CONTEXTOJHISTÓRICO
Ruptura com a tradição racionalista: Durante o século XIX, encontramos como um de seus
principais movimentos, a ruptura com a tradição racionalista moderna. A centralidade da razão, a
valorização do conhecimento, a ênfase na problemática do método e da fundamentação da ciência,
o recurso da lógica, a preocupação com a crítica vão ser considerados por muitos desses filósofos
desse século. Esse novo pensamento se resulta assim de uma reação contra o racionalismo e a
filosofia crítica, em busca de alternativas, de uma forma de expressão.
Considerando-se que esse movimento tem seu início nos questionamentos à filosofia kantiana pelos
pensadores do período conhecido como idealismo alemão pós-kantiano que, de certa forma, inclui
o próprio Hegel, desenvolvendo-se a partir daí na elaboração do pensamento romântico, com o
qual, no entanto, Hegel não se identifica, e dando espaço ás filosofias de Shopenhauer, Kierkegaard
e Nietzsche.
Dessa forma, cada um rompe com uma visão diferente. O ideal é examinar essa nova tendência que
surge e que abre caminho para alguns dos mais importantes desenvolvimentos da filosofia
contemporânea.
O romantismo segundo Gusdorf diz que a melhor definição é “que ele representa o desejo de
ressacralizar a vida, a tentativa de edificar uma nova Fé que fosse capaz de substituir o catolicismo
tradicional”(Gusdorf, Le Romantisme, Payot Paris, 1993, p. 657).
Essa ressacralização da vida era um a tentativa de construir uma nova Fé capaz de substituir o
catolicismo (Cfr.Jean Gualmier, Les grands écrivains devant Dieu, apud Gusdorf, Du Néant à Dieu,
ed. cit., p. 209).
A palavra "romântico",aparece pela primeira vez na Inglaterra, pela metade do século XVII, para
designar o fabuloso, o extravagante, o fantástico e o irreal. Gradualmente o termo passou a
identificar o renascer do instituto e da emoção, sufocados pelo racionalismo prevalente do século
XVIII.
Na sensibilidade romântica dominou o amor da irresolução e das ambivalências. O termo mais
típico para indicar esses estados de ânimo foi Sehnsucht ("anseio"): um desejo que jamais pode
alcançar sua própria meta, pois não a conhece e não quer ou não pode conhecê-la.
Após a Revolução Francesa de 1789, processa-se o movimento ao qual foi dado o nome de
romântico, o romantismo, cuja tendência geral consiste em acentuar o sentimento sobre o
pensamento, a intuição sobre o conceito, o dinâmico sobre o estático, o orgânico sobre o mecânico,
o expressivo sobre o plástico. Surgem, então, na filosofia, nomes como Schleger, Tieck, Novalis,
Hólderlin, etc.
Na Alemanha foi onde o romantismo mais ganhou difusão, tornou-se escola, sendo mais do que
propriamente uma filosofia, tratou-se de um movimento estético, que procurava a superação total
do iluminismo e a afirmação do romantismo. O movimento que promoveu tal reviravolta foi o
Sturm und Drang ("Tempestade e ímpeto"), cujas posições e ideias de fundo eram:
a) a natureza, entendida como força onipotente e criadora de vida;
b) o gênio, como força originária que cria analogamente a natureza e e regra de si mesmo;
c) o panteísmo, que comega a se contrapor a concepção iluminista da divindade como razão
suprema;
d) o sentimento pátrio, expressão no ódio pelo tirano, na exaltação da liberdade e no desejo de
infringir convenções e leis exteriores;
e) a predileção pelos sentimentos fortes e pelas paixões impetuosas.
Quem deu sentido e importância supranacional ao Sturm und Drang foram principalmente Goethe,
Schiller e os filósofos Jacobi e Herder com sua primeira produção poética e literária. Jena foi a
cidade em que no ultimo lustro do século XVIII se constituiu o circulo dos românticos, cujos
animadores foram os irmãos Schlegel, August Wilhelm e Friedrich; este ultimo fundou em Berlim
em 1798 o órgão oficial do novo movimento, a revista "Athenaeum".
Ao movimento aderiram Novalis, Tieck, Wackenroder, Fichte, Schelling e, principalmente,
Schleiermacher. - Johnn Wolfgang Goethe (1749-1832) é um legítimo representante do
romantismo alemão. Viu no homem e na natureza uma união indissolúvel, e compreendeu que a
intuição e o pensamento formam um todo.
