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Published by Luiz Gabriel da Silva, 2019-04-23 09:55:53

História - Segmento 6_Novo

História - Segmento 6_Novo

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Segmento 6 – CIÊNCIAS HUMANAS E
SUAS TECNOLOGIAS - HISTÓRIA

ESCRAVIDÃO NO BRASIL (1500-1888)

Para refletir

Diáspora africana é um termo utilizado
para a dispersão de muitos africanos pelo
mundo, sobretudo devido à prática da
escravidão. Estima-se que mais de 12 milhões
de africanos tenham sido enviados para o
continente americano, sendo que grande parte
tinha como destino o Brasil. Esse verdadeiro
genocídio africano é uma ferida ainda aberta na
memória de nosso país. As formas de
discriminação das quais a população negra
ainda é vítima são muito evidentes em nossa
sociedade, embora muitas vezes aconteçam de
forma velada.

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Principais rotas do tráfico de africanos escravizados.

A prática da escravidão atingiu indígenas e
africanos, todavia, a economia agro-
exportadora do Brasil teve certa predominência
de mão de obra africana. Embora haja vários
estudos acerca dos motivos que levaram
portugueses a preferir a escravidão africana, é
recorrente a explicação de que o tráfico de

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seres humanos era uma atividade lucrativa
tanto para traficantes quanto para autoridades
portuguesas.

Indivíduos em cativeiro eram trocados por
armas, fumo, cachaça, jóias e vendidos a preços
exorbitantes no Brasil. Ao desembarcarem,
eram tratados como mercadorias, sendo
taxados com impostos – daí o lucro das
autoridades.

A utilização da mão de obra africana na
economia colonial

São diversos os fatores que levaram à
generalizçaão do trabalho africano na economia
colonial. Além do já citado tráfico, a utilização
de mão de obra indígena foi ficando escassa
devido ao fato de estes terem sido dizimados
pelas doenças trazidas pelos europeus. Outro

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motivo foi a resistência dos jesuítas à
escravização de indígenas.

Os escravizados exerciam diversas funções
no trabalho, sendo que havia uma classificação
quanto conforme a sua especialização. Os
homens que chegavam da África geralmente
eram enviados aos campos de trabalho na
produção de açucar; já mulheres mais jovens
eram destinadas à Casa Grande para trabalhos
domésticos. Não raras vezes os senhores de
engenho as obrigavam a se tornar mucamas.
Aqueles que não se rebelavam e aceitavam
passivamente o domínio eram comtemplados
com pequenas porções de terra para fazer sua
roça. Essa prática ficou conhecida como “brecha
camponesa”. Aqueles que não aceitavam o
domínio sofriam castigos físicos, que variavam
de tortura física a assassinato.

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DEBRET, Jean-Baptiste. L'Exécution de la Punition de Fouet. Disponível em:
<www.wikipedia.org>. Na pintura de Debret é possível observar um escravizado sendo
açoitado por um feitor – que muitas vezes era um ex-escravo.

A resistência

Durante todo o perído da escravidão no
Brasil registraram-se atos de resistência. Uma
das formas de lutar contra o domínio dos
brancos foi a instituição de quilombos, que
eram comunidades formadas por escravos que

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fugiam; não raras vezes abrigavam também
indígenas e brancos que possuíam alguma
pendência com a justiça. Houve inúmeros
quilombos espalhados pelo Brasil, sendo o mais
famoso o Quilombo de Palmares, localizado no
atual estado de Alagoas. Este local resistiu por
mais de 70 anos às investidas dos portugueses,
tendo abrigado mais de 20 mil escravizados que
haviam fugido de engenhos.

No ano de 1678, Ganga Zumba, um dos
líderes e fundadores do quilombo estava
prestes a assinar um acordo com Dom Pedro de
Almeida, governador de Pernambuco para dar
fim à guerra. O acordo previa a preservação da
liberdade daqueles que haviam nascido em
Palmares, todavia aqueles que haviam fugido de
engenhos seriam reescravizados. Ganga Zumba
acabou sendo envenenado pelos habitantes do
quilombo, desta forma, o controle do local
passou para as mãos de Zumbi.

