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Published by Luiz Gabriel da Silva, 2019-05-17 10:32:21

Sociologia - Segmento 6_Novo

Sociologia - Segmento 6_Novo

APOSTILA DE SOCIOLOGIA
AULA 6

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AULA 06 – CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Raça e etnia

A questão étnica na Sociologia.
Embora a categorização de indivíduos em

raça e etnia seja amplamente utilizada, tanto
em diagnóstico quanto na pesquisa científica,
seus significados são frequentemente
confundidos ou mesmo desconhecidos no meio
acadêmico.

Nas Ciências

Sociais, por

exemplo, existe

forte tendência e

entendimento sobre

o uso dela e suas

implicações sociais.

Ao longo da história,

é de conhecimento

Disponível em geral que o conceito
https://www.proenem.com.br
de raça foi

comumente usado

2

para segregar indivíduos e fortalecer
argumentos de ‘classes’ de seres humanos
melhores ou piores. Ainda que biologicamente
não existam fundamentos da separação dos
seres humanos em classes diferentes,
socialmente essa foi a base para tentar legitimar
o preconceito e a violência étnica, inclusive com
o uso de pseudociências, como a frenologia. No
frame abaixo, o personagem interpretado por
Leonardo DiCaprio explicita os pensamentos
supostamente científicos.

Disponível em http://www.shoujo-cafe.com. Acesso em 15 de maio, 19.

3

A maioria dos autores tem conhecimento

de que raça é um termo não científico que

somente pode ter significado biológico quando

o ser se apresenta homogêneo, estritamente

puro; como em algumas espécies de animais

domésticos. Essas condições, no entanto, nunca

são encontradas em seres humanos.

O genoma

humano é

composto de 25 mil

genes. As diferenças

mais aparentes(cor

da pele, textura dos

cabelos, formato do

nariz) são

determinadas por

um grupo Disponível em
insignificante de genes. https://www.novaescola.com.br

As diferenças entre um negro africano e um

branco nórdico compreendem apenas 0,005%

do genoma humano. Há um amplo consenso

entre antropólogos e geneticistas humanos de

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que, do ponto de vista biológico, raças humanas
não existem.

A escravidão era vista como um fenômeno
natural das sociedades, pois as convenções
indicavam que o indivíduo oriundo do
continente africano era uma raça mais
preparada para o serviço braçal e a própria
servidão. Ainda que soe absurdo, durante
séculos essa forma de pensamento foi
perpetuada, sendo apoiada inclusive pela Igreja
Católica – que condenava a escravidão indígena,
mas buscava legitimar a negra, uma vez que
essa não poderia ser convertida ao cristianismo.

Mais recente e tão conhecido quanto, os
discursos nazistas e neonazistas ganharam força
no século XX e foram capazes de avançar no
tempo mesmo com a derrocada dos seus
principais líderes – conceitualmente, é o mesmo
racismo de antes, mas com uma roupagem
nova. A Ku Klux Klan nos Estados Unidos e o
fenômeno do Apartheid na África do Sul
(findado formalmente no início dos anos 90)

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demonstram que as ideias segregatórias
perpetuam no imaginário popular.

Portanto, o termo ‘raça’ é, além de
legitimador de discursos cruéis, é reducionista
pois tende a compreender o ser humano pela
sua cor de pele.

O novo conceito, ETNIA, (“gentio”,
proveniente do adjetivo grego ethnikos) se
torna muito mais completo e coerente com o
que a racionalidade humana representa:
engloba questões culturais, geográficas,
políticas, sociais, religiosas entre outras que
expõe as raízes de um povo. Nessa linha, ser
negro (por exemplo) não é somente ser uma
pessoa com pele escura, mas descendente de
um povo com riquezas culturais ímpares e um
valor de nação diversa.

Histórico e classificação de raça

A primeira classificação racial dos homens
foi a “Nouvelle division de la terre par les
différents espèces ou races qui lhabitent” (Nova
divisão da terra pelas diferentes espécies ou

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raças que a habitam) de François Bernier,
publicada em 1684.

Em 1790, o primeiro censo americano
classificou a população em homens brancos
livres, mulheres brancas livres e outras pessoas
(nativos americanos e escravos). Já o censo de
1890 classificou a população utilizando termos
como: branco, preto, chinês, japonês e índio.
Carolus Linnaeus (1758), criador da taxonomia
moderna e do termo Homo sapiens,
reconheceu quatro variedades do homem:

1) Americano (Homo sapiens americanus:
vermelho, mau temperamento, subjugável);

2) Europeu (europaeus: branco, sério,
forte);

3) Asiático (Homo sapiens asiaticus:
amarelo, melancólico, ganancioso);

4) Africano (Homo sapiens afer: preto,
impassível, preguiçoso).

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As concepções acima descritas são
expressões estereotipadas de diversas
populações, com evidente tendência da visão
positiva sobre o povo europeu.

No Brasil, de acordo com o IBGE
(InstitutoBrasileiro de Geografia Estatística), o
censo demográfico do ano 2.000 investigou a
raça ou cor da população brasileira através da
autoclassificação em: branco, preto, pardo,

indígena ou amarelo.

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Há muito na literatura a respeito de
classificações raciais; no entanto, são
contraditórias entre si. Uma recente pesquisa
comparou a exatidão da classificação de raça e
etnia através do autorrelato do indivíduo
questionado e a impressão do questionador.

