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Published by flaviaferreira001, 2015-04-19 21:09:47

Portfólio

Portfólio

Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

Licenciatura em Radioterapia
2º Ano

Ano Lectivo 2014/2015

Portfólio do Módulo de Radioterapia Externa

Educação Clínica em Radioterapia
2º Semestre

Docente: Margarida Eiras

Discentes:
Ana Henriques
Andreia Ramos
Flávia Ferreira nº2013227

Abril de 2015

Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

Portfólio do Módulo de
Radioterapia Externa

Educação Clínica em Radioterapia

Docente: Margarida Eiras
Discentes: Ana Henriques; Andreia Ramos; Flávia Ferreira

Abril de 2015

1

ÍNDICE

Índice............................................................................................................................................. 2
1 Introdução............................................................................................................................. 3
2 Portfólio Digital ..................................................................................................................... 4

2.1 Diário de Leitura – portfólio electrónico..........................Erro! Indicador não definido.
2.2 O conceito de Portfólio Digital ...................................................................................... 5
3 Técnicas de Irradiação........................................................................................................... 8
4 Sistemas de Imobilização ...................................................................................................... 9
5 Unidade de Terapia e o seu Funcionamento ...................................................................... 10
6 Meios de Protecção Radiológica ......................................................................................... 11
7 Importância da Relação Técnico/Doente............................................................................ 12
7.1 Diário de leitura........................................................................................................... 12
7.2 Importância da relação técnico/doente...................................................................... 13

7.2.1 O técnico de radioterapia.................................................................................... 13
7.2.2 Modelo holista de centração no paciente .......................................................... 13
7.2.3 Antes do tratamento........................................................................................... 14
7.2.4 Informação e comunicação durante o tratamento............................................. 15
7.2.5 Após o tratamento/ Follow-up............................................................................ 16
7.2.6 Perspectiva dos pacientes ................................................................................... 17
7.2.7 Comunicação eficaz............................................................................................. 18
7.2.8 Conclusão ............................................................................................................ 19
8 Bibliografia .......................................................................................................................... 21

2

1 INTRODUÇÃO

3

2 PORTFÓLIO DIGITAL

2.1 DIÁRIO DE TRABALHO

Através da leitura de um blog, gerido por Domingos Oliveira, foi-nos possível clarificar a
definição do que é um portfólio electrónico, também chamado de portfólio digital ou e-
Portfolio.
Esta leitura permitiu que percebessemos a importância de um portfólio digital, o porquê da sua
utilização e as suas vantagens em relação a um portfólio em papel e apresentou uma ideia geral
da sua constituição.
http://superdom.blogs.sapo.pt/7694.html
Após termos uma ideia global acerca da definição de e-Portfolio com a leitura do blog
anteriormente referido, encontrámos um artigo que trata do mesmo assunto. Os autores,
George Lorenzo e John Ittelson, consideram neste documento três tipos de e-Portfolios: e-
Portfolios de estudantes, e-Portfolios de ensino e e-Portfolios institucionais. Com este artigo, os
autores pretendem caracterizar os vários tipos de e-Portfolios, apresentam exemplos de e-
Portfolios e expõem alguns problemas da adopção dos portfólios digitais.
https://net.educause.edu/ir/library/pdf/eli3001.pdf
Depois de lidas e analisadas algumas ideias acerca dos portfólios digitais encontrámos um
website da Universidade Estadual da Pensilvânia com uma abordagem interessante e bastante
organizada da sua visão do e-Portfolio e da forma como o vêm como um elemento essencial no
seu método de aprendizagem.
www.portfolio.psu.edu
Encontrámos um documento referente à estrutura de um portfólio, documento pelo qual nos
guiámos e baseámos na construção da estrutura do nosso portfólio. Este documento
apresentou-nos uma proposta de estrutura, a qual nós decidimos adaptar consoante as nossas
necessidades de pesquisa e apresentação do presente trabalho.
http://www.unifeso.edu.br/graduacao/documentos/amb/modelo_portifolio_engs.pdf

