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AULA 02 – CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Trabalho e Sociedade
História do trabalho.
Sabemos que desde os
primórdios o ser
humano desenvolve
atividades laborais.
Evidente que das
cavernas pra cá, as
Trabalho primitivo. Disponível em suas características,
http://twixar.me/w4LK
fundamentos e
objetivos mudaram muito.
No início, o trabalho era desenvolvido
como uma maneira de garantir a sobrevivência
– o ser humano precisa da colaboração e
habilidade dos demais para se alimentar, se
proteger e desempenhar as demais tarefas do
cotidiano.
Quanto mais o homem dominava as
habilidades manuais e a produção, mais
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demandas surgiram para atender as diversas
necessidades do ser.
O termo trabalho deriva de uma palavra
em latim: Tripalium, que significa tortura, e de
fato, durante muitos séculos o trabalho forçado
era um dos principais
instrumentos de
dominação humana,
que expressava poder
a partir da escravidão.
E certamente ela não
Punições físicas aplicadas no regime é um artifício novo na
escravocrata. Disponível em twixar.me/ZlLK história humana –
registros apontam escravidão na Mesopotâmia
há 4 mil anos antes de Cristo, que da mesma
forma que as técnicas de trabalho, apresentou
mudanças na sua essência e execução.
Técnicas de trabalho.
Como percebemos na seção anterior,
houve evolução do trabalho ao longo da
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história, para se adaptas às novas realidades
sociais.
A técnica laboral primeira é o artesanato,
nela o artesão domina todas as etapas de
produção de qualquer bem, pois executa cada
uma em um processo particular para cada item,
não há padronização em função do trabalho
essencialmente manual. Apesar das inovações
tecnológicas, o artesanato não foi uma técnica
totalmente superada, pois até hoje ainda é
aplicada em diversas áreas.
Artesanato
Vantagem: Domínio das
técnicas e do conhecimento de
produção pelo artesão.
Desvantagem: Baixa
produtividade
Exemplo de trabalho artesanal.
Disponível em http://twixar.me/FbLK
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A manufatura é considerada a evolução do
sistema artesanal, uma vez que incorpora
elementos que garantem maior produtividade,
padronização e especialização do trabalho.
A divisão dos trabalhos manuais em etapas
distintas faz com que os trabalhadores se
tornem especialistas em uma das funções do
processo produtivo. Essa divisão inspiraria, ao
longo do tempo, a produção industrial: quanto
mais horas o trabalhador dedica em uma tarefa,
mais ágil e certeiro se torna.
Manufatura Oficinas manufatureiras Disponível em
Vantagem: Aumento da http://twixar.me/xbLK
quantidade e da qualidade da
produção.
Desvantagem: Mecanização do
trabalho humano e alienações
das diversas funções do
artesão.
Com o advento da Revolução Industrial
(Inglaterra, Séc. XVIII), o trabalho fabril se torna
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o mais potente motor da economia europeia. O
êxodo rural, a urbanização e a inserção de
maquinário nos meios de produção
caracterizaram o capitalismo industrial que se
consolidava na Inglaterra.
A jornada de trabalho extenuante e o
salário enquanto método de remunerar o
trabalho eram as novidades do sistema
moderno de produção. A técnica substitui o uso
de ferramentas simples (como teares) e feitura
manual por máquinas operadas por
trabalhadores que desempenham função
especializada.
Trabalho industrial. Disponível em Maquinofatura
http://twixar.me/75LK Vantagem: Velocidade de
produção, produção em massa
e diminuição do custo de
produção e venda.
Desvantagem: Exploração
severa do trabalho humano e
mecanização das atividades.
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Mais recente e resultado do enorme
processo de modernização dos meios de
produção, a automação industrial marcou a
tendência de trabalho na segunda metade do
Século XX. Nela, os processos não precisam mais
de intervenção humana em cada etapa, pois,
sistemas de computação operam algoritmos
que comandam uma linha de produção
robotizada.
Um dos dilemas mais presentes nessa
técnica é o desemprego de mão de obra não
especializada, que anteriormente operava as
máquinas das fábricas. Como a criação de
sistemas requer alta especialização e menos
funcionários, os postos de trabalho para
operários manuais ficaram mais escassos.
Automação
Vantagem: Emprego de alta
tecnologia e especialização de
trabalho.
Automação Industrial. Disponível em Desvantagem: Desemprego
expressivo de mão de obra não
http://twixar.me/75LK especializada
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O trabalho segundo os autores clássicos.
