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Published by Felipe Designer, 2019-11-15 20:33:49

Sustentabilidade da moda em redes sociais

livro21

A hashtag #lookdodia é muito citada nas redes sociais.
O que você acha das pessoas que realmente vivem
usando um look por dia, sem repetir a roupa?

Extremamente desnecessário! A cultura hoje da moda rá-
pida é um conceito que não me agrada e nunca me agra-
dou! Dou muito mais valor a roupas duráveis e nunca tive
problemas em repetir modelos. Essa doença pelo consu-
mo torna os produtos comprados e descartados muito rá-
pido, e estimulam o consumo desenfreado e impensável.

Por que a grande mídia não aborda de uma forma tão
intensa e profunda sobre a sustentabilidade, conside-
rando esse aspecto qual importância da abordagem
desse assunto nas redes sociais, como você vê isso?

Simples, porque se ganha muito dinheiro com isso! A nos-
sa cultura é a de consumo, da aparência, do mostrar, e
com as redes sociais, isso tem se tornado ainda mais forte,
o ter, mais que o SER! E Isso é triste e de certa forma, um
pouco desesperador! Todo dia devemos estar com uma
roupa nova, um sapato novo, uma bolsa nova, um celular
novo, um carro novo... Não tem fim! Quando as pessoas
perceberem que a felicidade não está no ter, acredito que
teremos uma sociedade melhor e mais justa!

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O que é estar na moda pra você?

É me sentir bem! Não confortável, pois confortável eu fico
em casa (risos!), mas bem! Saber que estou usando uma
peça que eu gosto e que me deixa feliz! E se você sai de
casa feliz, satisfeita, alegre, não importa qual é a cor da
moda ou a bolsa da moda, pois isso não fará diferença!

É possível ser chique e ser sustentável em um look?

Sem dúvida! Claro que uma peça bem acabada, com um
bom corte, influencia na aparência; mas isso não é mais
sinônimo de uma peça cara e de alguma marca famosa.
Você pode estar chique com um vestido preto básico, feito
com tecido ecológico, pois, sua atitude e postura te farão
parecer chique. Vejo muitas vezes críticas com a “Kate Mi-
dleton”, por repetir roupas, e será que ela que está errada?

A sociedade está mais consciente com o meio ambien-
te nos dias atuais? Qual seu ponto de vista?

Sim, como mencionei acima, as pessoas estão mudando
os hábitos, estamos aprendendo a mudar, a fazer o certo,
a buscar por empresas ecologicamente corretas, a des-
cartar empresas que fazem o oposto, que não se preocu-
pam com o meio ambiente e não tem um propósito com
a sociedade e o meio ambiente!

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De que forma as diferentes classes sociais podem e
conseguem aderir à sustentabilidade na moda?
Esse já é um ponto mais complicado, pois algumas classes
não conseguem escolher a marca correta, pois buscam o
que o seu dinheiro consegue comprar! Outras, ainda es-
tão na fase da “ostentação” e ainda acham bonito o “mos-
trar” e “aparecer”. Ainda assim, tenho esperança que aos
poucos, todas as classes serão afetadas e todas as pes-
soas terão consciência de que todo o consumo (comidas,
roupas, transportes) influenciará na nossa vida futura.

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Perfil III e entrevista: Julia Codogno

Julia Codogno, 32, jundiaiense, atualmente mora na
cidade de São Paulo, presente no mercado de moda
há mais de 10 anos, formada em Comunicação Social
e especializada em Gestão de Moda pela FAAP. Após in-
tegrar grandes marcas do mercado, como: Arezzo & Co,
Farm e Canal, para ampliar seus conhecimentos em com-
portamento de consumo e outras formas de ver a vida.
Tendo o consumo consciente como fonte de novos sabe-
res, formou-se também em Fashion and Sustainability, pela
London College, situada em Londres.
“Quando falamos sobre sustentabilidade, falamos sobre
os três pilares: social, ambiental e econômico”, afirma a
blogueira.
Criadora do blog Ma Belle Vitrine, onde compartilha sobre sus-
tentabilidade, do Guia de Marcas + Conscientes e também de
conteúdos para diversas plataformas, como o Portal Ecoera.
“Acredito muito no viés positivo das redes, o de aproxi-
mação, lugar de fala, cocriação e posicionamento”, con-
clui Codogno.

