... ou ainda se eles
não estivessem de mudança naquela época... ou se não tivéssemos trocado o dinheiro para dólares.... (Na
época o dinheiro usado era o Franco Francês, que já estava fora de circulação há vários anos)
Muita coisa diferente poderia ter acontecido, mas Deus, na Sua misericórdia controlou todas as coisas para o
nosso bem (todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus). Na verdade, esse dinheiro
não nos fez falta durante os 19 anos em que estava “perdido”, porque nada nos faltou. Mas justamente
quando nossa filha ficou doente esse dinheiro “apareceu”.
Usamos parte do dinheiro para minha viagem para São Paulo. Ao chegar ao Hospital encontrei a Caroline
ainda bastante debilitada, mas reagindo bem ao tratamento que havia começado no dia anterior. Ela ficou
hospitalizada por 3 semanas, com um tratamento endovenoso. Durante esse tempo nós tivemos muito apoio,
tanto da administração do hospital como do colégio e também da Divisão. Muitas pessoas foram visitar a
Caroline e muitos oraram por ela. Foi confortador ouvir tantas pessoas dizendo que estavam orando pela
recuperação dela. O atendimento que ela teve foi maravilhoso apesar de ter sofrido no final do tratamento
endovenoso porque suas veias já estavam muito debilitadas. Várias vezes tiveram que chamar as enfermeiras
da pediatria para colocar um acesso na Caroline. Todos foram muito atenciosos e muito amáveis. Só temos a
agradecer a Deus e ao carinho de cada funcionário do hospital.
Graças a Deus e ao desempenho médico ele está bem agora, já voltou às atividades normais e vai poder
terminar o semestre na faculdade. Acredito que o fato de estar perto dela também contribuiu para a sua
recuperação.
Deus é maravilhoso, guardou o dinheiro para a hora certa e a quantia certa! O dinheiro encontrado foi
suficiente para pagar minha passagem de avião para São Paulo e as despesas do hospital que cabiam a n´s
pagarmos.
Deus é fiel, Seu amor é infinito, Sua misericórdia é renovada a cada manhã.
Obrigada Senhor por ter a nossa vida em Tuas mãos.
02/06/2008
A Silvia, nossa segunda filha, também nasceu com pouca deficiência auditiva, porém já com a experiência do
primeiro filho foi educada de forma diferente, pois desde os 4 anos de idade já estava com seu aparelho para
ouvir melhor e com um professor particular para o aprendizado da linguagem.
O Ulisses primeiro filho, também teve a oportunidade de ter aparelho, porém não se adaptou tendo em vista
de sua surdez ser total.
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Silvia, seu progresso foi espetacular, cursou o ensino básico. Deus lhe deu habilidades para o trabalho
manual, cursou pintura em louças e depois em telas à óleo. O êxito sempre esteve ao seu lado.
Com as bênçãos de Deus cresceu, agora jovem, como não poderia deixar de ser, enamorou-se do Marcos e
após namoro, o casamento foi realizado. As bênçãos de Deus vieram, deste enlace dois netos: William Gabriel
e Wesley Daniel.
Agradeço sempre a Deus a família que me deu.
Algum tempo após a ida as Sandra para o Exterior, chamou o William para tentar a vida lá, pois ele foi o
último a se casar e ainda estava solteiro. Retornou para casa já com o intuito de cursar teologia e se casar
com uma jovem que havia conhecido.
Karla tornou sua esposa dando-nos duas princesas, lindas, queridas: Gabrielle e Marianne. O enlace não
durou muito. Assim a separação falou mais alto. Lutando daqui e ali, William entregou sua credencial de
Pastor.
Novo casamento veio à tona, agora com Elaine, dando-nos um varãozinho querido. Raffael.
SEMANA DE ORAÇÃO NA CIDADE DE CRUZEIRO
Fomos convidados para dirigir uma semana de Oração na cidade de Cruzeiro- SP, por ser inauguração do
prédio da Escola Adventista e anexo a Igreja. Pelo “ outdoor “ verifica-se que foi dirigida, por mim e a
Francisquinha, no período de 04 a 11 do mês de outubro de 2003. Uma semana de bençãos para os
membros daquela comunidade, e, principalmente para nós dois.
No dia seguinte ao dia 10, na hora da última palestra, mimha esposa foi procurada por um membro da igreja,
que relatou sua comoção ao ouvir o programa anterior, cujo tema foi o perdão. Disse ele que havia muito
tempo não falava com seu irmão carnal e após a experiência contada pela Francisca naquele dia, tocou em
seu coração e foi procura-lo para pedir-lhe perdão. A Francisca elogiou a atitude e louvou a Deus pela
manifestação do Espírito Santo.
Visitamos diversos irmãos, confirmando a palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo e levando conforto aos
membros que estavam doentes.
Programa baseou-se na nossa experiência como cristão e como Deus dirigiu a nossa vida, sob o tema “Porque
Ele Vive, posso crer no amanhã” ( foto )
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Outra semana de oração, sob o convite de nosso Filho William, que nesta ocasião exercia o Pastorado na
Igreja de Santo André-SP. – Jardim Bom Pastor. De 01 de agosto de 1998 até dia 08 de agosto, mesmo ano. O
assunto foi baseado no mesmo tema “Porque Ele vive, posso crer no amanhã”. Novas amizades, povo de
Deus querido, gentilezas ao extremo. No decorrer das palestras foi enfatizado o amor. Deixamos transparecer
principalmente o Amor de Cristo e o amor do convívio entre pessoas da família.
O que nos chamou a atenção no cartão que recebemos, foi a frase :
“Ontem pequena, cheia de esperança. Hoje florescendo e perfumando os nossos corações! “
Que Deus seja louvado para todo o sempre.
FATOS CURIÓSOS - 01
O William, segundo filho, começou a trabalhar em uma loja de vendas de camisas masculinas, ainda me
lembro o nome: Camisaria Guararapes. Mesmo antes de ter o seu primeiro salário, sempre dizia que quando
recebesse ele gastaria tudo em frango assado.
Numa tarde, nesta época estávamos morando na Rua Afonso Pena – Bom Retiro. Bateram à porta,
deparamos com o William não podendo abrir a porta do apartamento, pois tinha em seus braços três
embalagens contendo frango assado.
Aquele dia e o outro foi uma festa; matou a vontade de comer frango assado.
Com os filhos sempre tivemos momentos de lazer. Sempre que podíamos levávamos todos em um
restaurante denominado “Salada Record” que ficava na Rua Três Rios – no Bairro do Bom Retiro. Cada um
pedia o prato que desejava, mas finalmente o esperado: A sobremesa que saboreavam deliciosamente.
O que ficou marcado foi o que pediram, ” banana Split”.
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Ainda tenho na memória a expressão de felicidade deles olhando o prato e colocando de arremate aquele
chocolate quente. Esfregando as mãos devoravam sua predileção. Tempos que nos deixou muitas saudades.
Todos juntos.
Também, quando podíamos, íamos ao Parque do Ibirapuera e fazíamos o nosso lanche sentados na grama. A
Silvia, ainda pequena, não sabia pronunciar as palavras corretamente e assim dizia: Papai vamos no “Vila
Poeira?” que era Ibirapuera.
Destas lembranças, gerou, após muito tempo, um quadro pintado à óleo pela Silvia, com motivo de um pic-
nic no Parque, que ainda hoje emoldura a nossa sala de estar perpetuando o acontecimento.
A Silvia, ainda pequena, falava trocando as palavras,
como aconteceu acima. Lembro-me de quando comprei
um carro de cor marrom. Quando cheguei em casa
chamei todos para ver a nova aquisição. Todos
gostaram, agora os nossos passeios seriam bem mais
confortáveis.
A Silvia, chegou bem perto do carro e exclamou:
“Marroti” não, papai, eu quelia” Malelo”. Amarelo sua
cor predileta.
Ela sempre dizia que quando ficasse moça, iria trabalhar
no Banco do Brasil, comprar um carro e levar a mamãe
e o papai a passear. Posso dizer, com segurança, que
isto se cumpriu, não no tocante ao trabalho, mas hoje
nos leva a passear ou outros motivos, muitas vezes, em
seu próprio carro.