4

2.2 O CONCEITO DE PORTFÓLIO DIGITAL

O conceito de portfólio electrónico tem vindo a ser cada vez mais comum em contexto escolar,
académico e no trabalho. Com o avançar da tecnologia, os meios de armazenamento de
informação foram inevitavelmente sofrendo modernização, sendo que, com o e-Portfolio, há a
vantagem de ser possível actualizar a informação ao longo do percurso académico ou mesmo
ao longo da vida. (1)

Os e-Portfolios de estudantes, como o presente caso, tiveram origem nos portfólios impressos
em papel, que remontam aos anos 80, e ganharam proeminência durante os anos 90 em
contexto académico.

Um portfólio electrónico é uma apresentação organizada de trabalhos realizados pelo autor,
documentos e informação retirada de diversos sítios, imagens, ficheiros multimédia, recolhas
de blogs e links. Todos estes materiais são disponibilizados e apresentados normalmente online
ou através de ferramentas digitais (documentos Word, PDF, apresentações PowerPoint ou
noutras plataformas).

Além destes materiais, um e-Portfolio surge com um carácter pessoal pois inclui também
pensamentos, ideias, reflexões, opiniões e comentários acerca dos materiais expostos ao longo
do trabalho. Isto vai possibilitar ao leitor/avaliador do portfólio uma melhor compreensão do
ponto de vista do aluno/autor em relação ao trabalho que continuamente desenvolveu e,
consequentemente, uma melhor percepção do processo de aprendizagem do mesmo. (2)

A utilização de um e-Portfolio mostra-se vantajosa não só para o autor do mesmo, pelo facto de
poder actualizá-lo ao longo do tempo (como já referido), mas também por possibilitar uma
melhor aprendizagem dos conteúdos em estudo devido à utilização de uma linguagem simples
e informal, sem desvalorizar o teor técnico, que facilita a compreensão dos temas abordados
não só na óptica do autor, como também na óptica do leitor ou do avaliador do portfólio.

Segundo Domingos Oliveira, autor do blog www.superdom.blogs.sapo.pt, “o processo de
criação de um e-Portfolio pode ser resumido nas seguintes acções: coleccionar, seleccionar,
reflectir e relacionar.” Esta definição consegue resumir de forma simples os passos necessários
a seguir na criação de um e-Portfolio. (1)

Após uma breve leitura do resumo do artigo “An Overview of E-Portfolios” ficaram claras
algumas das utilizações dos portfólios electrónicos. Para além do teor académico em aconselhar
e seguir a evolução do estudante, os e-Portfolios seguem um método que pode ser utilizado: na
preparação de carreira futura; como uma forma de partilhar experiências, opiniões e práticas

5

de ensino; de forma a apoiar o desenvolvimento do estudo individual; em processos de
validação de conhecimentos a nível institucional. (2)

O objectivo é que sejam evidentes as capacidades, desempenho e conhecimentos adquiridos ao
longo do tempo, permitindo uma avaliação contínua do trabalho realizado.

Optámos por fazer a apresentação este portfólio através da utilização do ISSUU, uma plataforma
digital de publicação de documentos online. Esta escolha deve-se ao facto de os temas que irão
ser tratados ao longo deste portfólio derivarem de um ramo comum – a Radioterapia externa –
e que, por isso, não se vão diversificar de forma a ter elementos suficientes para criar um
website, com a componente interactiva. Assim, desviamo-nos do conceito original de e-
Portfolio, segundo o blog referido – um website, e vamos expô-lo online através desta
plataforma que propõe uma apresentação simples, organizada e atractiva do ponto de vista
estético.