Conhecidos como autores clássicos da
Sociologia, Émile Durkheim, Karl Marx e Max
Weber cunharam diferentes concepções sobre
o trabalho na sociedade contemporânea.
Vivenciando os resultados imediatos da
Revolução Industrial, as mudanças econômicas
e seus impactos na vida social foram analisadas
de maneiras distintas.
Durkheim se preocupa com
a divisão do trabalho. Afirma
que quanto mais o trabalho
é dividido, maior a
dependência firmada entre
eles – o padeiro dependerá
do agricultor, que
dependerá do ferreiro, e
assim por diante).
Disponível em Em escala social,
<saraiva.com.br>. Acesso em compreende que a divisão
04 abr. 2019 do trabalho cumpre uma
característica funcional – existem aqueles que
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desenvolvem atividades produtivas (operários)
e os que gerenciam e exercem mando sobre os
demais (patrões). Pela perspectiva
durkheimiana, essa divisão é importante para
organizar os processor sociais, mas deve-se
atenção para que não exista excessos por parte
de qualquer um dos lados – para o autor, o
equilíbrio propicia a ordem, e ela garante a vida
em sociedade, uma
vez que os conflitos
ameaçam a
convivência coletiva.
Já para o autor
alemão Max Weber,
o sistema capitalista
tem elementos
presentes em outros
sistemas e
econômicos,
portanto, não deve Disponível em <martinclaret.com.br>.
ser visto como um Acesso em 04 abr. 2019
resultado inédito de
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uma revolução. O que fez o capitalismo se
tornar um sistema consolidado foi o encontro
de dois elementos muito específicos: o desejo
capitalista pelo lucro e a vida religiosa
fundamentada na ordem, na poupança e
autocontrole. Esses se tornaram estruturas
somadas resultaram no sistema de acumulação
de capital que conhecemos hoje.
Marx, o sistema capitalista de concentra na
exploração do trabalho para acumular riquezas.
No entanto, essa
exploração não é da
possibilidade de todos,
mas somente dos donos
dos meios de produção
(classe burguesa) que
detém os meios
adequados para gerar
lucro. Para perpetuar a
exploração do trabalho, o
sistema de pagamento de
Disponível em <travessa.com.br>.
Acesso em 04 abr. 2019
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salários se mostra efetivo:
Os trabalhadores buscam empregos para
ganhar um salário -> seu patrão explora sua
mão de obra, capacidades e tempo de vida para
geração de lucro -> patrão gera lucro e se
apropria desse montante -> é devolvido uma
pequena parte da produção em forma de
salário.
Portanto, por essência, o salário não
reflete o quanto o operário produziu, mas o
quanto o patrão escolheu pagar pelas horas
vendidas e o esforço do trabalhador.
Geralmente esse valor não é suficiente para
suprir as necessidades desse operário durante o
mês. É importante diferenciar o conceito de
salário de lucro.
Lucro: soma do capital acumulado via
exploração da mão de obra do trabalhador.
Somente tem lucro quem tem meios de
produção (burguês).
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Salário: montante, normalmente fixo, pago
pelas horas do dia e pela força de trabalho que
foi vendida para a instituição que o contratou.
Talvez esteja perguntando: Então, o
trabalhador não poderia apenas se tornar um
burguês? A resposta está, novamente, no baixo
salário e no monopólio dos meios de produção
mantido pelas classes mais abastadas. Não há
outra alternativa para a
maioria dos mais
pobres senão vender
sua força de trabalho
aos patrões. Disponível em <época.globo.com>. Acesso
Essa é uma das em 04 abr. 2019
características centrais
do sistema capitalista: os meios de produção
estão concentrados nas mãos de poucos – e
portanto, vão gerar lucros para essa pequena
parte da população. O próprio conceito de
salário, como já vimos, não é suficiente (muitas
vezes) para suprir as necessidades básicas
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humanas durante um mês inteiro, e
logicamente, não há de se pensar que esse
trabalhador conseguirá acumular as sobras do
seu salário a tal modo que possa, facilmente,
virar um burguês.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HARVEY, David. Condição pós-moderna.
São Paulo: Loyola, 1994.
HOBSBAWN, E. A era dos extremos: o
breve século XX (1914-1991). São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
GIDDENS, Anthony (1997). Sociologia.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian (2ª
edição inglesa em 1993).
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