E assim fomos construindo o nosso lar, pobre, porém com muito amor orientado por Deus e pela sabedoria
da mamãe.
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FATOS CURIÓSOS - 02
Num passeio à praia Grande, em Santos, reunimos com alguns vizinhos e lá estávamos aproveitando o dia
ensolarado, quando demos falta de um filho, o William.
Começamos a procurar, foi dado o alarma e vasculhar a praia, dentro do limite do acampamento.Foi num
instante, uma pequena desatenção. As informações começaram a surgir:
Eu vi uma criança no mar;
Outra: eu vi só as perninhas dele na onda.
Como é prejudicial informações sem ter certeza do acontecimento.
Aquilo nos deixou angustiados, principalmente chegando a hora do retorno para casa e não tínhamos
encontrado o menino.
Caminhando mais adiante, avistei o William que estava sentado ao lado de um senhor de idade, barba longa,
branca, parecia ser um morador da região. Uma caiçara.
Aquele homem me falou que percebeu que o menino estava perdido e fez com que ele ficasse ali junto dele
sentado que viria alguém buscá-lo. Foi o que aconteceu para alegria de todos.
Alguns integrantes do passeio, ficaram tão bravos que diziam: Não volto mais aqui! É só susto que a gente
leva!
Realmente foi preocupante, porém tudo retornou em seu devido lugar.
“ Eu, porém, cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a Tua misericórdia, porquanto Tu foste o
meu Alto refúgio e protetor no dia da minha angustia. ” Salmos 59:16
FATOS CURIÓSOS – 03 (Um cego e um Surdo)
Um outro fato interessante foi quando trabalhava na farmácia junto com outro Darcy, meu xará e todos nos
conheciam; eu como Darcyzinho e o outro como Darcy.
Darcy era filho do Sr. Valdemar, com o qual eu vim para São Paulo. Darcy se casou e tiveram um filho
primogênito que aos 3 ou 4 anos de idade, contraiu a meningite, na época não havia vacina para tal
enfermidade; garoto forte, vivo, inteligente.
O mal deixou sequelas; a cegueira total; a deficiência pulmonar; a deformação da face. Muito triste, porém
Deus foi maravilhoso em conservar a sua mente normal bem como não tendo impedimento em andar.
Junior, seu nome, tinha a mesma idade do Ulisses; cresceram juntos, pois éramos vizinhos. Os dois se
entendiam muito bem; um surdo e um cego.
Brincavam defronte nossa casa, onde havia um depósito de ferro velho, mais especificamente, na Rua
Monsenhor Aristides Silveira Leite no. 60, em Guarulhos.
Um dia a D. Francisca viu que os dois estavam se estranhando e o Ulisses queria bater no Junior. A
interferência da mamãe logo apaziguou as coisas, perguntando o que tinha acontecido.
O Ulisses disse que o Junior tinha acertado uma paulada na cabeça dele.
- Mas o Junior não vê, foi sem querer, disse minha esposa.
- Ah! Bem que ele acertou minha cabeça, falado em gestos e ainda fez outro gesto, colocou do dedo
indicador no seu olho, puxando, como quem diz: Oh! Ele vê sim.
Pelo estado que a doença deixou, os médicos recomendaram que as famílias procurassem um local onde a
temperatura fosse mais elevada. Mudaram, então junto com a farmácia, para o litoral (Mongaguá).
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Dada à nossa amizade, muitas vezes fomos visita-los. Os dois, como sempre, “aprontando”. Quando na praia,
juntavam mais crianças, inclusive nossos outros filhos. O Junior tirava um dos seus olhos, que era de vidro,
era um alvoroço total, mostrando aquele olho as crianças corriam de medo.
Outra diversão, era andar de bicicleta pelas ruas da cidade e na praia. O Junior pedalava dirigindo a bicicleta;
o Ulisses na garupa ia guiando, indicando a direção para o Junior, batendo em seu ombro:
direita/esquerda... pare.
A presença de veículos era detectada pelo Junior que ouvia; e os obstáculos pelo Ulisses que via. Assim se
completavam.
Crianças... crianças... crianças...
“Os cegos veem, os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados;
e aos pobres é anunciado o evangelho “Mateus 11:5.
PROGRESSO PROFISSIONAL
Após casamento permaneci, na Filial da Drogasil Lapa, como balconista de 22/03/1955 até 01/11/1957, data
que recebi a promoção para atuar como subgerente da Filial até 31/01/1962,
Data em que solicitei a minha demissão tendo em vista uma proposta que recebi para montar uma farmácia e
trabalhar por conta própria.
O período de 1962 e 1963. Onde surgiu o novo governo, no Brasil, agora Militar, e o anseio de ter o meu
próprio negócio falhou.
No início de 1964, fui contratado para trabalhar na empresa multinacional, The Home Ins. Co., como auxiliar
no Departamento Caixa. Diante da minha frustração passada, estava ansioso e resolvido para poder crescer e
sustentar minha família.
Após seis meses de trabalho eu substitui o secretário do Departamento que estava em gozo de suas férias.
Fiz um curso de Desenho Arquitetônico e aprendi a desenhar plantas baixas para fins de seguro; tinha
destreza com a prancheta, esquadros e demais equipamentos e que chamou a atenção do gerente da área
onde recebi o convite para trabalhar com ele no Departamento de Engenharia. No trabalho havia muitos
símbolos e eu me interessei a saber o significado dos mesmos, e passei a exercer a função de Inspetor de
Riscos e desenhista.
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Onde tive a feliz função em conhecer muitas grandes industrias no Brasil e no exterior, cuja escola foi de
grande valia futura.
Aperfeiçoei-me na profissão, e em 1975, fui convidado para exercer o cargo de Subgerente do Departamento
Incêndio de outra Multinacional Brasil Seguros Filial.
Fui transferido para a Matriz, da mesma empresa, agora com outra função, a de Gerente do Departamento
de Incêndio abrangendo Lucros Cessantes e Tumultos.
Estavam sob minha responsabilidade 40 funcionários.
No período de 1983 a 1986, fui indicado para fazer parte como membro da Comissão de Seguros do Sindicato
das Empresas de Seguros no Estado de São Paulo.
De 1986 a 1991, como membro da mesma Comissão, agora na Federação Nacional de Seguros e de 1989 a
1991, como membro da mesma Comissão, junto ao IRB –Instituto de Resseguros do Brasil, ambos situados na
cidade ao Rio de Janeiro.
Tive oportunidade, representando estas autarquias, de visitar e conhecer grandes empresas no Brasil e no
Exterior.
Em 07 de junho de 1.988, proferi uma palestra, no programa de treinamento da Gerência de Seguros e
Patrimônio da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA, sobre Seguro de Incêndio. onde tive pontuação
expressiva, pela direção da Cosipa.
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CURSOS PARA MELHOR DESEMPENHO NO TRABALHO
1. Seminário de Avaliações Para fins de Seguro com certificado da Sociedade Brasileira de Ciência do Seguro
em 1978;
2. Certificado de conclusão do programa de
treinamento de Legislação Trabalhista, expedido
pelo Senac em 1981;
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3. Certificado de Curso de Formação de Brigada de Incêndio,
expedido pelo IBS – Instituto Brasileiro de Segurança, em
1982
4. Diploma pela conquista do QUARTO lugar, na II Convenção
Qualidade Brasil, em 1988, expedido pela Brasil Cia. De Seguros Gerais
e;
5. Diploma pela conquista do PRIMEIRO lugar, categoria
melhor trabalho da Área Técnica, na III Convenção
Qualidade Brasil, em 1989, expedido pela Brasil Cia. De Seguros Gerais. Sendo gratificado com uma
viagem ao Japão (Tóquio e Quioto), visitando diversas industrias, na melhoria do Círculo de Qualidade.
6. Certificado de participação da 38ª Semana de
Prevenção contra Incêndio do Corpo de Bombeiros
de São Carlos, palestrando sobre Seguro Incêndio
e Lucros Cessantes.