Apesar da nossa decisão, a Universidade Estadual da Pensilvânia afirma no seu website: “All e-
portfolios are websites, but not all websites are e-portfolios.”. Seguindo este princípio, esta
universidade nos EUA disponibiliza diversas informações, tutoriais e ferramentas de criação de
e-Portfolios, defendendo que os portfólios académicos favorecem uma aprendizagem
personalizada, activa e multimodal. Ao continuar a explorar o site desta universidade
encontrámos uma secção de leituras recomendadas que disponibiliza o acesso a alguns artigos
com o objectivo de enfatizar a importância do e-Portfolio como a chave para uma aprendizagem
de sucesso, leiam-se os títulos: “A Framework for General Education Assessment: Assessing
Information Literacy and Quantitative Literacy with ePortfolios”; “ePortfolios and Audience:
Teaching a Critical Twenty-First Century Skill”; “Exploration of ePortfolios for Adding Value and
Deepening Student Learning in Contemporary Higher Education”; “The ePortfolio as a Living
Portal: A Medium for Student Learning, Identity, and Assessment”; e “What Difference Can
ePortfolio Make? A Field Report from the Connect to Learning Project”. (3)

Quanto à estrutura do e-Portfolio foi mais difícil encontrar um modelo uniforme. Assim, após
analisarmos alguns exemplos e encontradas várias propostas de estrutura a seguir, decidimos
guiar-nos por aquela que nos pareceu mais completa, de forma a ser possível um fácil
acompanhamento do nosso desenvolvimento na compreensão dos diversos temas a tratar, bem
como uma exposição organizada dos mesmos. Desta forma, o nosso e-Portfolio vai seguir o
seguinte modelo estrutural: capa, folha de rosto, índice ou sumário, introdução, diário de
pesquisa e leitura (designado neste trabalho como diário de trabalho), desenvolvimento,
conclusão e anexos. Foi para nós uma novidade o confronto com as secções “diário de pesquisa”

6

e “diário de leitura”, por isso, tentámos esclarecer qual o seu propósito na composição de um
portfólio. O diário de pesquisa funciona como uma planificação contínua do trabalho, expondo
as pesquisas que são efectuadas, problemas com o projecto ou com o grupo que possam
eventualmente surgir, entre outros tópicos. Já o diário de leitura vai fazer o registo das leituras
efectuadas, apontar algumas opiniões sobre o texto e apresentar os tópicos principais sobre o
assunto que irá ser aprofundado posteriormente no desenvolvimento por temas do portfólio.
(4) Depois de clarificada a definição destes dois novos termos, e discutida a sua pertinência no
nosso portfólio digital, decidimos adoptá-los, juntando-os numa secção que aparece
imediatamente antes da introdução de cada tópico a tratar neste portfólio.

7

3 TÉCNICAS DE IRRADIAÇÃO

8

4 SISTEMAS DE IMOBILIZAÇÃO

9

5 UNIDADE DE TERAPIA E O SEU FUNCIONAMENTO

10

6 MEIOS DE PROTECÇÃO RADIOLÓGICA

11

7 IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO TÉCNICO/DOENTE

7.1 DIÁRIO DE LEITURA

Feita a leitura do documento “Making your Radiotherapy Service more Patient-friendly”, da
autoria da Royal College of Radiologists, é de notar a elevada importância que é dada à relação
entre os doentes oncológicos e a equipa técnica, o staff. Este documento aborda um conjunto
de normas que devem ser seguidas com vista a providenciar o melhor serviço aos pacientes.
Está seccionado em diversos momentos, nomeadamente nas diferentes alturas de contacto dos
pacientes com os técnicos e as preocupações a ter em conta em cada um deles. A natureza deste
documento é um exemplo claro de representação do modelo centrado no paciente – o modelo
holista, aplicado na medicina actualmente.

Uma breve leitura de alguns dos tópicos do Relatório de Estágio para candidatura ao grau de
Mestre em Enfermagem Oncológica da autoria de Catarina Lopes permitiu uma visão global dos
cuidados prestados ao doente oncológico seguindo o modelo centrado no paciente. Apesar de
ser um relatório da área da enfermagem oncológica, estão presentes alguns princípios
fundamentais das necessidades do paciente e algumas bases que devem ser tidas em conta no
contacto entre os profissionais de saúde e o doente oncológico.