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O que a moda representa para você? Você segue algu-
ma tendência?

Pra mim moda sempre foi e sempre será uma representa-
ção social. Gosto de ver a moda como estética de com-
portamento. Hoje mais social e político do que nunca.
Acredito que é uma grande porta voz de protestos e re-
flexões. Nunca segui e acho que nunca seguirei (risos).
Mas acredito que, dentro de uma lógica de consumo e
vivências sociais, sempre somos impactados por “tendên-
cias” e, que de alguma forma, estão refletidas em nossas
escolhas. Não sei se gosto muito do termo tendências,
mas acredito mais no olhar e entendimento social como
forma de inspiração.

Qual a importância das redes sociais na vida das pes-
soas?

Hoje mais importantes do que nunca. Tudo está conecta-
do! E isso é bom... Acredito muito no viés positivo das re-
des, o de aproximação, lugar de fala, cocriação e posicio-
namento. Claro que uma página em branco, recebe tudo
que você quiser. Então o senso crítico também precisa ser
muito maior. Mas acho que as redes possibilitaram que
mais pessoas falassem e que tenham acessos e consu-
mam a moda que lhes representa.

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Você acredita que a moda sustentável possa virar uma
tendência ou já é? Por quê?

Acredito que “Moda Sustentável” não seja uma tendência,
mas sim uma reestruturação importante e urgente do se-
tor. Quando falamos sobre sustentabilidade, falamos so-
bre os três pilares: “social, ambiental e econômico”.

As pessoas estão tendo mais consciência com o meio
ambiente?

Sim! Acredito que as discussões ainda estão em círculos
muito restritos e que grandes instituições já perceberam
isso e estão agindo cada vez mais para que a informação
chegue a mais e mais pessoas, o que é muito importante!
De nada adianta uma informação em eco (para quem já
sabe das problemáticas). As redes levam esses acessos e
acredito que as pessoas passaram a questionar mais algu-
mas coisas e ter mais curiosidade em saber sobre alguns
processos. Mas vale ressaltar que o meio ambiente somos
nós, fazemos parte do todo! Não é somente não cortar ár-
vores ou jogar o lixo no chão. Precisamos relacionar esses
fatores com a lógica de produção e consumo.

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Qual a sua ideologia referente à sustentabilidade?
Acredito na importância de buscar informação, de saber
mais sempre! De não ser isento nem imparcial. Acredito
que podemos sim fazer nossa parte, que cada um pode
e deve fazer sua parte. Busco minimizar meus impactos
através de escolhas mais responsáveis, não comprando o
que não preciso, não produzindo lixo além do necessário.

Quais dicas você pode dar para as pessoas de como se-
rem mais sustentáveis com as suas roupas?
Começando pelo autoconhecimento. Entenda o que faz
sentido pra você. Assim você compra somente o que vai
usar e vai atender sua rotina “real”. Depois, organizando
seu guarda roupa, vendo quais as possibilidades de uso
de tudo que tem ali. Separe, organize e pense no maior
número de combinações que puder fazer, faça a compra
valer a pena! Quando for comprar, compre melhor. Esco-
lha peças que, além de fazer sentido com sua vida (como
falei acima), também sejam de qualidade. Assim vão durar
mais e gerar menos descartes desnecessários. Também
se atente às marcas que a fizeram, busque saber como é a
produção. Dá pra fazer isso olhando nas redes e sites ofi-
ciais e até com o app “Moda Livre”, que mostra como as
grandes varejistas estão em relação ao trabalho escravo e
melhores escolhas. Não dá pra pensar em moda e susten-
tabilidade sem pensar de onde vem o que você consome.