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D. Francisca, a Lula, minha esposa,
além das suas atribuições e responsabilidades como Esposa...Mãe...Companheira. Conselheira, ainda não
mediu esforços para ampliar os seus conhecimentos:
1. Curso de Vestuário e Higiene Individual, com
certificado expedido pelo Serviço Social da Industria
em 06 de março de 1970:
2. Curso de História Sagrada, com certificado expedido
pelo programa Fé Para Hoje, em 20 de dezembro de
1970.
3. Curso de Evangelismo Para Leigos, com cerificado expedido pelo
Departamento das Atividades Missionárias da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, em 30 de maio de 1971;
4. Curso de Orientação Para Professores de Educação
Religiosa, com cerificado expedido pela Divisão Sul
Americana e União Sul Brasileira da Igreja Adventista
do Sétimo Dia, realizado em julho de 1979;
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5. Curso de Preparação para Leitura e Escrita oferecido Pela
Faculdade Adventista de Educação, com cerificado
expedido em 15 de janeiro de 1981.
Ainda, para acompanhar nossa filha Silvia na escola, extrovertida como era, foi convidada a trabalhar na
Escola, recebendo os alunos na portaria como coordenadora de classe, durante o período de 01 de agosto de
1978 a 30 de abril de 1983 e de 01 de maio de 1985 a 01 de abril de 1986, como monitora na Escola
Adventista Central Paulistana.
LEMBRANÇAS
Hoje, dia 08 de março de 2020, foi um dia nostálgico para mim, um dia triste, saudoso, porém alegre pelo que
havia achado entre as papeladas guardadas.
Muitos agradecimentos de pessoas queridas, cartões de natal com dizeres comoventes e exaltando,
principalmente, as ações feitas pela minha esposa.
Encontrei, também, uma caderneta escrita manualmente pela Lula, onde estavam os pedidos de orações
feitas por ela a favor das pessoas e eram muitas. Não esquecia de pedir as bênçãos de Deus às pessoas
fossem ou não da família. Seus joelhos haviam sido calejados e marcas visível do tempo em que passava
ajoelhada fazendo suas petições para a família e para seu semelhante. Todos os necessitados que bateram à
nossa porta nunca saíram sem um pedaço de pão.
Seu relacionamento com Deus era como de dois amigos. Conversava com Jesus a todo o momento. Pedia e
recebia.
Encontrei também bilhetinhos que trocávamos juras de amor onde ela expressava o seu grande carinho por
mim.
CARTA DO WILLIAM
Um outro achado foi uma carta manuscrita de nosso filho William, que pelo estado do papel vou reproduzi-la
aqui:
Eu e mamãe
“Agradeço a Deus, por chamar-te todos os dias de mãe. Título este, que não se adquire em nenhuma
faculdade do mundo; mas que recebemos um diploma a cada conselho que nos dá.
Por poder ouvir os seus conselhos, aos quais nós, filhos tão ingratos, demoramos a atender; e às vezes nem
atendemos; mas que no fim sempre tinha razão.
Por poder sentir teu carinho nos afagar, nas horas duras da vida. Por nos amar com o amor de mãe; sendo
este exclusivo de ti; e pelo papai, que anos atrás, encontrou-a, abrindo-se então uma rosa, que até hoje não
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murchou.
Querida mamãe, desculpe-nos pelos nossos erros. Nós filhos não temos um amplo conhecimento do que
significa você em nossas vidas. Nem mesmo no decorrer desta, vamos ser capazes de defini-la.
Quando fores um dia para o sepulcro, entenderemos o que significa ter uma mãe. Aí então, reconheceremos
nossos atos errôneos, que a machucaram todos esses anos e nunca mais nos perdoaremos, por não ter
retribuído tão grande amor que nos deste.
Mãe! Perdoa-nos por isto. Doravante procuraremos entender o que tens sido; até o dia de hoje.
Se tu fores cobrar o que tens sido para nós, não teríamos com o que retribuir. E dinheiro seria totalmente
impossível para nos acertarmos. Mamãe! Sabe o que eu ouço cada vez que ralhas comigo? Eu ouço:
-- Eu te amo......eu te amo......eu te amo......eu te amo.
A senhora mamãe! Está ensinando os filhos homens, a procurarem uma esposa, que seja uma mãe tão
formidável para nossos filhos, como tens sido para nós.
E às filhas a serem caridosas e compreensivas; pois um dia serão mães também. E querem ser iguais a você. ”
William T. Chimello
OUTRA MUDANÇA – VILA AUGUSTA
Um ano antes de me aposentar, mudamos novamente para Guarulhos especificamente na Rua Elizeu Pinhal
52. Vila Augusta.
Vizinhos novos, novas perspectivas, e minha esposa ansiosa, e para começar uma amizade, logo no segundo
dia da mudança, varria a frente da casa constantemente, para chamar a atenção das vizinhas. Não demorou
muito tempo, começou o contato verbal.
- Você é nova aqui né!
- Sim mudamos há pouco.
Aí vem a pergunta fatídica.
-Vocês são crentes?
-Sim, respondeu minha esposa!
-AH! Eu não gosto de crentes que vem na minha porta bater.
A esta altura já tinha se aglomerado em frente de casa mais ou menos cinco vizinhas. Eram todas parentes e
moravam todas na mesma rua.
Minha esposa, muito viva, respondeu:
-Olha, vocês é que vieram na minha porta, agora vão escutar.
E disse: - Meu marido dá estudos Bíblicos, vocês gostariam de aprender mais da Bíblia? Assim começou uma
história real no que resultou 8 almas que se entregaram ao Senhor Jesus.
Ficamos sabendo depois, que os comentários sobre os novos vizinhos entre elas eram assim:
Mudou aí uns vizinhos novos e ainda é daqueles que tocam.
Sim, meu filho William era músico e tocava trompete. Assim foi o comentário de boas vindas de nossos
vizinhos, queridos até hoje.
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“Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo;
ensinando-as a guardar todas as coisas que vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias,
até a consumação dos séculos. ” Mateus 28:19 e 20.
A FORÇA E PODER DA ORAÇÃO
Uma noite, ao acabar de chegar do trabalho, fomos chamados pela vizinha, se poderíamos fazer uma oração,
ou ajudar de qualquer forma, o neto da vizinha em frente à nossa casa. Imediatamente ao entrar na casa
deparamos com uma criança de mais ou menos três anos de idade aos gritos intensos. Não havia um modo
de fazê-lo parar, pois não sabiam a causa de tantos gritos desesperados. Ficamos impressionado com o fato e
perguntamos se ele havia caído; se estava sentindo alguma dor, ou até um alfinete na sua roupa. Tudo foi
visto, porém o menino continuava aos gritos. Não aceitava a mamadeira, nem o chá. Algo estranho acontecia.
Único jeito, falamos: Oraremos por ele e depois levaremos ao hospital.
Cinco pessoas estavam naquele momento tão desesperadora era a situação: A mãe, o avô, eu, minha esposa
e a vizinha.
Nos demos as mãos e pedimos clemência ao Nosso Deus pelo fato inusitado. Durante a oração o garoto
continuou aos gritos.
Mas o Deus dos Céus que sabe todas as coisas, ouviu e atendeu a suplica de cinco pessoas com oração
sincera. Terminada a oração, a criança foi acalmando, aceitou o chá e dormiu.
“Chegue a minha oração perante Tua Face, inclina os Teus ouvidos ao meu clamor “ Salmos 88:2
A FAMILIARIDADE DA FRANCISCA COM JESUS CRISTO - UTI
Ainda estávamos morando na Rua Elizeu Pinhal em Guarulhos, quando a Lula começou a sentir-se mal. Seu
coração pulsava forte e muito rápido. Imediatamente corremos para o cardiologista que solicitou um
Eletrocardiograma urgente.
O médico me chamou e disse que D. Francisca deveria ser internada imediatamente e através do telefone
solicitou uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Stela Maris de Guarulhos, acompanhando-
nos até o local.
Eu fiquei no lado de fora do ambiente sentado em uma cadeira que gentilmente me ofereceram.
