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Published by Luiz Gabriel da Silva, 2019-04-23 10:03:03

História - Segmento 7_Novo

História - Segmento 7_Novo

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Segmento 7 – CIÊNCIAS HUMANAS E
SUAS TECNOLOGIAS - HISTÓRIA

ERA VARGAS (1930-1945)

Um dos temas mais cobrados no Enem e

nos vestibulares, a Era Vargas merece destaque

por se tratar de um período de quinze anos que

mudou drasticamente o Brasil. Vargas é um dos

presidentes que mais desperta reações

distintas, com defensores ferrenhos de seu

governo e outros tantos

detratores.

Foi um ditador no

sentido mais estrito da

palavra e um

nacionalista, defensor

da classe trabalhadora, Vargas no Palácio do Catete (sede do
ao mesmo tempo governo à época) em 1930. Fonte:
privilegiando as elites <http://www.sociologia.seed.pr.gov.br>.
Acesso em: 27 mar. 2019.

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empresariais. Dizia que preferia ser decifrado a
ter de se explicar, o que combina com sua
personalidade reservada e complexa, não
cabendo simplificações grosseiras na análise
histórica.

Como Vargas ficou 15 anos no poder, seu
governo passou por várias fases, sempre
dependendo da conjuntura política interna e
externa, ora exercendo um governo mais
democrático, ora uma ditadura escancarada.

Outro ponto interessante a ser notado, é
que seu governo entre em cena no contexto da
crise de 1929, com a ascensão de regimes
totalitários em alguns países, alguns de extrema
direita (no caso de Alemanha, Itália, Portugal e
Espanha) e de extrema esquerda (como o
regime stalinista na URSS). O Brasil, portanto,
não ficou de fora dessa polarização, como se
verá mais adiante. De maneira geral, divide-se o
governo de Vargas em 3 fases:

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Governo Provisório (1930-1934)

Nos primeiros anos de mandato, Vargas
possuía amplos poderes. Além de suspender a
Constituição brasileira, fechou o Congresso
Nacional, as Assembleias Estaduais e Câmaras
Municipais, além de destituir todos os
governadores e substituí-los por pessoas
escolhidas por ele. A única exceção foi Minas
Gerais, estado aliado.

Os paulistas estavam insatisfeitos com o
governo de Vargas. Haviam vencido a eleição de
1930, mas seu candidato não pode assumir. Eles
exigiam a criação de uma nova constituição,
além da nomeação de um conterrâneo para o
governo do estado. Após quatro estudantes
serem mortos em manifestações contrárias ao
governo, o movimento cresceu, descambando
para a luta armada. A chamada Revolução
constitucionalista, ocorrida em 1932 contou

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com o apoio de civis e militares, todavia, apesar
de ter sido um movimento expressivo, acabou
sendo derrotado pelas tropas governamentais.

Governo Constitucional (1934-1937)

Apesar da derrota dos paulistas, Vargas

adotou uma política conciliatória, outorgando

uma nova constituição em 1934.

Pela primeira

vez na história as

mulheres puderam

votar e uma

mulher foi eleita

para o Legislativo

brasileiro: Carlota Pereira de Queiroz na Assembleia
a médica paulista Constituinte de 1934. Disponível em:
Carlota Pereira de <www.aventurasnahistoria.com.br>.
Queiroz. Vale Acesso em: 28 mar. 2019

lembrar que o voto feminino, apesar de ter sido

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aprovado por Vargas, era uma demanda antiga
das sufragistas brasileiras, que lutavam por seus
direitos. As leis trabalhistas também foram
fruto de antigas reivindicações dos
trabalhadores. Em 1917 houve uma greve geral
no país e nos anos decorrentes também houve
uma série de manifestações. É importante
analisar a complexidade destas relações.

Outra novidade deste período foi o retorno
para o regime democrático, entretanto, a
eleição presidencial foi indireta, com os
deputados escolhendo Vargas para mais um
mandato de quatro anos.