A leitura do artigo “Patients’ perspectives on the role of radiation therapists” proporciona uma
visão diferente do que foi lido até agora acerca do papel da comunicação entre técnico/doente
em radioterapia. Com este estudo vimos que os pacientes conseguiam alcançar um estado de
conforto emocional de duas formas: criando relações com os técnicos de radioterapia e
ganhando informação. Neste artigo, para além de serem abordadas as competências de
comunicação que os profissionais de saúde devem ter, é exposta também a visão dos pacientes
de como estes profissionais as aplicam enquanto se relacionam com eles. O estudo feito neste
artigo demonstrou a importância da criação de uma relação entre o doente e o técnico de
radioterapia, mostrando claramente os benefícios que esta traz aos doentes, sendo que estes
se sentem mais confiantes e confortáveis para falar abertamente com os técnicos de
radioterapia que os acompanham. Como em qualquer estudo, foi também possível ver que nem
todos os técnicos mantêm uma boa relação com os doentes oncológicos e aqui podemos
perceber que este foi um dos factores que provocavam mais ansiedade e medo nos pacientes,
que não conseguiam estabelecer relação nem comunicar com o técnico.

No artigo “Comunicação em saúde e segurança do doente” são abordados dois temas principais:
a comunicação entre o profissional de saúde/doente e a comunicação entre os profissionais de

12

saúde. Para a pesquisa realizada no âmbito deste objectivo “Importância entre técnico/doente”
apenas será considerada a informação do primeiro tema do artigo: comunicação entre o
profissional de saúde e o doente. Como este artigo tem um carácter mais técnico e orientado
para as consequências da falha da comunicação que consequentemente resultam em erros que
podem custar a vida dos pacientes, a informação que nos interessa daqui será somente baseada
na parte “Fornecimento de informação e comunicação em situações de exames
complementares de diagnóstico e de tratamento”, que nos indica qual a informação que os
técnicos devem dar ao paciente e como deve esta informação ser transmitida de forma a ser
entendida.

7.2 IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO TÉCNICO/DOENTE

“If you can’t communicate, it doesn’t matter what you know.” – Gardner, 1982

7.2.1 O técnico de radioterapia

Segundo a definição da ESTRO, no documento “Recommended ESTRO Core Curriculum for
RTTs”, os técnicos de radioterapia (TRT) são “o grupo de profissionais com responsabilidade
directa pela administração da radioterapia a doentes com cancro. Isto engloba a administração
segura e precisa da dose de radiação prescrita e os cuidados clínicos e apoio do paciente
diariamente ao longo da preparação do tratamento, durante o tratamento e nas fases
imediatamente após o tratamento. Os técnicos de radioterapia são muitas vezes quem
estabelece a ligação entre o paciente e a equipa multidisciplinar que compreende
essencialmente o oncologista, o especialista em física médica e o técnico de radioterapia. Os
TRT entram em contacto com todos os profissionais associados para garantir que as
necessidades do paciente sejam atendidas”. (5)

Assim, o técnico de radioterapia assume um papel de elevada importância para o doente
oncológico, sendo ele a pessoa que o vai acompanhar durante todo o processo de tratamento.
Isto implica que o técnico tenha uma série de competências que lhe permitam a criação de uma
relação eficaz com o paciente, estabelecida por uma comunicação adequada e centrada no
paciente.