Uma sensação de medo envolveu meu coração quando a enfermeira aparece e me entrega os pertences da
Francisca:
Roupas, óculos, relógio, aliança, prótese dentária.
Um aperto no peito e muitas coisas me passou pelo pensamento.
Fiquei ali ao lado da entrada da UTI a noite toda e parte do dia seguinte. Pessoas entravam e saiam daquele
local. Uns entravam para tratamento, outros saíam bons e outros em óbito.
As orações eram constantes, rogando ao Criador a Sua manifestação de amor para a minha querida esposa.
No dia seguinte, aproximadamente, `14 h, a enfermeira chegou, e desta vez com notícias boas e disse: D.
Francisca está muito bem e está indo para o quarto separado. Que alívio...Deus seja louvado!
Quando ela estava no quarto e eu podia ficar ao lado dela, contou-me o seguinte:
De madrugada, ainda estavam os equipamentos ligados o médico a assistia de tempo em tempo. No
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momento em que estava tudo em silêncio, as luzes apagadas, só se ouvia o som dos bipes cardíacos ela
sentiu que alguém encostou no seu leito e disse: Antes das 14h você estará fora desta UTI. Irá para o quarto.
As 8 h da manhã, quando o médico faz a ronda para verificar o estado do paciente disse: D. Francisca se você
continuar assim, melhorando, antes das 14 h, sairá da UTI. Irá para o quarto.
Com a notícia ela sentou-se na cama, arrumou os cabelos e a enfermeira vendo disse: Dr. Olha D.Francisca.
Ela está ótima.
Sim, o Senhor Jesus. Antes de tudo acontecer, falou com ela.
“O Anjo do Senhor, acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra “ Salmos 34:7.
CONSTRUÇÃO DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA DE TERRA PRETA –
MAIRIPORÃ – SP
Ha alguns anos atrás estávamos com a ideia firme de comprar um terreno, para que eu pudesse cultivar. A
oportunidade apareceu próximo ao litoral paulista, onde estava à venda um sítio de 10 alqueires, todo
plantado com bananeiras e com casa.
O preço era acessível e nós fomos para lá, com o intuito de conhecer o local e possível aquisição. O local era
bonito, muita vegetação, rio não poluído, cachoeira, com água vinda da serra. A casa era em parte de barro e
em parte de alvenaria. Olhando à primeira vista, gostamos muito.
O proprietário nos convidou então para o reconhecimento do local, um pouco mais além. No caminho
apareceu um enorme enxame de pernilongos (borrachudos) e mutucas pelo que fomos atacados de tal forma
a ponto de sermos obrigados a sair dali apressadamente. Diante daquela situação, o desejo da compra foi
completamente esquecido.
- Vamos embora daqui, disse minha esposa! Não quero nem de graça este sítio!
E foi assim que fomos “expulsos” daquela local, que mais tarde compreendemos que não era ali o nosso
refúgio. Deus tinha outro plano para nós.
Em 1987 adquirimos um lote de terreno em Terra Preta e estava lá parado.
Em 1989, precisamente no dia 12 de junho, fomos comemorar a data num restaurante, e ali surgiu a ideia
novamente de adquirir outro terreno, porém jamais pensamos em construí uma igreja.
Naquele mesmo dia, no período da tarde, foi nos mostrado que deveríamos ir à Terra Preta, pois já estava
morando lá o nosso filho mais velho, assim comentamos:
-Comprar um terreno que eu pudesse cultivar, não precisava ser muito grande.
- Que tal uma chácara, disse minha esposa!
- Bem, uma chácara envolveria muito custo, e nós não estamos possibilitados a esse fim.
- Mas vamos sim, e vamos na imobiliária para ver se encontramos algo, afirmou ela.
E assim partimos, com a ideia de consultar apenas preços de imóveis. Chegando, entramos na primeira
imobiliária e para nossa surpresa, o vendedor nos levou a um local que nos agradou muito. E assim naquele
12 de junho de 1989, acabamos comprando uma chácara. Apesar de não termos todo o dinheiro necessário
para a compra, o proprietário facilitou, em muito a forma de pagamento. Deus estava direcionando a
compra.
Seis meses depois, ainda trabalhando em São Paulo, mudamos para o novo local. ( ver foto da chácara )
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Não demorou muito tempo, a Lula, muito extrovertida, já fez amizade com as vizinhas. E aí, como não
poderia deixar de ser o convite para os estudos Bíblicos. De início uma, depois duas depois três e assim
formamos um pequeno grupo de estudos bíblicos.
Hoje são nossos irmãos em Cristo nosso Senhor. Bênçãos sem medida.
Ali não havia mosquitos nem muriçocas e sim, Anjos do Senhor nos guiando. No início de 1990, com a
intenção de morar no imóvel recentemente adquirido, decidimos frequentar o Grupo da Igreja em Mairiporã
e pela primeira vez, num sábado, no horário dos anúncios para o Trabalho Missionário, estava à frente, um
nosso irmão em Cristo, a quem ainda não conhecíamos, e fez um veemente apelo à igreja, no sentido de que
fossem reunidos esforços para alugar em salãozinho em Terra Preta, a fim de ele e os demais irmãos
pudessem frequentar os cultos, uma vez que a localidade de ficava a 10 k de Mairiporã e o custo das viagens
eram muito altos, dificultando a frequência nas programações.
Ouvimos aquele apelo, e o Espírito Santos abriu uma grande estrada a nossa frente cujo percurso iniciou ali.
Olhei para minha esposa, ela olhou para mim e Deus para nós dois.
Desejosos de trabalhar na pregação do Evangelho, começaram a vir ideias iluminadas por Deus e começamos
um trabalho de visitação e recenciamento dos irmãos que não podiam ir à igreja.
Para nossa surpresa, conseguimos reunir 30 nomes e ainda mais 20 crianças. Ficamos entusiasmados, pois já
tínhamos número mais que suficiente para abrirmos um grupo em Terra Preta.
Verificamos a condição financeira de nossos irmãos, porém seria muito difícil alugar ou construir algo.
Minha esposa sempre com as ideias luminosas disse-me:
- Porque não construirmos um salão em nosso terreno que adquirimos em 1987?
- Como? Respondi, não tenho condições financeiras.
-Mas vamos fazer força para pelo menos construir um salãozinho para congregar nossos irmãozinhos!
Palavras carinhosas que sempre usava.
Em nossas visitas que fazíamos, começamos a implantar a ideia de construir um salãozinho.
A receptividade foi imediata e vendo o interesse do grupo, reunimos nossas forças e começamos a limpeza
do terreno, arrancando cupim e matando duas cobras.
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Assim, nossa vida mudou. Deixamos de lado os passeios, os gastos foram mais controlados, e todo o
recursinho que sobrava era para a construção, até então, de um salãozinho.
Eu mesmo, comecei a rabiscar uma planta de construção e fiz diversos croquis, mas, cada um que fazia ia
tomando a forma de igreja e ficava cada vez maior.
- Vai ficar linda, comentava a minha esposa!
- Vai ser difícil respondi!
- Deus proverá disse ela; Deus proverá!
Com àquele impulso que minha esposa sempre me deu, decidimos:
Vamos construir esta Igreja.
Transformei o croqui em uma planta de construção, agora com salas para crianças.
Perguntavam os irmãos admirados:
- Mas não era só um salãozinho e agora tem salas para as crianças?
Respondemos que Deus assim permitia, porque vimos a necessidade da pregação da Verdade naquele local.
Empregamos tudo o que tínhamos; o meu salário ia quase todo na construção, mas nosso Pai do Céu, jamais
deixou-nos faltar o pão de cada dia. Deus nos deu sabedoria para administrarmos os nossos bens. Em nossas
orações colocávamos nas mãos de Deus.
Em 2 de fevereiro de 1991, foi feita a primeira reunião sabática, com a presença do Pastor Distrital, na época,
Benedicto Tassolo, sentados em tábuas apoiadas em blocos de concreto. A emoção e lágrimas tornaram
presentes, lágrimas de emoção e contentamento pelo grande dia tão esperado.