Os resultados mostraram que a percepção
do questionador quanto à raça do entrevistado
era mais precisa para pretos e brancos,
enquanto em relação a outras raças, em muitos
casos, os questionadores tinham dúvidas a
respeito da raça do indivíduo e a classificavam
como “desconhecida”.

Assim, concluiu-se que a raça e/ou etnia do
indivíduo deveria ser obtida por autorrelato e
não a partir da opinião do questionador, pois a
classificação étnico-racial foi mais precisa
através da autoqualificação.

Etnia e Desigualdade.

Na primeira parte da apostila,
compreendemos o quanto um termo foi usado
ao longo da história e de diferentes maneiras,

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para justificar práticas discriminatórias,
sobretudo contra o povo africano.

Nessa seção, vamos compreender que as
desigualdades étnicas são mais complexas que
a expressão do preconceito apenas. Há uma
estrutura social que foi montada ao longo da
história que causa um enorme prejuízo a
determinados segmentos da sociedade,
inclusive os grupos étnicos.

Sabemos que indígenas e negros são mais
vulneráveis à essas condições socioeconômicas
prejudicadas por questões que passam pela
cultura e chegam até nas posturas de governo
que impediam a ascensão dessas pessoas.

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A tabela produzida pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) demonstra que
a maioria das pessoas consideram que as
questões raciais podem influenciar sua
interação com a sociedade.

No estudo a seguir, percebemos um
aspecto do mercado de trabalho e das políticas
salariais que demonstram desigualdade.

O rendimento dessa faixa da população é
fundamentado também no acesso desses à

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educação escolar – dos níveis mais
fundamentais à pós graduação. Menor acesso à
educação de qualidade acaba por resultar em
formação menor/pior e consequentemente a
ocupação de postos no mercado de trabalho de
serviços braçais e/ou com as menores
remunerações. Essa, por sua vez, influencia
diretamente o acesso à direitos fundamentais,
como saúde, educação, moradia, segurança
alimentar entre outros.

Conflitos étnicos.
Para entender melhor quais são os

conflitos étnicos e culturais na África,
vamos entender o que são conflitos étnicos
e o que são conflitos culturais:

Conflito étnico é um termo sociológico
para definir qualquer conflito de natureza
violenta, bélica, ou militar entre dois ou
mais grupos étnicos, grupos ou seja, de

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pessoas de diferentes origens culturais,
religiosas, raciais ou geográficas.

Conflitos culturais nascem de questões
de disputa pelo poder, de sentido e de
questões econômicas que as culturas
produzem e diferentemente administram.

O continente africano é palco de uma
série de conflitos, consequência da
intervenção colonialista, principalmente
no fim do século XIX e início do século XX,
ou seja, faz pouquíssimo tempo. Esse
processo interferiu diretamente nas
condições políticas, econômicas e sociais
da população africana.

Como já vimos, a divisão territorial do
continente teve como critério apenas os
interesses dos colonizadores europeus,
desprezando as diferenças étnicas e
culturais da população local. Diversas

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comunidades, muitas vezes rivais, que
historicamente viviam em conflito, foram
colocadas em um mesmo território,
enquanto grupos de uma mesma etnia
foram separados.

Novos países se formaram sobre a
mesma base territorial construída pelos
colonizadores europeus, desrespeitando a
cultura e a história das comunidades,
consequentemente inúmeros conflitos
étnicos pela disputa de poder foram
desencadeados no interior desses países.

Outro fator agravante para o
surgimento desses conflitos na África se
refere ao baixo nível socioeconômico de
muitos países e à instalação de governos
ditatoriais. E até crianças são forçadas a
odiarem os diferentes grupos étnicos.

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São vários os conflitos no continente
africano, o que é pior, muitos deles estão
longe de um processo de pacificação. A
maioria é motivada por diferenças étnicas,
é o que acontece em Ruanda, Mali,
Senegal, Burundi, Libéria, Congo e Somália,
por exemplo.

Outros por disputas territoriais como
Serra Leoa, Somália e Etiópia; Também por
questões religiosas, é o que acontece na
Argélia e no Sudão.

Tudo isso é consequência das políticas
colonialistas dos países desenvolvidos, que
após sugarem a riqueza desse povo,
abandonaram o continente, tirando a
cultura do povo local.

Os conflitos raciais atualmente
persistem também em outros continentes.
No caso estadunidense, existem protestos
que ganham expressão off-line e online,

15

como o “Black Lives Matters”, (Vidas
negras importam, em tradução livre

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Santos, Diego Junior da Silva, et al. "Raça

versus etnia: diferenciar para melhor

aplicar." Dental press j. orthod.(Impr.) 15.3

(2010): 121-124.

 RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "Raça e

etnia"; Brasil Escola. Disponível em

<https://brasilescola.uol.com.br/sociologi

a/raca-etnia.htm>. Acesso em 15 de maio

de 2019.

 SOUZA, J. Raça ou classe? Sobre a

desigualdade brasileira. In. Revista Lua

Nova. São Paulo: CEDEC – USP, 2005, n. 65,

mai-ago. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sc

i_arttext&pid=S0102-

4452005000200003&lng=en&nrm=iso

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