7.2.2 Modelo holista de centração no paciente

O modelo de relação/comunicação centrado no doente é um modelo holista, em que existe uma
partilha de autoridade entre o profissional de saúde e o próprio paciente. Com isto pretende-se
construir uma aliança terapêutica que trará benefícios ao nível da construção de uma relação

13

baseada na confiança em que o paciente se torna um membro activo no seu processo de
tratamento. O profissional de saúde deve compreender a perspectiva do doente e partilhar com
ele o processo de decisão terapêutica. (6) No entanto, duas características são fundamentais
para que o técnico/profissional de saúde se mantenha imparcial na relação com o paciente sem
cair na condescendência, são elas: a capacidade de descentração de si próprio, ou seja, colocar-
se na perspectiva do doente de forma abrangente, com os seus valores e preferências pessoais,
tradições e cultura de modo a aprender a realidade do doente; e a flexibilidade, em que tem de
ser capaz de adequar o estilo de relação e de comunicação ao doente e à situação. (7)

Este modelo vai levar a um aumento de satisfação do paciente, bem como a uma melhoria da
adesão ao tratamento e a um restabelecimento mais rápido do doente. Trará também uma
diminuição da perturbação emocional do doente e diminuição dos erros médicos, o que,
consequentemente leva a uma maior satisfação profissional por parte dos profissionais de
saúde.

Os cuidados centrados no paciente devem estar baseados na comunicação em dois sentidos na
qual o doente é informado sobre a sua doença e respectivo tratamento e é simultaneamente
encorajado a participar, sendo entendido como especialista em si. (6)

7.2.3 Antes do tratamento

Antes de iniciar o tratamento, alguns pacientes têm crenças eradas sobre o mesmo, que podem
ser motivo de grande ansiedade e preocupação, tais como acreditarem que a radioterapia faz
cair o cabelo e provocar náuseas e vómitos tal como a quimioterapia. É o papel do técnico de
radioterapia perceber rapidamente a razão da ansiedade e medo dos pacientes e esclarecê-los
de modo a que encarem a radioterapia como uma contribuição positiva no seu processo de
tratamento.

Uma forma eficaz de reduzir a ansiedade antes do início do tratamento de radioterapia é fazer
uma visita guiada ao serviço. Esta pode ser feita de forma individual ou colectiva, com a
organização de open days ao serviço. Neste primeiro contacto do doente com o serviço, seria de
valorizar a apresentação da equipa técnica que o vai acompanhar ao longo do tratamento,
nomeadamente o técnico de radioterapia que irá estar em contacto directo com o doente
diariamente.

Para além disto, é importante que antes do início do tratamento sejam explicados ao doente os
possíveis efeitos secundários do tratamento e como estes poderão condicionar a sua vida. Deve

14

também ser dado ao paciente um contacto da equipa técnica ao qual possam recorrer em caso
de dúvidas.

Pequenos detalhes como perguntar ao doente se gostaria de ter música durante o tratamento
e encorajá-lo a trazer a sua própria música, bem como deixá-los à vontade para propôr
estratégias que ajudem a passar melhor o tempo do tratamento vão fazer com que o doente se
sinta menos ansioso e facilitar o trabalho da equipa técnica. (8)

7.2.4 Informação e comunicação durante o tratamento

Ao longo do tratamento, é da responsabilidade do técnico fazer o acompanhamento do doente
tanto a nível físico (efeitos secundários que possam surgir), como a nível psicológico. Assim, é
de extrema importância que exista uma boa relação entre o técnico e o paciente de forma a que
este se sinta à vontade para falar com o técnico e colocar quaisquer dúvidas que surjam ou falar
acerca das suas modificações corporais e emocionais. Desta forma, é possível ao técnico ajudar
o doente, aconselhando-o. Se este tipo de relação não existir e o paciente não confiar no técnico
ou na equipa médica, isto vai levar a uma repressão de emoções e a um aumento inevitável dos
níveis de ansiedade do doente oncológico, o que não só é considerado como factor de mau
prognóstico, como pode também desencadear no agravar de efeitos secundários não revelados
à equipa técnica.