Ali estava também aquele irmão que tão inspirado fez o apelo na igreja de Mairiporã; nosso irmãozinho
querido por todos, Pedro José de Sousa. No decorrer de cada semana, sempre havia uma novidade. A igreja
estava crescendo, tomando forma.
Todas as etapas foram vencidas, porque Deus estava ali. Não desapareceu nenhum tijolo sequer.
Deus colocou e não vai tirar os Seus anjos, que continuam guardando esta casa de oração.
As etapas, da limpeza, do nivelamento, da fundação, do assentamento dos blocos, respaldo das paredes,
colocação da laje, o madeiramento, o telhado, o piso, o reboco, a pintura, a instalação elétrica, a porta de
entrada, as grades de ferro e finalmente os bancos, cujas etapas foram difíceis, porém não impossíveis.
Tudo foi como planejado, se não fosse a disposição e bondade dos nossos queridos irmãos que
semanalmente compareciam para fazer sua parte naquela obra.
No decorrer dos trabalhos da construção, a Lula vendeu chinelos, enfeites, e outra coisas para aquisição dos
móveis da sala das crianças. Muitas coisas foram doadas. Ainda me lembro um dia que quis comprar uma
lembrança pelo seu aniversário, ela recusou e pediu que empregasse o valor na compra das cadeirinhas de
vime para a sala das crianças. Hoje temos a Igreja de Terra Preta, tão esperada.
Agradecemos primeiramente a Deus por ter dirigido esta obra que era Dele; às crianças que fizeram mutirão
para limpeza dos ladrilhos; às irmãs que semanalmente faziam a limpeza para as reuniões; `a minha querida
irmã carnal e em Cristo, Nenê, que, em muitos fins de semana dedicou seu tempo fazendo o almoço para os
trabalhadores. Agradeço, também, o apoio de todos os que oraram pela concretização da construção e pelo
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empenho e mão de obra incansável dos queridos: Adão, Vicente, Pedro, Celso, Sebastião, Silvio, Ulisses e
outros.
Finalmente, agradeço à minha querida esposa, que não mediu esforços e sacrifícios para chegarmos onde
estamos.
Porém a batalha não termina aqui, começa aqui.
Aos dezessete dias do mês de agosto de mil novecentos e noventa e um (17/08/1991), foi inaugurado o
precioso templo
Na Rua Fusako Sasaki número 35 – Jardim São Francisco I, em Terre Preta – Mairiporã-SP.
Após inauguração, eu e minha esposa, transferimos o imóvel, como doação, (edifício e terreno) para a
Organização da Igreja Adventista do Sétimo Dia, através da Associação Paulistana, na época. Que Deus seja
louvado.
“E me farão um Santuário, para que Eu possa habitar no meio deles. “ Êxodo 25:8.
LIMPEZA E NIVELAMENTO DO TERRENO
LAJE RESPALDO E MADEIRAMENTO
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1º Culto realizando antes da inauguração
Inauguração, Batismo e Coral
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UM MILAGRE
Uma ocasião, eu e a Lula fomos num passeio à praia, voltamos numa terça feira à tarde e deparamos com o
garotinho Vinícios de mais ou menos 2 ou 3 anos, brincando em frente à nossa casa, como sempre fazia. Logo
que entramos em casa, vieram a mãe e tia do menino e nos contaram o seguinte:
Estavam reunidos seus familiares, no domingo que antecedeu a terça feira que voltamos, comentando os
estudos bíblicos que estávamos ministrando a eles, porém o comentário não era condizente com os estudos,
com insinuações sobre os “ crentes”.
Um dado momento, entra na sala, onde estavam reunidos uma garotinha prima do Vinicios, de quase a
mesma idade dele.
- Lhe perguntaram, onde está o ´Vinicios ?
Ela calmamente, respondeu: ele “tá “nadando na água da piscina.
Alvoroço total. Saíram correndo e depararam com o Vinicios dentro d’água, boiando de bruços, imóvel.
Não se sabia quanto tempo ele estava lá dentro
A piscina era abandonada, a água cheia de algas verdes, latas, garrafas, sapos, paus, lodo, tinha de tudo lá
dentro.
Pegaram o menino aparentemente sem vida, desesperadas e uma pessoa conhecida estava naquele
momento ali no local com o seu carro. E imediatamente o levou para o pronto socorro de terra preta. O
médico de plantão olhou e falou para leva-lo ao hospital de Mairiporã que ficava a 10 quilômetros dali.
Aquele garoto é filho adotivo do casal, pois não podiam ter filhos naturais e a mãe e a tia pedindo a Deus que
não deixasse o menino morrer. O médico de Terra Preta telefonou para o hospital de Mairiporã falando que
estava mandando um óbito por afogamento. No caminho as duas, mãe e tia, oravam à sua maneira, pedindo
ajuda a Deus. Na viajem o menino vomitou àquela água que havia ingerido. O motorista disse: rezem porque
o garoto voltou.
Chegando ao hospital, os médicos examinaram o menino e pediram que o levassem ao Hospital de Atibaia,
porque era mais aparelhado para o caso dele. De Mairiporã até Atibaia tem um percurso de 20 k até o
hospital. O menino nos braços da mãe, continuava desfalecido na viagem.
No hospital, foi examinado pelos médicos e deu sinais de vida.
Porém informaram que se ele vivesse, o que era difícil, pois o seu cérebro já havia inchado pela falta de
oxigênio, ficaria com sequelas, cego, surdo.
O desespero tomou conta das duas mulheres. Saíram para fora do Hospital e no jardim à frente, ajoelharam e
clamaram ao Deus todo poderoso. As pessoas que por ali passavam ficavam pasmadas olhando aquela sena.
O garotinho ficaria na Unidade de Terapia Intensiva.
Como era domingo, voltando para casa, não chegaram ao lar. Lembraram que naquele horário, 8h da noite
do domingo, havia culto na Igreja Adventista do Sétimo dia em Terra Preta, pois já sabiam da existência dela.
Assim como estavam, descalças, despenteadas, desesperadas foram` `a igreja na hora do culto.
Entraram chorando, parou a programação. Contaram o que havia acontecido, a igreja se colocou em oração
durante mais ou menos uma hora. E depois os membros da igreja continuaram a orar em suas casas.
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Na segunda feira de manhã, voltaram ao hospital, e a equipe médica disse que ficaram impressionados com o
caso, pois ficou estacionado, não piorou.
Na segunda feira à tarde, que surpresa, o menino está fora de perigo, porém a sequela preocupava os
médicos.
Na terça feira de manhã, o Vinicios tem alta do hospital, como se nada tivesse acontecido. Na terça feira à
tarde ele estava brincando na rua em frente de casa como de costume, pisando nas poças de agua barrenta
da chuva, com sua priminha que deu notícia que estava nadando na piscina naquela tarde de domingo,
brincavam fazendo bolinhos de barro; um era o “ marido” e a outra a “ marida, “ quando o avistamos naquela
terça feira. Deus lhe devolveu a vida.
“Porque para Deus nada é impossível “ Lucas 1:37
SOCORRO NA HORA CERTA
Eu e a Lula, como sempre, saíamos juntos. E não foi diferente neste dia. Estávamos voltando da cidade de
Atibaia pela Rodovia Fernão Dias, no sentido de Terra Preta, nossa casa.
Determinado ponto da rodovia, falei com minha esposa: Estou com vontade de ir na casa do irmão Cirineu, a
entrada é logo na frente.
Mas depois de verificar as horas já passava das 17 h, falei: não vamos não, porque também começou a chover
e a casa deles ficava a 4 Quilômetros em estrada de terra para chegar lá. Porém a Lula, como sempre ligada
com o Espírito Santo, disse: Vamos sim, estou sentido que devemos ir.
Chegando, moravam em uma chácara, encontramos a família desesperada, chorando. Sua filha de 3 anos de
idade havia ingerido 20 comprimidos de anticoncepcional, e não havia mais ônibus para a cidade e também
não havia ninguém com condução própria para socorre-los.