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Apesar da resistência dos habitantes de

Palmares, uma invasão liderada pelo

bandeirante Domingos Jorge Velho destruiu o

local. Zumbi

conseguiu fugir e

organizar a

resistência, mas

acabou sendo

assassinado em

20 de novembro

de 1695. Esta data

foi escolhida pela

comunidade afro-

brasileira para

celebrar o Dia da Zumbi, de Antônio Parreiras , de 1927 (óleo
Consciência sobre tela) Disponível em:
Negra. <www.wikipedia.org>. A pintura é uma
representação do líder africano, feita mais de
200 anos após a sua morte.

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O trabalho escravo nos séculos XVIII e XIX

No século XVIII com a descoberta de ouro

na região das minas, o trabalho escravo teve

outras

dimensões.

era bastante

comum a

presença de

escravos de

ganho, que

trabalhavam

no setor de

comércio e DEBRET, Jean-Baptiste. Vendedores de flores à porta de uma
davam
grande parte igreja. Disponível em:
dos ganhos
<http://historiadorpensante.blogspot.com>. Acesso em: 22

abr. 2019. Pode-se notar que as vestimentas dos escravos de

ganho eram melhores do que as daqueles que trabalhavam

na lavoura. Todavia, ainda não possuíam sapatos, símbolo de

prestígio social à época.

para seus

senhores, mas ficavam com uma pequena parte

dos rendimentos. Dessa forma, alguns

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conseguiam economizar o suficiente para
comprar a própria liberdade, tornando-se
forros.

Algumas mulheres conseguiam certa
autonomia e após a compra da liberdade até
acumular certa fortuna. Obviamente, esses
casos representavam exceções, mas não podem
ser ignorados.

Já no século XIX com a ascensão da
economia cafeeira, os fazendeiros utilizavam
em larga escala a mão de obra escrava.
Entretanto, nesta época algumas
particularidades começaram a minar esta
prática. O pensamento iluminista europeu
condenava a escravidão, por razões
humanitárias e econômicas. Além de ser
considerada uma coisa infame, a escravidão não
trazia benefícios ao sistema capitalista, uma vez
que todos deveriam estar incluídos na rede de
consumo de produtos indistrializados.

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Desta forma a Inglaterra passou a
pressionar o Brasil a abolir a escravatura. Na
mesma época o movimento abolicionista
passou a lutar pelaliberdade de todos os
cativos. Indo com ações que envolviam desde o
direito até o ataque a fazendas, a luta pela causa
cresceu no país.

Na segunda metade do século XIX algumas
leis foram sendo gradativamente aprovadas.

Charge de Angelo Agostini, na Revista Illustrada. Disponível em: <
https://www.infoescola.com>. Acesso em: 2 abr. 2019. Agostini ironiza os
efeitos da Lei dos Sexagenários, como uma maneira de postergar a
abolição da escravatura. No desenho, D. Pedro II arrasta para a cova um
escravo.

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A princesa Isabel surge num dos balcões do Paço da Cidade e é aplaudida pela multidão
logo depois de sancionar a Lei Áurea. Disponível em: https://www12.senado.leg.br>.
Acesso em: 22 abr. 2019.

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Para arrasar no ENEM

Escravidão, abolição e pós abolição no Brasil.
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=o73jD7zx0fE>

Site “Passados presentes”. Site dedicado à
memória da escravidão no Brasil. Acesse:
< >.http://passadospresentes.com.br/site/Site/index.php

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAUSTO, Bóris. História do Brasil. São Paulo: Edusp,
1996.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Miguel.
BRASIL: Uma Biografia. 1aEdição. São Paulo:
Companhia das Letras, 2015.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Olhares
da História: Brasil e mundo. São Paulo: Scipione,
2017.
VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. História
geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2010.

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