Para além da comunicação pessoal, é também importante que sejam fornecidas ao paciente
informações escritas, na forma de panfleto, por exemplo. A informação escrita permite ao
paciente focar os pontos importantes acerca do tratamento que vai realizar, dos cuidados a ter
com a área irradiada, das marcas permanentes na pele e dos efeitos secundários do tratamento
de radioterapia. Uma das vantagens deste tipo de informação é o paciente poder consultá-la
todas as vezes que desejar. Poderão estar também incluídos neste panfleto alguns sites com
informação confiável e de fácil compreensão para o doente. Uma opção para a informação
escrita é a recomendação de filmes ou entrega de fotografias e desenhos, por exemplo, para
pacientes analfabetos.

Um dos pontos fulcrais para uma boa comunicação é a consistência da informação transmitida
ao paciente pela equipa técnica. O tratamento de radioterapia envolve a intervenção de uma
equipa multidisciplinar, sendo que vários profissionais de saúde estão envolvidos no tratamento
individual do paciente. A transmissão de diferentes informações por diferentes profissionais
pode ser um factor potenciador de grande ansiedade e falta de confiança na equipa técnica.

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Assim, é crucial a consistência de informação não só entre a equipa e o paciente, como também
dentro da própria equipa.

Durante o tratamento, outro dos aspectos a ter em conta é a privacidade e a dignidade do
paciente. Há que ter em conta que os doentes oncológicos são doentes que se podem encontrar
mais ou menos fragilizados a nível físico e emocional e, portanto, devem ser tratados com
respeito e cautelosamente pelos profissionais de saúde. Com efeito, é de máxima relevância
informar o paciente quais as áreas do seu corpo que vão estar descobertas e proporcionar o
maior conforto durante as trocas de vestuário, assegurando que os pacientes que vão efectuar
o tratamento não se cruzam com pacientes à espera de receber o tratamento ou que não são
deixados expostos perante a presença de profissionais que desconhecem/não lhes foram
apresentados como relevantes para o seu tratamento.

A existência de uma forma de comunicação de emergência enquanto se está a realizar o
tratamento é obrigatória e o paciente não deve ter receio de recorrer à mesma caso necessário.
No entanto, o técnico de radioterapia deve realçar que este método deve ser utilizado apenas e
só em caso de emergência, alertando o paciente para a importância da realização contínua do
tratamento. (8)

7.2.5 Após o tratamento/ Follow-up
Muitas vezes, no fim do tratamento, os pacientes podem vivenciar sentimentos de solidão e
incerteza quanto aos resultados do tratamento. Se nada for feito, estes sentimentos podem
gerar uma revolta do paciente. É importante o técnico seguir a evolução do doente ao longo do
tratamento e não descuidar na fase final do mesmo. É muito importante que o técnico se
assegure que o paciente entende que as sessões de radioterapia acabaram mas que poderão
continuar a surgir efeitos secundários do tratamento, bem como é importante que perceba que
os resultados da radioterapia podem não ser verificados imediatamente após a conclusão da
mesma.

Para que o doente se sinta apoiado e que cumpra as indicações a seguir após a conclusão dos
tratamentos, deve ser dado ao paciente um contacto ao qual possa recorrer sempre que
necessário e pelo qual o mesmo poderá ser contactado pela equipa médica de forma a continuar
a ser acompanhado. (8)

16

7.2.6 Perspectiva dos pacientes

Os profissionais de saúde na área da radioterapia têm um papel importante em informar os
pacientes acerca do tratamento, assegurando que se sentem confortáveis e preparados para
receber o tratamento. Para que os pacientes consigam alcançar um estado de conforto
emocional foram destacados dois passos essenciais: formando relações com os técnicos de
radioterapia e obtendo informação. (9)

7.2.6.1 Construir uma relação

São considerados três passos essenciais na formação de uma relação com o técnico de saúde:
conhecer os técnicos de radioterapia, discutir com o técnico de radioterapia e o contacto com
técnicos de radioterapia familiares ao paciente. (8)

7.2.6.2 Conhecer o técnico de radioterapia

O facto de os técnicos de radioterapia se apresentarem ao doente antes do início do tratamento
é um factor extremamente valorizado pelos pacientes.