Imediatamente colocamos todos dentro do nosso carro e partimos para o Pronto Socorro mais próximo que
era de Terra Preta. A garotinha não sentia nenhum sintoma de intoxicação. Parecia que não havia ingerido
nada.
Perguntei: Ela tomou mesmo o medicamento?
Sim, respondeu sua mãe. Tirei de sua boca o resto dos comprimidos mastigados e a embalagem estava vazia,
no chão, próximo da menina.
Ficou em observação no Pronto Socorro até a meia noite.
Desde os primeiros momentos do ocorrido, foram feitas muitas orações em favor da pequena.
Retornamos para sua residência, tão bem como se nada tivesse acontecido.
O Espirito de Deus dirigiu-nos à aquela casa, pois poderia ter sido caso complicado. Mas Deus ouviu as
orações de Seus filhos.
“Ensina-me a fazer a Tua vontade, pois És o meu Deus: guie-me o Teu bom Espírito por terra plana. ”
Salmos 143:10
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DEUS CUIDA DO QUE É SEU
Em 1.990, já estávamos morando na chácara em Terra Preta. Era o mês de agosto quando vieram as
primeiras chuvas. Sempre gostei do cultivo e plantei milho e feijão e num pedaço de terra separado, plantei
mais ou menos umas trinta covas de milho e dediquei aquele milho a Deus.
Tudo que produzisse eu compraria ao preço de mercado e daria o dinheiro para a Igreja.
A plantação cresceu viçosa e a cana subiu a mais ou menos 1,80 m, estava muito bonita.
A produção foi espetacular 3 a 4 espigas por cana.
Uma noite, chovia muito e estava frio. Pelas uma da madrugada acordei com barulho ao lado da casa, com
animais comendo. Dava para se perceber que saboreavam o milho. A cerca era com três fios de arame e que
não podia conter o animal e facilmente colocando seu pescoço sobre a cerca fatalmente alcançaria o milho.
Nisto a Lula também acordou, e disse: Ahhh! Que dó, o milho.
Eu então disse: O milho é de Deus, Ele vai tomar conta, senão vamos arrumar outro jeito de ajudar a igreja.
Pela manhã, a chuva já tinha passado e a primeira coisa a fazer era ver o estrago que os animais tinham feito.
Chamei a Lula, coitada, aquele dia frio eu a fiz levantar cedo da cama quentinha.
Mas valeu à pena. Nós dois olhando espantados para a plantação, verificamos que os animais comeram
somente as folhas do milho, as espigas ficaram.
Deus cuidou do que era Dele como cuida de nós.
“Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e Ele te Susterá; nunca permitirá que o justo seja abalado. “ Salmos
55:22
A ATUAÇÃO DO ANJO DO SENHOR
Em 1999, o William ainda exercia as funções de pastor e tinha uma reunião na Associação Paulista da IASD, e
como eu também tinha algo a tratar em São Paulo fui com ele de carro.
Saímos de casa, nesta ocasião eu estava morando com ele próximo da Clínica de São Roque da IASD. No
caminho, já chegando em São Paulo, o William começou a sentir uma forte dor no peito, estava angustiado.
Imediatamente, eu que dirigia o carro, rumamos para o Hospital Adventista no Bairro da Liberdade.
Ninguém sabia, a não ser nós dois, que o William estava sob cuidados médicos fazendo um
Eletrocardiograma.
Ficou em observação durante umas quatro horas. Depois disto liguei para casa para avisar o que tinha
acontecido.
Naquele dia a minha irmã, tia Nenê, como a chamávamos, fez uma ligação telefônica para a nossa casa
dizendo que havia recebido um telefonema falando que o Pastor William estava precisando de oração e que
ela orasse por ele.
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A tia Nenê, junto com seu esposo, imediatamente oraram em favor do pastor.
Quando chegamos em casa à noite, nos deram aquele recado da tia Nenê. Ninguém sabia que o William
estava no hospital e nós não telefonamos para ela. Concluímos que o Anjo do Senhor pediu oração em favor
do Pastor.
“Porque aos Seus Anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.” Salmos
91:11
DEUS ATENDE A ORAÇÃO SINCERA
Estávamos morando no Bairro do Bom Retiro em São Paulo. Havia uma família, pai, mãe e filho, cuja mãe já
tínhamos levado o Evangelho. O filho era um rapaz desajuizado e estava envolvido com as drogas.
Uma ocasião a sua mãe veio à nossa casa e neste dia estava somente a minha esposa. A mãe angustiada e
chorando foi procurar minha esposa para contar o que tinha acontecido e receber conforto espiritual.
Disse que seu filho estava desaparecido já havia uma semana e que já tinha procurado nas Delegacias, no
Juizado de Menores e não o havia encontrado.
Após conversarem com minha esposa disse que a única maneira de ajuda-la era através da oração.
Na sala, as duas ajoelhadas, minha esposa pediu a Deus que aliviasse o sofrimento daquela mãe em
desespero encontrando seu filho.
Após oração, minha esposa disse: Hoje você vai encontrar o Aníbal, seu filho.
-Mas será mesmo? Disse ela. Eu já fui em todos os lugares possíveis. Minha esposa retrucou: mas hoje você
vai encontrar seu filho! Eu senti isto na oração.
Ela saiu de casa e sem rumo disse: Vou procura-lo no prédio onde fica o Juiz de menores.
Chegando ao prédio, entrou no Elevador e estava tão angustiada que não marcou o andar que queria parar.
O elevador subiu até o último andar, abriu a porta, fechou e começou a descer.
Na descida parou porque alguém havia chamado, abre a porta e a pessoa entra. Era o Juiz Corregedor de
Menores. Ela ainda chorando, o Juiz perguntou o que estava se passando. E então ela lhe contou tudo. O juiz
voltou ao seu escritório com ela, deu alguns telefonemas e disse: Pode ir buscar teu filho que ele está em tal
lugar, que ela conhecia bem e já tinha estado lá. Seu filho volta ao lar.
Deus ouviu a oração de súplica de duas mães angustiadas.
“Se pedirdes alguma coisa em meu nome, Eu o farei. ” João 14:14
DEUS ACALMOU O MAR
Uns dias de descanso e fomos à praia em Bertioga Litoral de São Paulo. Ali estavam o irmão Enéias e esposa
liderando a igreja no local. Surgiu o assunto de pescaria e fui convidado para acompanha-los, aproveitando a
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ida deles para a praia de Boracéia. Arrumamos as traias e seguimos rumo ao mar, lançar rede; O motor do
barco não estava funcionando e assim mesmo fomos ao remo. Eu nunca na vida tinha feito aquela aventura.
O dia estava lindo, tudo ia bem quando terminando de estender a rede, começou um vento um pouco forte e
o mar começou a agitar-se. Por experiência dos pescadores disseram, vamos voltar. Não demorou muito
tempo uma nuvem negra começou a encobrir-nos e o vento mais forte, em questão de segundos. As ondas
tão fortes e altas que não podíamos ver nem a praia nem a casa onde estávamos que ficava bem defronte.
O barquinho subia e descia com a fúria das ondas, agora chovendo bastante, água dentro do barco. Dois
remando e eu tentando jogar a água fora com uma latinha, mais me segurava para não cair do que jogar
água. O barco não saía do lugar. O medo tomou conta de todos nós. Principalmente porque no mar eu iria
sucumbir. Não tinha nenhuma experiência em nadar no mar. Estávamos a ponto de afundar ou virar o barco.
As ondas eram tão altas que nosso barquinho chegava a ficar de ponta para cima, empinado. As orações
naturalmente vieram à nossa mente, porque o momento era preocupante.
Por frações de segundos presenciamos um fato inesquecível.
O barulho dos trovões, o sibilar do vento, os estalos do barco na água, as ondas agitadas, cessaram
imediatamente, num abrir e fechar de olhos, o silêncio foi total. A calmaria reinava após a tempestade.
Nenhuma conversa entre nós. Apenas olhávamos uns para os outros assustados. O mar ficou tão liso sem
nenhuma ondulação sequer. Parecia um espelho posto sobre as águas. O sol no horizonte no final do dia
agora podíamos ver a praia e a casa onde estávamos. Atrás de nós um risco na água deixado pelo barquinho .