A polarização política que assolava a
Europa também se fez presente no Brasil. Nesta
época surgiram duas agremiações rivais. A
Aliança Nacional Libertadora (ANL) era uma
organização de esquerda, que tinha em Luís
Carlos Prestes seu maior representante. Dentre
suas reivindicações destacavam-se a reforma

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agrária, a nacionalização

de empresas

estrangeiras e o não

pagamento da dívida

externa. No campo

oposto, situava-se a

Ação Integralista

Brasileira (AIB),

organização inspirada no Cartaz da ANL convidando para um
Fascismo italiano o no
Nazismo alemão. Em comício. Disponível em:

<www.documentosrevelados.com.b

r> Acesso em: 28 mar. 2019.

linhas gerais, seus membros pregavam um

Estado nacionalista com partido único e o

combate ao comunismo. Seu slogan “Deus,

Pátria e Família” conquistou muitos seguidores.

Muitos integralistas formaram brigadas

paramilitares, usando uniforme com camisa

verde, ostentando como símbolo a letra sigma

(Σ), décima oitava do alfabeto grego.

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Comício integralista na Praça Tiradentes, em Curitiba (1937). Disponível em:
<http://www.jws.com.br>. Acesso em: 28 mar. 2019.

Em 1935 os comunistas liderados por
Prestes tentaram um movimento para derrubar
Vargas, instaurando o comunismo no Brasil. Os
órgãos de inteligência do governo já estavam a
par do plano e não tiveram dificuldades em
prender seus líderes, sendo que alguns meses
após o levante Prestes e sua esposa, Olga
Benário, que estava grávida foram capturados.
Olga era alemã de ascendência judaica e foi
enviada para um campo de concentração,
morrendo em 1942. Sua filha, Anita Leocádia

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Prestes, após uma campanha internacional
liderada pela avó materna, retornou à família.

Quando o mandato de Vargas se
encaminhava para o fim, militares integralistas,
juntamente com membros do governo
elaboraram um documento que mostrava uma
suposta revolução comunista no país. O
documento era falso, mas causou grande
repercussão à época. O chamado Plano Cohen
foi considerado uma ameaça ao governo de
Vargas, sendo que este se aproveitou da farsa
para implantar uma ditadura que duraria
muitos anos.

Estado Novo (1937-1945)

Ao implantar o Estado Novo, Vargas rasgou
mais uma Constituição. O ministro da Justiça,
Francisco Campos, elaborou uma nova carta,

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inspirada nos modelos fascistas da Itália e da
Polônia, ficando conhecida como “Polaca”.

Em uma cerimônia controversa no Dia da
Bandeira em 1937, no Rio de Janeiro, Vargas
liderou uma cerimônia em que as bandeiras dos
estados brasileiros foram queimadas, em um
gesto simbólico que representava uma
ideologia típica de regimes totalitários, a
centralização política. Vale ressaltar que as
bandeiras estaduais já eram proibidas pela
Constituição de 1937.

Em 1939 o governo criou o Departamento
de Imprensa e Propaganda (DIP), contendo duas
principais funções: garantir o apoio da
população ao Presidente da República, por
meio de uma propaganda massiva e censurar os
meios de comunicação que se opusessem ao
governo. As propagandas do governo
abrangiam a imprensa, o cinema, as rádios,
escolas e manifestações públicas. O programa A

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voz do Brasil, existente até hoje, foi criado nesta
época.

Até o Samba teve suas letras modificadas
para se adaptar à
nova estética exigida
pelo regime. Um
exemplo pode ser
analisado da letra da
música O Bonde de
São Januário, de
Wilson Batista. Veja
um trecho da letra
original:

“O bonde de São Januário Cartilha do DIP – “Getúlio Vargas, o
amigo das crianças. Disponível em:
leva mais um sócio otário <https://portal.fgv.br/> Acesso em: 28
só eu não vou trabalhar”. mar. 2019.

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Após a censura do DIP a letra foi alterada:

Quem trabalha é quem tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O Bonde de São Januário leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar
Antigamente eu não tinha juízo
Mas hoje eu penso melhor no futuro
Graças a Deus sou feliz vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém
Passe bem!