Uma vez conhecidos os técnicos de radioterapia, os pacientes sentem-se mais aliviados e
capazes de relaxar devido ao factor de ansiedade por desconhecer quem iria administrar o
tratamento ter sido resolvido. Quando o técnico de radioterapia assume o papel activo no
desenvolvimento da relação, os pacientes começam a confiar mais neles e sentem-se mais
confortáveis para colocar questões. (8)

7.2.6.3 Discutir com os técnicos de radioterapia

Vários pacientes sentem que não querem distrair a equipa técnica ao fazer perguntas pois têm
medo que isto aumente o risco de erros no tratamento.

Quando os técnicos de radioterapia se esforçam por desenvolver um bom relacionamento com
os pacientes, estes sentem-se integrados e mais à vontade para interagir com a equipa porque
os técnicos de radioterapia tiveram tempo para falar com eles e mostraram-se disponíveis para
conversar dentro e fora da sala de tratamentos. (8)

7.2.6.4 Contacto com técnicos de radioterapia familiares ao doente

Uma equipa técnica constante na administração do tratamento faz com que o doente se sinta
integrado e que possa falar com profissionais de saúde com os quais já criou uma relação de
confiança. Alguns pacientes podem não se sentir confiantes sobre a precisão do tratamento se
a equipa estiver constantemente a mudar.

17

Várias componentes tornam o tratamento mais fácil ou mais difícil para os pacientes: as
apresentações iniciais fornecidas pelo pessoal; as oportunidades disponíveis para conversar com
os técnicos; a possibilidade de ver sempre os mesmos técnicos e de se familiarizar com os
mesmos; e as personalidades e as características individuais dos radioterapeutas. (8)
7.2.6.5 Obtenção de informação
Os pacientes devem receber informações pelos técnicos de radioterapia pois são estes os
profissionais de saúde que vão ver diariamente. O processo de troca de informações permite
um fortalecimento da relação entre o técnico de radioterapia e o doente. Quando os técnicos
de radioterapia fornecem informação aos pacientes, estes não só começam a sentir-se mais
confiantes acerca do tratamento como também desenvolvem respeito e confiança pelos
técnicos que os estão a tratar.

Os técnicos de radioterapia podem transmitir informação recolhida sobre os pacientes,
mantendo pequenas notas acerca dos mesmos para que, quando necessário trocar os técnicos
responsáveis pela administração do tratamento, consigam providenciar ao doente um
sentimento de familiaridade e continuidade do tratamento. (8)
7.2.7 Comunicação eficaz
A interacção com o doente deve desenvolver-se no sentido de inclusão deste ao longo de todo
o tratamento, segundo o modelo holista de centração no paciente referido anteriormente neste
trabalho. Isto implica a transmissão, por parte do profissional de saúde, de informação adaptada
ao indivíduo e à situação, ou seja, que promova a sua total compreensão, dirigida às suas
necessidades, tendo em conta o seu nível cultural, o seu grau de literacia, bem como o seu grau
de desenvolvimento cognitivo.

Uma estratégia que pode contribuir para melhorar a eficácia da comunicação do profissional de
saúde consiste no pedido ao doente para repetir a informação recebida, o que permite ao
profissional verificar até que ponto ela foi compreendida e memorizada, procedendo, quando
necessário, à clarificação e adequação da informação ao doente. (10)

18

Figura 1 - Processo interactivo de comunicação do profissional de saúde - doente (adaptado de
Schillinger et al., 2003) (9)

7.2.8 Conclusão
O técnico de radioterapia desempenha um papel de máxima relevância para o doente
oncológico, sendo que vai interagir com este diariamente na administração do tratamento de
radioterapia. Assim, é crucial que o técnico disponha de competências que permitam a criação
de uma relação com o paciente, utilizando uma comunicação eficaz e adequada, seguindo o
modelo médico holista de centração no paciente.