Foi indescritível a tamanha rapidez na mudança do tempo.
Quando chegamos em casa, contou-nos as mulheres que haviam ficado, que notaram a mudança do tempo e
a tempestade já havia começado. Subiram na sacada da casa e não viram o barco. Imediatamente as três
mulheres e ali ajoelhadas pediram clemencia e ajuda a Deus, para nós. Quando se puseram em pé, após
oração já deu para avistar aquele pequeno barco que vinha deslizando aguas tranquilas, salvos pelo poderoso
Deus. Glórias a Ele. Reunimo-nos com um culto de agradecimento a Deus pelo milagre, quando cantamos o
hino número...... do Hinário Adv.
“Mestre o mar se revolta “
“ Tu dominas o ímpeto do mar; quando as suas ondas se levantam, Tu as fazes aquietar. ” Salmos 89:9
UM PRESENTE DE JESUS
Dezembro do ano 2000. Nosso genro era pastor na Igreja Adventista em Londres, da fala portuguesa e
espanhola.
Após a programação do sábado, como sempre acontecia, a programação era o dia todo até a noite e o pastor
era responsável pela segurança do local, verificando se tudo estava em seus devidos lugares, portas e janelas
fechadas, para encerrar as atividades do dia.
Ajudávamos no serviço, inclusive na limpeza. A Lula, por ocasião de muito frio ela tinha um tipo de alergia e
que sentia muita dor de cabeça.
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Olhando pela porta de vidro da antessala de saída, percebeu que estava nevando. Ela contou-nos depois que
naquela porta ela fez um pedido a Deus dizendo que precisava de chapéu ou outro artefato para agasalhar a
cabeça, não obstante, estava bem agasalhada.
Tínhamos saído de casa muito cedo, mas não havia evidencia de nevasca. Após tudo verificado, saímos do
prédio de cinco andares onde era abrigada as igrejas Inglesa, Portuguesa, Espanhola e Romena, que situava
na Crawfor Street, centro de Londres. Lula já estava com dor no ouvido, pela mudança da temperatura,
então saímos no sentido do estacionamento do veículo que distanciava mais ou menos 10 minutos andando.
Juntos, na frente estavam Pastor Valdeir e a Sandra a uns 3 metros. Atrás, eu, a Lula, Caroline à esquerda e
Wederly, à direita, todos de braços dados, devido ao frio e vento.
No momento em que cruzávamos a rua defronte ao prédio da Igreja, a Lula comentou: ah! Se eu tivesse um
gorro para esquentar a cabeça!
À nossa frente, inesperadamente, veio caindo um chapéu de frio de senhora e parou bem defronte a Lula. Ela
deu um grito, pegando o chapéu do chão, que a Sandra e o Valdeir voltaram-se assustados e a Lula Já estava
com o chapéu na cabeça. A Sandra: Mamãe, como vai usar um chapéu que estava na rua? Ela disse não! Ele
caiu do céu, Jesus me deu!
Naquele momento, passava correndo um senhor, que pensamos ser dele o chapéu. Porem a resposta foi
negativa.
O inverno em Londres, como nas cidades grandes, onde tem muito trânsito, as ruas ficam lamacentas
cinzentas, molhadas, e por incrível que pareça, o chapéu estava seco, sem nenhum vestígio de sujeira.
Novamente a Lula com àquela confiança que tinha no Senhor, repetiu: Caiu do Céu, foi Jesus que me deu.
Este chapéu está guardado em casa até hoje.
“Peça-a, porém, com fé, não duvidando: porque o que dúvida é semelhante a onda do mar, que é levada
pelo vento, e lançada de uma para outra parte. ” Tiago 1:6
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19 de Outubro de 2010 – mais uma mudança (JUNDIAÍ)
ALZHEIMER
Tudo não foi maravilha em nossa vida. Foi trabalhoso. O que me deu forças para lutar foi sem dúvidas a
confiança em Deus e minha querida esposa que sempre esteve ao meu lado.
Aproximadamente no ano de 1993, minha esposa sofreu uma convulsão. O médico que começou a trata-la
pediu um Eletro Encéfalo Grama, pelo qual foi constatado uma anomalia cerebral, segundo o profissional. A
medicação foi receitada e por muito tempo não veio a ter outra convulsão.
Por volta de alguns anos depois, a Lula, como eu a chamava, começou a ter um processo de esquecimento.
Os retornos ao médico eram frequentes. Medicação apropriada foram prescritas.
No ano de 2010, precisamente em outubro, mudamos para a cidade de Jundiaí- SP, porém agora com o
diagnóstico de confusão mental, com laudo de apresentação ao novo profissional. Após novos exames a
medicação foi prescrita, porém, agora, para retardar o mal de Alzheimer.
E eu vendo a linha da vida dela, da minha companheira, declinando paulatinamente.
Tomei conhecimento deste mal mais profundamente quando senti na pele a gravidade do caso.
Doença degenerativa que vai destruindo os neurônios e perdendo o efeito cognitivo, enfraquecendo os
músculos a ponto de não se sustentar em pé.
A doença é progressiva e acompanhei passo a passo a sua evolução.
No início, esquecimento, o que pensávamos ser um sintoma da idade (70 anos) ou está “caducando” como se
falava popularmente. Os fatos anteriores eram facilmente lembrados, porém os atuais alguns somente.
No decorrer do tempo mesmo os fatos antigos foram sendo esquecidos gradualmente, não obstante, os
exercícios mentais eram frequentes, através de música, leitura e jogos.
Modificações estruturais foram feitas na casa, para melhor locomoção da cadeira de rodas; equipamentos de
transporte foram adaptados para que o doente se sentisse confortado e ainda outro equipamento para que a
Lula pudesse ficar em pé, por alguns momentos, para fortalecimento dos ossos, uma vez que ela já não tinha
mais coordenação corpórea.
Outra faze foi em relação `a alimentação, pois já não havia coordenação do movimento da mão e do braço
para alimentar-se. O processo degenerativo foi progressivo e constante, porém, retardando a agressividade
da doença por meio de uso de medicamentos, por 10 anos, aproximadamente.
O mal é agravado quando surgem outros inconvenientes, como arritmia cardíaca e convulsões que retornam
no decorrer do tempo que havia se manifestado há 20 anos atrás. Foi montado um mini hospital em
domicílio, com médicos, enfermeiras, fonoaudióloga, oxigênio e sonda para alimentação via enteral, bem
como aparelho para controle de glicose e oxímetro para controle de batimentos cardíacos e oxigenação
sanguínea.
As convulsões agravam o estado do paciente, assim como tendo um olhar fixo, não reconhecendo o local e
pessoas mais chegadas, não fazendo diferença do dia ou da noite. Às vezes, retornava ao normal.
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As convulsões, também levam a uma descompensarão cardíaca, mental e pulmonar, deixando o paciente
sem qualquer reação.
A arritmia elevou-se e necessário foi aplicação do desfibrilador (choque) para retornar ao normal.
A sedação necessária para que o paciente não sentisse dor e sim uma sensação de bem-estar, sendo
irreversível o caso. Assim, aguardando se não somente o final.
Neste caso, o desenlace se deu no dia 05 dezembro 2019, às 4horas e vinte minutos. Vivi com meu grande
amor durante Sessenta e quatro anos, cento e sessenta dias, dez horas e vinte minutos.
Nunca ouvi uma reclamação dela pelo seu estado de saúde. Sempre estava disposta, quando consciente,
olhar para as pessoas, abrir aquele sorriso contagiante e as palavras “Eu Te Amo”, dando três pancadinhas,
1,2 e3.
“Porque o mesmo Senhor descerá do Céu com alarido, e com voz de Arcanjo, e com a trombeta de Deus, e
os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. “I tessalonicenses 4:16
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL
Desde os primeiros sintomas o Psiquiatra foi de importância inestimável, para controle do progresso
degenerativo e prescrição dos medicamentos.
