— Infelizmente tens razão, Zeca! — comentou a Emily, uma amiguinha com vários familiares angolanos, que sentiram de perto as consequências da terrível Guerra Colonial. Também o prodigioso Ivan, que integrava a turma apenas desde o início da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, reforçou esta ideia, num tom de voz mais tristonho: — Aliás, no país onde nasci ainda se sente a total falta de liberdade e de empatia!!!! Ficaram todos pensativos e em silêncio, a refletir sobre estas palavras do Ivan. Os gémeos Saraiva e Carvalho tiveram então uma ideia, que apresentaram corajosamente: — Que tal, os slogans e reivindicações para os cartazes da nossa manifestação serem apresentados através de criativos acrósticos da nossa autoria?
Todos concordaram com esta proposta e puseram mãos à obra. O grupo do Delgado construiu vários cravos coloridos, através da arte Origami e que seriam oferecidos aos habitantes da terra, de modo a nunca esquecerem a importância da Revolução dos Cravos. Por seu lado, o grupo do Humberto preparou um enorme cartaz, onde escreveu a palavra LIBERDADE na vertical e em letras enormes, toda contornada de pétalas de cravos vermelhos, que uma generosa florista daquela comunidade lhes tinha oferecido.
No intervalo do almoço, juntaram-se todos na biblioteca e distribuíram tarefas. Enquanto uns pensavam nos slogans e nas reivindicações mais prioritárias, outros tentavam magicar na forma de escrever os acrósticos. — Humberto, não seria bom pedir ajuda à professora de português? — sugeriu o Rui — Acho que está no bar a tomar café. Um de nós podia ir falar com ela. — Não é má ideia! Se a professora estiver disponível, pode ser uma boa! Não é fácil escrever os acrósticos… — concordou Humberto — Queres ir tu, Rui? — Pode ser!
Com a ajuda da professora, conseguiram elaborar vários acrósticos. O que se destacou foi: Lealdade Igualdade Bondade Educação Respeito Direitos Amor Democracia Empatia
Finalmente, chegou o dia tão aguardado: o dia da manifestação!!! Todos se organizaram e, ordenadamente, começaram a circular pela escola, com os seus cartazes, enquanto cantavam, em coro, “Uma gaivota voava, voava, ….” e gritavam os seus slogans. A certa altura, decidiram levar a manifestação para fora dos portões, para as ruas da cidade. À medida que circulavam, as pessoas, que inicialmente espreitavam pelas portas e janelas, juntaram-se a eles. De repente, o Humberto exclamou: — Olhem, a Liberdade!!! Realmente, a cadelinha tinha voltado a aparecer e acompanhava as pessoas, com um ar encantado.
— Já viram o que nós conseguimos?! — gritou o Delgado, orgulhosamente. Enquanto caminhavam, o Zeca sentiu qualquer coisa cair-lhe em cima. Levantou os olhos e foi surpreendido pelo Salgueiro e pelo Maia, que sobrevoavam os manifestantes com cravos no bico, fazendo cair pétalas vermelhas sobre a multidão…
FIM Au! Au!