No modelo holista, é essencial que o técnico de radioterapia se mantenha imparcial na relação
com o paciente sem cair na condescendência, sendo essencial que este tenha a capacidade de
descentração de si próprio, ou seja, colocar-se na perspectiva do doente, considerando os seus
valores, tradições e cultura; e que seja flexível, que seja capaz de adequar o estilo de relação e
de comunicação ao doente e à situação. Segundo este modelo, a comunicação entre o técnico
e o doente desenvolve-se em dois sentidos: o doente é informado sobre a sua doença e
respectivo tratamento e é simultaneamente encorajado a participar pelos profissionais de
saúde.

A preparação do doente antes do início do tratamento é essencial para diminuir os níveis de
ansiedade do mesmo, bem como esclarecê-lo sobre possíveis mitos e dúvidas que tenha. O
acompanhamento físico e psicológico ao longo do tratamento é da responsabilidade do técnico
de radioterapia e é este o responsável pela criação de uma relação de empatia com o doente
que tenha por base a confiança.

19

Na perspectiva dos pacientes acerca dos técnicos de radioterapia são considerados vários
elementos que os doentes oncológicos vêm como fulcrais para a alcançar um estado de conforto
emocional. É necessário a construção de uma relação com os técnicos de radioterapia e a
obtenção de informação para que este estado seja atingido. Assim, os pacientes sentem-se
confiantes durante o tratamento e confortáveis para colocar questões e falar com os técnicos
responsáveis, dentro e fora da sala de tratamento.
Desta forma, é notável a importância da utilização de uma comunicação eficaz por parte dos
técnicos de radioterapia na construção de uma relação com o doente oncológico de forma a
assegurar a continuidade dos tratamentos bem como o desenvolvimento de uma atitude
positiva baseada numa relação de confiança.

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8 BIBLIOGRAFIA

1. Oliveira D. E-Portfólio - Construindo a aprendizagem [Internet]. E-Portfólio -
Construindo a aprendizagem. 2007 [citado 4 de Março de 2015]. Obtido de:
http://superdom.blogs.sapo.pt/7694.html

2. Educase Learning iniciative. Na overview of E-Portfolios [Internet]. Portland: Portland

State University; 2005 [cited 2015]. Available from:

https://net.educause.edu/ir/library/pdf/eli3001.pdf

3. Penn State University. Portfolios at Penn State [Internet]. Available from:
http://portfolio.psu.edu

4. Centro Universitário Serra dos Órgãos, Centro de Ciências e Tecnologia, Curso de
Graduação em Engenharia. Portfólio Académico, 2008, Available from:
www.unifeso.edu.br/graduacao/documentos/amb/modelo_portifolio_engs.pdf

5. European Society for Therapeutic Radiology and Oncology. Second review of the
European Core Curriculum For RTs [Internet]. Bélgica: ESTRO [cited 2015]. Available
from: http://www.radiacnaonkologia.sk/data/ecc.pdf

6. Grilo, A. Textos de apoio da unidade curricular de comunicação e relação terapêutica,
2015. Localizado em: Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Área Científica
de Psicologia, Lisboa.

7. Catarina SL. Cuidados centrados no doente em oncologia [relatório de estágio]. Porto:
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, 2008/2011.

8. The Royal College of Radiologists. Making your Radiotherapy Service more Patient-
friendly. London: The Royal College of Radiologists; 2007.

9. Halkett, G Kristjanson, L. Patients’ perspectives on the role of radiation therapists.
Elsevier. 2007 Julho 10.1016/j.pec.2007.07.004.

10. Santos, M; Grilo, A; Andrade, G; Guimarães, T; Gomes, A. Comunicação em saúde e a
segurança do doente: problemas e desafios. Elsevier. 2010 Outubro 0870-9025X.

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