A Geriatra, outro profissional importante, dando informações sobre o estado geral do paciente mantendo
todos os sinais vitais controlados, através de exames periódicos. No caso em questão, felizmente, a paciente
tinha os índices de: Glicemia, pressão e triglicérides normais, não necessitando de controle com medicação
para tal.
A Fisioterapeuta foi de uma serventia muito grande, pois a paciente já não se locomovia. As técnicas
aplicadas ajudaram a manter funcionando os rins, intestinos na normalidade. Os movimentos corporais e
articulações foram precisos, eliminando dores lombares, tendo em vista a posição do corpo no leito.
A Cuidadora é uma pessoa que fica fazendo parte da vida da doente com Alzheimer, bem como da família da
mesma. A paciência, o carinho, o cuidado, eram predicados em constante trato com o doente.
Medicação no horário determinado. Refeições feita com esmero, ajudando a mesma a alimentar-se.
Banho diário, mantendo a paciente sempre confortável com aplicações de cremes e massagens para
hidratação.
Um cuidado especial era o de não deixar formar feridas no corpo. A cuidadora estava sempre atenta a isto.
Tudo era feito com muita dedicação.
Por fim, a Família, fator preponderante na vida da paciente.
Amor, carinho, conversa, cantando músicas do conhecimento da doente, fazendo-a repetir cantando juntos.
A presença da família, esposo, filhos e netos faz com que a doente se sinta protegida e feliz, não sentindo
falta de nada.
Aos profissionais, nosso eterno agradecimento.
A PRESENÇA DE DEUS – OUTRO MILAGRE
Quando o médico orientou para aquisição do Oxímetro para controle dos batimentos cardíacos e oxigenação
do sangue da Lula, imediatamente eu a Silvia fomos à loja para adquirir o aparelho. De posse do mesmo pedi
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para a balconista fazer um teste de funcionamento em mim. A balconista olhou e disse: O senhor está calmo,
foi sempre assim? Eu surpreso, perguntei porquê?
É que seu batimento cardíaco está em 38. Eu ainda brincando disse: Não estou sentido nada, este aparelho
está com defeito. Teste em você. O teste foi normal.
O acontecimento chamou-nos a atenção e a Silvia disse: O senhor quer ir ao médico? Eu, mas não sinto nada,
porém para tirar qualquer dúvida, vamos ao Pronto Socorro.
Chegamos ao PS às 17 h. Eu falei: Silvia vá para casa, quando eu sair você vem me buscar, porque havia muita
gente aguardando ser atendidos.
10 minutos depois fui chamado para anotações preliminares e o atendente disse para que eu o seguisse e me
levou pessoalmente à outra sala. Imediatamente a enfermeira me chama e diz que eu iria fazer um
Eletrocardiograma. Levou ao médico o resultado, sem seu sair da maca, voltou e: Vamos fazer outro exame.
Eu preocupado porque não estava sentindo nada, e ela disse: Sr Darcy me acompanhe. Fomos a uma outra
sala onde estavam pacientes em observação. Dois minutos aproximadamente, se passou, e entram com uma
maca e a colocam em minha frente, pois eu estava sentado, aguardando. Olhei ao meu redor e pensei, quem
será que vai sair nesta maca? A enfermeira chega e diz, deite-se aqui. Porque, perguntei. É que o senhor para
a emergência do hospital. Fiquei preocupado. Ás 17,30 h eu estava na emergência, com todos aparelhos
ligados em meu corpo. Eu estava aparentemente tão bem, que queria ir à Toalete andando. Fui de cadeira de
rodas. Ás 23,30 h fui informado que trocaria de sala, mas agora para Unidade de Terapia Intensiva das
Coronárias. Muitos aparelhos ligados e lá fui eu para a UTI. Após muitos exames, já na manhã do dia seguinte,
fui informado que eu seria submetido a uma colocação de marca-passo. Mais surpreso ainda. Assim dois dias
depois de internação, voltei para casa, com o aparelho funcionando maravilhosamente bem, agora com
batimentos normais. Eu poderia ter problemas cardíacos a qualquer momento, em qualquer lugar, sem
saber.
Eu indago, quem dirigiu tudo? Quem me orientou a medir os batimentos na hora da compra? Quem nos
orientou para consultar um profissional? Quem estava dando sequência aos procedimentos, tão rápido que
parecia impossível, dentro de um hospital lotado de pessoas enfermas? Eu cheguei a pedir à Deus, saúde,
porque eu tinha um compromisso de ainda cuidar da minha querida esposa, que estava necessitando da
minha companhia.
Só poderia ser um. Nosso Misericordioso Deus.
Ouve me, Senhor, pois boa é a Tua misericórdia; olha para mim segunda a Tua muitíssima piedade
Salmos 6:16
OUTRO DIA
Ontem, 03 de abril, de 2020, seria o 82º aniversário da minha esposa. Foi um dia melancólico para mim. Fui
surpreendido com uma foto pelo Face Book, que me fez tremer; o sorriso da minha querida Lula; tremer de
saudades; de lembranças; tanto carinho; tanto amor; tanta bondade; tanta sabedoria, que me ensinou a viver
na maior harmonia com ela e com nossos filhos.
Mulher de oração, tinha uma amizade com o Senhor Jesus Cristo que conversava com Ele, a todo o momento.
Seus joelhos foram marcados pela dedicação do seu ser à Cristo.
A minha melancolia foi superada pelas mensagens que recebi pela “rede”, mensagens de carinho; de gratidão
e de lembranças que nos dão a esperança, de um dia não muito distante, possamos vê-la novamente, quando
naquele momento, ela no seu leito do sono, ouvirá o som melodioso da voz do Anjo do Senhor, que dirá:
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- Francisca, serva de Deus, vem para fora; entre no gozo do Senhor que te está preparado desde que nasceu.
Eu quero estar lá naquele dia!
Ora vem Senhor Jesus. 04/04/2020.
BODAS
Estávamos frequentando a Igreja Adventista Central Paulistana e
nesta época eu estava como ancião, exercendo também a função
de Diretor do Coral Handel. Eu, esposa, William e Sandra, todos
participávamos como coristas. Em 25 de junho de 1980, data em
comemorávamos Bodas de Prata, do nosso casamento, os
membros do Coral ofereceram-nos um bonito e saboroso bolo
para marcar a data: Bodas de Prata.
Viajamos para a Europa no ano de 1999 e permanecemos na
casa da nossa filha Sandra por um ano, na cidade de Watford.
Neste período conhecemos muitos locais no Reino Unido;
tivemos oportunidade de visitar minha Irmã e minha sobrinha
Iara, que moram em Atenas na Grécia. Eu como um estudioso
do Livro do Apocalipse, fiquei entusiasmado, porque
estávamos relativamente próximos à Ilha de Patmos, onde o
Apostolo João recebeu a visão do livro do Apocalipse.
Combinado com minha sobrinha, que fala bem o idioma
Grego, partimos de navio denominado Kamiros, para
conhecer a Ilha. Permanecemos lá apenas 24 horas, mas foi
suficiente para estarmos dentro da gruta, onde a tradição diz
que João esteve aprisionado naquele local. Hoje foi erigida
uma Capela para Santa Ana, sobre a Gruta. Subimos a pé, Eu
Francisca e Iara, até a cidade de Hora, onde fica o Monastério
de João, que servia também de prisão ditadas pelo Império
Romano. Dalí descemos a colina, por uma estrada de pedras,
no sentido da Gruta, onde paramos para visita-la. Retornamos
para Watford e em 25 de junho de 2000, comemoramos o
aniversário de casamento dos 45 anos, ou seja,
Bodas de Rubi.
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Viagem a PATMOS - Grécia
Caminho em direção a Gruta Gruta Apocalíptica
Outra comemoração foi em Terra Preta, onde morávamos, com
um culto de agradecimento a Deus, pela data, na Igreja
Adventista, ministra pelo nosso filho William, e participação de
duas netas executando música especial. A confraternização foi
muito simples com almoço no restaurante “Coração de
Mãe”.Assim no dia 25 de junho de 2005, com nossos familiares,
completamos Bodas de Ouro.
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