Conforme exposto na letra do Samba, a
censura do Estado Novo promoveu uma
modificação em expressões artísticas da época.

Conforme comentado anteriormente, o
governo de Vargas foi bastante ambíguo, pois,
se de um lado havia a censura e repressão, de
outro sua política trabalhista mudou o país. Foi
durante seu governo que houve a
implementação do salário mínimo e a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a
legislação trabalhista que vigora até os dias de

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hoje. Oi a partir desse conjunto de leis que o
trabalhador passou a contar com férias
remuneradas, descanso semanal remunerado e
uma série de benefícios.

O Brasil na Segunda Guerra Mundial

É importante lembrar que os regimes
totalitários estavam se propagando por vários
países nesta época, sendo que a Alemanha
nazista levava a cabo um projeto expansionista,
ocupando países e provocando a Segunda
Guerra Mundial. A guerra se iniciou em 1939,
todavia, o Brasil adotou oficialmente uma
postura de neutralidade. Sabe-se que Vargas
flertava com alguns elementos políticos do
nazifascismo, mas não declarava apoio

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publicamente a nenhuma das partes

envolvidas.

Após os Estados Unidos entrarem na

guerra ao lado dos aliados em 1941 o Brasil

passou a ser pressionado a fazer parte do

conflito. Vargas habilmente costurou uma

aliança, exigindo algumas contrapartidas por

parte dos Estados

Unidos, como auxílio

para a construção da

Companhia Siderúrgica

Nacional e a

modernização dos

equipamentos

militares.

Os brasileiros

lutaram sobretudo na

Itália, sendo as Símbolo do 1º Grupo de Aviação de Caça
batalhas de Monte da Força Aérea Brasileira na Segunda
Castelo, Turim e Guerra Mundial. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org> Acesso em>

29 mar. 2019.

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Montese as principais. Apesar de não estarem

preparados para o clima frio nem para lutarem

em lugares montanhosos, os brasileiros

conseguiram render mais de 14 mil alemães.

Muitos civis

italianos relataram

o modo cordial

com que foram

tratados pelos

brasileiros, sendo

que muitos

monumentos Monumento Liberação – Ao fundo o
foram construídos Monte Castelo (Itália). Disponível em:
no país para http://www.eb.mil.br

homenagear

nossos pracinhas.

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A queda de Vargas
A participação do Brasil na Segunda Guerra
Mundial criou uma situação contraditória no
país: os soldados tinham a missão de combater
os regimes totalitários do nazifascismo, mas o
governo de Vargas era uma ditadura. Desta
forma, a oposição ao presidente cresceu. Em 29
de agosto de 1945 um movimento liderado
pelos generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar
Dutra derrubou Vargas. Chegava ao fim o
regime do Estado Novo.

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Para arrasar no Enem:

Clubes de futebol foram alvo da vigilância da polícia política
durante a Segunda Guerra Mundial. Acesse:
<http://www.usp.br/agen/repgs/2007/pags/002.htm>.

Heróis – O Brasil na Segunda Guerra Mundial (vídeo).
Inspirado em três pracinhas mineiros que nunca haviam
pegado em armas. Acesse:
<https://www.youtube.com/watch?v=uPwZl_Jyimo>.
Monumentos na Itália em homenagem aos pracinhas
brasileiros. Acesse: <http://www.eb.mil.br/os-
monumentos-e-o-museu-da-forca-expedicionaria-
brasileira-na-italia>.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAUSTO, Bóris. História do Brasil. São Paulo: Edusp,
1996.
NETO, Lira. Getúlio: Dos anos de formação à
conquista do poder (1882-1930). São Paulo:
Companhia das Letras, 2012.

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_________. Getúlio: Do governo provisório à ditadura
do Estado Novo. São Paulo: Companhia das Letras,
2013.
RIGONI, Carmen Lúcia. Bravos combatentes da F.E.B:
Memórias, Monumentos, testemunhos. Curitiba:
Imprensa, Oficial, 2003.
VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Olhares
da História: Brasil e mundo. São Paulo: Scipione,
2017.

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