O pensamento romântico surgiu de uma profunda insatisfação com os fumos da filosofia moderna,
com a ideia de crítica e de fundamentação teórica do conhecimento e da prática, etc.
Arthur Schopenhauer (1788-1860)
Trata da inseparabilidade do sujeito e do objeto, com a qual quer refutar a tese do materialismo e
do subjetivismo, é um filósofo romântico, pessimista e sombrio.
Forte crítico do racionalismo iluminista, e de Hegel.
Para Schopenhauer embora o que sobreviva à morte não seja o indivíduo, mas a vontade universal,
isso não importa, uma vez que a existência do indivíduo, finito, e limitado, é sempre dor e
sofrimento.
Schopenhauer acaba assim justificando uma “ética do suicídio”, do fim da individualidade.
Para Schopenhauer o mundo é uma representação de cada um. E esta representação, este trabalho
do intelecto, não nos leva alem do mundo sensível. O mundo como representação é, portanto,
fenômeno. Mas, enquanto para Kant o fenômeno é a única realidade cognoscível, para
Schopenhauer o fenômeno é a ilusão que cobre a realidade das coisas, o "véu de Maya" que
esconde a face da realidade.
A essência de nosso ser é a vontade. A essência do mundo é vontade insaciável, e um eterno
tender. E a vida do homem é necessidade e dor, oscila entre crueldade, dor e tédio. Todavia,
quando o homem chega a compreender que a realidade e vontade e que ele próprio e vontade, então
ele esta pronto para sua redenção.
VIDA
Friedrich Nietzsche (1844-1900)
Nasceu em Roecken, Prússia, filho de um pastor protestante e de remota origem polaca. Desde moço
aprofundou seus estudos em filosofia, estudando entusiàsticamente a literatura grega.
Influenciado pelas filosofias dos pré-socráticos, dos Vedanta, e por outros mais modernos, entre eles
Lichtenberg, Pascal, Spinoza, Hegel, formulou um ataque extremado a todos os valores religiosos,
filosóficos e científicos tradicionais, como também aos postulados do cientificismo do século XIX.
Acusou os metafísicos, defendeu o sentimento artístico contra a frieza da razão, aceitando para a arte
uma justificação suficiente da existência, concebendo o Universo como a obra de um demiurgo artista.
O homem é uma ponte para uma super-humanidade de homens, que vencem suas fraquezas e se
libertam da tirania de seus instintos e da razão, para a conquista de uma plena liberdade. É esse o ideal
do super-homem, acessível somente aos que desejam ir além de si mesmo, o super-homem, porém, não
é um fim. Ele próprio conhecerá superações.
Para o autor a verdade e a moral são instrumentos que os fracos inventaram para submeter e controlar
os fortes, os guerreiros. O objetivo de Nietzsche é, assim, duplo: revelar, e criticar, esse processo e
restaurar os valores primitivos perdidos.
Nietzche morreu na cidade de Weimar (Alemanha) em 25 de agosto de 1900.
OBRAS
- O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (1872)
- A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos (1873)
- Sobre a verdade e a mentira em sentido extramoral (1873)
- Considerações Intempestivas (1873 a 1876)
- Humano, Demasiado Humano, um Livro para Espíritos Livres (1886)
- Aurora, Reflexões sobre Preconceitos Morais (1881)
- A Gaia Ciência (1882)
- Assim Falou Zaratustra, um Livro para Todos e para Ninguém (1883 - 1885)
- Além do Bem e do Mal, Prelúdio a uma Filosofia do Futuro (1886)
- Genealogia da Moral, uma Polêmica (1887)
- O Crepúsculo dos Ídolos, ou como Filosofar com o Martelo (1888)
- O Anticristo - Praga contra o Cristianismo (1888)
- Ecce Homo, de como a gente se torna o que a gente é (1888)
- Nietzsche contra Wagner (1888)
Humano, demasiado
humano.
REFERÊNCIAS
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia (dos pré-socráticos a Wittgenstein). Rio de Janeiro, Zahar,
1997.
NIETZSCHE, F. W. Humano, demasiado humano. São Paulo: Companhia de Bolso, 2002. Tradução de Paulo
César de Souza.