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Segmento 5 – CIÊNCIAS HUMANAS E
SUAS TECNOLOGIAS - HISTÓRIA
PRIMEIRA REPÚBLICA NO BRASIL (1889-1930)
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O turbulento início da República brasileira
Os primeiros anos da República brasileira
foram bastante agitados. Sua proclamação se
deu por meio de um golpe que envolveu civis e
militares, cuja participação popular foi nula.
Aristides Lobo comentou que “o povo assistiu
àquilo bestializado”. A proclamação da
República foi um desfile militar com pouca
expressão, sendo que boa parte da população
sequer sabia do ocorrido. D. Pedro II foi exilado,
juntamente com toda a Família Imperial.
Neste início da República houve uma série
de agitações sociais, sendo que os presidentes
militares (Deodoro e Floriano, respectivamente)
responderam com repressão e perseguição a
opositores.
Como o povo não havia sido incluído no
processo e a República precisava de
legitimação, procurou-se criar uma imagem
positiva, por meio de textos, imagens e “heróis”
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nacionais. Para exemplificar, o movimento
republicano trouxe de volta aos holofotes a
figura de Tiradentes, que havia sido um dos
líderes da Inconfidência Mineira em 1789, à
época condenado à morte por traição.
Como o
movimento tinha
como objetivo fazer
de Minas Gerais uma
República (seu ideal
não se estendia a todo
o país), pensou-se que
esta seria uma boa
hora para resgatar um
herói que havia sido
quecido pela
Disponível em: <www.wikipedia.org>. História. O artista
acesso em: 25 mar. 2019. Pedro Américo pintou
um quadro que ficaria famoso no imaginário
brasileiro.
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Pedro Américo inseriu alguns elementos
subjetivos nesta pintura. A imagem de Jesus
Cristo ao lado da cabeça de Tiradentes foi
inserida com o objetivo de aproximar o povo
brasileiro, nomeadamente católico, do “herói
republicano”. Note também a forma como o
corpo esquartejado de tiradentes forma uma
figura que se assemelha ao contorno do mapa
do Brasil. O pintor ainda inseriu algumas
semelhanças físicas entre Tiradentes e Jesus,
como a barba e os cabelos.
Com a chegada dos civis à presidência,
instaurou-se uma oligarquia no poder, sendo
que era comum uma alternância na Presidência
da República entre São Paulo e Minas Gerais. Tal
arranjo ficou conhecido como “República do
Café com Leite”. É bom frisar que esta
alternância se dava de modo bastante
conturbado, em meio a várias disputas. A
Primeira República também foi um período de
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inúmeras revoltas. Destacamos, a seguir,
algumas delas.
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Outra revolta que marcou a Primeira
República no Brasil foi o Contestado, um
movimento popular ocorrido entre os estados
do Paraná e Santa Catarina entre os anos de
1912 e 1916.
O contexto que envolve esta revolta é
bastante complexo, englobando uma série de
fatores. Nesta região, havia muitos posseiros
que levavam uma vida bastante simples,
entretanto não possuíam títulos das
propriedades nas quais viviam. O governo
brasileiro havia ordenado a construção de uma
ferrovia que ligava os estados do Rio Grande do
Sul e São Paulo, passando assim por todo o sul.
A mão de obra empregada nesta ferrovia foi
justamente a dos posseiros, que após o término
das obras foram dispensados sem qualquer tipo
de indenização, o que era bastante comum na
época.
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Não bastasse isso, o governo deu o direito
de exlploração das terras às margens da ferrovia
a Percival Farquhar, mentor do projeto.
Entretanto, havia vários posseiros que viviam
nestas localidades, sendo expulsos e perdendo
o pouco que
possuíam.
Neste contexto a
figura do monge
José Maria se
destaca. O líder
religioso era uma Embora a lenda cite outros dois monges “João
espécie de guia Maria”, somente o terceiro, “José Maria”
espiritual do povo, participou do conflito. Fonte da imagem:
conclamando estes a <http://www.deviante.com.br>. Acesso em:
27 mar. 2019
resistirem às invasões. Começava a Guerra do
Contestado. Os caboclos resistiram durante
quatro anos às investidas do exército brasileiro,
sendo dizimados e ainda hostilizados pela
imprensa, ao serem chamados de “fanáticos”.
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A Guerra do Contestado guarda muitas
semelhanças com Canudos, como o
messianismo presente, a situação de extrema
pobreza da população e a crueldade do exército
com os prisioneiros, muitos deles sendo
degolados.
A República Oligárquica entra em crise
A partir da Guerra do Paraguai (1864-1870)
o Exército brasileiro assumiu um protagonismo
na política nacional que permeia até a
atualidade. Na década de 1920 militares de
baixa patente desencadearam um movimento
chamado Tenentismo, que, embora não tivesse
uma pauta muito clara de reivindicações, exigia,
em linhas gerais, o fim da corrupção da política,
voto secreto e a independência do Judiciário.
Apesar de o movimento ter fracassado o
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exército continou atuando nos bastidores até
obter êxito com a Revolução de 1930.
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A Revolução de 1930 foi um movimento
liderado por civis e militares, após o resultado
das eleições de 1930. O presidente
Whashington Luís, paulista, resolveu romper
com a lógica do “café com leite” e indicar outro
paulista para sua sucessão, ao invés de um
mineiro, conforme costume de alternância de
poder à época. Os mineiros, revoltados, fieram
uma aliança com a Paraíba e o Rio Grande do
Sul, lençando o gaúcho Getúlio Vargas para
disputar a presidência, com o paraibano João
Pessoa como seu vice. Os paulistas venceram as
eleições, porém um aconteciment inesperado
mudou a situação. João Pessoa, por motivos
que não tinham relação com a eleição, foi
assassinado em Pernanbuco. Os militares se
aproveitaram deste fato para
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Para arrasar no Enem:
História do Brasil por Bóris Fausto – Brasil na Era
Vargas (vídeo). Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=jAXX3mQr_34
&t=129s>. Acesso em: 26 mar. 2019.
Artigo sobre as revoltas da Primeira República.
Acesse: < https://bit.ly/2TJkihi>
O Contestado – Restos Mortais (vídeo). Disponível
em:
<https://www.youtube.com/watch?v=mlQuAnGmJo
A> Acesso em: 26 mar. 2019
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas. -
O imaginário da República no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990.
FAUSTO, Bóris. História do Brasil. São Paulo: Edusp,
1996.
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FRAGA, Nilson César. Contestado: o território
silenciado. 2ª ed. Florianópolis: Insular, 2017.
NETO, Lira. Getúlio: Dos anos de formação à
conquista do poder (1882-1930). São Paulo:
Companhia das Letras, 2012.
VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Olhares
da História: Brasil e mundo. São Paulo: Scipione,
2017.
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