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De que forma as redes sociais abordam a sustentabili-
dade? A grande mídia aborda da mesma forma?
Acredito que quando falamos de rede, tudo é muito re-
lativo. Existem grandes portais e perfis gerando conteú-
dos incríveis, com referências e dados importantes para
o setor. Assim como também temos vários perfis falando
muita coisa errada, sem pesquisa e apuração de dados.
Acho que quando nos dispomos a falar em rede, para ter
alcance de fala, precisamos de responsabilidade. Tem que
estudar, pesquisar e ralar muito pra gerar um conteúdo
de qualidade. Já, em mídia de massa, como TV, por exem-
plo, a fala precisa alcançar mais pessoas. Mas uma coisa
é fato, por ser um assunto que questiona e faz com que
repensemos nossas ações, ele não é fácil. Precisamos de
um diálogo fácil e que seja compreendido por todos. Seja
na rede que for! Se não, não tem efeito.

O que te levou a se tornar sustentável? Você é susten-
tável com seus looks?
Sempre trabalhei com o mercado de moda e assim como
todo mundo, não tinha ideia de como as coisas realmente
funcionavam. Comecei assistindo ao documentário “The
True Cost”, (disponível no Netflix) e percebi que muita
coisa tinha que ser questionada. De lá pra cá, venho bus-
cando sempre informações e questionando minha forma
de viver. Não somente na moda, mas em todas as esco-

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lhas de vida. Quanto aos looks, acredito que sim, não faço
compras, (compro somente o que não tenho mesmo),
compro muito em brechó, aliás, ótima dica pra quem quer
rever suas escolhas, troco peças, conserto quando ras-
gam e busco marcas mais responsáveis quando preciso
de algo.

Qual a sua visão sobre o futuro do meio ambiente?

Não muito otimista... Apesar de trabalhar com moda,
gosto muito de consumir conteúdo sobre outros assun-
tos. Um deles é sobre biologia, ciências sociais e tal. E
segundo diversos biólogos e análises, já estamos vivendo
a sexta extinção. Parece chocante, mas enquanto esta-
mos entendendo tudo o que tem acontecido, o planeta já
está em fase de renovação. Acredito que em alguns anos
(não muitos) várias espécies, incluindo a nossa, deixará
de existir, infelizmente. Acredito que a natureza é extre-
mamente inteligente, e sempre arruma uma forma de se
transformar e sobreviver. Mas, estamos empenhados em
dificultar esse trabalho. Mas sigo, acreditando que po-
demos minimizar alguns impactos importantes para en-
quanto estivermos por aqui!

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Já usou um look todo sustentável?
Dentro do que acredito ser “sustentável”, sim. Mas não
acredito em pessoas que deixam de usar o que tem e
passam a comprar mil peças de “marcas sustentáveis”. A
lógica de consumo desenfreado é a mesma.

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Quais redes sociais você usa para abordar do assunto
sustentabilidade?

Hoje tenho um site oficial, onde gosto de escrever e com-
partilhar informações: mabellevitrine.com, meus Insta-
grans: @juliacodogno e de meu guia @mabellevitrine,
LinkedIn, Twitter e Facebook. Mas penso em seguir com
YouTube e outros redes, gosto do funcionamento de cada
uma!

Você adere a hashtag #lookdodia em seu Instagram? O
que acha das pessoas que não repetem roupas?

Não! Nunca aderi e sempre achei bem cansativo, para ser
sincera. Acho que essa lógica tem mudado, ainda bem! E
que são pessoas que ainda não se conhecem, não para-
ram pra refletir sobre suas escolhas.

As redes sociais tem o poder imenso de alcançar muitas
pessoas de diversas classes sociais, idades e gêneros.
Quais tipos de seguidores você tem em suas redes so-
ciais?

Hoje, acredito que a maioria são mulheres (tendo em vis-
ta a divisão ainda engessada das métricas), jovens e que
buscam saber mais sobre esse Universo, mas não sabem
como começar. Por isso acredito na escolha de uma lin-
guagem fácil e acessível.

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Você acha que a sustentabilidade veio para ficar no
mundo da moda?
Sim! Pela lógica de transformação (dentro do que falei
acima), não somente como uma “tendência”. Muitas pes-
soas pensam que serem veganos, é ser sustentável, mas
muitos discordam. O que você acha desse pensamento?
Acredito que o veganismo também tem passado por uma
onda de mercado e consumo. Que aos poucos, isso vai
passar e vai ficar para quem, de fato, faz sentido. Acredito
sim na necessidade de transformar a forma com que con-
sumimos os alimentos e, vendo por esse lado, o veganis-
mo pode ser uma forma de minimizar impactos altamente
negativos da alimentação tradicional, mas acho mesmo
que a maneira de consumir é que tem que mudar. Não
adianta ser só vegano, tem que comprar menos.

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Moda sustentável
mais forte, superando
os desafios

Od e s e n v o l v i m e n t o pensar na sustentabilidade,
sustentável na moda a preocupação com o meio
é aquele em que é ambiente é uma das prin-
possível suprir as necessida- cipais mudanças no com-
des e ao mesmo tempo ga- portamento do consumi-
rantir que gerações futuras dor ocasionado pela nova
também possam aderir um indústria, principalmente
meio ambiente com quali- as marcas e empresas que
dade de vida. Assim, a moda aderem práticas sustentá-
sustentável e a preservação veis e são compromissados
ambiental andam lado a lado. com tais valores, como a
A partir da perspectiva da economia de recursos na-
moda sustentável, reduz-se turais, dentre eles: a água e
o consumo de recursos, e a luz que são primordiais para
escolha de matérias e pro- um projeto sustentável. Ou-
cessos que irão diminuir os tros elementos que contri-
impactos para a natureza buem para uma indústria
fazem toda diferença du- de moda mais sustentável
rante um ciclo da vida. Ao são: a escolha de materiais

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que possam ser recicláveis, a alimentos saudáveis e não
como a utilização de ma- come nada derivado de lei-
teriais descartáveis para te e carnes. E, foi após esta
gerar fibras sustentáveis e decisão de mudança de há-
adoção de um modelo de bito que a assistente conta
economia circular, o rea- que fez uma autoavaliação
proveitamento de novos de suas atitudes sobre ao
produtos, os retalhos que meio ambiente e percebeu
podem ser organizados em o mal que fazia à natureza
um novo tecido. Estes são por ser uma pessoa consu-
alguns dos desafios que a mista, e desde então vem
indústria da moda preci- tentando fazer escolhas
sa enfrentar para se tornar mais sustentáveis.
mais sustentável. Pensando
desta forma, a assistente “Eu era muito consumista,
social do hospital de San- comprava de tudo ou tudo
ta Casa na Região de San- que eu via pela minha fren-
to Amaro, Malena Anjos, 61, te, desde comida às rou-
passou a aderir ao veganis- pas”, afirma a assistente
mo, depois de uma juventu- social. Malena acredita que
de pautada no consumismo, esta adaptação continua,
o que lhe trouxe proble- mas afirma que ser susten-
mas em sua saúde, como a tável está desde as peque-
questão de seu colesterol e nas atitudes, como aten-
peso. Assim, Malena mudou tar-se sobre a loja que irá
seus hábitos alimentícios e comprar, pesquisar quais
se sentiu bem com a troca e lojas adere à sustentabili-
permanece vegana, há mais dade e se usam os produ-
de dois anos. Hoje ela adere tos naturais.

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Com base nesses princí- A moda precisa ser pen-
pios, o conceito de sus- sada de forma conscien-
tentabilidade aplicada à te, pois o que você com-
moda propõe uma produ- pra, principalmente o que
ção mais humanizada, em você descarta, faz toda
condições mais justas e uma diferença para o nos-
adequadas. E com o passar so ecossistema, lembrando
dos tempos, as pessoas es- sempre da importância de
tão notando e se juntando preservá-lo, já que estamos
à moda sustentável deixan- todos dividindo o mesmo
do esse conceito cada vez planeta e recursos naturais.
mais forte.

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